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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL EFETIVIDADE DA TÉCNICA DE MICROONDAS PARA DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE E AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE DE SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum(Vell.). Aluno: Arthur Ricardo Oliveira da Veiga 09/89983 Orientador: Dr. Ildeu Soares Martins Coorientadora: Dra. Juliana Martins de Mesquita Matos Trabalho apresentado ao Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília, como parte das exigências para obtenção do título de Engenheiro Florestal. Brasília, dezembro de 2015

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTAL

EFETIVIDADE DA TÉCNICA DE MICROONDAS PARA

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE E AVALIAÇÃO DA

VIABILIDADE DE SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum(Vell.).

Aluno: Arthur Ricardo Oliveira da Veiga 09/89983

Orientador: Dr. Ildeu Soares Martins

Coorientadora: Dra. Juliana Martins de Mesquita Matos

Trabalho apresentado ao Departamento

de Engenharia Florestal da Universidade de

Brasília, como parte das exigências para

obtenção do título de Engenheiro Florestal.

Brasília, dezembro de 2015

   

i  

   

ii  

Agradecimentos

Agradeço a Juliane Menezes por estar sempre ao meu lado me apoiando. Espero sempre poder

estar presente quando precisar de algo, eu a agradeço pela eterna parceria e lealdade.

Quero agradecer a todos os meus familiares por apoiarem minhas decisões respeitando e

acreditando no meu potencial de transformar minha realidade. Especialmente à minha mãe,

Adelaide Veiga e meu pai, Daniel Veiga, minha eterna gratidão por tudo, quero sempre poder

honrar seus ensinamentos e exemplos de vida e prosperidade.

Por último, porém não menos importante, gostaria de deixar meus sinceros agradecimentos

aos professores que fizeram parte da minha graduação, em especial, à Professora Rosana e a

Doutora Juliana Martins de M. Matos as quais me orientaram de forma brilhante neste

trabalho, sendo, além disso, amigas, sempre solicitas e compreensivas. E ao professor Ildeu,

que me recebeu de braços abertos e sempre respeitou meu jeito de ser.

   

iii  

Resumo

A utilização de métodos rápidos e eficientes para a determinação da qualidade e vigor

de sementes pode auxiliar na preservação de espécies florestais e na tomada de decisão na

hora de colheita, armazenamento e comercialização de semente. O presente trabalho teve

como objetivo verificar a efetividade da determinação da umidade dassementes através do

micro-ondas, comparado ao método de estufa a 105°C/24 horas, empregando-se diferentes

tempos de secagem; assim como avaliar a relação entre o teste de condutividade elétrica e de

germinação para a determinação do vigor das sementes Enterolobium contortisiliquum.

Observou-se que os testes em forno microondas não foram eficientes na determinação do grau

de umidade das sementes da espécie objeto deste trabalho. Com relação à germinação e o

teste de condutividade elétrica, verifica-se que há uma relação inversa entre os mesmos.

Palavras-chaves: Tamboril, secagem de sementes, método de estufa, condutividade

elétrica

   

iv  

Sumário

 1. INTRODUÇÃO  ..................................................................................................................................  1  

2. OBJETIVOS  .......................................................................................................................................  2  

2.1. Objetivo Geral  ..............................................................................................................................  2  

2.2. Objetivos Específicos  ...................................................................................................................  2  

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA  ...........................................................................................................  3  

3.1 Técnicas de secagem de sementes  .................................................................................................  3  

3.2 Testes de condutividade elétrica  ...................................................................................................  4  

3.3 Teste de germinação  ......................................................................................................................  5  

3.4 Espécie Estudada  ..........................................................................................................................  6  

4. MATERIAIS E MÉTODOS  ...............................................................................................................  7  

4.1 Coleta e preparação das sementes  .................................................................................................  7  

4.2 Secagem e teor de umidade  ...........................................................................................................  7  

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO  ....................................................................................................  9  

5.1 Análises dos métodos do teor de umidade  ....................................................................................  9  

5.2 Análises da qualidade fisiológica  ................................................................................................  11  

5.2.1 teste de condutividade elétrica  .................................................................................................  11  

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS  ............................................................................................................  13  

   

1  

1. INTRODUÇÃO

O controle de qualidade de sementes florestais em laboratório é realizado através de

análises, cujo objetivo principal é determinar o valor das sementes de um lote após sua

extração e beneficiamento, antes de serem remetidas ao viveiro ou para armazenamento.

