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FAPA - Faculdades Porto-Alegrenses Grupo de Estudos em Alfabetização – Professora: Suzana Schwartz – 2003/2 EDUCANDO O OLHAR DA OBSERVAÇÃO ... Madalena Freire 1. APRENDIZAGEM DO OLHAR p.10 Não fomos educados para olhar pensando o mundo, a realidade, nós mesmos. Nosso olhar cristalizado nos estereótipos produziu em nos paralisia, fatalismo, cegueira. Para romper este modelo autoritário, a observação é a ferramenta básica neste aprendizado da construção do olhar sensível e pensante. Olhar que envolve atenção e PRESENÇA. Atenção que...é a mais alta forma de generosidade. O ver e o escutar também fazem parte desse processo da construção desse olhar. Também não fomos educados para a escuta. Em geral não ouvimos o que o outro fala mas sim o que gostaríamos de ouvir. O mesmo acontece em relação ao nosso olhar estereotipado, parado, querendo ver só o que nos agrada, o que sabemos, também reproduzindo um olhar de monologo. Ver e ouvir demanda implicação, entrega ao outro. Neste sentido a ação de olhar é um ato de estudar a si próprio, a realidade, o grupo à luz da teoria que nos inspira. Pois sempre “só vejo o que sei” (Piaget). Na ação de perguntar sobre o que vemos é que rompemos com a insuficiência desse saber, e assim, podemos voltar a teoria para ampliar nosso pensamento e nosso olhar. 2. DIRECIONANDO O OLHAR p.13 O instrumento da observação apura o olhar (e todos os sentidos) tanto do educador quando do educando para a leitura diagnostico de faltas e necessidades da realidade pedagógica. Para objetivar este aprendizado o educador direciona o olhar para três focos que sedimentam a construção da aula: o o foco da aprendizagem individual e/ou coletiva o o foco da dinâmica na construção do encontro

Educando o olhar

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FAPA - Faculdades Porto-AlegrensesGrupo de Estudos em Alfabetização – Professora: Suzana Schwartz – 2003/2

EDUCANDO O OLHAR DA OBSERVAÇÃO ...Madalena Freire

1. APRENDIZAGEM DO OLHARp.10

Não fomos educados para olhar pensando o mundo, a realidade, nós mesmos. Nosso olhar cristalizado nos estereótipos produziu em nos paralisia, fatalismo, cegueira.

Para romper este modelo autoritário, a observação é a ferramenta básica neste aprendizado da construção do olhar sensível e pensante.

Olhar que envolve atenção e PRESENÇA. Atenção que...é a mais alta forma de generosidade.

O ver e o escutar também fazem parte desse processo da construção desse olhar. Também não fomos educados para a escuta. Em geral não ouvimos o que o outro fala mas sim o que gostaríamos de ouvir.

O mesmo acontece em relação ao nosso olhar estereotipado, parado, querendo ver só o que nos agrada, o que sabemos, também reproduzindo um olhar de monologo.

Ver e ouvir demanda implicação, entrega ao outro. Neste sentido a ação de olhar é um ato de estudar a si próprio, a realidade, o grupo à luz

da teoria que nos inspira. Pois sempre “só vejo o que sei” (Piaget). Na ação de perguntar sobre o que vemos é que rompemos com a insuficiência desse

saber, e assim, podemos voltar a teoria para ampliar nosso pensamento e nosso olhar.

2. DIRECIONANDO O OLHAR

p.13

O instrumento da observação apura o olhar (e todos os sentidos) tanto do educador quando do educando para a leitura diagnostico de faltas e necessidades da realidade pedagógica. Para objetivar este aprendizado o educador direciona o olhar para três focos que sedimentam a construção da aula:

o o foco da aprendizagem individual e/ou coletivao o foco da dinâmica na construção do encontroo o foco da coordenação em relação ao seu desempenho na construção da aula

Por que é necessário focalizar o olhar? Olhar sem pauta se dispersa. Olhar pesquisador tem planejamento prévio da hipótese que vai perseguir durante a aula, em cada um desses três focos.

