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Título: A Efetividade e a Celeridade Processual Frente à Reforma Legislativa do Procedimento Executório de Títulos Judiciais e Extrajudiciais no Direito Processual Civil Brasileiro. Trabalho Técnico para a ESMESC Florianópolis (SC), 10 de outubro de 2007.  _____________ __ 

Efetividade e Execução

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Título: A Efetividade e a Celeridade Processual Frente à Reforma Legislativa doProcedimento Executório de Títulos Judiciais e Extrajudiciais no Direito ProcessualCivil Brasileiro.

Trabalho Técnico para a ESMESC

Florianópolis (SC), 10 de outubro de 2007.

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RESUMO

Com a emenda constitucional número 45 de 08 de dezembro de 2004,

novas diretrizes são anunciadas para nortear o legislador infraconstitucional, na

reforma do diploma processual civil. Conforme arrazoado, tais diretrizes

comandaram as ultimas reformas no diploma processual civil, com a promulgação

das leis 11.232 de 22 de dezembro de 2005 e 11.382 de 06 de dezembro de 2006,

que versam sobre processo de execução baseado em título judicial e extrajudicial.

Alusivas e relevantes foram às modificações, que repercutiram de modo significativo

em prol da consecução da almejada efetividade processual, seja na fase decumprimento da sentença, seja na demanda executória. Toda a execução baseava-

se no título judicial ou extrajudicial, que detinha iguais qualidades. Com a lei

11.232/05, houve uma alteração neste quadro. Passou a ser executados os títulos

executivos judiciais nos próprios autos em que se originaram o processo,

dispensando nova citação. O título executivo extrajudicial não necessita da

resolução judicial que reconheça o dever de prestar do vencido. Pelo fato deste

título não ter sido formado com um processo de conhecimento, o grau de eficáciadeste, diminui consideravelmente na medida em que se amplia a matéria de defesa

permitida ao devedor através de embargos, prevista no art. 745 do CPC. O que se

espera com as alterações é a celeridade do processo, mas não se pode olvidar que

existem garantias fundamentais de um processo justo. O que se espera é que a

nova lei, com tão pouco tempo de vigência, seja instrumento eficaz no alcance da

  justiça e que seja interpretada de forma a não ferir garantias processuais já

conquistadas.

Palavras-chave: Celeridade; Efetividade; Cumprimento da sentença, Títulos

extrajudiciais; Reforma Processual.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................5

2 NOÇÕES GERAIS.................................................................................................7

1 Da Emenda Constitucional Número 45: Da Razoável Duração do Processo. 

Do Princípio da Celeridade. Do Princípio da Efetividade ....................................... 7

2 Da Execução – Considerações Iniciais ............................................................15

3 Da Execução – Conceito e Efetivação ............................................................17

4 Condições e Pressupostos para a Execução ................................................ 20

3 Título Executivo..................................................................................................21

4 Inadimplemento..................................................................................................25

5 DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO....................................................................27

5 Da Liquidação da Sentença .............................................................................. 27

6 Liquidação por Artigos......................................................................................30

7 Liquidação por Arbitramento............................................................................31

8 Da Liquidação por Simples Cálculo e Do Resultado Igual a Zero................31

6 Suspensão e Extinção da Execução ................................................................32

7 Dos Procedimentos Executivos (Panorama Geral): .......................................34

9 Do Processo Executivo.....................................................................................34

10 Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente..............................35

11 Execução das Obrigações de Fazer e de Não Fazer....................................38

12 Execução de Obrigação de Fazer...................................................................38

13 Execução de Obrigação de Não Fazer...........................................................40

14 Execução para Entrega de Coisa Contra Devedor Solvente.......................41

15 Do Cumprimento da Sentença........................................................................42

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8 Da Defesa do Executado ................................................................................... 44

16 DA REFORMA PROCESSUAL CIVIL.............................................................48

9 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Judiciais ....................................48

17 Dos Atos do Juiz..............................................................................................49

18 Da Liquidação da Sentença............................................................................50

19 Do Cumprimento da Sentença........................................................................52

10 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Extrajudiciais ..........................58

20 Da Parte Geral – Livro I....................................................................................58

21 Execução em Geral..........................................................................................59

22 Das Diversas Espécies de Execução.............................................................61

23 Da Inovação na Execução da Obrigação de Fazer.......................................62

24 Da Inovação na Execução da Obrigação por Quantia Certa.......................62

25 Da Inovação no Regime da Penhora..............................................................64

26 Da Avaliação.....................................................................................................6627 Do Pagamento ao Credor................................................................................67

28 Dos Embargos do Devedor.............................................................................69

29 Do Pagamento do Crédito em Prestações....................................................70

11 Da Reforma e da Efetividade e a Celeridade Processual............................72

30 CONCLUSÃO....................................................................................................78

REFERÊNCIAS......................................................................................................81

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1 INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto tratar a reforma dos

procedimentos executórios de títulos judiciais e extrajudiciais, frente à necessidade

de uma prestação jurisdicional mais efetividade e célere.

O seu objetivo é analisar as alterações impostas pelas leis 11.232 de 22

de dezembro de 2005 e 11.382 de 06 de dezembro de 2006, identificando os seus

pressupostos e, por conseguinte, as suas conseqüências, procedendo, para este

fim, um estudo legal, doutrinário e jurisprudencial.

Para tanto, principia–se, no primeiro Capítulo, a abordagem dafundamentação Constitucional que motiva o legislador infraconstitucional a delinear 

os parâmetros da reforma do processo executivo, como também, traça-se linhas

conceituais gerais sobre execuções judiciais civis.

No segundo Capítulo, trata-se de apresentar de forma concisa e didática

a nova sistemática procedimental para a execução de sentenças e títulos

extrajudiciais.

No terceiro Capítulo, abordaram-se substancialmente os pontos alterados

com as novas leis processuais, trazendo no final considerações sobre a necessidade

da real aplicação da vontade do legislador, norteado fundamentalmente na busca da

maior efetividade e celeridade processual.

As modificações trazidas com as leis 11.232/05 e 11.382/06 importaram

na maior celeridade para a prestação judicial em alguns pontos, mas devido às

lacunas deixadas e incongruências, importam em severos problemas, intricando a

devida prestação, e em muitos casos não trazendo os efeitos pretendidos.

Alterações que dão margem à razoável controvérsia, sejam porque abordam nova

concepção, sejam porque não atingiram sua finalidade ou ainda sejam porque

aparentam destoar das demais regras vigentes ou conceitos já consolidados, não

devem ser recebidas com vaias, mas tão somente com críticas construtivas que

permitam ainda mais o seu aprimoramento.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações

Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da

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estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a efetividade e a

celeridade processual, e como interpretar os novos dispositivos reformados.

Quanto à Metodologia empregada foi utilizado o Método Indutivo, na fase

de investigação. Na fase de tratamento dos dados utilizou-se o Método Cartesiano,

e, na análise dos resultados e no relatório foram empregados a base indutiva. Nas

diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas, do Referente, da

Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica, consubstanciando

numa base lógica e dinâmica, ponderadamente científica.

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2 NOÇÕES GERAIS

O presente capítulo tem por objetivo a abordagem da fundamentação

Constitucional que motiva o legislador infraconstitucional a delinear os parâmetros

da reforma do processo executivo, como também, traçar linhas conceituais gerais

sobre execuções judiciais civis.

Para iniciar este estudo traçar-se-á a fundamentação constitucional que

motiva as grandes reformas processuais.

1 Da Emenda Constitucional Número 45: Da Razoável Duração do Processo.

Do Princípio da Celeridade. Do Princípio da Efetividade

O processo civil brasileiro vem sofrendo uma progressiva

constitucionalização. Com efeito, a Carta Constitucional de 1988, elevou ao patamar 

constitucional, preceitos e princípios processuais, que somente eram tratados nos

textos legais complementares e ordinários. 1

A insatisfação da sociedade com o desempenho do poder judiciário 2, 

principalmente quanto à prestação da tutela jurisdicional, tem promovido uma série

de reformas no Código de Processo Civil (Lei 5.869 de 11 de janeiro de 1973) 3. Não

distante ao tema, o Poder Constituinte Reformador, promulgou em 08 de dezembro

de 2004, a Emenda Constitucional de número 45. 4

1 MOREIRA, José Carlos Barbosa. A Emenda Constitucional 45, e o Processo. Revista do Processo, São Paulo, n. 130, p.235, 2005.

2 No relatório a respeito da Justiça brasileira, apresentado pelo relator especial da ONU para a independência do Poder Judiciário destaca seus principais problemas e traz diversas recomendações. [...] Dentre as recomendações feitas, quatromerecem destaque: a) ampliar o acesso ao Poder Judiciário; b) assegurar o direito à prestação jurisdicional efetiva; c)democratizar os órgãos do Poder Judiciário e fortalecer o controle social quanto à composição de seus órgãos de cúpula; ed) encorajar a aplicação dos instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos. Segundo dados oficiais,produzidos pela Fundação IBGE, apenas 30% dos indivíduos envolvidos em disputas procuram a Justiça estatal. Diversossão os fatores a explicar o reduzido percentual, compreendendo desde a descrença na lei e nas instituições, a banalizaçãoda violência, a baixa conscientização da população sobre seus direitos, bem como sobre os canais institucionais disponíveispara a solução de conflitos, como explica Maria Teresa Sadek. (PIOVESAN, Flávia. Por uma Justiça acessível, efetiva edemocrática. Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro. Disponível em: < http : // www. Sindadvogados – rj . com . br/

19042005justica.htm >. Acesso em 04 de setembro de 2006.)3 Por exemplo: As leis 8952/94; 9079/95; 9139/95; 9756/98; 9800/99; 10352/01 e 10444/02.

4 MOREIRA, 2005, p. 236.

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Publicada em 31 de dezembro de 2004, após anos de debate

parlamentar, a Emenda 45, procedeu a substanciais alterações em diversos

dispositivos constitucionais, notadamente ao que se refere ao Poder Judiciário e ao

Ministério Público. 5 

Muito embora conhecida como a Emenda da “Reforma do Poder 

Judiciário” ou como a Emenda da “Reforma da Justiça”, tratou de temas diversos,

apáticos a sua designação. 6

Dentre os temas inovados pela referida Emenda, pode-se imprimir a

seguinte sistematização: 1) alteração de competências; 2) disciplina da magistratura;

3) súmulas vinculantes; 4) férias forenses; 5) distribuição do processo; 6) garantia dodevido processo legal. 7

As alterações impostas pela Emenda 45 têm grande reflexo no sistema

 jurídico pátrio, mas dentre estas anteriormente relacionadas, a que especificamente

desponta ao vértice do estudo proposto neste trabalho, reflete ao item referente à

“garantia do devido processo legal ”.

Atinente ao tema, foi acrescentado no rol dos direitos e garantias

fundamentais constantes do artigo 5º da Constituição Federal, o inciso LXXVIII, com

o seguinte enunciado: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados

a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua

tramitação.” 8

Trata-se do aperfeiçoamento da garantia do devido processo legal,

aproximando-se com o ideal do processo justo. Em termos, nada mais é que

proporcionar à parte da demanda, um resultado compatível com a efetividade e a

presteza.9

5 THEODORO JUNIOR, Humberto. Alguns Reflexos da Emenda Constitucional 45, de 08.12.2004, sobre o Processo Civil,Revista do Processo, São Paulo, n. 124, p. 28, 2005.

6 MOREIRA, 2005, p. 236.

7 THEODORO JUNIOR, 2005, p. 28-37.

8 CÔRTES, Osmar Mendes Paixão e MAGALHÃES, Ana Luiza de Carvalho. O Acesso a Justiça e a Efetividade da PrestaçãoJurisdicional – o inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição Federal inserido pela EC 45/2004, Revista do Processo, SãoPaulo, n. 138, p. 85, 2006.

9 THEODORO JUNIOR, 2005, p. 37.

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O tema não é novidade absoluta no ordenamento constitucional brasileiro,

tanto que conforme elucida Osmar Côrtes e Ana Luiza Magalhães: “A doutrina e a

  jurisprudência estavam interpretando o inciso XXXV 10, do art. 5º, já no sentido de

assegurar uma prestação efetiva e tempestiva.” 11 Como também complementa José

Carlos Barbosa Moreira:

Não se trata de novidade absoluta no ordenamento brasileiro: o art.

8º da Convenção Interamericana de Direitos Humanos, aprovada

pelo Pacto de San José de Costa Rica, de que é signatário o nosso

país, estabelece, na parte inicial, que “toda pessoa tem direito a ser 

ouvida, com as devidas garantias e dentro de prazo razoável, por um

 juiz ou Tribunal competente”.12

Barbosa Moreira entende por estar disposto no Pacto de San José de

Costa Rica, a norma já havia atingido ao nível Constitucional. 13 Mas não é unânime

o entendimento da elevação das normas contidas no Pacto de San José de Costa

Rica, ao nível constitucional. O posicionamento do referido pacto, no ordenamento

 jurídico, é matéria em análise pela atual composição do Supremo Tribunal Federal.

Pode-se citar o recentíssimo Recurso Extraordinário número 466343-1, onde o

Ministro Gilmar Mendes, em voto brilhante, esclarece que o referido diploma

internacional, tem caráter supralegal, ou seja, uma norma jurídica de hierarquia

abaixo da Constituição e acima da legislação infraconstitucional. 14 

Segundo Barbosa Moreira, para não relegar a norma constitucional para o

plano simplesmente programático, sem impacto na realidade, deve trazer de

imediato pelo menos duas conseqüências: 1) será invalida qualquer lei de cuja

aplicação, provoque o detrimento da garantia instituída no texto; 2) a violação da

norma pelo Poder Público, ensejará a responsabilidade destes por danos materiais e

morais ocorridos.15

10 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

11 CÔRTES, 2006, p. 85.

12 MOREIRA, 2005, p. 238.

13 MOREIRA, 2005, p. 238.

14 BRASIL. Superior Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 466343-1, Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado deSão Paulo, Brasília, DF, Disponível em: < www.stf.gov.br >. Acesso em 12 de abril de 2007.

15 MOREIRA, 2005, p. 238.

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O Legislador Constituinte preocupado em não apenas editar uma norma

programática, trouxe junto na Emenda 45, vários outros dispositivos, no sentido de

tornar efetivo o inciso LXXVIII. Dentre estes dispositivos pode-se citar, por exemplo,

o artigo 7º da Emenda, onde determina que cento e oitenta dias após a

promulgação, que seja instalada no Congresso Nacional uma comissão mista

especial para elaborar projetos de lei necessários a regulamentação da matéria

tratada, bem como promover alterações na legislação federal objetivando tornar 

mais amplo o acesso a Justiça e mais célere a prestação jurisdicional. 16 Dentre

outros dispositivos também pode-se citar o artigo 93 incisos II, alínea c 17; XII 18; XIII19; XIV 20; XV 21; artigo 107 § 2º 22 e § 3º 23; artigo 125 § 6º 24 e § 7º 25; artigo 103-A 26,

todos da Constituição Federal 27, que vieram ao ordenamento para tornar mais célere

e acessível a justiça.

Ainda sobre o tema elucida Teresa Arruda Alvim Wambier, Luiz Rodrigues

Wambier, Luiz Manoel Gomes Júnior, Octavio Campos Fischer e William Santos

Ferreira:

16 CÔRTES, 2006, p. 88.

17 Art. 93, II, c. aferição do merecimento conforme desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza noexercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento.

18 Art. 93, XII – a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas de juízos e tribunais de segundo grau,funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.

19 Art. 93, XIII – o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectivapopulação.

20 Art. 93, XIV – os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente semcaráter decisório;

21 Art. 93, XV – a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição.

22 Art. 107, § 2º. Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demaisfunções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos ecomunitários.

23 Art. 107, § 3º. Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, afim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

24 Art. 125, § 6º. Os Tribunais de Justiça poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim deassegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.

25 Art. 125 § 7º. Os Tribunais de Justiça instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções daatividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários.

26 Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terço de seusmembros, após reiteradas decisões sobre a matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir da sua publicação na

imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta eindireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na formaestabelecida em lei.

27 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado, 1988.

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Pode-se dizer que essa emenda, relativamente ao tema tempo e

processo, guarda importância em pelo menos quatro aspectos: a) no

campo constitucional torna expressamente obrigatória a prestação

  jurisdicional em um prazo razoável. Embora essa garantia já

integrasse o ordenamento jurídico, de forma expressa na Convenção

Americana de Direitos Humanos e, de forma derivada, nas garantias

constitucionais da inafastabilidade do Poder Judiciário e do devido

processo legal, a sua inclusão em texto próprio possui significado

político fundamental, pois elimina qualquer discussão que ainda

restasse sobre a sua existência; b) estabelece, pelo menos de forma

indireta, a definição de que prazo razoável é o prazo legal; c)

 juntamente da garantia em si da prestação jurisdicional em um prazo

razoável, trouxe o texto Constitucional também, de forma expressa, a

exigência da existência dos meios que garantam a celeridadeprocessual; e d) traz um conjunto de determinações relativamente à

organização do Poder Judiciário que se adequadamente

implementadas podem auxiliar decisivamente no cumprimento do

mandamento constitucional.28

Desta forma nos termos expostos, o inciso LXXVIII, inserido no art. 5º da

Constituição Federal de 1988, pela emenda constitucional número 45, vem

acompanhado de diversos dispositivos, com a finalidade de tornar mais efetivo o

processo, furtando do caráter programático.29

Verificando o inciso em análise, pode se extrair dois importantes pontos

que merecem ser estudados mais profundamente, sejam estes a “razoável duração

do processo” e a “celeridade processual.” 

A razoável duração do processo, nas palavras de Silvio Luís Ferreira da

Rocha, é o lapso temporal necessário ou razoável para a prestação jurisdicional,

seja ela declaratória, constitutiva, mandamental, condenatória ou executória. Nãosignifica ser este, a soma dos prazos processuais estipulados pela legislação, mas

sim o óbice a dilatações indevidas, admitindo certo excesso no resultado

considerado de acordo com a individualidade do caso.30 

Ronaldo Brêtas de Carvalho Dias, assim define dilatação indevida:

28 Acesso à justiça e prazos razoáveis in WAMBIER, Teresa Arruda Alvim, WAMBIER, Luiz Rodrigues, GOMES JR, LuizManoel, FISCHER, Octavio Campos, FERREIRA, William Santos. Reforma do judiciário: primeiras reflexões sobre aEmenda Constitucional n. 45-2004. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 288.

29 CÔRTES, 2006, p. 90.

30 ROCHA, Silvio Luís Ferreira. Duração Razoável dos Processos Judiciais e Administrativos, Interesse Público: RevistaBimestral de Direito Público, Porto Alegre, n. 39, p. 75, 2006.

