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EDITORIAL Caros leitores, Senti-me muito honrado e feliz ao receber o convite para escrever este editorial, exatamente no mês dos XV Jogos Pan-Americanos – Rio de Janeiro, 2007.Há 44 anos, aindaAspirante-a-Oficial, estreava em competições internacionais, nos IV Jogos Pan-Americanos – São Paulo,1963.Depois foram mais dez Pan-Americanos, até hoje, como atleta, árbitro e dirigente. Graças a Deus, aos meus pais e ao Exército ao qual pertenço. Por isto, fiquei sempre ligado à Escola de Educação Física do Exército. Neste período, tive a ventura de desfrutar da ajuda de meus amigos, companheiros e chefes que me orientaram, a fim de vivenciar e estudar a esgrima mundial no que concerne o planejamento, a preparação total de atletas, a organização, a administração e a direção. Convivi décadas com os mais avançados centros civis e militares, que integram a pesquisa, o ensino e a aplicação no desporto, em prol da capacitação do pessoal com o objetivo de vencer competições em várias modalidades. Na maioria destes centros de ponta, verifiquei o interesse maior de aportar benefícios prioritários à higidez das pessoas, em todas as idades. Através dos esportes olímpicos, para-olímpicos e não olímpicos. Vi a luta contra o doping e o repúdio ao mau uso do treinamento que provoca deformações. Cada vez mais convencido e convicto, como tantos outros companheiros de calção preto, de que a Educação Física, através do Treinamento Físico Militar (TFM), proporciona, prioritariamente, a manutenção preventiva da saúde da família militar, tive a honra de vir a comandar a Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). Novamente, mercê da cooperação de muitos outros apaixonados pelo Brasil, pelo Exército, pela Escola e pelo esporte, civis e militares, brasileiros ou não, todos participando, procuramos dar continuidade aos sonhos e ideais dos fundadores da própria EsEFEx.Assim, surgiu o Plano Diretor do Centro de Capacitação Física do Exército, criando a integração harmônica da EsEFEx, da Comissão de Desportos do Exército (CDE) e do Instituto de Pesquisa da Capacitação Física do Exército (IPCFEx) sob um só comando. Tantos e muitos fizeram o projeto. O Centro nasceu.Até de nome pôde mudar, porém a idéia permanece.A estrela guia é a mesma.Vive pujante. É fruto de plantio lá do ano de 1932, quando, há exatamente 75 anos, foi impresso o número um da Revista de Educação Física, uma das publicações mais antigas do país. Desde então, esta revista, que os senhores têm em mãos, divulga e desperta idéias novas em seus leitores quanto aos desportos, à pesquisa e ao ensino, com interesse direto no Treinamento Físico Militar. Os temas interagem com o objetivo maior de preservar e desenvolver o bem mais precioso do nosso Exército: o ser humano e a sua operacionalidade. Este é o compromisso maior da Revista de Educação Física e de todos que, há décadas, continuam a missão interminável. Evoluindo para servir sempre! Mantendo a visão além do alcance! Enfim, creio poder me permitir dizer assim, pois desfruto a alegria de ver a terceira geração familiar com o discóbolo no peito (1936, 1968 e 2003), enquanto posso usufruir de todos os números de nossa Revista na internet. A variedade de temas deste número retrata muito bem o âmago, a essência da universalidade e a importância da Revista para a integração do IPCFEx (pesquisa), da EsEFEx (ensino) e da CDE (desporto) em proveito da higidez e da operacionalidade do “homem” do Exército, através do TFM. Os assuntos são de interesse de um público variado e com repercussão em nossas vidas: programa RPM em mulheres, exercícios em hipertensos, comportamento glicêmico na natação, basquete, esgrima, voleibol, nutrição e condicionamento físico de oficiais alunos do Exército, indicadores cardiovasculares e dosagem do exercício físico. Parabéns aos autores e à direção da Revista. Continuem que aí virá o Centenário. Tenham uma boa leitura. Cel R/1 ARTHUR CRAMER Ex-Comandante da EsEFEx; Presidente e Diretor Técnico da Confederação Brasileira de Esgrima; Presidente da Confederação Pan-Americana de Esgrima; Membro de Honra, Vice-Presidente, Membro do Comitê Executivo e da Comissão de Arbitragem da Federação Internacional de Esgrima. N° 137 JUNHO DE 2007 3

EDITORIAL - ipcfex.eb.mil.br · Ex-Comandante da EsEFEx; Presidente e Diretor Técnico da Confederação Brasileira de Esgrima; PresidentedaConfederaçãoPan-AmericanadeEsgrima;MembrodeHonra,Vice-Presidente,Membro

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EDITORIAL

Caros leitores,

Senti-me muito honrado e feliz ao receber o convite para escrever este editorial, exatamente no ms dos XV JogosPan-Americanos Rio de Janeiro, 2007. H 44 anos, ainda Aspirante-a-Oficial, estreava em competies internacionais,nos IV Jogos Pan-Americanos So Paulo,1963. Depois foram mais dez Pan-Americanos, at hoje, como atleta, rbitroe dirigente. Graas a Deus, aos meus pais e ao Exrcito ao qual perteno. Por isto, fiquei sempre ligado Escola deEducao Fsica do Exrcito.

Neste perodo, tive a ventura de desfrutar da ajuda de meus amigos, companheiros e chefes que me orientaram,a fim de vivenciar e estudar a esgrima mundial no que concerne o planejamento, a preparao total de atletas, aorganizao, a administrao e a direo. Convivi dcadas com os mais avanados centros civis e militares, que integrama pesquisa, o ensino e a aplicao no desporto, em prol da capacitao do pessoal com o objetivo de vencer competiesem vrias modalidades.

Na maioria destes centros de ponta, verifiquei o interesse maior de aportar benefcios prioritrios higidez daspessoas, em todas as idades. Atravs dos esportes olmpicos, para-olmpicos e no olmpicos. Vi a luta contra o dopinge o repdio ao mau uso do treinamento que provoca deformaes.

Cada vez mais convencido e convicto, como tantos outros companheiros de calo preto, de que a Educao Fsica,atravs do Treinamento Fsico Militar (TFM), proporciona, prioritariamente, a manuteno preventiva da sade da famliamilitar, tive a honra de vir a comandar a Escola de Educao Fsica do Exrcito (EsEFEx).

Novamente, merc da cooperao de muitos outros apaixonados pelo Brasil, pelo Exrcito, pela Escola e pelo esporte,civis e militares, brasileiros ou no, todos participando, procuramos dar continuidade aos sonhos e ideais dos fundadoresda prpria EsEFEx. Assim, surgiu o Plano Diretor do Centro de Capacitao Fsica do Exrcito, criando a integraoharmnica da EsEFEx, da Comisso de Desportos do Exrcito (CDE) e do Instituto de Pesquisa da Capacitao Fsicado Exrcito (IPCFEx) sob um s comando.

Tantos e muitos fizeram o projeto. O Centro nasceu. At de nome pde mudar, porm a idia permanece. A estrelaguia a mesma. Vive pujante. fruto de plantio l do ano de 1932, quando, h exatamente 75 anos, foi impresso onmero um da Revista de Educao Fsica, uma das publicaes mais antigas do pas.

Desde ento, esta revista, que os senhores tm em mos, divulga e desperta idias novas em seus leitores quantoaos desportos, pesquisa e ao ensino, com interesse direto no Treinamento Fsico Militar. Os temas interagem como objetivo maior de preservar e desenvolver o bem mais precioso do nosso Exrcito: o ser humano e a suaoperacionalidade.

Este o compromisso maior da Revista de Educao Fsica e de todos que, h dcadas, continuam a missointerminvel. Evoluindo para servir sempre! Mantendo a viso alm do alcance! Enfim, creio poder me permitir dizerassim, pois desfruto a alegria de ver a terceira gerao familiar com o discbolo no peito (1936, 1968 e 2003), enquantoposso usufruir de todos os nmeros de nossa Revista na internet.

A variedade de temas deste nmero retrata muito bem o mago, a essncia da universalidade e a importncia daRevista para a integrao do IPCFEx (pesquisa), da EsEFEx (ensino) e da CDE (desporto) em proveito da higidez eda operacionalidade do homem do Exrcito, atravs do TFM. Os assuntos so de interesse de um pblico variadoe com repercusso em nossas vidas: programa RPM em mulheres, exerccios em hipertensos, comportamento glicmicona natao, basquete, esgrima, voleibol, nutrio e condicionamento fsico de oficiais alunos do Exrcito, indicadorescardiovasculares e dosagem do exerccio fsico.

Parabns aos autores e direo da Revista. Continuem que a vir o Centenrio.Tenham uma boa leitura.

Cel R/1 ARTHUR CRAMER

Ex-Comandante da EsEFEx; Presidente e Diretor Tcnico da Confederao Brasileira de Esgrima;Presidente da Confederao Pan-Americana de Esgrima; Membro de Honra, Vice-Presidente, Membro

do Comit Executivo e da Comisso de Arbitragem da Federao Internacional de Esgrima.

