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REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014 REBES REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE ISSN - 2358-2391 GVAA - GRUPO VERDE DE AGROECOLOGIA E ABELHAS - POMBAL - PB Artigo Científico Estudo sobre o desmatamento da mata atlântica na Paraíba José Rivamar de Andrade Professor, graduado em Letras e especialista em Língua, Linguística e Literatura pelas Faculdades Integradas de Patos, aluno do curso de Mestrado Internacional em Educação, pela Florida Christian University (USA) E-mail: [email protected] Sinval Camilo dos Santos Licenciado em Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú Resumo: A Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, estando hoje reduzida a menos de 8% de sua extensão original, segundo os resultados recentes do Atlas da evolução dos remanescentes florestais e ecossistemas associados, para este bioma, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Sua extensão original perfazia mais de 1.290.000 km 2 do território nacional, estendendo-se desde o Nordeste Brasileiro, principalmente da Paraíba, até o Rio Grande do Sul. A Mata Atlântica significa também abrigo para várias populações tradicionais e garantia de abastecimento de água para mais de 100 milhões de pessoas. Parte significativa de seus remanescentes está hoje localizada em encostas de grande declividade. Sua proteção é a maior garantia para a estabilidade geológica dessas áreas, evitando assim as grandes catástrofes que já ocorreram onde a floresta foi suprimida, com conseqüências econômicas e sociais extremamente graves. Por tudo isto, é que se tem como objetivo deste artigo proporcionar conhecimento básico de forma mais esclarecedora sobre o desmatamento da Mata Atlântica de um modo geral, enfocando a região da Paraíba, com os problemas que estão afetando o meio ambiente. Bem como identificar fatores que contribuem para o desmatamento, reconhecendo o ser humano como o principal causador do mesmo. Palavras-chave: Mata Atlântica. Paraíba. Proteção. Desmatamento. Study on deforestation of the rainforest in Paraíba Abstract: The Atlantic Forest is one of the most threatened ecosystems on the planet and is now reduced to less than 8% of its original length, according to the recent results of the Atlas of the evolution of forest remains and associated ecosystems, for this biome, developed by SOS Atlantic Forest Foundation and the National Institute for Space Research. Its original length mark up over 1,290,000 km2 of the national territory, extending from the Brazilian Northeast, especially Paraíba, to Rio Grande do Sul. The Atlantic Forest also means shelter for various traditional populations and water supply guarantee for over 100 million people. A significant portion of its remaining is now located in large slope slopes. Its protection is the best guarantee for the geological stability of these areas, thus avoiding major disasters that have already occurred where the forest has been removed, with extremely serious economic and social consequences. For all this, is that this article aims to provide basic knowledge of most enlightening way on deforestation of the Atlantic Forest in general, focusing on the Paraíba region, with the problems that are affecting the environment. And to identify factors that contribute to deforestation, recognizing the human being as the main cause of it. Keywords: Atlantic Forest. Paraíba. Protection. Deforestation. 1 Introdução Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil, em 1500, a Mata Atlântica cobria 15% do território nacional, área equivalente a 1.306.421 km². A Mata Atlântica é composta por um conjunto de ecossistemas que incluem as faixas litorâneas ao longo da costa Atlântica, com seus manguezais e restingas, florestas de

Educação e política

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Educação e política

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  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 24

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    REBES REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAO E SADE ISSN - 2358-2391

    GVAA - GRUPO VERDE DE AGROECOLOGIA E ABELHAS - POMBAL - PB

    Artigo Cientfico

    Estudo sobre o desmatamento da mata atlntica na Paraba

    Jos Rivamar de Andrade

    Professor, graduado em Letras e especialista em Lngua, Lingustica e Literatura

    pelas Faculdades Integradas de Patos, aluno do curso de Mestrado

    Internacional em Educao, pela Florida Christian University (USA)

    E-mail: [email protected]

    Sinval Camilo dos Santos

    Licenciado em Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acara

    Resumo: A Mata Atlntica um dos ecossistemas mais ameaados do planeta, estando hoje reduzida a menos de 8% de

    sua extenso original, segundo os resultados recentes do Atlas da evoluo dos remanescentes florestais e ecossistemas

    associados, para este bioma, desenvolvido pela Fundao SOS Mata Atlntica e o Instituto Nacional de Pesquisas

    Espaciais. Sua extenso original perfazia mais de 1.290.000 km2 do territrio nacional, estendendo-se desde o Nordeste

    Brasileiro, principalmente da Paraba, at o Rio Grande do Sul. A Mata Atlntica significa tambm abrigo para vrias

    populaes tradicionais e garantia de abastecimento de gua para mais de 100 milhes de pessoas. Parte significativa de

    seus remanescentes est hoje localizada em encostas de grande declividade. Sua proteo a maior garantia para a

    estabilidade geolgica dessas reas, evitando assim as grandes catstrofes que j ocorreram onde a floresta foi

    suprimida, com conseqncias econmicas e sociais extremamente graves. Por tudo isto, que se tem como objetivo

    deste artigo proporcionar conhecimento bsico de forma mais esclarecedora sobre o desmatamento da Mata Atlntica de

    um modo geral, enfocando a regio da Paraba, com os problemas que esto afetando o meio ambiente. Bem como

    identificar fatores que contribuem para o desmatamento, reconhecendo o ser humano como o principal causador do

    mesmo.

    Palavras-chave: Mata Atlntica. Paraba. Proteo. Desmatamento.

    Study on deforestation of the rainforest in Paraba

    Abstract: The Atlantic Forest is one of the most threatened ecosystems on the planet and is now reduced to less than

    8% of its original length, according to the recent results of the Atlas of the evolution of forest remains and associated

    ecosystems, for this biome, developed by SOS Atlantic Forest Foundation and the National Institute for Space

    Research. Its original length mark up over 1,290,000 km2 of the national territory, extending from the Brazilian

    Northeast, especially Paraba, to Rio Grande do Sul. The Atlantic Forest also means shelter for various traditional

    populations and water supply guarantee for over 100 million people. A significant portion of its remaining is now

    located in large slope slopes. Its protection is the best guarantee for the geological stability of these areas, thus avoiding

    major disasters that have already occurred where the forest has been removed, with extremely serious economic and

    social consequences. For all this, is that this article aims to provide basic knowledge of most enlightening way on

    deforestation of the Atlantic Forest in general, focusing on the Paraba region, with the problems that are affecting the

    environment. And to identify factors that contribute to deforestation, recognizing the human being as the main cause of

    it.

    Keywords: Atlantic Forest. Paraba. Protection. Deforestation.

    1 Introduo

    Quando os primeiros europeus chegaram ao Brasil,

    em 1500, a Mata Atlntica cobria 15% do territrio

    nacional, rea equivalente a 1.306.421 km. A Mata

    Atlntica composta por um conjunto de ecossistemas

    que incluem as faixas litorneas ao longo da costa

    Atlntica, com seus manguezais e restingas, florestas de

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    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    baixada e de encosta da Serra do Mar, florestas

    interioranas, as matas de araucrias e os campos de

    altitude, alcanando a Argentina e Paraguai nas regies

    Sul e Sudeste. Sua regio de ocorrncia original abrangia

    integral ou parcialmente atuais 17 Estados brasileiros:

    Alagoas, Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois, Minas

    Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraba, Pernambuco, Piau,

    Paran, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande

    do Sul, Santa Catarina, Sergipe e So Paulo.

