80
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA CLAODETE HASSELSTROM NEVES Efeitos da administração crônica da digoxina e do verapamil sobre o desempenho físico e a estrutura e função cardíaca em ratos submetidos ao treinamento físico intervalado CUIABÁ-MT 2015

Efeitos da administração crônica da digoxina e do

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CLAODETE HASSELSTROM NEVES

Efeitos da administração crônica da digoxina e do verapamil

sobre o desempenho físico e a estrutura e função cardíaca em

ratos submetidos ao treinamento físico intervalado

CUIABÁ-MT

2015

Page 2: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

CLAODETE HASSELSTROM NEVES

Efeitos da administração crônica da digoxina e do verapamil

sobre o desempenho físico e a estrutura e função cardíaca em

ratos submetidos ao treinamento físico intervalado

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Educação Física da Universidade Federal de Mato

Grosso como requisito para a obtenção do título de Mestre

em Educação Física na Área de Concentração: Atividade

Física, Desempenho e Corporeidade, Linha de Pesquisa:

Ajustes e adaptações metabólicas e fisiológicas ao

exercício físico e a dieta.

Orientador: Profº. Dr. Mário Mateus Sugizaki

CUIABÁ-MT

2015

Page 3: Efeitos da administração crônica da digoxina e do
Page 4: Efeitos da administração crônica da digoxina e do
Page 5: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

Dedico esse trabalho ao meu marido Alisson Leal das Neves, pela paciência, incentivo

e carinho. Sem o seu apoio seria impossível.

Ao meu filho Murilo H. Neves pela benção e alegria em minha vida. O seu sorriso e

carinho são o meu refúgio nas horas difíceis.

Dedico também às muitas pessoas (familiares, amigos, colegas de trabalho e minhas

atletas) que precisaram compreender minha ausência e distância durante esta caminhada.

Page 6: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por me dar força e fé para

continuar.

À minha família, em especial aos meus pais Nelso Ari Hasselstrom e Irma Maria

Hasselstrom, pela minha formação e base de sustentação, aos meus irmãos e irmãs (de quem

estive muito ausente durante os meus estudos e viagens).

Ao meu orientador Mario Mateus Sugizaki pela atenção em me orientar, pelo seu

exemplo profissional e pessoal na vida diária. Agradeço a oportunidade de ser sua orientanda.

Ao professor Danilo Henrique Aguiar, pela paciência e ajuda nas análises histológicas.

A professora Luanna Ferreira Gomes pelas análises de ecocardiograma.

A todos os colegas do mestrado, pela convivência, pelo aprendizado e pela força, em

especial a Camila Brandão, Maria Luisa Lima Holland, Greicielle Pereira Arruda e Silva pelo

apoio em Cuiabá e por colaborarem fazendo com que os meus dias longe de casa fossem

menos solitários e mais acolhedores.

Aos professores e alunos do grupo de estudo e do laboratório, principalmente aos que

se esforçaram junto comigo na execução deste trabalho, Sergio Luiz B. Souza, Gustavo A. F.

Mota, Caroline Tomazelli, Milena Nascimento, Antônio, Clarice, Isabela Signor, Karyn

Gysele de Souza, João F. M. Tavares, Luana Vuollo Botan e Maiara Petri Pires.

A minha secretaria Jéssica dos Santos e Sousa que cuidava do meu “anjinho” com

muito carinho e dedicação, principalmente durante as minhas viagens.

A minha auxiliar Fernanda da Rocha Schonberger que me substituía em tudo que era

possível na minha ausência com muita dedicação.

Enfim, a todos que acompanharam minha luta diária com os estudos, sem deixar de

lado meus papéis (mãe, esposa, professora, irmã e filha) e me apoiaram para que eu pudesse

continuar sem desistir de mais uma etapa importantíssima da minha vida.

Page 7: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

“Fazer de tudo como se tudo dependesse de nós,

Sabendo que tudo depende de Deus”

Santo Inácio de Loyola

Page 8: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

RESUMO

O objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da administração crônica de digoxina e do

verapamil durante treinamento físico intervalado de alta intensidade (TFI) sobre o

desempenho físico, capacidade funcional e morfologia cardíaca de ratos. Para tanto, 48 ratos

Wistar, com 60 dias de idade, foram aleatoriamente distribuídos em 6 grupos(N=8/grupo):

controle, não treinado (C), treinado, sem administração de droga (T), digoxina sem

treinamento (DIGO), verapamil sem treinamento (VERA), treinado, com administração de

digoxina (TDIGO) e treinado, com administração de verapamil (TVERA). A digoxina e o

verapamil foram administrados via gavagem, na dose de 30µg/kg/dia e 5,0 mg/kg/dia

respectivamente, durante todo o período experimental. Os grupos T, TDIGO e TVERA foram

submetidos a um programa de TFI em esteira rolante durante 60 dias. Foi aplicado o teste de

esforço progressivo máximo (TEM) e determinada a concentração sérica de lactato (LAC)

sanguíneo. O TFI consistiu de sessões de corrida em esteira rolante 1 h/dia, 5 dias/semana por

60 dias. A intensidade de treino foi 80% da velocidade máxima (Vmáx) atingida no teste de

esforço antes do TFI por 8 min e 20% da Vmáx por 2 min. A função cardíaca foi avaliada por

ecocardiograma. Foi coletado o músculo esquelético, o músculo cardíaco e a gordura corporal

total (GOR) para os dados anatômicos, o ventrículo esquerdo (VE) para análise histológica e o

sangue para a análise bioquímica. A comparação entre os grupos foi realizada por meio da

análise de variância (ANOVA) e Kruskal Wallis para o esquema de dois fatores

independentes, complementada com o teste de Bonferroni, Tukey ou Dunn. O índice de

significância considerado foi de 5%. A relação VE/peso corporal final (PCF), o diâmetro

diastólico do VE (DDVE) e diâmetro sistólico do VE (DSVE) foram maiores no grupo

TDIGO do que o grupo T e DIGO. Os parâmetros do TEM foram maiores e a concentração de

LAC foi menor em ratos treinados em relação aos não treinados. A relação GOR/PCF foi

menor no TDIGO e TVERA em relação ao DIGO e VERA, respectivamente. A relação

VE/PCF foi maior no TVERA em relação ao VERA. O diâmetro interno do VE (DIVE) do

grupo T, TDIGO e TVERA foram maiores em relação ao C, o TDIGO teve aumento em

relação ao DIGO. O colesterol total e o LDL foram maiores no TDIGO comparado ao DIGO.

A área do cardiomiócito foi maior nos grupos VERA e T comparados ao grupo C. Conclusão:

O Treinamento intervalado promoveu hipertrofia cardíaca do tipo excêntrica. Entretanto, a

administração concomitante de digoxina ou de verapamil não afetaram a morfologia cardíaca,

a função cardíaca e o desempenho físico em ratos submetidos ao treinamento.

Page 9: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

Palavras Chave: digoxina, verapamil, treinamento físico intervalado, desempenho físico,

função cardíaca, morfologia cardíaca

Page 10: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the effects of chronic administration of cardiotonic

(digoxin) and the calcium channel blocker (verapamil) during high-intensity interval exercise

training (IET) on physical performance, functional capacity and cardiac morphology of rats.

For this study, 48 Wistar rats, 60 days old, were randomly distributed into 6 groups (N = 8 /

group): control, untrained (C), trained without drug administration (T), digoxin untrained

(DIGO), verapamil without training (VERA), trained with digoxin administration (TDIGO)

and trained with verapamil administration (TVERA). Digoxin and verapamil were

administered by gavage at a dose of 30μg/kg/day and 5.0 mg.kg-1

, respectively, throughout

the experimental period. The groups T, TDIGO and TVERA underwent a IET program on a

treadmill for 60 days. The progressive maximal exercise test was applied (TPM) and

determined the serum concentration of lactate (LAC) blood. The IET consisted of sessions

running on a treadmill 1 h/day, 5 days/week for 60 days. The training intensity was 80% of

the maximum velocity (Vmax) achieved in the stress test before the TAI for 8 min and 20% of

Vmax for 2 min. Cardiac function was assessed by echocardiography. Was collected skeletal

muscle, cardiac muscle and total body fat (TBF) for anatomical data, the left ventricle (LV)

for histological analysis and blood for biochemical analysis. The comparison between groups

was performed using analysis of variance (ANOVA) or Kruskal Wallis for the two

independent factors, complemented by the Bonferroni test, Tukey or Dunn. The significance

level considered was 5%. The ratio VE final body weight (FBW), LV diastolic diameter

(LVDD) and LV systolic diameter (LVSD) were higher in TDIGO group than the group T

and DIGO. The parameters MET were higher and the concentration of LAC was lower in rats

training in relation to the untrained. The relationship GOR/FBW was lower in TDIGO and

TVERA compared to DIGO and VERA respectively. The ratio VE/FBW was higher in

TVERA compared to VERA. The of the LV inside diameter (LVID) T group, TDIGO and

TVERA were higher compared to C, TDIGO had increased compared to DIGO. Total

cholesterol and LDL were higher in TDIGO compared to DIGO. The area of cardiomyocytes

was higher in VERA and T compared to group C. Conclusion: TAI induced cardiac

hypertrophy of the eccentric type. However, concomitant administration of digoxin or

verapamil did not affect the cardiac morphology, cardiac function and physical performance

in rats submitted to training.

Page 11: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

Keywords: digoxin, verapamil, interval exercise training, physical performance, cardiac

function, cardiac morphology

Page 12: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Transporte de cálcio nos miócitos cardíacos .......................................................... 16

Figura 2 - Via de sinalização no cardiomiócito resulta na hipertrofia cardíaca ...................... 17

Figura 3 - Estrutura química do verapamil .............................................................................. 20

Figura 4 - Mecanismo de ação, balanço iônico e contração no sarcolema ............................... 22

Figura 5 - Corte transversal da região endocárdica-miocárdica do ventrículo esquerdo ........ 33

Figura 4.1.1 - Weight gain of groups during experimental period ........................................... 40

Figura 4.1.2 - [A] Skeletal muscles weight e [B] Left ventricular weight normalized by body

weight of groups ...................................................................................................................... 41

Figura 4.1.3 - [A] Lactatemia e [B] Glycemia immediately after maximum progressive

exercise test at the end of internal training program ................................................................ 43

Figura 4.2.1 - Teste de esforço [A], Tempo total de teste (min) e [B] Distância total percorrida

(m) ............................................................................................................................................ 62

Figura 4.2.2 - Concentração plasmática de lactato após o teste de esforço máximo no

momento pós-treinamento ........................................................................................................ 63

Figura 4.2.3 - Dados histológicos do ventrículo esquerdo [A] Número de capilares, [B]

Relação capilares x área, [C] Número de capilares [D] Área nuclear [E] Área do

cardiomiócito ........................................................................................................................... 64

Figura 4.2.4 - Corte transversal da região endocárdica-miocárdica do ventrículo esquerdo .. 65

Page 13: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1.1 - Energy intake and feed efficiency .................................................................... 40

Tabela 4.1.2 - Maximum progressive exercise test in pré-training, after 30 days and in post-

training ...................................................................................................................................... 42

Tabela 4.1.3 - Echocardiographic data of cardiac structural parameters .................................. 44

Tabela 4.1.4 - Echocardiographic data of cardiac functional parameters ............................... 44

Tabela 4.2.1 - Características somáticas e consumo alimentar dos grupos experimentais ...... 61

Tabela 4.2.2 - Relações entre gordura corporal, músculo cardíaco e esquelético com o peso

corporal final, espessura da parede e diâmetro interno do ventrículo esquerdo ....................... 61

Tabela 4.2.3 - Efeitos da administração de digoxina e verapamil sobre os parâmetros

bioquímicos séricos de animais submetidos ao treinamento físico intervalado ....................... 63

Page 14: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

1.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 15

1.2 Objetivos específicos .......................................................................................................... 15

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 16

2.1 O Íon cálcio, o acoplamento (E-C) e a hipertrofia cardíaca ............................................... 16

2.2 Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) .......................................................................... 19

2.3 Cardiotônicos ...................................................................................................................... 21

2.4 Treinamento físico e o coração ........................................................................................... 24

3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 27

3.1 Animais e grupos experimentais ........................................................................................ 27

3.2 Seleção e adaptação dos animais à esteira rolante .............................................................. 28

3.3 Teste de esforço progressivo máximo ................................................................................ 28

3.4 Protocolo de treinamento físico intervalado de alta intensidade ....................................... 29

3.5 Determinação do lactato e glicose sanguínea ..................................................................... 29

3.6 Avaliação da função ventricular por ecocardiograma ........................................................ 29

3.7 Perfil nutricional, dados anatômicos e análise bioquímica................................................. 30

3.8 Análise histológica ............................................................................................................ 31

3.9 Análises Estatísticas ........................................................................................................... 33

4. RESULTADOS ................................................................................................................... 34

4.1 Capítulo I ............................................................................................................................ 34

4.2 Capítulo II ........................................................................................................................... 55

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 71

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 72

Page 15: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

14

1 INTRODUÇÃO

O íon cálcio (Ca2+

) é um mensageiro intracelular que participa de vários processos

fisiológicos, incluindo a transcrição gênica, contração muscular e proliferação celular

(BERRIDGE, 1993; PETERSEN; BERRIGDE, 1994; CLAPHAM, 1995; BERRIDGE et al.,

1998). Nos cardiomiócitos, a superfície de cada célula contém milhares de canais que

controlam precisamente a entrada do Ca2+

(CLAPHAM, 2003) e sua homeostase é mantida,

principalmente, pela liberação e recaptura de Ca2+

pelo retículo sarcoplasmático (RS)

(STUDER et al.,1994). O receptor de rianodina (RyR2) medeia o efluxo de Ca2+

do RS, sendo

primordial no acoplamento excitação-contração (E-C), que resulta na contração e relaxamento

do miocárdio (BERS, 2000; CURRIE et al., 2004; CHEN et al., 2013).

O influxo de Ca2+

extracelular é inibido pelos fármacos bloqueadores dos canais de

cálcio (BCC) que bloqueiam os canais de Ca2+

(tipo L). A diminuição na concentração do

Ca2+

promove inotropismo negativo (diminuição da força de contração cardíaca) e

dromotropismo negativo (inibição da formação de impulsos e redução da velocidade de

condução no nódulo sinoatrial [SA] e átrio ventricular [AV] do coração) (GUTMAN, 1987).

Os BCCs agem também nas células do músculo liso vascular promovendo relaxamento,

resultando em vasodilatação (sistêmica e periférica) e redução da pressão arterial (PA)

(ELLIOTT; RAM, 2011).

Por outro lado, a utilização de glicosídeos cardiotônicos (GC) pode elevar o influxo de

Ca2+

. Os GCs inibem a bomba de sódio-potássio ATPase (Na+/K

+-ATPase) o que impede o

efluxo ativo de sódio (Na+) possibilitando sua troca com o Ca²

+ extracelular por meio do

trocador Na+/Ca

2+ (NCX) (SMITH, 1989). O consequente aumento do Ca²

+ intracelular

promove inotropismo positivo, dromotropismo negativo e cronotropismo negativo

(diminuição da frequência cardíaca) (GROSSMANN, 2001).

A literatura demonstra que a prática regular de exercício físico (EF) melhora a função

cardíaca (FERGUSON et al., 2001), pois está correlacionado com hipertrofia cardíaca (HC)

(PLUIM et al., 2000; OLIVEIRA; KRIEGER, 2002) e melhora da contratilidade dos

cardiomiócitos em decorrência do aumento dos níveis de Ca2+

intracelular e da sensibilidade

dos miofilamentos ao Ca2+

nos miócitos cardíacos (DIFFEE et al., 2001; NATALI et al.,

2004; WISLOF et al., 2001).

Embora o EF promova hipertrofia e aumente a contratilidade miocárdica, os exatos

mecanismos celulares e moleculares que promovem esses efeitos ainda permanecem

Page 16: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

15

desconhecidos. Uma vez que o íon Ca²+

tem papel central na contratilidade cardíaca, a

hipótese do estudo é que alterações na condutância ao Ca²+

podem afetar diretamente o

desempenho físico, bem como a estrutura e função do coração. Desta forma, o objetivo desse

trabalho foi avaliar os efeitos da administração crônica de verapamil ou digoxina em ratos

submetidos ao treinamento físico intervalado de alta intensidade (TFI). Para responder essa

indagação, utilizou-se um GC (digoxina) ou um BCC (verapamil) para aumentar ou reduzir a

disponibilidade de Ca²+

intracelular em ratos saudáveis treinados.

1.1 Objetivo geral

Avaliar os efeitos da administração crônica de digoxina ou verapamil sobre o

desempenho físico e sobre a estrutura e função cardíaca em ratos submetidos ao treinamento

físico intervalado de alta intensidade.

1.2 Objetivos específicos

Testar a influência da administração das drogas sobre o desempenho físico;

Testar a influência da administração das drogas sobre parâmetros in vivo da estrutura e

função cardíaca utilizando a técnica de ecocardiograma;

Testar a influência da administração das drogas sobre a estrutura do miocárdio

utilizando as técnicas histológicas;

Page 17: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

16

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O Íon Cálcio, o acoplamento excitação-contração (E-C) e a hipertrofia cardíaca

O Ca2+

atua como segundo mensageiro nas células e controla grande variedade de

funções, abrangendo respostas de curta duração como contração e secreção, bem como

respostas de longa duração como transcrição, divisão e morte celular (CLAPHAM, 1995;

BOOTMAN et al., 2001). No sistema cardiovascular, o Ca2+

participa de diversos processos

como, condutância elétrica, acoplamento excitação-contração, morte celular, regulação

transcricional e sinalização hipertrófica no coração (BERS, 2008).

Para controlar a concentração intracelular de Ca2+

as células possuem mecanismos

altamente eficientes que utilizam um "kit" de canais, bombas e tampões citosólicos (Figura1)

(BERRIDGE; LIPP; BOOTMAN, 2000). Apesar do Ca2+

ser essencial para a atividade

normal da célula, a alta concentração é tóxico ao organismo.

Figura 1. Transporte de cálcio nos miócitos cardíacos. Fonte: (BERS, 2013).

O íon Ca2+

penetra no citoplasma celular por meio de diferentes canais. No sistema

cardiovascular os canais mais importantes são os de voltagem-dependente: canal tipo L (alta

voltagem) e canal tipo T. A corrente de Ca2+

predominante na maioria das células musculares

cardíacas e vasculares é efetuada por meio dos canais tipo L que se constituem em

Page 18: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

17

subunidades alfa1, alfa 2, beta e delta, sendo que quatro subunidades alfa1 variantes já foram

identificadas (DOLPHIN, 2006). O canal de Ca2+

tipo L, no coração normal, está presente

tanto no miocárdio como no sistema de condução, enquanto o canal tipo T está

exclusivamente presente no sistema de condução, no nódulo SA e AV (OIGMAN; FRITSCH,

1998; GRANT, 2009). A despolarização do tubo T ativa o canal de Ca2+

tipo L, resultando em

um pequeno influxo de Ca2+

e garantindo a interação com o receptor de RyR2

(MOLKENTIN, 2006; BOOTMAM, 2012). A ativação sincronizada destes canais causa um

aumento transitório da concentração citoplasmática de Ca2+

de aproximadamente 100 nM a

aproximadamente 1 µM e uma subsequente contração transitória (CURRIE et al., 2004).

O Ca2+

é originário também de fontes intracelulares, este mecanismo de transdução no

músculo cardíaco é comumente referido como liberação Ca2+

induzida pelo Ca2+

(FABIATO,

1983). Durante o acoplamento E-C no músculo cardíaco, os íons Ca2+

são liberados no

sarcoplasma pelo retículo sarcoplasmático (RS), em resposta à despolarização do exterior das

membranas das fibras, o Ca2+

, em seguida, difunde-se para os filamentos finos, onde se ligam

aos sítios reguladores de Ca2+

troponina para ativar a contração muscular (BAYLOR;

HOLLINGWORTH, 2011).

