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ANA KARINA DOS SANTOS E SILVA EDUCAÇÃO PARA O TURISMO NO ENSINO FUNDAMENTAL: A CONTRIBUIÇÃO DAS PRÁTICAS PARA O APRENDIZADO E SENSIBILIZAÇÃO DO TURISMO CANOAS, 2010

EDUCAÇÃO PARA O TURISMO NO ENSINO FUNDAMENTAL: A ......“Conhecendo e Aprendendo o Turismo” na esc ola La Salle Niterói .....67 APÊNDICE D - Questionário aplicado aos professores

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ANA KARINA DOS SANTOS E SILVA

EDUCAÇÃO PARA O TURISMO NO ENSINO FUNDAMENTAL:

A CONTRIBUIÇÃO DAS PRÁTICAS PARA O APRENDIZADO

E SENSIBILIZAÇÃO DO TURISMO

CANOAS, 2010

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ANA KARINA DOS SANTOS E SILVA

EDUCAÇÃO PARA O TURISMO NO ENSINO FUNDAMENTAL:

A CONTRIBUIÇÃO DAS PRÁTICAS PARA O APRENDIZADO

E SENSIBILIZAÇÃO DO TURISMO

Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Turismo do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo.

Orientação: Prof.ª M.e. Roslaine Garcia

CANOAS, 2010

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ANA KARINA DOS SANTOS E SILVA

EDUCAÇÃO PARA O TURISMO NO ENSINO FUNDAMENTAL:

A CONTRIBUIÇÃO DAS PRÁTICAS PARA O APRENDIZADO

E SENSIBILIZAÇÃO DO TURISMO

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Turismo pelo Centro Universitário La Salle - Unilasalle.

Aprovado pelo avaliador em 30 de novembro de 2010.

AVALIADOR:

______________________________________

Prof.ª M.e. Roslaine Garcia

Unilasalle

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Faço esta dedicatória ao meu pai e à minha

mãe, que sempre estiveram ao meu lado me dando

força, apoio, amor, carinho, atenção, conselhos, tudo

que eu sempre precisei.

O que tenho a dizer para vocês é que agradeço

por tudo, por tanta dedicação, por sempre estarem

ao meu lado nos momentos mais difíceis da minha

vida. Sem vocês, eu nada seria; vocês são tudo na

minha vida, são especiais.

Obrigada, papai e mamãe, por tudo o que

fizeram por mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus.

Aos meus pais, Pedro Antônio da Silva e Ana Maria dos Santos e Silva.

Ao meu irmão, Jean Marcelo dos Santos e Silva, por quem tenho profunda

admiração.

Ao meu sobrinho, Christian Santos e Silva, que é a luz e a alegria da minha

vida.

A Tanise Aparecida Silva Biali, que é uma guriazinha linda e especial que

trouxe muita alegria para a nossa família.

Aos meus primos Álvaro Tomas Santos Biali e Márcio Henrique Santos Biali,

que são irmãos para mim.

Tenho muita gratidão a todos da minha família por terem me acompanhado por

toda a minha vida e por estarem sempre ao meu lado em todos os momentos.

Ao meu “namorido” Felipe Alberton, por todo amor, carinho e amizade, por

realmente estar ao meu lado, por ser uma pessoa maravilhosa e com um grande

coração.

Aos meus professores, que trilharam juntamente comigo o meu caminho,

influenciaram nas minhas escolhas, e por toda paciência, responsabilidade e

dedicação que tiveram para me transmitir conhecimento.

Aos meus amigos queridos, que sempre estiveram ao meu lado, sempre me

acompanharam e realmente foram amigos verdadeiros, sinceros e leais. Sem vocês

eu não teria alcançado esta vitória.

Aos meus colegas do Curso de Turismo, por todo apoio, força, por dividirem o

seu tempo comigo, pela amizade, pelas risadas, pela oportunidade de aprender com

vocês, por serem ótimos colegas e amigos.

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“O essencial é invisível aos olhos,

só se vê bem com o coração”.

Antoine de Saint Exupéry

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RESUMO

Este trabalho investiga o tema Educação para o Turismo, mostrando a relação

entre ambos e considerando as práticas e iniciativas de inserção do turismo no

Ensino Fundamental. O estudo tem por objetivo geral investigar práticas de

educação para o turismo no Ensino Fundamental e suas contribuições para o

aprendizado e para a sensibilização ao turismo. Como objetivos específicos, busca

descrever a relação entre Turismo e Educação e identificar práticas e métodos

utilizados para a inserção da educação para o turismo.

Quanto à metodologia, caracteriza-se como uma pesquisa exploratória com

abordagem qualitativa, tendo como procedimentos técnicos a pesquisa

bibliográfica e de campo. Constatou-se que as práticas de educação para o turismo

inseridas nos programas de aprendizagem do Ensino Fundamental contribuem

para o aprendizado dos alunos, principalmente no que se refere à preservação do

patrimônio cultural e natural e no respeito às diversidades culturais, além da

sensibilização para o turismo.

Palavras-chave: Educação. Turismo. Educação para o Turismo. Ensino

Fundamental. Práticas e contribuições.

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ABSTRACT

This work investigates the theme Education for Tourism, showing the relation

between both and considering the practices and initiatives of insertion of tourism in

elementary school. The study aims at investigating practices of education for Tourism

in elementary education and its contributions to learning and to raise awareness of

Tourism. Specific objectives attempt to describe the relationship between tourism

and education, to identify practices and methods used for introducing education for

Tourism. Regarding methodology, it is characterized as an exploratory qualitative

approach, with the technical procedures and the literature field. It was found that the

practices for tourism education programs embedded in the learning of basic

education contributes to student learning and especially regarding the preservation of

cultural and natural heritage and respect for cultural diversity, and awareness of

tourism.

Keywords: Education. Tourism. Education for Tourism. Elementary School. Practices

and contribution.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................9

2 TURISMO: UM FENÔMENO MULTIDISCIPLINAR .........................................11

2.1 Turismo: evolução e conceituações .............................................................11

2.2 Tipos de turismo vinculados à educação ....................................................17

3 TURISMO E EDUCAÇÃO: UMA RELAÇÃO TRANSVERSAL .......................21

3.1 Educação ........................................................................................................21

3.2 Turismo e educação .......................................................................................26

3.3 Práticas e ações de educação para o Turismo ............................................30

3.3.1 Projeto experimental “Conhecendo e Aprendendo o Turismo na Escola

La Salle Niterói” ................................................................................................34

4 METODOLOGIA ..............................................................................................36

4.1 Aspectos metodológicos ...............................................................................36

4.2 Organização dos resultados da pesquisa de ca mpo ..................................37

4.2.1 Resultados da pesquisa junto aos professores da Escola La Salle Centro e

Escola Marechal Rondon, Canoas/RS – Questionário (APÊNDICE D)............38

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ....................................49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................53

REFERÊNCIAS ................................................................................................54

APÊNDICE A - Fotos da aplicação do projeto “Conhece ndo e

Aprendendo o Turismo” na escola La Salle N iterói ....................................57

APÊNDICE B - Apresentação exibida na aplicação do p rojeto

“Conhecendo e Aprendendo o Turismo” na esc ola La Salle Niterói .........59

APÊNDICE C - Cartilha trabalhada na aplicação do pr ojeto

“Conhecendo e Aprendendo o Turismo” na esc ola La Salle Niterói .........67

APÊNDICE D - Questionário aplicado aos professores das escolas La

Salle Centro e Marechal Rondon Canoas/RS, referente à pesquisa do

Trabalho de conclusão de curso ...................................................................81

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1 INTRODUÇÃO

A relação entre Educação e Turismo é muito próxima, pois ambos se

prevalecem da multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, sendo extremamente

abrangentes. Um ponto muito importante que deve ser destacado é o de que as

relações sociais existentes tanto na educação como no Turismo aproximam as duas

atividades, e em ambas as experiências são muito significativas.

No Brasil, existem várias práticas relacionando Turismo e Educação. Neste

trabalho, serão mencionadas algumas destas, como o Projeto Caminhos do Futuro –

desenvolvido em parceria com o Ministério do Turismo, o Instituto de Academias

Profissionalizantes (IAP), a Academia de Viagens e Turismo (AVT) e o Núcleo de

Turismo da Universidade de São Paulo (USP) –, a iniciativa de inserção do Turismo

no Ensino Fundamental no município de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, e o

projeto experimental aplicado pela pesquisadora na Escola La Salle Niterói, em

Canoas, Rio Grande do Sul.

Dessa forma, o estudo tem por objetivo geral investigar práticas de educação

para o turismo no Ensino Fundamental e suas contribuições para o aprendizado e

para a sensibilização ao turismo. Como objetivos específicos, busca descrever a

relação entre Turismo e Educação e identificar práticas e métodos utilizados para a

inserção do turismo no processo de aprendizagem.

Para nortear o estudo, propõem-se as seguintes questões: o desenvolvimento

de ações e atividades da educação para o turismo no Ensino Fundamental pode

contribuir para a sensibilização para o turismo? Quais as contribuições do tema

turismo para o aprendizado dos alunos?

Quanto à metodologia, caracteriza-se como uma pesquisa exploratória com

abordagem qualitativa, tendo como procedimentos técnicos o levantamento

bibliográfico e a pesquisa de campo junto aos professores de escolas do município

de Canoas.

O interesse pelo tema surgiu a partir da realização de um trabalho diferenciado

na disciplina de Projeto Experimental do Curso de Turismo do Unilasalle, em que foi

desenvolvida e aplicada uma atividade junto aos alunos do Ensino Fundamental.

Observando-se materiais já existentes sobre educação para o Turismo, tais como

cartilhas desenvolvidas para as crianças sobre a história de diversos lugares, além

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de atividades como desenhos, brincadeiras e passatempos, foi possível verificar a

importância da inserção do Turismo de forma lúdica para as crianças. Desse modo,

despertou o interesse da pesquisadora em estudar a inserção e contribuição da

educação para o Turismo e as práticas que podem ser direcionadas aos estudantes.

Após esta introdução, o trabalho está estruturado em quatro capítulos,

conforme a seguir.

O primeiro, intitulado Turismo: um fenômeno multidisciplinar, traz a evolução do

turismo, definições e conceituações, aborda a educação, as tipologias de turismo

vinculados à educação, ressaltando a importância da educação para o turismo e a

interdisciplinaridade que o caracteriza.

O segundo, Turismo e Educação: uma relação transversal, fala sobre

educação, turismo e educação, práticas e materiais de educação para o Turismo no

Brasil, no Rio Grande do Sul, abordando também um estudo desenvolvido pela

pesquisadora na disciplina de Projeto Experimental do Curso de Turismo do

Unilasalle, o qual foi aplicado na Escola La Salle Niterói, em Canoas.

O terceiro capítulo refere-se aos aspectos metodológicos e à organização dos

resultados da pesquisa de campo.

O quarto capítulo refere-se às análises da pesquisa, relacionando os resultados

da pesquisa de campo aos referenciais teóricos.

Por fim, encerra-se o trabalho com as considerações finais.

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2 TURISMO: UM FENÔMENO MULTIDISCIPLINAR

O presente capítulo apresenta uma breve evolução do Turismo, conceitos e

tipos de turismo vinculados à educação.

2.1 Turismo: evolução e conceituações

De acordo com os estudiosos do Turismo, percebe-se que deslocamentos e

viagens acompanham o ser humano desde a sua origem. Dentro de um breve

contexto histórico, segundo Ignarra (2002), o turismo teve início quando o homem

deixou de ser sedentário e passou a viajar, principalmente quando motivado pela

necessidade de comércio com outros povos. De acordo com Mcintosh (apud

IGNARRA, 2002, p. 15), “o turismo deve ter surgido com os babilônios por volta de

4000 a.C.”, quando o comércio tem seu auge a partir do invento do dinheiro.

Três mil anos antes de Cristo, o Egito era considerado uma Meca para os

viajantes, que lá chegavam para contemplar as pirâmides e outros monumentos.

“Esses visitantes viajavam pelo rio Nilo em embarcações com cabines bem

confortáveis ou por terra em carruagens” (IGNARRA, 2002, p. 16). O autor ainda

reforça que a motivação também era econômica para as grandes viagens

exploratórias dos povos antigos, os quais buscavam conhecer novas terras para sua

ocupação e posterior exploração (2002).