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[...] são consideradas dilatações indevidas do processo as situações

de inércia pura e simples dos órgãos jurisdicionais, ineficientes em

impulsionar os atos do processo nas suas diferentes fases, além dos

atrasos e delongas causados aos processos pelos próprios órgãos

  jurisdicionais, não cumprindo os prazos previstos nos Códigos

processuais, gerando os injustificáveis prolongamentos das

chamadas etapas mortas do processo, que separam a realização de

um ato processual do outro imediatamente seguinte, sem

subordinação a um lapso de tempo prévia e legalmente fixado.31

Também caracteriza dilações indevidas do processo, o número excessivo

de processos existentes nos órgãos jurisdicionais causadores de sobrecarga de

trabalho e a demora ou dificuldade do Estado em promover os cargos vagos de juízes.32 

Sobre o tema em estudo, já decidiu o Supremo Tribunal Federal, quando

tratou do assunto em matéria penal:

O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho

 judiciário – não derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório

causalmente atribuível ao réu - traduz situação anômala que

compromete a efetividade do processo, pois, além de tornar evidenteo desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra um direito

básico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio,

sem dilações indevidas (CF, art. 5º, LXXVIII) e com todas as

garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional, inclusive a

de não sofrer o arbítrio da coerção estatal representado pela

privação cautelar da liberdade por tempo irrazoável ou superior 

àquele estabelecido em lei. 33 (grifo nosso)

A demora na decisão judicial, proporciona a parte que não tem razão, amanutenção do bem litigioso em seu domínio, por quanto tempo perdurar o

processo.34 Elucida asseverando Marinoni:

31 DIAS, Ronaldo Brêtas de Carvalho. Direito à jurisdição eficiente e garantia da razoável duração do processo na reforma doJudiciário, Revista do Processo, São Paulo, n. 128, p. 172, 2005.

32 DIAS, 2005, p. 172.

33 BRASIL. Superior Tribunal Federal. HC 85237, da câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Brasília, DF,

Disponível em: < www.stf.gov.br >. Acesso em 12 de abril de 2007.

34 AGUIAR BASTOS, Antonio Adonias. O Direito Fundamental à Razoável Duração do Processo e a Reforma do Poder Judiciário: Uma Desmi(s)tificação. UNIFASC. N. 66. novembro de 2005. Disponível em: <http://www.unifacs.br /revistajuridica / edicao_novembro2005 / docente / doc_02.doc.> Acesso em: 12 de abril de 2007.

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O processo, como já foi dito, ainda que atribua ao autor o bem da

vida perseguido, acarreta-lhe sempre um dano marginal, provocado,

principalmente, pela indisponibilidade do bem ou do capital durante o

curso do processo, ou durante o tempo em que o bem não esteve

disponível para o autor por estar nas mãos do réu.

O dano que é imposto àquele que reivindica o bem e o benefício que

é gerado à parte que o mantém indevidamente em seu patrimônio

são proporcionais à demora da justiça. É exatamente por isso que o

atual processo civil brasileiro é um ótimo negócio, ou um excelente

investimento econômico, para o réu que não tem razão35.

Por fim, completa Carvalho Dias, que para avaliar se o processo teve uma

duração razoável, devem-se levar em conta três critérios principais: 1) a

complexidade de fatos e de direito discutidas; 2) o comportamento das partes e de

seus procuradores e 3) a atuação dos órgãos jurisdicionais.36

O princípio da celeridade pressupõe a rapidez na solução dos litígios.

Completa Marisa Ferreira dos Santos e Ricardo Cunha Chimenti lecionando que “a

celeridade pressupõe racionalidade na condução do processo. Deve ser evitada a

protelação de atos processuais”.37 

Tão importante para o cidadão quanto um processo célere com duraçãorazoável, é a efetividade da tutela buscada por meio deste. Trata-se do princípio da

efetividade, intimamente ligado com o acesso a justiça. 38 Assim a efetividade da

prestação jurisdicional, se traduz como o impacto trazido pelo resultado obtido por 

suas decisões.39 

Elucida os autores Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim

Wambier e José Miguel Garcia Medina:

35 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela antecipatória, julgamento antecipado e execução imediata da sentença. 3. ed. SãoPaulo, Revista dos Tribunais, 1999. p. 182-183.

36 DIAS, 2005, p. 171.

37 SANTOS, Marisa Ferreira dos; CHIMENTI, Ricardo Cunha. Juizados Especiais Cíveis e Criminais Federais e Estaduais.2 ed. São Paulo. Saraiva, 2004. p. 67.

38 Atento ao entendimento doutrinário mais moderno, que estatui que o acesso à justiça não se restringe à garantia de levar aoconhecimento do Judiciário as alegações de ameaça ou de lesão a direito, mas de ver os conflitos resolvidos, através deuma prestação jurisdicional qualificada pela especificidade da tutela e pela duração razoável do processo, o legislador 

emendou a Constituição de 1988, acrescendo ao seu art. 5º o inciso LXXVIII. (AGUIAR BASTOS, 2007.)39 SILVA, Leonardo Peter da. Princípios fundamentais da administração judiciária . Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 886,

06 de dezembro de 2005. Disponível em:< http://jus2.uol.com.br/ doutrina/texto.asp?id = 7666 >. Acesso em: 21 demaio de 2007.

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Por “efetividade”, no entanto, não se deve compreender 

necessariamente a tutela rápida, mesmo que insegura e instável, da

situação submetida ao juiz. A criação de mecanismos fundados em

cognição sumária, se, por um lado, em muito contribui para a

efetividade da tutela jurisdicional, por outro, repercute

inevitavelmente no plano recursal. É que, como a decisão fundada

em cognição sumária tem maior probabilidade de erro, se comparada

à sentença, naturalmente as partes tenderão a insurgir-se com mais

freqüência contra tais decisões.40

A efetividade em si da prestação jurisdicional, mantém um vinculo íntimo

com a tempestividade e a adequação da decisão, pois sem estas, estar-se-ia

afastando-se do ideal de justiça. No mesmo sentido leciona Humberto TheodoroJúnior, “quanto mais cedo e mais adequadamente o processo chegar à execução

forçada mais efetiva e mais justa será a prestação jurisdicional.” 41

Completa elucidando Cândido Rangel Dinamarco:

Não é demais realçar uma vez mais a célebre advertência de que o

processo precisa ser apto a dar a quem tem um direito, na medida do

que for praticamente possível, tudo aquilo a que tem direito e

precisamente aquilo a que tem direito.Para isso, em primeiro lugar, é indispensável que o sistema esteja

preparado para produzir decisões capazes de propiciar a tutela mais

ampla possível aos direitos reconhecidos (e, aqui, é inevitável a

superposição do discurso acerca da utilidade e efetividade das

decisões, ao da abertura da via de acesso). Onde for possível

produzir precisamente a mesma situação que existiria se a lei não

fosse descumprida, que sejam proferidas decisões nesse sentido e

não outras meramente paliativas.42

Decidir apenas tempestivamente, não satisfaz o cidadão que busca o

Poder Judiciário. Cabe ao poder Estatal gerar e dar meios para que suas decisões

possam entregar ao litigante o bem da vida tutelado. Assim com fundamento, nos

princípios da celeridade e efetividade, o legislador infraconstitucional, atento aos

anseios sociais, trouxe várias alterações no Código de Processo Civil Brasileiro, a

40 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALVIM WAMBIER, Teresa Arruda; MEDINA, José Miguel Garcia. Breves Comentários à Nova

Sistemática Processual Civil 1. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2005. p. 27.41 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 40ª ed. Rio de Janeiro, Forense. 2006. p. 6.

42 DINAMARCO, Cândido Rangel. A instrumentalidade do processo. 7. ed. São Paulo, Malheiros, 1999. p. 297-298.

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fim de aperfeiçoar as execuções das decisões proferidas pelo poder estatal, tema a

qual versará o estudo proposto nos capítulos posteriores.

2 Da Execução – Considerações Iniciais

A dinâmica das interações humanas e os embates de interesses no

convívio entre os entes que compõe a sociedade moderna, tornam imprescindível o

uso de válvulas de descompressão para as mais variadas formas de litígios. Para a

descompressão social, Araken de Assis, expõe três terapias: a) “autotutela”,

caracterizando-se pela ação da parte litigante em busca de suas próprias razões,

mediante seu juízo e empenho; b) “autocomposição”, onde o suprimento do litígio se

dá pela renúncia parcial de um direito, objetivando a conciliação; e pela c)

“heterocomposição”, meio onde terceiro indiferente aos litigantes, soluciona a

controvérsia.43 

Nos dias atuais, a “autotutela”, é considerada totalmente inadequada, pois

sempre prevalecerá a voz do mais forte, fugindo em completo da idéia de justiça.

Este método não é mais aceito nos Estados Modernos Ocidentais.44

Já “autocomposição” é considerada um meio idôneo, mas não possibilita

a solução de grande parte das controversas sociais. Assim, como nenhum dos

litigantes pode impor as suas razões, a solução efetiva do conflito pressupõe a

“heterocomposição”.45

A “heterocomposição” é um serviço público institucionalizado, mantido

pelo Estado, onde a sua efetivação se faz mediante o Estado Juiz. Esse poder deatuação para solucionar conflitos é denominado “ jurisdição”.46

Completa Vicente Greco Filho:

[...] podemos conceituar jurisdição como o poder, a função e a

atividade de fazer atuar o direito, de forma cogente e com a força da

43 ASSIS, Araken de. Manual de Execução. 10ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2006. p. 67-69.

44

ASSIS, 2006, p. 68-69.45 ASSIS, 2006, p. 68-69.

46 ASSIS, 2006, p. 69.

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imutabilidade, aplicável a uma lide, substituindo-se aos titulares dos

interesses em conflito.47

A origem etimológica da palavra jurisdição, “ júris-dictio”, dá a noção que oexercício da jurisdição, se limitaria à afirmação do juiz de quem tem a razão.48

Esta noção, entretanto está ultrapassada, sendo a atividade jurisdicional

identificada como a atuação da vontade concreta da lei, através da substituição das

partes pelo Estado.49

Pode-se classificar a atividade jurisdicional em dois tipos distintos: a)

cognitiva ou de conhecimento, ao qual se caracteriza pela investigação do juiz dos

fatos ocorridos e definição de qual norma está incidindo sobre o caso concreto; b)executiva ou executória, onde busca-se um resultado concreto.50

A atividade cognitiva e a executiva podem ser reunidas em um mesmo

processo ou separadas em processos distintos, de acordo com a opção do

legislador. 51

Pode ocorrer que na prestação jurisdicional, não necessite da atividade

executiva, existindo tão somente a atividade cognitiva.52 Isso pode ocorrer 

dependendo da natureza da eficácia da ação.53 Apesar de nenhuma ação ser pura54,

as ações de eficácia declaratória e de eficácia constitutiva, são auto-satisfativas, não

necessitando mais nenhum comando judicial.55

Já as ações de eficácia condenatória, executiva e mandamental, a

satisfação do interesse depende de alterações no mundo natural. Essas alterações

47 GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. V2. 18ª ed. São Paulo. Saraiva. 2007. p. 54.

48 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de ProcessoCivil: Execução. V2. 8ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2006. p. 39.

49 WAMBIER, 2006, p. 39.

50 WAMBIER, 2006, p. 39-40.

51 WAMBIER, 2006, p. 40.

52 ASSIS, 2006, p. 86.

53 Classificação quinária, referenciada por Araken de Assis : declaratória, constitutiva, mandamental, executiva e condenatória.

(ASSIS, 2006, p. 74-84).54 COUTO E SILVA, Clóvis. A teoria das ações em Pontes de Miranda, Ajuris 43. Porto Alegre, s/e. 1988. p.75.

55 ASSIS, 2006, p. 86.

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no mundo natural, nada mais é que a busca do resultado concreto, que será através

da atividade jurisdicional executiva.56

Ainda cabe comentar, que também há a possibilidade de se ter a

atividade jurisdicional executiva sem a cognitiva. É o caso da execução de títulos

extrajudiciais, ao qual será estudado com maiores detalhes em momento oportuno.

3 Da Execução – Conceito e Efetivação

Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo Talamini, ao

tratarem sobre execução jurisdicional, assim a definem: “Execução consiste na

atividade prática desenvolvida jurisdicionalmente para atuar a sanção.” 57

Em outras palavras, consiste na prática de atos materiais, da atividade

 jurisdicional, frente uma resposta sancionatória diversa das medidas positivas. Para

melhor contemplar o estudo, se faz necessário tecer alguns comentários sobre

sanção.58

Sanções são medidas previstas no ordenamento jurídico, aplicáveis paraassegurar a observância prática de normas que regulam as relações humanas no

meio social.59

Estas medidas previstas no ordenamento jurídico podem ser de duas

espécies: “ preventivas” e ou “sucessivas”. As medidas “ preventivas”, são de cunho

antecipatório, previstas para que se realizem antes mesmo que ocorra o

inobservância das normas tutelas. Já as medidas “sucessivas” são aquelas

empregadas após a prática da conduta, frente ao direito material. Esta por sua vez,

pode ser classificada ainda como: a) positiva, quando em conformidade com o

ordenamento, pressupondo um prêmio ou uma vantagem pelo cumprimento de

determinada norma; b) negativa, quando em desconformidade com o ordenamento,

prevendo uma desvantagem, impondo um dever ao transgressor e c) equivalente,

56 ASSIS, 2006, p. 86.

57

WAMBIER, 2006, p. 35.58 WAMBIER, 2006, p. 35.

59 WAMBIER, 2006, p. 33.

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quando o resultado se equivale ao que se teria caso a norma violada tivesse sido

respeitada. Busca-se o resultado idêntico ao que se teria com o cumprimento da

norma.60

Para Juvêncio Vasconcelos Viana, execução preponderantemente,

“consiste numa atividade tipicamente material e prática, voltada a satisfação do

direito do credor reconhecido no título.” 61

Conforme Cândido Rangel Dinamarco a execução é definida como:

[...] como uma cadeia de atos de atuação da vontade sancionatória,

ou seja, conjunto de atos estatais através de que, com ou sem o

concurso da vontade do devedor (e até contra ela), invade-se seupatrimônio para, à custa dele, realizar o resultado prático desejado

concretamente pelo direito objetivo material. 62

Já para Roberto Inácio dos Santos e Hylton Pereira, execução “é o meio

pelo qual alguém é levado como executado a juízo para solver uma obrigação, quer 

tenha sido imposta por lei, quer por decisão judicial”.63

Ao analisar os conceitos acima em evidência, compete tecer que a base

executiva se funda em um título, seja este definido por lei ou advindo de uma

decisão judicial.

Para a efetivação prática do direito é necessário que os atos executórios

estejam reunidos dentro de um processo. Para este desencadeamento de atos,

denomina-se meio ou via executória. Segundo Araken “meios executórios consistem

a reunião de atos executivos endereçada, dentro do processo, à obtenção do bem

pelo exeqüente.” 64

No Brasil, existem dois meios ou vias de execução disponíveis, conforme

elucida Theodoro Júnior:

60 WAMBIER, 2006, p. 33-34.

61 VIANA, Juvêncio Vasconcelos. Linhas Gerais da Atividade Jurisdicional Executiva. Procuradoria Geral do Município deFortaleza. Disponível em:<http://www.pgm.fortaleza.ce.gov.br / revistaPGM / vol01 / 05LinhaGeraisAtividade.htm>. Acessoem: 12 de abril de 2007.

62 DINAMARCO, Cândido Rangel, Execução civil, 3ª ed. São Paulo, Malheiros, 1993, p.112.

63 SANTOS, Roberto Inácio dos; PEREIRA, Hylton. Manual de Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente.Conselho da Justiça Federal. Deispon’vel em: <http://daleth.cjf.gov.br / Download / Manual2.pdf>. Acesso em 12 de abrilde 2007.

64 ASSIS, 2006, p. 126.

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a) o cumprimento forçado das sentenças condenatórias, e outras a

que a lei atribui igual força (arts. 475-I e 475-N);

b) o processo de execução de títulos extrajudiciais enumerados no

art. 585, que se sujeita aos diversos procedimentos do Livro II do

CPC.

Há, ainda, a previsão de execução coletiva ou concursal, para os

casos de devedor insolvente (arts. 748 a 782)65

Na mesma linha de Theodoro Júnior, Fredie Didier Júnior, Paula Sarno

Braga e Rafael Oliveira nomeiam estas duas vias como fase de execução da

sentença e processo autônomo.66

No primeiro caso trata-se de sentença proferida pelo magistrado, onde

marcante é a nova sistemática adotada a partir da Lei 11232/05, alterando a diretriz

consagrada na redação original do Código de Processo Civil, de 1973.

Anteriormente a atividade executiva e cognitiva, eram tratadas em processos

distintos. Tinha-se um processo para a formação de um título judicial, onde

posteriormente, por via de um novo processo, chamado de executivo (com nova

petição inicial, nova citação), buscava-se a realidade prática. As exceções residiam

em determinados procedimentos especiais. 67

Hoje, ainda tem-se o processo executivo separado do cognitivo, nas

execuções de títulos extrajudiciais (segunda hipótese dada por Theodoro Júnior ou

processo autônomo como define Didier Júnior), e em pontuais exceções como a

execução por quantia certa contra a Fazenda Pública. A regra é ter-se um único

processo, com a inserção após a atividade cognitiva e da liquidação da sentença, de

uma nova fase executiva.68

Nada impede que a atividade cognitiva e executiva sejam desenvolvidasnuma mesma relação processual. Isso ocorre nas ações executivas lato sensu 

(reintegração de posse, demarcação, divisão e etc.), em que a efetivação da

sentença de procedência dispensa nova demanda do autor, como também ocorre

nas sentenças mandamentais. As sentenças que determinam o cumprimento de

65 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 13.

66 DIDIER JÚNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Processo Civil. V2. São Paulo. Podivm.

2007. p. 417.67 WAMBIER, 2006, p. 41-42.

68 WAMBIER, 2006, p. 42.

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obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa revestem-se de eficácia executiva e

mandamental, sendo executadas no próprio processo em que proferidas, na

conformidade dos artigos 46169 e 461-A70 do Código de Processo Civil.71

Cabe por fim lembrar, que esta nova perspectiva de desenvolvimento

processual único, teve orientação inicial dada pela Lei 8952 de 1994, ao tratar do

artigo 461, modificando o modelo de tutela para as obrigações de fazer e de não

fazer, permitindo a efetividade da prestação jurisdicional no próprio processo, que

posteriormente foi estendia às obrigações de entrega de coisa, com a inserção do

artigo 461-A, introduzido pela Lei 10.444 de 07 de maio de 2002.72

4 Condições e Pressupostos para a Execução 73

Tanto ao processo de execução, como para a fase executiva ou de

cumprimento da sentença, aplica-se as regras sobre pressupostos processuais e

condições da ação, relativas ao processo de conhecimento. Assim as partes devem

deter capacidade de ser parte e estar em juízo, ser representadas por advogados

(ressalva ao artigo 9º da Lei 9099/95 74); o juiz não pode ser impedido, nem juízo

pode ser incompetente; é vedada a reiteração de pretensão executiva já externada

em processo em curso ou rejeitada seu mérito; legitimidade das partes e etc.75

69 Art. 461. Na ação que tenha por objetivo o cumprimento de obrigação de fazer, o juiz concederá a tutela específica daobrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao doadimplemento.

