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ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE IRRIGAÇÃO LEVANTAMENTO DE DADOS DA ÁREA Para a elaboração de um projeto de irrigação, seja por aspersão, localizada ou por superfície, são necessários a coleta de alguns dados na área a ser irrigada. Esses dados são: 1. Área a ser irrigada em hectares, alqueires ou m 2 . 2. Espécie de cultura plantada ou a ser plantada e o espaçamento entre plantas e entre linhas. 3. Tipo de solo: a. Quanto à sua textura: argilosa, arenosa ou textura média. b. Quanto à sua permeabilidade: muito permeável, meio permeável ou pouco permeável. 4. Topografia do terreno: plana, suavemente ou fortemente ondulada (planta plani-altimétrica). 5. Precipitação desejada ou calculada (em mm). Normalmente a precipitação é calculada pelo projetista, que leva em conta os dados climatológicos da região em que será instalado o equipamento, a cultura a ser irrigada e o equipamento a ser utilizado. 6. Horas de funcionamento desejado por dia: máximo de horas de funcionamento possível. 7. Desnível entre a água e o local de bomba em metros: este dado é de suma importância para o dimensionamento correto da bomba, pois cada bomba apresenta uma altura máxima de sucção. 8. Desnível entre o local da bomba e o ponto mais alto do terreno em metros. 9. Quantidade e qualidade da água disponível na estação seca: a. Se a água for captada numa fonte de água corrente (rio, riacho, canal, etc) determinar a sua vazão em litros/segundo

ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE IRRIGAÇÃO

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ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE IRRIGAÇÃO

    LEVANTAMENTO DE DADOS DA ÁREAPara a elaboração de um projeto de irrigação, seja por aspersão, localizada ou por superfície, são necessários a coleta de alguns dados na área a ser irrigada. Esses dados são: 1. Área a ser irrigada em hectares, alqueires ou m2.

2. Espécie de cultura plantada ou a ser plantada e o espaçamento entre plantas e entre linhas.

3. Tipo de solo:

a. Quanto à sua textura: argilosa, arenosa ou textura média.

b. Quanto à sua permeabilidade: muito permeável, meio permeável ou pouco permeável.

4. Topografia do terreno: plana, suavemente ou fortemente ondulada (planta plani-altimétrica).

5. Precipitação desejada ou calculada (em mm). Normalmente a precipitação é calculada pelo projetista, que leva em conta os dados climatológicos da região em que será instalado o equipamento, a cultura a ser irrigada e o equipamento a ser utilizado. 

6. Horas de funcionamento desejado por dia: máximo de horas de funcionamento possível.

7. Desnível entre a água e o local de bomba em metros: este dado é de suma importância para o dimensionamento correto da bomba, pois cada bomba apresenta uma altura máxima de sucção.

8. Desnível entre o local da bomba e o ponto mais alto do terreno em metros.

9. Quantidade e qualidade da água disponível na estação seca:

a. Se a água for captada numa fonte de água corrente (rio, riacho, canal, etc) determinar a sua vazão em litros/segundo ou metros cúbicos/hora;

b. Se a captação for feita em um reservatório (represa, açude, etc) determinar o seu volume em metros cúbicos (m3).

Se estas medições foram feitas na época de chuvas, deve-se coletar junto aos moradores vizinhos a variação que as mesmas sofrem na época da seca.

c. Qualidade da água: presença de sólidos em suspensão, ferro, manganês, carbonatos, coliformes, etc.

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10. Tipo de acionamento que prefere para a bomba:

Elétrico: voltagem e fases;Diesel Trator: marca, modelo e potênciaOutros

Caso já haja bomba centrífuga e ou motor para acionamento, especificar todos os dados disponíveis tais como:

Marca · Modelo · Potência · Rotação · Vazão

Altura de sucção de recalque · Diâmetro dos rotores · etc

11. Sistema de irrigação que pretende utilizar ou as alternativas possíveis. 

12. Anexar uma planta plani-altimétrica ou planimétrica da área a ser irrigada. Para irrigação localizada acrescentar curva de nível de metro em metro e locação das linhas de plantio.

Caso não haja a planta, fazer um croqui da área com as seguintes indicações:

Formato de área com suas dimensões;Aonde se localiza o ponto mais alto do terreno e a distância entre este e o ponto de captação de água.

Localizar o ponto de captação da água e a distância entre o início da área a ser irrigada. 

Demarcar estradas, grotas, espigões, linhas de força, etc.