Na Antiguidade Clássica, o maior destaque deve ser dado para Grécia e Roma,

pelo grande papel que essas duas civilizações tiveram na organização das viagens e

dos meios de transporte (YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002).

Deslocamentos aparecem registrados na Grécia Antiga através das visitações

ao Oráculo de Delfos, precursor do turismo religioso. “Essas peregrinações

envolviam algum tipo de infraestrutura de alojamento, alimentação que, embora

incipiente, continham os elementos que definem o turismo” (DIAS, 2005, p. 32).

Heródoto, um dos primeiros historiadores da humanidade, viajou pela Fenícia, Egito,

Grécia e Mar Morto. Também na Grécia existe registro de viagens organizadas para

participação nos Jogos Olímpicos.

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Segundo Yasoshima e Oliveira (2002, p. 23), os viajantes da Antiguidade,

especialmente os gregos, achavam importante cumprir um “roteiro turístico”. Os

romanos nobres viajavam longas distâncias exclusivamente para visitar grandes

templos. Chegavam a viajar cerca de 150 km por dia por meio da troca periódica de

cavalos que puxavam suas carroças. Ao longo das vias de circulação, eram

montados postos de trocas de animais, permitindo vencer grandes distâncias em

tempos relativamente curtos. Foi nesses postos que surgiram as primeiras

hospedarias de que se tem notícia (IGNARRA, 2002).

Nesse mesmo período, também eram usuais viagens dos romanos para as

cidades litorâneas para banhos medicinais. A talassoterapia, portanto, data de cerca

de quinhentos anos antes de Cristo. Também é importante citar o turismo de saúde,

pois esse não é um fenômeno muito recente, uma vez que no Império Romano eram

comuns as viagens para visitas às termas.

A motivação religiosa foi responsável por viagens na Idade Média por meio das

Cruzadas1, desde muitos séculos atrás.

A Igreja Católica incentivava os deslocamentos dos fiéis e sugeria o cumprimento de roteiros de fé em troca de indulgências para a remissão de seus pecados. O comércio ajudou também a expandir as fronteiras das cidades na oferta e busca de produtos. (YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002, p. 18).

Na Idade Média, a fixação do homem à terra, a atividade econômica

predominantemente agrícola, a autossuficiência do feudo e a ausência de um

comércio desenvolvido eram características próprias dessa sociedade, por isso não

havia necessidade de deslocamento das pessoas (YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002).

Segundo os mesmos autores (2002), na Idade Moderna houve o renascimento

das cidades, a expansão do comércio e dos negócios, a exploração global e as

descobertas europeias, o florescimento das artes e da literatura; nasce do desejo de

conhecer, explorar e entender o mundo. O Renascimento representou o incentivo às

viagens culturais motivadas por estudos e experiências.

De acordo com Ignarra (2002), com o advento do capitalismo comercial, as

viagens foram se propagando. Criaram-se imensas vias de circulação de

comerciantes ao longo do território europeu, primórdios das autoestradas de hoje.

1 As Cruzadas (1096-1270) foram expedições organizadas pela Igreja, cuja finalidade era reconquistar Jerusalém do domínio muçulmano.

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No entroncamento dessas vias, surgiram as grandes feiras de troca de mercadorias.

Os autores Yasoshima e Oliveira (2002) ainda ressaltam que foi nessa mesma

época que houve o surgimento de grandes universidades, como Oxford, Paris,

Salamanca e Bolonha.

De acordo com Lanquar (apud YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002, p. 37), os

faustos da Renascença fizeram com que cada vez mais pessoas viajassem pela

Europa, atraídas pela atividade das grandes capitais e das cortes principescas e

reais. “Por volta de 1672, alemães, poloneses, holandeses, dinamarqueses e

ingleses que viajavam para a França utilizavam um guia com os rudimentos da

língua e a descrição de rotas que os conduziam às cidades e lugares famosos”.

Eram propostos dois circuitos: o petit tour, Paris e o Sudoeste da França, e o grand

tour, que compreendia o Sul, o Sudeste e a Borgonha, originando a expressão grand

tour, que começou a ser utilizada na Inglaterra nos séculos XVII e XVIII.

Com a popularidade do grand tour, o conceito elisabetano (Elisabeth I, da Inglaterra) era o de desenvolver, por meio de uma educação acurada, uma nova classe de estadistas profissionais e embaixadores. Para completar a sua educação, os jovens ingleses viajavam por toda a Europa em companhia de seus tutores. A prática continuou a se desenvolver nos séculos XVII e XVIII, até se tornar moda entre as ricas famílias inglesas. A educação dos nobres não era considerada completa, a menos que eles passassem de um a três anos viajando pela Europa, com um tutor. (YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002, p. 38).

Ainda conforme os autores, o ponto alto das viagens do grand tourist era o

conhecimento das cidades de Roma, Florença, Nápoles e Veneza, nessa ordem de

importância para a época.

Em 1789, com a Revolução Francesa, o grand tour foi interrompido. Nesse

período, a retomada do termalismo, associado às propriedades terapêuticas das

águas, foi um fato importante registrado (YASOSHIMA; OLIVEIRA, 2002).

Segundo Oliveira (2000, p. 26), em 1841, surgiu Thomas Cook, na Inglaterra,

um personagem que revolucionou a atividade comercial do turismo. Sua vida no

mundo do turismo foi marcada por inovações e realizações notáveis. Em julho desse

mesmo ano, Cook fretou um trem para transportar 578 pessoas entre as cidades de

Loughborough e Leicester: “Essa viagem foi considerada como a primeira

organizada, e logo após esse feito, em 1845 Cook, juntamente com seu filho James,

fundou a Thomas Cook & Son, com o objetivo de organizar viagens”.

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Conforme Palhares (2002), o grande sucesso de Cook deu-se pelo fato de ele

organizar as viagens desde negociações com hotéis, empresas de navegação até

empresas ferroviárias, proporcionando assim uma grande comodidade para seus

clientes, até porque nessa época as pessoas não eram habituadas a lidar com esse

tipo de situação. Isso trouxe também um grande número de clientes para Cook,

fazendo com que fossem oferecidos os melhores serviços a preços reduzidos.

De acordo com Paolillo e Rejowski (2006, p. 9), de meados do século XIX ao

início do século XX, se desenvolvem os transportes ferroviários, contribuindo para

melhoria dos deslocamentos. Nessa mesma época, há “o surgimento do turismo

organizado, das agências de viagens e do turismo marítimo transcontinental”.

Ainda segundo os autores, antes e depois da Primeira Guerra Mundial há o

desenvolvimento do transporte marítimo, trazendo os cruzeiros marítimos e o

turismo de luxo.

Após a Segunda Guerra Mundial até 1973, conforme Paolillo e Rejowski

(2006), houve o desenvolvimento do transporte aéreo, contribuindo para o turismo

internacional e para o turismo massivo. Ocorreu também nesse mesmo período o

desenvolvimento do transporte rodoviário, que colaborou com o turismo massivo

organizado e o turismo doméstico.

Os autores (2006) ainda afirmam que, a partir de 1973, aconteceram a

recuperação e a modernização dos transportes, a intermodalidade dos meios de

transporte e a informatização e desenvolvimento tecnológico dos mesmos, tendo

assim como marcos para o turismo a consolidação do turismo massivo rodoviário,

ferroviário e aéreo, a retomada do desenvolvimento dos cruzeiros marítimos, o

desenvolvimento do turismo aéreo de longa distância e a integração e uso de vários

meios de transporte nas viagens turísticas.

No que se refere ao histórico do Turismo no Brasil, no início do século XIX, a

Corte Portuguesa se transfere para o País, e com isso há um grande

desenvolvimento urbano, principalmente no Rio de Janeiro. Cresce a demanda por

hospedagem na cidade em função da visita de diplomatas e de comerciantes,

iniciando-se assim a hotelaria brasileira. Nesse período, Petrópolis desenvolve-se

como primeira estância climática brasileira, local escolhido pela realeza para fugir do

calor do Rio de Janeiro (IGNARRA, 2002).

Cabe destacar que, com a evolução do Turismo no Brasil, no ano de 1968 o

governo brasileiro criou os primeiros instrumentos de regulamentação da atividade

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com a fundação do CONTUR – Conselho Nacional de Turismo, o FUNGETUR –

Fundo Geral de Turismo e a EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

(IGNARRA, 2002).

Dessa forma, a partir da evolução dos deslocamentos e das viagens, definir o

turismo não é uma tarefa simples devido à sua amplitude e a características

abrangentes que esse fenômeno apresenta. Para uma melhor compreensão das

relações existentes entre Turismo e Educação, é necessário o entendimento das

principais definições e conceitos de Turismo.

Hora e Cavalcanti (2002) salientam que apesar de o Turismo ser tema comum

e considerado como um dos mais emergentes da economia mundial

contemporânea, suas bases teóricas e metodológicas ainda estão em processo de

construção, pois existem muitas definições e autores que tratam desse assunto.

A Organização Mundial do Turismo – OMT (2001) define o turismo como o

deslocamento das pessoas para destinos fora do local de residência e de trabalho

por período superior a 1 (um) dia e inferior a (sessenta) 60 dias motivado por razões

não econômicas. Essa conceituação não serve para definir a real magnitude desse

fenômeno, mas padroniza o conceito de turismo nos vários países membros dessa

organização.

A OMT (2001) também destaca o turismo como sendo as atividades que

realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu

entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de

lazer, negócios ou outra.

Pode-se dizer também, segundo Ignarra (2002), que é o deslocamento de

pessoas de sua residência por períodos determinados e não motivados por razões

profissionais constantes, levando-se em conta que uma pessoa que viaja de uma

cidade para outra em função de trabalho não é turista; no entanto, um profissional

que de vez em quando viaja para participar de um congresso ou para fechar um

negócio em outra localidade que não seja a sua residência estará fazendo turismo.

Jafari apresenta uma definição mais holística: “é o estudo do homem longe de

seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades e dos impactos

que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e

sociocultural da área receptora” (apud BENI, 2007, p. 36).

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Oscar de La Torre traz a questão da interação e inter-relações geradas pelo

Turismo:

O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural. (DE LA TORRE apud BARRETTO, 1997, p. 13).

Segundo Fúster “o turismo deve ser abordado como ciência, mas não uma

ciência separada das demais, posto que os estudos do fenômeno turístico se

realizam, como é lógico, com o auxílio de outras ciências: economia, estatística,

ciências sociais, etc.” (apud PANOSSO NETTO, 2005, p. 48).

O turismo tem uma ligação estreita com o lazer e suas manifestações.

Segundo Dumazedier (apud HORA; CAVALCANTI, 2002, p. 207), lazer é:

[...] um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua formação ou informação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

Na visão de Dumazedier, esse conceito engloba múltiplas atividades como

descanso, diversão e divertimento:

O turismo é, antes de mais nada, uma prática social, convertida em atividade econômica, que vem mudando de sentido ao longo da história e, na atualidade, para estudá-lo é preciso reconhecer que sua dinâmica está inquestionavelmente relacionada ao lazer. (apud HORA; CAVALCANTI, 2002, p. 209).

Hora e Cavalcanti (2002) defendem que a capacidade de promover o

desenvolvimento humano, social e educacional fazem com que a utilização do

turismo seja uma atividade propícia ao ensino. Sendo assim, é possível pensar em

uma nova concepção de turismo que amplia o espaço de celebração de consumo

turístico em espaço de educação. Os autores complementam sua ideia assim:

Identificar essa característica mostra o importante papel que o lazer pode exercer sobre todas as pessoas, em todas as idades e em todas as camadas sociais. É a descoberta, no lazer e no próprio turismo, de sua

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capacidade formativa, das formas de veicular aprendizagem e de contribuir com o desenvolvimento integral da pessoa humana, além de ser uma experiência significativa e prazerosa. (2002, p. 208).

Diante dessa compreensão, passa-se a discutir algumas premissas conceituais

do que representam o turismo e a educação, levando em consideração algumas

tipologias de turismo.

