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ADRIANA DE OLIVEIRA BEGLIOMINI GRAMINHA Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a escola e o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva SÃO PAULO 2016

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ADRIANA DE OLIVEIRA BEGLIOMINI GRAMINHA

Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a

escola e o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil

Dissertação apresentada ao Curso de Pós

Graduação da Faculdade de Ciências

Médicas da Santa Casa de São Paulo para

obtenção do Título de Mestre em Saúde

Coletiva

SÃO PAULO

2016

ADRIANA DE OLIVEIRA BEGLIOMINI GRAMINHA

Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a

escola e o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil

Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

para obtenção do Título de Mestre em Saúde

Coletiva

Área de Concentração: Condições de Vida e Situação

de Saúde.

Orientador: Andréia de Fátima Nascimento

SÃO PAULO

2016

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Graminha, Adriana de Oliveira Begliomini Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a escola e o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil. / Adriana de Oliveira Begliomini Graminha. São Paulo, 2016.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Saúde Coletiva.

Área de Concentração: Condições de Vida e Situação de Saúde Orientadora: Andréia de Fátima Nascimento 1. Serviços de saúde mental 2. Inclusão educacional 3. Criança 4.

Epidemiologia descritiva

BC-FCMSCSP/28-16

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe Marcia, a pessoa que

mais me apoiou a iniciar e concluir este e outros projetos, sua

presença permanente em minha vida me alicerça. Tenho orgulho

de ser sua filha pela sua luta e determinação. Agradeço pela

dignidade e amor que sempre me ensinou. Obrigada por cuidar

sempre de mim e do seu neto. Te amo!

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela minha vida, por ter me dado saúde e força para enfrentar os obstáculos que se

colocaram a minha frente.

À Profª Dra. Andréia de Fátima Nascimento, orientadora, que mesmo sabendo da minha dupla

condição de gestante e que alguns desafios se colocariam à minha frente aceitou me acolher

como amiga e orientadora. Obrigada pela disponibilidade do seu tempo e compartilhamento da

sua produção científica.

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, local de conhecimento e

acolhimento desde a graduação, onde vivenciei um grande aprendizado.

Aos professores do Mestrado Acadêmico, por estarem sempre disponíveis e por

compartilharem seus saberes.

As colegas do curso, Priscila, Roberta, Daniel e Thiago. Sempre presentes nos momentos mais

difíceis e apoiando com conselhos e palavras doces.

À banca de qualificação: Prof.ª Dra. Edith Lauridsen, Prof.ª Dra. Patrícia Montanari, Prof. Dr.

Cássio Silveira, pela disponibilidade e sugestões que trouxeram contribuições importantes.

À equipe da biblioteca pela gentileza com que me atenderam em todos os momentos.

À equipe do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil da Vila Prudente por me acolherem

ao serviço.

Ao meu marido e melhor amigo, Felipe, pelo suporte, presença, companheirismo e confiança

sempre.

Aos meus meninos, Pedro e Lucas, que são a minha força e persistência para me erguer a cada

desafio.

Resumo

Título: Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a escola e o Centro de

Atenção Psicossocial Infantojuvenil

O objetivo deste estudo foi descrever os registros de interações entre a equipe do Centro

de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) e os órgãos da educação. Foi conduzido um

estudo descritivo em um CAPSi do município de São Paulo no ano de 2015, no qual foram

incluídas crianças com idade entre seis e 11 anos. As informações sobre as interações entre a

equipe do CAPSi e as escolas ou outros órgãos da educação foram obtidas a partir da revisão

dos prontuários e registradas em ficha padronizada. Foram calculadas frequências absolutas e

relativas dos dados. No período estudado, 43 crianças estavam em acompanhamento no CAPSi;

39 eram do sexo masculino e 24 apresentavam diagnóstico de transtornos globais do

desenvolvimento. Todas as crianças frequentavam escolas. Nos prontuários de 22 crianças

havia registro de alguma interação entre a equipe do CAPSi e as escolas ou outros órgãos da

educação; a maior parte das interações eram convites para participação no fórum saúde-

educação ou solicitações pontuais das equipes do CAPSi ou dos órgãos da educação para a

resolução de problemas ou dúvidas. Observou-se que as interações entre a equipe do CAPSi e

os diferentes órgãos da educação eram fragmentadas e pouco estruturadas. A participação da

escola na formulação do projeto terapêutico das crianças pode propiciar a inclusão mais efetiva

das crianças no ambiente escolar.

Descritores: Serviços de Saúde Mental; Inclusão Educacional; Criança; Epidemiologia

descritiva.

Abstract

Title: Inclusive education and mental health: interactions between school and

Psychosocial Care Center for children and adolescents

The aim of this study was to describe registers of interactions between Psychosocial

Care Center for Children and Adolescents (CAPSi) staff and educational services. A descriptive

study was conducted at a CAPSi in São Paulo/Brazil, during 2015. Children aged between six

and 11 years were included. Information regarding interactions between CAPSi staff and

schools and other educational services were obtained from medical records and registered using

a standardized formulary. Absolute and relative frequencies of data were calculated. During

the study, 43 children were attended at CAPSi; 39 were male and 24 have pervasive

developmental disorders. All children were attending schools. At medical records of 22

children there was some register of interactions between CAPSi staff and schools and other

educational services; most of them were invites to participate in local health-education forum

or occasional requests from CAPSi or educational services teams to solve problems or doubts.

The interactions between CAPSi staff and the diverse educational services were fragmented

and less structured. The participation of school in the formulation of children therapeutic

project could create better conditions for their inclusion at educational environment.

Keywords: Mental Health Services; Mainstreaming (Education); Child; Epidemiology,

Descriptive.

Sumário

1. Introdução_________________________________________________________________01

2. Revisão da literatura_________________________________________________________02

2.1 Prevalência dos Transtornos Mentais na Infância e Adolescência__________________02

2.2 Atenção à Saúde Mental Infantojuvenil_______________________________________03

2.2.1 Atenção Básica________________________________________________04

2.2.2 Atenção de urgência e emergência_________________________________05

2.2.3 Atenção hospitalar______________________________________________05

2.2.4 Atenção Psicossocial Estratégica __________________________________05

2.3 Educação inclusiva na Saúde Mental_________________________________________08

2.3.1 Secretaria Municipal de Educação_________________________________12

2.3.2 Secretaria Estadual de Educação___________________________________13

2.3.3 Fórum saúde – educação_________________________________________14

3. Justificativa________________________________________________________________16

4. Objetivo__________________________________________________________________17

5. Método___________________________________________________________________18

5.1 Desenho do estudo_______________________________________________________18

5.2 Local do estudo_________________________________________________________18

5.3 Amostra_______________________________________________________________20

5.4 Técnicas e instrumentos___________________________________________________20

5.5 Análise dos dados________________________________________________________21

5.6 Considerações Éticas_____________________________________________________21

6. Resultados_________________________________________________________________22

7. Considerações finais_________________________________________________________45

8. Referências Bibliográficas____________________________________________________46

Anexo 1 - Ficha de coleta________________________________________________________48

Anexo 2 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de São

Paulo___________________________________________________________________________53

Anexo 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo___________________________________________________________________________55

Anexo 4 – Normas de submissão de artigos para Revista Ciência e Saúde Coletiva___________59

Anexo 5 – Comprovante de submissão do artigo ao periódico Ciência & Saúde Coletiva______69

1

Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a escola e o Centro de

Atenção Psicossocial Infantojuvenil

1. Introdução

As consequências dos transtornos mentais e sua importância para população estiveram, por

muito tempo, ausentes das agendas de políticas públicas em todo o mundo. A saúde mental

infantojuvenil, em especial, foi durante muito tempo tratada de forma estritamente filantrópica

e assistencialista (1).

Essa forma de tratamento tinha um forte componente tutelar, como é o caso de

educandários, abrigos, escolas especiais, institutos para deficientes mentais e clínicas para

autistas. Em 2003, o Ministério da Saúde passou a orientar a construção coletiva e intersetorial

de diretrizes para uma rede de assistência de base comunitária e em acordo com a reforma

psiquiátrica (2).

Os Centros de Atenção Psicossociais Infantojuvenis (CAPSi) passaram a ser um importante

dispositivo social para o atendimento de crianças e adolescentes que apresentavam transtornos

mentais; no entanto, esses serviços frequentemente se deparam com situações diversificadas,

como encaminhamentos incorretos, atendimento a crianças que não deveriam ser atendidas no

CAPSi, entre outras, que muitas vezes se distanciam de suas diretrizes (1).

Para enfrentar essas situações, é necessário que os CAPSi se articulem a outros campos,

como assistência social, justiça, esporte, cultura e educação. O trabalho intersetorial faz-se

imprescindível para inclusão e construção dos encaminhamentos para uma rede de cuidados e

proteção (2).

2

2. Revisão da literatura

2.1 Prevalência dos Transtornos Mentais na Infância e Adolescência

Os transtornos mentais na infância e adolescência têm grande impacto social e familiar e

podem estar associados a problemas psiquiátricos e sociais na vida adulta. A prevalência

mundial de qualquer transtorno mental na faixa etária de seis a 18 anos foi 13,4% (intervalo de

confiança [IC95%]: 11,3% a 15,9%) de acordo com uma revisão sistemática da literatura

publicada 2015, na qual foram incluídos 41 estudos realizados em 27 países e publicados entre

1985 e 2012. A prevalência de qualquer transtorno de ansiedade foi 6,5% (IC95%: 4,7 a 9,1%),

de qualquer transtorno depressivo foi 2,6% (IC95%: 1,7% a 3,9%), de transtorno de déficit de

atenção hiperatividade de 3,4% (IC95%: 2,6% a 4,5%) e de qualquer transtorno disruptivo foi

5,7% (IC95%: 4,0% a 8,1%) (3).

No Brasil, a prevalência de transtornos mentais em alunos de escolas públicas cursando do

2º ao 6º ano do ensino fundamental foi avaliada em um estudo multicêntrico envolvendo quatro

municípios com população inferior a 50.000 habitantes (Itaitinga/CE, Caeté/MG, Goianira/GO

e Rio Preto da Eva/AM) durante os anos de 2010 e 2011. Para o diagnóstico de transtornos

psiquiátricos em crianças e adolescentes foi utilizada a versão brasileira do instrumento

“Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia for School-Age Children/Present and

Lifetime Version (KSADS-PL) ” (4). Dentre as 1623 crianças para as quais foi obtida informação

suficiente para a avaliação diagnóstica, 212 (13,1%; IC95%: 11,4% a 14,7%) preenchiam

critérios para qualquer transtorno psiquiátrico de acordo com os critérios do Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4ª edição (Diagnostic and Statistical

Manual of Mental Disorders [DSM-IV]). A prevalência de qualquer transtorno de ansiedade

3

foi 7,2% (IC95%: 6,0 a 8,8%), de qualquer transtorno depressivo foi 0,5% (IC95%: 0,2% a

1,0%), do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) foi 4,5% (IC95%: 3,5% a

5,6%) e de qualquer transtorno de oposição ou de conduta, 2,3% (IC95%: 1,6% a 3,1%) (5).

Foi realizado um estudo transversal entre 2000 a 2001 no município de Taubaté, estado de

São Paulo, em que os pais/cuidadores de 454 estudantes de escolas públicas e privadas entre

sete e 11 anos responderam ao Questionário de Capacidades e Dificuldades (Strenghts and

Difficulties Questionnaire – SDQ) para rastreamento de problemas mentais em crianças e

jovens até 16 anos. A prevalência de suspeita de problemas mentais em geral foi 35,2%

(IC95%: 30,8% a 39,8%); 103 (22,7%) apresentavam problemas clínicos e 57 (12,5%),

problemas limítrofes (6).

2.2 Atenção à Saúde Mental Infantojuvenil

Desde 2011 a atenção à Saúde Mental Infantojuvenil está estruturada sob a forma de uma

Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela Portaria MS/GM nº 3.088, de

23/12/2011, que prevê a criação, a ampliação e a articulação de pontos de atenção à saúde para

pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack,

álcool e outras drogas no âmbito do SUS(7).

A RAPS para o atendimento de crianças encontra-se organizada nos seguintes componentes:

- Atenção Básica em Saúde (Unidade Básica de Saúde, Núcleo de Apoio à Saúde da

Família, Consultório na Rua, Centros de Convivência e Cultura).

