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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE INVESTIMENTOS NA ÓTICA DE LEIGOS E ESPECIALISTAS - UMA COMPARAÇÃO DAS PERCEPÇÕES DE RISCO DE MÉDICOS E CFPs SOBRE INVESTIMENTOS NO BRASIL SÃO PAULO 2017

EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

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Page 1: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

EDUARDO SANCHEZ PALMA

AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE INVESTIMENTOS NA ÓTICA DE LEIGOS E

ESPECIALISTAS - UMA COMPARAÇÃO DAS PERCEPÇÕES DE RISCO DE

MÉDICOS E CFPs SOBRE INVESTIMENTOS NO BRASIL

SÃO PAULO

2017

Page 2: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

Sanchez Palma, Eduardo. As percepções de risco sobre investimentos na ótica de leigos e especialistas : uma comparação das percepções de risco de médicos e CFPs sobre investimentos no Brasil / Eduardo Sanchez Palma. - 2017. 84 f. Orientador: Arthur Ridolfo Neto Dissertação (MPA) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 1. Administração financeira. 2. Risco (Economia). 3. Investimentos - Análise. 4. Investidores (Finanças). 5. Ações (Finanças). I. Ridolfo Neto, Arthur. II. Dissertação (MPA) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. III. Título.

CDU 336.76

Page 3: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

EDUARDO SANCHEZ PALMA

AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE INVESTIMENTOS NA ÓTICA DE LEIGOS E

ESPECIALISTAS - UMA COMPARAÇÃO DAS PERCEPÇÕES DE RISCO DE

MÉDICOS E CFPs SOBRE INVESTIMENTOS NO BRASIL

Dissertação apresentada à Escola de Administração de

Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, em

cumprimento aos requisitos para obtenção do título de

Mestre em Administração Empresas.

Linha de Pesquisa: Finanças Comportamentais

Data de avaliação: 09/01/2017

Banca examinadora:

Professor Doutor Arthur Ridolfo Neto

Orientador

FGV-EAESP

Professor Doutor André Samartini

FGV-EAESP

Professor Doutor Ricardo Ratner Rochman

FGV-EESP

SÃO PAULO

2017

Page 4: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

DEDICATÓRIA

AOS MEUS PAIS ACRACIA E FRANCISCO POR ME APONTAREM O CAMINHO E

AOS FILHOS ÁLVARO E FABRÍCIO, INSPIRAÇÕES PERMANENTES PARA QUE EU

BUSQUE SER MELHOR DO QUE SOU.

Page 5: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

AGRADECIMENTOS

André Patiri - Director at Banque J Safra Sarasin Luxembourg

Arnaldo Gomes da Rocha - DealMaker Consultoria e Participações Ltda

Fernando Pureza - Gerente Operacional Planejar/IBCPF

Hudson Bessa - Gerente de Informações ANBIMA

José Alberto Pereira da Silva - Consultor

Dr. José Euclides Ferraz - Banco Itaú SA

Dr. Juan Carlos R. Teran - Banco Itaú SA

Dr. Marcelo Coutinho - Coordenador do MPA / FGV-EAESP

Dra. Marina de Camargo Heck - Ex-coordenadora do MPA / FGV-EAESP

Mayara Alves de Souza - Ex-coordenadora Assistente do MPA / FGV-EAESP

Dr. Phokion Sotirious Georgiou - Professor Doutor FGV-EAESP

Ricardo Nardini - Gerente de Certificação e Educação Continuada ANBIMA

Dr. Roberto de Queiroz Padilha - Superintendente do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e

Pesquisa

Sílvia Sampaio - Coordenadora Assistente MPA / FGV-EAESP

Stephen Diacon Emeritus Professor - Nottingham University Business School

Tammara Berezovsky - DealMaker Consultoria e Participações Ltda

Dr. Walter Cintra Ferreira Jr. - Centro de Estudos em Planejamento e Gestão em Saúde da

EAESP-FGV

Professor William Eid Júnior - Ex-coordenador do GV CEF

Page 6: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

EPÍGRAFE

“Reason is an attribute of humanity of too recent date and still too imperfect to reveal to us

the laws of the unconscious, and still more to take its place. The part played by the

unconscious in all our acts is immense, and that played by reason very small.”

(Le Bon, 1896, p. x)

Page 7: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE INVESTIMENTOS NA ÓTICA DE LEIGOS E

ESPECIALISTAS

RESUMO

A maioria dos investidores se vê esmagada por uma vasta quantidade de informações, muitas vezes de natureza abstrata. Além disso, o formato padrão utilizado para comunicar os riscos é, geralmente de difícil compreensão e de pouca ajuda na tomada da decisão de investimento, pois a mencionada padronização, raramente leva em consideração os diferentes níveis de conhecimento dos investidores sobre finanças (Sachse, Jungermann, & Belting, 2012, v. 33, p. 438, tradução nossa).

Alinhada a isso, a presente pesquisa utiliza questionário baseado na Teoria do Paradigma

Psicométrico, para investigar as percepções de risco entre especialistas e investidores leigos

sobre seis produtos financeiros. Baseado no elevado conhecimento sobre investimentos que

possuem, os Certified Financial Planners foram escolhidos como grupo de controle para

comparar as percepções de risco da categoria profissional melhor remunerada no Brasil, qual

seja a dos médicos da Grande São Paulo (IBRE, 2009). Testes t para diferença de médias

foram feitos para avaliar as percepções entre gêneros e os cinco construtos de risco,

respectivamente, relacionados à volatilidade, ao desconhecimento, a desconfiança, a

adversidade e as falhas regulatórias; os testes mostraram que são distintas as percepções de

risco entre CFPs e médicos, com resultados muitas vezes contrários aos indicados pela

literatura, assim como a maior percepção de risco entre as mulheres somente para os

construtos relacionados às falhas regulatórias e desconfiança nos consultores de investimento,

instituições financeiras e órgãos reguladores. O estudo mostra, ainda, que estão negativamente

correlacionadas as percepções do benefício/retorno com os construtos desconfiança e falhas

regulatórias somente entre os médicos, e que há diferenças de percepção importantes para o

Tesouro Direto e PGBL/VGBL entre as duas categorias profissionais. Dentre os resultados

encontrados destacam-se as diferentes percepções de risco sobre os construtos falhas da

regulamentação e desconfiança, sugerindo que iniciativas de educação voltadas ao investidor

podem não surtir o efeito esperado em razão de serem patrocinadas exatamente por

instituições vistas com suspeição pelos investidores. O estudo conclui atribuindo à

comunicação o papel determinante do sucesso na relação com o investidor e a necessidade

que ela seja construída a partir das percepções de risco e níveis de familiaridade com

investimentos dos consumidores.

Page 8: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

Palavras-chave - Percepção de Risco, Comunicação de Riscos, Especialistas em

Investimentos, Investidores Leigos, Investimentos de Médicos, Certified Financial Planner

(CFP), Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP).

Page 9: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

PERCEPTIONS OF INVESTMENT RISK FROM THE STANDPOINT OF LAY

PEOPLE AND EXPERTS

ABSTRACT

Most individual investors may be overwhelmed by this vast amount of information and by its abstract nature. Furthermore, this way of informing about risk might be hardly helpful when making a particular investment decision, because this kind of standardized information neglects different levels of experience and financial literacy of the clients (Sachse, Jungermann, & Belting, 2012, v. 33, p. 438).

Aware of this, this research paper will use a questionnaire in Psychometric Paradigm Theory

to investigate risk perceptions among specialists and lay investors of six financial products.

Certified Financial Planners were selected as the control group to assess how risk perceptions

of the best-paid category in Brazil, compounded by physicians in São Paulo Metropolis

(IBRE, 2009). T Tests about average differences were taken to assess gender perceptions and

the five risk constructors associated with volatility, lack of knowledge, mistrust, adversity and

regulatory failures; tests showed that risk perceptions are different between CFPs and

physicians, with some results contradicting literature, as well as a greater perception of risks

among women only to risk constructs related to regulatory failures and mistrust in investment

advisors, financial institutions and regulatory bodies. The study also shows that correlations

between benefit/return and constructs distrust and regulatory failures are negative only among

physicians, and that there are significant perceptual differences about Tesouro Direto and

PGBL/VGBL among the two professional categories. Different risk perceptions about the

lack of regulation, as well as distrust, suggest that investor education initiatives may not have

the expected effect, since they are sponsored by the same institutions of which investors are

suspicious. Finally, the study says consumer perceptions of risk and their level of familiarity

with investments are crucial, and attributes to communication the role for determining success

in the relationship with investors.

Keywords - Risk Perception, Risk Communication, Investment Advisors, Lay Investors,

Physicians’ Investments, Certified Financial Planner (CFP), Psychometric Paradigm Theory

(PPT).

Page 10: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

2 REVISÃO DA LITERATURA E HIPÓTESES ................................................................ 14

2.1 Definições de risco .......................................................................................................... 14 2.2 Teorias de Finanças ......................................................................................................... 15 2.2.1 Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP) .................................................................... 17 2.3 Construção das hipóteses ................................................................................................ 20

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 27 3.1 O instrumento .................................................................................................................. 27 3.2 Amostras pesquisadas e aplicação do questionário ......................................................... 31 3.3 Análises feitas sobre os dados coletados ......................................................................... 31

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 33 4.1 Demografia e familiaridade com investimentos ............................................................. 33 4.2 Testes das hipóteses ........................................................................................................ 34

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 47

5.1 Estudos futuros ................................................................................................................ 49

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 51

7 APÊNDICES ...................................................................................................................... 55 APÊNDICE A - Mapa da literatura .......................................................................................... 55 APÊNDICE B - Teste piloto: aplicação, resultados e ações corretivas ................................... 57 APÊNDICE C - E-mails trocados com o Professor Stephen Diacon ....................................... 59 APÊNDICE D - Questionário final para Internet .................................................................... 61 APÊNDICE E - As categorias profissionais dos médicos e CFPs ........................................... 66 APÊNDICE F - Obtenção das respostas junto aos respondentes ............................................. 71 APÊNDICE G - Seleção da empresa de pesquisa de mercado ............................................... 73 APÊNDICE H - Demografia completa dos médicos e CFPs ................................................... 74 APÊNDICE I - Análises Fatoriais ortogonal e oblíqua sobre os dados coletados .................. 76

8 ANEXOS ........................................................................................................................... 78

ANEXO A - Anúncio da pesquisa no sítio do IBCPF na Internet ........................................... 78 ANEXO B - Anúncio da pesquisa no Grupo IBCPF no LinkedIn .......................................... 79 ANEXO C - Protocolo de realização da pesquisa junto ao HSL ............................................. 79 ANEXO D - Questionário da pesquisa realizada no Reino Unido .......................................... 81 ANEXO E - Tabelas estatísticas da pesquisa realizada no Reino Unido ................................. 82

Page 11: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

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1 INTRODUÇÃO

O crescimento da renda e aumento da expectativa de vida da população brasileira tornaram

mais importante o planejamento financeiro para indivíduos e fizeram com que o Ministério da

Educação (MEC) pense em incluir a educação financeira na grade curricular das escolas

públicas brasileiras (Governo Brasileiro, 2014). Também sensível às mudanças e

reconhecendo o papel desempenhado pelos padrões de comportamento e diferentes perfis de

investidores, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) criou em seu sítio na Internet o

“CVM Comportamental”, cujo propósito é esclarecer os investidores sobre os frequentes erros

cometidos na tomada de decisões sobre investimentos, erros esses que podem ser explicados

pelas ciências comportamentais (CVM, 2016).

Em razão disso e como seria natural esperar, os assuntos financeiros estão mais presentes na

vida dos indivíduos, obrigando-os a conhecer o funcionamento dos mercados, dos produtos de

investimento e a tomarem decisões para as quais frequentemente não estão aptos, muitas

vezes, necessitando para isso da ajuda de consultores e/ou a leitura de documentos comerciais

ou regulatórios padronizados, longos, de alta complexidade e, geralmente, construídos com o

emprego de linguagem técnica que, em muitas vezes, não são compreendidas pelos

investidores. Sobre isso, Finucane (2002, p. 239) diz que as “estreitas definições estatísticas

de risco são limitadas na sua capacidade descritiva e preditiva, levando a mal-entendidos e

clientes infelizes”.

É diante desse quadro e com base na Teoria de Finanças Comportamentais (TFC), que este

estudo pergunta: “Quais são as percepções de risco de médicos da Grande São Paulo e

profissionais Certified Financial Planner (CFP)1 no Brasil, a respeito de ativos/produtos de

investimento?”. A premissa subjacente é a de que são distintas as percepções de risco entre as

duas categorias profissionais, diferenças que, uma vez identificadas, poderão ajudar

especialistas em investimentos, instituições financeiras e até mesmo o Tesouro Nacional na

criação de serviços, produtos ou estratégias de investimento mais próximas das expectativas

dos investidores, bem como no aperfeiçoamento da comunicação sobre riscos financeiros,

facilitando a compreensão e contribuindo para uma melhor tomada de decisão sobre

investimentos. A pesquisa deve despertar, também, o interesse do meio acadêmico, tendo em 1 O Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) é a entidade autorizada pelo Financial Planning Standards Board (FPSB), para a certificação de profissionais Certified Financial Planner (CFP) no Brasil.

Page 12: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

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conta a escassez de estudos na área de finanças, comprando as percepções sobre riscos entre

investidores leigos e especialistas (Sachse, Jungermann, & Belting, 2012, p. 438).

Para responder esta pergunta e após a realização de teste piloto, foram coletados dados

primários em pesquisa de campo, por meio de questionário eletrônico, baseado na Teoria do

Paradigma Psicométrico (TPP). O autor optou por pesquisar os médicos, por serem eles os

profissionais melhor remunerados do país (IBRE, 2009) e os CFPs pela elevada e continuada

educação financeira que recebem. As percepções de risco destes profissionais foram obtidas

por meio de vinte e seis questões relacionadas ao risco e benefício/retorno para seis

produtos/ativos de investimento, cujos dados foram analisados com o auxílio das estatísticas

Descritiva, Inferencial e Análise Fatorial Exploratória (AFE), essa última com o propósito de

reduzir as percepções de risco a cinco construtos principais, quais sejam: (1) volatilidade dos

retornos, (2) consequências adversas causadas pelos investimentos, (3) desconfiança nos

consultores de investimento, instituições financeiras e órgão reguladores, (4)

desconhecimento ou baixo nível de informação sobre os produtos e seus retornos e (5) falhas

na regulamentação.

As hipóteses foram construídas com base em referências da literatura, que apontam para a

maior percepção de risco entre as mulheres, bem como a maior associação da percepção de

risco relacionada à volatilidade entre especialistas de investimentos, aqui representados pelos

profissionais CFP, premissa essa baseada na educação financeira desses profissionais,

fortemente fundamentada na Teoria Neoclássica, enquanto que o risco de ruína,

desconhecimento, falhas regulatórias e desconfiança aparecem na literatura, de forma mais

pronunciada, entre os investidores leigos. O estudo aborda, também, as implicações das

percepções de risco sobre as iniciativas de educação financeira e comunicação com o

investidor, destacando a confiança nas instituições e reguladores como determinantes para o

seu sucesso.

O texto segue apresentando a literatura sobre o tema, iniciando pela contextualização dos

fundamentos das Teorias Neoclássica e Comportamental, seguida da literatura que sustenta a

construção das hipóteses. O capítulo referente à metodologia traz a descrição do processo de

construção do questionário aplicado junto aos médicos e CFPs, avançando com a descrição

das análises estatísticas utilizadas para interpretar os dados e testar as hipóteses firmadas.

Por fim, são apresentadas as conclusões e implicações vistas como relevantes, que entre

outras dão conta de não serem proporcionais e monotônicas as relações dos

Page 13: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

13

benefícios/retornos em relação à Caderneta de Poupança com as sínteses de riscos entre os

seis produtos e que, tanto médicos como CFPs, entendem não haver prêmio, mas sim

penalização pela assunção de riscos. Outras conclusões dão conta de haver diferenças nas

percepções de risco entre gêneros somente para alguns construtos, bem como serem mais

acentuadas as percepções sobre os riscos relacionados à adversidade e desconfiança entre os

CFPs, em contradição às hipóteses firmadas e literatura sobre o tema.

Page 14: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

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2 REVISÃO DA LITERATURA E HIPÓTESES

Embora a graduação em nível superior seja um dos requisitos para o exercício das atividades

profissionais de médicos e Certified Financial Planners (CFP), a formação educacional destes

profissionais é evidentemente distinta, levando ao questionamento se, em decorrência disso,

são também distintas as percepções sobre os riscos de investimentos. Previsível esperar que

CFPs não conheçam cientificamente a anatomia humana, tampouco que os médicos entendam

profundamente o funcionamento do mercado financeiro e o ferramental quantitativo

empregado na análise de investimentos. Com base nisso, a revisão da literatura inicia pelo

resgate de algumas definições de risco, haja vista ser ele o tema central deste trabalho,

prosseguindo por repassar alguns dos postulados das Teorias de Finanças Comportamentais

(TFC) relativos às percepções de risco, e da Moderna Teoria de Finanças ou Neoclássica

(MTF), naquilo que se refere à abordagem quantitativa empregada na medição do risco.

