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i MONALISA NOGUEIRA COSTA EFEITOS AGUDOS DA SINVASTATINA SOBRE CÉLULAS-TRONCO NEOPLÁSICAS EM MODELO MURINO DE CARCINOMA MAMÁRIO INVASIVO INDUZIDO POR 7,12-DIMETIL-BENZ(A)ANTRACENO (DMBA) CAMPINAS 2015

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MONALISA NOGUEIRA COSTA

EFEITOS AGUDOS DA SINVASTATINA SOBRE CÉLULAS-TRONCO

NEOPLÁSICAS EM MODELO MURINO DE CARCINOMA MAMÁRIO

INVASIVO INDUZIDO POR 7,12-DIMETIL-BENZ(A)ANTRACENO

(DMBA)

CAMPINAS

2015

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iii

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

MONALISA NOGUEIRA COSTA

EFEITOS AGUDOS DA SINVASTATINA SOBRE CÉLULAS-TRONCO

NEOPLÁSICAS EM MODELO MURINO DE CARCINOMA MAMÁRIO

INVASIVO INDUZIDO POR 7,12-DIMETIL-BENZ(A)ANTRACENO

(DMBA)

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos

exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências.

ORIENTADOR: ANDRÉ ALMEIDA SCHENKA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA MONALISA NOGUEIRA COSTA, E ORIENTADA PELO

PROF. DR. ANDRE ALMEIDA SCHENKA

___________________________________

Assinatura do Orientador

CAMPINAS

2015

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vii

RESUMO

A sinvastatina pertence à classe das estatinas, drogas capazes de inibir a enzima

3-hidroxi-3-metil-glutaril-coenzima A redutase (HMG-CoA redutase), interferindo

desse modo com a síntese intracelular e os níveis plasmáticos de colesterol no

organismo. Embora tradicionalmente utilizadas na prevenção primária e

secundária de doenças cardiovasculares, as estatinas vêm sendo testadas nas

últimas décadas como possíveis drogas antineoplásicas em estudos

experimentais pré-clínicos. Parte da ação antineoplásica demonstrada até o

momento parecer estar relacionada a um efeito inibitório sobre as chamadas

células-tronco neoplásicas (CTNs), que representam uma pequena subpopulação

celular emleucemias e tumores sólidossendo consistentemente associadasa(1)

potencial metastático, (2) à resistência a quimio- e radioterapias, e (3) a pior

prognóstico. Estudos realizados por este grupo de pesquisa confirmam os efeitos

antitumorais e anti-CTN da sinvastatina quando esta é administrada cronicamente,

em dosesrelativamente baixas (i.e., comparáveis às doses antidislipidêmicas, em

humanos). Contudo, até o presente momento, não há registros na literatura sobre

a existência de efeitos antineoplásicos ou anti-CTN agudos, utilizando-se o

referido fármaco em doses altas. Em outras palavras, não existem evidências de

que a sinvastatina poderia ser utilizada com sucesso em um esquema posológico

intermitente de alta dosagem (quimioterapia clássica em ciclos). Assim sendo, o

objetivo principal do presente trabalho foi confirmar e caracterizar a ocorrência de

efeitos antineoplásicos e anti-CTN com o uso de sinvastatina em regime agudo e

de alta dosagem. Para tanto, ratas Sprague-Dawley portadoras de carcinomas

mamários invasivos induzidos por 7,12-dimetil-benz-(a)- antraceno (DMBA) foram

tratadas com uma dose única intragástrica de sinvastatina (250mg/kg; n=6) ou de

seu diluente (óleo de soja; n=6), sendo os efeitos sobre a morte celular, atividade

proliferativa e expressão imunoistoquímica de marcadores CTN clássicos

avaliados 24h depois. Observou-se que o tratamento com sinvastatina promoveu

agudamente uma redução do índice de proliferação celular (de cerca de 54%;

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p=0.037), associada a uma diminuição nas expressões de algunsmarcadores

CTN, tais como ALDH1 (74%, p=0.004) e OCT3/4 (72%; p=0.036). Em

contrapartida, não observamos alterações na frequência de células CD44+,

CD133+, EPCAM+, CD24-/CD44+ ou CD133+/EPCAM+ (p>0.05), tão pouco no

número de células em apoptose (células positivas para caspase 3).

Paradoxalmente, encontramos um aumento na frequência relativa de células

CD24+ de cerca de 17X (p=0.010). Em conclusão, pode-se afirmar que a

sinvastatina em dose alta apresenta precocemente (agudamente): (1) ação

antineoplásica do tipo citostática (já que reduz a proliferação celular, sem causar

morte) e (2) anti-CTN limitada (isto é, restrita a células que expressam ALDH1 e

OCT3/4).

Palavras-chave*: Sinvastatina, Células-Tronco, Câncer de Mama, DMBA,Imuno-

Histoquímica.

* Extraídas de vocabulário controlado da área, isto é, do DeCS (Descritores em

Ciências da Saúde), disponível emhttp://decs.bvs.br (última consulta: 01/12/2014).

A grafia (incluindo uso de maiúsculas/minúsculas) segue a recomendação do

DeCS.

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ix

ABSTRACT

Simvastatin belongs to a group of pharmacological agents called statins – drugs

that inhibit 3-hydroxy-3-methyl-glutaryl-coenzyme A reductase (HMG-CoA

reductase), thus interfering with the intracellular synthesis and serum levels of

cholesterol in the organism. Although traditionally used in primary and secondary

prevention of cardiovascular diseases, statins have been tested in the last decades

as putative antineoplastic drugs, in pre-clinical (experimental) studies. Part of the

antineoplastic action so far demonstrated seems to be related to an inhibitory effect

on the so-called cancer stem cells (CSCs), a small cell subpopulation of leukemias

and solid tumors, which are consistently associated to (1) metastatic potential, (2)

chemo- and radiotherapy resistance, and (3) worse prognosis. Accumulated

evidence provided by this group confirm the anti-tumoral and anti-CSC effects of

simvastatin, when it is given chronicallyand in relatively low doses (i.e., similar to

antidyslipidemic doses, in humans). However, up to the present moment, there are

no records in the literature describing the existence of acute antineoplastic or anti-

CSC effects using the mentioned drug in high doses. In other words, there is no

evidence that simvastatin could be used successfully in an intermittent high-

dosage schedule (classic cyclic chemotherapy). Therefore, the main goal of the

present study was to confirm and characterize the antineoplastic and anti-CSC

effects of an intermittent single high-dosage schedule of simvastatin.In order to do

so, female Sprague-Dawley rats bearing invasive carcinomas previously induced

by 7,12-dimethyl-benz-(a)- anthracene (DMBA) were treated with a single

intragastric doseof simvastatin (250mg/kg; n=6) orofits diluent (soy oil; n=6), and

the effects oncell death, proliferation activity and immunoexpression of classic CSC

markers were assessed 24h later. Treatment with simvastatin resulted, acutely, in

a reduction of proliferation index (of approximately 54%, p=0.037), associated to a

decrease in the expression of some of the CSC markers, such as ALDH1 (74%,

p=0.004) and OCT3/4 (72%; p=0.036). On the other hand, there were no

significant alterations in the frequency of CD44+, CD133+, EPCAM+, CD24-

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/CD44+ or CD133+/EPCAM+ cells (p>0.05), nor in the number of apoptotic cells

(caspase 3+ cells). Paradoxically, we found a 17-fold increase in the frequency of

CD24+ cells (p=0.010). In conclusion, high-dose simvastatin presents acutely

(early) with: (1) a cytostatic antineoplastic action (since it reduces cell proliferation

but not cell death) and (2) a limited anti-CSCeffect (i.e., restricted to ALDH1+and

OCT3/4+ cells).

Keywords*: Simvastatin, Stem Cells, Breast Cancer, DMBA, Imunohistochemistry.

* According to DeCS (“Descritores em Ciências da Saúde”), available

athttp://decs.bvs.br (last access: 12/01/2014).

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA xiii

AGRADECIMENTOS xv

LISTA DE FIGURAS xvii

LISTA DE TABELAS xix

LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS xxi

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. Sinvastatina 1

1.2. Células-tronco neoplásicas e carcinoma mamário 10

1.3. Estatinas e células-tronco neoplásicas mamárias 18

1.4. Justificativas 20

2. OBJETIVOS 21

3. MATERIAL & MÉTODOS 23

3.1. Aspectos éticos 23

3.2. Locais de realização do trabalho 23

3.3. Animais 24

3.4. Delineamento experimental 1: estabelecimento da dose-teste de

sinvastatina

24

3.5. Delineamento experimental 2: efeitos antineoplásicos e anti-CTN

agudos da dose teste de sinvastatina

27

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xii

3.6. Análise estatística 45

4. RESULTADOS 47

4.1. Escolha da dose-teste: resultados da avaliação bioquímica 47

4.2. Efeitos agudos da sinvastatina na dose-teste selecionada

(250mg/Kg)

5. DISCUSSÃO 78

5.1. Primeira parte: efeitos farmacológicos agudos no animal Sprague-

Dawley normal e seleção da dose-teste ideal

78

5.2. Segunda parte: ação antineoplásica e anti-CTN da sinvastatina 84

6. SÍNTESE DE RESULTADOS E CONCLUSÕES 90

7. REFERÊNCIAS 92

8. ANEXOS 102

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xiii

DEDICATÓRIA

Aos animais

“Foste um instrumento de nosso aprendizado?

Foste apenas um objeto de experiência?

Não!

Foste para nós, vítimas solicitadas pela ciência, para benefício da

Humanidade, porém, apesar do teu olhar mudo e de não teres permissão

da palavra , isso não nós impedirá de dizer-te sempre:muito obrigado.”

(Autor Desconhecido)

Dedico este trabalho...

…a toda a minha família por terem me dado o dom da vida e o carinho

incondicional para seguir em frente sempre.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser a Inteligência Suprema e a Causa Inicial de tudo.

Agradeço aos meus guias espirituais por estarem sempre ao meu auxílio quando

preciso.

Agradeço ao professor André Almeida Schenka pela oportunidade e pela

orientação.

Agradeço ao meu amigo André Rennó sem o qual eu não teria conseguido realizar

meu projeto.

Agradeço aos amigos do laboratório Valéria e Philipi pela inestimável ajuda.

Agradeço a toda a Equipe do Hospital A. C. Camargo pelo auxílio na confecção

dos TMAs e no escaneamento das lâminas de imunoistoquímica

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xvii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Biossíntese do colesterol, ação enzimática da HMG-CoA

redutase e ação inibitória das estatinas.

3

Figura 2. Estruturas químicas dos inibidores da 3-hidroxi-3-metil-glutaril

coenzima A redutase (HMG-CoA redutase).

4

Figura 3: Fotomicrografias ilustrativas dos padrões de imunomarcação

previstos na classificação da positividade para o produto do oncogene

HER2/neu.

41

Figura 4. Perfil lipídico. 49

Figura 5. Perfil hepático. 52

Figura 6. Fotomicrografias representativas de tecido hepático (zona 3

acinar) de animais sem tratamento farmacológico (A) ou tratados com

sinvastatina nas doses de 125mg/Kg (B), 250mg/Kg (C) e 500mg/Kg.

Figura 7.Fotomicrografias representativas de tecido hepático (espaço

porta) de animais sem tratamento farmacológico (A) ou tratados com

sinvastatina na dose de 125mg/Kg (B), 250 mg/Kg (C) e 500 mg/Kg.

53

Figura 8. Dosagem de creatina quinase sérica (miotoxicidade). 55

Figura 9. Fotomicrografias representativas de tecido muscular

esquelético estriado (músculo masseter) de animais sem tratamento

farmacológico (A) ou tratados com sinvastatina nas doses de 125mg/Kg

(B), 250mg/Kg (C) e 500mg/Kg.

56

Figura 10. Crescimento volumétrico tumoral em 24h. 1

Figura 11. Incremento volumétrico tumoral em 24h (Volume final – 59

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xviii

Volume inicial).

Figura 12. Número de tumores por animal. 60

Figura 13. Características morfológicas indicativas de resposta

terapêutica.

62

Figura 14. Marcadores imunoistoquímicos indicativos de resposta

terapêutica.

64

Figura 15. Gráficos ilustrativos das diferenças entre grupo controle (sem

tratamento) e experimental (tratamento com sinvastatina), com relação à

expressão imunoistoquímica dos marcadores de células-tronco

neoplásicas (CTN).

67

Figura 16. Gráficos ilustrativos das diferenças entre grupo controle (sem

tratamento) e experimental (tratamento com sinvastatina), com relação à

expressão imunoistoquímica dos marcadores de células-tronco

neoplásicas (CTN) ALDH1 (A) e OCT3/4 (B).

68

Figura 17. Fotomicrografias ilustrativas das principais imunocolorações

realizadas no trabalho.

69

Figura 18. Gráficos representativos da percentagem de células

expressando receptores hormonais nos grupos controle e experimental.

72

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xix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Propriedades farmacocinéticas de diferentes estatinas. 7

Tabela 2. Principais marcadores imunofenotípicos de CTN, em

diferentes neoplasias malignas.

