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EDUCAÇÃO AMBIENTAL Autores: Maria Luiza de Freitas Konrad e Sandra Maria Faleiros Lima Sumário I. Introdução II. Impactos Humanos e Educação Ambiental III. Conceitos e Correntes IV. O Educador Ambiental e os Contextos de Aprendizagem V. Conclusão VI. Atividades de Educação Ambiental VII. Referências

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Autores: Maria Luiza de Freitas Konrad e Sandra Maria Faleiros Lima

Sumário I. Introdução

II. Impactos Humanos e Educação Ambiental

III. Conceitos e Correntes

IV. O Educador Ambiental e os Contextos de Aprendizagem

V. Conclusão

VI. Atividades de Educação Ambiental

VII. Referências

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I. Introdução A questão ambiental ou a preocupação com a preservação ambiental está entranhada no mundo de hoje, nas mais diversas áreas. Todos têm conhecimento dos problemas ambientais, mas a maioria não se acha responsável pela resolução dos mesmos e apontam sempre um culpado, excluindo a si próprios. Os meios de comunicação trazem todos os dias notícias de alguma problemática ambiental ou, quando ocorrem, catástrofes naturais ou provocadas pelo homem. Veiculam também as atitudes que deveriam ter sido tomadas para se evitar ou minimizar tal situação. Como exemplo, por ocasião da incidência e aproximação de furacões, comenta-se sobre o estado de alerta, as precauções a serem tomadas, os estragos após os mesmos e ainda apontam o culpado pelo aumento da incidência desta tragédia como sendo o aquecimento global.

E sobre o aquecimento global, os responsáveis são os que produzem gases, principalmente o dióxido de carbono, que agrava o efeito estufa, que por sua vez aquece a terra. Todos nós produzimos gás carbônico ao respirarmos, enquanto liberamos energia para viver, mas setores produtivos como as fábricas, grandes empresas, indústrias, animais da produção pecuária, entre outros, geram uma quantidade muito maior de dióxido de carbono durante os processos de produção, que promovem um desequilíbrio na ciclagem desse gás na natureza. Esses setores produtivos obtêm lucro com essa produção, porém na maioria das vezes não se preocupam com o alto montante de carbono gerado e liberado no meio ambiente. É um custo ambiental que não é computado e, portanto, não há preocupação em minimizar ou recompor esse ambiente que sofreu alterações.

Felizmente, a possibilidade do aquecimento global desencadeou pesquisas e atitudes globais como a diminuição da queima de combustíveis fósseis, preferência por energia limpa e até o pagamento de créditos de carbono para quem refloresta.

Não restam dúvidas de que as ações para dar conta de formar o “cidadão ambiental” devam ser sociais, políticas, econômicas, éticas, entre outras, mas devemos pontuar que os educadores ambientais não podem prescindir de conhecimentos científicos dos problemas ambientais, por mais que as preocupações da Educação Ambiental (EA) sejam atuais, próprias, evoluídas e estejam ancoradas num paradigma atual, pois esses conhecimentos são extremamente necessários para as ações, considerando que não se cuida do que não se conhece.

O objetivo desta Unidade é estudar os impactos humanos ao ambiente na perspectiva de educação ambiental, os conceitos e as correntes em EA e algumas sugestões de atividades de educação ambiental.

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II. Impacto Humano e Educação Ambiental Desde a existência dos primeiros homens sobre a Terra, temos a modificação da natureza pelo homem para produzir meios para sua sobrevivência. Então, passamos a viver em uma natureza transformada por sua ação. Não se pode conceber nem a natureza nem o homem sem pensar a ação do homem sobre a natureza. Às vezes, se tem a impressão que o homem e a natureza são inimigos, não podendo um deles sobreviver sem que o outro se debilite ou morra. A solução para esse conflito de interesses seria o desenvolvimento sustentável. Todos apoiam este conceito, mas sempre que o debate ultrapassa a palavra ressurge a oposição entre o “lado da natureza” e o “lado do desenvolvimento econômico” (CHARLOT; SILVA, 2005).

Os estudos de ecologia não darão conta, sozinhos, de resolver os problemas ambientais, mas seus conhecimentos são imprescindíveis para a resolução destes problemas. Os ecólogos estudam os sistemas naturais, que estão em risco pela ação antrópica, devido ao aumento sem controle de sua população ou pelas consequências de suas ações que promovem desequilíbrios consideráveis, como: o acúmulo de gás carbônico e consequente aquecimento global, perda de biodiversidade, produção de lixo, poluição, contaminação em menor ou em maior grau, catástrofes, devastação, avanço em áreas preservadas, desertificação. Então, vale a pena tratar brevemente sobre alguns aspectos da ecologia em ambiente natural e ambiente urbano.

Ecossistemas Naturais Perturbados

Em ecossistemas naturais, os elementos como o oxigênio, o carbono e a água são mantidos nos ciclos biogeoquímicos, em quantidades ideais para a manutenção da vida nos ambientes. O aquecimento global, em resumo, é resultado principalmente do aumento de gás carbônico na atmosfera.

Em ambientes naturais não perturbados, o gás carbônico produzido na respiração dos seres vivos e lançado ao meio é absorvido pelos seres fotossintetizantes (plantas, algas) que o transforma em carboidratos incorporados ou é oxidado na respiração e assim se fecha o ciclo do carbono. Nesse caso, há um equilíbrio entre o carbono lançado e o retirado neste ambiente. Quando se lança mais gás carbônico no meio do que o que consegue ser retirado pela fotossíntese, ocorre um acúmulo de gás nesse ambiente. O acúmulo desse gás forma uma redoma na atmosfera da terra que permite a entrada de raios solares e dificulta a sua reflexão, aquecendo o

Saiba mais Você se lembra do ciclo do carbono, estudado no módulo 2? Vamos relembrá-lo?

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ambiente, semelhante ao que ocorre em estufas cobertas com plástico. Por isso, o aquecimento global é também chamado efeito estufa.

Figura1: Aquecimento Global Como os combustíveis fósseis são oriundos de um estoque em jazidas, sua queima só gera liberação de CO2 na atmosfera e o aumento deste gás contribui com o agravamento do efeito estufa. A relação que existe entre o uso de energias limpas (solar, eólica) ou dos biocombustíveis com a diminuição do aquecimento global é simples. As energias limpas são assim denominadas por não emitirem nenhum produto na natureza que possa desequilibrar os ciclos de carbono ou da água, enquanto são produzidas, porém, ainda não é acessível em larga escala. Já no caso dos biocombustíveis se considera que para a produção do álcool ou biodiesel ocorreu um período de fotossíntese nas plantas produtoras e que, portanto, ocorre uma compensação entre o gás carbônico produzido na queima e o

sequestrado (retirado da natureza) no período de crescimento e

desenvolvimento destas plantas produtoras. As usinas hidrelétricas apesar de limpas em sua geração de energia tendem a ser criticadas pelo forte impacto ambiental e social que provocam durante a sua construção, como o deslocamento de pessoas de suas terras, perda de biodiversidade, do patrimônio natural, degradação nas áreas de empréstimo de onde é retirado o solo para construção do aterro, mudança do habitat dos seres aquáticos e terrestres da região.

Saiba mais Sobre a mitigação de impactos ambientais na implantação de barragens http://www.abrh.org.br/novo/xvii_simp_bras_rec_hidric_sao_paulo_024.pdf

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Atividade Complementar 1

Pesquise e descreva os impactos ambientais e sociais provocados pela construção de uma usina hidrelétrica.

Biodivesidade

As espécies diferem entre si por se adaptarem aos ecossistemas diversos ou em suas tolerâncias aos diversos fatores ambientais como água, luz, concentração de oxigênio, temperatura, tipos de solo. As adaptações definem seu lugar na natureza e as variações constituem a diversidade ecológica. A biodiversidade é, também, resultado da seleção natural sobre as variações genéticas de uma dada população, processo conhecido como evolução. A variabilidade ou diversidade genética entre e dentro das espécies é um componente importante para a resposta das populações às mudanças do ambiente. Á medida que se diminui a biodiversidade o risco de perda de espécies aumenta (RICKLEFS, 2003). Imagine que uma população tenha uma grande biodiversidade, comparada com outra com uma baixa biodiversidade. Quando surge uma situação de catástrofe ou mudança no ambiente, uma população com grande variabilidade terá mais chances de apresentar indivíduos que possuam características desejáveis ou que se adaptem a esse ambiente e, por isso, terá mais chances de sobrevivência e de permanência desta espécie.

