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VOLUME II C OLEÇÃ O Elaboração de Projetos Inovadores na Educação Profissional 2 a Edição revisada e ampliada Editora SENAI/ PR Departamento Regional

Elaboração de Projetos Inovadores na Educação Profissional

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VOLUME II

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Elaboração de Projetos Inovadores

na Educação Profissional

2a Edição revisada e ampliada

Editora SENAI/ PR

Departamento Regional

FIEP- Federação das Indústrias do Estado do Paraná RodrigoCostadaRochaLoures Presidente OvaldirNardin SuperintendenteCorporativodoSistemaFiep DiretorFinanceiro

SENAI–DepartamentoRegionaldoParaná JoãoBarretoLopes DiretorRegional AntonioBentoRodriguesPontes DiretordeAdministraçãodeControle JoséAntonioFares DiretordeRecursosHumanos PedroCarlosCarmonaGallego DiretordeTecnologiadeGestãodeInformação HansGerhardSchörer DiretordeInovação MarceloPassiMafra DiretordeMarketing LuizVirgilioZainadeMacedo DiretordeCaptaçãoeFomento MiltonBueno DiretordeRelaçõescomosSindicatoseCoordenadoriasRegionais MarcoAntônioAreiasSecco DiretordeOperações GerentedeOrientaçãoProfissionaleAprendizagemIndustrial TadeuPabisJunior GerentedeCapacitaçãoTécnicaePós-GraduaçãoTecnológicaIndustrial JoséAyrtonVidalJunior GerentedeQualificaçãoeAperfeiçoamentoProfissional ReinaldoVictorTockus GerentedeServiçosTécnicoseTecnológicos SoniaReginaHierroParolin GerentedoProgramaInovaSENAI/SESI/IEL AmilcarBadottiGarcia GerentedeAliançasEstratégicaseProjetosEspeciais OsvaldoPimentel GerentedePlanejamento,OrçamentoeGestão MariliadeSouza GerentedoObservatórioSENAIdeProspecçãoeDifusãodeTecnologia

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Curitiba PR2008

Sonia Regina Hierro ParolinOrganizadora

Deusdedit Carvalho de MoraesHeloisa Cortiani de OliveiraSimone Luzia Maluf Zanon

Thaise Nardelli

Elaboração de Projetos Inovadores

na Educação Profissional

2008,FIEP–FederaçãodasIndústriasdoEstadodoParanáQualquerpartedestaobrapoderáserreproduzida,desdequecitadaafonte.

OsvolumesdaColeçãoInovaestãodisponíveisparadownload nosite: www.fiepr.org.br/colecaoinova

Elaboração de projetos inovadores na educação profissional / Sonia Regina Hierro Parolin (org.); DeusdeditCarvalhodeMoraes,HeloisaCortianideOliveira,SimoneLuziaMalufZanon;ThaiseNardelli.2aedição(revisadaeampliada).Curitiba:SESI/SENAI/PR,2008. 144p.:il.;30cm.–(ColeçãoInova;v.1).

1.Projetos.2.Educaçãoprofissional–Inovaçõestecnológicas.

I.Parolin,SoniaReginaHierro(org.).II.Moraes,DeusdeditCarvalhode;III.Oliveira,HeloisaCortianide.IV.Zanon,SimoneLuziaMaluf.V.Nardelli,Thaise.

CDU331.5

ProgramaInovaSENAI/SESI/IELPRAv.CândidodeAbreu,200CentroCívico–Curitiba–PRTel(41)3271-9353/3271-9354Home page:www.pr.senai.br/inovae-mail:[email protected]

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Sobre a Coleção InovaA inovação é elemento fundamental para o desenvolvimento econômico e é no setor produtivo que ela encontra o espaço ideal para se manifestar.

A indústria brasileira aprendeu na prática que precisa enfrentar diversos desafios nessa área: aumentar os investimentos no desenvolvimento de produtos, renovar processos e ainda tornar-se mais ágil para responder com rapidez às novas demandas do mercado.

Remar em outra direção traz como resultado a perda da competitividade. Por isso, cada vez mais, as empresas buscam profissionais com capacidade de criar, iniciativa para formular soluções e facilidade para trabalhar em equipe.

As instituições de educação têm estar preparadas para formar profissionais com esse perfil.

Uma forte contribuição nesse sentido está sendo oferecida pela Coleção Inova. Editada pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná, pelo Senai, Sesi, Iel e Unindus PR, irá tratar de um tema diferente a cada volume, apresentando à comunidade acadêmica e científica, empresários e ao público em geral informações que ampliem a compreensão do papel de cada um no esforço direcionado à inovação.

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Serão discutidos assuntos relacionados à criatividade, inovação, empreendedorismo e propriedade intelectual, de forma a contribuir para o aprimoramento da educação profissional e para a competitividade sustentável da indústria.

A Coleção Inova também atende ao objetivo estratégico do Sistema Fiep, de desenvolver a cultura empreendedora e ambiente propício à inovação.

Rodrigo Costa da Rocha LouresPresidente do Sistema Federação

das Indústrias do Estado do Paraná

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Sumário

APReSeNTANDO O VOLuMe I ................................................................................................09

João Barreto Lopes

INTRODuÇÃO .........................................................................................................................11Simone Luzia Maluf Zanon e Thaise Nardelli

1. exigências do Mercado de Trabalho ...................................................................................................112. Perfil Profissional ................................................................................................................................15

PARTe I – DeFINIÇÃO, eLABORAÇÃO e eTAPAS De uM PROJeTO .........................................19Simone Luzia Maluf Zanon e Thaise Nardelli

1. Definição, elaboração, tapas de um projeto .......................................................................................192. Características ...................................................................................................................................23

2.1 Limites entre rotina e projeto ......................................................................................................242.2 Finalidades, utilidades e benefícios .............................................................................................262.3 Importância da Gestão ................................................................................................................282.4 Papel do Gerente de Projetos ......................................................................................................292.5 Benefícios do Gerenciamento de Projetos ...................................................................................302.6 Tipos de projeto ..........................................................................................................................312.7 Projetos Inovadores ....................................................................................................................34

3. Características da Inovação ...............................................................................................................37

PARTe II - PROJeTOS NA eSCOLA ..........................................................................................43Simone Luzia Maluf Zanon e Thaise Nardelli

1. ensino por projetos x aprendizagem por projetos ...............................................................................432. Pedagogia de Projetos ........................................................................................................................493. Papel do Professor na Pedagogia de Projeto .......................................................................................563.1 Questões metodológicas..................................................................................................................574. Papel do aluno na Pedagogia de Projetos ...........................................................................................635. elaboração de Projetos na educação Profissional ...............................................................................65

5.1 Normas para elaboração de Projetos ..........................................................................................655.2 elementos Básicos de um Projeto ...............................................................................................64

6. Construção do conhecimento mediante situações-problema .............................................................687. estruturação do projeto sobre situação-problema ..............................................................................72

PARTe III - PROPRIeDADe INTeLeCTuAL, INFORMAÇÃO TeCNOLÓGICA e TRANSFeRÊNCIA De TeCNOLOGIAS ........................................................................................................................75

Heloisa Cortiani de Oliveira

1. Sistema Brasileiro de Propriedade Industrial ......................................................................................772. Registro de Desenho Industrial...........................................................................................................813. Proteção da Marca .............................................................................................................................824. Indicação Geográfica ..........................................................................................................................835. Repressão à Concorrência desleal......................................................................................................836. Programas de Computador (software) ................................................................................................847. Informação Tecnológica .....................................................................................................................858. Transferência de Tecnologia ...............................................................................................................87

PARTe IV - IMPORTÂNCIA DOS PROJeTOS INOVADOReS NA INDÚSTRIA e DOS eMPReeNDeDOReS NO MuNDO GLOBALIZADO ....................................................................89

Deusdedit Carvalho de Moraes

1. elevação da Competência do Profissional Brasileiro ...........................................................................892. SMO – Serie Metódica de Oficina: um resgate histórico....................................................................933. exemplos Práticos da SMAR em espírito empreendedor e Projetos Inovadores .................................974. Necessidade de Projetos Inovadores dentro da empresa .................................................................1235. Descrição e Características Funcionais do Profissional em Instrumentação .....................................126

CONSIDeRAÇÕeS FINAIS .....................................................................................................131Simone Luzia Maluf Zanon, Sonia Regina Hierro Parolin e Thaise Nardelli

ReFeRÊNCIAS.......................................................................................................................133

DADOS SOBRe OS AuTOReS ...............................................................................................139

CRÉDITOS .............................................................................................................................143

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Apresentando o Volume I

A Coleção Inova incentiva as instituições de ensino a buscarem novas formas de apoio ao processo de formação, instiga a cultura da inovação nas escolas e empresas e amplia o escopo de ação do trabalhador.

Esta publicação sugere a adoção da pedagogia de projetos como instrumento para atender à solicitação do mercado por profissionais empreendedores, proativos e com capacidade para criar e inovar. O texto orienta o professor na estruturação da pedagogia no âmbito escolar e analisa as principais dificuldades que os alunos, normalmente, apresentam durante esse trabalho.

Na prática, ao desenvolver um projeto, o estudante concentra energia e conhecimento na solução de um problema concreto. Mediado pelo professor, ele transforma idéias em ação.

O método também tem o mérito de aproximar a aprendizagem do universo empresarial, uma vez que propõe o uso da mesma ferramenta utilizada pelas empresas para resolver questões de ordem gerencial e produtiva. Ao elaborar um projeto,

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os alunos têm de sistematizar ações, definir objetivos, dimensionar recursos, condições e equipe e, por fim, avaliar os resultados obtidos.

Toda edificação exige planejamento e reflexão, esforço e trabalho árduo, mas somente a educação consegue construir uma sociedade embasada no conhecimento. A elaboração de projetos inovadores configura-se importante ferramenta para aumentar a participação do aluno no ambiente empresarial e sua visão sobre o sentido do seu trabalho no contexto organizacional.

Após sua edição inicial, foram trabalhados alguns pontos de melhoria decorrendo necessários aprimoramentos. Especialmente, no exemplo de aplicações industriais como o caso SMAR, percebem-se, nitidamente, fatores extra-sensoriais instigados por um comportamento dotado de acentuada espiritualidade do narrador, um dos principais atores dos processos de inovação implantados. Esse comportamento estimulou toda a organização para as práticas apresentadas.

Este documento traz essas reflexões e encaminha o assunto para o patamar esperado pela sociedade.

João Barreto LopesDiretor Regional SENAI/ PR

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INtRoduçãoSimone Luzia Maluf Zanon e Thaise Nardelli

1. Exigências do Mercado de Trabalho

No século passado (XX), as características dos trabalhadores foram determinadas pela Revolução Industrial. Durante a primeira metade desse século, as idéias tayloristas foram o centro das discussões sobre o trabalho e a mecanização do homem na esfera industrial.

Atualmente, o profissional, para ser bem-sucedido, precisa ter seu lado relacional e comportamental bem trabalhado e desenvolvido, de forma que possa trabalhar com facilidade em equipe, opinar, sugerir e questionar. Esse profissional deve ter como principais qualidades a iniciativa, a proatividade e a capacidade de criar e inovar, mesmo em pequenas e cotidianas ações. Porém, nem sempre foi assim.

No filme Tempos Modernos, estrelado por Charles Chaplin, há clara reprodução, em forma de comédia, de ações que, até poucas décadas atrás, eram extremamente comuns: a fragmentação do produto final numa linha de montagem, determinando àquele que aperta o parafuso do lado esquerdo da peça, fazer apenas isso, com tempo e movimentos bem definidos.

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Esse modelo ainda não é obsoleto, muitas fábricas, como na área da confecção, por exemplo, dispõem de linhas de produção nesses moldes. A costureira da máquina 1 só faz costura reta; da máquina 2 só costura bolso; da máquina 3 só costura zíper. Essa é uma forma de administração denominada científica, baseada no estudo e na padronização de tempo e movimentos e na padronização de ferramentas e instrumentos, resultando na racionalização do trabalho com ênfase na produtividade e, ainda, promovendo minimização do esforço muscular (Maximiano, 2000).

Frederick Winslow Taylor (1856 /1915), com base na tecnologia da época, elencava o trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, separava e criava ou estruturava as formas de efetuá-las, distribuindo-as entre as linhas de produção. As operações eram basicamente manuais e cartesianas e otimizavam o tempo empregado, os materiais utilizados e os movimentos necessários para efetuar cada ação, para que nada fosse desperdiçado.

Nessa mesma época histórica, a escola ensinava fundamentalmente conceitos de obediência, pontualidade e submissão, sem questionamentos ou criticidade. A pedagogia era centrada no professor e na exposição oral, cujos conteúdos e formas de atuação eram por ele determinados. Essa pedagogia esteve presente em todo o século XIX e em grande parte do século XX, situação que, por mais que a educação tenha avançado em seus conceitos, hoje ainda é encontrada em muitas escolas.

A partir de 1913, Henry Ford (em sua fábrica Ford Motors & Co.) instituiu o denominado fordismo, que, apesar de ter muitas semelhanças com o método desenvolvido por Taylor (taylorismo), adotava uma estratégia mais abrangente “de organização da produção que envolve extensa mecanização, com o uso de máquinas-ferramentas especializadas, linha de montagem e de estrutura rolante e de crescente divisão do trabalho.” (Cattani, 2003).

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Esse processo representou uma inovação para a época, pois, a implantação de esteiras na linha de produção e a automação de algumas etapas instituíram novo ritmo ao processo. Neste, o mais importante era seguir o ritmo almejado pela empresa e não o que o funcionário podia oferecer, pois, a movimentação da esteira era alterada por um temporizador e não pelo término da operação por parte do funcionário. Com isso, ele tinha de ajustar seu tempo ao da esteira para que sua etapa na fabricação do produto fosse concluída.

Como princípio, a administração científica de Taylor também se debruçou na busca de eficiência na área de planejamento, implantando cartões de instruções, sistema de pagamento por desempenho e o cálculo de custos. As transformações introduzidas por Taylor geraram o movimento da administração científica, tendo como principais integrantes o próprio Taylor; Gilbreth (estudos de movimentos e de fadiga e de psicologia aplicada); Gantt (proposta de um gráfico e do treinamento profissionalizante) e Münsterberg (psicologia industrial). Esse movimento, ao conjugar as contribuições desses diversos estudiosos, propiciou o desencadeamento da produção em massa, tendo o sistema Ford de produção como ícone do movimento. Com o trabalhador especializado, a linha de montagem instalada e o crescimento da atividade industrial, as tecnologias expandiram-se na perspectiva da sofisticação dos mecanismos de controle e de eficiência, mantendo os mesmos princípios da administração científica (Maximiano, 2000).

Essa abordagem, porém, com o avanço das tecnologias e com a complexidade das relações, mostrou-se rígida e inflexível, dando espaço para as teorias focadas no perfil pessoal e relacional dos trabalhadores, humanizando e democratizando a administração e trazendo à tona novo repertório lingüístico voltado para a área administrativa.

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“Fala-se agora em motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo, etc. Os conceitos básicos de liderança, hierarquia, racionalização do trabalho e departamentalização passam a ser contestados ou criticados (Chiavenato, 1983)”.

A escola também precisou se adaptar a essas transformações. Assim, a pedagogia adotada passou a ser mais crítica, a se preocupar em ensinar a buscar informação, a se atualizar constantemente, reciclando-se, formando cidadãos críticos e com visão global do trabalho e da sociedade capazes de construir conhecimento.

Há necessidade de educar o indivíduo para enxergar os problemas da empresa em horizontes geográficos e temporais mais amplos que o instantâneo, de produzir com eficiência para colocar os produtos no mercado de trabalho (Ferreti, 1994).

Em paralelo com todas essas mudanças no mundo do trabalho e da educação, vem ocorrendo a evolução da tecnologia, apontada aqui (numa visão simples), como o conhecimento mais a técnica. Ela torna possível transformar o que se tem em mente no real. Essa evolução da tecnologia tomou grande impulso com a Revolução Industrial, abrangendo não só objetos ou técnicas, mas também técnicas que interferem na gestão dos processos.

A escola, ao incentivar o aluno a construir conhecimento, a aliar o conhecimento à técnica e ao instigar o aluno por meio de situações-problema e/ou elaboração de projetos, aproxima-o das situações críticas da sociedade e do trabalho, enriquecendo e potencializando o desempenho desse futuro profissional.

O principal impacto das mudanças tecnológicas acontece na composição da força de trabalho. De modo geral, as novas tecnologias demandam trabalhadores mais qualificados. Um bom nível educacional facilita a readaptação da mão-de-obra. Uma educação precária dificulta (Pastore, 1998).

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Mas, como o profissional poderia saber se apresentava, ou não, essas características? Para nortear esse questionamento e auxiliar nessa reflexão, será feita uma exposição sobre o perfil dos profissionais pesquisadores, inovadores e empreendedores.

2. Perfil Profissional

O mundo passou por várias transformações dinâmicas e rápidas e o trabalho não parou. O final do século XX traz a Revolução do Conhecimento e, com ela, novas exigências pessoais e profissionais (Mussak, 2003).

Neste século XXI, o mercado de trabalho busca menos produtividade e mais competitividade, menos informação e mais conhecimento, menos treinamento e mais educação. Assim, surgem novas características do trabalhador para este século.

Mussak (2003) apresenta essas características, vistas pela UNESCO, como qualidades, resumindo-as em oito palavras: flexibilidade, criatividade, informação, comunicação, responsabilidade, empreendedorismo, sociabilização, tecnologia. De forma resumida, ele assim as define:

Flexibilidade: capacidade de agir de acordo com as situações apresentadas, ou seja, adaptação após a percepção das mudanças ocorridas.

Criatividade: capacidade de processar e utilizar as informações de forma original e inovadora, tornando-se o diferencial desejável.

Informação: condição necessária para o avanço em todas as áreas. A educação continuada é essencial para o desenvolvimento humano.

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Comunicação: habilidade para o relacionamento interpessoal necessária e indispensável para a qualidade do atendimento ao cliente e para a integração de grupos de trabalho.

Responsabilidade: exigência do mundo do trabalho em relação às pessoas, pois os cargos e funções estanques estão desaparecendo e estão surgindo postos de trabalho destinados ao cumprimento de tarefas em que a responsabilidade de execução é cada vez mais cobrada.

Empreendedorismo: atributo dos empreendedores pelo qual demonstram sua capacidade de agregar valor ao trabalho mediante ousadia, criatividade e inovação. Qualquer pessoa pode empreender uma ação que vise otimizar, melhorar, agilizar, favorecer, qualificar, com vistas à criação de um mundo melhor.

Sociabilização: capacidade de compreender, respeitar e conectar-se com diferenças culturais, para que se possa interagir globalmente.

Tecnologia: aptidão de aceitar e conviver com as tecnologias emergentes agregando competências pessoal e organizacional.

No entanto, para que seja possível apresentar todas essas qualidades pessoais, há necessidade de ter desenvolvido algumas habilidades básicas como: convivência em sociedade, raciocínio lógico, leitura crítica, expressão verbal e escrita.

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Além, do ambiente social, é a escola que transmite essa bagagem comportamental. Local onde se inicia o convívio com outras pessoas não escolhidas e até então desconhecidas; onde se é obrigado a pensar em coisas abstratas, assimilar conhecimentos muitas vezes sem aplicabilidade imediata, embora estimule o prazer de conhecer novas idéias, novos saberes, formar novo convívio social, repartindo com as pessoas um bom pedaço do dia.

O sistema escolar também proporciona sabores e dissabores nas atividades em sala de aula, sistematizadas por parâmetros não muito claros, mas que, no final, acabam por desenvolver habilidades básicas e cruciais para o futuro.

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dEFINIção, ELABoRAção, E ETAPAS DE UM PROJETOSimone Luzia Maluf Zanon e Thaise Nardelli

1. Definição de projeto

Para se definir projeto, bastaria incluir um dos tantos conceitos elaborados por autores tão qualificados, quanto Heloísa Lück (2003, p. 27): “Entende-se por projeto, neste contexto, como um conjunto organizado e encadeado de ações de abrangência e escopo definidos, que focaliza aspectos específicos a serem abordados num período de tempo, por pessoas associadas e articuladoras das condições promotoras de resultados, com um determinado custo”.