4

- Atenção de Urgência e Emergência (Serviço de atendimento móvel de urgência

(Samu), Sala de estabilização, Unidade de pronto atendimento (UPA) 24 horas e

portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, unidades básicas de saúde).

- Atenção Hospitalar (enfermaria especializada em hospital geral, leitos de saúde

mental no hospital geral).

- Atenção Psicossocial Estratégica (CAPSi)

2.2.1 Atenção Básica

A) Estratégia Saúde da Família (ESF) e Unidades Básicas de Saúde (UBS): realiza ações

de promoção de saúde mental, prevenção e cuidado dos transtornos mentais (8).

B) Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF): equipe constituída por profissionais de

saúde de diferentes áreas do conhecimento que atuam de maneira integrada, sendo responsável

por apoiar as Equipes de Saúde da Família e as Equipes de Atenção Básica para populações

específicas, ofertando apoio especializado (apoio matricial), que inclui a discussão de casos e

o cuidado compartilhado dos pacientes, com manejo de situações relativas ao sofrimento ou

transtorno mental. O trabalho com a população infantojuvenil pode ser desenvolvido em grupos

terapêuticos, intervenções familiares, apoio e suporte nas proposições de projetos terapêuticos

construídos para crianças e suas famílias (8).

C) Consultório na Rua: equipe constituída por profissionais que atuam de forma itinerante,

ofertando ações e cuidados de saúde para a população em situação de rua, considerando suas

diferentes necessidades de saúde. A abordagem de crianças pelas equipes de Consultório na

Rua tende a ser estratégica na medida em que permite a visibilidade dessas pessoas no SUS e

em outras políticas intersetoriais (8).

D) Centros de Convivência e Cultura: são serviços abertos a toda a população e que atuam

na promoção da saúde e nos processos de reabilitação psicossocial, a partir do resgate e da

5

criação de espaços de convívio solidário. Os centros de convivência e cultura podem ofertar a

crianças espaços e cronogramas de atividades específicos. Podem ser desenvolvidas atividades

lúdicas, de formação, de produção cultural, entre outras e que envolvam também as famílias e

a comunidade. A característica dos centros de convivência é a diversidade de pessoas em

circulação (8).

2.2.2 Atenção de urgência e emergência

A Atenção de Urgência e Emergência é responsável pelo acolhimento, pela classificação

de risco e pelo cuidado nas situações de urgência e emergência das pessoas com sofrimento ou

transtorno mental. Crianças também estão sujeitos às urgências e emergências em saúde

mental, é importante que elas sejam recebidas em qualquer um dos pontos de atenção

disponíveis e que o início do tratamento seja realizado no menor tempo possível (8).

2.2.3 Atenção hospitalar

A atenção hospitalar, no caso de crianças com transtornos mentais deve oferecer suporte às

situações de agravamento nas quais haja necessidade de acesso à tecnologia hospitalar. O

cuidado é pontual, deve estar articulado com o projeto terapêutico singular desenvolvido pelo

serviço de referência e a internação deve ser de curta duração (8).

2.2.4 Atenção Psicossocial Estratégica

Os CAPSi são serviços comunitários de atenção diária voltados para crianças e adolescentes

de zero a 20 anos de idade, com grave comprometimento psíquico e outras situações que

impossibilitem a criação e manutenção de laços sociais (9). No Brasil, em dezembro de 2014,

6

havia 201 CAPSi, dos quais 58 (28,9%) localizavam-se no estado de São Paulo (10). Em

fevereiro de 2016 existiam 26 CAPSi no município de São Paulo1.

Os CAPSi têm as funções de dar suporte aos serviços de saúde, educação, justiça, cultura e

outros órgãos que atuem junto a crianças e adolescentes; executar diagnóstico; estabelecer

programas terapêuticos; organizar a rede de saúde mental infantojuvenil; reconhecer as

necessidades em saúde mental da população e organizar a rede de serviços de saúde (9).

São compostos por equipes multiprofissionais, de nível superior, médio e operacional. No

primeiro grupo encontram-se psiquiatra, enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta

ocupacional, fonoaudiólogo e pedagogo, no nível médio; auxiliares ou técnicos de enfermagem

e funcionários administrativos; no último grupo; vigias, copeiras e funcionários da limpeza (11).

As atividades desenvolvidas nos CAPSi devem ser dirigidas para a faixa etária a quem se

destina atender e são compreendidas em: atendimento individual, atendimento grupal,

atendimento familiar, visitas domiciliares, atividades de inserção social, oficinas terapêuticas,

atividades socioculturais, esportivas, atividades externas, tratamento farmacológico e

psicoterápico e o fornecimento de refeições diárias. Todas essas atividades fazem parte do

projeto terapêutico singular, definido como um conjunto de propostas de condutas terapêuticas

articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma

equipe interdisciplinar, com apoio matricial, se necessário (12).

Os CAPSi recebem crianças e adolescentes encaminhados de diferentes serviços, tais como:

outros serviços de saúde, escolas, órgãos do Sistema Judiciário, de serviços de assistência social

e Conselho Tutelar2 (13). Um estudo realizado no município de São Paulo em um único bairro

1 Informação disponível no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) -

http://cnes2.datasus.gov.br/Mod_Ind_Unidade.asp?VEstado=35&VMun=355030&VComp=00&VUni=70,

acessada em 24/02/2016. 2 Órgão público colegiado da esfera municipal, de caráter deliberativo, executivo e fiscalizador; permanente, autônomo, não jurisdicional, sendo encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente (14).

7

mostrou que de 141 encaminhamentos de escolas, apenas 20 foram aceitas e 121 foram

encaminhadas para outros serviços por não apresentar transtorno mental grave (13). O vasto

número de queixas relacionadas à vida escolar mostra a necessidade do desenvolvimento de

ações conjuntas com a escola para que essas questões sejam tratadas em outra esfera de atenção

que não um serviço especializado como o CAPSi, ou ainda que essa população possa receber

atendimento na atenção básica (13).

Outro estudo mostrou que há também encaminhamentos feitos pelo Conselho Tutelar, que

ocorrem somente pelo fato das crianças e adolescentes serem ou estarem abrigadas, sem uma

queixa que justifique a medida (1). O alto percentual de encaminhamentos incorretos pode

representar a falta de conhecimento sobre a estrutura do sistema público de saúde ou a ausência

de outras opções para encaminhamentos (1). Este cenário tem um impacto relevante sobre o

sistema público de saúde porque cada encaminhamento incorreto representa pelo menos duas

horas de trabalho de um profissional do CAPSi (13).

Há poucos estudos que descrevem o perfil das crianças atendidas em CAPSi. Um estudo

descritivo realizado em 2011 por meio de consulta aos prontuários em um CAPSi localizado

no município de Maceió, para delinear o perfil de 132 crianças e adolescentes atendidos

utilizando algumas variáveis como: sexo, idade, nível de escolaridade, presença de relatório

escolar, queixas ao ser admitido no CAPS pela última vez, entre outras; mostrou que 74,2%

das crianças e adolescentes acompanhadas pelo serviço correspondiam ao sexo masculino, e

que 36,4% possuíam entre 9 a 11 anos. Quanto ao nível de escolaridade, 65,2% cursavam o

ensino fundamental, enquanto 9,1% não estavam matriculados em nenhuma escola. Outro dado

sobre o desenvolvimento escolar foi o relatório descrito pela escola: 33,3% dos prontuários

possuíam o relatório escolar. O estudo também apontou que 78% dos usuários possuíam

histórico de transtorno mental na família. Em relação às queixas ao serem admitidos no CAPSi,

as alterações mais relatadas foram agressividade (81,8%), seguida pelas alterações na

8

afetividade. Os diagnósticos clínicos mais encontrados foram o retardo mental (61,3%) e o

transtorno hipercinético (14,4%) (15).

Outro estudo descritivo, realizado com dados obtidos por meio de 103 prontuários dos

usuários de um CAPSi da Grande São Paulo coletados em 2008, seguindo um roteiro composto

pelos itens: sexo, idade, hipótese diagnóstica, origem do encaminhamento, entre outros,

mostrou que os usuários atendidos no CAPSi estudado eram em sua maioria do sexo masculino

(61,2%). Constatou-se que a maioria (68,9%) dos usuários tinha entre cinco e quinze anos,

sendo a média de idade de 9,4 anos. Quanto ao perfil diagnóstico, 24,8% dos prontuários não

possuíam o registro da hipótese diagnóstica, 21% dos usuários eram portadores de transtornos

de comportamento e transtornos emocionais, 16,2% de transtornos do desenvolvimento

psicológico e 10,5% apresentavam retardo mental. Em relação às crianças acima de seis anos,

83,1% frequentavam escola regular, 7,0% estavam em escola especial e 9,9% não

frequentavam escola. O principal órgão que encaminhou os usuários para o serviço foi o

Conselho Tutelar (22,3%) (1).

As possibilidades de tratamento para crianças e adolescentes com transtornos mentais

ampliam-se quando o atendimento tem início o mais cedo possível. Assim, é importante que os

CAPSi estabeleçam parcerias com a rede de saúde, educação, lazer e assistência social ligadas

ao cuidado da população infanto-juvenil (6).

2.3 Educação inclusiva na Saúde Mental

O tratamento no CAPSi tem maior probabilidade de sucesso quando ocorrem atividades de

inclusão social em geral e principalmente em conjunto com a escola. A escola, além do CAPSi,

é um dos poucos lugares frequentados pelas crianças portadoras de transtornos mentais, sendo

um local para a socialização e inserção na sociedade (16).

9

Antes da década de 1960 a educação escolar não era considerada como necessária, ou

mesmo possível, principalmente para aqueles com deficiências cognitivas e/ou sensoriais (17).

O trabalho educacional era relegado a um processo de alfabetização, sem muitas perspectivas

já que não havia expectativas quanto à capacidade desses indivíduos desenvolverem-se

academicamente e ingressarem na cultura formal (17).

As deficiências e os transtornos mentais eram entendidos como uma doença crônica, e todo

o atendimento prestado, mesmo quando envolvia a área educacional, era considerado pela ótica

terapêutica. Os médicos foram os primeiros a despertarem o olhar para as necessidades de

escolarização das crianças com transtornos mentais internadas em hospitais psiquiátricos

juntamente com os adultos sem qualquer atividade voltada para o desenvolvimento

cognitivo(17).

Mantoan(18) chama a atenção para as necessidades educativas de crianças com transtornos

mentais e aborda que a inclusão escolar não é de interesse apenas dessas, uma vez que inseridas

essas crianças na escola regular exige-se da instituição novos posicionamentos e procedimentos

de ensino baseados em concepções e práticas pedagógicas mais avançadas, além de mudanças

na atitude dos professores, modos de avaliação e promoção dos alunos para séries e níveis de

ensino mais avançados (18).

A inclusão é igualmente um fator de aprimoramento da capacitação profissional dos

professores em serviço e questiona a formação dos educadores, constituindo um motivo para

que a escola se modernize, atendendo às exigências de uma sociedade que não admite

preconceitos, discriminação, barreiras sociais, culturais ou pessoais (19).

A questão, muitas vezes, não é apenas incluir, mas, como incluir. É necessário que, na

prática, seja adotada uma política educacional que promova mudanças curriculares, efetivando

a participação dos pais no processo de inclusão, instrumentalizando as escolas, capacitando e

apoiando os profissionais que lidam com essas crianças. Inclusão não significa simplesmente

10

matricular os educandos em classe comum, ignorando suas necessidades específicas, mas

significa dar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica(19).

A escola inclusiva tem a proposta de colocar juntas, nas mesmas salas de aula, crianças com

deficiências de todo e qualquer tipo e gravidade, e crianças sem deficiências porque pressupõe

um ambiente de aprendizagem ajustado. Assim, não importa que tipo de deficiência fosse

elegível para estar na escola comum: qualquer uma ou todas elas, porque o problema não estaria

no nível das deficiências, mas no nível da sociedade e do preparo da escola para receber

qualquer aluno(19).