Dentre as análises usuais, a determinação do teor de umidade é essencial para o

armazenamento de muitas espécies (Fowler; Martins, 2001).

A secagem e o armazenamento de sementes são atividades essenciais para o homem

cultivar os alimentos nos próximos plantios. A princípio, os aprendizados desses processos

envolveram a proteção das sementes contra aves, insetos e microrganismos e, posteriormente,

aspectos ligados à germinação e longevidade (MEDEIROS; EIRA, 2006).

A importância do grau de umidade das sementes sobre sua longevidade no

armazenamento torna o desenvolvimento de metodologias para sua determinação de suma

importância (Fowler; Martins, 2001). A ISTA, Associação Internacional de Ensaios de

Sementes, prescreve três procedimentos para determinar a umidade: secar em estufa por 17

horas a 103ºC; secar em estufa por 1 a 4 horas a 130ºC e através da destilação de tolueno

(Fowler; Martins, 2001).

As Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) recomendam para todas as

espécies florestais a utilização dos métodos de estufa a 105ºC/24h, 103ºC/17h e 130ºC/17h

para a determinação do grau de umidade das sementes. No entanto, devido à grande variação

encontrada entre as espécies florestais, é necessária a verificação de qual metodologia é a

mais eficiente para cada espécie. Além disso, os métodos da (BRASIL, 2009) demandam

tempo e impedem a utilização imediata do lote na umidade definida. A utilização de forno

microondas pode ser uma alternativa que vem sendo desenvolvida.

O grau de umidade além afetar a longevidade das sementes armazenadas também é um

fator que influencia as análises do teste de condutividade elétrica. Dias et al (2006) obteve

valores de condutividade semelhantes utilizando sementes de soja com graus de umidade de

13, 15 e 19,5%, observando aumento significativo nas leituras quando o grau de umidade foi

inferior a 8,8%, o que levou o autor a recomendar a condução do teste com sementes com

umidade superior a 13%. Loeffler et al. (1988) e Dias et al. (2006) também observaram

   

2  

aumento na condutividade elétrica de sementes de Glycine Max com grau de umidade inferior

a 11% .

De acordo com (PASTORINI et al. 2002) a secagem em estufa tem a desvantagem de

que mudanças bioquímicas podem ocorrer no material e alterar a composição quando

comparados a sementes frescas. Aliás, a substituição por forno microondas para secagem de

material vegetal foi sugerido por reduzir o tempo de secagem e a contaminação bacteriana, o

qual resulta em melhores aparências e qualidade do produto, sem influenciar na composição

química do material seco.

Nery et al (2004) obteve sucesso na determinação de umidade em sementes de Ipê-do-

cerrado Tabebuia ochracea Standl. Quando utilizou o método de secagem em forno de

microondas. No entanto, de acordo com a autora há necessidade de maior refinamento na

técnica de microondas para que os resultados sejam utilizados na prática, em substituição ao

método de estufa, uma vez que as variações da umidade foram superiores a 7%

consequentemente consideradas estatisticamente não-significativas.

2. OBJETIVO

2.1. Objetivo Geral Averiguara efetividade do método do forno microondas para verificação dos teores de

umidade de sementes de Enterolobium contortisiliquum; bem como analisar a qualidade

fisiológica das sementes aplicando o teste de condutividade elétrica.

