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73 EGRESSOS COMO FONTE DE INFORMAÇÃO À GESTÃO DOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS R. Cont. Fin. – USP, São Paulo, n. 37, p. 73 – 84, Jan./Abr. 2005 EGRESSOS COMO FONTE DE INFORMAÇÃO À GESTÃO DOS CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS* RESUMO Este estudo tem como objetivo mostrar a im- portância do planejamento e desenvolvimento de sistemas de acompanhamento de egressos como um dos mecanismos que permita às Instituições de Ensino Superior (IES) a contínua melhoria de todo o planejamento e operação dessas organizações, particularmente do processo de ensino aprendiza- gem. Sendo uma das finalidades das IES inserir na sociedade diplomados aptos para o exercício pro- fissional, deve ter ela retorno quanto a indicadores da qualidade dos profissionais que vem formando, principalmente no que diz respeito à qualificação para o trabalho. Para cumprir o objetivo, tornou-se necessário proceder-se a verificações empíricas no que tange às percepções e motivações dos dirigen- tes das IES, particularmente dos Cursos de Ciên- cias Contábeis, a fim de se conseguirem elementos da realidade para compor a descrição e compreen- são do fenômeno sob investigação. Os resultados apontaram o reconhecimento da necessidade de institucionalização e prática do acompanhamento dos egressos nas IES, visando à melhoria da quali- dade dos serviços educacionais prestados. Palavras-chave: Egressos; Instituições de En- sino Superior; Ensino-aprendizagem. ABSTRACT This study aims to show the importance of planning and developing alumni follow-up systems as a tool to allow for the continuous improvement of the whole planning and operation of Higher Educa- tion Institutions – IES, particularly of the teaching- learning process. As one of the aims of IESs is to provide society with graduates who are ready for the professional market, they should receive feedback from their former students through quality indicators, particularly concerning the qualification to work. The perceptions and motivations of IESs managers, particularly those of Accountancy Programs, were subject to empirical examination, in order to gather elements from reality with a view to the description and understanding of the phenomenon under study. The results revealed that the IESs recognize the need to institutionalize and practice alumni follow- up to improve the quality of the educational services they deliver. Keywords: Alumni; Higher Education Institu- tions; Teaching-learning. ANA CRISTINA ZENHA LOUSADA Professora Ms. da Universidade do Vale do Itajaí – SC E-mail: [email protected] GILBERTO DE ANDADRE MARTINS Professor Titular do Depto. de Contabilidade e Atuária da FEA/USP – SP E-mail: [email protected] Recebido em 08.09.04 · Aceito em 13.12.04 * Artigo originalmente apresentado no 3 o Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 2003.

Egressos Como Fonte de Informação à Gestão Dos Custos de Ciências Contabeis

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  • 73EGRESSOS COMO FONTE DE INFORMAO GESTO DOS CURSOS DE CINCIAS CONTBEIS

    R. Cont. Fin. USP, So Paulo, n. 37, p. 73 84, Jan./Abr. 2005

    EGRESSOS COMO FONTE DE INFORMAO GESTO DOS CURSOS DE CINCIAS CONTBEIS*

    RESUMO

    Este estudo tem como objetivo mostrar a im-portncia do planejamento e desenvolvimento de sistemas de acompanhamento de egressos como um dos mecanismos que permita s Instituies de Ensino Superior (IES) a contnua melhoria de todo o planejamento e operao dessas organizaes, particularmente do processo de ensino aprendiza-gem. Sendo uma das fi nalidades das IES inserir na sociedade diplomados aptos para o exerccio pro-fi ssional, deve ter ela retorno quanto a indicadores da qualidade dos profi ssionais que vem formando, principalmente no que diz respeito qualifi cao para o trabalho. Para cumprir o objetivo, tornou-se necessrio proceder-se a verifi caes empricas no que tange s percepes e motivaes dos dirigen-tes das IES, particularmente dos Cursos de Cin-cias Contbeis, a fi m de se conseguirem elementos da realidade para compor a descrio e compreen-so do fenmeno sob investigao. Os resultados apontaram o reconhecimento da necessidade de institucionalizao e prtica do acompanhamento dos egressos nas IES, visando melhoria da quali-dade dos servios educacionais prestados.

    Palavras-chave: Egressos; Instituies de En-sino Superior; Ensino-aprendizagem.

    ABSTRACT

    This study aims to show the importance of planning and developing alumni follow-up systems as a tool to allow for the continuous improvement of the whole planning and operation of Higher Educa-tion Institutions IES, particularly of the teaching-learning process. As one of the aims of IESs is to provide society with graduates who are ready for the professional market, they should receive feedback from their former students through quality indicators, particularly concerning the qualifi cation to work. The perceptions and motivations of IESs managers, particularly those of Accountancy Programs, were subject to empirical examination, in order to gather elements from reality with a view to the description and understanding of the phenomenon under study. The results revealed that the IESs recognize the need to institutionalize and practice alumni follow-up to improve the quality of the educational services they deliver.

    Keywords: Alumni; Higher Education Institu-tions; Teaching-learning.

    ANA CRISTINA ZENHA LOUSADAProfessora Ms. da Universidade do Vale do Itaja SCE-mail: [email protected]

    GILBERTO DE ANDADRE MARTINSProfessor Titular do Depto. de Contabilidade e Aturia da FEA/USP SPE-mail: [email protected]

    Recebido em 08.09.04 Aceito em 13.12.04* Artigo originalmente apresentado no 3o Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 2003.

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    1 CONTEXTUALIZAO

    indiscutvel a forte relao existente entre Universidade e sociedade. Segundo Martins (1986), dado o carter dinmico da sociedade e a prpria condio intrnseca da natureza humana que, por sua capacidade criativa, busca contnuo aperfeioa-mento, necessita-se, cada vez mais, de Instituies de Ensino preocupadas com o seu meio externo, procurando servir e infl uenciar esse meio.

    Se uma das fi nalidades da Universidade inse-rir na sociedade diplomados aptos para o exerccio profi ssional, deve ter ela retorno quanto qualidade desses profi ssionais que vem formando, principal-mente no que diz respeito qualifi cao para o trabalho.

    Nesse aspecto, a integrao Universidade/mercado de trabalho fundamental. Nessa intera-o, destaca-se o egresso aquele que efetivamen-te concluiu os estudos, recebeu o diploma e est apto a ingressar no mercado de trabalho como fa-tor de destaque e fonte de informao Instituio de Ensino Superior (IES) que o formou.

