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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO ELIANA DE GOES RESENDE MEMÓRIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO EM FORTALEZA-CE: (RE) CONSTRUÇÃO A PARTIR DA HISTÓRIA ORAL FORTALEZA 2012

ELIANA DE GOES RESENDE - UFC€¦ · 2.Administradores de enfermagem – Fortaleza(CE) – Atitudes – 1959-2011. ... and returned to the interviewees make the verification of the

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO

ELIANA DE GOES RESENDE

MEMÓRIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE

ENSINO EM FORTALEZA-CE: (RE) CONSTRUÇÃO A PARTIR DA HISTÓRIA ORAL

FORTALEZA

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO

ELIANA DE GOES RESENDE

MEMÓRIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE

ENSINO EM FORTALEZA-CE: (RE) CONSTRUÇÃO A PARTIR DA HISTÓRIA ORAL

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Políticas Públicas e Gestão da

Educação Superior - POLEDUC da Universidade

Federal do Ceará, como requisito necessário a

obtenção do título de Mestre

Orientadora:Dra. Maria de Fátima de Souza

FORTALEZA

2012

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ELIANA DE GOES RESENDE

MEMÓRIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE

ENSINO EM FORTALEZA-CE: (RE) CONSTRUÇÃO A PARTIR DA HISTÓRIA ORAL

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Políticas Públicas e Gestão da

Educação Superior - POLEDUC da Universidade

Federal do Ceará, como requisito necessário a

obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Dra. Maria de Fátima de Souza

Banca Examinadora:

___________________________

Profa.Dra. Maria de Fátima de Souza

U.F.C. Orientadora

___________________________

Profa.Dra. Ana Maria Vieira Lage

U.F.C

____________________________

Profa. Dra. Elizabeth Mesquita Melo

UNIFOR

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências Humanas

________________________________________________________________________

R341m

Resende, Eliana de Goes.

Memórias da administração da enfermagem de um hospital de ensino em

Fortaleza- CE: (re) construção a partir da história oral / Eliana de Goes

Resende. – 2012.

154 f. : il. color., enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de

Pesquisa e Pós-Graduação, Mestrado Profissional em Políticas Públicas e

Gestão da Educação Superior, Fortaleza, 2012.

Área de Concentração: Políticas públicas e gestão do ensino superior

Profa. Dra. Maria de Fátima de Souza.

1.Serviços de enfermagem – Fortaleza(CE) – Administração – 1959-2011.

2.Administradores de enfermagem – Fortaleza(CE) – Atitudes – 1959-2011.

3.Hospital Universitário Walter Cantídio.

4.Universidade Federal do Ceará – Servidores públicos. I. Título.

CDD 362.1730680981310904

________________________________________________________________________

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Aos profissionais de enfermagem do Hospital

Universitário Walter Cantídio.

À enfermeira, Dra. Lúcia Regina da Silva ( in

memoriam).

Ás enfermeiras que administraram o serviço

de enfermagem, desde a fundação do Hospital

Universitário Walter Cantídio.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, sem Ele nada posso fazer ( de bom )

Aos meus filhos, Matheus, Emmanuelle e Simone, que são humanamente, a razão da

minha vida, pela longanimidade dispensada á mim

À professora, Dra. Maria de Fátima de Souza, minha orientadora competente e grande

incentivadora, sempre. Por sua paciência, pela segunda vez sendo minha orientadora, a quem

faz integralmente jus aos títulos, funções e cargos que tem assumido em sua trajetória

profissional.

A todos os professores do POLEDUC, pelo compartilhamento de seus conhecimentos

Aos meus colegas de turma do POLEDUC.

Aos secretários do POLEDUC Fernanda Araújo e Delmiro, pela atenção e gentileza no

atendimento, sempre.

A todas as enfermeiras que foram gestoras do serviço de enfermagem durante os

cinquenta e dois anos do HUWC, e que gentilmente aceitaram ser entrevistadas para nossa

pesquisa. Pela forma atenciosa que me receberam e compartilharam suas experiências do

passado. – Dra. Ivanilda Osório, Dra Maria Lobo, Dra. Raimunda Magalhães da Silva, Dra.

Naira Jucá , Dra. Suely Gadelha, Dra. Isabel Augusto, Dra. Jocélia Cavalcante, Dra. Maria

Dayse Pereira, Dra. Rita Honório Paiva

À Dra Lúcia Regina da Silva, in memórian, enfermeira que faleceu em 12 de setembro

de 2011, quando então era diretora de enfermagem. Por sua competência, respeito e incentivo

para a construção desta pesquisa.

Aos professores participantes da Banca examinadora na Qualificação, por suas

sugestões e aprovação.

Aos professores participantes da Banca examinadora na Defesa, por suas sugestões.