Sua clareza e objetividade bem expressam o cotidiano de quem já está disciplinado a pensar de forma empreendedora, ou seja, de quem sabe o que quer, estabelece metas para consegui-lo, seleciona meios e recursos para serem as possibilidades de execução, determina prazos e constitui parâmetros de qualidade para avaliar os resultados. Esse é o conteúdo básico da elaboração de um projeto.

PARtE I

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Simone Luzia Maluf Zanon | Thaise Nardelli

À feição dos jornalistas, podem-se estabelecer questões, cujas respostas facilitam os alicerces de um projeto, senão, observe-se:

O que se deseja? Definir o objeto almejado.

Por que? Justificar o empreendimento.

Para que? Definir os objetivos a serem atingidos.

Como? Selecionar pessoas capazes de empreender e realizar; estabelecer formas de trabalho, das atividades necessárias, de escolha e utilização dos recursos.

Quando? Determinar prazos para cada etapa de execução cuja flexibilidade viabilize sua execução sem comprometer os resultados.

Onde? Definir locais adequados e necessários.

Valeu a pena? Realizar avaliação criteriosa dos erros e acertos para se garantir resultados profícuos e positivos.

Assim descrito pode parecer simples, no entanto, as tarefas vão assumindo características cada vez mais complexas e amplitudes muitas vezes inesperadas diante do novo, que vai se configurando. Podem demandar adaptações e correções de rumo, porque podem surgir eventos de maiores proporções e esse é o maior desafio das inovações: lidar com o desconhecido que vai se apresentando e concretizá-lo com habilidade e qualidade nesse processo criativo que produz o novo.

As etapas do ciclo vital de um projeto podem ser representadas por suas principais atividades (grupos de processos):

Iniciação/Concepção:

a. identificação de necessidades e/ou oportunidades;

b. caracterização e definição da situação-problema;

c. determinação dos objetivos e metas a serem alcançados;

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d. análise do ambiente do problema;

e. definição do escopo (produto ou subproduto do projeto);

f. análise dos recursos disponíveis;

g. avaliação da viabilidade dos objetivos;

h. estimativa dos recursos necessários;

i. elaboração da proposta do projeto.

Execução, Controle e Conclusão:

Planejamento: fase de estruturação e viabilização operacional do projeto; garantia da consistência entre os objetivos estabelecidos e os recursos disponíveis. Destacam-se como atividades pertinentes:

a. detalhamento das metas e objetivos a serem alcançados;

b. definição do gerente do projeto;

c. programação das atividades e elaboração de cronograma para a execução das atividades previstas;

d. determinação dos resultados tangíveis a serem alcançados durante a execução do projeto;

e. programação dos recursos financeiros, humanos e materiais;

f. delineamento dos procedimentos de acompanhamento e controle do projeto;

g. estruturação do sistema de comunicação.

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Execução: fase de realização de todas as projeções contidas no documento denominado projeto, cujas principais ações a serem efetivadas se apontam:

a. verificação do escopo;

b. comunicação entre os participantes do projeto;

c. disponibilidade de recursos;

d. mobilização das equipes, materiais e equipamentos;

e. controle da qualidade dos procedimentos;

f. monitoramento do emprego dos recursos;

g. geração e reprogramação de atividades necessárias.

Controle: as ações desta fase devem garantir proativamente às ações previstas acontecerem como projetado; e às imprevistas serem avaliadas e incluídas, ou não, ao projeto permitindo correções e redefinição de rotas. (Menezes, 2003, p. 196), por meio de:

a. monitoramento dos processos, ou seja, acompanhamento físico de sua execução;

b. análise das distorções,

c. apresentação de soluções;

d. replanejamento do projeto, se necessário.

Conclusão: fase final do projeto, que consiste na certeza de que todas as metas foram atingidas; momento da avaliação do desempenho final, com base nos indicadores estabelecidos.

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2. Características

Os projetos podem ser elaborados para se solucionar uma situação-problema, consistindo basicamente em transformar idéias em ações, de imediato, a curto, médio ou a longo prazo. Dessa forma, torna-se um documento em que se descreve tudo que é necessário para o desenvolvimento de atividades a serem executadas com o fim de se alcançar objetivos num determinado tempo.

O conhecimento técnico da elaboração de um projeto tem sido exaustivamente estimulado pelas escolas do SENAI, refletindo-se em toda atividade empreendedora fomentada na atualidade nacional e globalizada, exemplificadas pelos hotéis inovadores, pelas incubadoras, pelas redes e parques tecnológicos, pelo estímulo ao empreendedorismo.

As principais características de um projeto, segundo Vargas (2003, p. 15), são a temporalidade (início, meio e fim), individualidade do produto ou serviço a ser desenvolvido (garantia de inovação), complexidade (clareza dos objetivos, condução das atividades, emprego dos recursos) e acrescente-se a mobilidade de certos parâmetros (prazos, custos, pessoal, material e equipamento e qualidade), constantemente revisados.

Para Lück (2003, p.70/80), projetos que funcionam apresentam características importantes para os resultados finais, tais como:

Clareza: percepção clara do foco do projeto; linguagem simples; não detalhar mais do que o necessário.

Objetividade: percepção e descrição da realidade.

Especificidade: delimitação do foco sem utilizar questões genéricas.

Visão estratégica: previsão de fatos; busca de resultados positivos e não apenas de possíveis.

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Aplicabilidade: condições de viabilidade; projetos executáveis.

Criatividade: olhar novo sobre a realidade; atribuição de diferencial competitivo.

Flexibilidade: capacidade de lidar com imprevistos e de realizar adaptações e redirecionamentos.

Consistência: boa fundamentação, aprofundamento teórico-conceitual dos componentes.

Coerência: estabelecimento de unidade temática em todos os segmentos do projeto; objetivos coerentes ao problema, à metodologia e às demais etapas.

Globalidade: relação equilibrada entre o todo e as partes.

Unidade: vínculo entre os elementos conceituais; superação de dicotomias, fragmentações;

Responsabilização: estabelecimento de responsabilidades dos participantes, orientando suas ações para o foco principal.

2.1 Limites entre rotina e projeto

Segundo Menezes (2003), no caso de uma solução-padrão, a empresa utiliza abordagens metodológicas e ferramentas específicas para sua implantação e, no caso de uma solução inovadora, procede-se a uma análise como se a solução a ser implementada fosse por meio de um projeto.

Vargas (2003, p.16), contudo, é incisivo e claro: todo projeto tem início, meio e fim; um projeto que não tem término não passa de uma rotina.

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O ambiente global e competitivo em que as organizações se encontram caracteriza-se por forte dinamismo e, em decorrência, torna-se necessário que as empresas desenvolvam capacidade de mudança para adaptar-se a esse cenário, bem como de adotar postura estratégica de alteração de seus processos, padrões administrativos, habilidades de negociação, entre outros.

O continuum característico da existência dos homens e das empresas (estas, justamente, para atenderem às necessidades constantemente emergentes dos homens) demanda inovação, e, como os projetos se demonstram estratégias vitais para esse processo, requerem, portanto, projetos inovadores em todos os setores vivenciais humanos; o fulcro da própria educação deveria contemplar também o futuro, em vez de privilegiar tanto o passado.

O gerenciamento de projetos se confirma como chave para o crescimento e o sucesso organizacional, configurando-se ferramenta gerencial, por meio da qual a empresa desenvolve o conjunto de habilidades destinado ao controle de seus projetos, obedecendo aos fatores predeterminados como tempo, custo, qualidade e demais inerências.

De acordo com o texto A Guide to the Project Management Body of Knowledge (Edition, 2000), o gerenciamento de projetos é composto por cinco grupos de processos: iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento e em nove áreas do conhecimento, todas decorrentes do Gerenciamento da Integração; do Escopo; do Tempo; dos Custos; da Qualidade; dos Recursos Humanos; da Comunicação; dos Riscos e dos Fornecimentos de Bens e Serviços do Projeto.

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2.2 Finalidades, utilidades e benefícios

Os projetos podem ser utilizados em toda e qualquer área do conhecimento, bem como no cotidiano pessoal de cada indivíduo. Sua utilidade está exatamente no planejamento de ações de forma sistemática e útil em busca da excelência em um ramo de atividade, em um setor educacional, em um evento simples e cotidiano.

Para citar um expoente, eis o que Perrenoud (1994) afirma: A competência não pertence ao mundo empresarial, nem ao mundo do trabalho, mas se faz presente em toda ação humana, seja individual ou coletiva.

A disciplina de execução de um projeto leva a quem dele se serve a racionalizar a própria vida em termos de identificar tarefas para a obtenção do objeto almejado; de estabelecer limites para as próprias pretensões; de autoconhecimento das reais possibilidades e, principalmente, de estímulo para buscar soluções viáveis e para a diversidade situacional encontrada no âmbito vivencial relativa à conflitante relação entre interesses e poder. Portanto, ensinar a empreender é ensinar não apenas a viver, mas, principalmente, a conviver.

Na área educacional, os projetos constituem não apenas referencial para o desenvolvimento de competências, mas um instrumento de trabalho necessário e organizador das atividades dos professores, sejam de perspectiva anual, mensal ou até mesmo diária.

Nas empresas, os projetos marcam um referencial competitivo, uma procura de produtos e serviços marcados pela qualidade e eficiência. Para atender às exigências da clientela são necessários profissionais com capacidade de prever prazos e custos das atividades, bem como os riscos inerentes e, muito mais, capazes de tomar decisões de amplitudes ecológicas e humanísticas em busca do melhor para o ser humano, do justo e do ético.

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Nas escolas de objetivos profissionalizantes muito mais se faz sentir a premência desses objetivos, pois, ensinam os alunos a pensarem, a agirem e decidirem, além de promover a mobilização de saberes e conhecimentos adquiridos, desenvolver a cooperação, a inteligência coletiva, a autonomia, a capacidade de fazer escolhas e de negociá-las. Os projetos têm sido utilizados como referencial, tanto nas escolas, como nas empresas.

Projetar e realizar (empreender, enfim) constituem-se atividades que expressam a razão de ser da vida, porque esta é a obra máxima dos homens no âmbito planetário e, quiçá, galáctico.

A segunda parte deste livro é exemplo concreto de que a pedagogia de Projeto promove a interação do aluno com o meio, possibilitando oportunidades de experiências nas diversas áreas do conhecimento e de promover o desenvolvimento das múltiplas inteligências.

A sobrevivência dos profissionais e de uma empresa na atualidade está intimamente vinculada à capacidade de produzir o novo e de com ele conviver, como na experiência dos instantes da vida em constante mutação e infinita criação.

Ao organizar idéias, projetando-as num papel e transformando-as em um projeto, estar-se-á sistematizando todo o trabalho em objetivos a alcançar, em etapas a serem cumpridas, em meios a serem utilizados, em recursos necessários e, principalmente, em avaliação dos resultados.

Com isso, as pessoas vão desenvolvendo habilidades e atributos que igualmente vão transformando-as em seres cada vez mais evoluídos e preparados para a grandeza da vida. E assim também serão suas criações.

Dessa forma, ensinando a acompanhar os passos principais da elaboração e da execução de um projeto, como tantos outros próprios da vida comum (projetos de estudo, de uma viagem, de trabalho e assim por diante), a educação oferecerá à sociedade profissionais de alto gabarito e pessoas de magnitude existencial. Essas pessoas, sendo capazes de viver

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com dignidade situações políticas, culturais, associativas, econômicas, profissionais, demonstrarão a formação ética de verdadeiros cidadãos, de seres universais e fraternos.

2.3 Importância da Gestão

Ao se falar sobre gestão de projetos ou gerenciamento de projetos, pretende-se enfatizar a importância desses instrumentos dentro das organizações, a necessidade deles e suas características.

A globalização exige potencial competitivo e para que uma organização mantenha sua expressividade no mercado, ela necessita de ser vista como detentora dessa vantagem competitiva. Isso está em sua capacidade de formular e implementar estratégias em concorrências que permitam sua atuação e sustentabilidade no mercado (Coutinho, apud Gomes; Braga, 2001).

A estratégia empresarial deve ser entendida como um conjunto de diretrizes utilizadas para o alcance de seus objetivos, o que conseqüentemente gera o planejamento estratégico, por antecipar acontecimentos permitindo que sejam implementadas ações destinadas a obter os resultados almejados em relação aos objetivos organizacionais.

Os projetos, segundo Esteves (2005 , p. 47), são parte integrante do processo decisório do planejamento organizacional, pois atuam como realimentadores e, assim, devem estar vinculados aos objetivos e metas da empresa. Ao verificar viabilidades, passa a ser um modelo da realidade.

Como as organizações se encontram cada vez mais orientadas ao melhoramento contínuo de seus processos, sempre visando ao empreendedorismo e conseqüente competitividade, o planejamento estratégico deve ser permanentemente acompanhado e revisado. Demanda, portanto, sua composição por inúmeros projetos como: melhoria de produtos, criação e desenvolvimento de produtos, melhorias internas, mudanças organizacionais,

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gestão estratégica, entre outros. Ou seja, fica explicitado que a utilização de projetos torna-se útil estratégia de transformação da realidade.

As práticas embasadas no habitual, apegadas ao modo vigente e costumeiro de fazer as coisas (à semelhança do prejudicial comodismo), evidenciam-se extremamente limitadas, pobres, conservadoras e caracterizadas pelo desperdício. A perspectiva da realidade dinâmica, marcada pelas constantes transformações das instituições, das empresas e das pessoas, em busca do novo e do diferencial competitivo gera propulsão e energia. A ótica futurista focaliza, portanto, de forma prospectiva e estratégica, a possibilidade de criação de uma nova realidade pela realização de projetos inovadores e, por isso, empreendedores.

2.4 Papel do Gerente de Projetos

Fundamental em todo o ciclo de vida do projeto, é seu acompanhamento pela gerência ativa, cujo objetivo, segundo Menezes (2003), é estabelecer o seu controle, assegurando o cumprimento dos prazos e orçamento determinados, conduzindo à sua conclusão com a qualidade almejada.

A principal responsabilidade do gerente do projeto, segundo Esteves (2005), é fazer com que o projeto alcance a meta para a qual foi proposto, apresentando as seguintes habilidades de:

boa comunicação: saber ouvir e persuadir;

organização: planejar, estabelecer metas, analisar;

formação de equipes: demonstrar empatia, criar motivação;

liderança: estabelecer exemplos positivos, evidenciar energia, ser proativo, saber delegar;

convivência: ser flexível, criativo, paciente, persistente;

aptidão técnica: possuir experiência e conhecimento em projetos.

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Para desempenhar o papel de gerente, ou de integrante de equipes de projeto, as pessoas devem assimilar compreensão básica dos processos e das áreas de conhecimento comuns a todos os tipos de planejamentos.

2.5 Benefícios do Gerenciamento de Projetos

Desde que bem planejados, controlados e geridos de forma adequada, os projetos proporcionam às empresas e respectivos empreendedores obter os resultados almejados.

Assim, o gerenciamento de projetos não é restrito a projetos gigantescos, complexos e de alto custo, ele pode e deve ser aplicado em empreendimentos de qualquer complexidade, tamanho, orçamento e linha de negócios.

Ao utilizar metodologias estruturadas, permite-se, ainda, desenvolver diferenciais competitivos e novas técnicas e adaptar os trabalhos ao mercado consumidor e aos clientes. A proatividade emerge como fundamental para essa atuação do gerente e depende da estruturação do projeto permitir ações preventivas e corretivas antes que essas situações se tornem um problema.

Alguns projetos podem não obter sucesso e as principais causas, segundo Vargas (2003), podem decorrer do mau estabelecimento de metas e objetivos. Podem ser essas causas: a inclusão de muitas atividades e pouco tempo para sua realização, sistema de controle inadequado, estimativas financeiras pobres e incompletas, dados insuficientes e inadequados, falta de integração dos agentes do projeto, falta de conhecimento necessário para a execução das atividades planejadas, gerenciamento inadequado ou inexistente.

Uma das fases cruciais, portanto, de um projeto, além de seu planejamento, é o seu controle. Conforme afirmação de Verzuh (1998, p. 107.) “o maior desafio da gestão de projeto é fazer a coisa certa no tempo certo.”

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2.6 Tipos de projeto

Em Esteves (2005, p.17), encontra-se uma lista adaptada de projetos, baseada em Casarotto Filho (1999), que classifica projetos em três áreas: prestação de serviços, industrial e de infra-estrutura, apresentadas a seguir.

a. Projetos da área de prestações de serviços, que são associados:

Assistência técnica: à solução de problemas de engenharia que compreendem coleta, interpretação e análise de dados e informações, seguidos de preparação de relatório conclusivo e com recomendações.

Estudos técnicos: ao aperfeiçoamento e/ou desenvolvimento de tecnologias ou de outros estudos, inclusive os de natureza multidisciplinar, cuja finalidade seja definir a viabilidade técnica e/ou econômica de uma tecnologia ou de um empreendimento.

Projetos de engenharia: à elaboração de um conjunto de documentos, constituído de especificações, lista de materiais e desenho de detalhes. Esses indicam, esclarecem e justificam todos os critérios de dimensionamento, hipóteses de cálculos técnicos, de execução e custos de uma utilidade física (unidade ou sistema).

Compras técnicas: ao cadastramento de fabricantes; seleção de equipamentos, máquinas, componentes, materiais de construção, etc.; preparação de documentos de licitação; coleta e avaliação de propostas; contratação e efetivação de compras; expedição e armazenamento no canteiro; obtenção, registro e recuperação de catálogos, desenhos, dados de desempenho e demais.

Construção e montagem: à execução propriamente dita de obras civis, instalações e montagem industrial.

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Gerência de projetos: ao planejamento e controle efetivos, permitindo que todas as fases de execução do empreendimento sejam realizadas de modo a se atingir os objetivos quanto a qualidade, funcionalidade e segurança dos respectivos projetos, dentro do cronograma e orçamento previstos.

Serviços especiais: à aerofotogrametria, geomorfologia e geodésia, topografia e batimetria, oceanografia, geotecnia, hidrotecnia e outros.

Desenvolvimento de software: à análise, projeto (design) codificação e teste de programas e tecnologias de computador.

Pesquisa e desenvolvimento: à pesquisa e tecnologias em instituições públicas ou privadas.

Pesquisas de mercado: à determinação da demanda de um produto por segmentos do mercado.

Campanhas publicitárias: à elaboração, desenvolvimento e execução de campanhas publicitárias de lançamento de um produto ou serviço, em agências de publicidade, explorando o segmento de mercado a que se destina.

b. Projetos da área de indústria, referentes a:Implantação, reforma e ampliação: projetos de engenharia, compras técnicas, construção e montagem, gerenciamentos de projetos e outros.

Manutenção de máquinas, equipamentos e sistemas: manutenção corretiva ou preventiva, efetuadas de maneira programada.

Lançamento de novos produtos: pesquisa de mercado, estudos de engenharia, projeto de produtos, compras técnicas, campanha publicitária, fabricação e montagem e demais.

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Produção sob encomenda: compras técnicas, fabricação e montagem de produtos, conforme especificações, prazo e preço previamente determinados.

Desenvolvimento e implantação de sistemas computacionais: de análise, design, codificação, testes e implantação de sistemas computacionais.

Pesquisa e desenvolvimento: pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, processos e tecnologias, executadas em departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

c. Projetos de infra-estrutura, destinados a:Saneamento: distribuição ou captação, estações de tratamento, estações de recalque, emissários oceânicos e demais.

Edificações: hospitais, terminais de transporte, silos de armazenagem, conjuntos habitacionais e outros.

Transporte: aeroportos, portos, terminais, rodovias, ferrovias, túneis, pontes e outros.

Planejamento urbano e regional: estudos locais, sistemas de transporte, recursos naturais, distritos industriais, núcleos habitacionais e outros.

Energia: geração convencional (hidro, termo e nuclear); geração não convencional (biomassa, solar, eólica), subestações, transmissão, distribuição e demais.

Comunicações: sistemas de transmissão (rádio, tv, dados), centrais de comutação (telefone, dados), redes telefônicas (cabos e dutos), etc.

Encontram-se, na literatura pertinente, outras classificações, que incluem, ou excluem, ou ainda complementam os anteriormente citados e pode-se afirmar que todos os tipos

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de projetos são destinados a uma finalidade, ou seja, algum tipo de implementação, adaptação, inovação, construção, pesquisa, desenvolvimento e assim por diante.

