76
C U R S O D E C A P A C I T A Ç Ã O E A D E M MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

CURSO DE CAPACITAÇÃO EAD EM

MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Page 2: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Page 3: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

CURSO DE CAPACITAÇÃO EAD EM

MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Page 4: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Realizado a partir de parceria formada entre o Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV) da UFRGS e a Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI) e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP).

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Centro de Estudos Internacionais sobre Governo.Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimen-tos Estratégicos.

Curso de Capacitação EAD em Planejamento Estratégico Municipal e Desenvolvimento Territorial – Módulo 2: Elaboração de Projetos. Caderno de Estudos

73 páginas

1. Brasil 2. Estado, federalismo e planejamento 3. Planejamento municipal 4. Plano pluria-nual 5. Políticas públicas 6. Planejamento e finanças – orientações.

Normalização bibliográfica

Centro de Estudos Internacionais sobre Governo

Caderno de Estudos do Curso de Capacitação EAD em Planejamento Estratégico Municipal e Desenvolvimento Territorial - Módulo 2: Elabora-ção de ProjetosTermo de Cooperação UFRGS-MP 24/2013

Coordenador do ProjetoPedro de Almeida Costa

Equipe TécnicaIvaldo GehlenAlberto Bracagioli NetoDaniela OliveiraBruna Cruz de AnhaiaDébora WobetoMatheus Machado HoscheidtThiago Borne Ferreira

Editoração e DiagramaçãoJoana Oliveira de Oliveira

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV)

Campus do Vale, prédio 43322Av. Bento Gonçalves, 9500CEP: 91.509-900 – Porto Alegre – RSFone: (51) 3308-9860 / (51) 3308-3272www.ufrgs.br/cegov

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MP)Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI)

Esplanada dos Ministérios, Bloco K – 3º andarCEP: 70.040-906 – Brasília – DFFone: (61) 2020-4080www.planejamento.gov.br/spi

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

Ministra do Planejamento, Orçamento e GestãoMiriam Belchior

Secretaria-ExecutivaEva Maria Cella Dal Chiavon

Secretária de Planejamento e Investimentos EstratégicosEsther Bermerguy de Albuquerque

Diretor do Departamento de Gestão do Ciclo do PlanejamentoJosé Celso Cardoso Júnior

Diretor do Departamento de PlanejamentoDênis Sant’anna Barros

Coordenação-Geral de Gestão EstratégicaLeandro Freitas Couto

Page 5: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA PROJETOS1. FUNDAMENTOS E CONCEITOS 2. ESTRUTURA DE UM PROJETO 3. RELAÇÃO ENTRE PROJETO, ATOR E REALIDADE 3.1 O lócus de ação dos atores sociais: relação entre Projeto e Realidade 4. DIAGNÓSTICO E PROBLEMA PARA PROJETOS 4.1 Princípios do diagnóstico 4.2 Ferramentas do diagnóstico 5. O PROBLEMA

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA1. FORMULAR OBJETIVOS, JUSTIFICATIVAS, AÇÕES, METAS E INDICADORES 1.1 Objetivos 1.2 Justificativas 1.3 Ações/Atividade 1.4 Metas e Indicadores2. METODOLOGIA 2.1 Princípios 2.2 Marco Lógico 2.3 Método ZOPP 2.4 Árvore de Problemas 2.5 Árvore de Objetivos 2.6 Análise SWOT ou FOFA

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO 1. TIPOS DE RECURSOS2. FONTES DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA ESTADOS E MUNICÍPIOS 2.1. Principais fontes de captação de recursos para municípios3. RECURSOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 3.1 Tipos/Formas de Transferências 3.2 Legislação que regula Convênios e Contratos 4. SISTEMAS DE SOLICITAÇÃO DE RECURSOS E GERENCIAMENTO DE PROJETOS COM A UNIÃO 4.1 SICONV 4.2 Como apresentar Projetos e Propostas? 4.2 Ministério da Educação 4.3 Ministério da Saúde 4.4 Ministério das Cidades 4.5 Ministério da Educação5. RECURSOS DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

CONSIDERAÇÕES FINAIS

APÊNDICE

SUMÁRIO

101013151819212226

05

07

32323233333437384142434647

505051525252555757596363646566

71

72

Page 6: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Page 7: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

05

APRESENTAÇÃO

A sociedade brasileira tem passado por transformações profun-das nas últimas décadas, consolidando uma democracia e uma economia estáveis e promovendo um processo revolucionário e massivo de inclusão social. Mesmo com esses avanços – ou talvez mesmo como consequência deles –, há ainda demandas fundamentais e legítimas por desenvolvimen-to e melhoria da condição de vida. Essas demandas se apresentam acom-panhadas do desejo por maior participação social e cobrança crescente por mais transparência e eficácia na administração pública.

A presente capacitação, resultado de uma atividade de coopera-ção entre a Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos (SPI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e o Centro de Estu-dos Internacionais sobre Governo (CEGOV), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), insere-se no esforço que o Estado Brasileiro faz para se organizar e se qualificar para o atendimento desse anseio da sociedade. Para tanto, apostou-se na atividade de Planejamento como ferramenta de gestão capaz de otimizar os recursos físicos, humanos e fi-nanceiros do Estado para essa missão.

Nesse contexto, os Planos Pluarianuais (PPAs), instrumentos téc-nico-políticos instituídos como obrigatoriedade constitucional das dife-rentes esferas federativas na democracia brasileira, também devem estar comprometidos com essa tarefa de transformação social, na medida em que são poderosas ferramentas para apoiar os gestores públicos a plane-jar, executar, acompanhar e avaliar as políticas públicas.

O presente curso corresponde a um segundo módulo de capaci-tação, de um total de três previstos nessa cooperação, e tem por objetivo sensibilizar e capacitar os alunos para a Elaboração de Projetos. Essa eta-pa é fundamental para a organização das ações da administração pública, e é nela que se consolida a possibilidade de captação de recursos para executar o que foi planejado.

Desejamos a todos e todas bons estudos!

Page 8: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS
Page 9: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

07

O termo projeto é herdado do latim projectu, que significa “lança-do para frente”. Daí decorrem outros termos como projeção, projetar, isto é, previsão de uma situação futura. Nesse sentido, elaborar um projeto é uma criação, é “trazer” para o presente uma realidade futura (projetada, imaginada). Podemos pensar e imaginar o futuro de várias formas, porém sempre será como probabilidade, nunca como certeza. Sempre iniciamos um projeto a partir de constatações, a partir de diagnóstico, sobre uma re-alidade que no nosso entendimento precisa ser modificada, transformada. Chamamos de situação problema, pois pode ser expressa por perguntas, como: “o que será?”, “onde se chegará?”, “o que pode vir a ser?”.

Um projeto dialoga com as diferentes concepções sobre a reali-dade, estimulando pensamentos criativos e ações inovadoras sobre o que essa mesma realidade pode vir a ser e de certa forma ajusta às condições objetivas das possibilidades, em base aos recursos e à capacidade de mo-bilização. Portanto, as projeções, cenários ou sonhos e utopias fertilizam as esperanças, agregam confiança de uma possível mudança. O projeto racionaliza, pela previsão, o caminho a trilhar.

Por isso, este guia e o conteúdo ministrado neste módulo são de fundamental importância para qualificar agentes públicos, priorizando o desenvolvimento de capacidade criativa e de habilidades, para garantir que os objetivos e as ações propostos constituam respostas eficazes à re-alidade diagnosticada e a ser modificada. Para isto, o aprendizado deste módulo oferecerá ferramentas conceituais e técnicas para imaginar ou criar, analisar e propor projetos de desenvolvimento territorial local. Par-te-se do pressuposto de que o proponente tenha clareza do que quer para formular toda a sequência ou fluxo de um projeto, articulados de forma coerente. A coerência interna de um projeto constitui um ingrediente cen-tral para quem o analisa.

Alguns atributos, quase pressupostos, de todo projeto, ajudam a entender a sua importância de mérito e de forma – ou seja, sua apre-sentação na linguagem e estrutura coerente. Pode-se falar que o projeto implica em uma pedagogia do processo e se apresenta de forma didática.

INTRODUÇÃO

Page 10: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

08

O termo pedagogia, do grego antigo paidagogós, era inicialmente composto por paidos (“criança”) e gogía (“conduzir” ou “acompa-nhar”). Outrora, o conceito fazia portanto referência ao escravo que levava os meninos à escola.

Atualmente, a Pedagogia é considerada como sendo o conjunto de saberes que compete à educação enquanto fenômeno tipicamente social e especificamente humano. Trata-se de uma ciência aplicada de caráter psicossocial, cujo objeto de estudo é a educação. A Peda-gogia recebe influências de diversas ciências, como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Filosofia, a História e a Medicina, entre outras.

É importante distinguir a Pedagogia como sendo a ciência que estu-da a educação e a didática, como sendo a disciplina ou o conjunto de técnicas que facilitam a aprendizagem. Como tal, pode-se dizer que a didática é apenas uma disciplina dentro da Pedagogia. Disponível em: <http://conceito.de/pedagogia>. Acesso em: 17 fev 2014.

Além dessas características, é fundamental apresentar objetivos bem definidos, ações ou atividades bem delimitadas, tarefas claras, recur-sos humanos, materiais e financeiros definidos e ajustados, duração ou cronograma adequado. Ter presente que todo projeto, ao mesmo tempo em que apresenta garantias de sucesso, também carrega incertezas. Esta incerteza serve como fascínio, como motivação e baliza.

Este Caderno de Estudos e o conteúdo do módulo priorizarão al-guns aspectos da estrutura geral de um projeto. Isto porque os demais já o foram ou serão desenvolvidos. A primeira unidade apresenta uma síntese conceitual sobre projeto e retoma dois itens fundamentais: o diag-nóstico e a formulação do problema. A segunda unidade constitui-se na parte principal deste módulo que é a definição de objetivos, justificati-vas, as ações ou atividades e metas e indicadores. Segue uma parte sobre abordagem metodológica, trazendo diferentes ferramentas, como o Mar-co Lógico, o ZOOP (Planejamento de projetos orientados por objetivos), e o método que parte da árvore de problemas e de objetivos para propor mudanças da realidade. A terceira unidade apresenta aspectos relativos a recursos e orçamento, apresentando detalhes sobre a captação de re-cursos para viabilizar projetos de desenvolvimento territorial. Na sequên-cia, temos as considerações finais e apêndices com materiais que podem auxiliar você no processo de elaboração de projetos e na continuidade de seus estudos.

Page 11: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

09

INTRODUÇÃO

Todo projeto objetiva gerar mudanças, transformações da realidade e gerar ou acumular aprendizagem. Por isso um bom projeto precisa ser escrito e apresentado com estilo que priorize a clareza, concisão, objetividade, equilíbrio entre as partes e, sobretudo, coerência rigo-rosa. É importante prever como os resultados, sejam quais forem, serão devolvidos ou retornarão aos beneficiários: relatório, uso de meios de comunicação, reuniões, etc. Isto é importante para evitar repetições, garantindo o avanço dos processos e do conhecimento daquela realidade e também da clarificação de conceitos.

Os Projetos possuem uma linguagem específica (conceitos criados ou adotados). Por isso é necessário assimilar, elaborar as definições conceituais referentes às etapas que compõe o ciclo no qual um projeto está inserido: plano, programa, projeto, avaliação, monitora-mento, planejamento e indicadores.

Todo projeto de desenvolvimento se orienta pela perspectiva hu-manista, ou seja, de melhorar as condições de nossa existência (in-clui-se nesta ótica os demais seres da terra). Por isso, está umbilical-mente articulado com o conceito de sociedade e com um projeto de sociedade. Queremos diminuir a desigualdade social? Queremos valorizar as identidades socioculturais? Pois bem, os projetos de de-senvolvimento que produzimos ou dos quais participamos estarão necessariamente imbuídos desses pressupostos valorativos ou polí-ticos. Jamais um projeto é totalmente neutro socialmente ou po-liticamente.

Vamos embarcar nesta pequena e desafiante viagem!VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

Para os gestores municipais, o instrumental aqui disponibilizado é de capital importância para a formulação e formatação de projetos tanto para garantir eficácia nas ações que visam mudar a realidade, quanto na facilitação de obtenção de recursos e financiamentos. No âmbito das res-ponsabilidades compartilhadas para o desenvolvimento ou melhorias lo-cais, organizações públicas e privadas disponibilizam recursos, sobretudo financeiros, via editais. Existem diversas fontes de financiamento aptas a analisar e apoiar bons projetos de desenvolvimento territorial. Porém, sem dúvida o que mais falta são bons projetos e para isto é vital a qualificação de pessoas, sobretudo de gestores públicos. Talvez este seja o desafio de continuidade para cada um dos que estão realizando esta formação.

Page 12: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

10

FUNDAMENTOS E CONCEITOS

Antes de compreender as partes que compõem um projeto, algu-mas definições são importantes. Primeiramente, devemos salientar que, no processo de construção de um projeto, três fases são imprescindíveis e estão intrinsecamente conectadas: o planejamento, a implementação e a avaliação (CURY, 2001). Os processos de implementação (monitoramento) e avaliação serão discutidos em outro módulo.

Planejar é romper com o improviso ou, ao menos, restringi-lo ao mínimo possível. Quando planejamos, estamos exercitando nossa capaci-dade de pensar o futuro a partir de análises da realidade presente. Portan-to, é fundamental interpretar a realidade presente, avaliar as experiências passadas e saber para onde se deseja ir.

Em geral, as organizações que promovem intervenções no meio social o fazem a partir de princípios gerais e fundamentais. O que signifi-

MÓDULO 2 : PROJETOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMNesta unidade você irá:

• Aprender os fundamentos e conceitos envolvidos nas diferentes etapas que compõem um projeto;• Relembrar a importância de contemplar a diversidade de atores e realidades em seu projeto;• Retomar o tema do diagnóstico e aprender novas técnicas para fazê-lo;• Aprender a identificar e definir um problema.

1

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 13: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

11

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

ca dizer que não se atua sem antes compreender e definir o que funda-mentará tais ações. A esse princípio fundamental denominamos política. É comum que as organizações, estatais ou não, deixem evidente qual a sua política de atuação. Isto permite identificar a partir de quais parâmetros essas organizações pretendem ser reconhecidas e a base de formulação de suas ações. Por exemplo, a política que fundamenta as ações do Minis-tério da Agricultura é diferente daquela do Ministério do Desenvolvimen-to Agrário e, obviamente, esta diferença está refletida nos projetos que desenvolvem e apoiam. Nesse sentido, política se refere a uma orientação geral que estará informando determinadas ações.

Essas ações são meios para se atingir um determinado fim, por-tanto, em um processo de planejamento são “os meios que irão justificar os fins” e não o contrário. Para construir os “meios” adequados aos “fins” que projetamos, algumas questões são basilares: como? Com quê? O quê? Para quê? Para quem?

As respostas a estas questões apontam tanto para a parte do pla-nejamento que é mais operacional quanto para aquela que é mais estra-tégica ou política.

Assim, o operacional é o planejamento do “como” e do “com que”, incluindo a pormenorização do “o que”; trata dos meios; aborda cada as-pecto isoladamente; dá ênfase às técnicas, instrumentos; busca a eficiên-cia; limita-se ao curto prazo; tem o projeto, às vezes o programa como expressão maior.

Por sua vez, o político é o planejamento do “para quem”, “para que” e “o que” mais abrangente; trata dos fins; é globalizante; dá ênfase à criatividade, às abordagens gerais; busca a eficácia; realiza-se no médio e no longo prazo; tem o plano como expressão maior” (GANDIN, 1994, p.36, ênfases acrescentadas).

Dessa afirmação é possível depreender que há uma “hierarquia” em termos de amplitude com relação às partes que compõem um proces-so de planejamento. Do mais amplo para o mais restrito, temos o plano, programa e projeto.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

O planejamento político nutre-se na ideologia, na filosofia, nas ciências, enquanto o operacional baseia-se na técnica. O primeiro busca estabe-lecer o rumo, firmar a missão da instituição, do grupo ou do movimento que está em planejamento; o segundo busca encaminhar o fazer, para a realização, a vivencia de tal rumo e tal missão (GANDIN, 1994, p.37).

O plano estabelece as grandes linhas definidoras dos rumos de um planejamento. Nele deve estar delineado o referencial político e teóri-co e os traços que delimitam os contornos das estratégias e das diretrizes que embasarão a elaboração dos programas e projetos. No plano é onde se define as prioridades gerais (os objetivos e metas), se organiza os gru-pos temáticos e sua abrangência territorial. O Plano Plurianual é o exem-

Page 14: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

12

plo mais claro deste instrumento. A partir de um diagnóstico detalhado do território, ele define macro objetivos e metas para a administração pública que serão perseguidos e acompanhados durante a execução do mesmo. Estes são pontos de partida para a construção de programas e projetos que viabilizarão a concretização das grandes diretrizes de governo.

O programa é, grosso modo, “um aprofundamento do plano, o detalhamento por setor das políticas e diretrizes do plano” (CURY, 2001, p. 41). As prioridades definidas no plano consistirão nos objetivos gerais do programa. O programa se subdivide em vários projetos que se orien-tarão pelos mesmos objetivos. Como exemplo, podemos citar o Programa Bolsa Família, que é um desdobramento do Plano Brasil Sem Miséria, o qual conta ainda com programas na área de saúde, educação e assistência social.

O projeto se constitui na parte mais elementar dentro da lógica do planejamento. É nele em que se definirão os detalhes do processo de intervenção direta na realidade social, objetivando produzir alguma forma de benefício para o meio em que será implementado. O projeto é uma via adequada para se conjugar a necessidade da ação frente à escassez de recurso e de tempo. Isto é feito a partir da articulação coerente entre as diversas partes e etapas que compõem um projeto e a partir da concate-nação de diferentes atividades. O projeto expressa, portanto, o momento mais operativo do processo de planejamento, é através dele que se pene-tra na realidade para executar ações que sejam eficientes na transforma-ção dessa realidade.

No quadro a seguir, é possível termos uma visão sintética da dife-renciação e complementaridade entre estes diferentes níveis hierárquicos.

Importante salientar que para obtenção dos resultados espera-dos em um plano ou projeto é necessário que ocorra uma formalização e documentação de todos os processos decisórios, também a responsabili-zação de todos os envolvidos no planejamento.

Um projeto apenas se completa com a sua ação efetiva, existindo dados do contexto de atuação que fogem ao controle do ator que planeja. Assim, é preciso acompanhar e monitorar as ações a serem desenvolvidas diante de mudanças, surpresas e imprevistos. Um sistema de gestão es-tratégico deve estar composto de um sistema de constituição de agenda, sistema de cobrança e prestação de contas e um sistema de gestão ope-racional.

Busque informações sobre o Plano Brasil Sem Miséria e seus Programas no site do Ministério do Desenvolvimento So-cial. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/>. Acesso em: 11 mar. de 2014.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 15: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

13

CONTEÚDO ABRANGÊNCIA PRAZO EXEMPLOS

PLANOO plano delineia as decisões de caráter geral, as suas grandes linhas políticas, suas estratégias e suas diretrizes.

AmploLongo prazo

Plano Nacional de Mobilidade Urbana.

PROGRAMA

O programa é, basicamente, um aprofundamento do plano: os objeti-vos setoriais do plano irão constituir os objetivos gerais do programa. É o documento que detalha por setor, a política, diretrizes, metas e medidas instrumentais. É a setorização do plano.