As catástrofes ambientais podem dizimar todo tipo de vida onde ocorre e nunca são esperadas ou de modo geral é somente nas catástrofes que nos lembramos dos riscos ou das medidas preventivas a serem tomadas antes que elas ocorram. Diante de catástrofes, como a que ocorreu com o afundamento do petroleiro Prestige na costa da Espanha, Meira-Cartea (2005) comenta que fica evidente a “fratura ambiental” provocada pelo desenvolvimento do mercado global e se tornam evidentes as medidas que deveriam ser tomadas para se evitar os efeitos colaterais do neoliberalismo sobre o ambiente. Nota-se que estão falhos os sistemas tecnocientíficos de controle de risco, o aparato normativo e legal tanto estatal como internacional, mecanismos de compensação econômica, em que normalmente quem contamina não paga, de reinvestimento em medidas paliativas ou preventivas da riqueza gerada e o Estado que não protege os interesses da cidadania. Este é um dos desafios mais importantes para a educação ambiental, o de tornar inteligível para os diferentes setores da cidadania esta realidade tão complexa, que vai além das consequências ambientais, sociais e econômicas. Existe uma reação maior para o fato em si do que para com os motivos ou causas que as provocaram.

Atividade Complementar 2

Investigue e descreva uma catástrofe que tenha ocorrido no Brasil, como, por exemplo, a que ocorreu com a liberação do Césio 137 em Goiânia, ou outra qualquer e pontue as falhas

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ocorridas que fizeram com que a tragédia se instalasse (tecnocientíficos de controle de risco e esclarecimento), as compensações econômicas se ocorreram e como ocorreram e os danos ao meio ambiente e à população. Existe até um filme sobre o assunto: http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9sio_137_-_O_Pesadelo_de_Goi%C3%A2nia

Segundo Ricklefs (2003), a solução dos problemas ambientais

exige a aplicação de princípios gerais de ecologia nas esferas de ação política, econômica e sociais. Resultados de estudos das adaptações dos organismos e dinâmica das populações, desenvolvidos pela ciência da ecologia, sugerem o desenvolvimento racional e manejo da natureza visando a um sistema sustentável e autorrestaurador, com condutas simples para a vida em harmonia com o mundo natural, como as que o autor sugere a seguir.

1. Para manter uma qualidade individual de vida em alto nível, é necessária uma restrição na reprodução, pois os recursos naturais do planeta não conseguem acompanhar as demandas crescentes de modo sustentável. 2. Para reduzir o impacto humano sobre a natureza se aconselha uma diminuição do consumo de energia, que por sua vez deve ser de fonte renovável como a eólica e a solar e uma alimentação em níveis tróficos mais baixos, ou seja, preferir alimentos vegetais ao invés de carne. Os ecossistemas devem ser mantidos o mais próximo de seus estados naturais, pois quanto menos os alterarmos, mais fácil será manter o ambiente sustentável e com menores custos. No caso de uso racional de combustíveis, a mudança da matriz energética de fóssil para a renovável traz os benefícios econômicos e ambientais por evitar a instabilidade de preços do petróleo, mudanças climáticas e emissão de gases de efeito estufa, além da segurança de sua não limitação. 3. Os recursos naturais devem ser utilizados sem degradar ou exaurir o ambiente. São muitas as estratégias que promovem a sustentabilidade, entre elas podemos citar a sustentabilidade de ecossistemas naturais pela manutenção da vegetação natural quando associada ao manejo extrativista pelas comunidades indígenas ou tradicionais, o turismo ecológico, a agroecologia, entre outros. Uma boa estratégia de conservação ambiental é o ecoturismo ou turismo ecológico, isto é, a prática de visitar habitats naturais com animais e plantas não perturbados, que alia o fator econômico e recreativo. 4. Também a urbanização deve ser planejada para evitar impactos ambientais no solo, água e ar, poluição visual e sonora como consequência da urbanização desordenada. Converter sistemas naturais para uso humano, como é o caso de converter

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florestas em monoculturas, além de diminuir a diversidade, aumentando a possibilidade de extinção, lixivia, contamina e saliniza ou desertifica o solo, além dos altos custos da produção pelos insumos externos a serem alocados. Quando o desenvolvimento econômico leva em consideração os valores ecológicos, ele se aproxima da sustentabilidade (RICKLEFS, 2003). 5. Sato, Gauthier e Parigipe (2005) referenciam a cultura e a identidade indígena ou africana como perspectivas de intercâmbios de informações dos saberes acumulados, evocando as relações sociais, na elaboração de propostas democráticas para as políticas públicas, uma vez que carregam em si as experiências dos antepassados. Estes saberes podem ajudar a construir outra alternativa para o desenvolvimento econômico que se aproxima de ambientes naturais como a agroecologia. Partindo de uma abordagem sistêmica e metodologias pluralistas, este manejo busca integrar os saberes históricos de agricultura, com o conhecimento de diferentes ciências para estabelecimento de novas estratégias mais sustentáveis. A agroecologia se encontra no campo que Morin (1999) identifica como do pensar complexo, que se esforça para operar diferenciações, e não se enquadra, portanto, no paradigma convencional, reducionista, que não consegue reconhecer o problema da complexidade. Para Altieri (2002), agricultura sustentável é aquela que utiliza de tecnologias de manejo ecologicamente adequadas e que otimiza o sistema como um todo e não busca o rendimento máximo de um produto específico, mas rendimentos duráveis a longo prazo. 6. Sobre as atividades extrativistas, quando bem conduzidas, parece ser uma excelente opção para se fortalecer as culturas das comunidades envolvidas e estas, por sua vez, conservam o ambiente na sua condição natural, devendo ser evitado o extrativismo predatório.

O educador ambiental em suas ações deve considerar os

conhecimentos de ecologia, a deterioração global, as características e particularidades dos ecossistemas naturais e urbanos, as diferenças culturais de populações envolvidas e, ainda, a qualidade de vida humana e suas relações pautadas em ética, mantendo um olhar crítico para as ações políticas, empresariais e de comércio. Esses e outros setores de modo geral também se preocupam, verdadeiramente ou não, com a preservação da natureza, uma vez que a sustentabilidade é um forte aliado para melhorar o marketing das empresas, instituições ou do comércio. Quanto a este fator, todos se rotulam preocupados com o meio ambiente, com a produção sem impacto ambiental e ainda partilham lucro com os que participam do processo produtivo.

Se os recursos da Terra forem manejados de forma sustentável talvez possamos atender às necessidades de todos os seres vivos,

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inclusive o bem-estar do ser humano. A pobreza, tanto quanto a opulência, pode causar problemas ao meio ambiente. O desenvolvimento sustentável não é centrado na produção e sim nas pessoas. Deve ser equitativo, agradável e apropriado, tanto ao meio ambiente quanto à cultura, história e sistemas sociais do local em que ocorre (DIAS, 2004).

Atividade Complementar 3

Faça uma pesquisa no dicionário e em livros de educação ambiental para descrever o que é sustentabilidade.

Para se alcançar a sustentabilidade o “Programa Cone Sul Sustentável”, formado pelas organizações cidadãs do Brasil, Chile, Uruguai e Argentina, formam o “Pacto de ação Ecológica da América Latina (PAEAL)”, os quais propõem um “espaço ambiental” que fixa o teto máximo de uso e consumo de recursos para a capacidade de carga do planeta e um piso mínimo ou quantidade de recursos mínimos que uma pessoa necessita para viver (Figura 2). Em outras palavras, o PAEAL propõe uma economia solidária de mercado regulado, por meio de políticas de suficiência e mudanças na cultura de consumo. O hiperconsumismo não é ecologicamente sustentável e deve possuir um teto máximo permitido, mas a privação e a fome são socialmente insustentáveis e devem ter um nível socialmente digno para diminuir as desigualdades do espaço ambiental (SATO; GAUTHIER; PARIGIPE, 2005).

Figura 2: Espaço ambiental da linha da dignidade. Fonte: Larrain, Leroy e Nansen, 2002.

