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Neste trabalho será realizada uma explanação do efeito Doppler Relativístico seguindo uma linha de raciocínio progressiva e condizente com os acontecimentos históricos, de modo que a compreensão do assunto torne-se mais simples e exigindo menos conhecimento prévio sobre física. Primeiro serão apresentados os princípios do efeito Doppler clássico, seguido de uma introdução à Teoria da Relatividade Restrita, finalmente o efeito Doppler Relativístico seguido de suas implicações científicas e tecnológicas.
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL
DO PARANÁ
CAMPUS CURITIBA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA
CURSO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA – ÊNFASE
ELETRÔNICA/TELECOMUNICAÇÕES
DISCIPLINA DE FÍSICA IV
TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA: ÓTICA E FÍSICA MODERNA
CURITIBA
2009
2
MARLOS AUGUSTUS MACIEL DAMASCENO
EFEITO DOPPLER RELATIVÍSTICO
Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de Física
IV. Universidade Tecnológica Federal do Paraná -
UTFPR. Como requisito para obtenção de nota
parcial.
Titular da Disciplina: Prof. Dr. José Luís Fabris
CURITIBA
2009
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 4
EFEITO DOPPLER CLÁSSICO............................................................................................... 5
TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA............................................................................ 9
EFEITO DOPPLER RELATIVÍSTICO.................................................................................. 14
IMPLICAÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS...........................................................18
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 22
REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 23
ANEXOS................................................................................................................................. 25
4
INTRODUÇÃO
Neste trabalho será realizada uma explanação do efeito Doppler Relativístico
seguindo uma linha de raciocínio progressiva e condizente com os acontecimentos históricos,
de modo que a compreensão do assunto torne-se mais simples e exigindo menos
conhecimento prévio sobre física. Primeiro serão apresentados os princípios do efeito Doppler
clássico, seguido de uma introdução à Teoria da Relatividade Restrita, finalmente o efeito
Doppler Relativístico seguido de suas implicações científicas e tecnológicas.
O efeito Doppler relativístico tem grande importância para a Teoria da
Expansão do Universo, é muito utilizado na astronomia para medidas de velocidades relativas
de movimento de astros e galáxias, também é utilizada para aplicações tecnológicas como
radares e comunicação via satélites.
5
EFEITO DOPPLER CLÁSSICO
Efeito Doppler assim chamado devido ao primeiro físico a estudar esse
fenômeno, Christian Johann Doppler. Nascido em Salzburgo na Áustria em 1803, foi educado
no Instituto Politécnico de Viena.
Em 1842 ele escreveu a obra Concerning the coloured light of double stars
(sobre as cores da luz emitida pelas estrelas duplas) na qual ele apresenta os fundamentos
efeito Doppler, tanto para o som quanto para ondas eletromagnéticas. Doppler observou a
freqüência emitida por uma fonte onda sonora em movimento relativo com um observador se
altera aparentemente. Mesmo prevendo o efeito para as ondas eletromagnéticas foi o físico
francês Louis Fizeau quem em 1848, sugeriu que o efeito Doppler acústico poderia ser
aplicado às ondas luminosas e, com isso, determinar as velocidades relativas das estrelas que
estão na mesma linha do sinal luminoso recebido.
Apesar de Doppler ter estudado os princípios deste efeito e realizado previsões
teóricas, ele não o comprovou, o que foi feito em 1845 por Buys Ballot, na Holanda,
utilizando uma locomotiva que puxava um vagão aberto com vários músicos tocando
trompetes, enquanto outros músicos de ouvidos apurados ficavam na estação para registrar as
notas que ouviam. Foram utilizadas várias velocidades e notas, confirmando a teoria proposta
por Doppler.
Como o efeito Doppler depende do movimento relativo entre o observador e
fonte ele deve ser analisado para três casos: primeiro com a fonte em repouso e observador
em movimento, segundo com a fonte em movimento e observador em repouso e por último
com ambos em movimento. Serão agora deduzidas as fórmulas para o efeito Doppler aplicado
a ondas sonoras.
Detector (observador) em movimento com fonte (estacionária) em
repouso.