    Conforme den (in: MACHADO, 2001, p. 11):

    A viso empresarial sobre uma instituio de ensino , principalmente, balizada pela formao discente que ela fornece, percebida atravs dos estgios e/ou egressos. Uma avaliao positiva estende a competncia para os seus docentes e, em decorrncia, para a instituio como um todo, numa espcie de credenciamento. Do lado aca-dmico, fundamental estender o papel exercido pelo aluno ou egresso, como elemento bsico para o processo de interao.

    Existem poucas informaes sobre os egres-sos dos cursos de Cincias Contbeis em nvel de avaliao do curso, contribuio da formao acadmica para a vida profi ssional, absoro pelo mercado de trabalho, satisfao profi ssional, perfi l do profi ssional etc., informaes essas necessrias para uma avaliao da formao obtida e, con-seqentemente, para a melhoria do ensino. Essa falta de informao , fortemente, derivada da inexistncia de sistemas de acompanhamento de egressos por parte das IES.

    As IES no obtm o feedback necessrio avaliao do ensino ofertado, deixando de realizar, periodicamente, as mudanas necessrias em seus currculos e processos de ensino-aprendizagem dos contedos ministrados, visando ao preenchimento de lacunas eventualmente existentes, perdendo opor tunidades, inclusive, de obter retorno positivo dessa retroalimentao como, por exemplo, utili-

    zao dos resultados como forma de aperfeioar aes de marketing institucional.

    As rpidas mudanas ocorridas na sociedade como, por exemplo, a globalizao da economia, os avanos tecnolgicos, o crescimento da oferta de cursos superiores e as novas exigncias do mer-cado de trabalho com relao preparao dos profi ssionais, exigem que as IES desenvolvam nos profi ssionais que formam, alm das capacidades tcnicas, uma viso multidisciplinar, ultrapassando a complexidade do conhecimento cientfi co. Nesse sentido, Castro discorre:

    Formar cidados aptos a exercerem ativida-des produtivas ainda um desafi o em muitos pases como o Brasil. Mas preciso mais que isso. preciso formar cidados capazes para desempenhar atividades que sequer existem atu-almente. Isso signifi ca ensinar contedos e habi-lidades teis no presente, mas tambm ensinar a aprender no futuro, fora da escola convencional. (CASTRO in: MEHEDFF, 1999, p. 5).

    Para que isso acontea, necessrio que as IES introduzam em seus currculos ajustes cons-tantes, com o intuito de propiciar aos profi ssionais, formados por ela, conhecimentos, habilidades e atitudes para exercerem atividades e funes em uma ampla gama de processos, capazes de resol-ver problemas inerentes sua rea de formao e superar situaes contingentes de maneira segura.

    , pois, imprescindvel saber o que os egres-sos pensam a respeito da formao recebida para se proceder a ajustes em todas as partes do siste-ma de ensino ofertado. Alm disso, conhecer o que fazem como profi ssionais e cidados e suas ade-quaes aos setores em que atuam, possibilita uma refl exo crtica sobre a formao e sua relao com as necessidades do mercado de trabalho. inte-ressante, tambm, conhecer a trajetria profi ssional e acadmica, ou seja, em quanto tempo o egresso se estabiliza no mercado, qual o seu poder decis-rio, competncias, autonomia e perspectivas, bem como o trajeto percorrido atravs de cursos aps a graduao.

    1.1 Problema de pesquisa

    Para que uma IES possa efetuar pesquisas sobre seus ex-alunos necessrio estabelecer um canal de comunicao entre ambos. Entende-se que esse canal se d atravs da construo de uma pesquisa longitudinal de acompanhamento de egressos. No se trata da confeco de pesquisas isoladas e, sim, de uma estrutura que possa, efe-

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    tivamente, acompanhar de forma sistemtica, pelo menos durante um perodo de tempo predetermina-do, a evoluo da trajetria profi ssional do egresso no mundo do trabalho.

    Nesse contexto, pretende-se buscar evidn-cias que possam responder seguinte questo: qual a importncia do desenvolvimento de sistemas de acompanhamento de egressos como um meca-nismo que permita a melhora contnua da qualidade da gesto dos servios educacionais prestados?

    importante, ainda, investigar qual a viso que os dirigentes das IES, na fi gura de seus dire-tores, coordenadores de curso, chefes de departa-mentos etc., tm acerca do acompanhamento de egressos. Para que um sistema funcione e apresen-te resultados, torna-se necessrio um efetivo apoio por parte dos dirigentes das Instituies de Ensino no tocante a querer tomar conhecimento da quali-dade do profi ssional que vm formando.

    Na viso de Schwartzman e Castro (1991), o estudo de egressos recupera, de fato, vrias questes do estudo de alunos, particularmente as ligadas: qualidade do ensino e adequao dos currculos situao profi ssional; origem dos pro-jetos profi ssionais e a sua consistncia em relao situao profi ssional de fato.

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 Avaliao nas Instituies deEnsino Superior

    Segundo Both (1999), o momento histrico em que vive a sociedade brasileira na busca de cada vez melhores e mais adequadas formas de investi-gao da realidade educacional e da formao de quadros que dem conta de interpretar essa reali-dade, aponta para a necessidade de implantao de sistemas efetivos de avaliao institucional dos trs graus de ensino e, especialmente, do ensino de 3o grau.

    As Universidades so depositrias das espe-ranas sociais de grande parte da populao, que espera e cobra resultados, benefcios sociais e cul-turais efetivos das IES. Tais Instituies, para darem cumprimento a essa tarefa, necessitam ter uma conscincia clara de suas potencialidades e limites, bem como contar com mecanismos capazes de in-dicar, com clareza, as diretrizes e metas futuras.

    Cabe a cada IES implementar o processo ava-liativo que melhor atenda s suas caractersticas e expectativas. Nesse contexto, a avaliao institu-cional, certamente, contribui para que a IES repense as suas prticas administrativas, tcnicas e peda-ggicas, de forma crtica e comprometida, refl etindo

    sobre o seu papel na sociedade como promotora e socializadora do saber capaz de compreender e de modifi car a realidade.