Considerando alternativas ecologicamente corretas, Gutiérrez-

Pérez (2005) questiona a filantropia presente no crescimento das obras sociais de bancos e multinacionais que geram “empregos ou produtos verdes”. Entre vários exemplos cita a inadequação de empregos gerados pela venda a preços altíssimos de produtos ecológicos que só podem ser adquiridos pela elite ou ainda os gerados pela oferta de cursos extraescolares destinados a filhos das

ESPAÇO AMBIENTAL disponível/capta

HIPERCONSUMISMO

(ecologicamente não-sustentável)

Teto (uso máximo permitido

do espaço ambiental/capita)

PRIVAÇÃO

(socialmente não-sustentável)

Piso (uso mínimo socialmente

necessário

do espaço ambiental/capita)

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classes ricas como aprender valores ecológicos, acariciar coelhinhos, brincar com alface, sem entender a miséria que vive o agricultor que ganha um real pelo quilo de cereja vendida a dez no mercado. Ou ainda os discursos ambientais eleitoreiros e as empresas que instalam sistemas integrais de gestão ambiental no final do seu esgoto, ilustrar seus produtos com ecoetiquetas enquanto exploram seus empregados com 14 horas diárias de trabalho e baixos salários.

Ecossistemas Urbanos

De modo geral quando comentamos sobre meio ambiente, pensamos logo nos ecossistemas naturais preservados e, por isso, é muito importante tratar em um tópico separado o ecossistema urbano, que possui características próprias, tentando assim dar ênfase ao olhar para este ambiente onde vive a maior parte dos seres humanos e nele interagem.

Os ecossistemas urbanos apresentam um metabolismo muito mais intenso por unidade de área que os ecossistemas rurais e neles existem um influxo de energia e de materiais e intensas saídas de resíduos. Esses ecossistemas podem ser considerados parasitas porque produzem pouco ou nenhum alimento, poluem o ar e reciclam pouca ou nenhuma água e materiais. Podem ser considerados simbióticos quando exportam mercadorias, serviços, dinheiro e cultura (ODUM, 1985).

Os sistemas naturais se tornam mais estáveis à medida que aumentam a sua complexidade, ao contrário do que ocorre com os sistemas urbanos, que se tornam mais frágeis à medida que se tornam mais complexos. Entre os vários níveis de consumidores, os mamíferos dominam a área e o homem, de modo geral, não se alimenta de plantas ou animais que vivem nela. Como as cidades ocupam o mesmo nicho dentro da biosfera e exploram os mesmos recursos ocorre uma competição cada vez mais intensa pelos recursos, gerando pressões ambientais cada vez mais fortes comprometendo a qualidade de vida (DARLING; DASMANN, 1972).

Boyden e colaboradores (1981) pontuam que a cidade sob o ponto de vista ecológico se assemelha a um animal gigantesco e imóvel, que consome oxigênio, água, combustíveis e alimentos o tempo todo, excretando dejetos orgânicos e gases. Enfatizam que não sobreviveria por mais de dois dias sem a entrada dos recursos naturais dos quais depende.

Os ecossistemas urbanos afetam e são afetados, ou seja, interdependem tanto dos ecossistemas locais quanto da biosfera inteira. As ilusões de autossuficiência são desfeitas quando interrompe o fluxo de energia, como por exemplo, falta de energia elétrica ou água provocando transtornos e impondo mudanças no cotidiano das pessoas. As migrações da área rural para as cidades, acentuadas pelo modelo de desenvolvimento econômico, geram inchaços nos centros urbanos e consequente fonte de aumento da instabilidade da biosfera (DIAS, 2004).

A construção das cidades altera os ambientes naturais onde são erguidas, criando um ambiente novo, com demandas únicas onde

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cada habitante consome diariamente 560 litros de água, 1,8 kg de alimentos, 8,6 kg de combustível fóssil e produz cerca de 450 litros de água suja, 1,8 kg de lixo e 0,9 kg de poluentes do ar (UNESCO/UNEP, 1983, citado por DIAS, 2004).

Com o intuito de tornar os cidadãos do mundo mais sensíveis às questões ambientais, diversos índices de avaliação foram criados.

Entre esses esforços se destaca um modelo de análise que permite estabelecer claramente as relações de dependência entre o ser humano, suas atividades e os recursos naturais necessários para a sua manutenção. Este modelo é o Ecological Footprint Analysis ou Análise de Pegada Ecológica, desenvolvida por Wackernagel e Rees (1996). O modelo destes autores, economistas e engenheiros, é simples, objetivo e bem fundamentado. A análise da pegada ecológica é um instrumento que permite estimar os “requerimentos de recursos naturais necessários para sustentar uma dada população”, ou seja, “quanto da área produtiva natural é necessário para sustentar o consumo de recursos e assimilação de resíduos de uma dada população”. É a área total de ecossistemas que é essencial para a contínua existência de uma cidade. A pegada ecológica é dada em valores de ha/pessoa e leva em conta o espaço ocupado pelas pessoas, estimativas da área necessária para a produção dos alimentos, água, madeira, papel, combustíveis e energia consumidos e também para a reciclagem de resíduos sólidos (DIAS, 2004).

É apresentado a seguir um quadro comparativo (Tabela 1) entre as características dos ecossistemas naturais e urbanos (UNESCO/UNEP/ IEEP, 18, 1986).

Tabela 1: Quadro comparativo entre as características dos ecossistemas naturais e humanos

(Unesco/Unep/ IEEP, 18, 1986).

Ecossistemas Naturais Ecossistema Humano

ENERGIA

São sustentados por uma fonte ilimitada de energia: radiação solar.

Atualmente sustentados por uma fonte finita de energia: combustíveis fósseis

Não acumula energia em excesso.

O consumo excessivo de combustíveis fósseis libera muito calor para a biosfera e altera a temperatura. A energia nuclear e a concentração artificial da energia solar produzem efeito similar.

Nas cadeias alimentares, cerca de dez calorias de um organismo são necessárias para produzir uma caloria de outro (10:1).

Nas cadeias alimentares são necessárias cem calorias de combustível fóssil para produzir dez calorias de alimentos que produzem uma caloria no homem (100:1).

EVOLUÇÃO

A evolução biológica adapta todos os organismos e o seu sistema de suporte aos processos que sustentam a vida.

A evolução cultural atualmente subordina os organismos e os sistemas de suporte da Terra aos processos que sustentam a tecnologia.

POPULAÇÃO

Mantém os níveis de população de cada espécie dentro dos limites estabelecidos pelos controles e balanços naturais, incluindo fatores como alimento, abrigo,

Permite que as populações cresçam tão rapidamente quanto pode aumentar a disponibilidade de alimentos e abrigos, e elimina inimigos naturais e doenças via biocidas e

Internet Saiba medir sua pegada

ecológica clicando no link a seguir: http://www.pegadaecologica.org.br/

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doenças e presença de inimigos naturais. medicamentos.

COMUNIDADE

Apresenta uma grande diversidade de espécies que vive nos limites do local dos recursos naturais.

Tende a ser mais regulamente dispersa no ecossistema.

Tende a excluir a maioria das espécies e é sustentada por recursos provenientes de áreas além das áreas locais.

Tende a se concentrar em locais determinados pela proximidade de grandes corpos d'água ou pela conveniência da rede de serviços. Em certos países 95% da população habita 5% da área.

INTERAÇÃO

As comunidades são organizadas em torno das interações de funções biológicas e processos. A maioria dos organismos interage com uma grande variedade de outros organismos.

As comunidades são organizadas, de modo crescente, em torno de interações de funções e processos tecnológicos.

São imediatamente governados por processos comuns, naturais, de controle e equilíbrio, incluindo a disponibilidade de luz, alimentos, água, oxigênio, habitat e a presença ou ausência de inimigos naturais e doenças.

São imediatamente governados por um conjunto de competições de controle cultural e equilíbrio, inclusive de ideologia, costumes, religião, leis, políticas e economias. Esse acordo considera um pouco, ou não considera, os requerimentos para a sustentação da vida, que não seja humana.

EQUILÍBRIO

São imediatamente governados por processos incluindo a disponibilidade de luz, alimentos, água, oxigênio, hábitat e a presença ou ausência de inimigos naturais e doenças

São imediatamente por um conjunto de composições de controle cultural e equilíbrio, inclusive de ideologia, costumes, religião, leis, políticas e economias. Esse acordo considera um pouco, ou não considera, os requerimentos para a sustentação da vida, que não seja humana

Para exemplificar com maiores detalhes as interações de um

ecossistema urbano com os ecossistemas local e global, serão listadas abaixo algumas das características dos socioecossistemas urbanos (17 de 33) encontradas durante a determinação da pegada ecológica de três cidades do Distrito Federal, calculada por Dias (2000).