13. Se possuir, anexar os dados climatológicos da região, tais como:

Chuva · Evaporação do Tanque Classe A · Evapotranspiração

Velocidade do vento · Temperatura média · Umidade relativa

Com base no levantamento de dados da área a ser irrigada, elabora-se o projeto de irrigação mais viável, técnica e economicamente.

   A ELABORAÇÃO DO PROJETO DEVE SEGUIR O SEGUINTE CRITÉRIO1. Definição da precipitação ou lâmina a ser aplicada na área: esta precipitação varia em função, principalmente, da cultura (cada cultura apresenta uma evapotranspiração e, portanto, um consumo de água) e da região geográfica em que a área se situa (de região para região as condições climáticas - chuvas, evaporação, ventos, etc. - variam);

2. Seleção do equipamento mais adequado ou das alternativas dos equipamentos para a área: esta seleção leva em consideração a cultura plantada ou a ser plantada, a topografia da área, o tamanho da área e a disponibilidade de água;

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3. Cálculo do turno de rega e tempo de funcionamento por posição: para fazer estes cálculos leva-se em conta, principalmente, o consumo diário de água que a cultura necessita, a profundidade do sistema radicular, a resistência que a planta apresenta ao "déficit" de água e as características físicas do solo, principalmente, quanto á sua capacidade de armazenamento de água;

4. Cálculo da vazão: esse cálculo refere-se à vazão total do equipamento e baseia-se na área a ser irrigada, na precipitação definida e o número de horas de trabalho diário;

5. Dimensionamento hidráulico: o dimensionamento das tubulações e dos acessórios, tais como: válvulas, hidrantes, cotovelos de derivação e outros, baseia-se na vazão total, na altura manométrica necessária e na velocidade da água no interior dos tubos. Uma vez selecionadas as tubulações e acessórios, procede-se a locação dos mesmos na área, locando-se, inclusive, as posições necessárias para o equipamento escolhido;

6. Dimensionamento do conjunto motobomba: o dimensionamento deste conjunto também baseia-se na vazão, na altura manométrica e na potência necessária. Na escolha da bomba, além dos ítens anteriormente citados, deve-se atentar para que a bomba escolhida trabalhe no ponto de máximo rendimento ou próximo possível dele, e para a sua altura máxima de sucção;

7. Elaboração de planta ou croqui: efetuados os cálculos deve ser elaborada uma planta ou croqui, onde são locados o ponto de captação, a linha mestra, as linhas laterais, os acessórios e o posicionamento do equipamento;

8. O roteiro prossegue com a análise econômica do projeto e outros ítens, tais como custos, receitas, fluxo de caixa, comercialização, etc, conforme a exigência da situação.  

Fernando Braz Tangerino Hernandez , 1999.

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A irrigação para áreas paisagísticas e gramados esportivos já faz parte da cultura européia e americana há mais de quarenta anos. No Brasil, os primeiros trabalhos se iniciaram a apenas onze anos e, infelizmente, esse tema sequer é abordado em Cursos da área de Agronomia, Engenharia Agrícola, Engenharia Civil, Paisagismo e Arquitetura.

No Brasil, apesar de existir a quinze anos, somente há cinco anos um trabalho de divulgação e criação de cultura via palestras, seminários e cursos foram iniciados em Universidades, Prefeituras, Escolas de Paisagismo e CREA's com o intuito de levar o conhecimento dos equipamentos, técnicas (diga-se de passagem, totalmente diferentes de projetos agrícolas) de projeto e critérios de avaliação.

A água é o elemento indispensável para a vida das plantas; uma boa safra ou a manutenção da beleza ornamental de qualquer projeto de paisagismo só é possível através de um perfeito sistema de irrigação.

A Irrigação Automatizada é, basicamente, um sistema onde culturas, jardins e gramados são irrigados em dias e horários pré-programados, com a duração de tempo determinado para atender as necessidades específicas de cada área e do tipo de vegetação. Após implantado, cessa a preocupação com a rega pois tal serviço é executado automaticamente.

Para a elaboração do projeto são analisados os seguintes aspectos:

Tamanho e forma da área Paisagismo a ser implantado Horas de radiação direta de cada área Declividade do terreno Necessidades hídricas das plantas Profundidade efetiva do sistema radicular Ação de ventos predominantes Tipo de solo Sombreamento

Feita tais análises passa-se a escolha dos equipamento necessários à implantação do sistema de irrigação. Os equipamentos que compõem tal sistema são:

Redes hidráulica, secundária e principal

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Emissores de água (sprays, rotores, gotejadores, micro sprays, borbulhadores) Rede elétrica Válvulas solenóides (Registros) Controladores ("Timers" eletrônicos)

As redes hidráulicas a serem utilizadas geralmente são de PVC ou polietileno nas bitolas dimensionadas em função da vazão do sistema e da extensão da área a ser irrigada.