    Atualmente, a Mata Atlntica est reduzida a

    aproximadamente 7,84% de sua rea original, restando

    cerca de 102.000 km. o segundo Bioma mais ameaado

    de extino do mundo, perdendo apenas para as quase

    extintas florestas da ilha de Madagascar, na costa da

    frica (NASTARI, CARDIAL, 2008).

    Mesmo reduzida e muito fragmentada, a Mata

    Atlntica ainda abriga mais de 20 mil espcies de plantas,

    das quais 8 mil so endmicas, ou seja, espcies que no

    existem em nenhum outro lugar do Planeta. a floresta

    mais rica do mundo em diversidade de rvores. No sul da

    Bahia foram encontradas 454 espcies em um s hectare.

    Estima-se que no Bioma existam 1,6 milhes de

    espcies de animais, incluindo os insetos. No caso dos

    mamferos, por exemplo, esto catalogadas 261 espcies,

    das quais 73 so endmicas (que no existem em nenhum

    outro lugar do mundo), contra 353 espcies catalogadas

    na Amaznia, apesar desta ser quatro vezes maior do que

    a rea original da Mata Atlntica. Existem 620 espcies

    de aves, das quais 181 so endmicas. Os anfbios somam

    280 espcies, sendo 253 endmicas, enquanto os rpteis

    somam 200 espcies, das quais 60 so endmicas

    (NASTARI, CARDIAL, 2008).

    Cerca de 120 milhes de pessoas vivem na rea do

    Bioma da Mata Atlntica, o que significa que a qualidade

    de vida de aproximadamente 70% da populao brasileira

    depende da preservao dos remanescentes, os quais

    mantm nascentes e fontes, regulando o fluxo dos

    mananciais dgua que abastecem as cidades e

    comunidades do interior, ajudam a regular o clima, a

    temperatura, a umidade, as chuvas, asseguram a

    fertilidade do solo e protegem escarpas e encostas de

    morros.

    O presente artigo tem objetivo abordar o

    desmatamento da Mata Atlntica de um modo geral,

    enfocando a regio da Paraba, com os problemas que

    esto afetando o meio ambiente.

    2 Reviso de Literatura

    2.1 Consideraes Iniciais

    Em 1500, quando Pedro lvares Cabral chegou

    Bahia, uma exuberante floresta cobria quase todo o litoral

    do Brasil e avanava tambm por centenas de quilmetros

    no interior. A Mata Atlntica e seus ecossistemas

    associados abrangem 17 estados do Rio Grande do Sul ao

    Piau, totalizando mais de 12,9 milhes de quilmetros

    quadrados. Cinco sculos depois, a mata uma plida

    sombra do que j foi definhando, at chegar a 7,4 de sua

    cobertura original. Mesmo assim, continua sendo um dos

    ecossistemas mais ricos do planeta, abrigando varias

    espcies de aves (38%das quais s existem na Mata

    Atlntica) e espcies de mamferos (23% s encontrados

    nessa floresta). Tem tambm a maior riqueza de rvores

    do mundo (DUBOIS; VIANA; ANDERSON, 1996).

    Nessa perspectiva, sabe-se que o clima dentro dos

    continentes muito diferente do clima sobre os oceanos,

    mostrando que a atmosfera fortemente influenciada pelo

    que acontece na terra abaixo. certo que ocorrero

    mudanas no clima brasileiro devido ao desmatamento.

    Estas mudanas podem estender-se ao resto da Amrica

    do Sul e possivelmente ao resto do mundo.

    O desmatamento contribui para o esgotamento das

    fontes de gua natural prejudicando o abastecimento,

    deixa o solo sem proteo das razes das rvores,

    impedindo a eroso. A terraplanagem arranca as rvores e

    plantas rasteiras e corta o solo. O desmatamento ocorre

    para o plantio, a criao de gado, para a comercializao

    da madeira, para moradias, etc. A devastao florestal

    preocupa brasileiros e ambientalistas do mundo todo, pois

    interfere na fauna, destri espcies da flora, contribui para

    a poluio da gua, do ar, das chuvas cidas, do efeito

    estufa e a comercializao ilegal de madeiras nobres.

    Ocorre a poluio do solo, quando o homem polui o solo,

    quando joga sobre ele quaisquer coisa nestas reas

    desmatadas, o material jogado no entra em

    decomposio, os decompositores so destrudos, o solo

    contaminado torna-se uma via transmissora e propagadora

    de doenas, assim como a perda da fertilidade do solo.

    Segundo Nastari e Cardial (2008, p.34):

    Na floresta amaznica, cerca de 13% dos 5

    milhes de quilmetros quadrados originais foram

    destrudas. A rea equivalente Europa

    Ocidental e com uma populao de 17 milhes de

    pessoas. Calcula-se que na floresta amaznica

    existem 2 milhes de espcies vegetais e animais

    das quais s 30% so do conhecimento da cincia.

    As florestas ocupam 16 milhes de quilmetros

    quadrados no mundo. Estima-se que, a cada ano, 100 mil

    quilmetros quadrados de rvores sejam destrudos por

    queimadas, projetos mal-executados, desmatamentos,

    minerao inadequada e presso demogrfica. Pelo menos

    25% das essncias farmacuticas utilizam matria-prima

    oriunda das florestas, que ocupam 7% da superfcie do

    planeta e abriga 80% dos seres vivos (NASTARI;

    CARDIAL, 2008).

    Aproximadamente 5 milhes de hectares foram

    queimados no Brasil, na Indonsia e em outros pases.

    Alem do custo ecolgico, os incndios contribuem para

    intensificar o efeito estufa, assim como a especulao

    madeireira. No Brasil dados preliminares indicam que o

    numero de queimadas cresceu. No Rio Grande do Sul, as

    florestas ocupam 40% da rea total do estado. Ate a uma

    dcada, essa rea havia cado para 2,6% do territrio

    gacho. A frica uma amostra de destruio, em

    Madagascar, a devastao de 93% das florestas tropicais

    transformou regies exuberantes em desertos. As florestas

    de clima temperado so devastados de modo mais intenso

    do que as tropicais. Estima-se que 44% dessas matas j

    desapareceram, restando 23 milhes em biodiversidade

    (NASTARI; CARDIAL, 2008).

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    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    A partir da dcada de 80, a Mata Atlntica passou

    a receber uma ateno crescente por parte da sociedade

    brasileira preocupada com o ritmo acelerado de sua

    destruio. Essa preocupao tem se traduzido em um

    grande volume de projetos e aes desenvolvidos por

    instituies pblicas e privadas.

    Sabe-se que h muitas entidades trabalhando para

    a conservao, recuperao e uso sustentvel da Mata

    Atlntica, mas no temos uma avaliao global dessas

    atividades. O que no se sabe precisamente quantas so,

    quais os projetos que desenvolvem, onde atuam e quais as

    principais dificuldades que essas instituies vm

    enfrentando para obter sucesso em suas iniciativas. Essa

    lacuna de conhecimento dificulta o intercmbio e a troca

    de experincias entre as organizaes e impede um

    melhor planejamento das aes.

    Sendo assim, realizar um levantamento dos

    esforos de conservao, recuperao e uso sustentvel da

    Mata Atlntica, permitir mapear as aes, identificar

    reas e temas com carncia de investimentos, fomentar o

    intercmbio de experincias e subsidiar a definio de

    prioridades de ao.