2.1 Definições de risco

Sobre o risco e sua abrangência, há muitas e diferentes definições na literatura, para

Rohrmann e Renn (2000, p.13, tradução nossa e grifo nosso):

Não há uma definição comumente aceita para o termo risco - nem para a ciência nem para o entendimento comum. De toda forma, disciplinas como engenharia, física, farmacologia, toxicologia ou epidemiologia, preferem utilizar probabilidades ou medidas físicas, assim como outras medidas correspondentes à utilidade de eventos negativos. Por outro lado, para as ciências sociais, o significado de risco tem um aspecto preponderantemente qualitativo.

Prosseguindo, há definições de risco construídas com base em conceitos de probabilidade de

perda e sua dimensão (Slovic, P., 1967, p. 1) (Slovic, P.; Lichtenstein, S., 1968), a chance de

uma ação cair abaixo do preço corrente em um determinado horizonte de tempo (Bart, J. T.,

1978, p. 1097 e 1102), ou o entendimento de que o risco tem uma associação com a

divergência de opiniões e que diante de incertezas o investidor desenvolve um julgamento

próprio sobre o risco e o retorno esperado (Miller, E. M., 1977, p. 1166) e (Miller, E, M.,

2001, p. 53). Outros estudiosos definem risco como algo relacionado aos retornos inferiores à

meta estabelecida (Libby, R.; Fishburn, P. C., 1977, pp. 288-9) e (Laughhunn, D. J.; Payne, J.

W.; Crum, R.;, 1980, pp. 1247-8), assim como uma perda arruinadora (i.e. probabilidade de

largas perdas). Steil, B. (1993, p. 21) sugere que o risco seja medido com base: (1) nas

Page 15: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

15

percepções e concretizações dos retornos alvo e (2) na eliminação do potencial de enormes

perdas, em linha com (Olsen, R. A., 1997, pp. 64-5), para quem os especialistas em

investimentos definem e medem risco, em termos de retornos abaixo do alvo, além do

potencial de geração de grandes perdas.

Nota-se que as definições de risco remetem às medidas absolutas, mas também à forma como

o risco é percebido, muitas vezes existindo as duas conotações em uma mesma definição.

Medidas absolutas e percepções são elementos, respectivamente, identificados às TFC e MTF

ou Neoclássica, que serão vistas a seguir.

2.2 Teorias de Finanças

Entre os séculos XVIII e XIX surgiram estudiosos interessados em conhecer os efeitos da

psicologia sobre as finanças, tempos depois no século XX e por ocasião da Revolução

Neoclássica, outros se esforçaram em aplicar o conhecimento das ciências naturais à tomada

de decisão em finanças, negando a corrente anterior, de vertente humanista, à qual julgavam

não ser científica e, por isso, sem valor. Foi dentro desse ambiente que se desenvolveram as

principais Teorias de Finanças, iniciando pela (a) Teoria Tradicional de Finanças (TTF), para

a qual o mercado é irracional e o investidor competente é aquele com viés especulativo,

sempre na busca de opções de investimentos, que remunerem acima da média do mercado;

seguida pela (b) Moderna Teoria de Finanças (MTF), também conhecida como Neoclássica,

com forte emprego de ferramental quantitativo e calcada no pressuposto do homem racional,

fundamentada nas Teorias da Utilidade Esperada, do Portfólio, dos Rendimentos Permanentes

e na Hipótese dos Mercados Eficientes e, por fim, a (c) Teoria de Finanças Comportamentais

(TFC), com o questionamento de que o homem não é totalmente racional, mas um homem

simples e normal, e que essa normalidade implica em um homem que age, frequentemente, de

maneira irracional, com decisões influenciadas por emoções e erros cognitivos, fazendo com

que ele entenda um mesmo problema de formas distintas, dependendo da maneira como este é

analisado, do ambiente em que vive e as experiências passadas (Ferreira, da Silva, &

Guilherme, 2009, pp. p.1, adaptação nossa). Para melhor entendimento do contexto histórico

veja-se o conteúdo representado no Esquema 1.

Page 16: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

16

Esquema 1 - Dois paradigmas básicos em finanças Fonte: Adaptado de (Jureviciene & Ivanova, 2012, p. 222)

Das teorias mencionadas, duas têm maior relevância para o presente estudo, quais sejam a

MTF com seu vasto ferramental quantitativo, comumente empregado por especialistas na

análise de investimentos, e a TFC no que tange aos erros incorridos pelos tomadores de

decisão, em contraste com o pressuposto do homem racional.

Para compreender melhor a influência da psicologia no processo de tomada de decisão sobre

investimentos, convém falar da Teoria do Prospecto (Kahneman, D.; Tversky, A., 1979, p. 1),

que se contrapõe à Teoria da Utilidade Esperada (Bernoulli, Daniel, 1738), ao afirmar que

indivíduos valorizam diferentemente os ganhos e as perdas, o que ocorre na forma de uma

“função assimétrica em S”, em que há maior valor atribuído aos pequenos ganhos ou perdas e

menor valor atribuído aos grandes ganhos ou perdas. Também que o valor percebido por

unidade de ganho é comparativamente menor que o valor percebido pela mesma unidade de

perda. À Teoria do Prospecto se junta a Teoria dos Vieses Cognitivos, para explicar como a

inabilidade humana de entender e processar a informação conduzem aos seguintes tipos de

erros e vieses (Quadro 1):

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Teor

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o Pro

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to

Teoria do Paradigma Psicométrico - Decision Research Group in Oregon (1972)

1979

Teoria dos Vieses Cognitivos - Le Bon (1896)

Teoria do Prospecto - Kahneman e Tversky (1979)

Hipótese dos Mercados Eficientes - Fama (1970)Hipótese do Rendimento Permanente - Friedman (1957)Hipótese do Ciclo de Vida - Modigliani e Brumberg (1954)Teoria de Portfólio - Markowitz (1952)

1896 1944 1952 1954 1957 1970

Hipótese da Utilidade Esperada - Neumann-Morgenstern (1944)

1972

Page 17: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

17

Quadro 1 - Estrutura dos vieses cognitivos (não exaustivo) Fonte: (Jureviciene & Ivanova, 2012, pp. 224-5)

A literatura traz muitas referências contrapondo as Teorias Neoclássica e Comportamental

(Baker & Nofsinger, 2010, p. 7), mas também e, em menor número, há outras que ressaltam

suas complementariedades, defendendo que ambas contribuem para a compreensão dos

fenômenos econômicos. Uma delas, apoiada nos construtos motivacional, cognitivo e

emocional, que fundamentam a psicologia, explora a integração das teorias a partir do

construto emocional, destacando o caráter multidimensional e dizendo que, emoção e

racionalidade, embora vistos como antagônicos, estão presentes e são necessários para que o

processo de tomada de decisão ocorra, ou melhor, dizendo que cabe às emoções o papel de

indutoras de comportamentos racionais, ao estabelecerem prioridades aos planos alternativos

de ação, servindo de alerta sobre ameaças, oportunidades, e mobilizando a ação para a

realização de um objetivo, concluindo por dizer que as emoções, desde que não extremas, são

essenciais e não subversoras da racionalidade (Altman, 2006, pp. 78-98).

Em complemento às teorias tradicionais de finanças tratadas até aqui, resta avançar sobre as

percepções dos riscos e formas de mensurá-las, o que é feito a seguir a partir da descrição da

Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP).

2.2.1 Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP)

A Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP), que fundamenta o questionário desta pesquisa,

foi criada a partir de estudos iniciados pelo Decision Research Group in Oregon (Slovic, P.,

1972) e (Slovic, P.; Fischhoff, B.; Lichtenstein, S., 1985), com o objetivo de descrever a

percepção de leigos sobre riscos, fazendo uso de uma escala de avaliação de fatores

TIPO DE ERRO DESCRIÇÃO VIÉSRepresentatividadeDisponibilidadeAncoragem e ajustamentoEfeito memóriaStatus quoExcesso de confiançaAuto atribuiçãoOtimismoAfiliaçãoAversão ao arrependimentoAuto controleImitaçãoAdaptaçãoImediatismo

Decorrentes de atalhos mentais adotados na tentativa de acelerar a tomada de decisões, que envolvam grande quantidade de dados ou alta complexidade.

Decisões erradas construídas com base na forma como os dados ou o problema se apresenta.

Ocasionados por sentimentos ou estados de humor.

Decorrentes da influência do mercado e seus participantes sobre os tomadores de decisão. (Baker & Nofsinger, 2010, p. 7) (Jureviciene & Ivanova, 2012, pp. 224-5)

Heurísticos

Formulação

Emocionais

Influência do mercado

Page 18: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

18

psicológicos, que submetidos à Análise Fatorial Exploratória (AFE), permitem produzir uma

representação quantitativa (i.e. “mapa cognitivo”) baseada em um grupo de fatores

qualitativos relacionados e descritos no Quadro 2 (Starr, Rudman, & Whipple, 1976, p. 629)

(Slovic, P.; Fischhoff, B.; Lichtenstein, S., 1980, pp. 181-216) (Slovic, P.; Fischhoff, B.;

Lichtenstein, S., 1985, p. 99 e 120).

Quadro 2 - Fatores comportamentais considerados pela TPP, que afetam a percepção de risco Fonte: (Goszczynska, Tyszka, & Slovic, 1991, pp. 183, tradução nossa)

A TPP assume que há semelhantes percepções de risco entre os fatores qualitativos e que a

percepção de risco de um fator pode estar correlacionada a de outros, o que é possível medir

com o emprego de AFE e identificar os fatores que explicam a maior parte da variância dos

demais fatores, reduzindo-os àqueles capazes de sintetizar como indivíduos percebem o risco.

Estudos realizados, com o emprego da AFE, mostram que os fatores de risco podem ser

reduzidos aos construtos de risco, de desconhecimento e de percepção de pavor (Yates &

Stone, 1992, pp. 75-78), conforme detalha o mapa cognitivo das percepções de quinze tipos

de risco, ordenados segundo sua inter-relação com os construtos 1 “pavor” e 2

“desconhecimento” (Esquema 2).

Familiaridade Indivíduos são menos resistentes em assumir riscos decorrentes do desempenho de atividades, eventos ousituações com as quais estão acostumados.

Controlabilidade Indivíduos tomam maior risco ao saberem que estão no controle da situação e fazem isso baseados na confiança que depositam em suas próprias habilidades.

Exposiçãonamídia Informações sensíveis à sociedade, quando veiculadas pela mídia, aumentam a ansiedade e oreconhecimento de um problema, bem como a crença depositada na veracidade do fato.

Frequência A frequência com que um evento de risco ocorre, interfere na percepção sobre ele. Indivíduos são maispermissivos em aceitar riscos com baixa taxa de ocorrência.

Individualvs.coletivo Indivíduos estão mais facilmente dispostos a tomar riscos que dizem respeito a eles próprios, assumindouma postura mais conservadora quando se trata do coletivo.

Pavor Há grande inquietação e pavor com riscos de gravidade incontrolável. São os riscos vistos comocatastróficos, letais, imprevisíveis, injustos, involuntários e que afetam gerações futuras.

Confiança A confiança depositada na opinião dos especialistas é inversamente proporcional à inquietação sobredeterminada situação de risco.

Voluntariedade Há menor temor sobre riscos assumidos voluntariamente do que outros não consentidos.

Potencialcatastrófico Há maior percepção sobre riscos que causam danos violentos e imediatios, do que os riscos de efeitoscrônicos, que ocorrem ao longo do tempo.

Benefício O benefício esperado ao correr um determinado risco é inversamente proporcional à inquietação deledecorrente.

Conhecimento Quantomaiorodesconhecimentosobreumaatividade,maiorseráainquietaçãoaseurespeito.

Page 19: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

19

Esquema 2 - Composição dos construtos “pavor” e “desconhecimento” a partir de 15 características de risco Fonte: (Slovic, P., 2000, pp. 225, tradução nossa) e (Slovic P. , 1987, p. 282)

Para melhor ilustrar como a TPP representa as percepções de risco, o Gráfico 1 traz as

percepções de risco de 81 tecnologias, atividades e substâncias tidas como perigosas, cujos

eixos X e Y representam, respectivamente, pavor e desconhecimento. Nele estão informações

que demonstram que as percepções de risco para leigos estão relacionadas ao pavor, e que o

prazer oferecido por determinadas práticas, ou a banalização deste resulta em menor

percepção de risco como, por exemplo, andar de bicicleta. Também é possível observar que

há maior propensão para se correr riscos assumidos voluntariamente como, por exemplo,

dirigir um veículo, em vez de se ver envolvido com riscos involuntários que podem ser

exemplificados em um acidente nuclear (Starr C. , 1969).

Incontrolável Pavoroso Catástrofe global Consequências fatais Não imputável Catastrófico (afeta a muitos) Alto risco para futuras gerações Difícil de mitigar Risco crescente Involuntário

Controlável Não pavoroso

Não catástrofe global Consequências não fatais

Imputável Individual

Baixo risco para futuras gerações Fácil de mitigar

Risco decrescente Voluntário

Observável Sabido

Efeito imediato Risco antigo

Risco conhecido pela ciência

Não observável Não sabido

Efeito retardado Risco novo

Risco desconhecido pela ciência

FATOR2

FATOR1

Page 20: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

20

Gráfico 1 - Posição de 81 riscos segundo os construtos pavor e desconhecimento Fonte: (Slovic, P., 2000, pp. 225, tradução nossa) (Slovic P. , 1987, p. 282)

2.3 Construção das hipóteses

A construção das hipóteses se baseou em boa parte nas pesquisas realizadas por Diacon &

Ennew (2001) e Diacon (2004), junto a investidores leigos e especialistas em investimentos

no Reino Unido, que analisaram as percepções de risco sobre produtos e serviços financeiros,

reduzindo-as com o auxílio de AFE aos cinco construtos principais de risco já mencionados:

(1) volatilidade dos retornos, (2) consequências adversas causadas pelos investimentos, (3)

desconfiança nos consultores de investimento, instituições financeiras e órgão reguladores, (4)

desconhecimento ou baixo nível de informação sobre os produtos e seus retornos e (5) falhas

na regulamentação, construtos esses que são o alicerce das hipóteses deste estudo. As

hipóteses firmadas partem de referências na literatura que dão conta que os especialistas são,

em geral, mais “sanguíneos” que leigos, respectivamente, CFPs e médicos, quanto às

percepções dos riscos de investimentos, o que está em linha com estudos realizados em áreas

Laetrile Forno Microondas

Água fluoretada Sacarina

Água clorada Nitratos

Hexaclorofeno Polivinil Raio X

Antibióticos

Tintura de cabelo Anticoncepcional oral

Valium DIU Darvon analgésico Fabricação borracha

Dirigir auto Tinta com chumbo Cafeina

Aspirina Vacinas

Praticar skate

Doenças tabaco Veículos de neve Cortador grama

Trampolins Tratores Ingerir álcool

Moto serras

Elevadores Fio elétrico

Tabagismo

Motocicletas

Fogos artifício Pontes Bicicleta

Choque elétrico Barco de recreio

Esquiar na montanha Piscina em casa

Eng. genética

SST hormônio Campos elétricos DES estrogênio sintético

Nitrogênio para agricultura Uso cadmium

Mirex inseticida

2,4,5-T herbicida Vazamento radioativo

Solvente tricloroetileno

Pesticidas Amianto PCB isolante elétrico

Acidente reator nuclear

Armas nucleares

Queda de satélite DDT inseticida

Mercúrio

Combustível fóssil Queima de carvão

Aspirar CO2 D-CON raticida

GLP trasnp e estocagem Acidente gás nervos

Guerra nuclear

Mineração carvão (doença) Grandes barragens

Incêndio arranha-céus

Obras água/saneamento Mineração carvão acidente Paraquedismo Aviação em geral

Gdes obras civis Colisão trens

Aviação comercial Automobilismo

Acidente de carro

Acidente com álcool

Arma de fogo Dinamite

FATOR 1 Risco Pavor

FATOR 2 Risco Desconhecimento

Page 21: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

21

diversas (Baron, Hershey, & Kunreuther, 2000, p. 426) e (Lazo, Kinnell, & Fisher, 2000, p.

192) e dá conta haver diferentes percepções de riscos entre gêneros.

Gênero (GEN)

Hipótese 1 - A percepção de risco é maior entre as mulheres.