N 137 JUNHO DE 2007

3

N 137 JUNHO DE 2007

SUMRIO

EDITORIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

ARTIGO ORIGINAL

INFLUNCIA DO LANCE-LIVRE NO RESULTADO FINAL DOS JOGOS DO CAMPEONATO NACIONALDE BASQUETE ADULTO MASCULINO 2004/2005. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Marco Antonio Muniz Lippert, Mauro Santos Teixeira, Jos Maurcio Capinuss de Souza

RESPOSTA DA FREQNCIA CARDACA E LACTATO SANGNEO DURANTE AULAS DOPROGRAMA RPM EM MULHERES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Homero Gustavo Ferrari, Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo

VERIFICAO DAS ALTERAES PROVOCADAS PELO EXERCCIO CONTRARESISTNCIA NO INDIVDUO HIPERTENSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Genivaldo Lisboa, Dhiego Gualberto de Abreu, Lilliany de Souza Cordeiro, Franz Knifis

COMPORTAMENTO GLICMICO EM TREINAMENTOS DE NATAAO COM CARTERAERBIO E ANAERBIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Alexandre Srgio Silva, Wivian Klart Cardoso de Azevedo

AVALIAO DA PERFORMANCE DE VOLEIBOLISTAS POR MEIO DO TESTE TW 20 METROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Idico Luiz Pellegrinotti, Solon Jos Gonalves de Souza

COMPARAO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO NVEL DE CONDICIONAMENTO FSICO DEOFICIAIS COMBATENTES DO EXRCITO BRASILEIRO NOS CURSOS DE FORMAO,APERFEIOAMENTO E COMANDO E ESTADO-MAIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

Daniel da Silveira Jacobina, Daniel Falco Xavier de Souza, Joo Paulo da Silva Nunes, LavidsonBarbosa Curto, Lus Felipe Martins Aguiar, Luiz Felipe Carret de Vasconcelos, Maurcio GilbertoRoman Ross, Rodrigo Artur Costa Ribeiro, Rafael Soares Pinheiro da Cunha

ARTIGO DE REVISO

NOVOS INDICADORES CARDIOVASCULARES: PROTENA C-REATIVA E HOMOCISTENA PODEMPREDIZER O RISCO DE DOENAS CORONARIANAS? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Eduardo Camillo Martinez, Osmar da Silva Barros Junior

HISTRIA DA ESGRIMA, DA CRIAO ATUALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65Jacques Chiganer Cramer Ribeiro, Felipe Keese Diogo Campos

ARTIGO DE ATUALIZAO

O PARADOXO DO EXERCCIO: DOSES ADEQUADAS E BENEFCIOS, DOSESINADEQUADAS E RISCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Carlos Alberto Hossri

N 137 JUNHO DE 2007

Capa Comemorativa

75 anosRevista de Educao Fsica

ARTIGO ORIGINAL

INFLUNCIA DO LANCE-LIVRE NO RESULTADO FINAL DOS JOGOSDO CAMPEONATO NACIONAL DE BASQUETE ADULTO

MASCULINO 2004/2005.

The influence of free throws on the final results of the games of the NationalAdult Masculine Championship of Basketball 2004/2005.

Marco Antonio Muniz Lippert1, Mauro Santos Teixeira1,Jos Maurcio Capinuss de Souza2

Resumo

O presente estudo visa verificar a influncia dolance-livre no resultado final dos jogos do CampeonatoNacional de Basquete Adulto Masculino 2004/2005.Estatsticas disponibilizadas pela Confederao Brasileirade Basquetebol e a anlise de jogos transmitidos pelateleviso fizeram parte da coleta de dados, permitindoverificar a quantidade de lances-livres tentados,convertidos e no convertidos, em todos os 271 jogosdesta competio. Utilizou-se o teste qui-quadrado paraverificar a proporo entre os arremessos convertidos eno convertidos, tanto pelas equipes vencedoras, comopelas perdedoras, considerando todos os jogos docampeonato. Em seguida, o teste Mann-Whitney paraanlise comparativa dos resultados entre os arremessosconvertidos das equipes vencedoras com os arremessosdas derrotadas, assim como, dos arremessos noconvertidos das equipes vencedoras e perdedoras.O nvelde significncia foi mantido em 5%.Parece haver diferenasignificativa entre a quantidade de arremessosconvertidos pelas equipes vencedoras e perdedoras(p < 0,05), ou seja, pode indicar que as equipes queconseguem converter mais arremessos de lances-livres,durante uma partida, so as equipes que vencem. Osresultados mostram, aproximadamente, que as equipesconverteram 73% de lances-livres durante os jogos docampeonato. Porm, desse resultado, as equipesvencedoras participam com 40%, aproximadamente, e asderrotadas, com 33%. No h diferena significativa(p > 0,05) quando se analisa a quantidade de arremessos

livres no convertidos, ou seja, os dados parecemdemonstrar que tanto as equipes vencedoras, quanto asperdedoras, erram a mesma quantidade de lances-livres.Dessa forma, parece haver uma relao positiva de que asequipes que convertem mais lances-livres, normalmente,so as equipes vencedoras. Porm, no se pode afirmarque as equipes que perdem mais lances-livres so asperdedoras, pois foi verificado que as vencedoras perdemtanto quanto as derrotadas. Na verdade, em termos deproporo de acertos, pode-se concluir que asquantidades de arremessos convertidos influenciaram noresultado final das partidas do campeonato. Sabendo-sedisso, tcnicos, assistentes tcnicos e demais integrantesda comisso tcnica podero prever mais tempo para otreinamento do lance-livre. Da mesma forma, os atletassabero da importncia devida e daro maior relevnciaao treinamento do arremesso livre.

Palavras-chave: Basquete, Lance-livre, Arremesso.

Abstract

The present study aims to verify the influence of freethrows on the final results of games in the National AdultMasculine Championship of Basketball 2004/2005.Available statistics by the Brazilian Confederation ofBasketball and the analysis of games broadcasted by TVwere part of data collection, this way, allowing the checkingof the amount of free throws tried, converted or not, in allthe 271 games of that competition. The chi-squared testwas used to check the proportions between the convertedand non-converted throws by the winners as well as thelosers, considering all the games of the championship.

1. Escola de Educao Fsica do Exrcito - Rio de Janeiro - RJ - Brasil.2. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ - Brasil.

Recebido em 11.11.2006. Aceito em 15.04.2007.

Revista de Educao Fsica 2007;137:4-9

4

Next, the Mann-Whitney test to make a comparativeanalysis of the results between the throws converted by thewinner teams and the throws of the loser teams, as well asthe non-converted throws of the winners and losers. Thelevel of significance was kept in 5%. There seems to be asignificant difference between the quantity of theconverted throws by the winners and losers (p < 0,05), i.e.,it may indicate that the teams which can convert more freethrows, during a match, are the ones that win the game.The results show, nearly, that the teams converted 73% offree throws during the games of the championship.Nevertheless, within this number, the winners generated40% and the losers, 33%.There is no significant difference(p > 0,05) when the amount of non-converted free throws isanalyzed, that is, the data seem to demonstrate that either

the winner teams or the losers fail with the same number offree throws.This way, there seems to be a positive relationsaying that the teams that convert more free throws arenormally the winners. However, it cannot be stated that theteams which lose more free throws are the losers of thegame because it was also checked that winner teams loseas many free throws as the loser teams. Actually, in termsof proportions of rightness, it can be concluded that thequantity of converted throws influenced on the final scoreof the matches of the championship. Knowing that,coaches and assistants, and all the other members of thetechnical commission will be able to spare more time totrain free throws. Thus, athletes will get to know theimportance and relevance of training free throws.

Key words: Basketball, Free Throw, Shot.

INTRODUO

O esporte pode ser definido como parte da cultura da

sociedade cuja essncia representa a atividade orientada

para a obteno da vitria, realizada nas competies e

levada a cabo dentro do sistema de preparao especial

(Zakharov, 1992:28).

Segundo Matviev (1991:14), o desporto tornou-se,

atualmente, uma demonstrao grandiosa e um

movimento social popular, ativo na educao e presente

na preparao da populao para o trabalho e para outras

atividades presentes na vida de todos. Tambm se tornou

um fundamental mtodo para a educao tica, esttica,

de desenvolvimento moral, bem como para reforar as

ligaes internacionais.

Tubino (1980:21) dividiu o treino desportivo de alto

nvel em preparao tcnica, ttica, fsica e psicolgica,

sendo a preparao tcnica de fundamental importncia

para que o atleta aprimore suas habilidades motoras

dentro de sua modalidade, melhorando, tambm, sua

aptido fsica geral (Matviev, 1991:17).

Em conjunto com a preparao tcnica, est a

preparao ttica (Matviev, 1990), que, por sua vez,

responsvel pelo desenvolvimento individual e coletivo,

tendo como base as regras do desporto e como objetivo

a vitria, utilizando da melhor maneira possvel o

desempenho de cada atleta, tentando levar vantagem

sobre pontos fracos e procurando neutralizar as

qualidades dos adversrios (Tubino, 1980).

No s isso, mas o treinamento, por sua vez, deve

contar com um profissional especializado para cada tipo

de preparao, sendo necessria a criao de uma

comisso tcnica, composta de tcnico, responsvel pela

parte tcnico-ttica, um preparador fsico, que otimizar

a condio fsica do atleta, e um mdico, que cuidar do

treinamento invisvel (Dantas, 1985:11). Alm desse

trabalho integrado praticado pelos profissionais citados

anteriormente, o treinador ou o preparador fsico precisa

ter conhecimentos aprofundados e atualizados no

desporto escolhido (Dantas, 1985:12).

Segundo Kirkov (1980:34), o basquetebol tem como

caractersticas as aes individuais e coletivas

constantes, determinando um jogo intensamente ofensivo

e de dificuldades coordenativas. J Daiuto (1983:24)

destaca ser o basquetebol um jogo de muito ritmo e de

grande intensidade motriz, desenrolado em pequenos

espaos de tempo e, tambm, de uma grande

necessidade de preciso de movimentos, controle do

equilbrio, tcnica e de grande velocidade de

deslocamento.

