37
Educação da Interioridade Falar de Deus de Jesus Falar de Deus, de Jesus a crianças Maria Emília Nabuco mnabuco@eselx ipl pt mnabuco@eselx.ipl.pt

Educação da Interioridade Falar de Deus de JesusFalar de ...cvxs.org/wp-content/uploads/2010/03/educar-para-a-interioridade.pdf · do ser humano tal como os aspectos, físicos,

Embed Size (px)

Citation preview

Educação da Interioridade

Falar de Deus de JesusFalar de Deus, de Jesus a crianças ç

Maria Emília Nabucomnabuco@eselx ipl [email protected]

O despertar religioso das crianças processa-se t (C d 1976)por etapas, (Coudreau,1976).

- dos 0 aos 3 anos - despertar pela transparência;

dos 3 aos 6 anos pela relação consigo com- dos 3 aos 6 anos - pela relação, consigo, com os outros e com Deus;

- dos 6 aos 8 anos - a grande descobertagde Jesus;

d 8 10 d d b t- dos 8 aos 10 anos - a grande descobertado Pai;;

- dos 10 aos 12 anos - Jesus reúne osirmãos, a descoberta da fraternidade;fraternidade;

- dos 12 aos 16 anos – conhecer a Históriados 12 aos 16 anos conhecer a História da Igreja que nos acolhe – a Igreja dos primeiros cristãos;primeiros cristãos;

d 16 di t “ h ” ã à- dos 16 em diante - “sonhar” e por mãos à obra “na Igreja que queremos ajudar a construir”.

O conceito de espiritualidade.

A espiritualidade ou o ser espiritual contém em si trêsA espiritualidade ou o ser espiritual contém em si três características fundamentais (McCreery, 1994) ;

- é universal, está presente em todos os seresh l j li i ã Ahumanos, quer eles sejam religiosos ou não. Aespiritualidade une toda a existência humana.

- faz parte integrante do ser, é uma característicado ser humano tal como os aspectos, físicos, oucognitivos;

- é a essência do ser, é energia, dinamismo evigor interiorvigor interior.Pode comparar-se com o vento, que só se vê pelos

Éseus efeitos. É aspiração e inspiração.

A espiritualidade é a parte vital da humanidade, asua essência e o seu poder interior.

É esta vitalidade que nos anima a agir e nos dáforça. O desenvolvimento da espiritualidade temum papel importante no desenvolvimento do serhumano.

Distinção entre despertar religioso e despertar da féda fé.

Religião significa re-ligar, ou seja, estabelecer relaçãocom algo ou alguém, neste caso com Deus.

A função do educador, pai, mãe, professor ou catequista é a ç p p qde estabelecer esta relação entre a criança e Deus.

Qual é a diferença que existe entre despertar religioso edespertar da fé?despertar da fé?

A fé é uma vida que surge de uma relação de amor.Para que alguém tenha fé numa outra pessoa tem que fazerum percurso uma experiência de amor com esse alguém.p p g

Essa experiência, normalmente, tem início num primeiroEssa experiência, normalmente, tem início num primeiroencontro. Se neste primeiro encontro acontece oencantamento surge também a necessidade de encontrossucessivos que podem levar à escolha mútua.

Dessa escolha mútua resulta naturalmente a necessidadeDessa escolha mútua resulta naturalmente, a necessidadeda comunhão, ou seja, da união de vida com a outrapessoa que, no caso que aqui nos traz, é a escolha de Deuspessoa que, no caso que aqui nos traz, é a escolha de Deuscomo companheiro da vida.

Para se chegar a esta etapa de escolha definitiva doSenhor Jesus como companheiro da vida, como oGrande Amigo, o educador, o pai, a mãe, ocatequista ou o professor, têm esta tarefa primordialde facilitar o encontro nas mais diversas etapas dodespertar religioso da criança.

É preciso que a criança faça a experiência deacreditar nos adultos que a cercam, que de algummodo são para ela o seu deus, para que um diavenha a acreditar em Deus.

Educar para a ternura e pela ternura.

A educação da ternura e pela ternura está intimamenterelacionada com o que acabamos de afirmar e estárelacionada com o que acabamos de afirmar e estádirectamente relacionada com a educação religiosa, aeducação da interioridade das criançaseducação da interioridade das crianças.