2.2 Tipos de turismo vinculados à educação

Segundo Ansarah (2005), os mercados são compostos por compradores de

diferentes aspectos, e as empresas estão optando por segmentar de acordo com as

suas necessidades ou preferências:

Uma técnica utilizada para agrupar consumidores com comportamentos de compra semelhantes para, a partir daí, realizar esforços concentrados e especializados de marketing sobre esse segmento, ou seja, um segmento de mercado bem definido, possibilita a eficácia da aplicação dos instrumentos de marketing, otimizando recursos de se observar o mercado para subdividi-lo da maneira mais adequada. (COBRA apud ANSARAH, 2005, p. 286).

Ansarah (2005) ainda ressalta que, em decorrência da mudança de postura de

vida dos consumidores, que desejam algo mais personalizado e direcionado, as

empresas estão buscando novos caminhos para o mercado turístico. Nos dias

atuais, quando o que possui valor hoje pode não ser tão interessante por muito

tempo, fazendo com que alguns produtos turísticos tornem-se ultrapassados, não

sendo mais interessantes e necessários para os turistas, constata-se a necessidade

de realizar novas pesquisas para verificar o direcionamento do mercado. Assim,

pode-se avaliar o que o consumidor deseja e com esse resultado desenvolver novos

produtos, agregando valor e aumentando o consumo.

Ainda de acordo com a autora, a segmentação de mercado é o processo

utilizado para agrupar pessoas com desejos e necessidades semelhantes. Somente

após pesquisa e identificação de segmentos do mercado é que se torna possível

desenvolver produtos e serviços específicos para atender às necessidades dos

diversos turistas.

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Da mesma forma, a segmentação é um fenômeno presente na evolução da

atividade turística, existindo na atualidade “um processo contínuo de segmentação

da demanda turística” (ANSARAH, 2005, p. 285).

Neste tópico, apresentam-se algumas segmentações de turismo relacionadas à

educação, como o Turismo Pedagógico , o Turismo Estudantil e o Turismo de

Intercâmbio .

O Turismo Pedagógico proporciona aos estudantes uma oportunidade de

aprendizado através da prática do que foi visto nos conteúdos abordados em sala de

aula. “Através da utilização desse mecanismo facilitador no processo ensino-

aprendizagem, o que mais chama a atenção é a possibilidade de se trabalhar

efetivamente a interdisciplinaridade” (RAYKIL; RAYKIL, 2005, p. 7).

Beni (2007) reconhece a prática do Turismo Pedagógico nos dias de hoje e a

define como um recurso necessário ao processo de ensino e aprendizagem; porém,

destaca que não se trata de algo novo:

Retomada da antiga prática amplamente utilizada na Europa e principalmente nos EUA por colégios e universidades particulares, e também adotada no Brasil por algumas escolas de elite, que consistia na organização de viagens culturais mediante o acompanhamento de professores especializados da própria instituição de ensino com programa de aulas e visitas a pontos históricos ou de interesse para o desenvolvimento educacional dos estudantes. (BENI, 2007, p. 473).

No entanto, essas viagens mencionadas pelo autor tinham um olhar

meramente contemplativo e informativo sobre os aspectos culturais dos lugares

visitados, não numa perspectiva interdisciplinar, com possibilidades de diversos

olhares sobre diversos segmentos da sociedade, buscando mudanças sociais.

Ainda segundo Beni (2007), atualmente, percebe-se um turismo pedagógico

que compartilha com a ideia de uma educação diferenciada, que prioriza um mundo

melhor, buscando qualidade de vida, valorizando a conservação de bens e recursos

naturais, culturais e ambientais.

Enquanto que Hora e Cavalcanti (2002) referem-se ao turismo como uma das

manifestações do lazer e ressaltam que o turismo pedagógico mantém sua ligação

com o lazer muito mais pelo vetor da atitude que do tempo, para Spínola da Hora

(apud HORA; CAVALCANTI, 2002, p. 223), ao contrário das atividades

convencionais de Turismo, o pedagógico tende a ocorrer no período letivo, e não

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nas férias. Isso confere à atividade uma característica bastante peculiar, que pode

ser chamada de “sazonalidade invertida”.

Para Andriolo e Faustino (apud HORA; CAVALCANTI, 2002, p. 224), o turismo

pedagógico pode ser definido como uma “modalidade de turismo que serve às

escolas em suas atividades educativas”. Esses autores ressaltam que o fim maior da

atividade não é o lazer, embora algumas delas envolvam ações compreendidas

como de lazer.

Segundo Ansarah (2005, p. 294), o objetivo desse tipo de turismo é “fazer com

que o aluno/turista tenha contato com a natureza (o estudo do espaço, por exemplo),

de vivenciar e conhecer espaços novos (sociologia e antropologia)”. Assim, propõe

despertar o aluno para a conscientização de problemas socioculturais e ambientais

de muitas comunidades e promover valores construtivos.

Bonfim (2010) procura estabelecer uma ligação entre a atividade de turismo e a

pedagogia, entendendo esta última como responsável pelos instrumentos utilizados

no processo de aprendizagem. A mesma autora lembra que o objetivo maior quando

se realiza a atividade de turismo pedagógico não é o lazer simplesmente, mesmo

que em alguns momentos sejam desenvolvidas ações compreendidas como tal.

É a possibilidade de promover o desenvolvimento social, crítico e educativo que justifica a utilização do turismo, enquanto atividade de lazer que serve ao ensino. Portanto, percebe-se uma nova concepção da atividade, uma vez que o espaço turístico se transforma em um espaço de educação extraclasse, contribuindo para auxiliar o processo de aprendizagem com uma nova prática pedagógica. (BONFIM, 2010, p. 123).

Hora e Cavalcanti complementam a ideia:

Trata-se de uma conversão do olhar do residente para um “olhar de turista”, no sentido do deleite e da valorização do local, e de posterior reconversão que crie limites entre o fantástico e o real, possibilitando uma postura dialética diante do contexto e do ambiente visitado. (HORA; CAVALCANTI apud BONFIM, 2010, p. 123).

Ainda conforme Bonfim (2010), com tal procedimento, portanto, a aula ganha

vida, pois a experiência da vivência em outro espaço proporciona uma interação

com o local, com algo real, de forma a possibilitar o conhecimento dinâmico e o

respeito pelos ambientes diversos.

Quanto ao turismo educacional, segundo Swarbrooke (2002), é um amplo

campo que teve um intenso crescimento nos últimos anos, impulsionado tanto pela

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expansão dos níveis superiores de educação quanto pelos idosos que desejam

novos aprendizados nas suas férias. Essas viagens com fins educacionais não são

um fenômeno recente.

As principais evidências da realização de viagem caracterizada como

educacional datam do século XVIII, praticadas inicialmente por jovens aristocratas

ingleses aos principais centros culturais da Europa, com o objetivo de aperfeiçoar

seus estudos para seguir e consolidar uma carreira profissional, conforme citado

anteriormente, conhecidas como grand tour.

Nos dias atuais, esse tipo de turismo apresenta diferentes dimensões sendo,

tratando-se de intercâmbios estudantis, jovens frequentando cursos de línguas em

um país estrangeiro, férias temáticas em que os turistas têm um interesse em

comum, como, por exemplo, pela arqueologia, cultura de um povo, pintura ou

culinária. Refere-se à organização de viagens culturais com acompanhamento de

professores da própria instituição de ensino, com programa de aulas e visitas a

pontos históricos ou de interesse para o desenvolvimento educacional dos

estudantes.

Encontra-se também nessa modalidade o chamado turismo de intercâmbio,

sendo que esse segmento, segundo Ansarah (apud TRIGO, 2005, p. 292), “engloba

não somente as práticas comerciais, mas principalmente o ser humano, com suas

atitudes, sentidos, experiências, cultura e modo de vida”. No Brasil, esse produto

turístico tende a crescer, porque o mercado de trabalho valoriza pessoas com

experiências no exterior, jovens que buscam cursos a fim de aprender um novo

idioma e vivenciar uma cultura diferente, adquirindo vivências, experiências

interessantes.

Para Oliveira (2000, p. 72), turismo de intercâmbio é “o turismo praticado por

jovens estudantes com o objetivo de realizar cursos ou aprender idiomas em outros

países”. Os estudantes ficam hospedados em casas de famílias e frequentam cursos

em escolas regulares. Alguns preferem frequentar escolas especializadas no ensino

de idiomas para estrangeiros.

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3 TURISMO E EDUCAÇÃO: UMA RELAÇÃO TRANSVERSAL

Este capítulo aborda conceitos vinculados à educação, à relação existente

entre educação e turismo, bem como exemplos de práticas e ações de inserção da

Educação para o Turismo.

3.1 Educação

Segundo Brandão (1981, p. 11), a educação ajuda a pensar os tipos de

homens e ajuda a criá-los através de passar de uns para os outros o saber que os

constitui e legitima. Mais ainda: ela “participa do processo de produção de crenças e

ideias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens

e poderes que constroem tipos de sociedades, em conjunto, sendo esta a sua força”.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou várias: educação? Educações. [...] Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante. (BRANDÃO, 1981, p. 7).

O autor ainda ressalta que a missão da educação existente no imaginário das

pessoas e na ideologia dos grupos sociais é a de transformar sujeitos e mundos em

alguma coisa melhor.

A educação existe onde não há a escola e por toda a parte pode haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado. Porque a educação aprende com o homem a continuar o trabalho da vida. A vida que transporta de uma espécie para a outra, dentro da história da natureza, e de uma geração a outra de viventes, dentro da história da espécie, os princípios através dos quais a própria vida aprende e ensina a sobreviver e a evoluir em cada tipo de ser. (BRANDÃO, 1981, p. 13).

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De acordo com Dewey (1978, p. 9), mais educação significa maior capacidade

de pensar, comparar e decidir com acerto e íntima convicção; de outra forma, não

existe liberdade: “somos livres na medida em que agimos sabendo o que

pretendemos obter”.

Ainda segundo o autor, o universo é infinito e diversificado. Essa variedade faz

com que ele se torne precário e instável, ocorrendo uma constante transformação,

fazendo com que tudo exista em função das relações mútuas, relações que podem

ser chamadas de experiências. Dentre todas as experiências que se pode ter, existe

a experiência educativa.

A experiência educativa é, pois, essa experiência inteligente, que participa o pensamento através do qual se vem a perceber relações e continuidades antes não percebidas. Todas as vezes que a experiência for assim reflexiva, isto é, que atentarmos no antes e no depois do seu processo, a aquisição de novos conhecimentos, ou conhecimentos mais extensos do que antes, será um dos seus resultados naturais. A experiência alarga, desse modo, os conhecimentos, enriquece o nosso espírito e dá, dia a dia, significação mais profunda à vida. E é nisso que consiste a educação. (DEWEY, 1978, p. 17).

Pode-se definir educação, de acordo com o autor, como o processo de

reconstrução e reorganização, aprendizado, de forma que influencie para agir da

melhor maneira nas experiências futuras. A educação é um fenômeno da vida; as

experiências que fazem refletir constituem as características de cada pessoa. O

mesmo autor ainda afirma que “essa contínua reconstrução, em que consiste a

educação, tem por fim imediato melhorar pela inteligência a qualidade da

experiência” (DEWEY, 1978, p. 17).

Ainda conforme Dewey (1978, p. 21), se é pela educação que a sociedade se

transforma, transmitindo conhecimentos e práticas para a nova geração que cresce,

aprende, desenvolve, pode-se dizer que esse processo é o citado anteriormente,

“um processo de reorganização e reconstrução da experiência”. “Também cabe

ressaltar que o indivíduo é considerado como um ser social, que só existe em

sociedade, sendo impossível isolar”.

Segundo Brandão e Aldrigue (2005), “a educação tem como objetivo guiar o

homem no seu desenvolvimento, dotando-o de conhecimentos gerais sobre o

mundo e a sociedade, com capacidade de julgar as mudanças que ocorrem neste

mundo”.

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A educação é um bem cabível a todo cidadão. Sem a educação muitos problemas podem surgir em uma comunidade e até mesmo em um país. Atualmente a educação é um dos principais instrumentos de intervenção social, com o intuito de garantir a evolução econômica, sendo capaz de dar continuidade às mudanças no sentido desejado pela sociedade. (BRANDÃO; ALDRIGUE, 2005, p. 5).

