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EDUCAÇÃO Cuidado para não arruinar seus filh os DINHEIRO EM XEQUE No Elevador DE CRIANÇA PARA CRIANÇA Meu Pai, Meu Mestre INFANTIL Cheque Dobrado

EDUCAÇÃO - Revista Nascente - Portal Judaico …nas de Yerichô serviu como renovada fonte de fé para o povo de Israel. Cerca de 550 anos depois, havia um ho-mem chamado Chiel Bêt

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Sivan / Tamuz 5774 1

EDUCAÇÃOCuidado para não

arruinar seus filhos

DINHEIRO EM XEQUENo Elevador

DE CRIANÇA PARA CRIANÇA

Meu Pai, Meu Mestre

INFANTILCheque Dobrado

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Exija o Selo de Supervisão Rabínica

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6 Sivan / Tamuz 5774

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Editorial

Quando o povo de Israel conquistou mila-

grosamente a cidade de Yerichô, Yehoshua, o grande profeta e líder do povo, entendeu que aqueles milagres deveriam ser eterni-zados.

A largura das muralhas de Yerichô era

enorme. D’us fez um milagre e elas afundaram

na terra, expondo a aterrorizada cidade ao

exército judeu. Das ruínas, só restou meio me-

tro das imensas muralhas, intocadas, cercando

a cidade destruída. Yehoshua decretou que a

cidade de Yerichô nunca mais fosse construí-

da, e lançou uma maldição sobre aquele que a

reconstruísse: todos os seus filhos morreriam

antes de terminada a reconstrução. Assim,

durante muitas gerações, a contemplação das

ruínas de Yerichô serviu como renovada fonte

de fé para o povo de Israel.

Cerca de 550 anos depois, havia um ho-

mem chamado Chiel Bêt Haeli, um dos mi-

nistros do Rei Ach’av. Apesar das múltiplas

advertências, Chiel resolveu reconstruir Yeri-

chô (Melachim I 16:34). No dia em que a pedra

inaugural foi assentada, faleceu repentina-

mente Aviram, seu filho primogênito.

Conforme progredia a construção da ci-

dade, um por um, os filhos de Chiel foram

morrendo. Teimosamente, Chiel continuou a

acreditar que sua desgraça pessoal era obra

do acaso. Finalmente, no dia da inauguração

da cidade, seu sétimo e último filho faleceu. A

maldição havia se cumprido (Yehoshua 6:26):

“Bivchorô yeyassedena uvits’irô yatsiv dela-

teha – No seu primogênito a fundará e no seu

caçula lhe colocará as portas”.

Três anos depois disso, o Profeta Eliyáhu

teve seu famoso confronto com os 450 profe-

tas falsos do báal no Monte Carmel. Eliyáhu

desafiou os idólatras a oferecerem sacrifícios.

Eliyáhu também faria um sacrifício para D’us.

Aquele cujo sacrifício fosse queimado por uma

chama celestial, provaria que a verdade estava

consigo.

Os profetas do báal permaneceram todo o

dia fazendo rezas e feitiçarias para que o fogo

caísse sobre seu altar, mas nada aconteceu.

Depois, o profeta Eliyáhu montou um altar e

colocou sobre ele seu sacrifício. O povo, por

ordem do profeta, jogou água sobre o sacrifí-

cio e sobre as madeiras do altar. Eliyáhu fez

uma prece ao Todo-Poderoso e um fogo Divino

desceu dos Céus, queimando o sacrifício e as

madeiras encharcadas.

O povo reconheceu imediatamente a mão

de D’us. Todos correram para castigar os

falsos profetas e destruir seu altar. Neste

momento constatou-se que o altar era oco.

Dentro dele havia um homem morto com uma

pequena tocha, pronta para acender o sacri-

fício. Era um truque para enganar o povo e

fazê-lo acreditar nos profetas do báal. Todos

constataram que uma picada de cobra em seu

calcanhar havia frustrado seus planos. Algu-

mas pessoas reconheceram, incrédulas, quem

era aquela pessoa: Chiel Bêt Haeli, o ministro

do rei Ach’av!

O que leva um homem a teimosamente

contrariar a verdade, como fez Chiel Bêt Haeli?

Conhecendo sua personalidade desfigurada,

poderíamos supor seus últimos pensamentos:

“Certamente esta picada foi uma terrível fata-

lidade, obra do acaso...”.

O Tanach não é apenas um livro de histó-

ria. Seus personagens vêm nos ensinar, com

suas virtudes e vícios, uma forma melhor de

vivermos – o caminho correto. Será que muitas

vezes não nos comportamos em parte como

Chiel? Será que, mesmo reconhecendo a men-

tira em nossos atos, por vezes não teimamos

em errar? Não nos apegamos, por um motivo

qualquer, a uma visão torta do mundo, sem

fazer nada para corrigirmo-nos?

Neste mês comemoramos a Outorga da

Torá. Essa época é espiritualmente propícia

para a tomada de boas resoluções; para aceitar

com amor, como nossos antepassados, os sa-

grados conceitos da Torá. São essas resoluções

que garantirão a eternidade de nossa descen-

dência e do nosso próprio Mundo Vindouro!

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52Infantil “Cheque Dobrado”.

Nesta Edição

45Datas & DadosDatas e horários judaicos, parashiyot e haftarot para os meses de sivan e tamuz.

10Espaço do LeitorSeu espaço para sugestões, críticas, ideias, colaborações e novidades.

Nº 132

Capa:

Cuidado Para Não Arruinar Seus Filhos.

Educação, pág. 12.

49De Criança para Criança“Meu Pai, Meu Mestre”.Chayim Walder

21História“As Revoluções Cossacas e os Massacres de Tach Vetat”.

Sivan / Tamuz 5774 1

EDUCAÇÃOCuidado para não

arruinar seus filhos

DINHEIRO EM XEQUENo Elevador

DE CRIANÇAPARA CRIANÇA

Meu Pai, Meu Mestre

INFANTILCheque Dobrado

12Educação “Como Arruinar Seus Filhos – Um Método Infalível”.

A revista Nascente é um órgão bimestral de divulgação da

Congregação Mekor Haim.

Rua São Vicente de Paulo, 276 CEP 01229-010 - São Paulo - SP Tel.: 11 3822-1416 / 3660-0400

Fax: 11 3660-0404 e-mail: [email protected]

supervisão: Rabino Isaac Dichi

diretor de redação: Saul Menaged

colaboraram nesta edição: Ivo e Geni Koschland

e Silvia Boklis

projeto gráfico e editoração: Equipe Nascente

editora: Maguen Avraham

tiragem: 11.500 exemplares

O conteúdo dos anúncios e os conceitos emitidos nos artigos

assinados são de inteira responsa bilidade de seus autores, não representando,

necessariamente, a opinião da diretoria da Congregação Mekor Haim ou

de seus associados.

Os produtos e estabelecimentos casher anunciados não são de responsabilidade da Revista Nascente. Cabe aos leitores indagar

sobre a supervisão rabínica.

a Nascente contém termos sagrados. Por favor, trate-a com respeito.

Expediente

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40Leis e Costumes I “Orações Recitadas em Pé ou Sentado”.Rabino I. Dichi

43

Nossa GenteAcontecimentos que foram destaques na comunidade.

30

42Mussar“Uma Fórmula Infalível”.Rabino Zvi Miller

Leis e Costumes II “Ben Hametsarim”.Rabino I. Dichi

16PensandoBem“Pensamentos”.

19VisãoJudaica I“Discrição”.Rabino I. Dichi

25VisãoJudaica II“Yizcor – Uma Oração Pela Alma”.

14Era Uma Vez“Um Cão no Império Romano”.

17Dinheiro em Xeque “No Elevador”. A lei judaica sobre casos monetários polêmicos do dia a dia.

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Espaço do Leitor

Queridas Damas e Vo-luntárias do

Serviço Social da Mekor Haim.Escrevo esta carta para agradecer por

tantas bondades que minha família recebe há

tanto tempo!

Agradeço pelas cestas básicas e pelo di-

nheiro que recebemos para nosso sustento a

cada mês.

Aproveito para agradecer imensamente

pela tarde maravilhosa de ontem, que vocês

organizaram por ocasião da festa de Purim,

com brindes e alimentos gostosíssimos! Pa-

rabenizo o orador deste evento, que nos con-

tou histórias lindíssimas. Foi um aprendizado

muito gratificante para mim.

O grande carinho que vocês demonstram

deixam-me emocionada. Vocês se preocupam

com nossa qualidade de vida e dignidade.

Agradeço pela assistência que recebemos

em todas as nossas comemorações, para po-

dermos continuar mantendo nossas tradições.

Assim, podemos passar o judaísmo autêntico

para nossos filhos, netos e bisnetos. Vocês sem-

pre se preocupam para que em cada lar não

falte nada de nossos costumes alimentares e

de outras necessidades. Além do mais, vocês

deixam-nos elegantes com a vestimenta que

nos dão, a mim e à minha família.

Há anos que venho sendo mantida por vo-

cês! Graças a vocês estou realizando meu dese-

jo de formar e encaminhar meus filhos a serem

pessoas de bem. Meu filho já é formado. Ele é

farmacêutico bioquímico e trabalha na área há

alguns anos na coletividade. Minha filha é se-

cretária executiva. Se não fosse por vocês, nada

disso teria acontecido; eles não conseguiriam

se formar.

Peço a D’us em minhas orações, que jamais

termine esse ato tão grandioso que vocês fazem

a mim e a muitas outras famílias.

Somos muito agradecidas a vocês, voluntá-

rias da Mekor Haim! Todas vocês estão de pa-

rabéns!

Ruth Essebag

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Seu espaço de eventos

Rua Turiassu, 59 l Perdizes l Tel.: 3666-3035 e 3666-6837www.clubeportuguessp.com.br l [email protected]

Salão NobreCom capacidade para 430 pessoas

em formato jantar e passagem direta para o espaço Portugália,onde

podem ser realizadas cerimônias ao ar livre.

Salão VeríssimoConta com capacidade para 180 pessoas em formato jantar e também é ideal para cerimônias.

Salão Nestor PereiraConta com capacidade para 230 pessoas

em formato jantar.

Todos os espaços contam com acessode elevador social, cozinhas próprias, mesas e cadeiras

CLUBE PORTUGUÊS

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Como Arruinar Seus Filhos Um Método Infalível

Educação

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O famoso americano conhecido como “Mighty Atom”

– além de muito forte fisicamente – é também um homem muito inteligente. Seu verdadeiro nome é Joseph L. Greenstein. Sua biografia foi editada por Ed Spielman e intitulada como: “The Spiritu-al Journey of Joseph L. Greenstein, The Mighty Atom, World’s Strongest Man”.

Leia a seguir algumas de suas palavras sobre como

“não educar” nossas crianças.

• Desde a infância dê para seu filho tudo o que

ele quiser. Desta forma, ele irá crescer acreditando

que o mundo lhe deve sua existência.

• Quando seu filho falar alguns palavrões, ria.

Isto o fará pensar que é gracioso e inteligente. Também

o encorajará a criar frases “graciosas e inteligentes”.

• Não lhe dê qualquer tipo de educação espiri-

tual. Espere até os 21 anos e deixe-o decidir por si só.

• Evite usar a palavra “errado”. Ela poderia lhe

causar um complexo de culpa. Depois, quando ele for

preso, poderá concluir que a sociedade está contra ele

e que está sendo perseguido.

• Recolha tudo o que seu filho deixar espalhado

pela casa: livros, sapatos, roupas. Faça tudo para ele.

Assim ele ganhará experiência em jogar toda a res-

ponsabilidade sobre os ombros dos outros.

• Deixe-o ler quaisquer materiais. Garanta sem-

pre que a prataria e os copos estejam limpíssimos, mas

deixe a mente dele “deleitar-se sobre o lixo”.

• Discuta sempre na frente de seu filho. Desta

forma ele não ficará tão chocado quando seu lar se

dissolver no futuro.

• Dê para ele todo o dinheiro que queira gastar.

Nunca o deixe ganhar o seu próprio. Por que ele deve-

ria passar pelas dificuldades que você passou?

• Satisfaça todos os seus desejos por comida,

bebida e conforto. Faça com que cada pedido seu seja

atendido. Negá-los poderia levar seu filho a uma frus-

tração muito prejudicial.

• Tome seu lado contra os vizinhos, professores

e policiais. Provavelmente todos têm preconceito con-

tra sua criança.

• Quando ele se meter numa verdadeira en-

crenca, satisfaça-se afirmando: “Eu nunca consegui

controlá-lo!”.

do “Meor Hashabat Semanal”

Como Arruinar Seus Filhos Um Método Infalível

Educação

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Era uma Vez

Um Cão no Império RomanoNa

época do Império Romano tam-bém existiam feiras onde os co-

merciantes vendiam suas mercadorias. Cada vendedor montava sua tenda e dei-xava determinados produtos expostos para o público interessado.