O interesse pela adaptação ao meio e a valorização dos papéis sociais, presentes na maioria

das propostas educativas atuais, decorrem da autonomia como finalidade da educação de

pessoas com deficiência. A autonomia, nas deficiências motoras ou sensoriais, é constituída de

habilidades alternativas que, dadas as incapacidades das pessoas, permitem uma adaptação

conveniente às tarefas essenciais. Nos transtornos mentais, a autonomia reveste-se de outras

significações e o ensino escolar apresenta dificuldades em desenvolver a autonomia

intelectual(18).

Essas dificuldades foram observadas em um estudo de natureza qualitativa, realizado em

escolas da rede particular e pública de ensino em uma Clínica de Pedagogia Especial da

Universidade de Uberaba em 2002, sobre como os professores abordariam determinadas

situações hipotéticas do cotidiano escolar que expunham necessidades especiais de crianças.

Quando abordadas situações de comunicação e ensino com os deficientes auditivos, os

educadores relataram que aprenderiam a língua brasileira de sinais (libras); no caso dos

deficientes visuais, braile; para os problemas cognitivos e comportamentais relataram que

usariam o diálogo e para os deficientes mentais chamariam uma pessoa especializada para fazer

palestras, não só para a equipe escolar, mas também para todos os pais e comunidade. Esse

estudo demonstrou por um lado, um mínimo conhecimento sobre inclusão, e por outro,

11

despreparo sobre como incluir, talvez por falta de apoio de outros órgãos e serviços e falta de

formação e/ou capacitação (20).

Outro estudo, de natureza qualitativa, realizado em 2008, na cidade de São Paulo com mães

de crianças atendidas em CAPSi mostrou, por meio da análise de discurso, relatos de medo,

apreensão e preconceito já sofrido nas escolas; muitas mães acabaram retirando seus filhos das

escolas para assegurá-los contra o preconceito intenso e por já estarem traumatizadas.

Relataram o estímulo dado pelos profissionais do CAPSi para a reinclusão dessa criança na

escola, porém não o fizeram com medo de nova rejeição. Havia também relatos em que a escola

teve um papel fundamental nos diagnósticos das deficiências; algumas mães somente

procuraram serviços médicos após alerta da escola de que havia algo errado (21).

O ambiente cognitivo das escolas pode não estar preparado para o ensino de pessoas com

transtornos mentais integradas às demais. Nas escolas e classes especiais, ou mesmo no

contexto da integração escolar de pessoas com necessidades especiais e transtornos mentais, os

processos de aprendizagem são raramente abordados conforme o que é próprio à idade

cronológica normal(18).

Todas as crianças têm seus direitos de acolhimento assegurado por lei, independentemente

do preparo da escola, de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, raça, condição

linguística ou econômica, sexo, orientação sexual, idade, capacidade de aprendizagem, estilos

de aprendizagem, etnia, cultura e religião(16). Desde a década de 1990, o direito à inclusão

escolar de todas as crianças está garantido no Brasil pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (22).

No âmbito da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e da Secretaria Estadual de

Educação de São Paulo há serviços que apoiam e auxiliam a escola na inclusão dos alunos:

12

2.3.1 Secretaria Municipal de Educação3

O Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI) é responsável por

desenvolver ações de formação e projetos, produzir materiais, orientar e supervisionar as

Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI). Em fevereiro de 2016 havia em São

Paulo 13 unidades de CEFAI. O CEFAI é composto por professores de Apoio e

Acompanhamento à Inclusão (PAAI), com especialização comprovada ou habilitação em

Educação Especial ou em uma de suas áreas.

As SAAI (contra turno) são destinadas ao Atendimento Educacional Especializado em

caráter complementar ou suplementar aos alunos que apresentam algum tipo de deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (23). Em fevereiro de

2016 havia em São Paulo 469 salas. A SAAI atende os educandos da própria escola ou de

outras Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino de seu entorno, onde não exista

tal atendimento.

Os alunos que não têm autonomia para locomoção, higiene e alimentação e que necessitam

de apoio intensivo para que possam participar efetivamente das atividades escolares contam

com o auxílio de um Auxiliar de Vida Escolar (AVE). O AVE pode atender até seis alunos com

estas características, por turno. Classes que têm alunos com qualquer deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação podem ter um estagiário de

pedagogia para apoiar o professor, quando necessário.

Os Núcleos de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA) foram criados

para atender a demanda de alunos com problemas na escolarização e a necessidade de melhorar

os resultados da aprendizagem na Rede Municipal de Educação, promovendo uma escola na

3 Informação disponível em: http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Main/Page/PortalSMESP/Servicos. Acessado

em 27/02/2016.

13

qual todos aprendam. Eles têm como objetivos: (1) ampliar o apoio a alunos com dificuldades

de aprendizagem; (2) articular e fortalecer a Rede de Proteção Social (ação integrada entre as

instituições de saúde, educacionais e tutelar, para atender crianças e adolescentes em situação

de risco pessoal: ameaça de violação de direitos por abandono, violência física, psicológica ou

sexual, exploração sexual comercial, situação de rua, de trabalho infantil e outras formas de

submissão que provocam danos e agravos físicos e emocionais) no território; e (3) apoiar e

acompanhar as equipes docentes e gestoras no processo de ensino-aprendizagem dos alunos

que apresentem dificuldades no processo de escolarização, decorrentes de suas condições

individuais, familiares ou sociais que impliquem em prejuízo significativo no processo de

ensino-aprendizagem.

Seus objetivos são pedagógicos, e não terapêuticos. Segundo informações da Secretaria

Municipal de Educação de São Paulo, cada Diretoria Regional de Educação manterá um

NAAPA; ele será composto por um coordenador, um assistente social, um fonoaudiólogo, dois

psicólogos, dois psicopedagogos e um auxiliar técnico de educação. Até março de 2016 não

havia NAAPAs em funcionamento no município, embora o início das atividades dos núcleos

tenha sido planejado para a metade do primeiro semestre de 2016.

2.3.2 Secretaria Estadual de Educação4

O Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (antigo centro) (CAPE) oferece suporte ao

processo de inclusão escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais na rede

estadual de ensino por meio das classes de apoio. Atuam no gerenciamento, acompanhamento,

e suporte às ações regionais de educação especial, nos processos de formação continuada, na

4 Informação disponível em: http://cape.edunet.sp.gov.br/, acessado em 27/02/2016.

14

provisão de recursos e na articulação das escolas com a comunidade, procedendo a orientações

e encaminhamentos.

2.3.3 Fórum saúde – educação

O fórum saúde-educação é um espaço de interlocução, que ocorre entre CAPSi e

instituições envolvidas com o cuidado e educação das crianças: Conselho Tutelar, órgãos da

saúde (UBS, NASF) e da educação (escolas, CEFAI, SAAI). O funcionamento do fórum é

organizado de maneira independente e apenas alguns CAPSi do município realizam esta

atividade. No CAPSi em que o presente estudo foi realizado, as reuniões aconteciam

mensalmente. Até dezembro de 2014 eram realizadas discussões de casos clínicos; porém, ao

longo das reuniões os profissionais do CAPSi perceberam que este formato não era muito

efetivo, pois alguns casos eram extremamente complexos e discutidos durante longo tempo, o

que restringia a discussão a poucos participantes.

A partir de janeiro de 2015 iniciou-se um novo formato em que passaram a ser discutidos

temas relacionados ao cuidado das crianças: questões familiares, violência doméstica,

vulnerabilidade social, perigos existentes nas comunidades durante as visitas domiciliares, uso

de drogas pela família ou adolescentes e questões relacionadas ao cotidiano escolar, tais como

dificuldade de obter vaga no contra turno escolar ou em escolas especiais ou conflitos entre

professores, pais e alunos. Aspectos relacionados à comunicação entre os serviços que

participavam do fórum também eram frequentemente discutidos.

O fórum saúde-educação organizado pelo CAPSi Ipiranga seguia outra estratégia; a equipe

realizava a discussão de casos de alunos pré-selecionados pelas escolas ou equipamentos de

saúde participantes. Após o relato por parte dos educadores ou profissionais da saúde era

15

realizada a discussão do caso e então definidas ações a serem realizadas pela escola, pela saúde

e pela família(24).

16

3. Justificativa

A política de saúde mental voltada para crianças e adolescentes, a criação de seus serviços

estratégicos e os CAPSi são recentes e existem poucos estudos sobre como esses serviços estão

estruturados, qual o perfil das crianças atendidas e quais os resultados terapêuticos alcançados.

Há ainda menor número de publicações voltadas para a inclusão social de crianças e

adolescentes e a interface entre a Saúde e a Educação. Este trabalho buscou descrever os

registros de interações entre a equipe do CAPSi e os órgãos da Educação para explorar as

relações entre os serviços de saúde e os órgãos da educação que visem a inclusão das crianças

no ambiente escolar.

17

4. Objetivos

Conhecer o perfil das crianças e adolescentes atendidas no Centro de Atenção

Psicossocial infantil.

Descrever os registros de interações entre a equipe do Centro de Atenção

Psicossocial Infantil e os órgãos da Educação.

18

5. Métodos

5.1 Desenho do estudo

Foi conduzido um estudo de caso com abordagem qualitativa (observação participante)

e quantitativa (estudo descritivo a partir dos dados existentes em prontuário). A escolha da

realização de um estudo de caso como estratégia de pesquisa possibilitou a investigação de um

caso específico, bem delimitado e que poderá servir de instrumento para pesquisas posteriores.

O estudo de caso pode apresentar limitações, como a dificuldade de generalização dos

resultados obtidos, ou seja, pode ocorrer que a unidade escolhida para investigação seja

bastante atípica em relação às demais(25).

A observação participante possibilitou a obtenção da informação na ocorrência

espontânea do fato. Essa técnica permite que o pesquisador ao integrar o grupo que vivencia a

realidade social, propicie interações que contribuam para a mudança de comportamento do

grupo observado de forma não intencional. O pesquisador analisa a realidade social que o

rodeia, tentando captar os conflitos e tensões existentes(26).

A revisão de prontuários envolveu algumas limitações. No prontuário são registradas

todas as informações relativas aos atendimentos dos usuários, é um documento do paciente em

que a equipe de saúde atualiza e guarda as informações. Reis chama a atenção para o

preenchimento deficitário pelos profissionais do CAPSi, pois muitas vezes faltam informações

fundamentais(27).

5.2 Local do estudo

O estudo foi realizado no CAPSi do bairro Vila Prudente, na zona Leste da cidade de São

Paulo, pertencente à Coordenadoria de Saúde Sudeste. Este serviço é administrado diretamente

19

pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, sem a participação de organizações sociais

parceiras.

Em funcionamento há mais de dez anos, atendia crianças e adolescentes de zero a 20 anos

completos. Em maio de 2015, possuía 153 pacientes cadastrados e ativos. Realizava atividades

de inclusão social e reabilitação psicossocial, oferecia lanches e/ou refeições durante os grupos

terapêuticos, promovia festas temáticas durante o ano e passeios a lugares públicos ao redor do

serviço, estimulava a participação das crianças em festas infantis, playground, parques e outros.

As atividades terapêuticas dentro do CAPSi eram realizadas através das consultas médicas e

dos grupos ou atendimento individual aos pais e/ou crianças. Os grupos eram compostos de

seis a dez crianças e ocorriam uma a três vezes na semana, sendo divididos por faixa etária.

Funcionava em uma grande casa independente, com área externa ampla, salão para

atividades festivas, cozinha ampla, dois banheiros para os usuários, cinco consultórios, sala

para atividades em grupo, sala de reunião e área administrativa. O horário de funcionamento

era das sete às 19 horas, de segunda à sexta-feira e o acolhimento era realizado a qualquer

momento em regime de “porta aberta”, sem lista de espera. As crianças que procuravam o

serviço vinham encaminhadas das Unidades Básicas de Saúde da região, de outras instituições

de saúde, de consultas particulares, ou eram trazidas por familiares espontaneamente.

