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EFEITOS DA REFORMA TRABALHISTA NO MUNDO SINDICAL Brasília, Novembro de 2017

EFEITOS DA REFORMA TRABALHISTA NO MUNDO SINDICAL … · Legalização de perdas de direitos e de formas precárias ... Procura dificultar a mobilização dos trabalhadores e a conquista

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EFEITOS DA REFORMA TRABALHISTA NO MUNDO SINDICAL

Brasília, Novembro de 2017

Contextualização

Contextualização

Desmonte do papel social do Estado

PEC do Teto

Novo Regime fiscal que

limita os gastos públicos

com políticas sociais

(Em dezembro de 2016)

Reforma da Previdência

Altera as regras de

acesso e remuneração

da previdência pública

(PEC 287)

Reforma Trabalhista

Altera a CLT

precarizando as relações

de trabalho

(Em julho de 2017)

Lei da Terceirização

Retira restrições sobre o

trabalho temporário e

terceirização

(Em março de 2017)

Perdas de direitos

sociais

MOTIVOS ALEGADOS PARA A REFORMA TRABALHISTA Modernização da legislação e das relações de trabalho?

CLT veio sendo atualizada ao longo do tempo.

“Emprego desprotegido” é anterior à década de 1930.

Geração de emprego, combate ao desemprego e àinformalidade?

Emprego é gerado por crescimento e investimentos.

Ocupação de má qualidade aumenta a desigualdade social.

Legalização de perdas de direitos e de formas precárias de ocupação.

O que os empresários chamam de “dar garantias legais”.

Reforma TrabalhistaLei 13.467/2017

Reforma Trabalhista

A Reforma se fundamenta em reduzir a proteção

institucional aos trabalhadores, por parte do Estado e do

Sindicato, e aumentar as garantias e a autonomia das

empresas nas relações de trabalho, diminuindo custos e

aumentando a flexibilidade do trabalho

Altera a Hierarquia Normativa

Hierarquia anterior a reforma

▪ Ou seja, a Constituição e as leis estabelecem pisos mínimos de direitos, que as negociações coletivas ou individuais só podem aumentar.

Hierarquia pós reforma

▪ Ou seja, em vários direitos a Lei 13.467 reverte a atual hierarquia da legalidade trabalhista em favor das negociações mais específicas, nas quais trabalhadores têm ou tendem a ter menos poder.

Constituição ≥ Acordos Internacionais ≥ Leis ≥ Convenções Coletivas ≥

Acordos Coletivos ≥ Acordos Individuais

Acordo Coletivo valerá mais que a Convenção Coletiva.

Em alguns casos, o Negociado valerá mais do que o Legislado

EIXOS DA REFORMA TRABALHISTA

CONDIÇÕES E

CONTRATO DE

TRABALHO

NEGOCIAÇÕES

COLETIVAS

ORGANIZAÇÃO

SINDICAL

JUSTIÇA DO

TRABALHO

• É UMA REFORMA TRABALHISTA E SINDICAL

• ALTERA ASPECTOS EM TODO O SISTEMA DE RELAÇÕES DE TRABALHO

Ampliação e flexibilização da jornada de

trabalho

Facilita a demissão

Altera condições de trabalho

Cardápio de contratos precários

CONDIÇÃO DE TRABALHO

Terceirização

Trabalho intermitente

Tempo parcial

Trabalho autônomo

Trabalho temporário

RETIRA, FLEXIBILIZA OU DESREGULAMENTA DIREITOS

Intervalos intrajornada

Jornada de 12x36hHora extra

Banco de horas

Horas “in itineri”

Comum acordo

Quitação total de débitos em PDV e PDI

Revoga direito a

assistência na recisão

Demissão coletiva sem

negociação com o sindicato

Desobriga rescisão sindicato

Termo de quitação

anual

Teletrabalho

Reduz conceito de salário

Reduz alcance trabalho igual/salário igual

Parcelamento de férias em 3X

Gestante/lactante em local insalubre

Pausas para amamentação

Reduz incorporação gratificações

Promove a negociação individual

Altera hierarquia das normas que

regulam o trabalho

Flexibiliza o piso de direitos

NEGOCIAÇÃO COLETIVA

Prevalência do negociado sobre

o legislado

REFORÇA AMBIENTE DESFAVORAVEL AS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS

FRAGMENTA A NEGOCIAÇÃO COLETIVA

FIM DA ULTRATIVIDADEPrevalência dos ACTs

sobre os CCTs

Trabalhador com salário 2x teto previdência +

ensino superior

Comum acordo

Compensação jornada e hora extra

Pausas para amamentação

ORGANIZAÇÃO SINDICALPROCURA DESARTICULAR A ORGANIZAÇÃO SINDICAL

Fim da obrigatoriedade da contribuição sindical (imposto sindical)

Representação no local de trabalho

sem vínculo com sindicato

JUSTIÇA DO TRABALHO

Reduz o papel e dificulta o acesso à Justiça do Trabalho

Não cria meios de resolução de conflitos entre capital e trabalho e nem garante equilíbrio

na relação entre as partes;

Limita a intervenção da Justiça do Trabalho nos resultados das negociações coletivas;

Limita o escopo dos enunciados de jurisprudência do TST e dos TRTs e de elaboração de

Súmulas;

Restringe o acesso gratuito à Justiça do Trabalho;

Impõe multa ao chamado “litigante de má-fé”; e

Impõe custos judiciais ao reclamante (trabalhador ou trabalhadora) que faltar à audiência

Impactos da Reforma

IMPACTOS DA REFORMA

Mercado de trabalho

Formalização de vínculos precários, maquiando as estatísticas de geração de

emprego;

Troca de vínculos com contratos típicos por contratos precários;

Reforça a segmentação/heterogeneidade das condições de trabalho e direitos;

Amplia a insegurança dos segmentos que já são mais vulneráveis no mercado de

trabalho – mulheres, negros, jovens, idosos, trabalhadores com deficiência, migrantes;

Reduz os rendimentos com impactos negativos no poder de compra e em benefícios

atrelados aos salários (FGTS e previdência);

Dificulta a conciliação do tempo de trabalho com o tempo livre; e

Impactos negativos na saúde e segurança do trabalhador, maior abertura para

executar atividades em situações degradantes.

Negociações coletivas

▪ Descentralização das negociações;

▪ Conteúdo das cláusulas negociadas:

▪ Definição de regulamentações no local de trabalho;

▪ Individualização de regras;

▪ Importância do Estado em um mercado de trabalho heterogêneo.

Reajustes salariais e variação real média dos reajustes, segundo comparação com o INPC-IBGE

De 1996 a 1º sem. 2017

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231 470 324 316 369 495 480 548 658 640 655 715 816 815 804 807 802 784 780 753 714 270

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C-I

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Abaixo do INPC-IBGE Igual ao INPC-IBGE Acima do INPC-IBGE Variação real média

Fonte: DIEESE. SAS-DIEESE - Sistema de Acompanhamento de Salários. Elaboração DIEESE

Greves, segundo caráter das reivindicaçõesBrasil, 1994 a 2017

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Propositivas Defensivas

OBS: dados preliminares 2014, 2015 e 2017

Fonte: DIEESE. SAG-DIEESE - Sistema de Acompanhamento de Greves. Elaboração DIEESE

Organização sindical

IMPACTOS DA REFORMA

Pode fragmentar a representação por empresa, com atribuições que podem

ser concorrentes

Cria dificuldades para o financiamento das ações sindicais e mesmo para a

existência de parte dos Sindicatos

Por outro lado, mantém financiamento das entidades patronais através do

Sistema S

Enfraquecimento do processo negocial brasileiro

Procura dificultar a mobilização dos trabalhadores e a conquista de novos

direitos.

Impactos no sindicalismo (continuação...)