Numa destas feiras, perambulava um cão

faminto em busca de seu almoço. Ele nem pre-

cisou chegar muito perto da tenda que vendia

panificados para sentir o delicioso cheiro de

pães fresquinhos. De longe, o cachorro já avis-

tou diversas pilhas de pães, doces e salgados.

Determinado, foi se aproximando lentamente

da entrada da barraca. Um só daqueles filões

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já seria mais do que suficiente para

saciar sua fome momentânea.

No entanto, logo que o vendedor

avistou o potencial inimigo a pou-

cos metros da tenda, tomou em suas

mãos uma grande vassoura e per-

maneceu alerta para defender seu

patrimônio.

Esperto, o cão não deu mais ne-

nhum passo. Ele não teria nenhuma

chance naquelas condições. Como

quem não quer nada, deitou-se para

descansar e fechou os olhos. Passa-

ram-se alguns minutos e o vendedor

se convenceu de que o pobre cão

dorminhoco não constituía nenhu-

ma ameaça.

Quando o homem já tinha largado

a vassoura e estava ocupado atenden-

do alguns clientes, o cachorro “des-

pertou” e pulou sobre as pilhas de

pães como um felino, latindo e cau-

sando uma grande baderna. O padei-

ro levou alguns instantes até agarrar

novamente a vassoura e afugentar o

inimigo traiçoeiro.

Depois de arrumar novamente to-

dos os seus produtos, contente, o vende-

dor ainda cantava vitória – de todas as

pilhas de pães faltava apenas uma broa.

Não longe dali, o cão, já saciado,

observava o padeiro e ria de sua ig-

norância. O cachorro nunca tivera a

intenção de sair com uma “sacola” de

pães. Como o homem não percebia que

tinha sido vencido pelo cachorro, que

com astúcia alcançara seu objetivo?

* * *

Esta parábola ilustra muitas situ-

ações em nossas vidas. Com astúcia,

quando o yêtser hará – o mau instinto

– percebe que não tem chances de in-

fluenciar-nos sugerindo diretamente

um mau comportamento, ele “deita” e

“fecha os olhos”.

Podem existir situações nas quais

seria impossível que pecássemos fa-

lando maledicência, cobiçando o que

não nos pertence ou até pensando

algo indevido. Então, quando perce-

bemos a vaga possibilidade de cair-

mos num destes pecados, armamo-

-nos com nossa fé, concentrando-nos

para não errar. Percebendo nossa

bravura o yêtser hará nem ataca –

dorme.

Mas algum tempo depois, quan-

do estamos distraídos com algum

assunto qualquer e descuidamos de

nossa fé, ele provoca uma situação

repleta de detalhes e circunstâncias

propícias para errarmos em nossa

conduta. Então nós escapamos de

quase todas as “armadilhas”. Depois,

quando fazemos uma autoanálise,

ainda nos sentimos vitoriosos, pois

agimos bem em “quase” todos os de-

talhes. Infelizmente, o que ocorre de

fato é que o yêtser hará nos observa,

rindo de nossa ignorância. Muitas

vezes, algumas palavras impróprias,

um olhar indevido ou mesmo um mau

pensamento, isso era tudo o que ele

desejava que falhássemos.

baseado no Midrash

História

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16 Sivan / Tamuz 5774

PensamentosCuidado! A vida parece um jogo!

Mas não é brincadeira.

A maioria dos problemas na vida aparece por duas razões: agimos sem pensar

ou pensamos sem agir!

Ser e não ser, eis a questão!

A vida é maravilhosa quando se vive com fé e sem temores.

Não busque o caminho da felicidade, busque a felicidade em seus caminhos.

Sofremos muito com o pouco que imaginamos nos faltar e aproveitamos pouco do muito que temos.

Os testes que D’us nos manda na vida tornam-se cada vez mais difíceis de aguentar

se não fizermos o supremo esforço de resistir com sucesso ao primeiro deles!

Rabino Yechezkel Levenstein z”tl

Pensando Bem

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Sivan / Tamuz 5774 17

No ElevadorTodas as dúvidas e divergências

monetárias de nossos dias

podem ser encontradas em

nossos livros sagrados!

Efráyim precisava bater o ponto até as 9h00m no escritório

onde trabalhava diariamente para não ser descon-tado em seu salário.

Ele chegou ao edifício onde se localizava o escritório

no qual trabalhava e ficou aguardando pelo elevador no

térreo junto com outras pessoas.

Eram 8h58m da manhã.

Quando o elevador chegou, seis pessoas entraram no

elevador antes dele, completando a lotação máxima per-

mitida. Como Efráyim estava com muita pressa, resolveu

entrar também, excedendo o limite de passageiros do

elevador.

O elevador começou a subir e... quebrou no meio do

trajeto, devido ao excesso de peso.

Quem deve pagar pelo conserto?

Efráyim, que foi o último a entrar?

Todos os passageiros, já que foram coniventes? Cada

um dos presentes deveria ter saído ao ver que o limite de

pessoas fora ultrapassado!

A pessoa que apertou o botão, fazendo com que o ele-

vador subisse e funcionasse com excesso de peso?

O veredicto

Aprendemos no Shulchan Aruch (Chôshen Mishpat

381, 1) que, num caso em que cinco pessoas sentam-se

ao mesmo tempo num banco e este se quebra, estão todos

obrigados a pagar.

Porém, se a quinta pessoa sentou após as outras e, in-

dependente dela, o banco iria quebrar da mesma forma,

então ela está isenta de pagar.

Contudo, se a quinta pessoa sentou após as outras, e

o banco quebrou somente devido à chegada dela, então

ela tem que pagar sozinha.

No nosso caso, Efráyim foi o último a entrar. Mas o ele-

Dinheiro em Xeque

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18 Sivan / Tamuz 5774

vador não quebrou quando ele entrou.

Quebrou quanto estava subindo, ten-

tando funcionar com excesso de peso.

Hipótese 1

No mesmo instante que Efráyim

entrou, uma outra pessoa chamou o

elevador de um outro andar. Esta pes-

soa não sabia que o peso no elevador

havia excedido sua capacidade máxi-

ma. E o elevador quebrou ao tentar

funcionar com excesso de peso.

Neste caso, Efráyim está obriga-

do a pagar. Nestas circunstâncias,

Efráyim foi a única pessoa a causar o

dano. Ele deveria ter levado em conta

que alguém poderia chamar o elevador

assim que ele entrasse, sem dar tempo

para que os outros ocupantes saíssem.

Hipótese 2

Ninguém chamou o elevador de al-

gum outro andar. Foi um dos ocupan-

tes do elevador que apertou o botão,

fazendo com que o elevador subisse.

Neste caso, quem apertou o botão

está obrigado a pagar.

Mesmo que tenha sido um dos pri-

meiros a entrar, ainda assim, quem

apertou o botão tem que pagar, pois

foi ele quem causou o dano ao apertar

o botão e fazer o elevador funcionar

com excesso de peso e quebrar.

Do semanário “Guefilte-mail” ([email protected]).

Traduzido de aula ministrada pelo Rav Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita

Os esclarecimentos dos casos estu-dados no Shulchan Aruch Chôshen Mishpat

são facilmente mal-entendidos. Qualquer detalhe omitido ou acrescentado pode

alterar a sentença para o outro extremo. Estas respostas não devem ser utilizadas na

prática sem o parecer de um rabino com grande experiência no assunto.

Dinheiro em Xeque

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Sivan / Tamuz 5774 19

DiscriçãoQuando se trata da virtude de tseniut – a discrição – normal-

mente o enfoque é colocado sobre as mulheres. Aborda-se a

maneira como devem se vestir e como devem ser suas atitudes.

Entretanto, analisemos um episódio no qual esta qualidade sal-

vou a vida de um homem – o então rei de Israel.

Visão Judaica I

A tseniut é uma virtude que deve ser adquirida por todos – homens e

mulheres. Os homens também devem ser discretos em relação a suas vestimentas e a seus modos. Além disso, a discrição se aplica a todas as aquisições materiais. A visão judaica é contrária a exageros neste contexto. A ostentação de bens materiais é um sinônimo da falta de discrição. Os homens devem procurar ser discretos em seus modos, em suas vestimentas, em seus carros, em suas casas.

Vejamos, então, como a virtude de tseniut

acabou salvando a vida do Rei Shaul.

Houve um período na época em que Shaul

era rei de Israel, no qual ele perseguia David

para matá-lo. David seria o futuro rei de Isra-

el. Certa ocasião, comunicaram a Shaul que

David e seus homens estavam escondidos nas

redondezas do deserto de En Guedi. Shaul

Hamêlech logo reuniu 3.000 homens para

persegui-lo e tentar matá-lo.

Quando já estavam à procura de David,

Shaul se separou por alguns instantes de seus

homens e entrou em uma caverna para fazer

suas necessidades. Justamente naquela caver-

na estavam escondidos David e seus homens.

Os homens de David reconheceram o Rei Shaul

e logo exclamaram para David (Shemuel I

24:5): “Chegou o dia sobre o qual D’us te disse:

‘Eis que Eu te dou teu inimigo em tua mão e

farás a ele conforme lhe bem pareça.’”

David se aproximou silenciosamente de

Shaul, mas não o matou. Ele apenas cortou

uma ponta da sua túnica real. David também

não permitiu que seus homens se aproximas-

sem de Shaul Hamêlech para matá-lo. David

disse para seus homens (24:7): “D’us me livre

de fazer isso ao meu senhor, ao ungido de

D’us, de atacá-lo!”. Ainda assim, o Tanach

relata em seguida que David se arrependeu de

ter cortado a roupa do Rei Shaul.

Sobre este ato, o Talmud explica que, no

final de sua vida, o Rei David adoeceu de forma

que passou a sentir frio, e nenhuma vestimen-

ta ou coberta eram suficientes para mantê-lo

aquecido. Como ele “fez pouco caso” da roupa

de Shaul, cortando-a, no final de sua vida foi

acometido por uma doença singular, não con-

seguindo se aquecer com nenhuma roupa.

O Radak (Shemuel I 24:4) comenta este

episódio de forma magnífica. Quando David se

aproximou de Shaul, percebeu que ele possuía

uma virtude muito nobre e, logo, afirmou que

Shaul ainda era um enviado de D’us e que não

deveria matá-lo.

Segundo a lei judaica, David tinha o direito

de matar o Rei Shaul, pois aplicava-se sobre

ele a lei de “rodef”, ou seja: Shaul perseguia

David para matá-lo. Quando uma pessoa se vê

ameaçada de morte, tem o direito de matar seu

opressor. Ainda assim, David não ousou atacar

Rabino I. Dichi

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20 Sivan / Tamuz 5774

aquele que era o enviado de D’us.

Segundo o Radak, então, quando

David se aproximou de Shaul, perce-

beu que ele fazia suas necessidades

envolto por sua túnica. Para não fi-

car exposto, o Rei Shaul foi discreto.

Envolveu-se com sua túnica mesmo

quando fazia necessidades “sozinho”,

retirado em uma caverna.

Esta discrição de Shaul Hamêlech

foi reconhecida e admirada por David

e acabou salvando sua vida.

Analisemos agora um outro epi-

sódio no qual a virtude da discrição

foi reconhecida e valorizada.

A “Meguilat Rut”, que é lida espe-

cialmente na festa de Shavuot, relata

a história de uma moça chamada

Rut, que se converteu ao judaísmo.

Rut era uma princesa moabita que

abandonou todo o seu prestígio e ri-

queza para abraçar sinceramente o

judaísmo. Graças a suas virtudes, o

Mashiach será seu descendente.

Rut ficou muito pobre. Certa vez,

foi ao campo de um homem sábio e

honrado chamado Boaz. Conforme

a lei judaica, os necessitados podem

permanecer nos campos durante a

colheita de trigo. Entre outras leis

relativas à colheita, a Torá prescreve

que, caso o agricultor deixe cair uma

ou duas espigas de cada feixe recolhi-

do, deve deixá-las no chão para os po-

bres. Assim, no campo de Boaz havia

vários pobres.

Enquanto Boaz observava a co-

lheita em seu campo, percebeu que os

modos de Rut eram muito diferentes

dos modos das outras moças que ali

estavam. Ela se vestia com recato e a

cada vez que se agachava para pegar

as espigas de trigo do chão, fazia-o

com bons modos, tomando muito cui-

dado para que nenhuma parte de seu

corpo ficasse exposta.

Boaz recomendou a seus empre-

gados que tratassem aquela jovem

com muito respeito e que sempre

a deixassem entrar em seu campo.

Mais adiante, a Meguilat Rut relata

também que Boaz se casou com Rut

e que eles tiveram um filho chamado

Oved. Oved teve um filho chamado

Ishay, o pai do Rei David, do qual des-

cenderá o Mashiach.

Portanto, foi o reconhecimento da

qualidade de recato que levou Boaz a

aproximar-se de Rut.