Um conjunto de mudanças estruturais, no complexo troponina, permite a tropomiosina

deslocar-se ao longo do filamento de actina e permite a interação miosina-actina para produzir

força mecânica. O aumento e a redução na concentração do Ca2+

são os mecanismos

principais, o Ca2+

ativa diretamente os miofilamentos durante a sístole cardíaca causando

contração e durante a diástole o Ca2+

se dissocia dos miofilamentos levando ao relaxamento

(MAIER; BERS, 2002).

Para que ocorra o relaxamento do cardiomiócito, o Ca2+

livre deve ser transportado

para fora do citoplasma para restabelecer o potencial da membrana, sendo necessária a

dissociação do Ca2+

dos sítios de ligação com a troponina C e sua diminuição/remoção do

sarcoplasma. Essa remoção do Ca2+

do sarcoplasma durante o relaxamento ocorre por meio de

processos que envolvem a isoforma cardíaca da Ca2+

ATPase do retículo sarcoplasmático

(SERCA2a) (74%), trocadores NCX sarcolemal (24%), a Ca2+

ATPase do sarcolema (1%) e a

captação mitocondrial de Ca2+

(1%) em miócitos ventriculares de humanos e coelhos.

Alterações na regulação intracelular do Ca2+

podem resultar em disfunção elétrica e mecânica

(arritmias e redução do débito cardíaco) e algumas doenças são associadas (BERS, 2013). Em

geral, na insuficiência cardíaca, a função e a expressão da SERCA2a são reduzidas, enquanto

que a expressão e função do NCX é aumentada (MAIER; BERS, 2002).

Page 19: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

18

Durante condições estáveis, a mesma quantidade de Ca2+

deve ser fornecida e

removida a partir do citosol durante cada fluxo cardíaco (MAIERS; BERS, 2002). O

transiente de Ca2+

pode estar elevado em condições fisiológicas durante ativação simpática do

receptor β1 – adrenérgico, ou em circunstâncias fisiopatológicas, como durante hipóxia ou

isquemia do músculo cardíaco. As catecolaminas liberadas por via endógena ativam os

receptores β-adrenérgicos, o que resulta na ativação da adenilato-ciclase, aumento da

adenosina monofosfato cíclico (AMP) e da atividade da proteína quinase A dependente do

AMP cíclico (PKA). A PKA possibilita a fosforilação e ativação direta tanto de canais de

cálcio tipo L e T, dos RyRs, da troponina I (reduz a sensibilidade da TnC ao Ca2+

) e da

fosfolambam (PLB) culminando no aumento da concentração de Ca2+

(BERS, 2008).

A sinalização dependente de Ca2+

além da resposta funcional, também está envolvida

na regulação transcricional e sinalização hipertrófica no coração (Figura 2).

Figura 2. Via de sinalização no cardiomiócito resulta na hipertrofia cardíaca. Fonte: (FREY; OLSON, 2003).

O tipo de resposta, funcional ou hipertrófica, é dependente da velocidade e da

intensidade do aumento da concentração do Ca2+

citosólico (KATZ, 2010). Enquanto que a

resposta funcional é dependente de elevadas e breves variações, a resposta hipertrófica está

relacionada a pequenas e sustentadas variações nas concentrações de Ca+2

.

No músculo cardíaco, o Ca²+ contribui diretamente como um importante fator para a

ativação de cinases e fosfatases envolvidas na regulação de genes envolvidos no processo de

Page 20: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

19

excitação-transcrição (BERRIDGE, 1993). Evidências sugerem que a resposta hipertrófica

miocitária ao Ca+2

está associada com a ativação das proteínas quinases C (PKC), da cálcio-

calmodulina-quinase II (CaMKII) e da calcineurina-fosfatase (CaN) pelo complexo

cálcio/calmodulina (CaM) (CLAPHAM, 2007; KATZ, 2010).

A Ca+2

calmodulina quinase (CaMK) pertence à classe das serina-treonina quinases,

sendo ativada por aumento nos níveis de Ca+2

intracelular, esta enzima atua no processo de

fosforilação de proteínas envolvidas no transporte de Ca+2

, como os RyR, PLB e também

modulando os canais de Ca+2

do tipo L e consequentemente o acoplamento excitação-

contração nos miócitos cardíacos (BERS, 2008). A modulação da CaMK pelo Ca+2

é dada

através de sua capacidade de se ligar ao complexo Ca+2

/CaM. A ligação com o complexo

Ca+2

/CaM induz mudança conformacional da enzima promovendo sua ativação e subsequente

autofosforilação, a ativação da PKC e da CAMKII fosforilam fatores transcricionais nucleares

(ANDERSON, 2005).

A calcineurina é uma serina-treonina fosfatase dependente de Ca+2

/CaM. O

envolvimento da via Ca+2

-CaM-calcineurina-NFAT é reconhecido como uma das principais

vias que interligam a sinalização da membrana celular ao núcleo da célula. Em resposta ao

aumento da concentração intracelular de Ca+2

, o complexo Ca+2

-CaM liga-se à subunidade

regulatória da calcineurina, induzindo modificação conformacional que permite a

defosforilação de substratos, tais como o fator nuclear de células T ativadas (NFAT) do

inglês, nuclear fator of activated T-cells (FREY;OLSON 2003).

Em condições basais, o NFAT fosforilado, encontra-se no citoplasma; após a

desfosforilação é translocado para a região promotora nuclear, promovendo ativação de genes

músculo-específicos e, consequentemente, a hipertrofia cardíaca (ANDERSON, 2005; KATZ,

2010).

O processo de aumento da massa celular em resposta a estímulos de crescimento não é

apenas um processo adaptativo do cardiomiócito em resposta ao aumento da carga de

trabalho, mas também uma das mais importantes complicações clínicas de distúrbios

cardiovasculares (SCHLUTER; PIPER, 1999).

2.2 Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC)

Os BCCs são um grupo heterogêneo de drogas com muitos efeitos variáveis no músculo

cardíaco como: função do nodo sinusal, condução atrioventricular, vasos sanguíneos

Page 21: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

20

periféricos e circulação coronariana (FRISHMAN, 1997). São compostos por um grupo

heterogêneo com quatro famílias distintas: os derivados das diidropiridinas (como, por

exemplo, nifedipina, felodipina, lacidipina e amlodipina), dos benzotiazepínicos (como, por

exemplo, diltiazem), das fenilalquilaminas (como, por exemplo, verapamil) e tetralol

(mebefradil). Esses fármacos compartilham o mecanismo comum de ação que inibe

seletivamente o fluxo de Ca2+

nos canais de Ca2+

tipo L (PITT, 1997; OPIE et al., 1987). As

três primeiras classes são as mais amplamente empregadas no manejo das desordens

cardiovasculares como hipertensão, angina pectoris e arritmia cardíaca (SRINIVASAN;

SIVARAMAKRISHNAN; KARTHIKEYAN, 2011; SUWALSKY et al., 2010).

Os canais de Ca2+

voltagem dependente do miocárdio são compostos de subunidades e

os BCCs ligam-se à subunidade alfa1 (NIGRO; FORTES, 2005); cada subclasse de BCC atua

em um sítio específico do canal e, consequentemente, exibem diferentes comportamentos

farmacológicos (BEAN, 1991).

O efeito terapêutico do verapamil baseia-se na inativação do influxo de Ca2+

para o

meio intracelular, de modo que os níveis citosólicos desse íon tornam-se mais baixos

(FISHER; GROTTA, 1993) (Figura 3).

Figura 3. Estrutura química do verapamil. Fonte: SUWALSKY et al., 2010.

Esse mecanismo de ação ocorre quando o fármaco se liga ao receptor no canal de

Ca2+

, interagindo entre si e com o maquinário de transporte do canal, vetando sua abertura,

com consequente inibição da entrada do Ca2+

(RANG et al., 2007).

A ativação de receptores RyR2 é inibida com a baixa concentração de Ca2+

e a

liberação deste íon por parte do RS também fica comprometida, resultando em inotropismo

negativo (KATZ et al., 2010).

As baixas concentrações de Ca2+

no interior dos cardiomiócitos proporcionam

respostas que incluem vasodilatação arterial coronária e periférica, bem como restrição da

Page 22: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

21

contração miocárdica e perda de velocidade de condução nodal (BOMBIG; PÓVOA, 2009),

embora os mecanismos envolvidos no acoplamento E-C do miocárdio e do músculo liso

vascular sejam substancialmente diferentes (OIGMAN; FRITSCH, 1998).

Os BCCs tem ação direta dilatadora sobre o músculo liso arterial periférico (STONE

et al., 1980; OPIE, 1984) e inativam os canais voltagem-dependente na musculatura lisa

arterial em concentrações significativamente inferiores àquelas necessárias para alterar a

liberação de Ca2+

intracelular ou para inibir os canais de Ca2+

operados por receptores

(BRUNTON et al., 2006).

São utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) devido às suas

ações como dilatadores arteriolares, agentes anti-isquêmicos e relaxantes de função diastólica

ventricular esquerda, podendo também prevenir a progressão da disfunção do miocárdio

(PIEPER, 1996).

O verapamil diminui a magnitude da corrente de Ca2+

e, adicionalmente, diminui a

taxa de recuperação do canal de Ca2+

. A velocidade de condução AV sobre a atividade do

marca-passo do nódulo SA é dependente do potencial retardador de recuperação do canal

resultando em efeito dromotrópico negativo (BRUNTON et al.,2006).

Os BCCs como o verapamil, diidropiridinas (ex.: nifedipino) e diltiazem previnem

alterações moleculares e celulares associadas com hipertrofia e são utilizados como anti-

hipertensivos, antiarrítmicos e antianginosos, sendo que o verapamil afeta preferencialmente o

coração (HENRY, 1980; CHAFFMAN; BROGDEN, 1985; BOMBIG et al. 1996; PEREIRA;

MANDARIM-DE-LACERDA, 2001; GROSSMAN; MESSERLI, 2004; RANG et al., 2007;

AGO et al., 2010).

Estudos de meta-análise têm demonstrado que os BCCs determinam regressão na

hipertrofia ventricular esquerda, promovem melhora na função diastólica do VE e reduzem

significativamente a resistência vascular periférica mantendo o débito cardíaco normal nos

indivíduos sem comprometimento na função sistólica (OIGMAN; FRITSCH, 1998).

2.3 Cardiotônicos

Os termos “digital” ou glicosídeo cardiotônico” são usados para se referir a qualquer

um dos esteroides ou compostos glicosídeos esteroides que exercem efeitos característicos

positivamente inotrópicos e eletrofisiológicos no coração. Todos os esteroides cardioativos

Page 23: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

22

partilham a propriedade de serem inibidores potentes da bomba de Na+/K

+-ATPase

(HAUPTMAN; KELLY, 1999).

As bombas e os trocadores iônicos são de extrema importância para a regulação direta

ou indireta dos níveis citosólicos de cálcio. A Figura 4 mostra os principais mecanismos de

controle de influxo e efluxo de íons Ca2+

do meio intracelular, onde a regulação da

concentração de Ca2+

determina os mecanismos de contração e/ou relaxamento muscular.

Figura 4. Mecanismo de ação, balanço iônico e contração no sarcolema. Fonte: (BRUNTON; LAZO;

PARKER, 2006).

A etapa 1 corresponde ao influxo de Na+ pela abertura do canal de Na

+ ativado na

despolarização, durante o potencial de ação cardíaco normal e acoplamento E-C, uma

quantidade relativamente pequena de Ca2+

entra na célula via ativação de canais de Ca2+

tipo

L (local da ação do verapamil) (etapa 2); esta entrada de Ca2+

estimula o receptor de RyR2 e

desencadeia a liberação de Ca2+

do RS através do sistema de liberação induzida por Ca2+

(etapa 3); o aumento da concentração de Ca2+

faz que o íon interaja com a troponina C (TnC),

removendo o efeito inibitório que o complexo troponina-tropomiosina exerce sobre a

interação actina-miosina, resultando em encurtamento do sarcômero e, consequentemente,

contração muscular (etapa 4); o relaxamento inicia-se na etapa 5, onde a bomba de Ca2+

do

RS (SERCA2a) recaptura a maior parte do Ca2+

citosólico ao RS; a etapa 6 mostra a bomba

Ca2+

ATPase da membrana celular removendo o Ca2+

citosólico para o meio extracelular e a

etapa 7 mostra o trocador NCX contribuindo com a remoção do Ca2+

(BERS, 2013). A bomba

de Na+/K

+-ATPase (etapa 8) bombeia 3 cargas positivas (3Na

+) para fora e 2 cargas (2K

+)

para dentro, o ambiente intracelular torna-se mais negativo que o extracelular e essa diferença

Contraction

External

Internal

Page 24: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

23

de voltagem é essencial para a manutenção do potencial de repouso das células e determina a

atividade excitatória do músculo.

A ação inotrópica positiva induzida pela digoxina é decorrente da inibição da Na+/K

+-

ATPase que interfere no transporte ativo de Na+ e de K

+ através da membrana celular. A

inibição, por sua vez, eleva o Na+ intracelular, sua remoção via trocador NCX aumenta a

disponibilidade de Ca2+

intracelular. O aumento da disponibilidade de Ca2+

junto às proteínas

contráteis resulta na dissociação da tropomiosina e maior possibilidade de sítios de interação

entre actina e miosina, resultando na contração mais forte do miocárdio (SMITH, 1993;

KATZ et al., 2010) e resultam em hipertrofia de cardiomiócitos (PENG et al., 1996;

HUANG; LI; XIE, 1997; BRUNTON; LAZO; PARKER, 2006; SCHONER; SCHEINER-

BOBIS, 2007; SAINI-CHOHAN; GOYAL; DHALLA, 2010).

Os efeitos benéficos dos GCs na insuficiência cardíaca congestiva (ICC) são

provavelmente atribuíveis ao seu efeito inotrópico positivo, a redução da taxa de condução

cardíaca e neuro-hormonal (LIU; BROWN; O’ROURKE, 2010). A redução da taxa de

condução cardíaca se traduz por alentecimento da condução AV do estímulo elétrico, isso se

deve ao estímulo vagal proporcionado pelo GC, além de sua ação direta nas células da junção

de oclusão (KATZ, 2010). O efeito neuro-hormonal caracteriza-se pela redução da atividade

simpática, estimulação da ação vagal e aumento da sensibilidade dos reflexos barorreceptores

e cardiopulmonares (GUIMARÃES et al., 2002). O estímulo vagal e a melhoria das

condições hemodinâmicas, com consequente menor estimulação simpática, causam redução

da frequência cardíaca (FC) (GILLIS, 1979; GHEORGHIADE; FERGUNSON, 1991).

Devido a seus efeitos benéficos, os GCs têm sido utilizados há décadas para tratar a

ICC (SCHONER; SCHEINER-BOBIS, 2007) e certos tipos de arritmias cardíacas (XIONG et

al., 2012). Seu uso é recomendado em pacientes sintomáticos com ICC predominantemente

sistólica e em pacientes com ritmo de fibrilação atrial e frequência ventricular elevada,

(GUIMARÃES et al., 2002; HAAS; YOUNG, 1999). A digoxina é recomendada por diversas

associações para o tratamento da ICC em circunstâncias clínicas específicas, no entanto,

atualmente é menos utilizada do que no passado, devido à janela terapêutica e toxicidade da

droga (HUNT et al., 2005, 2009; KATZ, 2010).

O aumento da concentração de Ca2+

no citosol é responsável pelo efeito inotrópico

positivo e pelos efeitos arritmogênicos dos glicosídeos em doenças cardiovasculares, o

principal efeito adverso das drogas digitálicas (XIONG et al, 2012; LIU; BROWN;

O’ROURKE, 2010). Clinicamente, a dosagem de digoxina usualmente empregada é de 0,25

mg/dia para pacientes com função renal normal. Por apresentar um índice terapêutico baixo, a

Page 25: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

24

digoxina expressa frequentemente manifestações tóxicas em pacientes que fazem o seu uso e

deve ser acompanhada pela dosagem do seu nível sérico.

Ações tóxicas e inotrópicas de GCs podem, de fato, compartilhar um mecanismo

comum e estudos procuram descobrir fatores importantes na determinação dos efeitos

terapêuticos e toxicidade, reduzindo a taxa de mortalidade por intoxicação devido a novas

modalidades de tratamento (KIRILMAZ et al., 2012).

2.4 Treinamento físico e o coração

O EF é o estímulo fisiológico mais importante para o aumento da demanda de

oxigênio do miocárdio. A exigência do músculo exercitado para o aumento do fluxo de

sangue exige um aumento do débito cardíaco, o que resulta em aumentos nas três principais

determinantes da demanda de oxigênio do miocárdio: FC, a contratilidade miocárdica e o

trabalho ventricular (DUNCKER; BACHE, 2008). A resposta cardiovascular ao EF depende

da característica do exercício executado, ou seja, o tipo, a intensidade, a duração e a massa

muscular envolvida (BRUM et al., 2004).

O treinamento físico (TF) induz respostas adaptativas por meio de adaptações

morfológicas, eletrofisiológicas, bioquímicas e metabólicas no músculo cardíaco (MARON,

2001). Os diferentes sinais (mecânico, neuro-humoral, etc) são traduzidos no interior da célula

como alterações bioquímicas que levam à ativação de segundos mensageiros (citosólicos) e

terceiros e quartos mensageiros (nucleares) que irão agir no núcleo da célula, interagindo com

o DNA, promovendo a reprogramação da atividade celular (OLIVEIRA; KRIEGER, 2002).

As adaptações no sistema cardiovascular induzidas pelo TF incluem aumento do peso

e volume das câmaras ventriculares, hipertrofia do cardiomiócito, aumento do débito cardíaco

e melhora da função contrátil. Estas adaptações produzem melhora no desempenho nos níveis

de trabalho máximo e submáximo, proporcionando melhora da função cardíaca por meio de

adaptações celulares e subcelulares (DIFFEE et al., 2001; KEMI et al., 2002; WISLOFF et al.,

2002).

O EF pode aumentar a sensibilidade dos miofilamentos ao Ca2+

(WISLOFF et al.,

2002; KEMI et al., 2007), estas adaptações são mais pronunciadas nas células situadas

próximas ao endocárdio (NATALI, 2004). Os estudos de Kemi e colaboradores (2005)

encontraram relação direta e positiva entre a capacidade de exercício e concentração de Ca2+

Page 26: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

25

em cardiomiócitos isolados dos ventrículos de ratos. Esta relação também foi relatada por

outro estudo, sendo reforçada pelo aumento observado nos níveis de expressão de SERCA2a

e RyR2 (PRIMOLA-GOMES et al., 2009).

A literatura tem documentado que o TF induz hipertrofia ventricular e aumento da

contratilidade miocárdica (NAYLOR et al., 2008; PLUIM et al., 2000; WISLOFF et al.,

2001). Essas adaptações morfo/funcionais estão relacionas ao aumento do Ca2+

transiente

(WISLOFF et al., 2001; PRIMOLA-GOMES et al., 2009) e às estruturas envolvidas na

homeostasia do Ca2+

citosólico como o aumento da Ca2+

ATPase do RS (SERCA2a)

(BUTTRICK et al. 1994; TATE et al, 1996; WISLOFF et al., 2001, KEMI et al., 2007;

MEDEIROS et al., 2008; PRIMOLA-GOMES et al., 2009) e dos receptores de rianodina

(STAUFFER; MITRO; MOORE, 1993; LANKFORD et al., 1998, PRIMOLA-GOMES et al.,

2009).