70 Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para ocumprimento da obrigação.

71 WAMBIER, 2006, p. 41.

72 WAMBIER, 2006, p. 42.

73 A classificação adotada neste ponto do trabalho reflete preponderantemente o pensamento de Araken de Assis, usando desubsídio para o complemento do texto Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamini.Cabe comentar que a classificação dos pressupostos processuais específicos para a execução não é unânime, sendopassível a inserção destes dentro dos pressupostos gerais, como também a sua classificação como requisitos específicos daexecução. A título de exemplo lança-se um trecho da obra Curso avançado de Processo Civil: Execução, ano 2006, de LuizRodrigues Wambier, Flávio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamin: “Pedido de execução sem título executivo, querepresente obrigação certa e líquida, é juridicamente impossível”.

74 Lei 9099/95. Art. 9º. Nas causas de valor até 20 (vinte) salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendoser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.

75 WAMBIER, 2006, p. 51.

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Além dos pressupostos e condições gerais pertinentes a todas as

demandas jurisdicionais, o processo de execução e a fase de execução detém de

pressupostos específicos. Tais pressupostos, nas palavras de Araken são o título e

o inadimplemento.76

3 Título Executivo

O título executivo é pressuposto específico fundamental para a validade

do processo ou da fase executiva.77

Observa Nelson Nery Junior e Rosa Maria Andrade Nery, que não há

execução que não pressupõe título executivo, pois o este é documento

indispensável da ação.78

Conforme conceitua Cândido Rangel Dinamarco, título executivo é:

[...] o ato ou o fato jurídico legalmente dotado de eficácia de tornar 

adequada a tutela executiva para a possível satisfação de

determinada pretensão. Ele torna adequadas as medidas deexecução forçada para a atuação da lei.79

Em outras palavras, Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e

Eduardo Talamini assim definem título executivo:

[...] é cada um dos atos jurídicos que a lei reconhece como

necessários e suficientes para legitimar a realização da execução,

sem qualquer nova ou prévia indagação acerca da existência docrédito; em outros termos, sem qualquer nova ou prévia cognição

quanto à legitimidade da sanção cuja determinação está veiculada no

título.80

76 ASSIS, 2006, p. 136.

77 ASSIS, 2006, p. 137.

78 NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil comentado, 7ª ed. São Paulo, Revista

dos Tribunais, 2003.79 DINAMARCO,1993, p. 453.

80 WAMBIER, 2006, p. 52.

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Título executivo é o ato jurídico definido pela lei, capaz de ensejar a

existência de um crédito, possibilitando a execução. Consiste em cada um daqueles

atos específicos, representados em documentos e taxativamente previstos em lei,

dos quais automaticamente decorre a execução. Desta forma para que ocorra a

execução autônoma e ou a fase de execução de sentença, é apenas necessários o

exame dos pressupostos e condições gerais da ação, somados a existência de um

título executivo, líquido, certo e exigível.81 

Complementa Araken Assis, que o título executivo “é fonte imediata,

direta e autônoma da regra sancionadora e dos efeitos jurídicos dela decorrentes,

não prova o crédito, pois tal prova, no tocante à eficácia do título, se ostenta

desnecessária.” 82

Título executivo, não deve ser encarado como instituto do direito material,

pois são as leis processuais que os estabelecem, sendo requisito para a existência

de um tipo de processo e impõem condição para a ação executiva. A taxatividade

legal impede que as partes estabeleçam por convenção que determinado

documento ou ato tenha qualidade de título executivo.83

Os títulos executivos podem ser classificados em: a) Títulos executivos judiciais; b) Títulos executivos extrajudiciais.

Os títulos executivos judiciais são aqueles advindos de provimentos

 jurisdicionais ou equivalentes, outorgando a uma das partes o dever de prestar algo

à outra. A inexistência nestes casos de prestação espontânea autoriza o emprego

dos atos executórios. 84

São considerados títulos executivos judiciais, conforme o Código de

Processo Civil, aqueles previstos no artigo 475-N, com redação da Lei número

11232 de 22 de dezembro de 2005:

I - a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência

de obrigação de fazer, não fazer, entrega de coisa ou pagar quantia;

II - a sentença penal condenatória transitada e julgado;

81 WAMBIER, 2006, p. 53.

82

ASSIS, 2006, p. 140.83 WAMBIER, 2006, p. 54.

84 WAMBIER, 2006, p. 55.

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III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda

que inclua matéria não posta em juízo;

IV - a sentença arbitral;

V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologada

 judicialmente;

VI - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de

Justiça;

VII - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao

inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou

universal.85

Os títulos executivos judiciais arrolados têm como traço em comum a

imutabilidade e a indiscutibilidade, ou seja, a força da coisa julgada, tendo como

principal efeito, o soberbo limite no campo das impugnações à execução, não indo

além das matérias definidas nos artigos 47186 e 475-L87 do Código de Processo

Civil.88

Já os títulos executivos extrajudiciais são aqueles que prescindem

resolução judicial, postergando a função cognitiva. 89 O legislador considerando os

valores jurídicos envolvidos define atos que “abstratamente indicam alta

probabilidade de violação de norma ensejadora de sanção e que, por isso, recebemforça executiva”.90

Conforme o Código de Processo Civil, em seu artigo 585, alterado pela

Lei número 11382 de 06 de dezembro de 2006, são títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o

cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo

devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas

85 BRASIL, Lei n. 5869 de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil . Diário Oficial da República Federativado Brasil, Brasília, DF, 11 de janeiro de 1973.

86 Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I – se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão doque foi estatuído na sentença; II – nos demais casos prescritos em lei.

87 A impugnação somente poderá versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II –inexigibilidade do título; III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes; V – excesso de execução;VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transaçãoou prescrição, desde que superveniente à sentença.

88

THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 66.89 ASSIS, 2006, p. 163-164.

90 WAMBIER, 2006, p. 63.

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testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério

Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados transatores;

III – os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e

caução, bem como os de seguro de vida;

IV – o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel

de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e

despesas de condomínio;

VI – o crédito de serventuário de justiça, de perito, de interprete, ou

de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem

aprovados por decisão judicial;

VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Púbica da União, dos

Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,

correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;VIII – todos os demais títulos a que por disposição expressa, a lei

atribui força executiva.91

Por fim, outro ponto importante tratado por Luiz Rodrigues Wambier,

Renato Almeida e Eduardo Talamini como pressuposto para a execução, e disposto

no artigo 58092 do Código de Processo Civil, é a liquidez, a exigibilidade e a certeza

do título executivo. 93 Para Araken de Assis, não se trata de pressuposto, mas sim de

atributos dos títulos executivos, onde sua reunião “se afigura contingente eacidental, exceto quanto à certeza”. 94 Assevera ainda Araken de Assis:

[...] o título é certo quando não há dúvida acerca da sua existência;

líquido, quando inexiste suspeita concernente ao seu objeto; e

exigível, quando não se levantam objeções sobre sua atualidade.

Nenhum rigor absoluto há nesses atributos, porém há títulos que se

encontram desprovidos de liquidez e de exigibilidade, ou de ambos, e

quando à certeza, a despeito de mais profunda e intensa, porque

respeita ao próprio crédito, ela varia de grau, consideravelmente,

pois decorre da escolha política altamente discricionária do

legislador .95

91 BRASIL, Lei n. 5869 de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil . Diário Oficial da República Federativado Brasil, Brasília, DF, 11 de janeiro de 1973.

92 Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível,consubstanciada em título executivo.

93

WAMBIER, 2006, p. 52.94 ASSIS, 2006, p. 145.

95 ASSIS, 2006, p. 145.

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A certeza se consubstancia na retração do título executivo de obrigação

certa, estampando a natureza da prestação, seu objeto e seus sujeitos. A liquidez se

confere na expressão da quantidade de bens objeto da prestação e a exigibilidade

no momento de seu inadimplemento.96

4 Inadimplemento

Para que possa ocorrer à execução é necessário que tenha havido a

violação da norma, provocando a necessidade da sanção. 97 Especificamente com

relação à execução, inadimplente é aquele que não satisfaz espontaneamente a

obrigação. O inadimplemento é o pressuposto de fato da execução. 98

O Código de Processo Civil, quando trata do inadimplemento,

especificamente no Livro II, do Capítulo III, “Dos Requisitos Necessários para

Qualquer Execução”, no artigo 580, preceitua que para poder ser instaurada a

execução, é necessário que o devedor não satisfaça a obrigação. Na conformidade

do artigo 58199, também é inadimplente quem não efetuou adequadamente ou

perfeitamente o cumprimento da obrigação. 100

Conforme Luiz Rodrigues Wambier, Renato Almeida e Eduardo Talamini,

é inadmissível a execução quando reconhecido o adimplemento. Assim quando

alegado o inadimplemento pelo exeqüente, a demonstração do contrário pelo

executado, será: a) no processo autônomo ou processo de execução, mediante

alegação de embargos (processo autônomo de conhecimento incidental ao processo

de execução); b) fase de execução ou cumprimento da sentença, através de

impugnação (incidente processual de conhecimento). Completa o referido autor, que

96 WAMBIER, 2006, p. 67-71.

97 WAMBIER, 2006, p. 71.

98 ASSIS, 2006, p. 179-181.

99 Art. 581. O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar 

o recebimento da prestação, estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à obrigação; caso emque requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o direito de embargá-la.

100 BRASIL, Lei n. 5869 de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Diário Oficial da República Federativado Brasil, Brasília, DF, 11 de janeiro de 1973..

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a “questão relativa ao cumprimento da obrigação concerne ao próprio mérito da

pretensão do credor e, como tal, não é examinável na execução.” 101

Assim, chegando ao fim deste primeiro capítulo, verificou-se que a todos,

são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a

celeridade de sua tramitação. O processo não pode servir para, somente,

reconhecer os direitos, deve implementá-los ou realizá-los. A efetividade é um dos

princípios mais importantes, uma vez que é o responsável por concretizar todos os

direitos.

Direito fundamental a execução é a mesma coisa que direito fundamental

a efetividade. A relação entre efetividade e execução deve ser vista de forma una,onde o aprimoramento da execução permite a obtenção do bem da vida. Por óbvio,

observa-se que a efetividade é conceito mais amplo, devendo ser verificado já no

procedimento cognitivo, ao qual sucessivamente o legislador carecerá submeter há

aprimoramentos.

Ainda, o estudo proposto vislumbra a conceituação da estrutura geral do

processo executivo, trazendo seus pressupostos para formação e subdivisão lógica

e necessária para compreender as formas procedimentais.

Fez-se imperioso esta organização de idéias, pois sem elas, não se

poderia alocar um raciocínio lógico e sistemático, para ignição procedimental. Desta

forma, no próximo capítulo, após esta estruturação cognitiva, será perpetrado o

estudo dos procedimentos executivos, instruindo suas peculiaridades,

fundamentalmente no que tange aos principais títulos executivos.

101 WAMBIER, 2006, p. 71.

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5 DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO

O objetivo deste capítulo, é versar de forma concisa e didática a nova

sistemática procedimental para a execução de sentenças e títulos extrajudiciais,

consubstanciando uma análise dos principais procedimentos e evidenciando suas

principais particularidades.

Para ensejar o inicio do procedimento da execução, tanto pela via

autônoma, quanto via complementar (fase posterior a cognitiva) necessita-se

obrigatoriamente que o título executivo extrajudicial e ou judicial, seja líquido, certo e

exigível.

Segundo Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo

Talamini:

O título extrajudicial, para que exista como tal, há de ser sempre

líquido. Ou ele é líquido, e então se caracteriza como título executivo,

ou então, se for ilíquido, não há título algum, ainda que em tese o

documento em questão fosse algum daqueles enumerados no rol

dos títulos extrajudiciais. Ou seja, não há liquidação de título

extrajudicial. 102

Assim, quando se falar de liquidação, tratar-se-á necessariamente de

sentenças, e esta com a exepcionalidade da sua iliquidez.

5 Da Liquidação da Sentença

A fase cognitiva versa em efetivar um provimento jurisdicional que possa

dar fim ao litígio. Este provimento é denominado de sentença, que cumpre a

realização do acertamento para a situação litigiosa. Reconhecido o direito ao

vencedor este direito pode ser satisfeito voluntariamente pelo vencido, não havendo

necessidade mais da atuação do Estado. 103

102 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de ProcessoCivil: Execução. V2. 9ª ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2007. p. 98.

103 THEODORO JÚNIOR,2006, p. 98.

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Ocorre que, mesmo reconhecido o direito na relação jurídica, pode o

vencido não satisfazer voluntariamente a obrigação, necessitando de novas

providências. Esta tarefa é a finalidade da execução forçada, que em regra é um

simples incidente complementar da condenação.104

A regra geral do artigo 286105 do Código de Processo Civil impõe ao autor 

da demanda, pedido certo e determinado. A certeza do pedido vem evidenciada

quando o autor discrimina o que pede e quanto pede diante do réu. Este ônus lhe

permite um direito, o de receber em contrapartida do Estado, uma sentença líquida e

certa, sempre que possível.106 

Quando o judiciário em casos excepcionais não puder determinar o valor da condenação ou individualização de seu objeto, torna-se necessário que essa

sentença condenatória genérica, sobreponha-se a um incidente próprio do processo,

chamado de liquidação de sentença. Este incidente, nada mais é que uma fase

necessária, entre a fase cognitiva e executiva, onde mediante procedimento

específico, se determinará o valor da condenação ou a individualização do objeto.107

A iliquidez pode dizer respeito quanto à quantidade, à coisa, ou ao fato

devido.108

Segundo Humberto Theodoro Júnior, a iliquidez se dá quanto à

quantidade quando o magistrado:

a) condena ao pagamento de perdas e danos, sem fixar o respectivo

valor;

b) condena em juros, genericamente;

c) condena à restituição de frutos, naturais ou civis;

d) condena o devedor a restituir o equivalente da coisa devida;e) em lugar do fato devido, e a que foi condenado o devedor, o

credor prefere executar o valor correspondente, ainda não

determinado.109

104 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 98.

105 Art. 286. O Pedido deve ser certo ou determinado. [...]

106 WAMBIER, 2007, p. 97.

107

WAMBIER, 2007, p. 98-99.108 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.

109 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.

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Quanto à coisa devida, “a sentença é ilíquida quando condena: a) à

restituição de uma universalidade de fato, como por exemplo, na petição de herança;

b) em obrigação alternativa”.110

Já quanto ao fato devido, ocorre quando se “condena o vencido a obra e

serviços não individualizados, tais como reparação de tapumes, medidas para evitar 

ruína, poluição ou perigo de dano a bens de outrem e etc.” 111

A decisão de liquidação é um simples complemento da sentença,

podendo apenas gerar uma decisão declaratória vinculada àquela. Neste ponto o

Código de Processo Civil é taxativo ao expor em seu artigo 475-G112 que “é defeso,

na liquidação, discutir de novo a lide, ou modificar a sentença que a julgou”.113

Todavia completa Humberto Theodoro Júnior:

[Esta restrição do artigo 475-G] não atinge os juros, nas dívidas de

dinheiro ou que se reduzem a dinheiro, porque nas condenações a

elas referentes considera-se implicitamente contidas a verba

acessória dos juros, nos termos do art. 293114. Dessa forma, incluem-

se os juros moratórios, na liquidação, embora omisso o pedido inicial

ou a condenação (STF, Súmula n. 254115). O mesmo é de observar-

se com a correção monetária, instituída pela Lei n. 6899/81, que é

um complemento legal ou necessário de qualquer sentença

condenatória e que, por isso mesmo, independe de pedido do autor 

ou de declaração expressa da sentença.116

Esta decisão declaratória, nada mais é do que uma decisão interlocutória

agravável por instrumento (art. 475-H117), sem efeito suspensivo (art. 497118) que não

compeli a execução o caráter de provisoridade.

110 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.

111 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 99.

112 Art. 475-G. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.

113 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 101-102.

114 Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.

115 Súmula 254 STF. Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação.

116 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 101.

117 Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

118 Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução da sentença; a interposição do agravo deinstrumento não obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta lei.

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Ao devedor sempre é dado o direito do contraditório na liquidação,

podendo combater os excessos e apurar as irregularidades. Trata-se de um direito

sujeito a preclusão, onde não poderá mais ser discutido na fase posterior, por força

do artigo 475-L119 do Código de Processo Civil.120

O Código de Processo Civil contempla duas espécies de liquidação,

sendo estas: a liquidação por artigos e a liquidação por arbitramento.121 

6 Liquidação por Artigos

Tratada no artigo 475-E122 do Código de Processo Civil, a liquidação por 

artigos ocorre sempre que, “para determinar o valor da condenação, exista

necessidade de alegar e provar fato novo”.123

Fato novo vem no sentido abrangente, para designar fatos que, embora já

existam, ainda não foram trazidos para o processo. Completa Luiz Rodrigues

Wambier, Renato Almeida e Eduardo Talamini:

Ela será necessária [liquidação por artigos], portanto, quando, para

se determinar o valor da condenação, houver necessidade de provar:

(a) fato que tenha ocorrido depois da sentença, guardando relação

direta com a determinação da extensão ou do quantum da obrigação,

ou (b) fato que, mesmo não sendo superveniente à sentença, não

tenha sido objeto de alegação e prova no processo de conhecimento,

apesar de se tratar de fato vinculado à obrigação sobre a qual versa

a condenação e que é relevante para determinar o seu quantum.124 

119 Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II –inexigibilidade do título; III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes; V – excesso de execução;VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transaçãoou prescrição, desde que superveniente à sentença.

120 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 101.

121 WAMBIER, 2007, p. 99.

122 Art. 475-E. Far-se-á a liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade de

alegar e provar fato novo.123 WAMBIER, 2007, p. 100.

124 WAMBIER, 2007, p. 100.

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Segundo o artigo 475-F125 do Código de Processo Civil, o procedimento da

liquidação por artigos, observará no que couber o processo de conhecimento.

7 Liquidação por Arbitramento

A liquidação por arbitramento ocorre quando a determinação do quantum

da condenação dependa de uma perícia por arbitramento. Esta perícia nada mais é

que o trabalho técnico, realizado por profissional especializado, ao qual determina a

“extensão ou o valor da obrigação constituída pela sentença ilíquida”.126 

Elucida Luiz Rodrigues Wambier, Renato Almeida e Eduardo Talamini:

A realização de uma perícia para arbitramento do quantum da

condenação poderá ser necessária (a) ou porque as partes

pactuaram que se procederia dessa forma ou (b) porque, mesmo não

tendo elas pactuado algo nesse sentido, o juiz, na sentença, assim

determinou, ou ainda (c) porque, embora não havendo pactuação

entre as partes nem determinação expressa na sentença, a matéria

envolvida exige tal prova técnica (art. 475-C127

).128

Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará perito e fixará

prazo para a entrega do laudo pericial. Com a apresentação do laudo, as partes são

intimadas e têm o prazo de dez dias para se manifestar sobre este. Posteriormente,

se necessário haverá audiência de instrução e julgamento (no caso de impugnação

do laudo), e ao fim desta o juiz proferirá decisão. (art. 475-D129) 130

8 Da Liquidação por Simples Cálculo e Do Resultado Igual a Zero

125 Art. 475-F. Na liquidação por artigos, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (art. 277).

126 WAMBIER, 2007, p. 101.

127 Art. 475-C. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando: I – determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; II – o exigir a natureza do objeto da liquidação.