Nestes ecossistemas urbanos: 1. O sol é substituído por combustível fóssil, para desenvolver a maior parte das atividades. 2. O animal predominante é o ser humano, sendo os indivíduos e os grupos fortemente territoriais. Possui requerimentos culturais, além dos requerimentos biológicos. 3. Apresenta alta produtividade social e exportam informação, tecnologia e serviços para outros ecossistemas. 4. Abriga grande diversidade de atividades por área e alta frequência de interações. 5. Entrada de matéria e energia além do necessário; é heterotrófico. Continua a crescer, mesmo quando a sua capacidade de suporte já foi atingida. 6. Uso excessivo de recursos naturais por unidade de área (megametabolismo), com um prodigioso “apetite” por energia. 7. É parasita dos ecossistemas circunjacentes e globais. Opera efetivamente fora de suas fronteiras.

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8. Exporta a maior parte dos seus impactos negativos para os demais ecossistemas. 9. Não têm produtores suficientes em suas próprias áreas, para dar suporte a sua população; seus componentes autotróficos não atendem a suas demandas. 10. Um grupo restrito de indivíduos tem acesso a suas “benesses”. 11. É mais quente do que as áreas circunjacentes (Ilha de calor). 12. Nas suas atividades de transformação, há um crescente acúmulo de carbono. 13. Os seres humanos buscam incessantemente/ crescentemente esse ecossistema. A migração responde por problemas graves (aumento da pressão sobre os recursos naturais, sobre os serviços e equipamentos urbanos, sobre o desemprego, a violência e o estresse, além de alterar profundamente a sua estrutura e a sua dinâmica). 14. Do megametabolismo sobram detritos que interrompem os ciclos biogeoquímicos. 15. A espécie dominante, por meio da tecnologia, aumenta o fotoperíodo desses ambientes e reduz as suas horas de sono, dedicando mais tempo às atividades. 16. É gerador de ruídos. Os seus habitantes são submetidos a ruídos de fundo que predominam na maior parte do seu fotoperíodo. 17. Oferecem infinitos nichos para roedores, insetos e algumas aves.

Atividade Complementar 4

Observe cada um dos itens acima, analisados por Dias (2000)

nas três cidades do entorno de Brasília, e compare com o local

onde você mora. Descreva em quais itens são semelhantes ao de sua cidade, bairro ou região. Se você reside em área rural,

provavelmente apresentará muitos itens diferentes do

apresentado pelas cidades do entorno de Brasília. Por exemplo: Se você mora em uma fazenda ou zona rural, no

item 15, se não tiver energia elétrica, seu fotoperíodo será

semelhante ao de ambientes naturais que acompanha o nascer e o por do sol. No item 16, o seu ambiente não será gerador de

ruídos que incomodem (barulho de carros e máquinas), apenas

os ruídos de outros animais do ecossistema natural. No item 17, seu ambiente também oferece nichos para roedores, insetos,

mas, talvez em menor proporção.

Considerando todas as modificações resultantes da interação

homem-ambiente se faz necessário refletir sobre as ações do homem na Terra. Pena-veja (2003) cita Edgar Morin (1973) para chamar a

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atenção sobre a “reforma do pensamento” no sentido de incorporar uma nova abordagem antropo-social à ciência da ecologia:

Em outras palavras, as ciências do homem e da natureza

teriam uma dificuldade maior de se integrarem em seus

postulados conceituais, principalmente em termos de

unidades de interação vida/natureza/homem/

sociedade, indispensáveis para explicar os

procedimentos complexos de adaptação, sobrevivência e

desaparecimento que governam a evolução dos

ecossistemas. Parece desde logo necessário proceder a

uma tentativa de “reforma do pensamento” teórica e

conceitual, a fim de incorporar nas ciências do homem o

conceito de vida e/ou, inversamente, uma ciência da

ecologia capaz de integrar, em seu desenvolvimento

reflexivo, uma nova abordagem à dimensão antropo-

social (EDGAR MORIN, 1973, citado por PENA-VEGA,

2003).

Considerando a ecologia apenas como ponto de partida e, para

fortalecer este desafio, tão necessário e urgente que é a educação ambiental, passaremos a percorrer e refletir sobre os conceitos e correntes, os contextos de aprendizagens e alternativas pedagógicas discutidos por vários autores desta área, com a intenção de desmistificar a ideia de que há uma proposição melhor que outra ou mais válida e pontuar que cabe ao educador ambiental o papel da melhor escolha diante do seu contexto.

III. Conceitos e Correntes

Antes de falarmos em conceitos de Educação Ambiental é preciso tecer algumas considerações de como surgiu a interdisciplinaridade, conceito importante para a educação ambiental. A interdisciplinaridade, uma proposta epistemológica que tende a superar a excessiva especialização da disciplinaridade e que parte da premissa de que a realidade divisível para fins de estudos é indivisível em seus componentes cognitivos, surgiu dois anos após o Seminário sobre interdisciplinaridade, organizado em Nice, em 1970, pelo Centro para Investigação e Inovação do Ensino (CERI), pela publicação do livro “Interdisciplinaridade. Problemas do ensino e da pesquisa nas universidades”, que foi emblemático para os especialistas em Educação.

Em 1977, realizou-se em Tbilisi a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental que preconiza que a Educação Ambiental exige interdisciplinaridade, ou seja, uma cooperação entre as disciplinas tradicionais para se entender a complexidade dos problemas do meio ambiente e formular soluções. Atualmente, a noção de interdisciplina está se deslocando para a de complexidade que é a junção de

Saiba mais Interdisciplina é a integração recíproca de métodos e conceitos de diversas disciplinas e Multidisciplina é a justaposição de disciplinas.

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elementos heterogêneos inseparavelmente associados a partir de várias escolas de pensamento (GONZÁLEZ-GAUDIANO, 2005).

Vários cientistas e filósofos contribuíram para a rápida

expansão do estudo e da reflexão sobre os sistemas complexos, entre eles, Morin diz:

A missão da educação para a era planetária é fortalecer

as condições e possibilidades de emergência de uma

sociedade-mundo composta por cidadãos protagonistas,

consciente e criticamente comprometidos com a

construção de uma civilização planetária [...] É preciso

promover as ações conservadoras para fortalecer a

capacidade de sobrevivência da humanidade e, ao

mesmo tempo, é preciso promover as ações

revolucionantes inscritas na continuação e no progresso

da hominificação. [...] o desenvolvimento deveria ter

como finalidades: viver com compreensão, solidariedade

e compaixão. Viver melhor, sem ser explorado, insultado

ou desprezado. Isso pressupõe que no prosseguimento

da hominização, exista necessariamente uma ética do

desenvolvimento, sobretudo porque já não há uma

promessa e uma certeza absoluta de uma lei do

progresso. (MORIN, 2007, p. 98-100-105).

A Educação Ambiental no Brasil surge com ações da sociedade

civil, prefeituras e governos estaduais, em ações de recuperação, conservação e melhoria do meio ambiente, mesmo antes de sua institucionalização pela criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), em 1973, vinculada à Presidência da República. Em 1988, a Constituição Federal estabeleceu no inciso VI do artigo 225, a necessidade de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Lei Federal n. 6.938/1981, Política Nacional do Meio Ambiente, soma a ideia da participação social (cidadania) em prol da qualidade ambiental. A LDB n. 9.394/1996 menciona a exigência de que o ensino fundamental compreenda o ambiente natural e social, e que os currículos do ensino fundamental e médio devem abranger obrigatoriamente conhecimentos do mundo físico e natural e da realidade social e política (HENRIQUES et al., 2007).

Entre 1997 e 2000 são aprovados os PCNs que propõem um modelo curricular flexível e que a EA ocorra como tema transversal na sala de aula, onde todas as disciplinas estejam envolvidas no desenvolvimento deste saber, pela urgência social e abrangência do tema. (HENRIQUES et al., 2007).

A Lei n° 9.795/1999 estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e define Educação Ambiental em seu art. 1o como:

Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os

processos por meio dos quais o indivíduo e a

Saiba mais Sobre a educação ambiental, seus conceitos e o que os PCNs preconizam sobre este assunto, releiam o texto “Educação ambiental”, no eixo pedagógico do módulo VI.

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coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do

povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade.