    De acordo com Souza (1999), o objetivo princi-pal da avaliao das Instituies de Ensino Superior promover a melhoria do ensino e da aprendiza-gem. A misso, o seu propsito e seus objetivos que determinam o tipo de avaliao que deve ser conduzido. A avaliao global da efi cincia poder ser feita atravs do exame e da anlise dos dados contendo os resultados tanto dos aspectos opera-cionais como acadmicos dos diversos cursos, das diversas unidades, departamentos e programas da Instituio. Esses componentes incluem a parte ad-ministrativa, as relaes com a comunidade na qual a Instituio est inserida e o clima institucional.

    Como em qualquer tipo de avaliao, a de cursos , necessariamente, uma estratgia voltada para a ao.

    No caso especfi co da avaliao de cursos, procura-se atingir dois propsitos bsicos na viso de Franco (2000, p.4):

    a) o primeiro diz respeito avaliao de pro-cesso que busca corrigir distores desde o planejamento at o desenvolvimento e evoluo dos cursos;

    b) o segundo refere-se certifi cao ou validade dos cursos. Ou seja, procura-se investigar quantos se certifi caram e com que qualidade.

    A avaliao de cursos pressupe, pelo menos, duas modalidades:

    Avaliao interna ou auto-avaliao: desen-volvida pelos integrantes da prpria Institui-o e coordenada por comisses respons-veis.

    Avaliao externa: a ser feita por especia-listas de diferentes reas do conhecimento, mas no diretamente vinculados Instituio que est sendo avaliada. O Exame Nacional de Cursos ENC e o Exame de Sufi cincia do Conselho Federal de Contabilidade esto enquadrados nessa classifi cao.

    Na opinio de Franco (2000), ambas as mo-dalidades so valiosas. A primeira permite um de-senvolvimento processual, contnuo e sistemtico da avaliao de cursos. A outra propicia um olhar de fora e, desde que realizada por especialistas qualifi cados, contribui com ganhos signifi cativos para a anlise e interpretao dos resultados da avaliao.

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    Segundo Both (1999), a avaliao institucional visualiza o seu desenvolvimento com base em duas grandes variveis: a quantitativa e a qualitativa. A varivel quantitativa envolve, principalmente, um levantamento de dados de ordem numrica da IES com relao a:

    alunos; professores; pessoal tcnico e administrativo; dados de infra-estrutura e apoio.

    A varivel qualitativa, ainda na viso de Both, compreende seis componentes:

    avaliao do desempenho da IES por ex-alu-nos;

    avaliao do desempenho dos servios ad-ministrativos da IES;

    avaliao do desempenho da IES por repre-sentantes da sociedade;

    identifi cao da realidade scio-educacional dos alunos da IES;

    avaliao do desempenho do ensino da IES por alunos e professores;

    avaliao do desempenho da ps-graduao da IES em nvel Lato Sensu (especializao).

    bastante expressivo o universo a ser atingido pelo processo de avaliao institucional. Tal fato permite uma viso praticamente global da Institui-o, tanto em termos quantitativos quanto qualitati-vos, o que facilita o redimensionamento da poltica e dos planos da Universidade e para sua rea de abrangncia.

    A avaliao visa qualidade como questo, inclusive, de sobrevivncia institucional. A visuali-zao da realidade da IES, mediante o processo de auto-avaliao avaliao interna e avaliao externa, permite a tomada de deciso ponderada por parte dos administradores para o redimensiona-mento dos desvios que ora se apresentam.

    O estudo de acompanhamento de egressos pode ser inserido nesse contexto da avaliao ins-titucional, como um componente que ir auxiliar no apontamento da realidade qualitativa da IES, como uma das formas de avaliao de produtos ou resul-tados, ou seja, vai conferir signifi cado avaliao dos cursos, quanto a sua respeitabilidade, desem-penho, qualidade e, at mesmo, quanto ao seu prestgio externo.

    Dessa forma, Both (1999, p. 152) discorre:

    A avaliao da Universidade por ex-alunos torna-se um dos componentes de fundamental

    importncia, tendo em vista estar percebendo o aluno que passou pela Instituio a real contribui-o que seu curso lhe propiciou para o desempe-nho de suas funes e atividades no dia-a-dia.

    Entende-se ser o egresso um ponto expressivo de referncia para a avaliao do ensino da Univer-sidade, visto estar ele colocando em prtica, pro-fi ssionalmente, o aprendizado que lhe foi proposto na IES.

    2.2 A integrao Universidade/mercado de trabalho

    A Universidade desempenha um papel de geradora e disseminadora de conhecimento e sua relao com o setor produtivo deve ser na busca da promoo do desenvolvimento econmico e social.

    Segundo Kunz (1999), a Universidade tem como funo principal formar um cidado, desen-volvendo sua conscincia crtica, contribuindo para o desenvolvimento humano, para o bem-estar da sociedade, para o bom funcionamento das relaes sociais, para a refl exo dos valores. Em resumo, os objetivos da Universidade so mais amplos do que aqueles esperados pela maioria dos agentes presentes no mercado de trabalho. Por outro lado, a Universidade no pode se manter independente daquilo que lhe d a razo de existir: a formao de novos profi ssionais.

    Na viso de Garcias (1999), a integrao entre as Universidades e as empresas deve ser uma via de mo dupla, caracterizada por um fl uxo cont-nuo de troca de experincias e informaes. A Universidade tem a responsabilidade social de ser uma organizao de vanguarda no desenvol-vimento e disseminao de novos conhecimentos. Mas, para que suas pesquisas tenham resultados efetivos, devem estar vinculadas realidade da qual fazem parte.

    Contudo, apesar da interao Universidade/Empresa ser uma importante ferramenta para a resoluo de problemas ligados ao setor produtivo, alguns desafi os persistem e difi cultam as aes pertinentes a esse processo. Na opinio de Stainsa-ck (1999, p.119), seriam os seguintes:

    a) Descrena do setor produtivo em relao Universidade, na qual as Instituies de Ensino Superior so extremamente teri-cas na soluo de problemas relativamente prticos gerados na indstria; de outro lado, as Instituies de Ensino reclamam do imediatismo que as empresas reivindi-cam na soluo de seus problemas;

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    b) Falta de capital e investimento por parte das Universidades para gerao de pes-quisas cientfi cas e tecnolgicas que con-tribuam para o setor produtivo;

    c) As Universidades apresentam grade cur-ricular incompatvel com as necessidades do setor produtivo e do mercado.