A equipe multiprofissional era composta por quatro psicólogas, duas terapeutas

ocupacionais, uma assistente social, uma enfermeira (gerente), sete auxiliares de enfermagem,

um psiquiatra, dois farmacêuticos, um auxiliar de farmácia, uma fonoaudióloga, além de três

auxiliares administrativos, duas auxiliares de limpeza, uma cozinheira e um segurança. Dos

profissionais de nível superior, seis trabalhavam no CAPSi Vila Prudente há mais de 10 anos e

duas profissionais antes de atuarem na área da saúde haviam cursado magistério e atuado em

escolas. A escolha deste serviço para realização do estudo baseou-se no fato de sua equipe

manter um fórum de discussão intersetorial há mais de cinco anos com as diferentes instituições

20

(Conselho Tutelar, órgãos da saúde (UBS, NASF) e da educação (escolas, CEFAI, SAAI)) que

atendem as crianças sob seus cuidados.

5.3 Amostra

Crianças acompanhadas no CAPSi com idade entre seis e onze anos (completos) no período

de janeiro a maio de 2015.

5.4 Técnicas e instrumentos

Após a reunião de apresentação da pesquisa à equipe do CAPSi foi elaborada uma ficha

estruturada de coleta de dados (Anexo 1) para conhecer o perfil das crianças atendidas no

CAPSi e as interações com os órgãos da educação. Foi elaborada uma ficha padronizada para

coletar informações sobre as características sociodemográficas das crianças, tempo de

tratamento, diagnóstico registrado em prontuário, uso de medicação psicotrópica, atividades de

que participavam no CAPSi, acompanhamento em outros serviços de saúde, frequência às

escolas, tipo de escola em que estudavam e registros em prontuário de interação entre a escola

(ou outros órgãos da Educação) e o CAPSi. Foram consideradas interações entre a escola e o

CAPSi telefonemas, envio de mensagens eletrônicas, correspondência formal (ofícios,

relatórios etc.), relatos de reuniões, visitas ou participação no fórum saúde-educação. A coleta

de dados foi realizada entre janeiro e maio de 2015.

21

5.5 Análise dos dados

Foi realizada a observação participante de cinco edições do fórum saúde-educação. Não

foi utilizado um roteiro pré-definido para a realização da observação participante. As

informações observadas foram registradas em um diário de campo e posteriormente

sintetizadas utilizando as categorias de análise “interações entre CAPSi e escolas” e “tensões

entre a equipe do CAPSi e as escolas”.

As informações obtidas a partir da revisão de prontuários foram digitadas em uma

planilha com uso do programa Microsoft Excel. Após a checagem de consistência dos dados

foi feita a análise descritiva, com cálculo de frequências absolutas e relativas. Para as variáveis

quantitativas foi calculada a média e o desvio padrão.

5.6 Considerações Éticas

Esta pesquisa foi encaminhada e aprovada pelo Comitê de Ética da Pós-Graduação da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (parecer consubstanciado 634.865)

(anexo 2) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo

(parecer consubstanciado 668.853), (anexo 3).

22

6. Resultados

Artigo de Tema Livre submetido ao periódico “Ciência & Saúde Coletiva”

Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a escola e o Centro de

Atenção Psicossocial Infantojuvenil

Resumo

O objetivo deste estudo foi descrever os registros de interações entre a equipe do Centro

de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi) e os órgãos da educação. Foi conduzido um

estudo descritivo em um CAPSi do município de São Paulo no ano de 2015, no qual foram

incluídas crianças com idade entre seis e 11 anos. As informações sobre as interações entre a

equipe do CAPSi e as escolas ou outros órgãos da educação foram obtidas a partir da revisão

dos prontuários e registradas em ficha padronizada. Foram calculadas frequências absolutas e

relativas dos dados. No período estudado, 43 crianças estavam em acompanhamento no CAPSi;

39 eram do sexo masculino e 24 apresentavam diagnóstico de transtornos globais do

desenvolvimento. Todas as crianças frequentavam escolas. Nos prontuários de 22 crianças

havia registro de alguma interação entre a equipe do CAPSi e as escolas ou outros órgãos da

educação; a maior parte das interações eram convites para participação no fórum saúde-

educação ou solicitações pontuais das equipes do CAPSi ou dos órgãos da educação para a

resolução de problemas ou dúvidas. Observou-se que as interações entre a equipe do CAPSi e

os diferentes órgãos da educação eram fragmentadas e pouco estruturadas. A participação da

escola na formulação do projeto terapêutico das crianças pode propiciar a inclusão mais efetiva

das crianças no ambiente escolar.

Descritores: Serviços de Saúde Mental; Inclusão Educacional; Criança; Epidemiologia

descritiva.

23

Title: Inclusive education and mental health: interactions between school and

Psychosocial Care Center for children and adolescents

Abstract

The aim of this study was to describe registers of interactions between Psychosocial

Care Center for Children and Adolescents (CAPSi) staff and educational services. A descriptive

study was conducted at a CAPSi in São Paulo/Brazil, during 2015. Children aged between six

and 11 years were included. Information regarding interactions between CAPSi staff and

schools and other educational services were obtained from medical records and registered using

a standardized formulary. Absolute and relative frequencies of data were calculated. During

the study, 43 children were attended at CAPSi; 39 were male and 24 have pervasive

developmental disorders. All children were attending schools. At medical records of 22

children there was some register of interactions between CAPSi staff and schools and other

educational services; most of them were invites to participate in local health-education forum

or occasional requests from CAPSi or educational services teams to solve problems or doubts.

The interactions between CAPSi staff and the diverse educational services were fragmented

and less structured. The participation of school in the formulation of children therapeutic

project could create better conditions for their inclusion at educational environment.

Keywords: Mental Health Services; Mainstreaming (Education); Child; Epidemiology,

Descriptive.

24

Introdução

Os transtornos mentais na infância e adolescência têm grande impacto social e familiar

e podem estar associados a problemas psiquiátricos e sociais na vida adulta. Dados de uma

revisão sistemática que incluiu 41 estudos realizados em 27 países sugerem que a prevalência

mundial de qualquer transtorno mental na faixa etária de seis a 18 anos seja 13,4% (intervalo

de confiança [IC95%]: 11,3% a 15,9%)¹. No Brasil, um estudo multicêntrico envolvendo quatro

municípios com população inferior a 50.000 habitantes (Itaitinga/CE, Caeté/MG, Goianira/GO

e Rio Preto da Eva/AM) durante os anos de 2010 e 2011 mostrou que a prevalência de

transtornos psiquiátricos entre alunos de escolas públicas cursando do 2º ao 6º ano do ensino

fundamental foi 13,1% (IC95%: 11,4% a 14,7%)².

No Brasil, desde 2011, a atenção à Saúde Mental Infantojuvenil está estruturada sob a

forma de uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela Portaria MS/GM nº 3.088,

de 23/12/2011, que prevê a criação, a ampliação e a articulação de pontos de atenção à saúde

para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de

crack, álcool e outras drogas no âmbito do SUS³. A RAPS para o atendimento de crianças

encontra-se organizada nos seguintes componentes: (1) Atenção Básica em Saúde (Unidade

Básica de Saúde (UBS), Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Consultório na Rua,

Centros de Convivência e Cultura); (2) - Atenção de Urgência e Emergência (Serviço de

atendimento móvel de urgência (Samu), Sala de estabilização, Unidade de pronto atendimento

(UPA) 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, unidades básicas

de saúde); (3) Atenção Hospitalar (enfermaria especializada em hospital geral, leitos de saúde

mental no hospital geral); e (4) Atenção Psicossocial Estratégica (Centros de Atenção

Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi))4.

25

Os CAPSi são serviços comunitários de atenção diária voltados para crianças e

adolescentes de zero a 20 anos de idade, com grave comprometimento psíquico e outras

situações que impossibilitem a criação e manutenção de laços sociais. Estes serviços têm as

funções de dar suporte aos serviços de saúde, educação, justiça, cultura e outros órgãos que

atuem junto a crianças e adolescentes; executar diagnóstico; estabelecer programas

terapêuticos; organizar a rede de saúde mental infantojuvenil; reconhecer as necessidades em

saúde mental da população e organizar a rede de serviços de saúde5. Os CAPSi recebem

crianças e adolescentes encaminhados de diferentes setores, tais como: outros serviços de

saúde, escolas, órgãos do sistema judiciário, de serviços de assistência social e Conselho

Tutelar (órgão público colegiado da esfera municipal, de caráter deliberativo, executivo e

fiscalizador; permanente, autônomo, não jurisdicional, sendo encarregado pela sociedade de

zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente)6.

As equipes que atuam nos CAPSi são compostas por profissionais de nível superior,

médio e operacional. No primeiro grupo encontram-se psiquiatra, enfermeiro, psicólogo,

assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e pedagogo, no nível médio; auxiliares

ou técnicos de enfermagem e funcionários administrativos; no último grupo; vigias, copeiras e

funcionários da limpeza7. As atividades desenvolvidas nos CAPSi compreendem: atendimento

individual, atendimento grupal, atendimento familiar, visitas domiciliares, atividades de

inserção social, oficinas terapêuticas, atividades socioculturais, esportivas, atividades externas,

tratamento farmacológico e psicoterápico e o fornecimento de refeições diárias. Todas essas

atividades fazem parte do projeto terapêutico singular, definido como um conjunto de propostas

de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da

discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial, se necessário8.

No Brasil, em dezembro de 2014, havia 201 CAPSi, dos quais 58 (28,9%) localizavam-

se no estado de São Paulo9. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

26

(CNES), em fevereiro de 2016 existiam 26 CAPSi no município de São Paulo10. Há poucos

estudos sobre a clientela atendida nos CAPSi, em geral descritivos. Um estudo sobre um CAPSi

do município de Maceió/AL mostrou que das 132 das crianças e adolescentes atendidos no

serviço, 74,2% eram do sexo masculino, 65,2% cursavam o ensino fundamental e 81,8%

apresentavam episódios de agressividade quando foram admitidos no CAPS. Os principais

diagnósticos encontrados foram retardo mental (61,3%) e transtorno hipercinético (14,4%)11.

Em contrapartida, dentre os 103 usuários de um CAPSi da Grande São Paulo no ano de 2008,

observou-se que 61,2% eram do sexo masculino, 22,3% haviam sido encaminhados ao CAPSi

pelo conselho tutelar, 24,8% não possuíam registro de hipótese diagnóstica em prontuário,

10,6% apresentavam retardo mental e 83,1% frequentavam escola regular12.

O cuidado às crianças e adolescentes com transtornos mentais envolve outros setores,

dentro os quais se destaca a educação. A escola, além do CAPSi, é um dos poucos ambientes

frequentados pelas crianças portadoras de transtornos mentais, sendo um local para a

socialização e inserção na sociedade13. Até a década de 1960 as abordagens educacionais das

crianças com deficiências sensoriais e cognitivas ou portadoras de transtornos mentais eram

entendidas como atividades terapêuticas14. Desde a década de 1990 o direito à inclusão escolar

de todas as crianças está garantido no Brasil pela lei de diretrizes e bases da educação

nacional15.

A escola inclusiva tem a proposta de colocar juntas, nas mesmas salas de aula, crianças

com deficiências ou transtornos de todo e qualquer tipo e gravidade, e crianças sem essas

condições porque pressupõe um ambiente de aprendizagem ajustado. Assim, não importaria

que tipo de deficiência fosse elegível para estar na escola comum: qualquer uma ou todas elas,

porque o problema não estaria no nível das deficiências, mas no nível da sociedade e do preparo

da escola para receber qualquer aluno16.·Todavia, a maior parte das propostas relacionadas à

educação inclusiva está voltada para a inclusão de crianças portadoras de deficiências

27

sensoriais ou motoras e estudos mostram a dificuldade de profissionais da educação no

reconhecimento e manejo das crianças com transtornos mentais. Um estudo sobre como

professores da rede particular e pública de ensino de Uberaba/MG abordariam crianças com

necessidades especiais mostrou que quando apresentadas situações de comunicação e ensino

com os deficientes auditivos, os educadores relataram que aprenderiam a língua brasileira de

sinais (libras); para crianças com deficiência visual, aprenderiam braile; porém, para abordar

problemas cognitivos e comportamentais relataram que usariam o diálogo (sem especificar

exatamente em que consistiria esse diálogo) e para os deficientes mentais chamariam uma

pessoa especializada para fazer palestras, não só para a equipe escolar, mas também para todos

os pais e comunidade17.

No âmbito da Secretaria Municipal de Educação (SMS) de São Paulo e da Secretaria

Estadual de Educação (SES) de São Paulo há serviços que apoiam e auxiliam a escola na

inclusão dos alunos com deficiências, transtornos mentais ou superdotação. No âmbito da

SMS/SP estes serviços são o Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI), as

Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI) e os Núcleos de Apoio e

Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA)18.