Deve-se ressaltar que um projeto se destina a solucionar algum tipo de necessidade, problemática ou não, o que equivale a dizer que alguém necessita de algum produto ou serviço e que deve e pode ser atendido. Cabe aos especialistas em geração, elaboração, execução e gerenciamento de projetos buscar esse atendimento obtendo-se, na maioria das vezes, a solução ideal decorrente de propostas inovadoras.

2.7 Projetos Inovadores

Diferente dos tradicionalmente formais, elaborados somente para legitimar decisões já tomadas, os projetos inovadores estão, no bom sentido, revolucionando a área de empreendedorismo, encontrando na inovação o estímulo para a criação, desenvolvimento e obtenção dos benefícios advindos da inteligência do homem e das suas competências na construção de uma humanidade cada vez mais centrada no ecológico, no ético e no saudável, em prol do bem comum de seus membros.

Heloísa Lück (2003, p. 26.) faz na obra citada uma abordagem sobre projetos, como orientação articulada de inovação, melhoria e transformação:

“ Considerando que toda situação de trabalho e dinâmica é inter-relacionada a múltiplos fatores, deve-se entender a elaboração de projetos como um processo de resolução de problemas e criação de novas e melhores situações, processo esse igualmente complexo, dinâmico e interativo e que envolve atores, como agentes transformadores.”

Com base nessa abordagem de Lück, obtêm-se algumas palavras-chave para caracterizar projetos inovadores: criação; nova; dinâmico; interativo; transformadores. Portanto, pode-se concluir que projeto inovador é aquele

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capaz de transformar, inovar, causar algum tipo de impacto, proporcionar soluções ainda não pensadas.

Frente à multiplicidade de fenômenos sociais que vêm redefinindo as relações internacionais promovendo crescente globalização no âmbito da economia, cultura, religião, tecnologia, educação, acaba-se assumindo inovação como sinônimo de competitividade. Dessa capacidade de lançar novos produtos e serviços com maior velocidade, menor custo e com maior segurança no atendimento às necessidades do mercado, as empresas são lançadas no rol da competitividade e no alcance do mercado externo cada vez mais amplo.

Observa-se que a conceituação dessa competitividade desvia-se do embate entre pessoas, empresas, países para se localizar no diferencial inovativo da capacidade empreendedora do ser humano.

Assim, a aquisição de novos conhecimentos, a busca permanente de atualizações, o processo de aprendizagem continuada contribuem para o pensar inovativo, para gerar idéias, para o ser criativo. Segundo Bastos (1991, p.74.), a aprendizagem é “um meio de preparar o indivíduo para enfrentar situações novas e é requisito indispensável para a solução de problemas globais”.

As instituições de ensino, tanto regulamentares, como profissionalizantes, ao compreenderem o processo de inovação necessário no contexto globalizado e competitivo, estão repensando sua organização curricular. Por possibilitar que o processo ensino-aprendizagem se torne mais dinâmico, interdisciplinar, flexível, atualizado constantemente e apresente concentração de atividades que estimulam a criatividade e o empreendedorismo, a aprendizagem por projetos tem sido excelente opção para a organização curricular.

As empresas já se conscientizaram de que promover a inovação tornou-se imprescindível para aumentarem sua competitividade e rentabilidade, mas que ainda precisam

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ter competência para inovar. Isto exige qualificação de seus recursos humanos, planejamento, equipes multidisciplinares, ferramentas diferenciadas de gestão, entre outros fatores.

Mochkalev e Pimenta (2001, p. 49.) consideram alguns aspectos importantes para criar condições necessárias para inovação em uma empresa. O primeiro é o clima organizacional, compreendendo o ambiente de trabalho e a motivação da equipe. O segundo trata das recompensas adequadas, as quais estimulam a criatividade individual e coletiva. Por fim, a seleção de pessoal, o treinamento do potencial criativo, da iniciativa, da autonomia e da capacidade de trabalhar em equipe.

Apresentam-se, também (idem, p.56), alguns fatores condicionantes de clima favorável à inovação numa empresa, quais sejam: a) tolerância: para as idéias e as atitudes novas (mesmo ainda não bem formuladas) e para os possíveis erros; b) estímulos: para desenvolvimento de flexibilidade intelectual e liberdade na busca de soluções novas; para a propagação de idéias novas dentro das empresas, mediante vários canais de comunicação, voltados para a interação dos funcionários (especialmente, pessoas com acentuado potencial criativo); c) incentivos e treinamentos para trabalhar eficientemente em equipes.

Outros autores se pronunciam a respeito, evidenciando as vantagens advindas. Para Staub (2001, p.5), “não resta dúvida de que a economia contemporânea se move em função da geração e incorporação de inovações. Com efeito, inovar tornou-se a principal arma de competição entre empresas e entre países”.

Logo, ao se ter em mãos todo trabalho que vem sendo desenvolvido, pode-se verificar que a formação desses profissionais não compete somente às instituições de ensino profissionalizante, ou de ensino superior. Trata-

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se da formação holística do indivíduo nos níveis pessoal, social e profissional. Assim, a responsabilidade por sua formação é da escola, desde as séries iniciais, priorizando o desenvolvimento da criatividade, com vistas a estimular a habilidade de inovação.

3. Características da Inovação1

O conceito de inovação, conforme tratado nesta exposição, contempla a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou sistemas não existentes anteriormente ou com alguma característica nova e diferente da até então em vigor. (Guimarães, 2000).

Da mesma forma com que se aceitam as afirmações de Longo (1996), quando define que inovação significa a solução de um problema tecnológico, utilizada pela primeira vez, descrevendo o conjunto de fases que vão desde a pesquisa básica até o uso prático, compreendendo a introdução de um novo produto no mercado, em escala comercial tendo, em geral, fortes repercussões socioeconômicas.

Lemos (2000) vai mais adiante, ao falar de inovação incremental, esclarecendo tratar-se da introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na estrutura industrial.

Por outro lado, a FINEP (2000) concebe a inovação para o desenvolvimento social definindo-a como a criação de tecnologias, processos e metodologias originais, que possam vir a se constituir em propostas de novos modelos e paradigmas para o enfrentamento de problemas sociais, combate à pobreza e promoção da cidadania.

Percebe-se, pelos conceitos acima, que a inovação permeia todos os aspectos sociais, econômicos e organizacionais. Assim, visando

1 Colaboraram, nesta seção, Maricilia Volpato e Gilson B. Fonseca.

2 O Manual de Oslo é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria. está disponível para download no site www.pr.senai.br/inova

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promover um conjunto de definições coerentes e universais sobre os distintos tipos de inovação e atividades de inovação, o Manual de Oslo (2004)2 apresenta as seguintes definições internacionalmente aceitas e comparáveis e dele extraídas.

Em sua página 54, o Manual de Oslo (2004) define Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos (TPP), como:

“(...) compreendem as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. uma inovação TPP é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo). uma inovação TPP envolve uma série de atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. uma empresa inovadora em TPP é uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou com substancial melhoria tecnológica durante o período em análise”.

Importante salientar que o referido Manual indica como exigência mínima que o produto ou processo deve ser novo para a empresa, não exigindo ser necessariamente novo para o mundo, utilizando o termo produto tanto para bens, como para serviços. Dessa forma, os principais componentes das Inovações TPP são discriminados nesse documento entre produtos e processos e por grau de novidade da mudança introduzida em cada caso e inclui inovações relacionadas com atividades primárias e secundárias, bem como inovações de processos em atividades consideradas ancilares.

Podem-se resumir os preceitos contidos no Manual de Oslo (2004), sobre o grau de novidade de uma inovação e sobre suas variáveis em termos técnicos ou de mercado (Manual de Oslo, p.55/56), da seguinte forma:

a. Produtos novos: características tecnológicas ou usos pretendidos que diferem daqueles próprios dos produtos já disponíveis. “Podem envolver tecnologias radicalmente

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novas (ex: primeiros microprocessadores), podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos (ex: primeiro toca-fitas portátil), ou podem ser derivadas do uso de novo conhecimento”.

b. Produtos aprimorados: desempenho significativamente aperfeiçoado ou elevado efetuado em produto existente (em termos de melhor desempenho ou menor custo), pela introdução de componentes (introdução de freios ABS nos carros) ou materiais de desempenho melhor (substituição por plástico nos equipamentos de cozinha), ou um produto complexo, que consista em vários subsistemas técnicos integrados, aprimorado por modificações parciais em um dos subsistemas.

c. Processos inovadores: adoção de métodos de produção novos (ex: novo método de p urificação de água para uso doméstico, como água potável), ou significativamente melhorados (ex: auxílio de softwares integrados para planejamento e controle da produção); incluindo métodos referentes a mudanças no equipamento (ex: mecânico para eletrônico) na organização da produção (ex: de registros manuais para computadorizados).

O resultado da adoção de processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado deve ser significativo em termos do nível e da qualidade do produto ou dos custos de produção.

As inovações tecnológicas em processos são definidas no Manual (p.56) como:

“a adoção de métodos de produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso de novo conhecimento. Os

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métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar a produção ou eficiência na entrega de produtos existentes”.

Outra importante orientação apontada no Manual é a de que, em algumas indústrias de serviço, a distinção entre processo e produto pode ser nebulosa. O documento apresenta alguns exemplos a que o leitor interessado poderá dedicar-se melhor. Um deles refere-se à introdução de sistemas de transmissão digital em empresas de correio e telecomunicações. Essa inovação gerou simplificação nessa rede pela redução de níveis, com o uso de menos centrais de comutação, mas em nível de automação mais alto.

Podem-se classificar as demais inovações, desde que contemplem os requisitos de novidade, diferenciação e utilidade ou aplicabilidade, ou seja, desde que o cerne da inovação possa ser identificado pela sua utilidade e geração de valor. Uma criação sem utilidade não é inovação é invenção (Simantob; Lippi, 2003). Podem-se ter inovações em design (ex: caixa de sabão em pó com dosador ou estação de trabalho ergonômica); inovações em gestão (ex: Embraer, com a gestão de projetos articulados por contratos de redes de parceiros); ou inovações em negócios (ex: Monsanto, com o desenvolvimento da biotecnologia agrícola).

Observem-se, assim, as seguintes classificações:

a. por tipo de novidade em termos de mercado:

nova apenas para a empresa;

nova para a indústria no país ou para o mercado em que a empresa opera;

nova no mundo.

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b. pela natureza da inovação:

aplicação de descoberta científica revolucionária;

substancial inovação técnica;

melhoria ou mudança técnica;

transferência de técnica para outro setor;

ajuste de um produto para novo mercado.

Essas distinções são úteis na elaboração de projetos e auxiliam na sua classificação perante editais de fomento (que subsidiarão os projetos aceitos); na apresentação de projetos em bancas examinadoras (projetos de conclusão de cursos de Aprendizagem Industrial, Técnicos, Tecnólogos, Graduação, Mestrados, Doutorados e outros); ou para projetos aplicados a situações empresariais. Esses conceitos também são exigidos em editais de chamada de projetos em pré-incubadoras, hotéis tecnológicos e incubadoras.

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PROJETOS NA ESCOLASimone Luzia Maluf Zanon e Thaise Nardelli

A utilidade da aplicação da pedagogia de projetos vem se evidenciado por resultados não apenas surpreendentes, mas de reais benefícios no processo ensino/aprendizagem, mormente nas escolas de ensino profissionalizante.

1. Ensino por projetos versus aprendizagem por projeto

Para se iniciar esta explanação sobre projetos na escola, é interessante expor alguns pontos de vista e alinhar alguns pensamentos. Parte-se, desse modo, do questionamento sobre a possibilidade de haver ensino sem aprendizagem.

Parece claro e lógico que, se há alguém ensinando, há alguém aprendendo, ou que, quando se ensina algo a alguém, esse indivíduo absorve boa parte do assunto tratado, mas, na prática, no dia-a-dia, essa concepção apresenta mudanças.

Se, em sala de aula, o docente projetar o conteúdo no quadro branco por intermédio de um aparelho multimídia, um aluno

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com dificuldades visuais, ainda não identificadas pela família ou pelo docente, poderá não conseguir acompanhar o ritmo da turma, nem aprender da mesma forma que os demais.

Partindo-se de um exemplo bem simples, todos podem sempre relembrar de alguma situação de aprendizagem em sala de aula. Duas pessoas nem sempre aprendem exatamente de igual maneira, nem apresentam facilidade de aprender os mesmos assuntos.

Thomas Armstrong, em seu livro Inteligências Múltiplas em Sala de Aula, descreve que, cada indivíduo possui oito inteligências, algumas mais desenvolvidas, outras menos, que lhes facilitam a aprendizagem mediante situações ou estímulos com os quais suas inteligências mais desenvolvidas se identificam. As oito inteligências, segundo Armstrong (2001), podem ser resumidas, conforme segue:

Inteligência lingüística: capacidade de utilizar as palavras de forma efetiva, quer oralmente (ex. contador de histórias, orador ou político), quer escrevendo (ex. poeta, dramaturgo, editor ou jornalista). Essa inteligência inclui a capacidade de manejar a sintaxe ou a estrutura da linguagem, a semântica ou os significados das palavras. Alguns desses usos incluem a retórica (usar a linguagem para convencer os outros a seguirem um curso de ação específica). A mnemônica (usar a linguagem para lembrar-se de informações), a explicação (para informar) e a metalinguagem (usar a linguagem para falar sobre ela mesma).

Inteligência lógico-matemática: capacidade de usar os números de forma efetiva (ex. matemático, contador ou estatístico) e para raciocinar bem (ex. cientista, programador de computador ou lógico). Essa inteligência inclui sensibilidade a padrões e relacionamentos lógicos, afirmações e proposições, funções e outras abstrações relacionadas aos tipos de processo usados a serviço da inteligência lógico-matemática: categorização,

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classificação, inferência, generalização, cálculo e testagem de hipóteses.

Inteligência espacial: a capacidade de perceber com precisão o mundo óptico-espacial (caçador, escoteiro ou guia) e de realizar transformações sobre essas percepções (decorador de interiores, arquiteto, artista ou inventor). Essa inteligência abrange a sensibilidade à cor, linha, forma, configuração e espaço e as relações entre esses elementos. Ela inclui a capacidade de visualizar, de representar graficamente idéias visuais ou espaciais e de orientar-se apropriadamente em uma matriz espacial.

Inteligência corporal-cinestésica: perícia no uso do corpo todo para expressar idéias e sentimentos (ator, mímico, atleta, dançarino) e facilidade no uso das mãos para produzir ou transformar coisas (artesão, escultor, mecânico ou cirurgião). Essa inteligência inclui habilidades físicas específicas, tais como coordenação, equilíbrio, destreza, força, flexibilidade e velocidade, assim como capacidades perspectivas e hápticas.

Inteligência musical: capacidade de perceber (aficionados por música), distinguir (crítico de música), transformar (compositor) e expressar (musicista) formas musicais. Essa inteligência inclui sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia e timbre de uma peça musical, apresentando entendimento figural ou geral da música (global intuitivo), ou entendimento formal, detalhado (analítico técnico), ou ambos.

Inteligência interpessoal: capacidade de perceber e fazer distinções no humor, nas intenções, nas motivações e nos sentimentos das outras pessoas. Isso pode incluir sensibilidade a expressões faciais, voz, gestos, à capacidade de discriminar diferentes tipos de sinais interpessoais e de responder efetivamente a esses sinais de maneira pragmática (influenciar um grupo de pessoas a seguir a mesma linha de ação).

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Inteligência intrapessoal: autoconhecimento e capacidade de agir adaptativamente com base nesse conhecimento. Essa inteligência inclui possuir precisa imagem de si mesmo (das próprias forças e limitações), consciência dos estados de humor, intenções, motivações, temperamento e desejos e a capacidade de autodisciplina, auto-entendimento e de auto-estima.

Inteligência naturalista: perícia no reconhecimento e classificação das numerosas espécies (da flora e da fauna) do meio ambiente do indivíduo. Inclui também sensibilidade a outros fenômenos naturais (formação de nuvens e montanhas) e, no caso das pessoas que cresceram num meio ambiente urbano, a capacidade de discernir entre seres inanimados como: carros, tênis e capa de discos musicais.

Após essas ponderações sobre inteligências múltiplas, observe-se que cada integrante de uma turma escolar apresenta uma combinação diferente dessas inteligências, em diferentes estágios de desenvolvimento, sendo essa combinação única, peculiar a cada indivíduo.

Essa combinação é um dos fatores a possibilitar que, em um trabalho em equipe, alguém goste mais de pesquisar, outro de apresentar o trabalho para a turma e outro, ainda, de entrevistar pessoas na rua. Inclusive, ainda, possibilitar a alguns aprenderem melhor, quando o professor coloca uma música, e a outros, quando a explanação do tema é oral, ou quando têm de pesquisar na biblioteca da escola. Por isso, não se pode afirmar que, em uma mesma aula, todos os alunos aprenderam todas as partes do assunto tratado, da mesma forma.

O papel do professor, nesse processo, é o de alternar as diversas estratégias didáticas, conjugando-as, ou não, para garantir que toda a turma aproveite ao máximo seus ensinamentos.

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O aluno, por sua vez, também desenvolve importante papel nesse processo, pois, ele deve ser um parceiro do professor na escolha do melhor processo e participante ativo na aprendizagem. Além de ajudar o professor, por meio do diálogo e do interesse, a descobrir as potencialidades de cada aluno, deve antes se conhecer, perceber e identificar suas facilidades e seus pontos fracos e ainda buscar complementar aquilo que aprendeu.

Veja-se um exemplo prático: o docente, todo empolgado e enfático, chega à sala de aula dizendo que, a partir daquele dia até a semana seguinte nas aulas de ciências, a turma irá trabalhar com o projeto solo, ou com o projeto meio ambiente, enfim, algum outro tema.

A turma então fica responsável por pesquisar, distribuindo-se a cada aluno ou grupo uma parte do tema ou um local. Depois de mais ou menos uma semana, todos se juntam e analisam os resultados da pesquisa. Como num grande quebra-cabeça, juntam as partes coordenadamente, resumem e transformam em um cartaz colocado no corredor da escola.

Ao se questionar se isso seria ensinar por projetos, convém relembrar Gardner (1994, p.189), quando esclarece que o projeto é capaz de fornecer “uma oportunidade para os estudantes disporem de conceitos, habilidades previamente dominadas, a serviço de uma nova meta ou empreendimento”.

Assim, evidencia-se que, sendo o aluno o real interessado em saber maiores detalhes sobre o tema, ele deve participar de forma ativa na seleção do mesmo, optando por aprender e aprofundar o que realmente é significativo para ele.

Da mesma forma como serão elaborados, em conjunto, os passos do projeto na definição dos objetivos, na configuração dos meios, recursos e atividades de execução. Principalmente, na determinação do caráter inovativo do projeto, que pode se iniciar em simples questões do dia-a-dia escolar, mas que sejam estimulantes e cativem o aluno,

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despertando-lhe o interesse pelos estudos, pela pesquisa, pela escola, pela aprendizagem, enfim.

Basta, por exemplo, transformar um tópico obrigatório do currículo em um projeto. Se o tema for bem trabalhado, antes de iniciar a pesquisa em livros, internet, periódicos, museus, enfim, em toda e qualquer fonte que se fizer necessária, o aluno se interessará pelo assunto e procurará realmente saber do que se trata.

Estabelece-se, então, um diferencial de aprender por projetos em referência a aprender por conteúdos ou pela seqüência lógica do livro e da apostila. Ressalte-se a importância da discussão e da análise dos resultados obtidos, do reconhecimento e citação corretos das fontes, da priorização dos dados mais significativos e de sua divulgação.

Ensinar por projetos exige especial atenção aos alunos, que precisam ser orientados a buscar o conhecimento de forma adequada; a ler o que encontraram com atenção; a entender a sistemática de busca pela informação fidedigna; a compilar toda informação pesquisada e recebida. Tudo isso exige tempo, dedicação e paciência, pois os alunos apresentam diferentes ritmos de aprendizagem e o trabalho terá como plano de fundo as dificuldades de alguns e o brilhantismo de outros em cada um dos aspectos que nortearem esse trabalho.

O docente deve, portanto, estar preparado para, mais do que acompanhar, usar seu tempo com qualidade, sua paciência, seus conhecimentos e pesquisar com os alunos. Precisa complementar os conhecimentos encontrados, dominar bem o assunto do projeto, para interagir com os alunos, sanando suas dificuldades e, até mesmo, interagindo com outros docentes, outras turmas ou cursos.