Como o basquetebol tem evoludo e se tornado cada

vez mais rpido e preciso, necessrio que a preparao

de uma equipe torne-se mais complexa e que sejam

usadas novas tcnicas e tticas, a fim de tornar o

treinamento cada vez mais detalhado e especfico (Daiuto,

1983:17).

Apesar de se tratar de um esporte coletivo de

cooperao-oposio, no basquetebol existem situaes

Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 5

de jogo em que os atletas agem de forma isolada e

independente, podendo determinar o resultado final do

jogo, como exemplo o lance-livre, uma das aes mais

significativas nesse sentido (Toro et al., 2005).

O arremesso de lance-livre, dentro do esporte

basquetebol, a oportunidade dada ao jogador para

marcar um ponto, sem marcao, de uma posio atrs

da linha de lance-livre e dentro do semicrculo. Esta

situao se origina de tipos e quantidade de faltas

ocorridas durante o jogo, so elas: aps uma equipe

cometer a quinta falta coletiva, inclusive, dentro de um

mesmo quarto de jogo, a equipe adversria ter o direito

a dois arremessos de lances-livres; aps uma falta

tcnica, antidesportiva ou desqualificante por uma equipe,

a outra ter o direito a dois lances-livres, alm da posse

de bola seguinte; e, no caso de uma falta qualquer em

um jogador em ato de arremesso, ou seja, de jogador em

movimento que antecede a soltura da bola para um

arremesso e toma uma falta, ento este jogador ter o

direito de cobrar um lance-livre, se conseguiu converter

o arremesso tentado, ou dois lances-livres, se no

conseguir tal xito (Regras Oficiais de Basquetebol,

2004:37).

OBJETIVO

Atualmente, tm surgido vrios estudos sobre

indicadores estatsticos que contribuem para um melhor

desfecho das partidas de basquetebol e os achados tm

apontado que, provavelmente, as equipes que mais

convertem lances-livres so as equipes que vencem mais

jogos. Porm, estes resultados esto dentro de um

contexto maior, ou seja, so avaliados outros indicadores

estatsticos nestes estudos (Sampaio, 1998). Dessa

forma, o presente trabalho, dedica-se exclusivamente ao

fundamento tcnico do lance-livre, estudado de maneira

independente em todos os jogos do Campeonato Nacional

de Basquete Adulto Masculino 2004/2005, esperando ser

uma nova oportunidade para que treinadores e atletas

saibam mais um pouco da importncia deste fundamento

e passem a treinar de maneira mais racional e cientfica.

Diante do exposto acima, este trabalho teve como

objetivo verificar a influncia do lance-livre no resultado

final dos jogos do Campeonato Nacional de Basquete

Adulto Masculino 2004/2005.

METODOLOGIA

Participantes

Foram analisados todos os duzentos e setenta e um

(271) jogos do Campeonato Nacional Adulto Masculino de

Basquetebol 2004/2005.

Coleta de dados

Em um primeiro momento, atravs dos jogos passados

ao vivo pela televiso e, em um segundo momento,

atravs da estatstica dos jogos disponveis no site da

Confederao Brasileira de Basquetebol (CBB) -

http://www.cbb.com.br.

Anlise estatstica

Foram utilizados testes no-paramtricos, pois no h

como dividir (escalar) um arremesso certo ou errado.

Foi utilizado o teste Qui-quadrado para verificar a

proporo entre os arremessos convertidos e no

convertidos, tanto pelas equipes vencedoras dos jogos,

como pelas perdedoras, considerando todos os jogos do

campeonato.

Utilizou-se, tambm, o teste Mann-Whitney para

anlise comparativa dos resultados entre os arremessos

convertidos das equipes vencedoras com os arremessos

das equipes derrotadas, assim como dos arremessos no

convertidos das equipes vencedoras e perdedoras.O nvel

de significncia utilizado foi mantido em 5%.

RESULTADOS E DISCUSSO

O GRFICO 1 ilustra os resultados comparativos entre

a quantidade de arremessos de lances-livres convertidos

e no convertidos, tanto pelas equipes vencedoras quanto

pelas equipes derrotadas.

Parece haver diferena significativa entre a quantidade

de arremessos convertidos pelas equipes vencedoras e

perdedoras (p < 0,05), ou seja, pode indicar, normalmente,

que as equipes que conseguem converter mais

arremessos de lances-livres, durante uma partida, so as

equipes que vencem os jogos.

Os resultados obtidos mostram, aproximadamente,

que as equipes converteram 73% de lances-livres durante

os jogos do Campeonato Nacional de Basquete. Porm,

desse resultado, as equipes vencedoras participam com

6 Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007

40%, aproximadamente, e as derrotadas, com 33%.

Estudo recente realizado, em Portugal, por Brando, Silva

e Janeira (2003) mostra, da mesma forma, que

aproximadamente 75% dos arremessos de lances-livres

so convertidos pelas categorias adultas daquele pas,

nmero que tem significativa diminuio quando

comparados s equipes juniores (58%) e cadetes (39%).

Porm, tal estudo teve apenas quinze jogos como

amostra.

Tal idia, ainda, confirmada porTsitskaris et al. (2002)

que registra, tambm, um maior nmero de arremessos

livres executados, mas uma menor eficcia no que diz

respeito ao nvel de competio mais elementar.

O presente estudo no faz nenhuma comparao com

categorias de base, porm, analisando a literatura sobre

o tema, pode-se perceber que mesmo com menores

ndices, as equipes que conseguem uma maior eficcia

nos arremessos livres, normalmente, so equipes

vencedoras. Dentro dessa idia, Wilkes (1998) refere que

a eficcia do lanamento livre depende de vrios fatores,

de onde se destacam a mecnica do lanamento, a

capacidade de relaxamento, a capacidade de

concentrao, a quantidade e qualidade de treino,

variveis essas que so desconsideradas neste estudo.

No se fez nenhuma estatstica ou estudo para

demonstrar se os jogadores das equipes que chegaram

s finais so os mais eficientes nos arremessos livres,

porm o jogador Marcelinho, da equipe do Rio de Janeiro

(ganhadora do Campeonato), foi o atleta que se destacou

nos arremessos de lance-livre, conseguindo um ndice

aproximado de 92%.

No site da Confederao Brasileira de Basquetebol

(CBB) so apresentados os ndices gerais das equipes

com relao aos lances-livres. Com relao s sete

melhores equipes, s em uma delas a eficincia de

arremessos livres (68%) est abaixo da mdia do

campeonato (73%). Ainda com relao equipe

vencedora, a do Rio de Janeiro, esta foi a que obteve o

maior ndice de eficincia durante o Campeonato (81,5%).

No GRFICO 2, destaca-se a mediana de arremessos

convertidos, por jogo, pelas equipes vencedoras e pelas

derrotadas durante todo o campeonato, mostrando a

diferena significativa entre elas com relao eficincia

do lance-livre.

Quanto mais equilibradas forem as equipes e os jogos

entre elas, mais lances-livres acontecero, pois a falta

um recurso que as equipes utilizam para ganhar tempo

GRFICO 1TOTAL DE ARREMESSOS LIVRES CONVERTIDOS E

NO CONVERTIDOS PELAS EQUIPESVENCEDORAS E PERDEDORAS.

AC: Arremessos convertidos; ANC: Arremessos no convertidos

GRFICO 2RELAO ENTRE A MEDIANA DE ARREMESSOSCONVERTIDOS, POR JOGO, PELAS EQUIPES

VENCEDORAS E PERDEDORAS, DURANTETODO O CAMPEONATO.

Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 7

quando esto atrs no placar, principalmente no fim do

jogo e, aps o arremesso, a defesa tem privilgios quanto

posio, bem como nmero de jogadores para

disputarem o rebote. Dessa forma, conseguem recuperar

a posse de bola mais rapidamente. Porm, pouco

adiantar se a equipe que for arremessar converta os

lances.Assim, tambm, pode ser percebida a importncia

deste arremesso e o motivo das equipes vencedoras

estarem conseguindo maior nmero de lanamentos livres

nas estatsticas.

No GRFICO 3, percebe-se que no h diferena

significativa (p > 0,05) quando se analisa a quantidade de

arremessos livres no convertidos, ou seja, os dados

parecem demonstrar que tanto as equipes vencedoras

quanto as perdedoras erram a mesma quantidade de

lances-livres.Deve-se levar em considerao, nesse caso,

que os dados levam a uma verdadeira relao de que as

equipes que convertem mais lances-livres vencem as

partidas. Porm, no se pode levar em considerao que

so as equipes que erram mais arremessos

(considerando a somatria total do campeonato) que so

as derrotadas.

Cabe ressaltar que alguns estudos tm demonstrado

que os pivs so os atletas que menos convertem

lances-livres, mas so, porm, os que mais fazem esse

tipo de arremesso, porque esto jogando prximo cesta

adversria e, conseqentemente, recebem uma

quantidade maior de faltas (Okasaki et al., 2004). Isso no

foi observado nesse estudo, cabendo, porm, esta

colocao, j que eles esto inseridos nas equipes e

participaram de forma generalizada das estatsticas do

campeonato.

CONCLUSO

O presente estudo teve por objetivo verificar a

influncia do arremesso de lance-livre no resultado final

das partidas do Campeonato Nacional Adulto Masculino

de Basquetebol 2004/2005.

Parece haver uma relao positiva: as equipes que

convertem mais lances-livres em uma partida,

normalmente, so as equipes vencedoras. Porm, no se

pode afirmar que as equipes que perdem mais

lances-livres so as perdedoras, pois foi verificado que as

vencedoras perdem tanto quanto elas.