6
Na Figura 1, um detector D se move com velocidade vd na direção da fonte F
estacionária que emite frentes de ondas esféricas de comprimento de onda λ e freqüência f
propagando-se com a velocidade do som v.
Figura 1 – Fonte estacionária que emite frentes de ondas esféricas, mostradas com um comprimento de
onda de distância, que se expandem com velocidade v. Detector D com se aproxima da fonte.
Fonte: Adaptado de http://www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/acustica/doppler/doppler.html, acessado 22
de novembro de 2009.
A freqüência registrada por D é a taxa com que este detector intercepta as
ondas. Considerando a fórmula λ = v / f e sabendo que as ondas se deslocam vt em um
intervalo de tempo t em direção de D, este se desloca vdt no mesmo intervalo de tempo em
direção a F, temos que o deslocamento total relativo das frentes de onda em direção a D é (vt
+ vdt), logo o número de ondas que intercepta D no tempo t é a freqüência f’ registrada que é
dada por
Como λ = v / f temos
(1)
Assim a freqüência percebida pelo observador será sempre maior que a
freqüência emitida pela fonte, a menos que vd seja zero. De maneira análoga pode ser
7
deduzida a fórmula quando o detector se afasta da fonte, neste caso o deslocamento total
relativo das frentes de onda em relação a D é dado por (vt – vdt), logo f’ é
(2)
Resumindo os resultados
(3) (detector em movimento fonte em repouso)
O sinal a ser usado depende do movimento do detector, se ele se aproxima da
fonte a freqüência f’ é maior portando o que implica sinal positivo no numerador, caso ele se
afasta o sinal é negativo.
Detector (observador estacionário) em repouso com fonte em movimento.
Na Figura 2 temos um detector D em repouso e uma fonte F se move com
velocidade vf, o movimento da fonte afeta os comprimentos de onda por ela emitidos, logo
afeta também a freqüência registrada por D.
Figura 2 – Detector D em repouso. Fonte F em movimento com velocidade vf se aproximando de D. A
frente de onda F1 foi emitida quando a F estava em S1, F2 quando F estava em S2. Comprimento de onda
afetado λ‟.
Fonte: Adaptado de http://www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/acustica/doppler/doppler.html, acessado 22
de novembro de 2009.
Para calcular essa variação usaremos o período T = 1 / f decorrido da emissão
de duas frentes de ondas quaisquer, F1 e F2. No intervalo de tempo T, a frente de onda F1 se
desloca vT e fonte se desloca vfT. No final desse intervalo F2 é emitida. No sentido em que F
8
se move a distância entre as duas frentes de onda (F1 e F2) que é o comprimento de onda λ’
das ondas se deslocando nesse sentido é (vT – vfT). Portanto D registra a frequencia f’
(4)
Note que f’ será sempre maior que f o menos que vf seja igual a zero. De
maneira análoga pode ser deduzida a fórmula para quando a fonte se afasta do observador,
para tal a distância entre as frentes de onda, ou seja, λ’ é igual a (vT + vfT). Então D registra a
freqüência f’
(5)
Resumindo
(6) (fonte em movimento e observador em repouso)
Para determinar o sinal deve se levar em conta o movimento da fonte, se ela se
aproxima a freqüência f’ deve ser maior que f isso implica que o sinal é negativo, caso
contrário o sinal é positivo.
Fonte e detector (observador) em movimento
Combinando as equações (3) e (6), obtemos uma equação geral para o efeito
Doppler do som, onde tanto a fonte como o detector se movem em relação ao ar.
(7) (fonte e observador em movimento)
Fazendo vf = 0, obtemos a equação (3) e fazendo vd = 0, obtemos a equação (6).
As considerações de sinais são feitas individualmente para o numerador e denominador
seguindo o mesmo raciocínio das equações (3) e (6) respectivamente.
Como foi dito anteriormente o efeito Doppler se aplica também a ondas
eletromagnéticas, mas não foi possível sua comprovação prática e nem exatidão teórica, na
9
época. Podendo ser comprovada um bom tempo depois com o surgimento da Teoria da
Relatividade Restrita proposta pelo físico Einstein em 1905. Em seu artigo intitulado Zur
Elektrodynamik beweter Körper (“Sobre a Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento”)
mostrou que esse efeito pode ser obtido diretamente dessa teoria.