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Em especial á equipe multidisciplinar da Unidade de Pediatria, amigos e amigas

queridas.

Às secretarias da diretoria de enfermagem do Hospital Universitário Walter Cantídio

Amanda Fávia e Eliana pela contribuição atenciosa de sempre .

A todos os que torceram para que conseguíssemos chegar ao final desta jornada, meus

irmãos, cunhados, sobrinhos e os amigos que são muitos

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“Porque sem mim nada (bom) podeis fazer”

Jesus Cristo

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é compreender a trajetória histórica da administração da

enfermagem no Hospital Universitário Walter Cantídio no período de 1959 a 2011, a partir da

narrativa de dez enfermeiras que assumiram o cargo de administração maior na Enfermagem

do Hospital Universitário desde 1959, ano de sua fundação até o ano de 2011. Trata-se de uma

pesquisa histórico-social, de abordagem qualitativa, cujo método predominante é a história

oral. A história Oral traz a perspectiva de receber revelações, segredos, detalhes, etc., de

forma que algum aspecto que possa parecer subjetivo nos dias atuais venha a ser esclarecido,

além de ser um recurso moderno que torna possível o resgate da memória e (re ) construção

da história a partir das próprias palavras daqueles que a vivenciaram e que participaram de um

determinado período, mediante suas referências e também seu imaginário. Os dados foram

por meio de um levantamento dos documentos gerenciais da enfermagem do HUWC que se

encontravam no arquivo central e na secretaria da Coordenação de enfermagem, tais como:

relatórios, fotografias, comunicações internas, planejamento para os serviços, entre outros e

por meio de entrevistas realizadas com as enfermeiras identificadas. As entrevistas foram

gravadas, transcritas na sua íntegra e retornadas para as entrevistadas fazerem a verificação da

fidedignidade das transcrições, nesse momento houve alguns ajustes, frutos de novas

memórias das entrevistadas. Também foram reunidos documentos e fotos gentilmente cedidos

pelas enfermeiras entrevistadas. As entrevistas foram analisadas por meio do recurso

interpretativo da hermenêutica – dialética. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Universitário Walter Cantídio ( CEP/HUWC). O resultado dessa

produção histórico - social foi organizado de acordo com a trajetória cronológica vivenciada

pelas protagonistas e anuncia alguns assuntos que acompanham a história da administração da

enfermagem no HUWC, como a luta pela valorização profissional, a relação do poder, o

desejo e a necessidade de conhecimento e de avanços científicos e tecnológicos, a relação

multiprofissional, a humanização da equipe enfim, apresenta um ciclo que não denota um

processo linear, sequenciado. Na verdade demonstra um processo não linear que se dá por

avanços e recuos em deferentes épocas históricas, com diferentes dinâmicas dadas as

dIferentes condições históricas e sociais inerentes a cada personalidade entrevistada .

Portanto, como toda e qualquer história, essa também não acaba com esta dissertação. Ela

apenas abre caminho que deve ser percorrido por outros para que não se percam todos e,

como lembrou Le Goff, a história é filha da memória que, merecidamente, precisa ser

cuidada.

Palavras – chaves: Administração em Enfermagem. Trajetória histórica. História oral

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ABSTRACT

The objective of this study is to understand the historical trajectory of the administration of

nursing at the University Hospital Walter Cantídio the period 1959 to 2011, from the narrative

of ten nurses who took the highest position in nursing administration at the University

Hospital since 1959, the year of his foundation until the year 2011. It is a social-historical

research, a qualitative approach, which is the predominant method of oral history. Oral history

brings the prospect of receiving revelations, secrets, details, etc.., So that some subjective

aspect that may seem today will be clarified as well as being a modern resort that makes

possible the recovery of memory and (re ) construction of history from the very words of

those who experienced and participated in a given period, by their references and also his

imagination. The data was through a survey of nursing management of documents HUWC

who were in the central file and in the office of the office of the Coordination of nursing, such

as reports, photographs, internal communications, planning for services, among others and

through interviews with the nurses identified. The enterview were recorded, transcribed in full

and returned to the interviewees make the verification of the reliability of the transcripts at

that time there were some adjustments, fruits of new memories of the interviewees. Were also

gathered documents and photos kindly provided bythe nurses interviewed. The interviews

were analyzed through the use of interpretive hermeneutics – dialectic. The study was

approved by the Ethics Committee in Research of Hospital University Walter Cantídio

(CEP/HUWC). The history-social this result production was organized according to

chronological history experienced by the protagonists and announces some issues that

accompany the story of the administration of nursing HUWC, as the struggle for professional

development, the relationship of power, desire and need for knowledge and scientific and

technological advances, the relationship multidisciplinary, humanization of the team finally

has a cycle that does not denote a linear process sequenced. In fact demonstrates a non-linear

process that occurs by advances and retreats in historic times deferent, with different

dynamics given the deferential historical and social conditions inherent to each person

interviewed. So, like any story, that it does not end with this dissertation. It just opens the way

to be traveled by others so that all is not lost and, as Le Goff recalled, the story is the daughter

of memory, deservedly, have to be careful.

