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Elídia Albuquerque Silva
Agradecimento família deus
Dedicatória
Todas as pessoas que me ajudaram meu esposo
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O DESAFIO DE EDUCAR OS DESIGUAIS PARA A
IGUALDADE
Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza, temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza.
Boaventura de Sousa Santos
INTRODUÇÃO
A relação entre direitos humanos e educação é multidimensional. A
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, juntamente com uma série de
outros instrumentos internacionais de direitos humanos, já define a educação como
um direito, interpretada nos últimos anos, como o direito à educação de qualidade.
Nessa perspectiva, tem-se que o princípio da inclusão tem sua raiz
consagrada no direito à educação, tal como visto no artigo 26 da Declaração
Universal dos Direitos Humanos:
§1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
§2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
§3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Como se pode observar, a Declaração Universal dos Direitos Humanos vem
afirmar a necessidade de que a educação deve ser direcionada para "o
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais". Este
direito à educação é reiterado em todos os principais instrumentos de direitos
humanos que o Brasil, juntamente com a maioria dos estados do mundo, ratificou.
A educação constitui um poderoso instrumento de inclusão, o art. 26 da
Declaração Universal de Direitos Humanos vincula o direito à educação ao objetivo
do pleno desenvolvimento da personalidade humana. Tal pensamento pode ser
encontrado também no art. 22, segundo o qual toda pessoa tem direitos sociais,
econômicos e culturais “indispensáveis [...] ao livre desenvolvimento de sua
personalidade”, e no art. 29 que estabelece: “Toda pessoa tem deveres perante a
comunidade, onde – e somente onde – é possível o livre e pleno desenvolvimento
de sua personalidade.”
Notadamente o que se dispõe é que a educação deva ser direcionada para o
desenvolvimento do potencial integral das crianças e para o respeito dos direitos
humanos, da igualdade, de sua cultura, de sua própria identidade, juntamente com
os dos outros. Além disso, a educação é também um direito que permite e é gerador
de outros direitos; que pode ser veículo através do qual os outros direitos sejam
realizados, como o direito de expressão, o direito a vida e o direito à igualdade.
A educação é um direito humano, universal, indivisível e interdependente, daí
a obrigação de o Estado assegurá-lo a todos como forma de implementação do
conjunto de direitos humanos, sem exclusão de pessoas ou grupos sociais, numa
perspectiva de que a diversidade humana é a única regra que nos torna iguais em
nossas diferenças.
Este texto busca traçar uma reflexão no âmbito do ensino regular, acerca do
direito a igualdade e, ao mesmo tempo, a diversidade existente entre os seres e os
grupos humanos, na perspectiva da inclusão dos portadores de necessidade. Parte-
se da concepção de que igualdade não significa necessariamente uniformidade, mas
a compreensão de ser a igualdade o direito a diversidade, pois, como diz Aguiar
(2000, p.290):
Os projetos de liberdade humana, de felicidade social e existencial têm de se lastrear nas diferenças culturais, históricas, produtivas e gnosiológicas das sociedades. Terá sucesso o que amalgamar pacificamente essas tendências aparentemente díspares dos seres humanos, mas que são a expressão maior de sua riqueza e de seu potencial para sua tarefa co-criadora do mundo.
É, pois na compreensão do princípio do respeito à diversidade que se
materializa o movimento da Inclusão Social. Nessa perspectiva o presente trabalho
visa abordar a questão da educação inclusiva compreendendo-a como um desafio
de educar os desiguais para a igualdade através do paradigma da inclusão de todos,
realçando a necessidade de efetivação de ações que supere os muitos discursos
utópicos que têm sido desenvolvidos, com vista à criação de condições necessárias
para a equalização de oportunidades.
Assim, na primeira parte deste trabalho, procuraremos fazer uma breve
retrospectiva histórica sobre a educação inclusiva ao longo do tempo, em seguida
abordaremos os aspectos terminológicos dos termos Integração e inclusão e já num
terceiro momento, deteremos nosso olhar sobre a escola inclusiva e sua relação
com as outras crianças não deficientes.
1. Educação inclusiva: breve histórico
A história da educação especial no Brasil é recente. Durante longo período
não há o que se falar sobre o atendimento educacional especial. Durante os séculos
XVIII e XIX, enquanto em outros lugares do mundo a preocupação com a questão
dos deficientes já se iniciava, ainda que com a criação de instituições que tinham
como base a segregação dos deficientes, o Brasil por sua vez não demonstrava
nenhum interesse pela questão.