O ensino por projetos deve ser significativo para o aluno, para que ele possa sob a orientação do docente, interagir com o conhecimento. Porém, se um projeto é realização

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de uma proposta inovadora, o desenvolvimento das potencialidades das pessoas inevitavelmente levará para resultados admiráveis e para a descoberta do novo.

Ensinar por projetos é também e ainda ensinar aos alunos (independente de idade, sexo, raça, cor, escola, classe social ou curso) a sistematizar os conhecimentos e ações possíveis para a realização de seus sonhos e ambições. Ensinar por projetos é ensinar que conquistas, mudanças, idéias e inovações, para serem efetivas, precisam de um objetivo, de uma estrutura e de uma significação.

Por outro lado, aprender por projetos é aproveitar a possibilidade que se tem de buscar e analisar conhecimentos, das mais diversas fontes, sob os mais diferentes pontos de vista, conversar sobre, discutir, repensar, recriar, inovar!

Assim, o ensino e a aprendizagem por essa metodologia constituem grande fonte de inovação, quando trabalhados da forma correta e direcionados para um novo olhar, um novo ponto de vista, uma nova possibilidade, um novo horizonte, um novo conhecimento.

2. Pedagogia de projetos

Quando o docente adota por metodologia o ensino por projetos, ele congrega ao seu redor fatores que atingem todo o ambiente educacional e que devem estar articulados à gama de conhecimentos prevista para ser transmitida àquela série ou àquele curso.

Os projetos propiciam realizar a riqueza de articulações e detalhes, que são amplamente vistos e desejados no mundo do trabalho, pois, de acordo com Lück (2003, p. 16.), possibilitam:

sistematizar e integrar (em seu sentido mais elementar) conjuntos organizados de ações que, do contrário, permaneceriam desarticuladas e até mesmo conflitantes entre si;

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definir, claramente e com visão realista, os resultados pretendidos pelas ações, de modo a maximizar os esforços para a consecução de resultados mais significativos;

agir à parte de situações claramente entendidas;

dimensionar, articular e organizar recursos, condições, energia e o talento da equipe para sua efetivação;

oferecer condições de retroalimentação e melhoria contínua das ações;

compreender, pela reflexão baseada no monitoramento e na avaliação, a relação entre processos e resultados.

Para tanto, os projetos formam excelente ferramenta para que os alunos passem a entender os conhecimentos por uma perspectiva global, para que saiam para o mercado de trabalho com visível articulação entre teoria e prática.

Ao docente, cabe valorizar as experiências anteriores dos alunos sob um olhar multidisciplinar e interdisciplinar. A utilização de atividades norteadas por situações-problema e/ou pela metodologia de projetos de trabalho ressignifica os espaços de aprendizagem e valoriza a participação dos educandos e do professor no momento de ensino-aprendizagem. Pois, segundo Perrenoud (2000, p. 58), “a escolaridade só tem sentido se o essencial do que nela se aprende possa ser investido fora dela, paralelamente ou mais tarde”.

Para diferenciar essas formas de ressignificar os conteúdos, faz-se necessário realizar uma análise aprofundada das peculiaridades dessas formas de contextualizar o conhecimento, que não são únicas, embora amplamente divulgadas e utilizadas nos sistemas educativos.

Portanto, focar-se-á, principalmente, a Metodologia de Projetos de Trabalho, que pode ser descrita inicialmente como:

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“uma proposta de investigação pedagógica que dá à atividade de aprender um sentido novo. Permitindo ao aluno viver experiências positivas de confrontos, de decidir, de comprometer-se com a escolha, de projetar-se no tempo, mediante planejamento de suas ações e seus aprendizados como agente na construção do próprio conhecimento, quando as necessidades de aprendizagem afloram na perspectiva de resolver situações problemáticas e diversificadas. (Pegorette; Souza; Chaves, 2003, p.16).

Saliente-se que essas situações problemáticas e diversificadas são diferentes das situações do trabalho com atividades norteadas por situações-problema. Os projetos de trabalho passam por etapas mais complexas, dinâmicas e participativas do que as atividades norteadas por situações-problema, principalmente, no que diz respeito à sua concepção e às fases pelas quais cada um deles deve percorrer.

Essa modalidade de articulação dos conhecimentos é uma forma de organizar as atividades de ensino/aprendizagem, que implica considerar que tais conhecimentos não se ordenam para sua compreensão de forma rígida, nem em função de algumas referências disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização de alunos. A função dos projetos é favorecer a criação de estratégias de organização de conhecimentos escolares em relação a:

“1) tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio (Hernández; Ventura, 1996, p. 61).

A metodologia de projetos de trabalho é complementar e de significativa importância em metodologias dinâmicas como a de formação e certificação por competências, pois estimula a aquisição e desenvolvimento de diversas habilidades, em

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razão de unir aspectos importantíssimos no processo de ensino/aprendizagem.

Outro fator positivo é equilibrar a onipotência do professor sobre os conteúdos, pois uma das chaves do sucesso dos projetos de trabalho é a participação dos alunos desde o início da concepção dele, opinando e atuando de forma ativa em todas as etapas.

Assim sendo, tomando as decisões em conjunto (professor e aluno) ambos se comprometem com o que foi escolhido para trabalhar, propiciando ao aluno tornar-se sujeito da própria aprendizagem, que, com certeza, será muito significativa.

Dessa forma o tema pode pertencer ao currículo oficial, proceder de uma experiência comum, originar-se de um fato da atualidade, surgir de um problema proposto pela professora ou emergir de uma questão que ficou pendente em outro projeto (Hernández; Ventura, 1996, p. 6).

Na formação profissional, primordialmente, esse processo de decisão coletiva é muito importante, pois, quando o aluno ingressar no mercado de trabalho, deverá ter noções quanto à sua capacidade de participação e de decisão nos projetos de que fizer parte, bem como de assumir as responsabilidades inerentes à sua função ou cargo.

Elaborar projetos caracteriza-se como processo de construção de conhecimentos e compreensão de uma realidade, orientado pelo espírito científico sempre aberto e questionador das pessoas participantes e não, simplesmente, por esquemas formais de sua elaboração. (Lück, 2003, p. 28)

Desde a definição do tema ou do problema a ser estudado, do planejamento, em todas as suas fases, o grupo poderá opinar com relação à forma, etapas, cronogramas e atividades. Faz-se uma análise do que se tem disponível para a elaboração do projeto, quanto a número de pessoas, equipamentos, livros, fontes de pesquisa, orçamento para visitas técnicas e o que mais se julgar necessário para embasar o planejamento das ações.

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Na fase inicial, não se definem detalhes, apenas faz-se necessário o primeiro esboço das atividades. O planejamento é aberto, pois, no decorrer da execução podem surgir imprevistos que modifiquem sua estrutura, reciclando o que foi planejado, inclusive o cronograma estipulado. Não se deve prescindir de planejar a etapa de divulgação dos resultados, pois, o andamento e a conclusão do projeto devem ser do conhecimento de todos.

A questão da abertura e flexibilidade do planejamento merece atenção por parte dos participantes do projeto, alerta Pegorette et al. (2003), ao relatar que:

“O perigo da excessiva interferência do docente, que preocupado com o programa previamente estabelecido chega a transformar o projeto em uma coordenação de lições em torno de um tema determinado, de pouco interesse para os alunos (Pegorette; Souza; Chaves, 2003, p. 34).

Outra questão importante a ser considerada é a de que cada grupo tem suas áreas de interesse e suas características pessoais, assim, o que deu certo para um grupo pode ser extremamente entediante para outro.

No mundo do trabalho, planejar abrange operações mentais múltiplas, orientadas pelo espírito científico, dentre as quais se destacam as de identificação, análise, comparação, extrapolação, classificação, dedução, indução, avaliação, síntese, previsão, dentre outras. (Lück, 2003, p. 67). Portanto, quando os alunos participam de todas as etapas do projeto, aumenta-se o comprometimento de todos e respeitam-se as limitações e o ritmo do grupo, vivenciando-se um pouco da realidade empresarial.

Na formação profissional, um projeto de trabalho em equipes terá como resultado o desenvolvimento e aprimoramento de inúmeras habilidades tais como: pessoal, social, técnica, cultural e reflexiva, reproduzindo o ambiente de resolução de problemas a ser encontrado no mercado de trabalho,

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facilitando o entendimento das relações interpessoais, inteligentes e produtivas.

Esse método de trabalho favorece novas relações na escola, na sala de aula e do aluno com o conhecimento dos conteúdos e de suas capacidades e potencialidades, gerando alto grau de autoconsciência e de significatividade nos alunos com respeito à própria aprendizagem (Hernández; Ventura, p. 2, 1996).

Essa proposta tem a finalidade de organizar os conteúdos a fim de se solucionar os problemas inicialmente levantados, cuja magia se encontra na possibilidade do trabalho contextualizado pela aprendizagem.

O próximo passo diz respeito à problematização do tema, ao levantamento das questões e dúvidas a respeito do tema, momento em que o professor pode, inclusive, identificar a profundidade do conhecimento que seus alunos têm do assunto.

Trabalhar com algumas questões norteadoras também facilita a obtenção de um foco central do projeto, evitando que se torne abrangente ou específico demais. Por meio desse questionamento, é possível elaborar uma justificativa para o projeto, estabelecendo os objetivos a serem atingidos.

A problematização, os objetivos e a justificativa constituem, portanto, o ponto de partida para a pesquisa, sistematização, produção e ressignificação dos conhecimentos em torno do tema proposto. Nesta fase, o papel do professor torna-se o de facilitador do processo de aprendizagem.

O docente nunca deverá oferecer as respostas certas, nem tampouco corrigir as erradas, uma vez que seu dever é o de incentivar o aluno a ter a própria opinião deixando-o decidir-se por outra resposta, quando esta lhe parecer mais adequada. As idéias erradas não podem ser eliminadas pelo docente, mas sim devem ser modificadas pelos alunos, a fim de que cheguem à resposta correta, discutindo o suficiente entre eles e favorecidos pela intervenção maiêutica e inteligente do docente (Pegorette; Souza; Chaves, p. 22, 2003).

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Todas as atividades relacionadas ao projeto devem ter: datas, registros, descobertas, dúvidas e avanços, para que ao final a turma possa ter um dossiê e elabore um relatório que sistematize e compile os dados coletados e as conclusões a que chegaram.

Esses dados devem ser divulgados, seja por cópias do relatório elaborado ou de uma exposição para a escola, pais e/ou comunidade, essa escolha depende muito da característica do grupo e da criatividade do professor. Importante é que esses resultados sejam divulgados para a valorização do trabalho desenvolvido.

Um projeto, em sua real conotação, deve ser criado e gerido pelo grupo em que foi pensado e será aplicado, ou seja, por seus maiores interessados. Quando a proposta foge dessas características, ou seja, quando é uma coisa pronta, ou semipronta, que vem de fora do grupo, passa a ter viés de atividade e não, de projeto.

Saliente-se a importância do trabalho com projetos na educação profissional, pois, a história das organizações tem evidenciado que somente a ação inteligente é capaz de transformar problemas em soluções e que a falta dela transforma soluções em problemas (2003, Lück 2003).

As empresas voltaram seus olhares para o capital humano, gerando demanda por um novo tipo de profissional, fazendo com que as escolas, tanto de formação para o trabalho, quanto de ensino regular, necessitem mudar sua forma de educar e procurem se adequar a essa nova tendência do mercado de trabalho.

É notório que, hoje, a formação do trabalhador não deve ser apenas regulada por tarefas relativas a postos de trabalho. O mundo do trabalho exige cada vez mais um profissional que domine não apenas um conteúdo técnico específico à sua atividade, mas que, igualmente, detenha capacidade crítica, autonomia para gerir o próprio trabalho, habilidade para atuar em equipe e solucionar criativamente situações desafiadoras em sua área profissional (SENAI, 2002, p. 07).

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Nesse contexto, um profissional focado apenas no saber fazer já não proporciona as contribuições esperadas pelas empresas, sendo também facilmente substituído por máquinas. Aí entra o papel e a importância da escola na formação e educação do ser humano: ela não pode em hipótese alguma estar alienada e/ou desvinculada dos avanços tecnológicos e do perfil de empregado desejado pelo mercado de trabalho, que, segundo Lück (2003, p. 09), “exige de profissionais em geral e de gestores em especial, tanto muita agilidade e criatividade, quanto elevado espírito de organização e planejamento inteligente aplicado a seu trabalho e a projetos sob sua responsabilidade”.

A busca por uma educação capaz de desenvolver a “trabalhabilidade” das pessoas, definida como “o conjunto de competências e capacidades que são desenvolvidas tornando o profissional apto para o desempenho de atividades com ou sem vínculo empregatício” (Deffune e Depresbiteris), é crescente, tendo a escola a obrigação de corresponder a essas expectativas, desenvolvendo nos indivíduos as aptidões desejadas pelo mercado de trabalho e pela sociedade, não apenas assegurando os anos de escolarização ou de formação profissional estritamente necessários, mas formando cientistas, inovadores e quadros técnicos de alto nível (Dellors, 2001, p. 71).

Na formação para o trabalho, um dos maiores desafios encontrados consiste em articular os conteúdos de forma a desenvolver no educando as competências necessárias para seu ingresso ou permanência no mercado de trabalho de forma prática e tecnicamente embasada, ou seja, traduzir para o mundo da educação as competências profissionais demandadas pelo mundo do trabalho.

3. Papel do Professor na Pedagogia de Projetos

Na definição desse papel, tem-se que projetos não podem ser aplicados de maneira generalizada e seguindo ímpeto

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inovador sem desvirtuá-los, porque requerem vontade de mudança na maneira de fazer do professorado e de assumir o risco que implica adotar uma inovação que traz consigo, sobretudo, uma mudança de atitude profissional (Hernández, Ventura, 1996, p. 10).

Portanto, fica clara a importância do professor, como facilitador da aprendizagem nesse processo de transferência de conhecimento. Segundo Perrenoud (2000), é ele quem terá o papel de facilitar a transmissão dos conhecimentos formais para o mundo real e é ele quem irá fazer com que o aluno repasse o que aprendeu para o mundo do trabalho e para a vida.

Para exercitar essa transferência, o ideal seria reconstituir, durante a escolaridade, situações próximas daquelas do mundo do trabalho, da vida fora da escola, quer seja das crianças, adolescentes ou dos adultos em que se tornarão. Essas situações não são mais reais que as situações escolares clássicas, mas não são criadas e controladas pela escola, o que faz toda a diferença (Perrenoud, 2000, p. 65).

3.1 Questões metodológicas

Na pedagogia de projetos, e não só nela, o professor desempenha papel essencial: o de mediador entre o conhecimento e o aluno. No entanto, essa mediação não pode ser meramente reprodutivista ou autoritária, deve estar cercada de atributos que garantam um processo de aprendizagem agradável, assertivo e inovador. A inovação intrínseca a esse processo, transmitida pela prática pedagógica do professor em sala de aula, garante aos alunos segurança e estímulo para se atingir os objetivos de aprendizagem. Em vez de fugir das aulas, os alunos passam a fugir da rotina, buscando conhecer e aprender de forma instigante e nova.

Alguns passos, esclarecidos por meio de perguntas feitas pelo professor a si mesmo, auxiliam-nos nessa busca do melhor caminho para um ensino/aprendizagem profícuo e realmente útil para os alunos.

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Primeiro passo: O que eu estou fazendo aqui? Quem sou eu neste processo?

A partir do momento em que o docente assume quem ele é dentro do contexto, torna-se eficaz ao posicionar-se também como aprendiz e alguém passível de errar, mas principalmente como alguém que sabe lidar com a enorme gama de conhecimentos disponíveis para solucionar seus problemas e realizar suas aspirações. Essa busca constante pelo autoconhecimento e pelo crescimento como profissional e como pessoa configura-se exemplar diante de seus orientandos.

Segundo passo: Quem são meus alunos?

Esta é a chave para o sucesso de um planejamento educacional em qualquer local, a qualquer tempo. Reconhecer a bagagem experiencial trazida pelos alunos, seus conhecimentos, habilidades e atitudes desenvolvidas dentro e fora da escola, na interação constante com o mundo e a sociedade, resulta de real importância. Essa avaliação diagnóstica alicerça o trabalho docente, construindo um ponto de partida seguro e eficiente em suas práticas de ensino.

Terceiro passo: O que tenho de ensinar?

Conhecer o programa dos conhecimentos, habilidades e atitudes a serem desenvolvidos nos alunos e ter a perspicácia de identificar esse desafio e propor a inovação constitui-se instrumento vital para a prática docente. Não é necessário reinventar a roda para conseguir inovar, mas sim fazer com que o aluno encontre sua maneira de fazê-la girar. No entanto, planejar para isso é fundamental.

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Quarto passo: Quais são meus objetivos? Aonde quero chegar com essas atividades?

Os planos de aula são importantíssimos para o professor traçar seus objetivos e suas atividades para lograr resultados em sessenta ou cento e vinte minutos de sua aula. Sobretudo (se o objetivo consiste de apresentar aos alunos um marisco) verificar no final da aula que eles sabem do que se trata, inclusive, vislumbrando-o como fonte de renda ou de alimento. Bastaria incluir nesse plano levar mariscos para a sala de aula e ensinar os alunos a manuseá-los para, interdisciplinarmente, ensinar a cozinhá-los, ou a criá-los.

Quinto passo: De que preciso para alcançar meu objetivo?

Desdobrar o objetivo geral em objetivos específicos mostra a seqüência, o grau de importância de cada uma das etapas a serem cumpridas para atingir os objetivos educacionais.

Por exemplo: Objetivo geral: Organizar o ambiente de trabalho de acordo com as normas de segurança vigentes.

Objetivos específicos:Reconhecer o ambiente de trabalho, as máquinas, equipamentos e ferramentas que o compõem.

Saber as normas de segurança vigentes e onde encontrá-las.

Aplicar essas normas no ambiente de trabalho, de acordo com a realidade da empresa.

Utilizar equipamentos de proteção individual adequadamente e sempre que necessário.

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Sexto Passo: Como atingir meus objetivos?

Neste passo, a criatividade deve atingir o ponto alto. Cabe ao professor, agora mais do que em qualquer etapa do processo, definir se isto será uma aventura do conhecimento para o aluno ou apenas mais um capítulo do livro ou da apostila a ser visto.

As normas de segurança no trabalho correlatas à sua profissão podem ser ensinadas por meio de conteúdos, pura e simplesmente com a leitura da apostila, ou por uma visita técnica em uma empresa, que aplique essas normas em seus ambientes de trabalho e utilizem EPIs.

Como tarefa de casa, os alunos serão orientados a pesquisar, em qualquer meio de informação, sobre a definição e utilidades dessas normas. Na data marcada, abre-se uma mesa redonda, os alunos expõem seus resultados, construindo uma teia de conhecimentos e fontes de informações. Elabora-se em conjunto, sob a orientação do docente, uma lista dos tópicos mais importantes e faz-se um registro para consultas futuras.

Na seqüência, o professor pode distribuir as NRs referentes à área de formação dos alunos para que eles analisem e em grupos dêem sugestões de aplicabilidade prática. Depois, pode ser organizada uma visita técnica a uma empresa, quando os alunos tomarão notas das ações aplicadas pela empresa, ou não aplicadas, em prol da segurança dos funcionários e do atendimento às NRs.

Depois disso, para finalizar, cada equipe deve apontar os pontos positivos vistos na empresa, fazendo correlação com a parte da norma referente, e os pontos negativos, apontando as soluções mais adequadas para o atendimento à norma.

Pode-se, ainda, socializar as informações e analisar a viabilidade das soluções apontadas no grande grupo e como a montagem da metodologia utilizada auxiliou para alcançar o objetivo geral e os específicos rendendo bons resultados.

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Sétimo Passo: Do que eu preciso para tornar estas idéias realidade?

É possível listar item por item do que é necessário planejar, prover, comprar, a fim de que essa metodologia possa ser aplicada, desde um pincel necessário para escrever um cartaz até o custo de transporte dos alunos para a visita técnica. Em planejamentos escolares, freqüentemente, denomina-se esta etapa de recursos necessários, recursos físicos, materiais e humanos, ou apenas recursos. Com a previsibilidade das ações e dos recursos, torna-se possível rever os planos iniciais ou colocá-los em prática com mais segurança e propriedade.