Mais específicoMedio Prazo

Programa de Infraestrutura de Transporte e Mobilidade Urbana

Pró-Transporte

PROJETO

O projeto é o documento que siste-matiza e estabelece o traçado prévio da operação de uma unidade de ação. É, portanto, a unidade elementar do processo sistemático da racionalização de decisões.

DelimitadoCurto Prazo

Projeto de Im-plantação do Aeromóvel.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

“Quanto maior o âmbito e menor o detalhe, mais o documento se ca-racteriza como um plano; quanto menor o âmbito e maior o grau de de-talhamento, mais ele terá as características de um projeto” (CURY, 2001, p.42).

ESTRUTURA DE UM PROJETO

A estrutura de um projeto é composta de uma série de etapas que devem responder a determinadas perguntas-chave. Estas perguntas têm um ordenamento e devem ter pertinência e coerência entre si. A conexão entre as partes traz atenção para que quando seja elaborado um projeto, não adianta dividir tarefas e realizá-las de forma isolada e independente. Quando o projeto for concluído, suas diferentes partes devem demonstrar um todo harmônico e consistente.

Muitas organizações têm seu próprio formato para apresentação de projetos. Por vezes, existem conceitos e terminologias diferentes, mas de maneira geral, todos obedecem a um formato básico comum.

As questões chave a serem respondidas em um projeto e a sua correspondência com a estrutura do projeto podem ser visualizadas no quadro a seguir:

2

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 16: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

14

Perguntas chave Estrutura do projeto

Qual o nome do nosso projeto? Título

Como está a situação atual? Diagnóstico

O que queremos? Objetivos

Por que queremos? Justificativa

Onde faremos? Localização

Para quem faremos? Público alvo

Quem somos e com quem contamos? Instituições envolvidas e parcerias

Onde queremos chegar? Metas

Como faremos? Metodologia

O que precisamos fazer? Atividades

Do que precisamos? Recursos

Quanto custa? Orçamento

Quando faremos? Cronograma

O que faremos depois que acabar os recursos?

Continuidade das ações

O que mais temos para mostrar? Anexos

• TÍTULONa abertura do projeto, normalmente consta uma capa com o

título, dados da organização (logotipo), local e data. O título do projeto deve traduzir, de forma sintética, o tema central que será trabalhado.

Em alguns casos, na abertura, é apresentado um resumo onde de-vem ser salientados os pontos mais importantes do projeto. Mesmo sendo um componente inicial do projeto, por vezes sua redação torna-se mais clara quando elaborarmos os outros itens.

• DIAGNÓSTICOComo a pergunta chave esclarece, o diagnóstico procura descre-

ver a situação problemática na qual se quer intervir. Devem ser expostos dados da situação atual que permitirão ilustrar a situação desejada que são os objetivos.

• OBJETIVOSNormalmente, existem dois níveis de objetivos: o objetivo geral e

o objetivo específico. O objetivo geral expressa de forma ampla qual é a contribuição que o projeto deverá fazer. O objetivo específico do projeto descreve a ação de maneira mais particular e menos genérica, apontando para resultados concretos do projeto. Neste nível, é possível observar as ações a serem desenvolvidas com a população alvo. O objetivo geral é apenas um, enquanto que os específicos dificilmente são apenas um.

Page 17: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

15

EXEMPLO (fictício)

Título do projeto: Mais Belo Verde

Diagnóstico: A Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Belo Verde aponta que 52% dos resíduos recicláveis produzidos pela po-pulação não recebe o destino e o processamento adequado (galpões de reciclagem e reciclagem de material), somando-se aos demais re-síduos não recicláveis e agravando o quadro dos aterros sanitários da cidade, cuja vida útil está se esgotando. Consultas realizadas à população em geral indicam, ainda, que a falta de coleta seletiva por parte da prefeitura e de campanhas sensibilizadoras para a separa-ção do lixo podem influenciar na existência do problema.

Objetivos:

• Objetivo geral: Ampliar o aproveitamento de resíduos sólidos recicláveis descartados na cidade de Belo Verde.

• Objetivos específicos: (a) aumentar a capacidade de coleta seletiva de resíduos sólidos recicláveis; (b) ampliar a rede de gal-pões de reciclagem; (c) desenvolver campanhas educativas am-bientais; e, (d) desenvolver ações articuladas com outros municí-pios da região para a criação ou ampliação de aterros sanitários comuns, visando a destinação de resíduos orgânicos.

RELAÇÃO ENTRE PROJETO, ATOR E REALIDADE1

Nesta abordagem, quando falamos em atores sociais nos referi-mos principalmente aos cidadãos que compõem a chamada sociedade civil. Porém, um projeto pode ter outros atores, como, por exemplo, insti-tuições, empresas ou órgãos públicos. Um projeto pode, ainda, ter como foco questões relacionadas ao meio natural, plantas, animais, clima, etc. Contudo, mesmo neste casos, a maioria dos projetos já está de alguma forma voltada ao cidadão.

Podemos utilizar dois conceitos para identificar os atores de um projeto: o de cidadania e o de identidade sociocultural.

O texto que segue é uma espécie de guia para introduzir esta te-mática, sobre a qual muito já se discutiu e se escreveu, principalmente nos últimos 150 anos. Todos nós, indistintamente, nos movemos e nos orien-tamos na vida cotidiana por esses dois sistemas de valores ou por essas duas dimensões de referência: a da cidadania orientada por valores éticos e da identidade, orientada por valores culturais. Podemos não ter cons-

1 O texto que segue se baseia, com modificações, em: Atores Sociais (GEHLEN, 2009).

3

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 18: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

16

ciência desta realidade, mas ela existe afeta a todas as pessoas. Portanto, não podemos considerar as pessoas ou os atores sociais como se fossem uma unidade simples. Somos complexos. Esta análise influi quando cria-mos projetos de mudanças da realidade, pois nosso olhar precisa estar co-nectado com esta complexidade e levá-la em consideração ao construir um projeto ou executar ações que interferem no desenvolvimento local.

No conceito de cidadania estão incluídos todos aqueles que fa-zem parte de uma determinada totalidade, assim, tratam-se dos residen-tes ou nascidos em um Município, estado ou País. Nesta perspectiva, reco-nhecem-se por interesses sociais, econômicos, políticos, culturais, além de outros, comuns, via de regra expressos formalmente, legitimados geral-mente por normas públicas: leis, estatutos, regimentos, etc. Sempre que se refere a desigualdade / igualdade social, é desta condição – de cidada-nia – que se está falando. Apresentam-se situações em que a expressão de interesses coletivos se expressa através de ações não legais, porém legíti-mas, como por exemplo, mobilizações e movimentos sociais.

Cidadania é de direito público, universal, gerido por contrato en-tre o indivíduo e o Estado, que representa a totalidade. O compromisso do cidadão, além dos deveres éticos, é de exercer uma atividade socialmente reconhecida (desportista, ator, escritor, mecânico, bancário, comerciante, etc.). Esse compromisso com a sociedade corresponde à liberdade indivi-dual, pública e privada, no âmbito do território, da totalidade de perten-cimento, que normalmente corresponde à Nação ou a uma fração. Alguns direitos universalizam-se, como acesso ao saber, à alimentação, à saúde, à moradia, à liberdade política. O cidadão moderno de direito, no território Nação, é, portanto, uma construção histórica.

A participação política é vista como uma atividade ocasional, por vezes desagradável, que é necessária para assegurar que o gover-no respeite e apoie a liberdade das pessoas para se entregarem aos seus projetos e interesses pessoais. O pressuposto de que a po-lítica é primariamente um meio para proteger e promover a vida privada está subjacente à maior parte das perspectivas modernas da cidadania. Esta atitude reflete o empobrecimento da vida pú-blica de hoje, em contraste com a cidadania ativa da antiga Grécia (KYMLICKA, 1998, p. 3).

O conceito de identidade sociocultural inclui os mesmos cidadãos acima descritos, porém diferenciados pelas formas de convívio, de segu-rança, de bem-estar. O pertencimento a esta totalidade é legitimado pelos valores de adesão que orientam as condutas das pessoas. Não há regras escritas. Todos sabem reconhecer-se e sentem-se iguais. Habitualmente, esses valores são legitimados pela tradição, pelos costumes e todos sa-bem como agir nos ambientes privados de vida com os seus, independen-temente das posições sociais que cada um ocupa na estratificação social.

A identidade sociocultural remete-nos à condição de existência privada, no sentido de referir-se à totalidade cultural à qual têm pertenci-mento. Cada um se define na relação pela semelhança, pelos gostos, pelo cheiro, pelos hábitos, validados pelo mesmo sistema de valores sociocul-

Page 19: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

17

turais. Não há normatização burocrático-legal, não há normatização escri-ta. Pertencer a uma identidade não é uma concessão, nem uma questão de direito formal, mas de vida, de opção a ser renovada ao longo da exis-tência.

Na América Latina, muitas identidades socioculturais, sobretudo as de indígenas e as de africanos escravizados, foram massacradas pela imposição, por parte dos colonizadores europeus, dos valores da ci-dadania acima descrita, em substituição aos valores identitários. Em nome dessa civilização ocidental cristã, impôs-se aquela cidadania, subjugando essas identidades como se de per si ocupassem posição inferior na estratificação social. De fato, a civilização colonizadora impôs o não-pertencimento ou a não-adesão aos valores civis ou identidades socioculturais dos colonizadores como critério de des-qualificação social, ou seja, de desigualdade social. Portanto, neste caso, adotar orientação de uma conduta privada do sistema de valo-res socioculturais não somente significa ser diferente, mas também constitui um critério de desigualdade social. Os valores de cidadania se sobrepuseram, numa tentativa autoritária, higienizadora e geno-cida de construir uma única referência identitária universal. Há gru-pos identitários específicos que não se constituem em identidade territorializada ou comunitária, mas se referenciam culturalmente, por valores comuns que orientam suas condutas, embora dispersos difusamente. Atualmente, adquirem bastante visibilidade os que se organizam e se expressam em movimentos sociais, que congregam várias identidades em relação a vivências sexuais, às opções religio-sas, à adoção de costumes coletivos, sobretudo entre jovens, a um patrimônio cultural historicamente construído, como, por exem-plo, os quilombolas. Sempre que valores políticos ou de cidadania se sobrepõem de forma absoluta e destrutiva a valores culturais ou religiosos, desrespeitando as diversidades socioculturais, geram-se regimes de governo autoritários, ditatoriais, em geral sanguinários (GEHLEN, 2011).

Em muitas situações, ocorre imposição dos valores de cidadania, civilizatórios, sobre os identitários socioculturais. Vem carregada de vio-lência, com forte carga moral, como por exemplo em relação aos indíge-nas, aos afro na colonização, aos ciganos, etc. Outro recurso utilizado para a sobreposição da cidadania à identidade, principalmente em sociedades que se consideram democráticas, é a criação e difusão de preconceitos raciais, culturais ou religiosos. Esses preconceitos aos poucos são natura-lizados e se transmutam em estigma, como mostra Gehlen (1998, p. 138):

O estigma (GOFFMAN, 1976) atribuído aos excluídos transforma as vítimas nos primeiros responsáveis pelo seu fracasso. A socieda-de culturalmente dominante estabelece os atributos (“naturais”),

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 20: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

18

que assumem normatividade de conduta, “consensuais”, estabe-lecendo categorias e hierarquias sociais. Estigmatizando algumas categorias, afirma-se a ordem social dominante. Responsabilizam-se essas categorias sociais estigmatizadas, excluídas, pela própria condição, culpabilizando-as pela incapacidade de resposta ao mo-delo, ou ao trabalho, no caso dos caboclos. Com isso, o processo social excludente apresenta as diferenças sociais como naturais, invertendo a percepção do real.

O convívio entre pessoas que se auto definem pertencentes a identidades socioculturais específicas, é sempre tenso e exige um esforço de aceitação e respeito, a começar pelo reconhecimento do outro. A cria-ção de políticas inclusivas ou compensatórias específicas para determina-dos grupos sociais faz-se necessária para a superação dessa condição. Essa estratégia vai além do respeito à dignidade humana, pois promove mobi-lidade social, diminuindo a desigualdade social. Vale a pena aguçar o olhar para perceber que vivemos numa sociedade não somente marcada pela desigualdade social, mas fundada numa complexidade de identidades, que ao expressarem suas especificidades contribuem com o desenvolvi-mento local sustentado.

O LOCUS DE AÇÃO DOS ATORES SOCIAIS: RELAÇÃO ENTRE PROJETO E REALIDADE

Quando nos referimos ao local, como locus, o identificamos tanto por suas características de cidadania quanto pela presença ou mesmo pre-dominância de identidades específicas, definidos territorialmente.

Frente à globalização do consumo de bens materiais e culturais e da cidadania, as identidades também têm algumas oportunidades de afirmar e publicizar seus conteúdos específicos, podendo constituir uma melhor referência para o sentido do cotidiano das pessoas. As conquistas tecnológicas podem propiciar oportunidades de dominação pelo contro-le ou de liberação pelas oportunidades de comunicação, de informação de chances de superar os limites do espaço-tempo. Contraditoriamente, as tecnologias possibilitam recriar condições de interação intra e interi-dentidades abrindo-se para o reconhecimento público e afirmação social.

A construção do desenvolvimento sustentável tem por base o lo-cal e o patrimônio sociocultural dos atores sociais expresso pelas identi-dades socioculturais e pelas organizações sociais da sociedade. Por isso, o local é o território onde se desenvolve uma determinada economia lo-cal, com suas relações específicas, superando determinismos, como por exemplo rural versus urbano. É o território da diversidade e da cidadania, ambiente propício para promover mudanças que apontem para um de-senvolvimento sustentável.

3.1

Page 21: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

19

DIAGNÓSTICO E PROBLEMA PARA PROJETOS2

O termo diagnóstico provém do adjetivo grego diagnostikós, que significa “capaz de distinguir”. Assim, podemos entender o diagnóstico como sendo o conhecimento necessário para discernir ou distinguir.

Um dos primeiros passos do diagnóstico consiste em compre-ender os sinais / sintomas que estão sendo manifestados pela realidade. Por exemplo, percebe-se que numa determinada localidade há evasão de jovens, principalmente do sexo feminino. Nesse caso, o diagnóstico aju-da a encontrar indicadores ou eventualmente causas da evasão. Pode ser como uma fotografia, mas, também pode ser como um filme, que detecta causas históricas e estruturais. O diagnóstico capta o conjunto de proces-sos que geraram evasão e as interações que ocorreram.

No mesmo exemplo, o diagnóstico pode identificar os diferentes grupos, por estratos de gênero, de idade ou de ocupação, entre outros, em que se verificou evasão. Pode ter ocorrido com maior ou menor intensida-de segundo estrato.

É básico no diagnóstico identificar os atores envolvidos (estado, instituições, organizações, etc.) e de seu papel em relação às ações que poderão ser preconizadas pelo projeto. Importante pensar também nos atores “novos” que desempenham papel relevante, como por exemplo, novas organizações com atuação local, redes informais de poder e de so-lidariedade, entre outros.

O tempo a ser considerado para diagnosticar, bem como o tempo para sua realização depende do que se quer com o diagnóstico e do que se quer do ponto de vista de intervenção na realidade. O importante é coletar e sistematizar as informações de que precisamos. Às vezes, apre-sentam-se dificuldades que nos desanimam. Contudo, melhor realizar um diagnóstico com alguma deficiência, como por exemplo, com dados faltantes cuja obtenção exigiria “outro diagnóstico”, do que desanimar e, assim, não ter os elementos necessários para produzir projetos. Diagnós-ticos demasiado detalhistas podem desmotivar os participantes e gerar uma infinidade de informações que torna a análise demorada e complexa.

2 O texto que segue se baseia, com modificações, em: Elaboração de Proje-to (BRACAGIOLI, 2010).

4

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

O objetivo de um diagnóstico é conhecer a realidade de um lugar ou de uma situação. Iniciar um projeto sem conhecer a realidade e a popula-ção que se quer pesquisar pode levar a graves erros. Por isso, é indispen-sável dispor de um diagnóstico adequado ao tempo e aos recursos de que se dispõe ao projeto que se quer implementar.

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 22: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

20

Outro ponto fundamental é a escolha dos métodos de trabalho a serem utilizados para desenvolver o diagnóstico. O mais adequado é uti-lizar métodos flexíveis e adaptados à realidade local e à capacidade dos executores. As metodologias participativas podem fornecer informa-ções de interesse, principalmente na percepção dos atores envolvidos no diagnóstico.

É fundamental definir e identificar claramente a população alvo a ser beneficiada com o(s) projeto(s). “Quem?” e “o quê?” dependerão do contexto e das ações com que se pretende intervir. Contudo, alguns as-pectos estão presentes em todo processo de diagnóstico, dentre os quais:

• o contexto local, nacional e internacional e suas diferentes di-mensões (social, econômica, política, cultural e comportamental);

• o problema: situação ou situações;

• a identificação de pessoas cujas atividades estão relacionadas à temática a ser abordada;

• os serviços, ações e posições de outros atores, pontos fortes e fracos e natureza dessas ações;

• os recursos disponíveis e obstáculos;

• as lições que se podem tirar de experiências semelhantes; e,

• os possíveis cenários onde se poderá atuar.

O diagnóstico realizado de maneira inadequada pode trazer ris-cos, quando privilegia situações ou dados pouco pertinentes, enfatizando excessivamente sua ocorrência ou gerando um acúmulo de informações desnecessárias e de pouca utilidade prática – ou seja, sobrevalorizando ou subdimensionando determinados aspectos e atores da realidade es-tudada.

CAMPOS, A.E. M.; ABEGÃO, L.H.; DELAMARO, M. C. O Planejamento de Projetos Sociais: dicas, técnicas e metodologias. Cadernos da Oficina Social , n. 9, Rio de Janeiro: COEPI, jan. 2002. Disponível em: <http://www.coepbrasil.org.br/portal/publico/apresentarConteudoMestre.aspx?TIPO_ID=1>. Acesso em: 16 mar. 2014.

BROSE, Markus. Metodologia Participativa: uma introdução a 29 ins-trumentos.Tomo Editorial: Porto Alegre, 2010.

TENÓRIO, F. Elaboração de projetos comunitários: abordagem prática. Edições Loyola: São Paulo, 1995.

DIAS, C. M. M. Metodologias participativas em organizações de coo-peração internacional: o caso do Banco Mundial. In: Seminário Interna-cional Empreendedorismo, Pequenas e Médias Empresas e Desenvolvi-mento Local, 2., 2004, Rio de Janeiro. Disponível em:<http://www.itoi.ufrj.br/seminario/anais/Tema%206-2-DIAS.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2008.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 23: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

21

É importante dar atenção à instituição que promove ou apoia o projeto, e, portanto, o diagnóstico. Deve-se lembrar que o diagnóstico não é neutro, mas pode reforçar ou salientar determinados aspectos conside-rados importantes pelos promotores. Os meios necessários à realização do diagnóstico também são fundamentais, pois possibilitam dimensionar os recursos humanos e orçamentários a serem utilizados. O diagnóstico não pode ser visto como um fim em si mesmo, é necessário ter em mente o processo de aprendizagem e de ação e manter permanentemente um posicionamento crítico e equidistante.