Este processo é complexo e envolve a geração de sinais na membrana celular que

ativam uma cascata de vias de sinalização intracelular, as quais regulam a atividade gênica e

proteica necessária para o crescimento do miócito (HEINEKE; MOLKENTIN, 2006). O Ca2+

é um mensageiro intracelular que participa de vários processos fisiológicos e um importante

mensageiro citoplasmático da cascata de eventos da hipertrofia cardíaca (BERS, 2008).

A hipertrofia cardíaca constitui-se num dos principais mecanismos de adaptação do

coração em resposta à sobrecarga de trabalho, de pressão ou de volume imposta ao coração

em determinadas condições. Esse aumento da massa ocorre em decorrência de alterações

genéticas isoladas, como a cardiomiopatia hipertrófica, em resposta a condições

fisiopatológicas, tais como a hipertensão arterial, infarto do miocárdio ou de hiperatividade

simpática ou como resposta fisiológica devido à sobrecarga de trabalho impostas pelo

treinamento físico dinâmico e estático realizado de forma crônica por atletas (MCMULLEN;

JENNINGS, 2007).

Estudos em animais tem demonstrado que hipertrofia fisiológica e patológica possuem

distintas bases moleculares e estruturais, o treinamento intervalado de alta intensidade ativa a

via de sinalização Akt/mTOR no coração, enquanto genes fetais não são ativado. A

sobrecarga de pressão induz hipertrofia patológica e reativação de genes fetais no coração e

baixa regulação da via Akt/mTOR , sugerindo que esta via é associada com a hipertrofia

fisiológica com melhora da função contrátil (KEMI et. al, 2008).

Exercícios isotônicos como a corrida, caminhada, ciclismo e natação, envolvem

movimento de grandes grupos musculares. A profunda vasodilatação do músculo esquelético

que é envolvido produz hipertrofia excêntrica pelo aumento do retorno venoso para o coração

Page 27: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

26

e sobrecarga de volume (aumento de pré-carga), com a adição dos sarcômeros em série

resultando em aumento da câmara cardíaca e sem aumento na espessura da parede. Por outro

lado, exercícios estáticos ou isométricos, como o levantamento de peso, envolve o

desenvolvimento da tensão muscular contra a resistência com pouco movimento, causando a

sobrecarga de pressão (aumento da pós-carga) com a adição dos sarcômeros em paralelo

resultando em aumento da espessura da parede sem aumento de câmaras (GROSSMAN,

1980; HASHIMOTO et al., 2011; PELLICCIA, 2012).

O TFI de alta intensidade consiste em períodos alternados de alta e baixa intensidade,

podendo induzir alterações centrais (cardiovascular) e periféricas (músculo esquelético)

semelhantes ou até mesmo superiores que os exercícios contínuos em uma série de

marcadores fisiológicos, de desempenho e relacionados à saúde, tanto em indivíduos

saudáveis como em populações doentes (PEREIRA et al., 2013; GIBALA et al., 2012).

A hipótese de que o TFI resulta em maiores adaptações benéficas ao coração

comparado com o observado depois do treinamento moderado (TM) é suportada por recentes

estudos clínicos, experimentais e epidemiológicos. O TFI tem demonstrado maior influência

na função cardíaca e capacidade aeróbica do que TM em humanos (HELGERUD et al., 2007),

roedores (KEMI et al., 2005) e em pacientes com insuficiência cardíaca (WISLOFF et al.,

2007).

De maneira geral, o treinamento físico melhora a função cardíaca que está relacionada

ao aumento no consumo máximo de oxigênio, do volume sistólico, do débito cardíaco, na

condutância sistêmica vascular, na diferença do oxigênio arteriovenoso e bradicardia de

repouso (BLOMQVIST; SALTIN, 1983), além de modificações no balanço simpático-vagal

(ALMEIDA; ARAÚJO, 2003) e redução da PA pós-exercício em relação aos níveis pré-

exercício (MACDONALD, 2002).

Page 28: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

27

3 METODOLOGIA

3.1 Animais e grupos experimentais

No presente estudo, foram utilizados 48 ratos machos da linhagem Wistar, com 60

dias de idade, provenientes do Biotério Central da Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT) - Campus Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Os animais foram mantidos em gaiolas

coletivas de polipropileno (4 animais/gaiola) cobertas com grades metálicas, ambiente com

temperatura controlada (24 ± 2ºC) e sob um ciclo claro-escuro de 12h (12h/12h). A ingestão

alimentar foi controlada diariamente e o peso corporal dos animais monitorado

semanalmente, os animais foram alimentados com ração comercial (3,5 kcal/g em 26%

proteína, 3% lipídeos, 54% carboidratos e 17% outros; Labina; Purina, Paulínia, SP, Brazil) e

água ad libitum. Esta dieta padrão segue as recomendações sobre as necessidades

nutricionais de animais de laboratório (BENEVENGA et al. 1995) e garante tanto o bem-

estar dos animais como a confiabilidade dos resultados experimentais. Este estudo foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal da Universidade Federal de Mato

Grosso (CEPA – UFMT) (protocolo nº: 23108.019254/11-0) e conduzido de acordo com as

normas estabelecidas no "Guide for the Care and Use of Laboratory Animals", na Lei

11.794/2008, e Princípios Éticos na Experimentação Animal do Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal (COBEA).

Os ratos foram aleatoriamente distribuídos em seis grupos (N=8/grupo): controle, não

treinado (C), treinado, sem administração de droga (T), digoxina sem treinamento (DIGO),

verapamil sem treinamento (VERA), treinado, com administração de digoxina (TDIGO) e

treinado, com administração de verapamil (TVERA). A dose de digoxina (Pharlab Indústria

Farmacêutica, Lagoa da Prata-MG) foi de 30,0 µg/kg, a dose de Verapamil foi de 5,0 mg/kg

e ambas foram administrada via gavagem, uma vez ao dia, durante todo período

experimental, incluindo a fase de adaptação e treinamento (75 dias). A concentração de

digoxina estabelecida em nosso estudo baseou-se nos trabalhos de Wang et al. (2001) e

Manunta et al. (2000) os quais utilizaram 32µg/kg/dia e 30µg/kg/dia respectivamente, em

ratos Sprague-Dawley normotensos durante 5 ou 6 semanas. A dosagem de verapamil

utilizada em nosso estudo é a mesma dosagem empregada clinicamente para pacientes

hipertensos. Os grupos C e T foram submetidos ao mesmo procedimento da gavagem,

Page 29: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

28

porém, receberam apenas o mesmo volume do veículo da dissolução da droga para garantir

as mesmas condições a todos os grupos.

3.2 Seleção e adaptação dos animais à esteira rolante

Os animais dos grupos treinados (T, TDIGO e TVERA) foram previamente

selecionados por meio de testes submáximos, a partir dos quais se observou a resposta

positiva de cada animal ao estímulo de corrida em pelo menos cinco testes (MANCHADO-

GOBATTO, et al., 2010). Antes de iniciar o programa de treinamento, os grupo T, TDIGO e

TVERA foram submetidos a um protocolo de adaptação à esteira, com duração de 1 semana

(velocidade de 10m/mim, 15 minutos por dia). O objetivo da fase de adaptação foi minimizar

os efeitos do estresse do ambiente (esteira rolante), sem promover qualquer estímulo

adaptativo ao treinamento físico.

3.3 Teste de esforço progressivo máximo

Para avaliar o desempenho físico nos momentos pré e pós-treinamento, os grupos T,

TVERA e TDIGO foram submetidos ao teste de esforço máximo (TEM) em esteira rolante,

de acordo com o protocolo adaptado de Manchado-Gobatto et al. (2007). As variáveis

analisadas durante o teste foram: velocidade média (Vm), velocidade máxima (Vmáx), tempo

e distância percorrida. A velocidade inicial do teste foi de 10 m/mim, sendo

progressivamente aumentada (2m/min) a cada 2 minutos, até a exaustão.

O critério de exaustão adotado para o teste foi à incapacidade de manter a velocidade

requerida durante 5 segundos. O teste máximo foi repetido após 30 dias do início do

treinamento para ajuste das cargas de exercício. Ao final do período experimental os grupos

T, TVERA e TDIGO foram novamente submetidos ao teste de esforço, juntamente com os

grupos C, VERA e DIGO.

Page 30: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

29

3.4 Protocolo de treinamento físico intervalado de alta intensidade

O protocolo de treinamento físico foi adaptado de Kemi et al. (2007). O treinamento

intervalado tem sido proposto como estratégia adequada para promover respostas benéficas

sobre a função e hipertrofia cardíaca (WANG; WISLOFF; KEMI, 2010). Após o pré-teste, os

grupos T, TVERA e TDIGO foram submetidos a um programa de TF intervalado em esteira

rolante (8 minutos em velocidade correspondente à 80% da Vmáx e 2 minutos em velocidade

correspondente à 20% da Vmáx), durante 60 dias. O tempo diário de treinamento foi

adaptado progressivamente nas 4 primeiras semanas (30, 40, 50 e 60 minutos

respectivamente).

3.5 Determinação do lactato e glicose sanguínea

Para avaliar a eficácia do protocolo de TF, foi determinada a concentração de lactato

sanguíneo imediatamente após o teste de esforço máximo. Para tanto, foi utilizado um

lactímetro portátil da marca Roche (modelo: Accutrend Plus, Alemanha), capaz de quantificar

a concentração de lactato em pequenas quantidades de sangue. Para o teste de glicemia foi

utilizado um glicosímetro portátil da marca Roche (modelo: Accu-Check Advantage,

Alemanha). Para cada teste foi coletada uma gota de sangue da extremidade da cauda do

animal (FREITAS et al. 2010).

3.6 Avaliação da função ventricular por ecocardiograma

O ecocardiograma representa uma alternativa para o estudo da função ventricular e

pode oferecer importantes informações sobre o desempenho cardíaco de roedores. Ao término

do período experimental e 24 horas antes da eutanásia, os ratos foram submetidos à avaliação

da função ventricular. Os animais foram anestesiados com cloridrato de cetamina (50mg/kg) e

cloridrato de xilazina (1mg/kg), administrados por via intramuscular. Após tricotomia da

região anterior do tórax, os ratos foram posicionados e as imagens ecocardiográficas

Page 31: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

30

bidimensionais em modo-M foram obtidas por via transtorácica paraesternal esquerda,

utilizando o equipamento modelo (Mylab 30 Vetgold, marca Esaote, Gênova, Itália). Um

transdutor linear de 18 MHZ (Mylab 30 Vetgold, marca Esaote, Gênova, Itália) foi utilizado

para realizar os cortes no eixo curto. Para as medidas da parede posterior do VE e septo

interventricular, e diâmetro do VE em diástole e sístole, foram utilizadas imagens no modo-M

com o cursor colocado no nível médio do músculo papilar, visualizando as bordas endocardial

e epicardial do coração movendo e angulando o transdutor (REFFELMANN; KLONER,

2003). Para as medidas do diâmetro do átrio esquerdo e da aorta foram utilizadas imagens no

modo-M com o cursor colocado de modo a dividir a aorta ao meio quando os folhetos são

visibilizados e atravessando o átrio esquerdo (BOON, 2004). Para avaliar a função sistólica do

VE, foi calculada a fração de ejeção [(DDVE3 – DSVE

3) / DDVE

3], a porcentagem de

encurtamento endocárdico (∆D end), [(DDVE – DSVE) / DDVE], a porcentagem de

encurtamento mesocárdico, ∆D meso {[(DDVE + ½ EDPP + ½ EDSIV) – (DSVE + ½ ESPP

+ ½ ESSIV)] / (DDVE + ½ EDPP + ½ EDSIV)}.

3.7 Perfil nutricional, dados anatômicos e análise bioquímica

Dois dias após o término do período experimental, os animais (em estado de jejum -

12 horas) foram anestesiados com cloridrato de cetamina (50mg/kg) e cloridrato de xilazina

(1 mg/kg) e eutanasiados por decapitação.

A avaliação nutricional foi realizada pela análise de ingestão calórica (IC), eficiência

alimentar (EA) e gordura corporal total. A IC foi calculada de acordo com a seguinte

fórmula:

IC =

onde IAC é a ingestão alimentar diária (g), VER é o valor energético da ração (g x kcal) e N

é o número de animais na gaiola. Para o cálculo do VER deve-se considerar que 1 g de ração

corresponde a 3,5 kcal. A EA, que analisa a capacidade do animal converter a energia

alimentar consumida em peso corporal, foi calculada dividindo-se o ganho total do peso dos

animais (g) pela energia total ingerida (Kcal) (NASCIMENTO et al., 2008). Após a

eutanásia, foram coletados os depósitos de gordura. A quantidade de gordura corporal total

Page 32: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

31

foi determinada pela somatória dos depósitos de gordura epididimal, retroperitoneal e

visceral, normalizada pelo peso corporal final (g/g).

Ao final do experimento, o coração foi imediatamente retirado da cavidade torácica e

lavado com solução fisiológica. O ventrículo direito (VD) e VE foram separados dos átrios;

também foram retirados o músculo sóleo e o extensor longo dos dedos (EDL). Todas as

amostras foram pesadas em balança analítica (marca Shimadzu, modelo AUY 220-

Alemanha). O peso dos músculos foi normalizado pelo peso corporal final. Fragmentos do

VE foram colocados em solução de cloreto de potássio (KCL) para que o ciclo cardíaco fosse

interrompido em diástole, foram medidas a espessura da parede do VE (EPVE) e o diâmetro

interno do VE (DIVE) com o auxílio de um paquímetro de aço inox (Jomarca- China) em

seguida, o VE foi colocado em solução de fixador para posterior análise histológica.

Para a análise bioquímica, as amostras de sangue foram coletadas em tubos Falcon,

centrifugadas a 3000 rpm por 10 minutos e armazenadas em freezer à -80º C. As

concentrações séricas de creatinina, colesterol total, triglicérides, lipoproteína de alta

densidade (hight density lipoproteín - HDL), lipoproteína de baixa densidade (light density

lipoprotein - LDL), lipoproteína de muito baixa densidade (very light density lipoprotein-

VLDL), transaminase glutâmica oxalacética (TGO), transaminase glutâmica pirúvica (TGP) e

proteínas totais foram determinadas utilizando-se kits específicos (BIOCLIN®

, Belo

Horizonte, MG, Brasil) e analisadas pelo método enzimático colorimétrico automatizado

(Technicon, RA-XTTM

System, Global Medical Instrumentation, Minessota, USA).

3.8 Análise histológica

Para a análise histológica foram obtidas amostras, no formato de anel, retiradas a partir

de cortes transversais do terço médio do VE e imersas em fixador paraformaldeído 10%

tamponado para posterior análise. As amostras foram lavadas em água corrente para retirar o

excesso de fixador e a seguir foram desidratadas em séries crescentes de álcoois (álcool 70%

por 24 horas, álcool 80% por 4 horas e álcool 95% por 4 horas). Em seguida, na pré-

infiltração, utilizou-se a mistura do etanol 95% com a resina de infiltração por 8 horas a - 4o

C. Na etapa seguinte, na infiltração, as amostras foram imersas apenas em resina de infiltração

por 24 horas a - 4o

C. Finalmente, na inclusão, as amostras foram posicionadas, na orientação

transversal, em moldes de plástico de medida 9x4mm, e sobre elas verteu-se a resina de

Page 33: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

32

infiltração com uma solução aceleradora para iniciar o endurecimento da resina à temperatura

ambiente. Após o endurecimento das amostras, as mesmas foram retiradas dos moldes e fez-

se o emblocamento, na qual as peças de resina foram coladas sobre um suporte de madeira

para apoio na etapa de microtomia.

As peças de resina contendo as amostras do tecido cardíaco foram fatiadas

utilizando-se um micrótomo semi-automático (modelo 2245, marca Leica, Alemanha). Os

cortes, com espessura de 3µm, eram inicialmente imersos em água destilada e depois

capturados na lâmina histológica. As lâminas eram deixadas para secar em chapa aquecedora

e depois submetidas à coloração.

A coloração escolhida para o presente estudo foi a coloração PAS (ácido periódico +

reativo de Schiff) com a solução de metanilyellow, pois, a mesma facilitou a observação da

área de delimitação celular, intensificando a marcação da lâmina basal. Após microtomia e

estufa a 50o

C por uma hora, os cortes histológicos foram imersos em álcool 90% e hidratados

em água destilada. Em seguida, os cortes foram imersos em ácido periódico 1% por 10

minutos e na sequência foram lavados três vezes em água destilada. Depois, os cortes foram

imersos no Reativo de Schiff por 1 hora e na sequência lavados em água corrente por 10

minutos. Utilizou-se então a Hematoxilina Férrica por 6 minutos seguida de lavagem em água

corrente por 10 minutos e metanilyellow por 2 minutos. Finalmente, seguiu-se a desidratação

e montagem das lâminas histológicas em Permount®.

Para a análise morfométrica, as lâminas histológicas do tecido cardíaco foram

observadas com auxílio de um software de análise e processamento de imagem. Para cada

animal, escolheram-se quatro áreas da região endocárdica-miocárdica, próximas do lúmen,

onde os cardiomiócitos eram observados transversalmente em aumento de 20x. A área celular

(µm2) de cada cardiomiócito foi mensurada dentro das quatro áreas, totalizando

aproximadamente 200 cardiomiócitos para cada animal. A área nuclear dos cardiomiócitos

também foi mensurada, realizando-se a contagem do número de cardiomiócitos e de capilares

(Figura 5).

Page 34: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

33

Figura 5. Corte transversal da região endocárdica-miocárdica do ventrículo esquerdo. Observa-se a área total

medida (ponta de seta), área do miocárdio (setas) e área do núcleo (círculo). Coloração PAS+ metanilyellow.

Aum. 20x.

3.9 Análise Estatística

As variáveis foram expressas por meio de medidas descritivas de posição e

variabilidade. A comparação dos grupos experimentais foi realizada pela técnica de análise de

variância (ANOVA) para o esquema de dois fatores independentes (droga e treinamento),

complementada com teste de comparações múltiplas de Tukey ou Bonferroni (BAYLEY,

1977) ou pela técnica de análise de Kruskal Wallis para o esquema de dois fatores

independentes (droga e treinamento), complementada com teste de comparações múltiplas de

Dunn. O índice de significância considerado para todas as variáveis foi de 5%.

Page 35: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

34

4 RESULTADOS

Artigo submetido à revista The Journal Physiological Sciences

4.1 Capítulo I

Long-term administration of digoxin induces cardiac hypertrophy but does not affect

cardiac function and physical performance in trained normotensive rats

ABSTRACT

This study investigated the effects of long-term administration of digoxin on the heart

structure and function and physical performance of rats subjected to high-intensity interval

training (IT). Male Wistar rats distributed in control (C), digoxin (DIGO), trained (T), and

trained with digoxin (TDIGO). Digoxin was administered by gavage at dose (30µg/kg/day)

for 75 days. IT program on a treadmill (total time of 60 min, fractionated in two intensities: 8

min at a speed corresponding to 80% of the maximal speed (MS) and 2 min at a speed

corresponding to 20% of the MS) for 60 days. A maximum progressive exercise test (MET)

and serum lactate concentration was determined. The cardiac parameters were evaluated by

echocardiographic. The left ventricle (LV)/body weight (BW) mass was higher in TDIGO

than Digo (+13.22%), the LV/BW diastolic diameter, and LV/BW systolic diameter were

higher in TDIGO than T and DIGO (DDVE; TDIGO vs. T: +17.9%; TDIGO vs. DIG:

+16.9%, DSVE; TDIGO vs. T: +23.5%; TDIGO vs. DIG: +24.5%). The MET parameters

were higher and serum lactate concentration was lower in the trained rats that in the non-

trained rats. Conclusion: Long-term administration of digoxin promoted cardiac hypertrophy

but did not affect cardiac function and physical performance in the rats subjected to IT.