    A Universidade deve contribuir para solucionar os problemas que surgem e o mercado de traba-lho deve absorver os conhecimentos associados soluo de problemas. Essa absoro do conheci-mento gerado no decorrer dos trabalhos, em muitas situaes, deve ser o fator decisivo para o sucesso desse relacionamento.

    Entende-se que a questo no se submeter s exigncias do mercado de trabalho e sim trocar informaes para que ambos os lados cheguem a um padro satisfatrio de exigncia e qualida-de dos novos profi ssionais. O acompanhamento sistemtico de egressos pode contribuir com tal relacionamento. Uma vez que o fl uxo de informa-es estabelecido, faz-se um ajustamento e uma ampliao contnua das relaes Universidade/Empresa.

    3 METODOLOGIA

    Como o objetivo desta pesquisa o de discutir e explicar a relao entre a qualidade da gesto do ensino e a importncia do desenvolvimento de siste-mas de acompanhamento de egressos, foi necessrio proceder-se a verifi caes empricas no que tange s percepes e motivaes dos dirigentes de Institui-es de Ensino Superior, particularmente dos cursos de Cincias Contbeis, a fi m de se conseguirem ele-mentos da realidade que pudessem compor a descri-o e compreenso do fenmeno sob investigao.

    3.1 Sujeitos da pesquisa

    Os sujeitos da investigao foram os dirigentes de IES da regio do Vale do Itaja e de So Paulo. Entende-se por dirigentes aqueles profi ssionais que ocupam cargos de direo, coordenao ou pr-reitorias.

    Atravs de uma amostragem, na qual, segundo Martins (2000), o investigador dirige-se, intencional-mente, a grupos de elementos dos quais deseja saber a opinio, foram escolhidos dirigentes das seguintes instituies: Fundao Educacional de Brusque FEBE, Fundao Educacional Unifi cada do Oeste de Santa Catarina UNOESC, Fundao Escola de Comrcio lvares Penteado FECAP, Fundao Universidade Regional de Blumenau FURB, Ponti-

    fcia Universidade Catlica de So Paulo PUC-SP, Universidade da Regio de Joinville UNIVILLE, Uni-versidade de So Paulo USP, Universidade do Vale do Itaja UNIVALI, Universidade para o Desenvolvi-mento do Alto Vale do Itaja UNIDAVI.

    Entendeu-se pertinente comparar os resulta-dos de dois Estados, Santa Catarina e So Paulo, podendo-se confrontar opinies e percepes de dirigentes escolares das duas regies.

    3.2 Tcnica de pesquisa einstrumento para coleta de dados

    A coleta dos dados e informaes foi efetuada atravs de entrevistas em profundidade, conduzi-das pela pesquisadora.

    Segundo Martins (2000), o campo de investi-gao, bem como o problema objeto da pesquisa, freqentemente, limitam o tipo de instrumento que pode ser utilizado para a coleta de dados. O fato de as questes estarem ligadas diretamente tanto percepo e opinio do entrevistado, quanto ao sis-tema de acompanhamento de egressos e qualidade dos cursos, indicaram a opo por entrevistas.

    A tcnica de entrevista em profundidade, segundo Martins e Lintz (2000), um trabalho de coleta mais demorado e preciso, e seu objetivo b-sico entender o signifi cado que os entrevistados atribuem a questes e situaes em contextos que no foram estruturados anteriormente com base nas suposies e conjecturas do pesquisador.

    As entrevistas foram efetuadas pela prpria pesquisadora, na inteno de garantir a qualidade do trabalho de campo e regularidade de tratamento dado a todos os participantes. Foram gravadas, com a autorizao dos entrevistados.

    Um roteiro de entrevista semi-estruturado foi elaborado e aplicado aos dirigentes das Instituies de Ensino Superior escolhidas. A elaborao do ins-trumento teve como objetivo a obteno das per-cepes e opinies acerca do sistema de acompa-nhamento de egressos e qualidade de ensino, e sua confeco foi orientada pelo referencial terico.

    O instrumento de coleta composto de trs blocos de questes. O primeiro bloco formado por dados de identifi cao do entrevistado e da Ins-tituio que representa. O segundo aborda o tema objeto de estudo acompanhamento de egressos, no qual o entrevistado pode demonstrar sua familia-ridade a respeito do assunto e emitir suas opinies. O terceiro bloco aborda aspectos ligados quali-dade do ensino, no qual a pesquisadora procura identifi car os critrios utilizados pelos dirigentes para se fazerem medies da qualidade e quais os impactos sobre os avaliados.

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    4 APRESENTAO DOSRESULTADOS E ANLISES

    4.1 Nvel de conhecimento sobre pesquisas com egressos

    Dos dezenove dirigentes entrevistados, treze afi rmaram conhecer o tema tratado h mais de cin-co anos. Os demais h menos de cinco anos.

    Esse tempo de conhecimento, supostamente, est relacionado ao tempo de trabalho de cada um como gestor, assim como aos trabalhos que as Ins-tituies a que esto vinculados realizam a respeito do tema.

    De todas as IES pesquisadas, apenas duas ainda no tiveram nenhum tipo de experincia com egressos, mas afi rmaram estar em implantao. As demais j fi zeram algum tipo de estudo, seja por iniciativa da prpria Instituio ou por iniciativa de alunos via projeto de estgio, ou Trabalho de Con-cluso de Curso.

    Um depoimento interessante foi o de um dos dirigentes da FEBE. No ano de 2001, uma aluna realizou um Trabalho de Concluso de Curso sobre como estariam os egressos do Curso de Cincias Contbeis da FEBE no mercado de trabalho. A pes-quisa, segundo o dirigente, causou um impacto mui-to favorvel entre o corpo docente e discente, assim como no grupo gestor. A IES pde tomar conheci-mento de uma realidade nunca antes pesquisada, o que serviu como impulsionador dos trabalhos com os egressos que ora se iniciam na Instituio.

    Apenas duas, das IES pesquisadas (FECAP e FEA-USP), j tm esse tipo de estudo de forma sistemtica.

    Os dirigentes da UNIVALI, que estavam direta-mente envolvidos nas pesquisas com os egressos, afi rmaram que a no continuao dos trabalhos se deu em razo de se elegerem outras prioridades.