PRINCÍPIOS DO DIAGNÓSTICO

A realização de um bom diagnóstico pressupõe alguns princípios básicos. Há uma metodologia conhecida como diagnóstico participativo, que pode ser um valioso instrumento. É constituído de um conjunto de técnicas para se compreender as diferentes percepções da realidade em que se quer intervir. Para tanto, faz-se necessário levar em conta alguns princípios básicos, entre os quais pode se realçar:

• Compreensão das diferentes percepções. Como cada pessoa observa a realidade de seu ponto de vista, não devemos, nesta fase, julgar se essa percepção é correta ou não; devemos, antes, respeitá-la e compreender a razão de tal percepção. Todo ponto de vista é a vista de determinado ponto.

• Escuta da máxima diversidade possível de atores. Como nem todos pensam e percebem a realidade da mesma forma, impõe--se escutar um conjunto diversificado de atores, procurando ob-servar as divergências e possíveis convergências de opiniões.

• Visualização. O uso de recursos visuais para dar forma às ex-plicações verbais e escritas facilita a apropriação do conteúdo a ser analisado. Com essa finalidade, podem-se utilizar mapas, dia-gramas, esboços e modelos relativos aos assuntos e às discussões que estão em pauta.

• Triangulação. Trata-se, aqui, da coleta e confrontação de dife-rentes fontes de informação, tais como entrevistas, observações e diagramas. A coleta deve ser efetuada junto a diferentes mem-bros da comunidade, grupos sociais, homens e mulheres, etc.

• Ignorância ótima. Esta expressão indica que não convém cole-tar informações em excesso e que existem dados que é preferível ignorar, privilegiando as questões mais relevantes e pertinentes com relação ao assunto que se deseja abordar.

4.1

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 24: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

22

FERRAMENTAS DO DIAGNÓSTICO

Apresentaremos a seguir, sinteticamente, algumas ferramentas de diagnóstico, ressalvando, porém, que existe uma infinidade de outras que fogem ao escopo do presente trabalho.

• ENTREVISTAS SEMIESTRUTURADAS

Trata-se de entrevistas guiadas por um conjunto de perguntas previamente organizadas, que abordam a temática a ser estudada. Elas se diferenciam de um questionário, pois permitem o diálogo; por isso, a se-quência é determinada de acordo com o desenvolvimento da abordagem do entrevistado. Em vista disso, é oportuno desenvolver a arte de formular perguntas abertas, estimulantes, dignificantes e referentes a elementos--chave. Seguem alguns exemplos:

• Pergunta aberta: “Qual é sua percepção sobre a coleta e desti-nação de resíduos sólidos no município?”

• Pergunta estimulante: “Como você e seus vizinhos separam os resíduos sólidos em casa? Como acontece a coleta no seu bairro ou na sua rua?”

• Perguntas dignificantes: “A partir da experiência de coleta se-letiva no seu bairro, o que poderia ser sugerido para melhorar o serviço de coleta da prefeitura”?

• Pergunta sobre elemento-chave: “Que atividades de aprovei-tamento dos resíduos do bairro estão gerando trabalho e renda dentro da própria comunidade?”

• MAPAS

Instrumentos interessantes para se realizar uma discussão e uma análise de informações de forma visualizada, os mapas podem ser prepa-rados em papel ou até mesmo desenhados no chão. Podem ser utilizados para caracterizar, entre outros fatores, os recursos naturais, a estrutura so-cial, a comunidade, a propriedade, os fluxos econômicos, a migração e a visão do futuro. A escolha de um desses instrumentos depende dos obje-tivos e da temática do diagnóstico.

Podemos, por exemplo, optar pela construção do mapa de uma comunidade mediante a configuração proposta pelos próprios morado-res da localidade. Em tal mapa, pode ser representada a água potável, a energia elétrica, a qualidade das moradias, o número de lares, e assim por diante.

4.2

VERDEJO, Miguel Ex-pósito. Diagnóstico rural participativo. Brasília: SAF/MDA, 2006. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/cegov/files/ppa/VERDEJO_2006_DiagnosticoRural-Participativo.pdf>

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atenção

O uso das ferramen-tas de diagnóstico apresentadas a seguir pode ser feito nas instâncias formais de consulta, tais como: audiências públicas, conselhos de políticas públicas, reuniões de orça-mentos participativos e outras dinâmicas instituídas.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 25: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

23

Figura 1 - Mapa falado da localização de agricultores familiares num muni-cípio de Roraima, segundo agricultores da localidade

Fonte: MDA, 2011.

A realização dessa tarefa requer de duas a três horas; ela pode ser executada em papel, com pincel atômico, ou mesmo no chão, com pedras, paus e sementes. O essencial é que o facilitador faça perguntas-chave, para que os moradores caracterizem o conjunto de elementos socioam-bientais existentes na comunidade.

• DIAGRAMASUm diagrama valioso e eficiente para a identificação dos atores

institucionais locais e sua inter-relação é o diagrama de Venn, também co-nhecido como diagrama de tortas. Para executá-lo, escreve-se no centro de um papel o nome da comunidade ou do grupo em questão; depois, pergunta-se quais são as instituições com as quais essa comunidade ou esse grupo tem relação. A organização com a qual a comunidade ou gru-po tem maior relação inscreve-se o mais próximo do nome da comunida-de ou grupo, e as que têm menor relação com a comunidade ou grupo são inscritos proporcionalmente mais longe. Posteriormente, podem ser traçadas linhas e setas caracterizando a relação das instituições entre si; por exemplo, relação de conflito, de cooperação, de parceria, ou outra.

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 26: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

24

Figura 2 – Diagrama de Venn

Fonte: Sítio do Brasil Escola.

Outro diagrama que pode ser elaborado é a chamada árvore de problemas, que busca analisar a relação causa-efeito de determinado pro-blema. As raízes da árvore simbolizam as causas do problema; o problema figura no tronco; e os galhos representam os efeitos. O exercício é realiza-do em um tempo aproximado de duas horas, iniciando-se com o desenho da árvore e a inscrição do problema na área do tronco. Durante a discus-são, são anotadas as causas (raízes) e os efeitos (galhos) do problema men-cionado. Ao final, são discutidas as ações que possam ser desenvolvidas para eliminar ou controlar as causas dos problemas. A discussão em torno da técnica da árvore de problemas será aprofundada na unidade II.

• CALENDÁRIOSA dimensão do tempo é fundamental para a análise dos proble-

mas e, principalmente, das atividades agrícolas. Assim sendo, os calendá-rios fornecem informações básicas referentes à dinâmica de uma proprie-dade ou comunidade. A construção de um calendário de atividades de um grupo familiar, por exemplo, pode auxiliar a visualizar o conjunto de atividades que são desenvolvidas, mas que não são necessariamente re-lacionadas com a agricultura. Para sua execução, define-se inicialmente a escala de tempo (semanas, meses, estações, etc.). Em seguida, determi-nam-se as principais atividades agrícolas, sociais e culturais. A escala de tempo figura no alto, em linha horizontal, enquanto as diferentes ativida-des constam em uma coluna à esquerda. Nas células de encontro entre as atividades e o tempo, anotam-se as categorias de uso do tempo – por exemplo: pouco, regular e muito. Depois dessa categorização, analisa-se a utilização do tempo ao longo do ano e o trabalho dos diferentes membros do grupo familiar.

!O QUE É UM PROBLEMA?

PROBLEMA RELEVANTE

DIFERENTESPERCEPÇÕES(não uma só verdade)

COMPLEXIDADEDE CAUSAS

EFEITO SENTIDOPOR UMAPESSOA

TEM ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

HISTÓRIA DINÂMICA

A B

C

REDUÇÃO DO NÚMERO DE PASSAGEIROS

PERDA DE CONFIANÇA NA EMPRESA

PASSAGEIROS CHEGAM ATRASADOS

PASSAGEIROS SÃO FERIDOS/MORTOS

MAU ESTADO DOS VEÍCULOS

ALTA FREQUÊNCIA DE ACIDENTES

ÔNIBUS TRAFEGAM EM ALTA VELOCIDADE MAU ESTADO DAS RUAS

MOTORISTAS DESPREPARADOS

VEÍCULOS MUITO VELHOS

INSUFICIENTE MANUTENÇÃO DOS VEÍCULOS

DIFICULDADE NA OBTENÇÃO DE PEÇAS DE REPOSIÇÃO

EFEITOS

CAUSAS

NÚMERO DE PASSAGEIROS AUMENTANDO

CONFIANÇA NA EMPRESA RECUPERADA

PASSAGEIROS CHEGAM NO HORÁRIO

NÚMERO DE PASSAGEIROS FERIDOS/MORTOS REDUZIDO

VEÍCULOS EM BOM ESTADO

ÍNDICE DE ACIDENTES REDUZIDO

ÔNIBUS TRAFEGAM NA VELOCIDADE PERMITIDA

RUAS EM BOAS CONDIÇÕES DE USO

MOTORISTAS CAPACITADOS FROTA RENOVADA MANUTENÇÃO

ADEQUADA DOS VEÍCULOS

PEÇAS DE REPOSIÇÃO ACESSÍVEIS

ÁRVORE DE PROBLEMAS

ÁRVORE DE OBJETIVOS

CAU

SAS

EFEI

TOS

PRO

BLEM

A

CEN

TRA

L

FINS

MEIOS

MEI

OS

FIN

SO

BJET

IVO

CEN

TRA

L

Page 27: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

25

• MATRIZESDe maneira geral, as matrizes buscam comparar diferentes aspec-

tos, objetivando classificá-los, analisá-los ou avaliá-los. Uma matriz de uso corrente é a denominada FOFA (fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças). As fortalezas indicam aspectos de bom desempenho no inte-rior de um grupo/comunidade. As oportunidades correspondem a fato-res externos que influem positivamente no aspecto analisado. As fraque-zas designam fatores do interior do grupo que influem negativamente sobre o desempenho. Por fim, as ameaças representam fatores externos que podem influenciar negativamente no desenvolvimento do aspecto analisado. Para realizar o exercício, inscrevem-se essas dimensões em qua-tro quadrantes em um papel e formulam-se as perguntas relacionadas a cada dimensão. Ao final da tarefa, procura-se analisar as respostas, pen-sando que das fortalezas devem ser tiradas vantagens, as oportunidades devem ser aproveitadas, as fraquezas, eliminadas e as ameaças, evitadas. Esta outra técnica também terá mais espaço para discussão na unidade seguinte.

Existe uma série de outras matrizes que podem ser desenvolvidas com relação a temáticas variadas, tais como o processo de comercializa-ção, camadas sociais, a priorização de problemas, o cenário de alternati-vas, etc.

Da mesma forma, estão disponíveis uma série de ferramentas e técnicas de diagnósticos. A seleção de uma dessas ferramentas ou técni-cas pode ser orientada pelo bom senso e pelo diálogo compreensivo, no intuito de desvendar gradativamente novos aspectos e percepções sobre o tema a ser analisado. Esse processo não deve constituir apenas uma nova retórica ou modismo, que impeça a criatividade e leve a aplicar téc-nicas com rigidez e formalismo. O essencial é, por um lado, prever e saber trabalhar resolutamente com conflitos e diferentes perspectivas em con-fronto e, por outro, observar a equidade e o empoderamento do processo, sem reforçar as relações de poder já constituídas.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

Geralmente, existe mais de uma maneira para se obter determinada in-formação. A questão fundamental é: “Qual é o método mais adequado, dentro das circunstâncias, para se coletar este dado?”. Para encontrar a resposta, deve-se levar em conta os recursos disponíveis, o tempo dis-ponível e a natureza da informação (qualitativa ou quantitativa).

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

O guia de estudos do módulo I também fornece materiais para a leitura e realização de diagnósticos. Não hesite em consultá-lo!

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 28: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

26

O PROBLEMA

Inicialmente, é importante entendermos que o problema tem uma história dinâmica e que é necessário conhecê-la para compreender-mos como ele tornou-se relevante ao longo do tempo para os atores em questão. Além disso, é necessário buscar entender as iniciativas anteriores que foram utilizadas para solucioná-lo e que, por vezes, agravaram em vez de solucionar a situação. O problema relevante tem normalmente uma complexidade de causas, sendo que as variáveis que o afetam nem sem-pre são controláveis e/ou perceptíveis.

O problema considerado relevante também pode ter diferentes percepções, oriundas de juízos de valores, suposições e interesses pesso-ais, os quais podem levar a culpabilizações. Isto pode levar a um processo conflitivo na construção com os atores, necessitando que sejam estabe-lecidas regras para ser considerado um problema. Por fim, o problema é sentido por uma pessoa ou um conjunto de pessoas e normalmente tem alternativas de solução, não apenas solução única.

5

Sendo assim, os problemas formulados devem se enquadrar em alguns critérios:

• O problema deve ser concreto.

É importante que o problema não seja personalizado, levantan-do suspeitas sobre pessoas ou busca de culpados. Por exemplo, “falta de responsabilidade do Prefeito” é uma formulação que coloca a situação de forma personalizada, sendo difícil de encontrar formas de encaminhar a intervenção planejada. A situação pode ser formulada como “morosidade na obra de saneamento do Bairro S. João”, desta forma é mais fácil envol-ver os diversos atores na procura de soluções para o problema.

Fonte: elaboração própria.

!O QUE É UM PROBLEMA?

PROBLEMA RELEVANTE

DIFERENTESPERCEPÇÕES(não uma só verdade)

COMPLEXIDADEDE CAUSAS

EFEITO SENTIDOPOR UMAPESSOA

TEM ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

HISTÓRIA DINÂMICA

A B

C

REDUÇÃO DO NÚMERO DE PASSAGEIROS

PERDA DE CONFIANÇA NA EMPRESA

PASSAGEIROS CHEGAM ATRASADOS

PASSAGEIROS SÃO FERIDOS/MORTOS

MAU ESTADO DOS VEÍCULOS

ALTA FREQUÊNCIA DE ACIDENTES

ÔNIBUS TRAFEGAM EM ALTA VELOCIDADE MAU ESTADO DAS RUAS

MOTORISTAS DESPREPARADOS

VEÍCULOS MUITO VELHOS

INSUFICIENTE MANUTENÇÃO DOS VEÍCULOS

DIFICULDADE NA OBTENÇÃO DE PEÇAS DE REPOSIÇÃO

EFEITOS

CAUSAS

NÚMERO DE PASSAGEIROS AUMENTANDO

CONFIANÇA NA EMPRESA RECUPERADA

PASSAGEIROS CHEGAM NO HORÁRIO

NÚMERO DE PASSAGEIROS FERIDOS/MORTOS REDUZIDO

VEÍCULOS EM BOM ESTADO

ÍNDICE DE ACIDENTES REDUZIDO

ÔNIBUS TRAFEGAM NA VELOCIDADE PERMITIDA

RUAS EM BOAS CONDIÇÕES DE USO

MOTORISTAS CAPACITADOS FROTA RENOVADA MANUTENÇÃO

ADEQUADA DOS VEÍCULOS

PEÇAS DE REPOSIÇÃO ACESSÍVEIS

ÁRVORE DE PROBLEMAS

ÁRVORE DE OBJETIVOS

CAU

SAS

EFEI

TOS

PRO

BLEM

A

CEN

TRA

L

FINS

MEIOS

MEI

OS

FIN

SO

BJET

IVO

CEN

TRA

L

Figura 3 - Identificação e definição de um problema

Page 29: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

27

ATIVIDADE 1

Escolha uma das situações problema a seguir e identifique os ele-mentos solicitados posteriormente.

Situação problema 1 (fictícia):

Problemas constantes de congestionamento nas 5 principais vias da cidade de Belo Verde alertaram a prefeitura para a necessida-de de apresentar soluções. Um estudo encomendado à universida-de local verificou que, entre 2003 e 2013, o número de automóveis e motocicletas no município cresceu 4 vezes. As últimas grandes obras naquelas vias que recebem os maiores fluxos diários de trânsito, no entanto, foram realizadas há mais de 16 anos – quando a população do município e a frota de veículos eram consideravelmente menores.

Em sondagens iniciais com a população, verificou-se ainda

• O problema deve ser sustentado.

O problema deve ser real e significativo para o tema em ques-tão. Quando o problema não tem impacto significativo no horizonte da intervenção não devem ser considerado. Por exemplo, se um problema é formulado como “falta de encaminhamento da estrada pela Secretaria de Obras” e é um fato que ocorreu apenas uma vez há muito tempo, isso não deve ser considerado.

Além dos critérios listados anteriormente, o problema deve ter al-gumas regras de formulação:

• O problema não deve estar formulado na negativa.

É preciso ter presente que a situação objetivo deverá ser o oposto do problema formulado. Quando formulamos um problema como “ele-vado número de acidentes nas linhas de transporte público municipal”, com base nesta formulação poderemos estabelecer o objetivo como “di-minuição ou eliminação do número de acidentes nas linhas de transporte público municipal”.

• O problema deve estar formulado de forma sintética.

A forma sintética permite que ele seja facilmente visualizado, mesmo que sejam necessárias explicações e correções na formulação. Também evitará que sejam colocados dois problemas no lugar de apenas um. Por exemplo, o problema “descumprimento dos prazos de entrega de-vido a falhas na emissão das ordens de expedição” na realidade são dois problemas um “descumprimento dos prazos de entrega” e outro “falhas na emissão das ordens de expedição”.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atenção

É a partir da situação--problema escolhida neste momento que você realizará as tarefas das próximas unidades e redigirá o seu projeto, tarefa final do curso.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 30: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

28

que a má qualidade do transporte público e o incentivo ao consumo a faz optar pelo transporte individual, agravando o problema. Projetos que visem implantar soluções para a melhoria do fluxo de trânsito nas regiões e que proponham alternativas de transporte no município são urgentes.

O mesmo estudo apontou que as vias que são objetos de aten-ção da prefeitura encontram-se em dois grupos: (a) aquelas que podem ser ampliadas e (b) aquelas que se encontram no limite de sua expan-são, pois são rodeadas por prédios tombados pelo patrimônio histórico.

(a) As vias que podem ser ampliadas são 3, podendo passar: de 2 para 4 faixas. Pode-se decidir se as 4 faixas serão para o tráfego de todos os veículos (veículos particulares, ônibus, motocicletas, etc.) ou se serão destinadas 2 faixas para o tráfego de todos os veículos e destinadas 2 faixas para o tráfego exclusivo de ônibus municipal e intermunicipal, por exemplo;

(b) As vias que não podem ser ampliadas são 2: ambas localizadas no centro histórico da cidade, onde se nota a preponderância do uso de carros particulares para a locomoção apesar da existência de linhas regulares de ônibus para todos os pontos da cidade e da existência de ciclovias. Ciclovias estas que, segundo a população jovem e adul-ta, são pouco aproveitadas devido ao sentimento de desrespeito dos motoristas em relação aos ciclistas e ao alto índice de sedentarismo da população local.

O valor destinado pela prefeitura para as obras nas vias e ar-redores é de R$ 1,5 milhão. Este recurso financeiro pode ser utilizado integralmente na realização das obras ou ser utilizado como contra-partida na busca por mais recursos.

* Informações que podem interessar a você:

Algumas estimativas:

-- Estima-se que as obras de ampliação de cada uma das vias terá o custo de: R$ 245 mil

-- O valor estimado para a construção de novos corredores de ônibus em cada via ampliada é de: R$ 60 mil

-- O investimento estimado para a criação de cada nova ciclovia fora do centro histórico é de R$ 38 mil

Perfil populacional do município:

-- 15% de crianças de 0 a 9 anos; 6% de crianças e jovens de 10 a 14 anos; 59% de jovens e adultos entre 15 a 49 anos; 13% de idosos de 60 a 79 anos; e, 7% com mais de 80 anos.