Key words: digoxin, calcium, interval physical training, cardiac function, physical

performance

Page 36: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

35

INTRODUCTION

Calcium ion (Ca2+

) is an intracellular messenger that participates in several

physiological processes, including gene transcription, muscle contraction, and cell

proliferation [1-4]. In addition, Ca2+

plays an important role in the electrical activity and

contractility of the heart muscle, being essential in the excitation-contraction coupling (E-C)

process, which results in the contraction and relaxation of the myocardium. The

depolarization of the cardiomyocyte membrane promotes the opening of the voltage-

dependent Ca+2

channels (L-type channels), allowing the passage of small Ca+2

extracellular

amounts to the cytosol. The Ca+2

entry activates the ryanodine receptors (RyR) that increase

the release of Ca+2

ions from the sarcoplasmic reticulum (SR) to the cytosol [5]. The Ca+2

released by the SR interact with troponin C, eliminating the inhibitory effect that the troponin-

tropomyosin complex exerts on the actin-myosin interaction. The process results in the

reduction of the sarcomere and, consequently, in cardiac contraction [6]. Relaxation occurs

through cytosolic Ca+2

removal by the SR, mediated by the activity of the Ca+2

ATPase pump

of the SR (SERCA2a), Na+/Ca

+2 exchanger, and Ca

+2 pump of the sarcolemma, which

eliminates 88%, 10%, and 2% of the Ca+2

, respectively [6]. Changes in Ca+2

conductances

produce short-and long-term effects on cardiac function. The phosphorylation and

dephosphorylation reactions mediated by Ca-calmodulin-dependent enzymes such as the

calmodulin kinase (CaMK), calcineurin, and myosin light-chain kinase (MLCK) mediate the

acute effects in the E-C coupling activation processes and long-termeffects through activation

of nuclear hypertrophic signaling pathways. This raises questions about how the cardiac

myocytes distinguish different Ca+2

dependent intracellular signaling pathways during high

Ca+2

transients that are repeated during the E-C coupling.

It has been well documented that the regular practice of physical exercise (PE)

promotes positive adaptations in the cardiovascular system, resulting in the improvement of

physical performance in submaximal and maximal levels of exercise [7-9]. Among the

cardiovascular adaptations it has been shown, an increase in the peak of ventricular pressure

development, increased myocardial isometric tension, and cardiac hypertrophy [7,10].

Although PE increases myocardial contractility, the exact cellular and molecular mechanisms

that promote this effect remain unknown. A well-documented hypothesis in the literature is

that PE induces an increase in intracellular Ca+2

levels [8, 11-13] resulting in an increase in

contractile force and/or activation of hypertrophic pathways in cardiomyocytes. Several data

Page 37: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

36

provide evidence that suggests that PE improves the inotropic response via SERCA2a [8, 13-

17] ryanodine [13, 18, 19] L- type Ca2+

channel [20, 21] and the beta-adrenergic system [22].

Considering that Ca2+

participates in the hypertrophic signaling and cardiac functional

response, an increase in the intracellular Ca2+

availability may cause hypertrophy and

increased cardiac function induced by physical training. It is a well-established fact that

cardiotonic glycosides increase the Ca2+

supply by inhibiting the Na+/K

+-ATPase pump,

promoting an increase in intracellular sodium, which in turn increases the intracellular

Ca2+

through the sodium-calcium exchanger system (Na+/Ca

2+ exchanger) [23]. Therefore, we

tested the hypothesis that the long-term administration of cardiotonic glycosides during a

high-intensity interval training program promotes cardiac hypertrophy, increased cardiac

function, and consequently, improved physical performance of rats.

METHODS

Experimental protocol

32 male Wistar rats (age: 60 days) were kept in collective polypropylene cages (4

animals per cage), covered with metal grids in a temperature-controlled environment (24 ±

2°C) under a 12-h light/dark cycle (12h/12h), and fed with commercial ration (3.5 kcal/g

with 26% protein, 3% lipids, 54% carbohydrates, and 17% other; Labina, Purina, Paulínia,

SP, Brazil) and provided with water ad libitum. This standard diet follows the

recommendations on the nutritional needs of laboratory animals [24], ensuring the well-being

of the animals. This study was approved by the Ethics Committee on Animal Research of the

UFMT (CEPA-UFMT; protocol number 23108.019254/11-0) and was conducted in

accordance with the standards established in the Guide for the Care and Use of Laboratory

Animals (in Law 11,794/2008) and the ethical principles in animal experimentation of the

Brazilian College of Animal Experimentation (COBEA).

The rats were randomly distributed into four groups (n=8 per group) as follows:

control, non-trained (C), digoxin without training (DIGO), trained without digoxin (T), and

trained with digoxin (TDIGO). The digoxin dose (Pharlab Indústria Farmacêutica, Lagoa da

Prata-MG) was 30.0 µg/kg and administered via gavage, once a day during the entire trial

period, including the adaptation phase and training (75 days). The C and T groups were

subjected to the same procedure, but received only saline solution. The concentration of

Page 38: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

37

digoxin established in our study was based on the work of Wang et al. [12] and Manunta et al.

[25] used 32 and 30µg/kg/day, respectively, for 5 or 6 weeks, in normotensive Sprague-

Dawley rats. Two days after the end of the trial period, the animals (after 12 h of fasting) were

anesthetized with ketamine hydrochloride (50 mg/kg) and xylazine hydrochloride (1 mg/kg),

and euthanized by decapitation.

The nutritional assessment was performed with energy intake, feed efficiency, and

body fat analyses. The energy intake (EI) was calculated according to the following formula:

EI=WFI x RCV/N, where WFI is the weekly food intake (g), RCV is the ration caloric value

(g kcal), and N is the number of animals in the cage. For the RCV calculation, we should

consider that 1 g of ration is equivalent to 3.5 kcal. Total body fat was determined by the

mass sum of epididymal, retroperitoneal, and visceral fat deposits.

Selection and adaptation of the animals to the treadmill

The animals of the trained groups (T and TDIGO) were previously selected through

submaximal tests in which we observed the positive response of each animal to race

stimulation in at least five tests [26]. Prior to starting the training program, groups T and

TDIGO underwent a treadmill adaptation protocol for 1 week (speed, 10m/min, 15 min/day).

The purpose of the adaptation phase was to minimize the stress effects of the environment

(treadmill) without promoting any adaptive stimulation of the physical training.

Maximum progressive exercise test

To evaluate the physical performance in pre- and post-training, the rats in groups T

and TDIGO were subjected to the maximum progressive exercise test on a treadmill, in

accordance with the protocol adapted from Manchado et al. [27]. The variables analyzed

during the test were as follows: average speed (AS), maximum speed (MS), and distance

traveled. The initial test speed was 10m/min, being progressively increased (2m/min) every 2

minutes until the animal reaches exhaustion. The exhaustion criterion adopted for the test

was the inability to maintain the required speed for 5s. The maximum test was repeated 30

days after the beginning of the training to adjust the exercise load level. At the end of the trial

period, all the groups were subjected to the exercise test.

Page 39: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

38

Interval physical training protocol

The physical training protocol was adapted from Kemi et al. [16]. Interval training was

proposed as an appropriate strategy to promote beneficial responses on cardiac function and

hypertrophy [10]. After the pretest, the rats in groups T and TDIGO underwent an interval

physical training program on a treadmill (total time of 60 min, fractionated in two intensities:

8 min at a speed corresponding to 80% of the MS and 2 min at a speed corresponding to 20%

of the MS) for 60 days. The training daily time was 60 min.

Blood lactate determination

To assess the effectiveness of the physical training protocol, the blood lactate

concentration was determined immediately after the maximum stress test. For this purpose,

we used a Roche portable lactometer (model: Accutrend Plus, Germany), which enables the

quantification of lactate concentration in small quantities of blood. A blood drop sample was

collected from the tail of each animal for the test.

Assessing ventricular function under echocardiography

At the end of the trial period and 24 h before euthanasia, the rats were subjected to

evaluation of ventricular function. The animals were anesthetized with ketamine

hydrochloride (50 mg/kg) and xylazine hydrochloride (1 mg/kg), which were administered

intramuscularly. After trichotomy of the anterior thorax region, the rats were positioned, and

two-dimensional echocardiographic images in M-mode were obtained through the left

transthoracic parasternal view, using the MyLab 30 VET Gold, Esaote equipment. An18-

MHZ linear transducer was used to perform the short-axis cuts. For measurements of the left

ventricular (LV) posterior wall and interventricular septum, and the LV diastolic (LVDD) and

systolic (LVSD) diameters, we used M-mode images with the cursor placed at the middle

level of the papillary muscle, viewing the endocardial and epicardial boundaries bymoving

and gently angling the transducer [28]. For the left atrium and aorta diameter measurements,

we used M-mode images, with the cursor’s position dividing the aorta in half when the layers

were visualized and crossing the left atrium [29].

Page 40: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

39

Statistical analysis

Variables were expressed through descriptive measures of positioning and variability.

The comparison of the trial groups (C, DIGO, T, and TDIGO) was performed by analysis of

variance for the scheme of two independent factors (digoxin and training), complemented

with the Tukey multiple comparisons test or kruskal Wallis, complemented with the Dunn

test. The index of significance for all the variables was 5%.

Page 41: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

40

RESULTS

The body weight (BW) gain and food consumption of the trial groups are shown in

Figure 1 and Table 1, respectively. No significant difference (P>0.05) in BW gain was

observed between the groups during the trial period. These results indicate that the

administration of digoxin and physical training did not affect the somatic growth of the

animals. Groups T and TDIGO had lower (P< 0.05) weekly calorie intake than groups C and

DIGO. In addition, no significant difference (P>0.05) in feed efficiency was observed

between the groups.

Figure 1.Weight gain of groups during experimental period. (N = 8 rats/ group). Control (C), digoxin (DIGO),

trained (T) and trained + digoxin (TDIGO). Values are mean and standard deviation, ANOVA, Tukey test, p<

0,05.

Table 1. Energy intake and feed efficiency.

C

(N = 8)

DIGO

(N = 8)

T

(N = 8)

TDIGO

(N = 8)

Energy intake 92,5 ± 5,4 93,9 ± 7,3 86,9 ± 1,3* 80,8 ± 3,8#

FE 1,40 ± 0,23 1,59 ± 0,18

1,51 ± 0,33

1,57 ± 0,42

Values are mean ± SD. Groups: control (C), digoxin (DIGO), trained (T) and trained + digoxin (TDIGO), feed

efficiency (FE). * vs C; # vs Digo; Kruskal-Wallis, Dunn.

0

5 0

1 0 0

1 5 0

2 0 0

2 5 0

We

igh

t g

ain

(g

)

C o n tro l

D IG O

T

T D IG O

Page 42: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

41

Figure 2A shows the relationship between the weight of the soleus muscles (SOLs) and

extensor longus digitorum (EDL); and Figure 2B, the LV weights according to the BWs of the

trial groups. No significant differences (P>0.05) in SOL and EDL muscle weight (normalized

by BW) were observed between the groups after the trial period. However, the LV/final BW

(BW) ratio was higher in group TDIGO than in group DIGO.

Figure 2. [A] Skeletal muscles weight (SM) and left ventricular weight (LV) [B] normalized by body weight

(BW) of groups. (N = 8/ group). Control (C), digoxin (DIGO), trained (T) and trained plus digoxin (TDIGO).

Soleus (SOL), Extensor longus digitolis (ELD). Values are mean ± SD * P<0,05 vs DIGO (Anova, Tukey).

S o le u s E L D

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

1 .0

SM

/ B

W (

mg

/g)

C o n tro l

D IG O

T

T D IG O

A

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

3 .0

LV

/ B

W (

mg

/g)

C o n tro l

D IG O

T

T D IG O

*

B

Page 43: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

42

Table 2 shows the maximum progressive exercise test data of groups T and TDIGO in

pre-training (M1), after 30 days (M2), and in post-training (M3). Significant increases (P<

0.05) were observed in the following variables: time, speed, and distance from M1 to M2 in

groups T and TDIGO. Meanwhile, no difference was observed with training continuation (M3

vs. M2; P>0.05). In addition, no significant difference (P > 0.05) was observed between

groups T and TDIGO in the three test moments (M1, M2, and M3). Groups C and DIGO

performed the maximum stress test in M3 and presented statistically lower values (P<0.05)

for all the performance variables, compared with groups T and TDIGO (data not shown).

Table 2. Maximum progressive exercise test in pre-training (M1), after 30 days (M2) and in post-training (M3).

T TDIGO

M1 M2 M3 M1 M2 M3

T. Time 25,1 ± 2,8 35,3 ± 6,1# 39,3 ± 7,3# 22,6 ± 1,0 39,3 ± 2,7* 39,0 ± 3,6#

SpeedAver 22,5 ± 1,4 27,6 ± 3,0# 29,6 ± 3,6# 21,3 ± 0,5 29,6 ± 1,3# 29,5 ± 1,8#

SpeedMax 34,5 ± 1,4 44,5 ± 3,0# 48,2 ± 3,6# 31,5 ± 0,5 48,7 ±1,3# 48,0 ± 1,8#

Distance 570 ± 95 991 ± 243# 1189 ± 326# 485 ± 35 1168 ± 129# 1159 ± 172#

Values are mean ± SD. Control (C), Digoxin (DIGO), Trained (T) and trained + digoxin (TDIGO); T. Time:

total time; SpeedAver: speed average; SpeedMax: maximum speed; # vs M1. Kruskal-Wallis, Dunn.

Figure 3 shows the lactate and glucose concentration data immediately after the

maximum exercise test at post-training. The blood lactate levels immediately after the

maximum stress test were statistically lower in the trained groups (T and TDIGO) than in the

non-trained groups (C and DIGO). However, no significant difference (P>0.05) was observed

between groups T and TDIGO. In addition, glycemia was similar (P>0.05) in all the groups

after the maximum test. The results indicate that digoxin did not promote beneficial effects on

performance after the training program.

Page 44: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

43

Figure 3. [A] Lactatemia (mM), and [B] glycemia immediately after maximum progressive exercise test at the

end of interval training program. (N = 8/group). Control (C), digoxin (DIGO), trained (T) e trained + digoxin

(TDIGO). Values are mean ± standard deviation. * P< 0,05vs C; # P< 0,05 vs DIGO. Anova, Tukey.

Table 3 shows the echocardiographic data of the cardiac structural parameters. The

TDIGO group showed an increase in LVDD/BW and LVSD/BW ratios when compared to

groups T and DIGO (P< 0.05).

0

2

4

6

8

1 0

1 2

1 4

1 6

La

cta

tem

ia (

mM

)C o n tro l

D IG O

T

T D IG O

A

*

#

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

1 2 0

Gly

ce

mia

(m

g/d

L)

C o n tro l

D IG O

T

T D IG O

B

Page 45: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

44

Table 3. Echocardiographic data of the cardiac structural parameters.

C (N = 8) DIGO (N = 7) T (N = 8) TDIGO (N = 8)

LVDD/BW 15,4 ± 1,23 15,7 ± 2,22 15,5 ± 1,67 18,9 ± 1,14 #*

LVSD/BW 7,33 ± 1,13 7,54 ± 1,22 7,64 ± 1,55 9,99 ± 1,60

#*

DSWT/BW 3,37 ± 0,48 3,96 ± 1,18

3,55 ± 0,1

4,31 ± 0,86

SPWT/BW 6,54 ± 0,746 6,36 ± 1,22

6,46 ± 1,25

7,38 ± 0,534

DPWT/BW 3,96 ± 0,531 4,27 ± 0,979

3,71 ± 0,804

4,37 ± 0,702

SSWT/BW 5,97 ± 0,70 6,51 ± 0,91

6,19 ± 0,93

7,13 ± 0,97

LVD.vol (ml) 0,30 ± 0,04 0,35 ± 0,10

0,25 ± 0,06

0,31 ± 0,08

LVS.vol (ml) 0,036 ± 0,019 0,039 ± 0,017

0,026 ± 0,021

0,043 ± 0,026

LVMI 1,58 ± 0,24 2,10 ± 0,77

1,42 ± 0,37

1,80 ± 0,19

Values are mean ± SD. Control (C), digoxin (DIGO), trained (T) and trained + digoxin (TDIGO). Body weight

(BW), LV diastolic (LVDD) and systolic (LVSD) diameters, diastolic septal wall thickness (DSWT), posterior

wall thickness (SPWT); diastolic posterior wall thickness (DPWT); systolic septal wall thickness (SSWT), LV

diastolic volume (LVD. vol) and LV sistolic volume (LVS. vol); LV mass index (LVMI). # vs T; * vs DIGO.

Kruskal-Wallis, Dunn.

Table 4 shows the echocardiographic data of the heart functional parameters. No effect

of digoxin or physical training was observed, as no significant difference (P>0.05) was

observed between the groups in the functional parameters evaluated.

Table 4. Echocardiographic data of the cardiac functional parameters.

C(N = 8) DIGO(N = 7) T(N = 8) TDIGO(N = 8)

HR (bpm) 320 ± 16 333 ± 27

331 ± 36

331 ± 25

CO (ml/min) 85 ± 12 104 ± 36

77 ± 13 87 ± 21

ΔD end (%) 52 ± 6,5 52 ± 5,1

53 ± 6,3

46 ± 7,0

ΔD meso (%) 28,4 ± 4,6 29,6 ± 4,8

26,8 ± 4,1

25,4 ± 5,3

EF 0,88 ± 0,04 0,88 ± 0,03

0,89 ± 0,04

0,84 ± 0,05

Values are mean ± SD. Control (C), digoxin (DIGO), trained (T) and trained + digoxin (TDIGO). Heart rate

(HR); cardiac output (CO); endocardial fractional shortening (ΔD endo); mesocardial fractional shortening (ΔD

meso); EF: ejection fraction. Kruskal-Wallis, Dunn.

Page 46: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

45

DISCUSSION

The objective of this study was to test that the increase in intracellular Ca2+

availability

induced by cardiotonic drugs could promote hypertrophy, increased cardiac function, and

physical performance improvement in rats subjected to interval training (IT). Contradicting

our hypothesis, the long-term administration of cardiotonic drugs did not improve the

physical performance or the cardiac function of the trained rats. However, the LVW/BW data

indicate that the cardiotonic drug induced cardiac hypertrophy in the rats subjected to IT.

The IT protocol promoted a significant increase in the physical fitness of the rats in

groups T and TDIGO, as evidenced by the increase in functional (e.g., increase in MS, AS,

total time, and distance traveled), reduction of body fat, and metabolic parameters (e.g.,

reduction of lactate accumulation) during the maximum progressive exercise test. Meanwhile,

the LVW/BW and echocardiographic data showed no cardiac hypertrophy in the trained rats.

It's well documented that lactate production by muscle during exercise and its

transport into the bloodstream, generating exponential increase of its concentration (i.e.

without stabilizing condition) is a limiting factor in relation aerobic metabolism [31] Thus, the

high blood lactate concentration demonstrated that animals at the end of the test of maximum

effort, was predominantly in the anaerobic domain, which configures, hypothetically, that the

same was in the process of exhaustion, since the animals were removed from the treadmill

only when they could no longer perform the correct movement. To better illustrate the

physical condition of animals, the total distance performed of four groups (C, DIGO, T and

TDIGO) along with the data of blood lactate, which allows a more accurate and convincing

display that the training caused positive adaptations and that the exercise protocol was

appropriate to the rats conditions in this sense. Moreover, the reduction of total fat/body

weight ratio in T and TDIGO groups also indicates a positive adaptation to exercise training.

It has been suggested that aerobic exercise has specific effects on decreasing visceral fat mass

as it may lead to increased sympathetic tonus, thereby increasing lipolysis especially in

abdominal fat [32, 33].