    A UNIVILLE realizou sua pesquisa com egres-sos no ano de 1999 e, segundo o dirigente envol-vido, a principal difi culdade foi a localizao dos egressos, por conta disso o retorno da pesquisa foi muito pequeno, fazendo com que alguns coordena-dores no acreditassem nos resultados.

    J, na FEBE, est em processo de implantao e, segundo um dos dirigentes entrevistados, ainda no foi defi nida a freqncia de aplicao dessa pesquisa.

    A FURB fez uma pesquisa com egressos no ano de 1998. Existe a inteno de se repetir, mas ainda no se defi niu uma data. Segundo um dos dirigentes envolvidos, a grande difi culdade a de localizao dos egressos e de no existir um servio institucionalizado.

    A UNOESC Joaaba j realizou duas pes-quisas com os egressos dos cursos de Cincias Contbeis, com um intervalo de cinco anos entre uma e outra. A idia, segundo o dirigente, a de sistematizar esse estudo, com um intervalo de trs anos entre uma pesquisa e outra. A principal difi cul-dade encontrada, tambm, a de localizao dos egressos, em funo das mudanas de endereo ao trmino do curso.

    Nota-se um problema generalizado no que se relaciona localizao do egresso. Acredita-se que isso ocorra em funo da falta de tradio no que se relaciona a estudo de egressos. No h um costume dos formados em encaminhar seus novos endereos para a IES, justamente por no existir tradio nesse relacionamento.

    4.2 Metodologias utilizadaspara estudos sobre egressos

    Das IES que fi zeram pesquisas com egressos, apenas a FECAP no utilizou a modalidade carta-resposta comercial pr-postada. A metodologia utilizada foi a de encaminhar uma correspondncia aos ex-alunos solicitando que acessassem o site da Instituio e respondessem, on-line, ao question-rio. O dirigente no soube precisar o percentual de respostas, mas garantiu que elevado.

    Nas demais IES, todas utilizaram a modalidade carta-resposta comercial pr-postada. O grande problema enfrentado o baixo ndice de devoluo do instrumento, ou por problema de localizao ou por falta de interesse do ex-aluno em contribuir.

    Na viso de um dos dirigentes da UNIVILLE, mesmo que o processo apresente um retorno abai-xo do esperado, vlido, pois os poucos que res-ponderam tm algo a dizer e precisam ser ouvidos.

    Na FEBE, a metodologia ainda no est total-mente defi nida. Segundo o dirigente entrevistado a tendncia que se faa questionrio via correio, com envelope para devoluo pr-pago. Inicial-mente, pensou-se em fazer via e-mail, s que isso se tornou invivel pelo fato de a Instituio no ter as informaes cadastradas. A alternativa via tele-fone, tambm, foi descartada em razo do tempo necessrio.

    4.3 Avaliao das pesquisas com egressos

    Todos os dirigentes entrevistados afi rmaram que consideram de grande importncia para as IES pesquisas com egressos, coadunando com a viso de Both (1999), quando afi rma que a avaliao da Universidade feita por ex-alunos um dos com-ponentes de fundamental importncia, tendo em

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    vista estarem percebendo a real contribuio que o curso propiciou a eles para o desempenho de suas funes do dia-a-dia.

    Uma caracterstica importante encontrada a preocupao entre o relacionamento Universidade/Mercado de trabalho, no como uma forma de submisso, mas sim de um trabalho integrado. De-poimento interessante de um dos dirigentes entre-vistados da USP:

    Acho que temos que estar muito ligados ao mercado. Ou ns estamos sintonizados com as necessidades deste objeto de estudo ou esquece, fecha a universidade. Tecnologia da informao importante? Vamos dar isso para o nosso aluno. tica importante? Vamos ensinar tica[...] e assim por diante. Mas infelizmente tem coisas que no conseguimos antecipar. Penso que devemos ter um pluralismo, ou seja, voc est conectado, mas no termos uma submis-so, ou o compromisso de obedecer. Esta a grande vantagem da USP, ns estarmos abertos ao aprendizado e termos chance de defi nir o nos-so caminho. (informao verbal1).

    Os dirigentes foram unnimes com relao importncia de um sistema de acompanhamento de egressos, cujas informaes podem proporcionar um quadro fi el de insero do egresso no mundo do trabalho, permitindo, tambm, alm da revelao da situao profi ssional na sua atividade, conhecer de modo signifi cativo o perfi l da formao que a escola oferece, para que uma avaliao permanente da atividade pedaggica seja feita.

    No tocante avaliao feita pelo egresso, um dado que chamou ateno nos depoimentos foi a questo da maturidade. Para os dirigentes, as avalia-es dos egressos so muito diferentes daquelas en-quanto alunos, no tocante seriedade e maturidade:

    Depois que eles saem da Instituio, eles no tem esta mesma viso de agora enquanto aca-dmicos, de que devem detonar com tudo isso aqui, felizmente eles acabam amadurecendo, e a vo dar a devida importncia avaliao da Ins-tituio e do curso. Ento eu acho que realmente importante rever a questo da utilizao dos dados dos egressos. (informao verbal2).

    Ouvir o egresso e conhecer sua opinio, depois que ele se desvincula da Universidade e esquece um pouco os vnculos afetivos, e passa a ter um olhar com um certo amadurecimento, com uma certa sabedoria, refl etindo o que passou, muito importante para a Instituio. (informao verbal3).

    Quando o aluno est aqui e voc vai conversar com ele, ele vai malhar o curso. Quando ele sai do curso, voc conversa com ele e ele tem outra viso. O fato de eu ir buscar este cara depois dele ter sado excelente, porque ele vai ter uma viso diferente, mais madura. (informao verbal4)

    Nota-se a preocupao com a realizao de uma avaliao sria, ou seja, um feedback que possa, efetivamente, sugerir mudanas de compor-tamentos e padres. Entende-se que os egressos tornam-se mais independentes em relao ao seu prprio aprendizado e mais capazes de cooperar de modo efetivo.

    4.4 Aes empreendidas a partir dos resultados das pesquisas com egressos

    Das IES pesquisadas, apenas a FECAP, efeti-vamente, empreendeu aes a partir dos resultados de suas pesquisas com os egressos. Segundo o dirigente envolvido, houve alteraes com relao grade curricular: remanejamento de disciplinas e enfoques nos contedos programticos. A principal mudana foi com relao disciplina de Controla-doria, que, geralmente, s dada nos ltimos anos. Detectaram, a partir da primeira pesquisa, que existia uma necessidade grande de profi ssionais e conhecimentos nessa rea. Passaram a ofert-la a partir do primeiro ano:

    A mudana de nossa estrutura curricular foi baseada nestas pesquisas, ou seja, exatamente com nossa preocupao com estas pessoas no mercado de trabalho. Pessoalmente acho que estas pesquisas so especialmente vlidas e necessrias, para a Instituio ter como um guia para ajustar a sua grade curricular. (informao verbal5).