2.2. Objetivos Específicos

• Determinar o tempo adequado para o método do micro-ondas para verificação

dos teores de umidade em sementes de Enterolobium contortisiliquum;

• Comparar os resultados produzidos pelos métodos de determinação do teor de

umidade da estufa e do microondas.

   

3  

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Técnicas de secagem de sementes

Um adequado controle de qualidade de sementes exige frequentemente à determinação

do grau de umidade. O princípio é a extração de água em forma de vapor pela aplicação de

calor sob condições controladas. Este método é importante para colheita, comercialização ou

armazenamento. De acordo Luz (1998), pode-se determinar, pelo grau de umidade, a

maturação fisiológica, período o qual as sementes atingem o máximo da qualidade.

Mas a duração depende do método utilizado, das condições climáticas, teor de água

nas sementes no início do processo. Ao escolher o método de secagem deverão ser

considerados os custos, a disponibilidade de equipamentos e mão de obra.

Os métodos recomendados pela Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) de

105± 3 °C por 24 horas foram desenvolvidos para remoção máxima de água e reduzir a

oxidação e volatilização de substâncias. Entretanto, os métodos recomendados demandam

tempo e evitam a utilização imediata do lote na umidade definida. Por isso teste com técnicas

mais rápidas, como a do forno microoondas, é uma alternativa testada com eficiência para as

espécies florestais. (NERY et al., 2004).

Para Luz (1998), através da secagem com microondas pode-se realizar a secagem em

tempos curtos (vinte minutos), quando comparados com convencionais, e possibilita a

determinação de umidade simples, precisa e mais rápida. Ademais, o aquecimento por

microondas é por radiação sobre as moléculas de água. Nota-se que a remoção seletiva e

rápida da água evita a perda de componentes voláteis. (PASTORINI, 2002), verificou que em

geral, o efeito da secagem nas análises químicas, e os materiais secos em microondas

apresentaram maior teor de açúcares, carboidratos, aminoácidos e amido.

Outra razão para estes estudo foi a pouca informação sobre as formas mais adequadas

de determinação do grau de umidade para a maioria das espécies florestais nativas. Por esse

motivo existem dificuldades em padronizar os procedimentos básicos de comparação dos

resultados de grau de umidade (RAMOS et al. 2000).

   

4  

3.2 Testes de condutividade elétrica

A avaliação da qualidade fisiológica de sementes é um aspecto importante a ser

considerado em um programa de produção, porque ao empregar a metodologia adequada, a

qual permite estimar a vigor, desempenho em campo e o descarte de lotes deficientes, diminui

os riscos e prejuízos.

A qualidade fisiológica das sementes de espécies florestais pode ser avaliada e

complementada com testes de vigor. Essas técnicas visam identificar possíveis diferenças no

grau de deterioração de sementes as quais apresentam potencial germinativo semelhante

(STALLBAUN, 2015)

Neste sentido, pode-se destacar o teste de condutividade elétrica, no qual a

qualidade das sementes é avaliada indiretamente através da determinação da quantidade de

lixiviados na solução das sementes. Os menores valores correspondem à menor liberação de

exsudatos, os quais indicam alto potencial fisiológico e consequentemente menores

desorganização das membranas das células (VIEIRA & KRZYZANOWSKI, 1999).

De acordo com VIEIRA et al., (2002), os resultados da condutividade elétrica

podem ser influenciados por vários fatores como: presença de sementes danificadas

fisicamente, tamanho da semente, genótipo de uma espécie, teor de água inicial das sementes,

período e temperatura de embebição. Entretanto, essas variáveis podem ser controladas para

minimizar os efeitos. Ademais, existe outro grupo de fatores os quais não podem ser

facilmente controlados como o efeito do genótipo, qualidade da semente na colheita e

condições de armazenamento (FESSEL et al., 2006).