Caso a escola não disponha desses meios, haverá tempo de buscá-los com parceiros, solicitar compra por parte dos alunos, improvisar ou até mesmo mudar um pouco a rota, além de verificar outras questões, como disponibilidade de uma empresa em recebê-los e assim por diante.

Oitavo passo: De quanto tempo necessito?

Normalmente, o planejamento deve ser feito no mínimo com duas semanas de antecedência, considerando-se o detalhamento exigido para que seja bem preparado com vistas à sua execução.

Deve-se prever também que, a cada semana, o professor passa executar um novo projeto, logo após o término do outro, e assim, de forma planejada, evitar sobreposições. Isto também, porque o tempo de execução deve estar de acordo com a complexidade do assunto e com o ritmo da turma.

O ideal é alternar planejamentos, conforme a exigência de mais recursos, ou menos, sem atropelar a construção do conhecimento e sem deixar tudo para a última hora.

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Nono passo: Como identificar se os alunos aprenderam?

Não apenas interessante, mas necessária, é uma avaliação diagnóstica inicial dos alunos, por meio de conversa com a turma, um exercício, uma dinâmica, um pequeno trabalho. Com isso, o professor identifica os alunos com maior ou menor conhecimento do tema, maior ou menor dificuldade de expressão, de síntese ou de interesse.

Assim, pode acompanhá-los passo a passo, observando seus avanços, seus insights e suas atitudes, avaliando-os no cotidiano e, ao final do período ou da atividade, avaliar para revisão e fixação dos pontos mais importantes da etapa cumprida.

Essa avaliação final servirá de parâmetro comparativo com o diagnóstico feito no início do processo e estará enriquecida com todas as análises realizadas no decorrer das atividades, contemplando os vários momentos da aprendizagem e sua evolução.

Décimo passo: O que devo registrar e como?

O registro é ferramenta vital para o processo educacional por permitir a realização segura do planejado e, ainda, uma avaliação completa de tudo o que foi desenvolvido até o final da atividade, servindo como aprendizado e como fonte de pesquisa, de reconstrução, de acompanhamento e de socialização.

Os planos de aula, por conterem assunto, carga horária, objetivos geral e específicos, metodologia, recursos necessários e avaliação, revelam-se excelente forma de registro, além de orientação para as ações docentes.

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Um relato elaborado pelo professor, avaliando erros e acertos nas etapas desenvolvidas, serve de histórico e possibilita socialização e reedição mais assertiva da atividade, compartilhando não só a idéia, mas também a crítica da realidade encontrada na execução.

4. Papel do Aluno na Pedagogia de Projetos

Quando se realiza um projeto de forma sistematizada, buscando também a inovação, fica bastante viável proporcionar ao aluno atividades demonstrativas de que ele pode construir o caminho do autoconhecimento e alcançar, pela experiência escolar, seu crescimento rumo ao trabalho e à auto-sobrevivência.

Por onde começar?

Deve-se focalizar esse desafio, refletindo sobre os aspectos circundantes e basicamente sobre os conhecimentos necessários, anotando em forma de tópicos informações primárias sobre locais, pessoas, dados e abordagens a serem investigadas. Enfrentar situações inusitadas exige postura criativa e inovadora, decisão de fazer o que precisa ser feito e fazer bem.

O que e como?

Não há como fugir, qualquer projeto escolar ou de vida passa pela revisão de conhecimentos e isso implica leitura, muita leitura, isso é de fundamental valor para adquirir informações, conhecimentos que formam a base para a resolução de problemas, para as descobertas, para a inovação, para a vida.

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Deve-se, portanto, saber ler, o que equivale a selecionar a literatura de interesse, verificando desde a data da publicação, autor, pertinência dos temas mais simples aos mais complexos para embasar cientificamente o trabalho. É necessário aplicar todo o espírito crítico na seleção das referências bibliográficas, para, literalmente, separar o trigo do joio, e os professores são fonte segura para tanto, indicando os melhores autores, livros, jornais, revistas e periódicos. Trabalhar de forma científica é pesquisar em fontes seguras, assertivas e fidedignas, elaborando e criando, sem fazer mera cópia de trabalhos pela internet.

Há requisitos básicos para uma leitura profícua e útil: ambiente calmo e silencioso; boa iluminação; de preferência, ler sentado; ter à mão papel e caneta, para anotações; manter-se focado na idéia mestra do trabalho; sublinhar nos textos o que realmente importa; fazer esquemas de cada leitura realizada; anotar páginas interessantes por livro ou por assunto e assim por diante.

O que fazer com tudo isso?

Antes de qualquer coisa, lembrar-se da regra básica: escrever para que outras pessoas leiam e entendam as idéias e pensamentos expostos e isso pressupõe clareza, objetividade e síntese, para que a leitura se torne agradável e proveitosa.

Depois, basta começar a escrever, de forma dissertativa, relatando as descobertas, as reflexões, as conclusões. Lembrar-se sempre de que toda transcrição fiel, ou adaptada, de textos publicados deve obedecer aos preceitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), citando-se sempre a fonte.

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5. Elaboração de Projetos na Educação Profissional

O ambiente escolar é muito fértil para criação e estruturação de projetos, uma vez que nele toda sorte de experiências são iniciadas, sistematizando pesquisas, planejamentos, conhecimentos e vivências.

A introdução nesse mundo de projetos tem base em pesquisas bibliográficas. Depois, aos poucos, são realizadas algumas pesquisas de campo para se aprofundar na arte de criar projetos com mais autonomia e mais complexidades.

Contudo, mesmo os projetos de pesquisa mais simples exigem estruturação e organização minuciosa e prática, ao mesmo tempo, ou seja, de modo que abranja todos os aspectos, porém, de forma clara e objetiva.

Para que o trabalho siga essas orientações, cada passo deve ser elaborado com base em alguns elementos fundamentais, que serão apresentados a seguir.

5.1 Normas para elaboração de Projetos

No Brasil, atualmente, o órgão que centraliza as normatizações técnicas, a fim de padronizar a formatação de documentos, criação de produtos, execução de serviços é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Por esse motivo, as instituições de ensino, cada vez mais cedo, têm solicitado a entrega de trabalhos e pesquisas de acordo com essas normas, que são observadas não só no meio acadêmico, mas também em relatórios e documentos empresariais. Como essas normas são alteradas com determinada freqüência, é importante estar atento e ter fonte confiável de consulta.

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5.2 elementos Básicos de um Projeto

Ao se elaborar um projeto, seja de pesquisa ou de planejamento de produtos, deve-se ter em mente que a versão escrita e seus componentes não pertencerão exclusivamente a seu autor, pois, com certeza, o conhecimento e a organização elaboradas serão lidas por interessados no assunto abordado.

Assim, a primeira regra básica para a elaboração de um projeto é apresentar clareza na escrita e na montagem das etapas para facilitar o entendimento do leitor e dos executores, na busca por informações e no registro dos progressos. Outras explanações já foram feitas na parte 1 deste volume, no momento, propõe-se a seguinte esquematização.

PROJETO

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

JUSTIFICATIVA

OBJETIVO GERAL

DESTINO/FINALIDADE/PÚBLICO-ALVO

ASPECTOS qUALITATIVOS E qUANTITATIVOS

METODOLOGIA/PROCEDIMENTO/DESCRIÇÃO DE TAREFAS

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FASES / ETAPAS Prévia, preparatória, implementação,

conclusiva

CRONOGRAMA

RECURSOShumanos, materiais, físicos e

financeiros)

AVALIAÇÃO

modelos, normas, leis, formulários, etc.

Após uma esquematização prévia, o projeto deverá ser formalizado na seguinte estrutura, conforme determinações da ABNT.

a. Título

b. Justificativa

c. Objetivos

d. Desenvolvimento/funcionamento

e. Inovação (vide Parte I, item 3)classificação por tipo de inovação: produtos ou processos inovadores;

descrição da inovação principal: breve descrição sobre a inovação do produto ou processo, ou do produto ou processo modificado, ou a combinação de quaisquer das inovações. Esta fase deve ser subsidiada com informações sobre propriedade intelectual (vide Parte III).

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f. Esquemas e desenhos

g. Aplicabilidade na indústria, ou na comunidade

h. Tempo estimado de execução/ Apresentação do funcionamento

i. Especificações do material

j. Recursos humanos e financeiros

k. Bibliografia

6. Construção do conhecimento mediante situações-problema

As situações-problema revelam-se excelentes formas de mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes indispensáveis para a formação profissional dos alunos, pois cria a condição ideal para que todo o conhecimento adquirido seja colocado em prática, com atitude, iniciativa e proatividade.

Na educação profissional, as situações-problema devem reproduzir ou representar a realidade em que o aluno está inserido, para:

refletir uma situação real que acontece ou pode acontecer em uma organização;

prever os tipos de conhecimentos, habilidades e atitudes da situação real a serem requeridos do aluno, como input ao processo;

serem relacionadas à área de formação;

considerar o nível de aprendizado técnico em que a turma se encontra e suas experiências anteriores;

ajustar a linguagem à realidade da turma e gerando empatia, para que os alunos realmente vivenciem a situação;

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serem apresentadas de forma simples, clara, sucinta e precisa.

Devem ser considerados os seguintes aspectos dos componentes do projeto:

a. quantidade de alunos, total e por sexo;

b. faixa etária;

d. quantidade dos que trabalham;

e. tipos de empresa em que trabalham;

f. desempenho da turma, no dia-a-dia;

g. assuntos preferidos;

h. recursos disponíveis e possíveis de utilização;

i. tempo disponível para trabalhar com o projeto;

j. importância do projeto para a formação dos alunos;

k. pontos de maior relevância do projeto;

l. subsídio prestado pelas inteligências múltiplas;

m. auxílio da metodologia de gestão por projetos na prática docente;

n. conhecimentos sobre inovação e patentes para identificar a situação-problema;

o. ponto relevante no aprendizado dos alunos ao final da atividade proposta.

Com base nesses quesitos, deve-se encontrar o ponto necessário para contextualizar a situação-problema, tendo como intuito:

criar situação motivadora para a aprendizagem e relacionar teoria com prática, mostrando a relação dos saberes contidos no desafio com a vida (pessoal, profissional e social), o motivo de serem importantes e as formas de aplicá-los em uma situação real. Para isso, é

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preciso vincular conhecimentos, habilidades e atitudes a serem desenvolvidos aos lugares e momentos em que serão aplicados (SENAI, Coordenadoria de Qualificação Profissional/ COQUAP, 2005, p. 02).

Essa contextualização deve vir seguida do terceiro passo, o questionamento base da situação-problema, a qual deverá representar uma situação, uma organização, que exija análise e busca de variáveis de solução.

Deve-se lançar a situação-problema como algo instigante para a busca de novos conhecimentos que auxiliem na resolução da problemática apresentada. Esse desafio deve levar à elaboração de um produto, processo, bem ou serviço. Para tanto, deverão ser observados os 3C:

Condição: meios disponibilizados para o educando resolver a situação-problema.

Comportamento: ação a ser observada com a resolução da situação-problema.

Critério: padrão de desempenho esperado, ou indicadores utilizados, para aferir o alcance da competência (SENAI/DN).

O trabalho com situações-problema exige a observância de alguns critérios (SENAI/DN) próprios para cada fase, quais sejam:

Na proposição do problema:

1. Propor tarefas abertas com vários caminhos e alternativas possíveis de resolução, preterindo as tarefas fechadas.

2. Modificar o formato ou a definição dos problemas, evitando que o aluno identifique uma forma de apresentação com um tipo de problema.

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3. Diversificar os contextos e respectivas estratégias, propiciando ao aluno trabalhar os mesmos problemas em diferentes momentos do currículo mediante conteúdos conceituais diferentes.

4. Propor tarefas com formato acadêmico, mas também relativas a cenários cotidianos e significativos para o aluno, para que ele estabeleça conexões entre ambas as situações.

5. Adequar, à definição do problema, perguntas e informação proporcionada aos objetivos da tarefa, aplicando em relação a eles, em diferentes momentos, formatos mais ou menos abertos.

6. Utilizar diversidade de problemas durante o desenvolvimento ou seqüência didática de um tema, evitando que as tarefas práticas simplesmente pareçam ilustração, demonstração ou exemplificação de alguns conteúdos previamente apresentados ao aluno.

Durante a solução do problema

1. Habituar o aluno a adotar as próprias propostas sobre o processo de resolução, assim como a refletir sobre essa análise, oferecendo-lhe crescente autonomia na tomada de decisões.

2. Fomentar a cooperação na realização das tarefas pelos alunos, mas também incentivar a discussão e os pontos de vista diversos, para explorar o espaço do problema a fim de comparar as soluções ou caminhos de resolução alternativos.

3. Proporcionar aos alunos informações necessárias durante o processo de resolução, realizando um trabalho de apoio, dirigido mais a fazer perguntas e a fomentar neles o hábito de perguntar a si mesmos do que meramente dar respostas às perguntas dos alunos.

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7. Estruturação do projeto sobre situação-problema

Após a proposta da situação-problema, inicia-se o trabalho referente à elaboração do projeto específico, seguindo estes passos.

Análise da situação-problema proposta:

a. Elencar os aspectos relevantes;

b. Analisar o contexto no qual está inserido o problema.

Hipóteses de caminhos para solução:

a. Fundamentação técnica/teórica.

b. Parecer técnico de viabilidade das hipóteses levantadas.

c. Resultado escolhido.

d. Etapas de planejamento e implantação da solução.

e. Construção da solução ou da dinâmica do produto e/ou simulação do serviço.

f. Implantação ou encaminhamento da solução para a empresa.

Avaliação do problema:

1. Considerar mais os processos de resolução seguidos pelo aluno do que a correção final da resposta obtida. Ou seja, avaliar mais do que corrigir.

2. Valorizar especialmente o grau de requisição de planejamento prévio para esse processo de resolução, mediante ponderação e auto-avaliação do aluno, durante as tarefas realizadas.

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3. Valorizar a reflexão e a profundidade das soluções alcançadas pelos alunos e não a rapidez com que são obtidas.

Proposta de condução de trabalho com situação-problema:

a. Eleger um tema para estudo, um objeto ou um processo de uma área de conhecimento correlata ao curso, decisão tomada em conjunto por professor e alunos.

b. Elencar possíveis pontos de vista sobre o tema gerador eleito, tais como curiosidades, formas de elaboração/fabricação e outros tópicos.

c. Gerar uma equipe para cada tópico, responsável por pesquisar, analisar e formular meios interessantes de ensinar aos demais o conteúdo do tópico.

d. Preparar um seminário, a fim de que cada equipe socialize suas descobertas e planos, após acompanhar cada etapa das pesquisas e da elaboração das oficinas/demonstrações de cada tópico, quando as pesquisas já estiverem bem avançadas.

Nesse momento, as equipes poderão se fundir, ou não, dependendo das pesquisas e do direcionamento tomado por pesquisa de tópicos. A partir de então, o professor deve estimular os alunos a refletirem sobre as inovações pesquisadas, a importância delas e as sugestões a serem feitas para produto/processo/serviço almejado.

Contando sempre com a mediação do professor, essa inovação será gerada e gestada pelos alunos e seus resultados poderão ser expostos para a comunidade em geral, por intermédio de exposição, feira de projetos, entre outros meios de divulgação.

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PRoPRIEdAdE INtELECtuAL, INFoRMAÇÃO TECNOLÓGICA E

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIASHeloisa Cortiani de Oliveira

A propriedade intelectual compreende o conjunto de direitos resultantes da atividade intelectual nos âmbitos do conhecimento, tais como: industrial, científico e artístico. É um instituto jurídico dirigido ao bem comum, pois, ao mesmo tempo em que resguarda os direitos do criador, torna público o invento ou a obra, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico, científico e cultural de toda a sociedade.

Pode-se dividi-la em dois campos de proteção: Propriedade Industrial: refere-se às patentes de invenção, aos modelos de utilidade, aos desenhos industriais, às marcas, às indicações geográficas e à repressão à concorrência desleal.

PARtE III

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Direitos Autorais: relacionam-se às criações expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro (art. 7.º da Lei 9.610/98, Lei de Direitos Autorais). Abrange as obras literárias e artísticas, incluindo os programas de computador.

Quando se deseja obter a propriedade intelectual de uma criação, é necessário buscar o órgão competente. No caso dos direitos de propriedade industrial, assim como os programas de computador, esse órgão é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). As obras literárias devem ser registradas na Biblioteca Nacional, mas algumas criações intelectuais não são protegidas pelas formas tradicionais, a exemplo das topografias de circuitos integrados, pois seguem o previsto pela Lei 11.484 de 31 de maio de 2007 e das cultivares, pela Lei de Proteção de Cultivares, Lei 9.456 de 25 de abril de 1997. Estas, inclusive, devem ser registradas no Ministério da Agricultura e Abastecimento, por meio do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC).

O esquema abaixo auxilia nessa explicitação.

Propriedade Industrial

Direito Autoral

Patente

Desenho Industrial

Marca

Cultivares

Topografias de circuitos integrados

Programa de computador

Obras literárias, audiovisuais, musicais e estéticas

Propriedade Intelectual

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1. Sistema Brasileiro de Propriedade Industrial

A propriedade industrial vem assumindo papel fundamental no cenário econômico atual, tendo em vista os elevados padrões de competitividade do mercado. Obter a propriedade industrial de um produto ou processo representa um diferencial competitivo, tanto para a empresa, como para o inventor independente, ou pertencente a uma instituição de pesquisa e/ou ensino, que deseje transferir seus direitos de comercialização. O titular de direitos de propriedade industrial pode impedir que terceiros reproduzam, usem, coloquem à venda ou importem o produto ou processo protegido.

Muitas vezes, a pesquisa e o desenvolvimento para elaboração de novos produtos e processos requerem grandes investimentos. Logo, proteger esse produto por meio de uma patente, por exemplo, significa prevenir-se de que competidores copiem e vendam esse produto a um preço mais baixo, uma vez que eles não foram onerados com os custos da pesquisa e desenvolvimento do produto3. Ou ainda, impedir que os falsificadores fabriquem produtos com as mesmas características, utilidades e, principalmente, a marca original, mas com materiais de pouca qualidade, que podem causar danos ao consumidor e prejudicar a imagem do produto.

O titular pode, ainda, optar por ceder ou licenciar o direito de exploração de sua invenção e lucrar com os royalties obtidos em Contratos de Transferência de Tecnologia.

Dessa forma, constata-se a importância do Sistema de Propriedade Industrial, cuja principal função é permitir o avanço tecnológico da sociedade, sendo justo com aquele que propiciou esse desenvolvimento, contribuindo para o crescimento econômico do país.3 Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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O Sistema Brasileiro de Propriedade Industrial, disciplinado pela Lei 9.279/96, Lei de Propriedade Industrial (LPI), contempla, em seu artigo 2.º, para as criações no campo industrial, as seguintes formas de proteção:

concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;

concessão de registro de desenho industrial;

concessão de registro de marca;

repressão às falsas indicações geográficas;

repressão à concorrência desleal.

Em 1970, foi criado o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), autarquia federal, cuja finalidade principal é executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica. É responsável pela concessão de patentes e de registro de marcas, averbação dos contratos de transferência de tecnologia e, posteriormente, pelo registro de programas de computador, contratos de franquia empresarial, registro de desenho industrial e de indicações geográficas4.

A patente é privilégio legal outorgado pelo Estado aos inventores ou autores, ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação, conferindo-lhes a exclusividade de exploração do objeto de uma invenção patenteada. Esse privilégio é concedido por determinado período, em contrapartida pelo acesso do público ao conhecimento detalhado de todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente. Findo o prazo do privilégio concedido, a invenção patenteada cai em domínio público.

I.

II.

III.

IV.

V.

4 Op cit.

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Há dois tipos de patente:

1. De invenção (com vigência de 20 anos): considerada uma concepção resultante da capacidade de criação do homem, que represente uma solução para um problema técnico específico, dentro de um determinado campo tecnológico, que possa ser fabricada ou utilizada industrialmente. Exemplo: aparelho capaz de emitir e reproduzir sons através de um cabo elétrico, ou telefone.