    Os dirigentes da UNIVALI afi rmaram que pou-co conhecem sobre a realidade dos seus egressos.

    1 Dirigente da USP-SP.2 Dirigente UNIVALI-SC.3 Idem.4 Dirigente USP-SP.5 Dirigente FECAP-SP.

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    Houve o apontamento da necessidade de se efetu-arem novas pesquisas:

    Sabemos da necessidade de se realizar uma nova pesquisa, obtendo assim um feedback no s da sua insero no mundo do trabalho, e como cidado, mas tambm um feedback ao curso de como foi a sua formao. Ento os resultados de uma pesquisa sobre os egressos nos traz indicativos tanto para serem apresentadas novas alternativas de cursos dentro da Instituio como rever a prpria matriz curricular e organizao dos cursos em oferta. Acho que fundamental a opinio do egresso. (informao verbal6).

    O dirigente afi rma que as pesquisas com os egressos acabam sendo realizadas de maneira in-formal, atravs dos contatos feitos em seminrios, semanas acadmicas e no seu regresso nos cursos de especializao mantidos pela UNIVALI. O tema dessas entrevistas informais gira em torno de vrios aspectos do curso de graduao, pontos fortes e fracos, corpo docente, currculo, ementas das disci-plinas, e onde, na viso do egresso, a Universidade pecou no processo de ensino. Essas questes so, ento, repassadas ao corpo docente, em reunies pedaggicas e, na medida do possvel, algumas alte-raes so efetuadas nas ementas das disciplinas.

    O dirigente entrevistado da UNIVILLE afi rmou que os coordenadores de curso no efetuaram ne-nhuma ao com base no relatrio da pesquisa com os egressos:

    Alguns coordenadores nem sequer olharam os relatrios e tm como defesa o percentual de devoluo que foi baixo. muito mais fcil fi car no espao estvel do que ter que ouvir. Acho que 112 alunos tinham coisas a dizer da Universi-dade, mas para eles isto foi pouco. (informao verbal7).

    Para subsidiar a tomada de decises, os resul-tados das pesquisas devem proporcionar mudan-as e correes dos problemas que prejudicam o desempenho do curso e da Instituio. O conheci-mento dos resultados deve produzir um processo de autocrtica, fazendo com que haja motivao e desejo de mudar a situao. Nessas condies, os resultados devem ser utilizados como subsdios para promover as mudanas necessrias. Na viso

    de Souza (1999), a avaliao deve ser planejada, conduzida e realizada tendo em mente que seus re-sultados sero teis para os interessados. Os resul-tados devem estar disponveis para todos e nenhum dado deve ser omitido, at para que se justifi quem os esforos e recursos fi nanceiros envolvidos no processo.

    4.5 Nvel de aptidodos egressos para o trabalho

    Quando questionados sobre o nvel de aptido para o trabalho, a maioria afi rmou que os egressos saem da Instituio aptos com poucas restries.

    Na viso de alguns dirigentes, o que falta, ainda, para os alunos o desenvolvimento da parte prtica. Apesar de a maioria das Instituies trabalharem com o chamado Laboratrio Contbil, as simulaes existentes, ainda, no so sufi cientes para atingir a qualifi cao necessria.

    Segundo Marion (2001), as aulas prticas de-veriam ser aplicadas em quase todas as disciplinas dos cursos de Cincias Contbeis, sendo direcio-nadas como complemento s aulas terico-exposi-tivas. Esse mtodo consiste em mostrar aos alunos o lado prtico da disciplina.

    J alguns dirigentes so mais enfticos, di-zendo no ser possvel fazer com que o aluno saia totalmente apto para o mercado de trabalho:

    impossvel formar um indivduo, com subs-tancial conhecimento terico e deix-lo pronto para o mercado de trabalho. Muita coisa, a prpria experincia, o prprio envolvimento no mercado que vai ajudar na sua formao. Eu entendo que no existe um profi ssional totalmen-te apto, perfeito, acabado. O processo de for-mao do conhecimento longo e permanente, segue sempre em busca do conhecimento, das informaes, pois tanto a dinmica do mercado, quanto dos processos de informao, muito rpida, e isto faz com que haja uma necessidade constante de atualizao. (informao verbal8).

    Essa viso coaduna com Franco (1993), que afi rma que a Contabilidade exige de seus profi ssio-nais uma constante atualizao e complementao de conhecimentos, buscando a capacidade de acompanhar a constante evoluo da tcnica e da economia em geral.

    6 Dirigente UNIVALI-SC.7 Dirigente UNIVILLE-SC.8 Dirigente da UNIVALI-SC.

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    Dos dirigentes entrevistados, dois afi rmaram que consideram seus egressos totalmente aptos para o mercado de trabalho:

    Os alunos da FECAP esto totalmente aptos, porque o projeto pedaggico do Curso est en-raizado em trs fundamentos: diretrizes do MEC, Misso da IES e o mercado de trabalho. Estamos sempre olhando o mercado e incorporando em nossa grade os fundamentos necessrios para atendermos a isto. (informao verbal9).

    Temos uma caracterstica muito forte que em auditoria, existe uma ligao inclusive de con-vnios com empresas de auditoria conosco. En-to temos, de uma certa forma, um acompanha-mento e um desenvolvimento constante do aluno, pois precisamos fazer relatrios, eles tm bolsas, ento voc tem que estar tomando cincia o tem-po inteiro do acompanhamento do aluno. Ento isso obriga uma seriedade maior do aluno para com o curso tambm, ento acabamos verifi can-do que eles esto totalmente aptos para enfrenta-rem este mercado. (informao verbal10).

    4.6 Indicadores de aferio da qualidade

    Detectou-se que, para a maioria das IES, o indicador principal utilizado o programa interno de avaliao institucional.

