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Título: A Efetividade e a Celeridade Processual Frente à Reforma Legislativa doProcedimento Executório de Títulos Judiciais e Extrajudiciais no Direito ProcessualCivil Brasileiro.
Trabalho Técnico para a ESMESC
Florianópolis (SC), 10 de outubro de 2007.
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RESUMO
Com a emenda constitucional número 45 de 08 de dezembro de 2004,
novas diretrizes são anunciadas para nortear o legislador infraconstitucional, na
reforma do diploma processual civil. Conforme arrazoado, tais diretrizes
comandaram as ultimas reformas no diploma processual civil, com a promulgação
das leis 11.232 de 22 de dezembro de 2005 e 11.382 de 06 de dezembro de 2006,
que versam sobre processo de execução baseado em título judicial e extrajudicial.
Alusivas e relevantes foram às modificações, que repercutiram de modo significativo
em prol da consecução da almejada efetividade processual, seja na fase decumprimento da sentença, seja na demanda executória. Toda a execução baseava-
se no título judicial ou extrajudicial, que detinha iguais qualidades. Com a lei
11.232/05, houve uma alteração neste quadro. Passou a ser executados os títulos
executivos judiciais nos próprios autos em que se originaram o processo,
dispensando nova citação. O título executivo extrajudicial não necessita da
resolução judicial que reconheça o dever de prestar do vencido. Pelo fato deste
título não ter sido formado com um processo de conhecimento, o grau de eficáciadeste, diminui consideravelmente na medida em que se amplia a matéria de defesa
permitida ao devedor através de embargos, prevista no art. 745 do CPC. O que se
espera com as alterações é a celeridade do processo, mas não se pode olvidar que
existem garantias fundamentais de um processo justo. O que se espera é que a
nova lei, com tão pouco tempo de vigência, seja instrumento eficaz no alcance da
justiça e que seja interpretada de forma a não ferir garantias processuais já
conquistadas.
Palavras-chave: Celeridade; Efetividade; Cumprimento da sentença, Títulos
extrajudiciais; Reforma Processual.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................5
2 NOÇÕES GERAIS.................................................................................................7
1 Da Emenda Constitucional Número 45: Da Razoável Duração do Processo.
Do Princípio da Celeridade. Do Princípio da Efetividade ....................................... 7
2 Da Execução – Considerações Iniciais ............................................................15
3 Da Execução – Conceito e Efetivação ............................................................17
4 Condições e Pressupostos para a Execução ................................................ 20
3 Título Executivo..................................................................................................21
4 Inadimplemento..................................................................................................25
5 DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO....................................................................27
5 Da Liquidação da Sentença .............................................................................. 27
6 Liquidação por Artigos......................................................................................30
7 Liquidação por Arbitramento............................................................................31
8 Da Liquidação por Simples Cálculo e Do Resultado Igual a Zero................31
6 Suspensão e Extinção da Execução ................................................................32
7 Dos Procedimentos Executivos (Panorama Geral): .......................................34
9 Do Processo Executivo.....................................................................................34
10 Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente..............................35
11 Execução das Obrigações de Fazer e de Não Fazer....................................38
12 Execução de Obrigação de Fazer...................................................................38
13 Execução de Obrigação de Não Fazer...........................................................40
14 Execução para Entrega de Coisa Contra Devedor Solvente.......................41
15 Do Cumprimento da Sentença........................................................................42
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8 Da Defesa do Executado ................................................................................... 44
16 DA REFORMA PROCESSUAL CIVIL.............................................................48
9 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Judiciais ....................................48
17 Dos Atos do Juiz..............................................................................................49
18 Da Liquidação da Sentença............................................................................50
19 Do Cumprimento da Sentença........................................................................52
10 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Extrajudiciais ..........................58
20 Da Parte Geral – Livro I....................................................................................58
21 Execução em Geral..........................................................................................59
22 Das Diversas Espécies de Execução.............................................................61
23 Da Inovação na Execução da Obrigação de Fazer.......................................62
24 Da Inovação na Execução da Obrigação por Quantia Certa.......................62
25 Da Inovação no Regime da Penhora..............................................................64
26 Da Avaliação.....................................................................................................6627 Do Pagamento ao Credor................................................................................67
28 Dos Embargos do Devedor.............................................................................69
29 Do Pagamento do Crédito em Prestações....................................................70
11 Da Reforma e da Efetividade e a Celeridade Processual............................72
30 CONCLUSÃO....................................................................................................78
REFERÊNCIAS......................................................................................................81
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1 INTRODUÇÃO
A presente Monografia tem como objeto tratar a reforma dos
procedimentos executórios de títulos judiciais e extrajudiciais, frente à necessidade
de uma prestação jurisdicional mais efetividade e célere.
O seu objetivo é analisar as alterações impostas pelas leis 11.232 de 22
de dezembro de 2005 e 11.382 de 06 de dezembro de 2006, identificando os seus
pressupostos e, por conseguinte, as suas conseqüências, procedendo, para este
fim, um estudo legal, doutrinário e jurisprudencial.
Para tanto, principia–se, no primeiro Capítulo, a abordagem dafundamentação Constitucional que motiva o legislador infraconstitucional a delinear
os parâmetros da reforma do processo executivo, como também, traça-se linhas
conceituais gerais sobre execuções judiciais civis.
No segundo Capítulo, trata-se de apresentar de forma concisa e didática
a nova sistemática procedimental para a execução de sentenças e títulos
extrajudiciais.
No terceiro Capítulo, abordaram-se substancialmente os pontos alterados
com as novas leis processuais, trazendo no final considerações sobre a necessidade
da real aplicação da vontade do legislador, norteado fundamentalmente na busca da
maior efetividade e celeridade processual.
As modificações trazidas com as leis 11.232/05 e 11.382/06 importaram
na maior celeridade para a prestação judicial em alguns pontos, mas devido às
lacunas deixadas e incongruências, importam em severos problemas, intricando a
devida prestação, e em muitos casos não trazendo os efeitos pretendidos.
Alterações que dão margem à razoável controvérsia, sejam porque abordam nova
concepção, sejam porque não atingiram sua finalidade ou ainda sejam porque
aparentam destoar das demais regras vigentes ou conceitos já consolidados, não
devem ser recebidas com vaias, mas tão somente com críticas construtivas que
permitam ainda mais o seu aprimoramento.
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações
Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da
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estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a efetividade e a
celeridade processual, e como interpretar os novos dispositivos reformados.
Quanto à Metodologia empregada foi utilizado o Método Indutivo, na fase
de investigação. Na fase de tratamento dos dados utilizou-se o Método Cartesiano,
e, na análise dos resultados e no relatório foram empregados a base indutiva. Nas
diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas, do Referente, da
Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica, consubstanciando
numa base lógica e dinâmica, ponderadamente científica.
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2 NOÇÕES GERAIS
O presente capítulo tem por objetivo a abordagem da fundamentação
Constitucional que motiva o legislador infraconstitucional a delinear os parâmetros
da reforma do processo executivo, como também, traçar linhas conceituais gerais
sobre execuções judiciais civis.
Para iniciar este estudo traçar-se-á a fundamentação constitucional que
motiva as grandes reformas processuais.
1 Da Emenda Constitucional Número 45: Da Razoável Duração do Processo.
Do Princípio da Celeridade. Do Princípio da Efetividade
O processo civil brasileiro vem sofrendo uma progressiva
constitucionalização. Com efeito, a Carta Constitucional de 1988, elevou ao patamar
constitucional, preceitos e princípios processuais, que somente eram tratados nos
textos legais complementares e ordinários. 1
A insatisfação da sociedade com o desempenho do poder judiciário 2,
principalmente quanto à prestação da tutela jurisdicional, tem promovido uma série
de reformas no Código de Processo Civil (Lei 5.869 de 11 de janeiro de 1973) 3. Não
distante ao tema, o Poder Constituinte Reformador, promulgou em 08 de dezembro
de 2004, a Emenda Constitucional de número 45. 4
1 MOREIRA, José Carlos Barbosa. A Emenda Constitucional 45, e o Processo. Revista do Processo, São Paulo, n. 130, p.235, 2005.
2 No relatório a respeito da Justiça brasileira, apresentado pelo relator especial da ONU para a independência do Poder Judiciário destaca seus principais problemas e traz diversas recomendações. [...] Dentre as recomendações feitas, quatromerecem destaque: a) ampliar o acesso ao Poder Judiciário; b) assegurar o direito à prestação jurisdicional efetiva; c)democratizar os órgãos do Poder Judiciário e fortalecer o controle social quanto à composição de seus órgãos de cúpula; ed) encorajar a aplicação dos instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos. Segundo dados oficiais,produzidos pela Fundação IBGE, apenas 30% dos indivíduos envolvidos em disputas procuram a Justiça estatal. Diversossão os fatores a explicar o reduzido percentual, compreendendo desde a descrença na lei e nas instituições, a banalizaçãoda violência, a baixa conscientização da população sobre seus direitos, bem como sobre os canais institucionais disponíveispara a solução de conflitos, como explica Maria Teresa Sadek. (PIOVESAN, Flávia. Por uma Justiça acessível, efetiva edemocrática. Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro. Disponível em: < http : // www. Sindadvogados – rj . com . br/
19042005justica.htm >. Acesso em 04 de setembro de 2006.)3 Por exemplo: As leis 8952/94; 9079/95; 9139/95; 9756/98; 9800/99; 10352/01 e 10444/02.
4 MOREIRA, 2005, p. 236.
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Publicada em 31 de dezembro de 2004, após anos de debate
parlamentar, a Emenda 45, procedeu a substanciais alterações em diversos
dispositivos constitucionais, notadamente ao que se refere ao Poder Judiciário e ao
Ministério Público. 5
Muito embora conhecida como a Emenda da “Reforma do Poder
Judiciário” ou como a Emenda da “Reforma da Justiça”, tratou de temas diversos,
apáticos a sua designação. 6
Dentre os temas inovados pela referida Emenda, pode-se imprimir a
seguinte sistematização: 1) alteração de competências; 2) disciplina da magistratura;
3) súmulas vinculantes; 4) férias forenses; 5) distribuição do processo; 6) garantia dodevido processo legal. 7
As alterações impostas pela Emenda 45 têm grande reflexo no sistema
jurídico pátrio, mas dentre estas anteriormente relacionadas, a que especificamente
desponta ao vértice do estudo proposto neste trabalho, reflete ao item referente à
“garantia do devido processo legal ”.
Atinente ao tema, foi acrescentado no rol dos direitos e garantias
fundamentais constantes do artigo 5º da Constituição Federal, o inciso LXXVIII, com
o seguinte enunciado: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados
a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.” 8
Trata-se do aperfeiçoamento da garantia do devido processo legal,
aproximando-se com o ideal do processo justo. Em termos, nada mais é que
proporcionar à parte da demanda, um resultado compatível com a efetividade e a
presteza.9
5 THEODORO JUNIOR, Humberto. Alguns Reflexos da Emenda Constitucional 45, de 08.12.2004, sobre o Processo Civil,Revista do Processo, São Paulo, n. 124, p. 28, 2005.
6 MOREIRA, 2005, p. 236.
7 THEODORO JUNIOR, 2005, p. 28-37.
8 CÔRTES, Osmar Mendes Paixão e MAGALHÃES, Ana Luiza de Carvalho. O Acesso a Justiça e a Efetividade da PrestaçãoJurisdicional – o inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal inserido pela EC 45/2004, Revista do Processo, SãoPaulo, n. 138, p. 85, 2006.
9 THEODORO JUNIOR, 2005, p. 37.
8
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O tema não é novidade absoluta no ordenamento constitucional brasileiro,
tanto que conforme elucida Osmar Côrtes e Ana Luiza Magalhães: “A doutrina e a
jurisprudência estavam interpretando o inciso XXXV 10, do art. 5º, já no sentido de
assegurar uma prestação efetiva e tempestiva.” 11 Como também complementa José
Carlos Barbosa Moreira:
Não se trata de novidade absoluta no ordenamento brasileiro: o art.
8º da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, aprovada
pelo Pacto de San José de Costa Rica, de que é signatário o nosso
país, estabelece, na parte inicial, que “toda pessoa tem direito a ser
ouvida, com as devidas garantias e dentro de prazo razoável, por um
juiz ou Tribunal competente”.12
Barbosa Moreira entende por estar disposto no Pacto de San José de
Costa Rica, a norma já havia atingido ao nível Constitucional. 13 Mas não é unânime
o entendimento da elevação das normas contidas no Pacto de San José de Costa
Rica, ao nível constitucional. O posicionamento do referido pacto, no ordenamento
jurídico, é matéria em análise pela atual composição do Supremo Tribunal Federal.
Pode-se citar o recentíssimo Recurso Extraordinário número 466343-1, onde o
Ministro Gilmar Mendes, em voto brilhante, esclarece que o referido diploma
internacional, tem caráter supralegal, ou seja, uma norma jurídica de hierarquia
abaixo da Constituição e acima da legislação infraconstitucional. 14
Segundo Barbosa Moreira, para não relegar a norma constitucional para o
plano simplesmente programático, sem impacto na realidade, deve trazer de
imediato pelo menos duas conseqüências: 1) será invalida qualquer lei de cuja
aplicação, provoque o detrimento da garantia instituída no texto; 2) a violação da
norma pelo Poder Público, ensejará a responsabilidade destes por danos materiais e
morais ocorridos.15
10 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
11 CÔRTES, 2006, p. 85.
12 MOREIRA, 2005, p. 238.
13 MOREIRA, 2005, p. 238.
14 BRASIL. Superior Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 466343-1, Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado deSão Paulo, Brasília, DF, Disponível em: < www.stf.gov.br >. Acesso em 12 de abril de 2007.
15 MOREIRA, 2005, p. 238.
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O Legislador Constituinte preocupado em não apenas editar uma norma
programática, trouxe junto na Emenda 45, vários outros dispositivos, no sentido de
tornar efetivo o inciso LXXVIII. Dentre estes dispositivos pode-se citar, por exemplo,
o artigo 7º da Emenda, onde determina que cento e oitenta dias após a
promulgação, que seja instalada no Congresso Nacional uma comissão mista
especial para elaborar projetos de lei necessários a regulamentação da matéria
tratada, bem como promover alterações na legislação federal objetivando tornar
mais amplo o acesso a Justiça e mais célere a prestação jurisdicional. 16 Dentre
outros dispositivos também pode-se citar o artigo 93 incisos II, alínea c 17; XII 18; XIII19; XIV 20; XV 21; artigo 107 § 2º 22 e § 3º 23; artigo 125 § 6º 24 e § 7º 25; artigo 103-A 26,
todos da Constituição Federal 27, que vieram ao ordenamento para tornar mais célere
e acessível a justiça.
Ainda sobre o tema elucida Teresa Arruda Alvim Wambier, Luiz Rodrigues
Wambier, Luiz Manoel Gomes Júnior, Octavio Campos Fischer e William Santos
Ferreira:
16 CÔRTES, 2006, p. 88.
17 Art. 93, II, c. aferição do merecimento conforme desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza noexercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento.
18 Art. 93, XII – a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas de juízos e tribunais de segundo grau,funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.
19 Art. 93, XIII – o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectivapopulação.
20 Art. 93, XIV – os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente semcaráter decisório;
21 Art. 93, XV – a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição.
22 Art. 107, § 2º. Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demaisfunções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos ecomunitários.
23 Art. 107, § 3º. Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, afim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
24 Art. 125, § 6º. Os Tribunais de Justiça poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim deassegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
25 Art. 125 § 7º. Os Tribunais de Justiça instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções daatividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.
26 Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terço de seusmembros, após reiteradas decisões sobre a matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir da sua publicação na
imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta eindireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na formaestabelecida em lei.
27 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado, 1988.
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Pode-se dizer que essa emenda, relativamente ao tema tempo e
processo, guarda importância em pelo menos quatro aspectos: a) no
campo constitucional torna expressamente obrigatória a prestação
jurisdicional em um prazo razoável. Embora essa garantia já
integrasse o ordenamento jurídico, de forma expressa na Convenção
Americana de Direitos Humanos e, de forma derivada, nas garantias
constitucionais da inafastabilidade do Poder Judiciário e do devido
processo legal, a sua inclusão em texto próprio possui significado
político fundamental, pois elimina qualquer discussão que ainda
restasse sobre a sua existência; b) estabelece, pelo menos de forma
indireta, a definição de que prazo razoável é o prazo legal; c)
juntamente da garantia em si da prestação jurisdicional em um prazo
razoável, trouxe o texto Constitucional também, de forma expressa, a
exigência da existência dos meios que garantam a celeridadeprocessual; e d) traz um conjunto de determinações relativamente à
organização do Poder Judiciário que se adequadamente
implementadas podem auxiliar decisivamente no cumprimento do
mandamento constitucional.28
Desta forma nos termos expostos, o inciso LXXVIII, inserido no art. 5º da
Constituição Federal de 1988, pela emenda constitucional número 45, vem
acompanhado de diversos dispositivos, com a finalidade de tornar mais efetivo o
processo, furtando do caráter programático.29
Verificando o inciso em análise, pode se extrair dois importantes pontos
que merecem ser estudados mais profundamente, sejam estes a “razoável duração
do processo” e a “celeridade processual.”
A razoável duração do processo, nas palavras de Silvio Luís Ferreira da
Rocha, é o lapso temporal necessário ou razoável para a prestação jurisdicional,
seja ela declaratória, constitutiva, mandamental, condenatória ou executória. Nãosignifica ser este, a soma dos prazos processuais estipulados pela legislação, mas
sim o óbice a dilatações indevidas, admitindo certo excesso no resultado
considerado de acordo com a individualidade do caso.30
Ronaldo Brêtas de Carvalho Dias, assim define dilatação indevida:
28 Acesso à justiça e prazos razoáveis in WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, WAMBIER, Luiz Rodrigues, GOMES JR, LuizManoel, FISCHER, Octavio Campos, FERREIRA, William Santos. Reforma do judiciário: primeiras reflexões sobre aEmenda Constitucional n. 45-2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 288.
29 CÔRTES, 2006, p. 90.
30 ROCHA, Silvio Luís Ferreira. Duração Razoável dos Processos Judiciais e Administrativos, Interesse Público: RevistaBimestral de Direito Público, Porto Alegre, n. 39, p. 75, 2006.