Os emissores são os elementos responsáveis pela emissão de água. Cada modelo possui características específicas. Os aspersores podem ser sprays, de impacto, rotores entre outros. Os raios de alcance podem variar de 0,50 m a 46 m. Podem ser ainda do tipo escamoteáveis, que são instalados submersos no solo e emergem somente na hora de realizar a irrigação.

As principais vantagens do uso dos aspersores escamoteáveis são:

Não ferem a estética do paisagismo Permite trânsito livre sobre os gramados de pedestres e veículos Permitem a poda manual ou mecanizada com absoluta segurança

Os aspersores devem ser distribuídos de forma a proporcionar uma superposição adequada do jato d'água para garantir uma uniformidade de aplicação da lâmina de água sobre o terreno.

O aspersores são divididos em dois grupos:

Sprays -São aspersores que podem ser do tipo escamoteáveis ou aparentes. Possuem o jato de água fixo em onze opções de ângulos pré-determinados e de trajetórias variadas, somando um número de 72 opções de bocais. No caso de serem escamoteáveis eles podem possuir diferentes alturas de elevação do pop-up (3", 4", 6" e 12"). Possuem raio de alcance mínimo de 0,60 m e máximo de 4,5 m. Podem vir com opcionais para adequação em situações particulares como válvula anti-drenagem e regulador de pressão interno. São geralmente utilizados em áreas de menores dimensões, recortadas e com paisagismo mais denso.

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Rotores : São aspersores que também podem ser do tipo escamoteáveis ou aparentes. Como o próprio nome diz, são giratórios. Possuem um único jato de água e giram por meio de turbina de engrenagens, turbina de esferas ou por impacto de um braço oscilante. O raio de alcance dentro da família de rotores varia 6,5 m até 24 m. São mais indicados para áreas maiores, com paisagismo de baixo porte e menor densidade.

Face aos aspectos de raios de alcance e ângulos de atuação os aspersores garantem que a irrigação seja realizada nos locais necessários, evitando molhar paredes, muros e acessos pavimentados gerando, consequentemente, uma grande economia de água.

Uma outra linha de produtos que está cada vez mais em uso é o da irrigação localizada de baixo volume, que é realizada através de microaspersores, gotejadores e borbulhadores. Este método de irrigação é adequado para áreas não gramadas. A água é aplicada de forma precisa e diretamente na zona radicular de árvores, arbustos, flores e vasos. Este segmento está em grande crescimento em jardins de edifícios além de ser uma grande alternativa para economia de energia. A automação é executada através de controladores e válvulas solenóides.

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O controlador eletrônico é o cérebro do sistema de irrigação automatizado. Com ele é possível programar o horário, ligando e desligando o sistema em tempos projetados para cada área a ser irrigada (setor).

Hoje, no mercado, existem diversas opções de controladores para atender demandas específicas. O nível de automação está tão evoluído que hoje temos controles remotos para controladores e, para projetos de maior porte, temos o monitoramento de vários sistemas através de um computador central integrado a uma estação meteorológica.

 

 

Os setores são comandados por válvulas solenóides, que são componentes que respondem a programação do quadro controlador. Dado o horário programado, elas se abrem e permitem que a água se direcione aos aspersores comandados por ela. Após decorrido o tempo programado ela se fecha.

Existem em vários modelos e tamanhos que são dimensionadas de acordo com as características do projeto em questão.

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Acoplado ao sistema existe um sensor de chuvas que interrompe automaticamente o funcionamento do sistema, e só permite que o sistema retorne a funcionar quando o solo estiver novamente necessitando de água.

Além das vantagens e benefícios descritos com a implantação de um perfeito sistema de irrigação automatizada é importante ressaltar ainda os aspectos econômicos, entre eles:

Redução de mão de obra A eliminação de aquisição de mangueiras e acessórios Sensível redução do consumo devido ao uso eficiente e racional da água Maior produção Plantas mais saudáveis e bonitas Valorização da propriedade.

É muito importante lembrar que a plena obtenção dos resultados descritos só é possível através de um projeto bem elaborado. Procure executá-lo através de Empresas com profissionais especializados em irrigação.

 Por: José Giacoia NetoGerente Paisagismo e Golfe(Rain Bird Brasil Ltda.