Na verdade, quando se fala em proporo de acertos,

conclui-se que as quantidades de arremessos livres

convertidos influenciaram no resultado final das partidas

do campeonato considerado.

Torna-se cada vez mais fundamental o treino deste

fundamento, pois, cada vez que os jogos so decididos

nos ltimos minutos, mais lances-livres so

arremessados, justamente pela quantidade de faltas

ocorridas, j que as equipes utilizam disso para se

beneficiarem na questo do tempo, a fim de recuperar a

posse de bola rapidamente.

A utilizao da estatstica como apoio nas tomadas de

deciso e de planejamento dos treinos cada vez mais

importante e, ainda, alm de avaliar as condies dos

jogadores, d uma boa panormica das condies do

adversrio.

Recomenda-se, por fim, novos estudos, colocando

fatores intervenientes ou mesmo complementando e

comparando com outras competies de outros pases e,

at mesmo, da NBA, a fim de verificar algum aspecto

relevante na constante busca por um treinamento

GRFICO 3RELAO DA MEDIANA DOS ARREMESSOS LIVRESNO CONVERTIDOS, POR JOGO, DAS EQUIPESVENCEDORAS E PERDEDORAS, DURANTE TODO O

CAMPEONATO.

8 Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007

especfico e de resultados. Verificar as influncias

causadas pelos aspectos psicolgicos que podem surgir

pela presso da situao deste arremesso, principalmente

nos momentos finais das partidas, onde um ponto

convertido de lance-livre pode definir a equipe vencedora,

tambm recomendado.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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Tel.: 21 2543-3323e-mail: [email protected]

Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 9

http://www.ucb.br/Mestradoef/RBCM/12/12%20-%204/ar_12_4_3.pdfhttp://www.efdeportes.com/efd11/samp.htmhttp://www.efdeportes.com/efd11/samp.htmhttp://psicodeporte.net/13_ortega_cardenas_puigcerver_mendez.pdfhttp://psicodeporte.net/13_ortega_cardenas_puigcerver_mendez.pdf

ARTIGO ORIGINAL

RESPOSTA DA FREQNCIA CARDACA E LACTATOSANGNEO DURANTE AULAS DO PROGRAMA

RPM EM MULHERES

Response of cardiac frequency and blood lactateduring RPM Program Classes for women

Homero Gustavo Ferrari1, Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo2

Resumo

O ciclismo indoor uma das modalidades maispraticadas, atualmente, nas academias de ginstica.Dessa forma, o conhecimento das respostas agudas queesse exerccio provoca se faz importante. O objetivo dessainvestigao foi verificar a resposta da freqncia cardaca(FC) e do lactato sangneo durante aulas de ciclismoindoor em mulheres, utilizando o programa RPM (RawPower in Motion), bem como caracterizar o perfilfisiolgico e a intensidade desse programa. Participaramdesse estudo, sete mulheres, aparentemente saudveis,com idade mdia de 28,02,1 anos. Estas mulheres eramtreinadas e praticantes do programa RPM h, pelo menos,seis meses, tendo sido avaliadas em uma nica aula. Foicoletada, durante a aula, amostra de sangue para aanlise do lactato sangneo, alm de aferida a FC,monitorada continuamente durante toda a aula.As coletasde sangue foram realizadas ao final das msicas mpares(1 aos 5 min; 3 aos18 min; 5 aos 32 min; 7 aos 42 min; e 9aos 51 min) . Os valores mdios de lactato ficaram em8,061,87 mM, enquanto os de FC 153,36,6 bpm, quecorrespondem a 84,7% da FC mxima. Dessa forma, osvalores de FC, tanto absolutos, quanto relativos, indicamque o RPM exige de seus praticantes uma grandesolicitao do sistema cardiorespiratrio, alm de umagrande exigncia do metabolismo anaerbio em algunsmomentos da aula, como demonstrado pelos altos valoresde lactato sangneo.

Palavras-chave: Freqncia Cardaca, LactatoSangneo, Programa RPM.

Abstract

Nowadays, indoor cycling is one of the most practicedmodalities at gym clubs. This way, the knowledge of thesharp responses that this kind of exercise provokes israther important. The objective of this investigation was toverify the response of the cardiac frequency (CF) and theblood lactate during classes of indoor cycling for women,using the RPM (Raw Power in Motion) program, as well asto characterize the physiological profile and the intensity ofthis program. Seven women were subjects of this study, allof them apparently healthy, average age 28.02.1 years.These women were trained and also participants of theRPM program for at least six months, having all beenevaluated in just one class. A sample of their blood wascollected during the class in order to analyze the lactate,and their CF was also checked and monitored within thewhole class activity. The blood samples were taken at theend of the odd number tracks (1 with 5min; 3 with 18 min; 5with 32 min; 7 with 42 min; and 9 with 51 min).The averagenumber of lactate were 8.061.87 mM while the CFnumbers got to 153.36.6 bpm, which correspond to84.7% of the maximum CF. This way, the numbers of CF,either absolute or relative, indicate that the RPM demandsa great effort of the cardio respiratory system of theparticipants, and also of the anaerobic metabolism atsome moments of the class, as shown by the high resultsof the blood lactate.

Key words: Cardiac Frequency, Blood Lactate, RPMProgram.

1. Faculdades Integradas Einstein de Limeira (FIEL) - Limeira - SP - Brasil.2. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Florianpolis - SC - Brasil.

Recebido em 13.11.2006. Aceito em 26.01.2007.

Revista de Educao Fsica 2007;137:10-17

10

INTRODUO

A busca por uma melhor qualidade de vida est

fazendo com que, cada vez mais, as pessoas modifiquem

alguns hbitos de vida, dentre eles a prtica regular da

atividade fsica.

Nesses ltimos anos, vrios estudos tm revelado que

a atividade fsica fator essencial para a qualidade de

vida do indivduo, sendo a falta de atividade fsica, tambm

chamada de sedentarismo, associada ao aparecimento

de algumas doenas, principalmente as doenas do

corao, o que prejudica, sobremaneira, a qualidade de

vida dessas pessoas (Matsudo et al., 2002; Blair et al.,

1996; ACSM, 1998).

Vrios fatores tm sido apontados como sendo os

responsveis por levarem as pessoas a aderirem a um

programa de exerccios fsicos, como, por exemplo, a

melhoria da capacidade cardiorespiratria, o

emagrecimento, o aumento da massa muscular, a

promoo da sade, entre outros. Entretanto, alguns

autores tm apontado os principais fatores como sendo

os que esto relacionados s questes estticas e

expectativa na melhoria da qualidade de vida e bem estar

(Matsudo et al., 2002; Saba, 2001).

Estes dados, aliados ao referido aumento no nmero

de academias de ginstica, conduzem, por sua vez,

concorrncia entre estes espaos, levando,

conseqentemente, a indstria do fitness a buscar

constantemente novas modalidades de atividades fsicas,

que sejam cada vez mais eficientes e motivantes, com o

intuito de atrair mais alunos e de suprir as necessidades

do mercado.

Desse modo, percebe-se, nos ltimos anos, um

aumento expressivo da variedade de programas de

exerccios oferecidos pelas academias de ginstica,

sendo o ciclismo indoor um deles.

Este tipo de aula, segundo Ferrari (2004), surgiu em

meados de 1996 e, atualmente, vem sendo muito

praticado em academias de ginstica, no s do Brasil,

mas em boa parte do mundo.

Um dos grandes atrativos dessa aula a combinao

de movimentos bsicos do ciclismo tradicional e de

diferentes ritmos musicais. Assim, seguindo o ritmo das

msicas, os praticantes simulam subidas, descidas e

planos, com muita variao de intensidade e sempre muito

motivados verbalmente pelos professores (Les Mills,

2003; JG Spinning, 2002).

Nas academias de ginstica, esse tipo de aula

classificada como sendo tipicamente aerbia, sendo

bastante eficiente para o aumento da capacidade

cardiorespiratria, bem como para o emagrecimento.

Entretanto, estas so informaes encontradas nos

manuais desses programas, baseadas em observaes

empricas, sem fundamentao cientfica (Les Mills, 2003;

JG Spinning, 2002).

Dentre os diversos programas existentes de ciclismo

indoor, os mais conhecidos so o Spinning e o Raw Power

in Motion (RPM). Apesar das diferentes terminologias,

esses programas possuem caractersticas muito

parecidas entre si, uma vez que as condies bsicas

para as aulas so muito semelhantes como: tipo de

bicicleta, ambiente, msicas e durao da sesso de

treino (Ferrari, 2004).

Com relao aos estudos abordando o ciclismo indoor,

verifica-se uma grande carncia, principalmente na

literatura internacional, talvez pelo tempo relativamente

recente dessa modalidade. Fato este que justifica a

relevncia dessa investigao, pois o conhecimento mais

detalhado do comportamento de variveis fisiolgicas

durante as aulas de ciclismo indoor pode ser importante

para os profissionais que ministram essas aulas.

Desta maneira, o objetivo dessa investigao

verificar a resposta da freqncia cardaca e do lactato

sangneo, durante aulas de ciclismo indoor, em

mulheres, utilizando o programa RPM, bem como

caracterizar o perfil fisiolgico e a intensidade desse

programa.

METODOLOGIA

Amostra

Participaram desse estudo sete mulheres,

aparentemente saudveis, com idade mdia de 28,02,1

anos. As mulheres eram treinadas e praticantes do

programa RPM h pelo menos seis meses, tendo sido

avaliadas em uma nica aula.