De acordo com Brandão (2002, p. 137), nos dias atuais percebe-se que,

diferentemente do que costumava ser antigamente, “os olhares estão se

multiplicando sobre a inteligência e aprendizagem, são tempos de inteligências

diferenciadas”. Existe uma constante busca para avanços diferenciados

aproximando as abordagens diversificadas com relação à aprendizagem.

Vivemos afortunadamente tempos em que em todos os campos de criação do saber, há um crescente reconhecimento de que uma reintegração entre as ciências e, até mesmo, entre elas e outras esferas humanas de razão e de sensibilidade, parece ser a única saída em direção à descoberta do novo. Da astrofísica à psicologia, estamos cada vez mais mergulhados no desafio de buscar pensamentos, pesquisas e teorias mais e mais interdisciplinares. Mais ousadamente transdisciplinares, dirão alguns, com o aval da própria UNESCO (BRANDÃO, 2002, p. 137).

Segundo Brandão (2002, p. 139), “olhada desde o horizonte da antropologia,

toda a educação é cultura”. O autor ressalta que se educa para que existam

interações, para criar pessoas, para transformar, para que os educandos ou

educandas sejam iguais ou melhores.

Como sistemas entrelaçados de signos interpretáveis (o que eu chamaria de símbolos, ignorando as utilizações provinciais), a cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos; ela é um contexto, algo dentro do qual eles podem ser descritos de forma inteligível, isto é, descritos com densidade. (GEERTZ apud BRANDÃO, 2002, p. 24).

A educação formal, de acordo com Gaspar (2002, p. 1), é a educação

entendida como um “processo que desenvolve a capacidade intelectual da criança e

do ser humano, tendo significado tão amplo e abrangente que, em geral, dispensa

adjetivos, tornando-se um processo ímpar associado quase sempre à escola”.

Para fins deste estudo, cabe ressaltar os Parâmetros Curriculares Nacionais

relativos ao Ensino Fundamental. Esses parâmetros visam uma transformação

positiva no Sistema Educativo Brasileiro ao propor uma educação comprometida

com a cidadania, respeitando diversidades regionais, culturais e políticas existentes

no País. Elegeram, baseados no texto constitucional, princípios para nortear a

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educação escolar. Entre eles, chama a atenção o item que trata da participação,

apontado como:

Princípio democrático, pois traz a noção da cidadania ativa, isto é, da complementaridade entre a representação política tradicional e a participação popular no espaço público, compreendendo que não se trata de uma sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc. (BRASIL, 1998, p. 21).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade

para a educação no Ensino Fundamental em todo o País.

Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual. Por sua natureza aberta, configuram uma proposta flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. (BRASIL, 1998, p. 13).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 13)

desenvolvidos pelo MEC, as proposições dos parâmetros são de garantir que,

respeitando as diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas, a

educação possa atuar decisivamente no processo de construção da cidadania,

“tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre os cidadãos,

baseado nos princípios democráticos”.

A escola tem como contribuição o desenvolvimento de um “projeto de

educação comprometida com o desenvolvimento de capacidades que permitam

intervir na realidade para transformá-la”. Esse projeto pedagógico com tal objetivo é

orientado por três grandes diretrizes, um posicionamento em relação às questões

sociais interpretando a tarefa educativa de modo que possa haver uma intervenção

na realidade presente, não considerar os valores apenas como ideais, “incluir essa

perspectiva no ensino dos conteúdos das áreas de conhecimento escolar” (BRASIL,

1998, p. 24).

O conjunto de temas propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais é

formado por ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde e orientação sexual,

recebendo o “título geral de temas transversais, indicando a metodologia proposta

para sua inclusão no currículo e seu tratamento didático” (BRASIL, 1998, p. 25).

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A Ética “diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas [...]. A questão

central das preocupações éticas é a da justiça entendida como inspirada pelos

valores de igualdade e equidade”. “Como agir perante os outros?”. A escola

comprometida com a cidadania tem por objetivo a diversidade existente nas

condutas humanas (p. 26).

A Pluralidade Cultural “aborda o viver democraticamente em uma sociedade

plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem” (p. 26).

O Meio Ambiente “apresenta o ser humano como parte do meio ambiente, e as

relações que são estabelecidas – relações sociais, econômicas e culturais – também

fazem parte desse meio e, portanto, são objetos da área ambiental”. O equilíbrio

ambiental, juntamente com a qualidade de vida e o crescimento cultural, é o que

todos almejam (p. 27).

O tema Saúde destaca que “a escola cumpre papel destacado na formação

dos cidadãos para uma vida saudável, na medida em que o grau de escolaridade em

si tem associação comprovada com o nível de saúde dos indivíduos e grupos

populacionais” (p. 28).

Já a Orientação Sexual na escola deve ser entendida como “um processo de

intervenção pedagógica que tem como objetivo transmitir informações e

problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo posturas, crenças,

tabus e valores a ela associados” (p. 28).

Sobre os temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais, percebe-

se que “devem ser incorporados nas áreas já existentes e no trabalho educativo da

escola, em função dessa forma de organização do trabalho didático é que foi

nomeado como transversalidade”. Os temas transversais correspondem a questões

importantes presentes na vida cotidiana; existe também um documento para cada

tema expondo as questões que cada um envolve, “apontando objetivos, conteúdos,

critérios de avaliação e orientações didáticas, para subsidiá-lo na criação de um

planejamento de trabalho eficiente para o desenvolvimento de uma prática educativa

coerente com seus objetivos mais amplos” (BRASIL, 1998, p. 29).

Os critérios adotados para a eleição dos temas transversais foram:

a) urgência social: “indica a preocupação de eleger como Temas Transversais

questões graves, que se apresentam como obstáculos para a

concretização da plenitude da cidadania, afrontando a dignidade das

pessoas e deteriorando a sua qualidade de vida”;

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b) abrangência nacional: “a eleição dos temas buscou contemplar questões

que, em maior ou menor medida e mesmo de formas diversas, fossem

pertinentes a todo o País”;

c) possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental: “esse

critério norteou a escolha de temas ao alcance da aprendizagem nessa

etapa da escolaridade;

d) favorecimento da compreensão da realidade e a participação social: “que

os alunos possam desenvolver a capacidade de posicionar-se diante das

questões que interferem na vida coletiva, superar a indiferença, intervir de

forma responsável” (BRASIL, 1998, p. 26).

Raykil e Raykil (2005, p. 7) destacam que viajar, conhecer pessoas e lugares

diferentes traz a possibilidade ao aluno exatamente daquilo que é proposto pelos

PCNs, a cidadania ativa que só se dá mediante a vivência que se tem com o objeto

de estudo. “Só se ama o que se conhece, é um jargão popular que se enquadra

nesse contexto, conhecer as belezas naturais, a riqueza cultural ou os problemas do

país somente através de contextualizações superficiais em sala de aula não

caracteriza a cidadania ativa. Para intervir positivamente é preciso literalmente

conhecer, in loco”.

Bonfim (2010, p. 124) ressalta “a importância do fator deslocamento, que é

inerente a esse tipo de prática, pois o turismo pedagógico é entendido como uma

atividade que comporta ao mesmo tempo ensino e turismo através da viagem”.

3.2 Turismo e educação

De acordo com Fonseca Filho (2007), a literatura específica sobre a educação

turística ainda é restrita, principalmente no que diz respeito à temática desenvolvida

na educação formal, no âmbito do ensino fundamental e médio. Com o intuito de

uma maior aproximação teórica sobre a educação turística, o autor cita alguns

trabalhos de autores e instituições que mencionam o ensino do turismo. Entre eles,

percebe-se que a educação para o turismo é discutida tendo em vista a

preocupação com os impactos do turismo sobre o meio ambiente natural,

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sociocultural, sobre a economia e também para tecer discursos em prol da

profissionalização da área.

Fonseca Filho (2007) cita que Fernández Fúster, no ano de 1975, em sua

primeira publicação, intitulada Introducción a la teoría y técnica del turismo, refere

que o ensino do turismo considera duas possíveis práticas: a de formação

profissional, para atender à crescente oferta de postos de trabalho no setor de

viagens e turismo (educação esta proporcionada pelo ensino profissionalizante e

superior), e o ensino do turismo como uma prática educativa que pode influenciar

positivamente na formação da personalidade do indivíduo, pois não pretende formar

profissionais, e sim proporcionar aos alunos uma compreensão do fenômeno

turístico e atitudes responsáveis frente a ele.

Este ensino pode se iniciar na formação escolar em seu grau mais elementar, por meio de aulas sobre a matéria e cartilhas escolares turísticas (que consideramos como educação formal), até mesmo ser desenvolvido para formação de uma consciência turística e cidadã veiculadas (por meio da educação não-formal) em campanhas de rádio, imprensa escrita e televisiva, etc. (FÚSTER apud FONSECA FILHO, 2007, p. 13).

De acordo com Fúster, citado por Fonseca Filho (2007) nesta segunda

consideração, é possível identificar menção a uma educação turística a ser difundida

em municípios em que o turismo já se encontra consolidado ou em desenvolvimento,

com o intuito de informar e formar consciências cidadãs e turísticas.

Outra manifestação sobre educação para o turismo, segundo Fonseca Filho

(2007), refere-se ao discurso centrado na educação ambiental, ou seja, com a

preocupação sobre os impactos negativos da atividade turística em áreas naturais.

Com esse objetivo, são criados programas não formais de educação ambiental

como forma de educar turistas e os autóctones com o intuito de salvaguardar os

recursos naturais, físicos e turísticos de determinada localidade.

A educação para o turismo seria, então, segundo Ruschmann (1997), um

planejamento bem elaborado que auxilia e garante o sucesso de um planejamento

turístico sustentável, podendo solucionar e até mesmo evitar problemas futuros. Tem

como objetivos desenvolver uma consciência turística junto aos moradores locais e

turistas, tornando-os responsáveis por uma atividade turística controlada, que tenha

baixo impacto ao ambiente e à cultura local. O planejamento turístico deve abranger

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todo o seu entorno e não apenas um recurso ou uma localidade; deve-se proteger e

conservar o meio ambiente natural.

Para prevenir os impactos ambientais do turismo, a degradação dos recursos e a restrição do seu ciclo de vida, é preciso concentrar os esforços em um desenvolvimento sustentável não apenas do patrimônio natural, mas também dos produtos que se estruturam sobre todos os atrativos e equipamentos turísticos. (RUSCHMANN, 1997, p. 108).

Segundo Raykil e Raykil (2005), quando o aluno adquire o interesse pelo

patrimônio natural e/ou cultural de seu país, abrem-se portas a um mundo de novas

descobertas e experiências que introduzirão novos conceitos, aumentando sua

capacidade intelectual, desenvolvendo a sensibilidade e a criatividade. O aprender

através do convívio com o acervo histórico-cultural proporciona aquisição de

conhecimento aliado ao lazer, o aprender de forma dinâmica e divertida.

Considerando sensibilização para o Turismo, pode-se destacar, de acordo com

Beni, que

o turismo estimula países a proteger suas civilizações e heranças culturais [...]. Ao salvar os valores culturais que pertencem à herança da humanidade, os países geradores de turismo estão salvando seus próprios valores culturais quando ajudam outros países. (2007, p. 92).

Percebe-se que existem muitos meios de se desenvolver uma educação para o

turismo de modo a sensibilizar as pessoas, a sociedade, iniciando pelas crianças.

Segundo Peccatiello (2003, p. 2), as viagens estimulam o aprendizado há muito

tempo: “através de grandes expedições países foram descobertos e culturas foram

difundidas, o que trouxe para a humanidade uma gama imensurável de

conhecimentos para as mais diversas áreas”. Os pontos fundamentais dessa

aprendizagem foram a vivência e as relações interpessoais.