    2.2 Caracterizao do ambiente em que se desenvolve a

    vegetao

    A Mata Atlntica compreende a regio costeira do

    Brasil. Seu clima equatorial ao norte e quente temperada

    sempre mida ao sul, tem temperaturas mdias elevadas

    durante o ano todo e no apenas no vero. A alta

    pluviosidade nessa regio deve-se barreira que a serra

    constitui para os ventos que sopram do mar. Seu solo

    pobre e a topografia bastante acidentada. No interior da

    mata, devido densidade da vegetao, a luz reduzida.

    H uma importante cadeia de montanhas que

    acompanham a costa oriental brasileira, desde o nordeste

    do Rio Grande do Sul at o sul do estado da Bahia. Ao

    norte as maiores altitudes se encontram mais para o

    interior do pas, mas, nas regies do norte do estado de

    Alagoas, todo estado de Pernambuco e da Paraba, e em

    pequena parte do Rio Grande do Norte temos altitudes de

    500 a 800 metros que esto prximas ao mar. Em So

    Paulo conhecida como Serra do Mar e em outros estados

    tem outros nomes. Sua altitude mdia fica ao redor dos

    900 metros. Em certos trechos bastante larga, mas em

    outros muito estreita. Afasta-se do mar em alguns

    pontos, se aproximando dele em outros (MEDEIROS,

    2004).

    Os ventos midos que sopram do mar em direo

    ao interior do continente ao subirem resfriam-se e perdem

    a umidade que possuem; o excesso condensa-se e se

    precipita, principalmente nas partes mais altas da serra,

    em forma de nevoeiro ou chuvas. Assim esses ambientes

    contm bastante umidade para sustentar as florestas

    costeiras, densas, com rvores de 20 a 30 metros de

    altura. Devido densidade da vegetao arbrea, o sub-

    bosque escuro, mal ventilado e mido. Prximo ao solo

    existe pouca vegetao, devido escassa quantidade de

    luz que consegue chegar a (MEDEIROS, 2004).

    As condies fsicas na floresta atlntica variam

    muito, dependendo do local estudado, assim, apesar de a

    regio estar submetida a um clima geral, h microclimas

    muitos diversos e que variam de cima para baixo nos

    diversos estratos. Os teores de oxignio, luz, umidade e

    temperatura so bem diferentes dependendo da camada

    considerada. Em certos pontos da floresta chega ao solo

    500 vezes menos luz do que nas copas das rvores altas.

    A temperatura tambm varia bastante, as copas das

    camadas superiores se aquecem durante o dia, porm

    perdem calor rapidamente noite. Ao contrrio nas

    camadas inferiores, a temperatura varia muito pouco, j

    que as folhas funcionam como isolante trmico. Nas

    camadas mais altas, mais expostas, a ventilao tem

    valores consideravelmente maiores que nos andares

    inferiores da mata.

    Em resumo, os microclimas nos diversos andares

    de uma floresta pluvial podem ser muito diferentes,

    embora o clima geral (macroclimas) seja um s. O que

    interessa, naturalmente, a cada espcie e a cada indivduo,

    no o clima geral da regio em que se encontra a

    floresta, e sim o clima ao qual ele faz parte; o importante

    o clima a que ele (indivduo) ou ela (espcie) estejam

    sujeitos (microclima).

    Conforme afirma Paschoal (1994, p.33):

    Os solos da floresta so pobres em minerais e sua

    natureza grantica ou gnissica. A maior parte

    dos minerais est contida nas plantas em vez de

    estar no solo. Como h no solo muita serrapilheira

    que origina abundante hmus, existem

    microorganismos de vrios grupos os quais

    decompem a matria orgnica que se incorpora

    ao solo. Esses minerais uma vez liberados pela

    decomposio de folhas e outros detritos, so

    prontamente reabsorvidos pelo grande nmero de

    razes existentes, retornando ao solo quando as

    plantas ou suas partes (ramos, folhas, flores, frutos

    e sementes) caem. Fecha-se, assim, o ciclo planta-

    solo, que explica a manuteno de florestas

    exuberantes, em solos nem sempre frteis, s vezes

    pauprrimos (como , muitas vezes, o caso de

    florestas da Amaznia).

    No entanto, o desmatamento leva a um rpido

    empobrecimento dos solos, j que as guas da chuva

    levam os minerais e os carregam para o lenol

    subterrneo (lixiviao). Esses solos por esse motivo

    normalmente no se prestam agricultura, a menos que

    sejam enriquecidos anteriormente. Muito freqentemente

    so de composio argilosa e aps desmatamentos sofrem

    eroso rpida ou ento endurecem, formando crostas

    espessas de difcil cultivo. por isso que a queimada de

    uma floresta tropical empobrece rapidamente o solo j

    que as guas da chuva carregam os sais minerais ao lenol

    subterrneo.

    2.3 Descrio dos aspectos fisionmicos, estruturais e

    florsticos da Floresta Atlntica

    O tipo de formao florestal recebe vrias

    denominaes: floresta latifoliada tropical mida de

    encosta (segundo a classificao de Andrade-Lima), mata

  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 27

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    pluvial tropical (segundo Romariz) e mata atlntica

    (denominao mais geral) (FERRI, 1974).

    claro que todas estas denominaes so corretas.

    O que interessa saber interpret-las. A primeira

    expresso a mais complexa. Est indicando que se trata

    de floresta sempre verde, cujos componentes em geral

    possuem folhas largas, que vegetao de lugares onde

    h bastante umidade o ano todo, e, finalmente, que

    vizinha da costa ou acompanha a costa. Na segunda

    expresso, sabe-se que se trata de floresta cujos

    componentes tem folhas largas, mata dos trpicos

    midos e vive em encostas.

    Os autores que usam a expresso mata atlntica

    esto indicando sua vizinhana com o Oceano Atlntico.

    E desta vizinhana decorre a umidade transportada pelos

    ventos que sopram do mar. Como conseqncia dessa

    umidade surge possibilidade de terem seus

    componentes, na maioria, folhas largas. E, ainda, esta

    umidade constante, aliadas s altas temperaturas que

    garante o carter de vegetao pereniflia (cujas folhas

    no caem antes de as novas estarem j desenvolvidas),

    pois a queda peridica das folhas de certa vegetao

    determinada ou pela falta de gua (seca fsica - queda de

    folha na caatinga) ou pelas temperaturas muito baixas que

    impedem a absoro da gua embora ela esteja presente

    (seca fisiolgica - queda das folhas nas matas de climas

    temperados) (FERRI, 1974).

    Portanto, por receber muita energia radiante e pelo

    alto ndice de pluviosidade, trata-se de uma floresta

    exuberante, de crescimento rpido, e sempre verde, ou

    seja, as folhas no caem. Calcula-se que na Mata

    Atlntica existam 10 mil espcies de plantas que contm

    uma infinidade de espcies de cores, formas e odores

    diferentes. Nela se encontra jabuticabas, cambus, ings,

    guabirobas e bacuparis. Plantas como orqudeas,

    bromlias, samambaias, palmeiras, pau-brasil, jacarand

    da Bahia, cabriva, ips, palmito (RIZZINI, 1982).