Aps os esclarecimentos de todos os procedimentos

que seriam adotados durante o estudo, as voluntrias

Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 11

assinaram um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido. Antes, porm, esse estudo foi aprovado pelo

Comit de tica e Pesquisa da Santa Casa de Misericrdia

de Limeira.

Avaliao antropomtrica e composio corporalForam mensuradas as seguintes variveis: massa

corporal (kg), estatura (cm) e percentual de gordura

corporal (%G). Para a massa corporal, foi utilizada uma

balana eletrnica de plataforma, da marca Filizola , com

preciso de 0,1 kg. Para a estatura, foi utilizado um

estadimetro com preciso de 0,1 cm, de acordo com os

procedimentos sugeridos por Lohmann et al. (1988). O

percentual de gordura corporal foi estimado pelo mtodo

duplamente indireto, a partir das espessuras das dobras

cutneas dos seguintes pontos anatmicos:

subescapular, suprailaca e coxa.Todas as medidas foram

feitas em triplicata, adotando-se, como resultado, o valor

mdio das trs medidas. Para as medidas de dobras

cutneas, foi utilizado um adipmetro, da marca Lange,

com preciso de 0,5 mm. As medidas foram realizadas

sempre do lado direito do sujeito, por um mesmo avaliador,

utilizando os procedimentos citados por Guedes (1994).

Para a estimativa do %G, foi utilizada a equao de Siri

(1961), a partir da estimativa da densidade corporal

determinada por meio da equao proposta por Guedes

(1994).

Coleta de sangue durante as aulas e dosagem delactato

Para a anlise do lactato sangneo (LAC), foram

coletados 25 l de sangue do lbulo da orelha,

utilizando-se capilares de vidro heparinizados e

calibrados. Aps cada coleta, o sangue foi imediatamente

armazenado em microtubos do tipo Eppendorff de 1,5 ml,

contendo 50 l de soluo de NaF1%. Em seguida, os

tubos foram armazenados em recipiente trmico,

contendo gelo, e levados para o laboratrio para a

determinao das concentraes de lactato sangneo,

atravs do analisador eletroqumico, modelo YSL 1500

STAT. As coletas foram realizadas ao final das msicas

mpares (1 aos 5 min; 3 aos18 min; 5 aos 32 min; 7 aos

42 min; e 9 aos 51 min).

Monitoramento da freqncia cardaca das aulasA monitorizao da freqncia cardaca (FC), durante

as aulas, foi feita atravs de monitores da marca Polar,

modelo X-Trainer, em intervalos de 15 segundos, tendo

sido armazenadas na memria para posterior anlise.

Freqncia cardaca mxima prevista

A freqncia cardaca mxima (FCmx) indireta dos

sujeitos foi determinada a partir da equao: 202 - (0,75x

idade), segundo Heyward (1997). Esta equao se

justifica pelo fato de ter sido desenvolvida em um

cicloergmetro.

Caractersticas do programa RPM

Uma aula do programa tem durao total de

aproximadamente 50 minutos, tendo um total de dez faixas

de msicas. Com relao ao ritmo das msicas utilizadas,

elas se situam de 116 a 120 batidas por minuto (bpm) para

o aquecimento e volta calma, de 120 a 136 para giros

e 52 a 68 para subidas. realizada em bicicleta

estacionria, tendo como caracterstica o trabalho

aerbio, com uma grande variao de intensidade ditada

pela frenagem da roda dianteira e freqncia de rotao

do pedal durante as msicas, que variam entre 100 e 130

rotaes por minuto (Les Mills, 2003).

Anlise estatstica

Foram empregados os mtodos estatsticos de mdia,

desvio padro () e anlise de varincia ANOVA Two-way,

seguido pelo teste de Tuckey, adotando-se um nvel de

significncia de p

sangneo, bem como elevados nveis de intensidade

relativa de esforo, sugerindo, portanto, que as aulas

promovem uma grande solicitao dos sistemas

cardiorespiratrio e metablico dos praticantes.

Com relao aos resultados da TABELA 3, a anlise

estatstica mostrou no haver diferenas de FC entre os

momentos M1, M7 e M3, M5 e M7, enquanto que, para

o LAC, houve diferenas, tanto para os momentos M1 e

M7, como para os momentos M5 e M7, demonstrando,

assim, uma maior sensibilidade s mudanas de

intensidade.

DISCUSSO

Vrios parmetros tm sido utilizados para a

prescrio, avaliao da intensidade e controle dos efeitos

do treinamento, em diferentes tipos de exerccios, sendo

alguns desses parmetros: o consumo mximo de

oxignio (VO2mx), a resposta do lactato sangneo (LAC),

a percepo subjetiva de esforo (PSE) e a freqncia

cardaca (FC), segundo Denadai (1999).

O American College of Sports Medicine (ACSM,1998)

recomenda o uso da monitorao da FC para o controle

da intensidade do treinamento, bem como para o

treinamento aerbio e para o desenvolvimento da

capacidade cardiorespiratria, intensidades que variem

de 60 a 90% da FCmx.

Dessa forma, Heyward (1997) prope trs nveis de

intensidade de esforo baseado na FC, utilizando, para

isso, o percentual da FC mxima (%FCmx). Os nveis so:

leve, moderado e pesado, que correspondem

respectivamente a 81% da FCmx.

Entretanto, a FC pode sofrer grandes variaes

durante o exerccio, no somente em funo das

alteraes da intensidade, mas tambm das alteraes de

alguns sistemas corporais como o hormonal e o

circulatrio (Fox, Bowers e Fox, 1998).

Portanto, a utilizao da FC como indicador indireto da

intensidade de esforo e do metabolismo energtico,

utilizado durante diferentes tipos de atividade, tem que ser

analisada com cautela.Alguns estudos tm mostrado que

ela pode ser muito imprecisa, no se correlacionando com

a resposta do lactato sangneo e com o consumo de

oxignio, principalmente em atividades intermitentes e

que utilizam, simultaneamente, membros superiores e

inferiores (Guglielmo, 2000; De Angelis et al., 1998).

Os resultados desse estudo revelaram, atravs de

respostas de FC durante as aulas, valores de intensidade

relativa de esforo que variaram de 79,7% a 89,3% da

FCmx, com mdia de 84,7%.

Com relao a esses resultados, outros estudos tm

encontrado valores de intensidade relativa de esforo

TABELA 1VARIVEIS DA COMPOSIO CORPORAL DOS

SUJEITOS AVALIADOS.

SujeitosPeso(kg)

Estatura(m) % de gordura

IMC(kg/m2)

Mdia 62,05 1,68 24,37 21,70

DP 6,23 0,08 2,46 1,68

TABELA 2VALORES DAS VARIVEIS FC, FCMXPREVISTA, FCMDIA, % FCMX E CONCENTRAES DE LACTATO

SANGNEO OBTIDOS DURANTE AS AULAS.

Sujeitos (n=7) Mnimo Mximo Mdia DP

FCmx. prevista (bpm) 179,5 183,3 181,1 1,46

FC mdia (bpm) 146 161 153,33 6,65

% FC mx. 79,7 89,3 84,72 3,81

Lactato (mM) 1,19 11,2 8,06 1,87

DP = Desvio padro da mdia

TABELA 3VALORES MDIOS E DESVIO PADRO () DA FC E

LACTATO SANGNEOOBTIDOS EM DIFERENTES MOMENTOS DAS AULAS.

Momentos M1 M3 M5 M7 M9

FC (bpm) 118,817,88a 167,311,43 165,59,27 160,118,52 127,68,59b

Lactato (mM) 2,591,44a 9,141,78b 9,661,52c 7,682,30d 5,771,91

FC = a,bp

semelhantes em aulas de ciclismo indoor. Em um deles,

Ferrari (2004) comparou a intensidade de esforo atravs

da resposta da FC entre os programas Spinning e RPM,

em 14 mulheres jovens, praticantes desses programas,

no encontrando diferenas significativas entre eles,

sendo que os valores mdios das aulas foram de 86,7%

para o programa Spinning e de 84,7%, para o programa

RPM.

Mais recentemente, Porto, Lafet e Jnior (2005),

avaliando cinco homens e cinco mulheres, praticantes do

programa Spinning, verificaram que, na maior parte das

aulas (67%), os valores de intensidade relativa de esforo

variaram de 70% a 89% da FCmx dos sujeitos e cerca

de 21% do tempo total das aulas acima disso. Avaliando

o mesmo programa, Ramos et al. (2005) encontrou

valores semelhantes durante as aulas, variando de 85%

a 92% da FCmx.

Portanto, essas informaes indicam que as aulas de

ciclismo indoor parecem atender s recomendaes do

ACSM (1998) em relao intensidade de esforo para

o treinamento aerbio e aprimoramento da capacidade

cardiorespiratria.

A eficincia do treinamento de ciclismo indoor para o

aprimoramento da capacidade aerbia foi demonstrada

por Smith et al. (2000), que avaliaram os efeitos de dez

semanas de treinamento de ciclismo indoor em 16

homens e 22 mulheres. Aps o perodo experimental de

treinamento, foi observado aumento significativo no limiar

anaerbio e no VO2mx.

Com relao avaliao metablica durante as aulas,

foi utilizado, como indicador, a resposta do lactato

sangneo, que tem sido muito investigada nas ltimas

dcadas, principalmente nas atividades de predomnio do

metabolismo aerbio (Denadai, 1999; Denadai, 2000).

O LAC um dos principais indicadores diretos do

metabolismo energtico utilizado durante o exerccio,

podendo classificar de uma forma mais precisa sua

intensidade (Gaesser e Poole, 1996).