14

Tabela 3. Monomarcadores (single markers) de células-tronco e suas

principais características.

33

Tabela 4. Marcadores de CTN para estudos de dupla marcação (perfil

CTN) e suas características principais.

35

Tabela 5. Monomarcadores (single markers) de prognóstico e resposta

terapêutica e suas principais características.

37

Tabela 6. Classificação “alternativa” dos carcinomas da mama em

subtipos moleculares intrínsecos.

38

Tabela 7.Status de positividade para receptor de estrógeno em animais

controle e experimentais.

73

Tabela 8.Status de positividade para receptor de progesterona em

animais controle e experimentais.

74

Tabela 9.Status de positividade para a superexpressão do oncogene

HER2/neu em animais controle e experimentais.

75

Tabela 10. Subtipagem molecular alternativa simplificada (agrupada)

em animais controle e experimentais.

76

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xxi

LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS

ALDH1- aldeído desidrogenase 1 (Aldehydedehydrogenase 1)

ALT- Alanina transaminase

AST-Aspartato transaminase

CK- Creatinina quinase

CGA-Campo de grande aumento

CMA- Campo de médio aumento

CP- Célula progenitora

CPs- Células progenitoras

CPA- Campo de pequeno aumento

CT- Célula-tronco

CTs- Células-tronco

CTN- Célula-tronco neoplásica

CTNs- Células-tronco neoplásica

DMBA- Dimetilbenz-(a)-antraceno

DAB-diaminobenzidina

EPCAM/ESA- Antígeno epitelial específico (Ephitelial specific antigen)

HDL- Lipoproteína de alta densidade (High density lipoprotein)

HER-2 –Human epidermanl growth factor receptor 2

HMG-CoA - 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A

INCA- Instituto Nacional do Câncer

LDL- Lipoproteína de baixa densidade (Low density lipoprotein)

MNU- n-metil-n-nitrosourea

OCT-4– Octâmero de ligação do fator de transcrição 3/4

OMS- Organização Mundial da Saúde

VLDL- Lipoproteína de baixíssima densidade(Very low density lipoprotein)

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Sinvastatina

A sinvastatina é parte de uma classe de fármacos chamados de estatinas

ou vastatinas. As estatinas inibem a enzima 3-hidroxi-3-metil-glutaril coenzima A

redutase (HMG-CoA redutase), a qual é responsável pela etapa limitante da

biossíntese do colesterol, ou seja, pela conversão de 3-hidroxi-3-metil-glutaril

coenzima A (HMG-CoA) em ácido mevalônico/mevalonato(Figura

1)(SCHACHTER, 2004; MAGALHÃES, 2010; BERSOT, 2012).A HMG-CoA

redutase é encontrada principalmente em hepatócitos. Além do tecido hepático,

outros tecidos periféricos como adrenais, gônadas, coração, vasos sanguíneos,

cérebro e mama também contém a enzima (GIBBONS & PULLINGER, 1983;

BORGQUIST et al., 2008; EISA-BEYGI et al., 2014).

Os vários tipos de estatinas possuem afinidade pelo mesmo sítio ativo da

enzima HMG-CoA redutase, agindo como inibidores competitivos (MAGALHÃES,

2010; BERSOT, 2012).A inibição da HMG-CoA redutase é dada pelo grupo

farmacofórico, um anel aromático hidrofóbico capaz de se ligar de maneira

reversível com o sítio ativo da enzima HMG-CoA (Figura 2) (SCHACHTER, 2004).

O efeito imediato da inibição da HMG-CoA redutase no hepatócito é a redução dos

níveis intracelulares de colesterol. Em resposta a essa redução, ocorre um

aumento na transcrição de receptores de LDL-colesterol. Este aumento na

transcrição (e na incorporação de receptores de LDL à membrana do

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2

hepatócito)resulta, por sua vez,em um aumento da captação do LDL-colesterol

circulante pelo hepatócito e, consequentemente, na redução nos níveis séricos de

LDL (MAGALHÃES, 2010; BERSOT, 2012).

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3

Figura 1.Biossíntese do colesterol, ação enzimática da HMG-CoA redutase e ação

inibitória das estatinas (modificado de SCHACHTER, 2004).

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4

Figura 2. Estruturas químicas dos inibidores da 3-hidroxi-3-metil-glutaril coenzima

A redutase (HMG-CoA redutase). Circulado encontra-se o grupo farmacofórico

responsável pela inibição da ação enzimática que possui semelhança estrutural

com a HMG-CoA(modificado de SCHACHTER, 2004).

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5

O LDL-colesterol corresponde a fração do colesterol sérico ligada a

lipoproteína de baixa densidade, sendo também conhecido como colesterol “ruim”,

devido a sua associação positiva com risco cardiovascular. Em função deste

último efeito, esta classe de drogas é utilizada com frequência na prevenção e no

tratamento de doenças cardiovasculares associadas a dislipidemias

(MAGALHÃES, 2010; BERSOT, 2012).

As estatinas podem ser agrupadas emdrogas lipofílicas(representadas pela

sinvastatina, mevastatina, lovastatina, fluvastatina, atorvastatina e pitavastatina)

ouhidrofílicas(que incluem a rosuvastatina e a pravastatina)(JAKOBISIAK&

GOLAB, 2010). A mevastatina e a lovastatina são compostos naturais (derivados

de fungos); a sinvastatina e pravastatina são moléculas semi-sintéticas, ao passo

que a demais (fluvastatina, atorvastatina, rosuvastatatina, e pitavastatina) são

sintéticas (CHAN et al., 2003; SCHACHTER, 2004; GAUTHAMAN et al., 2009ª).

Essas drogas também se diferenciam quanto às propriedades farmacocinéticas,

conforme pode ser verificado na Tabela 1(CHAN et al., 2003; SIRTORI, 2014).

Apesar das diferenças químicas (em particular de lipofilicidade), de origem

e farmacocinéticas, não se evidenciam grandes diferenças farmacológicas entre

esses compostos, seja do ponto de vista quali- ou quantitativo(NAKAHARAet al.,

1998; GAUTHAMAN et al., 2009ª).Duas exceções dignas de nota ocorrem,

todavia, no plano da toxicidade: fármacos lipofílicos parecem causar efeitos

adversos mais abrangentes (envolvendo principalmente disfunções hepáticas e da

musculatura esquelética estriada) enquanto as drogas hidrofílicas estão mais

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6

frequentemente implicadas em nefrotoxicidade(NAKAHARAet al., 1998;

GAUTHAMAN et al., 2009ª).

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7

Tabela 1. Propriedades farmacocinéticasde diferentes estatinas.

IC50a(

nM)

Absorção

Oral (%)

Biodisponi-

bilidade(%

)

Ligação a

proteína

(%)

T1/2b

(h)

Vdc

(L/Kg)

Metabolismo:

isoenzima

CYP450

Pravastatina 4 35 18 50 1-3 0,46 3A4

Lovastatina 2-4 30 5 >98 2-5 - 3A4

Sinvastatina 1-2 60-65 <5 >95 2-5 - 3A4

Fluvastatina 3-10 98 30 >98 1-3 0,42 2C9

Atorvastatina 1,16 30 12 >98 7-20 5,4 3A4

Rosuvastatina 0,16 50 20 90 20 1,7 2C9

Pitavastatina 0,1 80 60 96 10-13 0,70 2C9

a Concentração capaz de inibir 50% da atividade da HMGCoA redutasedo ensaio.

b Meia-vida de eliminação.

c Volume de distribuição.

Adaptado de: SIRTORI, 2014.

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De uma forma geral, as estatinas são consideradas como drogas seguras,

já que as reações adversas são pouco frequentes(SCHACHTER, 2004). Entre as

reações adversas mais frequentemente observadas encontram-se: (1) a

miotoxicidade (que pode variar desde fadiga e dor muscular leves até quadros de

rabdomiólise, associados ou não com nefrotoxicidade secundária a

mioglobinúria);(2) disfunção hepática (caracterizada por aumentos de

transaminases) e (3) nefrotoxicidade direta(nefrite túbulo-intersticial) (SCHIMIDTet

al., 2001; SCHACHTER, 2004;SIRTORI, 2014). Em função deste perfil de

toxicidade, é prática comum a coleta de exames laboratoriais (i.e., perfil hepático,

perfil renal e enzimas musculares) antes do início da terapêutica, para

acompanhamento do paciente e diagnóstico precoce de efeitos colaterais. As três

formas mais comuns de toxicidade (muscular, hepática e renal) são consideradas

como efeitos de classe farmacológica, sendo em geral dose-dependentes e

responsíveis à suspensão do medicamento na fase de instalação dos efeitos

adversos (daí a importância do diagnóstico precoce da toxicidade) (SCHIMIDTet

al., 2001; SCHACHTER, 2004;BERSOT, 2012; SIRTORI, 2014).

Além da açãoantidislipidêmica, as estatinas podem exercer outros efeitos

farmacológicos, entre os quais se destacam: efeitos imunomodulatórios, anti-

inflamatórios, anti-oxidativos e anti-neoplásicos (KWAK et al., 2001; SCHIMIDTet

al., 2001; GAUTHAMAN et al., 2009ª). Estes últimosparecem envolver tanto um

efeito preventivo de diversos processos tumorais, como regressivo de neoplasias

já instaladas (BLAIS et al., 2001; KWAK et al., 2001; SASSANO et al., 2008).

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Estudos recentes têm demonstrado que o uso crônico de estatinaspode

diminuir o risco de câncer mais de 20% (BLAIS et al., 2001; GRAAF et al., 2004;

BOUDREAU et al., 2004). Em recente estudo de revisão da literatura, sugere-se

que o efeito anti-tumoral das estatinas possa ocorrer não apenas mediante uso

combinado com outros fármacos antitumorais, mas também com o simples uso

crônico isolado(JAKOBISIAK& GOLAB, 2010).

Dentre os prováveis mecanismos de ação que explicariam os efeitos

antineoplásicos das estatinas demonstrados até o momento, destacam-se: a

inibição da proliferação celular, a promoção de morte celular por apoptose, a

inibição da angiogênese e do potencialmetastatizante(SASSANO et al., 2008;

GAUTHAMAN et al.; 2009a). Tais efeitos poderiam estar diretamente relacionados

à inibição da síntese do mevalonato ou a efeitos farmacológicos paralelos, como

por exemplo alterações dos níveis de transcrição de oncogenes. Contudo,

osmecanismos exatosenvolvidos na ação antineoplásica pelas estatinas ainda não

foram totalmente esclarecidos (GOSH-CHOUDHURY, 2010).

Embora existam evidências de que tanto as estatinas lipofílicas como as

hidrofílicas tenham propriedades antineoplásicas, segundo alguns autores, as

drogas lipofílicas seriam as mais efetivas (HINDLER et al., 2006; GAUTHAMAN

et al.; 2009b). Tanto as leucemias como as malignidades sólidas parecem ser

sensíveis às estatinas. Cumpre ressaltar que, dentre os tumores sólidos mais

sensíveis à ação das estatinas, destacam-se o glioblastoma, os carcinomas da

região colorretal e as neoplasias malignas de mama(BOUDREAU et al., 2004;

SASSANO et al., 2008),sendo estas objeto de estudo no presente trabalho.

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1.2. Células-tronco neoplásicas e carcinoma mamário

As células tronco (CT) podem ser definidas como células capazes de (1)

auto-renovação e de (2) originar diferentes linhagens celulares (potencial multi-

linhagem)(KLONISCHet al., 2008). Em geral, são classificadas segundo o tecido

de origem em: embrionárias, fetais, umbilicais e adultas (GAUTHAMANet al.,

2009a). As CTs podem proliferar através de divisões simétricas ou assimétricas,

originando, no primeiro caso, duas células-tronco filhas, ou uma nova célula-tronco

e uma célula progenitora, que posteriormente produzirá células maduras (AL-HAJI

& CLARKE, 2004; LI & ROSEN, 2005; KAKARALA & WICHA, 2009).

Em conjunto, a capacidade de autorrenovação e o potencial multilinhagem

conferem às CT um papel fundamental tanto em processos fisiológicos (tais como

a formação de órgãos durante a embriogênese, a renovação natural de epitélios e

a reparação/cicatrização de tecidos lesados), quanto patológicos. Dentre os

processos patológicos, destacam-se: inúmeras condições inflamatórias,

degenerativas, alterações metabólicas e processos neoplásicos (em particular,

neoplasias malignas) (KLONISCHet al., 2008). Em várias neoplasias malignas

(incluindo leucemias e alguns tumores sólidos), evidências científicas recentes

indicam que a célula alvo de mutações cumulativas responsáveis pelo

desenvolvimento e manutenção do fenótipo canceroso seja uma célula normal

com características fenotípicas de CT adulta (LI & ROSEN, 2005).

