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VIII Encontro de Iniciação Científica do LFS
0304 maio de 2007, 3643
Efeito da pressão de contato em ensaios de microabrasão de wcco p20
R.R.F. Zeferino, R.C. Cozza, R.M. Souza, D.K. Tanaka
Laboratório de Fenômenos de Superfície – LFS, Departamento de Engenharia Mecânica, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo – USP.
Email para contato: [email protected]
ResumoRecentemente, os ensaios de desgaste microabrasivo por esfera rotativa vêm alcançando uma grande repercussão em universidades e centros de pesquisa, devido a grande capacidade que oferecem em analisar o comportamento ao desgaste microabrasivo de materiais. Na literatura, são encontradas pesquisas conduzidas com força normal constante, fazendo com que, durante o ensaio, a pressão de contato atuante no sistema corpodeprova/partículas abrasivas/ esfera, diminua gradativamente. Em ensaio sob força constante (pressão de contato nãoconstante), havendo a atuação de desgaste microabrasivo por riscamento, a gradativa diminuição da pressão de contato faz com que a participação desse modo de desgaste diminua com o tempo. Neste trabalho, os ensaios foram conduzidos sob pressão de contato constante. O objetivo do mesmo é analisar a influência da pressão de contato (“constante” e “nãoconstante”) sob a atuação dos modos de desgaste abrasivo. Os ensaios foram realizados com esferas de aço AISI 52100 e corposdeprova de WCCo P20. A lama abrasiva foi preparada com partículas de carbeto de silício (SiC) preto e água destilada. Os resultados foram analisados com base nos gráficos de AR/AT em função do tempo de ensaio. Para a condição de pressão de contato constante, foi observada uma área AR maior, quando comparado à condição de pressão de contato nãoconstante. Além disso, para a condição de pressão de contato constante, a completa transição de desgaste abrasivo por riscamento para desgaste abrasivo por rolamento ocorreu em um tempo maior de ensaio, em relação a pressão de contato nãoconstante.
Palavraschave: Ensaio de desgaste microabrasivo, pressão de contato, modos de desgaste abrasivo, desgaste abrasivo por riscamento, desgaste abrasivo por rolamento.
ResumenRecientemente, el ensayo de desgaste abrasivo en escala micrométrica ha alcanzado una gran aceptación en universidades y centros de investigación, debido a la capacidad que ofrece para analizar el comportamiento abrasivo de un amplio número de materiales. Los trabajos en abrasión bajo escala micrométrica disponibles en la literatura, muestran investigaciones realizadas con fuerza normal constante, esto tiene como consecuencia que durante el ensayo la presión de contacto que actúa en el sistema probeta/abrasivo/esfera disminuya gradualmente. En ensayos con fuerza contaste (presión de contacto variable), donde se produce desgaste por rayadura en escala micrométrica, la disminución gradual de la presión de contacto resulta en una reducción con el tiempo de la participación de ese método de desgaste. En este trabajo, los ensayos fueron realizados utilizando presión de contacto constante. El objetivo de este trabajo es analizar la influencia de la presión de contacto (constante o variable) bajo la acción de los métodos de desgaste abrasivo. Los ensayos fueron realizados con esferas de acero AISI 52100 y probetas de WCCo P20. El lodo abrasivo fue preparado con partículas de carburo de silicio (SiC) negro y agua destilada. Los resultados fueron analizados utilizando los gráficos AR/AT en función del tiempo de ensayo. Para la condición de presión de contacto constante, fue observada una área AR mayor que para la condición de presión de contacto variable. Además, para la condición de presión de contacto constante, la transición completa de desgaste abrasivo por rayadura para desgaste abrasivo por rodamiento, ocurrió en un tiempo mayor de
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ensayo en relación a la presión de contacto variable.
Palabras clave: Ensayo de desgaste abrasivo en escala micrométrica, presión de contacto, Micro abrasión, desgaste abrasivo por rayaduram, desgaste abrasivo por rodamiento
1. INTRODUÇÃO
O ensaio de desgaste microabrasivo por esfera rotativa foi desenvolvido no meio industrial (Cozza et al., 2006), para a medição das espessuras de filmes finos. Devido ao seu potencial científico (Kusano e Hutchings, 2005), o mesmo vem sendo utilizado por universidades e institutos de pesquisa, em estudos sobre o desgaste abrasivo de materiais metálicos (Cozza et al., 2005; Cozza, 2006; Trezona et al., 1999) e nãometálicos (Batista et al., 2001; Batista et al., 2002a, b; Bello e Wood, 2005; Bose e Wood, 2005; Kattamis et al., 1994; Mergler e Huis in ‘t Veld, 2003; Rutherford e Hutchings, 1996).
Esse tipo de ensaio consiste no desgaste de um corpodeprova gerado por uma esfera em movimento de rotação e por partículas abrasivas (Baptista et al., 2000), inseridas entre o corpodeprova e a esfera, durante o ensaio. São geradas calotas esféricas, também chamadas de crateras de desgaste e, a análise destas, permite a avaliação do comportamento ao desgaste abrasivo do material em estudo.