Um estudo interessante, apresentado por Gaesser e

Poole (1996), relacionando intensidade de esforo e

concentrao de lactato, prope que, em atividades com

predomnio aerbio, o esforo, em relao sua

intensidade, pode ser classificado em trs esferas:

moderado, pesado e severo. O esforo moderado

corresponde quelas intensidades que podem ser

realizadas sem a modificao do lactato sangneo em

relao aos valores de repouso, ou seja, abaixo de 2 mM.

O esforo pesado seria a partir da menor intensidade de

esforo, onde o lactato aumenta, tendo como limite

superior 4 mM, em mdia. Por sua vez, o esforo severo

aquele que no existe fase estvel de lactato no sangue,

elevando-se durante todo o tempo de esforo at a

exausto.

As concentraes de lactato sangneo, durante as

aulas, chama a ateno pelos altos valores obtidos, com

concentraes mdias de LAC de 8,061,87 mM e picos

de 11,2 mM.

Valores elevados de LAC foram, tambm, reportados

em outras investigaes em aulas de ciclismo indoor.

Ferreira et al. (2005) compararam respostas

hemodinmicas e metablicas entre o ciclismo indoor e

aqutico, em dez indivduos ativos. Os valores obtidos,

respectivamente, para cada programa foram 7,93mM x

8,87mM aos 15 minutos de aula, 8,80mM x 9,78mM aos

30 minutos e 7,15mM x 8,27mM aos 35 minutos de aula.

Demonstrando, portanto, que tanto o ciclismo indoor,

quanto o aqutico, geram respostas considerveis de

lactato sangneo.

Em outro estudo, Ramos et al. (2005) compararam as

concentraes de LAC em dois protocolos de treinamento

do programa Spinning (contnuo e intervalado). As

concentraes nos dois protocolos foram verificadas em

cinco momentos das aulas, quais foram: 5 minuto do

aquecimento e 6 minuto dos estgios 1 (85% da FCmx),

2 (85% da FCmx) e 3 (92% da FCmx), e tambm no 1,

3 e 5 minutos do perodo de recuperao passiva. Os

resultados mostraram no haver diferenas estatsticas

das concentraes de LAC entre os dois protocolos nos

momentos de aquecimento, estgio 1 e recuperao. Em

contrapartida, diferenas estatsticas foram verificadas

entre os protocolos contnuo e intervalado nos momentos

do estgio 2 (8,05 mM vs. 4,64 mM) e estgio 3 (9,39 mM

vs. 5,27 mM).

Recentemente, um outro estudo bastante interessante

foi apresentado por Kang et al. (2005), onde foram

investigadas as diferenas entre dois protocolos de

treinamento do programa Spinning (contnuo - CON - e

14 Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007

intervalado - INT) sobre as respostas metablicas (VO2,

FC, LAC) e a percepo subjetiva de esforo (PSE), em

sete homens e em oito mulheres fisicamente ativos. Os

resultados do estudo revelaram que, apesar das

diferenas na execuo entre os dois protocolos (CON e

INT), no foram verificadas diferenas significativas entre

eles nas variveis: VO2, FC e intensidade relativa de

esforo. Em contrapartida, foram verificadas diferenas

significativas durante o exerccio para a PSE (9,7 vs. 8,9)

e, ao final do exerccio, para o LAC (7,2 vs.2,7 mM).Foram,

tambm, encontradas diferenas no perodo de

recuperao (30 minutos) nas variveis VO2 (0,26 vs. 0,33

l/min), consumo energtico (30 vs. 45,5 Kcal) e FC (80

vs. 91). Os autores concluem que, apesar da mesma

intensidade relativa de esforo realizada pelos indivduos,

tanto para o protocolo CON (67% da FCmx) como para

INT (68% da FCmx), a resposta de LAC foi maior no

protocolo INT, possivelmente em funo dos sprints e das

altas cadncias de pedalada durante alguns perodos das

aulas e, principalmente, no final, o que implicaria em uma

maior influncia do componente lento de VO2. Os autores

sugerem, ainda, que o protocolo INT conduz a um maior

gasto energtico ps-exerccio, possivelmente

influenciado pelos aumentos do LAC e, tambm, de

algumas variveis que no foram medidas no estudo,

como temperatura corporal e catecolaminas plasmticas.

Com relao s altas concentraes de LAC

verificadas no presente estudo e em outros aqui citados,

em diferentes aulas de ciclismo indoor (Smith et al., 2005;

Kang et al., 2005; Ramos et al., 2005; Uchida et al., 2002),

sugere-se que esse tipo de aula requer uma relevante

participao do sistema anaerbio, principalmente

quando so utilizadas intensidades relativas acima de

70% da FCmx (Ramos et al., 2005; Uchida et al., 2002).

Muitos fatores podem influenciar na resposta do lactato

sangneo durante o exerccio, como por exemplo:

diferenas individuais na capacidade de produo e

remoo de lactato, estoques de glicognio muscular, tipo

de exerccio, entre outros (Denadai, 1999; Denadai, 2000).

Entretanto, especificamente no ciclismo, alguns

aspectos, como fatores biomecnicos e cadncia de

pedalada, podem influenciar, significativamente, a

resposta do LAC.

Estudos tm verificado que as aes musculares

envolvidas no ciclismo so, exclusivamente, concntricas

(Bijker et al., 2002), resultando em altos nveis de tenso

intramuscular na maior parte do ciclo de pedalada,

fazendo com que possa ocorrer a ocluso dos vasos

sangneos, prejudicando, sobremaneira, a oferta de

oxignio para a regio (Denadai, 2004). Esses fatores

podem implicar em um maior recrutamento de fibras do

tipo II, em funo do maior percentual de pico de fora

requerido em cada pedalada, gerando, portanto, uma

maior resposta de LAC (Hagberg, 1981; Marcinik et al.,

1991).

Alguns trabalhos tm mostrado que, quando se

compara a resposta do LAC para um mesmo grupo de

indivduos no ciclismo e na corrida, para uma mesma

intensidade de esforo (mxima fase estvel de lactato),

as concentraes de LAC no ciclismo so

significativamente maiores (Van Schuylenbergh et al.,

2004), revelando, portanto, as influncias biomecnicas

envolvidas no ciclismo.

Aliado aos fatores biomecnicos, a cadncia de

pedalada tambm parece exercer grande influncia na

resposta do LAC, pois cadncias diferentes, para uma

mesma carga, geram respostas hemodinmicas

diferentes, podendo influenciar as respostas metablicas

com aumentos exponenciais de LAC (Gotshall, Bauer e

Fahmer, 1996; Denadai, Ruas e Figueira, 2005).

Dessa forma, isso poderia explicar, em parte, as

diferenas entre os protocolos utilizados em aulas de

ciclismo indoor, e, tambm, as altas concentraes de

LAC verificadas em determinados momentos das aulas,

uma vez que comum, durante estas aulas, o uso de

diferentes cadncias (rpm), com ou sem modificaes na

carga da bicicleta (frenagem da roda dianteira),

principalmente cadncias altas prximas a 100 rpms ou

mais, que so os chamados sprints de curta durao que

acabam gerando altas concentraes de lactato

sangneo.

CONCLUSES

Baseado nos resultados obtidos, pode-se concluir que

as aulas de ciclismo indoor, mais especificamente o

programa RPM, promoveram, na amostra analisada, uma

alta solicitao do sistema cardiorespiratrio, como

Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 15

demonstrado pelos altos valores de intensidade relativa

de esforo e, tambm, do sistema anaerbio em

determinados momentos das aulas, como demonstrado

pelos altos valores de lactato sangneo. Conclui-se,

ainda, que o lactato sangneo parece mais sensvel que

a FC para identificar mudanas na intensidade de esforo,

em aulas do programa RPM.

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Endereo para correspondncia:Homero Gustavo Ferrari

Rua Luciano de Arajo, 158 - Vila AnitaLimeira - SP - Brasil

CEP: 13484-302e-mail: [email protected]

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ARTIGO ORIGINAL

VERIFICAO DAS ALTERAES PROVOCADAS PELO EXERCCIOCONTRA RESISTNCIA NO INDIVDUO HIPERTENSO

Checking of the alteration provoked by the resistancetraining exercises in hypertensive individuals

Genivaldo Lisboa1, Dhiego Gualberto de Abreu1, Lilliany de Souza Cordeiro1,2,Franz Knifis1

Resumo

O estudo verificou a possvel reduo da freqnciacardaca, da presso arterial, do duplo produto, do ndicede massa corporal (IMC), bem como o ganho de fora,aps um programa de exerccio contra resistncia. Aamostra foi constituda por um indivduo de 37 anos, dognero masculino, hipertenso, fazendo tratamentofarmacolgico. Ao iniciar o programa, este indivduo foisubmetido a uma anamnese e ao teste de 1RM. Todas asvariveis estudadas foram medidas semanalmente, antese aps a sesso de exerccios, com cinco minutos dedescanso. Dos resultados semanais, foi retirada a mdiamensal, exceto com relao ao ganho de fora mxima eao ndice de massa corporal, verificados antes e aps operodo de treinamento. A freqncia cardaca (FC) foimonitorada atravs de freqencmetro e a presso arterial(PA), atravs do mtodo auscultatrio. Os exerccios foramrealizados no supino reto, na remada barra curta, no legpress (quadrceps e panturrilha), na cadeira extensora, namesa flexora e na abdominal (supra e infra), tendo trssesses de exerccios semanais, com durao entre 50 a60 minutos, durante quatro meses, a 80% de 1RM. Aanlise estatstica foi realizada atravs do teste T (p

there was not a significant statistical reduction after thetraining. The systolic and diastolic blood pressure, beforeand after, had significant reduction. The double productonly presented a significant difference between theevaluated averages after the sessions. The gain ofmaximum force presented significant numbers on all of the

machines. Therefore, it was concluded that there arebenefits in practicing resistance training exercises by ahypertensive adult.