Ternura é a faculdade de contacto e confirmaçãoTernura é a faculdade de contacto e confirmaçãotipicamente humana que se exprime com solicitude,delicadeza e grande prudência protectora e estádelicadeza e grande prudência protectora e estáprofundamente ligada aos conceitos de confiança,firmeza e "sobretudo abrigo” (Biscaia 1999)firmeza e sobretudo abrigo , (Biscaia, 1999) .

Educação da autonomia e pela autonomia. Promoção da autonomia.

Investigações modernas demonstraram que só ég ç qpossível o desenvolvimento da autonomia numcontexto de uma relação de intimidade. Açautonomia é provocada pela consciência daautonomia dos outros e desemboca na colaboração,çna cooperação, no amor.

A promoção da autonomia não pode assentar numarelação baseada no autoritarismo e naçhumilhação. Mas também não tem a sua raiz napermissividade ou na gratificação permanente.

Valores na educação

P b ã l t i iPara percebermos o que são valores temos primeiro queperceber o que é educar. Educar é manter um diálogo degerações acerca de assuntos que sejam significativosgerações acerca de assuntos que sejam significativospara ambas as gerações.

Valor pode ser definido como uma disposição profunda,orientação ou motivo que guia os nossos pensamentos,

õ t t (M tt i k 1996)acções e comportamentos (Mcgettrick, 1996) .

Os valores são complexos e permanecem em nós mais doOs valores são complexos e permanecem em nós mais doque as tendências, atitudes e opiniões. O conhecimento éimportante, mas efémero, as ideias são úteis, mas osvalores são o que caracteriza o homem civilizado.

A educação religiosa das crianças dos 0 aos 3 anos de idadedos 0 aos 3 anos de idade

O amor pelas crianças destas idades deverá ser um amornão captativo, mas sim um amor bom, sadio, amor gratuitopor aquilo que a criança é e não pelo gozo que pode dar aospaispais.

Amor de verdade, aceitando o que a criança é, o seu sexo, a, q ç , ,sua saúde, o seu temperamento, os seus ritmos. Amar deforma estável, de forma permanente, explicando asausências. Não basta que os pais existam, é necessário queos pais impregnem a criança com a sua presença.

O meio ambiente que deve rodear as crianças desta idadeé um meio ambiente de silêncio, proporcionando momentosde boa música daquela que não é alienante. As pessoastê d d ilê i tê d d f ttêm medo do silêncio, têm medo de se enfrentar com a suavida interior. Temos que proporcionar às criançasmomentos de silêncio "povoado"momentos de silêncio povoado .

Nestas idades, pais e professores, devem povoar a vida dacriança não só de gestos belos, mas, sobretudo deatitudes carregadas de interioridade. Precisamos de

d i t i d i d b l dpovoar o mundo interior da criança de beleza, deharmonia, para que no futuro tenhamos homens emulheres de grandes ideais para si e para a sociedade.mulheres de grandes ideais para si e para a sociedade.

A educação religiosa das crianças dos 3 aos 6 anos

Nesta etapa o mais importante é ajudar a criançapara que ela estabeleça:

– uma boa relação consigo;

– uma relação equilibrada com os outros;

– uma relação de estabilidade com Deus.

Relação consigo

- Ajudar a criança a descobrir que ela não é só umcorpo exterior, há algo que existe nela e que ela não vê –ajudar o nascimento do mistério pessoal.

Fazer descobrir o para além da matéria Ajudá la a dar- Fazer descobrir o para além da matéria. Ajudá-la a daratenção aos seus pensamentos. Saborear o estar calmo,o sossego e o silêncio (não impor, mas propor).o sossego e o silêncio (não impor, mas propor).

- Ajudá-la a mandar, a ter domínio no seu corpo paraque um dia seja um adulto com capacidade de domíniodos seus próprios instintos. Ajudá-la a ter cuidados com oseu corposeu corpo.

- Educá-la para que ela dê sentido ao esforço Através doEducá la para que ela dê sentido ao esforço. Através doesforço nós torna-mo-nos diferentes, somos capazes dedar... Pelo esforço libertamos em nós energias novas quedesconhecíamos, energias espirituais.

Aj dá l f d b t d ó i li it- Ajudá-la a fazer a descoberta dos seus próprios limites,para que caia na conta de que precisamos uns dos outros.

- Levá-la a reflectir antes de agir, porque só assimprocedendo damos densidade à nossa vida de sereshumanos.

Relação com os outros

- Fazer a educação da proximidade.