128

WAMBIER, 2007, p. 101.129 Art. 475-D. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a entrega do laudo.

130 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 114.

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Necessariamente não trata de sentença propriamente ilíquida, pois

embora não estar expresso na sentença o valor da condenação, tal valor é

determinado mediante a simples consulta aos índices oficiais. “A partir daí, a

questão é meramente a de determinar aquilo que já era determinável pelo título.” 131 

O procedimento neste caso (art. 475-B132) inicia-se com a elaboração pelo

próprio credor da memória de cálculo atualizada. Após o cálculo feito com base nos

dados, sejam estes diretamente pelo credor ou por requerimento de dados em poder 

do devedor ou terceiro, o juiz manda proceder à execução nos termos da memória

ou determina a revisão dos cálculos pelo contador. No caso de revisão do cálculo, a

execução se faz seguindo o valor indicado ou aceito pelo credor, mas a penhora se

fará respeitando o valor encontrado pelo contador.133

Outro ponto importante que deve-se suscitar é a possibilidade do valor da

penhora se equivaler a zero. Isso pode ocorrer segundo Luiz Rodrigues Wambier,

Renato Almeida e Eduardo Talamini em duas hipóteses:

[...] a primeira é aquela em que a parte não produz a prova

necessária ao cálculo do valor da condenação ilíquida. [...] A

segunda hipótese é aquela em que a parte, realizando intensa eexauriente atividade probatória, não chega a qualquer valor diferente

de zero.134

Em ambas as hipóteses, os efeitos da decisão de liquidação serão os

mesmos da decisão de improcedência, com todas suas conseqüências, inclusive a

de não promover a execução.135

6 Suspensão e Extinção da Execução

131 WAMBIER, 2007, p. 101.

132 Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá ocumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada docálculo.

133

THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 113.134 WAMBIER, 2007, p. 104.

135 WAMBIER, 2007, p. 104.

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Antes de tratar do tema, deve-se trazer como preceito primário que a

execução no cumprimento de sentenças deve como princípio geral, aplicarem-se as

regras sobre suspensão e extinção do processo de execução. 136

Segundo Araken de Assis, suspensão é o “sobrestamento temporário da

relação processual, ante uma crise provocada em seu curso regular por ato ou fato

 jurídicos.”137 Também no mesmo sentido elucida Humberto Theodoro Júnior:

Consiste a suspensão da execução numa situação jurídica provisória

e temporária, durante a qual o processo não deixa de existir e

produzir seus efeitos normais, mas sofre uma paralisação em seu

curso, não se permitindo que nenhum ato processual novo seja

praticado enquanto dure a referida crise.138

A suspensão pode ser necessária ou voluntária. A suspensão necessária

ou obrigatória139 decorre de imposição legal de norma cogente. Dentre estas o casos

mais comuns de suspensão obrigatória do processo ocorrem quando tem-se a

oposição do executado, embargos de terceiro, ação de remição, morte ou perda da

capacidade processual das partes, do representante legal ou do procurador,

exceção de incompetência relativa, suspeição e impedimento, execução deobrigação bilateral, frustração da alienação de imóvel de incapaz, força maior, falta

de bens penhoráveis, falta de localização do executado, cautelar do processo

executivo e insolvência civil. Trata-se neste ponto de hipóteses não exaustivas,

podendo advir outras hipóteses não elencadas. 140

A suspensão voluntária ou convencional141, “decorre de ato de vontade ou

ajuste entre as partes.142 São casos de suspensão voluntária: suspensão

convencional genérica e suspensão convencional dilatória. 143

136 WAMBIER, 2007, p. 288.

137 ASSIS, 2006, p. 431.

138 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 452.

139 Classificação atribuída por Araken de Assis.

140 ASSIS, 2006, p. 433-445.

141

Classificação atribuída por Humberto Theodoro Júnior.142 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 452.

143 ASSIS, 2006, p. 446.

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A eficácia da suspensão é ex nunc , sendo que ao final da crise, o

processo retoma a fase em que se deu a paralisação, salvo se a causa que der 

inicio a suspensão, promover a extinção.

A extinção por sua vez pode ser normal ou anormal 144. A extinção normal

é aquela que, a execução, “se dá com a exaustão de seus atos e com a satisfação

do seu objeto” 145. Já a anormal ou anômala146, é aquela que se dá nos demais casos,

nos quais não é atendida a satisfação do credor.147

Dentre os vários atos ou fatos jurídicos que extinguem a execução temos:

a satisfação do direito do credor, a remissão da dívida, a renúncia da execução, a

desistência da execução, a improcedência da execução e outros fatos típicoscomuns que extinguem o processo de conhecimento.148

Qualquer que seja o motivo da extinção da execução, esta só produzirá

efeitos com a decisão declaratória, visando “apenas a produzir efeitos

processuais”.149

7 Dos Procedimentos Executivos (Panorama Geral):

O presente contexto do trabalho visa trazer de forma sucinta os principais

procedimentos para a execução de títulos judiciais e extrajudiciais, sem adentrar 

com extrema profundidade em suas peculiaridades. Traçar-se-á linhas gerais dos

principais procedimentos através da nova sistemática processual civil.

9 Do Processo Executivo

144 ASSIS, 2006, p. 454.

145 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 455.

146 Classificação dada por Humberto Theodoro Júnior.

147

ASSIS, 2006, p. 454.148 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 455-457.

149 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 457.

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10 Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente

O processo de execução por quantia certa, inicia-se através de petição,

onde nesta deve conter todos os requisitos genéricos de uma petição inicial (art.

282150) no que sejam compatíveis (art. 598151). Basicamente a petição inicial do

processo de execução deverá conter: pedido mediato e imediato, apresentação da

causa de pedir (título e cálculo), pleito de medidas acautelatórias, intimação do

credor se houver garantia real e valor da causa. Não é necessário o requerimento de

provas, pois na execução não se discute o mérito. 152

Recebida a peça inaugural, far-se-á a citação do devedor, no qual se

efetiva através de oficial de justiça (art. 222, d).153 Não há citação por hora certa, mas

há a possibilidade da citação por edital, quando não encontrado o devedor (art.

654154). 155

Citado o devedor, este terá o prazo de três dias (contados da citação)

para pagar, sob pena de o oficial de justiça proceder imediatamente à penhora de

bens e a sua avaliação. “A penhora recairá sobre os bens indicados pelo credor, ou,

na sua falta ou inconsistência dessa indicação, sobre os definidos pelo oficial de justiça”. Em nada obsta por expressa disposição legal, conforme artigo 652 §3º156, 

que o executado nomeie bens a penhora quando requerido pelo exeqüente ou de

oficio pelo juiz. Havendo vários devedores, o prazo flui independe para cada um

deles, não se aplicando a regra do prazo em dobro. O prazo para embargar de 15

(quinze) dias, contando-se da juntada do mandado de citação.157

150 Art. 282. A petição inicial indicará: I – o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II – os nomes, prenomes, estado civil, profissão,

domicílio e residência do autor e do réu; III – o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV – o pedido, com as suasespecificações; V – o valor da causa; VI – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII – o requerimento para a citação do réu.

151 Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o processo de conhecimento.

152 WAMBIER, 2007, p. 169-176.

153 Art. 222. A citação será feita pelo correio, para que qualquer comarca do País, exceto: d) nos processos de execução;

154 Art. 654. Compete ao credor, dentro de 10 (dez) dias, contados da data em que foi intimado do arresto a que se refere oparágrafo único do artigo anterior, requerer a citação por edital do devedor. Findo o prazo do edital, terá o devedor o prazo aque se refere o art. 652, convertendo-se o arresto em penhora em caso de não-pagamento.

155 WAMBIER, 2007, p. 176.

156 Art. 655. §3º. O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimaçào doexecutado para indicar bens passíveis de penhora.

157 WAMBIER, 2007, p. 176-178.

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Se o oficial de justiça não encontrar o devedor, mas tão somente bens

que respondam pela dívida, aplicar-se-á de ofício pelo oficial de justiça as

disposições do art. 653158 do Código de Processo Civil, promovendo o arresto ou a

pré-penhora. Não localizando o devedor e nem bens, é possível proceder 

diretamente à sua citação por edital, sem arresto. 159

A próxima etapa é a penhora, que pode ser originária ou derivada de

substituição do devedor, com amparo no artigo 668160 do Código de Processo Civil.

A penhora pressupõe citação e inocorrência de pagamento, submetendo-se aos

seguintes parâmetros:

(I) observância da graduação legal dos bens sobre os quais

preferencialmente deve recair a penhora (art. 655, I a X; art. 656, I).

[...]

(II) preferência por bens desembaraçados de ônus (art. 656, IV) e

situados na comarca da execução (art. 656, III). [...]

(III) preferência por bens de maior liquidez, isso é, que possam ser 

alienados de modo relativamente fácil (art. 656, V). [...]

(IV) preferência por recair sobre o bem que, por lei, contrato ou ato

 judicial, foi destinado a assegurar a satisfação da dívida (art. 656, II).

[...](V) suficiência do valor do bem ou conjuntos de bens para cobrir o

débito, incluindo-se todos os seus acessórios (art. 659, caput). O art.

685, II, prevê a ampliação ou substituição da penhora quando o bem

for inferior ao valor da dívida. Quando houver pedido de substituição

cm base no art. 668, caberá ao devedor demonstrar que o bem para

o qual sugere que a penhora se transfira é suficiente para cobrir a

dívida;

(VI) significância dos bens penhorados. Nos termos do art. 659, § 2º ,

“não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto daexecução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo

pagamento das custas da execução”. Se os bens encontrados são

insuficientes para cobrir a dívida, mas significativos em face do curto

do processo executivo, eles devem ser penhorados, a fim de se

buscar ao menos a satisfação parcial do crédito. Porém, quando seu

158 Art. 653. O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir aexecução.

159 WAMBIER, 2007, p. 178-180.

160 Art. 668. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após intimado da penhora, requerer a substituição do bempenhorado, desde que comprove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exeqüente e será menosonerosa para ele devedor (art. 17, incisos IV e VI, e art. 620).

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valor é menor do que o próprio custo que se teria para levar adiante

a execução, sua penhora seria desarrazoada e desproporcional;

(VII) penhorabilidade dos bens. A penhora não pode recair sobre

bens absolutamente impenhoráveis e apenas poderá atingir os

relativamente penhoráveis quando não houver outros disponíveis.161

Posteriormente, se houver a penhora, é o momento processual do

 julgamento dos embargos a execução. Seguindo a seqüência, ter-se-á avaliação dos

bens penhorados. A avaliação “consiste numa perícia pela qual se define o valor dos

bens penhorados”.162 Em regra a avaliação será feita pelo próprio oficial de justiça no

momento da penhora, declinando ao perito nos casos em que necessite de

conhecimentos especializados. Este momento processual objetiva a realização denova avaliação, caso a anterior pelo lapso temporal esteja defasada. Esta nova

avaliação é realizada não mais pelo oficial de justiça, mas sim por um avaliador 

designado pelo juiz. Do laudo de avaliação, ter-se-á uma decisão do juiz

fundamentada, aprovando ou determinando a reavaliação. Por tratar de uma decisão

interlocutória, está é passível de controle mediante agravo por instrumento.163

Seguindo a sistemática processual, tem-se necessariamente a

expropriação dos bens do devedor. Hipótese essa que se dá, caso a penhora nãotenha recaído sobre dinheiro, ao qual poderá ser levantada imediatamente pelo

credor. A expropriação pode dar-se de quatro formas: a) alienação judicial ou

arrematação; b) alienação por iniciativa particular; c) adjudicação e d) usufruto

executivo.164

A alienação judicial é forma “pela qual os bens penhorados são

transferidos por procedimento licitatório realizado pelo juízo da execução” 165.

A alienação judicial por iniciativa do particular nos termos do artigo 686-

C166, o exeqüente pode pleitear que os bens penhorados sejam alienados por sua

161 WAMBIER, 2007, p. 191-193.

162 WAMBIER, 2007, p. 215.

163 WAMBIER, 2007, p. 215-217.

164 WAMBIER, 2007, p. 222-247.

165 WAMBIER, 2007, p. 225.

166 Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por suaprópria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária.

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própria iniciativa ou por intermédio de um corretor credenciado há pelo menos cinco

anos, perante o Poder Judiciário.

A adjudicação é o “ato de expropriação executiva, em que o bem

penhorado se transfere in natura para o credor ou é adquirido por determinadas

pessoas que têm vínculo familiar ou matrimonial com o devedor”.167

O usufruto executivo é o ato pelo qual, “dentro da execução, concede-se

ao credor direito real limitado e temporário sobre o bem penhorado, a fim de que

receba seu crédito por meio das rendas geradas pelo bem”. 168

Cabe ressaltar que antes da alienação ou da adjudicação dos bens, pode

o devedor remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada dadívida, inclusos juros, custas e honorários advocatícios. 169

Por fim, após a expropriação, nada mais resta senão a satisfação do

credor, com o cumprimento da obrigação e conseqüente extinção normal da

execução. 

11 Execução das Obrigações de Fazer e de Não Fazer 

12 Execução de Obrigação de Fazer 

O processo de execução de obrigação de fazer, inicia-se por petição

inicial, nos mesmos moldes e obrigatoriedades dispostas da petição inicial da

obrigação de dar quantia certa.170

Seguindo a mesma sistemática, a citação dar-se-á por oficial de justiça,

sendo vedada a citação por correio, com ressalva da possibilidade neste caso de

citação por hora certa e por edital. 171

167 WAMBIER, 2007, p. 248.

168 WAMBIER, 2007, p. 252.

169

WAMBIER, 2007, p. 265.170 WAMBIER, 2007, p. 301.

171 WAMBIER, 2007, p. 301.

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Segundo Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo

Talamini, sendo citado o devedor têm três possibilidades:

Primeira: o devedor atende ao mandado, cumprindo a obrigação defazer. Nesse caso, depois de pagar as custas e os honorários

advocatícios, o processo será extinto através de sentença. Se o

devedor apenas satisfazer a obrigação de fazer, mas não arcar com

as verbas processuais, prosseguir-se-á, nos mesmos autos, com

execução por quantia certa em relação as custas.

Segundo: o devedor propõe embargos à execução, no prazo de

quinze dias da juntada aos autos do comprovante de citação (art.

738). Se os embargos foram recebidos pelo juiz sem efeito

suspensivo, aplicar-se-á o exposto na primeira hipótese acima, ou naterceira, a seguir. Se os embargos forem recebidos com efeito

suspensivo, o processo ficará suspenso, pelo menos, até a decisão

dos embargos em primeiro grau de jurisdição. [...]

Terceiro: não há cumprimento da obrigação, nem propositura de

embargos. Nesse caso, a execução prosseguirá, indicando, a partir 

da data ficada pelo juiz, a multa diária, salvo se a obrigação já se

houver tornado impossível. [...] 172

Se a obrigação for fungível, poderá o credor requerer caso não cumpridoesta, a sua conversão em perdas e danos (passando, nos próprios autos, a

liquidação e execução por quantia certa) ou a determinação de cumprimento por 

terceiro à custa pelo executado. Não há prazo para o exeqüente requerer a

execução da obrigação por terceiro ou a conversão em perdas e danos, tendo ainda

preferência para ele mesmo, prestar o fato pelo mesmo valor proposto pelo terceiro.

Direito esse, que deve exercer em cinco dias dado conhecimento da proposta do

terceiro selecionado para o cumprimento da obrigação.173

Nas prestações infungíveis, convertem-se estas, quando não cumpridas,

em perdas e danos, realizando a liquidação para apuração do valor indenizatório, e

posteriormente seguindo-se os moldes da execução por quantia certa. Ressalva-se

que o descumprimento de obrigação infungível, nem sempre será imediatamente

172 WAMBIER, 2007, p. 301-302.

173 WAMBIER, 2007, p. 302-303.

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convertida em perdas e danos, podendo o magistrado fixar multa coercitiva diária,

elevando-se no tempo, se este for o caso.174 

13 Execução de Obrigação de Não Fazer 

Após o recebimento da inicial, o devedor é citado, “recebendo mandado

executivo para não praticar a conduta que lhe está vedada e ou desfazer aquilo que

 já fez”. 175

Segundo Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo

Talamini, sequencialmente abrirão três caminhos:

a) o devedor atende ao mandado, desfazendo o que havia feito e ou

abstendo-se de prosseguir com a conduta vedada. Nesse caso,

depois de pagar as custas e os honorários advocatícios, o processo

será extinto mediante sentença. Se apenas satisfizer a obrigação de

fazer, mas não arcar com as verbas processuais, prosseguir-se-á,

nos mesmos autos, com execução por quantia certa em relação a

estas;b) o devedor propõe embargos à execução, no prazo de quinze dias

da juntada aos autos do comprovante de citação (art. 738).

Recebidos os embargos com efeito suspensivo, o processo executivo

ficará sustado. Por conseqüência, não incidirá, durante esse período,

a multa diária. Recebidos os embargos se efeito suspensivo, recai-se

em a ou b aqui cogitados. Se rejeitar os embargos que inicialmente

tinha recebido efeitos suspensivo, o processo executivo também

retoma seu curso [...], recaindo-se também a ou c . [...]

c) não há cumprimento da obrigação de desfazer e ou de se abster a

continuar fazendo, nem propositura de embargos. Nesse caso, a

execução prosseguirá, incidindo, a partir da data fixada pelo juiz, a

multa diária, salvo se a obrigação já se tornar impossível. [...] 176

Se possível o desfazimento da obrigação, em não cumprido o mandado, o

  juiz determinará o desfazimento por terceiro, atribuindo a este à custa e ainda

174

WAMBIER, 2007, p. 303-304.175 WAMBIER, 2007, p. 304.

176 WAMBIER, 2007, p. 304-305.

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resolvendo em perdas e danos. Se impossível o desfazimento resolve-se em perdas

e danos, na mesma sistemática do cumprimento de obrigação de fazer.177

14 Execução para Entrega de Coisa Contra Devedor Solvente

No mesmo vértice ao anteriormente comentado, o processo executivo

inicia-se por petição inicial. O juiz citará o devedor para a entrega da coisa ou o seu

depósito em juízo, no prazo de dez dias. Poderá o juiz ainda fixar multa por dia de

atraso do cumprimento do mandado. A citação dar-se-á nos mesmos moldes da

execução de obrigação de fazer e não fazer, sendo após este ato, nas palavras de

Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo Talamini, restando ao

executado três alternativas:

(I) o executado entrega a coisa, no prazo de dez dias. Constatando

que entregou a coisa correta [...], lavra-se o respectivo termo e

extingue-se a execução, mediante sentença (art. 794) – a não ser 

que o título executivo contivesse ainda condenação a pagamento de

quantia certa, referente a perdas e danos ou pagamento de frutos,hipótese em que se prossegue com a execução por qunatia certa

(art. 624). O mesmo acontecerá se houver a necessidade de

cobrança das verbas processuais atinentes a custas e honorários

advocatícios. Sendo ilíquida a condenação em perdas e danos ou o

pagamento de frutos, proceder-se-á prévia liquidação. [...]