Nestes dois fatos – o episódio de

David e Shaul na caverna e o de Boaz

e Rut – a qualidade da discrição foi

fundamental para o desenrolar dos

acontecimentos. David soube reco-

nhecer e dar a devida importância à

qualidade de discrição, poupando a

vida do Rei Shaul. Mas com quem ele

aprendeu a dar o devido valor a esta

virtude? Certamente este foi um lega-

do de seus bisavós, Boaz e Rut.

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Sivan / Tamuz 5774 21

As Revoluções Cossacas e os Massacres de “Tach Vetat”Desde a Destruição do Segundo Templo até os anos de

“Tach Vetat” (5408-5409) não havia acontecido tamanho

massacre dos judeus.

Durante as guerras contra os romanos, os judeus tinham sido

ferozes combatentes. Agora, entretanto, não havia chance para

guerrearem, nenhuma possibilidade de se defenderem. Ainda

assim, os judeus não se renderam; morreram como bravos

mártires, sem renegar sua fé. O sofrimento e a morte de um

inocente e de um tsadic expiariam os pecados de outros e seriam

considerados como méritos para o povo judeu como um todo.

História

Quando a Polônia se tor-nou um país uni-

ficado, no século XIII, os judeus se encon-travam sob a proteção real. Graças aos decretos reais do Príncipe Bolislav, do Rei Casimir – o Grande – e do grão-duque da Lituânia (1388), os judeus alcançaram uma igualdade econômica plena com os cristãos.

No entanto, a vida dos judeus imigrantes na

Polônia estava longe de ser tranquila. Havia es-

porádicas explosões de violência contra eles. O

clero polonês era hostil e pedia a revogação dos

privilégios garantidos aos judeus. Alguns dos

nobres também estavam contagiados pelo anti-

-semitismo. Nas cidades, os artesãos e comer-

ciantes cristãos, organizados em corporações

exclusivistas, ressentiam a competição judaica

e, por vezes, expulsavam os judeus das cidades.

Libelos de sangue surgiam contra os judeus em

vários lugares.

Ainda assim, os judeus estavam muito me-

lhor na Polônia e na Lituânia do que na me-

dieval Europa Ocidental, onde a história de

repressões, massacres e expulsões continuava

a desenvolver-se. Por isso, a Europa Oriental

assistia a uma persistente imigração judaica.

No final do século XV havia aproximadamente

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22 Sivan / Tamuz 5774

60 comunidades judaicas organizadas

na Polônia e Lituânia, com pouco mais

de 30.000 almas. Em meados do sécu-

lo XVII a situação se alterou para meio

milhão de pessoas.

O contato de judeus com não ju-

deus era restrito ao mínimo obrigató-

rio. Com um nível sem precedentes de

autogovernança, os judeus formaram

comunidades ajustadas pela halachá,

a lei judaica. Havia pouca integração

com a sociedade e cultura polonesas.

Entre si, os judeus falavam apenas o

yidish e sua vida intelectual era focada

no estudo religioso. Inúmeras yeshivot

surgiram, muitas delas famosas por

sua erudição.

O sucesso econômico dos judeus

devia-se principalmente ao apoio da

nobreza polonesa, cujo poder no rei-

no era crescente. Os aldeões, entre-

tanto, julgavam-nos competidores

e tentavam limitar sua liberdade de

movimento e expulsá-los das cidades.

Expulsos das velhas cidades reais, e

estabelecendo-se nas novas cidades

“particulares” que começaram a sur-

gir nas propriedades dos magnatas,

os judeus tinham os nobres como seus

aliados.

Além disso, a unificação da Polô-

nia com a Lituânia (1569) abriu novas

oportunidades econômicas para os ju-

deus. A nobreza polonesa iniciou um

vasto empreendimento de colonização

nas estepes da Ucrânia. No entanto,

os nobres tinham pouco interesse em

administrar suas vastas e remotas

propriedades. Por isso, eles se volta-

ram para os judeus. Um sistema de

arrendamento foi criado, a “arenda

agrícola”: em troca de uma renda fixa,

os legatários judeus administravam

as propriedades e controlavam todos

os meios de produção, incluindo os

servos (veja o quadro “O Sistema de

Arenda”). Consequentemente, os cam-

poneses ucranianos ortodoxos come-

çaram a ver os judeus como represen-

tantes dos seus opressores, os nobres

poloneses católicos. Tornando-se um

objeto de ódio da população rural, o

judeu administrador era frequente-

mente vítima de revoltas populares.

Entre a aversão das cidades e o ódio

dos camponeses, sua segurança física

dependia inteiramente de sua relação

com a nobreza.

Apesar das pressões contrárias, a

base econômica judaica era relativa-

mente larga e segura. O quadro geral

era de uma sociedade alegre e anima-

da. Em um jogo de palavras hebraicas,

os judeus afirmavam: “po-lin – aqui

nós podemos permanecer!”.

Este quadro mudou drasticamen-

te a partir de 1648, ano trágico na

história judaica. Foi quando o “vul-

cão ucraniano” estourou. No curso

de uma gigantesca revolta contra as

normas polonesas, grande parte das

comunidades judaicas foi devastada e

milhares de judeus foram massacra-

dos. Aliados aos servos, os cossacos,

guerreiros das regiões fronteiriças da

Polônia, violentaram o sudeste do rei-

no liderados por Bogdan Chmielnicki.

Muitos anos de guerra seguiram-se

entre a Polônia e seus vizinhos, com

invasões da Suécia, Rússia e dos exér-

citos tártaros. A partir de então, o rei-

no da Polônia começou a desintegrar-

-se, dividindo-se aos poucos até o final

do século XVIII. Durante este período,

a comunidade judaica empobreceu e

tornou-se sujeita a grande intolerân-

cia e restrições.

A Revolta dos Cossacos

Em 1635 os camponeses e os

Os Judeus na Guerra dos 30 Anos (1618-1648)

Em 1618 estourou a guerra na

Europa entre os países protestantes

e os poderosos católicos Habsburgos,

herdeiros do Sagrado Império Ro-

mano. Alemanha, Áustria, Boêmia,

Espanha, Itália, França, Bélgica,

Holanda – todos se atiraram na longa

e sangrenta batalha conhecida como

a Guerra dos Trinta Anos.

A guerra devastou a Europa.

Uma extraordinária quantidade de

pessoas foi assassinada pela espada

ou morreu de doenças. Fazendas e

campos foram abandonados. Tropas

inimigas formigavam pelos países,

destruindo tudo em seu caminho.

Foi a maior, mais generalizada e

mais destrutiva guerra que o mundo

jamais conhecera. No final da guerra,

os Habsburgos germânicos perderam

o poder e a França emergiu como

líder na Europa.

A tarefa de abastecer os enormes

exércitos durante a guerra cabia em

grande parte aos judeus. Conexões

judaicas eram fidedignas e abran-

giam todas as fronteiras geográficas.

Redes judaicas internacionais forne-

ciam mantimentos para os soldados,

forragem para os cavalos, armas e

munições. No final da guerra, judeus

abasteciam exércitos dos dois lados

do conflito. Os judeus do Ocidente

eram os contratantes e os financis-

tas; os judeus da Polônia, no Oriente,

produziam ou distribuíam grande

parte da madeira, trigo e licor para

os soldados.

Os camponeses poloneses cató-

licos, contudo, ressentiram-se pro-

fundamente com as atividades dos

judeus, tornando-se rancorosamente

anti-semitas e muito pobres. Eles

não se beneficiaram em nada com a

guerra. O sistema feudal na Polônia

garantiu que os camponeses não

compartilhassem de nenhum lucro

– não importando quão duro eles

trabalhassem.

História

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Sivan / Tamuz 5774 23

cossacos na Ucrânia se revoltaram

contra seus ausentes senhorios po-

loneses. Os senhorios viviam longe,

mas os judeus, que agiam como seus

vig ias e representantes, estavam

próximos. Em apenas uma semana,

2.000 judeus foram mortos pelos cos-

sacos. Milhares de outros fugiram da

Ucrânia para a Polônia. A rebelião foi

abafada, mas os camponeses ferviam

de ódio.

Em 1648, um cossaco ortodoxo

com o nome de Bogdan Chmielnicki

surgiu. Forte e destemido, ele odiava

tanto os católicos quanto os judeus.

Chmielnicki organizou os cossacos

em uma poderosa força de batalha.

Ele se aliou aos tártaros da Crimeia e,

com um generalizado apoio dos cam-

poneses, invadiu a Polônia. Freiras e

padres foram torturados e decapita-

dos; nobres poloneses foram rapta-

dos e assassinados. Mas a verdadeira

fúria cossaca foi reservada para os

judeus. Os judeus quase foram ani-

quilados.

Entre 1648 e 1653, aproximada-

mente 100.000 judeus morreram pela

espada e pelo caos resultante da re-

volução: doenças e fome. Trezentas

comunidades judaicas polonesas fo-

ram destruídas. Mesmo as sinagogas

fortalezas, de paredes muito grossas

e com canhões nos telhados, não sal-

varam os judeus da fúria da horda

dos cossacos e de seus vizinhos po-

loneses.

Os massacres de Chmielnicki to-

maram lugar nos anos judaicos de

“tach vetat” – 5408 e 5409, que cor-

respondem a 1648 e 1649. Poloneses,

cossacos e tártaros – todos foram sel-

vagens no tratamento com os judeus;

mas a crueldade horrível dos cossacos

ainda queima na memória judaica.

Judeus foram esfolados, despedaça-

dos, queimados e enterrados vivos.

Crianças foram torturadas e assassi-

nadas. Rolos da Torá foram rasgados

e transformados em botas. Muitos

judeus se entregavam aos tártaros,

que eram mais “piedosos”. Perceben-

do que um judeu vivo era mais valioso

que um morto – o vivo poderia sem-

pre ser resgatado por seus irmãos

judeus – os tártaros não matavam

seus prisioneiros. Em vez disso, eles

aguardavam um resgate ou vendiam-

-nos como escravos. Milhares de ju-

deus poloneses foram comprados e

libertados por comunidades judaicas

na Itália, Marrocos, Grécia, Turquia e

Terra de Israel.

Inicialmente os cossacos ofere-

ceram poupar qualquer judeu que se

convertesse ao cristianismo. Das cen-

tenas de milhares de judeus polone-

ses, somente uma minúscula fração

concordou com esta proposta. Depois

de uma particular batalha, os traiço-

eiros nobres poloneses entregaram

seus aliados judeus ao inimigo cos-

saco. Preferindo ao batismo, todos os

judeus – um total de cento e cinquenta

– conformaram-se voluntariamente

com sua morte. Os cossacos, enfure-

cidos, iniciaram outra empreitada de

assassinatos. Percebendo que conver-

sões forçadas eram inúteis, o rei po-

lonês mais tarde permitiu aos poucos

sobreviventes conversos retornarem

ao seu judaísmo.

No dia 20 de sivan de 1649, seis

mil judeus foram massacrados na

cidade de Nemirov. O rio externo a

Nemirov ficou vermelho de seu san-

gue. O Conselho das Quatro Nações,

a corporação representativa judaica,

proclamou aquela data como um dia

público de jejum. Enquanto isso, a

revolta continuava confusa, enquanto

cossacos e tártaros alteravam suas

alianças, matando qualquer um alea-

História

O Sistema de “Arenda”O judeu coletor de taxas era

uma característica familiar da vida polonesa nas aldeias. Essa profissão era muitas vezes impopular e até perigosa.

O termo polonês “arenda”

abrangia arrendamento e con-

cessões de vários tipos: terras,

moinhos, minas de sal, florestas

de madeira, estalagens, lavouras,

cobrança de alfândega e cunhagem

de moedas. Alguns destes direitos

provinham de prerrogativas reais.

Nos séculos XV e XVI os judeus

obtiveram tais concessões em

grande escala na Polônia Oriental,

que ainda possuía fronteiras livres

para o desenvolvimento econômico.

Já na Polônia Ocidental, os nobres

exigiam da coroa estas lucrativas

concessões para eles e exerciam

forte pressão contra a concessão aos

judeus. Ainda assim, judeus legatá-

rios, representantes e administra-

dores eram contratados amplamen-

te por nobres para administrar suas

propriedades agrícolas.

As terras arrendadas podiam

incluir aldeias e até pequenas

cidades. A “arenda agrícola” na

zona rural se tornou um importante

aspecto da estrutura profissional

judaica na Polônia. A atitude dos

administradores judeus para com

os camponeses era frequentemente

mais humanitária do que aquela

dos proprietários nobres poloneses.

Apesar disso, os judeus se tornaram

o alvo natural dos ressentimentos

dos servos oprimidos.

Administrando grandes pro-

priedades agrícolas no sistema de

arenda, os judeus ajudaram a abrir

e povoar áreas de terras não desen-

volvidas na Polônia Oriental, que

incluíam os distritos orientais da

Ucrânia e da Rússia Branca.