    Sabe-se, portanto, que Floresta Atlntica

    semelhante fisionomicamente e em composio florstica

    Floresta Amaznica. So igualmente densas, com

    rvores altas em setores mais baixos do relevo, apesar de

    as rvores amaznicas apresentarem em mdia um maior

    desenvolvimento. Os troncos so recobertos por uma

    grande diversidade de epfitas que um aspecto tpico

    dessas florestas. A existncia de grupos semelhantes de

    espcies entre a Amaznia e a Mata Atlntica sugere que

    essas florestas se comunicaram em alguma fase de sua

    histria. Certos contrastes diferenciam a Floresta

    Amaznica da Mata Atlntica; a primeira em geral de

    plancie e a segunda, de altitude. S

    Suas temperaturas mdias discrepam, do ponto de

    vista vegetacional. Quanto mais distante a Mata Atlntica

    estiver do equador, mais ela se difere da vegetao

    amaznica devido ao abaixamento da temperatura. Na

    Floresta Amaznica, as temperaturas mdias so elevadas

    todo ano, em torno de 26-27C, indo a mxima absoluta a

    38,8 C e a mnima absoluta a 22 C, o que faz do seu

    clima uma constante quente durante todo ano. J na Mata

    Atlntica, as temperaturas mdias variam 14-21 C,

    chegando a mxima absoluta 35 C para menos, no

    passando a mnima absoluta de 1 C (embora, no Sul,

    possa cair at -6 C) (RIZZINI, 1982).

    De acordo com Ribaski, Montoya e Rodigheri

    (2005, p.3):

    A Floresta Atlntica guarda, apesar de sculos de

    destruio, a maior biodiversidade por hectare

    entre as florestas tropicais. Isso devido a sua

    distribuio em condies climticas e em altitudes

    variveis, favorecendo a diversificao de espcies

    que esto adaptadas s diferentes condies

    topogrficas de solo e umidade. Alm disso,

    durante as glaciaes essas florestas mudaram de

    rea nos ciclos climticos secos e midos. O

    estudo dos gros de plen depositado nos

    sedimentos atesta que a Amrica do Sul passou por

    mudanas climticas que provocaram retrao e

    expanso das formaes vegetais h milhes de

    anos. As flutuaes climticas produziram

    perodos mais secos, com nvel do mar abaixo do

    atual e retrao das florestas e expanso dos

    cerrados. Portanto nos ltimos milhares de anos a

    geologia no mudou, mas o clima variou entre as

    glaciaes, ou seja, as guas quando congelavam

    nos plos abaixavam os nveis dos oceanos e

    chovia pouco.

    Nas interglaciaes o tempo esquentava, o mar

    aumentava de volume e chovia abundantemente. Isso fez

    com que as florestas tropicais que vivem de umidade e

    calor passassem por momentos de incubao e outros de

    exuberante beleza. Nessa poca a Serra-do-Mar tinha

    papel importante na sobrevivncia da Mata Atlntica j

    que barrava a umidade vinda do oceano salvando milhares

    de espcies dependente dessa umidade. Essas mudanas

    influenciaram na formao dos padres atuais.

    Assim, a grande quantidade de matria orgnica

    em decomposio sobre o solo d mata fertilidade

    suficiente para suprir toda a rica vegetao. Um solo

    pobre mantm uma floresta riqussima em espcies,

    graas rpida reciclagem da enorme quantidade de

    matria orgnica que se acumula ao hmus. A reciclagem

    dos nutrientes um dos aspectos mais importantes para a

    revivncia da floresta.

    2.4 Adaptaes vegetativas e reprodutivas das plantas

    diante da diversidade do ambiente em que se

    desenvolvem

    As rvores do interior da mata so adaptadas

    sombra, desenvolveram grande rea foliar a fim de captar

    o mximo de luminosidade possvel nessas condies.

    Tem espcies que passam toda a vida sombreadas e

    mesmo assim, so capazes de produzir flores, frutos e

    sementes. Muitas rvores so esguias, sem ramos, a no

    ser na parte superior. que devido ao sombreamento, os

    ramos inferiores foram eliminados.

    De acordo com Coimbra Filho (1984, p.89):

    Sobre os troncos das rvores encontram-se dezenas

    de orqudeas, bromlias, cactceas, ou seja, epfitas

    perfeitamente adaptadas a vida longe do

  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 28

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    solo.Como as epfitas no mantm contato com o

    solo muitas vezes possuem problemas de nutrio.

    Nada retiram das rvores apenas buscam uma

    maior luminosidade e ainda retribuem o abrigo

    atraindo animais polinizadores, como o beija-flor.

    Nos troncos onde as guas das chuvas escoam

    rapidamente, as epfitas tiveram que se adaptar a

    secas peridicas, mesmo vivendo num ambiente

    mido. Bromlias possuem folhas que formam um

    reservatrio de gua, na forma de um copo. Nesses

    reservatrios aquticos podem viver algas,

    protozorios, vermes, lesmas e at pererecas

    constituindo uma pequena comunidade. As

    orqudeas, cactceas guardam em suas suculentas

    folhas a gua que necessitam para a sobrevivncia.

    Nessas matas so comuns as razes tabulares e as

    razes de escoras, que so dispositivos para se coletar

    oxignio do ar, uma vez que a taxa de oxignio do solo

    pequena. Alm disso, solos muito midos no

    proporcionam boa fixao, assim as razes tabulares

    aumentam a base de sustentao da planta. Devido a

    densidade da vegetao ser muito grande, os ramos nas

    copas das rvores se entrelaam e as plantas assim se

    suportam reciprocamente e mesmo que os troncos sejam

    cortados, a rvore no cai por estar presa copa.

    O cho da floresta um verdadeiro berrio de

    plantas recm-germinadas ou em vida latente dentro das

    sementes. Muitas dessas plantas podem passar anos

    aguardando que uma rvore caia, abrindo uma clareira

    para que tenham luz suficiente para crescer. Outras

    suportam at a passagem do fogo das queimadas para

    depois germinar e auxiliar na cicatrizao da floresta.

    Algumas espcies como os manacs-da-serra e

    quaresmeiras produzem milhares de minsculas sementes

    que o vento carrega e deposita sobre as reas abertas onde

    rapidamente crescem fechandoas "feridas". Na floresta

    encontram-se plantas que emitem odores atraentes ou at

    mesmo simulando uma fmea de algum animal com a

    funo de atrair polinizadores, tais como abelhas, vespas,

    moscas, besouros, borboletas, mariposas, aves ou at

    morcegos (COIMBRA FILHO, 1984).

    Durante o inverno, ips exibem suas flores nos

    altos das copas ao mesmo tempo em que derrubam todas

    as folhas, tornando as flores visveis a seus polinizadores

    a longa distncia. Algumas espcies produzem suas flores

    junto aos troncos, onde abelhas e outros polinizadores no

    interior da mata podem encontr-las com mais facilidade.

    H plantas que abrem ao entardecer no mesmo perodo de

    atividade de seus polinizadores, tais como pequenos

    morcegos (COIMBRA FILHO, 1984).

    Na disperso das sementes tem plantas que

    produzem frutos ou sementes com asas ou longos pelos,

    valendo-se dos ventos para distribu-las. Outras produzem

    frutos explosivos, que ao secarem lanam suas sementes

    longas distncias. Diversas plantas produzem frutos

    suculentos e coloridos que se prestam alimentao de

    vrios animais. Depois da digesto, estes seres defecam as

    sementes prontas para germinar.