The long-term administration of digoxin during the high-intensity IT did not promote

any additional effects on heart physical performance and functional capacity. We found no

trial studies in the animals that investigated the effects of cardiotonic drugs on physical

performance. Nevertheless, our results are consistent with previous studies that analyzed the

effect of digitalis compounds on human physical performance. Coates et al. [34] found no

Page 47: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

46

significant effects of digoxin on the physical performance of young subjects (aged 12–20

years) with cystic fibrosis with different degrees of airway obstruction. Friesen and Cumming

[35] evaluated the effects of digoxin in doses of 1.0 mg/day for 3 days, followed by 0.5

mg/day for 11 days, on the capacity of exercise and oxygen output in healthy young

individuals aged 21 to 35 years. The authors found no effects of digoxin on exercise capacity.

Fleg et al. [36] evaluated 10 patients with mild to moderate congestive heart failure (CHF)

treated for 4 weeks with digoxin, and no changes were observed in treadmill maximum stress,

oxygen pulse, ventilation, and ventilatory equivalent in the patients treated with digoxin

compared to those treated with placebo. Meanwhile, Sullivan et al. [37] observed significant

improvement in physical performance in patients aged 40 to 75 years who had CHF treated

with a digoxin dose of 0.25 mg/day. Morisco et al. [38] evaluated 10 patients with CHF

treated for 3 weeks with digoxin at a dosage of 0.25 mg/kg and found some improvements in

the exercise capacity of the patients studied. This difference in the results may be related to

the drug dosage, type of stress, and clinical conditions of the individuals tested, as digoxin

may be more sensitive to heart failure conditions.

Our findings regarding the effects of digoxin on cardiac function did not reveal any

benefit or injury of the drug in the trained animals, as the animals treated with digoxin

showed no changes in heart rate, cardiac output, shortening fraction, or ejection fraction.

However, these parameters were available with the animals anestesiated and at rest condition.

Endurance exercise training enhances functional capacity, better sympathetic system control,

and increase of cardiac output during exercise [39]. Furthermore, at in rest condition, the

cardiac output is not alter in sedentary or trained subjects that can be explain the absent

effects on cardiac function [40]. The effects of digitalis compounds on the heart function of

cardiac patients or healthy individuals are not well understood. Treatment with digitalis

compounds has been well documented to improve LV ejection fraction [41], improve

hemodynamics at rest and during exercise [42] slow down the atrioventricular conduction of

the electrical stimulation due to vagal stimulation, and decrease sympathetic stimulation,

which promotes heart rate reduction in patients with CHF [43-46]. In the case of healthy

individuals, Friesen and Cumming [35] found no effects of digoxin (1.0 mg/kg) on heart rate

before, during, or after stress test in young healthy individuals. This difference in results may

be related to the clinical conditions of the studies. In patients with CHF, the hemodynamic

and cardiac mechanisms are impaired and, under these conditions, may show greater

sensitivity to digitalis compounds, which has not been observed in healthy hearts.

Page 48: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

47

Another important aspect that should be highlighted is related to the cardiac function

measurement technique. Echocardiography is an important auxiliary examination in the

clinical diagnosis of cardiac function, which allows the evaluation of 1) the morphology and

function of the heart, 2) the development of cardiac dysfunction caused by different types of

trauma, and 3) the cardiac effects of pharmacological interventions [47]. In small animals

used in trial laboratories, this method enables the monitoring of the trauma and/or treatment

effect on the heart. However, in order to perform this type of examination in laboratory

animals, the use of sedatives and anestheticsis required, which leads to decreased frequency

and cardiac output, possibly compromising the evaluation of ventricular function [10]. Other

important considerations may also justify the absence of digoxin effects on the physical

performance and cardiac function in trained healthy rats. First, the digoxin dose used in this

study could be very low without promoting any effect. However, we used a daily dose of

30µg/kg in our study, which would be considered clinically toxic. The most frequently used

dose is 0.25 mg for patients with normal renal function. This is equivalent to the

concentration of 3.57 µg/kg in patients weighing 70kg and is equivalent to 10 times less than

the dose that we used. Because we considered the therapeutic index of digoxin to below, we

assessed some clinical parameters of other concentrations (3.0, 300, and 3000µg/kg) to set the

optimal dose. The most common clinical symptoms of digitalis intoxication include lethargy,

irritability, changes in visual perception, anorexia, nausea, vomiting, abdominal pain,

diarrhea, and cardiac arrhythmia [48]. The long-term administration of 300 and 3000-µg/kg

doses resulted in adverse effects such as weight loss, food intake reduction, irritability,

diarrhea, and arrhythmia. We chose the 30-µg/kg dose, since it did not cause any adverse

effect. Second, digoxin can change the cellular electrochemical equilibrium or energy

metabolism. Classically, digoxin interferes with cell electrophysiology on the conductance of

sodium, potassium, and calcium because it inhibits the Na+/K

+ ATPase pump and reverses the

Na+/Ca

2+exchange action [23]. We found no data to support the idea that digoxin interferes

with energy metabolism. Our blood lactate result immediately after stress indicates that

digoxin did not interfere with energy metabolism. Other authors also found no effect of

digoxin on maximum oxygen consumption during stress tests in clinical studies [35, 49, 50].

As mentioned earlier, long-term administration of digoxin induced cardiac

hypertrophy in rats undergoing IT. However, the magnitude of cardiac hypertrophy is not

enough to modify the heart functionally. In normal hearts, the secured margin of control Na+,

K+, Ca

2+ ions homeostasis probably is higher than in failure heart condition. So, it can be

explained the lacking effects of digoxin in normal hearts. On the other hand, endurance

Page 49: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

48

exercise training promotes volume overload to heart and, in this case, the digoxin can be

potential effects on homeostasis breaking induce to exercise training. The parameters used for

this statement are not considered as the best indicators. Evaluation of cell morphometry or

quantification of contractile protein would be necessary. Recent evidence suggests that the

hypertrophic response to calcium is associated with the activation of protein kinase C (PKC),

calcium-calmodulin kinase II (CAMKII), and calcineurin-phosphatase (CaN) by the

calcium/calmodulin complex (CAM) [23, 51]. The activation of PKC and CAMKII

phosphorylates transcriptional and nuclear factors, and CaN stimulation causes

dephosphorylation and activation of the nuclear factor of activated T-cells (NAFT), which is

located in the cytoplasm when it is phosphorylated in basal conditions. After

dephosphorylation, the NAFT is translocated to the nuclear promoter region, promoting

activation of muscle-specific genes and, consequently, cardiac hypertrophy [23, 52].

Contradicting our data, Aldinger [53] found no effects of digoxin administration (0.150

mg/100mg) on the cardiac structure of rats subjected to swimming training for 250 days.

The clinical implication of this study is based on the importance of the interaction between

digitalis glycosides and physical training. Digoxin has been used in CHF treatment for more

than 200 years and is one of the most frequently prescribed drugs worldwide [54, 55]. Until

very recently, physical activity was contraindicated for individuals with heart failure by the

presumption of worsening heart function. However, in the 1970s and 1980s, several studies

rejected the rest indication when treating the cardiovascular disease [56, 57]. Since elite

athletes use ergogenic resources to improve their performance, this study brings relevant

information that cardiotonic drugs will not benefit the physical training of healthy individuals.

Regarding future prospects, histological studies should be conducted to quantify cell

area to confirm the cardiac hypertrophy induced by digoxin administration in trained rats.

Other techniques to assess cardiac function such as isolated papillary muscle or isolated

myocytes will also be important because these analyze isolate systemic effects, as in in vivo

echocardiographic assessment.

In conclusion, long-term administration of digoxin at the aforementioned

concentrations for 75 days promoted cardiac hypertrophy but did not affect physical

performance in the stress test or cardiac function of the normotensive rats subjected to high-

intensity IT.

Page 50: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

49

REFERENCES

1- Berridge MJ (1993) Inositoltrisphosphate and calcium signalling. Nature 361:315-25

2- Petersen CH, Berridge MJ (1994) The regulation of capacitative calcium entry by calcium

and protein kinase c in Xenopus Oocytes. J Biol Chem 269:32246 – 53

3- Clapham DE (1995) Calcium signaling. Cell 80:259-68

4- Berridge MJ, Bootman MD, Lipp P (1998) Calcium – a life and death signal. Nature

395:645-48

5- Fabiato A (1983) Calcium-induced release of calcium from the cardiac sarcoplasmic

reticulum. Am J Physiol 245:C1-14

6- Opie LH (2001) Normal and abnormal cardiac function: mechanism of cardiac contraction

and relaxation. In: Braunwald E, Zipes DP, Libb P. Heart disease: a textbook of

cardiovascular medicine. 6th ed. Saunders, Philadelphia

7- Pluim BM, Zwinderman AH, Van Der Laarse A, Van Der Wall E (1999) The athlete’s

heart: A meta-analysis of cardiac structure and function. Circulation 101:336–44

8- Wisloff U, Loennechen JP, Falck G, Beisvag V, Currie S, Smith G, Ellingsen O. (2001)

Increased contractility and calcium sensitivity in cardiac myocytes isolated from endurance

trained rats. Cardiovasc Res 50:495-508

9- Naylor LH, George K, O’Driscoll G, Gren DJ (2008) The athlete's heart: a contemporary

appraisal of the 'Morganroth hypothesis'.Sports Med 38:69-90

10- Wang Y, Wisloff U, Kemi OJ (2010) Animal models in the study of exercise-induced

cardiac hypertrophy. Physiol Res 59:633-44

11- Diffee GM, Seversen EA, Titus MM (2001) Exercise training increases the Ca2+

sensitivity of tension in rat cardiac myocytes. J Appl Physiol 91: 309-15

12- Wang H, Yuan W, Lu Z (2001) Effects of ouabain and digoxin on gene expression of

sodium pump α-subunit isoforms in rat myocardium. Chin Med J 114:1055-59

Page 51: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

50

13- Primola-Gomes TN, Campos LA, Launton-Santos S, Balthazar CH, Guatimosim S,

Capettini LSA, Lemos VS, Coimbra CC, Soares DD, Carneiro-Junior MA, Quintão-Junior JF,

Souza MO, Cruz JS, Natali AJ (2009) Exercise capacity is related to calcium transients in

ventricular Cardiomyocytes. J Appl Physiol 107: 593-98

14- Buttrick PM, Kaplan M, Leinwand LA, Scheuer J (1994) Alterations in gene expression in

the rat heart after chronic pathological and physiological loads. J Mol Cell Cardiol 26:61– 67

15- Tate CA, Helgason T, Hyek MF, McBride RP, Chen M, Richardson MA, Taffet GE

(1996) SERCA2a and mitochondrial cytochrome oxidase expression are increased in hearts of

exercise-trained old rats. Am J Physiol Heart Circ Physiol 271: H68-72

16- Kemi OJ, Ellingsen O, Cecie M, Grimaldie S, Smith GL, Condorellid G, Wisloff U (2007)

Aerobic interval training enhances cardiomyocyte contractility and Ca2+

cycling by

phosphorylation of CaMKII and Thr-17 of phospholamban. J Mol Cell Cardiol 43(3): 354-61

17- Medeiros A, Rolim NP, Oliveira RS, Rosa KT, Mattos KC, Casarini DE, Irigoyen MC,

Krieger EM, Krieger JE, Negrão CE, Brum PC (2008) Exercise training delays cardiac

dysfunction and prevents calcium handling abnormalities in sympathetic hyperactivity-

induced heart failure mice. J Appl Physiol 104:103-09

18- Stauffer B, Mitro G, Moore RL (1993) Chronic treadmill running does not influence

ryanodine binding to rat myocardium. Med Sci Sports Exerc 25(5): S98.

19- Lankford EB, Korzick DH, Palmer BM, Stauffer BL, Cheung JY, Moore RL (1998)

Endurance exercise alters the contractile responsiveness of rat heart to extracellular Na+ and

Ca2+.

Med Sci Sports Exerc 30:1502-09

20- Mokelke EA, Palmer BM, Cheung JY, Moore RL (1997) Endurance training does not

affect intrinsic calcium current characteristics in rat myocardium. Am J Physiol Heart Circ

Physiol 273: H1193-H97

21- Sugizaki MM, Leopoldo APL, Conde SJ, Campos DJ, Damato R, Leopoldo AS,

Nascimento AF, Oliveira Junior SA, Cicogna AC (2011) Upregulation of mRNA

myocardium calcium handling in rats submitted to exercise and food restriction. Arq Bras

Cardiol 97:46-52

22- Sugizaki MM, Dal Pai-Silva M, Carvalho RF, Padovani CR, Bruno A, Nascimento AF,

Aragon FF, Novelli ELB, Cicogna AC (2006) Exercise training increases myocardial

inotropic response in food restricted rats. Int J Cardiol 112: 191- 201

Page 52: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

51

23- Katz A, Lifshitz Y, Bab-Dinitz E, Kapri-Pardes E, Goldshleger R, Tal DM, Karlish SJD

(2010) Selectivity of Digitalis Glycosides for Isoforms of Human Na+, K

+-ATPase. J Biol

Chem 285:19582-92

24- Benevenga NJ, Calvert C, Eckhert CD, Fahey GC, Greger JL, Keen CL, Knapa JJ,

Magalhães H, Oftedal OT, Reeves PG, Shaw HA, Smith JE, Steele RD (1995) Nutrient

requirements of the laboratory rat. In: Nutrient requirements of laboratory animals, 4th

revised edition. National Academy Press, New York

25- Manunta P, Hamilton J, Rogowski AC, Hamilton BP, Hamlyn JM (2000) Chronic

hypertension induced by ouabain but not digoxin in the rat: Antihypertensive effect of digoxin

and digitoxin. Hypertens Res 23:77-85

26- Manchado-Gobatto FB, Gobatto CA, Ribeiro C, Mota CSA, Araujo GG, Araújo MB

Mello MAR (2010) Limiar anaeróbio em corrida e natação para ratos: determinação

utilizando dois métodos matemáticos. R. Educação Física/UEM 21:245-53

27- Manchado FB, Mota CSA, Ribeiro C, Araújo GG, Contarteze RVL, Gobatto CA Araujo

MB, Mello MAR (2007) Efeitos do ciclo claro-escuro na determinação da velocidade crítica

e capacidade de corrida anaeróbia de ratos Wistar. Motriz (supp) 13:96-97

28- Reffelmann T, Kloner RA (2003) Transthoracic echocardiography in rats. Evaluation of

commonly used indices of left ventricular dimensions, contractile performance, and

hypertrophy in a genetic model of hypertrophic heart failure (SHHF-Mcc-facp-Rats) in

comparison with Wistar rats during aging. Basic Res Cardiol 98:275-84

29- Boon JA (2004) Ecocardiografia Bidimensional e em modo-M para o clínico de pequenos

animais. 1ª edição. Roca, São Paulo

30- Bailey BJR (1977) Tables of the Bonferroni “t” Statistic. J Am Stat Assoc 72: 469-78

31- Billat VL, Sirvent P, Py G, Koralsztein JP, Mercier J (2003) The concept of maximal

lactate steady state: a bridge between biochemistry, physiology and sport science. Sports Med

33:407-26

32- Mourier A, Gautier JF, De Kerviler E, Bigard AX, Villette JM, Gamier JP, Duvallet A,

Guezennec CY, Cathelineau G (1997) Mobilization of visceral adipose tissue related to the

improvement in insulin sensitivity in response to physical training in NIDDM. Effects of

branched-chain amino acid supplements. Diabetes Care 20: 385-91

Page 53: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

52

33- Ohkawara K, Tanaka S, Miyachi M, Ishikawa- Takata K, Tabata I (2007) A dose-

response relation between aerobic exercise and visceral fat reduction: systematic review of

clinical trials. Int J Obes 31(12):1786–97

34- Coates AL, Desmond K, Asher MI, Hortop J, Beaudry PH (1982) The effect of digoxin on

exercise capacity and exercising cardiac function in cystic fibrosis. J Chest 82:543-547

35- Friesen WJ, Cumming GR (1967) effects of digoxin on the oxygen debt and the exercise

electrocardiogram in normal subjects. Canad Med Ass J 97: 960-64

36- Fleg JL, Rothfeld B, Gottlieb SH (1991) Effect of maintenance digoxin therapy on aerobic

performance and exercise left ventricular function in mild to moderate heart failure due to

coronary artery disease: a randomized, placebo-controlled, crossover trial. J Am Coll

Cardiol17:743 -51

37- Sullivan M, Atwood JE, Myers J, Feuer J, Hall P, Kellerman B, Forbes S, Froelicher V

(1989) Increased exersice capacity after digoxin administration in pacientes with heart failure.

J Am Coll Cardiol 13:1138-43

38- Morisco C, Cuocolo A, Romano M, Nappi A, Laccarino G, Volpe M, Salyatore M,

Trimarco B (1996) Influence of digitalis on left ventricular functional response to exercise in

congestive heart failure. Am J Cardiol 77:480-85

39- Duncker DJ, Bache RJ (2008) Regulation of coronary blood flow during exercise. Physiol

Rev 88:1009-86

40- Ghorayeb N, Batlouni M, Pinto IM, Dioguardi GS (2005) Left ventricular hypertrophy of

athletes: adaptative physiologic response of the heart. Arq. Bras. Cardiol. 85: 191-7

41- Rahimtoola SH (2004) Digitalis Therapy for Patients in Clinical Heart Failure.

Circulation 109:2942-46

42- Ribner HS, Plucinski DA, Hsieh A, Bresnahan D, Molteni A, Askenazi J, Lesch M.

(1985) Acute effects of digoxin on total systemic vascular resistance in congestive heart

failure due to dilated cardiomyopathy: a hemodynamic hormonal study. Am J Cardiol 56:896-

904

43- Gillis RA, Quest JA (1979) The role of the nervous system in the cardiovascular effects of

digitalis. Pharmacol 31:19-97

Page 54: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

53

44- Botker HE, Toft P, Klitgaard NA, Simonsen EE (1991) Influence of physical exercise on

serum digoxin concentration and heart rate in patients with atrial fibrillation. Br Heart J

65:337-41

45- Gheorghiade M, Fergunson D (1991) Digoxin. A neuro hormonal modulator in heart

failure? Circulation 84:2181-86

46- Matsuda H (1991) Effects of external and internal K+ ions on magnesium block of

inwardly rectifying K+ channels in guinea-pig heart cells. J Physiol 435:83-99

47- Moreira VO, Castro AVB, Yaegaschi MY, Cicogna AC, Okoshi MP, Pereira CA, Aragon

FF, Bruno MB, Padovani CR, Okoshi K (2006) Critérios ecocardiográficos para definição de

graus de disfunção ventricular em ratos portadores de estenose aórtica. Arqu Bras Cardiol 86:

432-38

48- Fuchs FD, Wanmacher L, Ferreira MBC (2004) Farmacologia Clínica. Fundamentos da

terapêutica racional. 3ª edição. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro

49- Yu PNG, Soffer A (1952) Studies of electrocardiographic changes during exercise

(modified double two-step test). Circulation 6:183-92

50- Russell RO, Reeves TJ (1963) The effect of digoxin in normal man on the

cardiorespiratory response to severe effort. Am Heart J 66:381-88

51- Clapham DE (2007) Calcium signaling. Cell 131:1047-58

52- Anderson ME (2005) Calmodulin kinase signaling in heart: an intriguing candidate target

for therapy of myocardial dysfunction and arrhythmias. Pharmacol Ther 106: 39-55

53- Aldinger EE (1970) Effects of digitoxin on the development of cardiac hypertrophy in the

rat. Am J Cardiol 25: 339-43

54- Cunha UG, Barbosa MT, Paradela EM, Carvalho FG (1998) Uso de digital em idosos

admitidos em unidade de geriatria de um hospital geral. Arq Bras Cardiol 71:695-98

55- Hauptman PJ, Kelly RA (1999) Digitalis. Circulation 99:1265-1270

Page 55: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

54

56- Lee AP, Ice R, Blessey R, Sanmarco ME(1979) Long term effects of physical training on

coronary patients with impaired ventricular function. Circulation 60:1519-26

57- Conn EH, Williams RS, Wallace AG (1982) Exercise responses before and after physical

conditioning in patients with severely depressed left ventricular function. Am J Cardiol

49:296-300

Compliance with Ethical Standards

Funding: This study was funded by Fapemat (grant process number 470627/2011).