Portanto para a demonstração do efeito Doppler Relativístico será feita uma
breve introdução a Teoria da Relatividade Restrita.
TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
Até meados de 1900 os a maioria dos intelectuais admitiam que o tempo fosse
absoluto, independentemente do referencial escolhido. Porém um físico chamado Hendrik
Lorentz começou a estudar o eletromagnetismo e a partir de disso formulou o que é hoje
conhecido como Transformações de Lorentz (veja ANEXO A), baseado no fato de que a
razão entre as forças eletromagnéticas estão sujeitas a pequenas alterações devido a seu
movimento, resultando em uma contração momentânea do tamanho dos corpos em
movimento. Abrindo caminho para o desenvolvimento da Relatividade Restrita proposta por
Einstein.
Em 1905 aos vinte e cinco anos de idade Einstein publicou três artigos de
extraordinária importância cientifica. Um sobre o movimento browniano, um segundo sobre o
efeito fotoelétrico (que lhe garantiu um Prêmio Nobel). Por último um sobre a teoria de
relatividade restrita, propondo uma revisão drástica dos conceitos newtonianos de espaço e
tempo.
Esta teoria resumidamente propõe que as leis físicas devem ser as mesmas em
qualquer sistema de referência inercial e que a velocidade da luz no vácuo deve ser sempre a
mesma em qualquer sistema de referência inercial. Denomina-se relatividade restrita, pois só
é definida em sistemas de referência inercial e sem a influência de campos gravitacionais, em
1915 Einstein desenvolveu a teoria da relatividade geral que abrange as limitações anteriores.
10
Estes dois postulados simples propostos por Einstein possuem conseqüências importantes
como: (1) Um evento que ocorre simultaneamente com outro em relação a um observador
pode não ocorrer simultaneamente em relação a outro observador. (2) Quando existe
movimento relativo entre dois observadores e eles fazem medidas de tempo e distância, os
resultados podem não concordar. (3) Para que a lei da conservação de energia e a lei da
conservação do momento linear sejam as mesmas em qualquer sistema de referência inercial,
a segunda lei de Newton e as equações da energia cinética devem ser reformuladas.
A relatividade restrita pode parecer contrária a intuição, mas a teoria concorda
solidamente com as observações experimentais. Uma contrariedade intuitiva é admitir que o
tempo possa ter medidas diferentes em referencias inerciais diferentes. Para provar isso serão
feitas deduções simples.
Primeiro postulado de Einstein
“As leis físicas são as mesmas em qualquer sistema de referência inercial”,
caso houvesse alguma lei diferente, ela serviria para distinguir um sistema de referência
inercial de outro. Um exemplo é a força eletromotriz (fem) induzida em uma bobina pelo
movimento de um imã nas suas vizinhanças. No sistema de referência no qual a bobina está
em repouso, o imã se movimenta e induz uma fem. No sistema que o imã está em repouso a
bobina se movimenta e também induz uma fem. De acordo com o primeiro postulado, ambos
os pontos de vista são válidos e fazem a previsão da mesma fem.
Segundo postulado de Einstein
“A velocidade da luz no vácuo é sempre a mesma (constante „c‟ =
299.792.458 m/s, exata) em qualquer sistema de referência inercial e não depende da
velocidade da fonte”, para explicar melhor será usado um exemplo. Suponha que dois
observadores meçam a velocidade da luz no vácuo, ambos em sistemas de referência inercial.
De acordo com o primeiro postulado os dois devem obter o mesmo resultado, mesmo que
11
exista movimento relativo entre eles. Imagine que o primeiro observador (observador A) está
dentro de um ônibus espacial em orbita, há uma velocidade de aproximadamente 7770 m/s. O
segundo observador (observador B) está em repouso na superfície da Terra e pode ver o
ônibus espacial.