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[...] são consideradas dilatações indevidas do processo as situações
de inércia pura e simples dos órgãos jurisdicionais, ineficientes em
impulsionar os atos do processo nas suas diferentes fases, além dos
atrasos e delongas causados aos processos pelos próprios órgãos
jurisdicionais, não cumprindo os prazos previstos nos Códigos
processuais, gerando os injustificáveis prolongamentos das
chamadas etapas mortas do processo, que separam a realização de
um ato processual do outro imediatamente seguinte, sem
subordinação a um lapso de tempo prévia e legalmente fixado.31
Também caracteriza dilações indevidas do processo, o número excessivo
de processos existentes nos órgãos jurisdicionais causadores de sobrecarga de
trabalho e a demora ou dificuldade do Estado em promover os cargos vagos de juízes.32
Sobre o tema em estudo, já decidiu o Supremo Tribunal Federal, quando
tratou do assunto em matéria penal:
O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho
judiciário – não derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório
causalmente atribuível ao réu - traduz situação anômala que
compromete a efetividade do processo, pois, além de tornar evidenteo desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra um direito
básico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio,
sem dilações indevidas (CF, art. 5º, LXXVIII) e com todas as
garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional, inclusive a
de não sofrer o arbítrio da coerção estatal representado pela
privação cautelar da liberdade por tempo irrazoável ou superior
àquele estabelecido em lei. 33 (grifo nosso)
A demora na decisão judicial, proporciona a parte que não tem razão, amanutenção do bem litigioso em seu domínio, por quanto tempo perdurar o
processo.34 Elucida asseverando Marinoni:
31 DIAS, Ronaldo Brêtas de Carvalho. Direito à jurisdição eficiente e garantia da razoável duração do processo na reforma doJudiciário, Revista do Processo, São Paulo, n. 128, p. 172, 2005.
32 DIAS, 2005, p. 172.
33 BRASIL. Superior Tribunal Federal. HC 85237, da câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Brasília, DF,
Disponível em: < www.stf.gov.br >. Acesso em 12 de abril de 2007.
34 AGUIAR BASTOS, Antonio Adonias. O Direito Fundamental à Razoável Duração do Processo e a Reforma do Poder Judiciário: Uma Desmi(s)tificação. UNIFASC. N. 66. novembro de 2005. Disponível em: <http://www.unifacs.br /revistajuridica / edicao_novembro2005 / docente / doc_02.doc.> Acesso em: 12 de abril de 2007.
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O processo, como já foi dito, ainda que atribua ao autor o bem da
vida perseguido, acarreta-lhe sempre um dano marginal, provocado,
principalmente, pela indisponibilidade do bem ou do capital durante o
curso do processo, ou durante o tempo em que o bem não esteve
disponível para o autor por estar nas mãos do réu.
O dano que é imposto àquele que reivindica o bem e o benefício que
é gerado à parte que o mantém indevidamente em seu patrimônio
são proporcionais à demora da justiça. É exatamente por isso que o
atual processo civil brasileiro é um ótimo negócio, ou um excelente
investimento econômico, para o réu que não tem razão35.
Por fim, completa Carvalho Dias, que para avaliar se o processo teve uma
duração razoável, devem-se levar em conta três critérios principais: 1) a
complexidade de fatos e de direito discutidas; 2) o comportamento das partes e de
seus procuradores e 3) a atuação dos órgãos jurisdicionais.36
O princípio da celeridade pressupõe a rapidez na solução dos litígios.
Completa Marisa Ferreira dos Santos e Ricardo Cunha Chimenti lecionando que “a
celeridade pressupõe racionalidade na condução do processo. Deve ser evitada a
protelação de atos processuais”.37
Tão importante para o cidadão quanto um processo célere com duraçãorazoável, é a efetividade da tutela buscada por meio deste. Trata-se do princípio da
efetividade, intimamente ligado com o acesso a justiça. 38 Assim a efetividade da
prestação jurisdicional, se traduz como o impacto trazido pelo resultado obtido por
suas decisões.39
Elucida os autores Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim
Wambier e José Miguel Garcia Medina:
35 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela antecipatória, julgamento antecipado e execução imediata da sentença. 3. ed. SãoPaulo, Revista dos Tribunais, 1999. p. 182-183.
36 DIAS, 2005, p. 171.
37 SANTOS, Marisa Ferreira dos; CHIMENTI, Ricardo Cunha. Juizados Especiais Cíveis e Criminais Federais e Estaduais.2 ed. São Paulo. Saraiva, 2004. p. 67.
38 Atento ao entendimento doutrinário mais moderno, que estatui que o acesso à justiça não se restringe à garantia de levar aoconhecimento do Judiciário as alegações de ameaça ou de lesão a direito, mas de ver os conflitos resolvidos, através deuma prestação jurisdicional qualificada pela especificidade da tutela e pela duração razoável do processo, o legislador
emendou a Constituição de 1988, acrescendo ao seu art. 5º o inciso LXXVIII. (AGUIAR BASTOS, 2007.)39 SILVA, Leonardo Peter da. Princípios fundamentais da administração judiciária . Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 886,
06 de dezembro de 2005. Disponível em:< http://jus2.uol.com.br/ doutrina/texto.asp?id = 7666 >. Acesso em: 21 demaio de 2007.
13
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Por “efetividade”, no entanto, não se deve compreender
necessariamente a tutela rápida, mesmo que insegura e instável, da
situação submetida ao juiz. A criação de mecanismos fundados em
cognição sumária, se, por um lado, em muito contribui para a
efetividade da tutela jurisdicional, por outro, repercute
inevitavelmente no plano recursal. É que, como a decisão fundada
em cognição sumária tem maior probabilidade de erro, se comparada
à sentença, naturalmente as partes tenderão a insurgir-se com mais
freqüência contra tais decisões.40
A efetividade em si da prestação jurisdicional, mantém um vinculo íntimo
com a tempestividade e a adequação da decisão, pois sem estas, estar-se-ia
afastando-se do ideal de justiça. No mesmo sentido leciona Humberto TheodoroJúnior, “quanto mais cedo e mais adequadamente o processo chegar à execução
forçada mais efetiva e mais justa será a prestação jurisdicional.” 41
Completa elucidando Cândido Rangel Dinamarco:
Não é demais realçar uma vez mais a célebre advertência de que o
processo precisa ser apto a dar a quem tem um direito, na medida do
que for praticamente possível, tudo aquilo a que tem direito e
precisamente aquilo a que tem direito.Para isso, em primeiro lugar, é indispensável que o sistema esteja
preparado para produzir decisões capazes de propiciar a tutela mais
ampla possível aos direitos reconhecidos (e, aqui, é inevitável a
superposição do discurso acerca da utilidade e efetividade das
decisões, ao da abertura da via de acesso). Onde for possível
produzir precisamente a mesma situação que existiria se a lei não
fosse descumprida, que sejam proferidas decisões nesse sentido e
não outras meramente paliativas.42
Decidir apenas tempestivamente, não satisfaz o cidadão que busca o
Poder Judiciário. Cabe ao poder Estatal gerar e dar meios para que suas decisões
possam entregar ao litigante o bem da vida tutelado. Assim com fundamento, nos
princípios da celeridade e efetividade, o legislador infraconstitucional, atento aos
anseios sociais, trouxe várias alterações no Código de Processo Civil Brasileiro, a
40 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALVIM WAMBIER, Teresa Arruda; MEDINA, José Miguel Garcia. Breves Comentários à Nova
Sistemática Processual Civil 1. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2005. p. 27.41 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 40ª ed. Rio de Janeiro, Forense. 2006. p. 6.
42 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 7. ed. São Paulo, Malheiros, 1999. p. 297-298.
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fim de aperfeiçoar as execuções das decisões proferidas pelo poder estatal, tema a
qual versará o estudo proposto nos capítulos posteriores.
2 Da Execução – Considerações Iniciais
A dinâmica das interações humanas e os embates de interesses no
convívio entre os entes que compõe a sociedade moderna, tornam imprescindível o
uso de válvulas de descompressão para as mais variadas formas de litígios. Para a
descompressão social, Araken de Assis, expõe três terapias: a) “autotutela”,
caracterizando-se pela ação da parte litigante em busca de suas próprias razões,
mediante seu juízo e empenho; b) “autocomposição”, onde o suprimento do litígio se
dá pela renúncia parcial de um direito, objetivando a conciliação; e pela c)
“heterocomposição”, meio onde terceiro indiferente aos litigantes, soluciona a
controvérsia.43
Nos dias atuais, a “autotutela”, é considerada totalmente inadequada, pois
sempre prevalecerá a voz do mais forte, fugindo em completo da idéia de justiça.
Este método não é mais aceito nos Estados Modernos Ocidentais.44
Já “autocomposição” é considerada um meio idôneo, mas não possibilita
a solução de grande parte das controversas sociais. Assim, como nenhum dos
litigantes pode impor as suas razões, a solução efetiva do conflito pressupõe a
“heterocomposição”.45
A “heterocomposição” é um serviço público institucionalizado, mantido
pelo Estado, onde a sua efetivação se faz mediante o Estado Juiz. Esse poder deatuação para solucionar conflitos é denominado “ jurisdição”.46
Completa Vicente Greco Filho:
[...] podemos conceituar jurisdição como o poder, a função e a
atividade de fazer atuar o direito, de forma cogente e com a força da
43 ASSIS, Araken de. Manual de Execução. 10ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2006. p. 67-69.
44
ASSIS, 2006, p. 68-69.45 ASSIS, 2006, p. 68-69.
46 ASSIS, 2006, p. 69.
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imutabilidade, aplicável a uma lide, substituindo-se aos titulares dos
interesses em conflito.47
A origem etimológica da palavra jurisdição, “ júris-dictio”, dá a noção que oexercício da jurisdição, se limitaria à afirmação do juiz de quem tem a razão.48
Esta noção, entretanto está ultrapassada, sendo a atividade jurisdicional
identificada como a atuação da vontade concreta da lei, através da substituição das
partes pelo Estado.49
Pode-se classificar a atividade jurisdicional em dois tipos distintos: a)
cognitiva ou de conhecimento, ao qual se caracteriza pela investigação do juiz dos
fatos ocorridos e definição de qual norma está incidindo sobre o caso concreto; b)executiva ou executória, onde busca-se um resultado concreto.50
A atividade cognitiva e a executiva podem ser reunidas em um mesmo
processo ou separadas em processos distintos, de acordo com a opção do
legislador. 51
Pode ocorrer que na prestação jurisdicional, não necessite da atividade
executiva, existindo tão somente a atividade cognitiva.52 Isso pode ocorrer
dependendo da natureza da eficácia da ação.53 Apesar de nenhuma ação ser pura54,
as ações de eficácia declaratória e de eficácia constitutiva, são auto-satisfativas, não
necessitando mais nenhum comando judicial.55
Já as ações de eficácia condenatória, executiva e mandamental, a
satisfação do interesse depende de alterações no mundo natural. Essas alterações
47 GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. V2. 18ª ed. São Paulo. Saraiva. 2007. p. 54.
48 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de ProcessoCivil: Execução. V2. 8ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2006. p. 39.
49 WAMBIER, 2006, p. 39.
50 WAMBIER, 2006, p. 39-40.
51 WAMBIER, 2006, p. 40.
52 ASSIS, 2006, p. 86.
53 Classificação quinária, referenciada por Araken de Assis : declaratória, constitutiva, mandamental, executiva e condenatória.
(ASSIS, 2006, p. 74-84).54 COUTO E SILVA, Clóvis. A teoria das ações em Pontes de Miranda, Ajuris 43. Porto Alegre, s/e. 1988. p.75.
55 ASSIS, 2006, p. 86.
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no mundo natural, nada mais é que a busca do resultado concreto, que será através
da atividade jurisdicional executiva.56
Ainda cabe comentar, que também há a possibilidade de se ter a
atividade jurisdicional executiva sem a cognitiva. É o caso da execução de títulos
extrajudiciais, ao qual será estudado com maiores detalhes em momento oportuno.
3 Da Execução – Conceito e Efetivação
Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo Talamini, ao
tratarem sobre execução jurisdicional, assim a definem: “Execução consiste na
atividade prática desenvolvida jurisdicionalmente para atuar a sanção.” 57
Em outras palavras, consiste na prática de atos materiais, da atividade
jurisdicional, frente uma resposta sancionatória diversa das medidas positivas. Para
melhor contemplar o estudo, se faz necessário tecer alguns comentários sobre
sanção.58
Sanções são medidas previstas no ordenamento jurídico, aplicáveis paraassegurar a observância prática de normas que regulam as relações humanas no
meio social.59
Estas medidas previstas no ordenamento jurídico podem ser de duas
espécies: “ preventivas” e ou “sucessivas”. As medidas “ preventivas”, são de cunho
antecipatório, previstas para que se realizem antes mesmo que ocorra o
inobservância das normas tutelas. Já as medidas “sucessivas” são aquelas
empregadas após a prática da conduta, frente ao direito material. Esta por sua vez,
pode ser classificada ainda como: a) positiva, quando em conformidade com o
ordenamento, pressupondo um prêmio ou uma vantagem pelo cumprimento de
determinada norma; b) negativa, quando em desconformidade com o ordenamento,
prevendo uma desvantagem, impondo um dever ao transgressor e c) equivalente,
56 ASSIS, 2006, p. 86.
57
WAMBIER, 2006, p. 35.58 WAMBIER, 2006, p. 35.
59 WAMBIER, 2006, p. 33.
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quando o resultado se equivale ao que se teria caso a norma violada tivesse sido
respeitada. Busca-se o resultado idêntico ao que se teria com o cumprimento da
norma.60
Para Juvêncio Vasconcelos Viana, execução preponderantemente,
“consiste numa atividade tipicamente material e prática, voltada a satisfação do
direito do credor reconhecido no título.” 61
Conforme Cândido Rangel Dinamarco a execução é definida como:
[...] como uma cadeia de atos de atuação da vontade sancionatória,
ou seja, conjunto de atos estatais através de que, com ou sem o
concurso da vontade do devedor (e até contra ela), invade-se seupatrimônio para, à custa dele, realizar o resultado prático desejado
concretamente pelo direito objetivo material. 62
Já para Roberto Inácio dos Santos e Hylton Pereira, execução “é o meio
pelo qual alguém é levado como executado a juízo para solver uma obrigação, quer
tenha sido imposta por lei, quer por decisão judicial”.63
Ao analisar os conceitos acima em evidência, compete tecer que a base
executiva se funda em um título, seja este definido por lei ou advindo de uma
decisão judicial.
Para a efetivação prática do direito é necessário que os atos executórios
estejam reunidos dentro de um processo. Para este desencadeamento de atos,
denomina-se meio ou via executória. Segundo Araken “meios executórios consistem
a reunião de atos executivos endereçada, dentro do processo, à obtenção do bem
pelo exeqüente.” 64
No Brasil, existem dois meios ou vias de execução disponíveis, conforme
elucida Theodoro Júnior:
60 WAMBIER, 2006, p. 33-34.
61 VIANA, Juvêncio Vasconcelos. Linhas Gerais da Atividade Jurisdicional Executiva. Procuradoria Geral do Município deFortaleza. Disponível em:<http://www.pgm.fortaleza.ce.gov.br / revistaPGM / vol01 / 05LinhaGeraisAtividade.htm>. Acessoem: 12 de abril de 2007.
62 DINAMARCO, Cândido Rangel, Execução civil, 3ª ed. São Paulo, Malheiros, 1993, p.112.
63 SANTOS, Roberto Inácio dos; PEREIRA, Hylton. Manual de Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente.Conselho da Justiça Federal. Deispon’vel em: <http://daleth.cjf.gov.br / Download / Manual2.pdf>. Acesso em 12 de abrilde 2007.
64 ASSIS, 2006, p. 126.
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a) o cumprimento forçado das sentenças condenatórias, e outras a
que a lei atribui igual força (arts. 475-I e 475-N);
b) o processo de execução de títulos extrajudiciais enumerados no
art. 585, que se sujeita aos diversos procedimentos do Livro II do
CPC.
Há, ainda, a previsão de execução coletiva ou concursal, para os
casos de devedor insolvente (arts. 748 a 782)65
Na mesma linha de Theodoro Júnior, Fredie Didier Júnior, Paula Sarno
Braga e Rafael Oliveira nomeiam estas duas vias como fase de execução da
sentença e processo autônomo.66
No primeiro caso trata-se de sentença proferida pelo magistrado, onde
marcante é a nova sistemática adotada a partir da Lei 11232/05, alterando a diretriz
consagrada na redação original do Código de Processo Civil, de 1973.
Anteriormente a atividade executiva e cognitiva, eram tratadas em processos
distintos. Tinha-se um processo para a formação de um título judicial, onde
posteriormente, por via de um novo processo, chamado de executivo (com nova
petição inicial, nova citação), buscava-se a realidade prática. As exceções residiam
em determinados procedimentos especiais. 67
Hoje, ainda tem-se o processo executivo separado do cognitivo, nas
execuções de títulos extrajudiciais (segunda hipótese dada por Theodoro Júnior ou
processo autônomo como define Didier Júnior), e em pontuais exceções como a
execução por quantia certa contra a Fazenda Pública. A regra é ter-se um único
processo, com a inserção após a atividade cognitiva e da liquidação da sentença, de
uma nova fase executiva.68
Nada impede que a atividade cognitiva e executiva sejam desenvolvidasnuma mesma relação processual. Isso ocorre nas ações executivas lato sensu
(reintegração de posse, demarcação, divisão e etc.), em que a efetivação da
sentença de procedência dispensa nova demanda do autor, como também ocorre
nas sentenças mandamentais. As sentenças que determinam o cumprimento de
65 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 13.
66 DIDIER JÚNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Processo Civil. V2. São Paulo. Podivm.
2007. p. 417.67 WAMBIER, 2006, p. 41-42.
68 WAMBIER, 2006, p. 42.
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obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa revestem-se de eficácia executiva e
mandamental, sendo executadas no próprio processo em que proferidas, na
conformidade dos artigos 46169 e 461-A70 do Código de Processo Civil.71
Cabe por fim lembrar, que esta nova perspectiva de desenvolvimento
processual único, teve orientação inicial dada pela Lei 8952 de 1994, ao tratar do
artigo 461, modificando o modelo de tutela para as obrigações de fazer e de não
fazer, permitindo a efetividade da prestação jurisdicional no próprio processo, que
posteriormente foi estendia às obrigações de entrega de coisa, com a inserção do
artigo 461-A, introduzido pela Lei 10.444 de 07 de maio de 2002.72
4 Condições e Pressupostos para a Execução 73
Tanto ao processo de execução, como para a fase executiva ou de
cumprimento da sentença, aplica-se as regras sobre pressupostos processuais e
condições da ação, relativas ao processo de conhecimento. Assim as partes devem
deter capacidade de ser parte e estar em juízo, ser representadas por advogados
(ressalva ao artigo 9º da Lei 9099/95 74); o juiz não pode ser impedido, nem juízo
pode ser incompetente; é vedada a reiteração de pretensão executiva já externada
em processo em curso ou rejeitada seu mérito; legitimidade das partes e etc.75
69 Art. 461. Na ação que tenha por objetivo o cumprimento de obrigação de fazer, o juiz concederá a tutela específica daobrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao doadimplemento.