Sobre os conceitos de educação ambiental, Dias (2005) comenta

que a evolução dos conceitos de EA esteve diretamente relacionada à evolução do conceito de meio ambiente e como este era percebido. Como inicialmente era reduzido exclusivamente aos seus aspectos naturais, não permitia interdependências nem contribuições das ciências sociais à compreensão e melhoria do ambiente humano. Assim, em Tbilisi (1977), o conteúdo e prática da educação eram orientados para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente, com enfoque interdisciplinar e participação ativa e responsável de cada membro da sociedade. Foi em 1988-1989 que o Programa Nossa Natureza definiu Educação Ambiental como ações

educativas levando-se em conta a compreensão dos ecossistemas e

as relações do homem com o meio, a determinação social e a

evolução histórica. Educação Ambiental, para Minini (2000), é processo que

propicia a compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes e posição consciente e participativa com relação à conservação e adequada utilização dos recursos, para a melhoria da qualidade de vida e eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado.

Segundo Carvalho, a EA se apresenta como crítica a educação tradicional quando apresenta que a narrativa do educador ambiental “partilha em algum nível de um projeto político emancipatório” (2000, p. 201). Uma das principais críticas feitas à educação tradicional é que ela se baseia em uma visão mecanicista da ciência cartesiana, que simplifica e reduz os fenômenos complexos da realidade (GUIMARÃES, 2004).

O discurso ecológico romântico de uma “mãe” natureza boa atacada pelo “pai” (ciência, tecnologia, racionalidade) é incompatível com a ideia de desenvolvimento sustentável de um outro discurso ecológico, que se baseia na consciência da unidade do homem e da natureza, do desenvolvimento de ambos, da necessidade da reconciliação entre o homem-natureza e o progresso. Enquanto não se vencer essa oposição não se construirá um controle ecológico do mundo atual (CHARLOT; SILVA, 2005).

A relação da espécie humana com a natureza deve ser a base da educação ambiental que visa ao desenvolvimento sustentável. Pesquisas têm demonstrado que a Educação Ambiental no Brasil ainda não é satisfatória. Quase metade dos alunos de ensino médio pesquisados não compreende conceitos de ecologia como “as plantas necessitam de luz para crescer” ou “Seres vivos que vivem no mesmo meio influenciam-se uns aos outros” que são básicos para entender o desenvolvimento sustentável (CHARLOT; SILVA, 2005).

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Atividade Complementar 5

Com as leituras, você conseguiu formar sua opinião sobre educação ambiental?

Qual é a sua definição de educação ambiental? aquiiiiii A grande diversidade de definições para educação

ambiental se deve à existência de várias correntes que norteiam as teorias e práticas de EA. Lucy Sauvé (1997) citada por Henriques e colaboradores (2007) discute três classificações de EA que podem ser complementares entre si. A Educação sobre o meio ambiente, baseada na transmissão de fatos, conteúdos e conceitos onde o meio ambiente é objeto de aprendizado. A educação no meio ambiente, “educação ao ar livre”, se aprende pelo contato com a natureza ou com o contexto biofísico e sociocultural do entorno. E a educação para o meio ambiente que procura engajamento ativo onde se aprende a resolver e prevenir os problemas ambientais.

Sauvé (2005) preconiza que, como diferentes autores adotam diferentes discursos colocando sua própria visão e formando até “igrejinhas” que propõem o método ou maneira “mais correta” de se educar, classifica 15 correntes ou maneiras de conceber e praticar EA. Essa classificação se torna ferramenta de análise que favorece a exploração da diversidade de proposições pedagógicas e não categorias rígidas com possibilidade de deformar a realidade. Essas correntes são divididas em duas categorias: correntes de longa tradição e correntes mais recentes, que passaremos a descrever brevemente baseado na análise da autora.

Sauvé (2005) classifica sete delas como de longa tradição: 1. A corrente naturalista que descreve como sendo centrada na relação com a natureza; como aprender, viver e sentir a natureza. 2. A corrente conservacionista é centrada na conservação da quantidade e qualidade dos recursos, a natureza-recurso, ligada a gestão da água, do lixo da energia, em que o consumidor é levado a consumir com responsabilidade, mas carrega em si a crítica de que os recursos são importantes porque são úteis e não por si mesmos. 3. A corrente resolutiva leva as pessoas a se informarem sobre as problemáticas ambientais e procurar resolvê-las. 4. A corrente sistêmica busca identificar os atores e os fatores responsáveis por um estado ou mudança, compreender a relação entre esses diversos elementos, identificar as relações causais e com a compreensão sistemática da situação, buscar soluções mais desejáveis em relação ao meio ambiente. 5. A corrente científica aborda com maior rigor as realidades e problemáticas ambientais e a relação causa-efeito, criação e verificação de hipóteses para resolver o problema, com enfoque sistêmico e interdisciplinar. Essa corrente está na confluência

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das ciências humanas e biofísicas conseguindo, assim, maior pertinência, porém se for estabelecida somente no contexto de ciências biofísicas, perderá seu sentido. 6. Na corrente humanista, além do rigor da observação, análise e síntese do próprio meio, se adiciona a análise das pessoas deste meio, dos registros, dos saberes do grupo e está em melhores condições de intervir melhor. 7. E, por fim, a corrente moral e ética enfatiza o desenvolvimento de comportamentos socialmente desejáveis e se subdivide nas correntes de ecocentrismo, biocentrismos, sociocentrismo e alguns pedagogos propõem ainda enfoques afetivos ou holísticos.

Entre as correntes mais recentes, Sauvé decreve: 1. A holística que considera, além das relações socioambientais, as diversas dimensões das pessoas que se relacionam com a globalidade e complexidade do seu ser-no-mundo, holístico, referindo-se a totalidade de cada ser e à rede de relações que une esses seres entre si, onde eles adquirem sentido. 2. Na corrente biorregionalista, a educação ambiental se centra no desenvolvimento de uma relação de sentimento de pertença com o meio regional e no compromisso de valorização deste meio através de projetos. 3. A corrente práxica dá ênfase à aprendizagem na ação, pela a ação e para a melhora desta, integra a reflexão e a ação em dinâmica participativa. Aprende na ação a trabalhar em equipe e a se ajustar às situações com reflexão. 4. A corrente de crítica social se baseia na análise das dinâmicas sociais que se encontram na base das realidades e problemáticas ambientais, nas ações, posições, intenções, argumentos, valores e decisões dos diferentes protagonistas de uma situação. 5. A corrente feminista trabalha para restabelecer relações harmônicas com a natureza, indissociável da harmonização das relações humanas, especialmente entre homens e mulheres. 6. A corrente etnográfica leva em conta a cultura de populações ou comunidades envolvidas, adapta a pedagogia as diferentes realidades culturais, como a dos povos ameríndios ou comunidades regionais, baseada numa relação de pertença e não de controle da natureza. 7. A corrente da ecoeducação aproveita a relação com o meio ambiente para o desenvolvimento pessoal, um atuar significativo e responsável. 8. E, por fim, na corrente da sustentabilidade, a educação ambiental está a serviço do desenvolvimento sustentável, em que se utiliza os recursos de hoje para que possa assegurar as necessidades do amanhã e seja suficiente para todos.

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Sato, Gauthier e Parigipe (2005) propõem uma categoria de EA como “Educação Ambiental Sociopoética”, em que o conhecimento é produzido coletiva e cooperativamente e todo o “grupo-sujeito” é autor e ator da pesquisa ou da aprendizagem. Favorece a participação das culturas na construção dos objetos de aprendizagem pelo diálogo entre elas; considera o corpo inteiro (emocional, intuitivo, racional, gestual, imaginativo) como portador de marcas históricas e fonte de conhecimentos; por meio do uso de técnicas artísticas de produção de dados, saberes inconscientes, desconhecidos que expressam o fundo íntimo das pessoas e instigação do grupo sobre o sentido político, ético, humano e espiritual do processo de pesquisa que desenvolveu, e das formas de socialização a serem desenvolvidas.

Esses conceitos são postos para ampliar as opções metodológicas, em que a escolha de alguma(s) delas ou de várias combinadas estimulem uma visão crítica, prática, contextualizada e que leve você a compreender a relação entre meio ambiente e EA.