Conflict of Interest: The authors declare that they have no conflict of interest.

Ethical approval: This study was approved by the Ethics Committee on Animal Research of

the UFMT (CEPA-UFMT; protocol number 23108.019254/11-0) and was conducted in

accordance with the standards established in the Guide for the Care and Use of Laboratory

Animals (in Law 11,794/2008) and the ethical principles in animal experimentation of the

Brazilian College of Animal Experimentation (COBEA).

Informed consent: “Informed consent was obtained from all individual participants included

in the study.”

Page 56: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

55

4.2 Capítulo II

Artigo será submetido à Revista Brasileira de Medicina do Esporte

Administração crônica de Digoxina ou Verapamil não afetam a morfologia cardíaca em

ratos submetidos ao treinamento físico intervalado de alta intensidade

RESUMO

Introdução: Os cardiotônicos e os bloqueadores de canais de cálcio são fármacos que alteram

a biodisponibilidade intracelular de Ca2+

e podem afetar a estrutura e a função cardíaca.

Objetivo: Avaliar os efeitos da administração crônica de verapamil ou digoxina sobre a

morfologia cardíaca de ratos submetidos ao treinamento físico intervalado (TFI). Métodos:

Ratos Wistar machos (idade: 60 dias) foram distribuídos em seis grupos (N=8/grupo):

controle (C), digoxina, (DIGO), verapamil (VERA), treinado (T), treinado com digoxina

(TDIGO) e treinado com verapamil (TVERA). A digoxina e verapamil foram administrados

via gavagem, na dose única de 30,0µg/kg/dia e 5,0mg/kg/dia, respectivamente, durante todo o

período experimental. O TI foi realizado em esteira rolante (60 min/dia), por um período de

60 dias. O teste de esforço progressivo máximo (TEM) e a concentração sérica de lactato

(Lac) foram determinados. Foi coletado o músculo esquelético, cardíaco e a gordura corporal

total (GOR), o ventrículo esquerdo (VE) para análise histológica e o sangue para a análise

bioquímica. Resultados: A relação GOR/peso corporal final (PCF) foi menor no grupo

TDIGO (-26,8%) em relação ao grupo DIGO, e menor no grupo TVERA (-28,7%) em relação

ao VERA. A relação VE/PCF foi maior no TVERA (+17,9%) comparado ao grupo VERA. O

diâmetro interno do VE foi maior nos grupos T (+54,5%), TDIGO (+88,9%) e TVERA

(+56,9%), comparados ao grupo C, enquanto o TDIGO foi maior (+53,1%) do que o DIGO.

Os parâmetros do TEM foram maiores e a concentração de lactato menores nos grupos

treinados em relação ao grupo C. O colesterol total e o LDL foram maiores no TDIGO (+31,7

e +48,9%, respectivamente) comparado ao DIGO. A área do cardiomiócito foi maior no grupo

VERA (+21,5%) e T (+22,5%) comparados ao grupo C. Conclusões: A hipertrofia cardíaca

induzida pelo treinamento físico intervalado de alta intensidade não foi afetada pela

administração concomitante de digoxina ou verapamil.

Palavras Chave: digoxina, verapamil, treinamento físico intervalado, morfologia cardíaca.

Page 57: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

56

Chronic administration of digoxin or verapamil do not affect cardiac morphology in rats

submitted to interval exercise training high intensity

ABSTRACT

Introduction: Cardiotonic and calcium channel blockers are drugs that alter intracellular Ca2+

bioavailability and can affect the heart structure and function. Objective: To evaluate the

effects of chronic administration of verapamil or digoxin on heart morphology of rats

submitted to physical training interval (PTI). Methods: Male Wistar rats (age: 60 days) were

distributed into six groups (N = 8 / group): control (C), digoxin (DIGO), verapamil (VERA),

trained (T), trained with digoxin (TDIGO ) and trained with verapamil (TVERA). Digoxin

and verapamil were administered by gavage in single dose of 30,0μg/kg/day and

5.0mg/kg/day, respectively, throughout the experimental period. The PTI was performed on a

treadmill (60 min / day) for a period of 60 days. The maximal graded exercise test (MET) and

the serum concentration of lactate (Lac) were determined. Skeletal muscle, heart and total

body fat was collected (GOR), the left ventricle (LV) for histological analysis and blood for

biochemical analysis. Results: The relationship GOR / final body weight (FBW) was lower in

TDIGO group (-26.8%) compared to DIGO group, and lowest in TVERA group (-28.7%)

compared to VERA. The ratio VE/PCF was higher in TVERA (+ 17.9%) compared to the

VERA group. The internal LV diameter was higher in groups T (+ 54.5%), TDIGO (+ 88.9%)

and TVERA (+ 56.9%) compared to group C, while the TDIGO was higher (+53, 1%) than

the mean. The parameters MET were higher and the lower lactate concentration in trained

groups compared to group C. The total cholesterol and LDL were higher in TDIGO (+31.7

and + 48.9% respectively) compared to DIGO. The area of cardiomyocytes was higher in the

VERA group (+ 21.5%) and T (+ 22.5%) compared to group C. Conclusions: Cardiac

hypertrophy induced by physical training interval of high intensity was not affected by

concomitant administration of digoxin or verapamil.

Keywords: digoxin, verapamil, interval exercise training, cardiac morphology.

Page 58: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

57

INTRODUÇÃO

Os cardiotônicos e os bloqueadores de canais de cálcio (BCC) são classes de fármacos

comumente utilizados em pacientes com cardiopatias. Os primeiros aumentam a força de

contração cardíaca por elevarem os níveis citosólicos de cálcio (Ca2+

) (1,2)

. O mecanismo de

ação proposto mais aceito é que o cardiotônico se liga à bomba de sódio/potássio (Na+/K

+) da

membrana do cardiomiócito elevando os níveis de Na+ intracelular e, consequentemente, o

trocador Na+/Ca

2+ promove a troca de Ca

2+ para dentro da célula e o Na

+ para fora. Os BCCs

promovem efeitos inversos dos cardiotônicos. Ao se ligarem aos canais de Ca2+

voltagem

dependente, eles bloqueiam o influxo de Ca2+

promovendo assim redução da contratilidade e

condutibilidade cardíaca. Desta forma, esses fármacos alteram a biodisponibilidade

intracelular de Ca2+

no cardiomiócito determinando o grau de força de contração muscular.

Entretanto, o Ca+2

participa de outros processos fisiológicos, incluindo a transcrição gênica e

proliferação celular (3-6)

.

Embora os efitos farmacológicos dos cardiotônicos estejam bem descritos na

literatura, não estão bem elucidados os efeitos desses fármacos sobre a morfologia cardíaca de

corações normais ou hipertrofiados pelo treinamento físico (TF)

Considerando que o treinamento físico (TF) promove efeitos benéficos ao coração

(por exemplo: melhora do débito cardíaco e controle do sistema nervoso autônomo, e

aumento do tamanho das células e número de mitocôndrias), é provável que a administração

crônica de cardiotônico ou BCC durante o TF intervalado (TFI) de alta intensidade, promova

alterações funcionais e morfológicas no músculo cardíaco, afetando o desempenho físico.

Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliar os possíveis efeitos da administração crônica de

verapamil ou digoxina, sobre a morfologia e função cardíaca de ratos submetidos ao TFI de

alta intensidade.

METODOLOGIA

Animais e grupos experimentais

Foram utilizados 48 ratos Wistar machos (idade: 60 dias), obtidos do biotério central

da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT, Sinop, MT, Brasil). Os animais foram

mantidos em gaiolas coletivas de polipropileno (4 animais/gaiola), em ambiente com

Page 59: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

58

temperatura controlada (24 ± 2ºC) e ciclo artificial claro-escuro de 12h/12h, e foram

alimentados com ração comercial (3,5 kcal/g em 26% proteína, 3% lipídeos, 54%

carboidratos e 17% outros; Labina; Purina, Paulínia, SP, Brazil) e água ad libitum. Esta dieta

padrão segue as recomendações sobre as necessidades nutricionais de animais de laboratório

(7) e garante tanto o bem-estar dos animais como a confiabilidade dos resultados

experimentais. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal da

Universidade Federal de Mato Grosso (CEPA – UFMT) (protocolo nº: 23108.019254/11-0) e

foi conduzido de acordo com as normas estabelecidas no "Guide for the Care and Use of

Laboratory Animals", na Lei 11.794/2008, e Princípios Éticos na Experimentação Animal do

Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).

Os ratos foram aleatoriamente distribuídos em seis grupos (N=8/grupo): controle (C),

treinado (T), digoxina (DIGO), verapamil (VERA), treinado com digoxina (TDIGO) e

treinado com verapamil (TVERA). As doses de digoxina (Pharlab Indústria Farmacêutica,

Lagoa da Prata-MG) e verapamil foram de 30,0 µg/kg/dia e 5,0 mg/kg/dia, respectivamente,

e foram administrada via gavagem, uma vez ao dia, durante todo o período experimental,

incluindo a fase de adaptação e treinamento (75 dias). A concentração de digoxina

estabelecida em nosso estudo baseou-se nos trabalhos de Wang et al. (1)

e Manunta et al. (8)

os

quais utilizaram 32µg/kg/dia e 30µg/kg/dia. Para garantir as mesmas condições

experimentais, os grupos C e T também foram submetidos ao procedimento de gavagem,

porém, receberam apenas solução fisiológica. O peso corporal (PC) e consumo de ração (CR)

dos animais foram continuamente monitorados durante todo período experimental.

Protocolo de treinamento físico intervalado de alta intensidade

Inicialmente, todos os grupos treinados (T, TDIGO e TVERA) foram submetidos a um

protocolo de adaptação à esteira, com duração de uma semana (velocidade de 10m/mim, 15

minutos por dia). Em seguida, os grupos foram submetidos a um teste de esforço máximo

(TEM) em esteira rolante, conforme protocolo descrito por Manchado et al. (9)

. O TEM foi

novamente realizado após 30 dias do início do treinamento para ajuste das cargas de

exercício. Após o pré-teste, os grupos T, TVERA e TDIGO foram submetidos a um

programa de TFI em esteira rolante (8 minutos em velocidade correspondente à 80% da

Vmáx e 2 minutos em velocidade correspondente à 20% da Vmáx), conforme protocolo

adaptado de Kemi et al.(10)

. O programa de treinamento teve duração de 60 dias (60

Page 60: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

59

minutos/dia). O TFI tem sido proposto como uma estratégia adequada para promover

respostas benéficas sobre a função e hipertrofia cardíaca (11)

.

Ao término do período experimental todos os grupos treinados (T, TVERA e TDIGO)

e não treinados (C, VERA e DIGO) foram submetidos ao TEM, para examinar os possíveis

efeitos das variáveis independentes (treinamento e drogas) sobre o desempenho físico.

Determinação de lactato sanguíneo

Para avaliar a eficácia do protocolo de TFI, foi determinada a concentração de lactato

sanguíneo, imediatamente após o TEM, utilizando lactímetro portátil (Roche Diagnostics

GMBH, Alemanha). Para cada teste foi coletada uma gota de sangue da extremidade da cauda

do animal.

Dados anatômicos e perfil nutricional

Dois dias após o término do período experimental, os animais (em estado de jejum -

12 horas) foram anestesiados com cloridrato de cetamina (50mg/kg) e cloridrato de xilazina

(1mg/kg) e eutanasiados por decapitação. O coração foi imediatamente retirado da cavidade

torácica e lavado com solução fisiológica. Os dois ventrículos [direito (VD) e esquerdo (VE)]

foram separados dos átrios e coletados para análise morfológica. Além disso, foram

coletados e pesados os músculos sóleo e extensor longo dos dedos (EDL), e a gordura

corporal. Todas as amostras foram pesadas em balança analítica (Shimadzu, Alemanha). O

peso dos músculos e da gordura corporal foram normalizados pelo peso corporal final (g/g).

Fragmentos do VE foram colocados em solução de cloreto de potássio (KCL) para que

o ciclo cardíaco fosse interrompido em diástole; foram medidas a espessura da parede do VE

(EPVE) e o diâmetro interno do VE (DIVE) com o auxílio de um paquímetro de aço inox

(Jomarca, China). Em seguida, o VE foi colocado em solução de fixador para posterior análise

histológica.

Análise bioquímica

Para a análise bioquímica, as amostras de sangue foram coletadas em tubos Falcon,

centrifugadas a 3000 rpm (centrífuga CentriBio, São Paulo, SP, Brasil) por dez minutos e

armazenadas em freezer à -80º C. As concentrações séricas de creatinina, colesterol total,

Page 61: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

60

triglicérides, lipoproteína de alta densidade (hight density lipoproteín - HDL), lipoproteína de

baixa densidade (light density lipoprotein - LDL), lipoproteína de muito baixa densidade

(very light density lipoprotein- VLDL), transaminase glutâmica oxalacética (TGO),

transaminase glutâmica pirúvica (TGP) e proteínas totais foram determinadas utilizando-se

kits específicos (BIOCLIN®, Belo Horizonte, MG, Brasil) e analisadas pelo método

enzimático colorimétrico automatizado (Technicon, RA-XTTM

System, Global Medical

Instrumentation, Minessota, USA).

Análise Histológica

Após ser fixado em paraformaldeído 10% tamponado, o VE foi submetido ao

processamento para a análise histológica, com cortes de três µm e coloração PAS (ácido

periódico + reativo de Schiff) com a solução de metanilyellow.

Para a análise histológica foi utilizado um microscópio ótico (lente de 20x), acoplado a

um computador. Foram selecionados quatro campos da região endocárdica-miocárdica (aprox.

200 células) de cada animal, na qual foram mensurados a área total do campo (µm2), o

diâmetro da área celular de cada cardiomiócito, e a área nuclear dos cardiomiócitos. Além

disso, foram contados os números de cardiomiócitos e capilares.

Análise Estatística

Os dados foram expressos em média ± DP. A comparação dos grupos experimentais

foi realizada pela ANOVA ou Kruskal Wallis para o esquema de dois fatores independentes

(droga e treinamento), complementada com teste de comparações múltiplas de Bonferroni ou

Dunn. O nível de significância α foi de P < 0,05.

Page 62: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

61

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta as características somáticas e consumo de ração dos grupos

experimentais. Não houve diferença significante (p>0,05) entre os grupos para as variáveis,

peso corporal (inicial e final) e consumo de ração, indicando que a administração crônica de

digoxina ou de verapamil durante o TF não afetaram o crescimento somático dos animais.

Tabela 1. Características somáticas e consumo alimentar dos grupos experimentais.

C

N = 7

DIGO

N = 6

VERA

N = 7

T

N = 8

TDIGO

N = 7

TVERA

N = 8

PCI (g) 245 ± 22 229 ± 28 217 ± 39 242 ± 18 215 ± 39 206 ± 32

PCF (g) 369 ± 23 374 ± 23 370 ± 33 373 ± 22 351 ± 42 320 ± 35

Consumo

ração (g) 23,3 ± 0,2 23,8 ± 1,6 24,1 ± 0,7 25,8 ± 0,2 24,5 ± 1,5 23,2 ± 1,1

Valores expressos em média ± DP; C: controle; T: treinado; DIGO: digoxina; TDIGO: treinado+digoxina;

VERA: verapamil; TVERA: treinado+ verapamil; PCI: peso corporal inicial; PCF: peso corporal final; Anova;

Bonferroni.

A relação GOR/PCF foi significantemente (p<0,05) menor (-26,8%) no grupo TDIGO

em relação ao grupo DIGO, menor no grupo TVERA (-28,7%) em relação ao grupo VERA.

Por outro lado, a relação VE/PCF foi estatisticamente maior (+17,9%) no grupo TVERA

comparado ao grupo VERA. Não houve diferença significante (p>0,05) nas relações VD/PCF,

EDL/PCF, SOL/PCF e EPVE entre os grupos. Os grupos T (+54,5%), TDIGO (+88,9%) e

TVERA (56,9%) apresentaram valores de DIVE estatisticamente (p<0,05) maiores,

comparados ao grupo C. O grupo TDIGO foi estatisticamente maior (+53,1%) de que o grupo

DIGO.

Tabela 2. Relações entre gordura corporal, músculo cardíaco e esquelético com o peso corporal final, espessura

da parede e diâmetro interno do ventrículo esquerdo. C

N = 7

DIGO

N = 6

VERA

N = 7

T

N = 8

TDIGO

N = 7

TVERA

N = 8

Gor/PCF 39,4 ± 3,9 42,4 ± 6,5 41,0 ± 5,8 35,4 ± 6,4 31,0 ± 3,6# 29,2 ± 3,6+

VE/PCF 1,92 ± 0,05 2,10 ± 0,21 2,01 ± 0,11 2,12 ± 0,06 2,29 ± 0,19 2,37 ± 0,19+

VD/PCF 0,565 ± 0,067 0,602 ± 0,073 0,603 ± 0,06 0,634 ± 0,06 0,660 ± 0,08 0,684 ± 0,099

EDL/PCF 0,484 ± 0,038 0,493 ± 0,040 0,461 ± 0,02 0,526 ± 0,05 0,499 ± 0,04 0,500 ± 0,036

SOL/PCF 0,613 ± 0,066 0,563 ± 0,016 0,595 ± 0,04 0,630 ± 0,07 0,635 ± 0,05 0,614 ± 0,05

EPVE 0,291± 0,033 0,308±0,016 0,282±0,05 0,341±0,05 0,297±0,07 0,323 ± 0,04

DIVE 0,244±0,065 0,301±0,046 0,294±0,037 0,377±0,080* 0,461±0,12*# 0,383±0,075*

Valores expressos em média ± DV; GOR: gordura corporal; PCF: peso corporal final; VE: ventrículo esquerdo;

VD: ventrículo Direito; EDL: extensor longo dos dedos; Sol: sóleo; EPVE: espessura da parede do ventrículo

esquerdo; DIVE: diâmetro interno do ventrículo esquerdo.* vs C; # vs DIGO; + vs VERA; Kruskal Wallis e

Dunn, p<0,05.

Page 63: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

62

O TEF foi utilizado para comprovar a eficácia do TF. A Figura 1A e 1B demonstra

que todos os grupos treinados aumentaram o tempo total (+ 65%) e a distância total percorrida

(+120%) do momento pré para o pós-teste. No entanto, este aumento foi similar (p>0,05)

entre os grupos em todos os momentos, sugerindo que as drogas utilizadas não afetaram o

desempenho físico.

Figura 1. Teste de esforço em ratos treinados (T); Treinado+digoxina (TDIGO) e Treinado+verapamil

(TVERA), antes do treinamento intervalado (T0) após 30 dias (T30) e após 60 dias (T60). Em A: tempo total de

teste (min). Em B: distância total percorrida (m). Dados expressos em média e as barras representam o erro

padrão da média.

20

25

30

35

40

45

50 T

TVERA

TDIGO

T0 T30 T60

Te

mp

o t

ota

l (m

in)

T0 T30 T60400

600

800

1000

1200

1400

1600 T

TVERA

TDIGO

Dis

tân

cia

(m

)

A

B

Page 64: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

63

A Figura 2 representa a concentração plasmática de lactato (Figura 2) imediatamente

após o TEM, no momento pós-treinamento. O grupo T apresentou um valor estatisticamente

menor (-65%) de lactato, comparado ao grupo C. Além disso, uma menor concentração de

lactato, embora não significante (p>0,05), foi observada nos grupos TDIGO e TVERA, em

relação aos grupos DIGO e VERA, respectivamente.