Page 31: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

29

Situação problema 2 (fictícia):

A alta taxa de mortalidade infantil no município de Belo Ver-de é um grande problema social: atualmente, a cada mil crianças nas-cidas vivas, 31,2 morrem antes de completar 1 ano de idade – uma das maiores taxas de mortalidade no país. A Secretaria de Saúde do município estuda alternativas para a redução deste índice pela meta-de até o ano de 2030.

Informações fornecidas pelos hospitais e postos de saúde da região apontam que medidas preventivas poderiam amenizar o problema, tais como: a ampliação da oferta de saneamento básico na localidade e o acompanhamento médico destas crianças. Já a amplia-ção de recursos destinados à compra de remédios e vacinas para o seu tratamento também vem sendo demandado por profissionais da saúde da localidade. A mesma fonte de dados aponta ser necessária a priorização de ações em 3 bairros do município: 2 deles situam-se em situação emergencial devido ao alto índice de mortalidade infantil e 1 em vias de atingir a mesma condição.

Na busca por soluções, a equipe técnica da Secretaria de Saú-de do município deparou-se com a experiência de outra cidade da região: através da parceria com uma universidade local, criou-se um programa de acompanhamento das crianças de até 1 ano de idade e suas mães e/ou pais, a fim de apresentar cuidados essenciais de higiene no manuseio de alimentos, tecnologias sociais como o soro caseiro, etc. e, sobretudo, a inserção na dieta diária de um composto alimentar desenvolvido pelos pesquisadores da instituição para com-bater a desnutrição das crianças que se encontram nesta situação.

Numa primeira aproximação com esta instituição, o municí-pio de Belo Verde recebeu resposta positiva para replicar a experiên-cia do programa em sua localidade, contando com o suporte técnico de pesquisadores e alunos. Porém, com a condição de ofertar condi-ções de sua permanência e atuação na região (moradia temporária, alimentação, transporte, etc.).

A Secretaria tem disponível R$ 1,2 milhão para o emprego em um projeto voltada à mitigação do problema.

* Informações que podem interessar a você:

Algumas estimativas:

-- Estima-se que as obras de ampliação da rede de esgoto, de 47% para 82% de cobertura em dois bairros, terão o custo de: R$ 750 mil;

-- O valor estimado para a aquisição de remédios e vacinas é de: R$ 63 mil (quantidade suficiente para suprir a demanda dos três bairros indicados);

-- Estima-se que a construção de 1 poço artesiano tenha o custo de: R$ 13,5 mil (quantidade demandada: 20, sendo 13 nos bairros com os

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 32: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

30

mais altos índices de mortalidade infantil);

-- O investimento estimado para a permanência e atuação de 2 profes-sores pesquisadores e 5 alunos estagiários na localidade é de R$ 12 mil mensais (duração mínima recomendada do programa: 1 ano).

Agora que você escolheu uma das situações-problema apre-sentadas, faça as tarefas a seguir:

(1) Identifique qual o problema a ser enfrentado;

(2) Identifique os trechos do texto que apresentam elementos de diagnóstico e identifique qual método ou técnica foi em-pregado para realizá-lo;

(3) Responda: quais técnicas ou métodos você proporia para aprimorar o diagnóstico (consulta plataformas de dados, reali-zação de entrevistas, etc.)?

(4) Aponte claramente como a definição do problema e o diag-nóstico podem ter caráter participativo: como a população/co-munidade pode contribuir nesse processo? Que atores devem ser escutados? Como deve se dar a dinâmica participativa?

NESTA UNIDADE VOCÊ APRENDEU QUEü Há uma “hierarquia” no que se refere à amplitude das partes que compõem um processo de planejamento (conteúdo, abran-gência e prazo): do mais amplo para o mais restrito, temos o plano, programa e projeto;

ü Há perguntas-chave que podem auxiliar você a estruturar um projeto;

ü Ao criarmos projetos de mudanças da realidade, nosso olhar precisa estar atento à diversidade de grupos e atores sociais e de-ve-se levá-la em consideração ao construir um projeto ou executar ações que visem o desenvolvimento local;

ü Há princípios básicos que devem ser considerados ao realizar um diagnóstico;

ü Diferentes ferramentas de diagnóstico podem auxiliar você a conhecer a realidade na qual se quer intervir;

ü O problema relevante tem normalmente uma complexidade de causas e não apenas uma solução. Ele também pode ter dife-rentes percepções, oriundas de juízos de valores, suposições e in-teresses pessoais.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 33: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

31

REFERÊNCIAS

BRACAGIOLI, A. Elaboração de Projeto. IN: BRACAGIOLI, A.; GEHLEN, I.; OLIVEI-RA, V. L. de. Planejamento e Gestão de Projetos para o Desenvolvimento Rural. Porto Alegre: UFRGS / PLAGEDER, 2010. p. 20 a 25.

CURY, Maria Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M. de (Coord.). Gestão de projetos sociais. São Paulo: AAPCS, 2001. p. 37-58.

GANDIN, Danilo. A prática do planejamento participativo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

GEHLEN, I. Identidade estigmatizada e cidadania excluída: a trajetória cabo-cla. In: ZARTH, P. A. et. al. (Orgs.) Os caminhos da exclusão social. Ijuí: Ed. da UNIJUÍ,1998. p. 121-141.

____. Atores Sociais. In.: GEHLEN, I.; MOCELIN, Daniel Gustavo (Orgs.). Orga-nização Social e Movimentos Sociais Rurais. 1ª. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009, p. 29 a 34.

GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteri-orada. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

KYMLICKA, W. Cidadania, identidade e diferença. A Tempo/Sem tempo, nov. 2007. Disponível em: <http://worldroom.wordpress.com/2008/10/10/a-tem-posemtempo>. Acesso em: fev. 2014. Trad. de Citizenship. In: CRAIG, E. (Org.). Routledge Encyclopedia of Philosophy. London: Routledge, 1998.

MDA. Anexo I – Metodologia de diagnóstico rápido participativo (DRP) e mapeamento de comunidades e estabelecimentos da agricultura famil-iar – CGBIO/DGRAV/SAF/MAD. Disponível em: <portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/file?file_id=7902980>.

UNIDADE 1: FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DE PROJETOS

Page 34: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

32

UNIDADE 2: OBJETIVOS EMETODOLOGIA

1

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMNesta unidade você irá aprender:

• O que é e como formular objetivos, justificativas, ações, metas e indicadores para um projeto;• Princípios e ferramentas metodológicas para a elaboração e exe-cução de projetos.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

FORMULAR OBJETIVOS, JUSTIFICATIVAS, AÇÕES, METAS E INDICADORES

OBJETIVOS

Os objetivos são o coração de um projeto. Influenciam no antes, ou seja, a seleção de informações de diagnóstico e o problema e determi-nam o depois, ou seja, as ações ou atividades, os procedimentos metodo-lógicos, os indicadores, o cronograma e o orçamento ou os recursos.

Um Objetivo Geral remete a conceitos, estratégia, resultados es-perados, mesmo que latentes. Sua redação deve ser objetiva, impessoal e sintética, que facilite a leitura.

1.1

EXEMPLO: Elaborar uma política de mobilidade na cidade priori-zando a diversificação, a qualificação e a prioridade, dos meios de locomoção, segundo as condições geofísicas, as tradições culturais e a prioridade às populações que mais utilizam ou necessitam de cada meio.

Page 35: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

33

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

Os objetivos específicos expressam as ações ou atividades previs-tas no Projeto. Devem ser formulados de forma objetiva e bem focados. A quantidade de objetivos específicos depende de cada projeto e deve ser coerente com a quantidade de ações / atividades, os recursos, o crono-grama e a metodologia. Em geral, cada objetivo específico corresponde a pelo menos uma ação ou atividade.

A redação dos objetivos específicos segue os mesmos parâmetros do objetivo geral, ou seja, precisam ser concisos, claros e compreensíveis em si mesmos. O objetivo geral e os objetivos específicos constituem o principal parâmetro para avaliação do projeto, na sua execução. Eles ga-rantem a coerência “interna” do projeto, ou seja, qualquer item do projeto pode ser lido e compreendido em confronto com objetivos

JUSTIFICATIVAS

A justificativa tem a finalidade de explicitar de forma sintética e clara as razões pelas quais o projeto merece ser realizado, e, no caso de solicitação de apoio, convencer o(s) parceiro(s) do seu mérito, necessidade e/ou importância para o desenvolvimento local / regional.

A importância do projeto será justificada pela sua vinculação, mostrada no diagnóstico, com problemas ou demandas relevantes. Ou seja, o diagnóstico e o problema definido como foco do projeto dão con-sistência à(s) justificativa(s). Importante destacar os BENEFÍCIOS que trará para a população beneficiária e eventualmente benefícios indiretos para outras populações.

Ressaltar a qualificação e, se for o caso, experiência ou expertise de quem promove e/ou vai executar o projeto ajuda muito a angariar sim-patia e apoio.

Destacar o papel estratégico do projeto para o desenvolvimento local (territorial) e como desencadeador de outros processos ou inovações.

AÇÕES /ATIVIDADES

Prever as ações e/ou atividades que farão parte da execução do Projeto é essencial para definir os indicadores, a metodologia e o crono-grama. Cada ação ou atividade precisa estar bem dimensionada em rela-ção ao cronograma, aos recursos e também ao público.

1.2

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atençãoObjetivos e metas são diferentes entre si, não confunda!

Um objetivo é a descri-ção mais abrangente daquilo que se pre-tende alcançar.

Uma meta é a definição em termos quantita-tivos e com um prazo determinado para o alcance dos objeti-vos.

1.3

Page 36: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

34

METAS E INDICADORES

Para que se possa fazer a adequada e tempestiva gestão de qual-quer projeto, é preciso que, como desdobramento dos objetivos e das atividades ou ações propostas, existam mecanismos de monitoramento e avaliação. No próximo módulo desta capacitação, os mecanismos de mo-nitoramento e avaliação dos projetos serão detalhados e explorados de modo mais pormenorizado. Por ora é necessário que a você se familiarize com duas ferramentas de gestão: as metas e os indicadores do projeto.

As metas são quantificações dos objetivos, fundamentais para o acompanhamento e avaliação do projeto. Devem ser explícitas e mensu-ráveis. Normalmente são escritas com um nome e/ou um número.

Por exemplo: para uma atividade como “realizar visitas domicilia-res para levantamento dos hábitos alimentares das famílias”, a meta deve ser algo como “20 visitas semanais”. Note-se que a meta do exemplo tem um número de visitas, mas a meta também pode ser um prazo (“Visitar todas as famílias da comunidade nos primeiros 90 dias de execução do projeto”). Para uma atividade “Realizar curso de informática básica com pessoas da terceira idade”, a meta pode ser uma quantidade de pessoas (“formar 120 pessoas” ou “formar pelo menos 80% das pessoas que inicia-ram o curso) ou um grau de domínio (“alunos com média superior a 7,0 na avaliação final”).

Uma meta bem estipulada só tem duas respostas possíveis: sim ou não (atingida ou não atingida). Se for preciso escrever uma explicação para o resultado da meta, possivelmente ela não está bem formulada.

Os indicadores são dados concretos que permitem facilmente ao gestor acompanhar as atividades previstas no projeto e avaliar o alcance dos objetivos. Há indicadores de processo que apontam se as atividades propostas estão sendo executadas dentro do prazo e cumprindo as suas metas. Já os indicadores de resultado mostram se os objetivos foram al-cançados. Em alguns casos, o projeto pode trabalhar ainda com indicado-res de impacto, que são aqueles que medem eventuais consequências do projeto para além do seu objetivo geral.

Por exemplo, um projeto pode ter o objetivo geral de “Fomentar iniciativas de geração de trabalho e renda”, mas ter como impactos indire-tos questões como elevação da auto-estima ou desenvolvimento da cida-dania. Note-se que esses não são objetivos diretos do projeto, mas podem ser uma decorrência dele por causa da maneira como ele foi desenvolvido, da sua metodologia, etc. Portanto, este seria um possível indicador de im-pacto.

1.4

Page 37: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

35

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

Em um projeto bem elaborado, é preciso também deixar claro como esses indicadores serão coletados, com que periodicidade e por quem. Observe o exemplo abaixo para identificar a relação direta que deve existir entre objetivos, metas e indicadores (no caso, estamos falando de indicadores de resultado):

EXEMPLOS

Objetivo geral: Ampliar o aproveitamento de resíduos sólidos reci-cláveis descartados na cidade de Belo Verde.

Meta: Ampliar para 80% o índice de aproveitamento de resíduos só-lidos em 4 anos.

Indicador (de resultado): índice de aproveitamento dos resíduos na cidade

Instrumento de verificação: planilha de controle da quantidade produzida x quantidade reaproveitada e vendida pelos galpões de reciclagem da cidade

Periodicidade de verificação: mensal

Responsável pela verificação: Secretaria de Meio Ambiente – De-partamento de Controle de Resíduos Sólidos.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atenção

A definição clara de metas e indicadores faz do projeto uma poderosa ferra-menta de gestão que permite ao administrador público monitorar e avaliar o al-cance dos objetivos. Neste sentido, é importante que para todos os objetivos e atividades previstos no projeto existe a definição de metas e indicadores próprios.

Como já foi ressaltado, nos módulos seguintes dessa capacitação (Monitora-mento e Avaliação de projetos), esse tema será aprofundado e detalhado. No entanto, no presente módulo de Elaboração de Projetos é necessário que se construam esses pontos para que o mesmo tenha coerência e consistência.

Page 38: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

36

Objetivos

específicos Metas Indicadores de resultado

Instrumento de verificação

Periodicidade de verificação

Responsável pela verificação

(a) aumentar a capacidade de coleta seletiva de re-síduos sólidos recicláveis;

(a) aumentar a frota de caminhões de coleta, em 1 caminhão por ano, durante 4 anos;

(a) número de caminhões na frota do município em condições plenas de fun-cionamento;

(a) inventário de patrimô-nio da prefeitura; (a) anual;

(a) Secretaria de Meio Ambiente – Departamen-to de Controle de Resíduos Sólidos;

(b) ampliar a rede de galpões de reciclagem;

(b) aumentar o número de galpões de re-ciclagem, em 2 galpões por ano, durante 4 anos;

(b) número de galpões do município;

(b) inventário de patrimô-nio da prefeitura; (b) anual;

(b) Secretaria de Meio Ambiente – Departamen-to de Controle de Resíduos Sólidos;

(c) de-senvolver campanhas educativas ambientais;

(c) Sensibilizar 2 mil pessoas por ano em diferentes cam-panhas durante o período de execução do PPA;

(c) número de campanhas feitas;

(c) número de comunida-des, famílias ou pessoas alcançadas pelas ações de conscientização (confor-me listas de controle de presença nas reuniões e outras ações de divuga-ção); (c) número de ma-teriais, vídeos e cartilhas produzidos para as ações de conscientização;

(c) materiais produzidos, listas de controle de presença nas reuniões e ou-tras ações de divulgação;

(c) órgão proponente da ação (escolas, secretarias, autarquias, administração direta, etc.);

(d) desen-volver ações articuladas com outros municípios da região para a criação ou ampliação de aterros sanitários co-muns, visando a destinação de resíduos orgânicos;

(d) apresentar ao menos 1 projeto con-junto com os municípios para aumentar a capacidade de aproveitamento de resíduos só-lidos recicláveis no município durante o perío-do de execução do PPA;

(d) número de projetos apresenta-dos;

(d) documento físico e/ou eletrônico do projeto, construído em parceria com outros municípios;

(d) a cada evento;

(d) Gabinete da Prefeitura.

Repare que, dependendo da redação da Meta, pode haver mais de um indicador para avaliar objetivamente seu alcance!

Uma vez detalhados objetivos, metas e indicadores, é preciso então des-dobrar os objetivos em ações e atividades concretas. Repare que o enunciado dos objetivos ainda carrega certa carga de abstração e necessita de um detalhamento operacional, em ações e atividades que levem ao seu alcance.

Por exemplo, em relação ao objetivo específico c (“Desenvolver campanhas educativas ambientais”), podemos sugerir ações ou atividades, que também terão as suas metas e indicadores próprios, no caso, indicadores de processo.

Page 39: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

37

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

EXEMPLO

Objetivo específico: (c) Desenvolver campanhas educativas ambientais

Metas Atividades Indicadores de processo

Periodicidade de verificação

Instrumento de verificação

Responsável pela verificação

(1) capacitar 100 gestores e professores por ano, de dez escolas diferentes, du-rante quatro anos;

(1) promover a capacitação de gestores e pro-fessores da rede pública municipal de ensino para inserirem o tema da reciclagem e separação de resíduos nas ativi-dades escolares.

(1) número de escolas cujos gestores e/ou professores foram capaci-tados;(1) número de professores e gestores capacitados;

(1) anual (1) certificados emitidos

(1) Secretaria Municipal de Educação – De-partamento de Treinamento

(2) realizar oito reuniões comunitárias por ano;(2) alcançar um público de 2.500 pessoas por ano, durante quatro anos;

(2) Realizar reu-niões nos bairros em parceria com associações de moradores para fazer palestras e apresentar víde-os de conscienti-zação;

(2) número de reuniões comunitárias executadas;(2) número de pessoas presentes às reuniões;

(2) a cada evento;

(2) atas e listas de presença nas reuniões;

(2) Secretaria de Meio Ambiente – Departam. de Controle de Resí-duos Sólidos;

(3) produzir um vídeo e uma cartilha no primeiro semestre do projeto;

(3) produzir vídeos e cartilhas para divulgação e conscientiza-ção a respeito da coleta seletiva;

(3) número de vídeos e de cartilhas produzidas;

(3) seis meses a partir do iní-cio do projeto;

(3) materiais físicos prontos e disponíveis para utilização nas atividades de sensibiliza-ção;

(3) Grupo de tra-balho formado pela Secretaria de Meio Am-biente e Secreta-ria de Educação do Município.

É importante perceber que as atividades têm caráter objetivo e cor-respondem a “passos” que se precisa dar para alcançar cada um dos objeti-vos. Assim, no seu projeto, todo objetivo precisa ser desdobrado em ativi-dades que, uma vez concluídas com êxito, permitem o alcance do objetivo.

METODOLOGIA

O que é metodologia? O Dicionário Aurélio define metodologia como a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade.

De maneira genérica também podemos dizer que metodologia é como será feita determinada atividade. Existem diversos métodos e cor-rentes metodológicas baseadas em diferentes princípios e compreensões

2

Page 40: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

38

de como este processo deve ser conduzido, porém neste ponto iremos apenas apresentar alguns princípios e os métodos mais úteis para elabora-ção de projetos. O desenvolvimento de ações e atividades propostas antes, como desdobramento dos objetivos, ilustram como o projeto “vai sair do papel”, ou seja, como o mesmo será desenvolvido. A seguir, discutimos al-gumas questões importantes a respeito de como isso acontecerá.

PRINCÍPIOS

A elaboração de um projeto inicia com os seus objetivos, os quais são decorrentes de um problema a ser resolvido. É importante apontar que os problemas que consideramos prioritários podem não ser vistos da mesma forma para partes específicas da população, por exemplo, por cidadãos que vivem na periferia de um município. Da mesma forma os efeitos de determinado problema podem gerar impactos diferentes nas populações afetadas.