Dois modos de desgaste são observados em ensaios de desgaste microabrasivo por esfera rotativa: desgaste abrasivo por riscamento e desgaste abrasivo por rolamento. O desgaste abrasivo por riscamento resulta quando as partículas abrasivas deslizam na região de contato entre a esfera e o corpodeprova, e o desgaste abrasivo por rolamento ocorre quando as partículas abrasivas rolam.
A pressão de contato desenvolvida durante os ensaios pode ser calculada pela Equação 1:
T
N
AF
P = (1)
onde AT = πd2/4 é a área projetada total da cratera de desgaste; d é o diâmetro da cratera de desgaste.
Este trabalho apresenta um estudo sobre a influência da pressão de contato (constante e nãoconstante) sob a transição entre os modos de desgaste abrasivo.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. Equipamento de ensaio de desgaste por microabrasão
Para os ensaios de desgaste microabrasivo, utilizouse a Máquina de Ensaio de DesgasteMicroAbrasivo por Esfera Rotativa Fixa Modelo LFS 2005, utilizada nos trabalhos de Cozzaet al. (2005) e Cozza (2006). A Figura 1 mostra o equipamento utilizado.
A força normal (FN) é responsável pelo contato entre a esfera e o corpodeprova. Durante os ensaios, um composto abrasivo é inserido de maneira intermitente entre a esfera e o corpodeprova. A força tangencial, FT, também chamada de força de atrito, é gerada por conseqüência do contato entre a esfera, o corpodeprova e o composto abrasivo.
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Figura 1. Máquina de Ensaio de Desgaste por MicroAbrasão Modelo LFS 2005 (Cozza et al., 2005; Cozza, 2006).
2.2. Materiais
Neste trabalho, os corposdeprova foram de metal duro (WCCo) classe ISO P20. Para a análise de sua microestrutura, exibida na Figura 2 a), um corpodeprova foi embutido em baquelita e lixado. Em seguida, o mesmo foi submetido ao processo de polimento. O ataque químico da superfície foi realizado com MURAKAMI, composto por 10 gramas de ferrocianeto de potássio (K3Fe(CN)6), 10 gramas de hidróxido de potássio (KOH) e 100 ml de água destilada.
Foram utilizadas esferas de diâmetro 25,4 mm (1”). O material das mesmas foi aço AISI 52100 temperado e revenido e, para a análise de sua microestrutura, exposta na Figura 2 b), o material foi lixado, obedecendo a seguinte seqüência de lixas: grão 220, 320, 400 e 600. Em seguida, a superfície foi polida com pastas diamantadas de diferentes granulometrias, na ordem de 6, 3 e0,25 µm. A última etapa foi o ataque químico da superfície com Nital 3 %.
a) b)Figura 2. Microestrutura do (a) WCCo P20 e do (b) aço AISI 52100 temperado e revenido. Imagens
obtidas por microscopia óptica (Microscópio óptico OLYMPUS BX60M).
A pasta abrasiva foi preparada com carbeto de silício preto SiC 1000, comercial de grau técnico, da Alcoa (Izhevskyi et al., 2004) e água destilada. A Figura 3 a) mostra uma micrografia eletrônica de varredura do abrasivo utilizado, e a Figura 3 b), sua distribuição granulométrica. Essa
MOTOR TRIFÁSICO
REDUTOR
MESA DE TRANSLAÇÃO +SIST. POSIÇÃO HORIZONTAL +
SIST. POSIÇÃO VERTICAL
EIXO + ESFERA
PORTA AMOSTRA
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distribuição foi obtida a laser, utilizando o equipamento Granulometer 1064 CILAS, de fabricação francesa (Izhevskyi et al., 2004).
a) b)Figura 3. (a) Micrografia eletrônica de varredura do pó abrasivo SiC 1000 (Izhevskyi et al., 2004); (b)
distribuição granulométrica (Izhevskyi et al., 2004).
Para o cálculo da dureza do SiC 1000, uma porção do material foi sinterizada. Dez indentações Vickers foram conduzidas sob uma carga de 50 N e tempo de 15 s (Izhevskyi et al., 2004). Com os mesmos valores de força e tempo adotados por Izhevskyi et al. (2004), foram medidas as durezas Vickers do WCCo P20 e do aço AISI 52100, em um Durômetro Vickers VMT7, fabricado pela Buehler. De forma aleatória, foram realizadas treze indentações na superfície de cada material. Após os ensaios, descartouse o valor de dureza obtido na primeira indentação. Em seguida, a dureza do material foi determinada pela média aritmética dos dez valores mais próximos entre si.
A Tabela 1 reúne os valores das durezas dos materiais utilizados (corposdeprova, esferas de ensaio e material abrasivo). Originalmente, as unidades de todos os valores de dureza estavam em HV. Posteriormente, os valores foram convertidos para GPa.
Tabela 1. Dureza dos materiais utilizados nos ensaios.Material Dureza [GPa]
Corpodeprova WCCo P20 11,7
Esfera de ensaio Aço AISI 52100 8,4
Partículas abrasivas SiC 18,5 19
2.3. Procedimento experimental
As Tabelas 2 e 3 apresentam as condições de ensaios definidas para as situações de pressão de contato “constante” e “nãoconstante”, respectivamente.