Key - words: Nursing Administration. Historical trajectory. Oral History.

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RESUMEN

El objetivo de este trabajo es conocer la trayectoria histórica de la administración de

enfermería em el Hospital Walter Cantidio el período de 1959 a 2011, a partir de la narración

de cada diez enfermeras que entraron administración de la oficina principal de la Enfermeria

en el Hospital Unversitário desde 1959, el año de su fundación hasta el año 2011. Se trata de

una investigación histórica y social, el enfoque cualitativo, cuyo método predominante es la

historia oral. La Historia Oral trae la perspectiva de recibir revelaciones, secretos, detalles,

etc. de modo que algunos de los aspectos que hoy en día puede parecer subjetiva se aclarará, y

es un moderno complejo que hace posible la reuperación de la memoria y la (re) construcción

de la historia de las palabras de aquellos que viveron y participaron en um período em

particular a través de sus referencias y también su imaginación. Los datos fueron recolectados

a través de HUWC enfermería de gestión de documentos de los cuales se encontraban en el

archivo y en la secretaría central de la Coordinadora de Enferería, tales como informes,

fotografías, comunicación interna, planificación de servicios, actas de reuniones y mucho

más, ya trav;es de entrevistas con el personal de enfermería identificados. Las entrevistas

fueron grabadas, transcritas y regresó a los entrevistados qué la verificación de la fiabilidad de

las transcripciones, esta vez hubo algunos ajustes, fruto de nuevos recuerdos de los

entrevistados. Fueron tambien los documentos recogidos y fotos amablemente proporcionados

por las enfermeras entrevistadas. Los datos fueron analizados a través del uso de la

hermenéutica interpretativa-dialéctica. El estudio fue aprobado por el Comité de Ética en

Investigación del Hospital Universitário Walter Cantidio (CEP/HUWC). El resultado de esta

producción socio-histórico se organizó de acuerdo a la trayectoria cronológica que viven los

protagonistas y anuncia algunos problemas que acompañan la historia de la administración de

enfermería en HUWC, ya que la lucha por el desarrollo profesional, las relaciones de poder, el

deseo y la necesidad de conocimiento y de los avances científicos y tecnológicos, el equipo

multiprofesional relación humanización finalmente tiene un ciclo que no denota un proceso

lineal secuenciado. De hecho demuestra un proceso no lineal que se produce por los avances y

retrocesos en las diferentes épocas históricas, con dinámicas diferentes, debido a las diferentes

condiciones históricas y sociales inherentes a cada persona entrevistada. Así que, como

cualquier otra historia, ésta no se agora en esta tesis. Ella sólo se abre camino que debe ser

seguido por otros que no todo está perdido y así recordó Le Goff, la historia es la hija de la

memoria, merecidamente, para ser atendidos.

Palavras-clave: Administración de enfermería. Trayectoria histórica. Historia oral.

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .........................................................................................19

1.1 OBJETIVO ........................................................................................................................22

1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................................22

1.1.2 Objetivos específicos ......................................................................................................22

2 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO ..........................................................23

2.1 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO ...............................................23

2.2 A HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO ...........................................................................25

2.3 CULTURA ORGANIZACIONAL ....................................................................................29

2.4 A ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM ..................................................................30

2.5 A ENFERMAGEM NO CEARÁ ......................................................................................36

2.6 PROCESSO HISTÓRICO .................................................................................................37

2.7 O MÉTODO DA HISTÓRIA ORAL .................................................................................39

2.8 FOTOGRAFIAS COMO MÉTODO HISTÓRICO ...........................................................41

3 ABORDAGEM METODOLÓGICA .................................................................................43

3.1 TIPO DE PESQUISA .........................................................................................................43

3.2 PROTAGONISTAS DO ESTUDO ....................................................................................46

3.3 MÉTODO DE COLETA DE DADOS ...............................................................................46

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................... 47

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DO ESTUDO ................................................................................ 47

4 TRAJETÓRIA ADMINISTRATIVA DA ENFERMAGEM NO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO .....................................................................49

4.1 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE IVANILDA BRUNO OSÓRIO (1959 – 1975) .......49

4.2 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE MARIA COSTA LOBO MARREIRO

(1979 - 1983) ............................................................................................................................58

4.3 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE RAIMUNDA MAGALHÃES DA SILVA (1984 –

1986) ........................................................................................................................................71