Nesta perspectiva, o planejamento e a elaboração de um proje-to têm simultaneamente um aspecto técnico e um político. Quanto ao aspecto técnico, devemos levar em conta os dados sistematizados que elaboramos no diagnóstico, bem como, as técnicas de organização e hie-rarquização das variáveis relevantes da realidade planejada. Quanto ao aspecto político, devemos considerar as decisões e eleições tomadas pe-los atores que planejam e elaboram o projeto. Sendo assim, quanto maior o envolvimento e interação com a população envolvida na situação-pro-blema, maior serão as oportunidades de êxito.

A interação da dimensão técnica e política leva a concebermos o desenvolvimento de um processo participativo, o qual visa não apenas a adequação das propostas à realidade, mas também a alteração de com-portamentos e atitudes. Dessa forma, a população passa a ser protagonis-ta das ações preconizadas e não apenas objetos da ação.

Os procedimentos metodológicos devem contribuir para incorpo-rar a visão da população no contexto do projeto, estabelecer uma forma democrática de tomada de decisões e criar condições para que os técnicos colaborem com os participantes para determinação das necessidades pre-mentes. Os métodos que apresentaremos permitem que os princípios de diálogo e participação possam ser incorporados ao projeto.

Para efetivação de um processo participativo, algumas perguntas devem guiar a construção desta perspectiva.

• POR QUÊ?Esta pode ser uma pergunta óbvia, porém nem sempre sua res-

posta é evidente. Quando elaboramos um projeto com o uso de metodo-logias participativas, devemos saber qual o propósito, quem determina, qual experiência será compartilhada, analisada, aprendida. A atividade

2.1

Page 41: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

39

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

pode ser o início de um processo pedagógico, pode ser o monitoramento de uma ação desenvolvida ou avaliação de uma experiência. Seja como for, o “por quê” levará a pensar e ter claro quais os objetivos e resultados que se espera alcançar.

• QUEM?Este é um elemento de suma importância, principalmente quanto

à faixa etária predominante das pessoas. Segundo a perspectiva da andra-gogia, são cometidos equívocos quando se equiparam as crianças e ado-lescentes com os adultos, já que se diferenciam basicamente na questão do autoconceito, experiência, prontidão, perspectiva temporal e orienta-ção da aprendizagem.

O autoconceito envolve a questão de dependência e relaciona-mento com a aprendizagem, onde os adultos são aprendizes voluntários e consideram-se mais independentes e responsáveis pelo processo de aprendizagem. A questão da experiência é importante de ser valorizada no trabalho com os adultos, tendo em vista que possuem suas próprias percepções e um repertório variado de conhecimentos, técnicas, senti-mentos e habilidades. Devem-se valorizar as experiências e permitir espa-ços para que sejam compartilhadas entre os participantes de determina-do processo de aprendizagem.

A perspectiva temporal considera que as crianças e jovens apren-dem voltados mais para o futuro, enquanto os adultos tendem a pensar na aplicação imediata do conhecimento. Por último, a orientação da apren-dizagem indica o fato de que adultos buscam aprender aquilo que con-tribua com suas necessidades e desafios atuais, enquanto que jovens e crianças buscam conteúdos normalmente estruturados na forma de um currículo. Essas diferenças apontadas indicam a necessidade de criarmos ambientes de aprendizagem para adultos que valorizem as suas experiên-cias e habilidades, gerando uma atmosfera ativa e envolvente de partici-pação e compartilhamento de experiências.

Além disso, é importante ter em mente os objetivos que temos e qual a contribuição que esperamos do grupo, seja este um diagnóstico, processo de aprendizagem ou planejamento de atividades com envolvi-mento comunitário. Para cada caso, é importante pensarmos qual é o cri-tério e composição mais adequada do público que irá participar. Quando queremos trabalhar uma temática em nível comunitário ou de um bairro é importante pensarmos na questão de renda, gênero, geração e etnia, procurando contemplar uma ampla diversificação social. Porém, quando existem processos conflitivos, é melhor ter um mapeamento prévio destas questões, para posteriormente planejar as ações que serão desenvolvidas.

• QUAL TIPO DE PARTICIPAÇÃO?Existem diversos níveis de participação, seja de consulta, informa-

ções ou mobilizadora, visando o empoderamento de um grupo ou comu-nidade. Porém estas etapas não são excludentes, podendo ser utilizadas em momentos diferentes do mesmo processo. Seja como for, a transpa-

PRETTY, Jules N. et alli. A Trainer’s Guide for Participa-tory Learning and Action. Sustainable Agriculture Program-me, London, 1995.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 42: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

40

rência é um requisito fundamental, havendo necessidade de esclarecer se a atividade a ser desenvolvida produzirá algum tipo de benefício em nível pessoal, social, ambiental ou material.

Além disso, é importante estabelecer se a participação será vo-luntária ou incentivada. Caso seja desenvolvida alguma ação de estímulo, esta tem que ser bem estruturada, visando atingir os objetivos de público e os resultados esperados. A participação pode ser direta (participação ci-dadã) ou de organizações, sendo necessário estipular os critérios de repre-sentação que serão utilizados ao longo do processo.

Quando é desenvolvida uma ação de educação ambiental, torna--se também necessário ter um horizonte de tempo e espaço, demarcando o tempo de duração das atividades e a abrangência geográfica, bem como o critério adotado para esta seleção.

Outro fator que deve ser esclarecido dentro deste processo é a tomada de decisão, seja esta inicial, operacional, financeira ou de encami-nhamentos. O esclarecimento prévio ou a construção conjunta da tomada de decisão é fundamental para permitir a transparência e a adequada cor-relação de forças entre os atores, criando assim um ambiente de empode-ramento.

• QUAL O PAPEL DO FACILITADOR?De maneira sintética o papel central do facilitador é de:

• Desenhar e estruturar processos de discussão sobre o tema central;

• Estimular o grupo a debater e concretizar objetivos, a levantar opiniões, a expor necessidades, a fazer acordos;

• Evidenciar as diferenças de idéias, buscando desenvolver no gru-po a constituição das principais divergências e consensos possíveis;

• Fomentar a iniciativa dos participantes;

• Ajudar o grupo a aprofundar o conhecimento de uma situação;

• Encaminhar adequadamente o processo, visando atingir resul-tados concretos e satisfatórios.

Estas qualidades são expressas através de alguns atributos pes-soais e por meio de uma preparação e entendimento do processo grupal e das técnicas que podem ser utilizadas.

• QUAL A MELHOR FERRAMENTA A SER UTILIZADA?Existe uma infinidade de ferramentas e métodos participativos

que podem ser utilizados, geralmente divididos em quatro grandes gru-pos: (1) métodos de grupo e dinâmicas de equipe; (2) métodos de amostra-gem; (3) entrevistas e diálogos grupais; e, (4) visualização e diagramação.

Para o uso dos mesmos é importante observar que a ferramenta escolhida deve facilitar que sejam trazidas as múltiplas perspectivas exis-tentes no tema a ser trabalhado. Por exemplo, a realização de um mapa da comunidade demonstra percepções socioambientais distintas entre homens e mulheres.

Page 43: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

41

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

É sempre bom lembrar que o resultado obtido não é a realidade e sim uma percepção da realidade através dos olhos de determinado grupo. Sendo assim, as abordagens tendem a ser suficientemente flexíveis para se adaptar a novas condições e atores.

A seguir são apresentadas algumas técnicas e abordagens que podem ser usadas para a organização e desenvolvimento do projeto. Elas serão importantes como acervo de possibilidades para que se construam e gerenciem os projetos no âmbito do PPA.

MARCO LÓGICO

O Marco Lógico também conhecido como quadro lógico já tem uma longa tradição na elaboração de projetos. Sua origem se deu na década de 1960, quando foi diagnosticado que os projetos eram pouco precisos, não havendo uma clara relação entre os objetivos, atividades e resultados esperados.

O quadro lógico não detalha todo o projeto, porém, fornece ele-mentos para responder por que o projeto deve ser realizado, qual é o pro-pósito e quais as mudanças a serem alcançadas, como se pretende pro-duzir melhorias e quais as condições externas que influenciam o alcance dos resultados. Além disso, aponta os efeitos e identifica o alcance das melhorias e mudanças.

O método tem uma consideração da lógica de comportamen-to e da dinâmica do projeto, baseada nas relações causa-efeito entre diferentes etapas. A estrutura básica desta matriz é constituída pelos se-guintes conteúdos:

2.2ARMANI, Domingos. Como elaborar pro-jetos? Guia prático para elaboração e gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2003. 94 p.

PFEIFFER, Peter. O Quadro Lógico: um método para plane-jar e gerenciar mu-danças. http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=857

Lógica da intervenção

Indicadores objetiva-mente comprováveis

Fontes de comprovação

Suposições importantes ou pressupostos

Objetivo superior ou

geral

Objetivo no que se espera que

o projeto possa contribuir.

Medidas (diretas ou indiretas) para veri-ficar até que grau se cumpriu o objetivo

superior.

Meios através dos quais os in-dicadores serão comprovados.

Acontecimentos im-portantes, condições

ou decisões necessárias para sustentar os objeti-

vos a largo prazo.

Objetivo do projeto ou especifico

Efeito que se espera alcançar como resultado

do projeto

Medidas (diretas ou indiretas) para verificar

até que grau se cumpriu o objetivo do projeto.

Meios através dos quais os in-dicadores serão comprovados.

Acontecimentos im-portantes, condições ou decisões fora do controle do projeto.

Resultados

Resultados que a gestão do

projeto deveria garantir

Medidas (diretas ou indiretas) para verificar até que grau se cum-

priu os resultados.

Meios através dos quais os in-dicadores serão comprovados.

Acontecimentos impor-tantes, condições ou decisões que podem afetar os resultados.

Atividades

Atividades que o projeto tem que

fazer a fim de pro-duzir resultados.

Medidas (diretas ou indiretas) para verificar até que grau se cum-

priu as atividades.

Meios através dos quais os in-dicadores serão comprovados.

Acontecimentos impor-tantes, condições ou decisões que podem afetar as atividades.VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 44: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

42

Com base nesta matriz, é desenvolvida a lógica de intervenção do projeto. Como os elementos da matriz estão interligados por uma relação de causa e efeito as hipóteses estabelecidas são as seguintes:

• Se as atividades são executadas, os resultados são atingidos;

• Se os resultados são alcançados e os pressupostos ocorrem, os objetivos do projeto são alcançados;

• Se os objetivos do projeto são alcançados e os pressupostos ocorrem, há uma contribuição significativa ao objetivo superior ou geral.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

A aplicação do marco lógico permite que obtenhamos uma matriz sintética de todo processo de intervenção. Porém, além da estrutura lógica é importante também ter flexibilidade para entender as espe-cificidades do projeto.

MÉTODO ZOPP

O Ministério de Cooperação Econômica (BMZ) do Governo Fede-ral Alemão encarregou a GTZ de utilizar o marco lógico como fase piloto de 1980 a 1981. Neste período, foi feito uma adaptação do marco lógi-co sendo desenvolvida uma etapa de análise e redirecionamento do seu enfoque a qual se denominou método ZOPP3 , sigla em alemão que em português significa: planejamento de projetos orientado para objetivos.

O método ZOPP está constituído basicamente nos seguintes pas-sos:

A) ANÁLISE DE ENVOLVIMENTO OU DE PARTICIPAÇÃO: Tem como objetivo levantar informações sobre indivíduos, grupos e insti-tuições, incluindo seus interesses e inter-relações, que são relevantes para o entendimento dos problemas a serem analisados.

B) ANÁLISE DOS PROBLEMAS: Busca-se definir o problema central, também pode ser chamado de problema chave ou focal. Ele é a base do diagnóstico, porém ele não é completo apenas reflete os conheci-mentos e opiniões deste grupo específico.

C) ÁRVORE DE PROBLEMAS: Após ser escolhido o problema central é feito a árvore de problemas. Ela é feita da seguinte forma: (1) co-loca-se o problema central no meio; (2) abaixo dele, devem ser nomeadas as causas; e (3) acima, os efeitos.

3 Em alemão: Ziel Orientierte Projekt Planung (ZOPP).

2.3

Page 45: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

43

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

D) ÁRVORE DE OBJETIVOS: Neste ponto o problema central tor-na-se o objetivo central, sendo que se estabelece a hierarquia de relações meio-fim.

E) ANÁLISE DE ALTERNATIVAS OU ESTRATÉGIAS: Nesta fase são analisadas as diferentes alternativas de ação, baseado-se no que foi delineado na análise de objetivos.

F) ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE PLANEJAMENTO DO PRO-JETO: As informações anteriores irão formar a matriz de planejamento que é em base os diversos passos do marco lógico. Esta matriz é o próprio quadro lógico que vimos anteriormente.

O método ZOPP trouxe uma contribuição significativa ao marco lógico. Primeiro por incorporar o princípio de participação, possibilitando assim captar a diversidade de conhecimentos, perspectivas e ideais dos participantes. Além disso, o método ZOPP trouxe inovações relativas à dinâmica de grupos, andragogia e o processo de comunicação grupal. O estabelecimento de objetivos durante aplicação do método proporciona uma motivação para ação, gerando coesão e um trabalho produtivo.

Como apresentamos, o ZOPP é composto de diversas fases, po-rém alguns passos podem ser realizados de forma separada para dar cla-reza a determinadas partes de um projeto, principalmente a árvore de problemas e árvore de objetivos.

ÁRVORE DE PROBLEMAS

A árvore de problemas é um dos passos do método ZOPP, porém pode ser utilizada separadamente para visualizar e priorizar os problemas que necessitam ser resolvidos. A sistemática do método é relativamente fácil, porém a definição de que é um problema é de fundamental impor-tância.

Um problema relevante tem normalmente uma complexidade de causas, porém, é necessário uma ferramenta que permita sintetizar, redu-zir a complexidade do contexto e desenvolver um instrumento comunica-cional que permita a discussão e a convergência das ideias. A “Árvore de Problemas” é uma ferramenta reducionista da realidade, pois estabelece relações lineares de causa-efeito, porém deve haver consciência desse fato e que as relações na realidade são sistêmicas e complexas.

Quando fazemos um esforço de síntese, a duplicação pode ser detectada.

Acesse um guia detalhado sobre o ZOPP e como se pode utilizá-lo. O guia ZOPP Planeja-mento de Projetos Orientado por Objetivos: Um Guia de Orientações para o Planejamento de Projetos Novos e em Andamento está disponível no link: <http://pmkb.com.br/wp-content/uploads/2013/08/ZOPP_P.pdf>

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

2.4

Page 46: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

44

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atençãoÉ importante que esta construção de problemas não seja conduzida de forma autoritária ou com censura às ideias propostas, mas sim buscando a continuidade do raciocínio.

Algumas perguntas podem auxiliar na clareza da formulação e o aprofun-damento do tema, tais como:• Por que se diz que isso é necessário?• Que impacto isto tem no campo da intervenção?• Em 100 (cem) situações quantas vezes é que isso acontece?• Como isto ocorre?• Onde isto ocorre?

Com base nos critérios e regras dos problemas formulados pode-mos preceder os passos para construção desta árvore:

(1) Inicialmente, solicite para que as pessoas envolvidas neste processo formulem os problemas, sendo que os mesmos podem ser colocados em tarjetas ou post-it. As regras e os critérios para serem considerados problemas, vistos anteriormente, podem ser transmitidos de antemão.

(2) Determinar qual é o problema que resulta na existência de outros, este será considerado o problema central. Para desven-dar a centralidade do problema, é importante fazer uma análise exaustiva de causalidade (causa e efeito) entre todos os proble-mas da lista. Esta é uma fase que não pode haver precipitações, devendo utilizar todos os impasses listados para saber se eles contribuem para existência do problema central. Deverá existir apenas um problema central, lembrando que a lista de proble-mas nunca estará concluída sendo possível acrescentar/descobrir problemas que não foram anteriormente levantados, desde que cumpram os critérios e as regras estabelecidas.

(3) Determinar os problemas que contribuem diretamente para existência do problema central. O procedimento deve ser feito através de “tentativa e erro” escolhendo os problemas que contri-buem diretamente para existência do problema central. A pergun-ta chave a ser utilizada é “Será que este problema contribui para existência deste outro ou ele é um efeito do problema central”.

Vejamos os passos com base na árvore de problemas construída a seguir:

• Na parte central, observamos que o problema central conside-rado foi “alta frequência de acidentes”;

• Logo abaixo aparecem as causas deste problema, sendo que na primeira linha abaixo do problema central são os problemas de primeiro nível, os quais atuam diretamente na existência do pro-

Page 47: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

45

blema central. Abaixo os problemas de segundo nível, os quais contribuem para os problemas de primeiro nível;

• Por fim, situam-se os problemas terminais que são a origem de todos os problemas - na metáfora na árvore, este são a raíz da si-tuação. Eles não têm outros problemas que contribuem para sua existência.

!O QUE É UM PROBLEMA?

PROBLEMA RELEVANTE

DIFERENTESPERCEPÇÕES(não uma só verdade)

COMPLEXIDADEDE CAUSAS

EFEITO SENTIDOPOR UMAPESSOA

TEM ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

HISTÓRIA DINÂMICA

A B

C

REDUÇÃO DO NÚMERO DE PASSAGEIROS

PERDA DE CONFIANÇA NA EMPRESA

PASSAGEIROS CHEGAM ATRASADOS

PASSAGEIROS SÃO FERIDOS/MORTOS

MAU ESTADO DOS VEÍCULOS

ALTA FREQUÊNCIA DE ACIDENTES

ÔNIBUS TRAFEGAM EM ALTA VELOCIDADE MAU ESTADO DAS RUAS

MOTORISTAS DESPREPARADOS

VEÍCULOS MUITO VELHOS

INSUFICIENTE MANUTENÇÃO DOS VEÍCULOS

DIFICULDADE NA OBTENÇÃO DE PEÇAS DE REPOSIÇÃO

EFEITOS

CAUSAS

NÚMERO DE PASSAGEIROS AUMENTANDO

CONFIANÇA NA EMPRESA RECUPERADA

PASSAGEIROS CHEGAM NO HORÁRIO

NÚMERO DE PASSAGEIROS FERIDOS/MORTOS REDUZIDO

VEÍCULOS EM BOM ESTADO

ÍNDICE DE ACIDENTES REDUZIDO

ÔNIBUS TRAFEGAM NA VELOCIDADE PERMITIDA

RUAS EM BOAS CONDIÇÕES DE USO

MOTORISTAS CAPACITADOS FROTA RENOVADA MANUTENÇÃO

ADEQUADA DOS VEÍCULOS

PEÇAS DE REPOSIÇÃO ACESSÍVEIS

ÁRVORE DE PROBLEMAS

ÁRVORE DE OBJETIVOS

CAU

SAS

EFEI

TOS

PRO

BLEM

A

CEN

TRA

L

FINS

MEIOS

MEI

OS

FIN

SO

BJET

IVO

CEN

TRA

L

Fonte: elaboração própria.

Figura 1 - Árvore de Problemas

Na árvore de problemas, existem normalmente entre três e qua-tro problemas que contribuem para um outro. Sempre que há um único problema a contribuir para um outro, é importante analisar e verificar se os dois não se tratam em realidade de formulações que têm o mesmo significado, ou se, por exemplo, não há em um deles, uma formulação de uma “medida na negativa”. Caso seja consensual e lógico, o problema deve ser retirado da árvore. Por fim, um problema só pode contribuir para um problema em outro nível.