Key words: Double Product, Resistance TrainingExercises, Cardiac Frequency, Gain of Force,Hypertension.

INTRODUO

De acordo com a Organizao Mundial de Sade -

OMS (2002 apud Rosa, 2005), a hipertenso, embora

pouco conhecida, atinge uma mdia de 20% a 25% da

populao brasileira, sendo que esta estatstica sobe para

50% nas faixas etrias mais avanadas. Hoje, esta uma

das dez principais causas de morte no mundo, j que a

hipertenso um fator agravante para as doenas

cardiovasculares. De acordo com Pugliense (2005), uma

em cada trs a quatro pessoas, ter presso arterial

anormalmente alta em algum momento no transcorrer de

sua vida. Todavia, existem grandes indcios que a

atividade fsica, mais especificamente os trabalhos contra

resistncia, contribua na amenizao, ou at na profilaxia,

desses tipos de doenas, diminuindo as despesas com

medicamentos e tornando a vida de muitos indivduos

bem melhor, seja psicologicamente ou socialmente.

O homem moderno tem uma vida bastante agitada em

seu cotidiano, ficando suscetvel a diversos fatores, tais

como: o sedentarismo, o estresse, o mau hbito alimentar

e, tambm, o sobrepeso. Esses fatores, associados ao

tabagismo e ao lcool, so considerados

desencadeadores de doenas psicossomticas, dentre

essas a elevao crnica da presso arterial. De acordo

com o American College of Sports Medicine (2003), mais

de 50 milhes de americanos so hipertensos, com

presso arterial em repouso a partir de 140/90 mmHg ou

mais, classificando em estgio leve de acordo com Soter,

Martins e Dantas (2005).

Sendo a presso arterial influenciada pelos mesmos

fatores que fazem oscilar as demandas metablicas,

extremamente importante que a mesma seja mantida em

um nvel relativamente constante, atravs do controle

sobre a freqncia cardaca, do volume sistlico e da

resistncia perifrica vascular. Uma condio bsica para

a sobrevivncia do ser humano a manuteno de um

nvel adequado da presso arterial, capaz de nutrir os

tecidos em condies, que variam desde o sono, ou

repouso, at o exerccio fsico, o trabalho ou as situaes

de estresse (Tumeleiro, Santos Junior e Nunes, 2003).

A populao hipertensa vem crescendo muito, nos

ltimos tempos, com o aumento da expectativa de vida.

Pesquisas tm comprovado os benefcios dos exerccios

fsicos, sendo os mesmos utilizados na preveno e no

tratamento no farmacolgico da hipertenso (Negro et

al., 2004). Doenderlin e Farinatti (2003) relatam que um

procedimento seguro para conduzir um treinamento

dando subsdios adicionais manipulao de variveis

associadas sua intensidade absoluta e relativa (tipo de

exerccio, intervalo de recuperao, nmero de repeties

e sries, carga mobilizada e velocidade de execuo).

De acordo com Arajo (2001), os valores sistlicos ao

redor de 200 mmHg so tpicos em esforo mximo

dinmico gradativo, em um adulto saudvel, com um

rpido descenso com a interrupo do esforo. J no

exerccio esttico, tem-se um aumento bastante

importante dos nveis sistlicos e diastlicos, provocados

principalmente pelo aumento da resistncia perifrica

muscular. De acordo com Simo (2005), indivduos com

problemas cardiovasculares (hipertenso, enfarto, etc.)

devem evitar o bloqueio respiratrio durante os exerccios

de contra resistncia, pois sofrem o risco de haver um pico

anormal pressrico, excedendo 200mmHg, dependendo

da fora e da durao deste bloqueio.

O presente estudo tem como finalidade buscar maiores

informaes sobre a prescrio e avaliao dos exerccios

contra resistncia (ECR), j que, de acordo com Fuchs,

Moreira e Ribeiro (2005), evidncias epidemiolgicas

sustentam a indicao da prtica da atividade fsica como

medida no farmacolgica para o tratamento da presso

arterial (PA). Doenderlin e Farinati (2003), entretanto,

relatam que o treinamento de fora pode ou no alterar

a presso arterial.

Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 19

METODOLOGIA

O estudo se caracteriza pelo tipo experimental, estudo

de caso, baseado em investigao, em uma situao de

causa-efeito, conforme Thomas e Nelson (2002). A

amostra foi constituda por um indivduo de 37 anos de

idade, do gnero masculino, de etnia negra, ou seja,

descendente de afro-brasileiro, servidor pblico (guarda

civil municipal da cidade de Campos dos Goytacazes),

no existindo obrigatoriedade ou algum projeto que

determine que seus integrantes devam participar de

alguma atividade fsica. O pesquisado, segundo

anmanese aplicada, foi classificado, por meio de

questionrio, como sedentrio, pelo fato de no fazer

nenhuma atividade fsica, classificao essa segundo a

OMS (2002, apud Rosa, 2005). O indivduo era hipertenso

e fazia tratamento farmacolgico (Captopril 50ml, uma vez

ao dia) para controle da presso arterial, no sendo

portador de nenhuma deficincia fsica, nem de outro tipo

de patologia crnica, submetendo-se, voluntariamente, ao

treinamento. Foi realizada, antes do treinamento, uma

anamnese, tendo sido verificado o IMC, antes e ao final

do perodo de treinamento, e a fora mxima, atravs de

teste de 1RM, em vrios exerccios.

O teste de 1RM foi efetuado a cada quatro semanas,

sendo calculada a porcentagem do ganho de fora e dada

uma nova carga, nos seguintes aparelhos: supino reto,

remada barra curta, leg press (quadrceps e panturrilha),

mesa flexora e exerccios de abdominal.

A presso arterial (PA) foi aferida por mtodo indireto

auscultatrio. A aferio da PA foi realizada s

segundas-feiras, da seguinte forma: antes da sesso (em

repouso, com cinco minutos de descanso), duas

intermedirias (aps exerccio na mesa flexora e

abdominal) e aps a sesso (com cinco minutos de

descanso),

Todos os exerccios foram executados com intervalo de

um minuto e trinta segundos de descanso entre uma srie

e outra, conforme ACSM (2003). O primeiro ms de

treinamento foi realizado a 50% da carga mxima e, nos

meses subseqentes, a 80% da carga mxima, sendo

todos os movimentos executados sem a presena de

Manobra de Valsalva. A freqncia cardaca foi medida

antes de cada sesso de exerccios (em repouso com

cinco minutos de descanso), aps cada srie de exerccio

e aps a sesso de exerccios (com cinco minutos de

descanso). J o duplo produto (DP) foi calculado

semanalmente, antes de cada sesso de exerccio (com

cinco minutos de descanso), no momento da concluso

da ltima repetio da ltima srie da mesa flexora e de

abdominal, assim como aps a sesso de exerccio (com

cinco minutos de descanso). Em relao aos

procedimentos estatsticos, foram utilizados os clculos

de mdia, desvio padro e o teste T para comparao

dos resultados de FC, PAS, PAD e DP, antes e aps

treinamento de fora, e o IMC, no incio do treinamento

e aps os quatro meses de treino.

RESULTADOS E DISCUSSO

Depois de realizar as coletas de dados, os resultados

foram organizados e colocados em tabelas,

separadamente por variveis avaliadas. So

apresentadas, na TABELA 1, todas as variveis

hemodinmicas de cada ms, coletadas antes das

sesses de exerccio, atravs das mdias, desvios

padres e Test T de Student. Observa-se que a PAD e

a PAS modificaram de forma positiva e significativa,

enquanto que a FC e o DP no obtiveram esses mesmos

resultados. Cada mdia mensal foi calculada em cima dos

valores obtidos nas mdias semanais, constitudas de

coleta feita a cada dia de treinamento, como j explicado

na metodologia.

A TABELA 2 mostra, tambm, as variveis

hemodinmicas, coletadas, porm, aps o treinamento.

TABELA 1FC, PAS, PAD, DP ANTES DAS SESSES DE

EXERCCIOS.

1 ms 4 msP (T

Os valores obtidos se mostraram significativos em trs

variveis a PAD, PAS e o DP, j a FC, mais uma vez, no

obteve uma queda significativa. Porm, preciso ressaltar

que, tanto na TABELA 1 quanto na TABELA 2, a FC

apresentou uma queda que, mesmo no sendo

estatisticamente significativa, pode ser considerada,

quando se fala de treinamento e sade, um fator positivo

do treinamento.

Na TABELA 3, O IMC (ndice de massa corporal)

obteve queda, porm no significativa. Entretanto,

observando-se de acordo com fatores de risco, onde o

IMC tem grande relao, essa queda o levou a valores

prximos dos considerados normais segundo a OMS

(2002 apud Rosa, 2005), o que, mais uma vez, mostra

o benefcio da atividade fsica proposta na pesquisa.