    Na UNIVALI, essa avaliao realizada pelo corpo discente com relao a vrios aspectos, entre eles o desempenho dos professores, a estrutura de acompanhamento didtico-pedaggico e a estrutu-ra fsica da Instituio. O corpo docente, tambm, faz uma avaliao com relao infra-estrutura, servios de apoio ao curso e desempenho dos alunos. So utilizados questionrios e a pesquisa realizada anualmente.

    Na FEBE, a Avaliao Institucional realiza-da semestralmente com a participao do corpo docente e discente. No segundo semestre do ano de 2002, foi implantada a avaliao on-line: os alu-nos e professores responderam ao questionrio na intranet da Instituio, em um determinado dia da semana, agilizando o processo.

    Note-se que, para as Instituies pesquisadas, o programa de avaliao institucional se constitui num elemento de importncia para a gesto, pois afere e compatibiliza as vises de qualidade dos

    segmentos envolvidos, preparando as bases para o planejamento institucional.

    J para os dirigentes da PUC-SP e FEA-USP, o principal indicador de qualidade se d atravs do a com-panhamento constante dos processos de ensino.

    Na PUC fazemos um acompanhamento cons-tante. Temos reunies departamentais de no mni-mo trs por semestre. Ento este acompanhamento constante. A par disso voc tem um entrosamento muito grande na equipe de professores, ento voc tem as linhas de disciplinas afi ns. Os professores mesmo entre eles se renem para verifi car progra-mas, porque s vezes voc tem salas que rendem maravilhosamente bem, mas voc tem, s vezes, turmas que no tm o mesmo rendimento ou no tm o rendimento esperado, ento aquele profes-sor comunica imediatamente o outro da seqncia, ento temos um remanejamento constante. No h um isolamento acadmico, a equipe trabalha muito coesa, e isso fundamental. nosso principal indi-cador. (informao verbal11).

    Na verdade o primeiro indicador so os resul-tados das provas que ns temos durante o curso. Os professores tambm percebem isso e de ma-neira geral vai se materializando em todas as disci-plinas. Ento medida que os alunos vo fazendo as disciplinas e tendo as suas avaliaes, isso vai se tornando meio que pblico. Ento j se comea a fazer uma diferena entre os alunos classe A, os que so muito bons, aquela massa de alunos na mdia e tem aqueles tambm que so muito ruins, eventualmente tambm pode acontecer. Ento a avaliao durante o processo, eu considero a mais importante. (Informao verbal12).

    Constatou-se, tambm, que os dirigentes das IES pesquisadas utilizam os resultados do Exame Nacional de Cursos e do Exame de Sufi cincia do CFC como indicadores de qualidade, ressalvadas algumas restries mostradas a seguir.

    4.6.1 Utilizao doresultado do Exame Nacional deCursos como indicador de qualidade

    Os dirigentes entrevistados foram unnimes em afi rmar que utilizam os resultados do ENC como

    9 Dirigente da FECAP-SP.10

    Dirigente da PUC-SP.11

    Dirigente da PUC-SP.12

    Dirigente da USP-SP.

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    um indicador de qualidade dos cursos de gradua-o, e se posicionaram a favor, porm alguns apre-sentaram restries:

    O Exame Nacional de Cursos tambm deve ser considerado, mas com as devidas restries. H o problema do no comprometimento do aluno com o resultado do exame. Muitos alunos saram no tempo mnimo, encerrado o tempo mnimo para permanncia em sala, muitos fo-ram embora. Demonstraram claramente que no estavam comprometidos com o processo. (infor-mao verbal13).

    A questo do compromisso do aluno ao rea-lizar a prova um aspecto que preocupa os dirigen-tes das Instituies. Crticas so feitas com relao a isso. Linhares (2002) discorre que, se o aluno en-tregar a prova em branco ou chutar as respostas das questes, nada acontece para ele. O que se cobra apenas a assinatura na lista de presena, sob pena de no receber seu diploma. A nota mdia obtida pelos alunos formandos vai para o curso que freqentaram e a Instituio que o mantm.

    Na viso de Catani (2001), a gesto universit-ria acaba sendo moldada por uma lgica baseada no desempenho dos resultados obtidos. Os curr-culos e as aes didtico-pedaggicas no interior dos cursos vo se subordinando aos parmetros de avaliao externos.

    Apesar das crticas, muitas melhoras j ocorre-ram nos cursos em funo da participao das tur-mas nesse primeiro ENC para Cincias Contbeis:

    Acho que estamos passando por uma fase de transio muito grande, inclusive no processo de gesto, e o Provo um grande divisor de guas, ele pode no ser o melhor instrumento, mas j um instrumento de mudanas. S isso j jus-tifi ca sua existncia. De qualquer forma ele traz uma preocupao para as IES, mas como todo processo de avaliao, ele precisa ser aprimo-rado. Assim como o ensino no um processo fechado e no se completa nunca, o processo de avaliao tambm. (informao verbal14).

    Ressalvadas algumas restries, a totalidade dos dirigentes afi rma que o Provo deve continuar, um depoimento, que resume essas vises, o se-guinte:

    Se o exame no bom, voc pode melhorar. Se ele muito especfi co, voc pode torn-lo mais abrangente, se for muito abrangente voc pode torn-lo mais especfi co. Acredito que uma medida excepcional. (informao verbal15).

    4.6.2 Utilizao do resultado do Examede Sufi cincia do ConselhoFederal de Contabilidadecomo indicador de qualidade

    A grande maioria dos dirigentes entrevistados afi rmou que os resultados do Exame de Sufi cincia do CFC, tambm, podem servir como um indica-dor de qualidade, desde que ressalvadas algumas questes que muito se assemelham s restries feitas ao ENC:

    Atualmente a nossa instituio acaba utilizan-do os resultados como um dos instrumentos de avaliao do curso, mas para ser mais calibrado e apresentar resultados confi veis, algumas correes devem ser implementadas. A primeira prova realizada, pela anlise que o nosso corpo docente fez, revelou que as questes estavam muito aqum do que se esperava como um instrumento de avaliao. No sei se por ser a primeira, ou o pessoal estava testando ainda o instrumento, mas a partir da segunda prova, vi-mos que houve um rigor mais acentuado, que as questes se apresentaram mais bem elaboradas e condizentes com uma avaliao abrangente e generalizada. (informao verbal16).