A construção da árvore deve ser gradativa esgotando todas as perguntas de causalidade que possam ocorrer. A hierarquia dos fatores é geralmente modificada, e é importante que a visualização permita que os problemas possam ser trocados de local. Assim sendo é recomendável o uso de post-its ou material de visualização como o Metaplan.

Depois de devidamente construída, a árvore pode ser lida de bai-xo para cima, de maneira a demostrar os problemas que quando resolvi-dos poderão contribuir para a resolução de outros problemas. Os dados que compõem esta árvore serão os geradores da árvore de objetivos, a qual analisaremos em seguida.

Acesse mais informa-ções sobre o Manual Prático METAPLAN através do link dispo-nível em: <http://pt.scribd.com/doc/133148456/Manual-Pratico-ME-TAPLAN>.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

Page 48: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

46

ÁRVORE DE OBJETIVOS

A árvore de objetivos é uma espécie de “sombra simétrica” da ár-vore de problemas. A árvore de problemas representa a situação proble-mática atual, enquanto a árvore de objetivos representa a situação dese-jada como objetivo.

Para elaborar a árvore de objetivos basta reescrever cada um dos problemas de forma positiva. Utilizando o mesmo exemplo apresentado anteriormente, vejamos como ficará o resultado:

2.5

!O QUE É UM PROBLEMA?

PROBLEMA RELEVANTE

DIFERENTESPERCEPÇÕES(não uma só verdade)

COMPLEXIDADEDE CAUSAS

EFEITO SENTIDOPOR UMAPESSOA

TEM ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

HISTÓRIA DINÂMICA

A B

C

REDUÇÃO DO NÚMERO DE PASSAGEIROS

PERDA DE CONFIANÇA NA EMPRESA

PASSAGEIROS CHEGAM ATRASADOS

PASSAGEIROS SÃO FERIDOS/MORTOS

MAU ESTADO DOS VEÍCULOS

ALTA FREQUÊNCIA DE ACIDENTES

ÔNIBUS TRAFEGAM EM ALTA VELOCIDADE MAU ESTADO DAS RUAS

MOTORISTAS DESPREPARADOS

VEÍCULOS MUITO VELHOS

INSUFICIENTE MANUTENÇÃO DOS VEÍCULOS

DIFICULDADE NA OBTENÇÃO DE PEÇAS DE REPOSIÇÃO

EFEITOS

CAUSAS

NÚMERO DE PASSAGEIROS AUMENTANDO

CONFIANÇA NA EMPRESA RECUPERADA

PASSAGEIROS CHEGAM NO HORÁRIO

NÚMERO DE PASSAGEIROS FERIDOS/MORTOS REDUZIDO

VEÍCULOS EM BOM ESTADO

ÍNDICE DE ACIDENTES REDUZIDO

ÔNIBUS TRAFEGAM NA VELOCIDADE PERMITIDA

RUAS EM BOAS CONDIÇÕES DE USO

MOTORISTAS CAPACITADOS FROTA RENOVADA MANUTENÇÃO

ADEQUADA DOS VEÍCULOS

PEÇAS DE REPOSIÇÃO ACESSÍVEIS

ÁRVORE DE PROBLEMAS

ÁRVORE DE OBJETIVOS

CAU

SAS

EFEI

TOS

PRO

BLEM

A

CEN

TRA

L

FINS

MEIOS

MEI

OS

FIN

SO

BJET

IVO

CEN

TRA

L

Fonte: elaboração própria.

Figura 2 - Árvore de Objetivos

A utilização destas árvores permite dar clareza ao estabelecimen-to do problema e dos objetivos de um projeto. Na base da árvore de obje-tivos encontram-se as atividades que deverão fazer parte do marco lógico ou da matriz de planejamento do projeto, sendo que os fins apontam para os resultados esperados. Nesta perspectiva, a utilização destas árvores faz com que a estrutura do projeto e a interlocução com os atores possam ocorrer e gerar a estrutura geral do projeto.

Page 49: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

47

2.6ANÁLISE SWOT OU FOFA

A Análise SWOT ou como denominado em português FOFA é uma ferramenta de administração, utilizada na análise do ambiente inter-no e externo de uma organização. Conforme já mencionado, FOFA é uma sigla constituída pelas palavras Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças. Seus significados são apresentados na matriz a seguir.

Na língua inglesa, a sigla é SWOT significa Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).

ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS

PONTOS INTERNOS

FORÇAS São características internas, atuais ou potenciais que auxiliam substancial-mente e por longo tempo o cumpri-mento da missão e/ou objetivos da

organização.

FRAQUEZAS São características ou deficiências internas,

atuais ou potenciais, que prejudicam ou dificultam, substancialmente, e por longo

tempo, o cumprimento da missão e/ou objetivos estratégicos da organização.

PONTOS EXTERNOS

OPORTUNIDADESSão fenômenos ou condições externas,

atuais ou potenciais, capazes de con-tribuir, substancialmente e por longo tempo, para o êxito da missão e/ou

objetivos estratégicos da organização.

AMEAÇASSão fenômenos ou condições externas,

atuais ou potenciais, capazes de prejudicar ou dificultar substancialmente e por longo tempo, a missão e/ou objetivos estratégi-

cos da organização.

Além dos aspectos positivos e negativos, a análise busca conhecer os pontos internos e externos. Os pontos internos podem ser controlados pelos dirigentes da organização, uma vez que eles são resultado das estra-tégias de atuação definidas pelos próprios membros da organização. As-sim, quando for percebida uma força, o ponto interno deve ser ressaltado ao máximo, e quando for diagnosticada uma fraqueza, a organização deve agir para controlar o ponto interno ou, pelo menos, minimizar seu efeito.

O ambiente externo está fora do controle direto da organização. Porém, mesmo sem existir governabilidade sobre estes fatores externos, é necessário conhecer e monitorar sua frequência, buscando aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. Essas ameaças nem sempre podem ser evitadas, porém é possível realizar um planejamento para minimizá-las ou enfrentá-las.

O primeiro passo para aplicação do método é reunir os principais responsáveis pelo campo de intervenção que elencamos e utilizar a técni-ca de brainstorming. Às ideias deste grupo, podem ser acrescidas entrevis-

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

Brainstorming é uma expressão da língua inglesa que significa ‘tempes-tade cerebral’ ou ‘tempestade de ideias’. O brainstorming é uma dinâmica de grupo usada para impulsionar o trabalho cooperativo de reunir ideias, informações, demandas, etc.

Page 50: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

48

tas individuais com os principais gestores da organização e pessoas chave. Os resultados deste processo devem ser visualizados segundo as células estabelecidas pela matriz FOFA, observando sua natureza: interna ou ex-terna, positiva ou negativa.

Posteriormente, os elementos elencados devem ser priorizados. Para auxílio, nesta etapa, os dados podem ser identificados pelo impac-to (elevado, médio e fraco) que podem ter na estratégia da organização, também pode ser identificada a tendência dos mesmos (melhorar, man-ter, apoiar).

O último ponto são as ações a serem desenvolvidas, sendo dada prioridade para os elementos de maior impacto. Assim, pode ser elabora-da uma tabela com as seguintes questões: o que fazer para manter as for-talezas, aproveitar as oportunidades, eliminar as fraquezas e eliminar ou evitar as ameaças?

A análise FOFA permite uma visão mais ampla da atuação da or-ganização, podendo destacar alguns elementos que tornar-se-iam des-apercebidos com outros métodos.

ATIVIDADE 2

Com base na situação-problema escolhida por você na unidade an-terior:

(a) Defina o objetivo geral do seu projeto e defina, pelo menos, 3 objetivos específicos;

(b) Defina o público-alvo do projeto;

(c) Estabeleça as metas a serem atingidas por ele;

(d) Apresente os indicadores de processo e de resultado;

(e) Para cada objetivo específico estabelecido, defina uma ação/atividade que visa o seu cumprimento e alcance das metas.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

As ferramentas que lhe foram apresentadas nesta unidade (Árvore de problemas, árvore de objetivos, etc.) podem auxiliar você na definição de objetivos e ações/atividades!

Page 51: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

49

NESTA UNIDADE VOCÊ APRENDEU QUEü Objetivos influenciam o antes (a seleção de informações de diag-nóstico) e o depois de um projeto (ações/atividades, procedimentos metodológicos, indicadores, etc.);

ü Metas e indicadores são fundamentais para que se possa fazer a adequada e tempestiva gestão de qualquer projeto;

ü Há métodos que permitem que os princípios de diálogo e parti-cipação sejam incorporados ao projeto;

ü A complexidade de causas e soluções para um problema podem ser reduzidas com o auxílio de diferentes métodos.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

LEITURAS COMPLEMENTARES

ANTICO, Cláudia; JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores e a Gestão de Políticas Públicas.

ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia prático para a elabo-ração e gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2003.

AVILA, Célia M. Gestão de Projetos Sociais. São Paulo: AAPCS, 2001.

BUARQUE, Sérgio C. Metodologia de planejamento do desenvolvimento local e municipal sustentável. Brasília: Instituto Interamericano de Cooper-ação para a Agricultura – IICA, 1999;

CURY, Maria Christina Holl. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, Célia M. de (Coord.). Gestão de projetos sociais. São Paulo: AAPCS, 2001. p. 37-58.

FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas técnicas para o trabalho científico: elaboração e formatação. Porto Alegre: [s. n.], 2009;

GIDO, Jack; CLEMENTS, James P. Gestão de Projetos. São Paulo: Thompson Learning, 2007.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.

STEPHANOU, L.; MÜLLER, L. H. & CARVALHO, I. C. M. Guia para a elaboração de projetos sociais. Editora Sinodal / Fundação Luterana de Diaconia, São Leopoldo, 2003.

UNIDADE 2: OBJETIVOS E METODOLOGIA

Page 52: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

50

UNIDADE 3: RECURSOS EORÇAMENTO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMNesta unidade você irá:

• Aprender o que são recursos, seus diferentes tipos e principais fontes;• Conhecer alguns dos sistemas de solicitação de recursos e geren-ciamento de projetos.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

TIPOS DE RECURSOS

Recursos são todos aqueles elementos que os atores podem mo-bilizar para que o alcance de seus objetivos seja possível. Eles se desdo-bram em diferentes tipos, dentre eles:

A) HUMANOS: contemplam todos os recursos humanos necessários para execução do projeto, com funções, formação, etc. Numa campanha de sensibilização para a temática da coleta seletiva, podem ser mobiliza-dos recursos humanos internos e externos (por exemplo, técnicos da Se-cretaria de Meio Ambiente ou pesquisadores de universidades da região).

B) INFRAESTRUTURA: diz respeito à infraestrutura necessária (existente ou não) para execução de todas as ações / atividades do proje-to. Numa campanha de sensibilização para a temática da coleta seletiva, podem ser aproveitados os espaços e prédios públicos como escolas e gi-násios, por exemplo, onde podem se realizar palestras e outras atividades.

D) FINANCEIROS: recursos que podem ser aplicados em bens de capital ou material de consumo. Numa campanha de sensibilização para a temática da coleta seletiva, diz respeito ao pagamento de recursos hu-manos, aluguel ou construção de infraestrutura, contratação de terceiros, refeições, passagens, aluguel de equipamentos e a aquisição de bens de

1

Page 53: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

51

capital que passarão a fazer parte do patrimônio da administração públi-ca, etc.

E) POLÍTICOS: refere-se às condições políticas para a realização do projeto e se há legitimidade na sua proposição na medida em que nas etapas de elaboração, execução e acompanhamento exista participação da sociedade. Numa campanha de sensibilização para a temática da co-leta seletiva, identificar se há abertura e receptividade da população para a discussão do tema, além de interesse de outros municípios em discutir soluções conjuntas para esta questão.

Normalmente, na execução de projetos, os recursos humanos, de infraestrutura e políticos são de responsabilidade do ente executante, mas os recursos financeiros podem ser próprios e/ou captados em outras fontes.

FONTES DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA ESTADOS E MUNICÍPIOS

A definição da fonte de captação de recursos tem importância fundamental na tarefa de elaboração de projetos, na medida em que cada fonte de captação requer uma estrutura específica de projeto.

Algumas fontes requerem projetos mais complexos e detalhados, outras fontes requerem projetos mais simples e objetivos. Como regra, os ofertantes de recursos apresentam a estrutura que o projeto deve cumprir através de um edital de chamamento, de manuais e guias de elaboração de projetos. Alguns exemplos de fontes de recursos e de suas respectivas regras para acesso podem ser visualizados no quadro abaixo.

EXEMPLOS

FONTE DE RECURSOS REGRAS PARA ACESSO

Fundo para a Convergência Estrutural e o Fortalecimento da Estrutura Insti-tucional do MERCOSUL (FOCEM), da Secretaria de Planejamento e Investi-mentos Estratégicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

• Manual para apresentação de Estudos de Viabilidade So-cioeconômica com vistas à apresentação para a obtenção de recursos do FOCEM;• Formulário de Projeto.

2

CONTRAPARTIDA

Em geral é exigido entre 20% e 30% de participação do demandante ou outra instituição como contrapartida. Isto pode ser através de recursos humanos disponibilizados pelo demandante, infraestrutura também dis-ponibilizados pelo demandante e/ou financeiros, disponibilizados pelo demandante ou outra fonte.

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 54: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

52

FONTE DE RECURSOS REGRAS PARA ACESSO

Programas do Esporte e Lazer nas Cidades/Ministério do Esporte

• Edital de Chamamento Público <http://www2.esporte.gov.br/arquivos/snelis/esporteLazer/editalPELC2013.pdf>• Diretrizes para o Edital de Chamamento Público <http://www.esporte.gov.br/arquivos/snelis/esporteLazer/diretrizesPELCEdital2013.pdf>

Projetos do Ministério das Cidades Quando os recursos provêm do PAC, as regras de acesso são:• Manual Geral do PAC <http://www.cidades.gov.br/index.php/pac/pac/manuais-ge-rais-do-pac.html>• Manuais para acesso a recursos para Habitação, Saneamento e Mobilidade <http://www.cidades.gov.br/index.php/pac/pac/selecoes-pac.html>

Transferências Voluntárias (outros projetos)

• Manual Geral <http://www.cidades.gov.br/index.php/pac/transferencias-vo-luntarias/manuais-gerais-transferencias-voluntarias.html>• Manuais Específicos. Exemplo: Programa Papel Passado - Regularização fundiária em áreas urbanas <http://www.cidades.gov.br/index.php/pac/transferencias-vo-luntarias/manuais-especificos.html>

PRINCIPAIS FONTES DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA MUNICÍPIOS

A principal fonte de recursos para os municípios do país são os recursos da administração pública, os chamados recursos do Orçamento Geral da União (OGU). Há também a possibilidade de captação de recursos junto a fundos e projetos com a cooperação internacional, o que se tratan-do de municípios não tem sido comum no Brasil.

Os recursos da administração pública podem ser acessados de diversas formas. Algumas transferências são constitucionais ou legais, ou seja, são direitos dos municípios e independem de convênios ou de con-tratos entre os municípios e os entes da federação. Outras transferências são voluntárias, ou seja, a União repassa de forma voluntária para os muni-cípios. Neste caso há a necessidade de elaboração de projetos e apresen-tação de propostas. Estes temas serão tratados a seguir.

RECURSOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

TIPOS/FORMAS DE TRANSFERÊNCIAS

3

2.1

3.1

Page 55: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

53

3.1.1. CONSTITUCIONAIS

Recursos constitucionais referem-se à parcela das receitas federais, arrecadada pela União através de impostos, a qual é repassada aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Cabe ao Tesouro Nacional, em cum-primento aos dispositivos constitucionais, efetuar as transferências desses recursos aos entes federados, nos prazos legalmente estabelecidos.

Dentre as principais transferências da União para os estados, o DF e os municípios, previstas na Constituição, destacam-se:

• O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal (FPE);

• O Fundo de Participação dos Municípios (FPM);

• O Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Indus-trializados (FPEX);

• O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Bá-sica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB, an-tigo FUNDEF), administrado pelo Fundo Nacional de Desenvolvi-mento da Educação (FNDE);

• O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).

3.1.2 LEGAIS

As transferências legais consistem em repasses de recursos do Governo Federal para estados, Distrito Federal e municípios. Essas transfe-rências de recursos são disciplinadas em leis específicas. Há duas modali-dades de transferências legais:

a) As que a aplicação dos recursos repassados não está vinculada a um fim específico;

b) As que a aplicação dos recursos repassados está vinculada a um fim específico.

No primeiro caso, o município possui autonomia para definir a despesa correspondente ao recurso repassado ao município4. Na segun-da modalidade, os recursos são repassados para realizar uma despesa es-pecífica. Esse mecanismo tem sido utilizado, nos últimos anos, para repas-sar recursos aos municípios em substituição aos convênios, tendo em vista a importância e abrangência da ação governamental em áreas específicas, tais como a saúde e a educação. Há duas formas de transferência legal cujos recursos estão vinculados a um fim específico:

Uma forma é a transferência automática utilizada em determina-dos programas educacionais. Consistem no repasse de recursos financei-ros sem a utilização de convênios, ajustes, acordos ou contratos, mediante o depósito em conta corrente específica, aberta em nome do beneficiário. Os seguintes programas recebem recursos de forma automática:

4 É o caso, por exemplo, dos royalties do petróleo, que, conforme a Lei nº 7.435/851 são repassados aos municípios, a título de indenização, sobre o valor do óleo, do xisto betuminoso e do gás, extraídos em áreas dos municípios

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 56: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

54

• Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE);

• Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE);

• Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento de Jovens e Adultos;

• Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE);

• Programa Brasil Alfabetizado (BRALF);

A segunda forma é a transferência fundo a fundo, este tipo de transferência é utilizado em programas da área da saúde e da assistên-cia social. As transferências fundo a fundo caracterizam-se pelo repasse diretamente de fundos da esfera federal para fundos da esfera estadual, municipal e do Distrito Federal, dispensando a celebração de convênios. Os fundos que operam essa modalidade transferência são:

• O Fundo Nacional de Saúde (FNS);

• O Fundo Nacional da Assistência Social (FNAS).

3.1.3 VOLUNTÁRIAS

As transferências voluntárias são as que nos interessam, pois estas requerem a elaboração de propostas e projetos de convênio.

As transferências voluntárias consistem na entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação consti-tucional, legal, ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.

As transferências voluntárias podem ser originadas de:

• Editais e chamadas públicas;

• Programas destinados a proponentes específicos. Para estes re-cursos os proponentes são previamente decididos;

• Proposta de Proponente de Emenda Parlamentar.

Quais os instrumentos de repasse de recursos da União para municípios de forma voluntária?

Atualmente, existem dois instrumentos que podem ser utilizados para a formalização das transferências voluntárias: o termo de convênio e o contrato de repasse.

O Termo de Convênio é um acordo que disciplina a transferência de recursos financeiros da União que tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, dis-trital ou municipal, direta ou indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando à execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.

Page 57: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

55

Contrato de repasse é o instrumento utilizado para a transferên-cia de recursos da União para estados, Distrito Federal ou municípios, por intermédio de instituições ou agências financeiras oficiais federais, desti-nados à execução de programas governamentais. Nesse caso, as agências financeiras oficiais atuam como mandatárias da União para execução e fiscalização das transferências de recursos da União, a qualquer título, a estados, Distrito Federal ou municípios.

O Contrato de Repasse vem sendo utilizado pelo Governo Federal predominantemente para execução de programas nas áreas de habitação, saneamento e infraestrutura urbana, esporte, turismo e agricultura.