- Fazer a educação da generosidade, do amor que sabepartilhar e que sabe acima de tudo perdoar.pa t a e que sabe ac a de tudo pe doa

- Fazer a educação da gratuidade é levar a criança asaborear o dar-se.

Fazer a educação da solidariedade Levá la a fazer- Fazer a educação da solidariedade. Levá-la a fazerexperiências de se sentir responsável pelos outros.

Relação com Deusç

Dos 3 aos 6 anos para além de falar de Deus àcriança devemos levá-la a fazer a experiência defalar com Deus seu Pai.

Levá-la a conhecer Deus, não explicado, mas leva-la à contemplação pela relação que com Ele vaiestabelecendo.

Levá-la a atitudes de admiração.

Deus torna-se presente na vida das criançasp çatravés de experiências:

Deus faz - cria, age na criação.

Deus fala em nós na nossa consciênciaDeus fala - em nós, na nossa consciência.

Deus vem, a nós nos acontecimentos de cada diaDeus vem, a nós nos acontecimentos de cada diaem cada momento e especialmenteno Natal.

Deus está vivo – em nós, nas pessoas, nosacontecimentos na históriaacontecimentos, na história.

Erros a evitar na educação religiosa das crianças dos 0 aos 6 anosdos 0 aos 6 anos

Evitar o predomínio dos sentimentos para não correr oEvitar o predomínio dos sentimentos, para não correr orisco de desviar até ao sentimentalismo. É extremamenteperigoso manipular os sentimentos das crianças nestasp g p çidades. Não temos esse direito.

E it d li õ d D D ãEvitar dar explicações acerca de Deus. Deus não seexplica. Deus vive-se, e é essa vida que os pais eeducadores devem transmitir A criança intui Deus pelaeducadores devem transmitir. A criança intui Deus pelaexperiência e não pelo intelecto.

Evitar transmitir a ideia de que Deus é um ser mágicoEvitar transmitir a ideia de que Deus é um ser mágico.Deus não é magia. Também dos 3 aos 6 anos não chegouainda a idade de falar dos milagres de Jesus. "O falar degDeus às crianças em idade pré-escolar de uma formairreflectida é arriscado" (Tshirch, R. 1981).

Evitar contar relatos bíblicos sem um critério prévio deselecção para que a criança não retenha só a história Asselecção, para que a criança não retenha só a história. Ashistórias da Bíblia foram contadas a adultos e sempre numcontexto próprio da sua vida. O que vem na Bíblia não sãop p qsimples histórias, mas sim o relato de acontecimentossignificativos.

N d f l i d t id dNunca devemos falar a crianças destas idadesde castigo de Deus e de pecado.

Em relação ao castigo, não podemos nem devemos atribuira Deus aquilo que é exclusivamente da responsabilidadea Deus aquilo que é exclusivamente da responsabilidadehumana.

Em relação ao pecado, a palavra e o conceito de pecadodevem estar completamente ausentes da linguagem quedevemos empregar com as crianças destas idades (Garciadevemos empregar com as crianças destas idades (Garciade Deus, 1974) .

Dos 6 aos 8 anos - a grande descoberta de JesusgÉ a etapa da grande identificação da criança com Jesus o seu maior amigo.g

Na escola está a fazer a consolidação das amizades, gosta de conhecer os seus amigos e as suas famílias.

E é i t t t id d f l d id dEm casa, é importante nestas idades falarmos da vida de Jesus. Escolhermos da vida pública aquelas passagens que são verdadeiramente significativas na linha da fraternidade. Esão verdadeiramente significativas na linha da fraternidade. E rezarmos essas passagens com a criança. Não se trata de doutrinar, trata-se de viver, de saborear a vida de Jesus, o maior amigomaior amigo.

Dos 8 aos 10 anos - a grande descoberta do Paig

Nesta idade é importante seleccionar as passagensNesta idade é importante seleccionar as passagens da Escritura em que Jesus nos fala do Pai.

Nós temos conhecimento da existência de Deus por Jesus. Foi Ele que sempre no-lo anunciou e nos falou do plano de amor de Deus para nós e para a humanidade.

E é it i t t d l d tEm casa é muito importante dar exemplo desta união à vontade Deus em todos os

t d idmomentos da vida.

Nestas idades podemos começar a introduzir alguns textos e acontecimentos do Antigo g gTestamento. (Ex: Chamamento de Samuel)