Gráfico 2 - Média das avaliações das percepções de risco segundo raça e sexo Fonte: (Flynn, Slovic, & Mertz, 1994, pp. 1104, tradução nossa)

Estudo realizado sugere que mulheres consultoras de investimento dão maior importância aos

riscos de perda e desvalorização dos ativos (Olsen & Cox, 2001, p. 34), estudo distinto

baseado na TPP concluiu que não somente o gênero interfere na percepção sobre o risco,

como também a origem étnica do respondente, mais especificamente, conclui que homens

brancos têm menor percepção sobre riscos que os demais (i.e. mulheres “brancas” e mulheres

Tabagismo Tráfico de drogas

AIDS Estresse

Poluição química Vazamento nuclear

Acidente de automóvel Beber álcool

Bronzeamento ao sol Diminuição ozônio

Pesticida na comida Qualidade do ar

Transfusão de sangue Usinas térmicas (carvão)

Mudanças climáticas Bactéria na comida

Usinas nucleares Irradiação na comida

Tempestades e enchentes Engenharia genética bactéria

Radônio em casa Linhas se transmissão eletr.

Monitor de Vídeo Raio X

Aviação comercial

2 risco baixo

3 risco moderado

2 baixo risco

4 alto risco

Homem branco Outros homens

Mulher branca Outas mulheres

Page 22: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

22

e homens “não brancos”), como se vê no Gráfico 2. Tal fenômeno pode resultar de condições,

comparativamente mais favoráveis, que os homens brancos gozaram até aqui ao correrem e

controlarem os riscos por eles assumidos (Flynn, Slovic, & Mertz, 1994, p. 1104).

Há, ainda, pesquisa avaliando as percepções de risco com base nos perfis de personalidade

pelo método Myers-Briggs Type Indicator ® (MBTI) (Pompian & Longo, 2004, p. 13),

concluindo que:

• Mulheres são mais suscetíveis à hot hand fallacy (i.e. termo derivado do basketball

para explicar que o sucesso experimentado no passado continuará ocorrendo no futuro,

conhecido também como viés de representatividade);

• Homens olham mais frequentemente para os seus portfólios;

• Homens são mais rápidos em estancar perdas e mulheres tendem a permanecer com os

investimentos feitos;

• Mulheres são 1/3 mais avessas ao risco que homens.

Benefício/retorno vs. risco (BEN vs. risco)

Hipótese 2 - Não é monotônica a correspondência entre as relações benefício/retorno e a

síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos analisados.

A partir da avaliação da percepção do benefício/retorno de cada produto frente às Building

Society Current Accounts2 e os cinco construtos de risco mencionados por Diacon & Ennew

(2001), os pesquisadores concluíram que a relação benefício/retorno vs. risco entre os

produtos pesquisados não evolui monotonicamente, ou seja, que a expectativa do

benefício/retorno não está claramente, e de forma proporcional, relacionada à maior

percepção de risco de cada produto, não encontrando evidências consistentes de que os

investidores buscam remunerações proporcionais e compatíveis aos riscos assumidos. Isso se

alinha à conclusão de que investidores têm diferentes avaliações para produtos com alta e

baixa percepção de retorno, encontrada por MacGregor, Slovic, Berry & Evensky (1999, p.

76).

O presente estudo elege a Caderneta de Poupança como produto substituto das Building

Society Current Accounts no Brasil, por cada qual representar, em seu contexto, o 2 Building Societies são instituições mutuantes e não corporativas, distintas de bancos no Reino Unido, que oferecem financiamentos imobiliários e Current Accounts (i.e. contas correntes de investimento remunerado), de modo assemelhado às empresas de crédito imobiliário e poupança no Brasil (www.bsa.org.uk).

Page 23: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

23

ativo/produto “livre de risco” para efeito de comparação com os demais produtos. No caso da

Caderneta de Poupança, o produto se presta a esta comparação pela familiaridade e

popularidade que goza junto aos investidores e por apresentar retornos menos voláteis e, em

geral, mais modestos que os outros produtos em longo prazo, por aceitar investimentos de

qualquer monta, possuir garantia do valor investido até o limite de R$ 250 mil, ter isenção de

IR e IOF, oferecer liquidez diária e não necessitar de abertura de conta corrente. Com esta

hipótese, o autor busca identificar descompassos entre as percepções dos indivíduos e as

medidas objetivas de risco a serem apontadas nas relações benefício/retorno vs. risco dos

produtos pesquisados, que se confirmados, podem acenar com a oportunidade para

provedores e distribuidores melhorarem a comunicação com o investidor.

Benefício/retorno vs. desconfiança (BEN vs. TRU)

Hipótese 3 - É negativa a correlação entre o benefício/retorno e o construto desconfiança.

Em complemento às referências da literatura referentes à hipótese 2, que versam sobre a

relação benefício/retorno e os cinco construtos de risco, Diacon & Ennew (2001) concluíram

ainda que há correlação negativa entre a percepção do benefício/retorno e o construto

desconfiança.

Volatilidade (VOL)

Hipótese 4 - A aversão à volatilidade é elevada para CFPs e médicos, embora maior entre os

primeiros.

Em estudo publicado por Diacon (2004, pp 188), o pesquisador avaliou as diferentes

percepções de risco de especialistas e investidores leigos. Essa pesquisa aconteceu no Reino

Unido junto a 123 investidores e 41 especialistas e fez uso de AFE sobre os dados coletados

por meio de questionário, para concluir que tanto especialistas como investidores são bastante

avessos à volatilidade. O autor espera encontrar evidências de que a aversão à volatilidade é

mais acentuada entre os CFPs, baseado na literatura que diz que especialistas, geralmente,

pensam no risco de forma objetiva e mensurável, enquanto os investidores o fazem mais

frequentemente associado às consequências físicas e sociais. Com base nisso, parece natural

encontrar percepções distintas, que resultem em processos de tomada de decisão igualmente

distintos, provavelmente, decorrentes da forma como o conhecimento foi construído para cada

uma das categorias profissionais pesquisadas (Diacon, Stephen, 2004, p. 182).

Page 24: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

24

Adversidade (ADV)

Hipótese 5 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto adversidade.

Como já dito e em linha com a literatura que diz que leigos, mais que especialistas, associam

a percepção de risco às consequências físicas e sociais, Diacon (2004, pp 188) conclui que

especialistas apresentam menor aversão às perdas, no presente contexto ligadas ao construto

adversidade. A aversão à adversidade está relacionada ao potencial de ocorrência de perdas

arruinadoras ou de graves consequências, geradas pelo investimento em determinado

produto/ativo, podendo ser influenciada por fatores emocionais, baixa familiaridade com o

tipo de risco e a imprevisibilidade dos retornos.

Desconhecimento (DES)

Hipótese 6 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto

desconhecimento.

Diacon (2004, pp 188) conclui, também, que especialistas, mais que investidores, creem que

as perdas eventualmente ocorridas em produtos/ativos financeiros são conhecidas

imediatamente, que tais perdas são observáveis, os produtos são simples e que são conhecidos

os riscos de se investir em tais produtos. O referido estudo segue concluindo que tanto

investidores como especialistas têm maior preocupação com produtos e provedores

desconhecidos, assim como e, de forma geral, especialistas percebem menor risco que

investidores.

Desconfiança (TRU)

Hipótese 7 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto desconfiança.

Aqui Diacon (2004, pp 188 e 191) concluiu que especialistas, comparados aos investidores,

creem mais fortemente que provedores e vendedores de produtos de investimento não usarão

de inaceitável pressão ou falta de ética no aconselhamento a clientes ou na comercialização de

produtos. A explicação para isso pode ter fundamento no viés cognitivo de afiliação, para o

qual indivíduos tendem a aceitar, mais facilmente, o ponto de vista de pessoas do seu meio.

Há na literatura registro de que “a preservação das relações pessoais, mais que os conflitos de

interesse, são levados em conta pelos consumidores na relação com os seus consultores”

(Schwartz, Luce, & Ariely, 2011, pp. 173, tradução nossa) e que “o mercado de assessoria

Page 25: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

25

financeira potencializa os vieses, em vez de mitigá-los” (Mullainathan, Noeth, & Schoar,

2012, pp. 3-4, tradução nossa). Mais ainda, baseado em Slovic (1993, p. 675), Diacon &

Ennew (2001, p. 391) escrevem que:

A desconfiança generalizada de investidores está fortemente ligada à percepção de risco em uma determinada atividade e que tais percepções são exageradas, quando os consumidores, em posição vulnerável, acreditam que o seu baixo conhecimento será usado contra eles. Em tais casos, a desconfiança é dirigida não só à empresa ou instituição que fornece o produto ou serviço, mas também aos especialistas, entidades reguladoras e autoridades governamentais que monitoram a atividade do mercado.

Falhas na regulamentação (REG)

Hipótese 8 - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto falhas

regulatórias.

Quanto às falhas na regulamentação, Jansen, Fischer e Hackenthal (2008, pp. 29-30) referem

que “pode haver um incentivo para que especialistas recomendem alocações em ativos não

compatíveis com as preferências de risco dos investidores e que é necessário haver maior

proteção legal”. Sobre isso e sustentando a presente hipótese, Diacon (2004, p. 187) concluiu

que especialistas, mais que investidores, entendem que o investidor está protegido pela

regulamentação.

Para maior clareza, o Quadro 3 traz as referências bibliográficas relacionadas às oito hipóteses

firmadas. Informações resumidas sobre as demais referências bibliográficas relacionadas às

Teorias de Finanças, definições de risco e hipóteses, podem ser encontradas no APÊNDICE

A.

O capítulo seguinte discorre sobre a metodologia adotada para analisar os dados coletados e

testar as hipóteses firmadas neste estudo.

Page 26: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

26

Quadro 3 - Relação das hipóteses associadas aos construtos de risco e referências da literatura Fonte: Elaboração própria

# HIPÓTESE

1 A percepção de risco é maior entre as mulheres.

CONSTRUTO REFERÊNCIAS

GENGênero

(Olsen & Cox, 2001)(Flynn, Slovic & Mertz, 1994)(Pompian & Longo (2004)

2Não é monotônica a correspondência entre as relações benefício/retorno e a síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos analisados.

3É negativa a correlação entre o benefício/retorno e o construto desconfiança.

4A aversão à volatilidade é elevada para CFPs e médicos, embora maior entre os primeiros.

BEN vs. riscoBenefício/Retorno

(MacGregor, Slovic, Berry & Evensky, 1999)(Diacon & Ennew, 2001)

BEN vs. TRUBenefício/Retorno (Diacon & Ennew, 2001)

VOLVolatilidade

(Diacon & Ennew, 2001)(Diacon, 2004)

5É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto adversidade.

ADVAdversidade (Diacon, 2004)

6É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto desconhecimento.

DESDesconhecimento Diacon (2004)

7É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto desconfiança.

TRUDesconfiança

(Slovic P. , 1993)(Diacon, 2004)(Schwartz, Luce, & Ariely, 2011)(Mullainathan, Noeth, & Schoar, 2012)

8É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto falhas regulatórias.

REGRegulamentação

(Diacon, 2004)(Jansen, Fischer e Hackenthal, 2008)

Page 27: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

27

3 METODOLOGIA

O objetivo da pesquisa é estudar as percepções de risco de investidores leigos e especialistas

em investimentos sobre seis produtos/ativos, para isso são comparadas as percepções de risco

dos médicos da Grande São Paulo às percepções do grupo de controle, composto por

profissionais Certified Financial Planners (CFP) no Brasil. A premissa é de que as

populações têm percepções distintas, que podem dificultar a comunicação e construção de

relacionamentos que concorram positivamente para o atingimento das expectativas de ambas

as partes. O tema pertence à Teoria de Finanças Comportamentais (TFC) e utiliza

questionário baseado na Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP) para coletar

eletronicamente os dados em pesquisa de campo. Um teste piloto foi realizado com o

propósito de ajustar o conteúdo do questionário e torná-lo mais amigável e rápido de ser

respondido e os dados coletados foram analisados com o emprego das estatísticas Descritiva,

Inferencial e Análise Fatorial Exploratória (AFE), para testar as hipóteses firmadas.

Informações adicionais sobre o teste piloto podem ser encontradas no APÊNDICE B.

3.1 O instrumento

O questionário da pesquisa se baseia na TPP e é bastante semelhante ao utilizado por Diacon

& Ennew (2001) e Diacon (2004), que foram concebidos a partir da literatura existente

(Slovic, P.; Fischhoff, B.; Lichtenstein, S., 1985, p. 91 and 123) (Greatorex & Mitchell, 1994,

p. 675) e adaptado para medir as percepções de risco de especialistas e leigos sobre produtos

de investimento e serviços financeiros, razão pela qual foi escolhido como instrumento de

coleta de dados para a presente pesquisa. No início dos estudos, o autor trocou e-mails com o

Professor Stephen Diacon da Nottingham University Business School, com o propósito de

obter autorização para fundamentar este estudo nas publicações por ele feitas e buscar

orientações, que pudessem auxiliar na condução dos trabalhos (APÊNDICE C). O

questionário foi construído na plataforma SurveyMonkey para Internet (APÊNDICE D),

contendo perguntas fechadas, avaliadas segundo escala Likert de percepções de riscos de 1 a

7, estando dividido nos seguintes blocos:

a. Questões sobre a familiaridade dos respondentes com investimentos - Estas questões têm

o objetivo de conhecer a familiaridade com investimentos de médicos e CFPs, para isso

Page 28: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

28

se pergunta aos respondentes se “sabem como funcionam” e se “já investiram” nos

quinze produtos que seguem: Conta Remunerada, Caderneta de Poupança, Planos de

Capitalização, CDB, Tesouro Direto, Fundos de Investimento, Debêntures,

LCA/LCA/CRI/CRA, PGBL/VGBL, Aplicações indexadas ao dólar norte-americano,

Ações, ETFs, Fundos de Private Equity, Fundos Imobiliários e Imóveis.

b. Questões sobre as percepções de risco - Neste bloco os respondentes atribuem notas de 1

(correspondente a “sim com certeza”) e 7 (correspondente a “definitivamente não”), para

seis produtos/ativos de investimento, referentes a vinte e seis questões relacionadas aos

cinco construtos de percepção de risco e benefício/retorno do produto frente à Caderneta

de Poupança, conforme o Quadro 4: (1) volatilidade dos retornos, (2) consequências

adversas causadas pelos investimentos, (3) desconfiança nos consultores de investimento,

instituições financeiras e órgão reguladores, (4) desconhecimento ou baixo nível de

informação sobre os produtos e seus retornos e (5) falhas na regulamentação. Como

consta do estudo de Diacon & Ennew (2001), dentre as vinte e seis questões, foram

descartas as questões 3, 7 e 20 por apresentarem baixa comunalidade estatística ou difícil

interpretação e a questão 21, que não foi considerada na medição dos riscos, por ser a

variável de controle utilizada para avaliar a percepção da “relação benefício/retorno vs.

risco” de cada produto.

As notas das questões 2, 4, 8, 9, 12, 13, 14, 18, 20, 22, 23, 24, 25 e 26 foram invertidas,

para que todas as questões passassem a representar menor percepção de risco para a nota 1

e maior para 7, em adição, a questão 21 que mede a percepção do benefício/retorno dos

seis produtos em relação à Caderneta de Poupança, também teve as notas invertidas e

ajustadas entre 0 e 6, para que 0 passasse a refletir o menor e 6 o maior benefício/retorno.

Seis produtos foram escolhidos para a obtenção das percepções de risco, quais sejam: CDB,

Tesouro Direto, Fundos de Investimento, PGBL/VGBL, Ações e Imóveis. Com o propósito

de enriquecer a análise, foram eleitos produtos com diferentes características quanto ao risco

do emissor ser público ou privado, tratar-se de título de dívida ou participação, existirem

questões regulatórias que protegem ou concedem vantagens ao investidor, como o FGC e/ou

benefício tributário, a intensidade da flutuação de preços e a liquidez de tais produtos/ativos

financeiros, conforme representação do Esquema 3.

Page 29: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

29

Quadro 4: Classificação das questões segundo os construtos de risco Fonte: (Diacon & Ennew, 2001)

Considerando que a flutuação de preços pode afetar a percepção de risco, faz-se

necessário dizer que há produtos/ativos, cujos preços são diariamente marcados a

mercado (MaM) ou (MTM), por serem negociados em mercados organizados, ou mesmo

por serem administrados por terceiros, conforme estabelece a Comissão de Valores

Mobiliários (CVM) (e.g. ativos geridos na forma de condomínios como os Fundos de

Investimento e PGBL/VGBL). A princípio, CDBs e Tesouro Direto não sofrem MTM

#

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

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20

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23

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25

26

Perdas ou falhas com o produto podem afetar a economia brasileria?

Há certeza quanto ao retorno esperado?

Investir pode trazer consequências sérias/insatisfatórias?

Ao investir os investidores assumem o risco voluntariamente?

Eventuais perdas são conhecidas imediatamente?

Os investidores conhecem os riscos do produto?

Os consultores de investimentos conhecem os riscos do produto?

Um investidor normal consegue controlar os riscos uma vez que tenha investido?

Pode haver perda de todo o investimento?

QUESTÕES

Você percebe o benefício/retorno frente à Caderneta de Poupança?