Em um dado momento o ônibus espacial acende um farol, emitindo um feixe
de luz na mesma direção de seu movimento, para A a velocidade desse feixe é c, mas para o B
pela mecânica newtoniana esse feixe teria velocidade de (c + 7770)m/s, o que contradiz o
primeiro e segundo postulado, portanto o B deve medir o valor c e não (c + 7770)m/s. Isso
não concorda com o senso comum porque a nossa intuição é baseada em experiências do
cotidiano, que geralmente não incluem velocidades próximas a da luz. Segue a Figura 3 como
representação
Figura 3 – Representação da constância da velocidade da luz no vácuo.
Situação imaginária e fora de escala.
Fonte: Autoria própria.
Agora suponha que o ônibus espacial esteja em órbita com a velocidade da luz
c em relação ao observador B VA/B = c m/s. Para B o feixe de luz também se desloca com
12
velocidade c, ou seja, como o ônibus espacial e luz se deslocam a mesma velocidade, a luz
deve ficar sempre no mesmo ponto do espaço que fica o ônibus. Porém de acordo com o
segundo postulado, concluímos que para A a luz também se desloca com velocidade c,
portanto o feixe de luz não pode ficar sempre no mesmo ponto do espaço. Este resultado é
contraditório levando a conclusão que nenhum observador inercial pode se deslocar com a
velocidade da luz no vácuo.
Compreendido os postulados de Einstein voltamos ao ponto inicial como o
tempo pode ter medidas diferentes em referenciais distintos?
Figura 4 – (a) Medida de ∆t0, trajetória do pulso de luz visto pelo observador A.(b) Medida de ∆t,
trajetória do pulso de luz visto pelo observador B.
Fonte: Adaptado de SEARS E ZEMANSKY. Física IV, 10 ed. 2007, p. 147.
Novamente vamos considerar uma experiência imaginária. Um observador A e
um observador B ambos em sistemas de referência inercial S‟ e S respectivamente. O sistema
S‟ (imagine um trem com o observador A dentro) se move com velocidade constante u em
relação ao sistema S. De acordo com o explicado anteriormente u deve der menor que c. A
mede um intervalo de tempo ∆t0 entre dois eventos que ocorrem em um mesmo ponto do
espaço de S‟, ponto O‟. O primeiro evento é a emissão de um pulso de luz a partir de O‟ e o
segundo é a o retorno do pulso ao mesmo ponto, depois de refletido por um espelho situado a
uma distância d (imagine uma fonte de luz no chão do trem como o ponto O‟ que emite um
pulso na vertical atingindo um espelho no teto que o reflete novamente para O‟ à distância d é
a altura do teto). Para facilitar o entendimento veja a Figura 4a. O pulso de luz nesse sistema
percorre um distância 2d, de modo que ∆t0 é dado por
13
(8)
O observador B mede um intervalo de tempo ∆t diferente, pois em seu sistema
de referencia S os dois eventos ocorrem em pontos diferentes do espaço, durante o intervalo
de tempo ∆t a fonte se deslocou uma distância u∆t em relação a S (imagine B vendo o trem se
deslocando e junto o ponto O). Então para B a distância que o pulso percorreu não é 2d e sim
um valor 2l (veja a Figura 4b) maior dado por
(9)
Para isso é necessário admitir que ambos os observadores meçam a mesma
distância de d (prova em ANEXO B). Como a velocidade da luz é constante o intervalo de
tempo em S para o percurso de ida e volta do pulso é
(10)
Deseja-se saber a relação entre ∆t0 e ∆t que não dependa de d. Para isso
explicitamos d na equação (8) e algebricamente temos
(11)
(11) → (10)
14
(12)
Sendo
(13)
Temos
(14) (dilatação do tempo)
Gráfico 1 – Curva do valor de gama (γ) de acordo com a variação da velocidade u em relação à ao sistema
S.
Fonte: SEARS E ZEMANSKY. Física IV, 10 ed. 2007, p. 150.