Independentemente da origem da neoplasia (se em célula

madura/diferenciada ou em CT), é possível constatar in vitro e in vivo, em um

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grande número de tumores malignos, uma subpopulação de células

indiferenciadas, com características fenotípicas de célula tronco, que em geral

correspondem a menos de 2% da neoplasia (KLONISCHet al., 2008). Essas

células são designadas na maioria dos estudos como “células tronco cancerosas

(CTC) ou neoplásicas (CTNs)”. Com frequência, especula-se que as CTNs

poderiam ser responsáveis pela heterogeneidade morfológica e molecular de

algumas neoplasias (como os carcinomas mamários e ovarianos) (KAKARALA &

WICHA, 2008; LI & ROSEN, 2005).

Embora representem, geralmente, uma pequena parcela da neoplasia total,

as CTNs têm sido associadas em inúmeros estudos à capacidade de algumas

malignidades de resistir às principais modalidades terapêuticas anti-neoplásicas –

especialmente, a quimio-, radio- e imunoterapias (KLONISCHet al., 2008;

KAKARALA&WICHA, 2008). Essas abordagens terapêuticas parecem atuar de

forma eficaz apenas sobre as células diferenciadas da neoplasia (principalmente,

as que estão em ciclo celular e que apresentam elevados índices de proliferação),

reduzindo essa subpopulação, sem comprometer significantemente as CTNs. A

preservação, mesmo que parcial, de CTNs por sua vez poderia contribuir de forma

decisiva para recidivas neoplásicas locais e à distância, em médio ou longo prazo

(KAKARALA & WICHA, 2008; LI & ROSEN, 2005).

A razão pela qual as CTNs seriam mais resistentes às modalidades

terapêuticas anti-neoplásicas parece residir no fato das CTNs apresentarem

baixos índices proliferativos (sendo que a maioria das estratégias terapêuticas são

mais efetivas em células em ciclo) e expressarem moléculas transportadoras de

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xenobióticos (transportadores de efluxo), que impedem o acúmulo citosólico de

fármacos anti-neoplásicos, exercendo papel fundamental na chamada resistência

neoplásica a múltiplas drogas (KLONISCHet al., 2008). Dentre essas moléculas

transportadoras de efluxo, destacam-se a glicoproteína P (Pgp), produto do gene

MDR1 (“multidrug resistance gene 1” ou ABCG1), bem como a proteína codificada

pelo gene ABCG2 (ATP-binding cassette sub-family G member 2). A proliferação

lenta das CTNs também explicaria a participação destas células principalmente

nas recidivas tumorais após 5 anos de remissão, uma situação observada com

certa freqüência em carcinomas (como o mamário) e sarcomas (como

osteossarcoma e o sarcoma sinovial) (HARBECK, 2008).

Do ponto de vista imunofenotípico, as CTNs se caracterizam por um padrão

ou perfil de expressão de moléculas - em sua maioria glicoproteínas de superfície,

proteínas citosólicas ou nucleares. Esse perfil é definido tanto pela expressão

típica de algumas moléculas (e.g., CD133, C-kit/CD157, p63, ESA, Oct-4, Sca-1,

etc. – vide Tabela 2 abaixo) quanto pela ausência de outras moléculas (e.g.,

CD24). O perfil imunofenotípico característico de CTN pode variar: (1) de

neoplasia para neoplasia, segundo a histogênese ou o tipo histológico das

mesmas (ou seja, neoplasias originadas em tecidos ou linhagens celulares

diferentes podem apresentar perfis imunofenotípicos distintos); (2) entre espécies

animais diferentes (e, portanto, entre modelos experimentais de neoplasia

distintos); e (3) dentro de um mesmo tumor, sugerindo a coexistência de diferentes

clones de CTN ou a presença de subclasses funcionais distintas (KLONISCHet

al., 2008). Além disso, nem sempre o perfil imunofenotípico de determinada CTN

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coincide perfeitamente com o perfil da CT normal correspondente, o que indica

que algumas destas moléculas possam ter um papel importante para a

manutenção do próprio fenótipo neoplásico ou maligno (KLONISCHet al., 2008).

Vale lembrar que a existência de perfis imunofenotípicos típicos de CTNs permite

a detecção dessas células (in vitro e in vivo), o que por sua vez favorece e agiliza

enormemente a realização de estudos sobre CTNs, voltados para o entendimento

de aspectos fisiopatológicos e para o desenvolvimento de aplicações clínicas (e.g.,

testes diagnósticos, ferramentas de avaliação prognóstica/preditiva de resposta

terapêutica e estratégias de tratamento, em particular, farmacológicas)

(KLONISCHet al., 2008; WOODWARD & SULMAN, 2008).

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Tabela 2. Principais marcadores imunofenotípicos de CTN, em diferentes

neoplasias malignas.

Marcador Sinonímia Órgão/tecido

CD24 Heat stable antigen Mama (CT [murina] e CTN)

CD29 Integrina beta-1 Mama (CT [murina] e CTN)

EPCAM ESA/Antígeno epitelial-

específico

Mama e pâncreas (CTN)

CD44 - Mama e próstata (CTN)

CD49f Integrina alfa-6 Próstata (CTN)

CD133 Prominina-1 Mama e próstata (CTN)

p63 - Mama e próstata (CT e CTN)

OCT3/4 - Mama, próstata, músculo, MO (CT e CTN)

NCAM CD56 Intestino (CTN); fígado e pâncreas (CT)

CD34 - Intestino (CTN); fígado e pâncreas (CT)

ALDH1 Aldeído-lactato desidrogenase

1

Mama, Intestino (CTN); fígado e pâncreas

(CT)

c-Kit CD117 Intestino (CTN); fígado e pâncreas (CT)

Flt-3 CD135 Intestino (CTN); fígado e pâncreas (CT)

Adaptado de: KLONISCHet al. 2008.Abrev.: CT= célula tronco normal,

CTN= célula tronco neoplásica, MO= medula óssea (séries hemopoiéticas).

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Além de estarem implicadas em resistência terapêutica, a presença e a

proporção de CTNs em uma neoplasia maligna podem estar associadas a

comportamento biológico mais agressivo (e.g., maior capacidade de

invasão/metastatização) e, por conseguinte, pior prognóstico (KAKARALA &

WICHA, 2008). A relação entre CTN e parâmetros de valor prognóstico/preditivo

de resposta terapêutica em malignidades torna este fenótipo celular um alvo

essencial em pesquisas sobre fisiopatologia do câncer e farmacologia de

antineoplásicos, direcionadas para o aprimoramento das estratégias atuais de

tratamento do câncer. Grande parte da literatura neste tema se desenvolveu há

menos de 10 anos, inicialmente envolvendo neoplasias hematológicas (em

particular, leucemias) e, posteriormente, neoplasias sólidas, com destaque para a

pesquisa relacionada ao câncer de mama (WOODWARD & SULMAN, 2008).

O grande interesse no estudo dos carcinomas mamários se deve, pelo

menos em parte, ao fato destas neoplasias representarem em conjunto a forma

mais prevalente de neoplasia maligna e a principal causa de óbito, dentre as

malignidades do sexo feminino, no mundo todo (KLONISCHet al., 2008;

SHIBATAet al., 2004). Estimam-se mais de 1.2 milhões de novos casos por ano,

no Mundo (BACCHI et al., 2010).

No câncer de mama, a presença de CTNs foi estabelecida em linhagens

celulares, modelos experimentais murinos e em tecido humano, através de

diferentes técnicas. A maioria destes métodos baseia-se na identificação de

características indicativas de maior tumorigenicidade (sobrevivência e

desenvolvimento de células neoplásicas após heteroenxertia) e resistência a

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múltiplas drogas – dois padrões fortemente associados ao fenótipo CTN. Dentre

as principais representantes dessas técnicas, destacam-se: o teste de efluxo do

corante Hoechst, a formação de mamosferas em cultura de suspensão e o teste

de tumorigenicidade em camundongos imunodeficientes (STINGL, 2009).

A escolha do melhor método de identificação de CTN no carcinoma

mamário ainda é controversa e envolve não apenas questões de especificidade

diagnóstica, mas também de factibilidade, incluindo grau de dificuldade técnica,

reprodutibilidade e custos (WOODWARD et al., 2005; DONTU, 2008). Em geral,

as técnicas supracitadas são trabalhosas, onerosas e limitadas quanto ao tipo de

amostra biológica passível de análise; por exemplo, não são aplicáveis a

espécimes fixados em formalina e incluídos em parafina - principal forma de

arquivamento de espécimes anatomopatológicos seja em contexto experimental

ou assistencial.

Outra abordagem de detecção de CTNs mamárias envolve a pesquisa de

moléculas tipicamente associadas ao fenótipo de células tronco/progenitora,

através de técnicas imunólogicas (a saber, citometria de fluxo e

imunoistoquímica). Esta abordagem baseia-se na premissa de que as CTNs

devem conservar pelo menos parcialmente a expressão de antígenos

característicos da célula de origem (seja uma CT ou progenitora normais) – um

conceito amplamente demonstrado em estudos recentes (JAMIESONet al., 2004;

KELLYet al., 2002). Dentre os marcadores mais fidedignos de CTN mamária e

mais utilizados na literatura, encontram-se: ALDH1, CD133, ESA e a combinação

CD44/CD24 (sendo o perfil CD44+/CD24- indicativo de CTN) (LIUet al., 2009;

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WRIGHT et al., 2008; MORIMOTO, 2009). Em favor dos métodos de detecção de

CTNs baseados em imunofenotipagem, temos o fato de serem mais factíveis

(menos complexos/laboriosos) e envolverem menor custo (com reagentes,

equipamentos e profissionais), sendo, portanto mais facilmente adaptáveis a

diferentes tecidos/modelos, bem como à rotina de laboratórios de pesquisa e,

futuramente, de serviços assistenciais. Nesse sentido, as técnicas

imunoistoquímicas, em particular, apresentariam ainda a vantagem de permitir o

estudo in situ (i.e., contextualizado) das CTN, com correlação morfológica,

arquitetural e topográfica (uma vez que as células são observadas em seu

contexto histológico habitual). Dado que nenhum marcador é isolado e

absolutamente específico para o fenótipo CTN, essa correlação

citoarquitetural/topográfica poderia não só reduzir as chances de falsos positivos

(reação cruzada com elementos tissulares normais – difícil de ser avaliada por

citometria de fluxo, por exemplo), como poderia fornecer insights a respeito do

papel biológico específico das CTN em várias neoplasias.

Assim, a identificação de CTN por métodos imunológicos tem permitido,

recentemente, estudos visando não só confirmar no câncer de mama o valor

prognóstico dessas células, como também avaliar fármacos que atuem

especificamente sobre CTN, sem acarretar danos às CT normais (KAKARALA &

WICHA, 2008).

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1.3. Estatinas e células-tronco neoplásicas mamárias

Recentemente, GUATHAMAN et al. (2009b), em estudo in vitro, sugeriram

de forma inédita que parte do efeito antineoplásico observado com o uso de

estatinas poderia estar relacionado a uma ação específica sobre células-tronco

neoplásicas (CTNs), i.e., poupando células-tronco normais. Apesar de bastante

promissor, este trabalho teve como principais limitações: o fato de apresentar

apenas evidências in vitro, envolver apenas o uso de estatinas lipofílicas e não

caracterizar os subtipos de CTN, com base nos perfis de imunoexpressão de

marcadores clássicos.

Em contrapartida, o efeito descrito pelo grupo de Gauthaman foi confirmado

por nosso grupo (RENNÓ et al., 2014ª; RENNÓ et al., 2014b), utilizando um

modelo in vivo clássico de carcinogênese mamária quimicamente-induzida (o

modelo do DMBA) e um esquema posológico de administração crônica e contínua

de sinvastatina em baixa dose (isto é, que muito se aproxima aos esquemas

antidislipidêmicos protocolados em seres humanos). Neste trabalho, reforçarmos o

conceito de que as estatinas lipofílicas são mais eficientes, dado que os efeitos

antineoplásico e anti-CTN ocorreram com a sinvastatina (protótipo de estatina

lipofílica), mas não com a pravastatina (estatina hidrofílica). Além disso,

demonstramos que o efeito anti-CTN cobre a maioria dos subtipos de CTN

comumente identificados nos estudos de câncer de mama, sendo extensível a

células neoplásicas não-progenitoras, mas não a células-tronco normais do tecido

mamário adjacente(RENNÓ et al., 2014ª; RENNÓ et al., 2014b).

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Em conjunto, esses dados tornam as estatinas lipofílicas (e em particular a

sinvastatina) agentes farmacológicos de grande potencial antineoplásico e anti-

CTN que merecem maior detalhamento farmacológico, especialmente no que diz

respeito à melhor forma de administração (tratamento crônico contínuo de baixa

dosagem vs. tratamento intermitente cíclico de alta dose).

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1.4. Justificativas

As CTNs representam um paradigma inovador e bastante promissor para

estudos de fisiopatologia do câncer e de desenvolvimento de novas estratégias

farmacológicas antineoplásicas, já que parecem estar implicadas na falha

terapêutica em longo prazo. Frente ao impacto epidemiológico mundial do câncer

de mama (neoplasia mais prevalente e principal causa de óbito por câncer, entre

as mulheres), é necessário o desenvolvimento de estratégias terapêuticas

farmacológicas que incorporem novos paradigmas de carcinogênese.