Eventuais perdas podem ser facilmente observadas pelos investidores?

Este produto é de fácil compreensão?

Pode haver pressão de vendas antes ou no momento de investir?

Pode haver aconselhamento viesado das instituições que o oferecem/aconselham?

Pode haver penalização para resgate/venda inesperada no curto prazo?

Os encargos cobrados pelas instituições que os comercializam são transparentes?

Há proteção governamental aos investidores neste tipo de investimento?

As instituições que os oferecem são reguladas para proteger o investidor?

Há risco de render abaixo da inflação?

Há risco das instituições que os comercializam não serem éticas?

O risco do mesmo tipo de produto pode variar de uma instituição para outra?

O investidor dedica muito tempo monitorando o investimento?

Os investidores analisam as informações antes de investirem?

Há risco de ruína dependendo do resultado/retorno do investimento?

Há risco dos retornos ficarem abaixo das expectativas?

É elevada a probabilidade do retorno variar entre negativo e positivo e vice-versa?

CONSTRUTOS AB

RE

VIA

ÇÃ

O

Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL

Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV

Baixa comunalidade estatística -

Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU

Desconhecimento e/ou baixa observabilidade dos retornos DES

Desconhecimento e/ou baixa observabilidade dos retornos DES

Difícil interpretação -

Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV

Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV

Desconhecimento e/ou baixa observabilidade dos retornos DES

Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU

Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU

Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU

Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU

Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU

Falhas na regulamentação REG

Falhas na regulamentação REG

Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL

Desconfiança sobre os produtos ou quem os provê TRU

Baixa comunalidade estatística -

Relação benefício/retorno vs. risco BEN

Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV

Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV

Preocupação com adversidades decorrentse do uso do produto ADV

Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL

Preocupação com a volatilidade dos retornos VOL

Page 30: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

30

quando a decisão inicial é a de que sejam levados a resgate, recebendo-a somente quando

administrados por terceiros ou sejam negociados. Muito embora o Tesouro Nacional

disponibilize, em seu sítio na Internet, os preços dos títulos públicos negociados pelo

Tesouro Direto, tal informação não é amplamente veiculada nos meios de comunicação,

fato semelhante acontece com os CDBs, que necessitam de consulta aos agentes

financeiros para ter os preços dos títulos entre as datas de emissão e resgate. O Esquema

3 traz assinalados, em cinza, as características e particularidades acima descritas para os

seis produtos pesquisados.

Esquema 3: Caracterização dos seis produtos segundo questões regulatórias, liquidez, riscos de crédito e flutuação de preços. Fonte: Elaboração própria

c. Questões sobre as demografias - Na parte final do questionário os respondentes

informam: (1) estado civil, (2) faixa de idade, (3) sexo, (4) se têm filhos, (5) se possuem

imóvel próprio, (6) se possuem plano de previdência privada, (7) se têm vínculo

empregatício com recebimento regular de salário, (8) se são aposentados e, por fim, (9)

sua origem étnica.

D D D D D D

C C C C C C

G G G G G GV V V V V VL L L L L L

P - Título privadoS - Título público (i.e. emissão soberana)D - Título de dívidaC - Participação no capital (i.e. ações)G - Garantia do FGCV* - Volatilidade (i.e. amplitude/frequência da flutuação dos preços, MTM!percepção de risco)L* - Liquidez

(*) - Percepção do autor.

2 Marcados a mercado diariamente (MTM).3 Podem investir em títulos de dívida e ações, também de emissões públicas e privadas.

P S P S P SP S P S P S

Imóveis

compartilhado com outros investimentos.

CDB 1 TesouroDireto

Fundos Invest 2, 3

PGBL VGBL 2,

3Ações 2

1 Protegido pelo FGC até R$ 250.000,00 por CPF em cada conglomerado financeiro e

Page 31: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

31

Necessário registrar que o questionário (ANEXO D), não seguiu método científico de

tradução do inglês para o português. As implicações dessa limitação podem ser mitigadas,

pelo fato do estudo não comparar numericamente os resultados obtidos aos do estudo que lhe

deu origem, muito embora, a tradução científica seja necessária em estudos futuros,

principalmente, se houver a pretensão de compará-los aos obtidos no Reino Unido.

3.2 Amostras pesquisadas e aplicação do questionário

O questionário foi aplicado junto a profissionais CFP3 no Brasil, representando os

especialistas em investimentos, cuja titulação assegura tratar-se de indivíduos com elevado

grau de educação financeira. Coube aos médicos da Grande São Paulo representar os

investidores, tal escolha recaiu sobre eles, seja por pertencerem a uma categoria profissional

bem definida e de alto nível educacional, seja por auferirem a maior renda média dentre as

profissões no Brasil (IBRE, 2009), e por isso, supostamente, possuírem maior familiaridade

com produtos/ativos financeiros. Informações adicionais sobre médicos e CFPs podem ser

vistas no APÊNDICE E.

De forma geral, as respostas foram obtidas junto a profissionais CFP que acessaram os links

para o questionário construído na plataforma SurveyMonkey para Internet, publicado no sítio

eletrônico do IBCPF e na página do grupo dos CFPs no LinkedIn, outros respondentes foram

acessados diretamente pelo autor por meio do grupo dos CFPs no LinkedIn pelo sistema de

mensagem interna. Quanto aos médicos, parte deles acessou o link do questionário publicado

no sítio eletrônico do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês (HSL) e parte respondeu o

questionário eletrônico após abordagem do instituto de pesquisa contratado para esta

finalidade. Registra-se que maiores detalhes sobre a obtenção das respostas junto aos

respondentes e seleção do instituto de pesquisa podem ser respectivamente encontrados nos

APÊNDICES F e G.

3.3 Análises feitas sobre os dados coletados

A análise dos dados inicia com a apresentação da demografia das amostras, informando

também os graus de familiaridade de médicos e CFPs com investimentos, obtidos a partir das

3 O autor possui a certificação CFP desde 2009.

Page 32: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

32

respostas dadas aos quinze produtos relacionados na primeira parte do questionário (item 3.1,

subitem a). Para analisá-los, o autor atribuiu um ponto para cada resposta afirmativa, em um

total possível de 30 pontos, cujo somatório serviu para comparar os níveis de conhecimento

sobre investimentos dos respondentes e suas amostras.

A consistência interna das respostas dadas às questões foi testada com a utilização do Alfa de

Cronbach e as oito hipóteses foram analisadas com o auxílio das estatísticas Descritiva,

Inferencial e Análise Fatorial Exploratória (AFE), por meio dos softwares Minitab 16 e SPSS.

A AFE foi aplicada sobre as médias dos seis produtos para cada uma das vinte e cinco

questões, excluída a variável de controle (i.e. questão 21 sobre o benefício/retorno percebido

pelos seis produtos frente à Caderneta de Poupança), para determinar as cargas fatoriais

responsáveis pela maior parte da variância explicada de cada questão, para se tentar chegar a

um agrupamento de questões associados a cada construto. Para testar as diferenças de

percepções entre médicos e CFPs foram feitos testes de hipóteses das médias (i.e. testes t

unicaudais para diferença de médias) dos cinco construtos de risco analisados, mais a

mencionada variável de controle, todas relacionadas aos seis produtos, assim como foram

feitos testes de hipótese para cada uma das questões, com o propósito de explorar quais delas

foram determinantes para os resultados encontrados. Outros testes de hipótese foram feitos

para testar as diferenças da percepção de risco entre gêneros e foram analisadas as correlações

entre a questão 21 - “Você percebe o benefício/retorno frente à Caderneta de Poupança” - e os

cinco construtos de risco para médicos e CFPs. Por fim, foram calculadas as médias simples

dos construtos de risco por produto, para determinar a relação benefício/retorno vs. risco e a

partir dela conhecer se há linearidade em tal relação.

Page 33: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

33

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Demografia e familiaridade com investimentos

O Quadro 5 mostra que foram colhidas 48 respostas completas de Certified Financial

Planners (CFP), sendo 33 homens e 15 mulheres, com 27 % entre 35 e 45 anos, e 40% entre

45 e 55 anos. Dentre os homens 98,4% sabem como funcionam e 66,5% já investiram nos

quinze produtos relacionados no questionário, com percentuais muito próximos aos das

mulheres, respectivamente 99,6% e 61,3%. Há também 96 respostas de médicos, sendo 60

homens e 36 mulheres, estando 66% dos respondentes desta amostra entre 35 e 45 anos.

Dentre os homens, 74,4% sabem como funcionam e 47,8% já investiram nos produtos

relacionados, com percentual inferior entre as mulheres, respectivamente 60,9% e 42,0%.

Informações completas sobre as demografias de médicos e CFPs podem ser vistas no

APÊNDICE H.

Quadro 5: Demografia e familiaridade com investimentos Fonte: Elaboração própria

A observação dos percentuais referentes à familiaridade com investimentos mostra que é

relevante a diferença entre os níveis de conhecimento de médicos e CFPs, corroborando a

CATEGORIA GÊNERO

96 MÉDICOS 60 homens 5 25 a 3528 35 a 4511 45 a 5511 55 a 655 65 +

IDADE SABE COMO FUNCIONA JÁ INVESTIU

FAMILIARIDADE COM INVESTIMENTOS

74.4% 47.8%

36 mulheres 3 25 a 3520 35 a 457 45 a 553 55 a 653 65 +

60.9% 42.0%

48 CFPs 33 homens 4 25 a 359 35 a 4511 45 a 557 55 a 652 65 +

98.4% 66.5%

15 mulheres 0 25 a 354 35 a 458 45 a 552 55 a 651 65 +

99.6% 61.3%

Page 34: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

34

escolha destas populações para comparar as percepções de investidores leigos e especialistas

sobre os riscos de investimentos.

Dentre os 96 questionários dos médicos, 50 foram obtidos junto ao corpo clínico do Hospital

Sírio Libanês (HSL), 42 junto a médicos da Grande São Paulo com mais de dez anos de

atividade profissional, obtidas com o auxílio de instituto de pesquisa contratado para esta

finalidade e quatro pelo próprio pesquisador junto à rede de relacionamentos (APÊNDICES F

e H). Embora o questionário não traga questões sobre a renda destes profissionais, o fato da

pesquisa ter sido feita junto a médicos da Grande São Paulo, em sua maioria, com mais de dez

anos de atividade e/ou pertencentes ao quadro clínico do HSL, esse filtro, presumivelmente,

coloca os respondentes entre a parcela dos profissionais mais bem remunerados desta

categoria no Brasil.

4.2 Testes das hipóteses

Qualidade dos dados

Para conhecer a qualidade dos dados e inferir sobre as consistências internas entre as

questões, foram calculados os Alfas de Cronbach sobre as notas das questões que compõem

cada um dos cinco construtos de risco, separados por produto e também sobre as médias das

notas dadas aos seis produtos. O Quadro 6 mostra como fracas ou inadmissíveis as

consistências das questões relacionadas a cada construto, quando analisadas produto a

produto, e razoáveis quando agregados os seis produtos à cada construto.

Quadro 6: Consistências das questões medidas pelo Alfa de Cronbach Fonte: Elaboração própria

CONSTRUTO QUESTÕES CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL

AÇÕES IMÓVEIS GERAL

ADV 2, 8, 9, 22, 23, 24 0.440 0.411 0.592 0.366 0.442 0.505 0.711

TRU 4, 11, 12, 13, 14, 15, 19 0.264 0.193 0.394 0.278 0.376 0.412 0.780

VOL 1, 18, 25, 26 0.759 0.761 0.675 0.548 0.617 0.650 0.851

DES 5, 6, 10 0.434 0.372 0.424 0.215 0.678 0.411 0.835

REG 16, 17 0.434 0.570 0.220 0.358 0.094 0.518 0.754

ADV 2, 8, 9, 22, 23, 24 0.348 0.314 0.595 0.533 0.044 0.444 0.828

TRU 4, 11, 12, 13, 14, 15, 19 0.304 0.353 0.185 0.303 0.180 0.642 0.789

VOL 1, 18, 25, 26 0.397 0.183 0.320 0.171 -0.087 0.547 0.742

DES 5, 6, 10 0.061 0.035 0.253 0.288 0.075 0.140 0.807

REG 16, 17 0.067 0.432 0.106 -0.325 -0.049 0.155 0.621

# 96MÉDICOS

# 48CFPs

Page 35: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

35

A existência de Alfas de Cronbach negativos, para PGBL VGBL e Ações no construto falhas

na regulamentação e Ações para desconhecimento ocorrem, não por erro na codificação dos

dados, o que sugeriria a inversão dos pontos, mas em razão da não correlação das questões,

que apresentaram notas diametralmente opostas (Maroco & Garcia-Marques, 2006, p. 74).

Adicionalmente, foram apuradas as frequências das notas de 1 a 7 dadas por médicos e CFPs

às questões do questionário (Gráfico 3) e calculadas as frequências das notas de 0 a 6 dadas

para a questão 21, que indaga sobre a percepção do benefício/retorno de cada um dos seis

produtos em relação à Caderneta de Poupança (Gráfico 4). No primeiro caso vê-se a

concentração das frequências nas notas 1 e 7, com concentração na nota 6 para o segundo

caso.

Gráfico 3: Frequências das notas dadas às vinte e cinco questões de risco Fonte: Elaboração própria

Gráfico 4: Frequências das notas dadas à questão 21 Fonte: Elaboração própria

O autor aplicou Análise Fatorial Exploratória (AFE), com rotações ortogonal VARIMAX e

oblíqua Direct Oblimin, para confirmar o agrupamento das questões de médicos e CFPs aos

construtos encontrados por Diacon & Ennew (2001) (Quadro 4) ou obter agrupamentos

próprios de questões, que pudessem ser consistentes para serem utilizados neste estudo. Como

mostra o APÊNDICE I, independentemente do método de rotação empregado, as variâncias

explicadas foram bastante semelhantes aos do estudo original, muito embora não tenha sido

possível identificar agrupamentos claros das questões aos cinco construtos de risco. Por essa

razão, o estudo adota o agrupamento das questões encontradas por Diacon & Ennew (2001).

Hipótese 1 (GEN) - A percepção de risco é maior entre as mulheres

Para melhor visualização dos resultados, os quadros apresentados neste estudo mostram

assinaladas em cinza escuro os p-values ≤ 0,010 e em cinza claro os 0,010 < p-values ≤ 0,050.

0 1 2 3 4 5 6Médicos 5% 2% 4% 11% 13% 11% 53%CFPs 1% 0% 2% 2% 8% 11% 76%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

1 2 3 4 5 6 7Médicos 21% 8% 9% 14% 8% 8% 32%CFPs 23% 7% 6% 10% 7% 6% 41%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

Page 36: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

36

Quadro 7: 𝒙, SD e p-value sobre a percepção de risco entre gêneros para médicos e CFPs Fonte: Elaboração própria

As médias amostrais do Quadro 7 foram obtidas com base nas médias das notas de cada

respondente, para as questões relacionadas a cada produto e construtos referidos no Quadro 4,

e mostram que são sempre maiores as médias das percepções do benefício/retorno entre os

homens, embora os testes t não permitam fazer tal afirmação, uma vez que foi encontrado p-

value ≤ 0,050 somente para as Ações. Por outro lado, são frequentemente maiores as médias

das percepções de risco entre as mulheres (não considera as observações relativas ao

benefício/retorno), mas somente onze entre as trinta comparações possíveis com p-values ≤

0,042 e destas apenas três observações com p-values ≤ 0,010. Os testes mostram que há maior

percepção de risco entre as mulheres somente para os construtos falhas da regulamentação

para CDB, Tesouro Direto e Fundos de Investimento, e desconfiança para todos os produtos

exceto para o PGBL/VGBL.