    Eu acho timo tambm. No estou entrando no detalhe da avaliao. No estou dizendo que eles esto sendo feitos, formatados da melhor maneira possvel. Mas no tenho muitas crticas a eles no. Mas de qualquer maneira existe o mrito extrnseco no instrumento. Quando voc faz uma avaliao, por menos rigorosa que ela seja, ela j discrimina pelo menos um pedao da populao que no tem a menor condio. (infor-mao verbal17).

    Dois dirigentes se posicionaram radicalmente contra esse tipo de avaliao. Entendem que, se o aluno esteve por um perodo de quatro ou cin-co anos dentro de uma IES e essa Instituio lhe entregou o diploma, signifi ca que ele j pode atuar

    13 Dirigente da FEBE-SC.

    14 Dirigente da PUC-SP.

    15 Idem.

    16 Dirigente da UNIVALI-SC.

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    no mercado de trabalho, independente de qualquer tipo de avaliao realizada por rgos de classe:

    Sou contra este tipo de exame. Acho que o Conselho deveria fazer um trabalho com as Insti-tuies de Ensino e no com os alunos. Ver onde est o problema, seja com os professores, seja com a Instituio em si, e no com os alunos. (informao verbal18).

    um exame equivocado para qualifi car a universidade de forma a vincular a imagem da instituio. A questo do prazo para se realizar a prova complicada, pois se o aluno no faz logo que saiu, muita coisa ele esquece. Quem sabe um dia chegamos num ponto em que a Institui-o no precise mais certifi car o aluno, j que os Conselhos o fazem? Do jeito que est hoje, difcil, pois a Universidade d o Diploma, e o Conselho o desabilita de exercer a profi sso. O exame de ordem um instrumento muito pode-roso. (informao verbal19).

    Outro dirigente que se posicionou contra o Exame de Sufi cincia, da maneira como est atual-mente, foi o da PUC-SP:

    Eu acho que no serve como indicador de qualidade. Inclusive estou fazendo um estudo grande contrapondo os resultados do Exame de Sufi cincia com os resultados do Provo. Estou fazendo uma pesquisa no Brasil inteiro. Acho que no cabe ao Exame de Sufi cincia avaliar se o aluno sabe portugus ou matemtica, isto o Pro-vo faz. Quem vai examinar o contedo progra-mtico o Provo, porque o MEC quem est examinando. O Exame de Sufi cincia tem que examinar os conhecimentos contbeis, porque o contador que ele vai credenciar. Ao CFC com-pete saber se a pessoa tem condio de fazer o exerccio profi ssional, ento ele tem que de-monstrar que conhece realmente, que est apto a desenvolver o trabalho contbil. A exemplo do que feito l fora como o AICPA. Tem capacita-o profi ssional? Ele vai ter que demonstrar em conhecimentos contbeis. (informao verbal20).

    5 CONSIDERAES FINAIS

    Atravs da pesquisa, constatou-se um reco-nhecimento por parte dos dirigentes das IESs sobre a necessidade de institucionalizao da prtica do acompanhamento dos egressos nos cursos de Cincias Contbeis. Segundo os dirigentes entre-vistados, a utilidade desse tipo de estudo a de estabelecer e defi nir uma interao sistematizada entre as IES e seus egressos.

    A observao da trajetria dos ex-alunos serve como fonte de informaes gerenciais, permitindo a tomada de decises sobre o planejamento de cur-sos, arranjos didtico-pedaggicos e modalidades de programas que desenvolvam uma polivalncia e identidade profi ssional capazes de interagir e de atender s mutaes do mercado de trabalho. medida que no existe uma sistemtica consolidada de acompanhamento dos egressos, no h meio de saber se as IES cumprem bem seu papel de prepa-r-los para a realidade profi ssional. Nota-se que as IES pesquisadas, realmente, no tm conhecimento preciso sobre a qualidade dos profi ssionais que ofer-tam ao mercado de trabalho, pelo menos de maneira formal.

    Toda proposta de melhoria da qualidade re-quer a produo de informaes relevantes sobre o desempenho institucional. A construo de um sistema de acompanhamento de egressos constitui uma ferramenta para se estabelecer e desenvolver estratgias para melhoramento da gesto. Sendo assim, a primeira utilidade desse tipo de estudo est relacionada com os gestores das IES. Esses profi ssionais necessitam de informaes tempes-tivas e pertinentes sobre o desempenho dos seus egressos, o que permite, se necessrio, a introduo de modifi caes em seu modo de agir, reorientando suas aes.

    Avaliar o desempenho do ex-aluno, utilizan-do-o como um indicador de qualidade, atravs do resultado do ENC e do Exame de Sufi cincia do CFC, no to simples quanto parece. Segundo os prprios dirigentes, esse desempenho pode estar relacionado com outras variveis, como, por exem-plo, comprometimento do aluno com a realizao dos exames, elaborao das questes e do tipo de relacionamento que ele teve com a Instituio du-rante a sua vida acadmica.

    Nesse sentido, nota-se a necessidade de se criar uma cultura de avaliao, no que se relacio-

    17 Dirigente da USP-SP.

    18 Dirigente da FEBE-SC.

    19 Dirigente da FURB-SC.

    20 Dirigente da PUC-SP.

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    NOTA:

    Endereo dos autores:

    Ana Cristina Zenha Lousada

    Universidade do Vale do Itaja

    R. Uruguai, 458 Campus Universitrio

    Centro Tijucas SC

    88302-202

    na aos egressos. A adeso avaliao por parte de toda a comunidade acadmica professores, alunos e funcionrios tcnico-administrativos extremamente importante para o sucesso da orga-nizao. Essa cultura deve comear a ser formada nos primeiros anos em que os alunos ingressam no curso. A prtica sistemtica do acompanhamento de egressos nas IES requer uma mudana de men-talidade, uma nova cultura voltada para a efi cincia, para a qualidade e para a relevncia social dos resultados. S, assim, se poder aprender com os

    erros cometidos, corrigir as falhas, melhorar o de-sempenho institucional.

    Estabelecer um canal de comunicao com os egressos implica em ouvir aqueles que pela Institui-o passaram, cujas percepes, pareceres e cr-ticas possam fundamentar projetos institucionais. uma ferramenta gerencial que, aliada a outros indicadores, como ENC, Exame de Sufi cincia e processos internos de avaliao institucional, pode se constituir em um importante diferencial para que a IES atinja seus principais objetivos.

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    Gilberto de Andrade Martins

    Universidade de So Paulo

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