(II) o executado não entrega pura e simplesmente a coisa, pois

pretende opor embargos, e sim a deposita em juízo, no prazo de dez

dias. Lavra-se, então, termo do depósito nos autos (arts. 621 parte

final, e 622). O devedor terá quinze dias para opor embargos,contados da juntada aos autos do comprovante de citação (art. 738).

Recebidos os embargos com efeito suspensivo, fica sustado o

processo executivo [...] de modo que a coisa não poderá ser 

levantada pelo credor, pelo menos até a sentença de improcedência

dessa ação incidental de conhecimento proposta pelo executado [...].

Se os embargos forem recebidos sem efeitos suspensivos, a

execução prosseguirá desde logo. [...] Julgado procedente os

embargos, a coisa depositada retorna para o executado, extinguindo-

se a execução. Julgados improcedentes, haverá levantamento do

177 WAMBIER, 2007, p. 305.

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depósito pelo exeqüente, mediante mero mandado de levantamento.

[...]

(III) o devedor não deposita a coisa, nem entrega, no prazo de dez

dias. Expede-se mandado de imissão de posse ou busca e

apreensão [...] Também nessa hipótese, o processo poderá continuar 

em execução por quantia certa, precedida de eventual liquidação,

relativamente à perdas e danos, ao pagamento de frutos ou custas e

honorários.178

Conforme artigo 738179 do Código de Processo Civil, o depósito não é

ônus para embargar, mas apenas ônus impeditivo para que o bem seja entregue ao

credor, pelo cumprimento do mandado de busca e apreensão e ou imissão de

posse.180 

15 Do Cumprimento da Sentença

Na nova sistemática do Código de Processo Civil, a sentença é executada

no mesmo processo, na forma de mais uma fase processual.

Deve-se ater que após a fase cognitiva, a fase execução adotará o

procedimento adstrito ao tipo de obrigação determinada na sentença. Dentre estas

obrigações temos: a) obrigação de fazer e não fazer; b) obrigação de entrega de

coisa e c) obrigação de entrega de quantia certa.

Caso a sentença tutele obrigação de fazer e não fazer, o seu

cumprimento forçado far-se-á nos moldes do artigo 461 e seus parágrafos do Código

de Processo Civil. Assim tarefas impostas ao devedor, poderão ser autorizadas ao

178 WAMBIER, 2007, p. 342-343.

179 Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandadode citação.

180 WAMBIER, 2007, p. 343-344.

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credor ou a terceiros ao rogo do credor para que possam satisfazer a obrigação.

Neste sentido elucida e complementa Theodoro Júnior:

Os poderes do juiz para fazer cumprir especificamente a obrigaçãode fazer não ficam restritos à autorização para que o credor realize

ou mande realizar por terceiro o fato devido. Pode o juiz adotar 

outras providências que, mesmo não sendo exatamente o fato

devido, correspondam a algo que assegure o resultado prático

equivalente ao do adimplemento.181

Após o cumprimento da sentença, não é necessário o pronunciamento de

nova sentença, pois a atividade é simples complemento do comando sentencial.182

Na obrigação de entrega de coisa, “o juiz fixará o prazo para o

cumprimento da obrigação. Ultrapassado o tempo para a realização voluntária da

entrega, sem que a prestação tenha sido realizada, expedir-se-á mandado para

cumprimento forçado da sentença”, nos molde do art. 461-A do Código de Processo

Civil.183

Segundo Theodoro Júnior este mandado será:

a) de busca e apreensão, no caso de coisa móvel; ou

b) de imissão na posse, se se tratar de coisa imóvel.184

Executando o mandado, este juntado aos autos, dar-se-á por encerrado o

processo, não necessitando de nova sentença.185

Nas hipóteses da obrigação de fazer, não fazer e de entrega de coisa, se

for impossível o cumprimento da obrigação essa se converterá em perdas e danos,

necessitando da liquidação e posteriormente execução por quantia certa.

O procedimento de execução por quantia certa, consiste na expropriação

pelo judiciário, de bens do devedor, convertendo-o em dinheiro, sendo ao final

satisfazendo o credor. Após o fim da fase de conhecimento, com o enunciar da

181 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 32.

182 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 37.

183

THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 46.184 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 46.

185 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 46.

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sentença pelo magistrado, sendo está líquida, iniciará a fase executiva. Mas caso a

sentença seja ilíquida, a execução ter-se-á inicio após a fase de liquidação da

sentença.

O prazo para cumprimento da sentença independe da citação ou

intimação do devedor, sendo de 15 (quinze) dias do trânsito e julgado desta decisão.

Passando o prazo de pagamento, o credor mediante petição simples deve requerer 

o cumprimento forçado da obrigação, destinando-se a penhorar e avaliar bens a

serem expropriados para a satisfação do crédito. É facultado neste momento ao

credor indicar bens a penhora, mas esta iniciativa não exclui o direito do devedor de

obter a substituição da penhora quando configurada as hipóteses do artigo 656186 do

Código de Processo Civil.187

Lavrado o auto da penhora e avaliação pelo oficial de justiça, o executado

será intimado na pessoa de seu advogado, ou não tendo constituído far-se-á

pessoalmente ou mediante seu representante legal. Se a avaliação não puder ser 

feita pelo oficial de justiça, o juiz nomeará avaliador para o encargo. Uma vez

intimado o devedor, este terá 15 (quinze) dias para oferecer impugnação. Da

impugnação da execução o juiz proferirá uma decisão interlocutória, agravável por 

instrumento. Por fim seguindo a sistemática processual, serão expropriados os bens

penhorados e satisfeita a obrigação do credor. Ressalta-se neste ponto que as

regras pertinentes, serão segundo a execução dos títulos extrajudiciais (art. 475-

R188). 189

8 Da Defesa do Executado

186 Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: I – se não obedecer à ordem legal; II – se não incidir sobre osbens designados em lei, contrato ou ato judicial para pagamento; III – se, havendo bens no foro da execução, outroshouverem sido penhorados; IV – se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto degravame; V – se incidir sobre bens de baixa liquidez; VI – se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou VII – se odevedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo únicodo art. 668 desta lei.

187 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 53.

188 Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execuçãode título extrajudicial.

189 THEODORO JÚNIOR, 2006, p. 53-54.

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Com a sistemática atual do Código de Processo Civil, tem-se ferramentas

distintas, a serem empregadas no processo executivo e na fase executiva. Para o

processo executivo utiliza-se o chamado embargos de executado, que segundo

Araken de Assis é uma “ação de oposição à execução, quer obrigando exceções

substantivas, quer controvertendo questões processuais da execução”. Trata-se do

único remédio que trava a marcha do processo executivo, desaparecendo seus

efeitos somente após o julgamento de primeiro grau desfavorável ao embargante.190

Complementa Luiz Rodrigues Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo

Talamini conceituando:

Os embargos de executado (ou de devedor) são ação de

conhecimento, geradora de procedimento incidental e autônomo,

mediante a qual, com a eventual suspensão da execução, o

executado impugna a pretensão creditícia do exeqüente e a validade

da relação processual executiva.191

Para procedimento de execução de cumprimento de sentença (fase

executiva), o meio idôneo é pela via da impugnação da execução da sentença ou

impugnação do executado. Para Araken de Assis, a impugnação do executado é omeio pelo qual “o executado veiculará exceções substantivas e objeções

processuais”, tratando-se de uma oposição a execução.192 Já para Luiz Rodrigues

Wambier, Flávio Renato Almeida e Eduardo Talamini, trata-se apenas um simples

incidente (fase), interno ao processo em que já se desenvolve.193

Ainda, tem-se a hipótese de um terceiro ser afetado pela execução. Nesta

hipótese o terceiro poderá opor-se a execução, através de embargos de terceiros.

Trata-se de um remédio para desembaraçar, desembargar ou separar bens

190 ASSIS, 2006, p. 1049.

191

WAMBIER, 2007, p. 352.192 ASSIS, 2006, p. 1151.

193 WAMBIER, 2007, p. 374.

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indevidamente envolvidos no processo, de uso nas hipóteses elencadas nos artigos

1046194 e 1047195 do Código de Processo Civil.196

Por fim, as condições ou requisitos de existência da execução e da

validade dos atos executivos estão sob permanente controle do juízo, representando

condições de legitimidade do próprio exercício da jurisdição, de maneira que, não se

pode admitir preclusão temporal. No mesmo sentido, leciona Luiz Rodrigues

Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel Gracia Medina:

Como tais matérias podem ser conhecidas ex officio pelo juiz, nada

impede que este seja provocada pelo executado antes da

oportunidade processual própria para a apresentação daimpugnação. Assim, não obstante o Código estabelece que o

executado deverá apresentar a impugnação após a penhora, nada

impede que, intimado para o cumprimento da sentença, o executado

alegue, por exemplo, que a sentença é juridicamente inexistente, em

razão da ausência de citação (CPC, art. 475-L, inc. I). A propósito, a

ausência de requisitos para a execução ou a invalidade de atos

executivos pode ser argüida mesmo após o prazo estabelecido no

art. 475-J, §1º, do CPC. Caso, no entanto, o executado deixe de

alegar tais vícios na primeira oportunidade em que lhe incumbe falar 

nos autos, incidirão as sanções referidas nos arts. 22 e 267, §3º do

CPC, conforme o caso.197

Trata-se da construção do mecanismo da exceção de pré-executividade,

como instrumento impugnativo fora dos embargos e da própria impugnação da

sentença, com requisitos próprios.

Concluído este capítulo, verificou-se a construção dos procedimentos

mais peculiares para se efetivar um título executivo. Substancialmente, verificam-sedois meios (procedimentos) executivos.

194 Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário,partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos.

195 Art. 1.047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou dedemarcação, for o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos; II - para ocredor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese.

196 ASSIS, 2006, p. 1179.

197 WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALVIM WAMBIER, Teresa Arruda; MEDINA, José Miguel Garcia. Breves Comentários à NovaSistemática Processual Civil 2, São Paulo, Revista Dos Tribunais, 2006, p. 152.

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O primeiro autônomo, baseado em títulos extrajudiciais, que por força da

Lei, mitigam o procedimento cognitivo, dando força aparente de clareza na

obrigação do devedor em satisfazer o credor, frente ao negócio jurídico perpetrado.

Já em outro pólo encontra os títulos judiciais, nos quais, quando

necessitam de sua forçosa execução, motivam ao complemento de mais uma fase

procedimental (processo sincrético), sendo esta iniciada com ou sem a liquidação.

Nesta nova fase não se discute o direito, mais tão somente estratégias defensivas

de caráter absoluto, problemas procedimentais não precluídos e ou fatos

supervenientes que afetem a obrigação.

Ao formular os atos necessários para contemplação da tutela, o legislador ordinário, trouxe severas modificações na estrutura procedimental. Estas

modificações, como já realçadas buscam a efetividade, mas foram tão forçosas que

merecem um detalhamento apurado, ao qual, será o foco principal da parte final

deste estudo.

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16 DA REFORMA PROCESSUAL CIVIL

Neste capítulo abordar-se-á substancialmente os pontos alterados com as

novas leis processuais, trazendo no final, considerações sobre a necessidade da

real aplicação da vontade do legislador, norteado fundamentalmente na busca da

maior efetividade e celeridade processual.

Recentemente o legislador ordinário realizou duas grandes reformas no

sistema processual civil, através da publicação das Leis 11232 de 22 de dezembro

de 2005 e 11382 de 06 de dezembro de 2006.

As referidas leis vêm de encontro à imposição constitucional de um

processo mais célere, com duração razoável e efetivo, trazendo severas

modificações substanciadas no tocante a execução de títulos judiciais e

extrajudiciais.

A Lei 11232/05, teve como ponto principal a alteração da sistemática

processual para execução de títulos judiciais (no tocante ao cumprimento da

sentença); e a Lei 11382/06 completando a primeira adequou diversos pontos do

Código de Processo Civil a esta nova sistemática, trazendo também alterações

significativas ao processo de execução de títulos extrajudiciais.

Assim, após este breve intróito, realizar-se-á no discorrer final desta obra,

uma análise dos pontos primordiais da nova estrutura processual civil.

9 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Judiciais

Como já referido anteriormente, a execução forçadas de sentenças, foi

trazida para o processo cognitivo, dispondo-se como uma fase final da prestação

  jurisdicional. Esta nova concepção sistêmica adveio com a publicação da Lei

11232/05, da qual alterou vários dispositivos, dos quais necessariamente, deve-se

discorrer algumas linhas gerais:

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17 Dos Atos do Juiz

Dentre a vasta alteração no procedimento judicial para posteriori

execução forçada da sentença, destaca-se na parte geral, a nova conceitualização

dada à sentença (art. 162 § 1º).198 

Com a reforma a sentença não é mais o ato do juiz, que põe fim a

 jurisdição de primeiro grau, mas sim, adequando-se a nova sistemática, o ato do juiz

que põe fim a uma fase processual, dentro das hipóteses dos artigos 267199 e 269200 

do Código de Processo Civil.201

A sentença não pode ser mais vista como o ato do magistrado que põefim ao processo (conceito este difundido por décadas), encerrando simplesmente o

processo cognitivo. Deve ser observada como o ato do juiz, que em face da nova

sistemática de um processo sincrético, encerra uma fase dentro do processo,

possibilitando a preclusão dos procedimentos até aquele momento desenvolvidos e

permitindo se necessário, uma nova fase procedimental, fundada na

substancialidade da tutela desejada.

198 Art. 162 [...]§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.

199 Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial; Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihecompetir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - quando se verificar a ausência de pressupostos deconstituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção,litispendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica,a legitimidade das partes e o interesse processual; Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação;IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI -nos demais casos prescritos neste Código.

200 Art. 269. Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer aprocedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V -quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.

201 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2. 2006, p. 30-38.

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18 Da Liquidação da Sentença

Na sistemática atual de liquidação de sentenças (art. 475-A),202 não se

estabelece uma nova relação processual, mas sim a sua continuidade, instruindo-se

como uma fase necessária, para posterior fase de execução.203 

Somente são passíveis de liquidação as sentenças que não determinem o

valor devido a título de condenação, excluindo-se os casos em que a sentença não

individue o objeto da condenação 204.

O §2º do art. 475-A traz a liquidação provisória da sentença. Este

dispositivo prevê a possibilidade de a parte vencedora iniciar a liquidação dasentença mesmo na pendência de recurso recebido com efeito suspensivo.

Já o §3º, determina que nas causas de ressarcimento por danos

causados em acidente de veículo de via terrestre e de cobrança de seguro, que

sujeitas, nos termos do art. 275, inciso II, alíneas "d" e "e", ao procedimento sumário,

é proibida a prolação de sentença ilíquida, cumprindo ao juiz fixar, de plano, por 

força da nova Lei, e a seu prudente arbítrio, o valor que entender ser devido, a título

de condenação. 205

Quanto a apuração de valor por mero cálculo, previsto no art. 475-B, 206 

segundo Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel

Garcia Medina, estabelece que:

202 Art. 475-A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. § 1 o Do requerimento deliquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado. § 2 o A liquidação poderá ser requerida na

pendência de recurso, processando-se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedidocom cópias das peças processuais pertinentes. § 3o Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275,inciso II, alíneas ‘d’ e ‘e’ desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seuprudente critério, o valor devido.

203 LENZI, Carlos Alberto Silveira. O Novo Processo de Execução no CPC. Florianópolis, Conceito Editorial, 2007, p. 46.

204 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2. 2006, p. 98-103.

205 LENZI, 2007, p. 48.

206 Art. 475-B. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor requererá ocumprimento da sentença, na forma do art. 475-J desta Lei, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada docálculo.§ 1o Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro,o juiz, a requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da diligência.§ 2 o

Se os dados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentadospelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação prevista no art. 362.§ 3 o Poderá o juiz valer-se docontador do juízo, quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e,ainda, nos casos de assistência judiciária. § 4 o Se o credor não concordar com os cálculos feitos nos termos do § 3 o desteartigo, far-se-á a execução pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelocontador.

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[...] a hipótese referida no art. 475-B do CPC não diz respeito,

propriamente, à liquidação de sentença. A regra jurídica ora

comentada poderia, a nosso ver, ter sido inserida no Capitulo X – Do

Cumprimento da Sentença, já que se relaciona mais propriamente à

execução da sentença do que à sua liquidação.207

O art. 475-B tem redação muito próxima do antigo artigo 604208 do Código

de Processo Civil (ora revogado), apresentando apenas algumas modificações em

caráter de se adequar a nova sistemática processual. Merece destaque o §2º do

referido artigo, onde o terceiro, se injustificadamente, não apresentar os dados

necessários requeridos para a liquidação, será responsabilizado cominando as

sanções impostas do artigo 362209

, do Código de Processo Civil (além de responder por crime de desobediência). Aplica-se também concomitantemente neste caso,

sendo parte ou não do processo, as sanções do artigo 14, V210 e parágrafo único211 

(se reverterá à receita pública) e o disposto no artigo 601 212 (se reverterá ao credor),

ambos do Código de Processo Civil.213

Consoante as alterações aos artigos 475-C a 475-G, conforme Luiz

Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina,

207 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 108.

208 Art. 604. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo aritmético, o credor procederá à suaexecução na forma do art. 652 e seguintes, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do cálculo. § 1 o

Quando a elaboração da memória do cálculo depender de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, arequerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência; se osdados não forem, injustificadamente, apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados pelocredor e a resistência do terceiro será considerada desobediência. § 2o Poderá o juiz, antes de determinar a citação, valer-sedo contador do juízo quando a memória apresentada pelo credor aparentemente exceder os limites da decisão exeqüenda e,ainda, nos casos de assistência judiciária. Se o credor não concordar com esse demonstrativo, far-se-á a execução pelovalor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo contador.

209 Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao respectivodepósito em cartório ou noutro lugar designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse dasdespesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário,força policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência.

210 Art. 14 [...] V- cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final.

211 Art. 14 [...]Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violaçãodo disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo dassanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com agravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado dotrânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado.

212 Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante não superior a20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual oumaterial, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução

213 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 108-114.