Em nosso laboratório, os efeitos in vivo da sinvastatina sobre células tronco

tumorais estão em avaliação, sendo os dados preliminares em tratamento crônico

com doses baixas promissores. Até o momento, contudo, o efeito deste fármaco

sobre CTNs em esquema agudo de administração (envolvendo doses altas) ainda

não foi testado, nem contrastado com os tratamentos crônicos em termos de

vantagens ou limitações.

Cumpre lembrar que a verificação da existência de efeitos antineoplásicos e

anti-CTN frente a dose elevada única de sinvastatina, antes de um estudo

aprofundado de esquema posológico intermitente/cíclico, é uma etapa importante

e necessária do ponto de vista ético, já que evita a eutanásia de grande número

animais (frequentemente associada a este último tipo delineamento experimental)

e o consumo desnecessário de reagentes onerosos.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Descrever os efeitos agudos de uma dose elevada de sinvastatina, por via

intragástrica (IG), sobre expressão de marcadores de células-tronco neoplásicas

(CTN),a proliferação celular e apoptose no carcinoma ductal invasivo (CDI)

induzido por dimetil-benz-(a)-antraceno (DMBA).

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Estabelecer a dose-teste de sinvastatina (“dose elevada”) através de

experimentos de eficácia terapêutica e toxicidade conhecidas; a saber:

1.1. Dosagem de colesterol total e fração LDL-colesterol (efeito terapêutico

padrão);

1.2. Dosagem de enzimas hepáticas (ALT e AST) e muscular (CK).

2. Descrever quali- e quantitativamente os efeitos agudos da dose-teste sobre:

2.1. A expressão dos marcadores CTN: CD24, CD44, CD133, EPCAM, ALDH1

e OCT3/4;

2.2. A frequência relativa (%) de células neoplásicas com o perfil CD24-/CD44+

ou CD133+/EPCAM+;

2.3. O índice de proliferação celular (IPC) determinado pela frequência de

células expressando Ki67;

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2.4. O índice de apoptose (IA) determinado pela frequência de células que

expressam caspase 3;

2.5. A expressão de receptores de estrógeno (RE) e progesterona (RP);

2.6. A expressão do produto do oncogene C-erbB-2 (HER2/neu).

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3. MATERIAL & MÉTODOS

3.1. Aspectos éticos

O experimento foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da

Universidade Estadual de Campinas (CEUA-IB-UNICAMP), protocolo no. 2522-1.

3.2. Locais de realização do trabalho

A pesquisa foi realizada primariamente no Laboratório de Histomorfometria

e Patologia Molecular Aplicadas do Departamento de Farmacologia (LHIAP)/FCM

(UNICAMP) e em colaboração com o Laboratório de Patologia Experimental e

Molecular do Hospital do Câncer A.C Camargo/Fundação Antônio Prudente. No

primeiro laboratório, foram conduzidos os experimentos com animais, parte das

colorações imunoistoquímicas e todas as análises histométricas. No laboratório

colaborador, foram realizados o restante das imunocolorações e os

escaneamentos de lâmina total para obtenções das lâminas virtuais (fonte das

imagens utilizadas nas quantificações imunoistoquímicas).

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3.3. Animais

Foram utilizadas ratas fêmeas virgens Sprague-Dawley, provenientes do

CEMIB-UNICAMP, pesando entre 200-300g e com a idade de 12 semanas.Os

animais foram mantidos em caixas coletivas (5 animais/ gaiola) sob condições

controladas de temperatura (22 +2 0C) em foto período de 12h claro e 12h escuro.

Após adaptação às condições do biotério, os animais foram divididos em

dois delineamentos experimentais: (1) o primeiro envolve animais controle (não

expostos ao DMBA) e tem como finalidade a padronização da dose-teste de

sinvastatina através de experimentos de eficácia e toxicidade; (2) o segundo visa

cumprir o objetivo principal do trabalho (verificação dos efeitos antineoplásicos e

anti-CTN agudos mediante administração de uma dose-teste elevada de

sinvastatina).

3.4. Delineamento experimental 1: estabelecimento da dose-teste

de sinvastatina

-Grupo Controle 1 (“controle”, n =10): animais não induzidos com DMBA,

tratados IG (por gavagem) com a solução diluente das estatinas (1mL de óleo de

soja) e eutanasiados24 horas após o tratamento.Esse grupo representou o

controle histológico normal (referente a mamas e órgãos/tecidos alvo de toxicidade

por estatinas – tecido muscular estriado esquelético, tecido hepático e tecido

renal).

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- Grupo Controle 2 (“S125”, n=10): animais não induzidos com DMBA e

tratados com sinvastina diluída em 1ml de óleo de soja na dose de 125mg/kg.

Essesanimais foram eutanasiados 24 horas após a ingestão dessa solução. A

análise deS125(em comparação aos demais grupos) teve por objetivo expor a

toxicidade agudada sinvastatina na dose 1 (mais baixa*).

- Grupo Controle 2 (“S250”, n= 10): animais não induzidos com DMBA,

tratados IG (por gavagem) com sinvastatina na dose de 250 mg/Kgdiluída em 1mL

de óleo de soja e24 horas após o tratamento. A análise deS250(em comparação

aos demais grupos) teve por objetivo expor a toxicidade agudada sinvastatina na

dose 2 (intermediária*).

- Grupo Controle 4 (“S500”, n= 10): animais não induzidos com DMBA e

tratados IG (por gavagem) com sinvastatina diluída em 1mL de óleo de soja, na

dose de 500 mg/kg. Esses animais foram eutanasiados 24 horas após a ingestão

dessa solução.A análise deS500(em comparação aos demais grupos) teve por

objetivo expor a toxicidade agudada sinvastatina na dose 3 (mais alta*).

*OBS.:Vale lembrar que as designações “dose baixa”, “dose intermediária”

e “dose alta” refletem apenas diferenças quantitativas entre si (i.e., dose baixa <

intermediária < alta) e não o real impacto de cada dose no organismo animal.

Todas as doses utilizadas nesta etapa do trabalho podem ser consideradas “altas”

do ponto de vista de efeitos sistêmicos esperados, caso fossem administradas no

esquema posológico clássico (ou seja, uso diário, contínuo).

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26

3.4.1. Métodos e variáveis do delineamento 1: avaliação bioquímica

Instantes antes da eutanásia, procedeu-se à coleta de amostras de sangue

destes (já anestesiados), através de punção cardíaca. O sangue foi depositado em

tubos Eppendorf de plástico e logo centrifugado a 12.000 g por 10 min em

temperatura ambiente para a obtenção do plasma (centrifuga modelo 5415 R,

Eppendorf, Alemanha). O sobrenadante foi separado e armazenado a 4ºC até a

realização dos testes bioquímicos.

Os parâmetros bioquímicos foram analisados através de kits comerciais

para testes colorimétricos (BioClin®, Brasil), seguindo as instruções do fabricante.

Foram analisados marcadores de eficácia terapêutica (i.e., aumento de HDL-

colesterol e redução das demais frações) e de toxicidade (aumento de enzimas

hepática, musculares e de parâmetros do perfil renal); a saber:

- Marcadores bioquímicos de eficácia terapêutica:VLDL-c, HDL-c,

LDL-c, colesterol total e triacilglicerol total;

-Marcadores bioquímicos de toxicidade: (1) enzimas hepáticas

(alanina aminotransferase [ALT] e aspartato transaminase [AST]) e(2)

enzimas musculares (creatina quinase [CK]).

Para a quantificação de todos os marcadores analisados, utilizou-se

o espectrofotômetro DU 800 (Beckman Coulter, EUA).

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27

3.5. Delineamento experimental 2: efeitos antineoplásicos e anti-

CTN agudos da dose-teste de sinvastatina

- Grupo controle (“controle”,n=6):animais induzidos com DMBA (i.e.,

portadores de neoplasias mamárias), tratados com óleo de soja 1ml (diluente de

sinvastina) e eutanasiados 24 horas após o tratamento.

- Grupo Experimental (“sinvastatina”, n=6):animais induzidos com DMBA

(i.e., portadores de neoplasias mamárias), tratados com sinvastatina na dose-teste

selecionada (250 mg/Kg – vide resultados e discussão para melhor entendimento

acerca da escolha desta dose em particular), diluída em 1ml de óleo de soja e

eutanasiados 24 horas após o tratamento.

3.5.1. Métodos e variáveis do delineamento 2

Indução tumoral e tratamento farmacológico no delineamento 2. O protocolo

de indução química do carcinoma mamário consistiu na administração de uma

dose única de DMBA (100mg/Kg de animal, diluída em 1mL de óleo de soja)

intragastricamente por gavagem (conforme o esquema de BARROSet al., 2004,

modificado por RENNÓ et al., 2014b). Durante todo o tratamento os animais foram

acompanhados semanalmente (e diariamente após o desenvolvimento da

neoplasia), sendo realizados exames físicos visando à identificação dos tumores e

de possíveis síndromes decorrentes do desenvolvimento da neoplasia.Utilizando

esse protocolo, 100% dos animais desenvolvem tumores macroscopicamente

identificáveis após 13 semanas, contudo, com grande variação, em termos de

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tamanho e número. Além disso, após 13 semanas de indução, uma proporção

variável dos animais se encontra em estado de caquexia, sendo a taxa de

morbimortalidadegeral pela neoplasia alta e a resistência do animal aos

tratamentos farmacológicos propostos baixa(BARROS et al., 2004; SOUZA et al.,

20013). Assim, para uniformizar a amostra em termos de carga tumoral total

(tumor burden), o início dos tratamentos foi padronizado pelo volume tumoral

(1cm3) e não pelotempo de indução. Os tumores foram mensurados utilizando

paquímetro digital, sendo a eutanásia efetuada por aprofundamento anestésico e

deslocamento cervical 24h depois do tratamento experimental (dose única de

sinvastatina ou de seu diluente).

Eutanásia,exérese detumores e necropsia. 24h depois dos tratamentos

experimentais, os animais foram anestesiados em câmara de isoflurano a 100% e

eutanasiados por aprofundamento anestésico e deslocamento cervical. Ambas as

linhas mamárias (contendo ou não tumores experimentais) foram ressecadas

cirurgicamente imediatamente após a eutanásia. Foram retirados também em

procedimento necroscópico, todos os órgãos do animal para avaliação de possível

doença metastática, outras neoplasias primáriassincrônicas e outras

comorbidades (secundárias às neoplasias induzidas ou aos efeitos tóxicos

decorrentes do tratamento).

Avaliação anatomopatológica.O produto das ressecções mamárias e da

necropsia foi encaminhado para exame macroscópico, com especial atenção à

determinação das dimensões, volume e peso das peças,bem como eventuais

alterações patológicas de cor ou consistência. Avaliação clínica combinada a

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avaliação macroscópica permitiu a criação das seguintes variáveis morfológicas

macroscópicas:

(1) Volume tumoral total (VTT) ou “tumor burden”: somatório dos

volumes de todos os tumores presentes em um mesmo animal,

mensurado em dois momentos – antes da administração do tratamento

experimental e ao fim do protocolo (i.e., após a eutanásia).

(2) Volume do maior tumor (VMT): volume do maior tumor presente no

animal, mensurado em dois momentos – antes da administração do

tratamento experimental e ao fim do protocolo (i.e., após a eutanásia).

(3) Incremento volumétrico tumoral: volume tumoral total final – inicial.

(4) Incremento volumétrico do maior tumor: volume do maior tumor final

– inicial.

(5) Número de tumores: número de tumores de fácil individualização

macroscópica por animal.

Após a avaliação macroscópica,os espécimes foram fixados em formalina 10%

tamponada e processados em equipamento automatizado (“histotécnico”) para

desidratação e embebimento em parafina.Ao fim deste procedimento, os

espécimes foram incluídos em parafina, para obtenção dos blocos. Cortes

histológicos de 4m foram realizados em micrótomo, sendo então depositados em

lâminas de vidro.Em seguida, as lâminas histológicas foram desparafinizadas em

banhos de xilol, reidratadas em álcool etílico (nas concentrações decrescentes de

100%, 80% e 50%), lavadas com água corrente e destilada e corados com

hematoxilina-eosina. Utilizando um fotomicroscópio de luz (Leica DM 5000 B),

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essas lâminas histológicas foram avaliadas por dois observadores independentes

(MNC e AAS) com o objetivo de caracterizar as seguintes variáveis morfológicas

microscópicas:

(1) % média de necrose (estimada em 6 campos de pequeno aumento);

(2) Número de mitoses (estimada em 10 campos de grande aumento).

(3) Histologia dos órgãos (avaliação subjetiva de toda a superfície de

corte, realizada de forma independente e às cegas em relação aos tratamentos,

por dois observadores experientes [AAS e ALR]; casos de opinião discrepante

foram discutido em sessões de consenso ao co-observador, envolvendo um

terceiro observador - PCS).