O CEFAI é responsável por desenvolver ações de formação e projetos, produzir

materiais, orientar e supervisionar as Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAI).

O CEFAI é composto por professores de apoio e acompanhamento à inclusão (PAAI), com

especialização comprovada ou habilitação em Educação Especial ou em uma de suas áreas.

Em fevereiro de 2016 havia em São Paulo 13 unidades de CEFAI18. As SAAI (contra turno)

são destinadas ao Atendimento Educacional Especializado em caráter complementar ou

suplementar aos alunos que apresentam algum tipo de deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades/superdotação19. A SAAI atende os educandos da própria

28

escola ou de outras Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino de seu entorno, onde

não exista tal atendimento. Em fevereiro/ 2016 havia em São Paulo 469 salas18.

Os NAAPA foram criados para (1) ampliar o apoio a alunos com dificuldades de

aprendizagem; (2) articular e fortalecer a Rede de Proteção Social (ação integrada entre as

instituições de saúde, educacionais e tutelares, para atender crianças e adolescentes em situação

de risco pessoal: ameaça de violação de direitos por abandono, violência física, psicológica ou

sexual, exploração sexual comercial, situação de rua, de trabalho infantil e outras formas de

submissão que provocam danos e agravos físicos e emocionais) no território; e (3) apoiar e

acompanhar as equipes docentes e gestoras no processo de ensino-aprendizagem dos alunos

que apresentem dificuldades no processo de escolarização, decorrentes de suas condições

individuais, familiares ou sociais que impliquem em prejuízo significativo no processo de

ensino-aprendizagem. Seus objetivos são pedagógicos, e não terapêuticos.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, cada

Diretoria Regional de Educação manterá um NAAPA; composto por um coordenador, um

assistente social, um fonoaudiólogo, dois psicólogos, dois psicopedagogos e um auxiliar

técnico de educação. Até março de 2016 não havia NAAPAs em funcionamento no município,

embora o início das atividades dos núcleos tenha sido planejado para a metade do primeiro

semestre de 201618.

No âmbito da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo existe o Núcleo de Apoio

Pedagógico Especializado (antigo centro) (CAPE), que oferece suporte ao processo de inclusão

escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais na rede estadual de ensino por

meio das classes de apoio. Eles atuam no gerenciamento, acompanhamento, e suporte às ações

regionais de educação especial, nos processos de formação continuada, na provisão de recursos

e na articulação das escolas com a comunidade, procedendo a orientações e

encaminhamentos20.

29

O fórum saúde-educação é um espaço de interlocução entre CAPSi, serviços da Atenção

Básica, Conselho Tutelar, e órgãos da educação (escolas, CEFAI, SAAI). Apenas alguns

CAPSi do município de São Paulo realizam esta atividade e cada CAPSi a organiza de forma

independente. No CAPSi de Vila Prudente o fórum acontece uma vez por mês. Até dezembro

de 2014 ele tinha o formato de discussão de casos clínicos; a partir de janeiro de 2015 passaram

a ser discutidos temas comuns ao cuidado de várias crianças e adolescentes, tais como violência

doméstica, vulnerabilidade social, perigos existentes nas comunidades (detectados durante as

visitas domiciliares), uso de drogas, dificuldade de obter vaga no contra turno escolar ou em

escolas especiais, ameaças e conflitos entre os profissionais dos serviços, famílias e as

crianças/adolescentes. Problemas de comunicação entre os serviços participantes do fórum

também eram assunto frequente.

O CAPSi Ipiranga organiza o fórum saúde-educação a partir da discussão de casos de

alunos pré-selecionados pelas escolas ou equipamentos de saúde participantes. Após o relato

por parte dos educadores ou profissionais da saúde era realizada a discussão do caso e então

definidas ações a serem realizadas pela escola, pela saúde e pela família21.

A política de saúde mental voltada para crianças e adolescentes, a criação de seus

serviços estratégicos e a criação dos CAPSi são recentes e existem poucos estudos sobre como

esses serviços estão estruturados, qual o perfil das crianças atendidas e quais os resultados

terapêuticos alcançados. Há ainda menor número de publicações voltadas para a inclusão social

de crianças e adolescentes e a interface entre a Saúde e a Educação. O objetivo deste estudo foi

descrever os registros de interações entre a equipe do CAPSi e os órgãos da Educação para

explorar as relações entre os serviços de saúde e os órgãos da educação que visem a inclusão

das crianças no ambiente escolar.

30

Métodos

Foi conduzido um estudo descritivo no CAPSi do bairro Vila Prudente, na zona Leste

da cidade de São Paulo, pertencente à Coordenadoria de Saúde Sudeste. Este serviço é

administrado diretamente pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, sem a participação

de organizações sociais parceiras. Em funcionamento desde 2002, atende crianças e

adolescentes de zero a 20 anos completos. Em maio de 2015, possuía 153 pacientes cadastrados

e ativos. O CAPSi Vila Prudente realizava atividades de inclusão social e reabilitação

psicossocial, oferecia lanches e/ou refeições durante os grupos terapêuticos, promovia festas

temáticas durante o ano e passeios a lugares públicos ao redor do serviço, estimulava a

participação das crianças em festas infantis, playground, parques e outros. As atividades

terapêuticas dentro do CAPSi eram as consultas médicas, grupos terapêuticos e atendimentos

individuais aos pais e/ou crianças. Os grupos, organizados por faixa etária, eram compostos por

seis a 10 crianças e ocorriam uma a três vezes na semana.

Funcionava em uma grande casa independente, com área externa ampla, salão para

atividades festivas, cozinha, dois banheiros para os usuários, cinco consultórios, sala para

atividades em grupo, sala de reunião e área administrativa. O horário de funcionamento era das

sete às 19 horas, de segunda à sexta-feira e o acolhimento era realizado a qualquer momento,

em regime de “porta aberta”, sem lista de espera. As crianças que procuravam o serviço vinham

encaminhadas das Unidades Básicas de Saúde da região, de outras instituições de saúde, de

consultórios particulares, ou eram trazidas espontaneamente por familiares.

A equipe multiprofissional do CAPSi Vila Prudente era composta por quatro

psicólogas, duas terapeutas ocupacionais, uma assistente social, uma enfermeira (gerente), sete

auxiliares de enfermagem, um psiquiatra, dois farmacêuticos, um auxiliar de farmácia, uma

fonoaudióloga, além de três auxiliares administrativos, duas auxiliares de limpeza, uma

31

cozinheira e um segurança. Dos profissionais de nível superior, seis trabalhavam no CAPSi

Vila Prudente há mais de 10 anos e duas profissionais antes de atuarem na área da saúde haviam

cursado magistério e atuado em escolas. A escolha deste serviço para realização do estudo

baseou-se no fato de sua equipe manter um fórum de discussão intersetorial há mais de cinco

anos com as diferentes instituições (Conselho Tutelar, órgãos da saúde (UBS, NASF) e da

educação (escolas, CEFAI, SAAI)) que atendem as crianças sob seus cuidados.

Foram incluídas no estudo crianças acompanhadas no CAPSi Vila Prudente com idade entre seis e

onze anos (completos). A fonte dos dados foram os prontuários. Foi elaborada uma ficha

padronizada para coletar informações sobre as características sociodemográficas das crianças,

tempo de tratamento, diagnóstico registrado em prontuário (classificado de acordo com a 10ª

Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10)22, uso de medicação psicotrópica,

atividades de que participavam no CAPSi, acompanhamento em outros serviços de saúde,

frequência à escolas, tipo de escola em que estudavam e registros em prontuário de interação

entre a escola (ou outros órgãos da Educação) e o CAPSi. Foram consideradas interações entre

a escola e o CAPSi telefonemas, envio de mensagens eletrônicas, correspondência formal

(ofícios, relatórios etc.), relatos de reuniões, visitas ou participação no fórum saúde-educação.

A coleta de dados foi realizada entre janeiro e maio de 2015.

As informações obtidas a partir da revisão de prontuários foram digitadas em uma

planilha com uso do programa Microsoft Excel. Após a checagem de consistência dos dados

foi feita a análise descritiva, com cálculo de frequências absolutas e relativas. Para as variáveis

quantitativas foi calculada a média e o desvio padrão. O estudo foi aprovado pelo Comitê de

Ética da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

(parecer consubstanciado 634.865) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal

da Saúde de São Paulo (parecer consubstanciado 668.853).

32

Resultados

Foram incluídas no estudo 43 crianças que estavam em acompanhamento no CAPSi,

das quais 39 eram do sexo masculino. Vinte e nove crianças tinham idade entre nove e 11 anos

e apenas duas tinham seis anos. Todas as crianças eram trazidas ao CAPSi por familiares (39

eram trazidas por suas mães). As Unidades Básicas de Saúde foram os serviços que mais

encaminharam crianças para atendimento no CAPSi. As escolas municipais encaminharam seis

crianças e não houve encaminhamentos feitos por escolas estaduais (Tabela 1).

Os diagnósticos das crianças incluíram três categorias: retardo mental (CID-10: F70),

transtornos do desenvolvimento psicológico (F80) e transtornos do comportamento e

emocionais que aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência (F90). Vinte e

quatro crianças apresentavam transtornos globais do desenvolvimento (F84), das quais 11

tinham diagnóstico de autismo e quatro de síndrome de Asperger (Tabela 2). Algumas crianças

receberam mais de um diagnóstico.

O tempo de tratamento das crianças no CAPSi variou de 4,8 meses a 7,8 anos (média =

2,9 anos; desvio padrão = 2,0 anos). Metade das crianças estava em tratamento no CAPSi há

até dois anos. Trinta e três crianças usavam alguma medicação psicotrópica e 32 participavam

de grupos terapêuticos. Onze crianças só frequentavam consulta médica, pois já haviam

recebido alta dos grupos. Todas as crianças frequentavam alguma UBS e oito também eram

acompanhadas pelo NASF. Quatorze crianças eram acompanhadas na UBS e em outros

serviços de saúde ambulatoriais especializados.

33

Tabela 1 – Serviços encaminhadores de crianças para atendimento no Centro de

Atenção Psicossocial Infantojuvenil. São Paulo, 2015.

Serviço que encaminhou a criança para o CAPSi

Nº de

encaminhamentos*

Unidades Básicas de Saúde 16

Assistência Médica Ambulatorial (AMA) 8

Escolas municipais de ensino fundamental (EMEF) 6

Obras sociais 3

Outro Centro de Atenção Psicossocial Infantil 3

Demanda espontânea 3

Conselho Tutelar 2

Ambulatório Médico de Especialidades (AME) 1

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) 1

Escola particular 1

Núcleo Integrado de Reabilitação (NIR) 1

Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

(Icr-HCFMUSP) 1

Consultório particular (psicologia e fonoaudiologia) 1

Centro de Referência Especializado de Assistência Social

(CREAS) 1

Total 48

* Cinco crianças foram encaminhadas por dois serviços diferentes.

34

Tabela 2 – Diagnósticos psiquiátricos das crianças atendidas no Centro de Atenção

Psicossocial Infantojuvenil. São Paulo, 2015.