Viajar é um ato que permite ao ser alimentar o seu imaginário e, por conseguinte, despertar o desejo de conhecer, vivenciar. Ao planejar e realizar o turismo pedagógico, a equipe escolar tem a possibilidade de criar uma nova narrativa dos conteúdos e de oferecer uma interação com o outro, seu modo de vida, costumes, necessidades, problemas. Dessa forma, os conteúdos podem se tornar menos maçantes e mais adaptáveis à realidade do estudante. É possível também que o respeito à diversidade sociocultural passe a ser uma constante para o aluno através da inserção da ideia de que não se visita um outro, simplesmente, mas que o outro somos nós, de certa forma. Portanto, a aliança entre turismo e educação torna-se de grande valia, uma vez que ambos têm as suas realizações centradas no ser humano. (PECCATIELLO, 2003, p. 2).

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Conforme Fonseca Filho (2007), a abordagem do turismo sob a visão cultural

vai além da preocupação em fazer com que se torne acessível o seu entendimento,

sendo de extrema importância dialogar com outras áreas do conhecimento,

ampliando a percepção, a visão de mundo dos estudantes, agregando, assim, novos

e diferenciados conhecimentos.

De acordo com Ribas (2002), turismo e educação é um tema recente e pouco

explorado, faltando análises mais profundas que estabeleçam a relação entre as

duas áreas.

Educar para o turismo é uma necessidade para que o desenvolvimento da atividade turística não seja responsável pela extinção da mesma, pois sem planejamento para o progresso, o turismo pode ocorrer de modo que a constante presença humana venha a esgotar os recursos e atrativos turísticos, os quais compõem sua matéria-prima. Educar a comunidade, iniciando-se pelas crianças e jovens, é um dos meios para divulgar o turismo na comunidade que recebe o turista, preparando-a e sensibilizando-a para prováveis conflitos, valores e crenças, que surgem com a chegada de turistas oriundos de outras realidades. (RIBAS apud REBELO, 2002, p. 15).

Ribas (2002) ressalta ainda que, desde 1995, o MEC iniciou uma série de

debates a respeito dos conteúdos para referenciar e orientar a estrutura curricular do

sistema educacional brasileiro, propondo a inclusão de temas como a ética, a

pluralidade cultural, o meio ambiente, a saúde e a orientação sexual, devendo ser

trabalhados transversalmente aos conteúdos tradicionais.

Tendo em vista esses temas propostos, por ser o turismo de caráter

multidisciplinar, que, segundo o Dicionário Interativo da Educação Brasileira, é o

“conjunto de disciplinas a serem trabalhadas simultaneamente, sem fazer aparecer

as relações que possam existir entre elas, destinando-se a um sistema de um só

nível e de objetivos únicos, sem nenhuma cooperação”, percebe-se que possui uma

inter-relação com praticamente todas áreas em função da sua multidisciplinaridade.

A multidisciplinaridade encontra-se dividida em várias disciplinas, fazendo parte

do currículo tradicional das escolas. O Turismo, por ser um importante tema

transversal, de acordo com os PCNs, “abre espaço para inclusão de saberes

extraescolares, possibilitando a referência a sistemas de significado construídos na

realidade dos alunos”; e não só abrangendo as disciplinas tradicionais como história,

geografia, biologia, artes, como também ética, no sentido de analisar

comportamentos e condutas que o turista e a comunidade devem seguir na prática

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do turismo, a pluralidade e as diversidades culturais, o meio ambiente, onde envolva

questões de preservação, conservação, educação ambiental, entre outros (BRASIL,

1998).

Pode-se ressaltar ainda a sexualidade, podendo ser trabalhada com o turismo

sexual, que é uma prática ilegal, porém comum em algumas cidades que recebem

turistas nacionais e internacionais.

Segundo Ribas (2002, p. 16), “o turismo deixou de ser apenas atividade

educativa representada pelas excursões, passando agora a ser institucionalizado em

algumas escolas do País, com abordagens diversas de acordo com a série e o nível

de escolaridade”. Essa iniciativa de trabalhar o turismo transversalmente é muito

interessante para que os conhecimentos e as concepções relativas ao turismo sejam

difundidos pela sociedade local, contribuindo com a cultura e os potenciais turísticos

de cada cidade e região, tratando também dos problemas e benefícios que a

atividade turística pode proporcionar à localidade.

Ainda conforme a autora, sabe-se que é necessário preparar os professores,

para que sejam capazes de apresentar todo o fenômeno turístico de forma

adequada.

3.3 Práticas e ações de educação para o Turismo

O presente tópico apresenta alguns exemplos de práticas e ações de educação

turística que podem contribuir para a sensibilização e compreensão do turismo pelos

educandos.

Um importante projeto desenvolvido no Brasil em 2005 voltado para educação

para o Turismo é o Projeto Caminhos do Futuro2. O objetivo principal do projeto, o

qual representa parceria do Ministério do Turismo com o Instituto de Academias

Profissionalizantes (IAP), a Academia de Viagens e Turismo (AVT) e o Núcleo de

Turismo da Universidade de São Paulo (USP), é de que professores e alunos da

rede pública estudem e estabeleçam reflexões sobre Turismo.

2 Dados extraídos do site oficial, indicado nas referências deste estudo.

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Cerca de 750 professores de ensino fundamental e médio, em 15 estados

brasileiros (Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão,

Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

Sergipe e Tocantins), participaram de uma qualificação com 30 horas de aula junto a

professores de Turismo e Geografia da USP e de outras renomadas universidades.

Os principais temas trabalhados foram mapas turísticos, ética, hotelaria e

hospitalidade, meio ambiente e cidadania.

Cada escola participante recebeu material didático sobre esses temas, kits

pedagógicos para trabalhar o Turismo na sala de aula, além de mapas turísticos e o

jogo educativo Viajando pelo Brasil. Com tudo isso, o projeto pretendeu atingir

aproximadamente 140 mil estudantes.

Além dos cursos de qualificação, outro resultado do Caminhos do Futuro foi a

produção de alguns livros. Um deles é o Ética, Meio Ambiente e Cidadania para o

Turismo, apresentando quatro módulos: Ética e Cidadania; Desenvolvimento e

Sustentabilidade; Conservação dos Recursos Naturais; Saúde e Turismo. Outro livro

é o Aprendiz de Lazer e Turismo, com os seguintes módulos: Introdução ao Turismo

Contemporâneo; Viagens; Turismo; Lazer.

Já o livro Comunicação e Turismo trabalha três módulos: Português

Instrumental; Inglês Instrumental; Espanhol Instrumental. O livro Cultura e Turismo

trabalha quatro módulos, chamados Cultura, Artes, Folclore e Arquitetura. Na obra

Ecoturismo, existem três módulos, os quais são chamados de Introdução ao

Ecoturismo, Paisagens Naturais Brasileiras e Planejamento do Ecoturismo em áreas

protegidas.

O livro intitulado Finanças, Administração e Tecnologia para o Turismo trabalha

quatro módulos, sendo eles: Matemática e Estatística, Introdução às Finanças e

Administração, Empreendedorismo e Tecnologia. No livro Geografia e Cartografia

para o Turismo, encontram-se quatro módulos: Geografia, Cartografia, Mapas

Turísticos e Sinalização Turística, salientando que dentro de cada módulo existem

temas importantes que são trabalhados e desenvolvidos.

Há também a obra Passaporte para o Mundo: Guia do Aprendiz, que é

diferenciado dos demais livros; dentro, encontram-se Introdução, Unidade 1 -

Estrutura do setor de viagens e turismo, Unidade 2 - O cliente do setor de viagens e

turismo, Unidade 3 - Os destinos, Unidade 4 - Cultura e diversidade cultural,

Unidade 5 - As carreiras do setor de viagens e turismo e o Glossário. Existem

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32

também trinta e seis temas relevantes para o setor de viagens e turismo, que são

utilizados como material didático pelas escolas participantes.

A versão digital dos livros encontra-se disponível a todas as escolas na seção

Midiateca do site, que também apresenta o Guia das Escolas que participam do

projeto, com espaço para divulgação das escolas e destinos participantes do projeto,

e outras áreas para complementar a participação e a comunicação entre

professores, alunos e interessados em turismo com artigos, bate-papos e fóruns de

discussão.

O Projeto Caminhos do Futuro está dentro das metas do Plano Nacional de

Turismo3, principalmente por promover a educação para o turismo, contribuindo

direta ou indiretamente para a melhoria de qualidade dos produtos e serviços

turísticos e consequente geração de emprego e renda.

O Instituto de Academias Profissionalizantes (IAP) foi criado em 1993 para

gerenciar, no Brasil, a Academia de Viagens e Turismo (AVT). O IAP, entidade de

utilidade pública federal, trabalha em cooperação com a iniciativa privada,

educadores e governo, visando contribuir para a melhoria da qualidade do ensino e

direcionando o jovem para sua vida profissional. Tem como missão:

Investir na formação de professores e alunos da escola pública brasileira; preparar os jovens para a vida e o trabalho, auxiliando no exercício da cidadania, na aquisição de competências e na transformação de atitudes; criar e implantar programas direcionados para o setor de viagens e turismo; apresentar as oportunidades profissionais da área, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico das comunidades (PROJETO CAMINHOS DO FUTURO, 2010).

Com quatorze anos de existência, a AVT, além do volume crescente de alunos

e professores atendidos pelo programa, no ano de 2005 concretizou o convênio com

o Ministério do Turismo (MTUR). A partir do convênio IAP/AVT-MTUR, várias foram

as atividades e os produtos desenvolvidos ou adequados para atender os objetivos a

nível nacional do Projeto Caminhos do Futuro: educação para o turismo.

3 O Plano Nacional de Turismo é um instrumento de planejamento e gestão que coloca o turismo como indutor do desenvolvimento e da geração de emprego e renda no País. O Plano é fruto do consenso de todos os segmentos turísticos envolvidos no objetivo comum de transformar a atividade em um importante mecanismo de melhoria do Brasil e fazer do turismo um importante indutor da inclusão social. Uma inclusão que pode ser alcançada por duas vias: a da produção, por meio da criação de novos postos de trabalho, ocupação e renda, e a do consumo, com a absorção de novos turistas no mercado interno. Avança na perspectiva de expansão e fortalecimento do mercado interno, com especial ênfase na função social do turismo.

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33

Outro exemplo que merece destaque é o Projeto Turismo nas Escolas,

realizado no município de Dois Irmãos, no Rio Grande do Sul, que contemplou “o

conteúdo curricular, de forma interdisciplinar, evidenciando os aspectos turísticos em

diversas disciplinas, oportunizando aos estudantes uma maior percepção de mundo”

(BORGES, 2005, p. 32).

O referido projeto teve seu início em 2002, por meio de um projeto piloto nas

3ªs séries das escolas municipais. Foram promovidas ações como: reunião e

capacitação de professores e diretores; visita às escolas, visando reunir informações

sobre os alunos para criação de um banco de dados; elaboração de fitas de vídeo

para todas as escolas, com filmes da Rota Colonial Baumschneis e Rota Romântica;

criação de polígrafos com noções de turismo para os educadores (BORGES, 2005).

Os professores, após trabalhar a base teórica em sala de aula, faziam city tour aos locais turísticos do município, facilitando, assim, a criação dos mais diferentes trabalhos como textos, frases, poesias, versos, livretos, desenhos, maquetes, adesivos, folders, álbum fotográfico, cartão postal, entre outros. (BORGES, 2005, p. 34).

Em 2004, o projeto passou a incorporar as 5ªs séries, nas quais as atividades

concentraram-se nos estudos do município de Dois Irmãos: “Foram realizadas visitas

aos locais turísticos da cidade onde cada escola ficou responsável por criar uma

maquete de um local turístico do município para participar de um concurso”

(BORGES, 2005, p. 37).

Para a autora desse projeto, o turismo interagindo com a educação de forma

interdisciplinar,

pode contribuir não somente para dinamizar uma disciplina, como também estimular os estudantes na formação de opiniões e na viabilidade do mesmo, nortear os valores culturais e educativos, podendo se reproduzir na sociedade, assim como também configurar-se em um elemento de divulgação do turismo local, através de ações educativas. (BORGES, 2005, p. 44).