Confecção dos “tissue microarrays” dos tumores e análise

imunoistoquímica. Após a realização da avaliação morfológica dos tumores

foram identificadas e marcadas 5 áreas de cerca de 2 mm de diâmetro em cada

lâmina histológica corada em HE, referente ao bloco de parafina escolhido de

cada animal (neste trabalho, selecionamos sempre o maior tumor). As áreas

selecionadas deveriam conter a maior percentagem possível de tecido puramente

tumoral.A partir da sobreposição da lâmina com o bloco, as duas áreas marcadas

na lâmina foram identificadas também nos blocos doadores escolhidos, dos quais

foram obtidos cilindros de 2 mm de diâmetro e transferidos para o bloco receptor

(TMA). Desse modo, o bloco receptor recebeu 5 cilindros de cada um dos 12

casos selecionados. Para a confecção do bloco de TMA, foi utilizado o

equipamento Tissue MicroArray Builder modelo 20010.2 (Histopathology Ltd,

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Hungria), em colaboração com o Serviço de Anatomia Patológica do Hospital A. C.

Camargo.A partir do bloco de TMA, foram confeccionados vinte cortes de 4m de

espessura cada, os quais foram distendidos sobre 20 lâminas, sendo 2

histológicas comuns (posteriormente coradas em HE para avaliação e confirmação

da presença de áreas morfológicas representativas das lesões originais) e as

demais, polarizadas (para realização de reações imunoistoquímicas). Duas

amostras de tecido placentário normal foram inseridas no bloco de TMA para a

orientação do mesmo, sendo, em seguida, gerado um mapeamento de todos os

casos.

As lâminas obtidas a partir do bloco de TMA dos tumores foram desparafinizadas

em banhos de xilol, hidratadas em álcool etílico nas concentrações decrescentes

de 100%, 80% e 50% e lavadas em água corrente e destilada. A atividade da

peroxidase endógena foi bloqueada por meio de três banhos de água oxigenada a

10 volumes cada um, com duração de cinco minutos, seguidos de lavagens em

PBS. Para recuperação antigênica, foi utilizada uma panela a vapor T-Fall. No

interior dessa, as lâminas foram imersas em tampão citrato de sódio, em pH 6,0,

durante 30 minutos a 95 graus Celsius e, a seguir, lavadas em água corrente.

Foram realizadas reações imunoistoquímicas de monomarcação (um marcador

por lâmina) e de dupla-marcação (dois marcadores por corte histológico) utilizando

os anticorpos listados nas Tabelas 3 a 5.

Nas reações de monomarcação, foram utilizados, como anticorpos primários

únicos, anticorpos desenvolvidos contra os marcadores especificados nas

Tabelas 3 a5. Nessas reações, o anticorpo primário foi gotejado sobre os cortes

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de TMA na diluição adequada (previamente padronizada em estudos pilotos de

titulação) e incubado durante o dia (“overday”), por 2 horas, a temperatura

ambiente (24ºC). Após a incubação, as lâminas foram lavadas três vezes em PBS,

sob agitação, secadas e incubadas com o sistema de revelação baseado em

polímero Advance® (DAKOCYTOMATION, Carpenteria, Califórnia, Estados

Unidos da América), por uma hora, a 37º C. Terminada a incubação, foram

realizadas três lavagens em PBS, sob agitação. Para a revelação da reação, foi

utilizado um substrato cromogênico - a solução DAB (tetraidrocloreto de 3-3'-

diaminobenzidina, Sigma ChemicalCo., St. Louis, MO, Estados Unidos da

América) na proporção de 0,06g para 100mL de PBS-, 500ml de água oxigenada

a 20 volumes e 1mL de DMSO (Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, Estados

Unidos da América), por cinco minutos a 37º C. O material foi, então, lavado em

água corrente e contracorado com hematoxilina de Mayer durante 30 a 60

segundos. Em seguida, as lâminas foram desidratadas e montadas em lamínulas

e resina Entellan (Merck, Dermstad, Alemanha). Secções seriadas de cada tumor,

não incubadas com o anticorpo primário, foram utilizadas como controles

negativos. Além disso, foram utilizados controles positivos adequados para cada

marcador, montados em lâminas separadas, a cada bateria de coloração

realizada.

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Tabela 3. Monomarcadores (single markers) de células-tronco e suas principais

características.

Marcador Clonalidade Diluição Animal

de

origem

Fabricante Controle

(+)

CD24 Monoclonal 1:50 coelho Abcam [San

Francisco,

CA, EUA]

Mama

normal

humana

CD44 Monoclonal 1:50 coelho Abcam [San

Francisco,

CA, EUA]

Mama

normal

humana

CD133 Monoclonal 1:50 coelho Abcam [San

Francisco,

CA, EUA]

Mama

normal

humana

EPCAM Monoclonal 1:50 coelho Abcam [San

Francisco,

CA, EUA]

Mama

normal

humana

OCT-3/4

(POU5F1)

Policlonal 1:100 coelho Abcam [San

Francisco,

CA, EUA]

Seminoma

testicular

ALDH-1 Monoclonal 1:100 coelho Abcam [San

Francisco,

CA, EUA]

Mama

normal

humana

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Nas reações de dupla marcação, padronizamos, como primeiro anticorpo primário,

os anticorpos anti-CD44 e anti-EPCAM e, como segundo anticorpo, anti-CD24 e

anti-CD133. A revelação das duplas-marcações foi realizada utilizando protocolo

de múltipla marcação com kits VECTASTAIN ou ImmPRESS (ambos fornecidos

por Vector Labs, Burlingame, CA, EUA). Os primeiros anticorpos primários foram

identificados com um substrato de peroxidase (DAB), gerando cromógeno

precipitado marron e os segundos anticorpos primários com um substrato de

fosfatase alcalina (Vector red) – cromógeno vermelho rosado. Nas demais etapas

do procedimento, foram seguidos os mesmos passos padronizados para a reação

de monomarcação (incluindo: os bloqueios, a recuperação antigênica, a

montagem das lâminas).

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Tabela 4. Marcadores de CTN para estudos de dupla marcação (perfil CTN) e

suas características principais.

Dupla Marcador Clonalida-

de

Animal de

origem

Dilui-

ção

Fabricante Controle (+)

CD44/

CD24

CD44 Mono coelho 1:40 Abcam

[San

Francisco,

CA, EUA]

Vasos em

mama normal

humana

CD24 Mono camundongo 1:50 Abcam

[San

Francisco,

CA, EUA]

Mama normal

humana

CD133/

ESA

CD133 Mono coelho 1:100 Abcam

[San

Francisco,

CA, EUA]

Mama normal

humana

ESA Mono camundongo 1:50 Abcam

[San

Francisco,

CA, EUA]

Mama normal

humana

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Ainda, foram repetidas as reações imunoistoquímicas para marcadores

prognósticos e preditivos de resposta terapêutica (Tabela 5) no bloco de TMA,

visando (1) a classificação dos carcinomas mamários de acordo com os subtipos

moleculares intrínsecos da “Classificação Alternativa” (de acordo com o

recomendado por BECKet al., 2013; Tabela 6) e (2) a avaliação da resposta à

sinvastatina.

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Tabela 5. Monomarcadores (single markers) de prognóstico e resposta terapêutica

e suas principais características.

Marcador Clonalidade Diluição Animal de

origem

Fabricante Controle (+)

RE (Receptor de

estrógeno)

Monoclonal 1:50 Coelho Abcam [San

Francisco, CA,

EUA]

Mama

normal

humana

RP (Receptor de

progeste-rona)

Monoclonal 1:50 Coelho Abcam [San

Francisco, CA,

EUA]

Mama

normal

humana

HER2/neu

(Produto do

gene C-erb-B2)

Monoclonal 1:50 Coelho Abcam [San

Francisco, CA,

EUA]

Tumor

mamário

humano

score 3+

Ki67 Policlonal 1:200 Coelho Abcam

[San

Francisco, CA,

EUA]

Tumor

mamário

humano(+)

Caspase 3 Policlonal 1:50 Coelho Rheabiotech Tumor

mamário

humano (+)

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Tabela 6. Classificação “alternativa” dos carcinomas da mama em subtipos

moleculares intrínsecos.

Subtipo

molecular

Receptores

hormonais C-erb-B2 Ki67 Outros

Luminal A RE+ e/ou RP+ (-) < 14% (-)

Luminal B1 RE+ e/ou RP+ (-) > 14% (-)

Luminal B2 RE+ e/ou RP+ (+) qualquer (-)

HER-2 RE(-) e RP(-) (+) qualquer (-)

Triplo negativo RE(-) e RP(-) (-) qualquer (-)

Basal-símile RE(-) e RP (-) (-) qualquer CK 5/6+ e/ou

EGFR +

aAdaptado de BECKet al., 2013.

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Após digitalização completa de cada lâmina de TMA (portanto, de cada marcador

imunoistoquímico) no scanner de lâminas ScanScope XT (Aperio Techonologies

Inc., EUA), foram obtidas das lâminas virtuais, para cada tumor/marcador, 6

imagens TIFF (i.e., sem compressão) aleatórias, de médio aumento (200X). Todas

as imagens TIFF (ilustrativas ou de análise) foram geradas no programa Aperio

ImageScope, versão 12.1.0.5029 (Aperio Techonologies Inc., EUA). Todas as

imagens TIFF de análise foram submetidas a procedimentos de imuno-histometria

(quantiticação de células positivas) no programa ImageJ versão1.43 (programa de

domínio público, fornecido pelo NIH, EUA, através do site:

http/imagej.nih.gov/ij/download; último acesso em: 12/12/14). Neste programa, as

imagens foram analisadas manualmente por 2 observadores (MNC e AAS) cegos

às intervenções, sendo o valor de resumo de cada caso/variável quantitativa

expresso como média dos dois observadores.

Os resultados de positividade foram expressos inicialmente através de variável

numérica (frequência percentualmédia de células tumorais positivas) e,

posteriormente, no caso das variáveis RE (receptor de estrógeno) e RP (receptor

de progesterona) convertidos em variável categórica (positividade do caso),

utilizando o valor de corte >1% de células positivas (sendo qualquer intensidade

de positividade), segundo a recomendação da Organização Mundial da Saúde

(LAKHANI et al., 2012). Desse modo, os casos foram classificados como

"positivos" quando pelo menos 1% das células tumorais expressou de forma

indubitável, a imunomarcação para o receptor hormonal em questão.

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Em relação à localização subcelular da imunomarcação, foram considerados

positivos os seguintes padrões:

- Reações para marcadores CTN em mono- ou dupla marcação: CD24,

CD44, CD133, EPCAM, ALDH-1, Oct-3/4 = marcação em membrana/citoplasma

(por DAB= marrom). Não estabelecemos ponto de corte para intensidade de

positividade.

- Reações para marcadores CTN em dupla-marcação: CD24/CD44 e

CD133/ESA= marcação de membrana/citoplasma pelo DAB (marrom) e/ou Vector

Red (vermelho) no mesmo corte histológico (co-localização tissular). Nos

preparados de dupla-marcação, foram considerados como positivos os seguintes

perfis: CD24-/CD44+ (perfil CTN1) e CD133+/ESA+ (perfil CTN2).Não

estabelecemos ponto de corte para intensidade de positividade.

- Reações para marcadores prognósticos e preditivos de resposta

terapêutica (monomarcação): receptores hormonais (estrógeno e progesterona) e

Ki67 = marcação nuclear pelo DAB (marrom). A positividade para o produto do

gene Cerb-B2 (HER2/neu) foi avaliada pela intensidade de imunomarcação da

membrana citoplasmática pelo DAB (marrom), sendo classificados como negativos

os scores 0 e 1+, positivo o score 3+ e indeterminado o score 2+, conforme figura

1 a seguir:

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Figura 3: Fotomicrografias ilustrativas dos padrões de imunomarcação previstos

na classificação da positividade para o produto do oncogene HER2/neu.

Interpretação dos resultados: escores 0 (imunomarcação totalmente negativa) e

1+ (imunomarcação de membrana citoplasmática fraca e incompleta) = HER2/neu

negativo. Escore 2+ (imunomarcação de membrana citoplasmática completa,

porém de intensidade fraca) = HER2/neu indeterminado. Escore 3+

(imunomarcação de membrana citoplasmática completa e de forte intensidade) =

HER2/neu positivo.

(Adaptado de LAKHANI et al., 2012).

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Conforme a combinação de positividade para marcadores prognósticos e

preditivos de resposta terapêutica, os tumores foram classificados em subtipos

moleculares intrínsecos (conforme descrito sucintamente em tópico anterior):

-Luminais: tumores com positividade para receptores hormonais

(estrógeno e/ou progesterona), sendo subcategorizados em luminal 'A' os tumores

com Ki67 positivo em menos de 14% das células (e negatividade para C-erbB-2),

em luminal 'B1' os tumores com Ki67 iguais ou superiores a 14% das células

(também C-erbB-2 negativos) e em luminal 'B2' os tumores com expressão de C-

erbB-2 (produto do gene HER-2/neu) e qualquer positividade para Ki67. São os

tumores responsivos à hormonioterapia (Tamoxifeno, inibidores de aromatase,

etc).