Como u é sempre menor que c temos que γ é sempre maior ou igual a um (veja
o Gráfico 1) logo ∆t é sempre maior que ∆t0 ocorrendo à dilatação do tempo. Existe apenas
um sistema de referência inercial para o qual um relógio está em repouso, existindo uma
infinidade de sistemas para o qual este relógio possui velocidade relativa. Portanto o intervalo
de tempo entre dois eventos que ocorrem no mesmo ponto, em um referencial que o relógio
encontra-se em repouso é uma grandeza mais fundamental do que o intervalo de tempo entre
dois pontos distintos e denomina-se tempo próprio. Assim todo observador que se desloca
em relação a um relógio mede um tempo mais longo.
EFEITO DOPPLER RELATIVÍSTICO
Tendo compreendido as explanações anteriores será agora demonstrada à
dedução da fórmula do efeito Doppler Relativístico, tratando período T como ∆t. No
referencial do observador O temos
15
, momento que a fonte F emite o sinal eletromagnético de S1
, instante em que o sinal chega a O
∆tf em relação a F (tempo próprio) momento quando F emite outro
sinal em S2, sendo ∆to’ no referencial do observador
, instante que este último sinal chega a O
d a distância S2 – S1
vf velocidade de F em relação a O
f freqüência emitida pela fonte F
fo freqüência aparente registrada pelo observador O
θ ângulo formado entre a direção de F e a direção da trajetória de uma
onda eletromagnética emitida por F que chega até O (ângulo entre e r1
e a direção de F)
Figura 5 – Fonte F em movimento com velocidade v relativa ao observador O (ambos em sistemas de
referência inercial), no momento em que F está em S1 no seu referencial é emitido uma onda
eletromagnética que percorre uma distância r1 até chegar a O, o mesmo ocorre em S2 percorrendo a
distância r2 até O. O observador O está suficientemente longe da fonte de modo que possa se considerar r1
paralelo a r2 (representado por r2‟, o ângulo entre r1 e direção de F é o mesmo que o de r2‟ e F, igual a θ).
Fonte: Autoria própria.
Então o tempo entre a recepção dos sinais por O em seu referencial é
(15)
16
Considerando que a fonte F esteja longe do observador O, podemos admitir
que os sinais sejam retas paralelas (assim r2 é aproximadamente r2’, paralelo a r1 veja a Figura
5) e que portanto a diferença de percurso dos sinais é de aproximadamente
(ângulo entre r1 e trajetória da fonte, veja a Figura 5) e que , de modo que
podemos reescrever (15) como:
(15)
Classicamente, , ou seja, ∆to’ = ∆tf não ocorrendo
dilatação do tempo (classicamente o tempo no referencial do observador seria o mesmo que
no da fonte, dissolvendo o conceito de tempo próprio), de modo que
(16) (clássico)
Se θ = ± 90°, fo = f. Caso θ seja igual a 0° pela Figura 3 F se aproxima de O e
quando θ é igual a 180°, F se afasta de O. Fornecendo casos dois casos particulares
(17)
Que é similar a fórmula do efeito Doppler acústico com a fonte em movimento
e o observador em repouso (ver fórmula (6)).
Porém a partir da Teoria da Relatividade Restrita sabe-se que pois
ocorre uma dilatação do tempo e ∆tf é um tempo próprio medido no referencial da fonte F.
Portanto ∆to’ é dado por
(18)
Logo reescrevendo (15) temos que a fórmula para o efeito Doppler
Relativístico é
(19) (efeito Doppler Relativístico)
Algumas observações importantes têm que ser levadas em consideração.
17
Figura 6 – Espectro eletromagnético.
Fonte: http://www.vision.ime.usp.br/~ronaldo/mac0417-03/aula_02/espectro_03.jpg, acessado em 22 de
novembro de 2009.
Caso θ seja igual a 0° (aproximando) temos
Como γ é igual
Desenvolvendo algebricamente
18
(20)
Note que fo será sempre maior que f, fenômeno chamado de “blueshift” (como
representação do aumento da freqüência) que refere-se ao espectro visível, fo se aproxima do
azul como era esperado (veja Figura 6).
Para θ = 180° (afastando) de maneira análoga chega-se a
(21)
Note que para esse caso fo será sempre menor que f, fenômeno chamado de
“redshift” (como representação da diminuição da freqüência) que refere-se ao espectro
visível, fo se aproxima do vermelho como era esperado (veja Figura 6).