Atividade Complementar 6

Pense e descreva um contexto que requeira ação de educação ambiental em seu bairro ou escola (problemas de limpeza e

cuidados com as áreas externas de sua escola) e proponha um

projeto de ação indicando qual ou quais destas correntes descritas acima você usaria em sua intervenção.

IV. O Educador Ambiental e os Contextos de Aprendizagem O educador ambiental, inicialmente preservacionista, reduzia suas ações a algum tipo de prática como o plantio de árvores no dia da árvore e/ou datas comemorativas, reciclagem, hortas, entre outras ações pontuais que eram consideradas próprias e suficientes.

Atualmente, espera-se de um educador ambiental muito mais que o simples preservar para usufruto, mas um profissional que saiba conduzir ações, projetos ou programas pautados na ação-reflexão com criticidade, que inclua equilíbrio entre o homem e o ambiente, que tenha um olhar multi e transdisciplinar, entre outras características como os aspectos afetivos, cognitivos, culturais, econômicos, políticos e sociais, enfim, que considere o todo e não partes, sem, no entanto, desconsiderar a preservação da natureza.

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Na década de 1970, disseminava no país o “ecologismo”,

abordagem equivocada que resumia a importância da educação ambiental à fauna e à flora, a apologia do “verde pelo verde”, sem considerar as mazelas socioeconômicas vigentes, incentivadas por instituições internacionais com sede nos países ricos. Sabe-se hoje que, para alcançar seus intentos, a educação ambiental deve promover a compreensão da interdependência econômica, política, social e ecológica da sociedade, proporcionar a aquisição de conhecimentos, sentido de valores, interesse ativo e atitudes necessárias para proteger e melhorar a qualidade ambiental, induzir novas formas de conduta nos indivíduos e na sociedade, tornando-a apta a agir em busca de alternativas de soluções para seus problemas ambientais e consequente elevação da sua qualidade de vida (DIAS, 2004).

A pretensão interdisciplinar encontrou concretização na proposta dos eixos transversais na educação fundamental, descrita nos PCNs. Na educação superior, algumas expressões buscam romper com a estrutura de organização curricular das disciplinas convencionais como os sistemas modulares (GONZÁLEZ-GAUDIANO, 2005). Um exemplo de sistema modular é o desenvolvido pelo Consórcio Setentrional que busca a interdisciplinaridade em seus textos, dispostos em eixos temáticos.

Charlot e Silva (2005), analisando manuais de educação ambiental, comentam sobre modos de abordar educação ambiental e equívocos na relação homem-natureza. Em um deles a natureza é a “mãe” boa e o homem, quando aparece, é o agressor da natureza, somente uma “espécie a mais” e não especifica suas relações, a não ser quando é qualificado como criminoso ecológico e fútil. Um segundo manual avaliado, além de especificar a relação de criação e destruição da natureza pelo homem também explicita que a destruição é fruto de sua ação criadora. Por exemplo, na agricultura usa adubo e máquinas agrícolas, para produzir seu próprio alimento ou usa de outras estratégias para se proteger e, assim, se coloca em ação no e sobre o ambiente. São colocações pertinentes básicas em educação ambiental, porém o manual não discute questões como desigualdade e pobreza.

O campo da Educação Ambiental, que pressupõe tecer uma relação harmoniosa com o meio ambiente, é vasto e composto por diversos atores, correntes, concepções e práticas educativas. Muitos pensadores propõem definições, outros a melhor maneira de proceder, mas todos são unânimes em dizer que o caminho é incerto, que não é possível falar em uma receita pronta, segura, no qual podemos atuar de tal maneira para se obter um resultado esperado e que é preciso urgência no agir.

Nesse sentido, sobre o campo da EA, Ferraro Junior (2007), em prefácio, comenta:

Educação ambiental e ecologia política não formaram e

provavelmente não formarão, um corpo científico

claramente delineado como as ciências biológicas,

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matemáticas químicas e físicas. Os praticantes destas

ciências sabem o que ler para enveredar por um de seus

ramos e desdobrá-lo, aprofundá-lo, sem uma definição

fechada do escopo de princípios e conceitos. Quem

busca conhecimentos para educação ambiental está em

mar aberto, navegando nas incertezas. Felizmente,

competentes navegantes têm sinalizado suas rotas de

viagem, e com sua solidariedade tornado esta incerta

viagem menos solitária e potencialmente mais

significativa (2007, p.).

O educador ambiental enfrentará os desafios da escolha de

caminhos, considerando o contexto, as experiências próprias e de outros e a convicção de que não se tem a certeza do final. Sorrentino (2005) descreve EA como território instável, um entrelaçar de conceitos, estratégias ou abordagens, reflexões, experiências, trajetórias, olhares e diversidade de saberes e de pretensões, que busca a construção de novas formas de ser, pensar e conhecer, constituindo um novo saber, um novo modo de pensar, pesquisar e produzir conhecimentos, superando a dicotomia entre teoria e prática. É um processo de aprendizagem em construção, com desafios em que a pesquisa pode não resolver os dilemas ambientais. É como um terreno movediço e não terra firme. A formação do Educador Ambiental passa pela construção de uma comunidade de aprendizagem que vai além de um saber significativo das lutas cotidianas, por uma EA transformadora, onde o local convive com forte diálogo internacional em debates, conferências e trocas de experiências em nível mundial.

Os educadores ambientais levaram mais de três décadas em suas redomas de vidro, em programas de intervenção em contextos formais, construindo ótimos discursos politicamente corretos, ajustados ao padrão, porém alheios às necessidades dos contextos, às demandas que nos apresenta o meio sociocultural. Para aplacar suas consciências profissionais procuram reciclar, economizar energia, sem se preocuparem se essas ações são úteis, se cumprem as funções, objetivos e eficácia. Devem fazer um esforço para construírem olhares múltiplos, incorporando às suas práticas elementos mais tangíveis e materiais, e um pensamento mais operacional que ultrapasse a retórica do texto: “ação, capacitação e reflexão”, chavão gasto, um modelo de pensamento simplista que ignora subjetividades, significados, intenções e interesses (GUTIÉRREZ-PÉREZ, 2005).

Gutiérrez-Pérez ainda sugere que os mediadores ambientais aspirem às mudanças de paradigma mental, à reconstrução de visões a partir de perspectiva profissionalizadora na capacitação para a ação e que considerem as seguintes perspectivas de capacitar para:

resolver problemas concretos e impor exigências baseadas na mudança da mentalidade com que os pesquisadores enfrentam seus problemas ou contextos de trabalho;

a mudança que supõe adquirir consciência crítica da tradição predominante que se formou, de seu grau de reducionismo em

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relação a dimensões táticas, as metodologias, o modo de intervir e segmentar a realidade e as decisões sobre o uso dos resultados da pesquisa;

adquirir compromisso de consideração profunda sobre o sentido, a finalidade e uso dos resultados da pesquisa no setor ambiental;

o exercício da responsabilidade integral em todo o processo de intervenção, comprometimento nada neutro politicamente e enquadrado nas coordenadas de certas linguagens, de certas culturas e crenças que inevitavelmente condicionam nossos modos de conceber a pesquisa e nossas metodologias;

assumir a mudança de um modelo mecanicista para uma visão mais compreensiva, crítica e construtiva, com perspectiva mais vitalista que técnica instrumental, para uma pesquisa menos engessada, mais viva, versátil, compreensiva e integradora, sendo este o maior desafio que os pesquisadores ativistas têm de enfrentar.

Para Dias (2004), que trata em sua obra de ambientes urbanos,

adota a estratégia de resolução de problemas, pois ela se mostra capaz de ajudar os alunos a compreender o metabolismo urbano e levá-los a ações que possam influenciar nesse metabolismo. Estimula a mentalidade de identificação e resolução de problemas. As atividades são integradas aos cursos tradicionais, sendo o professor o facilitador da exploração do metabolismo urbano e ainda são adaptadas concretamente às situações da vida real da cidade para se tornar mais significativa.

V. Conclusão

Como vimos até aqui, em educação ambiental, não há um consenso, de modo geral, sobre o enfoque, nem detalhes ou receitas prontas.