-HER-2+: tumores com negatividade para receptores hormonais (estrógeno

e progesterona) e superexpressão do oncogene HER2/neu, com qualquer Ki67.

São os tumores responsivos ao anticorpo monoclonal terapêutico trastuzumab

(Herceptina).

-Triplo-negativos: tumores com negatividade para receptores hormonais

(estrógeno e progesterona) e negatividade para HER-2/neu.

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Resumo das variáveis imunoistoquímicas quantitativas e categóricas (e suas

definições)

- CD24: frequência percentual média de células expressando o marcador CTN

CD24 (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento (200X)

aleatórios.

- CD44:frequência percentual média de células expressando o marcador CTN

CD44 (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento (200X)

aleatórios..

- CD133:frequência percentual média de células expressando o marcador CTN

CD133 (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento (200X)

aleatórios.

- EPCAM:frequência percentual média de células expressando o marcador CTN

ESA/EPCAM (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento

(200X) aleatórios.

- ALDH1: frequência percentual média de células expressando o marcador CTN

ALDH1 (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento (200X)

aleatórios.

- OCT3/4:frequência percentual média de células expressando o marcador CTN

OCT3/4 (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento (200X)

aleatórios.

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- CD24-/CD44+:frequência percentual média de células apresentando o perfil CTN

CD24 negativo/CD44 positivo (em reação de dupla marcação), em 6 campos de

médio aumento (200X) aleatórios.

- CD133+/EPCAM+: frequência percentual média de células apresentando o perfil

CTN CD133 positivo/EPCAM positivo (em reação de dupla marcação), em 6

campos de médio aumento (200X) aleatórios.

- Ki67: frequência percentual média de células expressando o marcador de

proliferação celular, Ki67 (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio

aumento (200X) aleatórios.

- Caspase 3: frequência percentual média de células expressando o marcador de

apoptose, caspase 3 (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio

aumento (200X) aleatórios.

- REquantitativo: frequência percentual média de células expressando o receptor

de estrógeno (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento

(200X) aleatórios.

- RE qualitativo: status de positividade para receptor de estrógeno, conferido a

casos em que pelo menos 1% das células expressam o receptor (seja qual for a

intensidade da coloração).

- RPquantitativo: frequência percentual média de células expressando o receptor

de progesterona (em reação de monomarcação), em 6 campos de médio aumento

(200X) aleatórios.

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45

- RPqualitativo: status de positividade para receptor de progesterona, conferido a

casos em que pelo menos 1% das células expressam o receptor (seja qual for a

intensidade da coloração).

- C-erbB-2 (HER2/neu): status de positividade para o produto do oncogene C-

erbB-2 (HER2/neu), conferido para casos com escore 3+.

- Subtipo molecular:classificação alternativa (i.e., baseada em critérios

imunoistoquímicos) dos casos de carcinoma mamário invasivo em luminal (A, B1

ou B2), HER2+ e Triplo negativo. Posteriormente, para otimizar a análise

estatística, os casos foram agrupados em luminal vs. não-luminal.

3.6. Análise Estatística

Os resultados foram expressos em gráficos de barras ou do tipo “boxplot”,

na dependência da análise estatística realizada: se paramétrica – gráfico de

barras (representando média +desvio padrão), se não-paramétrica – “boxplot” ou

digrama de caixa (representando mediana, quartis e outliers).

Para a análise de diferenças entre 3 ou mais grupos envolvendo variáveis

quantitativas (delineamento tipo 1) com distribuição normal de valores, foi utilizada

a ANOVA (análise de variância), seguida do teste post hocde Bonferroni. Para a

análise de diferenças entre 2 grupos envolvendo variáveis quantitativas

(delineamento 2) com distribuição normal, foi utilizadoo teste t de Student (se

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distribuição não gaussiana, utilizamos o teste U de Mann-Whitney). Para variáveis

categóricas (delineamento 2), foi utilizado o teste exato de Fisher.

Valores de p inferiores a 0.05 foram considerados como estaticamente

significativos. Osprogramasestatísticos SPSS para Windows (versão 20.0) e

Graphpad Prism 6 foram utilizados tanto na estatística descritiva (i.e., na geração

de gráficos e tabelas), como na inferencial (realização de testes estatísticos).

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47

4. RESULTADOS

4.1. Escolha da dose-teste: resultados da avaliação bioquímica

4.1.1. Perfil lipídico (parâmetros de eficácia terapêutica)

Os resultados referentes ao perfil lipídico (dosagem de lípides séricos)

encontram-se esquematizados na Figura 4. Como se pode observar a partir desta

figura, as doses intermediária (250mg/Kg) e alta (500mg/Kg) são efetivas em

todos os parâmetros do perfil lipídico, com exceção do HDL-colesterol (onde não

se diferenciam significantemente do controle não tratado). Em contraposição, a

dose baixa (125mg/Kg) é efetiva no HDL-colesterol e nos parâmetros relacionados

a triglicérides (i.e., triglicerídeos totais e VLDL), mas não em relação ao colesterol

total e LDL-colesterol. Esses resultados desfavorecem a escolha da dose baixa

como dose referência, uma vez que esta é eficaz em um número menor de

parâmetros e não interfere agudamente com a variável mais consistentemente

relacionada a risco cardiovascular – o LDL-colesterol. Em outras palavras, esses

resultados mostram que a chamada “dose baixa” não evidencia, agudamente, as

propriedades mais típicas da classe de fármacos a qual pertence a sinvastatina.

Vale lembrar que as designações “dose baixa”, “dose intermediária” e “dose

alta” refletem apenas diferenças quantitativas entre si (i.e., dose baixa <

intermediária < alta) e não o real impacto de cada dose no organismo animal.

Conforme mencionado em “Material e Métodos”, todas as doses utilizadas nesta

etapa do trabalho podem ser consideradas “altas” do ponto de vista de efeitos

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sistêmicos esperados, caso fossem administradas no esquema posológico

clássico (ou seja, uso diário, contínuo).

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Figura 4. Perfil lipídico. Painel de gráficos ilustrando as diferenças entre os grupos

controle do delineamento 1 (C= controle não tratado, S125= controle tratado com

sinvastatina 125mg/Kg, S250= com sinvastatina 250mg/Kg, S500= com

sinvastatina 500mg/Kg) quanto aos níveis séricos (em mg/dL) de: colesterol total

(A), triglicerídeos (B), VLDL-colesterol (C), LDL-colesterol (D) e HDL-colesterol (E).

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50

As barras representam a média + desvio padrão (barra branca= controle não

tratado; barras pretas= demais controles em ordem crescente de dose de

sinvastatina); *p<0.05, **p<0.01 (ANOVA + Bonferroni; N=40/n=10).

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51

4.1.2. Perfil hepático (parâmetros de toxicidade I)

Os resultados referentes ao perfil hepático (dosagem das transaminases

AST e ALT) encontram-se representados na Figura 5. Em princípio, parece haver

uma elevação de enzimas hepática proporcional à dose de sinvastatina (ou seja,

maior quanto maior a dose). Contudo, essa tendência não foi confirmada pelos

testes estatísticos. Assim, pode-se dizer apenas que nenhuma das doses de

sinvastatina testadas foi capaz de promover hepatoxicidade em nível bioquímico,

neste estudo. Em outras palavras, nenhuma dose pode ser descartada frente aos

achados de perfil hepático.

Também do ponto de vista histológico, não observamos alterações

qualitativamente significantes (Figura 6-7).

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Figura 5. Perfil hepático. Painel de gráficos ilustrando ausência de diferenças

entre os grupos controle do delineamento 1 (C= controle não tratado, S125=

controle tratado com sinvastatina 125mg/Kg, S250= com sinvastatina 250mg/Kg,

S500= com sinvastatina 500mg/Kg) quanto aos níveis séricos (em U/mL) de:

aspartato aminotransferase (AST) (A) e alanina aminotransferase (ALT) (B). As

barras representam a média + desvio padrão (barra branca= controle não tratado;

barras pretas= demais controles em ordem crescente de dose de sinvastatina);

p>0.05, (ANOVA + Bonferroni; N=40/n=10).

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Figura 6. Fotomicrografias representativas de tecido hepático (zona 3 acinar) de

animais sem tratamento farmacológico (A) ou tratados com sinvastatina nas doses

de 125mg/Kg (B), 250mg/Kg (C) e 500mg/Kg. Observar ausência de alterações

histológicas dignas de nota. Tricrômico de Masson, 200X (aumento original); barra

de escala= 20m.

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Figura 7. Fotomicrografias representativas de tecido hepático (espaço porta e

zona acinar 1) de animais sem tratamento farmacológico (A) ou tratados com

sinvastatina nas doses de 125mg/Kg (B), 250 mg/Kg (C) e 500mg/Kg.Observar

ausência de alterações histológicas dignas de nota. Tricrômio de Masson, 200X

(aumento original); barra de escala =20 m.

A

A B

C D

A B

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55

4.1.3. Miotoxicidade

Os resultados referentes a miotoxicidade (dosagem da creatina quinase

[CK]) encontram-se representados na Figura 8. Essa figura mostra a ocorrência

de aumento significante de creatina quinase, indicativo de miotoxicidade aguda,

apenas na dose mais alta (500mg/Kg). Esses resultados, portanto desfavorecem o

uso da dose mais alta. Assim, em conjunto com os dados de perfil lipídico, esses

resultados favorecem a dose intermediária (250mg/Kg) como dose-teste ideal.

Isso porque esta dose combina eficácia (redução significante de LDL) com

ausência de toxicidade aguda (ausência de hepatotoxicidade ou miotoxicidade).

A despeito das alterações bioquímicas, não observamos, do ponto de vista

histológico, nenhum indício de toxicidade grave (i.e., rabdomiólise)(Figura 9), o

que sugere que as alterações bioquímicas possam ser reversíveis com a retirada

da droga (por exemplo durante um esquema posológico intermitente/cíclico).

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Figura 8.Dosagem de creatina quinase sérica (miotoxicidade). Gráfico ilustrando

as diferenças entre os grupos controle do delineamento 1 (C= controle não

tratado, S125= controle tratado com sinvastatina 125mg/Kg, S250= com

sinvastatina 250mg/Kg, S500= com sinvastatina 500mg/Kg) quanto aos níveis

séricos (em U/L) de creatina quinase (CK). As barras representam a média +

desvio padrão (barra branca= controle não tratado; barras pretas= demais

controles em ordem crescente de dose de sinvastatina); *p<0.05 (ANOVA +

Bonferroni; N=40/n=10).

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Figura 9. Fotomicrografias representativas de tecido muscular esquelético

estriado (músculo masseter) de animais sem tratamento farmacológico (A) ou

tratados com sinvastatina nas doses de 125mg/Kg (B), 250mg/Kg (C) e 500mg/Kg.

Observar ausência de alterações histológicas dignas de nota. HE, 200X (aumento

original); barra de escala= 30m.

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4.2. Efeitos agudos da sinvastatina na dose-teste selecionada

(250mg/Kg)

4.2.1. Características macroscópicas relacionadas a crescimento tumoral

As Figuras 10-12apresentam a evolução das características morfológicas

macroscópicas dos tumores induzidos pelo DMBA durante o período de

observação (24h pós tratamento experimental).

Resumidamente, ao fim dos protocolos experimentais, os animais

apresentavam uma média de 2,5 tumores por animal (variando de 1 a 3

tumores/animal). Conforme esperado, não foram observadas diferenças

estatisticamente significantes entre o momento de administração do tratamento

experimental e o término do protocolo (24h depois), nem entre os grupos controle

e experimental.

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Figura 10. Crescimento volumétrico tumoral em 24h. A: volume tumoral total

(somatório dos volumes de todos os tumores presentes em um mesmo animal); B:

volume do maior tumor. Ausência de diferenças estatisticamente significantes

entre grupo controle (sem tratamento farmacológico; traçado preto) e experimental

(animais tratados com sinvastatina 250mg/Kg, traçado vermelho). Teste t de

Student (p>0.05; N=12/n=6).

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Figura 11. Incremento volumétrico tumoral em 24h (Volume final – Volume inicial).

A: incremento tumoral total (somatório dos incrementos de todos os tumores

presentes em um mesmo animal); B: incremento do maior tumor. Ausência de

diferenças estatisticamente significantes entre grupo controle (sem tratamento

farmacológico; barra branca) e experimental (animais tratados com sinvastatina

250mg/Kg, barra preta). As barras representam média + desvio padrão. Teste t de

Student (p>0.05).

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Figura 12. Número de tumores por animal. Ausência de diferenças

estatisticamente significantes entre grupo controle (sem tratamento farmacológico;

barra branca/ “DMBA”) e experimental (animais tratados com sinvastatina

250mg/Kg, barra preta/ “DMBA + S250). As barras representam média + desvio

padrão. Teste t de Student (p>0.05).