2. Modelo de utilidade (com vigência de 15 anos): constitui-se de nova forma ou disposição introduzida em objeto de uso prático, ou em parte dele, suscetível de aplicação industrial e que caracteriza ato inventivo, resultando em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Exemplo: a mudança de forma e estrutura de um aparelho telefônico inicialmente utilizado, em que a modificação consistiu em integrar o transmissor e o receptor numa só peça, visando seu uso prático.

Há também o certificado de adição, requerido pelo depositante ou titular de patente de invenção para proteger o aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto da invenção. Deve fazer parte do mesmo conceito inventivo do pedido original, não sendo necessário conter atividade inventiva. Sua vigência acompanha a da patente-mãe (art. 76, LPI).

Segundo o art.10 da Lei 9.279/06, Lei de Propriedade Industrial (LPI), não são consideradas invenções nem modelos de utilidade: as descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; as concepções puramente abstratas; os esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; os programas de computador em si; a apresentação de informações; regras de jogo; técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; o todo ou parte de seres vivos

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naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

As invenções, para serem protegidas por patentes, devem atender aos seguintes requisitos: novidade; utilização ou aplicação industrial; suficiência descritiva. Além desses requisitos, as invenções devem apresentar atividade inventiva e os modelos de utilidade, ato inventivo e melhoria funcional.

De acordo com a Lei de Propriedade Industrial (LPI), destacam-se os conceitos a seguir:

Novidade: a invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos no estado da técnica. Este é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior (art. 11).

Atividade Inventiva: a invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (art.13).

Ato Inventivo: o modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica (art.14).

Aplicação Industrial: a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial, quando podem ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria (art. 15).

O requisito da suficiência descritiva diz respeito à redação do pedido de patente em que a criação deve ser descrita de forma perfeitamente clara e completa de modo a permitir sua reprodução por um técnico no assunto (art. 24, LPI).

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Pedido de Depósito de Patente de Invenção

Pedido de Depósito de Patente de Modelo de Utilidade

•Novidade•Atividade Inventiva•Aplicação Industrial

•Novidade•Ato Inventivo•Aplicação Industrial

Suficiência Descritiva

Depósito no INPI

A patente será concedida dentro do período de cinco a oito anos, após a data do pedido, mas a criação já estará protegida desde a data do depósito no INPI. Isso quer dizer, por exemplo, que, se terceiro comercializar um produto sem a autorização do depositante ou titular da patente, este terá direito à indenização.

2. Registro de Desenho Industrial

O desenho industrial é a forma plástica ornamental de um objeto ou do conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicada a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial (art. 95, LPI). Além da novidade e da aplicação industrial, é necessário o requisito da originalidade para o registro, que exige resultar do desenho

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industrial uma configuração visual distintiva em relação a outros objetos anteriores (art. 97, LPI). A vigência do registro de desenho industrial é de 10(dez) anos prorrogáveis por três períodos sucessivos de 5(cinco) anos cada.

3. Proteção da Marca

Segundo a LPI, marca é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade desses com determinadas normas ou especificações técnicas5.

Quanto à natureza, as marcas podem ser (art. 123, LPI):De produto ou serviço: usadas para distinguir produto ou serviço de outro igual, semelhante ou afim, de origem diversa.

De certificação: usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas.

Coletiva: usada para identificar produtos ou serviços provenientes de entidades filiadas a uma mesma coletividade.

O depósito do pedido de registro deve ser feito com base no preenchimento de formulário de requerimento do INPI, acompanhado dos documentos necessários para cada caso. O registro será expedido em aproximadamente um ano e meio, após o pedido, mas a marca já estará protegida, desde o depósito, contra eventual utilização por terceiros não autorizados.

A concessão do registro será publicada na Revista de Propriedade Industrial e, a partir desse momento, após o pagamento das retribuições necessárias, vigorará por 10 anos, podendo ser concedida renovação por iguais períodos sucessivos.

5 Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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O registro da marca assegura, ao seu titular, uso exclusivo em todo o território nacional, podendo referido titular ceder seu registro ou pedido e licenciar seu uso.

4. Indicação Geográfica

A indicação geográfica visa estabelecer uma ligação entre o produto ou serviço e o seu local de origem, conferindo a eles uma identidade que os distingue de outros disponíveis no mercado. Essa indicação geográfica só poderá ser utilizada pelos membros da localidade em referência, que produzem ou prestam serviço de maneira homogênea.

5. Repressão à Concorrência desleal

O INPI, assim como outros órgãos do governo (CADE, Ministério da Justiça, por meio do Conselho Nacional de Combate à Pirataria), tem buscado reprimir os atos de concorrência contrários aos usos éticos e honrados em matéria de indústria e de comércio. O objetivo é reprimir os competidores que se utilizam de artifícios para captar a clientela de outras empresas, induzindo o público ao erro, quanto às características de um produto e/ou meio de produção, prejudicando as indústrias nacionais e os consumidores.

O Conselho Nacional de Combate à Pirataria, por exemplo, realiza esse trabalho adotando as seguintes medidas:

Educativas: conscientização dos consumidores, quanto aos prejuízos causados pelos produtos falsificados.

Repressivas: maior condenação das fraudes.

Econômicas: estudos sobre alternativas para diminuir a diferença de preços entre os produtos originais e os falsificados.

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6. Programas de Computador (software)

A Lei 9.609/98 (Lei de Programa de Computador) define programa de computador como:

“...a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados” (art. 1.º).

O programa de computador tem natureza jurídica de Direito Autoral, como já mencionado, mas a competência para o registro é do INPI, de acordo com o Decreto n.º 2.556, de 1998. É uma forma de assegurar, ao autor, direitos de exclusividade na produção, uso e comercialização da criação.

Destacam-se, ainda, outras duas características adicionais do registro de programa de computador ou software: a proteção goza de abrangência internacional e o título do programa é protegido concomitantemente com o programa em si.

A validade dos direitos, para quem desenvolve um programa de computador e comprova a sua autoria, é de 50 (cinqüenta) anos, contados de 1.º de janeiro do ano subseqüente ao da sua data de criação, que é aquela em que o programa se torna capaz de executar a função para a qual foi projetado.

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7. Informação tecnológica

Informação tecnológica é todo tipo de conhecimento sobre tecnologias de fabricação, de projeto e de gestão que favoreça a melhoria contínua da qualidade e a inovação no setor produtivo6.

Com a globalização e a disseminação de conhecimentos pela internet, possuir e acessar informação tecnológica tornou-se necessidade estratégica para obter vantagem competitiva e permanecer no mercado.

A informação tecnológica é revelada por meio do Sistema de Patentes e por artigos científicos. Ocorre que, a divulgação da invenção por meio de artigos científicos, feiras e congressos impedem a concessão da patente, a menos que esteja dentro do período de graça (12 meses anteriores ao depósito) e, por isso, muitos a mantêm em sigilo, pois há países que não reconhecem esse período.

O Sistema de Patentes contém milhões de documentos de patentes concedidas e depositadas, abrangendo todos os campos tecnológicos. Grande parte da tecnologia gerada tem divulgação exclusiva por documentos de patentes.

Dessa forma, a busca de informação tecnológica é um instrumento que deve ser utilizado, não só no momento do depósito da patente, mas também para identificar o estágio da evolução tecnológica, suas tendências e mercados potenciais. Além disso, contribui também para monitorar a concorrência, constituindo importante instrumento de marketing e de reserva de mercado.

6 Fonte: Glossário Geral de Ciência da Inovação. Brasília, CID/uNB, 2004.

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O acesso à informação tecnológica possibilita a “imitação criativa”, termo usado pelo professor Roberto Nicolsky, baseado na obra de Linsu Kim (Da Imitação à Inovação, Editora Unicamp, 2005). Nessa obra, Linsu Kim fala sobre a rápida industrialização na Coréia ocorrida graças à imitação e explica que tal processo não implica necessariamente a falsificação ou clonagem de mercadorias importadas.

As imitações criativas visam à geração de cópias de produtos, mas com novas características de desempenho. Explicita ainda que a cópia pode ser atividade legal, não abrangendo, nem a violação de patentes, nem a pirataria. São produtos parecidos com os produtos originais não protegidos por propriedade intelectual, ou que já estejam em domínio público, e que são comercializados com as próprias marcas, a preços bem mais baixos. Assim, muitos esforços e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento podem ser poupados.

Não se pode esquecer, no entanto, que as bases de dados observam a limitação do período em que os documentos ficam em sigilo, ou seja, a base de dados só recuperará os documentos que já tenham sido publicados.

Há diversos tipos de bases de dados para realização de buscas de informação tecnológica: arquivos dos bancos de patentes dos escritórios nacionais e internacionais, contendo documentos em papel ou digitalizados (CD-ROM e DVD) e as bases eletrônicas gratuitas e comerciais (pagas).

As bases eletrônicas gratuitas são ferramentas rápidas e práticas, de acesso a documentos de patentes do mundo inteiro. As mais utilizadas são:

Base de Patentes do INPI, para documentos nacionais (www.inpi.gov.br).

Base do Escritório Europeu de Patentes, para documentos do mundo inteiro (http://ep.espacenet.com).

Base do Escritório Americano de Marcas e Patentes (http://www.uspto.gov/patft/index.htm).

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8. Transferência de Tecnologia

A aquisição de tecnologia pelas empresas tornou-se fator determinante para o aumento da competitividade e do valor da empresa no mercado. A tecnologia pode ser produzida pela própria empresa ou adquirida de terceiros. Para se ter uma idéia clara do que significa, é importante primeiramente definir o termo tecnologia: um conjunto de conhecimentos organizados aptos a serem empregados na produção e comercialização de bens e serviços.

A transferência de tecnologia, portanto, caracteriza a forma pela qual esse conjunto de conhecimentos, técnicas e processos é passada de uma organização para outra, por uma transação de caráter econômico, que visa proporcionar a quem recebe o aumento do valor agregado de seus produtos e/ou serviços e, conseqüentemente, o incremento da participação da empresa no mercado.

Ao mesmo tempo, a transferência de tecnologia pode proporcionar benefícios também para quem a concede, que pode receber royalties oriundos da exploração da tecnologia concedida e utilizar o aperfeiçoamento da tecnologia operada pelo adquirente.

A comercialização desses bens intangíveis é instrumentalizada por meio de um contrato de transferência de tecnologia, cuja averbação no INPI é importante para obter os seguintes efeitos: legitimar pagamentos para o exterior; permitir, quando for o caso, a dedutibilidade fiscal para a empresa cessionária dos pagamentos contratuais efetuados; gerar efeitos perante terceiros.

São averbáveis no INPI, os seguintes contratos:Exploração de Patentes: objetivam o licenciamento de patente concedida, ou pedido de patente depositado no INPI.

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Uso de Marcas: objetivam o licenciamento de uso de marca registrada, ou pedidos de registros depositados no INPI.

Fornecimento de Tecnologia: objetivam a aquisição de conhecimentos e de técnicas não amparados por direitos de propriedade industrial, destinados à produção de bens industriais e serviços. Ex: segredo industrial.

Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Científica: estipulam as condições de obtenção de técnicas, métodos de planejamento e programação, bem como pesquisas, estudos e projetos destinados à execução ou prestação de serviços especializados.

Franquia: destinam-se à concessão temporária de direitos que incluam uso de marcas, prestação de serviços de assistência técnica, combinadamente ou não, com qualquer outra modalidade de transferência de tecnologia necessária à consecução de seu objetivo7.

Mais informações sobre Propriedade Intelectual estão nos sites do Instituto Nacional de Propriedade Industrial/ INPI (www.inpi.gov.br) e da Biblioteca Nacional (www.bn.br).

7 Fonte: Glossário Geral de Ciência da Inovação. Brasília, CID/uNB, 2004.

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IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS INOVADORES NA INDÚSTRIA E DOS

EMPREENDEDORES NO MUNDO GLOBALIZADO

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1. Elevação da Competência do Profissional Brasileiro

As exigências do mercado de trabalho, o perfil profissional e a proposição de projetos inovadores na educação profissional e na escola, já tratados anteriormente pelos co-autores, configuram-se de substancial importância para o aprimoramento do profissional brasileiro.

O estado da arte, neste início do século XXI, apresenta-se bastante complexo frente às tecnologias de ponta que vêm sendo ofertadas em razão da velocidade acelerada da evolução técnica.

As divisas geográficas perdem força e o conceito de grandes potências oscila com a união efetuada pelos países de cada continente, a exemplo do Mercado Comum Europeu e do Mercosul, provocando ainda outras mudanças de valores.

PARTE IV

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O fenômeno da globalização faz com que o planeta se transforme em uma ilha, ao se considerar que, pela internet, as informações vencem distâncias em tempo real, ou seja, são imediatas.

O Brasil aumenta a exportação e vai competir com países do propalado Primeiro Mundo, lá fora e aqui em seu território. Enfrentar essa realidade sem profissionais empreendedores e sem domínio em projetos inovadores caracteriza-se tarefa impossível de ser realizada.

Muitas e muitas nações fortes economicamente estão correndo para investir no Brasil provocando aumento de empregos para profissionais empreendedores. Se não encontrarem, poderão importar mão-de-obra especializada. Além disso, não há como desenvolver o espírito empreendedor sem providenciar o ensino da elaboração e da execução de projetos inovadores nas habilitações dessa população educacional.

Portanto, a Parte I deste livro entrega à indústria do Paraná e do Brasil uma orientação sábia para seguirem, inclusive, no caminho das inovações.

Por outro lado, a Parte II oferece às escolas brasileiras modalidade ímpar para a Educação Profissional na Elaboração de Projetos Inovadores, podendo ser usada na aprendizagem de nível técnico, de graduação e pós-graduação.

O presente capítulo caminha no sentido de comprovar o que está consagrado na Parte I e II, com farta exemplificação prática do que está sendo vivenciado pela indústria.

Os exemplos expostos nesta Parte IV foram vivenciados pela Indústria SMAR8, que vem desenvolvendo tecnologia de ponta totalmente brasileira, há 34 anos, em Sertãozinho, no estado de São Paulo. Além disso, por utilizar profissionais empreendedores, habilitados em projetos inovadores, hoje, a empresa alcança liderança mundial na área de instrumentação, controle de processo e automação empresarial, exportando para 77 países.8 http://www.smar.com/brasil2/

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Dos 980 funcionários, 140 trabalham em tempo integral em pesquisa e desenvolvimento, sendo a única na América Latina com essa criatividade. Possui subsidiárias em Nova York e Houston nos Estados Unidos, presididas por ex-alunos da Politécnica de São Paulo e do ITA. Possui, ainda, subsidiárias na Alemanha, França, Cingapura, China, México e Argentina.

Essa empresa está terminando a implantação de uma fábrica nos Estados Unidos e estudando a fundação de outra na China; no exterior, conta com setenta funcionários.

Para nortear suas decisões, a presidência da empresa se fundamenta em preceitos simples e diretos:

Opção por Tecnologia de Ponta.

Não Reinventar a Roda.

Pessoal Altamente Qualificado.

Ainda toma por base um princípio geral de ação: “Uma empresa só é digna de sobrevivência, quando ela entrega mais à sociedade do que dela recebe.”

Atualmente, a SMAR tem 24 patentes concedidas nos Estados Unidos e mais seis aprovadas, aguardando a emissão dos certificados.

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Figura n.º 1 – 24 Patentes

Tudo que há em volta de todos, em termos de objetos/produtos, a toalha de mesa, a mesa, a cor da tinta, o lápis, a cadeira, o chão de piso frio, o televisor, o computador, a informática e as tecnologias de ponta, enfim, tudo um dia foi sonhado, pensado, idealizado, projetado e executado por alguém ou por um grupo de pessoas.

Se você agradecer continuamente a todos que realizaram projetos inovadores, por tudo que já fizeram e continuam fazendo para o seu conforto, você estará entrando nessa consciência coletiva. Pode, então, até se perguntar: E eu, o

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que estou criando? Como resposta, poderá obter a afirmação de que todos os seres humanos podem criar sempre e, com base nessas constantes realizações, passam a denominá-las projetos inovadores.

Na Parte 1, desta obra, as co-autoras oferecem palavras-chave muito importantes, às quais este autor acresce: não desista nunca. Recomenda-se, ainda, a leitura e reflexão da mensagem (Mussak, 2003, p. 190), que inclui as palavras “com beleza e amor”, julgada o ponto-chave para qualquer criação e projeto inovador. Pois, os seres humanos são co-criadores com Deus, porque Ele cria pela mão dos homens, Seus instrumentos na Terra.

Deus pediu aos homens para amarem e não cobrou resultados. É óbvio, uma vez que todos sabem que se colhe o que se planta e que a toda ação corresponde uma reação inversamente contrária (segunda lei de Newton), repete-se, por isso, à exaustão: não desista nunca, porque aos pensamentos e ações correspondem as reações. Daí vem a responsabilidade maior de “o que pensar e como agir” a cada minuto.

Antes de se registrar os exemplos da SMAR, apresenta-se a grande experiência do SENAI, no próximo item, em razão de seu importante papel na formação de empreendedores por intermédio da Série Metódica de Oficina (SMO) incentivando e gerando projetos inovadores.

2. SMO – Série Metódica de Oficina: um resgate histórico

O fato de se trabalhar em linha de produção, com procedimentos determinados pelas tarefas e operações já elaboradas por alguém mais experiente, não significa que não se possam sugerir melhorias.

Ao se atingir competência e qualidade na rotina da execução das tarefas, domínio alcançado pela experiência prática, tem-se o pré-requisito para obter ótimas idéias para projetos

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inovadores, principalmente, se já for vislumbrada a beleza do trabalho e sentida a vibração de amor e alegria de executá-lo. Inegáveis são as vantagens dos processos produtivos, que dependem de procedimentos repetitivos para a execução de tarefas com tempos determinados, obtidas pela experiência das execuções, pelo sucesso do trabalho do SENAI em todo o país, nos últimos 60 anos de dedicação à formação industrial. Além dessas vantagens já consagradas, encontra-se mais outra, a repetitividade das tarefas e de operações que proporciona ao profissional vasta amplitude e experiência prática vivida, para o seu banco de dados pessoal ao longo dos anos, intransferível e inexplicável apenas para quem não as viveu.

Experiência não se transfere, somente realizando-a é que se alcança a competência de se poder usufruir dela. A melhor forma de aprender e saber fazer é fazendo, segundo Piaget e Dewey.

O SENAI, até a década de 1950, dispunha de material didático prático para a aprendizagem em cada profissão, na sua rede de escolas em nível nacional, executada por seus Departamentos Regionais (D.R) de cada estado. O aluno aprendia nas folhas de tecnologia e folhas de operação com o docente e seguia a folha de tarefa com as suas fases de execução.

O SENAI, percebendo naquela época que o aluno aprendia apenas as tarefas que fazia, deixando a desejar nas soluções de novas tarefas encontradas nas indústrias, efetuou um trabalho de pesquisa, mediante questionário de avaliação, do índice de satisfação das empresas, com referência à performance dos ex-alunos no posto de trabalho, quanto à criatividade frente às novas situações não praticadas na escola.

A resposta foi clara. Os chefes, encarregados e gerentes precisavam ensinar com detalhe as novas situações, o que tomava tempo dos gestores daquela época, frente às suas atividades mais importantes na linha de produção.

Apoiado na Organização Internacional do Trabalho (OIT), o SENAI/DN (Departamento Nacional), na década de 1960,

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criou a Série Metódica de Oficina (SMO) fundamentada na Coleção Básica Ocupacional (CBO), feita por profissão, representando enorme sucesso do SENAI para o país. Essa obra era dividida em duas partes: a primeira constituía-se pela Série Metódica e a segunda, pela Fase Industrial, destinada a trabalhos reais além da SMO.

As Folhas de Tarefas (FT), Folhas de Operação (FO) e Folhas de Informação Tecnológica (FIT) eram estabelecidas e montadas por tarefa prática pela SMO.

Nessa elaboração, era respeitada a ordem crescente de dificuldade (das tarefas mais fáceis para as mais difíceis), sendo as anteriores pré-requisitos para as posteriores. Dessa forma, cada FT continha as indicações das operações repetidas (rotina) e de novas operações (projetos de inovação).

O Quadro Analítico da SMO era elaborado com todos os nomes das tarefas (FT) e das respectivas operações repetidas ( ) e operações novas( ), respeitando a ordem crescente de dificuldade, conforme citado.