Para θ = ± 90° (ortogonal) temos
(22)
Este caso é puramente relativístico, chamado de efeito Doppler transversal,
pois é conseqüência direta da dilatação do tempo.
O efeito Doppler que foi explicado possui implicações importantes na
tecnologia e como parte de outras teorias, serão apresentadas algumas delas.
IMPLICAÇÕES CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS
Utilização de recursos computacionais para simulações de previsão teórica são
cada vez mais usadas no meio cientifico. Utilizando-se desse recurso podemos fazer uma
previsão de como seria viajar a velocidades próximas a da luz. Será usado o método de Ray
Tracing.
19
Primeiro temos uma fonte de luz estacionária de cor laranja, representada na
Figura 7.
Figura 7 – Velocidade = 0c, nenhum efeito relativístico é observado. Está cor (laranja do espectro visível)
foi escolhida de modo que quando for visualizado o efeito Doppler a freqüência observada não saia do
espectro visível.
Fonte: http://w3.impa.br/~lvelho/i3d07/demos/cicconet/, acessado em 23 de novembro de 2009.
Ao se mover em sua direção com velocidade 0.2c temos a representação pela
Figura 8.
Figura 8 – Velocidade = 0.2c, ocorre o efeito de Aberração da Luz (não explicado aqui) e o efeito Doppler,
a freqüência aparente é maior que a original. Outros possíveis efeitos são desconsiderados.
Fonte: http://w3.impa.br/~lvelho/i3d07/demos/cicconet/, acessado em 23 de novembro de 2009.
Pela previsão teórica ao se aproximar da fonte a freqüência aparente se tornaria
maior (“blueshift”), como está representado na Figura 8. A freqüência aparente para essa
velocidade pode ser obtida a partir da fórmula (20) sendo igual a . Supondo que f
= 4,9 x 10-14
Hz (laranja) então fo = 6 x 10-14
Hz (verde perto de ciano). Para velocidades
20
maiores que 0.43c a freqüência já sai do espectro visível. Assim seria necessário um
“visualizador de ondas ultravioletas”.
Essa mudança de cor do espectro visível tem uma grande importância na
Teoria de Expansão do Universo, em 1929 um astrônomo americano chamado Hubble
descobriu, analisando linhas espectrais características de alguns elementos (como o
hidrogênio) de galáxias distantes comparando-as com as mesmas linhas desse espectro aqui
na Terra, que essas linhas eram desviadas para o vermelho, ou seja, ocorre um redshift. Para
exemplificar suponha que uma galáxia seja basicamente composta por hidrogênio e que seu
espectro aqui na Terra usando a série de Balmer emite com maior intensidade a radiação com
comprimento de onda 656,3 nm, quando analisado este mesmo espectro emitido pela galáxia
encontrou-se o comprimento de onda 893,5 nm, sabendo que f = c/λ temos que a freqüência
aparente fo obtida é menor que a da série de Balmer fo < f, logo ocorreu um redshift e a
galáxia se afasta a uma velocidade dada pela equação (21)
Então a galáxia se afasta a uma velocidade de 0.301c calculada através do
efeito Doppler relativístico e com o conhecimento prévio da série de Balmer. A distância
entre as galáxias também podem ser calculadas tendo a velocidade relativa de afastamento ou
aproximação e a constante e Hubble (ainda não defina) pela equação .
Outra aplicação importante do efeito Doppler relativístico é o radar,
equipamento que emite um pulso eletromagnético que atingindo um alvo por reflexão retorna
ao aparelho que pode medir a distância e velocidade. A distância é medida por um principio
básico que é o tempo de ida e volta do pulso multiplicado pela velocidade da luz e dividido
por dois. Já a velocidade utiliza do efeito Doppler relativístico quando o pulso chega
21
novamente no radar este registra uma freqüência aparente diferente da emitida, com isso ele
calcula a velocidade do objeto e fornece se está aproximando ou afastando (freqüência
aparente maior ou menor, respectivamente). Os radares podem ser utilizados em diversas
áreas como, por exemplo:
No trânsito para saber se um veículo excede ou não a velocidade limite.