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24 Sivan / Tamuz 5774

toriamente. Cerca de mil judeus foram

torturados e assassinados no dia 4 de

tamuz, 10.000 no dia 3 de av, 3.000

em Tishá Beav, 4.000 no dia 15 de

tishrê e 12.000 no dia 17 de cheshvan.

Uma epidemia de cólera assolou a Po-

lônia matando milhares de outros ju-

deus. Judeus fugiam em massa para

a Rússia, Lituânia e Alemanha. Uma

das maiores yeshivot na Polônia foi

dispersada em Lublin. Trezentas co-

munidades judaicas foram destruídas

e muito mais de 100.000 judeus mor-

tos. A Europa foi inundada de judeus

refugiados.

Chmielnicki continuou sua guerra

pela independência da Ucrânia, mas

morreu em 1657. Ele foi responsável

pela morte de centenas de milhares

de pessoas e não atingiu nenhum de

seus anseios. No entanto, hoje, um

monumento de uma estátua heroi-

ca está erigido na cidade de Kiev,

na Ucrânia, homenageando o brutal

açougueiro de Tach Vetat como um

herói nacional ucraniano.

O Shach e o Taz

Mesmo durante os horrores de Ch-

mielnicki, a Torá foi guardada. Du-

rante os terríveis anos de Tach Vetat,

quando yeshivot e comunidades judai-

cas foram desmanteladas e o estudo da

Torá quase foi detido, o “Shulchan Aru-

ch” (Rabi Yossef Caro, 1488-1575), jun-

to com os comentários de Rabi Moshê

Isserlis de Cracóvia – o Remá (1530-

1572) – garantiram a observância das

leis judaicas. A invenção das máqui-

nas impressoras levaram o “Shulchan

Aruch” a todos os lares judaicos. Foi

quase como cada família ter o seu pró-

prio rabino particular à disposição.

Com o “Shulchan Aruch” em sua posse,

um judeu sempre soube o que a lei ju-

daica determinava a ele fazer.

Um dos mais carismáticos e bri-

lhantes rabinos do século dezessete

na Polônia foi o Rabi Yehoshua Hes-

chel de Cracóvia (1590-1663), conheci-

do amavelmente como “Reb Heschel”.

Grande erudito e raro pedagogo, tor-

nou-se o cabeça da yeshivá de Lublin

em 1644 e, logo depois, foi apontado

como o rabino da comunidade. Em

1654 sucedeu Rabi Yom Tov Lipman

Heller como rabino de Cracóvia. Seu

caráter sagrado e grande talento edu-

cacional fizeram-no o mestre da sua

geração. Quase todos os grandes sá-

bios do final do século dezessete na

Polônia foram seus alunos.

Os livros de Rabi Yehoshua Hes-

chel só sobreviveram em fragmentos,

mas muitas de suas opiniões haláchi-

cas aparecem nos trabalhos de seus

contemporâneos e discípulos. Dois

de seus discípulos, Rabi David Halevi

Segal (o Taz – Turê Zahav) e Rabi Sha-

betay Cohen (o Shach – Siftê Cohen),

escreveram notas adicionais ao “Shul-

chan Aruch”.

Rabi David (1586-1667) fugiu dos

cossacos, viveu em calamitosa po-

breza e com muito sofrimento. Rabi

Shabetay (1622-1663) deixou a Polô-

nia e morreu jovem, longe de casa.

Seus comentários foram feitos nas

seções Yorê Deá e Chôshen Mishpat do

“Shulchan Aruch”. Ele é considerado o

halachista por excelência em seus co-

mentários com respeito aos assuntos

do “Shulchan Aruch”.

Os comentários do Taz e do Shach

foram escritos sob terríveis circuns-

tâncias. Ainda assim, eles foram tão

importantes que se tornaram par-

te inseparável do próprio “Shulchan

Aruch” até os nossos dias.

Fontes:“Herald of Destiny” – Shaar Press;

“Sand and Stars” – Shaar Press;“The Diaspora Story” – Steimatzky;

“A Historical Atlas of The Jewish People” – Eli Barnavi

História

Aguardamos sua visita!!!

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Sivan / Tamuz 5774 25

Visão Judaica II

Yizcor – Uma Oração Pela AlmaTodas as forças do espírito são ativadas pelo nosso eu interior,

que é independente de nossos corpos e sentidos. Algo dentro de

nós determina o que é verdadeiro e o que é falso; o que é louvá-

vel e o que é vergonhoso; o que é justo, honesto e ético, e o que

é perverso ou ruim. Este “algo dentro de nós” é a nossa alma.

Yom Kipur; a sinagoga está re-pleta de pessoas de todas

as idades. De repente, sente-se uma cer-ta agitação no público. As crianças e a maioria dos jovens se retiram para serem substituídos por devotos de mais idade, alguns usando kipot provisórias. O setor feminino também está pleno de mulheres que não são frequentadoras regulares da congregação.

É a hora do “Yizcor”, a oração em memória

dos falecidos. A prece é curta. Suas palavras

simples resumem a emoção: “Recorda D’us, a

alma de...”.

Consciente ou inconscientemente, a pessoa

manifesta neste momento sua convicção inte-

rior de que, mesmo quando seu ente querido

já deixou este mundo, sua vida segue tendo

certa realidade e sentido que ele não consegue

compreender totalmente. Que tipo de realidade

é essa? Há alguma explicação lógica para ela?

O que significa a vida após a morte e a imorta-

lidade da alma? O que são o Mundo Vindouro,

o Paraíso e o seu oposto, os dias da redenção, a

ressurreição dos mortos?

Não se trata de uma vaga curiosidade inte-

lectual conhecer as respostas destas questões.

Não é o mesmo que desejar saber se há vida

em Marte ou realizar experiências nos campos

da matemática, química, física ou biologia. A

questão da vida após a morte é de fundamental

importância para nossas vidas – no mundo em

que vivemos. Desejamos saber se nossa exis-

tência individual se manterá somente até o dia

de nossa morte, ou se continuaremos existindo

mesmo depois que nossa vida sobre a Terra

tenha terminado. Certamente é um conheci-

mento essencial para todos nós! Simplesmente

deixaremos de existir em um determinado mo-

mento, ou a morte será somente uma transição

para outra forma de vida?

Se é que há vida após a morte, precisamos

saber como ela é e de que maneira é ou será

influenciada por nossa conduta neste mundo.

Afinal, trata-se de nossa própria vida!

Embora estas questões tenham perturbado

o homem desde o início da civilização, o juda-

ísmo nos oferece as respostas; basta buscá-

-las. Os profundos debates de nossos sábios, de

abençoada memória, na Mishná, no Talmud, na

literatura homilética e no Zôhar, o livro bási-

co da cabalá, foram interpretados por nossos

grandes estudiosos, a fim de que todos nós pu-

déssemos entendê-los. Os filósofos clássicos, in-

cluindo Sócrates e Platão, também analisaram

estes tópicos de forma sistemática e chegaram a

conclusões filosóficas muito similares aos con-

ceitos básicos do judaísmo. São princípios que

continuam válidos em nossos dias.

Prazer Físico e Espiritual

No tratado San’hedrin consta: “Todo o povo

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26 Sivan / Tamuz 5774

de Israel tem um lugar no Mundo

Vindouro, conforme consta que ‘toda

a Sua nação é justa e herdarão a ter-

ra para sempre’”. Rambam comenta o

sentido do termo “Mundo Vindouro”.

Ele esclarece primeiramente nossa

dificuldade fundamental para com-

preender este conceito: “Assim como

o cego não pode entender as cores e o

surdo os sons, da mesma maneira os

homens de carne e osso não podem

compreender os prazeres da alma...

Nem sequer sabem o que significa o

prazer espiritual”. Vivemos em um

mundo físico que experimentamos

através de nossos sentidos, “e nada

mais se pode encontrar aqui, porque

nos é desconhecido, razão pela qual

não podemos compreender o prazer

espiritual facilmente, salvo depois de

um estudo exaustivo” (Rambam, ib.).

Apesar de ser necessár io um

grande esforço para obter uma real

compreensão da vida da alma após a

morte, é suficiente observar o mundo

material ao nosso redor, no qual a

maior parte dos prazeres são senti-

dos, para compreender que os im-

pulsos de nosso espírito são os mais

signi f icat ivos. Rambam cita três

exemplos relevantes – a perseguição

da honra, o desejo de vingança e o

sentimento de vergonha.

Até que extremos pode chegar o

homem para cobrir-se de honra! Está

disposto a sacrificar sua comodidade,

por vezes sua liberdade e até sua pró-

pria vida. Atravessa oceanos, escala

montanhas e luta contra adversários

reais ou imaginários; tudo em nome

da honra, da fama e da glória. Prefere

renunciar ao prazer físico, caso isto

o engrandeça perante os demais. Al-

guns psicólogos consideram que este

desejo humano é dominante sobre os

demais.

Sob determinadas circunstâncias,

consideramos este desejo uma virtu-

de. A expressão “pessoa digna” não

é desdenhosa, e aquele que defende a

honra de seu país ou nação é elogiado

merecidamente.

Mas o que é o sentimento da hon-

ra? Podemos percebê-lo através de al-

guns dos sentidos? Não o vemos nem

o ouvimos. Ele não tem sabor nem

cheiro. É uma emoção captada so-

mente por meio do intelecto.

Na caçada humana a Eichmann,

houve agentes que abandonaram seus

familiares para vagar por todo o mun-

do arriscando suas vidas, infiltran-

do-se em unidades hostis nazistas e

neonazistas. Subsistiram vários dias

com pouca comida e bebida, vivendo

como guerrilheiros, mesmo quando

a guerra já havia acabado há muito

tempo.

Alguns dedicaram mais de dez

anos de suas vidas à missão de rastre-

ar o assassino das massas. Poderiam,

por acaso, despertar os mortos ao

tomá-lo como prisioneiro? Poderiam

devolver a vida de milhões de vítimas

que foram assassinadas e torturadas

em massa? O que está feito não pode

ser desfeito... mas pode-se cobrar vin-

gança.

Não somente seriam relembradas

as atrocidades do Holocausto com a

captura de Eichmann, mas se des-

pertaria um sentimento de “vingança

justa”, de satisfação por ter sido feita

a justiça.

Este sentimento justificado de re-

vanche é também uma emoção que

não se percebe por meio dos sentidos;

os sentidos somente podem registrá-

-lo, e o espírito faz o resto.

O que ocorre com o sentimento de

vergonha? Como seria o mundo sem

ele? Os mais poderosos desejos são

somente controlados graças a ele.

Este frágil impulso do espírito

pode superar as mais fortes compul-

sões humanas, mesmo neste mundo.

As forças emocionais que temos

mencionado – a perseguição da hon-

ra, o desejo de vingança e o sentimen-

to de vergonha – são algumas poucas

ilustrações do poder e transcendência

das respostas do espírito. Além disso,

a escala de conceitos dos homens pro-

va que as forças impulsoras da vida

de uma pessoa – a menos que viva

realmente de uma forma muito pri-

mitiva – estão relacionadas com suas

aspirações não materiais. Isto torna-

-se especialmente óbvio em tempos de

prosperidade.

Enquanto o homem vive na po-

breza, dedica-se às suas necessidades

básicas. Pensávamos que quando o

homem já não tivesse que trabalhar

mais que 14 a 16 horas por dia, e o

fizesse em condições materiais me-

lhores e com todas as vantagens da

era tecnológica em medicina, comu-

nicações, etc., poderia ser mais feliz.

Apesar de que a civilização ocidental

converteu este sonho em realidade, as

pessoas não sentem satisfação nem

alegria. Muitos jovens, “pobres pe-

quenos ricos”, buscam a felicidade de

forma selvagem e desatinada, procu-

rando algum sentido para suas vidas.

Muitos filhos de ricos escolhem ves-

tir-se com trapos e dormir no chão.

Milhões de jovens a quem nada falta

consomem drogas para escapar a um

mundo de sonhos. Resulta, claro, que

casa confortável e jantar saudável po-

dem satisfazer a uma vaca, mas não à

alma humana.

Quão perceptivas são as palavras

de nossos sábios, de abençoada me-

mória, que af irmam: “A alma não

pode ser saciada. Ela é comparada a

uma princesa que se casou com um

simples camponês. Ele poderá trazer

todos os tesouros do mundo, mas para

ela estes tesouros serão desprovidos

de sentido, pois é uma princesa. As-

sim sendo, todos os prazeres deste

Visão Judaica II

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mundo não podem satisfazer a alma

– porque ela é Divina”.

As coisas que estremecem o co-

ração humano e satisfazem a alma

– provocando o seu entusiasmo – são

precisamente aquelas que vão além

dos sentidos. Se um ideal possui uma

insinuação de verdade, o povo dará

tudo por ele. O comunismo, por exem-

plo, gerou em certa época entusiasmo

nos corações dos homens, enfocando

uma justiça social que declarou sus-

tentar (paradoxalmente, o comunis-

mo é uma filosofia materialista que

atraiu dezenas de idealistas).