Quadro 8: 𝒙, SD e p-value sobre a percepção de risco entre gêneros para os médicos Fonte: Elaboração própria

Analisando as percepções de risco entre gêneros, para a amostra dos médicos, se pode

verificar que dentre as trinta observações relacionadas ao risco (não considera as observações

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

F 51 5.27 1.43 5.12 1.51 4.88 1.52 4.63 1.70 4.00 2.16 4.59 1.70M 93 5.52 1.14 5.51 1.19 5.26 1.33 4.69 1.78 4.88 1.63 4.83 1.53F 51 4.15 1.62 4.45 1.71 5.68 1.34 5.11 1.29 6.59 0.60 5.43 1.30M 93 3.79 1.33 3.93 1.30 5.44 1.08 4.81 1.31 6.32 1.00 5.71 1.18F 51 3.48 1.00 4.19 1.00 4.58 1.15 3.75 1.04 6.30 0.68 4.43 1.05M 93 3.46 1.03 3.79 0.93 4.71 1.17 3.85 1.10 6.21 0.72 4.60 1.08F 51 2.68 1.27 2.95 1.28 3.10 1.25 3.23 1.16 2.49 1.47 3.32 1.31M 93 2.86 1.25 2.87 1.21 3.06 1.26 3.12 1.19 2.32 1.33 3.35 1.32F 51 4.94 0.83 4.42 0.84 5.34 0.77 5.12 0.87 5.20 0.81 4.29 1.15M 93 4.68 0.86 4.07 0.95 5.10 0.81 4.92 0.81 4.75 0.95 3.93 1.04F 51 4.00 1.72 4.19 2.08 4.69 1.52 4.21 1.57 5.48 1.41 5.61 1.36M 93 2.67 1.57 2.82 1.53 4.20 1.29 3.83 1.48 5.39 1.24 5.90 1.25

0.000

0.042

0.208

0.000

0.012

0.366

0.355

0.030

0.081

0.094

0.283

0.304

0.028

0.042

0.437

0.735 0.226

0.249

0.002

FUNDOS PGBL VGBL IMÓVEIS

0.095

0.420

0.265

0.006

0.024

AÇÕES

0.071BEN - Benefício

VOL - Volatilidade

ADV - Adversidade

DES - Desconhecimento

TRU - Desconfiança

0.2020.058

0.452

0.088

0.011

REG - Regulamentação

0.151

0.101

0.034

0.452

0.185

0.103

#CDB TESOURO

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

F 36 5.28 1.52 5.17 1.54 4.92 1.65 4.67 1.84 4.00 2.45 4.67 1.87M 60 5.57 1.17 5.53 1.26 5.28 1.47 4.70 1.99 4.92 1.72 4.87 1.69F 36 4.37 1.72 4.49 1.96 5.28 1.39 4.63 1.20 6.41 0.64 5.25 1.39M 60 3.79 1.52 3.76 1.44 5.21 1.17 4.35 1.32 5.97 1.07 5.52 1.26F 36 3.21 0.95 4.21 1.04 4.39 1.24 3.46 0.99 6.30 0.71 4.25 1.18M 60 3.38 0.98 3.73 0.90 4.56 1.12 3.55 0.96 6.30 0.76 4.68 1.04F 36 2.75 1.35 2.88 1.41 3.13 1.32 3.25 1.19 2.41 1.60 3.08 1.36M 60 2.82 1.34 2.80 1.25 3.06 1.34 3.04 1.23 2.26 1.47 3.18 1.36F 36 4.74 0.83 4.44 0.90 5.21 0.95 4.80 0.77 5.14 0.88 4.07 1.06M 60 4.46 0.85 4.18 0.84 5.05 0.83 4.80 0.81 4.76 1.00 3.93 0.97F 36 4.08 1.75 4.47 2.09 5.06 1.40 4.18 1.68 6.06 0.98 5.60 1.32M 60 2.97 1.60 2.88 1.37 4.28 1.43 3.80 1.63 5.88 1.04 5.92 1.25

0.117REG - Regulamentação 0.001 0.000 0.005 0.141 0.198

0.355

TRU - Desconfiança 0.059 0.086 0.185 0.495 0.028 0.258

DES - Desconhecimento 0.409 0.391 0.407 0.210 0.323

0.170

ADV - Adversidade 0.203 0.001 0.259 0.334 0.496 0.038

VOL - Volatilidade 0.052 0.028 0.406 0.143 0.006

IMÓVEIS

BEN - Benefício 0.166 0.166 0.138 0.467 0.027 0.300

#CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL AÇÕES

Page 37: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

37

relativas ao BEN-benefício), são dezenove aquelas, cujas médias são maiores entre as

mulheres, e destas apenas sete com p-values ≤ 0,050 (Quadro 8). De forma geral, as

diferenças de médias encontram-se dispersas entre os produtos e construtos, havendo

consistência somente quanto ao construto falhas da regulamentação, em que excetuando

Imóveis, as médias são maiores entre as mulheres para todos os demais produtos, sendo três

delas com p-values ≤ 0,050.

Quadro 9: 𝒙, SD e p-value sobre a percepção de risco entre gêneros para os CFPs Fonte: Elaboração própria

Quanto aos CFPs se pode identificar que dentre as trinta observações relacionadas ao risco,

são vinte e duas aquelas, cujas médias são maiores entre as mulheres e destas apenas nove

com p-values ≤ 0,050 (Quadro 9). Assim, como acontece com os médicos, aqui também as

diferenças de médias encontram-se dispersas entre os produtos e construtos, havendo

consistência somente para o construto desconfiança, em que se excetuando o CDB, as médias

são maiores entre as mulheres para os demais produtos, com p-values ≤ 0,050.

Contrariando a literatura, há evidências de maior percepção de risco entre as mulheres apenas

para os construtos desconfiança e falhas na regulamentação, que surgem mais

pronunciadamente entre as mulheres, respectivamente, entre os CFPs e médicos.

Hipótese 2 (BEN vs. risco) - Não é monotônica a correspondência entre as relações

benefício/retorno e a síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos analisados.

Os dados representados no Quadro 10 foram obtidos com o propósito de testar se médicos e

CFPs demonstram perceber uma relação proporcional e monotônica entre o benefício/retorno

e a síntese dos cinco construtos de risco para os seis produtos estudados, fazendo isso a partir

do conceito do Índice de Sharpe, que reflete o benefício/retorno por unidade de risco

incorrida. Para isso, o autor tomou as médias simples das respostas das questões identificadas

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

F 15 5.27 1.22 5.00 1.46 4.80 1.21 4.53 1.36 4.00 1.31 4.40 1.24M 33 5.42 1.09 5.45 1.09 5.21 1.02 4.67 1.34 4.82 1.49 4.76 1.20F 15 3.65 1.28 4.36 0.91 6.65 0.30 6.27 0.56 7.00 0.00 5.87 0.93M 33 3.79 0.91 4.23 0.96 5.86 0.72 5.66 0.74 6.98 0.07 6.06 0.93F 15 4.13 0.83 4.13 0.94 5.02 0.76 4.45 0.83 6.29 0.63 4.87 0.36M 33 3.60 1.12 3.92 0.98 4.97 1.23 4.39 1.15 6.04 0.61 4.45 1.17F 15 2.51 1.07 3.10 0.92 3.02 1.09 3.20 1.12 2.69 1.11 3.91 1.00M 33 2.94 1.10 2.99 1.14 3.06 1.12 3.25 1.11 2.44 1.03 3.65 1.22F 15 5.41 0.64 4.38 0.70 5.65 0.39 5.89 0.55 5.35 0.60 4.79 1.22M 33 5.08 0.76 3.86 1.10 5.19 0.77 5.16 0.75 4.72 0.87 3.92 1.16F 15 3.80 1.71 3.50 1.94 3.80 1.46 4.27 1.32 4.10 1.34 5.63 1.49M 33 2.12 1.38 2.73 1.80 4.06 1.00 3.88 1.19 4.52 1.11 5.86 1.26

0.304REG - Regulamentação 0.001 0.101 0.269 0.170 0.153

0.222

TRU - Desconfiança 0.066 0.031 0.005 0.000 0.003 0.014

DES - Desconhecimento 0.106 0.367 0.453 0.442 0.235

0.267

ADV - Adversidade 0.039 0.237 0.436 0.416 0.102 0.035

VOL - Volatilidade 0.349 0.332 0.000 0.002 -

IMÓVEIS

BEN - Benefício 0.336 0.147 0.131 0.377 0.032 0.179

#CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL AÇÕES

Page 38: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

38

aos cinco construtos (i.e. VOL, ADV, DES, TRU e REG) por produto e calculou sobre elas as

médias simples gerais, que para fins deste estudo representam as sínteses das percepções de

risco por produto, restando a partir daí obter, de forma semelhante, as percepções do

benefício/retorno de cada produto contidas na questão 21.

Quadro 10: Relação dos benefícios/retornos vs. riscos de médicos e CFPs para cada produto Fonte: Elaboração própria

Gráfico 5: Benefício/retorno vs. síntese dos riscos para os seis produtos Fonte: Elaboração própria

Na representação dos dados do Quadro 10 que consta do Gráfico 5, visualmente se observa

que as relações benefício/retorno vs. risco para médicos e CFPs apresentam inclinações

negativas, traduzindo as percepções de ambos quanto a não haver prêmio e sim penalidade na

assunção de riscos. Os maiores “Índices de Sharpe” dos CFPs produto a produto,

provavelmente, decorrem do maior conhecimento que estes profissionais possuem a respeito

PRODUTO CATEGORIA BENEFÍCIOmédio

RISCOmédio

"SHARPE"(*)

MED 5.22 3.77 1.38CFP 5.85 3.98 1.47MED 5.13 3.86 1.33CFP 5.85 3.82 1.53MED 4.78 4.64 1.03CFP 5.81 4.94 1.18MED 4.22 4.07 1.04CFP 5.56 4.78 1.16MED 4.26 5.24 0.81CFP 5.19 5.25 0.99MED 4.61 4.44 1.04CFP 5.00 4.71 1.06

(*)CalculadocombasenoconceitodoÍndicedeSharpe

CDB

Tesouro

Fundos

PGBLVGBL

Ações

Imóveis

Page 39: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

39

dos ativos e produtos financeiros, suposição essa que encontra respaldo no Quadro 5. O

gráfico mostra, também, que médicos percebem no CDB o menor nível de risco dentre todos

os produtos, além da considerável distância entre as percepções de risco e benefício/retorno

de médicos e CFPs sobre o produto PGBL/VGBL.

Hipótese 3 (BEN vs. TRU) - É negativa a correlação entre o benefício/retorno e o

construto desconfiança.

Para testar a existência de correlações negativas entre as percepções do benefício/retorno e o

construto desconfiança, foram calculadas as Correlações de Pearson para médicos e CFPs,

sobre as médias simples das questões que compõem cada construto, produto a produto para

cada respondente (Quadro 11).

Confirmando a hipótese firmada, esta abordagem mostrou haver sim correlações negativas

entre a percepção do benefício/retorno e o construto desconfiança entre médicos a p-values ≤

0,050 para todos os produtos, exceto Imóveis, ocorrendo o mesmo em relação ao construto

falhas na regulamentação, para os produtos CDB, Tesouro Direto e PGBL/VGBL; correlações

positivas ou negativas a p-values ≤ 0,061 não foram encontradas entre os CFPs. Com o

mesmo propósito, o autor realizou também a AFE sem rotação sobre as médias simples das

respostas de cada construto por respondente, para reduzir as percepções de risco a um único

fator e a partir dele calcular as correlações desejadas. Essa abordagem não produziu

resultados confiáveis em razão das baixas comunalidades encontradas, entre 0,367 e 0,630.

Page 40: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

40

Quadro 11: Correlações de Pearson entre o benefício/retorno e os construtos de risco Fonte: Elaboração própria

Quadro 12: 𝒙, SD e p-value do benefício/retorno dos seis produtos vs. a Caderneta de Poupança Fonte: Elaboração própria

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

MED 96 5.22 1.46 5.13 1.54 4.78 1.57 4.22 1.90 4.26 2.02 4.61 1.68CFP 48 5.85 0.41 5.85 0.41 5.81 0.53 5.56 0.87 5.19 1.39 5.00 1.38

0.0010.000 0.000

CDB TESOURO FUNDOS

H2 - BEN (Benefício) 0.000 0.000

PGBL VGBL AÇÕES#

IMÓVEIS

0.073

CDBC

TESOUROT

FUNDOSF

PGBL VGBL

PAÇÕES

AIMÓVEIS

ICDB

CTESOURO

TFUNDOS

F

PGBL VGBL

PAÇÕES

AIMÓVEIS

ICorrelação -0.282 0.076

p-valor 0.005 0.606Correlação -0.151 0.054

p-valor 0.141 0.717Correlação -0.080 -0.142

p-valor 0.438 0.335Correlação -0.001 -0.048

p-valor 0.993 0.744Correlação 0.036 -0.166

p-valor 0.726 0.258Correlação -0.013 0.272

p-valor 0.898 0.061Correlação -0.306 0.019

p-valor 0.002 0.898 Correlação -0.237 -0.025

p-valor 0.020 0.868Correlação -0.254 -0.163

p-valor 0.012 0.267Correlação -0.333 -0.148

p-valor 0.001 0.314Correlação -0.232 0.095

p-valor 0.023 0.523Correlação 0.055 0.181

p-valor 0.598 0.217Correlação -0.358 -0.192

p-valor 0.002 0.190Correlação -0.085 0.159

p-valor 0.411 0.279Correlação -0.104 -0.235

p-valor 0.315 0.109Correlação -0.147 -0.207

p-valor 0.153 0.158Correlação -0.096 -0.055

p-valor 0.350 0.713Correlação -0.155 -0.222

p-valor 0.266 0.129Correlação -0.282 -0.120

p-valor 0.005 0.418Correlação -0.153 0.210

p-valor 0.137 0.152Correlação -0.034 -0.076

p-valor 0.739 0.609Correlação -0.233 0.041

p-valor 0.022 0.783Correlação -0.083 0.096

p-valor 0.419 0.518Correlação -0.099 0.008

p-valor 0.336 0.955Correlação -0.292 0.280

p-valor 0.005 0.054Correlação -0.328 -0.034

p-valor 0.001 0.819Correlação -0.140 0.184

p-valor 0.174 0.210Correlação -0.249 0.208

p-valor 0.014 0.156Correlação 0.025 -0.077

p-valor 0.806 0.604Correlação 0.165 0.064

p-valor 0.107 0.666

T

F

P

C

T

F

P

I

ADV

TRU

DES

VOL

REG

A

I

C

T

F

P

A

I

C

T

# 96 MÉDICOS # 48 CFPs

BEN

A

F

P

A

I

C

T

F

P

A

I

C

Page 41: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

41

Adicionalmente e contrariando Diacon (2004, p. 187) (também disponível no ANEXO E,

Table II, questão 22), exceto para Imóveis, os médicos apresentaram menor percepção do

benefício/retorno para todos os produtos em relação à Caderneta de Poupança (Quadro 12).

Para isso foram obtidas as médias simples das questões de cada construto, produto a produto,

e sobre estas calculadas as médias amostrais apresentadas. Tal evidência pode estar

relacionada ao maior conhecimento que os profissionais CFP têm sobre os produtos/ativos

financeiros e a forma correta de utilizá-los.

Hipótese 4 (VOL) - A aversão à volatilidade é elevada para CFPs e médicos, embora maior

entre os primeiros.

Quadro 13: 𝒙, SD e p-value sobre o construto volatilidade Fonte: Elaboração própria

Como mostra o Quadro 13, que corrobora a hipótese firmada, o construto volatilidade é

fortemente percebido por médicos e CFPs e, mais pronunciadamente, entre os últimos. À

exceção dos CDBs, os CFPs apresentaram maiores médias das percepções para Fundos de

Investimento, PBGL/VGBL, Ações e Imóveis a p-values ≤ 0,001. Isso, provavelmente, ocorre

em razão do maior grau de familiaridade que CFPs têm sobre a medida volatilidade e pelo

fato de orientarem mais fortemente a percepção dos riscos às medidas objetivas de caráter

quantitativo.

Quadro 14: Teste t para as questões sobre volatilidade Fonte: Elaboração própria

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

CDB TESOURO FUNDOS PGBL VGBL AÇÕES#

IMÓVEIS

MED 96 4.01 1.61 4.04 1.68 5.24 1.25 4.45 1.28 6.13 0.95 5.42 1.31CFP 48 3.75 1.03 4.28 0.94 6.10 0.72 5.85 0.74 6.98 0.06 6.00 0.92

0.000H3 - VOL (Volatilidade) 0.119 0.141 0.000 0.000 0.001

CO

NST

RU

TO

QU

EST

ÃO

TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO

AM

OST

RA

SD ρ-value SD ρ-value

QUESTÕES CONSTRUTOS

TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)

MED 3.600 0.970

CFP 4.770 0.900

MED 5.640 1.350

CFP 6.560 0.660

MED 5.710 1.270

CFP 6.410 0.820

MED 4.490 1.390

CFP 4.150 0.990

Q1

Q18

Q25

Q26

Há risco dos retornos ficarem abaixo dasexpectativas?

Há certeza quanto ao retorno esperado?

Há o risco de render abaixo da inflação?

É elevada a probabilidade do retornovariar entre negativo e positivo?

Retorno abaixo das expectativas

Depreciação do valor

0.9100.530V

OL

Vola

tilid

ade

0.000

0.000

0.000

0.000

0.047

4.8705.480

Incerteza

Menos que a inflação

Page 42: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

42

O Quadro 14 traz os resultados dos testes t das questões relacionadas ao construto

volatilidade, em que se observa serem mais elevadas as médias entre os CFPs ao p-value =

0,000 para Q1, Q18 e Q25, surgindo como contraponto somente a questão Q26 - “É elevada a

probabilidade do retorno variar entre negativo e positivo?”- que apresenta média maior para

os médicos ao p-value de 0,047. Estes resultados, abertos questão a questão, reforçam a

conclusão de que a percepção sobre o construto volatilidade é mesmo maior entre os CFPs.

As médias amostrais, apresentadas no Quadro 14, são as médias simples das respostas dadas

aos seis produtos para cada questão.