Segundo Gutiérrez-Pérez (2005), existe um baixo consenso quanto às metodologias e referenciais teóricos mais convenientes, aos modelos de trabalho mais recomendáveis e às intervenções mais apropriadas para resolver problemas do meio ambiente, atribuir responsabilidades ou para onde devemos dirigir o sentido da mudança ambiental ou da transformação social. Falta consenso também sobre o que devem ser os objetivos prioritários da formação ambiental. Há os que acham que devem se preocupar exclusivamente com sensibilização e interpretação de realidade, mas há outros que se preocupam com uma formação ambiental mais crítica, politicamente comprometida, voltada para a ação, mudanças de atitudes e hábitos sobre o uso dos recursos. Alguns acham que o lugar a ser ocupado pelo homem é entre estruturas construídas outros entre elementos naturais.

González Gaudiano sugere que o setor ambiental necessita fortalecer processos pedagógicos voltados para propiciar maior participação das pessoas nas decisões que afetem suas vidas como:

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[...] fazer com que os grupos de decisão se ampliem com

maior participação, formulação de políticas públicas que

estabeleçam aberturas e intercâmbios, promover redes

de organização de cidadãos, fomentar processos de

manejos de conflitos para que as comunidades analisem

suas verdadeiras necessidades e prioridades,

impulsionar processos educativos e de capacitação

formais e informais que fortaleçam as identidades

próprias e proporcionem valor a características distintas

e recursos e propiciem a construção de futuro

verdadeiramente sustentável. (1998, p. 44).

Para Dias (2004), EA deve promover o desenvolvimento de

conhecimentos, atitudes e habilidades para a preservação e melhoria da qualidade ambiental e que só se consegue tal intento com a participação da comunidade de forma articulada e consciente para gerar atitudes capazes de afetar os comportamentos. O uso da pedagogia liberal, que defende a predominância dos interesses e liberdades individuais na sociedade, vem dando lugar a uma tendência pedagógica progressiva, crítica e libertadora, que o autor acredita ser a mais adequada. E ainda que conduzam as pessoas por caminhos em que se vislumbre possibilidades de mudança e melhoria de seu ambiente total e da qualidade da sua experiência humana.

Para Junqueira (2007), muitos trabalhos denominados de educação ambiental se preocupam mais com o que acontece no ambiente externo e se esquecem do que acontece internamente com as pessoas, sujeitos dessas histórias, como se fossem menos importantes ou algo a mais que pode ou não acontecer. A pedagogia social tem seu foco na qualidade resultante da interação entre o indivíduo, grupos, organizações e o seu ambiente social como base para desenvolvimento. O educador ambiental deve aprofundar a relação com seu campo de atuação observando um tripé fundamental:

no pensar: possibilitando enxergar fatos e fenômenos servindo lhe de base para diagnosticar e intervir na situação e para explicitar suas ações;

no sentir: expressando na própria atitude influenciada por três aspectos: uma visão explícita do mundo e do ser humano, o respeito frente ao educando e o grau de confiança e autoconhecimento para atuar na situação;

no fazer: usando métodos e instrumentos adequados à situação, ou seja, ao grau de desenvolvimento do público com o qual se atua.

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VI. Atividades de Educação Ambiental

Uma das atividades de educação ambiental incluídas em ações que favorecem a conservação de ambientes naturais é a interpretação ambiental que contempla, entre outras atividades, as trilhas interpretativas.

Menghini e outros autores (2007) vêem na interpretação ambiental uma técnica didática, flexível e moldável as mais diversas situações e busca interpretar os fenômenos da natureza e da cultura em visitas a estes espaços. Não é uma mera transmissão de informações, mas uma construção de valores, troca de sentimentos e cuidados para com o local visitado desenvolver atitudes críticas e saberes necessários para a vida dos seres humanos entre si e para com a natureza.

De acordo com Menghini e colaboradores (2007), são várias as abordagens que podem ser utilizadas como teatro ou placas ilustrativas, proporcionando conhecimentos em geral sobre o ambiente que levem ao desenvolvimento de atitudes e valores dos indivíduos perante os problemas socioambientais e para isto propõe alguns cuidados importantes durante o planejamento como:

1. despertar a curiosidade e a criticidade do visitante; 2. prover alto grau de qualidade de experiências sobre os recursos naturais e culturais; 3. utilizar de indicadores de atratividade de pontos interpretativos variados para não se tornarem repetitivos; 4. usar linguagem interpretativa que traga maior afetividade possível aos participantes e visão crítica responsável nos indivíduos que aprendem com, para e por elas; 5. a linguagem pode ser amena, pertinente, organizada e temática; 6. programar paradas pré-estabelecidas ao longo da trilha para interpretar temas como fungos, epífitas, árvores centenárias, mostrando as suas relações com a natureza e com os seres humanos; 7. é desejável que se agreguem interpretações de fenômenos sociais associados à transformação do espaço natural; 8. devem-se trabalhar as interações dos animais com as plantas no local e, se possível, observar as pegadas dos animais da área ou o canto dos pássaros. Essa atividade é poderoso instrumento de modificação de

atitudes e reflexão de valores, aumenta a satisfação, o envolvimento, o pertencimento, a criticidade e o conhecimento dos visitantes.

Considerando que a maior parte da população vive hoje em ambientes urbanos, torna-se imperioso destacar atividades de educação ambiental nestes ambientes, que serão descritas a seguir. São atividades propostas por Dias (2004), que pontua serem concebidas de modo a estimular a prática interdisciplinar por meio de

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diversas estratégias na busca de soluções para os problemas ambientais concretos da comunidade, numa abordagem holística.

Ambiente Urbano versus Ambiente Rural A proposta é muito simples. Um grupo de alunos deve ficar

encarregado de listar as vantagens de se morar nas cidades e as desvantagens de se morar no meio rural. O outro grupo (ou outros) se encarregará da outra face, ou seja, das vantagens de se morar no meio rural e das desvantagens de se nas cidades. Recomendamos que, entre os aspectos a serem considerados para composição, sejam incluídos no mínimo:

a) qualidade do ar, da água; b) nível de ruído; c) população; d) interações; e) serviços; f) lazer, cultura, educação; g) saúde, segurança, bem-estar; h) área disponível; i) contato com a natureza; j) identidade, laços afetivos; m) compromissos, envolvimento; n) ansiedade, medo, estresse, sossego; o) valores individuais. As listas, colocadas em cartazes, deverão ser apresentadas ao

grande grupo, no qual as discussões deverão ocorrer e ao final serão tomadas as opiniões de conclusão.

Pode-se, também, adotar a estratégia do júri simulado, em que alguns defendem o ambiente urbano e outros o ambiente rural, com os jurados (sete pessoas) decidindo quem tem razão.

É uma excitante prática de democracia, na qual os participantes têm oportunidade de expressar suas opiniões a respeito de vários assuntos.

Serviços Essenciais da Cidade Nesta atividade, devemos levar os alunos à elaboração de uma

listagem dos serviços urbanos de responsabilidade do governo, objetivando o conhecimento das suas operações e a discussão das alternativas para a melhoria daqueles serviços. Devem-se incluir:

a) coleta, tratamento e disposição de lixo. Coleta seletivo e reciclagem; b) eletricidade (produção, tratamento, manutenção); c) água (barramento, tratamento, distribuição, manutenção e monitoramento da qualidade, e captação e tratamento dos esgotos); d) telefone (organização do sistema, manutenção); e) serviços médicos de urgência; f) sistema judicial, prisões;

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g) biblioteca pública, museus, auditórios; h) proteção policial; i) proteção contra fogo; j) proteção contra calamidade (Defesa Civil); l) proteção ambiental (licenciamento de obras, controle e monitoramento da qualidade do ambiente – ar, água, intensidade de ruído, etc.); m) transporte; n) escolas; o) controle e regulamentação de trânsito; p) meteorologia; q) viação e obras (planejamento municipal); r) agências de emprego; s) atendimento aos pobres; t) comunicação; u) lazer, esportes, cultura. A listagem termina executando um diagnóstico do estado de

aptidão e competência da cidade, ou seja, se o serviço X não existe, terá de existir, e, se existe e não está bom, tem de melhorar.

Nas deficiências identificadas, estabelecer prioridades. Encaminhar seus estudos, com observações, discussões e conclusões para as autoridades do setor competente e para os meios de comunicação social.

O supermercado e os materiais recicláveis Se pudéssemos somar o tempo que ficamos nos supermercados,

em um ano, ficaríamos surpresos. No mundo atual, o supermercado é o local-símbolo do consumo. São muitas as tentações e ofertas e truques de mercado, mesmo quando estamos atentos terminamos comprando coisas supérfluas impulsionados poderosamente pela arte de criar necessidades desnecessárias criadas pela publicidade.