Considerado ameaça para aos demais indivíduos, as pessoas com deficiência
eram isoladas dos demais e tratadas como possuídos, desvalidos castigadas por
Deus, consideradas assunto médico. Os deficientes mentais eram internados em
orfanatos, manicômios, prisões e outros tipos de instituições. Essa época se
caracterizada pela ignorância e rejeição do individuo deficiente.
Somente, ainda na época do Brasil-Colônia, em 1854 o governo Imperial cria
o Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamim Constant, e dois anos mais
tarde, em 1856, é criado o Instituto dos Surdos-Mudos, atual INES (Instituto Nacional
de Educação de Surdos) ambos no Rio de Janeiro. No entanto, não deixou de se
constituir em uma medida precária em termos nacionais, pois em 1872, com uma
população de 15.848 cegos e 11.595 surdos, no país eram atendidos apenas 35
cegos e 17 surdos (MAZZOTTA, 1996, p.29),
Em 1932, é fundado a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte, destinada a
educação de crianças “excepcionais” que eram aquelas crianças assim
consideradas à época, por possuir alguma anormalidade orgânica, problemas de
origem sócio-econômica no meio familiar oi que apresentavam dificuldades em
acompanhar o programa escolar regular.
Somente a partir década de 50 é que a educação especial começa a tomar
novas nuances. Seguindo a tendência mundial, o Brasil tem uma rápida expansão
das classes e escolas especiais. O crescimento se deu em escolas especiais
públicas e privadas sem fim lucrativo. Destaque para a Sociedade Pestalozzi do
Brasil (criada em 1945) e a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais),
que mais tarde em 1962 já com 16 instituições criou sua Federação, a FENAPAES.
Preocupação com a Educação Especial no âmbito da escola pública só se
deu de fato a partir de 1957 quando o governo criou campanhas voltadas à
educação especial.
Em 1957, é realizada a primeira campanha que tinha como público alvo os
deficientes auditivos: “Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro”, e tinha por
objetivo promover medidas para a educação e assistência dos surdos, em todo o
país. Em 1958, é criada a “ Campanha Nacional da Educação e Reabilitação do
Deficiente da Visão”. Em 1960 foi criada a “Campanha Nacional de Educação e
Reabilitação de Deficientes Mentais” (CADEME). De acordo com MAZZOTTA (1996,
p. 52), a CADEME tinha por finalidade promover em todo território Nacional, a
educação, treinamento, reabilitação e assistência educacional das crianças
retardadas e outros deficientes mentais de qualquer idade ou sexo.
A partir de 1960 começa a serem criadas dentro das escolas regulares
públicas as chamadas classes especiais para os portadores de deficiência mental
leve. Ao longo desta década cresce o número de escolas de ensino especial no
país.
Diferentemente do que já acontecia em outros países, desde a década de 70,
no Brasil, somente com a promulgação da Carta Magna de 1988, que em seu artigo
208, estabelece a integração escolar enquanto preceito constitucional, preconizando
o atendimento aos indivíduos que apresentam deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino, é que começa, em nosso país a se dá a integração dos
deficientes mentais na sociedade, reflexo dos movimentos de luta pelos direitos dos
deficientes. No entanto, embora a Constituição assegurasse o atendimento
educacional especial, ainda era mínimo o acesso dessas pessoas à escola.
Em dezembro de 1996, é publicada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei 9.394/96, que traz em seu bojo significativos avanços, tais como a
extensão da oferta da educação especial na faixa etária de 0 (zero) a 6 (seis) anos;
a necessidade de melhoria da qualidade dos serviços educacionais prestados para
os alunos e a necessidade de qualificação dos professores, e de recursos
adequados de forma a compreender e atender à diversidade dos alunos.
Além disso, a LDB 9.394/96 traz um capítulo próprio, o capítulo V, para trata
especificamente da Educação Especial e expressa claramente no artigo 58 que a
educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino
e, quando necessário, deve haver serviços de apoio especializado.
Em 09 de julho de 2008, o Senado Federal, por meio do Decreto Legislativo
nº 186, tornou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo, equivalentes a emendas constitucionais à Constituição
Brasileira. O art. 24 desta Convenção expressa a garantia de que as pessoas com
deficiência possam ter acesso ao Ensino Fundamental inclusivo, de qualidade e
gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em
que vivem. Assim:
Artigo 24: Educação
Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para realizar este direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes deverão assegurar um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida (...)