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4.2.3. Características microscópicas relacionadas resposta terapêutica

(crescimento e morte celular)

A Figura 13 representa as principais características morfológicas à

microscopia de luz indicativas de resposta ao tratamento com sinvastatina: (a)

índice mitótico (variável indicativa de proliferação celular) e (b) percentagem de

necrose tumoral (indicativa de morte celular). Resumidamente, essa figura mostra

que o tratamento com sinvastina reduziu agudamente a atividade proliferativa,

sem interferir de forma significativa com a taxa de morte celular por necrose.

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63

Figura 13. Características morfológicas indicativas de resposta terapêutica. A:

número de mitoses em 10 campos de grande aumento – observar redução

estatisticamente significante com o uso de sinvastatina; B: percentagem média de

necrose – observar ausência de diferenças estatisticamente significantes entre

grupo controle e experimental. As barras representam média + desvio

padrão;*p<0.05 (Teste t de Student).

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64

4.2.4. Marcadores imunoistoquímicos relacionados a resposta terapêutica

(crescimento e morte celular)

A Figura 14 apresentaos principais marcadores imunoistoquímicos

indicativos de resposta ao tratamento com sinvastatina, a saber: (a) índice de

proliferação celular determinado através da imunoexpressão de Ki67 (variável

relacionada a crescimento celular) e (b) índice apoptótico determinado através da

imunocoloração pela caspase 3 (variável indicativa de morte celular). Em

concordância com os dados de índice mitótico e percentagem de necrose tumoral,

esta figura mostraque o tratamento com sinvastatina reduziu agudamente

(p=0.037) o número de células em ciclo (células em proliferação) (Figura 14A),

sem aumentar de forma significativa (p= 0.262) com o número de células em

apoptose (Figura 14B) – outra forma de morte celular.

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Figura 14. Marcadores imunoistoquímicos indicativos de resposta terapêutica. A:

percentagem de células que expressam o marcador de proliferação Ki67 –

observar redução estatisticamente significante com o uso de sinvastatina; B:

percentagem de células que expressam o marcador de apoptose caspase 3 –

observar ausência de diferenças estatisticamente significantes entre grupo

controle e experimental; *p<0.05 (Teste U de Mann-Whitney; N=12/n=6).

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4.2.5. Marcadores imunoistoquímicos de células-tronco neoplásicas (CTN)

Os resultados referentes à imunoexpressão dos monomarcadores e perfis

CTN encontram-se esquematizados nos gráficos das Figuras 15 e 16.

Resumidamente, essas figuras mostram diferenças agudas e estatisticamente

significantes entre os grupos controle (sem tratamento farmacológico) e

experimental (tratado com sinvastatina) apenas para os marcadores CD24 (Figura

14A), ALDH1 (Figura 15A) e OCT3/4 (Figura 15B). No caso do marcador CD24,

observamos nítido aumento de expressão(da ordem de 17X) com o uso de

sinvastatina. Nos demais marcadores com expressão diferencial entre grupos,

observamos redução estatisticamente significante, isto é, de 74% para o ALDH1 e

72% para o OCT3/4.

A Figura 17 ilustra as imunocolorações dos principais marcadores

utilizados no trabalho.

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Figura 15. Gráficos ilustrativos das diferenças entre grupo controle (sem

tratamento) e experimental (tratamento com sinvastatina), com relação à

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expressão imunoistoquímica dos marcadores de células-tronco neoplásicas (CTN)

CD24 (A), CD44 (B), CD133 (C) e EPCAM (D), e aos perfis CTN CD24-/CD44+ (E)

e CD133+/EPCAM+ (F). Observar a ausência de diferenças estatisticamente

significantes entre os grupos para a maioria dos marcadores, salvo para o

marcador CD24 (significantemente aumentado no grupo tratado com

sinvastatina).*p<0.05 (Teste U de Mann-Whitney; N=12/n=6).

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Figura 16. Gráficos ilustrativos das diferenças entre grupo controle (sem

tratamento) e experimental (tratamento com sinvastatina), com relação à

expressão imunoistoquímica dos marcadores de células-tronco neoplásicas (CTN)

ALDH1 (A) e OCT3/4 (B). Observar a redução na expressão de ambos

marcadores no grupo tratado com sinvastatina;*p<0.05 (Teste U de Mann-

Whitney; N=12/n=6).

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Figura 17. Fotomicrografias ilustrativas das principais imunocolorações realizadas

no trabalho. Nota: as imagens representam hotspots de positividade em cada

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caso. Seta preta= células CD24-/CD44+, seta branca= célula CD24+/CD44-, seta

vermelha= CD24+/CD44-. Imunoperoxidase ou Imunoperoxidase + imunofosfatase

alcalina (no caso da dupla marcação), 400X (aumento original). Barra de escala=

100m.

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72

4.2.6. Outras variáveis de importância prognóstica/preditiva de resposta

terapêutica

A Figuras 18 e as Tabelas 7-10 informam os resultados obtidos com o

tratamento com sinvastatina em relação a outras variáveis de valor prognóstico e

preditivo de resposta terapêutica como: expressão de receptores hormonais,

superexpressão do oncogene HER2/neu e subtipo molecular definido pela

classificação alternativa (imunoistoquímica). Resumidamente, não foram

observadas modificações agudas nestas variáveis com o uso de sinvastatina em

dose elevada.

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Figura 18. Gráficos representativos da percentagem de células expressando

receptores hormonais nos grupos controle e experimental. A: receptor de

estrógeno (RE); B: receptor de progesterona (RP). Ausência de diferenças

estatisticamente significantes entre os grupos; p>0.05 (Teste U de Mann-Whitney;

N=12/n=6).

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Tabela 7.Status de positividade para receptor de estrógeno em animais controle e

experimentais.

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Tabela 8.Status de positividade para receptor de progesterona em animais

controle e experimentais.

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Tabela 9.Status de positividade para a superexpressão do oncogene HER2/neu

em animais controle e experimentais.

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Tabela 10. Subtipagem molecular alternativa simplificada (agrupada) em animais

controle e experimentais.

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5. DISCUSSÃO

O presente trabalho foi realizado com o objetivo primordial de verificar a

existência de efeitos agudos antineoplásicos e anti-CTNs com o uso de

sinvastatina em doses altas, eventualmente caracterizando quali-

/quantitativamente tais efeitos. Essa verificação preliminar de efeitos agudos se

faz necessária, pois funciona como um pré-requisito a ser cumprido antes da

realização de um estudo formal sobre os efeitos da sinvastatina em esquema de

alta-dosagem intermitente/cíclico (i.e., em esquema clássico de quimioterapia).

Sem essa confirmação preliminar de efeitos agudos, o pesquisador farmacologista

pode incorrer em grave erro de conduta ética e em gastos desnecessários de

tempo, recursos humanos e materiais, já que um estudo de adequação de doses

tipicamente consome grande número de animais, reagentes e exige o

envolvimento substancial de indivíduos de alto nível de competência técnica

(FERREIRA, 2010; RIVERA & GILMAN, 2012).Para a realização bem sucedida

deste trabalho, optamos por dividi-lo em duas partes principais.

5.1. Primeira parte: efeitos farmacológicos agudos no animal

Sprague-Dawley normal e seleção da dose-teste ideal

Nesta primeira parte, definimos a dose-teste da sinvastatina, através de

experimentos de eficácia e toxicidade, baseados na avaliação de variáveis

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bioquímicas (dosagens de enzimas musculares e de substâncias que caracterizam

os perfis lipídico e hepático). Seguindo as normas de boas práticas em

desenvolvimento/caracterização de fármacos, foram selecionadas variáveis

bioquímicas que permitissem verificar os efeitos terapêuticos e adversos

classicamente descritos para a sinvastatina – um fármaco antidislipidêmico do

grupo das estatinas lipofílicas (BERSOT, 2012).

Em princípio, pode parecer estranho o estudo de perfil lipídico na definição

da dose-teste de uma droga com potencial antineoplásico. Contudo, devemos

lembrar que os efeitos antineoplásicos das estatinas permanecem em grande

parte desconhecidos ou mal caracterizados, sendo, portanto, considerados como

efeitos off label(GAUTHAMAN et al., 2009ª/b). Assim, consideramos mais

prudente definir a dose-teste com base nos efeitos típicos(terapêuticos e tóxicos)

da sinvastatina. Cumpre mencionar, entretanto, que a relação entre redução de

colesterol sérico e efeito antineoplásico pela sinvastatina ainda não foi claramente

estabelecida na literatura(BROWN, 2007; GAUTHAMAN et al., 2009ª/b).

Com relação à faixa de doses testadas, tomamos como referência a

literatura baseada em experimentos de uso crônico de sinvastatina, em diferentes

modelos murinos, já que os artigos sobre efeitos agudos da sinvastatina no rato

Sprague-Dawley são praticamente inexistentes (PIERNOet al., 2006;

BUTTERWECKet al., 2009). Revisando os artigos disponíveis, concluímos que a

faixa terapêutica da sinvastatina em ratos inicia-se com a dose de 20mg/Kg e se

superpõe à faixa de toxicidade a partir de 80mg/Kg(PIERNO et al., 2006;

BUTTERWECKet al., 2009). De acordo com a maioria dos estudos, a dose de

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40mg/Kg VO/dia é a que mais se aproxima do esquema posológico utilizado em

seres humanos(RENNÓ, 2014; RENNÓ et al., 2014). Em contrapartida, doses

superiores a 100mg/Kg são intoleráveis para a maioria dos animais, quando em

esquema de administração contínua, particularmente em períodos de tratamento

superiores a 10 dias(RENNÓ, 2014; RENNÓ et al., 2014). Em função destes

dados e da necessidade de selecionarmos uma dose considerada como “alta”

para os propósitos deste trabalho, optamos por testar doses na faixa entre 125 e

500mg/Kg.

Ainda na primeira parte do trabalho, além de definir a dose-teste de

sinvastatina, acabamos caracterizando paralelamente (e ainda que de forma

superficial) o perfil de efeitos terapêuticos e colaterais agudos desta droga no

animal Sprague-Dawley normal. Vale lembrar que a literatura sobre os efeitos

agudos da sinvastatina neste modelo experimental é bastante escassa e

incompleta. Resumidamente, nesta etapa inicial do trabalho, foi possível

reproduzir agudamente todos os efeitos terapêuticos (i.e., redução de LDL-c,

VLDL-c, colesterol total e triglicerídeos totais, bem como aumento de HDL-c) e

parte dos efeitos adversos (e.g., miotoxicidade) tradicionalmente descritos no uso

crônico de sinvastatinaem seres humanos(BERSOT, 2012).

O perfil farmacológico aqui descrito difere, contudo, do observado em

modelos de animais dislipidêmicos, obesos ou em consumo de dieta

hiperlipidêmica, onde o uso de estatinas diminui os níveis séricos do colesterol em

doses mais baixas (TOWBIN et al., 1979; DIAZ-ZAGOYA et al., 1999; FUNATSU

et al., 2003; PIERNO et al., 2006;). Alguns modelos utilizando ratos

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normolipidêmicos demonstram apenas diminuição de níveis séricos de VLDL-c e

triacilglicerol, mas não do colesterol total (ROGLANSet al., 2002). Este fato pode

ser justificado em parte pela capacidade da estatina de reduzir a síntese e

concentração do colesterol no fígado, resultando em menor liberação de VLDL-c

e, consequentemente,em diminuição dos níveis de triacilgliceróis totais (lembrando

que na via endógena de transporte de lípides, o VLDL carrega tanto colesterol

com triglicérides)(ROGLANSet al., 2002).

Do ponto de vista qualitativo, houve variação no perfil de efeitos

terapêuticos e adversos conforme a dose do fármaco, o que permitiu a seleção da

dose de 250mg/Kg como dose-teste ideal. Isso porque, nesta dose, os animais

apresentaram todos os efeitos terapêuticos mais relevantes (notadamente, a

redução de LDL-c), sem os efeitos tóxicos inconvenientes de lesão muscular e

hepática. Cumpre reforçar que a descrição de tais resultados agudos é inédita no

modelo experimental em questão.Vale destacar também que a escolha de uma

dose-teste únicafoi proposital;ela conferiu economia de tempo e recursos na

segunda metade do trabalho, permitindo o aprofundamento desta etapa através da

abordagem de um número muito maior de variáveis de análise.

A avaliação de miotoxicidade foi realizada através da quantificação da

enzima creatina quinase total (CK) e de análise histológica. A despeito das

alterações nos níveis séricos de CK, não foram observadas lesões histológicas, o

que difere bastante dos achados de RENNÓ (2014) para tratamento crônico de

sinvastatina no mesmo modelo. Este autor avaliou quatro músculos diferentes,

sendo dois ricos em fibras musculares lentas (masseter superficialis e de

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paredeabdominal) e outros dois ricos em fibras musculares rápidas

(gastrocnemius e bíceps brachii), encontrando, em todos os tipos,lesões

microscópicas compatíveis com miosite crônica inespecífica.