70 Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para ocumprimento da obrigação.
71 WAMBIER, 2006, p. 41.
72 WAMBIER, 2006, p. 42.
73 A classificação adotada neste ponto do trabalho reflete preponderantemente o pensamento de Araken de Assis, usando desubsídio para o complemento do texto Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamini.Cabe comentar que a classificação dos pressupostos processuais específicos para a execução não é unânime, sendopassível a inserção destes dentro dos pressupostos gerais, como também a sua classificação como requisitos específicos daexecução. A título de exemplo lança-se um trecho da obra Curso avançado de Processo Civil: Execução, ano 2006, de LuizRodrigues Wambier, Flávio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamin: “Pedido de execução sem título executivo, querepresente obrigação certa e líquida, é juridicamente impossível”.
74 Lei 9099/95. Art. 9º. Nas causas de valor até 20 (vinte) salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendoser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
75 WAMBIER, 2006, p. 51.
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Além dos pressupostos e condições gerais pertinentes a todas as
demandas jurisdicionais, o processo de execução e a fase de execução detém de
pressupostos específicos. Tais pressupostos, nas palavras de Araken são o título e
o inadimplemento.76
3 Título Executivo
O título executivo é pressuposto específico fundamental para a validade
do processo ou da fase executiva.77
Observa Nelson Nery Junior e Rosa Maria Andrade Nery, que não há
execução que não pressupõe título executivo, pois o este é documento
indispensável da ação.78
Conforme conceitua Cândido Rangel Dinamarco, título executivo é:
[...] o ato ou o fato jurídico legalmente dotado de eficácia de tornar
adequada a tutela executiva para a possível satisfação de
determinada pretensão. Ele torna adequadas as medidas deexecução forçada para a atuação da lei.79
Em outras palavras, Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e
Eduardo Talamini assim definem título executivo:
[...] é cada um dos atos jurídicos que a lei reconhece como
necessários e suficientes para legitimar a realização da execução,
sem qualquer nova ou prévia indagação acerca da existência docrédito; em outros termos, sem qualquer nova ou prévia cognição
quanto à legitimidade da sanção cuja determinação está veiculada no
título.80
76 ASSIS, 2006, p. 136.
77 ASSIS, 2006, p. 137.
78 NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil comentado, 7ª ed. São Paulo, Revista
dos Tribunais, 2003.79 DINAMARCO,1993, p. 453.
80 WAMBIER, 2006, p. 52.
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Título executivo é o ato jurídico definido pela lei, capaz de ensejar a
existência de um crédito, possibilitando a execução. Consiste em cada um daqueles
atos específicos, representados em documentos e taxativamente previstos em lei,
dos quais automaticamente decorre a execução. Desta forma para que ocorra a
execução autônoma e ou a fase de execução de sentença, é apenas necessários o
exame dos pressupostos e condições gerais da ação, somados a existência de um
título executivo, líquido, certo e exigível.81
Complementa Araken Assis, que o título executivo “é fonte imediata,
direta e autônoma da regra sancionadora e dos efeitos jurídicos dela decorrentes,
não prova o crédito, pois tal prova, no tocante à eficácia do título, se ostenta
desnecessária.” 82
Título executivo, não deve ser encarado como instituto do direito material,
pois são as leis processuais que os estabelecem, sendo requisito para a existência
de um tipo de processo e impõem condição para a ação executiva. A taxatividade
legal impede que as partes estabeleçam por convenção que determinado
documento ou ato tenha qualidade de título executivo.83
Os títulos executivos podem ser classificados em: a) Títulos executivos judiciais; b) Títulos executivos extrajudiciais.
Os títulos executivos judiciais são aqueles advindos de provimentos
jurisdicionais ou equivalentes, outorgando a uma das partes o dever de prestar algo
à outra. A inexistência nestes casos de prestação espontânea autoriza o emprego
dos atos executórios. 84
São considerados títulos executivos judiciais, conforme o Código de
Processo Civil, aqueles previstos no artigo 475-N, com redação da Lei número
11232 de 22 de dezembro de 2005:
I - a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência
de obrigação de fazer, não fazer, entrega de coisa ou pagar quantia;
II - a sentença penal condenatória transitada e julgado;
81 WAMBIER, 2006, p. 53.
82
ASSIS, 2006, p. 140.83 WAMBIER, 2006, p. 54.
84 WAMBIER, 2006, p. 55.
22
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III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda
que inclua matéria não posta em juízo;
IV - a sentença arbitral;
V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologada
judicialmente;
VI - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça;
VII - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou
universal.85
Os títulos executivos judiciais arrolados têm como traço em comum a
imutabilidade e a indiscutibilidade, ou seja, a força da coisa julgada, tendo como
principal efeito, o soberbo limite no campo das impugnações à execução, não indo
além das matérias definidas nos artigos 47186 e 475-L87 do Código de Processo
Civil.88
Já os títulos executivos extrajudiciais são aqueles que prescindem
resolução judicial, postergando a função cognitiva. 89 O legislador considerando os
valores jurídicos envolvidos define atos que “abstratamente indicam alta
probabilidade de violação de norma ensejadora de sanção e que, por isso, recebemforça executiva”.90
Conforme o Código de Processo Civil, em seu artigo 585, alterado pela
Lei número 11382 de 06 de dezembro de 2006, são títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o
cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo
devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas
85 BRASIL, Lei n. 5869 de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil . Diário Oficial da República Federativado Brasil, Brasília, DF, 11 de janeiro de 1973.
86 Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I – se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão doque foi estatuído na sentença; II – nos demais casos prescritos em lei.
87 A impugnação somente poderá versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II –inexigibilidade do título; III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes; V – excesso de execução;VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transaçãoou prescrição, desde que superveniente à sentença.
88
THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 66.89 ASSIS, 2006, p. 163-164.
90 WAMBIER, 2006, p. 63.
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testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados transatores;
III – os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e
caução, bem como os de seguro de vida;
IV – o crédito decorrente de foro e laudêmio;
V – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel
de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e
despesas de condomínio;
VI – o crédito de serventuário de justiça, de perito, de interprete, ou
de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem
aprovados por decisão judicial;
VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Púbica da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;VIII – todos os demais títulos a que por disposição expressa, a lei
atribui força executiva.91
Por fim, outro ponto importante tratado por Luiz Rodrigues Wambier,
Renato Almeida e Eduardo Talamini como pressuposto para a execução, e disposto
no artigo 58092 do Código de Processo Civil, é a liquidez, a exigibilidade e a certeza
do título executivo. 93 Para Araken de Assis, não se trata de pressuposto, mas sim de
atributos dos títulos executivos, onde sua reunião “se afigura contingente eacidental, exceto quanto à certeza”. 94 Assevera ainda Araken de Assis:
[...] o título é certo quando não há dúvida acerca da sua existência;
líquido, quando inexiste suspeita concernente ao seu objeto; e
exigível, quando não se levantam objeções sobre sua atualidade.
Nenhum rigor absoluto há nesses atributos, porém há títulos que se
encontram desprovidos de liquidez e de exigibilidade, ou de ambos, e
quando à certeza, a despeito de mais profunda e intensa, porque
respeita ao próprio crédito, ela varia de grau, consideravelmente,
pois decorre da escolha política altamente discricionária do
legislador .95
91 BRASIL, Lei n. 5869 de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil . Diário Oficial da República Federativado Brasil, Brasília, DF, 11 de janeiro de 1973.
92 Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível,consubstanciada em título executivo.
93
WAMBIER, 2006, p. 52.94 ASSIS, 2006, p. 145.
95 ASSIS, 2006, p. 145.
24
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A certeza se consubstancia na retração do título executivo de obrigação
certa, estampando a natureza da prestação, seu objeto e seus sujeitos. A liquidez se
confere na expressão da quantidade de bens objeto da prestação e a exigibilidade
no momento de seu inadimplemento.96
4 Inadimplemento
Para que possa ocorrer à execução é necessário que tenha havido a
violação da norma, provocando a necessidade da sanção. 97 Especificamente com
relação à execução, inadimplente é aquele que não satisfaz espontaneamente a
obrigação. O inadimplemento é o pressuposto de fato da execução. 98
O Código de Processo Civil, quando trata do inadimplemento,
especificamente no Livro II, do Capítulo III, “Dos Requisitos Necessários para
Qualquer Execução”, no artigo 580, preceitua que para poder ser instaurada a
execução, é necessário que o devedor não satisfaça a obrigação. Na conformidade
do artigo 58199, também é inadimplente quem não efetuou adequadamente ou
perfeitamente o cumprimento da obrigação. 100
Conforme Luiz Rodrigues Wambier, Renato Almeida e Eduardo Talamini,
é inadmissível a execução quando reconhecido o adimplemento. Assim quando
alegado o inadimplemento pelo exeqüente, a demonstração do contrário pelo
executado, será: a) no processo autônomo ou processo de execução, mediante
alegação de embargos (processo autônomo de conhecimento incidental ao processo
de execução); b) fase de execução ou cumprimento da sentença, através de
impugnação (incidente processual de conhecimento). Completa o referido autor, que
96 WAMBIER, 2006, p. 67-71.
97 WAMBIER, 2006, p. 71.
98 ASSIS, 2006, p. 179-181.
99 Art. 581. O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar
o recebimento da prestação, estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à obrigação; caso emque requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.
100 BRASIL, Lei n. 5869 de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial da República Federativado Brasil, Brasília, DF, 11 de janeiro de 1973..
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a “questão relativa ao cumprimento da obrigação concerne ao próprio mérito da
pretensão do credor e, como tal, não é examinável na execução.” 101
Assim, chegando ao fim deste primeiro capítulo, verificou-se que a todos,
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. O processo não pode servir para, somente,
reconhecer os direitos, deve implementá-los ou realizá-los. A efetividade é um dos
princípios mais importantes, uma vez que é o responsável por concretizar todos os
direitos.
Direito fundamental a execução é a mesma coisa que direito fundamental
a efetividade. A relação entre efetividade e execução deve ser vista de forma una,onde o aprimoramento da execução permite a obtenção do bem da vida. Por óbvio,
observa-se que a efetividade é conceito mais amplo, devendo ser verificado já no
procedimento cognitivo, ao qual sucessivamente o legislador carecerá submeter há
aprimoramentos.
Ainda, o estudo proposto vislumbra a conceituação da estrutura geral do
processo executivo, trazendo seus pressupostos para formação e subdivisão lógica
e necessária para compreender as formas procedimentais.
Fez-se imperioso esta organização de idéias, pois sem elas, não se
poderia alocar um raciocínio lógico e sistemático, para ignição procedimental. Desta
forma, no próximo capítulo, após esta estruturação cognitiva, será perpetrado o
estudo dos procedimentos executivos, instruindo suas peculiaridades,
fundamentalmente no que tange aos principais títulos executivos.
101 WAMBIER, 2006, p. 71.
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5 DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO
O objetivo deste capítulo, é versar de forma concisa e didática a nova
sistemática procedimental para a execução de sentenças e títulos extrajudiciais,
consubstanciando uma análise dos principais procedimentos e evidenciando suas
principais particularidades.
Para ensejar o inicio do procedimento da execução, tanto pela via
autônoma, quanto via complementar (fase posterior a cognitiva) necessita-se
obrigatoriamente que o título executivo extrajudicial e ou judicial, seja líquido, certo e
exigível.
Segundo Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo
Talamini:
O título extrajudicial, para que exista como tal, há de ser sempre
líquido. Ou ele é líquido, e então se caracteriza como título executivo,
ou então, se for ilíquido, não há título algum, ainda que em tese o
documento em questão fosse algum daqueles enumerados no rol
dos títulos extrajudiciais. Ou seja, não há liquidação de título
extrajudicial. 102
Assim, quando se falar de liquidação, tratar-se-á necessariamente de
sentenças, e esta com a exepcionalidade da sua iliquidez.
5 Da Liquidação da Sentença
A fase cognitiva versa em efetivar um provimento jurisdicional que possa
dar fim ao litígio. Este provimento é denominado de sentença, que cumpre a
realização do acertamento para a situação litigiosa. Reconhecido o direito ao
vencedor este direito pode ser satisfeito voluntariamente pelo vencido, não havendo
necessidade mais da atuação do Estado. 103
102 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de ProcessoCivil: Execução. V2. 9ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2007. p. 98.
103 THEODORO JÚNIOR,2006, p. 98.
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Ocorre que, mesmo reconhecido o direito na relação jurídica, pode o
vencido não satisfazer voluntariamente a obrigação, necessitando de novas
providências. Esta tarefa é a finalidade da execução forçada, que em regra é um
simples incidente complementar da condenação.104
A regra geral do artigo 286105 do Código de Processo Civil impõe ao autor
da demanda, pedido certo e determinado. A certeza do pedido vem evidenciada
quando o autor discrimina o que pede e quanto pede diante do réu. Este ônus lhe
permite um direito, o de receber em contrapartida do Estado, uma sentença líquida e
certa, sempre que possível.106
Quando o judiciário em casos excepcionais não puder determinar o valor da condenação ou individualização de seu objeto, torna-se necessário que essa
sentença condenatória genérica, sobreponha-se a um incidente próprio do processo,
chamado de liquidação de sentença. Este incidente, nada mais é que uma fase
necessária, entre a fase cognitiva e executiva, onde mediante procedimento
específico, se determinará o valor da condenação ou a individualização do objeto.107
A iliquidez pode dizer respeito quanto à quantidade, à coisa, ou ao fato
devido.108
Segundo Humberto Theodoro Júnior, a iliquidez se dá quanto à
quantidade quando o magistrado:
a) condena ao pagamento de perdas e danos, sem fixar o respectivo
valor;
b) condena em juros, genericamente;
c) condena à restituição de frutos, naturais ou civis;
d) condena o devedor a restituir o equivalente da coisa devida;e) em lugar do fato devido, e a que foi condenado o devedor, o
credor prefere executar o valor correspondente, ainda não
determinado.109
104 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 98.
105 Art. 286. O Pedido deve ser certo ou determinado. [...]
106 WAMBIER, 2007, p. 97.
107
WAMBIER, 2007, p. 98-99.108 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.
109 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.
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Quanto à coisa devida, “a sentença é ilíquida quando condena: a) à
restituição de uma universalidade de fato, como por exemplo, na petição de herança;
b) em obrigação alternativa”.110
Já quanto ao fato devido, ocorre quando se “condena o vencido a obra e
serviços não individualizados, tais como reparação de tapumes, medidas para evitar
ruína, poluição ou perigo de dano a bens de outrem e etc.” 111
A decisão de liquidação é um simples complemento da sentença,
podendo apenas gerar uma decisão declaratória vinculada àquela. Neste ponto o
Código de Processo Civil é taxativo ao expor em seu artigo 475-G112 que “é defeso,
na liquidação, discutir de novo a lide, ou modificar a sentença que a julgou”.113
Todavia completa Humberto Theodoro Júnior:
[Esta restrição do artigo 475-G] não atinge os juros, nas dívidas de
dinheiro ou que se reduzem a dinheiro, porque nas condenações a
elas referentes considera-se implicitamente contidas a verba
acessória dos juros, nos termos do art. 293114. Dessa forma, incluem-
se os juros moratórios, na liquidação, embora omisso o pedido inicial
ou a condenação (STF, Súmula n. 254115). O mesmo é de observar-
se com a correção monetária, instituída pela Lei n. 6899/81, que é
um complemento legal ou necessário de qualquer sentença
condenatória e que, por isso mesmo, independe de pedido do autor
ou de declaração expressa da sentença.116
Esta decisão declaratória, nada mais é do que uma decisão interlocutória
agravável por instrumento (art. 475-H117), sem efeito suspensivo (art. 497118) que não
compeli a execução o caráter de provisoridade.
110 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.
111 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.
112 Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.
113 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 101-102.
114 Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.
115 Súmula 254 STF. Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação.
116 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 101.
117 Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.
118 Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a interposição do agravo deinstrumento não obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta lei.
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Ao devedor sempre é dado o direito do contraditório na liquidação,
podendo combater os excessos e apurar as irregularidades. Trata-se de um direito
sujeito a preclusão, onde não poderá mais ser discutido na fase posterior, por força
do artigo 475-L119 do Código de Processo Civil.120
O Código de Processo Civil contempla duas espécies de liquidação,
sendo estas: a liquidação por artigos e a liquidação por arbitramento.121
6 Liquidação por Artigos
Tratada no artigo 475-E122 do Código de Processo Civil, a liquidação por
artigos ocorre sempre que, “para determinar o valor da condenação, exista
necessidade de alegar e provar fato novo”.123
Fato novo vem no sentido abrangente, para designar fatos que, embora já
existam, ainda não foram trazidos para o processo. Completa Luiz Rodrigues
Wambier, Renato Almeida e Eduardo Talamini:
Ela será necessária [liquidação por artigos], portanto, quando, para
se determinar o valor da condenação, houver necessidade de provar:
(a) fato que tenha ocorrido depois da sentença, guardando relação
direta com a determinação da extensão ou do quantum da obrigação,
ou (b) fato que, mesmo não sendo superveniente à sentença, não
tenha sido objeto de alegação e prova no processo de conhecimento,
apesar de se tratar de fato vinculado à obrigação sobre a qual versa
a condenação e que é relevante para determinar o seu quantum.124
119 Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II –inexigibilidade do título; III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes; V – excesso de execução;VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transaçãoou prescrição, desde que superveniente à sentença.
120 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 101.
121 WAMBIER, 2007, p. 99.
122 Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de
alegar e provar fato novo.123 WAMBIER, 2007, p. 100.
124 WAMBIER, 2007, p. 100.
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Segundo o artigo 475-F125 do Código de Processo Civil, o procedimento da
liquidação por artigos, observará no que couber o processo de conhecimento.