Hipótese 5 (ADV) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto

adversidade.

Quadro 15: 𝒙, SD e p-value sobre o construto adversidade Fonte: Elaboração própria

Quadro 16: Teste t para as questões sobre adversidade Fonte: Elaboração própria

Contrariando a hipótese firmada e ressalvadas as Ações, médicos apresentaram menores

médias para a percepção de aversão à adversidade, o que fica estatisticamente confirmado

pelos testes t a p-values ≤ 0,008 para CDB, Fundos de Investimento e PGBL/VGBL (Quadro

15). Estes resultados contrariam o esperado, qual seja, o de que o potencial de ocorrência de

perdas arruinadoras ou de graves consequências, influenciadas por fatores emocionais, falta

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

IMÓVEIS#

AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS

MED 96 3.32 0.97 3.90 0.98 4.50 1.16 3.52 0.97 6.30 0.74 4.52 1.11CFP 48 3.77 1.06 4.00 0.96 4.99 1.10 4.41 1.05 6.12 0.62 4.58 1.01

0.3650.000H4 - ADV (Adversidade) 0.008 0.309 0.007 0.064

CO

NST

RU

TO

QU

EST

ÃO

TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO

AM

OST

RA

SD ρ-value SD ρ-value

QUESTÕES CONSTRUTOS

TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)

MED 4.620 1.230

CFP 5.360 1.350

MED 3.560 1.100

CFP 4.800 1.020

MED 5.250 1.370

CFP 5.000 1.570

MED 3.090 1.000

CFP 3.230 1.070

MED 5.290 1.630

CFP 4.390 1.490

MED 4.240 1.230

CFP 5.080 1.490Ruína

Q2

Q8

Q9

Q22

Q23

Q24

Os investidores analisam as informaçõesantes de investirem?

Há risco de ruína com o resultado doinvestimento?

Severidade

Perda total do dinheiro

Efeito adverso na economia

Tempo de monitoramento

Informação prévia à compra

AD

VA

dver

sidd

e

0.006

0.001

0.000

0.174

0.223

0.001

0.001

0.5704.3404.650 0.730

Investir pode ter consequênciassérias/insatisfatórias?

Pode haver a perda de todoinvestimento?

Perdas ou falhas podem afetar aeconomia brasileira?

O investidor dedica muito tempomonitorando o investimento?

Page 43: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

43

de familiaridade com o risco e sua imprevisibilidade surgiriam, mais pronunciadamente, entre

os médicos, enquanto os CFPs se deteriam mais claramente nas medidas objetivas de

mensuração do risco de caráter quantitativo.

Dentre as questões listadas no Quadro 16, de maneira consistente, observa-se que as médias

das respostas dos CFPs, relacionadas aos tipos de risco: severidade, perda total do dinheiro e

ruína, respectivamente formalizadas, nas questões Q2, Q8 e Q24, são significativamente

superiores às dos médicos para p-values ≤ 0,001, com média mais alta para os médicos

somente para Q23 – “Os investidores analisam as informações antes de investirem?”, cuja

interpretação é de que os médicos entendem, mais que os CFPs, que os investidores analisam

sim as informação antes de decidirem pelo investimento. Com base nos resultados aqui

encontrados e confirmando os apresentados nos Quadros 15 e 16, é possível dizer que a

percepção do construto adversidade é maior entre os CFPs.

Hipótese 6 (DES) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto

desconhecimento.

Quadro 17: 𝒙, SD e p-value sobre o construto desconhecimento Fonte: Elaboração própria

Quadro 18: Teste t para as questões sobre desconhecimento Fonte: Elaboração própria

À exceção dos Imóveis, embora as percepções sobre o construto desconhecimento tenham

apresentado médias ligeiramente maiores entre os CFPs, os testes t não apresentaram

nenhuma outra observação com p-values ≤ 0,169 (Quadro 17). A inconclusividade deste

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

IMÓVEIS#

AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS

MED 96 2.79 1.34 2.83 1.31 3.09 1.32 3.12 1.21 2.32 1.52 3.14 1.35CFP 48 2.80 1.10 3.03 1.07 3.05 1.10 3.24 1.10 2.52 1.05 3.74 1.15

0.427 0.282 0.003H5 - DES (Desconhecimento) 0.484 0.169 0.179

CO

NST

RU

TO

QU

EST

ÃO

TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO

AM

OST

RA

SD ρ-value SD ρ-value

QUESTÕES CONSTRUTOS

TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)

MED 3.180 1.610

CFP 4.210 1.740

MED 2.070 1.270

CFP 1.650 0.760

MED 3.400 1.500

CFP 3.320 1.260

Q6

Q10

Q5

Os CONSULTORES DEINVESTIMENTOS conhecem os riscos?

Eventuais perdas podem ser facilmenteobservadas pelos investidores?

Os INVESTIDORES conhecem osriscos?Desconhecido pelos investidores

Desconhecido pelos especialistas

Perdas não observáveis

3.0801.0100.870

2.880

DE

SD

esco

nhec

imen

to

0.123

0.000

0.007

0.371

Page 44: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

44

resultado é desapontadora, uma vez que os construtos “pavor” e “desconhecimento” são

elementos fundamentais da Teoria do Paradigma Psicométrico (TPP), a qual fundamenta o

questionário desta pesquisa.

Dentre as questões agrupadas neste construto, embora com p-values ≤ 0,007, as médias das

questões Q5 e Q6 de médicos e de CFPs são relativamente baixas e com percepções opostas

entre si (Quadro 18). Tais resultados confirmam a impossibilidade de afirmar haver

prevalência de uma das categorias profissionais analisadas para este construto.

Hipótese 7 (TRU) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto

desconfiança.

Quadro 19: 𝒙, SD e p-value sobre o construto desconfiança Fonte: Elaboração própria

Quadro 20: Teste t para as questões sobre desconfiança Fonte: Elaboração própria

Como mostra o Quadro 19, ambas as categorias profissionais apresentam médias elevadas

para o construto desconfiança, excetuando o Tesouro Direto, os CFPs apresentaram médias

mais elevadas que os médicos, com p-values = 0,000 para CDB e PGBL/VGBL e 0,045 para

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

IMÓVEIS#

AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS

MED 96 4.57 0.85 4.28 0.87 5.11 0.84 4.80 0.79 4.90 0.97 3.99 1.00CFP 48 5.18 0.73 4.02 1.02 5.34 0.71 5.38 0.76 4.92 0.84 4.20 1.24

0.000 0.067H6 - TRU (Desconfiança) 0.0000.045 0.453 0.156

CO

NST

RU

TO

QU

EST

ÃO

TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO

AM

OST

RA

SD ρ-value SD ρ-value

QUESTÕES CONSTRUTOS

TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)

MED 3.490 1.410

CFP 3.960 1.800

MED 3.190 1.210

CFP 3.110 1.290

MED 5.060 1.460

CFP 5.890 1.040

MED 5.750 1.190

CFP 5.910 0.823

MED 5.420 1.190

CFP 5.420 1.210

MED 4.090 1.530

CFP 3.540 1.260

MED 5.230 1.720

CFP 6.110 1.500

Q4

Q11

Q12

Q13

Q14

Q15

Q19

Retardamento das perdas

Entendimento complexo

Pressão de vendas inaceitável

Mau aconsselhamento

Resgates penalizados

Cobranças ocultas

Falta de ética

Eventuais perdas são conhecidasimediatamente?

Este produto é de fácil compreensão?

Pode haver pressão de vendas parainvestir?

Pode haver aconselhamento viesado dasinstituições financeiras?

Pode haver pênalti para resgatar nocurto prazo?

Os encargos cobrados pelas instituiçõessão transparentes?

TR

UD

esco

nfia

nça

0.018

0.058

0.369

0.000

0.178

0.492

0.004

0.001

4.6004.840

0.6300.630

Há risco das instituições que oscomercializam não serem éticas?

Page 45: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

45

Fundos de Investimento. O resultado contraria a hipótese firmada, o que pode sugerir que isso

ocorre em função do maior conhecimento que os CFPs têm sobre assuntos ligados a

investimentos, uma vez que, em razão da proximidade com o tema, têm maior oportunidade

de observar práticas condenáveis de mercado.

Com relação às questões, as médias de médicos e CFPs para Q13 são muito elevadas,

denotando que ambos acreditam haver aconselhamento viesado por parte das instituições

financeiras. Dentre outras, Q12 e Q19 apresentam médias também elevadas e superiores para

os CFPs com p-values ≤ 0,001, ou seja, as questões que versam sobre a falta de ética e

pressão de vendas inaceitável, aparecendo como contraponto a questão Q15, em que os

médicos acreditam mais que os CFPs, que há cobranças ocultas; todas essas percepções de

importância relevante (Quadro 20).

Hipótese 8 (REG) - É maior entre os médicos a percepção de risco sobre o construto falhas

regulatórias.

Quadro 21: 𝒙, SD e p-value sobre o construto falhas na regulamentação Fonte: Elaboração própria

Ressalvado o fato das médias de médicos e CFPs serem muito próximas para PGBL/VGBL,

Tesouro Direto e Imóveis, as demais médias são consistentemente maiores entre os médicos,

tendo apresentado p-values ≤ 0,007 para CDB, Fundos de Investimento e Ações (Quadro 21).

Tais evidências estão em linha com a hipótese firmada, de que é maior entre os médicos a

percepção de que o investidor não está protegido pela regulamentação.

Quadro 22: Teste t para as questões sobre falhas na regulamentação Fonte: Elaboração própria

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value

IMÓVEIS#

AÇÕESPGBL VGBLCDB TESOURO FUNDOS

MED 96 3.39 1.73 3.47 1.84 4.57 1.46 3.94 1.65 5.94 1.02 5.80 1.28CFP 48 2.65 1.67 2.97 1.86 3.98 1.15 4.00 1.23 4.39 1.19 5.79 1.32

0.005 0.4820.592H7 - REG (Regulamentação) 0.007 0.063 0.000

CO

NST

RU

TO

QU

EST

ÃO

TIPO DE RISCO ENUNCIADO DA QUESTÃO

AM

OST

RA

SD ρ-value SD ρ-value

QUESTÕES CONSTRUTOS

TESTES DE HIPÓTESE (#MED = 96 e #CFP = 48)

MED 4.550 1.160

CFP 5.360 1.420

MED 4.490 1.410

CFP 2.560 1.150

Q16

Q17

Há proteção governamental aosinvestidores neste produto?

As instituições financeiras são reguladaspara proteger o investidor?

Fraca proteção ao investidor

Não há regulamentação

RE

GR

egul

amen

taçã

o

0.0004.5303.970

1.0000.880

0.000

0.000

Page 46: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

46

Embora a análise das percepções desse construto sobre os produtos indique que é maior a

percepção sobre falhas regulatórias entre médicos, a observação do Quadro 22 mostra que são

ambíguas as respostas de Q16 e Q17, ou seja, a maior percepção de fragilidade da proteção ao

investidor entre os CFPs e a maior percepção de não existência de regulamentação entre os

médicos, ambas a p-values = 0,000. Tal evidência merece ainda mais atenção, em razão das

proporções dos distanciamentos das médias.

Outras evidências

Quadro 23: 𝒙, SD e p-value para percepção sobre as questões 5 e 12 Fonte: Elaboração própria

As respostas às questões Q5 e Q12 trazem resultados, que merecem atenção, por

contradizerem as premissas (Quadro 23). Para Q5 – “Os investidores conhecem os produtos?”

– as médias das respostas dos CFPs foram significativamente maiores com p-values ≤ 0,009

para Tesouro Direto, PGBL VGBL, Ações e Imóveis e ≤ 0,025 para CDB e Fundos de

Investimento, indicando haver um distanciamento entre o que os médicos entendem conhecer

sobre os produtos/ativos financeiros e o que os CFPs entendem que os médicos conhecem.

Sobre Q12 - “Pode haver pressão de vendas para investir?” - ambas as categorias profissionais

acreditam, fortemente, que há pressão de vendas para investir, e à exceção de Tesouro Direto

e Imóveis, os CFPs creem de forma mais enfática, que isso de fato ocorre, o que está

estatisticamente testado para p-values ≤ 0,009 e reforça o que já foi dito em relação aos

resultados verificados na análise da hipótese 7, referente à desconfiança.

SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-value SD ρ-valueMED 96 2.85 2.08 2.98 2.12 3.93 2.24 3.34 2.18 2.72 2.29 3.23 2.07CFP 48 3.63 2.12 3.92 2.24 4.63 1.85 4.71 1.89 4.06 2.23 4.38 1.95MED 96 5.01 2.23 4.15 2.15 5.85 1.64 5,45 1.91 5.02 2.05 4.89 2.29CFP 48 6.48 1.29 3.94 2.36 6.44 1.24 6.67 1.14 6.33 1.34 5.48 2.07

0.001

0.000 0.061

#CDB TESOURO FUNDOS IMÓVEIS

H5 - DES (Questão 5) 0.009 0.025 0.0000.021

AÇÕESPGBL VGBL

0.001

H6 - TRU (Questão 12) 0.000 0.304 0.009 0.000

Page 47: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

47

5 CONCLUSÕES

Esta pesquisa baseou-se em publicações feitas no Reino Unido por Diacon & Ennew (2001) e

Diacon (2004), em período marcado por escândalos sobre vendas casadas de produtos e

serviços financeiros, tudo sob forte pressão da mídia. Quanto a presente pesquisa, a coleta de

dados ocorreu entre os anos de 2015 e 2016, em um ambiente de escândalos de corrupção

envolvendo políticos e empresários, com forte descrédito da população no sistema político,

desemprego crescente e inflação, desvalorização da moeda, volatilidade e desvalorização dos

preços dos ativos reais, que resultaram na retirada do grau de investimento do Brasil pelas

agências internacionais de rating e o posterior impeachment da Presidente da República.

Os resultados obtidos mostram que não é possível afirmar, indistintamente, que as percepções

de risco são maiores entre as mulheres pesquisadas. Percepções de risco, mais pronunciadas

junto às mulheres, surgiram somente para os construtos falhas regulatórias entre os médicos e

desconfiança entre os CFPs. Com respeito aos seis construtos de risco, o estudo confirma ser

elevada a percepção sobre o construto volatilidade para as duas categorias profissionais,

embora mais acentuada entre os CFPs, presumivelmente, por se tratar de um conceito ligado

às ciências exatas exaustivamente estudado por estes profissionais e objeto de atenção diária

no exercício das suas funções. Em comparação com os CFPs, o desconhecimento sobre

investimentos parece ser a explicação para os médicos enxergarem menor benefício/retorno

para todos os seis produtos na comparação com a Caderneta de Poupança. O mesmo

desconhecimento pode ser a razão para o fato dos médicos perceberem menor risco no CDB

que no Tesouro Direto, além de todos os demais produtos pesquisados e, também, pelas

percepções bastante diferentes, tanto sobre o risco como sobre o benefício/retorno do

PGBL/VGBL na comparação com os CFPs. Com base nisso, especialistas em investimento,

instituições financeiras e mesmo o Tesouro Nacional têm a oportunidade de melhor

comunicar as características e uso apropriado destes produtos, atenuando as diferenças de

percepção entre investidores e especialistas, contribuindo para a correta decisão de

investimento. O estudo confirmou, ainda, não serem proporcionais e monotônicas as relações

dos benefícios/retornos com as sínteses de riscos entre os seis produtos estudados, mais que

isso, o estudo sugere haver indício de que tais relações são inversas, indicando que médicos e

também CFPs, perceberam não haver prêmio, mas sim penalização, na assunção de riscos.

Dentre os resultados encontrados, destaca-se a elevada desconfiança que médicos e CFPs têm

Page 48: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

48

nos consultores de investimento, instituições financeiras e órgãos reguladores, também a alta

percepção que ambos têm sobre a fragilidade da regulamentação e o fato dos médicos

acreditarem possuir conhecimento sobre investimentos, maior do que creem os CFPs a

respeito deles. Esse conjunto de fatores trabalha contra a eficácia dos investimentos em

educação financeira ao ferir a confiança dos investidores nos patrocinadores de tal iniciativa.

Remetendo à questão da desconfiança Fischhoff (1995, p. 137, tradução nossa) escreve: “Os

danos decorrentes da comunicação de risco podem ser irreversíveis se a relação com o

comunicador é abalada. A sombra da dúvida pode ser difícil de apagar”.