Tabela 2: Parâmetros definidos para os ensaios sob pressão de contato nãoconstante.ENSAIO SOB FORÇA
CONSTANTE 1 2 3 4 5 6
Força constante (N) 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25Velocidade de rotação da esfera (rpm)
37,6 37,6 37,6 37,6 37,6 37,6
Distância de deslizamento (m) 8 15 20 25 35 40Tempo de ensaio 2 min 40 s 5 min 6 min 40 s 8 min 20 s 11 min 40 s 13 min 20 sGotejamento da lama abrasiva 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s
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Tabela 3: Parâmetros definidos para os ensaios sob pressão de contato constante.
ENSAIO SOB PRESSÃO CONSTANTE 1 2 3 4 5 6
Pressão fixada (N/mm²) 0,73 0,73 0,73 0,73 0,73 0,73Velocidade de rotação da esfera
(rpm)37,6 37,6 37,6 37,6 37,6 37,6
Distância de deslizamento (m) 8 15 20 25 35 40Tempo de ensaio 2 min 40 s 5 min 6 min 40 s 8 min 20 s 11 min 40 s 13 min 20 s
Gotejamento da lama abrasiva 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s 1 gota/10s
O gotejamento da lama abrasiva foi realizado manualmente, por meio de um contagotas. Foi definida uma concentração de lama abrasiva, conforme a Tabela 4. As duas colunas da esquerda mostram as porcentagens, em volume, de SiC e água destilada para a concentração. Na coluna da direita, está a massa de SiC por unidade de volume de água destilada (gSiC/cm3 H2O Destilada).
Tabela 4. Concentração da lama abrasiva.
% SiC(em volume)
% Água Destilada(em volume) 3cm
gSiC
25 75 1,045
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 4 apresenta a definição de AR e AT, onde AR é a área de atuação de desgaste abrasivo por riscamento e AT a área projetada total da cratera de desgaste.
Figura 4. Definição de AR e AT.
Para a condição de contato constante, a Figura 5 ilustra o comportamento da pressão de contato experimental. No final de cada ensaio, a área da cratera era calculada, e a força normal era reajustada de modo a se obter uma pressão 3% superior à pressão fixada. O valor de 3% foi determinado experimentalmente, recebendo o nome de “coeficiente de ajuste”, pois a finalidade do mesmo foi ajustar a curva da pressão de contato experimental, de modo que a mesma oscilasse em torno da curva teórica.
Na Figura 6, notase que a relação AR/AT, para um mesmo tempo de ensaio, foi maior para a condição de pressão de contato constante. Esse resultado mostra que, para a condição de pressão constante, houve uma atuação maior de desgaste abrasivo por riscamento.
H2O Destilada
AR
AT
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Figura 5. Pressão de contato constante. Curvas teórica e experimental.
Na Figura 6, temse o gráfico da relação AR/AT em função do tempo de ensaio.
Figura 6. Gráfico de AR/AT em função do tempo de ensaio.
Conforme o ensaio é conduzido, a área da calota aumenta gradativamente, fazendo com que haja também, um maior quantidade de partículas entre a esfera e o corpodeprova. Na condição de pressão de contato nãoconstante (força normal constante), com o aumento da quantidade de partículas abrasivas, a força normal atuando em cada uma delas é menor. Por outro lado, na condição de pressão de contato constante, mesmo com o aumento da quantidade de partículas abrasivas, há o aumento da força normal, necessária para manter a pressão constante. Isso faz com que não haja a diminuição da força normal atuando em cada partícula abrasiva.
Futuras pesquisas ainda são necessárias, mas a diferença de valores da relação AR/AT para as condições de pressão constante e não constante, pode estar relacionada a força normal atuante nas partículas abrasivas.
A força normal, constante para pressão nãoconstante e gradativamente maior para se manter a pressão constante, também influenciou a transição entre os modos de desgaste abrasivo. Na condição de pressão de contato nãoconstante, a transição ocorreu para um tempo menor (aproximadamente 500 s).
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4. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que:O fato da pressão de contato ser “fixa” ou “variável” influência a atuação do desgaste abrasivo
por riscamento. Na condição de pressão de contato constante, AR foi maior do que na condição de condição de pressão de contato nãoconstante.
O fato da pressão de contato ser “fixa” ou “variável” influência a transição entre os modos de desgaste abrasivo. Na condição de pressão de contato nãoconstante, a transição entre os modos de desgaste ocorreu primeiro, aproximadamente para 500 s de ensaio.
O fato da força normal atuante em cada partícula abrasiva ser maior na condição de pressão de contato constante, pôde ter influenciado a atuação do desgaste abrasivo por riscamento e a transição entre os modos de desgaste.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Kattamis, T. Z., Chen, M., Skolianos, S. and Chambers, B. V., 1994, “Effect of residual stresses on the strengh, adhesion and wear resistance of SiC coatings obtained by plasmaenhanced chemical vapor deposition on low alloy steel”, Surface and Coatings Technology, 79, 4348.
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