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estes “novos arts. 475C a 475-G, inseridos pela Lei 11232/2005, correspondem,

substancialmente, aos arts. 606 a 610 do CPC, revogados pela mesma Lei”.214

Por fim, ao analisar a natureza da decisão que julga a liquidação da

sentença (art. 475-H),215 apesar do posicionamento de Luiz Rodrigues Wambier,

Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina, que ao fim do

procedimento ter-se-ia uma sentença declaratória,  216 entende-se ser mais adequado

que, na realidade se trata de uma decisão interlocutória agravável por instrumento.217

Elucida Carlos Alberto Lenzi:

[...] O art. 130/CPC orienta o juiz tomar as providências instrutórias

que entender necessárias para a resolução do procedimento de

liquidação por artigos, que culminará com decisão (e não sentença)

 judicial, agora agravável de instrumento (anteriormente era apelável)

sem efeito suspensivo (art. 475-H/CPC) [...] 218

Por força do referido dispositivo, sendo expresso há esta decisão, o

recurso de agravo por instrumento, e ainda, esta decisão tratar-se de pontos já

decididos por sentença que pôs fim ao procedimento de cognição, não pode-se

falar-se de sentença, mais sim como corretamente dispõe Alberto Lenzi, de umadecisão interlocutória. 

19 Do Cumprimento da Sentença

214 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 115.

215 Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

216

WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 98-103.217 LENZI, 2007, p. 47.

218 LENZI, 2007, p. 50.

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O caput  do 475-I 219 e os seus parágrafos repetem o estabelecido no

artigo 587220 do Código de Processo Civil, harmonizando com a nova sistemática

processual.

O cumprimento de sentença, ao qual for determinada pelo pagamento de

soma em dinheiro, será realizado no mesmo processo, seguindo os moldes dos

artigos 475-J e seguintes; aplicando-se para as obrigações de fazer, não fazer e

entrega de coisa, os respectivos artigos 461 e 461-A do Código de Processo Civil. 221

Na redação do §1º do art. 475-I preconiza-se como sendo definitivas as

execuções originadas de sentenças transitadas em julgado, e provisórias

decorrentes de sentenças impugnadas mediante recurso, ao qual não se tenhaatribuído efeito suspensivo.222 

Ainda sobre o art. 475, assevera Lenzi:

A novidade vem no § 2º, que informa acontecer o cumprimento da

sentença, quando houver parte líquida e outra ilíquida, sendo

deferido ao credor, promover, simultaneamente, a execução

definitiva da parte líquida e da ilíquida, sendo esta em autos

apartados no juízo original.223

No tocante à execução forçada, o art. 475-J224 é considerado como o

artigo primordial, ao qual se concretiza a nova concepção não autônoma do

processo executório. Segundo o dispositivo em comento, quando o devedor for 

219 Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo. § 1o É definitiva a execução da sentençatransitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeitosuspensivo. § 2o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamentea execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.

220 Art. 587. A execução é definitiva, quando fundada em sentença transitada em julgado ou em título extrajudicial; é provisória,quando a sentença for impugnada mediante recurso, recebido só no efeito devolutivo. (redação ultrapassada)

221 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 138.

222 LENZI, 2007, p. 59-60.

223 LENZI, 2007, p. 60.

224 Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo dequinze dias, o montante da condenação será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. § 1 o Do auto depenhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na faltadeste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo,no prazo de quinze dias. § 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentosespecializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega do laudo. § 3 o O exeqüentepoderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados. § 4 o Efetuado o pagamento parcial no prazoprevisto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidirá sobre o restante. § 5 o Não sendo requerida a execução noprazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.

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condenado ao pagamento de quantia certa, ou fixada em incidente de liquidação,

deverá efetuar o pagamento do valor da condenação, incontinenti, no prazo de

quinze dias, sob pena de multa de 10% (dez por cento) sobre o respectivo montante

e da imediata expedição de mandado de penhora e avaliação.

A contagem do prazo iniciará a partir da publicação da sentença, onde

houver Diário Oficial, ou da intimação do advogado, onde inexistir, isto quando não

se impuser a liquidação. Em havendo, é razoável que o prazo de quinze dias seja

contado da data da publicação da decisão do incidente de liquidação, onde houver 

Diário, ou da intimação do advogado, onde não houver. Da mesma forma, se for 

interposto recurso (este recebido com duplo efeito) deve o prazo fluir da publicação

do acórdão.

Se a apelação for recebida somente no efeito devolutivo, o devedor 

deverá depositar em garantia o valor da condenação ou prestar caução para evitar a

multa. O credor somente poderá levantar a importância desde que dê garantias

idôneas e suficientes ao Juízo. 225

A multa que trata o caput  incidirá automaticamente, independente de

decisão judicial, podendo ainda, por ser medida coercitiva e não medida punitiva, ser aplicado cumulativamente à multa do artigo 14, IV e parágrafo único do Código de

Processo Civil.226

Os procedimentos dos §§ 1º, 2º e 3º já foram abordados anteriormente

nesta obra, restando por dar ênfase aos §§ 4º e 5º. O § 4º trata da possibilidade de

pagamento parcial do débito em execução no prazo de quinze dias, sendo a multa

somente recairá sobre o saldo montante. O § 5º determina que se o devedor não

requerer a execução no prazo de seis meses, o juiz deverá arquivar o processo, semprejuízo de que venha a ser desarquivado mediante pedido.227

225

LENZI, 2007, p. 61.226 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 144-145.

227 LENZI, 2007, p. 63.

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Quanto à impugnação à execução, prevista no art. 475-L,228 as matérias ali

tratadas são equivalentes àquelas, objeto de embargos de devedor, nos termos do

artigo 741229, do Código de Processo Civil. Sobre este tema ressalta Lenzi que:

[...] a defesa incidental do devedor através da impugnação, a rigor,

somente pode ser efetuada após a segurança do juízo pela penhora.

Nesse mesmo ato, pode alegar as matérias elencadas no já

mencionado art. 475-L/CPC, e, inclusive, as pertinentes à penhora e

a avaliação.230

Outrora, assevera Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim

Wambier e José Miguel Garcia Medina que, o efeito suspensivo da impugnação nocaso do § 2º, deve-se ser atribuído somente ao montante em que versar a

controvérsia.231

Ainda ao tratar sobre o efeito suspensivo na impugnação, conforme o art.

475-M, 232 esclarece Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José

Miguel Garcia Medina que:

[...] a suspensão da execução da sentença, que antes era ope legis,

dependendo da simples apresentação dos embargos à execução,

hoje é ope judicis, isto é, decorre de decisão proferida pelo juiz à luz

dos requisitos estabelecidos no caput do art. 475-M do CPC.233

228 Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II –inexigibilidade do título; III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV – ilegitimidade das partes; V – excesso de execução;VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensação, transaçãoou prescrição, desde que superveniente à sentença. § 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo,considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo SupremoTribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federalcomo incompatíveis com a Constituição Federal. § 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso deexecução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto,sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.

229 Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos só poderão versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, seo processo correu à revelia; II - inexigibilidade do título; III - ilegitimidade das partes; IV - cumulação indevida de execuções;V – excesso de execução; VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença; Vll - incompetência do juízo daexecução, bem como suspeição ou impedimento do juiz.

230 LENZI, 2007, p. 61.

231 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 156.

232 Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde que relevantes seusfundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícilou incerta reparação. § 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer oprosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios

autos. § 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e, caso contrário, emautos apartados.§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quandoimportar extinção da execução, caso em que caberá apelação.

233 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 161.

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Os requisitos, ou seja, os fundamentos relevantes e o grave dano de

difícil ou incerta reparação, devem estar presentes concorrentemente para que se

atribua o efeito.234

Ao analisar o artigo art. 475-N,235 este correspondente ao artigo 584236 do

Código de Processo Civil (revogado pela Lei 11232/05), enumerando os títulos

executivos judiciais, verifica-se que se mantêm inalterados, salvo o inciso I, que

excluiu da redação anterior a palavra condenatória como qualificadora da sentença,

substituindo-a por "sentença que reconheça a existência de obrigação de fazer, não

fazer, entregar coisa ou pagar quantia". Tal modificação se deve ao fato de que a

atual lei considerada a classificação quinária das sentenças, para considerar títulos

executivos também as sentenças mandamentais e executivas lato sensu .237

Quanto à execução provisória regulada pelo artigo art. 475-O,238 tem-se

uma redação um pouco distinta do ora revogado artigo 588 do Código de Processo

Civil. Conforme dispõe o artigo o inicio da execução provisória não é condicionada

ao caução. O caução do inciso III do caput do artigo 475-O, “é condição para a

234 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 161.

235 Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência deobrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia; II – a sentença penal condenatória transitada em julgado; III

 – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; IV – a sentençaarbitral; V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; VI – a sentença estrangeira,homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação aoinventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal. Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV eVI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução,conforme o caso.

236 Art. 584. São títulos executivos judiciais: I - a sentença condenatória proferida no processo civil; II - a sentença penalcondenatória transitada em julgado; III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que verse matérianão posta em juízo; IV - a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal; V - o formal e a certidão departilha. VI - a sentença arbitral. Parágrafo único. Os títulos a que se refere o n o V deste artigo têm força executiva

exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título universal ou singular.

237 LENZI, 2007, p. 67-68.

238 Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas asseguintes normas: I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anulea sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmosautos, por arbitramento; III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação depropriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada deplano pelo juiz e prestada nos próprios autos. § 1o No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta ficará sem efeito a execução. § 2 o A caução a que se refere o incisoIII do caput deste artigo poderá ser dispensada: I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de atoilícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade; II – noscasos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ouincerta reparação. § 3o Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas dasseguintes peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1o: I – sentença ouacórdão exeqüendo; II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo; III – procurações outorgadaspelas partes; IV – decisão de habilitação, se for o caso; V – facultativamente, outras peças processuais que o exeqüenteconsidere necessárias.

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alienação do bem penhorado ou para a realização de atos que sejam capazes de

causar ao executado grave dano”.239 

Merece também realce a inclusão de duas novas hipóteses em que se

dispensa a caução na execução provisória, ambas previstas no §2º do inciso III do

referido dispositivo. São elas: a) nos casos de créditos decorrentes de atos ilícitos,

no limite de 60 salários mínimos, quando o exeqüente demonstrar situação de

necessidade, tal como já ocorria com os créditos de natureza alimentar, por força do

antigo art. 588240 do CPC; b) nos casos de execução provisória que dependa de

 julgamento de agravo de instrumento, no STF ou no STJ.241

Quanto à competência para o cumprimento da sentença, na conformidadedo art. 475-P,242 este repetiu o texto do artigo 575 243 do Código de Processo Civil,

dispondo uma nova regra de competência, possibilitando o exeqüente optar, pelo

 juízo do local onde se encontrarem os bens sujeitos à execução ou pelo juízo do

atual domicílio do executado. Trata-se de regra de competência que busca facilitar o

cumprimento da sentença e os atos de constrição. Neste sentido, completa

elucidando Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier e José Miguel

Garcia Medina:

Os princípios que regulam a competência absoluta, assim, foram

mitigados pelo art. 475-P, parágrafo único, do CPC, já que este

preceito estabeleceu competência concorrente entre os três juízos

referidos. A solução pela qual optou o legislador da reforma é capaz

de tornar mais efetiva a execução, já que o juízo em que a sentença

239 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 180.

240 Art. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas: I -corre por conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os prejuízos que oexecutado venha a sofrer; II - o levantamento de depósito em dinheiro, e a prática de atos que importem alienação dedomínio ou dos quais possa resultar grave dano ao executado, dependem de caução idônea, requerida e prestada nospróprios autos da execução; III - fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,restituindo-se as partes ao estado anterior; IV - eventuais prejuízos serão liquidados no mesmo processo.

241 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 190-191.

242 Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante: I – os tribunais, nas causas de sua competência originária; II – o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; III – o juízo cível competente, quando se tratar de sentençapenal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. Parágrafo único. No caso do inciso II do caput desteartigo, o exeqüente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual

domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

243 Art. 575. A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante: I - os tribunais superiores, nas causas de suacompetência originária; II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição; IV - o juízo cível competente, quando otítulo executivo for sentença penal condenatória ou sentença arbitral.

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foi proferida não será, necessariamente, o local onde se encontram

os bens a serem expropriados.244

O legislador ao tratar da constituição de Capital, art. 475-Q,

245

emsubstituição ao revogado artigo 602 do estatuto processual, manteve praticamente

os mesmos preceitos anteriormente regulados. A constituição do capital “tem por 

finalidade garantir o cumprimento de prestações futuras, relacionadas ao dever de

prestar alimentos”,246 merece destaque, o § 4º que veio para dirimir definitivamente a

controvérsia doutrinária e jurisprudencial, permitindo a fixação dos alimentos com

base no salário mínimo.247

Por fim, o legislador ao trazer o art. 475-R,248

dispôs sobre a aplicaçãosubsidiária das normas, referentes à execução de título extrajudicial, permitindo que

qualquer lacuna possa ser suprida pelo regramento autônomo.

10 Aspectos Pontuais dos Títulos Executivos Extrajudiciais

20 Da Parte Geral – Livro I

A Lei 11382/06, embora objetivando o aprimoramento da execução de

títulos extrajudiciais, reviu e aperfeiçoou também dispositivos da parte geral, com

aplicação subsidiária e complementar à execução forçada de sentença.

244 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 193.

245 Art. 475-Q. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. § 1 o Este capital,representado por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável eimpenhorável enquanto durar a obrigação do devedor. § 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão dobeneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito privado de notóriacapacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado deimediato pelo juiz. § 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme ascircunstâncias, redução ou aumento da prestação. § 4o Os alimentos podem ser fixados tomando por base o salário-mínimo.§ 5o Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar asgarantias prestadas.

246 WAMBIER, Breves Comentários à Nova Sistemática Processual Civil 2, 2006, p. 195.

247 LENZI, 2007, p. 76.

248 Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo deexecução de título extrajudicial.

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Dentre as alterações destaca-se primeiramente quanto a alteração dos

atos do oficial de justiça (art. 143, V),249 ao qual lhes foram incluída uma nova função,

que é a de avaliar os bens penhorados no ato citatório. Esta alteração não é uma

inovação, pois segue a Lei 11232/05 que fez o mesmo no artigo 475-J. 250

Também merece destaque o ato de intimação por via postal (art. 238 §

único),251 ao qual com a reforma adotou-se a presunção da intimação tanto para o

advogado, quanto para as partes, através do comprovante da simples entrega no

endereço indicado na peça inicial. Incluiu-se também ao advogado e as partes, o

ônus de manter atualizado o endereço no curso de processo, sob pena do ato

intimatório ser consumado.252

Por fim, destaca-se o art. 365, IV 253, ao qual retirou a necessidade da

autenticação do escrivão de cópias dos autos, quando estes serão de uso do

advogado para incidentes apartados (recurso, exceção e etc.).254

21 Execução em Geral

Dentre as alterações a primeira que merece realce é o art. 580, 255 ao qual

tratou-se de alteração uma necessária frente à Lei 11323/05. Com a nova redação

não cabe ao credor em qualquer hipótese promover a execução, devendo esta

somente ser instaurada, “caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e

exigível, consubstanciada em título executivo” 256.

249 Art. 143 [...] V - efetuar avaliações.

250 THEODORO JÚNIOR, Humberto. A Reforma da Execução do Título Extrajudicial. Rio de Janeiro, Editora Forense, 2007,p.8.

251 Art. 238 [...]Parágrafo único. Presumem-se válidas as comunicações e intimações dirigidas ao endereço residencial ouprofissional declinado na inicial, contestação ou embargos, cumprindo às partes atualizar o respectivo endereço sempre quehouver modificação temporária ou definitiva.

252 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 9-10.

253 Art. 365 [...]IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo próprio advogadosob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade.

254 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 10-11.

255 Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível,consubstanciada em título executivo.

256 ALVIM, J. E. Carreira; CABRAL, Luciana G. Carreira Alvim. Nova Execução de Título Extrajudicial. 2ª edição. Curitiba.Juruá Editora, 2007, p. 21.

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Outro ponto importante que deve-se ponderar comentários, é o rol

taxativo de títulos executivos extrajudiciais (art. 585). 257 Com a nova redação

destaca-se os seguintes incisos: a) Inciso III – Limitou a força executiva ao contrato

de seguro de vida, perdendo a eficácia aos contratos de acidentes pessoais; b)

Inciso V – Consolida a posição que o título executivo extrajudicial refere-se ao

crédito decorrente de aluguel de imóveis e de encargos acessórios, tais como taxas

e despesas de condomínio. 258

Referente à nova redação do art. 586,259 esta veio tão somente para

acomodar o entendimento doutrinário que é a obrigação que é certa, líquida e

exigível, não o título. Também observa-se que foram revogados os §1º

(incompatibilidade com o novo sistema) e o § 2º (deslocamento para o art. 475,

§2º).260

Já quanto à execução provisória de título extrajudicial (art. 587),261 

assevera Theodoro Júnior:

[...] a execução provisória que antes somente cabia em face do título

 judicial passou a ser admissível, em certos casos, também para os

títulos executivos extrajudiciais. Segundo o texto atual do art. 587,que é de aplicação exclusiva aos títulos extrajudiciais, poderá haver,

em relação a eles, execução provisória após a apelação interposta

contra a sentença que rejeitar os embargos do devedor. A

provisoriedade prevalecerá enquanto não julgada a apelação e se

257 Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e

por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelosadvogados dos transatores; III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de segurode vida; IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio; V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel deimóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; VI - o crédito de serventuário de

 justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dosMunicípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; VIII - todos os demais títulos a que, por disposiçãoexpressa, a lei atribuir força executiva.§ 1o A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivonão inibe o credor de promover-lhe a execução.§ 2o Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, paraserem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, háde satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar decumprimento da obrigação.

258 ALVIM, 2007, p. 23-28.

259 Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.

260 ALVIM, 2007, p. 28-30.

261 Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente apelação da sentença deimprocedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739).

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aplicará apenas aos casos em que os embargos tiverem sido

recebidos com efeito suspensivo.262

Outrora, vislumbrando o tema responsabilidade patrimonial, o novo art.592, I, 263 ampliou o alcance da norma para duas formas: “a) a responsabilidade do

adquirente do bem exeqüível compreende tanto os títulos judiciais como

extrajudiciais; b) o bem disputado pode estar sujeito à execução por direito real ou

por obrigação reipersecutória.” 264

Por fim, destaca-se a alteração do dispositivo do art. 600, IV, 265 ao qual

deixou mais incisiva à repressão à fraude do executado.266

22 Das Diversas Espécies de Execução

O ponto primordial referente a este tema é com relação à prevenção

contra a fraude de execução (art. 615-A). 267 Com a alteração no texto legal não é

necessário mais o aperfeiçoamento da penhora para a aplicação da garantia por 

meio de registro público.

Com a simples distribuição da petição inicial, já fica o exeqüente

autorizado, mediante certidão, em realizar a averbação no registro público (garantia

da execução), tendo subsequentemente o prazo de dez dias para comunicar ao

 juízo. 268 

262 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 26.

263 Art. 592 [...]I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;

264 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 27.

265 Art. 600 [...]IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora eseus respectivos valores.

266 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 29.