Obviamente, a sede pela justiça

não é gerada pelos sentidos ou por

processos bioquímicos no corpo hu-

mano, mas, preferencialmente, pela

grandeza do espírito humano. Sacian-

do esta sede, pode-se produzir uma

enorme satisfação. Comunismo, con-

tudo, é um sonho falso, de maneira

que sua idade de ouro resultou breve.

Corrompeu-se rapidamente, dando

um desmentido categórico à visão que

ele mesmo proclamou. A sede da alma

humana não pode extinguir-se so-

mente com um sombrio sinal da ver-

dade; ela busca toda a verdade e não

descansará até encontrá-la.

A Vida da Alma

Todas as forças do espírito são

ativadas pelo nosso eu interior, que

é independente de nossos corpos e

sentidos. Estes servem somente como

instrumentos para perceber nossos

desejos interiores e cumpri-los. Algo

dentro de nós determina o que é ver-

dadeiro e o que é falso; o que é louvá-

vel e o que é vergonhoso; o que é jus-

to, honesto e ético e o que é perverso

ou ruim. Este “algo dentro de nós” é a

nossa alma.

A alma é autônoma. Somente sua

existência independente pode explicar

sua prontidão para atuar em oposição

aos interesses do corpo no qual resi-

de. A alma pode mover uma pessoa a

realizar sacrifícios incríveis, inclusive

alguns que atentam contra seu pró-

prio bem estar, em prol de ideias abs-

tratas. Um fenômeno como este não

se dá no mundo natural e é contrário

a qualquer lei da natureza. As leis da

natureza atuam, geralmente, de modo

mais direto e efetivo para assegurar a

sobrevivência ou o progresso.

A natureza nunca se destroi ou

contradiz a si mesma. O homem é a

única criatura capaz de atuar cons-

cientemente em oposição aos inte-

resses de seu corpo e do bem estar

material. Um ato como este deve ser

ditado por uma força independente

que rege o corpo – a alma.

A realidade da alma é uma das

certezas mais inequívocas de nossa

existência, mesmo que não possa ser

facilmente articulada, ilustrada. Qua-

se todos os idiomas a definem como

Visão Judaica II

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“uma realidade espiritual”. Uma rea-

lidade espiritual nunca pode morrer

ou deixar de ser. A morte somente

tem poder sobre o corpo. A alma –

que é espiritual e existe de forma in-

dependente – não está sujeita às leis

da matéria. Portanto, nosso conheci-

mento da existência da alma implica

na certeza de sua contínua existência

depois da morte – a permanência da

alma.

Uma pessoa não precisa ser espe-

cialmente erudita para chegar a esta

conclusão. Como todas as grandes

verdades, ela é eminentemente sim-

ples e óbvia para qualquer pessoa.

Aqueles que buscam uma formulação

lógica podem encontrá-la nos escritos

de muitos filósofos. É errôneo pensar

que a filosofia tem buscado ardua-

mente refutar a existência da alma.

As dúvidas sobre a alma foram dissi-

padas pelos grandes filósofos há mil

anos. Eis aqui o que Platão relatou

com respeito a um diálogo entre Só-

crates e seus discípulos:

– Sócrates, muita gente receia que

quando a alma abandona o corpo ela

não existe mais em nenhum outro

lugar, deixa de ser e se perde... Talvez

necessitemos reforçar a fé deles e ofe-

recer-lhes uma evidência ressoante

para demonstrar que a alma do morto

retém a vida, o poder e a inteligência!

Sócrates respondeu com diver-

sas evidências filosóficas, dissipando

totalmente essa dúvida. Uma delas

já mencionamos antes, que a morte

somente domina o corpo. Ele disse:

– Existem duas categorias de coi-

sas: as que se vêem e as que não se

vêem. O invisível permanece sempre

imutável, enquanto o visível muda

permanentemente. E com respeito a

nós mesmos – pergunta Sócrates –

que outra coisa temos a não ser um

corpo e uma alma?

– Somente isto – respondeu um

discípulo.

– Por consequência, a qual destas

duas categorias se aproxima mais o

nosso corpo?

– Obviamente, à visível!

– E a alma?

– À invisível!

– E com respeito ao que temos fa-

lado, na sua opinião a alma se parece

mais ao quê?

– Parece-me – disse o discípulo –

que daquilo que dissemos, todo mun-

do, mesmo o mais estúpido, concor-

daria que mais do que qualquer outra

coisa, a alma caracteriza o que existe

eternamente e não o contrário.

– E o corpo?

– A segunda categoria. Evidente-

mente, Sócrates, a alma se asseme-

lha ao Divino, e o corpo ao mortal.

Portanto, a alma se assemelha imen-

samente ao que é Divino e imortal,

conceitual e de uma única forma –

não se desintegra, e sim que existe

eternamente inalterada – enquanto

o corpo se assemelha mais ao que é

humano e mortal.

Pensamentos como estes foram

expressos pelos maiores f i lósofos

através de todas as épocas, apesar

de que é uma verdade tão clara, que

mesmo o homem mais simples pode

entendê-la.

As seguintes palavras foram es-

critas por um jovem soldado que mor-

reu na guerra de Yom Kipur:

“Toda a vida do homem está cen-

trada em torno de sua alma, e o cor-

po é somente um meio de expressão.

Amar, odiar – são obras do espírito.

Mas mesmo quando dizes ‘eu’, o que é

teu ‘eu’? Eu choro, eu sorrio, eu amo

– quem é este ‘eu’? Tua mão? Teu pé?

Teu estômago? Não! ‘Eu’ é a alma!

“O corpo e a alma são realmente

dois entes separados. Dois entes re-

ais. Portanto, o fim da existência de

um, não implica, necessariamente, no

fim da existência do outro. Em física,

existe uma lei de conservação da ma-

téria. Por que não há de existir uma

lei de conservação do espírito?”.

Este jovem sensível, Daniel Orli-

ck (tinha só dezenove anos quando

tombou, vítima dessa guerra) parece

ter sentido o que disse Ramban em

seu Sháar Haguemul (cap. 6): “Nada

se perdeu desde a Criação do mundo;

no sentido de que a matéria retorna

a seus elementos – isto é, somente

altera a sua forma mas não cessa de

existir. Isto é ainda mais verdadeiro

com respeito à elevada alma. Ela não

pode ser extinta ou perder-se.”

A imortalidade da alma também

resulta diretamente da criação do

homem à imagem e semelhança de

D’us. No livro de Rabi Menashê ben

Yisrael, intitulado “A Alma de Isra-

el” (dedicado totalmente ao debate

sobre a alma, a vida após a morte e

todas as coisas que não pertencem ao

mundo natural), o autor resume a opi-

nião dos sábios de Israel, no sentido

de que não é o corpo precisamente o

elemento ao qual denominamos “ho-

mem”, mas a alma, já que a Torá diz:

“D’us criou o homem à Sua própria

imagem” (Bereshit 1:27), e conforme

está escrito, “A vela de D’us é a alma

do homem” (Mishlê 20:27). Rabi Me-

nashê ben Yisrael enumera os filóso-

fos que concluíram que “se a alma do

homem foi criada à imagem de D’us,

e D’us é eterno, então a alma precisa

ser eterna.”

A contínua existência da alma

depois de abandonar o corpo é o que

chamamos de “vida após a morte”.

Ela existe no Olam Habá, o “Mundo

Vindouro”. Trataremos do Mundo

Vindouro numa próxima oportuni-

dade.

do livro “El Hamecorot” Publicado com autorização

Visão Judaica II

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30 Sivan / Tamuz 5774

Nossa GenteNascimentos• Mazal tov pelo berit milá para as famílias: R. Israel Horowitz, R. Yerachmiel Belinow, Allan Zilberman, David Isaac Nahon, Dan Yallouz, Ezra Harari, Lazaro Setton, Louis Rosenberg, Moshê Dayan, Natan Orlean, Nir Cohen, Paulo Buchsenspaner, Salo Cohen e Shlomo Sobel.• Mazal tov pelo nascimento da filhinha para as famílias: R. Shmuly Schildkraut, R. Yoel Blanga, David Chammah, Isaac Azrak, Jeki Cohen, Mendy Rosenberg, Raul Fuchs, Sami Hakim e Binyamin Khalili.

No berit milá do filho de David Isaac Nahon

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Sivan / Tamuz 5774 31

Nossa GenteNo berit milá do filho de Ezra Harari

No berit milá do filho do R. Israel Horowitz

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Bar Mitsvá• Mazal tov aos jovens benê mitsvá: Daniel Goldfajn, Eduardo Knobel, Gabriel Kabbani, Henri Safra, Itiel Chaim Kummer, Michael David

Behar, Paulo Avraham Brand, Rafael Kriger, Shloimi Fucs, Uriel Asher Kummer, Yacov Zimberknopf e Yedidia Michaan.

No bar mitsvá de Daniel Goldfajn

No bar mitsvá de Henri Safra

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Nossa GenteNo bar mitsvá de Yedidia Michaan

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Nossa GenteNo bar mitsvá de Michael David Behar

Siyum Massêchet Sucá do grupo que estuda o Daf Hayomi

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Nossa GenteCasamentos• Mazal tov pelos noivados para as famílias: Laniado e Khafif (Efrayim e Deby), Hallak e Laniado (Alberto e Ruth), Dayan e Chouveke

(David e Esther).• Mazal tov pelos casamentos para as famílias: Besser e Shechter (Yossef Chaim e Miriam), Chachamovitz e Borer (Alexandre e Tamar),

Mifano e Krigsner (Claudio e Tatiana), Cohen e Schlesinger (Leandro e Dominique), Douek e Nudelman (David e Carolina), Klein e Dayan (Daniel e Andrea Esther), Aboulafia e Barzilai (Raymond e Tamar), Azulay e Sassoun (Yeshayahu e Rinat).

No casamento de Leandro e Dominique Cohen Yossef Chaim Besser no dia de seu casamento ao lado de seu pai, R. Shmuel

No casamento de Yeshayahu e Rinat Azulay

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36 Sivan / Tamuz 5774

Nossa GenteNo casamento de Raymond e Tamar Aboulafia

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Nossa GenteNo dinner da Escola Maguen Avraham

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Nossa Gente

Acendimentos de velas em Lag Baômer

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Nossa Gente

Distribuição beneficente da Comissão de Damas da Congregação antes de Pêssach

R. Daniel Faour e Elias Sisro em siyum massêchet na véspera de Pêssach David Szajnbok em siyum massêchet

Victor Cohen (E), ao lado de Ivo Koschland, foi o contemplado com as passagens para Israel

na rifa da escola Maguen Avraham Prova de Guemará sobre o capítulo Êlu Metsiot na Yeshivá Guevohá Beer Avraham

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40 Sivan / Tamuz 5774

Leis e Costumes

Orações Recitadas em Pé ou SentadoQuando se deve levantar e quando permanecer sentado durante as orações

Birchot Hasháchar:

Ashkenazim costumam dizê-las em pé.

Sefaradim podem dizê-las tanto sentados

como em pé. Inclusive Birchot Hatorá poderão

dizer tanto sentados como em pé.

Corbanot:

Sefaradim costumam dizer sentados toda

parte de Corbanot.

Ashkenazim também podem dizê-los senta-

dos. Os que costumam dizer Parashat Hatamid

(vaydaber... et corbani) com o minyan, dirão em pé.

Hashem Mêlech: em pé.

O indivíduo que estiver atrasado ou adian-

tado em relação ao público também deve ficar

em pé quando o público estiver recitando Ha-

shem Mêlech.

Quem estiver estudando, ou presente na si-

nagoga sem estar rezando, é correto que recite

Hashem Mêlech junto com o público.

Vehayá Hashem lemêlech al col haárets

logo em seguida a Hashem Mêlech: em pé.

Baruch Sheamar: em pé.

Mizmor Letodá:

Ashkenazim: em pé.

Sefaradim: sentados.

Vayvárech David: em pé até Atá hu Hashem

Haelokim.

Az Yashir Moshê:

Ashkenazim dizem em pé.

Sefaradim dizem sentados.

Yishtabach:

Ashkenazim dizem em pé.

Sefaradim dizem sentados.

Cadish: deve ser recitado em pé.

Os que estão ouvindo o Cadish:

Ashkenazim costumam ficar em pé.

Sefaradim costumam ficar sentados, a não ser

se quando iniciado o Cadish estavam em pé. Neste

caso só poderão sentar depois de responder amen

yehê shemêh rabá... daamiran bealma (o costume

dos sefaradim é responder até daamiran bealma).

Rabino I. Dichi

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Sivan / Tamuz 5774 41

Barechu:

Ashkenazim respondem em pé.

Sefaradim respondem sentados

(levantando-se um pouco).

Kedushá do Yotser:

Ashkenazim se possível dizem sen-

tados.

Sefaradim dizem propositadamen-

te sentados.

Tehilot Lael Elyon: levanta-se

para se preparar para a Amidá.

Kedushá da Chazará: em pé e com

os pés juntos.