Os testes de germinação, algumas vezes, não proporcionam informações adicionais

aos diferença no vigor de diferentes lotes (SANTOS & PAULA, 2009). Por isso é importante

a complementação com outras técnicas. De acordo com Marques, Paula e Rodrigues, 2002, os

testes de condutividade elétrica foram eficientes na diferenciação de lotes de sementes de

Dalbergia nigra, com 30 horas de embebição a 25 °C.

Ainda de acordo com VIERA et. al.(2002), têm-se verificado que teores de água

abaixo de 10% ou maiores que 17% apresentam alterações nos resultados. Por isso

recomenda-se a uniformização dos teores de água dos lotes para uma faixa entre 10% e 17%,

antes da avaliação da condutividade elétrica.

   

5  

3.3 Teste de germinação  

O teste de germinação pretende determinar o potencial máximo de germinação de

um lote de sementes, o qual é importante para comparar a qualidade de diferentes lotes e

estimar o valor para semeadura em campo (BRASIL,2009). Ainda, alguns testes visam

verificar as repostas de germinação a fatores ambientais, causas de dormência e métodos de

superação (MATOS, 2009).

As realizações de testes em condições de campo não satisfazem devido à variação

das condições ambientais, portanto os resultados nem sempre podem ser reproduzidos. Por

isso métodos de análise em laboratório, efetuados em condições controladas são mais

indicados para permitir uma germinação regular de uma determinada espécie. Em seguida,

estas técnicas devem ser padronizadas para que os resultados dos testes possam ser

reproduzidos e comparados (BRASIL, 2009).

Entende-se por germinação um processo biológico o qual as sementes retomam o

crescimento do embrião, quando as condições mínimas e necessárias, como umidade e

temperatura são ofertadas(SANGRONIS, E.; MACHADO, C.J., 2005). Ademais para fins

acadêmicos consideram-se as sementes germinadas quando apresentarem radícula de pelo

menos 2,0 mm de comprimento.

De acordo com Miranda, (2006) a germinação causa o aumento na atividade

enzimática, perda de material seco, mudança na composição em aminoácidos, diminuição do

amido, aumento de açúcares e lipídios. O aumento de nutrientes e reflete a perda da matéria

seca, principalmente de carboidratos devido à respiração do embrião.

Entretanto, mesmo com as condições propícias as sementes podem não germinam

porque apresentam dormência. É a condição que sementes viáveis não germinam porque estão

com atividade metabólica reduzida. Entre os tipos de dormência, o mais comum em espécies

tropicais é exógena- física (SALOMÃO et al, 2003). Ela caracteriza-se por impedir à absorção

de água e às trocas gasosas. Portanto essas sementes necessitam de escarificação mecânicas

ou química para desfazer as estruturas as quais impedem a absorção de água ou trocas

gasosas.

De acordo com Silva e Rosa (2012), a escarificação mecânica com lixa foi o método

mais eficiente para superação da dormência física do tegumento em sementes de

Enterolobium contortisiliquum.

   

6  

3.4 Espécie Estudada

Enterolobium contortisiliquum, popularmente conhecida como Tamboril ou orelha-de-

negro, é uma espécie da família Fabaceae-Mimosoideae. É uma espécie decídua, heliófita,

seletiva higófita, dispersa em várias formações florestais. Possui altura de 20 a 35m, com

tronco de 80 a 160 cm de diâmetro e forma uma copa ampla e frondosa com folhas compostas

bipinadas com 2-7 jugas LORENZI (1998).

Figura 1: Aspecto da arvore, folhas e fruto de Enterolobium contortisiliquum,

Possui folhas compostas, bipinadas, com 3 a 7 pares de pequenos folíolos oblongos.

As inflorescências surgem na primavera e são do tipo capítulo, globosas, com cerca de 10 a

20 flores brancas(LORENZI 1992).

Ocorre naturalmente em florestas pluviais e semidecíduas do norte ao sul do Brasil. É

uma espécie pioneira, de crescimento inicial rápido, rústica, sendo apropriada para

reflorestamento (CARVALHO, 1994).