Diagnóstico Nº de

crianças

F70 Retardo mental leve e F91 Distúrbios de conduta e G40 Epilepsia 1

F71 Retardo mental moderado 1

F71 Retardo mental moderado e F84 Transtornos globais do desenvolvimento (sem

outra especificação) 1

F71 Retardo mental moderado e F90.8 Outros transtornos hipercinéticos 1

F79 Retardo mental não especificado e F80.9 Transtornos não especificado do

desenvolvimento da fala ou linguagem 1

F80.0 Transtornos especifico da articulação da fala 1

F83 Transtorno especifico misto do desenvolvimento 1

F83 Transtorno especifico misto do desenvolvimento e F90.1 Transtorno

hipercinético de conduta 1

F84 Transtornos globais do desenvolvimento (sem outra especificação) 2

F84.0 Autismo infantil 8

F84.0 Autismo infantil e F84.8 Outros transtornos globais do desenvolvimento 1

F84.0 Autismo infantil e F84.8 Outros transtornos globais do desenvolvimento e

F90.1 Transtorno hipercinético de conduta 1

F84.1 Autismo atípico 1

F84.5 Síndrome de Asperger 4

F84.8 Outros transtornos globais do desenvolvimento 3

F84.9 Transtornos globais não especificados do desenvolvimento 4

F90 Transtornos hipercinéticos (sem outra especificação) 1

F90.1 Transtorno hipercinético de conduta 2

F90.1 Transtorno hipercinético de conduta e F92 Transtornos mistos de conduta e

das emoções 1

F91.1 Distúrbio de conduta não-socializado 1

F92.8 Outros transtornos mistos da conduta e das emoções 2

F93.8 Outros transtornos emocionais da infância 1

F93.9 Transtorno emocional da infância não especificado 1

F98.9 Transtornos comportamentais e emocionais não especificados com início

habitualmente na infância ou adolescência 2

Total 43

35

Nos prontuários foram encontradas informações sobre o processo de admissão e

atividades desenvolvidas no CAPSi. Para cada criança que procurava o Capsi era realizado o

acolhimento, com entrevista com algum membro da equipe multiprofissional e agendada uma

consulta com o psiquiatra do serviço. Caso a criança fosse matriculada no serviço, seu projeto

terapêutico era elaborado e apresentado à família. Caso ocorressem mais de três faltas durante

um mês sem justificativa, seria caracterizado abandono do tratamento.

O projeto terapêutico envolvia as consultas médicas, os grupos de familiares, grupos

terapêuticos de criação, expressão e produção, atendimento individual à criança e aos pais/

cuidadores pela equipe multidisciplinar, visita domiciliar e atividades de integração com a

comunidade. Os grupos ou atendimentos individuais destinados somente aos pais/ cuidadores

eram realizados no mesmo horário que as atividades para as crianças.

O número de crianças nos grupos variava entre seis e 10 participantes. Os grupos eram

conduzidos por dois terapeutas, enquanto os atendimentos individuais ou as atividades com os

pais eram conduzidos por um terapeuta. Atuavam como coordenadores dos grupos os auxiliares

de enfermagem e todos os profissionais de nível superior, com exceção do médico psiquiatra.

Os grupos mantinham coordenadores fixos.

Durante a leitura dos prontuários percebeu-se que todos os grupos terapêuticos das

crianças eram voltados para atividades de socialização. Não foram encontrados registros sobre

o referencial teórico adotado para a realização dos grupos terapêuticos, nem seus objetivos

explícitos, faixas etárias a que se destinavam, ou relatos de supervisão teórica. Os nomes dos

grupos não correspondiam ao tipo de atividades realizadas.

Todas as crianças incluídas no estudo frequentavam escolas (19 escolas localizadas no

município de São Paulo e uma em São Bernardo do Campo). Em 11 escolas havia uma criança

acompanhada no CAPSi, em duas escolas havia duas crianças e em quatro escolas havia três

crianças. Em duas escolas havia cinco crianças e uma escola era frequentadas por seis crianças.

36

Vinte e seis crianças frequentavam escolas municipais, oito estudavam em escolas

especiais (cinco delas estudavam em São Bernardo do Campo), seis em escolas estaduais e três

em escolas particulares regulares. Quatro crianças estudavam em contra turno em escolas de

obras sociais. Três das oito crianças que estudavam em escolas especiais passaram a fazêlo por

ordem judicial.

Nos prontuários de 22 crianças havia registro de alguma interação com a escola ou outro

órgão da educação (em 17 prontuários havia registro de uma interação e em outros cinco, de

duas interações). Nos prontuários de duas crianças foram encontrados registros de visitas da

equipe do CAPSi a escolas municipais. Os registros descreviam o comportamento do professor

e diretor, seus sentimentos de ansiedade, desgaste e medo. Além disso, havia o pedido de

aumento da dosagem ou troca do medicamento feito pelos professores, relatos da dificuldade

de relacionar-se com os cuidadores das crianças e a solicitação imediata de uma resolução ao

problema. A equipe do CAPSi descrevia nos relatos que os profissionais das escolas não

compreendiam a gravidade dos transtornos apresentados pelas crianças e que os interpretavam

como mal comportamento. Em ambos os casos a equipe do CAPSi propôs a participação da

escola no fórum saúde-educação e colocou-se à disposição para esclarecer dúvidas (sem

especificar como).

Em três prontuários havia o relatório da escola sobre o acompanhamento da criança

acompanhada no CAPSi (dois relatórios provinham da mesma escola). Estes relatórios

descreviam o comportamento da criança na sala de aula, com os colegas e funcionários e as

habilidades e dificuldades quanto ao aprendizado. Em outros três prontuários havia registro de

interações com o CEFAI, as quais consistiam no relato de ligações telefônicas do CAPSi para

o CEFAI, seguidas por pedidos (enviados por mensagem eletrônica) de inclusão das crianças

atendidas pelo CAPSi no contra turno escolar. No caso dos seis registros de interação com as

SAAI havia o relato de ligações telefônicas feitas pelos professores ao CAPSi solicitando

informações sobre o tratamento das crianças e as escolas que frequentavam.

37

Em 13 prontuários havia registro de convite (via telefone ou mensagem eletrônica) da

equipe do CAPSi para que a equipe da escola em que a criança estudava comparecesse ao fórum

saúde-educação ou da participação da equipe da escola no fórum. Os registros de participação

no fórum saúde-educação eram apenas de presença ou ausência, sem especificar se houve

participação ativa.

Discussão

Os usuários atendidos no CAPSi estudado eram predominantemente do sexo masculino,

com idade entre nove e onze anos e foram encaminhados para este serviço por outros serviços

de saúde, sendo as UBSs os principais encaminhadores. Metade das crianças estava em

tratamento há até dois anos. Seus diagnósticos mais frequentes foram transtornos globais do

desenvolvimento, e a maioria dos usuários utilizava medicação psicotrópica e participava de

grupos terapêuticos. Todos os usuários frequentavam escolas; dos quais 35 frequentavam

escolas regulares e nos prontuários de aproximadamente metade das crianças havia registros

de interação entre a equipe do CAPSi e órgãos da área da Educação. O fórum saúde-educação

foi o âmbito da maior parte das interações registradas.

Outros estudos sobre crianças e adolescentes atendidos em CAPSi mostraram que a

maior parte dos usuários frequentava escolas regulares. No estudo de Ronchi et al23, realizado

em 2007 na cidade de Vitória, dos 51 usuários, 41 estavam na escola e dentre esses mais da

metade estudavam em escolas regulares, assim como no estudo de Delfini et al¹², conduzido

em um CAPSi de São Paulo, no ano de 2008, em que quase todas as crianças e adolescentes

frequentavam escola regular. Na pesquisa de Arrué et al24, realizada em 2005 em um CAPSi

localizado no interior do Rio Grande do Sul, 91 das 139 crianças estudavam em escolas

regulares; os achados mostram que a maioria das crianças estão incluídas no ensino regular,

38

como preconizado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação15 e pelas propostas de educação

inclusiva.

Os registros em prontuário mostravam que os profissionais do CAPSi preferiam as

escolas municipais às estaduais. A equipe do CAPSi orientava os pais a transferirem seus filhos

das escolas estaduais para as municipais e pediam vagas para as crianças usuárias do serviço

aos coordenadores pedagógicos das escolas municipais que participavam do fórum saúde-

educação. Segundo a equipe do CAPSi, o diálogo com as escolas municipais era mais

consolidado e frequente, otimizando o cuidado das crianças. Não havia registros no prontuário

sobre as visitas às escolas especiais. Os registros mostravam que algumas escolas estaduais não

recebiam os funcionários do CAPSi durante a visita à escola.

Embora a equipe do CAPSi estudado solicitasse às escolas semestralmente (por

intermédio do cuidador) um relatório sobre o desenvolvimento escolar dos usuários, apenas

três prontuários possuíam esse relatório. Nascimento et al.11 encontraram relatórios sobre o

desenvolvimento escolar nos prontuários de 44 de 132 crianças acompanhadas em um CAPSi

de Maceió no ano de 2012, porém não descreveram o conteúdo destes relatórios.

De acordo com os registros em prontuário, as interações entre a equipe do CAPSi e as

escolas e outros órgãos da educação eram pontuais e restritas principalmente à resolução de

questões pontuais (pedidos de vaga em contra-turno, convites para participação no fórum

saúde-educação etc.). Embora cada criança em atendimento tivesse um projeto terapêutico

elaborado pela equipe do CAPSi, nem a escola nem outros órgãos da educação participavam

da elaboração ou acompanhamento dos projetos terapêuticos. Apesar das dificuldades

operacionais, já que as 43 crianças acompanhadas pelo CAPSi estudavam em 20 escolas

diferentes, uma das quais situada fora do município de São Paulo, a ação intersetorial é

fundamental para o cuidado das crianças, na perspectiva de sua inclusão na escola e em outras

áreas da vida. Embora as atividades grupais desenvolvidas pela equipe do CAPSi dentro da

39

estrutura física do serviço tivessem como objetivo a socialização, pouca atenção era dada ao

cotidiano das crianças em seu espaço principal de socialização real.

O perfil das crianças atendidas neste CAPSi, com predominância do sexo masculino, é

semelhante ao de outro CAPSi do município de São Paulo12 e ao de sete CAPSi de diferentes

regiões do Brasil25. A maior frequência de transtornos globais de desenvolvimento encontrada

entre as crianças atendidas neste CAPSi também foi observada em um estudo conduzido em

um CAPSi do município de Salvador, em que 134 (27,9%) dos 480 usuários atendidos tinham

esses diagnósticos26. Hoffmann et al. (2008)25 observaram maior frequência de transtornos do

comportamento e emocionais entre crianças menores de 10 anos usuárias de sete CAPSi

localizados em diferentes regiões do Brasil, semelhante aos achados de Delfini et al (2009)12,

conduzido em um CAPSi da Grande São Paulo, e de Ronchi et al (2010)23, que estudaram um

CAPSi na cidade de Vitória. A elevada frequência de uso de medicação psicotrópica foi

semelhante aos achados de um estudo conduzido em um CAPSi no interior do Rio Grande do

Sul, em que mais da metade de 139 crianças atendidas utilizava alguma medicação24 e de um

estudo conduzido em um CAPSi de Vitória, em que 48 das 51 crianças atendidas estavam

medicadas23.

Os diferentes perfis diagnósticos encontrados podem ser consequência da

disponibilidade de outros serviços de saúde para o cuidado da saúde mental das crianças nos

diferentes territórios e das diferentes organizações dos CAPSi, influenciada pela formação dos

profissionais que compõem suas equipes. Segundo informações da equipe do CAPSi em que

este estudo foi realizado, no início de seu funcionamento eram atendidas principalmente

crianças com diagnóstico de retardo mental, pois a equipe contava com profissionais

especializados no cuidado desta população. Após mudanças na composição da equipe passaram

a ser atendidas crianças e adolescentes com quaisquer transtornos com grande repercussão em

seu funcionamento, encaminhadas por diversos serviços.

40

Nos prontuários das crianças atendidas no CAPSi estudado não havia descrições

detalhadas das atividades realizadas nos grupos terapêuticos e alguns registros apenas

mencionavam se a criança e/ou familiar haviam comparecido à atividade, sem descrever seu

comportamento ou interações durante a atividade. Os nomes dos grupos não traduziam o tipo

de atividade realizada ou seu objetivo e não eram organizados segundo a formação profissional

dos coordenadores (não havia grupos de psicoterapia, de terapia ocupacional etc). Os achados

de um estudo conduzido no ano de 2013 em um CAPSi de Vitória/ES sobre a ambiência nos

grupos terapêuticos também mostraram que alguns grupos não apresentavam especificidades

de tarefas, nem estruturação prévia das atividades. Os profissionais atendiam à demanda dos

pacientes a cada dia de trabalho, levando em consideração as especificidades de cada criança,

valorizando a individualidade. As atividades oferecidas às crianças eram relacionadas a

culinária, artes, histórias, criatividade e grupos de expressão27.