Halel: Em pé.

Tachanun e Yud Guímel Midot:

em pé.

O versículo Rachum vechanun

chatánu lefanecha rachem alênu

vehoshiênu que se fala antes de Nefilat

Apáyim: em pé.

Nefilat Apáyim: propositadamen-

te sentados.

Avínu Malkênu: no meio deste

trecho, quando se diz “má naassê”,

os ashkenazim costumam se levantar.

Vehu Rachum: o trecho recitado nas

segundas e quintas-feiras, que inicia

com “Vehu rachum” deve ser dito em pé.

El Êrech Apáyim: os dois trechos

que começam com “El Êrech”, reci-

tados nas segundas e quintas-feiras

logo após o Chatsi Cadish e antes da

retirada do Sêfer Torá do aron hacô-

desh, devem ser ditos em pé.

Kedushá Dessidrá (Cadosh Ca-

dosh Cadosh... do Uvá Letsiyon):

Entre os ashkenazim há vários

costumes.

Os sefaradim dizem propositada-

mente sentados.

Alênu Leshabeach: em pé.

Tsidcatechá: quando se recita

Tsidcatechá em Minchá de Shabat

após a Chazará, diz-se em pé.

Avínu Malkênu em Assêret Yemê

Teshuvá: em pé.

Obs.: Quando a pessoa estiver re-

zando com um público que costuma

levantar-se em determinados trechos,

e o seu costume for ficar sentada, não

deverá permanecer sentada. O mesmo

se aplica vice-versa.

Do livro “Vaani Tefilá”.Todas as fontes pesquisadas são citadas na referida obra.

Os interessados podem adquirir gratuitamente um exemplar

na secretaria da Congregação.

Leis e Costumes

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42 Sivan / Tamuz 5774

Uma Fórmula InfalívelSeu crescimento pessoal depende dos maravilhosos ensinamentos do mussar.

O Rabino Chayim de Volodjin (Lituânia, 1749-1821), um dos principais discí-

pulos do Gaon de Vilna, revelou em seu li-vro Nêfesh Hachayim uma fórmula que nos põe sob as asas protetoras e as abundantes bênçãos da Shechiná, a Presença Divina.

Na verdade, este método é uma forma feno-

menal e poderosa para remover e neutralizar

todas as acusações espirituais e maus decre-

tos dirigidos contra a pessoa. Tão eficaz é este

conceito, que toda e qualquer negatividade se

torna impotente, sem reter nenhum traço de

influência.

Este processo é ativado quando a pessoa se

concentra nos seguintes pensamentos:

1. O Todo-Poderoso é o D’us verdadeiro.

2. Não há outro poder no Universo ou nos

Mundos Superiores que não Ele.

3. Todo o Universo está preenchido por Sua

Unicidade.

Ao pensar nisto, a pessoa deve, em primeiro

lugar, absolutamente anular e descartar qual-

quer outra força ou influência no mundo. Au-

tomaticamente sua mente abrirá espaço para

pensamentos puros, gerados pela reflexão sobre

estes três pontos.

O segundo passo é concentrar-se e anexar

estes pensamentos refinados à Unicidade de D’us.

Como resultado deste esforço, o Todo-

-Poderoso proverá a este indivíduo todas suas

necessidades. Irá protegê-lo e todos os poderes

e influências negativas serão anulados sem ter

poder para prejudicá-lo.

Este procedimento imemorial é usado há

muitos séculos, com testemunhos incríveis de

pessoas que escaparam de tragédias desde a

época dos Cossacos, passando pelo Holocausto,

até os dias de hoje.

Possamos nós aplicar esta fórmula de modo

que todos encontremos abrigo sob as asas esten-

didas da Presença Divina!

Baseado no livro Sêfer Mitsvat Habitachon,

do Rabino Shemuel Houminer (Israel, 1914-1977)

Mussar

Rabino Zvi Miller

PARABÉNS REVISTA NASCENTE!PARABÉNS REVISTA NASCENTE!Acompanhamos de perto essa

trajetória vitoriosa e desejamos muito sucesso também no futuro!

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Sivan / Tamuz 5774 43

Ben HametsarimLeis e Costumes das três semanas

entre 17 de Tamuz e 9 de Av.

Rabino I. Dichi

Leis e Costumes II

No dia 17 do mês de tamuz ocorreram

5 trágicos acontecimentos ao povo

judeu, e no dia 9 do mês de av, outros 5, entre

os quais a destruição dos dois Templos Sagra-

dos. Por isso, estas duas datas são recordadas

com jejum e grande pesar.

As três semanas compreendidas entre 17

de Tamuz e 9 de Av são denominadas de “Ben

Hametsarim” – “entre os apertos”. Relembran-

do estes acontecimentos, a cada ano nessas

três semanas, observamos algumas leis de

luto, que resumimos a seguir.

Cabelo e barba

Entre os ashkenazim, é costume não cor-

tar o cabelo e a barba a partir do dia 17 de

tamuz (terça-feira, 15 de julho), até chatsot

(o meio do dia) de 10 de av (quarta-feira, 6 de

agosto). Para os sefaradim, é proibido cortar o

cabelo e a barba somente na semana em que

cai o dia 9 de Av (a partir de sábado à noite, 2

de agosto). A proibição de cortar o cabelo tam-

bém se aplica às mulheres. Também é proibido

cortar o cabelo das crianças.

As senhoras casadas podem se depilar. Mu-

lheres solteiras que já estão em idade de se ca-

sar também podem se depilar nestes dias, mas

não na própria semana em que cai o dia 9 de av.

Shehecheyánu

De acordo com o “Shulchan Aruch” e o

Arizal, é recomendável não fazer a berachá de

Shehecheyánu durante as três semanas. Já o

“Mishná Berurá” permite que seja recitada so-

mente nos shabatot.

O “Mishná Berurá” traz que uma mulher

grávida pode comer uma fruta nova, pois se

não comer poderá talvez causar um dano a ela

e ao feto. De qualquer forma, não deve recitar

a berachá de Shehecheyánu. O mesmo se aplica

em relação a um doente – ao comer uma fruta

nova, talvez sinta vontade de alimentar-se.

Unhas

O costume é de não cortar as unhas na se-

mana em que cai o dia 9 de Av (a partir de 2 de

agosto), mas pode-se cortar as unhas na vés-

pera de Shabat Chazon (o que antecede o dia

9 de Av). Mulheres que precisam ir ao micvê

nesse período podem cortar as unhas mesmo

na semana em que cai o dia 9 de Av.

Roupas novas

Não se veste roupas novas durante estas

três semanas. Entretanto, as roupas sem im-

portância, como roupas de baixo, meias e sa-

patos, podem ser usadas novas até a v éspera

de Rosh Chôdesh Av (domingo, 27 de julho).

A partir de Rosh Chôdesh Av é proibido

comprar ou fazer roupas novas, mesmo que

sejam usadas só após o dia 9 de Av.

Lavar e passar roupas

Na semana em que cai 9 de Av é proibido

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44 Sivan / Tamuz 5774

aos sefaradim lavar e passar roupas.

Os ashkenazim costumam não fazê-lo

a partir do Rosh Chôdesh (segunda-

-feira, 28 de julho). Também é proi-

bido pedir para um não judeu fazer

por nós.

É permitido lavar roupas de

crianças até 3 anos. Roupas de crian-

ças com mais de 3 anos só não podem

ser lavadas na semana em que cai o

dia 9 de Av.

É proibido vestir roupas lavadas

(ainda não usadas após a lavagem).

Também não se usam lençóis ou to-

alhas de mesa lavados no seguinte

período:

• Ashkenazim: a partir de Rosh

Chôdesh Av (segunda-feira, 28 de

julho).

• Sefaradim: na semana que cai

9 de Av (a partir de domingo, 3 de

agosto).

Há uma concepção que, caso se

use as roupas, mesmo que por meia

hora, antes do período proibido

(ashkenazim: antes de rosh chôdesh;

sefaradim: antes da semana do dia 9

de Av), elas já não serão considera-

das, de acordo com a halachá, como

“roupas lavadas”.

Roupas com suor ou sujas, como

meias e roupas íntimas, podem ser

trocadas mesmo que não tenham sido

usadas antes do período proibido. Po-

rém, é recomendável proceder da mes-

ma forma que com as demais roupas.

Carne e vinho

Neste ano, o costume de não co-

mer carne nem beber vinho é o se-

guinte (com exceção dos shabatot):

• Ashkenazim – A partir de Rosh

Chôdesh Av (segunda-feira, 28 de

agosto), até 10 de av no meio do dia

(quarta-feira, 6 de agosto às 12h12m).

• Sefaradim – De 2 de av (terça-

-feira, 29 de julho) até o fim de 10 de

av ((quarta-feira, 10 de agosto, às

18h18m).

É permitido alimentar crianças

entre 2 e 3 anos com carne.

Crianças até 6 ou 7 anos que têm

dificuldade em alimentar-se com de-

rivados de leite podem ser alimenta-

das com carne de frango; mas a par-

tir de 7 anos estão proibidas.

Nos primeiros trinta dias após o

parto, a mulher pode comer carne,

mas caso se sinta bem, é preferível

não comer carne a partir do dia 7 de

av. Mulheres que estejam amamen-

tando podem se alimentar com carne

se o bebê estiver fraco (nos casos que

se deixar de comer poderá afetar a

saúde dele).

Doentes também podem comer

carne.

Música

É proibido ouvir música durante

estas três semanas e também não

se costuma fazer casamentos neste

período.

Paraneniza a Congregação pela divulgação dos valores

judaicos!

Leis e Costumes II

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Sivan / Tamuz 5774 45

ROSH CHÔDESHSexta-feira, 30 de maio.Não se fala Tachanun no dia e em Minchá da véspera.Acrescenta-se Yaalê Veyavô nas amidot e no Bircat Hamazon.Acrescenta-se Halel Bedilug em Shachrit.Acrescenta-se a oração de Mussaf.

TACHANUNNão se recita Tachanun

nos 12 primeiros dias de sivan, até 10 de junho, inclusive.

Sivan 30 de Maio de 2014 a 28 de Junho de 2014

5774

SHAVUOT

Quarta e quinta-feira, 4 e 5 de junho. Recita-se o Halel completo nos dois dias.

Shavuot comemora o majestoso acontecimento testemunhado pelo povo de Israel sete semanas

depois de sua saída do Egito, quando estava acampado ao pé do Monte Sinai. Nesta ocasião,

D’us manifestou Sua vontade a Israel e nos revelou os Dez Mandamentos.

Embora estes mandamentos não cons tituam toda a Torá, que consiste de 613 mandamentos – taryag mitsvot – eles são

o seu fundamento. Esses dez mandamentos se tornaram a base das leis de grande parte da civilização ocidental. O nome Shavuot,

pelo qual a Torá se refere a esta data, significa sim plesmente “semanas” e deriva do fato de Shavuot ser observado depois de se contar sete semanas completas, a partir

do segundo dia de Pêssach.Ticun Lêl Shavuot: Durante a primeira noite de Shavuot existe o bonito costume de se passar a noite em claro,

estudando Torá e mishná. Este ano, o estudo se realizará na terça-feira à noite, dia 3 de junho.

Shavuot é chamada também de “Chag Habicurim” (Festa das Primícias), “Chag Hacatsir” (Festa da Ceifa do Trigo) e “Zeman Matan Toratênu” (Época da Outorga da nossa Torá).

BIRCAT HALEVANÁ PERÍODO PARA A BÊNÇÃO DA LUAInício (conforme costume sefaradi): Quinta-fera, 5 de junho, a partir das 18h07m (horário para São Paulo).Final: Noite de quinta-feira, 12 de junho, até as 18h44m (horário para São Paulo).

Datas & Dados

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Tamuz 29 de Junho de 2014 a 27 de Julho de 2014

ROSH CHÔDESHSábado e domingo, dias 28 e 29 de junho.Não se fala Tachanun no dia e em Minchá da véspera.Não se fala Tsidcatechá em Minchá de Shabat.Acrescenta-se Yaalê Veyavô nas amidot e no Bircat Hamazon.Acrescenta-se Halel Bedilug em Shachrit. Acrescenta-se Mussaf.

BIRCAT HALEVANÁ PERÍODO PARA A BÊNÇÃO DA LUA

Início (conforme costume sefaradi): Sábado, 5 de julho, a partir das 18h13m

(horário para São Paulo).Final: Manhã de sábado, 12 de julho,

até as 06h49m (em São Paulo).

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JEJUM - 17 DE TAMUZTerça-feira, dia 15 de julho. Início: 05h34m. Término: 18h07m (em São Paulo).Nesta data ocorreram, em épocas diferentes, cinco trágicos acontecimentos:

•Moshê quebrou as Pedras da Lei ao ver o bezerro de ouro que o Povo de Israel havia feito.

•Foi suspensa a oferenda diária (Corban Tamid, de manhã e à tarde) no Primeiro Templo.