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34

3.3.1 Projeto experimental “Conhecendo e Aprendendo o Turismo na Escola La

Salle Niterói”

Para fins deste estudo, merece destaque o projeto desenvolvido na disciplina

de Projeto Experimental Integrado, que faz parte da estrutura curricular do Curso de

Turismo da Unilasalle. O projeto foi aplicado na Escola La Salle Niterói, na cidade de

Canoas, Rio Grande do Sul.

O trabalho teve como objetivo geral sensibilizar os alunos do Ensino

Fundamental da Escola La Salle para o turismo, trazendo questões como

hospitalidade e atrativos turísticos locais. Como objetivos específicos, buscou

desenvolver atividades junto à turma de 1ª série do ensino fundamental da escola de

forma lúdica, evidenciar a importância das atividades de animação e recreação no

âmbito turístico e elaborar uma cartilha explicativa sobre o turismo, a hospitalidade e

os atrativos turísticos locais. Esse projeto teve a intenção de ir além, despertando

nas crianças um interesse pelas questões do turismo, de bem receber e das

atividades de lazer e recreação.

O que instigou as proponentes4 a desenvolver este projeto foi a percepção da

pesquisadora no ambiente familiar do interesse e curiosidade das crianças em saber

mais sobre diversos assuntos e nas facilidades de acesso que elas possuem em seu

ambiente escolar. Dessa forma, as proponentes, com formação na área do Turismo,

idealizaram a proposta de apresentar aos estudantes o tema Turismo. O projeto foi

desenvolvido, com alunos de duas turmas de 1ª série do ensino fundamental, com

média de 60 alunos.

A aplicação do projeto primeiramente apresentou uma introdução sobre o

turismo e hospitalidade com uso de multimídia. Após, foram feitas duas dinâmicas,

sendo elas, “quebra-cabeças” e “adivinha o que é?”. Por último, como apoio, foi

elaborada e entregue uma cartilha (APÊNDICE C) juntamente com um mimo para os

alunos. As professoras das duas turmas foram presenteadas com um ingresso do

Linha Turismo de Porto Alegre.

4 O projeto experimental contou com a participação dos alunos do Ensino Fundamental da Escola La Salle Niterói em Canoas, Rio Grande do Sul, sendo duas turmas com suas respectivas professoras, e foi elaborado pelas estudantes Ana Karina dos Santos e Silva e Liliane Silvestre Barbosa, na disciplina de Projeto Experimental Integrado do Curso de Turismo do Unilasalle.

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35

O referido projeto apresentou relevância no contexto do Curso de Turismo na

percepção das professoras e da escola envolvida, pois contribuiu para a inserção de

forma indireta do turismo no ensino fundamental, sensibilizando os alunos em idade

escolar inicial sobre a atividade turística tanto para quem viaja quanto para as

comunidades e regiões. Essa proposta com as crianças terá um efeito multiplicador

junto aos adultos da família e da comunidade escolar.

Além da aplicação da atividade com os estudantes, foi aplicado um

questionário junto às professoras responsáveis pelas duas turmas. Quando

questionadas sobre se consideram interessante a inserção do turismo no Ensino

Fundamental, as mesmas afirmaram que sim. Também se obteve como resposta

que as professoras acreditam que esse tipo de projeto pode contribuir para a

sensibilização das crianças para o turismo, dando-se como justificativa a essa

questão: “Na verdade, penso que mais do que incentivar o turismo, que também é

uma prática interessante, esse projeto instiga as crianças a conhecerem aspectos

significativos de nossa própria cultura e território, mas também ampliar o

conhecimento acerca de outros locais, povos e culturas”, afirma a professora

responsável.

As professoras consideraram também que a explanação desenvolvida para a

sensibilização dos alunos foi muito boa: “As dinâmicas desenvolvidas para a faixa

etária das crianças foram adequadas, porque foram atividades simples e interativas,

exigindo a atenção e, principalmente, a participação ativa das crianças. O manuseio

de materiais é importantíssimo na faixa etária em que as crianças do segundo ano

do ensino fundamental se encontram. Para a continuidade do Projeto, é possível

inserir atividades de raciocínio lógico ou conhecimentos gerais, para possibilitar

também espaços maiores de reflexão e diálogo”.

“As atividades desenvolvidas junto aos alunos atingiram as expectativas em

relação ao projeto Conhecendo e aprendendo o Turismo porque, as atividades foram

de interesse das crianças. Sabemos que foi uma experiência piloto. Apenas gostaria

de salientar que, pensando em sua aplicação real, para que ele se torne um projeto,

deve ter continuidade e não apenas uma ação”.

Acreditam também que seja interessante este projeto ser aplicado em outras

escolas e para outras séries, com os devidos ajustes.

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36

4 METODOLOGIA

Neste capítulo, serão apresentados os aspectos metodológicos e os dados

organizados da pesquisa de campo.

4.1 Aspectos metodológicos

Quanto à metodologia, caracteriza-se como uma pesquisa exploratória com

abordagem qualitativa, tendo como procedimentos técnicos levantamento

bibliográfico e pesquisa de campo junto aos professores de escolas do município de

Canoas.

A característica exploratória desta pesquisa está associada ao levantamento de

dados bibliográficos tais como livros, artigos, reportagens, matérias, pesquisas

acadêmicas e entrevistas com pessoas relacionadas e tem como objetivo: “[...]

Proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais

explícito ou a constituir hipóteses” (GIL, 2002, p. 40).

A pesquisa qualitativa enfoca processos e variáveis, procurando mensurar e

também verificar o significado dos fatos. De acordo com Gil (2002, p. 133):

A análise qualitativa é menos formal do que a análise quantitativa, pois nesta última seus passos podem ser definidos de maneira relativamente simples. A análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação.

Quanto aos procedimentos técnicos, utilizou-se pesquisa bibliográfica e de

campo. A pesquisa bibliográfica, segundo (MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 185),

“abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde

publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses,

material cartográfico, etc., até meios de comunicação orais”. A finalidade é

estabelecer um contato direto com o pesquisador, com tudo o que foi escrito, dito,

etc., sobre determinado assunto. Atualmente há também uma infinidade de materiais

disponibilizados na Internet.

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37

Embora existam pesquisas apenas bibliográficas, toda pesquisa requer uma fase preliminar de levantamento e revisão da literatura existente para elaboração conceitual e definição dos marcos teóricos. A pesquisa bibliográfica permite grau de amplitude maior, economia de tempo e possibilita o levantamento de dados históricos. (DENCKER, 1998, p. 152).

Na pesquisa de campo, foi aplicado questionário junto aos professores do

Ensino Fundamental da escola particular La Salle Centro, Canoas/RS, e da escola

pública Marechal Rondon, de Canoas/RS, com o objetivo de verificar a percepção

dos mesmos quanto à inserção de práticas sobre o Turismo e as contribuições para

a aprendizagem. Obteve-se uma amostra de 27 (vinte e sete) questionários

respondidos e a aplicação ocorreu no mês de outubro de 2010.

Cabe destacar que o município de Canoas está localizado na Região

Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, atraindo pessoas de outros

municípios por causa de seu centro movimentado, das muitas indústrias e, também,

por ser um polo de ensino com uma universidade e dois centros universitários:

Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Centro Universitário La Salle (Unilasalle) e o

Centro Universitário Ritter dos Reis (Uniritter).

Além das instituições de ensino superior, existe um número expressivo de

escolas públicas e privadas, que acolhem estudantes tanto da educação básica

como de nível médio.

A rede de ensino público municipal é composta por: Educação Infantil, com 28

escolas e 1.783 alunos; Ensino Fundamental, com 42 escolas, 28.383 alunos e

1.404 professores. Na rede estadual, existem 36 escolas, 34.870 alunos, 1.299

professores. Na rede particular, existem 30 escolas, 17.020 alunos e 908

professores (CANOAS, 2010). Entre estas escolas, também é importante destacar a

Escola Rui Barbosa, que possui o curso de técnico em Guia de Turismo e curso

técnico de Turismo do programa Pró-Jovem Trabalhador.

4.2 Organização dos resultados da pesquisa de campo

Neste tópico apresenta-se a organização dos dados resultantes do questionário

(APÊNDICE D) aplicado junto aos professores da Escola La Salle Centro, que é uma

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escola particular, e da Escola Marechal Rondon, que é uma escola pública de

Canoas/RS. A amostra foi composta por 27 professores respondentes do Ensino

Fundamental – 14 professores da Escola Marechal Rondon e 13 da Escola La Salle

Centro Canoas/RS –, que lecionam as disciplinas das Séries Iniciais, Língua

Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Língua Estrangeira (Inglês), Geografia,

Artes e Educação Física, com o objetivo de verificar a percepção dos mesmos

quanto à inserção de práticas sobre o Turismo e as contribuições para a

aprendizagem. A aplicação ocorreu entre os dias 7 e 29 do mês de outubro.

4.2.1 Resultados da pesquisa junto aos professores da Escola La Salle Centro e

Escola Marechal Rondon, Canoas/RS – Questionário (APÊNDICE D)

Gráfico 1A

FEMININO 89%

MASCULINO 11%

FEMININO

MASCULINO

Gráfico 1 - Sexo Fonte: autoria própria, 2010. O gráfico 1 demonstra que 89% dos pesquisados são do sexo feminino e que

11% são do sexo masculino.

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39

Gráfico 2A

CASADO 47%

SOLTEIRO 19%

SEPARADO/DIVORC

IADO 30%

VIUVA 4%

CASADO

SOLTEIRO

SEPARADO/DIVORCIADO

VIUVA

Gráfico 2 – Estado civil Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 2 demonstra que 48% dos pesquisados são casados, 30%

separados/divorciados, 18% são solteiros e 4% viúvos.

Gráfico 3ADE 18 A 29

4%

DE 30 A 39

30%

DE 40 A 49

30%

DE 50 A 65

36%

DE 18 A 29

DE 30 A 39

DE 40 A 49

DE 50 A 65

Gráfico 3 – Faixa etária Fonte: autoria própria, 2010.

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40

O gráfico 3 demonstra que 37% dos pesquisados estão na faixa de 50 a 65

anos, 30% na faixa de 40 a 49 anos, 29% na faixa de 30 a 39 anos e 4% na faixa de

18 a 29 anos. Não houve pesquisados menores de 18 anos e maiores de 65 anos.

Gráfico 4A

GRADUAÇÃO

41%

ESPECIALIZAÇÃO

55%

MESTRADO 4% DOUTORADO 0%

GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO

MESTRADO

DOUTORADO

Grafico 4 – Titulação Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 4 demonstra que 55% dos pesquisados possuem Especialização,

41% possuem Graduação e 4% possuem Mestrado. Não houve pesquisados com

Doutorado.

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Gráfico 5A

De 0 a 10 Anos 37%

De 11 a 20 Anos

25%

De 21 a 30 Anos

33%

De 31 a 40 Anos 5%

De 0 a 10 Anos

De 11 a 20 Anos

De 21 a 30 Anos

De 31 a 40 Anos

Gráfico 5 – Tempo de docência Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 5 demonstra que 37% possuem um tempo de docência de 0 a 10

anos, 33% de 21 a 30 anos, 25% de 11 a 20 anos e 5% de 31 a 40 anos.

Gráfico 6A

De 0 a 10 Anos 66%

De 11 a 20 Anos

30%

De 21 a 30 Anos 4% De 30 a 40 Anos 0%

De 0 a 10 Anos

De 11 a 20 Anos

De 21 a 30 Anos

De 30 a 40 Anos

Grafico 6 -Tempo de Docência dos professores dentro do Colégio La Salle e na Escola Marechal Rondon Fonte: autoria própria, 2010.

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42

O gráfico 6 mostra que 67% dos pesquisados possuem tempo de docência

dentro do Colégio La Salle e Marechal Rondon de 0 a 10 anos, 29% de 11 a 20 anos

e 4% de 21 a 30 anos. Não houve pesquisados com tempo de docência de 30 a 40

anos dentro dos Colégios.

• QUESTÕES ESPECÍFICAS

Gráfico 7A

23%

19%

7%7%7%

4%

11%

7%

11%4%

Séries Iniciais

Língua Portuguesa

Matemática

Ciências

História

Língua Estrangeira-Inglês

Geografia

Artes

Educação Física

Língua Estrangeira-Espanhol

Gráfico 7 - Área que atua? Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 7 demonstra que 22% atuam nas Séries Iniciais, 19% são

professores de Língua Portuguesa, 11% de Educação Física e Geografia, 8% de

Matemática, 7% de Artes, Ciências e História e 4% de Língua Estrangeira

(Espanhol) e Língua Estrangeira (Inglês).