7 Liquidação por Arbitramento
A liquidação por arbitramento ocorre quando a determinação do quantum
da condenação dependa de uma perícia por arbitramento. Esta perícia nada mais é
que o trabalho técnico, realizado por profissional especializado, ao qual determina a
“extensão ou o valor da obrigação constituída pela sentença ilíquida”.126
Elucida Luiz Rodrigues Wambier, Renato Almeida e Eduardo Talamini:
A realização de uma perícia para arbitramento do quantum da
condenação poderá ser necessária (a) ou porque as partes
pactuaram que se procederia dessa forma ou (b) porque, mesmo não
tendo elas pactuado algo nesse sentido, o juiz, na sentença, assim
determinou, ou ainda (c) porque, embora não havendo pactuação
entre as partes nem determinação expressa na sentença, a matéria
envolvida exige tal prova técnica (art. 475-C127
).128
Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará perito e fixará
prazo para a entrega do laudo pericial. Com a apresentação do laudo, as partes são
intimadas e têm o prazo de dez dias para se manifestar sobre este. Posteriormente,
se necessário haverá audiência de instrução e julgamento (no caso de impugnação
do laudo), e ao fim desta o juiz proferirá decisão. (art. 475-D129) 130
8 Da Liquidação por Simples Cálculo e Do Resultado Igual a Zero
125 Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 277).
126 WAMBIER, 2007, p. 101.
127 Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; II – o exigir a natureza do objeto da liquidação.
128
WAMBIER, 2007, p. 101.129 Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo.
130 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 114.
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Necessariamente não trata de sentença propriamente ilíquida, pois
embora não estar expresso na sentença o valor da condenação, tal valor é
determinado mediante a simples consulta aos índices oficiais. “A partir daí, a
questão é meramente a de determinar aquilo que já era determinável pelo título.” 131
O procedimento neste caso (art. 475-B132) inicia-se com a elaboração pelo
próprio credor da memória de cálculo atualizada. Após o cálculo feito com base nos
dados, sejam estes diretamente pelo credor ou por requerimento de dados em poder
do devedor ou terceiro, o juiz manda proceder à execução nos termos da memória
ou determina a revisão dos cálculos pelo contador. No caso de revisão do cálculo, a
execução se faz seguindo o valor indicado ou aceito pelo credor, mas a penhora se
fará respeitando o valor encontrado pelo contador.133
Outro ponto importante que deve-se suscitar é a possibilidade do valor da
penhora se equivaler a zero. Isso pode ocorrer segundo Luiz Rodrigues Wambier,
Renato Almeida e Eduardo Talamini em duas hipóteses:
[...] a primeira é aquela em que a parte não produz a prova
necessária ao cálculo do valor da condenação ilíquida. [...] A
segunda hipótese é aquela em que a parte, realizando intensa eexauriente atividade probatória, não chega a qualquer valor diferente
de zero.134
Em ambas as hipóteses, os efeitos da decisão de liquidação serão os
mesmos da decisão de improcedência, com todas suas conseqüências, inclusive a
de não promover a execução.135
6 Suspensão e Extinção da Execução
131 WAMBIER, 2007, p. 101.
132 Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá ocumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada docálculo.
133
THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 113.134 WAMBIER, 2007, p. 104.
135 WAMBIER, 2007, p. 104.
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Antes de tratar do tema, deve-se trazer como preceito primário que a
execução no cumprimento de sentenças deve como princípio geral, aplicarem-se as
regras sobre suspensão e extinção do processo de execução. 136
Segundo Araken de Assis, suspensão é o “sobrestamento temporário da
relação processual, ante uma crise provocada em seu curso regular por ato ou fato
jurídicos.”137 Também no mesmo sentido elucida Humberto Theodoro Júnior:
Consiste a suspensão da execução numa situação jurídica provisória
e temporária, durante a qual o processo não deixa de existir e
produzir seus efeitos normais, mas sofre uma paralisação em seu
curso, não se permitindo que nenhum ato processual novo seja
praticado enquanto dure a referida crise.138
A suspensão pode ser necessária ou voluntária. A suspensão necessária
ou obrigatória139 decorre de imposição legal de norma cogente. Dentre estas o casos
mais comuns de suspensão obrigatória do processo ocorrem quando tem-se a
oposição do executado, embargos de terceiro, ação de remição, morte ou perda da
capacidade processual das partes, do representante legal ou do procurador,
exceção de incompetência relativa, suspeição e impedimento, execução deobrigação bilateral, frustração da alienação de imóvel de incapaz, força maior, falta
de bens penhoráveis, falta de localização do executado, cautelar do processo
executivo e insolvência civil. Trata-se neste ponto de hipóteses não exaustivas,
podendo advir outras hipóteses não elencadas. 140
A suspensão voluntária ou convencional141, “decorre de ato de vontade ou
ajuste entre as partes.142 São casos de suspensão voluntária: suspensão
convencional genérica e suspensão convencional dilatória. 143
136 WAMBIER, 2007, p. 288.
137 ASSIS, 2006, p. 431.
138 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 452.
139 Classificação atribuída por Araken de Assis.
140 ASSIS, 2006, p. 433-445.
141
Classificação atribuída por Humberto Theodoro Júnior.142 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 452.
143 ASSIS, 2006, p. 446.
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A eficácia da suspensão é ex nunc , sendo que ao final da crise, o
processo retoma a fase em que se deu a paralisação, salvo se a causa que der
inicio a suspensão, promover a extinção.
A extinção por sua vez pode ser normal ou anormal 144. A extinção normal
é aquela que, a execução, “se dá com a exaustão de seus atos e com a satisfação
do seu objeto” 145. Já a anormal ou anômala146, é aquela que se dá nos demais casos,
nos quais não é atendida a satisfação do credor.147
Dentre os vários atos ou fatos jurídicos que extinguem a execução temos:
a satisfação do direito do credor, a remissão da dívida, a renúncia da execução, a
desistência da execução, a improcedência da execução e outros fatos típicoscomuns que extinguem o processo de conhecimento.148
Qualquer que seja o motivo da extinção da execução, esta só produzirá
efeitos com a decisão declaratória, visando “apenas a produzir efeitos
processuais”.149
7 Dos Procedimentos Executivos (Panorama Geral):
O presente contexto do trabalho visa trazer de forma sucinta os principais
procedimentos para a execução de títulos judiciais e extrajudiciais, sem adentrar
com extrema profundidade em suas peculiaridades. Traçar-se-á linhas gerais dos
principais procedimentos através da nova sistemática processual civil.
9 Do Processo Executivo
144 ASSIS, 2006, p. 454.
145 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 455.
146 Classificação dada por Humberto Theodoro Júnior.
147
ASSIS, 2006, p. 454.148 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 455-457.
149 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 457.
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10 Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente
O processo de execução por quantia certa, inicia-se através de petição,
onde nesta deve conter todos os requisitos genéricos de uma petição inicial (art.
282150) no que sejam compatíveis (art. 598151). Basicamente a petição inicial do
processo de execução deverá conter: pedido mediato e imediato, apresentação da
causa de pedir (título e cálculo), pleito de medidas acautelatórias, intimação do
credor se houver garantia real e valor da causa. Não é necessário o requerimento de
provas, pois na execução não se discute o mérito. 152
Recebida a peça inaugural, far-se-á a citação do devedor, no qual se
efetiva através de oficial de justiça (art. 222, d).153 Não há citação por hora certa, mas
há a possibilidade da citação por edital, quando não encontrado o devedor (art.
654154). 155
Citado o devedor, este terá o prazo de três dias (contados da citação)
para pagar, sob pena de o oficial de justiça proceder imediatamente à penhora de
bens e a sua avaliação. “A penhora recairá sobre os bens indicados pelo credor, ou,
na sua falta ou inconsistência dessa indicação, sobre os definidos pelo oficial de justiça”. Em nada obsta por expressa disposição legal, conforme artigo 652 §3º156,
que o executado nomeie bens a penhora quando requerido pelo exeqüente ou de
oficio pelo juiz. Havendo vários devedores, o prazo flui independe para cada um
deles, não se aplicando a regra do prazo em dobro. O prazo para embargar de 15
(quinze) dias, contando-se da juntada do mandado de citação.157
150 Art. 282. A petição inicial indicará: I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão,
domicílio e residência do autor e do réu; III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido, com as suasespecificações; V – o valor da causa; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII – o requerimento para a citação do réu.
151 Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimento.
152 WAMBIER, 2007, p. 169-176.
153 Art. 222. A citação será feita pelo correio, para que qualquer comarca do País, exceto: d) nos processos de execução;
154 Art. 654. Compete ao credor, dentro de 10 (dez) dias, contados da data em que foi intimado do arresto a que se refere oparágrafo único do artigo anterior, requerer a citação por edital do devedor. Findo o prazo do edital, terá o devedor o prazo aque se refere o art. 652, convertendo-se o arresto em penhora em caso de não-pagamento.
155 WAMBIER, 2007, p. 176.
156 Art. 655. §3º. O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimaçào doexecutado para indicar bens passíveis de penhora.
157 WAMBIER, 2007, p. 176-178.
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Se o oficial de justiça não encontrar o devedor, mas tão somente bens
que respondam pela dívida, aplicar-se-á de ofício pelo oficial de justiça as
disposições do art. 653158 do Código de Processo Civil, promovendo o arresto ou a
pré-penhora. Não localizando o devedor e nem bens, é possível proceder
diretamente à sua citação por edital, sem arresto. 159
A próxima etapa é a penhora, que pode ser originária ou derivada de
substituição do devedor, com amparo no artigo 668160 do Código de Processo Civil.
A penhora pressupõe citação e inocorrência de pagamento, submetendo-se aos
seguintes parâmetros:
(I) observância da graduação legal dos bens sobre os quais
preferencialmente deve recair a penhora (art. 655, I a X; art. 656, I).
[...]
(II) preferência por bens desembaraçados de ônus (art. 656, IV) e
situados na comarca da execução (art. 656, III). [...]
(III) preferência por bens de maior liquidez, isso é, que possam ser
alienados de modo relativamente fácil (art. 656, V). [...]
(IV) preferência por recair sobre o bem que, por lei, contrato ou ato
judicial, foi destinado a assegurar a satisfação da dívida (art. 656, II).
[...](V) suficiência do valor do bem ou conjuntos de bens para cobrir o
débito, incluindo-se todos os seus acessórios (art. 659, caput). O art.
685, II, prevê a ampliação ou substituição da penhora quando o bem
for inferior ao valor da dívida. Quando houver pedido de substituição
cm base no art. 668, caberá ao devedor demonstrar que o bem para
o qual sugere que a penhora se transfira é suficiente para cobrir a
dívida;
(VI) significância dos bens penhorados. Nos termos do art. 659, § 2º ,
“não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto daexecução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo
pagamento das custas da execução”. Se os bens encontrados são
insuficientes para cobrir a dívida, mas significativos em face do curto
do processo executivo, eles devem ser penhorados, a fim de se
buscar ao menos a satisfação parcial do crédito. Porém, quando seu
158 Art. 653. O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir aexecução.
159 WAMBIER, 2007, p. 178-180.
160 Art. 668. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bempenhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exeqüente e será menosonerosa para ele devedor (art. 17, incisos IV e VI, e art. 620).
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valor é menor do que o próprio custo que se teria para levar adiante
a execução, sua penhora seria desarrazoada e desproporcional;
(VII) penhorabilidade dos bens. A penhora não pode recair sobre
bens absolutamente impenhoráveis e apenas poderá atingir os
relativamente penhoráveis quando não houver outros disponíveis.161
Posteriormente, se houver a penhora, é o momento processual do
julgamento dos embargos a execução. Seguindo a seqüência, ter-se-á avaliação dos
bens penhorados. A avaliação “consiste numa perícia pela qual se define o valor dos
bens penhorados”.162 Em regra a avaliação será feita pelo próprio oficial de justiça no
momento da penhora, declinando ao perito nos casos em que necessite de
conhecimentos especializados. Este momento processual objetiva a realização denova avaliação, caso a anterior pelo lapso temporal esteja defasada. Esta nova
avaliação é realizada não mais pelo oficial de justiça, mas sim por um avaliador
designado pelo juiz. Do laudo de avaliação, ter-se-á uma decisão do juiz
fundamentada, aprovando ou determinando a reavaliação. Por tratar de uma decisão
interlocutória, está é passível de controle mediante agravo por instrumento.163
Seguindo a sistemática processual, tem-se necessariamente a
expropriação dos bens do devedor. Hipótese essa que se dá, caso a penhora nãotenha recaído sobre dinheiro, ao qual poderá ser levantada imediatamente pelo
credor. A expropriação pode dar-se de quatro formas: a) alienação judicial ou
arrematação; b) alienação por iniciativa particular; c) adjudicação e d) usufruto
executivo.164
A alienação judicial é forma “pela qual os bens penhorados são
transferidos por procedimento licitatório realizado pelo juízo da execução” 165.
A alienação judicial por iniciativa do particular nos termos do artigo 686-
C166, o exeqüente pode pleitear que os bens penhorados sejam alienados por sua
161 WAMBIER, 2007, p. 191-193.
162 WAMBIER, 2007, p. 215.
163 WAMBIER, 2007, p. 215-217.
164 WAMBIER, 2007, p. 222-247.
165 WAMBIER, 2007, p. 225.
166 Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por suaprópria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária.
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própria iniciativa ou por intermédio de um corretor credenciado há pelo menos cinco
anos, perante o Poder Judiciário.
A adjudicação é o “ato de expropriação executiva, em que o bem
penhorado se transfere in natura para o credor ou é adquirido por determinadas
pessoas que têm vínculo familiar ou matrimonial com o devedor”.167
O usufruto executivo é o ato pelo qual, “dentro da execução, concede-se
ao credor direito real limitado e temporário sobre o bem penhorado, a fim de que
receba seu crédito por meio das rendas geradas pelo bem”. 168
Cabe ressaltar que antes da alienação ou da adjudicação dos bens, pode
o devedor remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada dadívida, inclusos juros, custas e honorários advocatícios. 169
Por fim, após a expropriação, nada mais resta senão a satisfação do
credor, com o cumprimento da obrigação e conseqüente extinção normal da
execução.
11 Execução das Obrigações de Fazer e de Não Fazer
12 Execução de Obrigação de Fazer
O processo de execução de obrigação de fazer, inicia-se por petição
inicial, nos mesmos moldes e obrigatoriedades dispostas da petição inicial da
obrigação de dar quantia certa.170
Seguindo a mesma sistemática, a citação dar-se-á por oficial de justiça,
sendo vedada a citação por correio, com ressalva da possibilidade neste caso de
citação por hora certa e por edital. 171
167 WAMBIER, 2007, p. 248.
168 WAMBIER, 2007, p. 252.
169
WAMBIER, 2007, p. 265.170 WAMBIER, 2007, p. 301.
171 WAMBIER, 2007, p. 301.
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Segundo Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo
Talamini, sendo citado o devedor têm três possibilidades:
Primeira: o devedor atende ao mandado, cumprindo a obrigação defazer. Nesse caso, depois de pagar as custas e os honorários
advocatícios, o processo será extinto através de sentença. Se o
devedor apenas satisfazer a obrigação de fazer, mas não arcar com
as verbas processuais, prosseguir-se-á, nos mesmos autos, com
execução por quantia certa em relação as custas.
Segundo: o devedor propõe embargos à execução, no prazo de
quinze dias da juntada aos autos do comprovante de citação (art.
738). Se os embargos foram recebidos pelo juiz sem efeito
suspensivo, aplicar-se-á o exposto na primeira hipótese acima, ou naterceira, a seguir. Se os embargos forem recebidos com efeito
suspensivo, o processo ficará suspenso, pelo menos, até a decisão
dos embargos em primeiro grau de jurisdição. [...]
Terceiro: não há cumprimento da obrigação, nem propositura de
embargos. Nesse caso, a execução prosseguirá, indicando, a partir
da data ficada pelo juiz, a multa diária, salvo se a obrigação já se
houver tornado impossível. [...] 172
Se a obrigação for fungível, poderá o credor requerer caso não cumpridoesta, a sua conversão em perdas e danos (passando, nos próprios autos, a
liquidação e execução por quantia certa) ou a determinação de cumprimento por
terceiro à custa pelo executado. Não há prazo para o exeqüente requerer a
execução da obrigação por terceiro ou a conversão em perdas e danos, tendo ainda
preferência para ele mesmo, prestar o fato pelo mesmo valor proposto pelo terceiro.
Direito esse, que deve exercer em cinco dias dado conhecimento da proposta do
terceiro selecionado para o cumprimento da obrigação.173
Nas prestações infungíveis, convertem-se estas, quando não cumpridas,
em perdas e danos, realizando a liquidação para apuração do valor indenizatório, e
posteriormente seguindo-se os moldes da execução por quantia certa. Ressalva-se
que o descumprimento de obrigação infungível, nem sempre será imediatamente
172 WAMBIER, 2007, p. 301-302.
173 WAMBIER, 2007, p. 302-303.
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convertida em perdas e danos, podendo o magistrado fixar multa coercitiva diária,
elevando-se no tempo, se este for o caso.174
13 Execução de Obrigação de Não Fazer
Após o recebimento da inicial, o devedor é citado, “recebendo mandado
executivo para não praticar a conduta que lhe está vedada e ou desfazer aquilo que
já fez”. 175
Segundo Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo
Talamini, sequencialmente abrirão três caminhos:
a) o devedor atende ao mandado, desfazendo o que havia feito e ou
abstendo-se de prosseguir com a conduta vedada. Nesse caso,
depois de pagar as custas e os honorários advocatícios, o processo
será extinto mediante sentença. Se apenas satisfizer a obrigação de
fazer, mas não arcar com as verbas processuais, prosseguir-se-á,
nos mesmos autos, com execução por quantia certa em relação a
estas;b) o devedor propõe embargos à execução, no prazo de quinze dias
da juntada aos autos do comprovante de citação (art. 738).
Recebidos os embargos com efeito suspensivo, o processo executivo
ficará sustado. Por conseqüência, não incidirá, durante esse período,
a multa diária. Recebidos os embargos se efeito suspensivo, recai-se
em a ou b aqui cogitados. Se rejeitar os embargos que inicialmente
tinha recebido efeitos suspensivo, o processo executivo também
retoma seu curso [...], recaindo-se também a ou c . [...]
c) não há cumprimento da obrigação de desfazer e ou de se abster a
continuar fazendo, nem propositura de embargos. Nesse caso, a
execução prosseguirá, incidindo, a partir da data fixada pelo juiz, a
multa diária, salvo se a obrigação já se tornar impossível. [...] 176
Se possível o desfazimento da obrigação, em não cumprido o mandado, o
juiz determinará o desfazimento por terceiro, atribuindo a este à custa e ainda
174
WAMBIER, 2007, p. 303-304.175 WAMBIER, 2007, p. 304.