267 Art. 615-A. O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória do ajuizamento da execução, comidentificação das partes e valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro deoutros bens sujeitos à penhora ou arresto.

268 ALVIM, 2007, p. 44-50.

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Quando o exeqüente comete abuso de direito, fazendo uso

desproporcional e desarrazoado das averbações, lhe caberá a sanção por litigância

de má-fé, devendo indenizar o executado.269

23 Da Inovação na Execução da Obrigação de Fazer 

Pode-se destacar duas alterações importantes. A primeira é referente asimplificação da execução da obrigação de fazer ou de não fazer fungível (Art.

634).270 A inovação neste ponto consiste no cancelamento de todas as medidas de

concorrência pública ou de licitação, rígidas que invibializarvam a faculdade

assegurada. Esta flexibilização permite ao juiz tome as medidas que se acharem

necessárias para o cumprimento da obrigação (art. 461). 271

O segundo importante ponto faz-se quanto à opção do credor em realizar 

pessoalmente a obra (art. 637 § único).272 Assim quando estabelecida a melhor proposta, terá o exeqüente o direito de preferência (manifestando-se em cinco dias)

na execução das obras nos termos daquela. Trata-se de faculdade do exeqüente, ao

qual o magistrado deve sempre observar o princípio da menor onerosidade.273

24 Da Inovação na Execução da Obrigação por Quantia Certa

269 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 34.

270 Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito ao juiz, a requerimento do exeqüente, decidir que aquele orealize à custa do executado.Parágrafo único. O exeqüente adiantará as quantias previstas na proposta que, ouvidas aspartes, o juiz houver aprovado.

271 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 39-40.

272 Art. 637 [...]Parágrafo único. O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco) dias, contados da apresentaçãoda proposta pelo terceiro (art. 634, parágrafo único).

273 ALVIM, 2007, p. 56-58.

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Sobre execução de obrigação por quantia certa, o primeiro destaque

remete-se ao art. 647.274 A nova redação contempla as mesmas hipóteses anteriores,

com alteração na ordem de preferência do empreendimento das medidas. O Código

contempla a seguinte ordem de expropriação: adjudicação, alienação por iniciativa

particular, alienação em hasta pública e usufruto.

Ainda, quanto ao aspecto subjetivo da adjudicação, também foi alterado,

não sendo mais o credor o único legítimo para exercê-la (art. 685-A, §§ 2º e 3º). A lei

também não mais cogita o usufruto de empresa, recaindo este sobre bens móveis e

imóveis, desde que não aumente a onerosidade da execução. 275 

Sobre a impenhorabilidade de bens, destaca-se a nova redação do art.649, 276 ao qual enfatizam Carreira Alvim e Luciana Cabral:

A nova redação dada ao art. 649 provoca uma alteração substancial

em muitos casos de impenhorabilidade absoluta, facilitando a

expropriação de parte desses bens para a satisfação do direito do

credor.277

Corrobora Theodoro Júnior, ao elucidar que a reforma trouxe as seguintes

conseqüências:

Eliminara-se as seguintes impenhorabilidades antes elencadas no

art. 649: a) as provisões de alimento e de combustível (antigo inciso

II); b) o anel nupcial e os retratos de família (antigo inciso III); c) os

equipamentos dos militares (antigo V)

274 Art. 647. A expropriação consiste: I - na adjudicação em favor do exeqüente ou das pessoas indicadas no § 2 o do art. 685-A

desta Lei; II - na alienação por iniciativa particular; III - na alienação em hasta pública; IV - no usufruto de bem móvel ouimóvel.

275 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 45-46.

276 Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos àexecução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevadovalor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bemcomo os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários,remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade deterceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários deprofissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, osinstrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; VI - o seguro de vida; VII - osmateriais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural,assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas paraaplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a

quantia depositada em caderneta de poupança. § 1 o A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedidopara a aquisição do próprio bem. § 2o O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora parapagamento de prestação alimentícia.

277 ALVIM, 2007, p. 62.

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Foram acrescidas ou explicitadas as impenhorabilidades incidentes

sobre: a) os móveis, pertences e utilidades domésticas que

guarnecem a residência do executado; [...] (novo inciso II) b) os

vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executados;

[...] (novo inciso III) c) a descrição das verbas de natureza alimentar 

foi enriquecida com detalhamento maior e com a reunião nem só

inciso das remunerações do trabalho e das verbas de aposentadoria

e pensionamento. Há menção expressa, por exemplo, à

impenhorabilidade de subsídios, remunerações, ganhos de

trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal (novo

inciso IV); [...] d) bens necessários ao exercício de profissão; [...] e)

pequena propriedade rural; [...] f) subvenções do Poder Público a

entidades privadas; [...] g) saldo de caderneta de poupança [...]. 278 

Sobre a relatividade da penhora, consoante ao art. 650,279 foi eliminado do

rol “as imagens e objetos do culto religioso, e dado outra redação à disciplina dos

frutos e rendimentos dos bens inalienáveis”.280

Imprescindível é observar o prazo assinado na citação consoante ao art.

652,281 ao qual refere-se ao prazo para o pagamento de quantia certa, que foi

alterado de vinte e quatro horas para três dias.

Por fim, também consoante ao art. 652, deve-se observar que não se

inclui mais a convocação do devedor para indicar bens para a penhora, sendo este

ato facultado ao credor.282

25 Da Inovação no Regime da Penhora

278 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 48-53.

279 Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinadosà satisfação de prestação alimentícia.

280 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 54.

281 Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da dívida.§ 1o Não efetuado opagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça procederá de imediato à penhora de bens e a suaavaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado. § 2 o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art. 655). § 3 o O juiz poderá, de ofício ou a requerimentodo exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. § 4o A

intimação do executado far-se-á na pessoa de seu advogado; não o tendo, será intimado pessoalmente. § 5o Se nãolocalizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificará detalhadamente as diligências realizadas, caso em que o

 juiz poderá dispensar a intimação ou determinará novas diligências.

282 ALVIM, 2007, p. 77-79.

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Sobre o instituto da penhora, o primeiro ponto que mercê destaque é a

modificação quanto à gradação legal desta (art. 655).283 A penhora passa a ser o ato

preferencial aos demais meios de expropriação (ordem sem caráter absoluto). Esta

graduação legal respeitará a satisfação do crédito e a menor forma onerosa ao

devedor. 284

O segundo ponto não menos importante, reflete sobre a penhora sobre

depósito bancário e o percentual de faturamento (art. 655-A).285 Este artigo, antes

inexistente, vem consagrar a penhora on-line.

Ainda deve-se observar que a penhora de saldo de depósito bancário

ficará sempre adstrita ao valor total da execução (obrigação, honorários e etc.).Cuida-se lembrar que se o depósito bancário for alimentado por pensão, salários,

honorários e demais verbas arroladas no artigo 649, IV do Código de Processo Civil,

este será impenhorável, cabendo o ônus da prova ao executado.

Também o artigo em estudo, trouxe a possibilidade expressa de

penhorabilidade do faturamento da empresa, desde que se preencham os seguintes

requisitos 286:

a) inexistência de outros bens penhoráveis, ou se existirem, sejam

eles de difícil execução ou insuficientes a saldar o crédito

exeqüendo; b) nomeação do depositário administrador com função

de estabelecer esquema de pagamento [...]; c) o percentual fixado

sobre o faturamento não pode inviabilizar o exercício da atividade. 287

283

Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicaçãoem instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves;VI - ações e quotas de sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII - pedras e metaispreciosos; IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em mercado; X - títulos e valoresmobiliários com cotação em mercado; XI - outros direitos.

284 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 69.

285 Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento doexeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informaçõessobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. 1o As informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor indicado naexecução. § 2o Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente referem-se à hipótese doinciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que estão revestidas de outra forma de impenhorabilidade. § 3 o Na penhora depercentual do faturamento da empresa executada, será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação

  judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exeqüente as

quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida.286 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 76-81.

287 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 79.

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O legislador optou, conforme o art. 656,288 há não trata mais da ineficácia

da penhora, mas sim de sua substituição, que pode ser exercida por qualquer das

partes, permitindo posterior contraditório (art. 657289).290

Por fim, sobre o instituto da penhora têm-se as alterações dadas ao art.

666. 291 Consoante ao novo regramento, ao contrário do preceito anterior, atribui-se a

posse do bem penhorado a guarda de outrem. Exceção se dará com a expressa

anuência do exeqüente ou nos casos de difícil remoção. O depósito se torna em

posse, um verdadeiro uso-fruto. Trata-se de um ônus a mais para o executado.292

26 Da Avaliação

Com as alterações difundidas aos arts. 680293  e 683, 294 a avaliação dos

bens, salvo falta de conhecimento especializado ou quando o próprio devedor 

houver atribuído valor aos bens indicados para substituir os originalmente

288 Art. 656. A parte poderá requerer a substituição da penhora: I - se não obedecer à ordem legal; II - se não incidir sobre osbens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento; III - se, havendo bens no foro da execução, outroshouverem sido penhorados; IV - se, havendo bens livres, a penhora houver recaído sobre bens já penhorados ou objeto degravame; V - se incidir sobre bens de baixa liquidez; VI - se fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou VII - se odevedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se referem os incisos I a IV do parágrafo únicodo art. 668 desta Lei. § 1o É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os benssujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se dequalquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 14, parágrafo único). § 2o A penhora pode ser substituída por fiança bancária ou seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, mais 30%(trinta por cento). § 3o O executado somente poderá oferecer bem imóvel em substituição caso o requeira com a expressaanuência do cônjuge.

289 Art. 657. Ouvida em 3 (três) dias a parte contrária, se os bens inicialmente penhorados (art. 652) forem substituídos por outros, lavrar-se-á o respectivo termo. Parágrafo único. O juiz decidirá de plano quaisquer questões suscitadas.

290 ALVIM, 2007, p. 102-110.

291 Art. 666. Os bens penhorados serão preferencialmente depositados: I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal,ou em um banco, de que o Estado-Membro da União possua mais de metade do capital social integralizado; ou, em falta detais estabelecimentos de crédito, ou agências suas no lugar, em qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, asquantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito; II - em poder do depositário judicial,os móveis e os imóveis urbanos; III - em mãos de depositário particular, os demais bens. § 1 o Com a expressa anuência doexeqüente ou nos casos de difícil remoção, os bens poderão ser depositados em poder do executado. § 2 o As jóias, pedrase objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate. § 3o A prisão de depositário judicialinfiel será decretada no próprio processo, independentemente de ação de depósito.

292 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 94.

293 Art. 680. A avaliação será feita pelo oficial de justiça (art. 652), ressalvada a aceitação do valor estimado pelo executado (art.668, parágrafo único, inciso V); caso sejam necessários conhecimentos especializados, o juiz nomeará avaliador, fixando-lhe

prazo não superior a 10 (dez) dias para entrega do laudo.

294 Art. 683. É admitida nova avaliação quando: I - qualquer das partes argüir, fundamentadamente, a ocorrência de erro naavaliação ou dolo do avaliador; II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou diminuição no valor dobem; ou III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (art. 668, parágrafo único, inciso V).

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penhorados, será realizada no ato da citação, pelo oficial de justiça. A repetição da

avaliação será em casos excepcionais, expressos no art. 683. 295

27 Do Pagamento ao Credor 

Quando se preleciona sobre pagamento ao credor, o primeiro ponto que

deve-se tratar com a reforma processual é o instituto da adjudicação (art. 685-A).296 

Fugindo do formalismo e onerosidade da hasta pública, o legislador deu preferência

à adjudicação. Qualquer que seja a natureza do bem, é possível a adjudicação

desde haja requerimento do credor e o preço oferecido não seja inferior ao da

avaliação. O exeqüente fica dispensado de exibir o preço, desde que o valor do bem

seja igual ou inferior ao crédito, e não haja concorrência com outros pretendentes

com preferência legal. Cabe, se o preço for maior, o depósito da diferença, que

poderá ser levantado pelo executado.Nos casos de concurso de credores (com penhora anterior e preferência

legal), o adjudicatário depositará o total do valor do bem, ficando com as sobras

após a satisfação dos credores preferenciais. 297 

A adjudicação, com a nova redação, poderá “ser requerida pelo próprio

exeqüente, pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam

penhorado o mesmo bem, e, ainda pelo cônjuge, descendentes ou ascendentes do

executado” 298. Havendo mais de um pretendente se processará a adjudicação por 

295 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 105-112.

296 Art. 685-A. É lícito ao exeqüente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os benspenhorados. § 1o Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficandoesta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente. § 2 o Idêntico direito podeser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge,pelos descendentes ou ascendentes do executado. § 3o Havendo mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles àlicitação; em igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. § 4 o No caso de

penhora de quota, procedida por exeqüente alheio à sociedade, esta será intimada, assegurando preferência aos sócios.297 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 116-123.

298 ALVIM, 2007, p. 143.

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meio licitatório, no qual a igualdade de ofertas, permitirá a preferência do cônjuge,

descendente e ascendente (nesta ordem). 299 

O aperfeiçoamento da adjudicação se dará com a “lavratura e assinatura

do auto pelo juiz, pelo adjudicante (rectius, adjudicatário), pelo escrivão e, se estiver 

presente, pelo executado, expedindo-se carta, se bem imóvel, ou mandado de

entrega ao adjudicante, se bem imóvel”.300

Referente ao instituto da alienação por iniciativa particular (art. 685-C), 301 

quando não ocorrer a adjudicação, esta poderá ser processada a alienação por 

iniciativa particular. Esta cabe para qualquer tipo de bem penhorado. Quem assumi

a tarefa de promover a alienação é o credor (pessoalmente ou por corretor profissional), ficando a cargo do magistrado aprovar os termos propostos, definindo:

prazo para efetivação, a publicidade, o preço mínimo, as condições de pagamento,

as garantias e se for o caso a comissão de corretagem.302

Outra inovação trazida é a possibilidade de hasta pública pela internet

(art. 689-A).303 Trata-se do emprego do meio virtual para realizar a alienação judicial

de bens penhorados, ao qual deverá ser regulamentado no âmbito dos Tribunais. 304

299 ALVIM, 2007, p. 143-144.

300 ALVIM, 2007, p. 146.

301 Art. 685-C. Não realizada a adjudicação dos bens penhorados, o exeqüente poderá requerer sejam eles alienados por suaprópria iniciativa ou por intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. § 1o O juiz fixará o prazo em quea alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o preço mínimo (art. 680), as condições de pagamento e asgarantias, bem como, se for o caso, a comissão de corretagem. § 2o A alienação será formalizada por termo nos autos,assinado pelo juiz, pelo exeqüente, pelo adquirente e, se for presente, pelo executado, expedindo-se carta de alienação doimóvel para o devido registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente. § 3 o Os Tribunais poderãoexpedir provimentos detalhando o procedimento da alienação prevista neste artigo, inclusive com o concurso de meioseletrônicos, e dispondo sobre o credenciamento dos corretores, os quais deverão estar em exercício profissional por nãomenos de 5 (cinco) anos.

302 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 126-127.

303 Art. 689-A. O procedimento previsto nos arts. 686 a 689 poderá ser substituído, a requerimento do exeqüente, por alienação realizada por meio da rede mundial de computadores, com uso de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por entidades públicas ou privadas em convênio com eles firmado. Parágrafo único. O Conselho da Justiça Federal e os

Tribunais de Justiça, no âmbito das suas respectivas competências, regulamentarão esta modalidade de alienação,atendendo aos requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com observância das regras estabelecidas nalegislação sobre certificação digital.

304 ALVIM, 2007, p. 159.

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Por fim, enfatiza-se a nova redação do art. 694 305, dispondo que os

embargos do executado pendentes, não impedem que a arrematação se aperfeiçoe,

tornando-se irretratável. “Nem mesmo a sentença de procedência dos embargos,

proferida ulteriormente à arrematação, comprometerá, por si só, a eficácia da

alienação judicial”. Neste caso se resolverá em perdas e danos. A arrematação só

perderá seus efeitos nas hipóteses elencadas pelo §1º do art. 694.306

28 Dos Embargos do Devedor 

Na conformidade da redação dada aos arts. 736307

, 738308

e 739;309

tem-sedisciplinado o regramento dos embargos do devedor.

Embargos do devedor, nada mais é do que uma ação incidental, que

iniciará seu prazo processual de quinze dias, com a citação do devedor. Os

embargos devem ser propostos por meio de petição inicial, satisfazendo as

exigências do art. 282 e 283 do Código de Processo Civil, formando seus próprios

autos. Mesmo havendo litisconsórcio passivo, o prazo observado é uno.

Nas execuções por carta precatória, a citação do executado será

imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por 

meios eletrônicos, contando-se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos

de tal comunicação.

305 Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado. § 1o Aarrematação poderá, no entanto, ser tornada sem efeito: I - por vício de nulidade; II - se não for pago o preço ou se não for 

prestada a caução;III - quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência de ônus real ou de gravame(art. 686, inciso V) não mencionado no edital; IV - a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação(art. 746, §§ 1o e 2o); V - quando realizada por preço vil (art. 692); VI - nos casos previstos neste Código (art. 698). § 2 o Nocaso de procedência dos embargos, o executado terá direito a haver do exeqüente o valor por este recebido como produtoda arrematação; caso inferior ao valor do bem, haverá do exeqüente também a diferença.

306 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 146-155.

307 Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução por meio deembargos. Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado, einstruídos com cópias (art. 544, § 1o, in fine) das peças processuais relevantes.

308 Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da juntada aos autos do mandadode citação.§ 1o Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntadado respectivo mandado citatório, salvo tratando-se de cônjuges. § 2o Nas execuções por carta precatória, a citação doexecutado será imediatamente comunicada pelo juiz deprecado ao juiz deprecante, inclusive por meios eletrônicos,

contando-se o prazo para embargos a partir da juntada aos autos de tal comunicação. § 3o Aos embargos do executado nãose aplica o disposto no art. 191 desta Lei.

309 Art. 739. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: I - quando intempestivos; II - quando inepta a petição (art. 295); ou III -quando manifestamente protelatórios.

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Quanto a rejeição liminar dos embargos, este ocorrerá nas hipóteses do

artigo 739, que acresceu ao seu rol a possibilidade de rejeição, quando estes serem

manifestamente protelatórios. 310

Tratando-se dos efeitos dos embargos sobre a execução (art. 739-A), 311 

estes não são suspensivos em regra. O efeito suspensivo somente se constituirá na

exceção, desde presentes cumulativamente os requisitos: relevância dos embargos,

 periculum in mora e segurança do juízo.

Na arrematação por terceiros, como já comentado, os embargos não

trarão efeitos ao arrematante (mesmo sendo estes provisórios e com julgamento

posterior de sua procedente).Assim, a diferença prática entre a execução provisória e a definitiva está

na exigência de caução para que, na primeira, se promova a arrematação. Não

garante o retorno do bem, mas a reparação em perdas e danos. Mas se os bens

foram adjudicados pelo exeqüente, e encontrarem no seu poder, poderá reavê-los,

em vez de se contentar com perdas e danos.312

29 Do Pagamento do Crédito em Prestações

310 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 171-192.