Além disso, uma série de tratados e instrumentos normativos tem sido
ratificada pelo Brasil, tais como:
- A Convenção da UNESCO de 1960 contra a Discriminação na Educação estipula que os Estados têm a obrigação de expandir as oportunidades educacionais para todos os que permanecem privadas de educação primária.
- O Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC, 1966), reafirma o direito à educação para todos e destaca o princípio da gratuidade do ensino obrigatório.
- A Convenção sobre os Direitos da Criança, a mais amplamente ratificado tratado de direitos humanos, explicita o direito das crianças de não ser discriminada. Ele também expressa compromissos sobre os objetivos da educação, reconhecendo que o aluno está no centro da experiência de aprendizagem. Isso afeta o conteúdo e a pedagogia, e - de forma mais ampla - como as escolas são geridas.
Em meados da década de 90, no Brasil, começaram as discussões em torno
do novo modelo de atendimento escolar denominado inclusão escolar. Esse novo
paradigma surge como uma reação contrária ao processo de integração. Mas ainda
estamos no amanhecer do plano ideal, muito ainda há que se fazer para que se
chegue a um plano onde as diferenças sejam respeitadas e se aprenda a viver na
diversidade, para tanto, é necessário uma nova concepção de escola, de aluno, de
ensinar e de aprender.
Em 2002, a Resolução CNE (Conselho Nacional de Educação) define que as
universidades devem formar professores para atender alunos com necessidades
especiais; a Língua Brasileira de Sinais é reconhecida com meio de comunicação e
o braile é aprovado para ser utilizado em todas as modalidades de educação.
No período de 2003 a 2006, o governo trabalha para ampliar e divulgar a
educação inclusiva criando o Programa de Educação Inclusiva; reafirmando o direito
à escolarização de alunos com e sem deficiência.
Embora não possamos negar que houve um avanço considerável desde a
época da negligência, ainda há muito a ser conquistado. Entre avanços e
retrocessos estamos chegando a uma nova etapa no que diz respeito à educação
especial.
2. INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO: ASPECTOS TERMINOLÓGICOS
A compreensão do aspecto terminológica entre integração e inclusão faz-se
necessária para que se entenda as diferentes nuances que envolvem a educação
dispensada às pessoas com deficiência.
A idéia de inserir a priori, pressupõe incluir quem está excluído, por qualquer
motivo. Fávero (2004, p. 38), no entanto, explica que:
Na integração a sociedade admite a existência de desigualdades sociais e, para integrar a pessoa excluída, há necessidade de que este consiga adaptar-se, por méritos exclusivamente aos padrões de normalidade daquela dada sociedade, a fim de que possa ser por ela incorporada. Integrar-se, portanto, é uma via de mão única: cabe à pessoa com deficiência modificar-se para poder dar conta das exigências da sociedade.
Nesse aspecto poder-se-ia dizer que dizer que a integração somente aumenta
as oportunidades para a participação do indivíduo com deficiência no sistema
educacional regular, desde que este adapte-se as exigências do sistema. Neste
diapasão, há quem defenda que os alunos com necessidades especiais sejam
colocadas no ensino regular apenas quando eles possam atender as expectativas
acadêmicas tradicionais com ajuda mínima.
Ainda, a integração pressupõe a existência de grupos distintos que podem ou
não vir a se unir. Integrar-se é um caminho de mão única: cabe à pessoa com
deficiência modificar-se para poder dar conta das exigências da sociedade.
Para GLAT, (1998, p 32) a deficiência é condição de incapacidade, não
apenas por suas limitações, mas também pelas limitações sociais que ela acarreta.
A sociedade é quem rotula e consequentemente trata diferencialmente os indivíduos
que as possuem.
Por sua vez, a inclusão significa, antes de tudo, deixar de excluir. Pressupõe
que todos fazem parte de uma mesma comunidade e não de grupos distintos.
Assim, para deixar de excluir, a inclusão exige que o Poder Público e a sociedade
em geral ofereçam as condições necessárias para todos. Isto não significa apenas
colocar um aluno deficiente na escola, mas vai além, significa dar-lhe suportes,
condições para que possa tal qual aos demais, desenvolver todo o seu potencial.
A inclusão pressupõe a participação plena do portador de deficiência no
sistema regular de ensino. Para tanto, não basta colocar os alunos com
necessidades especiais na sala de aula regular, isso não é inclusão, não é suficiente
para afetar a aprendizagem. Na perspectiva inclusiva, os professores são
convidados a variar seus estilos de ensino para atender os diversos estilos de
aprendizagem de uma população diversificada de alunos. Só então pode as
necessidades individuais de todos os estudantes serem atendidos.