O caráter lipofílico da sinvastatina parece ser importante na miotoxicidade,

já que facilita a penetração de suas moléculas nas células musculares(PIERNOet

al., 1995). Dentre os possíveis mecanismos de ação toxicológica, destacam-se:

(1) disfunção mitocondrial, (2) diminuição de influxo de cloro nas células e (3)

redução da concentração celular de ubiquinonas (WESTWOODet al., 2008;

SIRTORI, 2014). A ubiquinona é uma molécula sintetizada a partir do ácido

mevalônico(intermediário da via de biossíntese do colesterol, cuja produção é

inibida pelas estatinas) e considerada como essencial para a cadeia de transporte

de elétrons na mitocôndria (MCDONALD et al., 2004). Além disso, as estatinas

podem aumentar a expressão do gene atrogina-1, o qual parecer ser responsável

pela ocorrência de atrofia muscular no tecido (SIRTORI, 2014). A ausência de

miotoxicidade bioquímica na dose-teste (e histológica, em qualquer dose)

associada a ausência de hepatotoxicidade (em qualquer dose – vide abaixo) são

pontos favoráveis para o uso intermitente da droga em altas dosagens, em

comparação com o uso crônico/contínuo tradicional.

O perfil hepático foi avaliado pela quantificação das enzimas ALT e AST

além da análise microscópica das três zonas do tecido. Neste trabalho, em

contraposição aos achados de RENNÓ (2014)em modelo crônico, nem mesmo a

dose mais alta (500mg/Kg) foi capaz de produzir hepatotoxicidade, sugerindo que

este efeito colateral seja possível apenas em tratamentos crônicos ou

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intermitentes (com pequeno intervalo de descanso entre as doses). Segundo

RENNÓ (2014) e MCDONALD et al. (2004), o uso crônico de sinvastina em

animais Sprague-Dawley leva ao aparecimento de alterações hepáticas doses-

dependentes, semelhantes à esteato-hepatite crônica não-alcoólica (NASH). Em

humanos, há relatosde farmacovigilância relacionando hepatotoxicidade ao uso

das estatinas (SIRTORI, 2014).

Modelos in vivo utilizando ratos, camundongos, coelhos e cães, indicam

que o uso crônico das estatinas causa lesões no fígado e que este dano pode ser

revertido com a administração de ácido mevalônico (MCDONALD et al., 2004).

Isto parece indicar que parte da lesão hepática poderia ser devida à própria ação

farmacológica de inibição da enzima HMG-CoA redutase. Nestes modelos citados,

foram reportados aumento das enzimas transaminases e alterações morfológicas,

resultados idênticos aos obtidos por nosso grupo em outro trabalho (RENNÓ,

2014). Já em testes in vitrocom estatinas e células hepáticas, demonstrou-se que

estes fármacos podem reduzir a coenzima Q10 nas mitocôndrias dos hepatócitos,

aumentando os danos oxidativos no DNA, reduzindo a síntese de ATP e elevando

o índice apoptótico(TAVINTHARAN et al., 2007).

Não avaliamos a função renal dos animais neste estudo, por limitações de

tempo, recursos e porque a nefrotoxicidade da sinvastatina (geralmente associada

a uma nefrite túbulo-intersticial) é um evento bastante raro e geralmente vinculado

a tratamentos crônicos (BERSOT, 2012).

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Em resumo, os resultados obtidos nesta primeira etapa do trabalho

permitiram a seleção de uma dose-teste satisfatória (i.e., com eficácia típica e

toxicidade mínima) – pré-requisito fundamental para a realização do objetivo

principal do trabalho (na segunda etapa). Além disso, tais resultados tornam

bastante promissores para a continuação do trabalho em direção ao teste formal

da sinvastatina em esquema posológico intermitente/cíclico (i.e., em esquema

tradicional de quimioterapia antineoplásicas).

5.2. Segunda parte: ação antineoplásica e anti-CTN da

sinvastatina

Entre as mulheres, os carcinomas mamários representam a neoplasia

maligna mais prevalente e a principal causa óbito por câncer(KEYSAR &JIMENO,

2010; LORICO & RAPPA, 2011; KUBATKA et al., 2011). Nas duas últimas

décadas, evidências cumulativas indicam que o câncer de mama e outras tumores

malignos sólidosseriam tecidos heterogêneos, isto é, constituídos por múltiplas

subpopulações celulares organizadas de forma hierárquica. Tais neoplasias

seriam originadas a partir de um pequeno grupo de células neoplásicas primitivas

e dotadas de propriedades progenitoras (auto-renovação e potencial

multilinhagem), chamadas de células-tronco neoplásicas (CTN)(GOKMEN-POLAR

et al., 2011; LORICO & RAPPA, 2011;MANELLO, 2013). Além da importância

fisiopatológica, estas células parecem ter papel prognóstico e preditivo de

resposta terapêutica, atuando como biomarcadores de pior evolução e resistência

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terapêutica. Dessa forma, as CTNs têm se tornado importantes alvos no

desenvolvimento de novosagentes farmacológicos antineoplásicos ou de novas

aplicações para fármacos conhecidos (RENNÓ et al., 2014).

Entre os fármacos promissores devido à provável atividade anti-CTN,

destacam-se as estatinas. As estatinas e as células-tronco neoplásicas têm sido

importante objeto de estudo em nosso grupo de pesquisa nos últimos três anos

(RENNÓ, 2014; RENNÓ et al., 2014; MARCOS, 2013, VISMARI, 2014). Nesses

trabalhos, demonstramos a importância clínica dos marcadores CTN no câncer de

mama (VISMARI, 2014), descrevemos a presença de marcadores de diferentes

subtipos de CTN no modelo de carcinogênese mamária do DMBA (RENNÓ, 2014;

RENNÓ et al., 2014; MARCOS, 2013) e, ainda neste modelo, relatamos de forma

inédita a redução in vivo da expressão de inúmeros marcadores CTN com o uso

crônico de sinvastatina (RENNÓ, 2014; RENNÓ et al., 2014). Este último trabalho,

nos motivou a investigar em maior pormenor a ocorrência do efeito anti-CTN em

regime de tratamento agudo com altas doses de sinvastatina – principal tópico a

ser discutido nesta parte do trabalho.

De forma sucinta, os resultados do presente trabalho indicam a existência

de efeitos antineoplásicos e anti-CTNs agudos, isto é, 24h após a administração

de sinvastatina na dose-teste selecionada de 250mg/Kg.A ação antineoplásica

aguda da sinvastatina resulta em uma redução dos índices mitótico e proliferativo

(i.e., e inibição do crescimento celular) da ordem de 70%, mas não inclui qualquer

efeito sobre a morte celular (seja por necrose ou por apoptose), o que nos permite

classificar esta ação como citostática (e não citotóxica). É importante mencionar

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que o efeito inibitório sobre o crescimento celular não afeta apenas as CTNs, mas

também as células neoplásicas mais bem diferenciadas, já que a redução na

proliferação é da ordem de 50%, enquanto que as CTNs correspondem a uma

parcela bastante pequena da massa tumoral total. Essasobservações são muito

semelhantes às obtidas com o tratamento crônico (RENNÓ, 2014; RENNÓ et al.,

2014).Entretanto, em contraposição ao trabalho de RENNÓ(2014), não

evidenciamos quaisquer modificações em nível volumétrico, o que era esperado,

uma vez que reduções tumorais macroscópicas após lesão terapêutica podem

demorar bem mais que 24h para ocorrer.

Raros estudos in vivo discutem os efeitos antineoplásicos das estatinas, em

particular das lipofílicas (KOCHUPARAMBIL et al., 2011;KANGet al., 2009). Dois

trabalhos recentes demonstraram que a sinvastatina tem significantes efeitos

antineoplásicos em modelos de carcinogênese mamária por indução química.

KUBATKAet al. (2011) demonstrou uma redução profilática do número de animais

desenvolvendo câncer de mama quando tratadas com sinvastatina ou

atorvastatina. Igualmente, LUBETet al.,(2009) descreveu a redução da

carcinogênese mamária de ratas tratadas com atorvastatina ou lovastatina. Nestes

trabalhos in vivo, as estatinas foram administradas antes e durante o

desenvolvimento da neoplasia, sendo,portanto, estudos de quimioprevenção. É

importante enfatizar que em nosso modelo experimental, as estatinas foram

administradas após a formação do tumor, ou seja são estudos de tratamento

antineoplásico. Devido a essa diferença crucial de delineamento experimental, fica

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difícil estabelecer paralelos entre a escassa literatura pertinente disponível e

nossos resultados, os quais se impõem como achados inéditos.

Em relação à expressão de marcadores CTN, nossos dados indicam que

nem todos os subtipos de CTN sofrem agudamente com a administração de

sinvastatina em dose alta. Neste trabalho, foi detectada redução aguda apenas

nos níveis de expressão de ALDH1 e OCT3/4. Nos demais marcadores, ou não

houve diminuição estatisticamente significante (CD44, EPCAM e CD133) ou houve

aumento (CD24).Esses dados diferem significantemente dos dados de RENNÓ et

al. (2014) em modelo de tratamento crônico os quais evidenciam redução

significante nos níveis tissulares de CD24, CD44 e CD133, sem alterações

significantes em outros marcadores.

Em conjunto, esses achados sugerem que as CTN de um mesmo tipo de

neoplasia poderiam diferir em sensibilidade frente a esquemas posológicos

distintos de uma mesma droga. Sabemos que ainda é cedo para esse tipo de

especulação; antes de mais nada é preciso caracterizar o efeito cumulativo de

doses agudas em esquema intermitente/cíclico(continuação deste trabalho) e

descartar a possibilidade dos demais marcadores estarem decaindo de forma

mais tardia (e.g., 48 ou 72h depois da aplicação do fármaco). Também seria

interessante verificar a duração do efeito anti-CTN após a extinção da droga no

organismo.

Todavia, se confirmadas, essas observações poderiam fornecer

embasamento teórico para importantes modificaçõesna forma como as

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quimioterapias antineoplásicas são planejadas, principalmente, em termos de

posologia. Dito de outra maneira, futuramente, com base em um conhecimento

mais completo acerca da heterogeneidade das neoplasias e da coexistência de

CTNs com sensibilidades diferenciadas a esquemas posológicos distintos, seria

possível propor estudos clínicos para investigar a melhor forma planejar a

administração de drogas antineoplásicas, intercalando ou mesclando esquemas

posológicos diferentes, segundo a composição da neoplasia.

Ainda com relação aos marcadores CTN, chama a atenção o aumento

paradoxal de CD24. Antes mesmo de especularmos se esse aumento poderia ser

um obstáculo terapêutico, isto é, uma maneira da neoplasia adquirir resistência

terapêutica neste tipo de esquema posológico, há que se considerar o caráter

controverso deste marcador. Embora tradicionalmente considerado como um

marcador de pior prognóstico e de CTNs da mama humana (HOSONAGA et al.,

2014), originalmente, essa molécula foi descrita como um marcador de

diferenciação luminal ou seja um marcador de célula bem diferenciada(DOS

SANTOS et al., 2013). Infelizmente, o presente trabalho não apresenta elementos

que permitam resolver este dilema.

Em resumo, este é o primeiro estudo que confirma a existência de efeito

antineoplásico e anti-CTNsmamárias agudo por parte da sinvastatina em altas

doses eem contexto in vivo (modelo do DMBA). Este efeito é do tipo citostático

(i.e., não envolve morte celular) e restrito a apenas alguns tipos de CTNs, a saber:

a ALDH1 e a OCT3/4+. Em conjunto, esses resultados apontam para a

necessidade se investigar com maior profundidade o uso de sinvastatina em

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esquemas terapêuticos antineoplásicos com posologia clássica, isto envolvendo

altas doses intermitentes (cíclicas).

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6. SÍNTESE DE RESULTADOS E CONCLUSÕES

Em paralelo com os objetivos do trabalho, apresentamos a seguinte síntese

de resultados/conclusões:

1- O uso de sinvastatina em dose elevada única resulta em efeitos terapêuticos (

de: triglicérides, colesterol total, VLDL-c e LDL-c, e de: HDL) e tóxicos ( de:

CK).

2- O perfil farmacológico da sinvastina (efeitos terapêuticos/ adversos) depende

da dose.

3- A dose de sinvastatina a 250mg/Kg foi definida como dose-teste, neste

trabalho, pois resultou no principal efeito terapêutico desejado ( de LDL-c)

sem causar efeitos adversos.

4- Na dose-teste, em administração única, a sinvastatina resulta em efeito

antineoplásico do tipo citostático (uma vez que reduz os índices proliferativo e

mitótico, sem induzir necrose ou apoptose).

5- Na dose-teste, em administração única, a sinvastatina resulta em efeito anti-

CTN específico/restrito, caracterizado pela redução na expressão

imunoistoquímica dos antígenos CTN ALDH1 E OCT3/4.

6- Na dose-teste, em administração única, a sinvastatina resulta aumento na

expressão imunoistoquímica do antígeno CD24.

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7- Na dose-teste, em administração única, a sinvastatina não resulta em

modificações volumétricas, no número de tumores por animal, na expressão de

receptores hormonais, nem na classificação da neoplasia segundo o subtipo

molecular.

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