Quanto a comunicação envolvendo o risco a literatura sugere focar naquilo de mais

importante que o investidor necessita saber, garantindo que a mensagem seja entendida como

desejado e que ela seja de fonte oficial e crível (Fischhoff, 1995, p. 138), mais

especificamente, sugere que a comunicação de riscos seja feita nos moldes a seguir:

1. Ter a informação correta;

2. Informá-la aos investidores;

3. Expressar o julgamento sobre a informação;

4. Mostrar que já se aceitou risco similar no passado (i.e. caso tenha ocorrido);

5. Mostrar que assumir tal risco é um bom negócio;

6. Tratar bem os investidores;

7. Ter os investidores como parceiros na decisão.

Para Fischhoff (1995), mesmo uma mensagem de conteúdo correto pode causar problemas,

quando apresentada de forma imprópria, nesse sentido, “tratar bem os investidores” significa

valorizá-los e respeitá-los, usando uma linguagem acessível, ajustada à gravidade do assunto e

despida de expressões hostis ou vagas. Quando suavizada em demasia, a comunicação de algo

grave pode levar a suspeições e/ou descrédito, o mesmo acontecendo com a comunicação não

verbal, quando desconectada do conteúdo ou contaminada por estados de humor.

Por fim, os resultados apresentados reforçam a necessidade de que a comunicação, no seu

conteúdo e forma, considere os aspectos vistos como relevantes pelos investidores, em

especial, no que tange às percepções de risco, contribuindo assim para a melhor decisão de

investimento e a construção de relacionamentos comerciais saudáveis e duradouros. Por

vezes, os investidores preferem eles próprios tomarem as decisões e precisam apenas de dados

numéricos para isso, ou esperam por ajuda para organizarem o pensamento (Morgan,

Fischhoff, Bostrom, & Atman, 2002, p. 5).

Page 49: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

49

5.1 Estudos futuros

Tendo em conta os resultados encontrados, alguns deles contrários às hipóteses firmadas e a

literatura sobre o tema, o autor entende que merecem ser melhor estudadas as conclusões de

que CFPs têm maior percepção sobre os efeitos adversos decorrentes dos investimentos, o que

pode ter origem na formação e educação continuada destes profissionais, baseada em

princípios éticos, que enfatiza também o planejamento patrimonial e proteção do investidor. O

mesmo vale para a maior percepção de desconfiança entre os CFPs, para saber em que medida

isso decorre dos padrões de conduta e práticas definidas pelo IBCPF e/ou o maior

conhecimento que os CFPs têm sobre as práticas condenáveis de mercado. Por fim, as

percepções de que os CFPs entendem que as instituições são muitíssimo reguladas, embora

isso não resulte em proteção dos investidores, deixa sem resposta o que está por trás dessa

ambiguidade, razão que o coloca também como objeto de estudos futuros.

Médicos e CFPs são bastante distintos entre si, mas também o são em relação às demais

categorias profissionais, sendo natural imaginar que os resultados encontrados podem não se

repetir em estudos semelhantes junto a advogados ou engenheiros, no lugar dos médicos,

assim como com profissionais da área de finanças não ligados ao mercado de investimentos

no lugar dos CFPs.

Estudos futuros, que tomem por base este material, farão bem em considerar que o

questionário da pesquisa foi respondido, voluntariamente, por médicos e CFPs em condições

que não representaram situações reais de tomada de decisão sobre investimentos e que a

tradução do questionário do inglês para o português não observou critérios científicos. Por

fatores desconhecidos, dentre os quais podem estar diferenças culturais e econômicas ou

mesmo o distanciamento no tempo entre a pesquisa atual e o estudo que lhe deu origem, não

foram bem-sucedidas as tentativas utilizando AFE, com o propósito de obter agrupamentos

consistentes e satisfatórios das vinte e cinco questões de risco aos cinco construtos, levando o

autor a assumir o agrupamento encontrado por Diacon & Ennew (2001), lembrando que tal

decisão pode comprometer a qualidade dos dados e produzir resultados menos precisos.

Também a limitação do número de produtos a seis e o tempo médio estimado de quinze

minutos para a resposta do questionário, respectivamente, são fatores que ora restringem a

abrangência da análise, ora podem ter gerado fadiga e déficit de atenção em alguns

respondentes, o que pode ser uma das causas das concentrações das respostas nas notas 1 e 7.

Embora o questionário da pesquisa não tenha incluído questões que permitissem inferir sobre

Page 50: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

50

o nível de renda dos médicos que responderam a pesquisa, o fato das respostas terem sido

colhidas por instituto de pesquisa junto aos profissionais com pelos menos dez anos de

atividade na Grande São Paulo e junto ao corpo clínico do Hospital Sírio Libanês (HSL), uma

instituição de referência, faz crer que é elevada a capacidade de investimento dos

respondentes se comparados ao universo dos médicos no Brasil. Por fim, o fato de o

questionário ter sido respondido sem que os respondentes conhecessem os conceitos de ruína

e benefício/retorno, pode ter resultado em interpretações errôneas, com possíveis reflexos

sobre as conclusões tiradas a partir delas.

Page 51: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

51

6 REFERÊNCIAS

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Page 55: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

55

7 APÊNDICES

APÊNDICE A - Mapa da literatura

Fonte: Elaboração própria (continua)

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Page 56: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

56

Fonte: Elaboração própria (continuação)

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Page 57: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

57

APÊNDICE B - Teste piloto: aplicação, resultados e ações corretivas

Foram criados no SurveyMonkey endereços de acesso distintos (i.e. links) para os

questionários, segundo a amostra pesquisada e estes foram, respectivamente, disponibilizados

no sítio do IBCPF/ANBIMA e no grupo dos CFPs no LinkedIn (ANEXOS A4 e B5) para

colher as respostas dos CFPs. Quanto aos médicos, foram enviados (1) e-mails a profissionais

do relacionamento do autor convidando-os a acessarem o link que os levaria ao questionário

no SurveyMonkey e (2) com a ajuda de profissionais do setor de saúde, bem como do

relacionamento do autor foram distribuídos envelopes, previamente selados e endereçados à

Coordenação da FGV-MPA, para médicos do Hospital Sírio Libanês e Hospital AC Camargo,

(3) outros questionários em papel foram distribuídos em consultórios médicos diversos, sem

relação com o autor. Os questionários beta foram colocados à disposição de 2.373

profissionais CFP no Brasil e 131 médicos da Grande São Paulo, como apresentado pelo

Quadro 23. Com base na facilidade de acesso do autor aos profissionais CFP, não foi testado

para eles a opção de entrega de questionários em papel.

Quadro 23: Inventário das respostas obtidas pelos questionários beta Fonte: Elaboração própria

O significativo percentual de mensagens ignoradas, pelos CFPs, sugeriu ser necessário maior

esforço do autor em utilizar a rede de relacionamentos para obter um número suficiente de

respostas. Os resultados obtidos com a aplicação do questionário beta junto aos médicos, em

meio eletrônico, foi bem melhor se comparado ao dos CFPs. A explicação pode estar no fato

de não ter acontecido a divulgação do link do questionário, em nenhum sítio na Internet

acessado pelos médicos, mas sim o envio via e-mails aos profissionais da rede de

relacionamentos do autor. O baixo percentual de retorno dos questionários em papel, embora

dentro das expectativas, sugeriu não ser esta uma prática produtiva de coleta de dados,

lembrando também que o tempo estimado para o preenchimento completo do questionário

beta pelos médicos foi de 18 minutos. 4 http://www.ibcpf.org.br/PlanejadorFinanceiro/Noticia/719 5 https://www.linkedin.com/company/353459?trk=prof-exp-company-name

Distribuídos Iniciaram Ignorados (a) Concluiram Drop out (b) Distribuídos Retornaram Ignorados Drop out (b)

CFPs 2373 31 99% 14 55% 0 0 - -Médicos 31 6 81% 3 50% 100 2 98% 0%

(a)

(b)

inclui as visualizações potencialmente ocorridas sem que o questionário tenha sido respondido e associados que não leram as mensagens veiculadas nos sítiosdo IBCPF e LinkedIn.drop out (i.e. percentual de pessoas que começaram a responder o questionário e não finalizaram).

INTERNET PAPEL/ENVELOPES

Page 58: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

58

O teste piloto apontou a necessidade de adotar, exclusivamente, o questionário eletrônico

(APÊNDICE B), abandonando a versão em papel. Também ficou clara a necessidade de

tornar mais amigável a navegação pelo corpo do questionário eletrônico, assim com ajustá-lo

para acesso via tablets e smartphones (i.e. construir blocos de perguntas sem a necessidade de

utilizar a barra de rolagem de páginas) e reduzir o número de produtos, ambos com o

propósito de diminuir o tempo de resposta, evitando o abandono do questionário antes da sua

finalização (i.e. drop out). A decisão de reduzir o número de produtos recaiu sobre as

LCI/LCAs e CRI/CRAs, em razão de serem eles produtos supostamente menos acessíveis aos

investidores médios, embora existam aí questões relativas ao risco do emissor e benefício

tributário, que enriqueceriam a análise.

Page 59: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

59

APÊNDICE C - E-mails trocados com o Professor Stephen Diacon

No início e decorrer do estudo, o pesquisador enviou e-mails para o Professor Stephen Diacon

da Nottingham University Business School, informando sobre a intenção de aplicar

questionário semelhante ao utilizado em Diacon & Ennew (2001) e Diacon (2004),

solicitando também permissão para tanto, bem como o envio do questionário original, no que

foi atendido, recebendo também recomendações de como conduzir a pesquisa no Brasil. Em

resposta, o Professor Diacon chamou a atenção para a questão da diferente dimensão histórica

entre as pesquisas, lembrando que os estudos publicados por ele ocorreram em 2001 e 2004 e

também para a necessidade de escolher produtos locais semelhantes aos estudados no Reino

Unido. Alertou, ainda, para a dificuldade e importância de encontrar pessoas dispostas a

responderem a pesquisa, haja vista tratar-se de questionário longo, o que presumivelmente

demandaria um tempo considerável para que as respostas fossem obtidas e concluiu por

desencorajar a tentativa de realizar o Teste de Similaridade de Fatores, ao lembrar-se das

dificuldades encontradas por ele próprio, quando da elaboração do seu trabalho.

Registre-se ainda que, posteriormente, o autor questionou e não obteve resposta, quando

indagou sobre o critério de apuração das médias e desvio padrão dos vinte produtos utilizados

pelo Professor Diacon, para convertê-los em uma única média e desvio para cada uma das

vinte e seis questões.

Page 60: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

60

Page 61: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

61

APÊNDICE D - Questionário final para Internet

Page 62: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

62

Page 63: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

63

Page 64: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

64

Page 65: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

65

Page 66: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

66

APÊNDICE E - As categorias profissionais dos médicos e CFPs

Médicos

O relatório “Demografia Médica no Brasil” (CFM-CREMESP, 2013) diz haver 364.757

médicos no Brasil, em 2010, com um crescimento do seu número entre 1920 e 2010, de

3,69%, superior, portanto, ao crescimento populacional de 2,05% no mesmo período (Tabela

1). De acordo com publicação mais recente, havia 415.306 médicos ativos em dezembro de

2015, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) (CFM, 2015).

Tabela 1 – Evolução do número de médicos e da população brasileira Fonte: (CFM-CREMESP, 2013), p.20

A média nacional de 2,00 médicos por mil habitante, varia muito de região para região.

Enquanto há 4,09 médicos por mil habitante no DF, no NE e mais especificamente no MA, há

0,71 médicos por mil habitante, bem abaixo da média de outros países emergentes, segundo a

Organização Mundial de Saúde (OMS).

Page 67: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

67

A região SE com 2,6 mil tem situação melhor que países como os EUA, Japão e Canadá,

embora abaixo da média de países do norte da Europa, sendo que as regiões SE e SU

concentram mais de 70% dos profissionais (Gráfico 6).

Gráfico 6 - Distribuição de médicos por Grandes Regiões Fonte: (CFM-CREMESP, 2013), p.150 Com o aumento das vagas em cursos de medicina, o Ministério da Saúde prevê chegar a

600.000 médicos até 2026, meta ambiciosa que representa taxa de crescimento de 3,40% aa

entre 2015 e 2026. Interessante notar o grande aumento da participação de profissionais do

sexo feminino, alterando de modo significativo e em curto espaço de tempo a pirâmide etária

e de gênero dessa categoria (Gráfico 7). Transformação tão importante que pode implicar na

necessidade de ajuste da comunicação e construção de estratégias de investimento que

respeitem as percepções de risco do sexo feminino.

Gráfico 7 - Pirâmide etária e de gênero dos médicos brasileiros em atividade

Page 68: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

68

Fonte: (CFM-CREMESP, 2013), p.27

Hipóteses testadas estatisticamente no estudo sobre o “Diagnóstico do perfil financeiro dos

médicos de Brasília”, publicado por (Magaldi, et al., 2014), revelaram que:

a. “Existe diferença entre gêneros quanto ao cuidado com as finanças pessoais. A análise de

dados comprovou que os homens se sentem mais preparados do que as mulheres para

investir, sem requerer orientação profissional. Entretanto, as mulheres tendem,

proporcionalmente, a não investir tanto quanto os homens”;

b. “Os médicos pouco planejam as aposentadorias, o que se concluiu depois de se fazer o

pareamento dos dados da porcentagem de renda destinada a investimentos e a

porcentagem da renda destinada à aposentadoria”;

c. “A hipótese de que a classe médica se endivida com frequência devido a descontroles das

próprias finanças foi desconsiderada, com base em resultados que indicam que a maioria

dos médicos entrevistados paga o valor total da fatura do cartão de crédito, evitando o

endividamento e não fazendo uso do cheque especial”;

d. “Quanto maior o tempo de profissão, maior a renda mensal. Contudo, não foi possível

obter a relação entre tempo de profissão e planejamento do plano previdenciário

recusando a hipótese de que os médicos jovens, por terem maior acesso à informação, se

preocupariam mais com sua aposentadoria”;

e. “A faixa etária com menor preocupação com o plano previdenciário foi a de 24 a 30 anos

e, na área de investimentos, a faixa etária de 31 a 37 anos é a mais propensa a confiar no

próprio conhecimento para investir. Entretanto, 38% dos médicos entrevistados se

mostram inclinados a buscar orientação profissional por falta de conhecimento ou por

confiança em consultorias anteriores”.

O estudo segue apresentando que pouco mais de 30% dos pesquisados não investem e que

igual número afirma possuir informações suficientes para decidir sobre seus investimentos.

Como mostra o Gráfico 8, chama a atenção a maior proporção de respondentes homens que

afirmam não necessitarem da ajuda de um especialista, por entenderem que possuem as

informações necessárias para investir (i.e. 35% masculino vs. 24% feminino), bem como a

maior proporção de mulheres que não realizam investimentos (i.e. 39% feminino vs. 26%

masculino).

Page 69: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

69

Gráfico 8 - Classificação de médicos por gênero que procuram orientação para investir Fonte: Adaptado de (Magaldi, et al., 2014), p.6

O estudo de (Magaldi, et al., 2014) foi feito junto aos médicos de Brasília, apresentando

dados recentes e escassos na literatura sobre a categoria profissional pesquisada.

CFPs

Do sítio do IBCPF (2015) na Internet se extrai que o “O Instituto Brasileiro de Certificação de

Profissionais Financeiros (IBCPF) é uma entidade de autorregulação, não governamental e

sem fins lucrativos, fundada em maio de 2000 por iniciativa de profissionais da área

financeira. O Instituto tem o papel de implantar, certificar e controlar a atividade de

planejador financeiro pessoal, necessária ao atendimento de uma demanda crescente de

clientes pessoais. A profissão de planejador financeiro certificado surgiu nos Estados Unidos

na década de 80. Em 2004, com o crescimento da certificação CFP®, foi criado o Financial

Planning Standards Board (FPSB), responsável pela divulgação, gerenciamento e controle do

uso das marcas CFP® fora dos Estados Unidos. Hoje, o FPSB congrega e supervisiona

entidades afiliadas de planejamento financeiro em 26 países, com cerca de 157 mil

profissionais certificados. No Brasil, o IBCPF é a única entidade afiliada ao FPSB e

autorizada a conceder a certificação CFP® para profissionais que atendam aos padrões

mundiais desta certificação, resumidos nos 4 E's: Exame, Educação, Experiência Profissional

e Ética.”

Informações colhidas no sítio do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais

Financeiros (IBCPF) e outras diretamente junto ao instituto, dão conta que em março de 2016

havia no Brasil 2.373 CFP®, sendo 65% homens, mais da metade entre 30 e 40 anos de idade,

0%

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NÃO:eutenhoinfosuficiente

NÃO:nãoinvisto SIM:melhorterorientação

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Feminino Masculino Total

Page 70: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

70

com 65% dos indivíduos atuando no estado de SP, 12% no RJ e 23% nos demais estados

brasileiros, distribuídos entre instituições financeiras e consultorias independentes de

investimentos.

Estudo global, realizado pelo FPSB (IBCPF, 2015), identificou que profissionais CFP são

mais bem avaliados em relação aos outros profissionais financeiros e que os consumidores os

classificaram como sendo mais qualificados que outros profissionais em características como

(IBCPF, 2016):

a. Honestidade e integridade (57% vs. 47%);

b. Entende minhas necessidades e objetivos (53% vs. 40%);

c. Coloca meus interesses em primeiro lugar (51% vs. 38%);

d. Provê informações relevantes em tempo adequado (50% vs. 39%);

e. Usa linguagem adequada ao invés de jargões financeiros (49% vs. 41%);

f. Ajuda a pessoa a manter os objetivos no caminho (51% vs. 35%); e

g. Ajuda a pessoa a criar um plano de ação (51% vs. 35%).