Figura 2. Concentração plasmática de lactato após o teste de esforço máximo no momento pós-treinamento. (N

= 8 por grupo). Controle (C), digoxina (DIGO), verapamil (VERA) treinado (T), treinado + digoxina (TDIGO),

treinado + verapamil (TVERA). Valores expressos em média ± DP. * vs C; Kruskal Wallis e Dunn, p< 0,05.

A Tabela 3 apresenta os parâmetros bioquímicos dos grupos experimentais. Houve aumento

significante (p<0,05) nos níveis de colesterol total (+31,7%) e LDL (+48,9%) no grupo

TDIGO comparado ao grupo DIGO. Nenhuma diferença significante (p>0,05) foi observada

nos demais parâmetros entre todos os grupos.

Tabela 3. Efeitos da administração de digoxina e verapamil sobre parâmetros bioquímicos séricos de animais

submetidos ao treinamento físico intervalado

C DIGO VERA T TDIGO TVERA

Creatinina 0,56 ± 0,06 0,45 ± 0,10 0,49 ± 0,03 0,54 ± 0,03 0,52 ± 0,06 0,51 ± 0,16

Colesterol 98 ± 13 82 ± 11 89 ± 12 94 ± 16 108 ± 13* 102 ± 15

Triglicérides 73 ± 13 61 ± 13 73 ± 16 63 ± 20 61 ± 7 76 ± 28

HDL 26 ± 3,2 23 ± 2,6 23 ± 2,4 25 ± 3,7 26 ± 2,5 24 ± 1,7

VLDL 14,6 ± 2,7 12,0 ± 2,5 14,5 ± 3,3 12,5 ± 3,9 12,1 ± 1,5 15,4 ± 5,6

LDL 57 ± 11 47 ± 9 51 ± 9 57 ± 11 70 ± 13* 63 ± 11

TGO 186 ± 49 176 ± 22 197 ± 30 238 ± 45 234 ± 48 198 ± 36

TGP 61 ± 7 55 ± 8 63 ± 5 72 ± 8 68 ± 11 60 ± 9

Proteínas totais 6,45 ± 0,23 6,45 ± 0,2 6,60 ± 0,18 6,33 ± 0,25 6,41 ± 0,22 6,47 ± 0,34

Valores expressos em média ± DP; C: controle; T: treinado; DIGO: digoxina; TDIGO: treinado+digoxina;

VERA: verapamil; TVERA: treinado+ verapamil; HDL: lipoproteína de alta densidade; VLDL: lipoproteína de

muito baixa densidade; LDL: lipoproteína de baixa densidade; TGO: transaminase glutâmica oxalacética; TGP:

transaminase glutâmica pirúvica; * p<0,05 vs DIGO; Kruskal Wallis e Dunn.

C DIGO VERA T TDIGO TVERA0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

*

* versus C

La

cta

to (

mm

ol /

L)

Page 65: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

64

As Figuras 3 e 4 representam os dados histológicos dos grupos experimentais. O

número de capilares foi estatisticamente (p<0,05) menor (-29,8%) no grupo TDIGO em

relação ao grupo T (Figura 3A); no entanto a relação capilares/área (Figura 3B) não

apresentou diferença significativa (p>0,05) entre os grupos. Não houve diferença significante

(p>0,05) na área nuclear entre os grupos (Figura 3C); no entanto, a relação área do

núcleo/cardiomiócito foi significantemente menor nos grupos VERA (-19,4%) e T (-28,5%),

comparados ao grupo C (Figura 3E). Adicionalmente, a área do cardiomiócito foi

estatisticamente maior nos grupos VERA (+21,5%) e T (+22,5%), comparados ao grupo C

(Figura 3D).

Figura 3. Dados histológicos do ventrículo esquerdo de ratos controles (C); digoxina (DIGO); verapamil

(VERA); treinado (T), treinado+digoxina (TDIGO), treinado+verapamil (TVERA). A: número de capilares; B:

relação capilares/área; C: área nuclear (μm)2; D: área do cardiomiócito (μm)

2; E: relação núcleo/área

cardiomiócito. Dados expressos em média e DP, * vs C; # vs T. Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn, p<0,05.

C DIGO VERA T TDIGO TVERA0

10

20

30

40

50

60

#

# versus T

me

ro d

e c

ap

ilare

s

C DIGO VERA T TDIGO TVERA0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

Re

laçã

o C

ap

ilare

s x

áre

a

C DIGO VERA T TDIGO TVERA0

5

10

15

20

25

30

35

40

Áre

a n

ucle

ar

(m

2)

C DIGO VERA T TDIGO TVERA0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

**

* versus C

Áre

a d

o m

iócito

(

m2)

C DIGO VERA T TVERA TDIGO0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

0.06

**

Re

laçã

o n

úcle

o x

mió

cito

A B

E

C D

TVERA TDIGO

Page 66: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

65

As imagens histológicas de tecido do ventrículo esquerdo (Figura 4) demonstram que

os cardiomiócitos estão preservados, com ausência de lesão, dano celular, fibrose, núcleos

centralizados e células endoteliais e capilares aparentemente normais.

Figura 4. Corte transversal da região endocárdica-miocárdica do ventrículo esquerdo. A: controle; B: treinado;

C: Digoxina; D: treinado+digoxina; E: verapamil; F: treinado+verapamil. Observam-se os cardiomiócitos

(asterisco), capilares (setas) e núcleo (círculo). Coloração PAS+ metanilyellow. Aum. 40x.

Page 67: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

66

DISCUSSÃO

O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos da administração crônica de cardiotônico

ou BCC sobre a morfologia de cardiomiócitos de ratos submetidos ao treinamento físico

intervalado (TFI) de alta intensidade. O TFI promoveu aumento na aptidão física em todos os

grupos treinados (Figura 1 A e B), como corroborado pela redução dos níveis de lactato

sanguíneo no grupo T após o teste de esforço máximo (TEM) (Figura 2). A redução dos

níveis de lactato sanguíneo no grupo T sugere uma adaptação metabólica ao treinamento

físico (por exemplo: menor produção ou aumento na taxa de remoção do lactato). Estes

resultados são consistentes com prévios estudos que também verificaram redução dos níveis

de lactato após teste de esforço em ratos submetidos ao treinamento físico (TF) (12)

. Os

possíveis mecanismos responsáveis pela redução na produção de lactato estão relacionados à

maior oxidação de ácidos graxos e a redução na glicólise anaeróbica e, o aumento da remoção

de lactato deve-se em maior parte a oxidação e o restante, à conversão ao glicogênio (13)

.

Clinicamente, a dosagem de digoxina usualmente empregada é de 0,25 mg para

pacientes com função renal normal. Isso equivale à concentração de 3,57 µg/kg em um

paciente de 70 kg, correspondendo a uma dose 10 vezes menor do que a empregada no

presente estudo (30µg/kg). A dosagem de verapamil utilizada em nosso estudo foi de 5,0

mg/kg, que é a mesma empregada clinicamente para pacientes hipertensos e corrobora com

outros estudos experimentais (14,15)

. Para verificar a possível toxicidade destas drogas nós

avaliamos alguns parâmetros bioquímicos (creatinina, TGO, TGP e proteínas totais) em todos

os grupos experimentais. Uma vez que estes parâmetros não foram alterados após o período

experimental, consideramos que as drogas não causaram prejuízo à função renal ou hepática.

O perfil lipídico sérico (colesterol total e LDL) foi aumentado e a relação GOR/PCF

diminuída em ratos treinados tratados com digoxina. A redução da relação GOR/PCF

provavelmente está relacionada ao um efeito do treinamento físico uma vez que o grupo

TVERA também apresentou redução e o grupo T teve uma tendência em ser menor que o

grupo controle. Os elevados níveis séricos de colesterol e LDL no grupo TDIGO podem estar

relacionados a um efeito metabólico da digoxina durante o treinamento. Em células HepG2

humanas do fígado, a digoxina aumentou a síntese de colesterol por meio do aumento da

atividade e da expressão da 3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A redutase, enzima que limita

a taxa de síntese de colesterol (16,17)

. Portanto, é provável que exista um efeito sinérgico da

digoxina e treinamento sobre a taxa de síntese do colesterol. Os possíveis mecanismos

moleculares e celulares que fundamentam estes achados não foram explorados no presente

Page 68: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

67

estudo. Nossos achados relacionados à hipertrofia cardíaca mostraram que o TFI de alta

intensidade promoveu aumento na relação VE/PCF, DIVE e área do cardiomiócito que

corrobora com a literatura (18,19)

. Sabe-se que o tipo, a frequência, a intensidade e a duração do

TF promovem diferentes adaptações na função cardíaca e dimensões ventriculares (20,21)

. A

magnitude das adaptações morfológicas cardíacas é dependente dos estímulos hemodinâmicos

(sobrecarga de pressão ou sobrecarga de volume) impostos ao miocárdio durante as sessões

repetidas de exercício. A modificação da relação entre a espessura da parede e o diâmetro do

ventrículo hipertrófico ocorre conforme a lei de Laplace (22)

. O protocolo de exercício

utilizado em nosso estudo foi o modelo intervalado de alta e baixa intensidade de longa

duração caracterizado por sobrecarga de volume promovendo hipertrofia do tipo excêntrica

(DIVE aumentado). Exercícios aeróbios promovem sobrecarga de volume com aumento de

pré-carga sobre o miocárdio, induzindo a hipertrofia excêntrica com a adição de sarcômeros

em série resultando em aumento da câmara cardíaca (19)

.

Nossos achados de VE/PCF, DIVE e área de cardiomiócito indicam que administração

crônica de digoxina não induziu hipertrofia cardíaca. A digoxina é utilizada na insuficiência

cardíaca por aumentar a disponibilidade intracelular de Ca2+

no cardiomiócito aumentando o

grau de força de contração muscular. Além do efeito inotrópico positivo, os cardiotônicos

possuem efeitos neuro-endócrinos, neuro-hormonais e eletrofiológicos que podem interferir

no processo hipertrófico (23)

. Os cardiotônicos não alteram o débito cardíaco em sujeitos

normais, porém, em pacientes com reduzida função sistólica, a digoxina melhora a fração de

ejeção do ventrículo esquerdo aumentando o débito cardíaco em repouso e durante o exercício

(24). Nossos achados corroboram com o trabalho de Aldinger

(25) que também não verificou

hipertrofia cardíaca em pacientes tratados com digoxina e submetidos ao treinamento

intermitente.

Interessantemente, a administração crônica de verapamil promoveu aumento da área

do cardiomiócito. Os BCCs promovem efeito inotrópico negativo e são utilizados como anti-

hipertensivos por diminuírem a pressão sanguínea sistêmica. Contrariamente aos nossos

achados, dados de literatura sugerem que os BCCs podem atenuar o desenvolvimento da

hipertrofia cardíaca em ratos espontaneamente hipertensos (14,15)

. Essa divergência de

resultados pode ser atribuída às condições clínicas dos ratos, uma vez que utilizamos ratos

saudáveis e de acordo com alguns autores, os níveis de verapamil nos tecidos do coração

diferem drasticamente entre ratos normotensos e hipertensos (26,27)

.

Em relação à vascularização, nossos achados não verificaram alterações sobre a

morfologia de vasos sanguíneos induzidos pelo treinamento ou administração de digoxina ou

Page 69: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

68

verapamil. Trabalhos têm mostrado que diversas situações como idade, condições clínicas e o

próprio treinamento físico induzem "angiogênese", que é uma expansão da rede capilar pela

formação de novos vasos sanguíneos ao nível dos capilares e arteríolas de resistência (28,29)

.

Em conclusão, nossos achados demonstram que a hipertrofia cardíaca induzida pelo

treinamento físico intervalado de alta intensidade não foi afetada pela administração

concomitante de digoxina ou verapamil.

Page 70: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

69

REFERÊNCIAS

1. Wang H, Yuan W, Lu Z. Effects of ouabain and digoxin on gene expression of sodium

pump alpha-subunit isoforms in rat myocardium. Chin Med J. 2001; 114(10): 1055-59.

2. Katz A, Lifshitz Y, Bab-Dinitz E, Kapri-Pardes E, Goldshleger R, M Tal D, et al.

Selectivity of digitalis glycosides for isoforms of human Na+, K

+-ATPase. J Biol Chem 2010;

285:19582-92.

3. Berridge MJ. Inositol trisphosphate and calcium signalling. Nature. 1993; 361(6410):315–

25.

4. Petersen CH, Berridge MJ. the regulation of capacitative calcium entry by calcium and

protein kinase c in Xenopus Oocytes. J Biol Chem. 1994; 269(51): 32246–53.

5. Clapham DE. Calcium signaling. Cell. 1995; 80(2):259-68.

6. Berridge MJ, Bootman MD, Lipp P. Calcium – a life and death signal. Nature. 1998;

395(6703):645-48.

7. Benevenga NJ. Calvert C, Eckhert CD, Fahey GC, Greger JL. Keen CL, et al. Nutrient

requirements of the laboratory rat. In: Nutrient requirements of laboratory animals, 4nd ed.

New York: National Academy Press. 1995.

8. Manunta P, Hamilton J, Rogowski AC, Hamilton BP, Hamlyn JM. Chronic Hypertension

induced by oubain but not digoxin in the rat: Antihypertensive Effect of digoxin and

Digitoxin. Hypertens Res. 2000; 23(suppl): S77-85.

9. Manchado FB, Mota CSA, Ribeiro C, Araújo GG, Contarteze RVL, Gobatto, CA et al.

Efeitos do ciclo claro-escuro na determinação da velocidade crítica e capacidade de corrida

anaeróbia de ratos Wistar. Motriz. 2007; 13(supp): 96-97.

10. Kemi OJ, Ellingsen O, Cecie M, Grimaldie S, Smith GL, Condorellid G, et al. Aerobic

interval training enhances cardiomyocyte contractility and Ca2+

cycling by phosphorylation of

CaMKII and Thr-17 of phospholamban. J Mol Cell Cardio.l 2007; 43 (3): 354-61.

11. Kemi OJ, Ceci M, Wisloff U, Grimaldi S, Gallo P, Smith G. et al. Activation or

inactivation of cardiac Akt/mTOR signaling diverges physiological from pathological

hypertrophy. J Cell Physiol 2008; 214(2): 316-21.

12. Menezes HS, Coracini JCD, Kepler KC, Frantz E, Abeg MP, Correa CA, et al. Ácido

lático como indicativo de aptidão física em ratos. Rev Bras Med Esporte. 2010; 16(3): 210-

14.

13. Brooks GA. Intra- and extra-cellular lactate shuttles. Med Sci Sports Exerc. 2000; 32(4):

790-9.

14. Min JY, Sandmann S, Meissner A, Unger T, Ruediger Simon. Differential effects of

mibefradil, verapamil, and amlodipine on myocardial function and intracellular Ca2+

handling

in rats with chronic myocardial infarction. J Pharmacol Exp ther. 1999; 291(3):1038-44.

Page 71: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

70

15. Bombing MT, Luna Filho B, Costa EA, Leite DA, Póvoa R, Murad N, Costa A, Brandão

A, Ferreira C. Effect of verapamil on left ventricular hypertrophy induced by isoproterenol.

Arq Bras Cardiol. 1996; 67(2):81-5.

16. Campia I, Gazzano E, Pescarmona G, Ghigo D, Bosia A, Riganti C. Digoxin and ouabain

increase the synthesis of cholesterol in human liver cells. Cell Mol Life Sci. 2009;

66(9):1580-94.

17. Campia I, Sala V, Kopecka J, Leo C, Mitro N, Costamagna C, et al.

Digoxin and ouabain induce the efflux of cholesterol via liver X receptor signalling and the

synthesis of ATP in cardiomyocytes. Biochem J. 2012; 447(2): 301-11.

18. Wang S, Ma JZ, Zhu SS, Xu DJ, Zou JG, Cao KJ. Swimming training can affect intrinsic

calcium current characteristics in rat myocardium. Eur J Appl Physiol. 2008; 104(3):549-55.

19. Hashimoto NH, Fernandes T, Soci UPR, Oliveira EM. Molecular determinants of cardiac

hypertrophy induced by different amounts of aerobic exercise training. Rev Bras Cardiol

2011; 24(3):153-62.

20. Pluim BM, Zwinderman AH, Laarse A, Wall E. The athlete’s heart: A meta-analysis of

cardiac structure and function. Circulation. 2000.; 101(3): 336-44.

21. Weiner RB, Baggish AL. Exercise-induced cardiac remodeling. Prog Cardiovasc Dis.

2012; 54(5): 380-6.

22. Shapiro LM. The morphologic consequences of systemic training. Cardiol Clin. 1997;

15(3): 373-9.

23. Rahimtoola SH. Digitalis therapy for patients in clinical heart failure. Circulation. 2004;

109(24):2942-46.

24. Gheorghiade M, Fergunson D. Digoxin. A neuro hormonal modulator in heart failure?

Circulation 1991; 84(5):2181-86.

25. Aldinger EE. Effects of digitoxin on the development of cardiac hypertrophy in the rat.

Am J Cardiol. 1970; 25(3):339-43.

26. Zwadlo C, Borlak J. Impaired tissue clearance of verapamil in rat cardiac hypertrophy

results in transcriptional repression of ion channels. Xenobiotica. 2010; 40 (4):291-99.

27. Michiels CF, Van Hove CE, Martinet W, De Meyer GRY, Fransen P. L-type Ca2+

channel blockers inhibit the window contraction of mouse aorta segments with high affinity,

Eur J Pharmacol. 2014; 738: 170-78.

28. Prior BM, Yang HT, Terjung RL, “What makes vessels grow with exercise training?” J

Appl Physiol, 2004; 97 (3): 1119-28.

29. Leung FP, Yung LM, Laher I, Yao X, Chen ZY, Huang Y. Exercise, vascular wall and

cardiovascular diseases: an update (Part 1). Sports Med. 2008; 38(12):1009-24.

Page 72: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

71

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com Wisloff et al. (2001) as adaptações morfológicas e funcionais que

resultam na hipertrofia estão relacionadas com o aumento transitório do Ca2+

intracelular. O

Ca²+

tem papel central na contratilidade cardíaca e nossa hipótese foi que alterações na

condutância ao Ca²+

poderiam afetar diretamente o desempenho físico, bem como, a estrutura

e função do coração.

O treinamento físico intervalado de alta intensidade utilizado nesse estudo promoveu

hipertrofia cardíaca evidenciado nos dados de VE/PCF, diâmetro diastólico do VE e área do

cardiomiócito. Contudo, contrariando nossa hipótese a administração concomitante de

digoxina ou verapamil não afetaram a morfologia cardíaca, a função cardíaca e o desempenho

físico em ratos submetidos ao treinamento físico intervalado.

Como limitações do estudo estão o uso de ratos saudáveis e a falta de dosagem sérica

de digoxina já que as drogas utilizadas no trabalho são prescritas clinicamente em pacientes

cardiopatas o que poderia modificar os resultados.

Como perspectiva para estudos futuros, a determinação da expressão proteica por

Western Blot com amostras que foram coletadas do VE dos ratos pode fornecer melhores

dados para o estudo.

Page 73: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

72

6 REFERÊNCIAS

AGO, T. et al. Nifedipine inhibits cardiac hypertrophy and left ventricular dysfunction in

response to pressure overload. Journal of Cardiovascular Tranlational Research, v. 3, p.

304-313, 2010.

ALMEIDA, M. B.; ARAUJO, C. G. S. Efeitos do treinamento aeróbico sobre a frequência

cardíaca. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 9, nº 2, p. 104-112, 2003.

ANDERSON, M.E. Calmodulin kinase signaling in heart: an intriguing candidate target for

therapy of myocardial and dysfunction. Pharmacology Therapy Arrhythmias, v. 106(1), p.

39-55, 2005.

BAYLEY, B.J.R. Tables of the Bonferroni “t” statistic. Journal American Statistic

Association. v. 72, p. 469-478, 1977.