    As folhas so muitas vezes brilhantes recobertas

    por cera, tendo superfcies lisas e pontas em forma de

    goteira. Todas essas caractersticas facilitam o

    escoamento da gua das chuvas impedindo sua

    permanncia prolongada, o que seria inconveniente sobre

    a superfcie foliar porque pode obstruir estmatos, alm

    de servir para, em suas gotas, se desenvolverem

    microorganismos que podem determinar doenas. Outros

    mecanismos so conhecidos tais como: caules e folhas

    pendentes, folhas de limbo em pednculos delgados e

    longos, que se curvam ao peso da gua fazendo com que a

    ponta do limbo se incline para baixo, o que determina o

    escoar da gua por ao da gravidade e com isso o peso

    do limbo diminui e volta posio anterior (COIMBRA

    FILHO, 1984).

    2.5 A Mata Atlntica na Paraba

    2.5.1 Histrico da Mata Atlntica na Paraba e seu

    processo de preservao

    O Estado da Paraba se destaca, principalmente,

    pela sua capital, Joo pessoa, por seu verde indiscutvel,

    e, ainda, o Jardim Botnico Benjamim Maranho que o

    maior propagandista dessa cor. Criado pelo governo do

    Estado em 2000 em uma das maiores reserva de mata

    atlntica do Brasil, o jardim, antes conhecido como mata

    do Buraquinho, tem 515 hectares. Alm de rea de lazer,

    o jardim botnico tem o objetivo de estudar espcies da

    fauna e da flora, desenvolver atividades de educao

    ambiental e preservar o patrimnio gentico das plantas

    (PINHEIRO, 2008).

    Conforme Pinheiro (2008, p. 2):

    Nas trs trilhas a que tem acesso, o turista pode

    vislumbrar espcies animais e vegetais tpicas da

    mata atlntica. Entre as plantas esto sucupira,

    maaranduba (que d um fruto doce e leitoso),

    cajazeira (a rvore do caj), copiba (que serve de

    alimento para os sagis), dend, pau-pombo,

    orqudeas e bromlias. J os animais, mais difceis

    de encontrar, so tamandu-mirim, cotia, raposa,

    pre, preguia, borboletas, cobras e pssaros (pica-

    pau, sabi, anum-preto e jacu). No incio do sculo

    20, a mata do Buraquinho era a responsvel pelo

    abastecimento de gua da cidade, por meio de 33

    poos. Antes, em meados do sculo 19, a rea era

    propriedade privada, at ser adquirida em 1909

    pela companhia de gua da cidade.

    O rio Jaguaribe, que desgua no oceano Atlntico,

    atravessa a reserva e corta 23 bairros da capital paraibana.

    Atualmente, ele sofre com a poluio urbana. Para as

    trilhas - do Rio, do Buriti e do Bambuzal -, o jardim

    botnico recebe grupos de at 50 pessoas por turno, de

    manh e tarde- a partir das 8h e das 13h30. Visitas tm

    de ser agendadas. Antes do passeio, o grupo assiste a uma

    palestra no auditrio sobre o jardim botnico e sua

    importncia para a cidade.

    De acordo com a Enciclopdia dos Municpios

    Paraibanos (1976, p. 21-23):

    A primeira trilha -a do Rio - a bsica, com

    apenas 300 m, e leva at o poo das Salamandras.

  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 29

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    No caminho, algumas curiosidades chamam a

    ateno, como uma copiba com o caule rodo

    pelos sagis, que se alimentam de sua seiva, e um

    bambuzal que forma um tnel. Na passagem pela

    ponte de madeira vem-se bromlias em troncos de

    rvores. As rvores do Jardim Botnico tm em

    mdia de 30 a 40 anos, e a temperatura da mata

    varia entre 14 C e 24C, explica Paiva. Na trilha do

    Buriti, que vai at o lago das Ninfias -planta

    semelhante amaznica vitria-rgia, embora

    menor-, as copas das rvores so mais fechadas.

    Uma famlia de morcegos dorme em fila no caule

    de uma rvore. Helicnias colorem o caminho. A

    trilha do Bambuzal, a mais estreita e irregular do

    jardim botnico, leva "rvore do abrao", um

    dendezeiro que cresceu no meio de uma gameleira,

    dando a impresso de que as duas rvores esto

    enlaadas.

    H uma histria que o antigo proprietrio da rea,

    no sculo 19, pegou a filha aos beijos com um

    empregado, atirou nele, mas a filha se jogou na frente

    para proteger seu amor e morreu. Depois o proprietrio

    matou o rapaz. No local teriam crescido as duas rvores.

    Esse passeio acompanhado por dois guardas florestais,

    por questo de segurana, pois o jardim botnico tem

    favelas em seu entorno, tornando, assim, muitos pontos

    um perigo para a pesquisa, bem como para o turismo.

    Dentro dos prximos 30 anos, promover a

    recuperao de 18 mil hectares da Mata Atlntica na

    Paraba o objetivo que as empresas do setor

    sucroalcooleiro do Estado pretendem alcanar, como uma

    das formas de preservar o que resta da floresta.

    De acordo com nota no Jornal da Paraba (2006, p.

    2):

    Quase 100% da rea de mata atlntica da Paraba

    est em processo de destruio, restando apenas

    0,4% de rea preservada. Por conta disso, a grande

    variedade de riquezas de diferentes categorias

    biolgicas existentes na mata, como animais

    silvestres, plantas medicinais e fontes de gua,

    encontra-se ameaada de extino. A declarao

    foi dada pelo superintendente do IBAMA-PB,

    Erasmo Lucena, durante a abertura das atividades

    programadas pelo rgo, para a Semana do Meio

    Ambiente, na manh de ontem. A degradao dos

    manguezais paraibanos tambm foi apontada por

    Erasmo Lucena como um dos problemas mais

    graves que ocorrem no Estado, com relao ao

    meio ambiente. O manguezal da Praia do Sol uma tristeza. At os caranguejos j

    desapareceram, declarou. A grande responsvel pelo processo de destruio, segundo o

    superintendente, a sociedade. Para ele, a

    conscientizao da populao, especialmente dos

    jovens, uma das mais importantes estratgias a

    serem aplicadas no processo de preservao da

    natureza. Durante a Semana do Meio Ambiente,

    que teve incio ontem e termina no prximo

    domingo (5), data em que comemorado o Dia

    Mundial do Meio Ambiente, jovens e adultos

    podero conhecer melhor o funcionamento das

    instituies dedicadas questo ambiental na

    Paraba, bem como participar de atividades

    educativas e culturais promovidas pelos rgos

    estaduais e municipais, responsveis pela

    programao do evento, em diversos pontos da

    capital.

    Especialistas, gestores, funcionrios desse

    segmento, representantes de rgos que atuam na rea do

    meio ambiente e estudantes participaram, na manh de

    ontem, no Teatro Armando Monteiro Neto, na sede do

    SESI (Servio Social da Indstria), em Joo Pessoa, do

    seminrio Dilogos Florestais 2007, dentro da iniciativa

    de recuperar o Corredor de Biodiversidade do Nordeste.