Ronchi et al (2010) descreveram as atividades realizadas em um CAPSi do município

de Vitória, as quais incluíam atendimento psicológico, arteterapia, práticas corporais,

musicoterapia, terapia ocupacional e oficina de histórias para os usuários, ao passo que os

familiares participavam de grupo de mulheres, psicoterapia para mãe, atendimento familiar,

grupo familiar, atendimento do serviço social à mãe, atendimento psicológico familiar e

atendimento psicológico à mãe; todavia, o estudo não descreve como os atendimentos nos

grupos eram registrados nos prontuários23.

A escassez de registros nos prontuários sobre a participação das crianças nas atividades

também foi descrita em um estudo sobre 19 CAPSi do estado de São Paulo no período de

2008/2009, pois em mais da metade dos 921 prontuários revisados não havia qualquer menção

de conduta terapêutica destinada à inclusão dos pais ou outros familiares nos projetos

terapêuticos das crianças ou adolescentes atendidos nas unidades pesquisadas e em 131

41

prontuários não havia registro da conduta terapêutica destinada às crianças ou aos adolescentes

atendidos28.

O presente estudo apresenta limitações relacionadas à seleção de um CAPSi em

particular e à fonte de informações. Embora este CAPSi tenha uma trajetória de mais de 10

anos no cuidado de crianças e adolescentes e uma equipe bastante receptiva à realização do

estudo, os achados podem não refletir as interações entre a equipe do serviço e as escolas e

demais órgãos da educação no município de São Paulo ou em outras localidades do país.

Os registros em prontuário não eram sistematizados e por vezes estavam incompletos e

desatualizados. A escassez de registros era reconhecida como uma dificuldade pela própria

equipe do CAPSi, que incluiu o formulário de coleta de dados elaborado para a realização do

estudo nos prontuários como instrumento para síntese do cuidado às crianças. É possível que

ocorram mais interações entre a equipe e as escolas e que elas não sejam registradas

adequadamente. Os achados de um estudo sobre CAPS para atendimento de adultos no

município de São Paulo mostraram que as atividades realizadas fora do serviço muitas vezes

não eram registradas ou incluídas nas agendas dos serviços, possivelmente por não serem

reconhecidas como trabalho ou por não receberem o mesmo reconhecimento que as atividades

desenvolvidas internamente29. É possível que interações realizadas fora do CAPSi também não

sejam reconhecidas e registradas como outras atividades terapêuticas desenvolvidas pela

equipe.

Pensar o cuidado em saúde mental infantil envolve pensar a integralidade da criança, o

ambiente em que vive suas relações. A interação entre a equipe do CAPSi e as escolas e demais

órgãos da educação é um ponto fundamental para a realização deste cuidado integral e

individualizado. A participação da escola (professores ou coordenadores pedagógicos) na

formulação do projeto terapêutico de cada criança pode permitir a detecção de potencialidades

a serem desenvolvidas e de dificuldades de inclusão no “mundo real”, representado pela escola,

42

professores e colegas. Além disso, a revisão periódica conjunta deste projeto pela equipe do

CAPSi e pela escola permitiria o acompanhamento mais individualizado de cada criança, com

ajustes nos projetos terapêuticos que possibilitem o mais amplo desenvolvimento possível das

crianças atendidas pelo CAPSi – sujeitos em formação.

43

Referências bibliográficas

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45

7. Considerações finais

A análise das interações entre o CAPSi da Vila Prudente, na cidade de São Paulo e os órgãos

da educação registradas em prontuário mostrou que estas eram pontuais e não contemplavam a

formulação ou acompanhamento do projeto terapêutico dos usuários. Constatou-se que os

registros em prontuário não eram sistematizados e que as dificuldades em manter registros

regulares eram reconhecidas pela equipe do CAPSi, que incluiu o formulário de coleta de dados

elaborado para a realização do estudo nos prontuários como instrumento para síntese do

cuidado às crianças.

O cuidado interdisciplinar, envolvendo o CAPSi e a escola, é fundamental para que as

crianças e suas famílias possam ser incluídas na sociedade. A inclusão das crianças começa na

escola, que é um dos representantes e integrantes do mundo para as crianças, mas não pode

terminar nela. É um processo que deve abrir portas e impulsionar a criança para outras

possibilidades de socialização e prepará-las para a vida adulta.

A realização de interações regulares e programadas entre a equipe do CAPSi e a escola (e

outros órgãos da educação) desde a formulação do projeto terapêutico, com a realização de

reuniões conjuntas ou uso de outros meios de comunicação (telefonemas ou mensagens

eletrônicas periódicas), pode enriquecer e particularizar o projeto de cada criança,

potencializando a sua realização. Além disso, as interações regulares auxiliariam as duas

equipes a compreenderem as crianças a partir do ponto de vista da outra equipe, o que poderia

diminuir as angústias dos professores e ampliar sua compreensão sobre os transtornos mentais

e o sofrimento psíquico das crianças e de seus familiares, e propiciar para a equipe do CAPSi

um olhar sobre a criança no território além das instalações físicas do CAPSi, em meio a outras

crianças e aos pequenos desafios diários do cotidiano.

46

8. Referências Bibliográficas

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25. Ventura, M. M. (2007). O estudo de caso como modalidade de pesquisa. Rev

Socerj, 20(5), 383-6.

26. Queiroz, D. T., Vall, J., & Vieira, N. F. C. (2007). Observação participante na

pesquisa qualitativa: conceitos e aplicações na área da saúde. Rev. enferm.

UERJ, 15(2), 276-283.

27. Reis AOA, Moreno DMFC, Prates MML, Delfini PSdS. Prontuários. In: Reis AOA,

Fonseca FL, Rolim Neto ML, Delfini PSdS, editors. As crianças e os adolescentes dos

Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil. São Paulo: Schoba; 2012. p. 133-150.

48

Anexo 1 - Ficha de coleta de dados

Identificação

Data da coleta de dados: |__|__|__|__|__|__|

Prontuário ________________

Nome da criança: ____________________________________________________________

Data de nascimento: |___|___|___|___|___|___|

Sexo: |___|

Endereço:

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Composição familiar:

Parentesco Idade Escolaridade Ocupação

Acompanhamento no CAPS:

Data de início do acompanhamento: |___|___|___|___|___|___|

49

Quem encaminhou para o CAPS? __________________________________________

Diagnóstico: _________________________________________________

Quem acompanha a criança? ____________________________________ Atividades

no CAPS:

Nome Individual/grupal Coordenador Frequência

Usa algum medicamento psiquiátrico? |__| Sim |__| Não

Quais?

Nome Dosagem Frequência

50

Faz acompanhamento na atenção básica: |__| Sim |__| Não |__| Não consta

UBS: ______________________________________________________________________

NASF:_____________________________________________________________________

Acompanhamento em outros serviços de saúde: |__| Sim |__| Não |__| Não consta

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Educação:

Está estudando: |__| Sim |__| Não

Em que ano está: |___| ano

Em que escola estuda?

______________________________________________________________________

Endereço da escola:

51

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

|__| Municipal |__| Estadual |__| Particular

|__|Regular |__| Especial

Se escola especial, quem encaminhou para lá: ____________________________________

Processo: |__| Sim |__| Não

Registro de interação com órgãos da educação:

Escola |___| Sim |___| Não

Qual (is)?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

CEFAI: |___| Sim |___| Não

Qual (is)?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

NAAPA: |___| Sim |___| Não

Qual (is)?

___________________________________________________________________________

52

Outros:

___________________________________________________________________________

Qual (is)?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Registro de interação com órgãos assistência social: |___| Sim |___| Não

Qual (is)? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Outras observações:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

53

Anexo 2 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade da

Santa Casa de São Paulo

54

55

Anexo 3 – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal

de Saúde de São Paulo

56

57

58

59

Anexo 4 – Normas de submissão de artigos para Revista Ciência e Saúde

Coletiva

Instruções para colaboradores

Ciência & Saúde Coletiva publica debates, análises e resultados de investigações sobre

um tema específico considerado relevante para a saúde coletiva; e artigos de discussão e análise

do estado da arte da área e das subáreas, mesmo que não versem sobre o assunto do tema

central. A revista, de periodicidade mensal, tem como propósitos enfrentar os desafios, buscar

a consolidação e promover uma permanente atualização das tendências de pensamento e das

práticas na saúde coletiva, em diálogo com a agenda contemporânea da Ciência & Tecnologia.

Orientações para organização de números temáticos

A marca da Revista Ciência & Saúde Coletiva dentro da diversidade de Periódicos da

área é o seu foco temático, segundo o propósito da ABRASCO de promover, aprofundar e

socializar discussões acadêmicas e debates interpares sobre assuntos considerados importantes

e relevantes, acompanhando o desenvolvimento histórico da saúde pública do país.

Os números temáticos entram na pauta em quatro modalidades de demanda:

• Por Termo de Referência enviado por professores/pesquisadores da área de saúde

coletiva (espontaneamente ou sugerido pelos editores-chefes) quando consideram

relevante o aprofundamento de determinado assunto.

• Por Termo de Referência enviado por coordenadores de pesquisa inédita e abrangente,

relevante para a área, sobre resultados apresentados em forma de artigos, dentro dos

moldes já descritos. Nessas duas primeiras modalidades, o Termo de Referência é

avaliado em seu mérito científico e relevância pelos Editores Associados da Revista.

• Por Chamada Pública anunciada na página da Revista, e sob a coordenação de Editores

Convidados. Nesse caso, os Editores Convidados acumulam a tarefa de selecionar os

artigos conforme o escopo, para serem julgados em seu mérito por pareceristas.

• Por Organização Interna dos próprios Editores-chefes, reunindo sob um título

pertinente, artigos de livre demanda, dentro dos critérios já descritos.

O Termo de Referência deve conter: (1) título (ainda que provisório) da proposta do número

temático; (2) nome (ou os nomes) do Editor Convidado; (3) justificativa resumida em um ou

60

dois parágrafos sobre a proposta do ponto de vista dos objetivos, contexto, significado e

relevância para a Saúde Coletiva; (4) listagem dos dez artigos propostos já com nomes dos

autores convidados; (5) proposta de texto de opinião ou de entrevista com alguém que tenha

relevância na discussão do assunto; (6) proposta de uma ou duas resenhas de livros que tratem

do tema.

Por decisão editorial o máximo de artigos assinados por um mesmo autor num número

temático não deve ultrapassar três, seja como primeiro autor ou não.

Sugere-se enfaticamente aos organizadores que apresentem contribuições de autores de

variadas instituições nacionais e de colaboradores estrangeiros. Como para qualquer outra

modalidade de apresentação, nesses números se aceita colaboração em espanhol, inglês e

francês.

Recomendações para a submissão de artigos

Recomenda-se que os artigos submetidos não tratem apenas de questões de interesse

local, ou se situe apenas no plano descritivo. As discussões devem apresentar uma análise

ampliada que situe a especificidade dos achados de pesquisa ou revisão no cenário da literatura

nacional e internacional acerca do assunto, deixando claro o caráter inédito da contribuição que

o artigo traz.

A revista C&SC adota as “Normas para apresentação de artigos propostos para

publicação em revistas médicas”, da Comissão Internacional de Editores de Revistas Médicas,

cuja versão para o português encontra-se publicada na Rev Port Clin Geral 1997; 14:159-174.

O documento está disponível em vários sítios na World Wide Web, como por exemplo,

www.icmje.org ouwww.apmcg.pt/document/71479/450062.pdf. Recomenda-se aos autores a

sua leitura atenta.

Seções da publicação

Editorial: de responsabilidade dos editores chefes ou dos editores convidados, deve ter

no máximo 4.000 caracteres com espaço.

61

Artigos Temáticos: devem trazer resultados de pesquisas de natureza empírica,

experimental, conceitual e de revisões sobre o assunto em pauta. Os textos de

pesquisa não deverão ultrapassar os 40.000 caracteres.

Artigos de Temas Livres: devem ser de interesse para a saúde coletiva por livre

apresentação dos autores através da página da revista. Devem ter as mesmas

características dos artigos temáticos: máximo de 40.000 caracteres com espaço,

resultarem de pesquisa e apresentarem análises e avaliações de tendências

teóricometodológicas e conceituais da área.

Artigos de Revisão: Devem ser textos baseados exclusivamente em fontes

secundárias, submetidas a métodos de análises já teoricamente consagrados,

temáticos ou de livre demanda, podendo alcançar até o máximo de 45.000 caracteres

com espaço.