Em relao FC em repouso, antes e aps a atividade,

no houve reduo significativa, mas os valores absolutos

mensais decresceram durante o perodo de treinamento,

mostrando um comportamento normal. A fase

ps-exerccio vem sendo investigada intensamente nos

ltimos anos. Seus resultados ainda divergem quanto ao

tempo necessrio para a total restaurao aos nveis de

repouso do sistema nervoso central (SNA), ps-exerccio

(Almeida e Arajo, 2003). Estudos citados por esses

autores mostram o tempo de recuperao da FC, aps

diversos tipos de treinamento. A recuperao pode levar

de uma hora, aps exerccio leve ou moderado, ou quatro

horas, aps exerccio aerbio de longa durao, e at 24

horas, aps um exerccio intenso ou mximo. Cinco

minutos aps uma sesso de exerccio moderado ou

intenso, a concentrao de norepinefrina no sangue

continua em valores acima dos de repouso, o que sugere

elevada atividade simptica nesta fase. Todavia, deve-se

levar em conta que h um tempo de latncia de

aproximadamente 2,5 minutos para que a concentrao

de norepinefrina no plasma chegue a seu valor mximo,

o que foi suposto por Almeida e Arajo (2003), j que o

tempo de cinco minutos de recuperao, utilizado em seus

estudos, foi demasiadamente curto, assim como no

presente estudo.

De acordo com Leite et al. (2004), os estudos de

treinamento de fora, em certos perodos, resultaram em

diminuio significativa de 5% a 12 % na freqncia

cardaca em repouso. Esse comportamento ,

normalmente, atribudo combinao da estimulao

parassimptica aumentada, bem como da simptica,

diminuda para o corao.

Leite et al. (2004) citam alguns estudos que

envolveram o treinamento simultneo de fora e

resistncia, demonstrando haver pouca ou nenhuma

mudana na freqncia cardaca mxima aps o

treinamento. Esses estudos indicam que o treinamento

simultneo de fora e resistncia, ou o treinamento isolado

de fora, geram pouca ou nenhuma mudana na

freqncia cardaca mxima. Todos os resultados

relacionados das PAS e das PADs mostram redues

significativas (p

pressricos maiores, assim como a realizao do esforo

na presena de manobra de valsalva. Embora tenha

diversos meio de aferir a PA, o procedimento mais usual

nas pesquisas nacionais o auscultatorio, que tende a

apresentar valores agudos subestimados em relao

medida direta, principalmente em atividades contnuas,

como os exerccios contra resistncia - ECR (Polito e

Farinatti, 2003).

No estudo realizado pelos autores acima citados,

objetivou-se verificar o efeito de intensidades diferentes

do ECR sobre os efeitos agudos tardios da PAS e PAD,

com o mesmo tipo de treinamento. Durante trs dias, no

consecutivos, dezesseis jovens foram submetidos a vrios

exerccios, da seguinte forma: no primeiro dia, foi realizado

teste de seis repeties mximas (RMs) para cada

exerccio; no segundo dia, foram feitas trs sries de seis

RMs em cada exerccio; e, no ltimo dia, foram realizadas

doze repeties com 50% de seis RMs. PAS e PAD foram

aferidas antes de cada seqncia, por mtodo

auscultatrio e imediatamente aps o trmino da cada

seqncia, por monitorizao ambulatorial, em ciclos de

10 minutos, em repouso absoluto durante 1h. Conclui-se

que: o ECR exerceu efeito hipotensivo sobre a presso

arterial, principalmente sobre PAS; o declnio absoluto da

PAS no foi influenciado pelas diferentes interaes de

carga e repeties; a magnitude das cargas tendeu a

favorecer a durao da reduo da PAS; e o nmero de

repeties teve maior repercusso sobre a PAD que sobre

a PAS, mas por curto perodo de tempo. O estudo mostrou

que o ECR exerce efeito hipotensor sobre a PA, tanto

sistlica, quanto diastolica. Ainda, relatam estudos como

de Hardy e Tucker (1999), em indivduos sedentrios e

hipertensos, onde foi observada a reduo da PAS e da

PAD por, no mnimo, uma hora aps sesso de

treinamento de fora em 24 homens. sabido que maiores

redues pressricas, aps exerccios aerbios, tendem

a ser verificadas em hipertensos (Arajo, 2001), sendo

provvel que a mesma relao seja mantida no exerccio

de fora.Da mesma maneira que nesta pesquisa, o estudo

mostrou que o ECR exerce efeito hipotensor sobre a PA,

tanto sistlica quanto diastlica. Em relao ao DP, como

observado nas TABELAS 1 e 2, somente houve reduo

estatisticamente significativa (p

provocar ganhos significantes de fora muscular, tanto no

gnero masculino, quanto no feminino. Em seu estudo, foi

verificado o impacto de oito semanas de treinamento com

pesos (TP) sobre a fora muscular. Para tanto, 23 homens

(20,7 1,7 anos) e 15 mulheres (20,9 2,1 anos),

aparentemente saudveis e moderadamente ativos

(atividade fsica regular < duas vezes por semana), foram

submetidos a um programa de TP, composto por 10

exerccios para os diferentes grupos musculares, durante

oito semanas consecutivas. Trs sries de 8 a 12 RM

foram executadas em cada exerccio, em trs sesses

semanais, intervaladas a cada 48 horas. A fora muscular

foi determinada, pr e ps-treinamento, por meio de testes

de 1RM, no exerccio supino em banco horizontal, no

agachamento e na rosca direta de bceps, aps cinco

sesses de familiarizao.Ainda, estudos de Hunter et al.

(1985) e Wilmore et al. (1974) relataram ganho de fora

em perodos semelhantes, sendo os resultados

percentuais diferentes. Assim como no estudo de Dias

(2005), que se mostrou positivo em relao ao ganho de

fora no gnero masculino.

CONCLUSO

De acordo com os resultados apresentados e

comparados com referncias consultadas, conclui-se que:

o presente estudo mostrou resultados positivos, ou seja,

que o treinamento contra resistncia pode reduzir os

valores absolutos de todas as variveis avaliadas, apesar

de s ter encontrado diferenas significativas nas

seguintes variveis: presso arterial sistlica, presso

arterial diastlica e duplo produto. Porm, suas limitaes,

como o controle da alimentao, noite de sono e prtica

de alguma outra atividade, no foram controladas, tendo

o participante sempre se mostrado assduo ao

treinamento.

Muitos estudos ainda devero ser realizados, com uma

amostragem maior e com maior controle das variveis

intervenientes, avaliadas e no avaliadas neste estudo,

para que sejam determinados, com maiores detalhes, os

mecanismos pelos quais o exerccio fsico resistido de alta

intensidade, de fato, reduz a FC, PAS, PAD, DP, IMC e

aumenta a RML, dando um embasamento experimental

mais forte a outras pesquisas.

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ARTIGO ORIGINAL

COMPORTAMENTO GLICMICO EM TREINAMENTOS DE NATAOCOM CARTER AERBIO E ANAERBIO

Glycemic behavior in swimming trainings with aerobicand anaerobic character

Alexandre Srgio Silva, Wivian Klart Cardoso de Azevedo

Resumo

A maior produo de lactato, bem como diferenciadasrespostas metablicas, pode induzir respostas glicmicasdistintas no treinamento anaerbio, se comparado aoaerbio. A monitorao destas respostas pode proverinformaes importantes para o treinador desportivo, emtermos de volume e de intensidades ideais, ou quanto necessidade de suplementao durante os treinos. Oobjetivo deste estudo foi comparar as respostasglicmicas, em treinamentos aerbio e anaerbio, ematletas competitivos de natao. Cinco nadadores, comidades entre 17 e 21 anos, que treinam assiduamente ecompetem em nvel estadual e regional, foram tomadoscomo sujeitos do estudo. Aps uma refeio controlada,tiveram a glicemia medida em repouso e em oitomomentos, durante um treinamento contnuo aerbio, comdurao de 90 minutos (TC), e em um treinamentointermitente anaerbio, consistindo de tiros de 25, 50 e 100metros, com intensidade variando entre 85 e 100% domelhor tempo (TI). Os dados foram tratados por meio deestatstica descritiva, tendo sido realizado o teste deWilcoxon. Foram encontradas glicemias de 76.6, 72.0,70.4, 63.8, 65.0, 61.2, 55.6 e 60.4 mg/dl (mdia de 65.6mg/dl) para TC e 78.6, 76.0, 76.2, 76.2, 63.0, 60.0, 55.0 e60.6 mg/dl (mdia de 68.2 mg/dl) para TI. No foramencontradas diferenas entre TC e TI (p = 0,407).Conclui-se que ambos os treinamentos promovemrespostas glicmicas similares, com quedas acentuadasda glicemia, o que pode indicar a necessidade desuplementao com carboidratos durante o treinamento.

Palavras-chave: Glicemia, Natao, TreinamentoAerbio, Treinamento Anaerbio.

Abstract

A bigger production of lactate, as well as differentmetabolic responses, can induce distinct glycemicanswers in the anaerobic training when compared with theaerobic one. The monitoring of these responses canprovide the sport trainer with important information, interms of volume and ideal intensities, or even with thenecessity of supplementary meals during the trainingsessions. The objective of this study was to compare theglycemic responses, in aerobic and anaerobic trainings, ofcompetitive swimming athletes. Five swimmers, agingbetween 17 and 21 years old, who train regularly and takepart in state and regional competitions, were taken as thesubjects of this study.After a controlled meal, they had theirglycemia measured while in inertia, and in eight momentswithin the continuous aerobic training (CT) lasting for 90minutes, and also in an intermittent anaerobic training (IT)consisting of shots of 25, 50 and 100 meters, with intensityranging between 85 and 100% of the best time. The datawere treated by the descriptive statistics, having the test ofWilcoxon realized. It was found glycemia of 76.6, 72.0,70.4, 63.8, 65.0, 61.2, 55.6 and 60.4 mg/dl (average of 65.6mg/dl) for the CT and 78.6, 76.0, 76.2, 76.2, 63.0, 60.0,55.0 and 60.6 mg/dl (average of 68.2 mg/dl) for the IT.Di