Qual a relação da Caixa Econômica Federal com as transferências volun-tárias?

A Caixa Econômica Federal (CEF) é a principal mandatária da União para execução e fiscalização das transferências de recursos da União para municípios através de contratos.

Aqui vale sublinhar que a Caixa não é uma fonte de recursos para os municípios. Conforme dito anteriormente, as fontes de recursos são Mi-nistérios e Secretarias de Governo.

Neste caso, são estabelecidos contratos entre os três entes: o Mi-nistério em específico, a Caixa Econômica Federal e o município. A CEF controla os contratos, acompanha o processo de compra/contratação de serviços pelo município, acompanha e fiscaliza a execução do serviço ou obra - objeto do contrato, controla os pagamentos realizados e autoriza o repasse de recursos do município para as empresas contratadas pelos serviços ou obras e, por fim, controla e aprova as prestações de conta rea-lizadas pelos municípios.

Em muitas regiões do país, unidades CAIXA são dotadas de corpo técnico e profissional especializado (engenheiros, arquitetos, técnico-so-ciais e analistas), que assiste, aprova e acompanha as operações de desen-volvimento.

LEGISLAÇÃO QUE REGULA CONVÊNIOS E CONTRATOS

Convênios e Contratos são regulados pela Portaria Interministe-rial nº 507, de 24 de novembro de 20115.

Art. 1º esta portaria regula os convênios, os contratos de repasse e os termos de cooperação celebrados pelos órgãos e entidades da administração pública federal com órgãos ou entidades públi-

5 Disponível em: http://www.governoeletronico.gov.br/biblioteca/arquiv-os/portaria-interministerial-no-507-de-24-de-novembro-de-2011/view.

3.2

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 58: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

56

cas ou privadas sem fins lucrativos para a execução de programas, projetos e atividades de interesse recíproco, que envolvam a trans-ferência de recursos financeiros oriundos do orçamento fiscal e da seguridade social da união (BRASIL, 2011).

Existe uma série de órgãos/entes federais responsáveis pelo re-passe de recursos públicos para os municípios brasileiros. São chamados de concedentes, os órgãos ou entidades da administração pública fede-ral, direta ou indireta, responsáveis pelas transferências dos recursos fi-nanceiros destinados à execução do objeto do convênio ou contrato.

Convenentes são os órgãos ou entidades da administração pú-blica direta ou indireta, de qualquer esfera de governo, consórcio públi-co ou entidade privada sem fins lucrativos, com os quais são pactuados a execução de programas, projetos e atividades, por meio da celebração de convênios e contratos de repasse.

No quadro que segue, apresentamos os principais órgãos con-cedentes de recursos da União para os municípios do país. No portal de Convênios, também conhecido como Sistema de Convênios, Contratos de Repasse e Termos de Parceria do Governo para Organizações da Sociedade Civil (SICONV), pode-se encontrar uma lista mais ampla, com todos os órgãos de repasse. A síntese a seguir tem o objetivo de destacar aqueles que são mais relevantes para os municípios:

Código do Órgão Órgão

20113 Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

20121 Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

20126 Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial

20411 Instituto do Patrimonio Histórico e Artístico Nacional

22000 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

22201 Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

22203 Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco

22204 Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

26000 Ministério da Educação

26298 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

30912 Fundo Nacional Antidrogas

36000 Ministério da Saúde

36211 Fundação Nacional de Saúde

38000 Ministério do Trabalho e Emprego

39000 Ministério dos Transportes

39250 Agência Nacional de Transportes Terrestres

39252 Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

41000 Ministério das Comunicações

42000 Ministério da Cultura

42207 Instituto Brasileiro de Museus

44000 Ministério do Meio Ambiente

A lista completa de órgãos de repasse pode ser acessada a partir do Portal de Convênios do SICONV, disponível em: <https://www.convenios.gov.br/siconv/programa/ListarProgramas/Lis-tarProgramas.do.>

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 59: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

57

O Ministério do Desenvolvimento Social disponibiliza mecanismos de apoio aos muni-cípios, através do Plano Brasil Sem Miséria. Saiba como acessá-los através do vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=fRISNWs-Zh_4&list=PL9BA-B2EB5CFC7EDEF&in-dex=36&hd=1>

SISTEMAS DE SOLICITAÇÃO DE RECURSOS E GERENCIAMENTO DE PROJETOS COM A UNIÃO

SICONV

O principal sistema de solicitação de recursos e gerenciamento de contratos e convênios utilizado pelos órgãos de repasse do governo federal é o SICONV.

O SICONV é o sistema informatizado do governo federal no qual devem ser registrados todos os atos relativos ao processo de operacionali-zação das transferências de recursos por meio de convênios, contratos de repasse e termos de cooperação - desde a sua proposição (apresentação de propostas) e análise, passando pela celebração, liberação de recursos e acompanhamento da execução, até a prestação de contas6 .

As informações registradas no SICONV são abertas à consulta pública na Internet, no Portal de Convênios do Governo Federal. O inte-ressado em celebrar convênio ou contrato de repasse deverá apresentar uma proposta de trabalho no SICONV, em conformidade com o programa e com as diretrizes disponíveis no sistema, de acordo com as diretrizes de cada órgão federal (editais e manuais).

6 Desde 1º de julho de 2008, o Portal de Convênios do Governo Federal foi disponibilizado e, a partir de 1º de setembro de 2008, teve início a obrigato-riedade de utilização do referido Portal para a celebração, a liberação de recursos, acompanhamento da execução e a prestação de contas dos convênios firmados com recursos repassados voluntariamente pela União.

44.1

Explore as informa-ções disponíveis no Portal de Convênios do Governo Fede-ral através do site <http://www.conve-nios.gov.br/siconv>

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Código do Órgão Órgão

44204 Fundo Nacional do Meio Ambiente

49000 Ministério do Desenvolvimento Agrário

51000 Ministério do Esporte

53000 Ministério da Integração Nacional

54000 Ministério do Turismo

55000 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

56000 Ministério das Cidades

58000 Ministério da Pesca e Aquicultura

65000 Secretaria de Políticas para as Mulheres

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 60: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

58

Para propor a celebração de convênio, o interessado deve atentar para as seguintes medidas:

Elaborar um projeto básico de convênio ou termo de referência de forma detalhada, precisa e completa, descrevendo de forma quantitativa e qualitativa, o objeto proposto, suas metas, etapas e/ou fases. Para a elabo-ração do projeto básico, ou termo de referência, o proponente deve seguir as diretrizes do edital de chamamento correspondente, quando houver:

• Projeto de Convênio/Projeto Básico: documento por meio do qual o proponente deve caracterizar precisamente a obra ou instalação objeto do convênio, inclusive quanto sua viabilidade técnica, custo, fases ou etapas e prazos de execução, metodo-logia para a implementação do convênio e, especialmente, re-sultados a serem alcançados. Deve ser elaborado com base em estudos técnicos preliminares;

• Termo de Referência: documento apresentado quando o objeto do convênio contrato de repasse ou termo de coope-ração envolver aquisição de bens ou prestação de serviços. Deve conter também orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a definição dos métodos e o prazo de execução do objeto.

Estruturar orçamento realista do objeto programado. O orçamento deve ser elaborado a partir de uma pesquisa de mercado (solicitação de orçamento a empresas). Em geral, é necessário apresentar o orçamento de, no mínimo, três empresas. Quando o objeto refere-se à obra, pode-se apresentar orçamento elaborado pelo setor de engenharia das prefeituras, assinado por um técnico responsável, e elaborado através de programas para cálculo de orçamentos, tais como o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI);

Certificar-se da existência dos recursos de contrapartida no orçamen-to do município7. Grande parte dos programas federais exige apenas uma Declaração de Contrapartida assinada pelo Prefeito Municipal, contendo a descrição orçamentária na qual o valor da contrapartida será originado. Em alguns casos, também pode ser solicitado uma cópia do orçamento, indi-cando a despesa orçamentária, com assinatura do contador e do Prefeito Municipal. Esta medida tem o objetivo de assegurar ao Governo Federal que o município terá condições de cumprir com a sua parte no convênio;

Realizar previsão factível das metas e fases do projeto e do prazo necessário para sua conclusão;

Comprovar Capacidade Técnica e Gerencial para cumprir o objeto a que se propõem (se tem estrutura física, recursos humanos, expertise no objeto etc). Esta comprovação deve ser feita através de uma declaração assinada pelo Prefeito Municipal, na qual o Prefeito indica a estrutura e os

7 Em geral, a contrapartida deve ser em recursos financeiros. Somente al-guns casos aceitam-se contrapartida em bens e serviços.

ü

ü

ü

ü

ü

Page 61: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

59

profissionais que irão participar da execução do projeto. Em muitos casos o edital de chamamento apresenta um modelo de Declaração de Capaci-dade Técnica.

Além destes, o município que pretende celebrar convênios ou contratos de repasse com a União deve cumprir também com as seguin-tes condições:

Observar os seguintes limites: dívida consolidada e mobiliária, ope-rações de crédito (inclusive por antecipação de receita), inscrição em res-tos a pagar, despesa total com pessoal;

Cumprir os limites constitucionais relativos à educação e saúde;

Não estar inscrito no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados);

Publicar regularmente o Relatório de Gestão Fiscal e o Relatório Re-sumido da Execução Orçamentária.

COMO APRESENTAR PROJETOS E PROPOSTAS?

O proponente (município) deverá acessar o Portal SICONV e in-cluir os seguintes dados da proposta:

A) OBJETO DO PROGRAMA QUE SERÁ EXECUTADO: de forma bastante objetiva deve-se resumir o que se pretende com a execução da proposta. Exemplos: aquisição de uma máquina ou equipamento; cons-trução ou reforma de uma quadra esportiva; construção ou reforma de uma escola; pavimentação de vias públicas; regularização fundiária em assentamentos irregulares.

B) JUSTIFICATIVA: a justificativa da proposta deve conter os se-guintes itens:

• Breve caracterização ou diagnóstico do município8;

• Caracterização da situação problema: a partir do diagnóstico da área específica, caracteriza-se a situação problema ou problema que o projeto pretende solucionar;

• Indicar como o objeto proposto pode alterar a situação problema;

8 Mais a frente neste módulo será tratado, de forma mais específica, sobre a elaboração de diagnósticos para projetos.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atençãoO objeto da propos-ta é um dos únicos itens que não pode ser alterado. Por isso, deve-se evitar detalhamentos que impeçam mudanças futuras no projeto.

Por exemplo: ao invés de escrever Pavimentação da via pública Sete de Setembro no muni-cípio de São Vicente, escreva apenas Pavimentação de vias públicas no município de São Vicente. Isto permite modifica-ções futuras, caso necessário, como por exemplo, a inclusão de um trecho de outra via no mesmo projeto.

ü

ü

ü

ü

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

4.2

Page 62: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

60

No quadro 01, a seguir, apresentamos um exemplo de diagnósti-co de situação problema. Observe que neste exemplo a ênfase refere-se a aspectos turísticos do município, já que o objeto prevê a implantação de um plano de Plano de Promoção e Divulgação do Turismo de Antônio Prado/RS.

QUADRO 01: Exemplo de diagnóstico, delimitação da situação problema e indicação de objeto.

O município de Antônio Prado/RS localiza-se na Serra Gaú-cha. Foi fundado em 1899 num movimento de extensão do processo de colonização da Região da Serra Gaúcha iniciado em 1875. Grande parte da população do município é composta por descendentes de italianos que chegaram ao município proveniente da primeira colô-nia de imigrantes italianos assentados no Rio Grande do Sul, mais especificamente dos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Flores da Cunha. De acordo com os dados do Censo IBGE 2000 o município de Antônio Prado possui uma população de 12.833 habi-tantes, sendo que destes entorno de 65,2% vivem na zona urbana e 34,8% na zona rural do município.

As principais atividades econômicas são os serviços, a indús-tria e a agricultura. Além destes o turismo também assume relevân-cia na economia do município. O município integra a Região Uva e Vinho e faz parte da Rota Turística Vales da Serra. Possui o maior e mais completo conjunto arquitetônico da colonização italiana no Brasil (cenário para a filmagem de “O Quatrilho”), com 48 imóveis tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Outros atrativos turísticos são: (a) A farta gastronomia típi-ca, servidas em pousadas e restaurantes localizados tanto na cidade, quanto no meio rural; (b) Um conjunto de manifestações da cultura popular e do patrimônio imaterial do município, tais como grupos folclóricos de descendência italiana e o artesanato local que preser-va muito das feições dos antigos hábitos dos imigrantes. Entre os artesanatos produzidos no município citamos a técnica do frivolité de navete e do macramé e os artesanatos em palha de milho e tri-go; (c) Antônio Prado organiza atualmente dois importantes eventos gastronômicos que são a Noite Italiana e Fenamassa.

A cidade é uma das protagonistas de vanguarda no movi-mento agroecológico brasileiro e referência internacional no setor, sendo de Antônio Prado a primeira associação de agricultores eco-logistas do RS (AECIA) e uma das primeiras do Brasil. Foi a primeira cidade da América Latina a receber, em 2001, o título de slow city, um movimento internacional que reconhece as cidades pelo desenvol-vimento e respeito aos seus valores culturais, pela qualidade de vida de seus moradores e de preservação do meio ambiente.

Além dos atrativos culturais o município de Antônio Prado conta também com uma bela paisagem, formada por lindos vales

Page 63: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

61

que rodeiam a cidade, tais como o Vale do Rio das Antas e o Vale do Rio da Prata. Imersos nestes belos vales é possível encontrarmos um conjunto de cascatas e grutas naturais. Junto aos componentes naturais a paisagem também é formada por elementos de uma agri-cultura colonial típica de descendentes italianos, que ao ocuparem os vales da região preservaram elementos trazidos das terras de ori-gem, tais como os parreirais, a arquitetura das casas e organização das propriedades rurais, os muros de pedras, entre outros.

A partir dos anos 1990 identifica-se um processo de qualifi-cação da infraestrutura, do pessoal e dos equipamentos envolvidos com a atividade turística no município. São investimentos que vem sendo realizados tanto pelo poder público, através da prefeitura mu-nicipal, do Governo do Estado e do Governo Federal, quanto pela iniciativa privada, e que objetivam um melhor e mais qualificado posicionamento do município dentro do mercado turístico. Um im-portante aspecto a ser destacado é que os investimentos realizados têm gerado uma grande expectativa junto à comunidade local e co-munidade de cidades vizinhas, tais como Ipê e Nova Roma do Sul. Historicamente estes municípios estão sob influência dos processos de desenvolvimento social e econômico de Antônio Prado.

No campo dos novos desafios e projetos futuros identifica-mos a necessidade de ampliar e qualificar a divulgação do município como um lugar de turismo. Segundo informações da Secretaria de Turismo de Antônio Prado, 80% dos visitantes que chegam a Antô-nio Prado são do estado do Rio Grande do Sul, principalmente de Porto Alegre. Diante disto consideramos que ainda há um grande trabalho a ser realizado em termos de divulgação de Antônio Prado para além das fronteiras do RS. Neste sentido alguns investimentos em ampliação da divulgação já vêm sendo realizados, a partir de re-cursos do município. Apesar dos esforços do poder público munici-pal a implantação de um programa amplo e efetivo de divulgação tem sido limitada pela baixa arrecadação do município, que limita o orçamento do turismo. Neste sentido justifica-se a grande importân-cia do aporte de recursos por parte do Governo Federal, através de programas de apoio ao turismo.

Objeto do Convênio: Execução de um Plano de Promoção e Divul-gação do Turismo de Antônio Prado/RS.

C) PROJETO BÁSICO OU TERMO DE REFERÊNCIA

D) METAS E ETAPAS: são as fases e sub-fases da execução de uma proposta.

m

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 64: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

62

E) VALOR GLOBAL: composto pelo valor de repasse somado ao valor de contrapartida:

• Valor de repasse: Os projetos apresentados no SICONV devem ter valor de repasse de no mínimo R$ 100.000,00 (cem mil reais) ou, no caso de execução de obras e serviços de engenharia, o repasse da União deve ser de no mínimo R$ 250.000,00 (duzentos e cin-quenta mil reais);

• Valor da contrapartida: A contrapartida consiste em valor econo-micamente mensurável (financeira e/ou bens e serviços) que será arcado pelo convenente como parte de suas obrigações no con-vênio. A contrapartida oferecida pelos municípios deverá ser ex-clusivamente financeira. As receitas das aplicações financeiras não podem ser computadas como contrapartida do convenente. As re-gras de contrapartida são definidas pelos órgãos concedentes no momento da divulgação do programa no SICONV e/ou do edital de chamamento. No exemplo a seguir, apresentamos os valores de contrapartida exigidos por um determinado programa/edital.

EXEMPLO de valores de contrapartida exigidos por um determina-do programa/edital:

• Entre 2% (dois por cento) e 4% (quatro por cento) para municípios com até cinquenta mil habitantes;

• 4% (quatro por cento) e 8% (oito por cento) para municípios aci-ma de cinquenta mil habitantes localizados nas áreas prioritárias definidas no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento Re-gional (PNDR), nas áreas da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco);

• 8% (oito por cento) e 20% (vinte por cento) para os demais.

F) PARTICIPANTES: executor e/ou interveniente, quando houver.

G) CRONOGRAMA FÍSICO: data de início e data final de cada meta e etapa.

H) CRONOGRAMA DESEMBOLSO: de acordo com metas e etapas.

I) BENS E SERVIÇOS A SEREM ADQUIRIDOS (PLANO DE APLICAÇÃO): o plano de aplicação deve ser elaborado de acordo com o projeto básico ou termo de referência, com a colaboração da área técnica da prefeitura municipal. Deve especificar cada item a ser adquirido (bens), contratado (serviços) ou construído (obras), o valor unitário e total do item.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atenção

Consulte o apêndice deste guia e veja um exemplo de quadro para organizar algu-mas das informações de uma proposta a fim de cadastrá-la no SICONV.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atenção

Quando os limites de valor de repasse de R$ 100.000,00 (cem mil reais) e R$ 250.000,00 (cem mil reais) não forem atingidos, o municí-pio poderá formar consórcio público com outros municí-pios que tenham as mesmas necessida-des a fim de alcançar os limites estabeleci-dos pela legislação.

Page 65: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

63

4.3

J) ANEXOS CONFORME EXIGÊNCIAS DO CONCEDENTE

Após o envio da proposta, o gestor municipal deve monitorar o andamento desta junto ao órgão concedente. Cada proposta recebe um número de controle. Este monitoramento pode ser feito através do siste-ma SICONV na aba intitulada ‘Parecer’. Nesta aba os avaliadores emitem pareceres e solicitam complementações, quando necessário. Após apro-vação, a proposta passa para a categoria Convênio ou Contrato.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Além do SICONV existem outros sistemas de solicitação e geren-ciamento de recursos da União, tais como aqueles utilizados pelo Ministé-rio da Saúde (MS) e Ministério da Educação (MEC).

O Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação (SIMEC) é um portal operacional e de gestão do MEC, que trata do orçamento e monitoramento das propostas online do governo federal na área da educação. É no SIMEC que os gestores soli-citam recursos e projetos e verificam o andamento dos mesmos. O sistema SIMEC é vencedor dos principais prêmios de sistemas de gestão pública do Brasil.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

O Sistema de Cadastro de Proposta Fundo a Fundo foi desen-volvido com a finalidade de facilitar as entidades, os fundos estaduais e municipais a cadastrarem propostas de projetos. Nestes termos, o repasse de recursos ocorre entre fundos, do Fundo Nacional de Saúde para os Fun-dos de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito Federal, não havendo a necessidade de celebração de contratos ou convênios.