176 WAMBIER, 2007, p. 304-305.
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resolvendo em perdas e danos. Se impossível o desfazimento resolve-se em perdas
e danos, na mesma sistemática do cumprimento de obrigação de fazer.177
14 Execução para Entrega de Coisa Contra Devedor Solvente
No mesmo vértice ao anteriormente comentado, o processo executivo
inicia-se por petição inicial. O juiz citará o devedor para a entrega da coisa ou o seu
depósito em juízo, no prazo de dez dias. Poderá o juiz ainda fixar multa por dia de
atraso do cumprimento do mandado. A citação dar-se-á nos mesmos moldes da
execução de obrigação de fazer e não fazer, sendo após este ato, nas palavras de
Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo Talamini, restando ao
executado três alternativas:
(I) o executado entrega a coisa, no prazo de dez dias. Constatando
que entregou a coisa correta [...], lavra-se o respectivo termo e
extingue-se a execução, mediante sentença (art. 794) – a não ser
que o título executivo contivesse ainda condenação a pagamento de
quantia certa, referente a perdas e danos ou pagamento de frutos,hipótese em que se prossegue com a execução por qunatia certa
(art. 624). O mesmo acontecerá se houver a necessidade de
cobrança das verbas processuais atinentes a custas e honorários
advocatícios. Sendo ilíquida a condenação em perdas e danos ou o
pagamento de frutos, proceder-se-á prévia liquidação. [...]
(II) o executado não entrega pura e simplesmente a coisa, pois
pretende opor embargos, e sim a deposita em juízo, no prazo de dez
dias. Lavra-se, então, termo do depósito nos autos (arts. 621 parte
final, e 622). O devedor terá quinze dias para opor embargos,contados da juntada aos autos do comprovante de citação (art. 738).
Recebidos os embargos com efeito suspensivo, fica sustado o
processo executivo [...] de modo que a coisa não poderá ser
levantada pelo credor, pelo menos até a sentença de improcedência
dessa ação incidental de conhecimento proposta pelo executado [...].
Se os embargos forem recebidos sem efeitos suspensivos, a
execução prosseguirá desde logo. [...] Julgado procedente os
embargos, a coisa depositada retorna para o executado, extinguindo-
se a execução. Julgados improcedentes, haverá levantamento do
177 WAMBIER, 2007, p. 305.
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depósito pelo exeqüente, mediante mero mandado de levantamento.
[...]
(III) o devedor não deposita a coisa, nem entrega, no prazo de dez
dias. Expede-se mandado de imissão de posse ou busca e
apreensão [...] Também nessa hipótese, o processo poderá continuar
em execução por quantia certa, precedida de eventual liquidação,
relativamente à perdas e danos, ao pagamento de frutos ou custas e
honorários.178
Conforme artigo 738179 do Código de Processo Civil, o depósito não é
ônus para embargar, mas apenas ônus impeditivo para que o bem seja entregue ao
credor, pelo cumprimento do mandado de busca e apreensão e ou imissão de
posse.180
15 Do Cumprimento da Sentença
Na nova sistemática do Código de Processo Civil, a sentença é executada
no mesmo processo, na forma de mais uma fase processual.
Deve-se ater que após a fase cognitiva, a fase execução adotará o
procedimento adstrito ao tipo de obrigação determinada na sentença. Dentre estas
obrigações temos: a) obrigação de fazer e não fazer; b) obrigação de entrega de
coisa e c) obrigação de entrega de quantia certa.
Caso a sentença tutele obrigação de fazer e não fazer, o seu
cumprimento forçado far-se-á nos moldes do artigo 461 e seus parágrafos do Código
de Processo Civil. Assim tarefas impostas ao devedor, poderão ser autorizadas ao
178 WAMBIER, 2007, p. 342-343.
179 Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandadode citação.
180 WAMBIER, 2007, p. 343-344.
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credor ou a terceiros ao rogo do credor para que possam satisfazer a obrigação.
Neste sentido elucida e complementa Theodoro Júnior:
Os poderes do juiz para fazer cumprir especificamente a obrigaçãode fazer não ficam restritos à autorização para que o credor realize
ou mande realizar por terceiro o fato devido. Pode o juiz adotar
outras providências que, mesmo não sendo exatamente o fato
devido, correspondam a algo que assegure o resultado prático
equivalente ao do adimplemento.181
Após o cumprimento da sentença, não é necessário o pronunciamento de
nova sentença, pois a atividade é simples complemento do comando sentencial.182
Na obrigação de entrega de coisa, “o juiz fixará o prazo para o
cumprimento da obrigação. Ultrapassado o tempo para a realização voluntária da
entrega, sem que a prestação tenha sido realizada, expedir-se-á mandado para
cumprimento forçado da sentença”, nos molde do art. 461-A do Código de Processo
Civil.183
Segundo Theodoro Júnior este mandado será:
a) de busca e apreensão, no caso de coisa móvel; ou
b) de imissão na posse, se se tratar de coisa imóvel.184
Executando o mandado, este juntado aos autos, dar-se-á por encerrado o
processo, não necessitando de nova sentença.185
Nas hipóteses da obrigação de fazer, não fazer e de entrega de coisa, se
for impossível o cumprimento da obrigação essa se converterá em perdas e danos,
necessitando da liquidação e posteriormente execução por quantia certa.
O procedimento de execução por quantia certa, consiste na expropriação
pelo judiciário, de bens do devedor, convertendo-o em dinheiro, sendo ao final
satisfazendo o credor. Após o fim da fase de conhecimento, com o enunciar da
181 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 32.
182 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 37.
183
THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 46.184 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 46.
185 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 46.
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sentença pelo magistrado, sendo está líquida, iniciará a fase executiva. Mas caso a
sentença seja ilíquida, a execução ter-se-á inicio após a fase de liquidação da
sentença.
O prazo para cumprimento da sentença independe da citação ou
intimação do devedor, sendo de 15 (quinze) dias do trânsito e julgado desta decisão.
Passando o prazo de pagamento, o credor mediante petição simples deve requerer
o cumprimento forçado da obrigação, destinando-se a penhorar e avaliar bens a
serem expropriados para a satisfação do crédito. É facultado neste momento ao
credor indicar bens a penhora, mas esta iniciativa não exclui o direito do devedor de
obter a substituição da penhora quando configurada as hipóteses do artigo 656186 do
Código de Processo Civil.187
Lavrado o auto da penhora e avaliação pelo oficial de justiça, o executado
será intimado na pessoa de seu advogado, ou não tendo constituído far-se-á
pessoalmente ou mediante seu representante legal. Se a avaliação não puder ser
feita pelo oficial de justiça, o juiz nomeará avaliador para o encargo. Uma vez
intimado o devedor, este terá 15 (quinze) dias para oferecer impugnação. Da
impugnação da execução o juiz proferirá uma decisão interlocutória, agravável por
instrumento. Por fim seguindo a sistemática processual, serão expropriados os bens
penhorados e satisfeita a obrigação do credor. Ressalta-se neste ponto que as
regras pertinentes, serão segundo a execução dos títulos extrajudiciais (art. 475-
R188). 189
8 Da Defesa do Executado
186 Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: I – se não obedecer à ordem legal; II – se não incidir sobre osbens designados em lei, contrato ou ato judicial para pagamento; III – se, havendo bens no foro da execução, outroshouverem sido penhorados; IV – se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto degravame; V – se incidir sobre bens de baixa liquidez; VI – se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou VII – se odevedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo únicodo art. 668 desta lei.
187 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 53.
188 Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execuçãode título extrajudicial.
189 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 53-54.
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Com a sistemática atual do Código de Processo Civil, tem-se ferramentas
distintas, a serem empregadas no processo executivo e na fase executiva. Para o
processo executivo utiliza-se o chamado embargos de executado, que segundo
Araken de Assis é uma “ação de oposição à execução, quer obrigando exceções
substantivas, quer controvertendo questões processuais da execução”. Trata-se do
único remédio que trava a marcha do processo executivo, desaparecendo seus
efeitos somente após o julgamento de primeiro grau desfavorável ao embargante.190
Complementa Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo
Talamini conceituando:
Os embargos de executado (ou de devedor) são ação de
conhecimento, geradora de procedimento incidental e autônomo,
mediante a qual, com a eventual suspensão da execução, o
executado impugna a pretensão creditícia do exeqüente e a validade
da relação processual executiva.191
Para procedimento de execução de cumprimento de sentença (fase
executiva), o meio idôneo é pela via da impugnação da execução da sentença ou
impugnação do executado. Para Araken de Assis, a impugnação do executado é omeio pelo qual “o executado veiculará exceções substantivas e objeções
processuais”, tratando-se de uma oposição a execução.192 Já para Luiz Rodrigues
Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo Talamini, trata-se apenas um simples
incidente (fase), interno ao processo em que já se desenvolve.193
Ainda, tem-se a hipótese de um terceiro ser afetado pela execução. Nesta
hipótese o terceiro poderá opor-se a execução, através de embargos de terceiros.
Trata-se de um remédio para desembaraçar, desembargar ou separar bens
190 ASSIS, 2006, p. 1049.
191
WAMBIER, 2007, p. 352.192 ASSIS, 2006, p. 1151.
193 WAMBIER, 2007, p. 374.
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indevidamente envolvidos no processo, de uso nas hipóteses elencadas nos artigos
1046194 e 1047195 do Código de Processo Civil.196
Por fim, as condições ou requisitos de existência da execução e da
validade dos atos executivos estão sob permanente controle do juízo, representando
condições de legitimidade do próprio exercício da jurisdição, de maneira que, não se
pode admitir preclusão temporal. No mesmo sentido, leciona Luiz Rodrigues
Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel Gracia Medina:
Como tais matérias podem ser conhecidas ex officio pelo juiz, nada
impede que este seja provocada pelo executado antes da
oportunidade processual própria para a apresentação daimpugnação. Assim, não obstante o Código estabelece que o
executado deverá apresentar a impugnação após a penhora, nada
impede que, intimado para o cumprimento da sentença, o executado
alegue, por exemplo, que a sentença é juridicamente inexistente, em
razão da ausência de citação (CPC, art. 475-L, inc. I). A propósito, a
ausência de requisitos para a execução ou a invalidade de atos
executivos pode ser argüida mesmo após o prazo estabelecido no
art. 475-J, §1º, do CPC. Caso, no entanto, o executado deixe de
alegar tais vícios na primeira oportunidade em que lhe incumbe falar
nos autos, incidirão as sanções referidas nos arts. 22 e 267, §3º do
CPC, conforme o caso.197
Trata-se da construção do mecanismo da exceção de pré-executividade,
como instrumento impugnativo fora dos embargos e da própria impugnação da
sentença, com requisitos próprios.
Concluído este capítulo, verificou-se a construção dos procedimentos
mais peculiares para se efetivar um título executivo. Substancialmente, verificam-sedois meios (procedimentos) executivos.
194 Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário,partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.
195 Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou dedemarcação, for o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos; II - para ocredor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese.
196 ASSIS, 2006, p. 1179.
197 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALVIM WAMBIER, Teresa Arruda; MEDINA, José Miguel Garcia. Breves Comentários à NovaSistemática Processual Civil 2, São Paulo, Revista Dos Tribunais, 2006, p. 152.
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O primeiro autônomo, baseado em títulos extrajudiciais, que por força da
Lei, mitigam o procedimento cognitivo, dando força aparente de clareza na
obrigação do devedor em satisfazer o credor, frente ao negócio jurídico perpetrado.
Já em outro pólo encontra os títulos judiciais, nos quais, quando
necessitam de sua forçosa execução, motivam ao complemento de mais uma fase
procedimental (processo sincrético), sendo esta iniciada com ou sem a liquidação.
Nesta nova fase não se discute o direito, mais tão somente estratégias defensivas
de caráter absoluto, problemas procedimentais não precluídos e ou fatos
supervenientes que afetem a obrigação.
Ao formular os atos necessários para contemplação da tutela, o legislador ordinário, trouxe severas modificações na estrutura procedimental. Estas
modificações, como já realçadas buscam a efetividade, mas foram tão forçosas que
merecem um detalhamento apurado, ao qual, será o foco principal da parte final
deste estudo.
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16 DA REFORMA PROCESSUAL CIVIL
Neste capítulo abordar-se-á substancialmente os pontos alterados com as
novas leis processuais, trazendo no final, considerações sobre a necessidade da
real aplicação da vontade do legislador, norteado fundamentalmente na busca da
maior efetividade e celeridade processual.
Recentemente o legislador ordinário realizou duas grandes reformas no
sistema processual civil, através da publicação das Leis 11232 de 22 de dezembro
de 2005 e 11382 de 06 de dezembro de 2006.
As referidas leis vêm de encontro à imposição constitucional de um
processo mais célere, com duração razoável e efetivo, trazendo severas
modificações substanciadas no tocante a execução de títulos judiciais e
extrajudiciais.
A Lei 11232/05, teve como ponto principal a alteração da sistemática
processual para execução de títulos judiciais (no tocante ao cumprimento da
sentença); e a Lei 11382/06 completando a primeira adequou diversos pontos do
Código de Processo Civil a esta nova sistemática, trazendo também alterações
significativas ao processo de execução de títulos extrajudiciais.
Assim, após este breve intróito, realizar-se-á no discorrer final desta obra,
uma análise dos pontos primordiais da nova estrutura processual civil.
9 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Judiciais
Como já referido anteriormente, a execução forçadas de sentenças, foi
trazida para o processo cognitivo, dispondo-se como uma fase final da prestação
jurisdicional. Esta nova concepção sistêmica adveio com a publicação da Lei
11232/05, da qual alterou vários dispositivos, dos quais necessariamente, deve-se
discorrer algumas linhas gerais:
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17 Dos Atos do Juiz
Dentre a vasta alteração no procedimento judicial para posteriori
execução forçada da sentença, destaca-se na parte geral, a nova conceitualização
dada à sentença (art. 162 § 1º).198
Com a reforma a sentença não é mais o ato do juiz, que põe fim a
jurisdição de primeiro grau, mas sim, adequando-se a nova sistemática, o ato do juiz
que põe fim a uma fase processual, dentro das hipóteses dos artigos 267199 e 269200
do Código de Processo Civil.201
A sentença não pode ser mais vista como o ato do magistrado que põefim ao processo (conceito este difundido por décadas), encerrando simplesmente o
processo cognitivo. Deve ser observada como o ato do juiz, que em face da nova
sistemática de um processo sincrético, encerra uma fase dentro do processo,
possibilitando a preclusão dos procedimentos até aquele momento desenvolvidos e
permitindo se necessário, uma nova fase procedimental, fundada na
substancialidade da tutela desejada.
198 Art. 162 [...]§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.
199 Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial; Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihecompetir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos deconstituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção,litispendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica,a legitimidade das partes e o interesse processual; Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação;IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI -nos demais casos prescritos neste Código.
200 Art. 269. Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer aprocedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V -quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
201 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2. 2006, p. 30-38.
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18 Da Liquidação da Sentença
Na sistemática atual de liquidação de sentenças (art. 475-A),202 não se
estabelece uma nova relação processual, mas sim a sua continuidade, instruindo-se
como uma fase necessária, para posterior fase de execução.203
Somente são passíveis de liquidação as sentenças que não determinem o
valor devido a título de condenação, excluindo-se os casos em que a sentença não
individue o objeto da condenação 204.
O §2º do art. 475-A traz a liquidação provisória da sentença. Este
dispositivo prevê a possibilidade de a parte vencedora iniciar a liquidação dasentença mesmo na pendência de recurso recebido com efeito suspensivo.
Já o §3º, determina que nas causas de ressarcimento por danos
causados em acidente de veículo de via terrestre e de cobrança de seguro, que
sujeitas, nos termos do art. 275, inciso II, alíneas "d" e "e", ao procedimento sumário,
é proibida a prolação de sentença ilíquida, cumprindo ao juiz fixar, de plano, por
força da nova Lei, e a seu prudente arbítrio, o valor que entender ser devido, a título
de condenação. 205
Quanto a apuração de valor por mero cálculo, previsto no art. 475-B, 206
segundo Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel
Garcia Medina, estabelece que:
202 Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. § 1 o Do requerimento deliquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado. § 2 o A liquidação poderá ser requerida na
pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedidocom cópias das peças processuais pertinentes. § 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275,inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seuprudente critério, o valor devido.
203 LENZI, Carlos Alberto Silveira. O Novo Processo de Execução no CPC. Florianópolis, Conceito Editorial, 2007, p. 46.
204 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2. 2006, p. 98-103.
205 LENZI, 2007, p. 48.
206 Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá ocumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada docálculo.§ 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro,o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.§ 2 o
Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentadospelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.§ 3 o Poderá o juiz valer-se docontador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e,ainda, nos casos de assistência judiciária. § 4 o Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3 o desteartigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelocontador.
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[...] a hipótese referida no art. 475-B do CPC não diz respeito,
propriamente, à liquidação de sentença. A regra jurídica ora
comentada poderia, a nosso ver, ter sido inserida no Capitulo X – Do
Cumprimento da Sentença, já que se relaciona mais propriamente à
execução da sentença do que à sua liquidação.207
O art. 475-B tem redação muito próxima do antigo artigo 604208 do Código
de Processo Civil (ora revogado), apresentando apenas algumas modificações em
caráter de se adequar a nova sistemática processual. Merece destaque o §2º do
referido artigo, onde o terceiro, se injustificadamente, não apresentar os dados
necessários requeridos para a liquidação, será responsabilizado cominando as
sanções impostas do artigo 362209
, do Código de Processo Civil (além de responder por crime de desobediência). Aplica-se também concomitantemente neste caso,
sendo parte ou não do processo, as sanções do artigo 14, V210 e parágrafo único211
(se reverterá à receita pública) e o disposto no artigo 601 212 (se reverterá ao credor),
ambos do Código de Processo Civil.213
Consoante as alterações aos artigos 475-C a 475-G, conforme Luiz
Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina,
207 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 108.
208 Art. 604. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor procederá à suaexecução na forma do art. 652 e seguintes, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. § 1 o
Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, arequerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência; se osdados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelocredor e a resistência do terceiro será considerada desobediência. § 2o Poderá o juiz, antes de determinar a citação, valer-sedo contador do juízo quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e,ainda, nos casos de assistência judiciária. Se o credor não concordar com esse demonstrativo, far-se-á a execução pelovalor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.