▪ Redução das fontes de financiamento;

▪ Pulverização das categorias profissionais;

▪ Esvaziamento de funções;

▪ Aumento da assimetria de poder entre trabalhador e empregador;

▪ A importância da instituição sindical;

▪ Indicadores: taxa de sindicalização, número de greves, grau de confiança na instituição sindical, financiamento sindical.

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

Sindicalizados - Brasil 2004-2015

Sindicalizados (taxa %) - Brasil 2004-2015

18,5 18,9 19,118,2 18,6

18,117,5

16,916,2

16,9

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2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

PERCENTUAL DE PESSOAS SINDICALIZADAS, NA POPULAÇÃO DE 16 ANOS OU MAIS DE IDADE, OCUPADAS NA SEMANA DE REFERÊNCIA

BRASIL 2004-2015 (EXCETO 2010)

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

Agrícola 24,4 25,5 26,3 26,7 27,5 26,3 28,3 26,2 26,3 27,0 28,7

Indústria de transformação 22,2 22,6 22,5 20,7 22,0 20,5 21,7 20,6 18,5 19,4 23,3

Outras atividades industriais 36,7 38,4 37,5 35,0 38,3 36,6 32,2 29,3 30,9 30,2 36,8

Construção 7,3 7,5 7,9 7,4 8,0 8,4 7,8 8,4 7,6 7,5 9,3

Comércio e reparação 11,3 11,6 12,0 10,9 11,6 11,5 10,9 10,7 9,6 10,9 13,3

Alojamento e alimentação 9,4 9,7 10,0 9,2 9,5 9,3 9,0 9,8 8,1 8,9 11,1

Transporte, armazenagem e comunicação 25,1 25,7 24,7 24,0 23,4 24,1 20,5 20,3 19,9 20,2 24,7

Administração pública 26,4 27,4 27,1 25,8 26,4 26,8 23,2 22,6 22,5 23,3 27,0

Educação, saúde e serviços sociais 30,1 29,8 30,5 28,7 28,2 28,6 26,6 25,6 25,4 26,3 30,2

Serviços domésticos 1,5 1,8 2,0 1,9 2,0 2,2 2,7 2,6 2,8 2,9 4,0

Outros serviços coletivos, sociais, pessoais 10,2 10,8 11,3 9,7 9,6 10,0 8,0 7,9 7,8 7,9 9,5

Outras atividades 24,2 24,1 23,7 21,6 21,8 21,4 19,3 19,2 18,8 19,6 22,2

Atividades maldefinidas ou não declaradas 4,7 4,4 2,7 7,1 4,8 2,8 8,5 7,7 6,8 3,5 3,9

Total 18,5 18,9 19,1 18,2 18,6 18,1 17,5 16,9 16,2 16,9 19,5

Grupamentos de atividade do

trabalho principal

Percentual de pessoas sindicalizadas, na população de 16 anos ou mais de idade, ocupada na semana de referência (%)

Percentual de pessoas sindicalizadas, na população de 16 anos ou mais de idade, ocupada na semana de referência, segundo os grupamentos de atividade do trabalho principal - Brasil 2004-2015

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

Exemplos práticos de alterações▪ Prevalência do acordado sobre o legislado para “entre outros”, 15 temas:

Pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;

Banco de horas anual;

Intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;

Adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015;

Plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos

que se enquadram como funções de confiança;

Regulamento empresarial;

Representante dos trabalhadores no local de trabalho;

Teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;

Remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho

individual;

Modalidade de registro de jornada de trabalho;

Troca do dia de feriado;

Enquadramento do grau de Insalubridade;

Prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho;

Prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo;

Participação nos lucros ou resultados da empresa.

Desigualdade social e crescente vulnerabilidade do mundo do trabalho

▪ Experiência internacional: frágil regulamentação tende a afetar negativamente a distribuição de renda;

▪ Comportamento do índice de GINI

▪ Polarização das ocupações e da estrutura social;

▪ Ampliação da vulnerabilidade e insegurança;

OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

Max Leno de Almeida

([email protected])