•Foram rompidas as muralhas de Jerusalém na época do Segundo Templo.

•Apóstomos, o Malvado (um oficial romano), queimou a Torá.•Um ídolo foi colocado no Templo.

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HORÁRIO DE ACENDER AS VELAS DE SHABAT E YOM TOV EM SÃO PAULO30 de maio - 17h08m03 de junho - 17h07m04 de junho - a partir de 18h07m06 de junho - 17h07m13 de junho - 17h07m20 de junho - 17h08m27 de junho - 17h10m

04 de julho - 17h12m11 de julho - 17h15m18 de julho - 17h18m25 de julho - 17h21m01 de agosto - 17h24m08 de agosto - 17h27m15 de agosto - 17h29m

PARASHAT HASHAVUA 31 de maio - Parashat: Nassô Haftará: Vayhi Ish Echad07 de junho - Parashat: Behaalotechá Haftará: Roni Vessimchi14 de junho - Parashat: Shelach Lechá Haftará: Vayishlach Yehoshua Bin Nun21 de junho - Parashat: Côrach Haftará: Vayômer Shemuel el Haam28 de junho - Parashat: Chucat Haftará: Hashamáyim Kiss´i (Rosh Chôdesh)05 de julho - Parashat: Balac Haftará: Vehayá Sheerit Yaacov12 de julho - Parashat: Pinechás Haftará: Veyad Hashem Hayetá el Eliyáhu19 de julho - Parashat: Matot Haftará: Divrê Yirmeyáhu ben Chilkiyáhu26 de julho - Parashat: Mass´ê Haftará: Shim´u Devar Hashem02 de agosto - Parashat: Devarim Haftará: Chazon Yesha´yáhu09 de agosto - Parashat: Vaetchanan Haftará: Nachamu Nachamu Ami

HORÁRIO DAS TEFILOT Shachrit - De segunda a sexta-feira - 20 min. antes do nascer do Sol (vatikim), 06h20m (Midrash Shelomô Khafif), 06h50m (Zechut Avot) e 07h15m (Ôhel Moshê). Aos sábado - 08h15m (principal), 08h20m (Zechut Avot), 08h40m (infanto-juvenil) e 08h45m (ashkenazim). Aos domingos e feriados - 20 min. antes do nascer do Sol, 07h30m e 08h30m. Minchá - De domingo a quinta - 15min. antes do pôr do sol.Arvit - De domingo a quinta - 10 min. após o pôr-do-sol e 19h00m.

31 de maio - 16h45m07 de junho - 16h45m14 de junho - 16h45m21 de junho - 16h45m28 de junho - 16h45m05 de julho - 16h50m12 de julho - 16h50m19 de julho - 16h55m26 de julho - 17h00m02 de agosto - 17h00m09 de agosto - 17h05m

30 de maio - 17h08m06 de junho - 17h07m13 de junho - 17h07m20 de junho - 17h08m27 de junho - 17h10m04 de julho - 17h12m11 de julho - 17h15m18 de julho - 17h18m25 de julho - 17h21m01 de agosto - 17h24m08 de agosto - 17h27m

MINCHÁ DE ÊREV SHABAT MINCHÁ DE SHABAT

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Tabela de Horários • siVaN / TaMUZ 5774

São Paulo

Dia Zeman Tefilin

Nets Hachamá (nasc. Sol)

Alot Hashá-

charChatsot

Sof Zeman Keriat Shemá Sof Zeman Amidá Sof Zem. Mussaf Pêleg Haminchá Shekiá (pôr-

do-sol)

Minchá Guedolá de alot

a tsetdo nets à shekiá

de alot a tset

do nets à shekiá

de alot a tset (72m)

de alot a tset

do nets à shekiá

do nets à shekiá

de alot a tset

Jun

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De Criança Para Criança

“Meu Pai, Meu Mestre”Chayim Walder

Meu nome é Eliyáhu.Neste ano passei para a quinta série.Ao entrar na classe pela primeira vez, senti-me maravilhosamente bem! A sala de

aulas estava pintada e enfeitada de maneira muito alegre. Os garotos estavam conver-sando animados, contando um ao outro as experiências que passaram durante as férias.

Depois, começamos as adivinhações: quem seria o nosso professor naquele ano? Enfim, estava muito legal!

Meu sentimento positivo continuou até a hora em que o professor entrou na sala. Logo que ele entrou, levei um susto. Meu coração disparou e senti uma tremedeira. Foi uma sensação muito desconfortável.

Não pensem que não gosto deste professor. Pelo contrário; gosto dele mais do que de qualquer outra pessoa no mundo. O professor mora em nossa casa, ele e eu janta-mos juntos. No Shabat estudamos juntos e, na sinagoga, sentamos um ao lado do outro!

Chega de suspense! Meu professor neste ano é... meu próprio pai!Sim, meu pai é professor há quinze anos na escola em que estudo. E agora ele está

lecionando na classe onde seu filho estuda – eu.Durante todas as férias meu pai não comentou uma só palavra sobre este assunto.

Ele simplesmente entrou na classe no primeiro dia de aulas e me surpreendeu.

De Criança Para Criança

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50 Sivan / Tamuz 5774

Não é fácil ser aluno em uma classe na qual o professor é seu pai.Em primeiro lugar, você deve ser automaticamente um aluno bem comportado.

Imaginem-se sentados na classe diante de seu pai. Suponham que vocês ousem fazer alguma brincadeira ou rir em voz alta... Levar uma bronca de um professor pai é muito mais vergonhoso!

Meu pai me pegou papeando algumas vezes e me deu bronca por isso. Envergonhei--me duas vezes mais do que se um simples professor tivesse me chamado a atenção.

Além disso, normalmente acontece o seguinte inconveniente: se meu pai me deixa apagar a lousa, ou me dá qualquer outra missão, sempre há alguém dizendo que eu sou o “queridinho do papai”, que sou tratado de forma protegida. Mas isso definitivamente não acontece! O professor – o papai – toma muito cuidado para que eu seja tratado da mesma forma que os demais alunos!

Meus colegas não entendem que eu vivo sob uma pressão duas vezes maior do que eles. Eles têm um professor na classe; eu tenho um professor e um pai.

Por causa desta situação, no começo do ano foi muito difícil eu me concentrar e estu-dar normalmente. Ainda por cima, quando não estudava, o professor, digo, meu pai, ficava muito bravo comigo. Depois, acabei me acostumando de certa forma com a situação.

Com o tempo, os outros alunos também pararam de cochichar sempre que meu pai fazia alguma observação para mim.

Várias vezes aconteceram situações engraçadas. Por exemplo: certa vez, antes de irmos a um determinado passeio, o professor avisou que era preciso trazer uma auto-rização dos pais. Depois, virou-se para mim e disse:

– Eliyáhu, você também deve tentar convencer seu pai a deixá-lo viajar! Se ele se recusar, avise para mim e eu irei convencê-lo!...

Toda a classe caiu na gargalhada... e eu também.

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Mas também aconteceram alguns casos nada engraçados, e não menos estranhos. Certo dia, por exemplo, não fiz minhas lições de casa. Quando cheguei na classe, meu pai me entregou um “bilhete para os pais”. No bilhete, papai escreveu: “Solicito que por favor chamem a atenção do Eliyáhu por não ter feito as lições de casa. Peço que façam questão que ele prepare suas lições no futuro”. Encarei papai por alguns instantes, ten-tando encontrar em seu olhar aquela ligação entre pai e filho. No entanto – nada. Meu pai, naquele momento, parecia distante, estranho, como se fosse um professor normal. Vocês não imaginam como aquele momento foi difícil para mim!

Naquela noite, aproximei-me dele com o bilhete e disse:– Papai, o professor lhe mandou este bilhete.No começo ele permaneceu sério. Depois, amaciou e disse-me:– Você com certeza espantou-se por eu tê-lo tratado como a um garoto estranho.

Mas entenda, Eliyáhu: É verdade que sou seu pai. Mas, como seu professor, às vezes devo manter uma certa distância de você, para que você não imagine que, com um sor-riso, tudo será perdoado. Foi difícil para mim, não menos do que para você, desligar-me do fato de ser seu pai na forma com que o tratei. Mas eu também quero que meu filho – meu aluno – receba a melhor educação possível.

Papai assinou o bilhete. Desta vez como pai, não como professor. Ele me deu uma bronquinha de leve e pediu que eu me comprometesse a tentar não repetir aquele comportamento. Consenti.

Em resumo, vocês não têm do que me invejar. Não é nada simples ser aluno de um pai professor. Mas não há duvidas de que este teste é interessante. Bastante interessante

Tradução de Guila Koschland Wajnryt

Permissões exclusivas para a Nascente.

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Infantil

Cheque Dobrado

Na cidade de Pressburg (hoje Bra-tislava, capital e principal cidade

da Eslováquia), vivia o grande tsadic Rabi Avraham Shemuel Binyamin Sofer, autor do livro Ketav Sofer. Lá também morava um rico e bondoso comerciante.

Esse comerciante possuía um belo costu-

me: a cada dia, após fechar seu negócio, ia até

a yeshivá do Ketav Sofer entregar um envelope

com seu maasser – uma parte dos lucros da-

quele dia, que dedicava à ajuda no sustento da

yeshivá.

O homem rico continuou com seu costume,

oferecendo com alegria diariamente o dinhei-

ro para o rabino, até o dia em que faleceu.

A viúva daquele comerciante, que também

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era uma mulher bondosa e justa, não

abandonou o costume do marido após

seu falecimento.

O comerciante tinha morrido sem

deixar filhos homens, e a viúva teria

de cuidar sozinha de suas cinco fi-

lhas. Apesar disso, a situação finan-

ceira da viúva e de suas filhas era

boa. Assim, a cada dia, como antes

fazia seu marido, ela levava para a

yeshivá o maasser dos rendimentos

da família. Reconhecendo sua bonda-

de, na yeshivá recitava-se o Cadish e

estudava-se mishnayot para a eleva-

ção espiritual da alma do seu esposo

falecido.

A viúva, porém, não se contentou

somente com isso. Ela não se satis-

fez em saber que os estudantes re-

citavam Cadish apenas para o seu

marido. A mulher pensou nas outras

tantas pessoas que faleceram sem ter

ninguém no mundo recitando Cadish

por elas. Então, a viúva pediu para

que se fizesse também Cadish para

a elevação espiritual de todas as pes-

soas que não possuíam quem fizesse

Cadish por elas. Assim, mesmo sem

saber seus nomes, tais almas foram

beneficiadas pela bondade daquela

mulher.

Alguns anos se passaram e as

contribuições da viúva para a yeshivá

foram diminuindo aos poucos. Não

por vontade própria, mas porque os

negócios já não iam tão bem quanto

antes. A viúva trabalhava junto ao

marido antes da sua morte, e depois

assumiu completamente os negócios

com grande sucesso. Agora, depois de

tantos anos, no entanto, as coisas ha-

viam mudado. Alguns negócios mal-

sucedidos causaram-lhe grande pre-

juízo e a pobre mulher se encontrava

numa situação financeira difícil.

Aos poucos, o dinheiro guardado

para as horas de aperto foi acaban-

do e as contribuições para a yeshivá

também. Nem por isso, entretanto, os

alunos deixaram de recitar o Cadish

que a viúva tanto fazia questão e se

esforçava para que dissessem. Afinal,

os rabinos sabiam da situação difícil

da caridosa senhora.

Finalmente, as contr ibuições

para a yeshivá cessaram completa-

mente. A viúva, que não conseguia

mais obter seu sustento do negócio

praticamente falido, viu-se obrigada

a vender vários de seus bens, joias e

até mesmo alguns móveis da sua casa

para sustentar-se e a suas filhas.

A maioria dos habitantes da cida-

de, excluindo-se os rabinos da yeshi-

vá, não conhecia a verdadeira situa-

ção financeira da pobre mulher. Eles

continuavam pensando que ela era

uma rica viúva. Suas filhas já haviam

crescido e estava em tempo casá-las.

Assim, quando começaram a apare-

cer os pretendentes, a viúva não sabia

o que responder. O problema é que to-

dos esperavam que a viúva desse um

bom dote para suas filhas, garantindo

financeiramente o início da vida do

jovem casal.

Sem saber como proceder ante as

propostas que apareciam, e desespe-

rada por sua difícil situação, a viúva

correu para a yeshivá para pedir os

conselhos do grande sábio Ketav So-

fer.

Junto ao Ketav Sofer em sua sala,

ouvindo penalizado os problemas

da pobre senhora, estava também

o grande sábio Rabi Yossef Chayim

Sonnenfeld. A viúva contou para os

rabinos todos os problemas que pas-

sara nos últimos tempos e a grande

dificuldade que teria para casar suas

filhas. A mulher terminou seu relato

num pranto amargurado:

– Rabi, como pude chegar a tal

situação?...

Nesse momento, alguém bateu à

porta e entrou sem esperar resposta.