    Com o intuito de atingir o aumento da rea da Mata

    Atlntica, as empresas associadas ao Sindicato da

    Indstria de Fabricao de lcool Bicombustvel/Etanol

    da Paraba (Sindlcool), plantaram, no ano passado, 100

    mil mudas de plantas oriundas da prpria mata. Para

    tanto, de acordo com o presidente da entidade, Edmundo

    Coelho Barbosa, foram feitas mudas com sementes da

    mesma rea, a fim de que no houvesse a

    descaracterizao. Somente na Paraba, o setor

    sucroalcooleiro gera 50 mil empregos.

    Uma outra iniciativa prevista para garantir a

    preservao da Mata Atlntica ser a recuperao do

    Corredor de Biodiversidade do Nordeste - que tem

    2.124,12 quilmetros quadrados de florestas,

    correspondendo a 3,76% da vegetao original e inclui os

    Estados da Paraba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande

    do Norte - e caracterizado por pores que esto

    separadas umas das outras. A meta fazer o plantio para

    que passem a ser interligadas.

    Durante o evento - que contou com a presena do

    secretrio do Meio Ambiente, Cincia e Tecnologia,

    Jurandir Xavier, representando o Governo do Estado - a

    especialista Dorinha Melo, da Associao de Proteo da

    Mata Atlntica, falou sobre a mobilizao e parceria para

    a restaurao da Mata Atlntica nordestina, enquanto

    Marcelo Tabarelli abordou a importncia e estratgias

    para conservao do bioma. Tambm foram exibidos

    vdeos de empresas do setor sucroalcooleiro mostrando as

    experincias nas reas de responsabilidade com o meio

    ambiente e o social (JORNAL A UNIO, 2007)

    O seminrio Dilogos Florestais foi encerrado pelo

    presidente do Sindlcool, Edmundo Barbosa, que abordou

    as aes de reflorestamento do setor sucroalcooleiro na

    Paraba, atravs do Programa Conhecer e Preservar a

    Natureza. O evento foi promovido pela Federao das

    Indstrias do Estado da Paraba (FIEP), Sindlcool,

    Sindacar, Associao para a Proteo da Mata Atlntica

    do Nordeste (Amane) e o Centro de Pesquisas Ambientais

    do Nordeste (Cepane) e contou com representantes da

    Fundao SOS Mata Atlntica, Exrcito e Polcia

    Florestal, dentre outras instituies.

    Reconhecida internacionalmente como uma das

    regies prioritrias para a conservao da biodiversidade

    em todo o continente americano, em virtude da sua alta

    riqueza biolgica, aliada aos endemismos da sua fauna e

  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 30

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    flora, a Mata Atlntica abriga, tambm, uma grande

    riqueza de espcies ameaadas e raras entre mais de 20

    mil variedades de plantas, anfbios, rpteis, aves e

    mamferos.

    Depois da Amaznia, considerada, ainda, o

    maior bloco de floresta na regio neotropical e cobre uma

    faixa de terra contnua ao longo da costa atlntica

    brasileira, inclusive com pores na Argentina e Paraguai.

    Joo Pessoa muito bem arborizada, sendo considerada a

    2 Capital mais verde do mundo, perdendo apenas para

    Paris (Frana). Mesmo antes da preocupao ecolgica

    que hoje domina o mundo, o pessoense aprendeu a

    preservar a natureza e plantar rvores.

    2.5.2 Reservas florestais na Paraba

    A Paraba conta com 26 reservas florestais sendo

    16 estaduais, seis federais e 4 municipais. Uma boa

    notcia que, em um perodo de 10 anos (de 1994 a

    2004), o nmero de reas protegidas aumentou

    consideravelmente, passando de 0,3% para 0,7%. Mesmo

    se constituindo como unidades fundamentais para a

    preservao ambiental, esses espaos ainda sofrem com o

    desmatamento., tanto que restam apenas 30% da

    cobertura florestal original do Estado (LCIO; DANTAS,

    2004).

    Segundo Lcio e Dantas (2004, p.3)

    A gegrafa da Superintendncia de Administrao

    do Meio Ambiente (Sudema), Janizete Rangel,

    ressaltou que estas unidades so uma das formas

    de perpetuar as florestas, no entanto, apenas a

    criao delas no garante a integridade das matas,

    evitando roubos e desmatamentos clandestinos. necessrio implementar polticas pblicas urgentes

    para que efetivamente estas unidades funcionem,

    com planos de manejo e educao ambiental para

    as comunidades do entorno, por exemplo.

    O principal problema de degradao ambiental que

    atinge as reservas ainda o desmatamento. Janizete

    Rangel, que realizou, em 1994, o mapeamento da

    vegetao nativa lenhosa da Paraba, e em 2004, atualizou

    este diagnstico florestal, explicou que as principais

    causas do desmatamento na Mata Paraibana so a

    monocultura da cana-de-acar, em primeiro lugar,

    seguida da especulao imobiliria.

    Os remanescentes da Mata, segundo ela, se

    restringem a pequenos fragmentos, ilhas de mata, que esto concentrados em reservas como a da UFPB e da

    Mata do Buraquinho, na Capital, e da Mata do Amm, em

    Cabedelo.

    Outra forma de recuperar as reas degradadas de

    Mata Atlntica, explica a gegrafa, a criao de

    corredores ecolgicos entre fragmentos de mata isolados,

    como o que vem sendo desenvolvido, com xito, por uma

    destilaria no municpio de Caapor, na rea onde ela est

    instalada. H ainda a compensao ambiental, exigida em

    reas pblicas, como no caso da duplicao da BR 101,

    entre Joo Pessoa e Recife, em que reas de Mata

    perdidas com a ampliao da rodovia tero que ser

    repostas (LCIO; DANTAS, 2004).

    Segundo os dados mais recentes da Sudema, de

    2004, restam apenas 30% da cobertura florestal original

    do Estado. A mesorregio da Mata Paraibana que engloba Joo Pessoa, litorais norte e sul e rea de Sap foi a mais devastada, restando apenas 7% de sua cobertura

    original. Alm do problema dos desmatamentos

    clandestinos, a prpria Lei de Crimes Ambientais respalda

    a devastao da caatinga a grande fonte de energia para os setores residenciais, comerciais e industriais , que s proibida quando a retirada feita em reserva legal ou rea

    de preservao permanente.

    Dentro das formaes florestais da Mata

    Paraibana, o maior alvo do desmatamento foi o

    ecossistema da Mata Atlntica, com apenas 0,4% de sua

    cobertura remanescente. A grande reduo destas reas se

    deve principalmente ao uso desordenado do solo, seja

    para agricultura, pecuria, minerao, ou em loteamentos.

    Para se ter uma idia da devastao assustadora, em 1994,

    o consumo de lenha resultava em um desmatamento anual

    de cerca de 107 mil hectares, nmero que subiu para

    aproximadamente 42 milhes de hectares por ano, 10

    anos depois.

    Para recuperar a Mata Atlntica, visada por suas

    espcies nobres, de dimetros considerveis, a Sudema,

    responsvel pela gesto das florestas desde este ano que antes da descentralizao realizada pelo Ministrio do

    Meio Ambiente cabia ao do Instituto Brasileiro do Meio

    Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA)

    - pretende adotar, entre outras medidas, a recuperao de

    reas de preservao permanente e reas degradadas das

    unidades de conservao e a compra de reas de mata de

    particulares, para serem transformadas em unidades de

    conservao (SUMEDA, 2008)

    Pesquisas da SUDEMA-PB, realizadas em 2004,

    informam que, normalmente, a madeira utilizada para

    fogueiras na poca dos festejos juninos de podas de

    frutferas ou catas (restos de vegetao morta), mas no

    perodo que antecede o So Joo, as fiscalizaes realizadas em parceria com a Polcia Florestal so intensificadas, para evitar os desmatamentos clandestinos.