Que tipo de recurso pode ser solicitado através do SIMEC:• Reforma e ampliação de escolas e creches municipais;• Construção de quadras esportivas em escolas;• Recursos para aquisição de meios de transporte;• Material e equipamentos para escolas e creches.

Que tipo de recursos pode ser solicitado através Sistema de Cadastro de Proposta Fundo a Fundo?

• Aquisição de equipamentos e material permanente para com-por o Programa da Atenção Básica de Saúde e da Assistência Ambulatorial e Hospitalar Especializada.

4.4

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 66: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

64

O Sistema de “Indicação de Objeto” foi desenvolvido para aten-der as entidades públicas e privadas beneficiadas por emenda parlamen-tar destinada à área da saúde. O Módulo de Indicação de Objeto é o am-biente no qual o gestor realiza a confirmação do objeto vinculando o valor indicado pelo parlamentar.

Já o Sistema de Monitoramento de Obras (SISMOB) foi desen-volvido pelo Ministério da Saúde, com o intuito de possibilitar a inclusão de propostas e o monitoramento de obras de engenharia e infraestrutura de Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento e Acade-mias da Saúde, financiadas com recurso Federal, tornando-se uma ferra-menta para o gerenciamento de todas as fases da obra.

MINISTÉRIO DAS CIDADES

O Ministério das Cidades é um dos principais repassadores/con-venientes de recursos para estados e municípios do país. Estão sob a res-ponsabilidade do Ministério das Cidades as áreas e programas demostra-das no quadro abaixo.

Habitação Saneamento Transporte e Mobilidade Urbana

Programas Urbanos

Habitação de interesse social

Apoio a empreendimentos de Saneamen-to Integrado

Programa de Mobili-dade Urbana

Regularização Fundiária em áreas urbanas

Minha Casa, Minha Vida

Apoio à Implantação, Ampliação ou Mel-horias em Sistemas de Abastecimento de Água

Programa de Mobili-dade Médias Cidades

Prevenção de Riscos

Apoio à Implantação, Ampliação ou Melhorias em Sistemas de Esgotamento Sanitário

Programa de Mobili-dade Grandes Cidades

Reabilitação Urbana

Apoio a Sistemas Públicos de Manejo de Resíduos Sólidos

Programa de Pavimen-tação e Qualificação de Vias Urbanas

Prevenção, Mediação de Conflitos

Apoio à Elaboração de Estudos, Planos e Projetos de Saneamento

Programa PAC da Copa

Apoio à Elaboração e Monitoramento de Planos de Saneamento Regionais e Na-cional (PLANSAB; Planos de Saneamento Ambiental)

Apoio a Sistemas de Drenagem Urbana Sustentável

4.4

Quadro 1 - Áreas e programas do Ministério das Cidades

Page 67: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

65

Os programas do Ministério das Cidades são acessados de duas formas. Para participar da seleção pública realizada periodicamente pelo Ministério, o proponente deve preencher formulário eletrônico do progra-ma específico, disponível no site no período de seleção, para envio de pro-posta, que será analisada pelos técnicos do Ministério. Para acessar o siste-ma de cadastramento, os interessados deverão obter o “usuário” e “senha” junto à agência de relacionamento da Caixa Econômica Federal. Também há casos em que o cadastro na seleção pública deve ser feito através do Sistema SICONV.

Quando o recurso provém de emenda parlamentar à Lei Orça-mentária Anual (LOA), as propostas devem ser cadastradas no SICONV. A intervenção deve seguir as regras do programa, enquadrar-se em seus ob-jetivos e diretrizes.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

atenção

Quando os programas do Ministério das Cidades referem-se a investimentos de valor elevado, como por exemplo PAC Pavimentação ou Projetos de Sanea-mento, o cadastro inicial é feito a partir de uma Carta Consulta a qual asseme-lha-se a um projeto básico, com informações gerais sobre o município, sobre o objeto da proposta e sobre o orçamento. Se aprovada, o Ministério autoriza a elaboração dos projetos executivos, os quais passam por nova seleção. Em al-guns casos, os projetos executivos podem ser orçados como valor de repasse.

Veja a fala de prefeitos sobre a importância dos recursos federais do Pro-grama de Aceleração de Crescimento – PAC para as obras de mobilidade urbana. A viabilidade econômica possibilita a construção de alternativas para a solução de problemas de mobilidade. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=j5G2umrWVIs&hd=1>

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

4.5FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (FUNASA)

A FUNASA constitui-se como importante parceiro dos municípios, devido principalmente ao tipo de projeto que apoia e aos montantes de recursos que são destinados aos projetos concedidos pela FUNASA.

Quadro 2 - Áreas e programas da FUNASA

Engenharia de Saúde Pública Saúde Ambiental

Sistema de abastecimento de água Ações estratégicas em saúde ambiental

Sistema de esgotamento sanitário Educação em saúde ambiental

Melhorias sanitárias domiciliares Controle da qualidade da água

Melhorias habitacionais para o controle da doença de chagasAtuação em desastres ocasionados por inundaçõesResíduos sólidos

Saneamento rural

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 68: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

66

Para participar da seleção pública de propostas realizada periodi-camente pela FUNASA, o proponente deve preencher formulário eletrôni-co do programa específico, disponível no site no período de seleção e en-viar a proposta, que será analisada pelos técnicos do Ministério. Também há casos em que o cadastro na seleção pública deve ser feito através do Sistema SICONV.

RECURSOS DA COOPERAÇÃO INTERNA-CIONAL

A maior parte dos recursos de cooperação internacional inter-mediada pela Agência Brasileira de Cooperação, integrante do Ministério de Relações Exteriores. À Agência Brasileira de Cooperação compete co-ordenar, negociar, aprovar, acompanhar e avaliar, em âmbito nacional, a cooperação para o desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento, recebida de outros países e organismos internacionais e aquela entre o Brasil e países em desenvolvimento. A Cooperação Técnica pode ocorrer entre Países em Desenvolvimento, Bilateral ou Multilateral conforme o tipo e número de países que participa do projeto de cooperação. Existe também a cooperação sul-sul centrada no fortalecimento institucional, sem fins lucrativos e desvinculada de interesses comerciais. A cooperação bilateral tem ocorrido principalmente com Alemanha, Espanha, França, Itália e Japão sendo que os temas prioritários estão relacionados com o meio ambiente, energias renováveis, desenvolvimento profissional, de-senvolvimento territorial, transporte e energia.

Existem outros projetos que envolvem diversos países como é o caso do FOCEM, que tem como objetivo combater as assimetrias regionais entre as economias mais poderosas e as mais fracas da região. A Unidade Técnica Nacional é da Secretaria de Planejamento e Investimentos Estra-tégicos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que tem a função de coordenadar a formulação, apresentação, avaliação e execução dos projetos financiados por este fundo.

Existem algumas organizações de cooperação internacional que atuam diretamente com organizações não-governamentais. Estas têm foco temático projetos de alívio à pobreza extrema no nordeste do Brasil ou projetos com foco no manejo de recursos naturais por populações tra-dicionais em regiões de florestas tropicais.

Apresentamos a possibilidade da cooperação internacional como

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

lembre-se

Cada ministério estipula critérios próprios para disponibilização de recursos. Visite os sites dos ministérios para conhecer os manuais dos programas disponíveis e as possibilidades para contratação e financia-mento.

5

Explore o site da Agência Brasileira de Cooperação dispo-nível em<http://abc.gov.br>

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

Page 69: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

67

fonte de recursos para os municípios. Porém, é importante esclarecer que o acesso a estas fontes é mais complexo e geralmente exigem projetos com abrangência territorial mais ampla que o território de um município. Outro aspecto importante é a necessidade de contato prévio com os pos-síveis cooperantes para que o projeto seja efetivamente aprovado.

Apresentação de Projetos, de maneira geral, segue a estrutura que apresentamos no presente módulo. Além disto o proponente tam-bém deve seguir os manuais e diretrizes para elaboração de projetos es-pecíficos da fonte de recurso.

ATIVIDADE 3

Com base na situação-problema escolhida por você na primeira uni-dade e para a qual está elaborando um projeto, indique os recursos necessários à sua concretização (recursos humanos, materiais, finan-ceiros, etc.) e mencione quais seriam as principais fontes de captação deles.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

NESTA UNIDADE VOCÊ APRENDEU QUEü Há diferentes tipos de recursos e fontes de captação;

ü A Caixa Econômica Federal (CEF) é a principal mandatária da União para execução e fiscalização das transferências de recursos da União para municípios através de contratos;

ü O SICONV é o principal sistema de solicitação de recursos e geren-ciamento de contratos e convênios utilizado pelos órgãos de repasse do governo federal.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

REFERÊNCIAS

BRASIL. Portaria Interministerial nº 507, de 24 de novembro de 2011. Disponível em: <http://www.governoeletronico.gov.br/biblioteca/arquivos/portaria-interministerial-no-507-de-24-de-novembro-de-2011/view.>

BRASIL. Catálogo de Programas Federais para os Municípios. Disponível em: <http://www.sae.gov.br/site/?p=14389>

BRASIL. Orientações para elaboração do Termo de Referência do Ministério de Desenvolvimento Social. Disponível em: <http://www.mds.

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 70: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

68

gov.br/segurancaalimentar/editais/2012/agricultura-familiar/orientacoes-pa-ra-elaboracao-do-termo-de-referencia.pdf/view?searchterm= >

BRASIL. PPA de Bolso. Disponível em: <http://www.secretariageral.gov.br/art_social/forumppa/materiais-de-apoio/PPA_de_Bolso.pdf/view>

BRASIL. Formulação de Projetos de Cooperação Técnica Internacional Manual de Orientação. Disponível em: <http://www.abc.gov.br/api/publi-cacaoarquivo/366>

BRASIL. Termo de Referência para elaboração de planos municipais de saneamento básico. Disponível em: <http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/uploads/2012/04/2b_TR_PMSB_V2012.pdf>

LEITURAS COMPLEMENTARES

COHEN, Ernesto. Avaliação de projetos sociais. Petropólis, RJ: Vozes, 2001;

MATUS, Carlos. Estratégias políticas: chipanzé, Maquiavel e Gandhi, São Paulo: Fundap, 1996;

MOURA, Décio G.; BARBOSA, Educardo F. Trabalhando com Projetos: Plane-jamento e gestão de projetos educacionais. Petrópolis: VOZES, 2007.

Page 71: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

69

ATIVIDADE FINAL

Percorrido o caminho do aprendizado, chegamos ao momento de co-locá-lo em prática. Foram apresentados os conceitos e o fluxo para elaboração de projetos de desenvolvimento local / regional. Produzir bons projetos quanto ao mérito e tecnicamente bem construídos é condição essencial para gerarem impactos positivos na realidade e também para se ter acesso às inúmeras fontes de financiamento e de apoios.

A tarefa final é sistematizar as informações produzidas por você ao longo do curso e redigir um projeto. Lembre-se que você já traba-lhou em diferentes etapas dele e possui prontas diversas informações (diagnóstico, problema, objetivos, etc.), basta sistematizá-las em tor-no de um único documento.

Não esqueça de incluir a justificativa da pertinência de seu projeto, além de seu cronograma de execução para deixá-lo ainda mais com-pleto!

Não se está exigindo uma formatação técnica específica. O texto ou projeto, no entanto, deve contemplar todos os componentes básicos, ressalvados os conteúdos não abordados neste módulo.

Estrutura (fluxo) do projeto a ser entregue:

1) Identificação: título, proponente, rápido diagnóstico sobre o tema, problema e público-alvo;

2) Objetivo(s) e justificativa(s);

3) Ações/atividades previstas;

4) Indicadores de resultado (no mínimo 3);

5) Metodologia para a execução das ações ou atividades. Inclui a defi-nição dos beneficiários (público alvo) diretos e indiretos;

6) Recursos ou orçamento (tendo em vista que se trata de uma si-tuação fictícia, trata-se de um orçamento de caráter estimativo). In-cluir: todos os recursos humanos para execução (a infraestrutura, os materiais de consumo, etc.) e, por fim, a tabela de orçamento. Incluir também a contrapartida (máximo de 25% e por quem será assumida);

7) Cronograma (distribuição no tempo de todas as ações / atividade e eventos);

8) Se houver apêndice e/ou anexos, especificar quais e de que tipo;

10) Bibliografia (contendo as referências utilizadas para elaboração do Projeto).

Bom trabalho!

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

UNIDADE 3: RECURSOS E ORÇAMENTO

Page 72: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

70

Page 73: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

71

No presente curso, estudamos a Elaboração de Projetos como etapa fundamental do Planejamento Público, que se materializa nos PPAs municipais e de consórcios.

Nosso objetivo é que você tenha compreendido o que é um pro-jeto, qual a sua lógica interna, e como ele pode se apresentar como ferra-menta de gestão capaz de agir sobre questões sociais (problemas) clara-mente identificadas e diagnosticadas, a partir de atividades organizadas, controláveis e com resultados mensuráveis por indicadores bem definidos e de acompanhamento e avaliação viáveis.

O entendimento de todo o fluxo de um projeto é fundamental para que o mesmo alcance os seus objetivos e que, com isso, a adminis-tração pública no Estado Brasileiro possa manter-se em processo de contí-nuo aperfeiçoamento e com graus crescentes de eficácia no atendimento das demandas sociais.

Para além da elaboração dos projetos, o curso também procurou apresentar as principais fontes de financiamento para as ações públicas, assim como apresentar de modo resumido o sistema SICONV para onde se canalizam os projetos que visam captar recursos de convênios com a União.

Sabemos que o esforço por aperfeiçoamento da administração pública brasileira não se resume a momentos isolados de capacitação, mas acreditamos fortemente que o presente curso pode ter contribuído para aumentar a capacidade de gestão de diferentes instâncias, não so-mente pelo conteúdo apresentado e atividades propostas, mas também por ter oportunizado a troca de experiências entre gestores e gestoras de todo país.

Esperamos que você tenha aproveitado e que possa se juntar a nós no próximo módulo de capacitação em Planejamento Público, que será relativo às temáticas de monitoramento e de avaliação de projetos e de políticas públicas.

Um abraço e esperamos tê-los conosco novamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 74: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

72

Obj

eto

Met

asEt

apas

Dat

a de

in

ício

Dat

a de

fin

al-

izaç

ão

Item

a se

r ad

quir

ido

co

ntra

tado

ou

con

stru

ído

Valo

r To

tal

Valo

r de

Repa

sse

Valo

r de

Cont

rapa

rtid

a

Pavi

men

ta-

ção

de v

ias

de a

cess

o a

bairr

os d

o m

unic

ípio

de

Ant

ônio

Pr

ado

Pavi

men

taçã

o da

Rua

X

Serv

iços

pre

limin

ares

Terr

apla

nage

mEx

ecuç

ão d

a su

b-ba

se e

bas

eRe

vest

imen

to e

trat

amen

to s

uper

-fic

ial

Serv

iços

pre

li-m

inar

es

Serv

iços

pre

limin

ares

Terr

apla

nage

mEx

ecuç

ão d

a su

b-ba

se e

bas

eRe

vest

imen

to e

trat

amen

to s

uper

-fic

ial

Regu

lariz

ação

fu

ndiá

ria e

m

área

s de

as-

sent

amen

tos

irreg

ular

es n

o m

unic

ípio

x

Regu

lariz

ação

da

áre

a X

Real

izaç

ão d

e tr

abal

ho s

ocia

lCa

rtog

rafia

bás

ica

Elab

oraç

ão d

e A

tos

Nor

mat

ivos

e/o

u Ad

min

istr

ativ

osne

cess

ário

sEl

abor

ação

de

estu

dos

técn

icos

Regu

lariz

ação

da

áre

a y

Real

izaç

ão d

e tr

abal

ho s

ocia

lCa

rtog

rafia

bás

ica

Elab

oraç

ão d

e A

tos

Nor

mat

ivos

e/o

u Ad

min

istr

ativ

osne

cess

ário

sEl

abor

ação

de

estu

dos

técn

icos

APÊ

ND

ICE

EXEM

PLO

S D

E O

BJET

OS,

MET

AS

E ET

APA

S, C

RON

OG

RAM

A E

VA

LORE

S D

E PR

OPO

STA

S A

SER

EM IN

SERI

DA

S N

O S

ICO

NV

Page 75: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

73

ATIVIDADE COMPLEMENTAR PARA USO PEDAGÓGICO

Há muito material disponibilizado, sobretudo via internet, que pode auxiliar ou ilustrar esta formação. Aqui são sugeridos apenas alguns filmes disponíveis na rede. Por isso, recomenda-se como atividade complementar assisti-los como exercício de aguçamento da capaci-dade de observação crítica. Todo filme possui um projeto, em geral detalhado, inclusive para obter os apoios e recursos necessários.

VIDEOTEC

TIVID DES

C DERNO DE ESTUDOS

BIBLIOTEC

SOBRE O MOODLE

SOBRE O CURSO

FERRAMENTAS

V LI Ç O FIN L

VIDEOS TUTORIAIS

~

Módulo 1 Módulo 2

saiba

OBJETIVOS DE PRENDIZ GEM

! !

+

FÓRUM

FILMES INDICADOS SOBRE PROJETOS

Títulos Sinopse

Saneamento Básico Os moradores de Linha Cristal, uma pequena vila de descendentes de colo-nos italianos localizada na serra gaúcha, reúnem-se para tomar providências a respeito da construção de uma fossa para o tratamento do esgoto. Eles ele-gem uma comissão, que é responsável por fazer o pedido junto à sub-prefei-tura. A secretaria da prefeitura reconhece a necessidade da obra, mas informa que não terá verba para realizá-la até o final do ano. Entretanto, a prefeitura dispõe de quase R$ 10 mil para a produção de um vídeo. Este dinheiro foi dado pelo governo federal e, se não for usado, será devolvido em breve. Sur-ge então a ideia de usar a quantia para realizar a obra e rodar um vídeo sobre a própria obra, que teria o apoio da prefeitura. Porém a retirada da quantia depende da apresentação de um roteiro e de um projeto do vídeo, além de haver a exigência que ele seja de ficção. Desta forma os moradores se reúnem para elaborar um filme, que seria estrelado por um mostro que vive nas obras de construção de uma fossa.

Banheiro do Papa 1998, cidade de Melo, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. O local está agi-tado, devido à visita em breve do Papa. Milhares de pessoas virão à cidade, o que anima a população local, que vê o evento como uma oportunidade para vender comida, bebida, bandeirinhas de papel, souvenires, medalhas come-morativas e os mais diversos badulaques. Beto (César Trancoso), um contra-bandista, decide criar o Banheiro do Papa, onde as pessoas poderão se aliviar durante o evento. Mas para torná-lo realidade ele terá que realizar longas e arriscadas viagens até a fronteira, além de enfrentar sua esposa Carmen (Vir-ginia Mendez) e o descontentamente de Silvia (Virginia Ruiz), sua filha, que sonha em ser radialista.

Escritores da Liberdade Uma jovem e idealista professora chega à uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a con-fiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valo-res como a tolerânica e o respeito ao próximo.

Page 76: MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS

CURSO DE CAPACITAÇÃO EAD EM

MÓDULO 2: ELABORAÇÃO DE PROJETOS