A escola para ser inclusiva precisa garantir que cada estudante recebe
atenção individual, acomodações e apoios que vão resultar em aprendizagem
significativa.
A escola inclusiva pressupõe valores de pluralismo, tolerância e igualdade em
ação, cabendo aos professores fornecer suportes apropriados individualizadas e
serviços para todos os alunos sem a estigmatização que vem com a segregação.
A inclusão não exige assimilação de conteúdos de sala de aula, ou adaptação
às expectativas acadêmicas. Pelo contrário, a inclusão melhora a aprendizagem
para os alunos, com e sem necessidades especiais. Os alunos aprendem a usar a
sua aprendizagem de forma diferente, o objetivo é proporcionar a todos os alunos a
instrução de que eles precisam para ter sucesso como aprendizes na medida de
suas potencialidades.
Fundamentalmente, a educação inclusiva é uma questão de justiça pois dá
cada aluno educação com base na sua necessidade.
3. A ESCOLA DE INCLUSÃO E AS OUTRAS CRIANÇAS:
A questão da inclusão hoje, esta recebendo considerável atenção. A maior
parte da atenção está focada em como a inclusão afeta os estudantes com
necessidades especiais. Mas o que dizer dos alunos que não têm necessidades
especiais? Será que a aprendizagem dos alunos sem necessidades especiais esta
sendo afetada por causa da inclusão?
Não há impacto negativo nenhum no aprendizado dos alunos sem
necessidades especiais em salas de aula inclusivas. Não há registro de pais ou
professores envolvidos em ambientes inclusivos que mostre qualquer observação de
algum dano para as crianças sem deficiência a convivência com deficiente. O que
muito se tem percebido são opiniões positivas sobre a inclusão.
Em outras palavras, até agora o que se tem tentado demonstrar é que estar
em uma sala de aula inclusiva não fere os alunos sem necessidades especiais. Mas
como a inclusão pode ajudá-los?
Acreditamos que os alunos sem necessidades especiais podem ganhar uma
série de benefícios importantes no relacionamento com colegas de classe que têm
deficiência, tais como: amizades; desenvolvimento de habilidades sociais e de
princípios e valores pessoais; sensibilidade para lidar com pessoas; sala de aula e
ambientes mais cuidados.
a) Amizades: A função mais importante das amizades é fazer com
que as pessoas se sintam bem cuidadas, amadas e seguras. Há
casos de amizades duradouras que surgiram entre os alunos que
deficiência e alunos não deficientes, que tendem a beneficiar a
ambos os estudantes. É possível identificar três áreas de
interesse comum tanto para os educandos com e sem
necessidades especiais, que podem fluir desse relacionamento:
companheirismo, crescimento das sociais e auto-conceito,
desenvolvimento de princípios pessoais.
Estar em um ambiente inclusivo não significa que todas as crianças não
deficientes se tornaram amigos íntimos das crianças com deficiência, no entanto,
mesmo quando as relações permanecem no nível de “coleguismo” ou simples
“conhecer”, benefícios podem ser observados.
b) Desenvolvimento de habilidades sociais e de princípios e valores
pessoais: indivíduos sem deficiência, muitas vezes podem se
tornar mais sensíveis e conscientes das necessidades. Tendem a
tornar-se mediadores para aqueles que têm necessidades
especiais. Como se tornam hábil em entender e reagir aos
comportamentos de seus amigos com deficiência tendem a
ganhar a apreciação dos demais membros da classe e com isso
desenvolvem valores pessoais e princípios morais e éticos fortes
que irão beneficiá-los e acompanhá-los ao longo de suas vidas.
c) Sensibilidade para lidar com pessoas: aprendem a conviver com
as diferenças, e com isso tendem a não temer olhares diferentes
e a reagir mais naturalmente a comportamentos distintos. Um
efeito colateral positivo e interessante é que os pais desses
indivíduos, também, se sentirão mais confortável com as pessoas
com necessidades especiais por causa das experiências de seus
filhos.
d) Ambientes de sala de aula cuidado: Pela própria necessidade do
deficiente, os espaços escolares e salas de aula podem ser
estruturados de forma a facilitar o relacionamento, a empatia, e a
solidariedade pelos outros. Dentro de um ambiente de sala de
aula dessa natureza, os alunos têm a oportunidade de aprender
sobre os seus colegas de maneira que ampliam toda a gama de
experiências que cada criança traz para a sala de aula. As
crianças que aprendem juntos, aprender a viver juntos.