    O problema, segundo ela, que o contingente de fiscais

    muito pequeno so apenas 103 para atender todo o Estado e apenas 80 policiais florestais e falta infraestrutura, problemas que dificultam bastante as

    fiscalizaes. Constata-se, ainda, que a madeira

    apreendida em fiscalizaes pode ter vrios destinos, a

    depender do produto florestal (estacas, varas, entre

    outros), que pode ser doao, venda ou mesmo uso

    interno pelo rgo (SUDEMA, 2008).

    2.5.3 Histrico de unidades de conservao do Estado da

    Paraba

    Segundo a Secretaria do Meio Ambiente do Estado

    da Paraba (2008, p.1):

    As Unidades de Conservao so pores do

    territrio nacional, incluindo as guas territoriais, com

    caractersticas naturais de relevante valor, de domnio

    pblico ou de propriedade privada, legalmente institudas

  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 31

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    pelo Poder Pblico com objetivos e limites definidos, sob-

    regimes especiais de administrao, os quais se aplicam

    garantias de proteo.

    Cada Unidade de Conservao recebe o manejo

    ambiental adequado para assegurar suas caractersticas

    naturais, ou seja: manter a diversidade natural, conservar

    os recursos genticos e hdricos, favorecer a pesquisa

    cientfica, manejar os recursos florestais, promover a

    educao ambiental, o lazer, assegurar a qualidade

    ambiental e o crescimento econmico regional.

    A SEMARH atravs da SUDEMA vem ampliando

    a cada dia o seu trabalho nas Unidades de Conservao.

    Isto significa a preservao do que temos de mais

    relevante em termos paisagsticos, belezas cnicas e

    recursos naturais, almejando o desenvolvimento

    sustentvel. Atualmente a Paraba conta com oito

    Unidades Estaduais de Conservao, sendo quatro

    parques, duas reservas ecolgicas, um monumento natural

    e um jardim botnico. Veja-se o quadro abaixo, retirado

    do site da Secretaria do Meio Ambiente do Estado da

    Paraba.

    UNIDADES DE CONSERVAO DO ESTADO DA PARABA

    Nome rea (ha) Documento de Criao Data Municpio Bioma

    Reserva Ecolgica Mata do

    Pau-Ferro 607,0 Decreto N. 14.832 19/10/92 Areia Mata Atlntica

    Reserva Ecolgica Mata do

    Rio Vermelho 1.500,0 Decreto N. 14.835 19/10/92 Rio Tinto Mata Atlntica

    Parque Pico do Jabre 500,0 Decreto N. 14.834 19/10/92 Matureia e Me

    D'gua Mata Atlntica

    Monumento Natural Vale dos

    Dinossauros 40,0 Decreto N. 14.833 19/10/92 Souza Caatinga

    Parque Estadual Pedra da

    Boca 157,3 Decreto N. 14.889 07/02/00 Araruna Caatinga

    Parque Estadual Marinho de

    Areia Vermelha Decreto N. 21.263 07/02/00 Cabedelo

    Jardim Botnico Benjamim

    Maranho 329,4 Decreto N. 21.264 07/02/00 Joo Pessoa Mata Atlntica

    Parque Estadual da Mata do

    Xm-Xm 182 Decreto N. 21.262 07/02/00 Bayeux Mata Atlntica

    Fonte: http://www.sectma.pb.gov.br/meio%20ambiente

    Em todo o Estado tambm existem reas com

    potenciais para criao de novas unidades de conservao.

    A Paraba possui uma grande diversidade de paisagens

    distribudas entre reas midas (Manguezais, Cerrado,

    Mata da Restinga, Mata Atlntica, Brejos de Altitudes e

    Matas Serranas) e reas semiridas, com cobertura

    florestal de caatinga, apresentando uma estratificao

    entre a caatinga arbrea fechada das serras caatinga

    arbustiva aberta. Aps a concluso do mapeamento e

    diagnstico florestal a estado vem selecionando reas que

    apresentam potencialidades para a criao de novas

    Unidades de Conservao dentre elas j em face de

    levantamentos de campo e estudos encontram-se

    selecionadas as seguintes reas:

    Parque do Cabo Branco - Joo Pessoa

    Mata da Usina So Joo - Santa Rita

    Mata do Triunfo - Joo Pessoa

    Mata Engenho Socorro - Areia, Alagoa Grande

    Mata de Cabedelo - Cabedelo

    Stio Arqueolgico de Pai Mateus - Boa Vista

    Mata do Jacarap - Joo Pessoa

    Mata do Arat - Joo Pessoa

    Mata do Aude dos Reis - Santa Rita

    Pedra do Ing - Ing

    Fazenda Junco - Areia

    Fazenda Lagoa da Cruz - Remgio

    Mata da Jussara - Areia

    Fazenda Craibeiras - B. de Santa Rosa

    Fazenda Riacho da Cruz - B. de Santa Rosa

    Mata de Monteiro - Monteiro

    Serra do Jabitac - Monteiro (nascente do rio Paraba)

    Serra dos Sucurus - Sum

    Serra Branca - Serra Branca

    Serra do Caturit - Boqueiro

    Serra Santo Antonio - Pianc

    Mata Esc. Agrcola de Souza

    Fazenda Pedra Cumprida - Sum

    Mata de Mangabeira - Joo Pessoa

    rea de Proteo Ambiental Tambaba - Conde

    rea de Proteo Ambiental das Onas - So Joo do Tigre

    Reserva Ecolgica Estadual de Goiamunduba - Bananeira

    3 Consideraes metodolgicas

    3.1 Tipo e local do estudo

  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 32

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    Para este estudo, optou-se por uma pesquisa

    bibliogrfica por oportunizar um aprofundamento de

    nossos conhecimentos que, segundo Prestes (2003), a

    pesquisa bibliogrfica aquela que se efetiva tentando

    resolver um problema ou adquirir conhecimentos a partir

    do emprego predominantemente de informaes

    provenientes de material grfico, sonoro ou

    informatizado.

    Para Gil (1999), a pesquisa bibliogrfica

    desenvolvida a partir de material j elaborado, constitudo

    principalmente de livros e artigos cientficos. Embora em

    quase todos os estudos seja exigido algum tipo de

    trabalho desta natureza, h pesquisas desenvolvidas

    exclusivamente a partir de fontes bibliogrficas.

    Tambm foi feita uma pesquisa de campo, tendo

    como instrumento questionrios contendo perguntas

    diretamente ligadas ao tema em estudo, visando uma

    absoro do pensamento de indivduos que estivessem

    integrados no problema do aquecimento global. Assim,

    obtendo informaes para exposio da anlise dos dados.

    A pesquisa foi realizada na Escola Maria Rosa da

    Conceio, situada no stio Laje da Ona, municpio de

    Tavares PB.