311 Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo. § 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante,atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execuçãomanifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já estejagarantida por penhora, depósito ou caução suficientes.§ 2o A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, arequerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando ascircunstâncias que a motivaram. § 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte doobjeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. § 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargosoferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivofundamento disser respeito exclusivamente ao embargante. § 5o Quando o excesso de execução for fundamento dos

embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo,sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento. § 6 o A concessão de efeitosuspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens.

312 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 192-197.

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O novo artigo art. 745-A313 institui uma espécie de moratória legal, por 

meio do qual se pode obter o parcelamento da dívida. O parcelamento é um

incidente típico da execução por quantia certa fundada em título extrajudicial, que se

apresenta como uma alternativa aos embargos do executado314. Segundo Theodoro

Júnior:

A medida tem o propósito de facilitar a satisfação do crédito ajuizado,

com vantagens tanto para o executado como para o exeqüente. O

devedor se beneficia com o prazo de espera e com o afastamento

dos riscos e custos da expropriação executiva; e o credor, por sua

vez, recebe uma parcela do crédito, desde logo, e fica livre dos

percalços dos embargos do executado. De mais a mais, a espera épequena – apenas seis meses no máximo -, um prazo que não seria

suficiente para solucionar os eventuais embargos do executado e

chegar, normalmente, à expropriação dos bens penhorados e à

efetiva satisfação do crédito ajuizado.315

O deferimento do parcelamento reclama a observância dos seguintes

requisitos: a) sujeição ao prazo fixado para embargos; b) requerimento do

executado; c) reconhecimento do crédito do exeqüente; d) depósito em juízo de

trinta por cento do valor em execução, e e) pagamento do saldo em parcelas

mensais até no máximo seis meses.316

O descumprimento do parcelamento, provocará o vencimento antecipado,

de pleno direito, de todas as parcelas subseqüentes, com restabelecimento imediato

dos atos executivos. Também o executado sofrerá multa de dez por cento sobre o

valor das prestações não pagas, não tendo como embargar a execução pelo mérito,

tendo visto já ter reconhecido a dívida. 317

313 Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês. § 1 o Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; casoindeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito.§ 2o O não pagamento de qualquer das prestaçõesimplicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do processo, com o imediato início dos atosexecutivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada aoposição de embargos.

314 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 216-217.

315

THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 216.316 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 217-218.

317 THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 220.

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11 Da Reforma e da Efetividade e a Celeridade Processual

Propulsionada pelos lamentos sociais, enraizada na estrutura

constitucional, a celeridade e a efetividade do processo tornaram-se os princípios

determinantes da nova reforma processual civil.

Buscou o legislador ordinário, um desenvolvimento processual de tal

forma que consubstanciasse o mandamento constitucional imposto na Emenda 45,

abarcando formas e aprimoramentos dos atos processuais, aparados na máxima

dos Princípios Constitucionais da Efetividade e Celeridade.

A realidade da sociedade brasileira não é mais há de décadas passadas,onde o sistema jurídico permitia um rigorismo, imprescindível para solidificar e

resguardar direitos.

Ao passo da evolução, o mundo que cerca o judiciário se transformou, as

necessidades efetivas individuais e transindividuais sofreram evidentes

metamorfoses. Ao esquivo da tradição o Estado inerte não sustenta a eclosão dos

anseios sociais. Reformas são e devem ser sempre necessárias, na busca da

satisfação e manutenção do pacto social.

Não trata-se somente de mudanças formais, decodificando e

recodificando normas. Mas a necessidade cumulativa de medidas estruturais

materiais, no suporte físico do judiciário. Somente a Lei escrita, não vai por si só,

eliminar a avalanche de processos empoeirados nas caixas e prateleiras.

Razoável é adentrar num processo de reforma contínua, física do

 judiciário, consoante a reforma dos procedimentos, de forma a resgatar o sentimento

de uma sociedade justa ao cidadão. Preceitua Barbosa Moreira:

O trabalho empreendido por espíritos agudíssimos levou a requintes

de refinamento a técnica do direito processual e executou sobre

fundações sólidas projetos arquitetônicos de impressionante

majestade. Nem sempre conjurou, todavia, o risco inerente a todo

labor do gênero, o deixar-se aprisionar na teia das abstrações e

 perder contacto com a realidade cotidiana [...]  Sente-se, porém, a

necessidade de aplicar com maior eficácia à modelagem do real às

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ferramentas pacientemente temperadas e polidas pelo engenho dos

estudiosos. 318

Completa Ada Pellegrine:

Dentro da linha de transformação do processo abstrato para o

concreto, buscando a efetividade e a instrumentalidade do processo,

empenhando no esforço rumo à universalização da jurisdição e ao

acesso à ordem jurídica justa e levando em conta as transformações

sociais, o processualista brasileiro contemporâneo inicia o trabalho

de revisitação dos institutos processuais clássicos, para adaptá-los à

nova realidade [...] Nesse trabalho de reestruturação do processo,

necessário para adequá-lo aos escopos sociais e políticos da jurisdição, muitos dos esquemas processuais clássicos tiveram que

ser revisitados, com o objetivo de adaptá-los à realidade sócio-

política da sociedade contemporânea.319

Da mesma forma, Flávio Luiz Yarshell traz os seguintes argumentos:

Já faz algum tempo que a doutrina processual civil, preocupada com

a efetividade do processo e da jurisdição, tem dirigido críticas

severas ao modelo brasileiro de tutela executiva dos direitos. De ummodo geral, as críticas se voltam contra o próprio processo de

execução, cuja autonomia, assentada no binômio

condenação/execução, não é – para alguns talvez nunca tenha sido

  – apta a atingir, de forma adequada, os escopos da atividade

 jurisdicional, nessa seara. Fala-se, dessa forma, em rever ou, mesmo

desestruturar o processo de execução. Fala-se também em acabar 

com a supramencionada autonomia do processo de execução para

se adotar, pura e simplesmente, uma fase executiva; fala-se, dessa

forma, na adoção generalizada das chamadas tutelas "executiva lato

sensu " e "mandamental".320

Nesse sentido, o legislador infraconstitucional, legiferou em busca de um

processo mais útil, célere e eficiente ao jurisdicionado, já que a sistemática até então

318 TEIXEIRA, Salvio de Figueiredo. A reforma da legislação processual no contexto de uma nova justiça.STJ. Disponível em:<http://bdjur.stj.gov.br/ dspace/bitstream/2011/431/1/A_Reforma_da_+Legisla%C3%A7%C3%A3o_Processual.pdf .>. Acessoem: 08 de setembro de 2007. apud MOREIRA, Barbosa, Revista de Processo 31/199.

319 ROESLER, Átila Da Rold. O princípio do sincretismo e a execução civil . Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1385, 17 abr.2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9746>. Acesso em: Acesso em 06 de setembro de 2007.apud GRINOVER, Ada Pellegrine, 1998, p.14-15.

320 ROESLER, 2007. apud YARSHELL, Flávio Luiz. 2001, p. 381.

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demonstrava-se inadequada aos dias atuais. Dentre as atuais alterações

processuais, deve-se destacar:

• A mudança no conceito de sentença, acabando com a noção de

ruptura entre processos cognitivos e executivos, determinando que

esta não extingui mais o processo com julgamento do mérito, mas

sim somente a sua resolução;

• A liquidação de sentença, passou a ser um procedimento posterior 

a cognição, sendo sua decisão recorrível mediante Agravo de

Instrumento e não mais por Apelação.

• A criação do novo capítulo designado Cumprimento de Sentença,

composto pelos artigos 475-I a 475-R, o regramento para a

execução de sentença de quantia, consubstancia-se no ponto onde

haverá as mais significativas mudanças no plano social, no mundo

dos fatos.

• A eliminação dos Embargos do Devedor (processo sincrético),

substituídos pela Impugnação, torna a execução mais célere em

comparação com a execução autônoma. A Impugnação poderá

somente tratar sobre excesso de execução; falta ou nulidade da

citação, se o processo correu à revelia; penhora incorreta ou

avaliação errônea; inexigibilidade do título ilegitimidade das partes

e qualquer causa modificativa, impeditiva ou extintiva da obrigação,

como transação, pagamento, compensação, novação, ou

prescrição, desde que superveniente à sentença;

• O Agravo de instrumento em regra não tem efeito suspensivo,

exceto quando verificar-se a presença do fumus boni iuris e do

 periculum in mora. Mesmo atribuído o efeito suspensivo ao agravo,

nada impede a continuação da execução, desde que preste

caução;

• A fusão das duas fases (processo sincrético de títulos judiciais)

afastando a nova citação;

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• O exeqüente tem possibilidade de alterar a competência para

executar a sentença, seguindo a optar pelo juízo do local dos bens

ou pelo atual domicílio do executado;

• Possibilidade do oficial de justiça realizar as avaliações dos bens

penhorados e penhora poder ser procedida no ato citatório;

• Tanto para títulos executivos judiciais e extrajudiciais, a regra geral

é ser a execução definitiva;

• A sujeição dos bens dos sucessores a título singular, desde que o

título executivo esteja fundado em obrigação reipersecutória ou

direito real;

• A aplicação de multa severas quando o executado de qualquer 

forma tentar frustrar a execução;

• Constrição de bens sujeitos à registro público a pedido do

exeqüente logo na distribuição da execução;

• Simplificação nas obrigações de fazer e não fazer quando há

recusa do seu cumprimento pelo executado;

• Alteração na lista dos bens impenhoráveis, consoante ao depósito

de caderneta de poupança e móveis que guarnecem uma

residência;

• A alteração na ordem legal dos bens penhoráveis;

• A instituição do regramento da penhora on line;

• Modificações no instituto da penhora, deixando claro que os bens

penhorados podem ser oferecidos em outra execução, caso

inexistam outros livres e que a baixa liquidez é motivo para a

substituição da penhora. Também permitiu que a substituição da

penhora possa ser requerida exclusivamente pelo executado,

quando demonstrado que não trará prejuízos;

• A simplificação das formas de expropriação, dando preferência

pela adjudicação. Também foi contemplada a simplificação para

realização da hasta pública;

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• A substituição do anterior usufruto executivo de imóveis ou

empresas, pela figura do usufruto de bem móvel e imóvel;

A imposição de ser como regra geral, os Embargos do Devedor serem recebidos sem o efeito suspensivo.

 

Todas as alterações, adstritas aos procedimentos executórios, virtuaram-

se na busca incessante de permitir eficientemente o acesso a justiça, enraizando-se

ao fim, no princípio maior da dignidade da pessoa humana.

Destaca-se que não apenas a celeridade e a efetividade da jurisdição

estão a embasar as modificações em nosso sistema processual. Assim também, o

princípio da instrumentalidade das formas, o princípio constitucional que consagrou

o acesso à justiça e o princípio da economia processual. O processo civil orienta-se

por uma gama de princípios que busca os valores e desejos do cidadão, permitindo-

lhe uma vida digna.

O escopo das recentes reformas, é proporcionar uma racionalização e

simplificação, permitindo de modo mais eficaz o acesso a uma ordem jurídica justa.

A execução na ótica anterior a reforma, proporcionava um verdadeiro

meio de protelar a manutenção da tutela, enclausurando o devedor dentro de uma

fortaleza bem armada, sustentando uma moeda de proteção da injustiça.

As tentativas de melhorar a performance, apesar de nem todas as

alterações trazerem efeitos que merecem elogios, não devem ser recebidas com

temor, mas sim com louvável manifesto, preceituando que o maior mau seria a

inércia.

Dentre os pontos controversos na reforma processual elucida a juíza

Quitéria Péres:

Isso considerado, ao volver o olhar para a reforma processual em

foco, percebe-se que inúmeras controvérsias decorrem do texto legal

então reformulado [...] por exemplo, se a multa prevista no art. 475-J

depende ou não de prévia intimação pessoal do devedor, se o

exeqüente deverá observar a ordem legal dos bens penhoráveis aopromover a indicação (art. 655), se caberá ou não agravo de

instrumento (nas hipóteses abordadas no art. 322), se admitir-se-á

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recurso (ou remédio jurídico, em sentido lato) da decisão que,

lesando algum direito, indefere o efeito suspensivo ao agravo, entre

tantas outras questões. 321

Não se devem comportar as lamúrias, mas sim a efetividade. A busca

incessante de doutrinadores em corromper a aplicação das normas, sob o

fundamento da quebra dos institutos básicos processuais necessitam ser afastadas.

Esta demonstração eloqüente deve ser vista com equilíbrio, consubstanciando as

críticas em oportunidades de melhorias. O norte nesta controvérsia a ser observado

pelos operadores do direito, para a melhor aplicação das normas, está no emprego

dos Princípios Constitucionais, enfocando o emprego da razoabilidade, e ainda,

nunca se esquecendo, de sua responsabilidade perante a sociedade.

Por fim, deve-se sempre considerar que o processo ideal é aquele que

atenda aos jurisdicionados, proporcionando-lhes efetivamente o bem da vida,

devendo ser bem recebida a alterações processuais impostas, apesar de longe

ainda do ideal, trouxeram maior celeridade e efetividade aos procedimentos estatais.

321 PÉRES, Quitéria Tamanini Vieira. Reflexos Sobre a Recente Reforma Processual: Delineamentos e Perspectivas, Revistada ESMESC, Florianópolis, v. 13, n. 19, p. 79-113, 2006, p. 111.

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30 CONCLUSÃO

A energia gerada pelos embates das interações humanas no convívio

entre os entes que compõe a sociedade moderna, tornam imprescindível o uso de

válvulas de descompressão. De plano sabe-se que o único legitimado, a dirimir esta

tortuosa energia, preste a consumir a paz social é o Estado. Mas é fato notório que a

tutela pacificadora dos embates sociais não é prestada de forma a satisfazer os

anseios do jurisdicionado.

Tão relutante é esse tema, que o Legislador Constitucional, incorporou a

Carta Maior mandamento expresso obrigando a uma estruturação dos

procedimentos, em face da satisfação da efetividade da tutela jurisdicional.

Assim o legislador ordinário, buscando atender a determinação

constitucional imposta pela emenda 45 de 08 de dezembro de 2004 (art. 5º inciso

LXXVIII) e os anseios sociais, promoveu diversas modificações no diploma

processual civil, objetivando a maior celeridade e efetividade da prestação judicial,

destoando o mandamento de que a todos, são assegurados a razoável duração do

 processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.O direito material está intimamente ligado ao processo. Sem este não se

concretiza a tutela requerida, e por conseqüência não se tem a efetividade. O

processo não pode servir para, somente, reconhecer os direitos, deve implementá-

los ou realizá-los. A efetividade é um dos princípios mais importantes, uma vez que

é o responsável por concretizar todos os direitos.

Assim falar em direito fundamental a execução é a mesma coisa que falar 

direito fundamental a efetividade.

Mas o que é execução? Como tratá-la? Este ponto foi precisamente

abordado e tratado no primeiro capítulo deste trabalho onde, de forma concisa,

trouxe à luz conceitos gerais para ordenar o entendimento da matéria.

Além da conceituação da estrutura geral do processo executivo, verificou-

se quais são os pressupostos para formação da execução e sua subdivisão

necessária para iniciar os atos procedimentais.

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Após esta noção geral, necessário se tornou trazer a estrutura

procedimental, ao qual, foi arrazoada dentro de suas peculiaridades no segundo

capítulo.

Assim, no segundo capítulo, claramente verifica-se que dois são os meios

executivos. O primeiro autônomo, baseado em títulos extrajudiciais, que por força da

Lei, mitigam o procedimento cognitivo, dando força aparente de clareza na

obrigação do devedor em satisfazer o credor, frente ao negócio jurídico perpetrado.

Já em outro pólo encontra os títulos judiciais, nos quais, quando

necessitam de sua forçosa execução, motivam ao complemento de mais uma fase

procedimental (processo sincrético), sendo esta iniciada com ou sem a liquidação.Nesta nova fase não se discute o direito, mais tão somente estratégias defensivas

de caráter absoluto, problemas procedimentais não precluídos e ou fatos

supervenientes que afetem a obrigação.

Ao estudar os aludidos procedimentos, verificou-se severas modificações.

Estas modificações, geraram novas fórmulas de tamanha abragência, que,

necessário foi trazer no terceiro capítulo, suas particularidades.

Modificações estas, já realçadas, tais como a unificação do processo

cognitivo e executório para sentenças judiciais, as inovações nos regimes de

expropriação, a alteração da regra dos efeitos suspensivos para os embargos nos

títulos extrajudiciais e dentre muitos outros já comentados, nos quais, se virtuaram

na busca incessante de permitir eficientemente o acesso a justiça, enraizando-se ao

fim, no princípio maior da dignidade da pessoa humana.

Ainda, no terceiro capítulo, observa-se que a reforma implementada não

deve ser concebida tão-somente sob o prisma da alteração realizada na esfera

legislativa, mas sim, como uma oportunidade de profunda transformação ideológica

e cultural.

A nova visão do sistema processual, deve-se alicerçar na esfera

principiológica que coroe de pleno êxito a tarefa de prestar a tutela jurisdicional.

Problemas sempre advindos poderão ser sustados pela via legislativa e

orçamentária, quando houver boa vontade de todos que direta e indiretamente

participam deste mecanismo.

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A velha e desgastada sistemática processual, em muito já foi útil. Outrora

são outros os tempos. Necessidades afloram dia a dia. O grande número de

demandas litigiosas, não permite avocação de excesso de formalismo. Neste novo

tempo, solidifica-se a necessidade da persecução da instrumentalidade das formas,

adstrita a promover sempre o maior aproveitamento dos atos.

Não se quer aqui desmontar os institutos fundamentais processuais,

deusificando a massificante apuração célere. Lembra-se que deve-se conferir a

tutela também a efetividade. A efetividade em si da prestação jurisdicional, mantém

um vinculo íntimo com a tempestividade e a adequação da decisão, pois sem estas,

estar-se-ia afastando-se do ideal de justiça.

O processo deve ser compreendido como um instrumento capaz de dar 

às situações de fato, a tutela aos carentes desta. Não se deve conformar-se com a

incapacidade do processo em atender ao direito material, pois isso seria o mesmo

que negar valor ao direito fundamental à tutela jurisdicional.

Num olhar funcional as reformas processuais em foco, percebe-se que

inúmeras controvérsias surgirão no decorrer da prática forense. Prescreve-se ao

interprete do direito em assumir o fundamento Constitucional norteador dasreformas, e adotar posturas que atendam a vontade do legislador. Supostos

entraves devem ser resolvidos, da forma que sempre deveriam ser resolvidos,

aplicando-se a razoabilidade.

Por fim, concluindo o estudo proposto, diante deste quadro, as

modificações impostas, importam em significativo ganho a celeridade e a efetividade

da prestação da tutela judicial, mas como claramente ficou evidenciado, necessárias

são novas reformas, na busca de um processo ideal.

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