Page 71: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

71

APÊNDICE F - Obtenção das respostas junto aos respondentes

Com o propósito de preservar a integridade dos dados colhidos, por meio do questionário

eletrônico, para cada uma das amostras pesquisadas foram criados endereços eletrônicos de

acessos exclusivamente dedicados (i.e. links) na plataforma SurveyMonkey na Internet, esses

links foram então enviados aos potenciais respondentes entre setembro de 2015 e junho de

2016, via e-mail ou disponibilizados nas Intranets ou redes sociais dos grupos pesquisados.

Assim, para os CFPs foram utilizados os seguintes meios de disseminação dos links:

a. Publicação da pesquisa no sítio do IBCPF em 29/09/2015, encorajando os associados a

clicarem no link de acesso e responderem o questionário (ANEXOS A);

b. Publicação da pesquisa em 29/09/2015 no grupo IBCPF no sítio do LinkedIn, que

contava à época com 1.930 integrantes, informando sobre a realização da pesquisa e

encorajando os membros a responderem o questionário (ANEXO B);

c. Envio de mensagens em 05/02/2016, para relacionamentos do primeiro nível do autor no

grupo IBCPF do LinkedIn, sendo 65 homens e 24 mulheres, convidando-os a clicarem no

link disponibilizado e responderem o questionário;

d. Envio de mensagens entre 16/02/2016 e 30/06/2016, para o segundo nível de integrantes

do grupo IBCPF no LinkedIn, sendo 39 homens e 75 mulheres, convidando-os a clicarem

no link e responderem o questionário.

Quanto aos médicos, os links chegaram aos potenciais respondentes da seguinte forma:

a. Entre 28/01/2016 e 01/03/2016 foram enviados 60 e-mails contendo o link para o

questionário no SurveyMonkey a médicos da Grande São Paulo, com o mínimo dez anos

de atuação profissional, que consentiram em recebê-los, após consulta telefônica feita

pelo instituto de pesquisa KnowHow Innova, contratado para essa finalidade. Tais e-

mails continham explicações sobre a natureza da pesquisa, informações sobre o autor e

garantia de tratar-se de uma pesquisa acadêmica sem finalidade comercial. Por meio de

ligações telefônicas a sete médicos abordados pelo instituto de pesquisa, o autor auditou

terem eles de fato recebido o contato e e-mail para que respondessem o questionário da

pesquisa.

b. Publicação em 27/04/2016 da pesquisa na Intranet do Hospital Sírio-Libanês (HSL),

dirigida aos 3.200 profissionais integrantes do corpo clínico da instituição, a mensagem

Page 72: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

72

dirigida aos associados os encorajava a clicarem no link de acesso e responderem o

questionário no SurveyMonkey (ANEXO C).

Exceto pela contratação onerosa do instituto de pesquisa KnowHow Innova, não houve

vantagens, pagamentos ou incentivos dados a quaisquer das demais instituições, seus

associados ou iniciativas por elas suportadas, para que contribuíssem com o processo de

coleta de dados por meio do questionário. Cabe dizer que as dificuldades encontradas para

obter as respostas de médicos, provavelmente, se repetem para profissionais de outras

categorias do setor de saúde. A categoria dos médicos é submetida a rigoroso código de

conduta e observância de padrões éticos, o que faz com que toda pesquisa, até mesmo sobre o

comportamento pessoal de seus profissionais no trato das suas finanças, necessitem ser

aprovadas pelos comitês de ética das instituições a que pertencem. Também ocorre de

profissionais médicos autônomos, não raro esperarem receber o preço da consulta médica

para serem entrevistados, fato que decorre da frequência com que são abordados para

responderem pesquisas que, em grande parte, terminam por oferecer algum produto ou

serviço.

Page 73: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

73

APÊNDICE G - Seleção da empresa de pesquisa de mercado

Tendo em vista a dificuldade em obter a cooperação de instituições da área médica para

participar da pesquisa, empresas de pesquisa de mercado foram contatadas para avaliar a

possibilidade de executarem parte do trabalho de coleta de dados por meio da aplicação do

questionário junto aos médicos. Dentre as empresas procuradas, duas se interessaram e

apresentaram orçamento para a realização do trabalho de aplicação do questionário, quais

sejam a KnowHow Innova6 e Bridge Research7.

Durante as conversas, o autor detalhou o objetivo da pesquisa, o fato de já existir um

questionário para Internet no SurveyMonkey e a data de 01/03/16 como desejável para a

obtenção do dados. Foram exploradas formas de coleta de dados, tais como: o envio de e-

mails encorajando os médicos a clicarem em um link e responderem o questionário, ligações

telefônicas e, por fim, a realização de entrevistas presenciais. Estas últimas com maior grau de

dificuldade, uma vez que alguns médicos optam por cobrar o valor de uma consulta para dar

entrevistas, o que torna a alternativa mais onerosa. Foi discutida a utilização de filtros com o

propósito de melhor selecionar os potenciais respondentes, para elevar as taxas de resposta ao

questionário, bem como para selecionar médicos com maior renda disponível para investir.

Também foi útil descobrir que respondentes, de forma geral, toleram responder pesquisas que

tomem no máximo quinze minutos, sob pena de elevação substancial do drop out.

Ao final do processo de seleção das agências de pesquisa, o autor optou pela contratação da

KnowHow Innova, em função do orçamento apresentado, alinhamento dos filtros a serem

aplicados, método de abordagem aos respondentes e prazo de entrega dos dados.

6 http://www.knowhow.inf.br 7 http://www.bridgeresearch.com.br

Page 74: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

74

APÊNDICE H - Demografia completa dos médicos e CFPs

APÊNDICE H: Demografia completa dos médicos e CFPs Fonte: Elaboração própria

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Page 75: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

75

APÊNDICE H: Demografia completa dos médicos segundo a fonte dos dados Fonte: Elaboração própria

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Page 76: EDUARDO SANCHEZ PALMA AS PERCEPÇÕES DE RISCO SOBRE

76

APÊNDICE I - Análises Fatoriais ortogonal e oblíqua sobre os dados coletados

APÊNDICE I: Cinco cargas fatoriais das médias simples dos seis produtos, extraídas pelo critério de rotação ortogonal VARIMAX, para cada resposta do questionário. Fonte: Elaboração própria

F1 F2 F3 F4 F5

Com

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Q4 TRU Retardamento das perdas MED -0.19 0.09 0.15 -0.48 -0.32 0.39CFP -0.25 -0.36 -0.01 -0.48 0.64 0.83

Q11 TRU Entendimento complexo MED -0.12 -0.09 0.38 0.52 0.36 0.57CFP 0.08 0.08 -0.27 -0.70 0.09 0.58

Q12 TRU Inaceitável pressão de vendas MED 0.16 -0.16 0.09 -0.17 0.63 0.49CFP 0.78 0.15 -0.05 0.01 0.04 0.63

Q13 TRU Mau aconsselamento MED 0.21 -0.38 -0.25 0.17 0.13 0.30CFP 0.69 -0.05 -0.43 -0.07 -0.15 0.69

Q14 TRU Penalty para resgates MED 0.68 0.06 0.15 -0.19 0.05 0.53CFP 0.07 0.05 -0.32 -0.01 0.74 0.65

Q15 TRU Cobranças ocultas MED -0.05 -0.46 0.16 0.35 0.23 0.42CFP -0.06 0.12 -0.68 -0.20 -0.45 0.72

Q19 TRU Falta de ética MED 0.31 -0.57 0.12 0.15 0.01 0.46CFP 0.42 -0.19 -0.25 -0.37 -0.19 0.45

Q2 ADV Severidade MED 0.19 -0.06 0.57 -0.28 0.14 0.47CFP 0.24 0.67 -0.01 -0.13 0.19 0.56

Q8 ADV Perda total do dinheiro MED -0.02 0.01 0.81 -0.07 -0.09 0.67CFP 0.12 0.14 -0.66 0.01 0.32 0.57

Q9 ADV Efeito adverso na economia MED -0.16 -0.21 0.14 -0.05 0.57 0.41CFP -0.31 0.56 -0.30 0.03 -0.17 0.53

Q22 ADV Tempo de monitoramento MED -0.23 -0.06 0.24 -0.66 0.09 0.56CFP 0.01 0.01 -0.27 -0.03 0.01 0.08

Q23 ADV Informação prévia à compra MED -0.05 -0.15 -0.52 -0.24 -0.24 0.41CFP -0.30 0.15 0.14 0.24 0.36 0.32

Q24 ADV Ruína MED 0.37 -0.38 0.45 -0.06 -0.02 0.49CFP -0.10 0.79 -0.25 0.05 0.00 0.70

Q1 VOL Incerteza MED 0.26 -0.02 0.60 0.37 0.18 0.60CFP 0.70 0.09 0.32 -0.14 0.12 0.63

Q18 VOL Menos que a inflação MED 0.83 -0.07 -0.01 0.15 -0.02 0.71CFP 0.30 0.72 0.12 -0.05 0.01 0.62

Q25 VOL Retorno abaixo das expectativas MED 0.75 -0.13 -0.03 0.07 0.09 0.60CFP 0.74 0.29 -0.06 0.05 -0.05 0.64

Q26 VOL Depreciação do valor MED 0.63 -0.05 0.27 0.07 -0.20 0.52CFP -0.11 0.59 -0.30 -0.40 -0.10 0.62

Q5 DES Desconhecido pelos investidores MED 0.52 0.38 0.03 0.36 0.23 0.60CFP 0.74 0.00 0.19 -0.36 -0.03 0.72

Q6 DES Desconhecido pelos especialistas MED 0.06 0.44 0.34 0.03 0.09 0.32CFP 0.27 0.07 -0.11 -0.56 0.03 0.41

Q10 DES Perdas não observáveis MED 0.20 0.50 -0.15 0.07 0.49 0.56CFP 0.01 -0.10 -0.09 -0.11 -0.79 0.66

Q16 REG Pobre proteção ao investidor MED 0.21 -0.44 0.18 0.44 -0.06 0.47CFP 0.16 0.57 0.20 0.04 0.10 0.40

Q17 REG Não há regulamentação MED -0.11 0.01 0.10 0.67 -0.14 0.49CFP -0.06 -0.01 0.27 -0.61 -0.14 0.47

Q3 - Voluntariedade para investir MED 0.17 0.45 0.02 0.11 -0.11 0.25CFP 0.06 0.36 0.30 -0.50 -0.28 0.55

Q7 - Controle sobre o investimento MED -0.04 0.02 0.08 0.16 0.74 0.58CFP 0.18 0.29 0.41 -0.29 -0.15 0.39

Q20 - Risco varia de acordo com a empresa MED 0.15 -0.74 -0.08 -0.02 0.24 0.63CFP 0.51 0.00 -0.50 0.32 -0.12 0.63MED 12.3% 10.0% 9.9% 9.2% 8.5% 49.8%CFP 14.8% 12.6% 9.8% 9.8% 9.3% 56.3%

PERCENTUAISDEVARIÂNCIAEXPLICADA

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77

APÊNDICE I: Cinco cargas fatoriais das médias simples dos seis produtos, extraídas pelo critério de rotação oblíqua Direct Oblimin, para cada resposta do questionário. Fonte: Elaboração própria

F1 F2 F3 F4 F5

Com

unal

idad

e

Q4 TRU Retardamento das perdas MED -0.49 0.03 0.16 0.38 0.08 0.42CFP -0.28 0.08 -0.04 -0.06 0.86 0.83

Q11 TRU Entendimento complexo MED 0.55 0.44 0.20 -0.26 0.00 0.61CFP 0.39 0.28 -0.01 0.27 0.55 0.61

Q12 TRU Inaceitável pressão de vendas MED 0.39 0.05 0.13 -0.11 0.14 0.20CFP 0.67 -0.23 0.29 -0.18 -0.02 0.62

Q13 TRU Mau aconsselamento MED 0.28 -0.35 0.03 -0.28 -0.23 0.34CFP 0.63 -0.14 0.46 0.25 0.04 0.69

Q14 TRU Penalty para resgates MED 0.00 0.31 0.53 -0.35 0.42 0.67CFP 0.00 0.31 0.53 -0.35 0.42 0.67

Q15 TRU Cobranças ocultas MED 0.43 -0.04 0.38 -0.18 -0.35 0.49CFP 0.27 0.37 0.18 0.65 -0.06 0.66

Q19 TRU Falta de ética MED 0.52 -0.40 0.21 0.16 -0.24 0.56CFP 0.46 -0.25 0.05 0.34 0.22 0.44

Q2 ADV Severidade MED 0.40 0.18 0.26 0.54 -0.18 0.57CFP 0.45 0.42 -0.13 -0.32 -0.01 0.50

Q8 ADV Perda total do dinheiro MED 0.34 0.50 0.32 0.39 0.22 0.67CFP 0.19 0.38 0.55 0.01 0.17 0.52

Q9 ADV Efeito adverso na economia MED 0.04 0.69 0.02 0.18 -0.32 0.61CFP 0.04 0.69 0.02 0.18 -0.32 0.61

Q22 ADV Tempo de monitoramento MED -0.32 0.04 0.45 0.34 0.28 0.50CFP 0.05 0.07 0.10 0.04 0.15 0.04

Q23 ADV Informação prévia à compra MED -0.42 -0.50 -0.04 -0.14 0.13 0.46CFP -0.34 0.29 0.13 -0.27 -0.16 0.32

Q24 ADV Ruína MED 0.60 -0.12 0.24 0.20 0.20 0.51CFP 0.28 0.75 -0.04 -0.13 -0.22 0.71

Q1 VOL Incerteza MED 0.67 0.34 0.10 0.02 -0.17 0.61CFP 0.56 -0.44 -0.05 -0.32 -0.03 0.61

Q18 VOL Menos que a inflação MED 0.59 -0.35 -0.45 0.21 0.10 0.72CFP 0.54 0.33 -0.16 -0.41 -0.10 0.61

Q25 VOL Retorno abaixo das expectativas MED 0.58 -0.39 -0.34 0.20 -0.02 0.64CFP 0.70 -0.20 0.14 -0.26 -0.14 0.63

Q26 VOL Depreciação do valor MED 0.52 -0.15 -0.29 0.24 0.09 0.43CFP 0.36 0.69 -0.14 0.25 0.04 0.68

Q5 DES Desconhecido pelos investidores MED 0.40 0.24 -0.61 -0.05 0.00 0.59CFP 0.65 -0.49 -0.13 -0.06 0.13 0.70

Q6 DES Desconhecido pelos especialistas MED 0.00 0.44 -0.20 0.42 -0.38 0.56CFP 0.44 0.04 -0.03 0.25 0.35 0.38

Q10 DES Perdas não observáveis MED 0.10 0.31 -0.50 -0.25 0.44 0.61CFP 0.16 -0.19 -0.19 0.63 -0.37 0.64

Q16 REG Pobre proteção ao investidor MED 0.59 -0.21 0.10 -0.08 -0.19 0.44CFP 0.33 0.18 -0.22 -0.49 -0.03 0.44

Q17 REG Não há regulamentação MED 0.28 0.25 -0.04 -0.45 -0.33 0.45CFP 0.16 0.01 -0.63 0.16 0.27 0.52

Q3 - Voluntariedade para investir MED -0.10 0.20 -0.43 0.18 -0.25 0.33CFP 0.36 0.15 -0.67 0.06 0.05 0.61

Q7 - Controle sobre o investimento MED 0.40 0.36 0.05 -0.25 0.20 0.39CFP 0.37 -0.04 -0.43 -0.05 -0.16 0.35

Q20 - Risco varia de acordo com a empresa MED 0.44 -0.47 0.38 -0.08 0.18 0.60CFP 0.35 -0.12 0.62 0.12 -0.31 0.64MED 19.1% 9.4% 9.1% 7.3% 6.4% 51.2%CFP 16.8% 12.2% 10.2% 8.8% 8.0% 56.0%

PERCENTUAISDEVARIÂNCIAEXPLICADA

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8 ANEXOS

ANEXO A - Anúncio da pesquisa no sítio do IBCPF na Internet

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ANEXO B - Anúncio da pesquisa no Grupo IBCPF no LinkedIn

ANEXO C - Protocolo de realização da pesquisa junto ao HSL

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ANEXO D - Questionário da pesquisa realizada no Reino Unido

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Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, pp. 196-197)

ANEXO E - Tabelas estatísticas da pesquisa realizada no Reino Unido

Table I. Sample characteristics – lay and expert investors

Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, p. 185)

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Table II. Expert (E) and lay (L) risk perceptions of financial services products

Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, pp. 186-187)

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Table III. Do lay risk perceptions apply to the experts?

Fonte: (Diacon, Stephen, 2004, p. 188)