O Estudo Dirigido foi o grande passo na Educação Profissional para o aluno aprender a estudar sozinho por meio de leitura silenciosa como primeiro passo, depois, para desenvolver trabalho em equipe, em segundo passo e, finalmente, a elaboração do Roteiro de Trabalho, como terceiro passo. O docente era um orientador eliminador de dúvidas. O aluno criava o roteiro de trabalho, aprendendo em cada tarefa, executando o trabalho em grupo, a pesquisa e a elaboração do plano de trabalho, com todos os detalhes técnicos, inclusive, prevenção de acidente e pontos-chave dos projetos inovadores.

A pedagogia da Educação Profissional deu um salto significativo nessa época para os projetos inovadores e o aluno ganhou velocidade na sua adaptação no posto de trabalho das indústrias.

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Muitos ex-alunos, dos anos 1960, 1970 e 1980, como resultado desse passo pedagógico do SENAI, ocupam, na atualidade, cargos de gerente, diretores e empresários no país. Da mesma forma com que muitos docentes do SENAI, que participaram desse trabalho e se aposentaram da década de 1980 para cá, têm contribuído muito em novas empresas e em consultorias.

Após o término da Elaboração de uma SMO era feito o Manual do Docente, explicando aos novos professores as estruturas de funcionamento metodológico, pedagógico e didático da Aplicação de Estudo Dirigido em salas ambientais e a utilização dos Roteiros de Trabalho nas oficinas e laboratórios do SENAI. Em razão de ser usado o mesmo material didático em todo o país, os profissionais obtinham a mesma qualidade de formação.

A experiência na Escola SENAI Euvaldo Lodi, do Rio de Janeiro, nos finais dos anos 1960 e durante os anos de 1970, tendo como diretor naquela época o Prof. José Manoel de Aguiar Martins, hoje, Diretor Nacional do SENAI, pode ser utilizada em cursos técnicos, tecnológicos e em pós-graduação e até nos tão notórios cursos de ensino a distância.

Os educadores experientes do SENAI, naquela época, discutiam muito sobre o que deveria ser contemplado no processo ensino / aprendizagem para propiciar maior ou menor facilidade de aprender para os seres humanos.

Por isso, pensava-se bastante em ensino individualizado, iniciativa que foi liderada pela Escola SENAI Euvaldo Lodi, do Rio de Janeiro. Instituíram-se as Salas de Estudo Dirigido ambientadas por profissão, por disciplinas de pré-requisitos, como desenho, matemática, português e disciplinas das diferentes profissões. Assim, propiciava-se que o ensino fosse totalmente individualizado, respeitando as diferenças individuais do ser humano para aprender. Com isso, o tempo para concluir o curso foi se tornando diferente para cada aluno.

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As matrículas eram feitas diariamente durante todo o ano e a entrega do certificado também. Deixava a desejar com relação ao trabalho de equipe, mas a respeito da velocidade de cada aprendiz demonstrou-se autenticamente eficaz.

No entanto, na atualidade, considerando-se a pós-graduação e o ensino a distância, esse método tem-se demonstrado válido e propício principalmente para os autodidatas.

3. Exemplos Práticos da SMAR em

Espírito Empreendedor e Projetos inovadores

Outra experiência interessante de se destacar é a da SMAR, que tem a linguagem facilitada com escolas do SENAI, por ser o fundador da empresa em 1974 (hoje, Vice-Presidente) Mauro Sponchiado, egresso do Curso de Mecânica Geral do SENAI (SMO, Mecânica Geral), de Ribeirão Preto, cidade do estado de São Paulo. Além dele, Edson Savério Benelli, egresso do curso de Eletricidade Geral (SMO, Eletricidade Geral), também é sócio da empresa desde 1978, em que implantou a Divisão de Produção Eletrônica, ocupando o cargo de Diretor de Produção, produzindo tecnologia de ponta brasileira para o seu país e mais 77 outros.

Edmundo Rocha Gorini, Presidente da SMAR desde 1978, foi professor do SENAI de Belo Horizonte/MG, Escola do Horto, enquanto fazia a graduação de Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais.

A Assessoria da Presidência da SMAR, desde 1985, é ocupada por um aposentado do SENAI/SP, nesse mesmo ano, que, durante 11 anos, foi professor de Eletricidade Geral pelo modelo pedagógico da época (SMO), aplicando repetitividade de operações e criatividade nas operações novas e elaborando Roteiro de Trabalho em projetos inovadores, nas décadas de 1960, 1970 e 1980.

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Em todos os setores da SMAR, há gerentes, engenheiros e técnicos egressos do SENAI. Dentro desse espírito de comunhão entre SENAI e SMAR, seis vivências foram aproveitadas em outras escolas e indústrias, alavancando, no Brasil, o empreendedorismo e a habilitação por projetos nos locais e nas áreas profissionais indicadas a seguir:

1. Em 1989: Implantação de três Plantas Didáticas móveis para o Triângulo Mineiro, em forma de convênio do SENAI/DR/MG com a SMAR.

2. Em 2000: Implantação da Primeira Unidade Móvel do Mundo com Tecnologia Foundation Fieldbus em Instrumentação pelo Convênio SENAI/PR e SMAR.

3. Em 2002: Implantação do Programa de Atualização na Tecnologia SMAR (PATS)

4. Em 2002: Implantação do Primeiro Curso de Engenharia de Automação Empresarial do Brasil, Convênio FPTE/ Unilins & SMAR.

5. Em 2002: Implantação dos Minicursos para Estudantes de Curso Técnico, de Engenharia de Empresa e de Pós-Graduação.

6. Em 2003: Implantação de Manual de Estágio, em 2003, FPTE /Unilins & SMAR.

Essas seis vivências estão comentadas e ilustradas a seguir.

Primeira Vivência, em 1989: Implantação de três Plantas Didáticas móveis para o Triângulo Mineiro, em forma de convênio do SENAI/DR/MG com a SMAR.

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Figura n.º 2 – “educação Profissional Brasileira” na Planta Didática exportada para Rússia.

- Tecnologia SENAI & SMAR

A Planta Didática engloba as principais tarefas usuais em uma indústria na área de automação empresarial, como controles automáticos de processos nas variáveis de temperatura, nível, pressão, vazão, pH, e outras variáveis inerentes a cada processo de produção.

Esse trabalho foi projetado por coordenadores técnicos da área de automação e instrumentação do SENAI/DR/MG e a SMAR, por meio de um convênio, para implantar projetos inovadores em Educação Profissional, na área de instrumentação e controle de processo.

Nascida dessa união SENAI e SMAR, a PD é fabricada pela SMAR, em Sertãozinho, estado de São Paulo, e, hoje, encontram-se Plantas Didáticas instaladas em muitas escolas e empresas do país e do exterior.

De acordo com orientações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da sua extensão Centro Interamericano de Investigação e Documentação (CINTERFOR) sobre a Formação Profissional, ao se elaborar uma Série Metódica de Oficina, é necessário lembrar- se das seguintes ações.:

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Tarefas Reais: aquelas que podem ser levadas realmente para as oficinas e laboratórios das escolas, como tornear, limar, montar placas de circuitos eletrônicos, pois, podem ser executadas em bancadas dentro desses espaços físicos.

Tarefas Típicas: aquelas impossíveis de serem transportadas aos ambientes escolares, como alto forno, virador de vagão, laminação de uma siderúrgica. Para essas realidades, elaboram-se as Folhas de Operação em condições típicas para a montagem das Folhas de Tarefas.

Respeitando essa orientação da OIT e CINTERFOR, o SENAI implantou em todos seus cursos técnicos de instrumentação, Plantas Pilotos, compostas pelas principais atividades de uma planta industrial, com as Malhas de Controle instaladas nas empresas que atuam com automação de Processos Contínuos.

A produção industrial dispõe de três principais tipos de processos produtivos:

a. Contínuos: refinarias, siderúrgicas, usinas, destilarias e outras.

b. Produção em Série (manufatura): de automóveis, eletrodomésticos e outros.

c. Batelada: aqueles que são contínuos com interrupções periódicas.

Para o controle automático de processos dos tipos Contínuos e de Bateladas, são utilizadas as Malhas de Controle das diferentes variáveis inerentes a cada um: nível, vazão, temperatura, pressão, pH e outras. Para todos os módulos de malha de controle, são freqüentes os pequenos, médios ou grandes Projetos Inovadores. Essas Malhas de Controle são constituídas de oito módulos (Elementos Primários; Indicadores; Transmissores e Conversores; Linha de Transmissão; Registradores; Controladores; Elemento Final de Controle; Anunciadores de Alarme e Segurança) demonstrados a seguir.

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Módulo 1: elementos Primários

São instrumentos sensores que sentem as oscilações das variáveis de pressão, nível, vazão, temperatura, pH e outras variáveis de processos industriais.

Figura n.º 3 – Termopar

Figura n.º 4 – Sensor de Temperatura

Módulo 2: Indicadores

São instrumentos que indicam, em tempo real, cada movimento em regime contínuo dos valores mensuráveis de cada variável.

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Figura n.º 5 – Indicador Digital

Módulo 3: Transmissores e Conversores

São instrumentos que efetivam as conversões de sinais, compreendendo transmissores, conversores e interfaces.

Figura n.º 6 – Conversor de Pressão Foundation Fieldbus FP 302

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Figura n.º 7 – Transmissor de DensidadeFoundation Fieldbus DT 302

Módulo 4: Linha de Transmissão.

São as linhas componentes da rede que efetua toda a transmissão dos sinais dentro da Malha de Controle, podendo, para isso, valer-se das tecnologias mecânica, pneumática, elétrica, eletrônica, de microprocessadores, fibra ótica, rádio freqüência e outras tecnologias futuras para transmissões de sinais.

Figura n.º 8 – Arquitetura da Linha de Transmissão

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Módulo 5: Registradores

São os instrumentos, dentro do sistema, que registram as oscilações das variáveis do processo de produção industrial, com os tempos pré-definidos em 24 horas, uma semana ou um mês, para estudo de melhoria e otimização dos algoritmos matemáticos do Controle Automático, buscando sempre a melhor relação custo/beneficio da produção.

Figura n.º 9 – Tela de Registro

Módulo 6: Controladores

São os instrumentos, dentro do sistema, que, ao receber os sinais do Módulo 1 (Elementos Primários – sensores), comparam-nos com o valor desejado (set point) do projeto e atuam no Elemento Final, a ser visto no próximo módulo, para manter a variável estável dentro de seus valores na Malha de Controle. Esse Módulo 6 é considerado o “coração” da Malha de Controle, por trabalhar em tempo real, com o feedback contínuo das oscilações e respectiva retroalimentação.

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Figura n.º 10 – Controlador Microprocessado

Módulo 7: elemento Final de Controle

São os instrumentos, dentro do sistema, que efetuam a ação de diminuir ou aumentar o valor de passagem do produto, buscando manter o Valor Desejado, de acordo com o projeto em cada Malha de Controle.

Figura n.º 11 – Válvula de Controle

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Figura n.º 12 – Posicionador

Módulo 8: Anunciadores de Alarme e Segurança.

São os instrumentos incumbidos de acompanhar todo o andamento contínuo da Malha de Controle Automático. Se, em um tanque de petróleo, ou de outro líquido, estiver o Valor Desejado de se manter em 80% de capacidade do tanque e ele começar a subir para 81%, 82% de nível, esse módulo irá anunciar e alarmar essa alteração. Dependendo da tecnologia implantada, esse aviso se fará com sinais visíveis e sonoros, em painéis, em telas de microcomputadores ou em controles remotos, para que os operadores de processo e os profissionais da manutenção interajam rapidamente para evitar que o tanque transborde.

Em todos esses eventos, os profissionais das indústrias necessitam estar habilitados em projetos inovadores, para soluções rápidas e seguras, uma vez que problemas podem surgir em qualquer um dos módulos anteriores, necessitando de pesquisa rápida e de solução imediata, para evitar grandes perdas e acidentes.

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Figura n.º 13 – Sumário de Alarme

Figura n.º 14 – Barreira de Segurança Intrínseca Foundation Fieldbus & Profibus PA

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Figura n.º 15 – Ações de Segurança

Evolução da Tecnologia para as Malhas de Controles e Sistemas de Automação

a- Controle Manual até a década de 1940

Figura n.º 16 – Controle Manual

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b- Controle Automático no Campo após a década de 1940

Figura n.º 17 – Controle Automático de Campo

c- Controle Automático no Século XXI: Automação Empresarial

Figura n.º 18 – Sala de Controle

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A habilitação e competência em projetos inovadores são indispensáveis a todos os profissionais da automação de Controle de Processo e Instrumentação (Automação Empresarial), que militam dentro da força de trabalho e compõem o segmento da economia brasileira das indústrias petrolíferas, petroquímicas, químicas, papel e celulose, siderúrgica, alimentícia, destilaria de álcool, usinas de açúcar, têxtil, usinas hidrelétricas, usinas termelétricas, usinas termonucleares, embalagens, saneamento, vidro, pesca, naval, cimento, mineração e outras que se utilizam de Controles Automáticos de Processos Contínuos com seus Sistemas e Malhas de Controle, na Manufatura e Gestão.

Para todas as indústrias dos segmentos mencionados anteriormente, a Planta Didática SMAR configura-se importante material didático, com muitos projetos inovadores, desde planos diretores até para o chão de fábrica nas plantas industriais.

Uma equipe de Gerentes e Engenheiros da SMAR, dos departamentos de Engenharia de Desenvolvimento e da Engenharia de Aplicações, aprimora dentro da idéia de projetos inovadores, os cálculos e outros recursos tecnológicos, assim que a empresa define fabricá-las.

Essa Planta Didática SMAR, usada na Educação Profissional, é monitorada e operada de uma estação, constituída de um microcomputador do tipo PC (arquitetura desktop) e um software de supervisão, que efetua a aquisição de dados dos equipamentos e dos instrumentos do chão de fábrica e os apresenta por meio de animação nas telas. Permite também atuar nos registros, modificando valores desejados dos equipamentos e nos modos operacionais das malhas de controle, utilizando continuamente projetos inovadores. Essa planta é utilizada hoje na Educação Profissional em escolas do país e do exterior, em cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação nas áreas de automação empresarial e sua instrumentação. Para tanto, é indispensável que os alunos,

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do SENAI e de outras escolas do país, saiam do período escolar para as indústrias com bom desempenho em projetos inovadores para enfrentar o mercado globalizado.

Segunda Vivência, em 2000: Implantação da Primeira Unidade Móvel do Mundo com Tecnologia Foundation Fieldbus em Instrumentação pelo Convênio SENAI/PR e SMAR.

Esse convênio foi assinado pelo Presidente da SMAR, Eng. Edmundo Rocha Gorini, pelo Diretor Regional do SENAI/ Paraná, naquela época, Prof. Ito Vieira e o Vice- Diretor Regional do SENAI/Paraná, João Barreto Lopes, atualmente. Diretor Regional do SENAI desse estado.

Figura n.º 19 – unidade Móvel com Tecnologia Foundation Fieldbus, Hart e Profibus

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a. Aplicação de Projetos Inovadores nos treinamentos dentro da Unidade Móvel de Instrumentação e Controle de Processo.

Inaugurada em 2000, no CIETEP do SENAI/DR/PR, em Curitiba, essa Unidade Móvel tem o objetivo de levar às indústrias conhecimentos e habilitações, pela Educação Profissional Móvel, as tecnologias de ponta em instrumentação e controle de processo para a Automação Empresarial. Essa ação técnico-pedagógica avançada permite ao docente habilitar os profissionais em projetos inovadores em seus trabalhos diários, em Plantas Industriais, Fabricantes, Departamentos de Desenvolvimento de Tecnologia, Produção, Engenharia de Aplicação, Assistência Técnica, Marketing de Produtos, Sistemas, Treinamentos e Qualidade.

Na inauguração da Unidade Móvel foram entregues à primeira turma os Certificados do Curso Como Implantar Projetos com Tecnologia Foundation Fieldbus. Os alunos eram profissionais das indústrias e do SENAI da Grande Curitiba, Araucária e Telêmaco Borba, que atuam em Instrumentação e Controle de Processo.

Figura n.º 20 – Primeira Turma do Curso

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b. Como Implantar Projetos com Tecnologia Foundation Fieldbus

Essa iniciativa da FIEP/SENAI/PR e SMAR, pelo convênio firmado, possibilitou que a Unidade Móvel de Instrumentação levasse nos últimos dez anos as tecnologias de ponta Foundation Fieldbus, Hart e Profibus, em muitos projetos inovadores nessa habilitação, a nove estados brasileiros (PR, SP, PA, GO, RJ, SC, MG, BA), a Brasília (DF) e mais 76 cidades do país. Portanto, a preparação de profissionais empreendedores e hábeis em projetos inovadores pela Educação Profissional da escola é prioritária.

c. Aplicação de Projetos Inovadores com os Demokits nas Tarefas Práticas

Os Demokits foram projetados para uso dentro da Unidade Móvel de Instrumentação para a execução, por parte do aluno, das tarefas práticas relacionadas a hardwares e softwares embarcados e sistêmicos para atender ao grande leque de configurações inerentes às tecnologias de ponta das Plantas Industriais. É impossível, em cada tarefa, ou mesmo nas Malhas de Controle e nas Plantas Industriais, caminhar sem usar a metodologia de projetos a cada passo e em toda jornada do Controle de Processo, buscando sempre otimizações para a maior eficiência do processo produtivo na relação custo/benefício.

Figura n.º 21– Demokits com Tecnologia Foundation Fieldbus

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Figura n.º 22 – Vista interna da unidade Móvel - Bancadas, Painéis e Demokits

d. Aplicações de Projetos Inovadores na Planta Didática da Unidade Móvel

Após a execução das tarefas com os Demokits, treinando na base da Educação Profissional os Projetos Inovadores nas configurações dos Sistemas, o aluno participa dentro da Unidade Móvel, na Planta Didática, controlando as variáveis nível, pressão, vazão e temperatura, alternando os valores desejados e registrando todas as oscilações da retroalimentação buscando a otimização do Controle de Processo.

Figura n.º 23 – Vista interna da unidade Móvel - Planta Piloto no Fundo

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Terceira Vivência, em 2002: Implantação do Programa de Atualização na Tecnologia SMAR (PATS)

Figura n.º 24 – Logo do PATS

A SMAR, sentindo as dificuldades que as indústrias usuárias e as escolas tinham de acompanhar, em fase de pesquisas e desenvolvimento da empresa, o lançamento das novas tecnologias, instrumentos e sistemas, criou o Programa de Atualização na Tecnologia SMAR (PATS). O objetivo foi propiciar que as indústrias e escolas acompanhassem “os muitos projetos inovadores” criados pelos 140 profissionais que trabalham dentro da Divisão de Engenharia de Pesquisa e Desenvolvimento Mecânico, Eletrônico, Digital e Sistemas. No final do PATS, o aluno primeiro colocado recebe um prêmio da SMAR, entregue por um Diretor.

Quando os clientes da SMAR entram em uma escola para participar do PATS, ao encontrarem o clima escolar dos alunos, lembram das suas origens nas escolas. Por outro lado, os alunos, ao verem grupos adultos de profissionais na escola, vislumbram o futuro dos seus caminhos. São exemplos gratificantes para uns e motivadores para outros.

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A SMAR, empresa fabricante, acredita que com isso está contribuindo fortemente para “quebrar o muro” entre a indústria e a escola, na busca da ampliação dos projetos inovadores dos dois lados, além de torná-los mais coesos.

Esse trabalho do PATS é executado para clientes, desde 2002, portanto, há sete anos, dentro do espírito de Educação Profissional nos níveis técnicos, graduação e pós-graduação em escolas e indústrias.

Se todo o país implantasse esse projeto nas escolas que atuam em Educação Profissional e nas empresas, a elevação da competência e capacitação dos profissionais brasileiros alcançaria patamar igual, ou até melhor, ao de grandes potências. Com isso, diminuiria o tempo gasto no aprendizado das tecnologias de ponta pelos alunos, que hoje vão para as empresas usuárias e cinco anos depois para as escolas, considerando o atraso na burocracia de atualização das grades curriculares e na atualização dos professores. A SMAR se obriga a reciclar seus clientes para diminuir a distância (gap) da escola com o estado da arte, que vai dos fornecedores para os usuários.