Segundo Carvalho (2003), é uma espécie comum na vegetação secundária: em

clareiras, capoeirões e em matas degradadas, onde se estabelece uma regeneração acentuada.

Os frutos são vagens, recurvadas e semilenhosas(Figura 1) que surgem verdes e

tornam-se pretos ao atingir a maturidade fisiológica (LORENZI 1992). Os frutos devem ser

coletados diretamente da árvore ao iniciar a queda espontânea e postos para secar, no intuito

de facilitar a abertura manual. A superfície do fruto é glabra, profundamente reentrante junto

   

7  

ao pedicelo, possuindo um formato semelhante à orelha humana. A espécie apresenta grande

distribuição ecológica, e ocorre em várias regiões fitoecológicas e sobre vários tipos de solos.

Desde o Pará ao Rio Grande do Sul. LORENZI (2002).

A madeira de tamboril é considerada leve e possui muitas utilidades como na

fabricação de barcos e de canoas de tronco inteiro, em compensados, brinquedos, armações de

móveis, miolo de portas e caixas. Por possuir copas amplas e frondosa proporciona ótima

sombra durante o verão, além disso, são boas para reflorestamento de áreas degradadas, de

preservação permanente, em plantios mistos, principalmente, por seu rápido crescimento

inicial (LORENZI, 1998).

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Coleta e preparação das sementes  

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento

de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UNB). Foram utilizadas sementes de

Tamboril coletadas aleatoriamente de 7 árvores na região do plano Piloto do Distrito Federal-

DF. A região de coleta apresenta clima predominante correspondente ao tipo CWA da

classificação de Köppen. O índice pluviométrico varia entre 1400 a 1450 mm/ano, com a

concentração da precipitação pluviométrica no verão. E a altitude entre 1000 e 1050m

(FERRANTE et al., 2001).

4.2 Secagem e teor de umidade

O experimento envolveu Três etapas distintas: i) Coleta e preparação das amostras; ii)

Análise do teor de umidade pelos métodos da estufa 105°C/24h (padrão) e Microondas; e

iii)Análise da qualidade fisiológica das sementes pelos métodos da condutividade elétrica e

teste de germinação ( Figura 2).

   

8  

Figura 2: Esquema demonstrativo dos métodos aplicados para analisar as sementes de

Enterolobium contortisiliquum.

Na primeira etapa, foram separadas cinco amostras com 20 sementes para secagem em

estufa. As Sementes de cada amostra foram pesadas e colocadas nos recipientes para obtenção

do peso da matéria fresca e mantidas em estufa por 24 horas a 105°C. Após esse período, os

recipientes contendo as sementes foram fechados e colocados em dessecador durante 30

minutos para resfriar, em seguida, novamente pesadas para obtenção do peso da matéria seca

das sementes. O grau de umidade das sementes foi determinado de acordo com as regras de

analise de sementes (BRASIL, 2009). Foi utilizado dois tratamentos com cinco repetições.

Posteriormente, foi avaliada a possibilidade de utilização do forno de microondas na

determinação de grau de umidade das sementes de Tamboril. Foram utilizadas 100 sementes

divididas em cinco amostras com 20 sementes em cada. Para a determinação da umidade no

forno de microondas, as sementes de cada repetição foram acondicionadas em placas de petri

com 13 cm de circunferência e separadas eqüidistantes. Elas foram pesadas e colocadas em

forno de microondas da marca Philco na potência de 720 w, por 3, 5, 7, 9, 11 minutos.