BAYLOR, S. M.; HOLLINGWORTH, S. Calcium indicators and calcium signalling in

skeletal muscle fibres during excitation contraction coupling. Progress in Biophysics

Molecular Biology, v. 105(3), p. 162–179, 2011.

BEAN, B. P. Pharmacology of calcium channels in cardiac muscle, vascular muscle, and

neurons. American Journal Hypertension, v. 4 (suppl) p. 406S-411S, 1991.

BENEVENGA, N. J.; et al. Nutrient requirements of the laboratory rat. Nutrient

requirements of laboratory animals, 4nd ed. New York: National Academy Press. 1995.

BERRIDGE, M. J. Inositol trisphosphate and calcium signalling. Nature, v. 361, p. 315–325,

1993.

BERRIDGE, M. J.; BOOTMAN, M. D.; LIPP, P. Calcium – a life and death signal. Nature,

v. 395, p. 645-648, 1998.

BERRIDGE, M. J.; LIPP, P.; BOOTMAN, M. D. The versatility and universality of calcium

signalling. Natural Reviews Molecular Cell Biology, v. 1, p. 11-21, 2000.

BERS, D. M. Calcium fluxes involved in control of cardiac myocyte contraction. Circulation

Research, v. 87, p. 275-281, 2000.

Page 74: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

73

______. Calcium cycling and signaling in cardiac myocytes. Annual Reviews Physiology, v.

70, p. 23-49, 2008.

______. Cardiac sarcoplasmic reticulum calcium leak: Basis and roles in cardiac dysfunction

Annuals Reviews Physiology v. 76, p. 20.1–20.21, 2013.

BLOMQVIST, C. G.; SALTIN, B. Cardiovascular adaptations to physical training. Annuals

Reviews Physiology, v. 45, p. 169–189, 1983.

BOMBIG, M. T. N. et al. Efeito do verapamil na hipertrofia ventricular esquerda induzida

pelo isoproterenol. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, v. 67, n.2, p. 81-85, 1996.

BOMBIG, M. T. N.; PÓVOA, R. Interações e associações de medicamentos no tratamento

anti-hipertensivo – Antagonistas dos canais de cálcio. Revista Brasileira de Hipertensão,

v.16, n.4, p.226-230, 2009.

BOOTMAN, M. D. et al. Calcium signalling - an overview. Seminars in Cell

Developmental Biology, v. 12(1), p. 3-10, 2001.

BOOTMAN, M.D. Calcium Signaling. Cold Spring Harbor Perspectives Biology, v. 1,

4(7), p. a011171, 2012.

BRUM, P. C. et al. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema

cardiovascular. Revista Paulista de Educação Física, v.18, p. 21-31, 2004.

BRUNTON, L. L.; LAZO, J. S.; PARKER, K. L. Goodman & Gilman: As bases

farmacológicas da terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006.

BUTTRICK, P. M. et al. Alterations in gene expression in the rat heart after chronic

pathological and physiological loads. Journal Molecular Cellular Cardiology, v. 26, p. 61–

67, 1994.

CHAFFMAN, M.; BROGDEN, R.N. Diltiazem. A review of its pharmacological properties

and therapeutic efficacy. Drugs, v.29,p. 387-454, 1985.

CLAPHAM, D.E. Calcium signaling. Cell, v.80, p. 259-268, 1995.

______. TRP channels as cellular sensors. Nature, v. 426 p. 517-24, 2003.

Page 75: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

74

______. Calcium signaling. Cell, v.14, 131, p. 1047-58, 2007.

CURRIE, S. et al. Calcium/calmodulin-dependent protein kinase IIδ associates with the

ryanodine receptor complex and regulates channel function in rabbit heart. Biochemical

Journal, v. 377, p. 357–66, 2004.

CHEN, Y. et al. Effects of wenxinkeli on the action potential and L-type calcium current in

rats with transverse aortic constriction-induced heart failure. Evidence-Based

Complementary and Alternative Medicine, v. 2013, 572078, 2013.

DOLPHIN, A. C. A short history of voltage-gated calcium channels.v British Journal of

Pharmacology, v. 147, p. 56-62, 2006.

DIFFEE, G. M.; SEVERSEN, E. A.; TITUS, M. M. Exercise training increases the Ca2+

sensitivity of tension in rat cardiac myocytes. Journal Applied Physiology, v. 91, p. 309-

315, 2001.

DUNCKER, D. J; BACHE, R. J. “Regulation of coronary blood flow during exercise,”

Physiological Reviews, v. 88, n. 3, p. 1009–1086, 2008.

ELLIOTT, W. J.; RAM, C. V. S. Calcium Channel Blockers. The Journal of Clinical

Hypertension.v.13, n. 9, p. 687-89, 2011.

FABIATO, A. Calcium-induced release of calcium from the cardiac sarcoplasmic reticulum.

American Journal Physiology, v. 245(1): p. C1-14, 1983.

FERGUSON, S. et al. Cardiac performance in endurance-trained and moderately active young

women. Medicine Science Sports Exercise, v. 33, p.1114-1119, 2001.

FISHER, M.; GROTTA, J. New uses for calcium channel blockers. Therapeutic implications.

Drugs, v. 6, n. 6, p. 961-75, 1993.

FREITAS, J.S. et al. Treinamento aeróbico em natação melhora a resposta de parâmetros

metabólicos de ratos durante teste de esforço. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v.

16, p. 134-38, 2010.

FREY, N.; OLSON, E. N. Cardiac hypertrophy: the good, the bad, and the ugly. Annuals

Reviews Physiology, v. 65, p. 45-70, 2003.

Page 76: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

75

FRISHMAN, W. H.; MICHAELSON, M. D. Use of calcium antagonists in patients with

ischemic heart disease and systemic hypertension. American Journal of Cardiology, v.79,

n.10, p.33-38, 1997.

GHEORGHIADE, M.; FERGUNSON, D. Digoxin. A neuro hormonal modulator in heart

failure? Circulation, v. 84: p. 2181-2186, 1991.

GIBALA, M. J. et al. Adaptations to low-volume, high-intensity interval training in health

and disease. Journal of Physiology, v. 595(5),p. 1077–1084, 2012.

GILLIS, R.A.; QUEST, J. A. The role of the nervous system in the cardiovascular effects of

digitalis. Pharmacology, v. 31: p. 19-97, 1979.

GRANT, A. O. Cardiac Ion Channels. Circulation Arrhythm Electrophysiology, v. 2, p.

185-194, 2009.

GROSSMAN, W. Cardiac Hypertrophy: Useful adaptation or pathologic process? American

Journal of Medicine, v. 69, p. 576-584, 1980.

GROSSMANN, M. Effects of cardiac glycosides on 24-h ambulatory blood pressure in

healthy volunteers and patients with heart failure. European Journal of Clinical

Investigation, v. 31 (Suppl. 2), p. 26–30, 2001.

GROSSMAN, E.; MESSERLI, F. H.; Calcium antagonists. Progress in Cardiovascular

Disease, v. 47, p. 34-57, 2004.

GUTMAN, E. Selecting a calcium channel-blocking agent. College of Family Physicians of

Canada, v. 33 p. 1019-1023, 1987.

GUIMARÃES, J. et al. Revisão das II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para

o Diagnóstico e Tratamento da Insuficiência Cardíaca. Arquivos Brasileiros de Cardiologia,

vol.79, n. 4, p.1-30, 2002.

HAAS, G. J.; YOUNG, J.B. Inappropriate use of digoxin in elderly: how widespread is the

problem and how can it be solved. Drug Safety, v.20, p. 223-230, 1999.

HAUPTMAN, P. J.; KELLY, R. A. Digitalis. Circulation, v. 99, p. 1265-1270, 1999.

HASHIMOTO, N.Y. et al. Determinantes moleculares da hipertrofia cardíaca induzida por

diferentes volumes de treinamento aeróbio. Revista Brasileira de Cardiologia, v. 24(3),

p.153-162, 2011.

HEINEKE, J.; MOLKENTIN, J. D. Regulation of cardiac hypertrophy by intracellular

signaling pathways. Natural Reviews Mollecular Cell Biology, v. 798, p. 589-600, 2006.

HELGERUD, J. et al. Aerobic high intensity intervals improve VO2max more than moderate

training. Medicine Science Sports Exercise, v. 39, p. 665–671, 2007.

HENRY, P. D. Comparative pharmacology of calcium antagonists: nifedipine, verapamil and

diltiazem. American Journal Cardiology, v.46, p. 1047-1058, 1980.

Page 77: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

76

HUANG, L.; LI, H.; XIE, Z. Ouabain-induced hypertrophy in cultured cardiac myocytes is

accompanied by changes in expression of several late response genes. Journal Molecular

Cell Cardiology, v. 29, p. 429-437, 1997.

HUNT, S. A. et al. ACC/AHA 2005. Guideline Update for the Diagnosis and Management of

Chronic Heart Failure in the Adult: a report of the American College of Cardiology/American

Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Update the 2001

Guidelines for the Evaluation and Management of Heart Failure): developed in collaboration

with the American College of Chest Physicians and the International Society for Heart and

Lung Transplantation: endorsed by the Heart Rhythm Society. Circulation, v. 112(12), p.

154–235, 2005.

______. Focused update incorporated into the ACC/AHA 2005. Guidelines for the diagnosis

and management of heart failure in adults: a report of the American College of Cardiology

Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines: developed in

collaboration with the International Society for Heart and Lung Transplantation. Journal

American College Cardiology, v. 53, p. e1- e90, 2009.

KATZ, A. Physiology of the heart. 5 ed. Lippincott Williams & Wilkins: Phyladelphia,

2010.

KATZ, A. et al. Selectivity of digitalis glycosides for isoforms of human Na+, K

+-ATPase.

Journal Biology Chemistry, v. 285, p. 19582-19592, 2010.

KEMI, O. J. et al. Intensity-controlled treadmill running in mice: cardiac and skeletal muscle

hypertrophy. Jounal Applied Physiology, v. 93, n. 4, p. 1301-1309, 2002.

KEMI, O. J. et al. Moderate vs. high exercise intensity: Differential effects on aerobic fitness,

cardiomyocyte contractility, and endothelial function. Cardiovascular Research v. 67, p.

161 -172, 2005.

KEMI, O.J. et al. Aerobic interval training enhances cardiomyocyte contractility and Ca2+

cycling by phosphorylation of CaMKII and Thr-17 of phospholamban. Journal Molecular

Cell Cardiology, v. 43 (3), p. 354-61, 2007.

KIRILMAZ, B. et al. Digoxin intoxication: An old enemy in modern era. Journal of

Geriatric Cardiology, v. 9, p. 237-242, 2012.

LANKFORD, E. B. et al. Endurance exercise alters the contractile responsiveness of rat heart

to extracellular Na+ and Ca

2+. Medicine Science Sports Exercise, v. 30, p. 1502-1509, 1998.

LIU, T.; BROWN, D. A.; O’ROURKE, B. Role of mitochondrial dysfunction in cardiac

glycoside toxicity. Journal of Molecular and Cellular Cardiology, v. 49, p. 728–736, 2010.

MACDONALD, J. R. Potential causes, mechanisms, and implications of post exercise

hypotension. Journal of Human Hypertension, v. 16, p. 225-36, 2002.

MAIER, L. S.; BERS, D. M. Calcium cycling calcium, calmodulin, and calcium-calmodulin

kinase II: Heartbeat to heartbeat and beyond. Journal Molecular Cell Cardiology, v. 34, p.

919 - 939, 2002.

Page 78: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

77

MANCHADO, F. B. et al. Efeitos do ciclo claro-escuro na determinação da velocidade

crítica e capacidade de corrida anaeróbia de ratos Wistar. Motriz, v. 13, p. 96-97, 2007,

(supp).

MANCHADO-GOBATTO, F. B. et al. Limiar anaeróbio em corrida e natação para ratos:

determinação utilizando dois métodos matemáticos. Revista da Educação Física/UEM v. 21,

p. 245-253, 2010.

MANUNTA, P. et al. Chronic hypertension induced by oubain but not Digoxin in the rat:

antihypertensive effect of digoxin and digitoxin. Hypertension Research, v. 23, p. 77-85,

2000.

MARON, B. J. Sudden cardiac death due to hypertrophic cardiomyopathy in young athletes.

In: Thompson PD, ed. Exercise and Sports Cardiology. New York: McGraw-Hill, 189-210:

2001.

MEDEIROS, A. et al. Exercise training delays cardiac dysfunction and prevents calcium

handling abnormalities in sympathetic hyperactivity-induced heart failure mice. Journal

Applied Physiology, v. 104, p. 103-109, 2008.

MOLKENTIN, J. D. Dichotomy of Ca2+

in the heart: contraction versus intracellular

signaling. The Journal of Clinical Investigation, v. 116, p. 623-626, 2006.

NASCIMENTO, A. F. et al. A hypercaloric pellet-diet cycle induces obesity and co-

morbidities in wistar rats. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, v. 52, p.

968-974, 2008.

NATALI, A.J. Efeitos do exercício crônico sobre os miócitos cardíacos: uma revisão das

adaptações mecânicas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 12, n. 1, p. 91-96,

2004.

NAYLOR, L. H. et al. The athlete's heart: a contemporary appraisal of the 'Morganroth

hypothesis'. Sports Medicine, v. 38, p. 69-90, 2008.

NIGRO, D.; FORTES, Z. B. Efeitos farmacológicos dos diuréticos e dos bloqueadores dos

canais de cálcio. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 12, n.2, p.103-107, 2005.

OIGMAN, W.; FRITSCH, M. T. Antagonistas de canais de cálcio. HiperAtivo, v.5, n.2, p.

104-109, 1998.

OLIVEIRA, E. M.; KRIEGER, J. E. Hipertrofia cardíaca e treinamento físico. Hipertensão.

v. 5 n. 2 p. 73-78, 2002.

OPIE, L. H. Calcium antagonists.Mechanisms, therapeutic indications and reservations; A

Review. Quarterly Journal of Medicine, v.53 (209), p. 1-16, 1984.

OPIE, L. H. et al. International society and federation of cardiology: Working group on

classification of calcium antagonists for cardiovascular disease. American Journal

Cardiology, v. 60, p. 630–632, 1987.

Page 79: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

78

PELLICCIA, A.; MARON, M.S.; MARON, B.J. Assessment of left ventricular hypertrophy

in a trained athlete: differential diagnosis of physiologic athlete’s from pathologic

hypertrophy. Progress in cardiovascular diseases, v. 54 (5), p. 387-96, 2012.

PENG, M. et al. Partial inhibition of Na+/K

+-ATPase by ouabain induces the Ca

2+-dependent

expressions of early-response genes in cardiac myocytes. Journal Biology Chemistry, v.

271, p. 10372-10378, 1996.

PEREIRA, L. M.; MANDARIM-DE-LACERDA, C. A. The effect of enalapril and verapamil

on the left ventricular hypertrophy and the left ventricular cardiomyocyte numerical density in

rats submitted to nitric oxide inhibition. Internacional Journal Experimental Pathology, v.

82, p. 115-122, 2001.

PEREIRA, F. et al. Interval and continuous exercise training produce similar increases in

skeletal muscle and left ventricle microvascular density in rats. BioMed Research

International. v. 2013, 2013, 752817.

PETERSEN, C. H.; BERRIDGE, M. J. the regulation of capacitative calcium entry by

calcium and protein kinase c in Xenopus Oocytes. Journal Biology Chemistry, v. 269, p.

32246 - 32253, 1994.

PIEPER, J. A. Evolving role of calcium channel blockers in heart failure. Pharmacotherapy.

v. 16, p. 43S-49S, 1996.

PITT, B. Diversity of calcium antagonists.Clinical Therapy, v.19, p. 3-17, 1997. (suppl A)

PLUIM, B.M. et al.The athlete’s heart: A meta-analysis of cardiac structure and function.

Circulation, v. 101, p. 336–344, 2000.

PRIMOLA-GOMES, T.N. et al. Exercise capacity is related to calcium transients in

ventricular cardiomyocytes. Journal Applied Physiology, v. 107, p. 593-598, 2009.

RANG, H. P. et al. Farmacologia.6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

REFFELMANN, T.; KLONER, R. A. Transthoracic echocardiography in rats. Evaluation of

commonly used indices of left ventricular dimensions, contractile performance, and

hypertrophy in a genetic model of hypertrophic heart failure (SHHF-Mcc-facp-Rats) in

comparison with Wistar rats during aging. Basic Research Cardiology, v. 98, p.275-284,

2003.

SAINI-CHOHAN, H. K.; GOYAL, R. K.; DHALLA, N. S. Involvement of sarcoplasmic

reticulum in changing intracellular calcium due to Na+/K

+-ATPase inhibition in

cardiomyocytes. Canadian Journal Physiology and Pharmacoly, v. 88, p. 702-715, 2010.

SCHLÜTER, K.D.; PIPER, H. M. Regulation of growth in the adult cardiomyocytes. FASEB

Journal, v. 13, p. 17-22, 1999.

Page 80: Efeitos da administração crônica da digoxina e do

79

SCHONER, W.; SCHEINER-BOBIS, G. American Journal Physiology. Cell Physiology. v.

293, p. C509–C536, 2007.

SMITH, T. W. The fundamental mechanism of inotropic action of digitalis. Therapie, n. 44,

v. 6, p. 431-435, 1989.

______. Digoxin in heart failure. The new England Journal of Medicine, v. 329, p. 3-51,

1993.

SRINIVASAN, V.; SIVARAMAKRISHNAN, H.; KARTHIKEYAN, B. Detection, isolation

and characterization of principal synthetic route indicative impurities in verapamil

hydrochloride. Sciencia Pharmaceutica, v. 79, p. 555-568, 2011.

STAUFFER, B.; MITRO, G.; MOORE, R.L. Chronic treadmill running does not influence

ryanodine binding to rat myocardium. Medicine Science Sports Exercise, v. 25(5), p. S98,

1993.

STONE, P. H. et al. Calcium channel blocking agents in the treatment of cardiovascular

disease. Part II: Hemodynamic effects and clinical applications. Annuals International

Medicine. V. 93, p. 886-904, 1980.

STUDER, R. et al. Gene expression of the cardiac Na+- Ca

+2 exchanger in end-stage human

heart failure, Circulation Research, v. 75, p. 443-453, 1994.

SUWALSKY,M. et al.S tructural effects of verapamil on cell membranes and molecular

models. Journal of Chilean Chemical Society, v. 55, n. 1, p, 1-4, 2010.

TATE, C. A. et al. SERCA2a and mitochondrial cytochrome oxidase expression are increased

in hearts of exercise-trained old rats. American Journal of Physiology, v. 271, p. H 68-72,

1996.

WANG, H.; YUAN, W.; LU, Z. Effects of ouabain and digoxin on gene expression of sodium

pump alpha-subunit isoforms in rat myocardium. Chinese Medicine Journal, v.114, p. 1055-

1059, 2001.

WANG, Y.; WISLOFF, U.; KEMI, O. J. Animal models in the study of exercise-induced

cardiac hypertrophy. Physiology Research, v. 59, p. 633-644, 2010.

WISLOFF, U. et al. Increased contractility and calcium sensitivity in cardiac myocytes

isolated from endurance trained rats. Cardiovascular Research, v. 50, p. 495-508, 2001.

WISLOFF, U. et al. Aerobic exercise reduces cardiomyocyte hypertrophy and increases

contractility, Ca2+

sensitivity and SERCA-2 in rat after myocardial infarction.

Cardiovascular Research, v. 54 p. 162–174, 2002.

WISLOFF, U. et al. Superior cardiovascular effect of aerobic interval training versus

moderate continuous training in heart failure patients: a randomized study. Circulation, v.

115, p. 3086–3094, 2007.

XIONG, C. et al. The H1–H2 domain of the α1 isoform of Na+-K

+- ATPase is involved in

ouabain toxicity in rat ventricular myocytes. Toxicology and Applied Pharmacology, v.

262, p. 32–42, 2012.