    3.2 Etapas operacionais do estudo

    3.2.1 Primeira etapa: levantamento bibliogrfico do

    material sobre a temtica do trabalho

    Nesta primeira etapa, foram selecionadas algumas

    referncias pertinentes ao tema proposto para o

    desenvolvimento da pesquisa. O universo investigado foi

    constitudo por fontes bibliogrficas impressas e on-line,

    como livros, manuais, monografias, artigos peridicos e

    de jornais.

    No que se refere ao acesso s referncias

    impressas, ressalta-se que algumas delas foram adquiridas

    no acervo dos locais acima, tendo em vista que o tema

    de cunho bastante atual e no se terem tantas bibliografias

    concernentes a ele. As referncias on-line foram obtidas

    principalmente das bases de dados: Bireme, Google

    acadmico, portal de peridicos dentre outros sites de

    busca e de pesquisa como as enciclopdias virtuais,

    dicionrios digitais, etc.

    3.2.2 Segunda etapa: seleo do material e construo do

    texto preliminar

    Nesta etapa, foi selecionado, criteriosamente, todo

    o material disponibilizado, considerado relevante ao

    objetivo proposto para o estudo. Em seguida, a partir de

    uma leitura atenta e minuciosa de cada material, foram

    extradas citaes diretas de acordo com cada tpico

    explorado e suas respectivas referncias, bem como

    citaes indiretas, oportunizando a construo e

    amplitude do texto. As informaes foram digitadas e, em

    seguida, inseridas num s documento, visando-se

    viabilizar a construo da referida pesquisa. Com base no

    levantamento realizado foi possvel a elaborao de um

    texto preliminar, contemplando-se os pontos principais do

    estudo proposto.

    3.2.3 Terceira etapa: redao final do relatrio da

    pesquisa

    A elaborao do texto preliminar permitiu

    identificar lacunas e melhorar a coerncia estrutural do

    referido trabalho. Desta forma, obviamente, facilitou a

    redao do texto final da monografia, permitindo assim a

    sua apresentao de modo claro, objetivo e coerente.

    Cumpre assinalar que o pesquisador seguiu, ainda,

    as recomendaes preconizadas pela Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), para a

    elaborao de trabalho cientficos.

    4 Anlises e Discusso

    Os dados aqui apresentados foram coletados

    atravs de um questionrio realizado com 10 alunos da

    Escola Maria Rosa da Conceio, situada no stio Laje da

    Ona, municpio de Tavares-PB, a 6 km de distncia da

    cidade, logo aps de uma palestra com os alunos, visando

    a conscientizao a respeito das causas e conseqncias

    do fenmeno do aquecimento global.

    Quadro 1 Significado e importncia da Mata Atlntica

    Alunos de Graduao

    Opinio dos entrevistados

    .

    [...] Sei sim, e devemos lutar para preserv-la mas no sei como.

    [...] o espao territorial que equilibra a terra, morada de animais silvestres, emana

    ar puro.

    [...] Com certeza, e de grande importncia que todos ns possamos contribuir

    para sua preservao.

    [...] O principal problema que devemos enfrentar e que o mais agressivo Mata

    Atlntica a questo do desmatamento.

    [...] O desmatamento o cncer da Mata Atlntica, pois ele a destri em grandes

    propores territoriais.

    [...] O homem agride a Mata Atlntica atravs do desmatamento. Com isso a

    floresta perde sua fora, causando grandes danos natureza.

    De acordo com o Quadro 1, depois de aplicado o

    questionrio, pode-se perceber que 100% dos

    entrevistados captaram as informaes a respeito dos

    problemas que envolvem a Mata Atlntica, da

    importncia de sua preservao, dentre outros. Pode ser

    constatado, tambm, que 100% dos entrevistados

    responderam que o desmatamento o principal fator

    existente que propaga a destruio da mata atlntica.

  • Jos Rivamar de Andrade & Sinval Camilo dos Santos 1

    REBES (Pombal - PB, Brasil), v. 4, n. 2, p. 24-33, mai.-jun., 2014

    Quadro 2 - A respeito da conscientizao da preservao da Mata Atlntica

    Alunos de Graduao

    Opinio dos entrevistados.

    [...] tenho conscincia da preservao da Mata Atlntica, mas no sei o que fazer para

    contribuir com a mesma.

    [...] com certeza necessrio preservar a Mata Atlntica, mas o que eu posso fazer

    para ajudar?

    [...] sim, preciso lutarmos para preservar a Mata Atlntica, mas no sei como agir, o

    que fazer para que isso possa acontecer. [...]

    Com relao a conscientizao da preservao da

    mata atlntica, conforme o quadro 2, tambm 100% dos

    entrevistados afirmaram que so plenamente conscientes;

    no entanto, os mesmos 100% declararam que no podem

    fazer nada porque lhes falta mais instrues de como

    proceder para a organizao de um trabalho comunitrio

    que possibilite o favor preservao da mata atlntica na

    Paraba. Visto esses dados, encontra-se uma disparidade

    onde a mesma conscincia que se tem da preservao,

    ainda pouca diante da grande demanda de mata atlntica

    destruda a todo momento. Mostra tambm, que h uma

    acomodao da populao com relao mobilizao

    comunitria da populao, bem como a falta de

    informaes que os mesmos tm.

    Assim, constata-se que h grande parcela de culpa

    e de desinteresse com relao a este problema, por parte

    do governo, visto que o mesmo poderia lanar campanhas

    mais enfticas e especficas de preservao e

    conscientizao, tanto em jornais, como na televiso, nas

    escolas, nas comunidades em geral.

    5 Consideraes Finais

    Considera-se relevante o desenvolvimento do

    tema, uma vez que o torna interessante, e considerada

    como um dos principais problemas que esto na

    atualidade e que no so tratados com tanta seriedade.

    Conclui-se, portanto, que no das melhores a

    situao da Mata Atlntica, bioma formado por diferentes

    formaes florestais - incluindo mata densa, restinga,

    manguezais e at florestas de araucrias. De sua rea

    original de cerca de 1,35 milho de quilmetros

    quadrados - segundo os limites estimados para o bioma a

    partir do Decreto Federal 750/93 e do Mapa de Vegetao

    do Brasil do IBGE de 1993 -, apenas 7% esto

    preservados em pequenas pores distribudas ao longo

    de 17 estados do pas. Em termos percentuais, a diferena

    a seguinte: antes, a Mata Atlntica cobria por volta de

    15% do territrio nacional; hoje, ocupa cerca de 1% da

    extenso de nosso pas.

    Ns estamos em um momento extremamente

    crtico, porque ou ns estabelecemos realmente uma

    poltica de longo prazo de proteo da Mata Atlntica,

    com projetos completos - criao de novas unidades de

    conservao, adoo de diversas formas de interveno -,

    ou, realmente, ns vamos perder o controle.

    por isso que, para tentar reverter esse quadro,

    ONGs, alguns rgos do governo, instituies e

    personalidades isoladamente tm buscado solues

    visando a preservao e, se possvel, a reconstituio do

    bioma.

    A questo da educao ambiental tambm citada

    como fator essencial para a reverso do quadro de

    destruio atual, pois, uma sociedade que no cidad,

    como a nossa, tem ainda um longo caminho

    preservao. A ao de alguns grupos tem conseguido

    levar a mudanas de comportamentos em algumas

    situaes, mostrando que, necessariamente, as alteraes

    de comportamento e as aes conservao dependem de

    educao.

    6 Referncias

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