Na aeronáutica para auxilio no controle de tráfego aéreo determinando com
precisão altitude, velocidade e posição de uma aeronave.
No exercito para detectar ataques aéreos e terrestres, precisão de ataques a
alvos localizados a longa distância.
Na metrologia para a medida da velocidade de ventos e chuvas, possibilitando
uma previsão mais precisa e alertando sobre a violência de uma tempestade.
Entre outras aplicações. O efeito Doppler também pode ser aplicado à
comunicação via satélite, pois o movimento relativo entre o satélite e o receptor na terra pode
causar interferência e imprecisão na comunicação devido a alterações de freqüência, que
podem ser corrigidas utilizando conceitos do efeito Doppler. Essas e outras são as aplicações
do efeito Doppler.
22
CONCLUSÃO
A partir deste trabalho foi possível compreender um pouco mais sobre
movimentos próximos à velocidade da luz, que diferem muito do senso comum, pois no
cotidiano as velocidades são muito menores. É mais comum presenciar o efeito Doppler
acusticamente com seus princípios clássico, por exemplo, quando uma ambulância passa perto
de um observador, mesmo porque no cotidiano ninguém pode “furar” o sinal vermelho de
transito com seu carro por vê-lo verde devido a sua alta velocidade (aproximadamente 0.26c).
Seus princípios relativísticos são mais utilizados no espaço e com partículas minúsculas.
Também foi possível perceber como avança a ciência com o decorrer do
tempo, primeiro foi descoberto o efeito com suas características clássicas, depois foi
comprovado e bem depois foram descoberta suas características relativísticas. A ciência é
uma soma de conhecimento, mesmo que os conceitos anteriores não sejam completos ou
errados ainda são necessários para a compreensão dos conceitos atuais, e muitos deles
possuem aplicações práticas, pois suas aproximações são o suficiente. Por exemplo, a
dilatação do tempo ela acontece para velocidades bem menores que a da luz, mas estes efeitos
são tão pequenos que a teoria clássica de tempo é o suficiente para caracterizá-los.
23
REFERÊNCIAS
[1] HALLIDAY, David. RESINIK, Robert. WALKER, Jearl. Fundamentos de Física 2:
Gravitação, Ondas e Termodinâmica. 4 ed. Volume 2. São Paulo. LTC. 1997.
[2] YOUNG, D. Hung; FREEDEMAN, A. Roger. Sears e Zemansky Física IV: Ótica e
Física Moderna. 10 ed. Volume 4. São Paulo: Pearson Education. 2007.
[3] Comissão de Normalização de Trabalhos Acadêmicos. Normas para elaboração de
trabalhos acadêmicos/ Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Disponível em: <http://www.utfpr.edu.br/documentos/normas_trabalhos_utfpr.pdf>.
Acessado em: 21 de novembro de 2009.
[4] ELSEVIER PUBLISHING COMPANY. Nobel Prize in Physics.
Disponível em: <http://www.huwu.org/nobel_prizes/physics/laureates/1902/lorentz-bio.html>
Acessado em: 21 de novembro de 2009.
[5] PONTES, Marcos. O Ônibus Espacial.
Disponível em: <http://360graus.terra.com.br/expedicoes/default.asp?did=22896&action=
Coluna>. Acessado em: 21 de novembro de 2009.
[6] BATISTA, Ronaldo Carlotto. Efeito Doppler para a Luz.
Disponível em: <http://plato.if.usp.br/~fma0374d/aula6/node3.html>. Acessado em: 21 de
novembro de 2009.
[7] ATIVIDADES EXPERIMENTAIS. Christian Johann Doppler.
Disponível em: <http://fisicomaluco.com/experimentos/christian-johann-doppler/>. Acessado
em: 21 de novembro de 2009.
[8] IAZZETTA, Fernando. Efeito Doppler.
Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/acustica/doppler/doppler.html>.
Acessado em: 22 de novembro de 2009.
24
[9] BASSALO, José Maria. O Efeito Doppler-Fizeau.
Disponível em: <http://www.searadaciencia.ufc.br/folclore/folclore107.htm>. Acessado em:
22 de novembro de 2009.