Foi testada a metodologia, chamada Amostra Única, a qual foi utilizada uma mesma

amostra com exposição das sementes por períodos de 3, 5, 7, 9 e 11 minutos. O recipiente

com a amostra foi inicialmente colocados por 3 minutos em forno de microondas, resfriados

em dessecador por 2 minutos, sendo as sementes pesadas rapidamente, retornando ao forno de

microondas por mais 2 minutos, totalizando 5minutos e assim consecutivamente, de 2 em 2

Coleta  e  preparação  das  amostras  

Análise  dos  Métodos  de  Teor  de  umidade  

Método  da  Estufa  

Método  do  microondas  

Analises  de  qualidade  fisologica  

das  sementes    

Teste  de  conduHvidade  

Elétrica  

Teste  de  germinação  

   

9  

minutos, até totalizar 11 minutos de exposição. Foi utilizado um Becker contendo 125 mL de

água para manter uma distribuição homogênea dos elétrons no interiorconforme as

recomendações de Carvalho et al. (1997), citado por (Nery,2004). O forno de microondas foi

resfriado antes de se colocar uma nova amostra.

Os dados obtidos foram submetidos à analise de variância pelo teste F e as médias

comparas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade através do software GENES (CRUZ,

2013)

Na segunda etapa, foi avaliada a relação da condutividade elétrica com a germinação

das sementes. Na avaliação da condutividade elétrica na solução de embebição das sementes,

foram consumidas 100 sementes, pesadas com precisão de 0,01g e colocadas para embeber

em copos de plástico (capacidade de 50 mL) contendo águas deionizada e, posteriormente,

incubadas em câmera durante uma hora, a 25°C.Após o período de embebição, procedeu-se á

leitura da condutividade em condutivímetro QUIMIB modelo Q405M, sendo os resultados

expressos em µS 𝑐𝑚!!𝑔!! de semente.

E por ultimo, na terceira etapa realizou-se o teste de germinação de acordo com as

Regras para Análise de Sementes(BRASIL, 2009). Foram feitas cinco repetições de 20

sementes, dispostas eqüidistantes entre dois ou mais papel toalha como substrato,

acondicionados em sacolas plásticas fechadas após serem umedecidos com água destilada, até

ao ponto de formar uma película de água em torno das sementes, já o excesso restringe a

aeração e prejudica a germinação(BRASIL, 2009). Os testes foram conduzidos em

germinadores, na temperatura de 25 °C e fotoperíodo de oito horas. Considerou-se como

germinadas as sementes as quais emitiram radícula. No final de sete dias, quando se verificou

que as sementes as quais ainda não germinadas apresentavam-se deterioradas e/ou infectadas

por fungos foram analisadas a porcentagem de germinação.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análises dos métodos do teor de umidade  

O teor de água das sementes variou entre os tratamentos. Pode-se verificar pelos dados

apresentados na tabela 2, que a média para o método tradicional, estufa 105°C por 24 horas,

   

10  

foi de 6,84% e para o método do forno microondas alterou entre 1,25% a 2,53%. Além disso,

observa-se com base com na tabela 1 que houve diferença significativa entre o método

convencional e microondas com teste F a probabilidade 5%.

Tabela 1: Análise de variância e valores de F para teor de água de sementes de E. contortisiliquum, em função do tratamento Estufa microondas

F.V.      G.L.   F     Probabilidade  (%)  Estufa  x  Microondas   5   3,74   1,1  

resíduo   24          total   29          

MÉDIA  geral   2,86          CV(%)   81          

Efeito significativo a 5%; Coeficiente de variação (CV)

Com base nos dados da Tabela 2 ao aplicar o teste de Tukey, nas médias dos

tratamentos, nota-se que tiveram diferenças significativas nos teste com 3, 5 e 7 minutos de

exposição ao forno microondas. Entretanto ao observar a média do grau de umidade para o

tratamento em que as sementes foram para o método da estufa percebe-se que proporcionou a

maior perda de água. Primeiramente, detecta-se que os testes em forno microondas não foram

eficientes na determinação do grau de umidade.