O REGISTRO E A REFLEXAO DO EDUCADORMadalena Freire

“De tudo que está escrito, eu amo somente aquilo que o homem escrever com o seu próprio sangue.”Nietzsche

p.18

SOBRE O ATO DE ESCREVER

Ousar colocar, socializar com o outro, o que pensamos, somos, dói, “a dor é a prova da existência.” “A dor retrata a diferença.” Não nos cabe fugir dela, e sim enfrenta-la “para a construção do prazer, do conhecimento de nós mesmos, do outro da realidade.”

Para isso é necessário conversar, dialogar com ela para que busquemos saídas, caminhos de enfrentamento no processo do conhecimento, junto com o outro.

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A marca única, genuína (sagrada) do autor emerge desta busca de si mesmo contaminada do outro, na palavra. Dessa maneira quando escrevemos, não buscamos somente respostas únicas, mas sim essencialmente PERGUNTAMOS. Permanente inquietação de ser vivo, que nos remete a nós mesmos e à essência de nossa existência.

Por tudo isso, escrever é muito difícil. Compromete mais que falar. Escrever deixa marca, registra pensamento, sonho, desejo de morte e vida.

Escrever da muito trabalho porque organiza e articula o pensamento na busca de conhecer o outro, a si, o mundo.

O ato de refletir é libertador porque instrumentaliza o educador no que ele tem de mais vital: o seu pensar.

Educador algum é sujeito de sua prática se não tem apropriado a sua reflexão, o seu pensamento.

Não existe ação reflexiva que não leve sempre a constatações, descobertas, reparos, aprofundamento. E, portanto, que não nos leva a transformar algo em nós, nos outros, na realidade.

IMPORTANCIA E FUNÇAO DO REGISTRO ESCRITO, DA REFLEXAOp.40

Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensa-lo e assim aprende-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.

O registro escrito obriga o exercício de ações – operações mentais, intelectuais de classificação, ordenação, análise, obriga a objetivar e sintetizar, trabalhar a construção da estrutura do texto, a construção do pensamento.

Somente nesse exercício disciplinado, cotidiano, solitário (mas povoado de outros interlocutores) do escrever, pode-se evitar, lutar contra a vagabundagem do pensamento.

A escrita a reflexão disciplina o pensamento para a construção do conhecimento e do processo de autoria.

O resgate da reflexão do educador sobre sua própria pratica é o embrião de sua teoria que desemboca na necessidade de confronto e aprofundamento com outros teóricos.

E é nessa tarefa de reflexão que o educador formaliza, da forma, comunica o que praticou, para assim pensar, refletir, rever o que sabe e o que ainda não conhece, o que necessita aprender, aprofundar em seu estudo teórico.

METODOLOGIA GEEMPIANA

1. LETRAS, PALAVRAS E TEXTOS letras: ex.: com que letra começa,com qual termina, quantas letras têm? palavras: ditado mudo, nomes, jogo da forca... textos: hora do conto, hora da noticia, incluir na rotina da sala de aula SEMPRE trabalhar um

tipo de texto, nem que seja só o ler pelo prazer de ler, mas todos os dias é necessário incluir no planejamento o trabalho com um texto

2. CONTRATO PEDAGÓGICO3. AMBIENTE ALFABETIZADOR4. TESOURO5. MERENDA

Momento s ignif icat ivo de par t i lha, de comunhão, devendo ser ut i l izado como tal . (perguntar qual será a merenda do dia , escrever no quadro o nome da merenda, anal isar a palavra, quem gosta , quem não gosta , do que gostam.. . )

6. TRABALHO EM GRUPO Principio didát ico- o convívio com a diferença oportuniza t roca de saberes

com signif icado.

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