209 Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivodepósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse dasdespesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário,força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência.
210 Art. 14 [...] V- cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.
211 Art. 14 [...]Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violaçãodo disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo dassanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com agravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado dotrânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado.
212 Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante não superior a20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual oumaterial, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução
213 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 108-114.
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estes “novos arts. 475C a 475-G, inseridos pela Lei 11232/2005, correspondem,
substancialmente, aos arts. 606 a 610 do CPC, revogados pela mesma Lei”.214
Por fim, ao analisar a natureza da decisão que julga a liquidação da
sentença (art. 475-H),215 apesar do posicionamento de Luiz Rodrigues Wambier,
Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina, que ao fim do
procedimento ter-se-ia uma sentença declaratória, 216 entende-se ser mais adequado
que, na realidade se trata de uma decisão interlocutória agravável por instrumento.217
Elucida Carlos Alberto Lenzi:
[...] O art. 130/CPC orienta o juiz tomar as providências instrutórias
que entender necessárias para a resolução do procedimento de
liquidação por artigos, que culminará com decisão (e não sentença)
judicial, agora agravável de instrumento (anteriormente era apelável)
sem efeito suspensivo (art. 475-H/CPC) [...] 218
Por força do referido dispositivo, sendo expresso há esta decisão, o
recurso de agravo por instrumento, e ainda, esta decisão tratar-se de pontos já
decididos por sentença que pôs fim ao procedimento de cognição, não pode-se
falar-se de sentença, mais sim como corretamente dispõe Alberto Lenzi, de umadecisão interlocutória.
19 Do Cumprimento da Sentença
214 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 115.
215 Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.
216
WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 98-103.217 LENZI, 2007, p. 47.
218 LENZI, 2007, p. 50.
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O caput do 475-I 219 e os seus parágrafos repetem o estabelecido no
artigo 587220 do Código de Processo Civil, harmonizando com a nova sistemática
processual.
O cumprimento de sentença, ao qual for determinada pelo pagamento de
soma em dinheiro, será realizado no mesmo processo, seguindo os moldes dos
artigos 475-J e seguintes; aplicando-se para as obrigações de fazer, não fazer e
entrega de coisa, os respectivos artigos 461 e 461-A do Código de Processo Civil. 221
Na redação do §1º do art. 475-I preconiza-se como sendo definitivas as
execuções originadas de sentenças transitadas em julgado, e provisórias
decorrentes de sentenças impugnadas mediante recurso, ao qual não se tenhaatribuído efeito suspensivo.222
Ainda sobre o art. 475, assevera Lenzi:
A novidade vem no § 2º, que informa acontecer o cumprimento da
sentença, quando houver parte líquida e outra ilíquida, sendo
deferido ao credor, promover, simultaneamente, a execução
definitiva da parte líquida e da ilíquida, sendo esta em autos
apartados no juízo original.223
No tocante à execução forçada, o art. 475-J224 é considerado como o
artigo primordial, ao qual se concretiza a nova concepção não autônoma do
processo executório. Segundo o dispositivo em comento, quando o devedor for
219 Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo. § 1o É definitiva a execução da sentençatransitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeitosuspensivo. § 2o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamentea execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
220 Art. 587. A execução é definitiva, quando fundada em sentença transitada em julgado ou em título extrajudicial; é provisória,quando a sentença for impugnada mediante recurso, recebido só no efeito devolutivo. (redação ultrapassada)
221 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 138.
222 LENZI, 2007, p. 59-60.
223 LENZI, 2007, p. 60.
224 Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo dequinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. § 1 o Do auto depenhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na faltadeste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo,no prazo de quinze dias. § 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentosespecializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo. § 3 o O exeqüentepoderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados. § 4 o Efetuado o pagamento parcial no prazoprevisto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante. § 5 o Não sendo requerida a execução noprazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.
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condenado ao pagamento de quantia certa, ou fixada em incidente de liquidação,
deverá efetuar o pagamento do valor da condenação, incontinenti, no prazo de
quinze dias, sob pena de multa de 10% (dez por cento) sobre o respectivo montante
e da imediata expedição de mandado de penhora e avaliação.
A contagem do prazo iniciará a partir da publicação da sentença, onde
houver Diário Oficial, ou da intimação do advogado, onde inexistir, isto quando não
se impuser a liquidação. Em havendo, é razoável que o prazo de quinze dias seja
contado da data da publicação da decisão do incidente de liquidação, onde houver
Diário, ou da intimação do advogado, onde não houver. Da mesma forma, se for
interposto recurso (este recebido com duplo efeito) deve o prazo fluir da publicação
do acórdão.
Se a apelação for recebida somente no efeito devolutivo, o devedor
deverá depositar em garantia o valor da condenação ou prestar caução para evitar a
multa. O credor somente poderá levantar a importância desde que dê garantias
idôneas e suficientes ao Juízo. 225
A multa que trata o caput incidirá automaticamente, independente de
decisão judicial, podendo ainda, por ser medida coercitiva e não medida punitiva, ser aplicado cumulativamente à multa do artigo 14, IV e parágrafo único do Código de
Processo Civil.226
Os procedimentos dos §§ 1º, 2º e 3º já foram abordados anteriormente
nesta obra, restando por dar ênfase aos §§ 4º e 5º. O § 4º trata da possibilidade de
pagamento parcial do débito em execução no prazo de quinze dias, sendo a multa
somente recairá sobre o saldo montante. O § 5º determina que se o devedor não
requerer a execução no prazo de seis meses, o juiz deverá arquivar o processo, semprejuízo de que venha a ser desarquivado mediante pedido.227
225
LENZI, 2007, p. 61.226 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 144-145.
227 LENZI, 2007, p. 63.
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Quanto à impugnação à execução, prevista no art. 475-L,228 as matérias ali
tratadas são equivalentes àquelas, objeto de embargos de devedor, nos termos do
artigo 741229, do Código de Processo Civil. Sobre este tema ressalta Lenzi que:
[...] a defesa incidental do devedor através da impugnação, a rigor,
somente pode ser efetuada após a segurança do juízo pela penhora.
Nesse mesmo ato, pode alegar as matérias elencadas no já
mencionado art. 475-L/CPC, e, inclusive, as pertinentes à penhora e
a avaliação.230
Outrora, assevera Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim
Wambier e José Miguel Garcia Medina que, o efeito suspensivo da impugnação nocaso do § 2º, deve-se ser atribuído somente ao montante em que versar a
controvérsia.231
Ainda ao tratar sobre o efeito suspensivo na impugnação, conforme o art.
475-M, 232 esclarece Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José
Miguel Garcia Medina que:
[...] a suspensão da execução da sentença, que antes era ope legis,
dependendo da simples apresentação dos embargos à execução,
hoje é ope judicis, isto é, decorre de decisão proferida pelo juiz à luz
dos requisitos estabelecidos no caput do art. 475-M do CPC.233
228 Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II –inexigibilidade do título; III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes; V – excesso de execução;VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transaçãoou prescrição, desde que superveniente à sentença. § 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo,considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo SupremoTribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federalcomo incompatíveis com a Constituição Federal. § 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso deexecução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto,sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.
229 Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, seo processo correu à revelia; II - inexigibilidade do título; III - ilegitimidade das partes; IV - cumulação indevida de execuções;V – excesso de execução; VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença; Vll - incompetência do juízo daexecução, bem como suspeição ou impedimento do juiz.
230 LENZI, 2007, p. 61.
231 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 156.
232 Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seusfundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícilou incerta reparação. § 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer oprosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios
autos. § 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, emautos apartados.§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quandoimportar extinção da execução, caso em que caberá apelação.
233 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 161.
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Os requisitos, ou seja, os fundamentos relevantes e o grave dano de
difícil ou incerta reparação, devem estar presentes concorrentemente para que se
atribua o efeito.234
Ao analisar o artigo art. 475-N,235 este correspondente ao artigo 584236 do
Código de Processo Civil (revogado pela Lei 11232/05), enumerando os títulos
executivos judiciais, verifica-se que se mantêm inalterados, salvo o inciso I, que
excluiu da redação anterior a palavra condenatória como qualificadora da sentença,
substituindo-a por "sentença que reconheça a existência de obrigação de fazer, não
fazer, entregar coisa ou pagar quantia". Tal modificação se deve ao fato de que a
atual lei considerada a classificação quinária das sentenças, para considerar títulos
executivos também as sentenças mandamentais e executivas lato sensu .237
Quanto à execução provisória regulada pelo artigo art. 475-O,238 tem-se
uma redação um pouco distinta do ora revogado artigo 588 do Código de Processo
Civil. Conforme dispõe o artigo o inicio da execução provisória não é condicionada
ao caução. O caução do inciso III do caput do artigo 475-O, “é condição para a
234 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 161.
235 Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência deobrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; III
– a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; IV – a sentençaarbitral; V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; VI – a sentença estrangeira,homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação aoinventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV eVI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução,conforme o caso.
236 Art. 584. São títulos executivos judiciais: I - a sentença condenatória proferida no processo civil; II - a sentença penalcondenatória transitada em julgado; III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que verse matérianão posta em juízo; IV - a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal; V - o formal e a certidão departilha. VI - a sentença arbitral. Parágrafo único. Os títulos a que se refere o n o V deste artigo têm força executiva
exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título universal ou singular.
237 LENZI, 2007, p. 67-68.
238 Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas asseguintes normas: I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anulea sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmosautos, por arbitramento; III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação depropriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada deplano pelo juiz e prestada nos próprios autos. § 1o No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. § 2 o A caução a que se refere o incisoIII do caput deste artigo poderá ser dispensada: I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de atoilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; II – noscasos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ouincerta reparação. § 3o Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas dasseguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1o: I – sentença ouacórdão exeqüendo; II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III – procurações outorgadaspelas partes; IV – decisão de habilitação, se for o caso; V – facultativamente, outras peças processuais que o exeqüenteconsidere necessárias.
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alienação do bem penhorado ou para a realização de atos que sejam capazes de
causar ao executado grave dano”.239
Merece também realce a inclusão de duas novas hipóteses em que se
dispensa a caução na execução provisória, ambas previstas no §2º do inciso III do
referido dispositivo. São elas: a) nos casos de créditos decorrentes de atos ilícitos,
no limite de 60 salários mínimos, quando o exeqüente demonstrar situação de
necessidade, tal como já ocorria com os créditos de natureza alimentar, por força do
antigo art. 588240 do CPC; b) nos casos de execução provisória que dependa de
julgamento de agravo de instrumento, no STF ou no STJ.241
Quanto à competência para o cumprimento da sentença, na conformidadedo art. 475-P,242 este repetiu o texto do artigo 575 243 do Código de Processo Civil,
dispondo uma nova regra de competência, possibilitando o exeqüente optar, pelo
juízo do local onde se encontrarem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do
atual domicílio do executado. Trata-se de regra de competência que busca facilitar o
cumprimento da sentença e os atos de constrição. Neste sentido, completa
elucidando Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel
Garcia Medina:
Os princípios que regulam a competência absoluta, assim, foram
mitigados pelo art. 475-P, parágrafo único, do CPC, já que este
preceito estabeleceu competência concorrente entre os três juízos
referidos. A solução pela qual optou o legislador da reforma é capaz
de tornar mais efetiva a execução, já que o juízo em que a sentença
239 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 180.
240 Art. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: I -corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os prejuízos que oexecutado venha a sofrer; II - o levantamento de depósito em dinheiro, e a prática de atos que importem alienação dedomínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução idônea, requerida e prestada nospróprios autos da execução; III - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,restituindo-se as partes ao estado anterior; IV - eventuais prejuízos serão liquidados no mesmo processo.
241 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 190-191.
242 Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentençapenal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. Parágrafo único. No caso do inciso II do caput desteartigo, o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual
domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
243 Art. 575. A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante: I - os tribunais superiores, nas causas de suacompetência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; IV - o juízo cível competente, quando otítulo executivo for sentença penal condenatória ou sentença arbitral.
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foi proferida não será, necessariamente, o local onde se encontram
os bens a serem expropriados.244
O legislador ao tratar da constituição de Capital, art. 475-Q,
245
emsubstituição ao revogado artigo 602 do estatuto processual, manteve praticamente
os mesmos preceitos anteriormente regulados. A constituição do capital “tem por
finalidade garantir o cumprimento de prestações futuras, relacionadas ao dever de
prestar alimentos”,246 merece destaque, o § 4º que veio para dirimir definitivamente a
controvérsia doutrinária e jurisprudencial, permitindo a fixação dos alimentos com
base no salário mínimo.247
Por fim, o legislador ao trazer o art. 475-R,248
dispôs sobre a aplicaçãosubsidiária das normas, referentes à execução de título extrajudicial, permitindo que
qualquer lacuna possa ser suprida pelo regramento autônomo.
10 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Extrajudiciais
20 Da Parte Geral – Livro I
A Lei 11382/06, embora objetivando o aprimoramento da execução de
títulos extrajudiciais, reviu e aperfeiçoou também dispositivos da parte geral, com
aplicação subsidiária e complementar à execução forçada de sentença.
244 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 193.
245 Art. 475-Q. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. § 1 o Este capital,representado por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável eimpenhorável enquanto durar a obrigação do devedor. § 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão dobeneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito privado de notóriacapacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado deimediato pelo juiz. § 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme ascircunstâncias, redução ou aumento da prestação. § 4o Os alimentos podem ser fixados tomando por base o salário-mínimo.§ 5o Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar asgarantias prestadas.
246 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 195.
247 LENZI, 2007, p. 76.
248 Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo deexecução de título extrajudicial.
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Dentre as alterações destaca-se primeiramente quanto a alteração dos
atos do oficial de justiça (art. 143, V),249 ao qual lhes foram incluída uma nova função,
que é a de avaliar os bens penhorados no ato citatório. Esta alteração não é uma
inovação, pois segue a Lei 11232/05 que fez o mesmo no artigo 475-J. 250
Também merece destaque o ato de intimação por via postal (art. 238 §
único),251 ao qual com a reforma adotou-se a presunção da intimação tanto para o
advogado, quanto para as partes, através do comprovante da simples entrega no
endereço indicado na peça inicial. Incluiu-se também ao advogado e as partes, o
ônus de manter atualizado o endereço no curso de processo, sob pena do ato
intimatório ser consumado.252
Por fim, destaca-se o art. 365, IV 253, ao qual retirou a necessidade da
autenticação do escrivão de cópias dos autos, quando estes serão de uso do
advogado para incidentes apartados (recurso, exceção e etc.).254
21 Execução em Geral
Dentre as alterações a primeira que merece realce é o art. 580, 255 ao qual
tratou-se de alteração uma necessária frente à Lei 11323/05. Com a nova redação
não cabe ao credor em qualquer hipótese promover a execução, devendo esta
somente ser instaurada, “caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e
exigível, consubstanciada em título executivo” 256.
249 Art. 143 [...] V - efetuar avaliações.
250 THEODORO JÚNIOR, Humberto. A Reforma da Execução do Título Extrajudicial. Rio de Janeiro, Editora Forense, 2007,p.8.
251 Art. 238 [...]Parágrafo único. Presumem-se válidas as comunicações e intimações dirigidas ao endereço residencial ouprofissional declinado na inicial, contestação ou embargos, cumprindo às partes atualizar o respectivo endereço sempre quehouver modificação temporária ou definitiva.
252 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 9-10.
253 Art. 365 [...]IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo próprio advogadosob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade.
254 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 10-11.
255 Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível,consubstanciada em título executivo.
256 ALVIM, J. E. Carreira; CABRAL, Luciana G. Carreira Alvim. Nova Execução de Título Extrajudicial. 2ª edição. Curitiba.Juruá Editora, 2007, p. 21.
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Outro ponto importante que deve-se ponderar comentários, é o rol
taxativo de títulos executivos extrajudiciais (art. 585). 257 Com a nova redação
destaca-se os seguintes incisos: a) Inciso III – Limitou a força executiva ao contrato
de seguro de vida, perdendo a eficácia aos contratos de acidentes pessoais; b)
Inciso V – Consolida a posição que o título executivo extrajudicial refere-se ao
crédito decorrente de aluguel de imóveis e de encargos acessórios, tais como taxas
e despesas de condomínio. 258
Referente à nova redação do art. 586,259 esta veio tão somente para
acomodar o entendimento doutrinário que é a obrigação que é certa, líquida e
exigível, não o título. Também observa-se que foram revogados os §1º
(incompatibilidade com o novo sistema) e o § 2º (deslocamento para o art. 475,
§2º).260
Já quanto à execução provisória de título extrajudicial (art. 587),261
assevera Theodoro Júnior:
[...] a execução provisória que antes somente cabia em face do título
judicial passou a ser admissível, em certos casos, também para os
títulos executivos extrajudiciais. Segundo o texto atual do art. 587,que é de aplicação exclusiva aos títulos extrajudiciais, poderá haver,
em relação a eles, execução provisória após a apelação interposta
contra a sentença que rejeitar os embargos do devedor. A
provisoriedade prevalecerá enquanto não julgada a apelação e se
257 Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e
por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelosadvogados dos transatores; III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de segurode vida; IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel deimóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI - o crédito de serventuário de
justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dosMunicípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII - todos os demais títulos a que, por disposiçãoexpressa, a lei atribuir força executiva.§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivonão inibe o credor de promover-lhe a execução.§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, paraserem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, háde satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar decumprimento da obrigação.
258 ALVIM, 2007, p. 23-28.
259 Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.
260 ALVIM, 2007, p. 28-30.
261 Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença deimprocedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739).
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aplicará apenas aos casos em que os embargos tiverem sido
recebidos com efeito suspensivo.262
Outrora, vislumbrando o tema responsabilidade patrimonial, o novo art.592, I, 263 ampliou o alcance da norma para duas formas: “a) a responsabilidade do
adquirente do bem exeqüível compreende tanto os títulos judiciais como
extrajudiciais; b) o bem disputado pode estar sujeito à execução por direito real ou
por obrigação reipersecutória.” 264
Por fim, destaca-se a alteração do dispositivo do art. 600, IV, 265 ao qual
deixou mais incisiva à repressão à fraude do executado.266
22 Das Diversas Espécies de Execução
O ponto primordial referente a este tema é com relação à prevenção
contra a fraude de execução (art. 615-A). 267 Com a alteração no texto legal não é
necessário mais o aperfeiçoamento da penhora para a aplicação da garantia por
meio de registro público.