Resultados obtidos por Araújo (2013) evidenciaram que em sementes de E. contortisiliquum os graus de umidade obtidos em estufa 105°C por 24 horas as sementes cortadas ao meio foram superiores ao teor de água obtidos nas sementes intactas. Pode-se concluir neste estudo que o tegumento impermeável atrapalhou a retirada da umidade das partes internas. Para Lessa et al. (2014), as amostras de sementes de Enterolobium contortisiliquum apresentaram teor de umidade entre 11,9% a 12,5% porém as sementes foram cortadas ao meio com o argumento de facilitar o processo de desidratação. Estudo o qual corrobora com a hipótese de que o tegumento pode impedir a saída da água.

   

11  

Tabela 2: Teste de Tukey, a 5%, aplicado à variável média grau de umidade dos tratamentos

de sementes de E. contortisiliquum comparados com o tratamento de estufa.

Tratamentos

estufa 6.84 a

3 minutos 1,25 b

5 minutos 1,74 b

7 minutos 2,26 b

9 minutos 2,53 ab

11 minutos 2,53 ab

Por outro lado, as principais modificações durante a maturação ocorrem no grau de umidade consequentemente no poder germinativo e no vigor da semente. Ao verificar as taxas de germinação dos estudos de Araújo (2013) e Lessa et al. (2014) detecta-se percentagens acima de 80% em todos os teste. Já nos teste de germinação deste estudo constatou-se abaixo de 80%. As sementes avaliadas poderiam estar com baixo vigor. Estudos realizados por Cherobini (2006) registraram que sementes de Orelha-de-Negro com teor de umidade de entre 7,0% a 7,8% com taxas de germinação ainda menores que as observadas neste estudo, entre 58% a 68%.

5.2 Análises da qualidade fisiológica

5.2.1 teste de condutividade elétrica

 

Ao realizar uma regressão linear submetido ao teste F e a 5% de probabilidade através

do software GENES, Tabela 3, percebe-se que há relação entre condutividade e germinação.

Tabela 3: Analise de regressão linear para teste de condutividade elétrica e

germinação para sementes de E. contortisiliquum.

F.V.    G.L.    F   Significância(%)  REGRESSÃO   1   15,53   0,015  DESVIO   98          TOTAL   99      

       Equação:  1,45*(-­‐0.073X)  com  R2  de  83%

   

12  

A liberação de eletrólitos para as sementes da espécie E. contortisiliquum não ocorreu

de forma intensa nas sementes intactas e vigorosas, e tornou-se fácil a identificação de

possíveis diferenças de qualidade entre sementes com apenas uma horas de embebição. De

acordo com Santos & Paula (2005), ao testar a condutividade elétrica, em sementes de

Sebastiania commersoniana (Bail) Smith & Downs, para tratamento com recipiente com 50

mL e 75 sementes verificou-se que com duas horas já era possível identificar a qualidade dos

lotes testados. Além disso, pode-se concluir que houve superação da dormência pelo corte do

tegumento. Entretanto, o corte do tegumento é um trabalho delicado e trabalhoso por isso

Cherobini (2006) recomenda a imersão de lotes de sementes entre 23 e 25 minutos em ácido

sulfúrico para proporcionar maiores porcentagem e diminuir o trabalho.

Ao avaliar os resultados e que podem ser verificados na figura 1, visualiza-se que não

houve germinação de sementes as quais apresentaram valores de condutividade elétrica

maiores que 12,6 µS 𝑐𝑚!!𝑔!!.

Figura 3: Gráfico da regressão linear para os testes condutividade elétrica germinação

   

13  

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS  

O teste de condutividade elétrica é eficiente na determinação de qualidade de sementes

de E. contortisiliquum, apresentando alta correlação com a germinação, em condições de

laboratório;

Para determinação do teor de água de sementes de E. contortisiliquum recomenda-se

mais teste em microondas com o tegumento da semente cortado ou lixado ou que se realize

testes com mais tempo de secagem com o intuito de estabelecer uma metodologia mais

adequada para obter o balanço hídrico satisfatório para esta espécie.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

14  

Referências Bibliográficas

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