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54 Sivan / Tamuz 5774

Um homem alto e bem vestido irrom-

peu na sala e, sem se importar com

a presença dos rabinos, começou a

falar com a mulher:

– Eu sei por que a senhora está

desesperada e vim lhe oferecer uma

proposta.

Os rabinos, assim como a viúva,

olharam surpreendidos para o intru-

so, mas o homem não se incomodou e

continuou a falar:

– A senhora tem cinco f i lhas,

certo?

– Sim... – respondeu a viúva com

voz trêmula.

– Pelos meus cálculos, a senho-

ra precisará umas duas mil coroas

para casar cada uma delas. No total

são dez mil coroas. Eu sei também

que seus negócios estão à beira da

falência, mas acredito que a senhora

possa se recuperar com a ajuda de

outras dez mil coroas. Assim, farei

um cheque de vinte mil coroas para

que a senhora possa resolver seus

problemas.

Dizendo isso, ante o espanto mudo

dos rabinos e da mulher, o homem

preencheu um cheque naquele valor e

assinou embaixo. Quando terminou,

virou-se para os rabinos e disse:

– Por favor, senhores rabinos,

ponham suas assinaturas abaixo da

minha. Assim, os senhores poderão

testemunhar que realmente fui eu

quem assinou o cheque.

Os dois rabinos assinaram o che-

que. Depois, o homem pediu ainda

que os rabinos lhe emprestassem

suas cadernetas e assinou seu nome

em cada uma delas novamente, “ape-

nas para garantia”, como disse. De-

pois, virou-se novamente para a mu-

lher ainda abalada e concluiu:

– A senhora deve ir até o banco no

centro da cidade amanhã pela manhã

descontar este cheque.

Dizendo isso, o estranho se virou

e caminhou apressado em direção

à saída. Os rabinos ainda tentaram

impedi-lo de partir, pedindo mais ex-

plicações, mas o homem não lhes deu

importância e foi embora sem dizer

mais nenhuma palavra.

Apesar de assustada com tudo o

que havia ocorrido, com o consenti-

mento dos rabinos a viúva fez con-

forme o homem lhe havia dito. No dia

seguinte de manhã ela compareceu

ao banco indicado. A mulher esperou

pacientemente na fila do caixa e apre-

sentou o cheque para ser descontado.

O funcionário do banco verificou que

Ketav SoferRav Avraham Shemuel

Binyamin Sofer (1815-1871),

mais conhecido por sua

famosa obra Ketav Sofer, foi

um dos principais rabinos da

Hungria na segunda metade

do século XIX. Foi rosh yeshi-vá da famosa Yeshivá de Pressburg. Seu nome

oficial em alemão era Samuel Wolf Schreiber.

O Ketav Sofer nasceu em Pressburg (atual

Bratislava), filho do famoso Chatam Sofer, Rabi de

Pressburg, líder da comunidade judaica da Hun-

gria e um dos principais rabinos em toda a Euro-

pa. Sua mãe, Sarel (1790-1832), era filha do Rabi Akiva Eiger, Rabino de Posen e um dos maiores

estudiosos do Talmud de sua época.

Quando tinha seis anos de idade ficou gra-

vemente doente. Os médicos já tinham desistido

dele. Como “segulá”, acrescentaram-lhe o nome

Avraham, sem sucesso. Eles já tinham chamado

a Chevrá Cadishá, acendido velas e recitado os

últimos ritos. Em seguida, os médicos se aproxi-

maram de seu pai, o Chatam Sofer, e disseram:

“Nós sabemos que o senhor é um homem pie-

doso e sagrado; se com suas orações você não

pode ajudar o seu filho, imagine para nós, toda

a esperança está perdida!”. Depois de ouvir isso

o Chatam Sofer foi para um canto, onde estavam

seus manuscritos, e recitou uma pequena oração.

Naquele momento, o pequeno Avraham Shemuel

Binyamin, em sua grande fraqueza, começou a

gritar o Shemá Yisrael, e as suas preces foram

atendidas. Seu estado de saúde deu uma guinada

para melhor. Os médicos, perplexos, disseram ao

Chatam Sofer: “Agora nós realmente sabemos que

você é um homem de D’us!”. E o sábio respondeu:

“Eu não tinha perdido a esperança nem mesmo

por um segundo.”

Os grandes alunos do Chatam Sofer mais tarde

testemunharam que o sábio disse naquele mo-

mento “Eu supliquei por um ‘yovel’ (um jubileu)”, e

Shemuel Binyamin viveu mais 50 anos, falecendo

com cinquenta e seis anos de idade.

Aos dezoito anos casou-se com Chava Lea

Weiss, filha do tsadic Rabi Yitschac Weiss de

Görlitz, que prometeu apoiar seus estudos por seis

anos. Eles se estabeleceram em Pressburg, onde o

Ketav Sofer pôde continuar seus estudos e ajudar

seu pai com a yeshivá.

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a conta em questão possuía os fundos

necessários para que a retirada do

dinheiro fosse feita. Porém, para o

saque de valores tão altos, era neces-

sária também a aprovação do diretor

do banco.

Assim, o funcionário pediu para

que a senhora esperasse alguns ins-

tantes e foi até a sala do diretor para

pedir sua aprovação. Quando o dire-

tor olhou para o cheque e viu a as-

sinatura que continha, empalideceu

repentinamente, cambaleou para os

lados e caiu desmaiado. Apavorado,

o funcionário correu para socorrer

seu chefe. Logo, todo o banco estava

em polvorosa. A viúva foi levada até

uma sala fechada junto com um dos

guardas do banco, até que o diretor

acordasse e esclarecesse o mistério.

Após alguns minutos, quando o

diretor finalmente acordou e resti-

tuiu-se do choque, pediu a seus fun-

cionários que trouxessem o portador

do cheque à sua sala. A viúva, assus-

tada, entrou na sala do diretor, onde

vários funcionários do banco espera-

vam curiosos para saber quem era

ela e por que o diretor desmaiara.

A mulher, amedrontada, sentou-

-se na cadeira que lhe indicaram.

– Minha senhora – disse o diretor

do banco, ainda pálido. – Diga-me,

por favor: como a senhora conseguiu

esse cheque?

A viúva estava com medo de ser

condenada por algo que não fizera.

Ela imaginou que aquelas pessoas

estavam prestes a acusá-la de algo

muito grave, pois a soma envolvida

era considerável.

Para convencer os presentes de

que não estava inventando nada, a vi-

úva contou detalhadamente toda sua

história. Explicou como o homem es-

tranho havia lhe interpelado quando

conversava com os rabinos e tudo o

que ele dissera; como o estranho lhe

dera o cheque e fizera dos próprios

rabinos suas testemunhas. Quando

ela terminou, todos os presentes es-

tavam sorrindo ironicamente. A his-

tória parecia saída de um conto de

fadas. Somente o diretor permaneceu

sério, parecendo acreditar completa-

mente na história que a mulher rela-

tara tão cuidadosamente.

Imediatamente, o diretor do ban-

co enviou um mensageiro para sua

casa, cochichando algumas ordens

em seu ouvido. Outros mensageiros

foram mandados até a yeshivá com

o cheque, para confirmar se aquelas

assinaturas eram realmente dos ra-

binos.

Depois de muitos minutos de ten-

são, em que um silêncio constrange-

dor reinou na sala, o primeiro men-

sageiro finalmente voltou da casa do

diretor, trazendo um pacote contendo

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várias fotos.

– A senhora consegue identificar

o homem que lhe deu o cheque em

alguma dessas fotos? – perguntou o

diretor, entregando as fotos para a

viúva.

A mulher pegou as fotos e logo

apontou para um homem, entre vá-

rios outros, numa das fotos:

– Esse é o homem que ontem me

entregou o cheque! – disse ela com

firmeza.

A resposta da viúva deixou o di-

retor do banco sensivelmente mais

abalado ainda. Naquele momento,

os mensageiros que tinham ido até a

yeshivá entraram na sala. Eles afir-

maram que os rabinos confirmaram

que aquelas eram suas assinaturas.

Disseram também que os rabinos

contaram exatamente a mesma histó-

ria da mulher. Ouvindo isso, o diretor

soltou um profundo suspiro. Lágri-

mas encheram seus olhos e então ele

disse, comovido:

– Incrível! Realmente isso tudo é

inacreditável! Eu vou contar para a

senhora por que lhe causei todo esse

transtorno. O homem que a senhora

apontou na foto, e que lhe deu o che-

que, é meu falecido pai. Ele morreu

há dez anos!... Durante muitos anos

meu pai foi o diretor deste banco.

Depois que ele faleceu, eu tomei o seu

lugar. Eu nunca fui um judeu cumpri-

dor das leis da Torá. Na verdade, sem-

pre estive muito afastado do judaísmo

e nunca cheguei sequer a falar um

Cadish para meu pai.

– Ontem – continuou o homem –

ele apareceu para mim num sonho e

me disse que tinha feito um cheque

de vinte mil coroas para uma senho-

ra. Ele disse que fez isso porque a

tal senhora se preocupara para que

dissessem Cadish pela elevação da

sua alma, salvando-o assim de mui-

tos sofrimentos. No sonho, meu pai

ainda disse que, se eu não cumprisse

seu desejo de dar o dinheiro, sofreria

duras consequências.

– O sonho me deixou muito assus-

tado – prosseguiu o diretor emociona-

do – mas eu tratei de esquecê-lo, na

convicção de que fosse apenas mais

um sonho tolo. Porém, quando me

apresentaram o cheque com a assi-

natura do meu pai, eu não pude me

controlar... Foi por isso que desmaiei.

Eu não somente cumprirei a vontade

de meu pai, pagando-lhe o que ele

lhe prometeu, como também acres-

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Lembretes Para Quando Estiver na Sinagoga

ZARAPLASTBen Ish Chay, Parashat Vayêshev

ZARAPLASTBen Ish Chay, Parashat Vayêshev

O respeito pelo bêt hakenêsset é uma mitsvá da Torá.

Conversas sobre negócios, mesmo não sendo conversas fúteis, também são proibidas no recinto da sinagoga.

Ao entrar na sinagoga para chamar um amigo, deve-se primeiro ler um capítulo de Tehilim ou estudar Torá.

Não se dorme nem se cochila no bêt hakenêsset.

É proibido entrar por uma porta da sinagoga e sair pela outra para cortar caminho, exceto para realizar uma mitsvá.

É preferível rezar em um bêt hakenêsset onde haja muitas pessoas (berov am) rezando.

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Rav Yossef Chayim Sonnenfeld

Rav Yossef

Chayim Sonnen-

feld (1848 – 1932)

foi o rabino chefe

da comunida-

de judaica em Jerusalém durante

os anos do mandato britânico em

Israel.

Nasceu em Verbó, na Hungria

– hoje Vrbové, na Eslováquia. Seu

pai, o Rabino Avraham Shlomo Son-

nenfeld, faleceu quando ele tinha

apenas cinco anos de idade.

Foi discípulo do Ketav Sofer (fi-

lho do Chatam Sofer) em Pressburg

e do Rabino Avraham Schag (um

dos discípulo do Chatam Sofer) em

Kobersdorf.

Rav Sonnenfeld mudou-se para

Jerusalém em 1873. Tornou-se uma

figura importante na Cidade Velha,

servindo como braço direito do ra-

bino Yehoshua Leib Diskin, auxi-

liando-o em atividades comunitá-

rias tais como a criação de escolas

e na luta contra o secularismo.

Em certa oportunidade, o rabi-

no se recusou a encontrar-se com

o imperador Kaiser Wilhelm da Ale-

manha, ao visitar a Cidade Velha,

afirmando que ele era um descen-

dente da nação de Amalec.

Tinha uma relação calorosa e

respeitosa com o Rabino Avraham

Yitschac Kook, embora terem sido

adversários vigorosos em muitas

áreas. De fato, em 1913 os dois via-

jaram juntos para o norte do país

com o objetivo de aproximar judeus

à Torá.

Rav Sonnenfeld também des-

pendeu esforços para buscar a paz

com os líderes árabes da época.

Chegou a enviar um delegado, ex-

-diplomata holandês e escritor que

se tornou um báal teshuvá, chama-

do Dr. Jacob Israel de Haan, para a

Jordânia com uma proposta de paz

para o rei Abdullah.

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www.fivebras.com.br Tel.: 11 3207-9444Saiba mais,acesse o site

centarei a mesma quantia de minha

própria vontade. Por favor, encare

isso como uma remuneração por a

senhora ter feito algo que eu mesmo

deveria ter realizado e também como

agradecimento pelo benefício que a

senhora proporcionou a mim e à mi-

nha família.

A viúva recebeu o dinheiro, agra-

deceu a todos e a D’us. Depois disso

ela pôde casar suas filhas e reabrir

seu negócio, que voltou a prosperar.

A yeshivá tornou a receber todos

os dias as generosas contribuições da

bondosa mulher. O diretor do banco

fez teshuvá completa, tornando-se

um fervoroso cumpridor da Torá e

das mitsvot.

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