Com a simples distribuição da petição inicial, já fica o exeqüente
autorizado, mediante certidão, em realizar a averbação no registro público (garantia
da execução), tendo subsequentemente o prazo de dez dias para comunicar ao
juízo. 268
262 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 26.
263 Art. 592 [...]I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;
264 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 27.
265 Art. 600 [...]IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora eseus respectivos valores.
266 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 29.
267 Art. 615-A. O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, comidentificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro deoutros bens sujeitos à penhora ou arresto.
268 ALVIM, 2007, p. 44-50.
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Quando o exeqüente comete abuso de direito, fazendo uso
desproporcional e desarrazoado das averbações, lhe caberá a sanção por litigância
de má-fé, devendo indenizar o executado.269
23 Da Inovação na Execução da Obrigação de Fazer
Pode-se destacar duas alterações importantes. A primeira é referente asimplificação da execução da obrigação de fazer ou de não fazer fungível (Art.
634).270 A inovação neste ponto consiste no cancelamento de todas as medidas de
concorrência pública ou de licitação, rígidas que invibializarvam a faculdade
assegurada. Esta flexibilização permite ao juiz tome as medidas que se acharem
necessárias para o cumprimento da obrigação (art. 461). 271
O segundo importante ponto faz-se quanto à opção do credor em realizar
pessoalmente a obra (art. 637 § único).272 Assim quando estabelecida a melhor proposta, terá o exeqüente o direito de preferência (manifestando-se em cinco dias)
na execução das obras nos termos daquela. Trata-se de faculdade do exeqüente, ao
qual o magistrado deve sempre observar o princípio da menor onerosidade.273
24 Da Inovação na Execução da Obrigação por Quantia Certa
269 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 34.
270 Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exeqüente, decidir que aquele orealize à custa do executado.Parágrafo único. O exeqüente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas aspartes, o juiz houver aprovado.
271 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 39-40.
272 Art. 637 [...]Parágrafo único. O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco) dias, contados da apresentaçãoda proposta pelo terceiro (art. 634, parágrafo único).
273 ALVIM, 2007, p. 56-58.
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Sobre execução de obrigação por quantia certa, o primeiro destaque
remete-se ao art. 647.274 A nova redação contempla as mesmas hipóteses anteriores,
com alteração na ordem de preferência do empreendimento das medidas. O Código
contempla a seguinte ordem de expropriação: adjudicação, alienação por iniciativa
particular, alienação em hasta pública e usufruto.
Ainda, quanto ao aspecto subjetivo da adjudicação, também foi alterado,
não sendo mais o credor o único legítimo para exercê-la (art. 685-A, §§ 2º e 3º). A lei
também não mais cogita o usufruto de empresa, recaindo este sobre bens móveis e
imóveis, desde que não aumente a onerosidade da execução. 275
Sobre a impenhorabilidade de bens, destaca-se a nova redação do art.649, 276 ao qual enfatizam Carreira Alvim e Luciana Cabral:
A nova redação dada ao art. 649 provoca uma alteração substancial
em muitos casos de impenhorabilidade absoluta, facilitando a
expropriação de parte desses bens para a satisfação do direito do
credor.277
Corrobora Theodoro Júnior, ao elucidar que a reforma trouxe as seguintes
conseqüências:
Eliminara-se as seguintes impenhorabilidades antes elencadas no
art. 649: a) as provisões de alimento e de combustível (antigo inciso
II); b) o anel nupcial e os retratos de família (antigo inciso III); c) os
equipamentos dos militares (antigo V)
274 Art. 647. A expropriação consiste: I - na adjudicação em favor do exeqüente ou das pessoas indicadas no § 2 o do art. 685-A
desta Lei; II - na alienação por iniciativa particular; III - na alienação em hasta pública; IV - no usufruto de bem móvel ouimóvel.
275 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 45-46.
276 Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos àexecução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevadovalor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bemcomo os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários,remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade deterceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários deprofissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, osinstrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; VI - o seguro de vida; VII - osmateriais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural,assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas paraaplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a
quantia depositada em caderneta de poupança. § 1 o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedidopara a aquisição do próprio bem. § 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora parapagamento de prestação alimentícia.
277 ALVIM, 2007, p. 62.
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Foram acrescidas ou explicitadas as impenhorabilidades incidentes
sobre: a) os móveis, pertences e utilidades domésticas que
guarnecem a residência do executado; [...] (novo inciso II) b) os
vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executados;
[...] (novo inciso III) c) a descrição das verbas de natureza alimentar
foi enriquecida com detalhamento maior e com a reunião nem só
inciso das remunerações do trabalho e das verbas de aposentadoria
e pensionamento. Há menção expressa, por exemplo, à
impenhorabilidade de subsídios, remunerações, ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal (novo
inciso IV); [...] d) bens necessários ao exercício de profissão; [...] e)
pequena propriedade rural; [...] f) subvenções do Poder Público a
entidades privadas; [...] g) saldo de caderneta de poupança [...]. 278
Sobre a relatividade da penhora, consoante ao art. 650,279 foi eliminado do
rol “as imagens e objetos do culto religioso, e dado outra redação à disciplina dos
frutos e rendimentos dos bens inalienáveis”.280
Imprescindível é observar o prazo assinado na citação consoante ao art.
652,281 ao qual refere-se ao prazo para o pagamento de quantia certa, que foi
alterado de vinte e quatro horas para três dias.
Por fim, também consoante ao art. 652, deve-se observar que não se
inclui mais a convocação do devedor para indicar bens para a penhora, sendo este
ato facultado ao credor.282
25 Da Inovação no Regime da Penhora
278 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 48-53.
279 Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinadosà satisfação de prestação alimentícia.
280 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 54.
281 Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida.§ 1o Não efetuado opagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a suaavaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado. § 2 o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art. 655). § 3 o O juiz poderá, de ofício ou a requerimentodo exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. § 4o A
intimação do executado far-se-á na pessoa de seu advogado; não o tendo, será intimado pessoalmente. § 5o Se nãolocalizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificará detalhadamente as diligências realizadas, caso em que o
juiz poderá dispensar a intimação ou determinará novas diligências.
282 ALVIM, 2007, p. 77-79.
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Sobre o instituto da penhora, o primeiro ponto que mercê destaque é a
modificação quanto à gradação legal desta (art. 655).283 A penhora passa a ser o ato
preferencial aos demais meios de expropriação (ordem sem caráter absoluto). Esta
graduação legal respeitará a satisfação do crédito e a menor forma onerosa ao
devedor. 284
O segundo ponto não menos importante, reflete sobre a penhora sobre
depósito bancário e o percentual de faturamento (art. 655-A).285 Este artigo, antes
inexistente, vem consagrar a penhora on-line.
Ainda deve-se observar que a penhora de saldo de depósito bancário
ficará sempre adstrita ao valor total da execução (obrigação, honorários e etc.).Cuida-se lembrar que se o depósito bancário for alimentado por pensão, salários,
honorários e demais verbas arroladas no artigo 649, IV do Código de Processo Civil,
este será impenhorável, cabendo o ônus da prova ao executado.
Também o artigo em estudo, trouxe a possibilidade expressa de
penhorabilidade do faturamento da empresa, desde que se preencham os seguintes
requisitos 286:
a) inexistência de outros bens penhoráveis, ou se existirem, sejam
eles de difícil execução ou insuficientes a saldar o crédito
exeqüendo; b) nomeação do depositário administrador com função
de estabelecer esquema de pagamento [...]; c) o percentual fixado
sobre o faturamento não pode inviabilizar o exercício da atividade. 287
283
Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicaçãoem instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves;VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metaispreciosos; IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; X - títulos e valoresmobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos.
284 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 69.
285 Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento doexeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informaçõessobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. 1o As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor indicado naexecução. § 2o Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente referem-se à hipótese doinciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão revestidas de outra forma de impenhorabilidade. § 3 o Na penhora depercentual do faturamento da empresa executada, será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação
judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exeqüente as
quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida.286 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 76-81.
287 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 79.
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O legislador optou, conforme o art. 656,288 há não trata mais da ineficácia
da penhora, mas sim de sua substituição, que pode ser exercida por qualquer das
partes, permitindo posterior contraditório (art. 657289).290
Por fim, sobre o instituto da penhora têm-se as alterações dadas ao art.
666. 291 Consoante ao novo regramento, ao contrário do preceito anterior, atribui-se a
posse do bem penhorado a guarda de outrem. Exceção se dará com a expressa
anuência do exeqüente ou nos casos de difícil remoção. O depósito se torna em
posse, um verdadeiro uso-fruto. Trata-se de um ônus a mais para o executado.292
26 Da Avaliação
Com as alterações difundidas aos arts. 680293 e 683, 294 a avaliação dos
bens, salvo falta de conhecimento especializado ou quando o próprio devedor
houver atribuído valor aos bens indicados para substituir os originalmente
288 Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: I - se não obedecer à ordem legal; II - se não incidir sobre osbens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento; III - se, havendo bens no foro da execução, outroshouverem sido penhorados; IV - se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto degravame; V - se incidir sobre bens de baixa liquidez; VI - se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou VII - se odevedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo únicodo art. 668 desta Lei. § 1o É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os benssujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se dequalquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 14, parágrafo único). § 2o A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30%(trinta por cento). § 3o O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a expressaanuência do cônjuge.
289 Art. 657. Ouvida em 3 (três) dias a parte contrária, se os bens inicialmente penhorados (art. 652) forem substituídos por outros, lavrar-se-á o respectivo termo. Parágrafo único. O juiz decidirá de plano quaisquer questões suscitadas.
290 ALVIM, 2007, p. 102-110.
291 Art. 666. Os bens penhorados serão preferencialmente depositados: I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal,ou em um banco, de que o Estado-Membro da União possua mais de metade do capital social integralizado; ou, em falta detais estabelecimentos de crédito, ou agências suas no lugar, em qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, asquantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito; II - em poder do depositário judicial,os móveis e os imóveis urbanos; III - em mãos de depositário particular, os demais bens. § 1 o Com a expressa anuência doexeqüente ou nos casos de difícil remoção, os bens poderão ser depositados em poder do executado. § 2 o As jóias, pedrase objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate. § 3o A prisão de depositário judicialinfiel será decretada no próprio processo, independentemente de ação de depósito.
292 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 94.
293 Art. 680. A avaliação será feita pelo oficial de justiça (art. 652), ressalvada a aceitação do valor estimado pelo executado (art.668, parágrafo único, inciso V); caso sejam necessários conhecimentos especializados, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe
prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo.
294 Art. 683. É admitida nova avaliação quando: I - qualquer das partes argüir, fundamentadamente, a ocorrência de erro naavaliação ou dolo do avaliador; II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor dobem; ou III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668, parágrafo único, inciso V).
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penhorados, será realizada no ato da citação, pelo oficial de justiça. A repetição da
avaliação será em casos excepcionais, expressos no art. 683. 295
27 Do Pagamento ao Credor
Quando se preleciona sobre pagamento ao credor, o primeiro ponto que
deve-se tratar com a reforma processual é o instituto da adjudicação (art. 685-A).296
Fugindo do formalismo e onerosidade da hasta pública, o legislador deu preferência
à adjudicação. Qualquer que seja a natureza do bem, é possível a adjudicação
desde haja requerimento do credor e o preço oferecido não seja inferior ao da
avaliação. O exeqüente fica dispensado de exibir o preço, desde que o valor do bem
seja igual ou inferior ao crédito, e não haja concorrência com outros pretendentes
com preferência legal. Cabe, se o preço for maior, o depósito da diferença, que
poderá ser levantado pelo executado.Nos casos de concurso de credores (com penhora anterior e preferência
legal), o adjudicatário depositará o total do valor do bem, ficando com as sobras
após a satisfação dos credores preferenciais. 297
A adjudicação, com a nova redação, poderá “ser requerida pelo próprio
exeqüente, pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam
penhorado o mesmo bem, e, ainda pelo cônjuge, descendentes ou ascendentes do
executado” 298. Havendo mais de um pretendente se processará a adjudicação por
295 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 105-112.
296 Art. 685-A. É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os benspenhorados. § 1o Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficandoesta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente. § 2 o Idêntico direito podeser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge,pelos descendentes ou ascendentes do executado. § 3o Havendo mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles àlicitação; em igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. § 4 o No caso de
penhora de quota, procedida por exeqüente alheio à sociedade, esta será intimada, assegurando preferência aos sócios.297 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 116-123.
298 ALVIM, 2007, p. 143.
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meio licitatório, no qual a igualdade de ofertas, permitirá a preferência do cônjuge,
descendente e ascendente (nesta ordem). 299
O aperfeiçoamento da adjudicação se dará com a “lavratura e assinatura
do auto pelo juiz, pelo adjudicante (rectius, adjudicatário), pelo escrivão e, se estiver
presente, pelo executado, expedindo-se carta, se bem imóvel, ou mandado de
entrega ao adjudicante, se bem imóvel”.300
Referente ao instituto da alienação por iniciativa particular (art. 685-C), 301
quando não ocorrer a adjudicação, esta poderá ser processada a alienação por
iniciativa particular. Esta cabe para qualquer tipo de bem penhorado. Quem assumi
a tarefa de promover a alienação é o credor (pessoalmente ou por corretor profissional), ficando a cargo do magistrado aprovar os termos propostos, definindo:
prazo para efetivação, a publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamento,
as garantias e se for o caso a comissão de corretagem.302
Outra inovação trazida é a possibilidade de hasta pública pela internet
(art. 689-A).303 Trata-se do emprego do meio virtual para realizar a alienação judicial
de bens penhorados, ao qual deverá ser regulamentado no âmbito dos Tribunais. 304
299 ALVIM, 2007, p. 143-144.
300 ALVIM, 2007, p. 146.
301 Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por suaprópria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. § 1o O juiz fixará o prazo em quea alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e asgarantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem. § 2o A alienação será formalizada por termo nos autos,assinado pelo juiz, pelo exeqüente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação doimóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente. § 3 o Os Tribunais poderãoexpedir provimentos detalhando o procedimento da alienação prevista neste artigo, inclusive com o concurso de meioseletrônicos, e dispondo sobre o credenciamento dos corretores, os quais deverão estar em exercício profissional por nãomenos de 5 (cinco) anos.
302 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 126-127.
303 Art. 689-A. O procedimento previsto nos arts. 686 a 689 poderá ser substituído, a requerimento do exeqüente, por alienação realizada por meio da rede mundial de computadores, com uso de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por entidades públicas ou privadas em convênio com eles firmado. Parágrafo único. O Conselho da Justiça Federal e os
Tribunais de Justiça, no âmbito das suas respectivas competências, regulamentarão esta modalidade de alienação,atendendo aos requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com observância das regras estabelecidas nalegislação sobre certificação digital.
304 ALVIM, 2007, p. 159.
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Por fim, enfatiza-se a nova redação do art. 694 305, dispondo que os
embargos do executado pendentes, não impedem que a arrematação se aperfeiçoe,
tornando-se irretratável. “Nem mesmo a sentença de procedência dos embargos,
proferida ulteriormente à arrematação, comprometerá, por si só, a eficácia da
alienação judicial”. Neste caso se resolverá em perdas e danos. A arrematação só
perderá seus efeitos nas hipóteses elencadas pelo §1º do art. 694.306
28 Dos Embargos do Devedor
Na conformidade da redação dada aos arts. 736307
, 738308
e 739;309
tem-sedisciplinado o regramento dos embargos do devedor.
Embargos do devedor, nada mais é do que uma ação incidental, que
iniciará seu prazo processual de quinze dias, com a citação do devedor. Os
embargos devem ser propostos por meio de petição inicial, satisfazendo as
exigências do art. 282 e 283 do Código de Processo Civil, formando seus próprios
autos. Mesmo havendo litisconsórcio passivo, o prazo observado é uno.
Nas execuções por carta precatória, a citação do executado será
imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por
meios eletrônicos, contando-se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos
de tal comunicação.
305 Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado. § 1o Aarrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: I - por vício de nulidade; II - se não for pago o preço ou se não for
prestada a caução;III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência de ônus real ou de gravame(art. 686, inciso V) não mencionado no edital; IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação(art. 746, §§ 1o e 2o); V - quando realizada por preço vil (art. 692); VI - nos casos previstos neste Código (art. 698). § 2 o Nocaso de procedência dos embargos, o executado terá direito a haver do exeqüente o valor por este recebido como produtoda arrematação; caso inferior ao valor do bem, haverá do exeqüente também a diferença.
306 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 146-155.
307 Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por meio deembargos. Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado, einstruídos com cópias (art. 544, § 1o, in fine) das peças processuais relevantes.
308 Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandadode citação.§ 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntadado respectivo mandado citatório, salvo tratando-se de cônjuges. § 2o Nas execuções por carta precatória, a citação doexecutado será imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por meios eletrônicos,
contando-se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos de tal comunicação. § 3o Aos embargos do executado nãose aplica o disposto no art. 191 desta Lei.
309 Art. 739. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: I - quando intempestivos; II - quando inepta a petição (art. 295); ou III -quando manifestamente protelatórios.
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Quanto a rejeição liminar dos embargos, este ocorrerá nas hipóteses do
artigo 739, que acresceu ao seu rol a possibilidade de rejeição, quando estes serem
manifestamente protelatórios. 310
Tratando-se dos efeitos dos embargos sobre a execução (art. 739-A), 311
estes não são suspensivos em regra. O efeito suspensivo somente se constituirá na
exceção, desde presentes cumulativamente os requisitos: relevância dos embargos,
periculum in mora e segurança do juízo.
Na arrematação por terceiros, como já comentado, os embargos não
trarão efeitos ao arrematante (mesmo sendo estes provisórios e com julgamento
posterior de sua procedente).Assim, a diferença prática entre a execução provisória e a definitiva está
na exigência de caução para que, na primeira, se promova a arrematação. Não
garante o retorno do bem, mas a reparação em perdas e danos. Mas se os bens
foram adjudicados pelo exeqüente, e encontrarem no seu poder, poderá reavê-los,
em vez de se contentar com perdas e danos.312
29 Do Pagamento do Crédito em Prestações
310 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 171-192.
311 Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. § 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante,atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execuçãomanifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já estejagarantida por penhora, depósito ou caução suficientes.§ 2o A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, arequerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando ascircunstâncias que a motivaram. § 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte doobjeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. § 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargosoferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivofundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. § 5o Quando o excesso de execução for fundamento dos
embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo,sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. § 6 o A concessão de efeitosuspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens.