A modalidade de educação inclusiva traz beneficio a todos, posto que ela
tende a ensinar a convivência saudável, sem discriminação e fundada nos valores
da democracia, tolerância e respeito pela diferença.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Independente de ser garantia fundamental assegurada aos deficientes, por
meio de leis, a questão da inclusão passa, necessariamente, pelas garantias de
oportunidades e preservação de seu aperfeiçoamento moral, intelectual e
educacional, espiritual e social.
A legislação pertinente à matéria ressalta que a inclusão do aluno portador de
deficiência na rede regular de ensino é direito líquido e certo, cabendo ao Poder
Público proporcionar sua efetiva concretização. A escolarização do aluno com
deficiência nas escolas comuns e sua permanência é um direito indisponível, no
entanto, não basta para mudar o pensamento corrente, a edição de normas legais;
mais do que leis é preciso uma mudança de postura ante o preconceito e a
discriminação. Como diz ARROYO (1996):
A escola somente se constituirá em fronteira avançada dos direitos
se ela, como instituição social, tiver coragem de se redefinir em sua
estrutura rígida e seletiva, ser democrática não apenas em sua
gestão, mas em seus processos, na organização de seus tempos e
espaços. É preciso superar a cultura seletiva que ainda legitima essa
estrutura excludente. Essa é a Escola Possível. Ela já está
acontecendo no profissionalismo e na dedicação de inúmeros
coletivos de professores que transgridem a escola peneradora e
antipopular. A Escola Possível está se formando possível, na medida
em que continuar sendo fronteira avançada dos direitos.
Aos educandos deficientes, pensar e implementar a Educação Inclusiva, é
garantir, proporcionar, dar condições necessárias para acesso, percurso e
permanência na escola, a fim de que todos possam desenvolver, suas
potencialidades em escolas e serviços educacionais competentes para tal finalidade.
Para os demais membros da escola é vislumbramos um novo cenário de
consciência em que a inclusão social e educacional seja tarefa que se espera de
todos.
O medo do novo, do inesperado, faz parte de nossa condição humana, assim
como a criatividade e a capacidade de encontrar meios para resolver problemas. A
inclusão como algo novo ainda esta cheio de porquês, mas não é possível mais ver
como aceitável deixar alguém a margem, pelo simples fato de ser diferente, de “não
sabermos como agir” diante do diferente. As pessoas existem com as suas
diferenças; diferenças essas únicas fonte que nos torna iguais. É preciso respeitá-
las na sua individualidade e diversidade e tratar os desiguais na proporção de sua
desigualdade, oportunizando a todos a garantia a dignidade!
Porém, percebe-se esse processo como algo extremamente positivo, já que
os frutos serão colhidos no futuro onde nossas crianças, hoje, serão adultos e
saberão lidar muito melhor com as diferenças e aceitarão o diferente com
naturalidade. O compartilhamento das experiências entre deficientes e não
deficientes, nas instituições inclusivas, só podem gerar ganhos: reforça o caráter,
fortalece as relações, transforma os indivíduos na perspectiva de reconstrução do
estado de bem-estar social, de modo a viabilizar o ideal da igualdade para todos.
Assim, buscar um mundo e uma escola inclusiva, significa enfrentar o desafio
de impregnar a sociedade e quiçá, o mundo, com bons motivos que garantam a
ampla convivência de pessoas deficientes e não deficientes, de seres iguais nas
suas diferenças.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, Roberto A, R. de. Os filhos da flecha do tempo: pertinência e rupturas.
Brasília: Letraviva, 2000.
ARROYO, Miguel. Escola: fronteira avançada dos direitos. Belo Horizonte:
Secretaria de Educação, 1996.
Convenção sobre os Direitos da Criança UNICEF: 1998
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
http://www.acessibilidade web.com/luso/Convencao.pdf. Acesso em: 16/08/2012
Da Integração à Inclusão. In: http://celinacb.br.tripod.com/toeinclusao
social/id2.html. Acesso em: 12/08/2012
FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga. Direitos das pessoas com deficiência:
garantia de igualdade na diversidade. Rio de Janeiro: WVA, 2004.
GLAT, Rosana. Educação Especial: A integração Social dos portadores de
deficiência, uma reflexão. Vol I 2ª edição. Ed. Eletrônica – 1998
MAZZOTTA, M. J. S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas.
São Paulo: Cortez, 1996.
SANTOS, B.S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In: SANTOS,
B.S. A gramática do tempo. São Paulo: Cortez, 2006.