Opinião: texto que expresse posição qualificada de um ou vários autores ou

entrevistas realizadas com especialistas no assunto em debate na revista; deve ter,

no máximo, 20.000 caracteres com espaço.

Resenhas: análise crítica de livros relacionados ao campo temático da saúde

coletiva, publicados nos últimos dois anos, cujo texto não deve ultrapassar 10.000

caracteres com espaço. Os autores da resenha devem incluir no início do texto a

referência completa do livro. As referências citadas ao longo do texto devem seguir

as mesmas regras dos artigos. No momento da submissão da resenha os autores

devem inserir em anexo no sistema uma reprodução, em alta definição da capa do

livro em formato jpeg.

Cartas: com apreciações e sugestões a respeito do que é publicado em números anteriores da

revista (máximo de 4.000 caracteres com espaço).

Apresentação de manuscritos

1. Os originais podem ser escritos em português, espanhol, francês e inglês. Os textos em

português e espanhol devem ter título, resumo e palavras-chave na língua original e em

inglês. Os textos em francês e inglês devem ter título, resumo e palavras-chave na língua

original e em português. Não serão aceitas notas de pé-de-página ou no final dos artigos.

62

2. Os textos têm de ser digitados em espaço duplo, na fonte Times New Roman, no corpo

12, margens de 2,5 cm, formato Word e encaminhados apenas pelo endereço eletrônico

(http://mc04.manuscriptcentral.com/csc-scielo) segundo as orientações do site.

3. Os artigos publicados serão de propriedade da revista C&SC, ficando proibida a reprodução

total ou parcial em qualquer meio de divulgação, impressa ou eletrônica, sem a prévia

autorização dos editores-chefes da Revista. A publicação secundária deve indicar a fonte

da publicação original.

4. Os artigos submetidos à C&SC não podem ser propostos simultaneamente para outros

periódicos.

5. As questões éticas referentes às publicações de pesquisa com seres humanos são de inteira

responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os princípios contidos

na Declaração de Helsinque da Associação Médica Mundial (1964, reformulada em

1975,1983, 1989, 1989, 1996 e 2000).

6. Os artigos devem ser encaminhados com as autorizações para reproduzir material publicado

anteriormente, para usar ilustrações que possam identificar pessoas e para transferir direitos

de autor e outros documentos.

7. Os conceitos e opiniões expressos nos artigos, bem como a exatidão e a procedência das

citações são de exclusiva responsabilidade dos autores.

8. Os textos são em geral (mas não necessariamente) divididos em seções com os títulos

Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, às vezes, sendo necessária a inclusão de

subtítulos em algumas seções. Os títulos e subtítulos das seções não devem estar organizados

com numeração progressiva, mas com recursos gráficos (caixa alta, recuo na margem etc.).

9. O título deve ter 120 caracteres com espaço e o resumo/abstract, com no máximo 1.400

caracteres com espaço (incluindo palavras-chave/key words), deve explicitar o objeto, os

objetivos, a metodologia, a abordagem teórica e os resultados do estudo ou investigação.

Logo abaixo do resumo os autores devem indicar até no máximo, cinco (5) palavras-chave.

palavras-chave/key words. Chamamos a atenção para a importância da clareza e

63

objetividade na redação do resumo, que certamente contribuirá no interesse do leitor pelo

artigo, e das palavras-chave, que auxiliarão a indexação múltipla do artigo. As palavras-

chaves na língua original e em inglês devem constar no

DeCS/MeSH (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh/e http://decs.bvs.br/).

Autoria

1. As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboração dos artigos

de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteúdo. A

qualificação como autor deve pressupor: a) a concepção e o delineamento ou a análise e

interpretação dos dados, b) redação do artigo ou a sua revisão crítica, e c) aprovação da versão

a ser publicada. As contribuições individuais de cada autor devem ser indicadas no final do

texto, apenas pelas iniciais (ex. LMF trabalhou na concepção e na redação final e CMG, na

pesquisa e na metodologia).

2. O limite de autores no início do artigo deve ser no máximo de oito. Os demais autores

serão incluídos no final do artigo.

Nomenclaturas

1. Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura de saúde pública/saúde

coletiva, assim como abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas.

Devem ser evitadas abreviaturas no título e no resumo.

2. A designação completa à qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira

ocorrência desta no texto, a menos que se trate de uma unidade de medida padrão.

Ilustrações

1. O material ilustrativo da revista C&SC compreende tabela (elementos demonstrativos

como números, medidas, percentagens, etc.), quadro (elementos demonstrativos com

informações textuais), gráficos (demonstração esquemática de um fato e suas variações),

figura (demonstração esquemática de informações por meio de mapas, diagramas,

fluxogramas, como também por meio de desenhos ou fotografias). Vale lembrar que a revista

é impressa em apenas uma cor, o preto, e caso o material ilustrativo seja colorido, será

convertido para tons de cinza.

64

2. O número de material ilustrativo deve ser de, no máximo, cinco por artigo, salvo

exceções referentes a artigos de sistematização de áreas específicas do campo temático. Nesse

caso os autores devem negociar com os editores-chefes.

3. Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos

arábicos, com suas respectivas legendas e fontes, e a cada um deve ser atribuído um breve

título. Todas as ilustrações devem ser citadas no texto.

4. As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado na

confecção do artigo (Word).

5. Os gráficos devem estar no programa Excel, e os dados numéricos devem ser enviados,

em separado no programa Word ou em outra planilha como texto, para facilitar o recurso de

copiar e colar. Os gráficos gerados em programa de imagem (Corel Draw ou Photoshop)

devem ser enviados em arquivo aberto com uma cópia em pdf.

6. Os arquivos das figuras (mapa, por ex.) devem ser salvos no (ou exportados para o)

formato Ilustrator ou Corel Draw com uma cópia em pdf. Estes formatos conservam a

informação vetorial, ou seja, conservam as linhas de desenho dos mapas. Se for impossível

salvar nesses formatos; os arquivos podem ser enviados nos formatos TIFF ou BMP, que são

formatos de imagem e não conservam sua informação vetorial, o que prejudica a qualidade do

resultado. Se usar o formato TIFF ou BMP, salvar na maior resolução (300 ou mais DPI) e

maior tamanho (lado maior = 18cm). O mesmo se aplica para o material que estiver em

fotografia. Caso não seja possível enviar as ilustrações no meio digital, o material original

deve ser mandado em boas condições para reprodução.

Agradecimentos

1. Quando existirem, devem ser colocados antes das referências bibliográficas.

2. Os autores são responsáveis pela obtenção de autorização escrita das pessoas nomeadas nos

agradecimentos, dado que os leitores podem inferir que tais pessoas subscrevem os dados e

as conclusões.

3. O agradecimento ao apoio técnico deve estar em parágrafo diferente dos outros tipos de

contribuição.

65

Referências

1. As referências devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a ordem em que

forem sendo citadas no texto. No caso de as referências serem de mais de dois autores, no

corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro autor seguido da expressão al.

2. Devem ser identificadas por números arábicos sobrescritos, conforme exemplos abaixo: ex.

1: “Outro indicador analisado foi o de maturidade do PSF” 11 ...

ex. 2: “Como alerta Maria Adélia de Souza 4, a cidade...”

As referências citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir do número

da última referência citada no texto.

3. As referências citadas devem ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica, seguindo

as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados a periódicos

biomédicos (http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html).

4. Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no Index Medicus

(http://www.nlm.nih.gov/).

5. O nome de pessoa, cidades e países devem ser citados na língua original da publicação.

Exemplos de como citar referências

Artigos em periódicos

1. Artigo padrão (incluir todos os autores)

Pelegrini MLM, Castro JD, Drachler ML. Eqüidade na alocação de recursos para a saúde: a

experiência no Rio Grande do Sul, Brasil. Cien Saude Colet 2005; 10(2):275-286.

Maximiano AA, Fernandes RO, Nunes FP, Assis MP, Matos RV, Barbosa CGS, OliveiraFilho

EC. Utilização de drogas veterinárias, agrotóxicos e afins em ambientes hídricos: demandas,

regulamentação e considerações sobre riscos à saúde humana e ambiental. Cien Saude Colet

2005; 10(2):483-491.

2. Instituição como autor

66

The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and

performance guidelines. Med J Aust 1996; 164(5):282-284

3. Sem indicação de autoria

Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994; 84:15.

4. Número com suplemento

Duarte MFS. Maturação física: uma revisão de literatura, com especial atenção à criança

brasileira. Cad Saude Publica 1993; 9(Supl. 1):71-84.

5. Indicação do tipo de texto, se necessário

Enzensberger W, Fischer PA. Metronome in Parkinson’s disease [carta]. Lancet 1996;

347:1337.

Livros e outras monografias

6. Indivíduo como autor

Cecchetto FR. Violência, cultura e poder. Rio de Janeiro: FGV; 2004.

Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª Edição. São Paulo,

Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco; 2004.

7. Organizador ou compilador como autor

Bosi MLM, Mercado FJ, organizadores. Pesquisa qualitativa de

serviços de saúde. Petrópolis: Vozes; 2004.

8. Instituição como autor

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Controle de plantas aquáticas por meio de agrotóxicos e afins. Brasília:

DILIQ/IBAMA; 2001.

9. Capítulo de livro

67

Sarcinelli PN. A exposição de crianças e adolescentes a agrotóxicos. In: Peres F,

Moreira JC, organizadores. É veneno ou é remédio. Agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio

de Janeiro:

Fiocruz; 2003. p. 43-58.

10. Resumo em Anais de congressos

Kimura J, Shibasaki H, organizadores. Recent advances in clinical

neurophysiology. Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical

Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996.

11. Trabalhos completos publicados em eventos científicos

Coates V, Correa MM. Características de 462 adolescentes grávidas em São Paulo. In: Anais

do V Congresso Brasileiro de adolescência; 1993; Belo Horizonte. p. 581-582.

12. Dissertação e tese

Carvalho GCM. O financiamento público federal do Sistema Único de Saúde 19882001

[tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública; 2002.

Gomes WA. Adolescência, desenvolvimento puberal e sexualidade: nível de informação de

adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de Santana – BA [dissertação].

Feira de Santana (BA): Universidade Estadual de Feira de Santana; 2001.

Outros trabalhos publicados

13. Artigo de jornal

Novas técnicas de reprodução assistida possibilitam a maternidade após os 40 anos. Jornal do

Brasil; 2004 Jan 31; p. 12

Lee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions annually.

The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A:3 (col. 5).

14. Material audiovisual

HIV+/AIDS: the facts and the future [videocassette]. St. Louis (MO): Mosby-Year Book; 1995.

15. Documentos legais

68

Brasil. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção,

proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços

correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União 1990; 19 set.

Material no prelo ou não publicado

Leshner AI. Molecular mechanisms of cocaine addiction. N Engl J Med. In press 1996.

Cronemberg S, Santos DVV, Ramos LFF, Oliveira ACM, Maestrini HA, Calixto N.

Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congênito refratário. Arq

Bras Oftalmol. No prelo 2004.

Material eletrônico

16. Artigo em formato eletrônico

Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial on the

Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5];1(1):[about 24 p.]. Available from:

http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm

Lucena AR, Velasco e Cruz AA, Cavalcante R. Estudo epidemiológico do tracoma em

comunidade da Chapada do Araripe – PE – Brasil.Arq Bras Oftalmol [periódico na Internet].

2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12];67(2): [cerca de 4 p.].

Disponível em:http://www.abonet.com.br/abo/672/197-200.pdf

17. Monografia em formato eletrônico

CDI, clinical dermatology illustrated [CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA Multimedia

Group, producers. 2ª ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1995.

18. Programa de computador

Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2.

Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993.

69

Anexo 5– Comprovante de submissão do artigo ao periódico Ciência

& Saúde Coletiva

12/04/2016 ScholarOne Manuscripts

Submission Confirmation

Thank you for your submission

Submitted to

Ciência & Saúde Coletiva

Manuscript ID

CSC-2016-1008

Title

Educação inclusiva e saúde mental: interações entre a escola e o Centro de Atenção

Psicossocial Infantojuvenil

Authors

Graminha, Adriana

Nascimento, Andreia

Date Submitted

12-Apr-2016

Ciência & Saúde

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