312 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 192-197.
70
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O novo artigo art. 745-A313 institui uma espécie de moratória legal, por
meio do qual se pode obter o parcelamento da dívida. O parcelamento é um
incidente típico da execução por quantia certa fundada em título extrajudicial, que se
apresenta como uma alternativa aos embargos do executado314. Segundo Theodoro
Júnior:
A medida tem o propósito de facilitar a satisfação do crédito ajuizado,
com vantagens tanto para o executado como para o exeqüente. O
devedor se beneficia com o prazo de espera e com o afastamento
dos riscos e custos da expropriação executiva; e o credor, por sua
vez, recebe uma parcela do crédito, desde logo, e fica livre dos
percalços dos embargos do executado. De mais a mais, a espera épequena – apenas seis meses no máximo -, um prazo que não seria
suficiente para solucionar os eventuais embargos do executado e
chegar, normalmente, à expropriação dos bens penhorados e à
efetiva satisfação do crédito ajuizado.315
O deferimento do parcelamento reclama a observância dos seguintes
requisitos: a) sujeição ao prazo fixado para embargos; b) requerimento do
executado; c) reconhecimento do crédito do exeqüente; d) depósito em juízo de
trinta por cento do valor em execução, e e) pagamento do saldo em parcelas
mensais até no máximo seis meses.316
O descumprimento do parcelamento, provocará o vencimento antecipado,
de pleno direito, de todas as parcelas subseqüentes, com restabelecimento imediato
dos atos executivos. Também o executado sofrerá multa de dez por cento sobre o
valor das prestações não pagas, não tendo como embargar a execução pelo mérito,
tendo visto já ter reconhecido a dívida. 317
313 Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. § 1 o Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; casoindeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito.§ 2o O não pagamento de qualquer das prestaçõesimplicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atosexecutivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada aoposição de embargos.
314 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 216-217.
315
THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 216.316 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 217-218.
317 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 220.
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11 Da Reforma e da Efetividade e a Celeridade Processual
Propulsionada pelos lamentos sociais, enraizada na estrutura
constitucional, a celeridade e a efetividade do processo tornaram-se os princípios
determinantes da nova reforma processual civil.
Buscou o legislador ordinário, um desenvolvimento processual de tal
forma que consubstanciasse o mandamento constitucional imposto na Emenda 45,
abarcando formas e aprimoramentos dos atos processuais, aparados na máxima
dos Princípios Constitucionais da Efetividade e Celeridade.
A realidade da sociedade brasileira não é mais há de décadas passadas,onde o sistema jurídico permitia um rigorismo, imprescindível para solidificar e
resguardar direitos.
Ao passo da evolução, o mundo que cerca o judiciário se transformou, as
necessidades efetivas individuais e transindividuais sofreram evidentes
metamorfoses. Ao esquivo da tradição o Estado inerte não sustenta a eclosão dos
anseios sociais. Reformas são e devem ser sempre necessárias, na busca da
satisfação e manutenção do pacto social.
Não trata-se somente de mudanças formais, decodificando e
recodificando normas. Mas a necessidade cumulativa de medidas estruturais
materiais, no suporte físico do judiciário. Somente a Lei escrita, não vai por si só,
eliminar a avalanche de processos empoeirados nas caixas e prateleiras.
Razoável é adentrar num processo de reforma contínua, física do
judiciário, consoante a reforma dos procedimentos, de forma a resgatar o sentimento
de uma sociedade justa ao cidadão. Preceitua Barbosa Moreira:
O trabalho empreendido por espíritos agudíssimos levou a requintes
de refinamento a técnica do direito processual e executou sobre
fundações sólidas projetos arquitetônicos de impressionante
majestade. Nem sempre conjurou, todavia, o risco inerente a todo
labor do gênero, o deixar-se aprisionar na teia das abstrações e
perder contacto com a realidade cotidiana [...] Sente-se, porém, a
necessidade de aplicar com maior eficácia à modelagem do real às
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ferramentas pacientemente temperadas e polidas pelo engenho dos
estudiosos. 318
Completa Ada Pellegrine:
Dentro da linha de transformação do processo abstrato para o
concreto, buscando a efetividade e a instrumentalidade do processo,
empenhando no esforço rumo à universalização da jurisdição e ao
acesso à ordem jurídica justa e levando em conta as transformações
sociais, o processualista brasileiro contemporâneo inicia o trabalho
de revisitação dos institutos processuais clássicos, para adaptá-los à
nova realidade [...] Nesse trabalho de reestruturação do processo,
necessário para adequá-lo aos escopos sociais e políticos da jurisdição, muitos dos esquemas processuais clássicos tiveram que
ser revisitados, com o objetivo de adaptá-los à realidade sócio-
política da sociedade contemporânea.319
Da mesma forma, Flávio Luiz Yarshell traz os seguintes argumentos:
Já faz algum tempo que a doutrina processual civil, preocupada com
a efetividade do processo e da jurisdição, tem dirigido críticas
severas ao modelo brasileiro de tutela executiva dos direitos. De ummodo geral, as críticas se voltam contra o próprio processo de
execução, cuja autonomia, assentada no binômio
condenação/execução, não é – para alguns talvez nunca tenha sido
– apta a atingir, de forma adequada, os escopos da atividade
jurisdicional, nessa seara. Fala-se, dessa forma, em rever ou, mesmo
desestruturar o processo de execução. Fala-se também em acabar
com a supramencionada autonomia do processo de execução para
se adotar, pura e simplesmente, uma fase executiva; fala-se, dessa
forma, na adoção generalizada das chamadas tutelas "executiva lato
sensu " e "mandamental".320
Nesse sentido, o legislador infraconstitucional, legiferou em busca de um
processo mais útil, célere e eficiente ao jurisdicionado, já que a sistemática até então
318 TEIXEIRA, Salvio de Figueiredo. A reforma da legislação processual no contexto de uma nova justiça.STJ. Disponível em:<http://bdjur.stj.gov.br/ dspace/bitstream/2011/431/1/A_Reforma_da_+Legisla%C3%A7%C3%A3o_Processual.pdf .>. Acessoem: 08 de setembro de 2007. apud MOREIRA, Barbosa, Revista de Processo 31/199.
319 ROESLER, Átila Da Rold. O princípio do sincretismo e a execução civil . Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1385, 17 abr.2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9746>. Acesso em: Acesso em 06 de setembro de 2007.apud GRINOVER, Ada Pellegrine, 1998, p.14-15.
320 ROESLER, 2007. apud YARSHELL, Flávio Luiz. 2001, p. 381.
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demonstrava-se inadequada aos dias atuais. Dentre as atuais alterações
processuais, deve-se destacar:
• A mudança no conceito de sentença, acabando com a noção de
ruptura entre processos cognitivos e executivos, determinando que
esta não extingui mais o processo com julgamento do mérito, mas
sim somente a sua resolução;
• A liquidação de sentença, passou a ser um procedimento posterior
a cognição, sendo sua decisão recorrível mediante Agravo de
Instrumento e não mais por Apelação.
• A criação do novo capítulo designado Cumprimento de Sentença,
composto pelos artigos 475-I a 475-R, o regramento para a
execução de sentença de quantia, consubstancia-se no ponto onde
haverá as mais significativas mudanças no plano social, no mundo
dos fatos.
• A eliminação dos Embargos do Devedor (processo sincrético),
substituídos pela Impugnação, torna a execução mais célere em
comparação com a execução autônoma. A Impugnação poderá
somente tratar sobre excesso de execução; falta ou nulidade da
citação, se o processo correu à revelia; penhora incorreta ou
avaliação errônea; inexigibilidade do título ilegitimidade das partes
e qualquer causa modificativa, impeditiva ou extintiva da obrigação,
como transação, pagamento, compensação, novação, ou
prescrição, desde que superveniente à sentença;
• O Agravo de instrumento em regra não tem efeito suspensivo,
exceto quando verificar-se a presença do fumus boni iuris e do
periculum in mora. Mesmo atribuído o efeito suspensivo ao agravo,
nada impede a continuação da execução, desde que preste
caução;
• A fusão das duas fases (processo sincrético de títulos judiciais)
afastando a nova citação;
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• O exeqüente tem possibilidade de alterar a competência para
executar a sentença, seguindo a optar pelo juízo do local dos bens
ou pelo atual domicílio do executado;
• Possibilidade do oficial de justiça realizar as avaliações dos bens
penhorados e penhora poder ser procedida no ato citatório;
• Tanto para títulos executivos judiciais e extrajudiciais, a regra geral
é ser a execução definitiva;
• A sujeição dos bens dos sucessores a título singular, desde que o
título executivo esteja fundado em obrigação reipersecutória ou
direito real;
• A aplicação de multa severas quando o executado de qualquer
forma tentar frustrar a execução;
• Constrição de bens sujeitos à registro público a pedido do
exeqüente logo na distribuição da execução;
• Simplificação nas obrigações de fazer e não fazer quando há
recusa do seu cumprimento pelo executado;
• Alteração na lista dos bens impenhoráveis, consoante ao depósito
de caderneta de poupança e móveis que guarnecem uma
residência;
• A alteração na ordem legal dos bens penhoráveis;
• A instituição do regramento da penhora on line;
• Modificações no instituto da penhora, deixando claro que os bens
penhorados podem ser oferecidos em outra execução, caso
inexistam outros livres e que a baixa liquidez é motivo para a
substituição da penhora. Também permitiu que a substituição da
penhora possa ser requerida exclusivamente pelo executado,
quando demonstrado que não trará prejuízos;
• A simplificação das formas de expropriação, dando preferência
pela adjudicação. Também foi contemplada a simplificação para
realização da hasta pública;
75
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• A substituição do anterior usufruto executivo de imóveis ou
empresas, pela figura do usufruto de bem móvel e imóvel;
•
A imposição de ser como regra geral, os Embargos do Devedor serem recebidos sem o efeito suspensivo.
Todas as alterações, adstritas aos procedimentos executórios, virtuaram-
se na busca incessante de permitir eficientemente o acesso a justiça, enraizando-se
ao fim, no princípio maior da dignidade da pessoa humana.
Destaca-se que não apenas a celeridade e a efetividade da jurisdição
estão a embasar as modificações em nosso sistema processual. Assim também, o
princípio da instrumentalidade das formas, o princípio constitucional que consagrou
o acesso à justiça e o princípio da economia processual. O processo civil orienta-se
por uma gama de princípios que busca os valores e desejos do cidadão, permitindo-
lhe uma vida digna.
O escopo das recentes reformas, é proporcionar uma racionalização e
simplificação, permitindo de modo mais eficaz o acesso a uma ordem jurídica justa.
A execução na ótica anterior a reforma, proporcionava um verdadeiro
meio de protelar a manutenção da tutela, enclausurando o devedor dentro de uma
fortaleza bem armada, sustentando uma moeda de proteção da injustiça.
As tentativas de melhorar a performance, apesar de nem todas as
alterações trazerem efeitos que merecem elogios, não devem ser recebidas com
temor, mas sim com louvável manifesto, preceituando que o maior mau seria a
inércia.
Dentre os pontos controversos na reforma processual elucida a juíza
Quitéria Péres:
Isso considerado, ao volver o olhar para a reforma processual em
foco, percebe-se que inúmeras controvérsias decorrem do texto legal
então reformulado [...] por exemplo, se a multa prevista no art. 475-J
depende ou não de prévia intimação pessoal do devedor, se o
exeqüente deverá observar a ordem legal dos bens penhoráveis aopromover a indicação (art. 655), se caberá ou não agravo de
instrumento (nas hipóteses abordadas no art. 322), se admitir-se-á
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recurso (ou remédio jurídico, em sentido lato) da decisão que,
lesando algum direito, indefere o efeito suspensivo ao agravo, entre
tantas outras questões. 321
Não se devem comportar as lamúrias, mas sim a efetividade. A busca
incessante de doutrinadores em corromper a aplicação das normas, sob o
fundamento da quebra dos institutos básicos processuais necessitam ser afastadas.
Esta demonstração eloqüente deve ser vista com equilíbrio, consubstanciando as
críticas em oportunidades de melhorias. O norte nesta controvérsia a ser observado
pelos operadores do direito, para a melhor aplicação das normas, está no emprego
dos Princípios Constitucionais, enfocando o emprego da razoabilidade, e ainda,
nunca se esquecendo, de sua responsabilidade perante a sociedade.
Por fim, deve-se sempre considerar que o processo ideal é aquele que
atenda aos jurisdicionados, proporcionando-lhes efetivamente o bem da vida,
devendo ser bem recebida a alterações processuais impostas, apesar de longe
ainda do ideal, trouxeram maior celeridade e efetividade aos procedimentos estatais.
321 PÉRES, Quitéria Tamanini Vieira. Reflexos Sobre a Recente Reforma Processual: Delineamentos e Perspectivas, Revistada ESMESC, Florianópolis, v. 13, n. 19, p. 79-113, 2006, p. 111.
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30 CONCLUSÃO
A energia gerada pelos embates das interações humanas no convívio
entre os entes que compõe a sociedade moderna, tornam imprescindível o uso de
válvulas de descompressão. De plano sabe-se que o único legitimado, a dirimir esta
tortuosa energia, preste a consumir a paz social é o Estado. Mas é fato notório que a
tutela pacificadora dos embates sociais não é prestada de forma a satisfazer os
anseios do jurisdicionado.
Tão relutante é esse tema, que o Legislador Constitucional, incorporou a
Carta Maior mandamento expresso obrigando a uma estruturação dos
procedimentos, em face da satisfação da efetividade da tutela jurisdicional.
Assim o legislador ordinário, buscando atender a determinação
constitucional imposta pela emenda 45 de 08 de dezembro de 2004 (art. 5º inciso
LXXVIII) e os anseios sociais, promoveu diversas modificações no diploma
processual civil, objetivando a maior celeridade e efetividade da prestação judicial,
destoando o mandamento de que a todos, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.O direito material está intimamente ligado ao processo. Sem este não se
concretiza a tutela requerida, e por conseqüência não se tem a efetividade. O
processo não pode servir para, somente, reconhecer os direitos, deve implementá-
los ou realizá-los. A efetividade é um dos princípios mais importantes, uma vez que
é o responsável por concretizar todos os direitos.
Assim falar em direito fundamental a execução é a mesma coisa que falar
direito fundamental a efetividade.
Mas o que é execução? Como tratá-la? Este ponto foi precisamente
abordado e tratado no primeiro capítulo deste trabalho onde, de forma concisa,
trouxe à luz conceitos gerais para ordenar o entendimento da matéria.
Além da conceituação da estrutura geral do processo executivo, verificou-
se quais são os pressupostos para formação da execução e sua subdivisão
necessária para iniciar os atos procedimentais.
78
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Após esta noção geral, necessário se tornou trazer a estrutura
procedimental, ao qual, foi arrazoada dentro de suas peculiaridades no segundo
capítulo.
Assim, no segundo capítulo, claramente verifica-se que dois são os meios
executivos. O primeiro autônomo, baseado em títulos extrajudiciais, que por força da
Lei, mitigam o procedimento cognitivo, dando força aparente de clareza na
obrigação do devedor em satisfazer o credor, frente ao negócio jurídico perpetrado.
Já em outro pólo encontra os títulos judiciais, nos quais, quando
necessitam de sua forçosa execução, motivam ao complemento de mais uma fase
procedimental (processo sincrético), sendo esta iniciada com ou sem a liquidação.Nesta nova fase não se discute o direito, mais tão somente estratégias defensivas
de caráter absoluto, problemas procedimentais não precluídos e ou fatos
supervenientes que afetem a obrigação.
Ao estudar os aludidos procedimentos, verificou-se severas modificações.
Estas modificações, geraram novas fórmulas de tamanha abragência, que,
necessário foi trazer no terceiro capítulo, suas particularidades.
Modificações estas, já realçadas, tais como a unificação do processo
cognitivo e executório para sentenças judiciais, as inovações nos regimes de
expropriação, a alteração da regra dos efeitos suspensivos para os embargos nos
títulos extrajudiciais e dentre muitos outros já comentados, nos quais, se virtuaram
na busca incessante de permitir eficientemente o acesso a justiça, enraizando-se ao
fim, no princípio maior da dignidade da pessoa humana.
Ainda, no terceiro capítulo, observa-se que a reforma implementada não
deve ser concebida tão-somente sob o prisma da alteração realizada na esfera
legislativa, mas sim, como uma oportunidade de profunda transformação ideológica
e cultural.
A nova visão do sistema processual, deve-se alicerçar na esfera
principiológica que coroe de pleno êxito a tarefa de prestar a tutela jurisdicional.
Problemas sempre advindos poderão ser sustados pela via legislativa e
orçamentária, quando houver boa vontade de todos que direta e indiretamente
participam deste mecanismo.
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A velha e desgastada sistemática processual, em muito já foi útil. Outrora
são outros os tempos. Necessidades afloram dia a dia. O grande número de
demandas litigiosas, não permite avocação de excesso de formalismo. Neste novo
tempo, solidifica-se a necessidade da persecução da instrumentalidade das formas,
adstrita a promover sempre o maior aproveitamento dos atos.
Não se quer aqui desmontar os institutos fundamentais processuais,
deusificando a massificante apuração célere. Lembra-se que deve-se conferir a
tutela também a efetividade. A efetividade em si da prestação jurisdicional, mantém
um vinculo íntimo com a tempestividade e a adequação da decisão, pois sem estas,
estar-se-ia afastando-se do ideal de justiça.
O processo deve ser compreendido como um instrumento capaz de dar
às situações de fato, a tutela aos carentes desta. Não se deve conformar-se com a
incapacidade do processo em atender ao direito material, pois isso seria o mesmo
que negar valor ao direito fundamental à tutela jurisdicional.
Num olhar funcional as reformas processuais em foco, percebe-se que
inúmeras controvérsias surgirão no decorrer da prática forense. Prescreve-se ao
interprete do direito em assumir o fundamento Constitucional norteador dasreformas, e adotar posturas que atendam a vontade do legislador. Supostos
entraves devem ser resolvidos, da forma que sempre deveriam ser resolvidos,
aplicando-se a razoabilidade.
Por fim, concluindo o estudo proposto, diante deste quadro, as
modificações impostas, importam em significativo ganho a celeridade e a efetividade
da prestação da tutela judicial, mas como claramente ficou evidenciado, necessárias
são novas reformas, na busca de um processo ideal.
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