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Gráfico 8A

Sim 67%

Não 33%

Sim

Não

Gráfico 8 - Em sua disciplina, você já desenvolveu algum conteúdo relacionado ao turismo? Caso positivo, qual conteúdo? Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 8 demonstra que 67% dos pesquisados já desenvolveram algum

conteúdo relacionado ao turismo e 33% não desenvolveram. Entre os que

responderam positivamente, foram citados quais os conteúdos, dentre eles

conversão de moedas, questões culturais relacionadas à viagem, missões,

ambiente, história e patrimônio, distância entre as cidades, escala, mapas e

diferentes culturas, principalmente dentro do Brasil.

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Gráfico 9A

Sim 82%

Não 18%

Sim

Não

Gráfico 9- Você realiza atividades extraclasses como visitas técnicas, viagens de estudos dentro da sua disciplina? Sim, quais? Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 9 mostra que 82% realizam atividades extraclasses dentro da sua

disciplina e 18% não realizam. Entre as atividades estão visitas ao museu da

PUCRS e ao Planetário; viagens aos Aparados da Serra, a São Francisco de Paula,

a Gramado, a Itapuã e a Buenos Aires; visitas a galerias de arte, ao Jardim

Botânico, às indústrias e à Casa de Cultura Mário Quintana.

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Gráfico 10A

Sim 81%

Não 19%

Sim

Não

Gráfico 10 - As viagens de estudo envolvem mais de uma disciplina? Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 10 demonstra que 81% geralmente fazem viagens integradas entre

disciplinas e 19% abordam somente a disciplina que trabalham.

Gráfico 11A

Sim 100%

Não 0%

Sim

Não

Gráfico11 - Você considera que práticas de Educação para o turismo inseridos nos programas de aprendizagem do ensino fundamental contribuem para o aprendizado dos alunos? Fonte: autoria própria, 2010.

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O gráfico 11 mostra que 100 % dos professores consideram que práticas de

Educação para o Turismo inseridos nos programas de aprendizagem do ensino

fundamental contribuem para o aprendizado dos alunos.

Gráfico 12A

Sim 100%

Não 0%

Sim

Não

Gráfico12 - Você considera que práticas de educação ligadas ao turismo podem contribuir para a sensibilização dos alunos para o turismo? Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 12 demonstra que 100% consideram que práticas de Educação

ligadas ao turismo podem contribuir para a sensibilização dos alunos para o turismo.

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Gráfico 13A

7%

53%

37%

3%

A) O Turismo contribui para

sensibil izar para cidadania

B) O Turismo contribui para

desenvolver a noção de

preservação do patrimônio

cultural e natural

C) O Turismo contribui para o

aprendizado relacionando os

conteúdos ao campo de estudo,

no caso das viagens e visitas

técnicas

D) O Turismo contribui para

desenvolver a compreensão e

respeito às diversidades culturais

Gráfico13 - Quais as contribuições MAIS importantes do tema Turismo para o aprendizado dos estudantes? (Assinale apenas DUAS alternativas). Fonte: autoria própria, 2010.

O gráfico 13 demonstra que 52% dos pesquisados consideram importante a

contribuição do turismo para desenvolver a noção de preservação do patrimônio

cultural e natural, 37% consideram que a contribuição do turismo para o aprendizado

relacionando os conteúdos ao campo de estudo no caso das viagens e visitas

técnicas são importantes, 8% consideram que o turismo contribui para sensibilizar

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para cidadania e 3% consideram que contribui para desenvolver a compreensão e

respeito às diversidades culturais.

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5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Um dos conceitos de Educação evidenciados por Brandão (1981) traz a

questão da educação como auxílio na reflexão sobre os tipos de homens, auxiliando

na sua criação, passando de uns para os outros o saber que os constitui e legitima.

Mais ainda: ela “participa do processo de produção de crenças e ideias, de

qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes

que constroem tipos de sociedades, em conjunto, sendo esta a sua força”. Percebe-

se a educação como ferramenta fundamental na construção de ideias, valores,

aprendizado, cultura e conhecimento, tornando-se um importante e precioso bem

que as pessoas possuem.

A relação entre Turismo e Educação é muito próxima, já que ambos são

interdisciplinares. Beni (2007) reconhece a prática do turismo pedagógico nos dias

de hoje e a define como um recurso necessário ao processo de ensino e

aprendizagem.

De acordo com a pesquisa realizada neste estudo com os professores do

Ensino Fundamental das escolas La Salle e Marechal Rondon de Canoas, Rio

Grande do sul, quanto à sua titulação, constatou-se que 55% possuem

especialização, 41% graduação e pós-graduação e 4% mestrado. Os professores

atuam nas diversas áreas, sendo as principais: Séries Iniciais, Língua Portuguesa,

Matemática, Ciências, História, Língua Estrangeira (Inglês), Geografia, Artes,

Educação Física e Língua Estrangeira (Espanhol).

Cabe destacar que 22% são das séries iniciais o que remete ao projeto

experimental Conhecendo e Aprendendo o Turismo na Escola La Salle Niterói, no

qual foram desenvolvidas atividades com os alunos da 1ª série do ensino

fundamental de forma lúdica, evidenciando atividades de recreação e animação,

evidenciando o bem receber e os atrativos turísticos locais, com o objetivo de

despertar o interesse e a sensibilização pelo turismo. Cabe destacar que as crianças

nas séries iniciais são receptivas aos jogos e brincadeiras e, dessa forma, podem

ser sensibilizadas, se transformando em multiplicadores junto aos seus familiares.

Quando questionados sobre terem desenvolvido algum conteúdo relacionado

ao turismo em suas disciplinas, 67% responderam positivamente e 33%

negativamente. Entre os conteúdos desenvolvidos citados pelas professoras,

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destacam-se a conversão de moedas, cálculo de distância entre as cidades, escala

e mapas, questões culturais relacionadas à viagem, história dos povos das Missões,

meio ambiente, história e patrimônio, estudo das diferentes culturas, especialmente

dentro do Brasil. Percebe-se como diferentes programas de aprendizagem podem

ser relacionados de forma prática ao turismo de forma interdisciplinar.

Cabe destacar que o conjunto de temas transversais propostos nos Parâmetros

Curriculares Nacionais, como ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde e

orientação sexual, correspondem a questões importantes presentes na vida

cotidiana. Segundo os autores abordados, o ato de viajar, conhecer pessoas e

lugares diferentes traz a possibilidade ao aluno exatamente daquilo que é proposto

pelos PCNs, a cidadania ativa que só se dá mediante a vivência que se tem com o

objeto de estudo.

Do total de professores pesquisados, 82% já realizaram atividades

extraclasses, como visitas técnicas e viagens de estudos dentro da sua disciplina.

Segundo Raykil e Raykil (2005), é importante para o aprendizado relacionar os

conteúdos ao campo de estudo, no caso das viagens e visitas técnicas. Algumas

atividades realizadas foram viagens internacionais, como a Buenos Aires, viagens

dentro do Estado, como aos Aparados da Serra, a São Francisco de Paula, a

Gramado e a Itapuã, visitas ao Museu da PUCRS, ao Planetário, ao Jardim

Botânico, à Feira do Livro, à Casa de Cultura Mário Quintana em Porto Alegre e

visitas às indústrias da região.

O Turismo Pedagógico, de acordo com Raykil e Raykil (2005), é uma

oportunidade de explorar a relação do homem com o espaço de forma interativa e

multidisciplinar. Diante desse recurso, que se mostra tão rico no processo de

transmissão do conhecimento, observa-se a eficácia das viagens de estudo na

prática de ensino, sendo possível aprender o que está sendo visto em sala de aula.

Nesse sentido, cabe ressaltar como exemplo a ação desenvolvida no município de

Dois Irmãos, Turismo nas Escolas, projeto citado neste estudo, no qual foram

realizadas visitas aos locais turísticos da cidade.

Quanto às viagens de estudo envolvendo mais de uma disciplina, 81% dos

professores afirmam que realizam propostas conjuntas. Existem muitos tipos de

turismo vinculados à educação, entre eles o turismo pedagógico, que busca oferecer

aos estudantes a oportunidade de aprender na prática o que foi visto nos conteúdos

abordados em sala de aula. Através da utilização desse mecanismo facilitador no

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processo ensino aprendizagem, o que mais chama a atenção é a possibilidade de se

trabalhar efetivamente a interdisciplinaridade. As viagens trabalhadas relacionando

os conteúdos entre as disciplinas geralmente são integradas.

Através de um trabalho conjunto e bem planejado, existe a possibilidade de o

aluno ter uma melhoria significativa na qualidade do ensino que não se limite

somente à sala de aula, mas sim que seja apresentado um mundo novo, real,

palpável, fazendo com que o aluno tenha uma outra percepção, diferenciada.

Quando questionados se consideram que práticas de Educação ligadas ao

Turismo podem contribuir para a sensibilização dos alunos para o Turismo, 100%

dos professores responderam positivamente.

Da mesma forma, abordando sobre sensibilização, segundo Raykil e Raykil

(2005), quando o aluno adquire o interesse pelo patrimônio natural e/ou cultural de

seu país, abrem-se portas a um mundo de novas descobertas e experiências que

introduzirão novos conceitos, aumentando sua capacidade intelectual,

desenvolvendo a sensibilidade e a criatividade. O aprender através do convívio, com

o acervo histórico-cultural proporciona aquisição de conhecimento aliado ao lazer, o

aprender de forma dinâmica e divertida.

Segundo Fonseca Filho (2010), a partir do momento em que o turismo é

transformado em disciplina, rompe-se com a espontaneidade de apreensão da

realidade e compromete o processo de conscientização dos educandos em relação

à realidade turística vivida pelos sujeitos que habitam uma localidade turística.

Quando questionados se consideram que práticas de educação para o turismo

inseridos nos programas de aprendizagem do Ensino Fundamental contribuem para

o aprendizado dos alunos, 100% dos professores responderam positivamente.

Conforme Peccatiello (2003), a aprendizagem deve ser significativa. Fatores

importantes que interferem na aprendizagem significativa são a disposição do aluno

para aprender e o processo de aprendizagem, ou seja, o modo como esse processo

é desenvolvido, materiais e métodos utilizados.

De acordo com os professores pesquisados, dentre as principais contribuições

para o aprendizado, destacam-se como mais importante, com 52%, “desenvolver a

noção de preservação do patrimônio cultural e natural” e, em segundo lugar, a

contribuição do turismo para o aprendizado relacionando os conteúdos ao campo de

estudo no caso das viagens e visitas técnicas com 37%.

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De acordo com Ruschmann (1997), a educação ambiental pode ser

desenvolvida por programas não formais como forma de criar uma consciência

cidadã, devendo ser desenvolvida não apenas pelos turistas, mas também pelos

autóctones e moradores locais em geral, para salvaguardar os recursos culturais,

físicos e turísticos da região receptora, por serem estas as bases da existência do

turismo. Percebe-se que a educação para o turismo que a autora se refere visa a um

desenvolvimento turístico sustentável, para que os turistas e os moradores locais

sejam conscientes e responsáveis, a fim de que a atividade turística seja de mínimo

impacto nas dimensões social, econômica, cultural e ambiental.

Segundo Peccatiello (2003, p. 2), as viagens estimulam o aprendizado há muito

tempo: “Através de grandes expedições, países foram descobertos e culturas foram

difundidas, o que trouxe para a humanidade uma gama imensurável de

conhecimentos para as mais diversas áreas”, sendo que os pontos fundamentais

dessa aprendizagem foram a vivência e as relações interpessoais.