Após formar grupos de alunos, pedimos que anotem quais os produtos que utilizam embalagem plástica, quando das visitas aos supermercados. Outro grupo se encarregará de verificar se os produtos em spray já apresentam o aviso “não contem CFC” em suas embalagens, uma vez que foram proibidos. Os CFC’s prejudicam a camada de ozônio que, na atmosfera, nos protege do excesso de radiação ultravioleta do Sol. A radiação ultravioleta poderia aumentar a ocorrência de doenças da pele – câncer, por exemplo –, reduzir drasticamente a produção agrícola, e promover o aquecimento do planeta.

De posse dos levantamentos dos produtos que utilizam plásticos na embalagem, procede-se a uma comparação com tempos passados, ou seja, se um produto X atual alguns anos atrás já usava plástico.

A tendência é encontrar um número elevado de produtos nessa situação: usavam embalagens de vidro ou papelão e passaram para o plástico.

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Ocorre que as embalagens plásticas são mais baratas e com isso aumenta-se a margem de lucro das empresas. É o exemplo típico de privacidade dos benefícios e socialização dos custos. Contudo, em várias partes do mundo, as embalagens plásticas estão sendo substituídas por papel ou papelão como o que ocorreu com o McDonal's que por pressão de organizações ambientalistas, substituíram as embalagens plásticas por papel, e estão reciclando todo o lixo em suas lojas nos EUA.

A vantagem dos vidros e papelões é a de serem reaproveitados (reciclagem). Os plásticos permanecem inalterados no ambiente durante muito tempo, poluindo e alterando a ciclagem de nutrientes.

O que se pretende, de fato, é fazer com que os alunos tomem consciência e passem a cobrar mais das empresas que comercializam tais produtos. O envio de cartas normalmente traz alguns resultados. Algumas empresas, a despeito das acusações, são atenciosas com os estudantes e a comunidade, e apresentam a sua justificativa. É conveniente salientar que essas cartas devem ser elaboradas dentro de um critério ético, sério, simples e objetivo. O radicalismo não surte efeito e a agressão gera mais agressão.

Atividades semelhantes podem ser desenvolvidas com outros produtos como detergentes (biodegradáveis ou não), inseticidas (se indicam cuidados com o ambiente), etc.

Em muitas cidades no Brasil, como em Blumenau, Santa Catarina, copos plásticos são reciclados e transformados em matéria-prima (fios sintéticos que são adicionados ao algodão, produzindo viscoses e outros tecidos especiais).

O selo verde

Por volta de 1971, a Alemanha, dentro do seu plano para o

ambiente, institui o selo verde, como um novo instrumento de política ambiental. Os produtos que, comprovadamente, nos seus processos de produção, nas suas especificações técnicas, tipos de embalagens, incluíam cuidados com a preservação da qualidade ambiental recebiam das autoridades governamentais o selo verde, que era colocado na embalagem.

Implantado em 1977 no Japão e em 1998 na Alemanha, o selo verde ajudou muito na melhoria das especificações dos produtos. O consumidor conscientizado daria preferência aos produtos que apresentassem o referido selo.

Posteriormente, a ideia foi levada pelo Programa das Nações Unidas para todo o mundo sendo que os aerossóis sem CFC foram os primeiros produtos selados.

O sistema – caracteristicamente não-compulsório – termina, na verdade, causando um grau elevado de certificação de qualidade dos produtos. A sua concessão é válida por dois a três anos dependendo do país, e prevê a sua suspensão imediata em caso de inobservância das especificações contidas nos catálogos e nos termos contratuais.

No Brasil, os entendimentos para a implantação do sistema envolvem o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Internet Para saber mais sobre o selo

verde, acesse o link a seguir: http://www.seloverde.org.br/

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Naturais Renováveis (IBAMA), a Secretaria de Ciência e Tecnologia, a Secretaria Nacional de Direito Econômico, o Serviço Nacional de Vigilância, o Departamento da Indústria, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o Instituto de Metrologia (inmetro), a Associação Brasileira de Entidades do Meio Ambiente (abema), a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica Industrial (ABIPTI), a Comissão do Meio Ambiente da Câmara Federal e a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária. O termo de cooperação IBAMA/ABIPTI foi lançado em Manaus, em 1990.

O selo verde no Brasil deverá obedecer às seguintes premissas: ter credibilidade, ter grau elevado de certificação, ser voluntário, temporal e educativo, ser gradual e utilizar as estruturas já existentes.

Não se faz um empreendimento desta natureza sem polêmicas. Na nossa realidade socioeconômica, segundo alguns analistas, o selo verde terá muitos problemas para a sua consolidação, pois o preço baixo dos produtos não selados serão preferidos em lugar da qualidade.

Contudo, é uma ideia que vem dando certo, despertando uma concorrência saudável em busca do aperfeiçoamento dos processos de produção e das especificações técnicas dos produtos. Todos nós temos a ganhar, quando se diminui a pressão sobre os recursos ambientais e se promove a qualidade de vida.

Dias (2004) cita em seu livro as estratégias de ensino descritas no documento da Unesco/Unep/IEEP, 1986/ws/55, p.126-7, dirigidas à formação de professores e supervisores, que descrevemos na tabela abaixo. Tabela 2: Estratégias de Ensino para Prática da EA. (Fonte: Unesco/Unep/IEEP, 1986/ws/55, p.126-7)

Estratégia definida Ocasião para uso Vantagens Desvantagens

Discussão em classe: Esta atividade envolve toda a classe e cada estudante contribui informalmente (grande grupo).

É utilizada para permitir que os estudantes exponham suas opiniões oralmente a respeito de um dado problema.

A discussão em classe ajuda o estudante a compreender as questões. Encoraja-o a desenvolver as habilidades de expressão oral e autoconfiança ao falar em público. Dificuldades em iniciar o processo de discussão.

Discussão em grupo: Envolve toda a classe com professor atuando como supervisor (pequeno grupo).

Quando assuntos polêmicos estão sendo tratados.

Pode resultar no desenvolvimento de relações mais positivas entre alunos e professores. Permite que alguns alunos evitem o envolvimento.

Brainstorming (ou mutirão de ideias: Atividades que envolvem pequenos grupos (5-10 estudantes) Aos quais se pede para apresentar soluções possíveis para um dado problema, sem preocupar com análise críticas. todas as sugestões são anotadas. O tempo limite é de 10-15 minutos.

Deve ser usado como recurso para encorajar e estimular as ideias voltadas à solução de um dado problema. O tempo deve ser utilizado para produzir as ideias e não para avaliá-las (Elaboração de Conceitos).

Estímulo à criatividade, liberdade. Dificuldades em evitar avaliações ou julgamentos prematuros das sugestões, e em obter ideias originais.

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Trabalho de grupo: Envolve a participação de grupos de 4-8 membros, que se tornam responsáveis pela execução de uma tarefa.

É adequada quando se necessita executar várias tarefas ao mesmo tempo. A classe, com vários grupos, pode abordar os diferentes aspectos de um mesmo problema ou focalizar problemas diferentes.

Permite que os alunos se responsabilizem por uma tarefa por longos períodos (2 a 5 semanas) e exercitem a capacidade de organização. É uma fonte de geração de projetos. As atividades precisam ser monitoradas de modo que o trabalho não envolva apenas alguns membros do grupo.

Debate: Requer a participação de dois grupos (3-4 membros, para apresentar ideias e argumentos de pontos de vista opostos aos demais colegas de classe (que podem formar um grupo de avaliação).

Estratégia útil quando assuntos controvertidos estão sendo controvertidos estão sendo discutidos, e existam propostas diferentes de soluções. O tópico escolhido para debate dever ser de interesse vital para todos.

Permite o desenvolvimento de habilidades de falar de falar em público e ordenar a apresentação de fatos e ideias. Requer muito tempo de preparação.

Questionário: Desenvolvimento de um conjunto de questões ordenadas a ser submetida a um dado público. As respostas, analisadas, dão uma variedade de indicativos.

É usando para obter informações e\ou efetuar amostragem de opinião das pessoas em relação a uma dada questão. Pode ajudar a definir a extensão de um problema.

Aplicado de forma adequada, o questionário produz excelentes dados, dos quais podem ser extraídas conclusões e indicações para atividades. É necessário muito tempo e experiência para produzir um conjunto ordenado de questões que cubram as informações que estão sendo procuradas

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