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Alguns Resultados do PATS pelo País

Figura n.º 25 – Resultados do PATS

Quarta Vivência, em 2002: Implantação do Primeiro Curso de Engenharia de Automação Empresarial do Brasil, Convênio F.P.T.E/ Unilins & SMAR.

Esse curso teve a primeira turma formada em 2005 com colação de grau em janeiro de 2006. A sua carga horária foi de 1/3 para Automação de Controle de Processo, 1/3 para Automação da Manufatura e 1/3 para Automação de Gestão, tendo, portanto, sido denominado Automação Empresarial, por formar profissional mais eclético.

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Figura n.º 26 – 1.ª Turma do Curso de engenharia de Automação empresarial

Os projetos inovadores desse curso, além das áreas de Gestão de Ciências Humanas, para melhorar mais o entendimento do software humano e a habilitação prática em laboratório específico de automação, utiliza metodologia de Estudo de Tarefa, Elaboração de Roteiro, dentro da filosofia e metodologia da SMO de Oficina.

Figura n.º 27 – Laboratório de Automação empresarial

Quinta Vivência, em 2002: Implantação dos Minicursos para Estudantes de Curso Técnico, de Engenharia de Empresa e de Pós-Graduação.

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Os alunos do Curso de Engenharia de Automação Empresarial participantes do convênio SMAR com a Fundação Paulista de Tecnologia e Educação (FPTE/Unilins) efetuam o estágio dentro da empresa, supervisionado e avaliado pelos gerentes e encarregados. As orientações seguem o Manual de Estágio, modelo SENAI, vivenciando os projetos nos departamentos de desenvolvimento, produção e assistência técnica nas áreas mecânica, elétrica, eletrônica e painéis. O item 1.4, página 2, Manual de Estágio da SMAR, refere-se a algumas atitudes que serão observadas e qualificam o estagiário, entre elas, a iniciativa “demonstrada pelo interesse, na procura de novos meios para solucionar problemas e cooperação com os que o rodeiam”. A iniciativa é uma das atitudes basilares para o desenvolvimento de projetos inovadores.

Como contribuição aos leitores, coloca-se como exemplo um Programa de Estágio da Divisão Elétrica e Eletrônica, página 12, do Manual de Estágio da SMAR. Esse exemplo mostra atividades a aprender, que a empresa necessita dos profissionais, relacionadas a cada equipamento, por setor dessa Divisão.

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a- Programa de Estágio elaborado pela Indústria.

Figura n.º 28 – exemplo de Programa de estágio

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b- Ficha de Avaliação de Desempenho

Essa ficha, preenchida pelos gerentes de cada estagiário, propicia a “quebra do muro” de forma rápida, avaliando e orientando Atividade de Trabalho, Ritmo, Qualidades Pessoais, Iniciativas, Segurança e Hábitos.

Figura n.º 29 – Ficha de Avaliação de Desempenho do estagiário

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Sexta Vivência, em 2003: Implantação de Manual de Estágio pela FPTE /Unilins & SMAR

Considerando a carência, nas grades curriculares dos Planos de Curso das escolas, de habilitação da vida real no dia-a-dia das indústrias, mesmo porque é impossível colocar a indústria dentro da escola, o aluno não tem a oportunidade, durante o curso, de conhecer as Divisões dentro da empresa, compostas por seus Departamentos de Desenvolvimento Mecânico e Eletrônico, Produção, Assistência Técnica, Engenharia de Aplicação, Marketing, Exportação, Recursos Humanos, Financeiro, Contabilidade, Treinamento, Exportação, Qualidade Assegurada ISO 9000, SA 12000.

Com o fim de aproximar essa realidade para as escolas e seus alunos, fazendo da indústria uma extensão da escola, a SMAR criou, inicialmente nas seguintes áreas, minicursos de:

Departamento de Desenvolvimento Mecânico

Departamento de Produção Mecânica

Departamento de Desenvolvimento Eletrônica

Departamento de Produção Eletrônica

Departamento Assistência Técnica e Revisões

Departamento de Engenharia de Aplicação

Centro de Treinamento SMAR

ISO/9000 e Qualidade na empresa

A estrutura técnico-pedagógica dos minicursos funciona com grupos de vinte a trinta alunos. Após um pré-teste, o Gerente faz a apresentação do Organograma do Departamento e sua estrutura de funcionamento aos alunos, que passam o dia inteiro em um só departamento, acompanhando e fazendo algumas tarefas do assunto em questão.

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Ao final do dia, após uma reunião com a gerência do departamento, para eliminação de dúvidas e reforço, é aplicado um pós-teste, demonstrando os resultados e, depois, é feita a entrega do Certificado.

A implantação desse projeto aconteceu em 2003 para os alunos de Engenharia de Automação Empresarial.

4. Necessidade de Projetos Inovadores dentro da Empresa

A SMAR foi criada por ex-alunos do SENAI, em 1974, e em 1978, recebeu no corpo societário mais um ex-aluno e um ex-professor do SENAI/MG e outros sócios. De origem totalmente nacional, vem gerando tecnologias de ponta continuamente, levando-as atualmente para 77 países, o que a transformou em multinacional brasileira, com 24 patentes nos Estados Unidos, por ter maior força no mercado internacional, como resultados de empreendedores da empresa.

Para a continuidade e aprimoramento dessa soma de talentos brasileiros, no mundo globalizado, a diretoria de desenvolvimento mecânico, eletrônico, digital e de sistema; as diretorias de produção mecânica e produção elétrica-eletrônica; as diretorias nacional e internacional; a diretoria de açúcar e álcool; as diretorias de qualidade assegurada e marketing, com seus equipamentos de alta tecnologia, como CNC, células de usinagem, robôs e outros, dependem de empreendedores habilitados continuamente em projetos inovadores, cujas equipes totalizam hoje 980 funcionários no Brasil e 70 no exterior, com prospecção para ampliar.

A Educação Profissional brasileira, na formação de RH para a nação, de alunos habilitados em projetos inovadores e empreendedores é de substancial importância para crescimento contínuo das empresas do Brasil.

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Para tanto, os trabalhos conjuntos da escola e empresa darão velocidade e qualidade para o Brasil estar no palco dos países de primeiro mundo.

A SMAR, vista de forma holística, depende de profissionais empreendedores e habilitados e necessita continuamente dos Projetos Inovadores, esperando sempre esse resultado da escola para continuar obtendo sucesso.

Como exemplo, um dos últimos projetos inovadores da SMAR desenvolvidos por profissionais da empresa, o Transmissor de Nível por Ondas Guiadas.

Figura n.º 30 – Transmissor de Nível por Ondas Guiadas

Hoje, mais do que nunca, o mercado passa por demandas tecnológicas intensas e das mais variadas. Produtos cada vez menores e com maior valor agregado, pessoas mais habilitadas para necessidades cada vez mais específicas encontram incontável quantidade de opções e soluções tecnológicas destinadas ao mesmo fim.

A área de automação industrial não foge dessa regra. Sendo por isso que a SMAR, há mais de 30 anos, preocupa-se em estar na vanguarda desse mercado, com soluções robustas, confiáveis e apresentando tecnologia de ponta. Foi pensando assim que a SMAR lançou em 2007 seu transmissor de nível por ondas guiadas.

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Também conhecido como Radar de Ondas Guiadas, esse transmissor se baseia no princípio de Reflectometria pelo Domínio do Tempo (TDR, na sigla em inglês). Tal método é baseado na reflexão de ondas eletromagnéticas, quando elas atingem um meio diferente do caminho em que antes se propagavam. No entanto, essas ondas são literalmente guiadas por sondas de metal, para que não haja dispersão e ruídos externos (algo muito comum nos radares de ondas livres e ultra-sons).

Os radares de ondas guiadas são os medidores de nível mais novos do mercado mundial, comparados às outras tecnologias de ondas livres, pressão hidrostática, células de carga ou capacitivas e demais. Eles surgiram no início dos anos 1990 e atingem hoje uma fase de maturidade em todo o mundo, com uma taxa de crescimento de 10,5% ao ano (frente a apenas 8% de outras tecnologias também recentes, como os transmissores tipo “antena” ou “corneta”).

Assim, focada em um mercado com usuários cada vez mais bem preparados técnica e comercialmente, a SMAR tem como foco levar a esse mercado soluções de alto padrão e qualidade, preocupando-se com o crescimento sustentável de plantas de pequeno, médio e grande porte. Uma prova disso é que hoje ela atende a aplicações inéditas, para medição de nível, preenchendo as demandas tecnológicas tão exigidas pelo mercado de automação industrial.

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5. Descrição e Características Funcionais do Profissional em Instrumentação

Monografia n.º 23 do SENAI Departamento Nacional – 1977

5.1 Descrição

Pela Classificação Internacional Uniforme de Ocupação (CIUO) editada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a ocupação do profissional de Instrumentação é codificada em CIUO 8 - 42.32.

Segundo essa classificação, o instrumentista executa as seguintes funções:

Mantém, repara, calibra e instala elementos primários, indicadores, pneumáticos, eletrônicos e elétricos, transmissores pneumáticos, transdutores pneumático-eletrônicos, registradores pneumáticos e eletrônicos, controladores pneumáticos e eletrônicos, elementos finais de controle, anunciadores de alarme pneumático, eletrônico, elétrico e analisadores de processos industriais e cadeias de controle e nível, vazão, temperatura, pressão e outras variáveis, acompanhando sempre as inovações tecnológicas de cada época.

Desempenha tarefas similares às que realizam o eletricista, em geral (8.55.10), e o mecânico de máquinas, em geral (8-49.10), porém, é especializado em manutenção, reparação, montagem, calibração e instalação de instrumentos em cadeias de controle de processos industriais dentro das tecnologias inovadoras.

Interpreta fluxogramas de processos industriais e de especificação.

Coloca e fixa os instrumentos em painéis de controle, consoles, corta, dobra e instala linhas de eletroduto e tubulação de cobre, vinil e aço inoxidável; faz a fiação elétrica e instalações à vista e aberta; testa a

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estanqueidade em linhas pneumáticas; executa provas para pesquisar defeitos nas instalações pneumáticas, elétricas, eletrônica, digitais e microprocessadas e faz as conexões necessárias; substitui ou repara fios de instalação, fios de compensação e tubulações.

No Brasil, o Instrumentista Reparador, além de executar a manutenção prevista e corretiva de instrumentos, equipamentos e sistemas que formam a cadeia de controle, repara seus implementos e acessórios.

5.2 Características Funcionais

É uma ocupação com predomínio nas funções mentais, sensoriais e motoras, exigindo atenção e reação a estímulos visuais, sinestésicos e adaptação fisiológica à temperatura de até 80ºC, variando de acordo com os diferentes tipos de processos industriais. Compreende trabalhos que vão, desde o reaperto simples de peças, até os que necessitam do uso de instrumentos de elevado grau de sofisticação.

Esse trabalho está sujeito a situações variáveis, que requerem capacidade de criar, improvisar, adaptar e transferir conhecimentos e habilidades, frente às constantes situações novas, causadas pela complexidade de manutenção e pela constância de mutações técnicas dos fabricantes, em busca de aproveitamento na otimização dos controles de processos industriais. No Brasil, é indispensável o conhecimento do inglês técnico na ocupação, por se tratar de uma tecnologia recente no país.

As tarefas executadas pelo instrumentista abrangem um campo muito eclético, adentrando em várias outras ocupações, conforme mostrado a seguir.

Instalações Pneumáticas em tubulações de cobre, de vinil, de aço carbono e inoxidáveis, cada uma com suas características especificadas.

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Instalações Elétricas e Eletrônicas em linha aberta, linha à vista, rede exposta e rede embutida de acordo com a ABNT.

Retirada de operação, remoção, reparação e instalação de elementos primários, sensores das variáveis, vazão, nível e temperatura, assim como: placa de orifício, rotâmetro, medidor magnético de vazão, turbina, termopares, pirômetro ótico, pirômetro monocromático, pirômetro de radiação, bóias, eletrodos, sensores eletromecânicos e demais.

Reparações e calibrações de instrumentos pneumáticos, eletrônicos analógicos, digitais e microprocessados, eletropneumáticos, indicadores, transmissores, transdutores, registradores e controladores, sistemas e todos os instrumentos que compõem as malhas de controle.

Interpretações de esquemas elétricos, eletrônicos, digitais e microprocessadores, pneumáticos e fluxogramas de processo.

O instrumentista necessita ainda de conhecer operações de processo, para manter diálogo com os operadores na pesquisa de defeitos dos instrumentos.

Normalmente, o Instrumentista Reparador é conhecido no mercado por Técnico em Instrumentação ou Supervisor de Área e também por Instrumentista Industrial, Instrumentista Pneumático e Instrumentista Eletrônico.

Sua ocupação é ativa, sem probabilidades de monotonia em seu desempenho, em vista de sua flexibilidade. Geralmente, aquele que trabalha no campo enfrenta grandes distâncias e, às vezes, grandes alturas entre instrumentos e sensores de uma mesma cadeia de controle, além de muitas vezes encontrar percursos acidentados. Esses fatos introduzem certa morosidade na manutenção.

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As grandes indústrias amenizam esses problemas mantendo pequenos laboratórios nos vários setores do campo, com toda a documentação do processo, do sistema de automação do controle e catálogos dos instrumentos de cada Malha de Controle com os respectivos Tags (identificação dos instrumentos na planta industrial), além do laboratório central de manutenção de instrumentação.

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CoNSIdERAçÕES FINAISSimone Luzia Maluf Zanon, Sonia Regina Hierro Parolin

e Thaise Nardelli

Trabalhar com realidades estanques e fragmentadas dificultam a apropriação do conhecimento pelos alunos e profissionais. A construção de uma visão contextualizada, que lhes permita uma percepção sistêmica da realidade, configura-se uma abordagem muito mais própria, principalmente, na educação profissional.

Nesse sentido, docentes e gestores devem lembrar-se de que seu papel é o de mediador entre as idéias e as práticas, além de reconstrutor do conhecimento por meio de aprendizagens significativas e relevantes.

O docente, ao planejar o processo de ensino, deve prever, antecipar situações específicas e considerar os interesses dos alunos. Segundo Weisz (2002), as atividades propostas pelo docente devem reunir condições para que: a) os alunos utilizem e aprimorem seus conhecimentos; b) os alunos resolvam e tomem decisões sobre suas propostas; e c) as competências trabalhadas mantenham suas características de objeto sociocultural real, incluindo a aprendizagem significativa e o contexto em que os alunos estão inseridos.

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As dificuldades a serem resolvidas e as decisões a serem tomadas baseiam-se no pressuposto de que o aluno só consegue avançar na sua aprendizagem quando tem bons problemas para solucionar; portanto, aprende resolvendo essas situações adversas. (SENAI/DN, 2006).

Dessa forma, trabalhar com situações-problema e com projetos é ter consciência da incompletude do ser humano; é projetar no mundo as próprias possibilidades; é fazer acontecer; é instigar a busca por melhorias, pela inovação, pela solução de dificuldades surgidas durante a caminhada vivencial.

As experiências da SMAR relatadas nesta obra ilustram a amplitude das vivências com situações-problemas organizadas no formato de projetos com características inovadoras. São vivências como essas, que oferecem a dimensão dos rumos da Educação Profissional e seu compromisso com o desenvolvimento industrial do país.

Simone Luzia Maluf Zanon | Sonia Regina Hierro Parolin | Thaise Nardelli

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dAdoS SoBRE oS AutoRES

Heloisa Cortiani de Oliveira

Advogada formada pela UFPR/ 2000, com estágio baseado na Lei de Inovação Francesa na Université de Technologie de Compiègne, França/ 2003; Cursando Especialização em Planejamento e Gestão de Negócios na UNIFAE/PR; Técnico Responsável pelo NOPI/ Núcleo de Orientação de Propriedade Intelectual, do Programa INOVA SENAI/SESI/ IEL PR. Contato: [email protected].

Deusdedit Carvalho de Moraes

Mecânico Eletricista formado pelo SENAI, 1956; Instrutor formado pelo CENAFOR/1968; Técnico em Eletrotécnica formado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) SP/1968; Técnico de Chefia e Dinâmica de Grupo pelo IDORT/1964; Pedagogo formado pela SENADOR FLAQUER com Habilitação no MEC em Administração Escolar de 1.º e 2.º Grau e Professor de Psicologia da Educação e Sociologia da Educação/1974; Controle Avançado formado no IRA/ Institut de Régulation et Automation, França/1978; Lato Censo/ 2006, Teoria de Psicanálise Aplicada pelo Instituto

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Saber de Brasília; Técnico em Instrumentação em Energia (CPFL), entre 1956 a 1961; Instrutor, Chefe dos Cursos de Elétrica Eletrônica; Supervisor de Instrumentação; Assessor da Diretoria de Formação Profissional do SENAI/DR/SP, 1961 a 1985; no SENAI, acumulou a função de Assessor da Secretaria Especial de Informática (SEI) da Presidência da República, de 1979 a 1985, para projeto e execução da Lei de Informática para Reserva de Mercado; Coordenador no SENAI da implantação do Curso Técnico de Instrumentação de 1974 a 1985, nos Departamentos Regionais de SP em Santos e Campinas, no DR/BA, DR/RS, DR/ES; Coordenador da Transferência de Tecnologia da França para o SENAI/SP/Santos e do Japão para o SENAI/ES/ Vitória. Desde 1985, é Assessor da Presidência da SMAR, acumulando com a Presidência da Instrumentação para Desenvolvimento Científico e Tecnológico (INSISTE), Presidência do Grupo Nacional de Instrumentação de Açúcar, Álcool e Alimentos (GINAAA). Contato: [email protected].

Simone Luzia Maluf Zanon

Formada em Pedagogia pela UTP/PR/2000; Especialista em Psicopedagogia pelo IBPEX/PR/2001 e em Inovação de Projetos Educacionais – Âmbito Escolar e não Escolar pela PUCPR/2004; Mestranda em Tecnologia/ UTFPR; Atuante na Área de Educação Profissional do SENAI/PR, desde 2003, especificamente, nos Cursos Técnicos de Nível Médio; Participante da elaboração do programa Fundamentos Pedagógicos para a Educação Profissional do SENAI/PR; Participante na validação da Metodologia para Avaliação de Projetos de Cursos, elaborada pelo SENAI/DN, em 2005, na Região Centro-Oeste, DR/PR e DR/ES. Contato: [email protected]

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Sonia Regina Hierro Parolin

Graduada em Artes pela FAP, 1981; Especialista em Fundamentos da Arte-educação pela FAP, 1998, e em Administração pelo ISPG, 1997; Mestre em Administração pela UFRGS, 2001 e Doutora em Administração pela USP (2008); Gerente do Programa Inova SESI/SENAI/IEL-PR, desde 2004, na condução de Projetos voltados ao Estímulo à Criatividade, Empreendedorismo, Inovação e Propriedade Intelectual; à Educação Profissional e ao Meio Empresarial; Professora de Criatividade em cursos de Pós-Graduação; Autora de vários artigos publicados sobre os temas indicados. Contato: [email protected]

Thaise Nardelli

Graduada em Pedagogia pela UFPR/ 2003; Especialista em Pedagogia da Gestão Empresarial pela UTP/ 2004 e em Inovação em Projetos Educacionais: âmbito escolar e não escolar, pela PUC/PR/ 2005; Mestre em Tecnologia/ UTFPR; Atuante em Educação Profissional no SENAI/PR, desde 2001 e na área de Educação, desde 1998. Contato: [email protected]

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Créditos2a Edição revisada e ampliada

Federação das Indústrias do Estado do Paraná - FIEP

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial/Departamento Regional - SENAI

Diretor Regional João Barreto Lopes

Diretor de Operações Marco Antônio Areias Secco

Gerente Programa INOVA SENAI/SESI Sonia Regina Hierro Parolin

Serviço Social da Indústria - SESI Diretor Superintendenete José Antônio Fares

Diretoria de Tecnologia de Gestão da Informação

Diretor de Tecnologia de Gestão da Informação Pedro Carlos Carmona Gallego

Coordenadoria de Tecnologia e Mídias Educacionais - CTME

Coordenação – Lucio Suckow

Projeto Gráfico – Ana Célia Souza França

Priscila Bavaresco

Tratamento de imagens – Priscila Bavaresco

Editoração – Ana Célia Souza França

Revisão de texto – Bernadete de Lourdes Michelato

Código CTME 012 08