Cabe destacar ainda a importância de projetos como Caminhos do Futuro,

Turismo nas Escolas em Dois Irmãos e Conhecendo e Aprendendo o Turismo na

Escola La Salle Niterói como forma de estimular ações para sensibilizar educandos

e educadores dentro do processo de ensino-aprendizagem.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estabelecendo uma reflexão sobre a relação entre Turismo e Educação,

podemos salientar que o Turismo contribui para o conhecimento, levando-se em

consideração que nos permite conhecer lugares, culturas, pessoas diferentes e cada

vez mais aprender sobre o mundo em que vivemos, primeiramente sabendo-se da

importância de aprender sobre o local onde vivemos e como as pessoas se

comportam. A relação com outras culturas contribui para o conhecimento, fazendo

com que tenhamos uma visão cultural muito rica, trazendo crescimento e até mesmo

fazendo com que se possa trilhar caminhos interessantes em nossas vidas.

Percebeu-se que o turismo é trabalhado no processo de ensino-aprendizagem

principalmente com o turismo pedagógico, que consiste basicamente nas viagens de

estudos para articulação teórico-prática dos conteúdos.

O trabalho permitiu compreender a educação para o turismo, investigando

práticas de educação para o turismo no ensino fundamental e suas contribuições

para o aprendizado e para a sensibilização ao turismo, abordando as ações e as

práticas já existentes. Deve ser salientado neste estudo que a educação é

fundamental na vida de todas as crianças; a partir daí é que se começa a construir

um mundo melhor, um mundo consciente para o desenvolvimento e a preservação

da cultura e da natureza. A conscientização ocorre somente se houver maneiras de

socializar os estudantes através de projetos, oficinas, entre outras ações, para que

se torne interessante de tal maneira que contribua para a sensibilização ao turismo.

Percebe-se a necessidade de reflexões sobre métodos e ações para

desenvolver práticas que contribuam para sensibilização dos alunos ao turismo. A

forma como as atividades são desenvolvidas e transmitidas influencia para mostrar a

importância da educação para o turismo, para contribuir e desenvolver as noções de

preservação do patrimônio cultural e natural, para sensibilizar para a cidadania, para

aprender a compreender e respeitar as diversidades culturais.

Acredita-se que este estudo possa contribuir com subsídios às escolas e

professores do ensino fundamental no sentido de promover ações e práticas que

relacionem a educação para o turismo.

Sendo assim, o estudo contribuiu com reflexões sobre o tema educação para o

turismo, ficando aberto para novos aprofundamentos em torno dessa temática...........

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A - Fotos da Aplicação do Projeto “Conhece ndo e Aprendendo o

Turismo” na Escola La Salle Niterói

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APÊNDICE B - Apresentação exibida na Aplicação do P rojeto “Conhecendo e

Aprendendo o Turismo” na Escola La Salle Niterói

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APÊNDICE C - Cartilha trabalhada na Aplicação do Pr ojeto “Conhecendo e

Aprendendo o Turismo” na Escola La Salle Niterói

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Conhecendo e Aprendendo o Turismo

Desenhos para colorir Você gostaria de viajar de avião?

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E que tal um passeio de navio?

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Você sabe o que é o Turismo Rural?

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Que tal um passeio com a família para a praia?

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Vamos arrumar as malas

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Como é maravilhoso contemplar as paisagens

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RECEBER BEM É SINAL DE BOA EDUCAÇÃO (hospitalidade)

Todo turista deve ser bem recebido. Por não estar em sua cidade de origem, necessita de informações corretas, cordialidade de quem atende nos estabelecimentos comerciais, eficiência e preço justo nos serviços que lhe são prestados e, principalmente, simpatia e entusiasmo da população local.

Um pouquinho da história da Cidade de Canoas – RS

Canoas é sinônimo de economia forte e de povo trabalhador. O município, fundado em 1939, possui o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho. Vizinha da capital Porto Alegre, a cidade é sede de grandes empresas nacionais e multinacionais, como a Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), Springer Carrier e AGCO do Brasil, além de nomes fortes nos ramos de gás, metal-mecânico e elétrico.

A educação desponta como novo setor. A cidade tem a segunda maior rede de ensino do Estado. São escolas públicas, particulares e três universidades.

Canoas é o município mais populoso da Região Metropolitana, com 329.174 habitantes, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2005. No Rio Grande do Sul, a cidade só fica atrás de Porto Alegre, Pelotas – zona sul do Estado – e Caxias do Sul, na Serra. Aqui também está o quarto maior colégio eleitoral gaúcho, com 210.646 eleitores, divididos em 598 seções.

A cidade, que hoje é constituída apenas por zona urbana, segundo critérios do IBGE, teve como pioneiros grandes proprietários de terras. O primeiro deles foi o conquistador Francisco Pinto Bandeira, que recebeu da Coroa portuguesa, em 1740, uma área com três léguas de comprimento e uma de largura ao longo da margem direita do Rio Gravataí. No local, foi instalada a sede da Fazenda do Gravataí, atualmente bairro Estância Velha. Em 1771, com a morte de Francisco, as terras passaram para o filho, Rafael Pinto Bandeira. Com o falecimento destes, sua viúva, Josefa Eulália de Azevedo, a Brigadeira, divide a área entre os filhos. A partir daí, as terras são repartidas, dando origem a um povoado.

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A história registra o ano de 1871 como o início do povoamento de Canoas, quando houve a inauguração do primeiro trecho da estrada de ferro que ligaria São Leopoldo a Porto Alegre. Canoas pertencia aos municípios de Gravataí e São Sebastião do Caí. O major Vicente Ferrer da Silva Freire, então proprietário da Fazenda Gravataí, aproveitou a Viação Férrea para transformar suas terras em uma estação de veraneio. Ponto de referência obrigatório, o local passou a ser designado Capão das Canoas. Logo, as grandes fazendas foram perdendo espaço para as pequenas propriedades, chácaras e granjas.

Em 1908, Canoas é elevada a Capela Curada, tendo por órgão (santo que dá nome à igreja) São Luiz Gonzaga. Em 1938, assume a condição de Vila e, no ano seguinte, torna-se cidade e sede de município. Em 1937, a instalação do 3º Regimento de Aviação Militar (RAV), hoje o 5º Comando Aéreo Regional (V COMAR), foi decisiva para a emancipação. O movimento emancipacionista foi liderado por Victor Hugo Ludwig, que levou ao general Flores da Cunha, interventor federal no Estado, as razões da emancipação.

Em 27 de junho de 1939, a cidade foi criada pelo Decreto Estadual nº 7.839. Em 15 de janeiro de 1940, foi instalado o município de Canoas. Edgar Braga da Fontoura foi o primeiro prefeito e o município contava com 40.128 habitantes.

O crescimento econômico de Canoas deu-se, principalmente, a partir de 1945, depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Além de numerosas indústrias, instalam-se no município a Base Militar da V Zona Aérea e a REFAP, impulsionando o desenvolvimento da cidade.

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Fotos dos Atrativos Turísticos de Canoas e Porto Alegre - RS

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CAÇA PALAVRAS

P K A I W N V U H A E P H V G D Y M U C I W I Q W I K M V H O A C K

Q Q Q U N A V I O O M W P C P V M M L F I B J W B G P J L X J J T C

N I M A F E K I T Z U K S F M Q X F P X Q R P I F J I B E G D M O E

N E H D Z I I O E I K U L L F K F S J U X U O J F N A E N A U K Y O

P B H W D I J T L U A E G H M I R L A C A D O R N R X G W E T U J A

V X E U M L O J O W H L E K B K D E A B N V L M D Z O S W Q E F R I

W L X L P A P M L B Q Z I M Y F Z B N A F G U T K O Q E O V A F J V

M V S F V I Q R F S D H S Y T U N C F O G L Y A V R G Z Z P A I J A

A G B R E X Q H X J T R E M A W S Q S E B B J E I T R W B L F L L M

K P A K L U X U F A R U L G H V H F V O H Q E M A E J W Y O A H Z J

U T G I N D R H X F T H R J X N S B T L X T C P G M A I Z A Q S B A

U O A R A R S C B H O S P I T A L I D A D E H T E O U Q T X Z R E B

Q U D S C J O H W F B V S A S L T A O J K A C G M S E I V P M V Z C

J E T B D S G H O I X R F Q X M L Y X J G N D C R A P Y W G Q C L H

A W I G O X J A B Q L U B D Y C O N F N B P E L C G V U V W H Q Q R

G N S I X S R P A H E J J D L F F T Z I P S F L E O B T U A E R S G

T T P R A I A K J F B D R D K W K C P H D W Z I I D G G O W K G T Q

M Z R M E O B X U Y T E O W I V C J H C X B T R L A Z E R L H N O E

X F S M S I E E L I W K H V I E T C H A Q U W F S N V T D P V C Y D

K O F R U H G F P J V T C U S Y U T K O D G K N X I R K O P T H Z V

M J D M W T L P M C A R R O S S E M Q U G X G L W S C P T B J C J L

W A Q K N F A S E L V S V S G R V B L M T L J K K U N K V M P H X Z

K M F F F J B U R V D Q P G K W M C R I S T O R E D E N T O R A K E

W P V M O N T A N H A B L F J J U D O U P P R L M V G Q E C L M U Z

V P P N D B M L G D K E F M P W U M Y A O I O T R O P O D S I A C Q

V N S H O T C S M V J C A Y X D T R L M T R L Q O B J L M T J L R K

W E F J G S A C R X Z A L P D V T J S C W S N I V A C R M T H E T K

S A B M R O P V N T P I F P R A C A D O A V I A O E H X Q C Z F S P

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LABIRINTO

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APÊNDICE D - Questionário aplicado aos professores das escolas La Salle

Centro e Marechal Rondon Canoas/RS, referente à pes quisa do trabalho de

conclusão de curso

PESQUISA ACADÊMICA Prezado (a) professor (a): Este questionário faz parte de uma Pesquisa Acadêmica de Trabalho de Conclusão do Curso de Turismo da Unilasalle/Canoas e tem como objetivo estudar a Educação para o Turismo no Ensino Fundamental: a contribuição das práticas para o aprendizado e sensibilização do Turismo. Sua opinião é muito importante para a realização deste trabalho. Também não é preciso sua identificação. Portanto, conto com sua colaboração respondendo ao questionário abaixo. Perfil dos pesquisados Questões Específicas

7. Área que atua? ( ) Séries iniciais ( ) Língua Portuguesa ( ) Geografia ( ) Matemática ( ) Artes ( ) Ciências ( ) Educação Física ( ) História ( ) Língua Estrangeira - Espanhol ( ) Língua Estrangeira - Inglês

1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Estado civil: ( ) Casado ( )Solteiro ( ) Separado/Divorciado 3. Idade: ( ) De 18 anos a 29 anos ( ) De 40 anos a 49 anos ( ) De 30 anos a 39 anos ( ) De 50 anos a 65 anos

4. Titulação: ( ) Graduação ( ) Mestrado ( ) Especialização ( ) Doutorado

5. Tempo de docência: ______________________

6. Tempo de docência no Colégio: _____________

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8. Em sua disciplina, você já desenvolveu algum conteúdo relacionado ao turismo? ( ) Sim ( ) Não Caso positivo: qual conteúdo? _____________________________ 9. Você realiza atividades extra-classes como visitas técnicas, viagens de estudos dentro da sua disciplina? ( ) Sim Quais? _____________________________________ ( ) Não 10. As viagens de estudo envolvem mais de uma disciplina? ( ) Sim, geralmente são viagens integradas entre disciplinas. ( ) Não, aborda somente a disciplina que trabalho. 11. Você considera que práticas de Educação para o Turismo inseridos nos programas de aprendizagem do ensino fundamental contribuem para o aprendizado dos alunos? ( ) Sim ( ) Não 12. Você considera que práticas de Educação ligadas ao Turismo podem contribuir para a sensibilização dos alunos para o Turismo? ( ) Sim ( ) Não 13. Quais as contribuições MAIS importantes do tema Turismo para o aprendizado dos estudantes? (Assinale apenas DUAS alternativas). ( ) O Turismo contribui para sensibilizar para cidadania. ( ) O Turismo contribui para desenvolver a noção de preservação do patrimônio cultural e natural. ( ) O Turismo contribui para o aprendizado relacionando os conteúdos ao campo de estudo, no caso das viagens e visitas técnicas. ( ) O Turismo contribui para desenvolver a compreensão e respeito às diversidades culturais. Comentários: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Obrigada pela atenção!