[10] Imagem encontrada no Google imagens.
Disponível em: <http://www.vision.ime.usp.br/~ronaldo/mac0417-03/aula_02/espectro
_03.jpg>. Acessado em: 22 de novembro de 2009.
[11] CICCONET, Marcelo. Visualização Relativística Usando Ray Tracing e Image Based
Rendering.
Disponível em: <http://w3.impa.br/~lvelho/i3d07/demos/cicconet/>. Acessado em: 23 de
novembro de 2009.
[12] SLOAN DIGITAL SKY SURVEY. O Diagrama de Hubble e o Universo em Expansão.
Disponível em: <http://cas.sdss.org/dr7/pt/proj/basic/universe/interpreting.asp>. Acessado
em: 24 de novembro de 2009.
[13] BRAIN, Marshall. Como funciona o radar.
Disponível em: < http://ciencia.hsw.uol.com.br/radar.htm>. Acessado em: 24 de novembro de
2009.
25
ANEXOS
ANEXO A
Transformações de Lorentz
Figura A.1 – A posição da partícula P pode ser descrita pelas coordenadas x y de um sistema de referência
inercial S ou por x‟ e y‟ de S‟. O sistema S‟ se desloca em relação os sistema S com velocidade constante v
ao longo do eixo x – x‟ comum. A duas origens O e O‟ coincidem em t=0=t‟.
Fonte: http://www.watermanpolyhedron.com/images/galf1.jpg, acessado em 23 de novembro de 2009.
A transformação galileana das coordenadas para os sistemas da Figura A.1 é
Já para as transformações de Lorentz são
ANEXO B
Prova apresentada no livro YOUNG. D. Hung; FREEDEMAN. A. Roger.
Sears e Zemansky Física IV: Ótica e Física Moderna. 10 ed. São Paulo: Pearson Education.
2007.
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Figura B.1 – As duas réguas estão em direções perpendiculares à direção da velocidade relativa, de modo
que, para qualquer valor de u, tanto Stanley quanto Mavis concluem que ambas as réguas possuem o
mesmo comprimento de um metro.
Fonte: SEARS E ZEMANSKY. Física IV, 10 ed. 2007, p. 153.
Os comprimentos medidos em direções perpendiculares à direção da
velocidade relativa não sofrem contração. Para provar isso, considere duas réguas idênticas.
Uma régua está em repouso no sistema de referência S e está sobre o eixo Ou com uma de
suas extremidades no ponto O, a origem do sistema S. A outra régua está em repouso no
sistema S’ e está sobre o eixo Oy’ com uma de suas extremidades no ponto O’, a origem do
sistema S’. O sistema S’ se move no sentido positivo do eixo Ox em relação ao sistema S. Os
observadores Stanley e Mavis estão em repouso, respectivamente, no sistema S e no sistema
S’. No instante inicial, quando as duas origens coincidem, as duas retas estão sobre a mesma
linha reta. Nesse instante Mavis marca a posição correspondente a 50 cm de sua própria régua
sobre a de Stanley, e Stanley faz a mesma marca sobre a régua de Mavis.
Para facilitar o raciocínio, suponha que Stanley observe a régua de Mavis com
um comprimento maior que a sua própria régua. Então a marca que Stanley fez na régua de
Mavis estaria abaixo do centro da régua. Nesse caso, Mavis pensaria que a régua de Stanley
ficou mais curta, uma vez que metade do comprimento da régua dele coincide com menos da
metade de sua régua. Portanto ela observaria a contração da régua de Stanley, enquanto
Stanley observaria um aumento da régua de Mavis. Porém isso implica uma assimetria entre
os dois sistemas de referência, contrariando o postulado fundamental da relatividade, segundo
o qual todos os sistemas de referencia inércias são equivalentes. Concluímos que a
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consistência com o principio da relatividade exige que ambos observadores vejam réguas do
mesmo tamanho, embora um observador encontre-se em repouso e outro em movimento.
Portanto não existe nenhuma contração do comprimento quando duas réguas estão dispostas
perpendiculares à direção da velocidade relativa.