4.4 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE JOCÉLIA MARIA CAVALCANTI PAIVA (1986 –

1991) ........................................................................................................................................88

4.5 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE NAIRA MARIA JUCÁ FERREIRA

(1991- 1995) ............................................................................................................................97

4.6 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE SUELY GADELHA ARAÚJO (1995-1999) ....... 102

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4.7 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE JOCÉLIA MARIA CAVALCANTI PAIVA (1999 -

2003) ......................................................................................................................................114

4.8 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE MARIA DAYSE PEREIRA (2003 – 2010) ......... 119

4.9 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE LUCIA REGINA DA SILVA OLIVEIRA (2010 –

2011) ......................................................................................................................................128

4.10 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE RITA PAIVA PEREIRA HONÓRIO

(ATUAL) ................................................................................................................................131

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................137

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 141

ANEXOS .............................................................................................................................. 150

APÊNDICES ....................................................................................................................... 154

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1-Dra.Ivanilda Bruno Osório durante o Congresso Brasileiro de Enfermagem .... 50

FIGURA 2-Atendimento de enfermagem, nas clínicas médicas em 1959 ............................ 54

FIGURA 3-Envelope de tecido para luvas ........................................................................... 55

FIGURA 4-Colchão Perfurado para pacientes submetidos à cirurgia de Abaixamento

Endonal ..............................................................................................................56

FIGURA 5-Sacos de papel para coletar os detritos e o pó do colchão .............................56

FIGURA 6-Saco para descarte de cascos de ampolas, bolas de algodão, serrinhas e

outros ...................................................................................................................57

FIGURA 7-Dra. Maria Lobo na I Jornada de Enfermagem do HUWC em 1982 ................ 58

FIGURA 8-Regimento do Hospital Universitário Walter Cantídio ................................. 61

FIGURA 9-Primeiro Organograma do HUWC/ 1977 ........................................................... 63

FIGURA 10-I Jornada de Enfermagem do HUWC-1982 ................................ 64

FIGURA 11-Funcionária de enfermagem homenageada na I Jornada de

Enfermagem do HUWC-1982 .............................................................................65

FIGURA 12-Dra. Ivanilda Osório na I Jornada de Enfermagem do HUWC-1982 ................ 65

FIGURA 13-Regimento da Coordenação dos Serviços de Enfermagem-1979 .................... .68

FIGURA 14-Comissão Redatora do Regimento Interno da Coordenação de

Enfermagem-1979 ............................................................................................. 70

FIGURA 15-Dra. Raimunda Magalhães da Silva em Evento de Enfermagem................ ...... 71

FIGURA 16-Projeto de Integração docente/assistencial ......................................................72

FIGURA 17-Histórico de Enfermagem -1984 ....................................................................... 75

FIGURA18-Programa de Treinamento para Enfermeiras de Ensino e Serviço ..................... 80

FIGURA 19-Equipe organizadora do Encontro Nacional de Enfermagem ........................... 82

FIGURA 20-Projeto de Integração Docente Assistencial ...................................................... 85

FIGURA 21-Dra. Izabel Augusto .......................................................................................... 86

FIGURA 22-Foto da Dra. Jocélia Cavalcante ........................................................................ 88

FIGURA 23-Recorte de Jornal que traz uma homenagem da enfermagem aos médicos que

contribuíram para o desenvolvimento da enfermagem do HUWC ..................90

FIGURA 24-Palestra administrada para a equipe de enfermagem ........................................ 92

FIGURA 25-Certificado conferido à Dra. Jocélia ..................................................................93

FIGURA 26-Aula prática da Capacitação em Assistência Ventilatória, para as

Enfermeiras ...................................................................................................... 94

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FIGURA 27-Dra. Jocélia Cavalcante na 51ª. Semana Brasileira de Enfermagem ..................94

FIGURA 28-Encerramento do Curso de Formação para Auxiliares e Técnicos de

enfermagem,.........................................................................................................95

FIGURA 29-Dra. Naira Ferreira Jucá em 1991 ...................................................................... 97

FIGURA 30-Capa do Estatuto da SAMEAC ....................................................................... 102

FIGURA 31-Dra. Suely Holanda Gadelha ............................................................................ 103

FIGURA 32-Saquinhos para esterilização de seringas de vidro ............................... ............104

FIGURA 33-Impresso de elaboração da escala utilizado no ano de 1989 ................. ..........105

FIGURA 34-Cartão de aniversário .........................................................................................111

FIGURA 35-Barracas do São João HUs ................................................................................112

FIGURA 36-Equipamentos modernos no Centro de material do HUWC/2001 ................... 115

FIGURA 37-Dra. Naira com a presidente do Coren – Ce ......................................................117

FIGURA 38-Sala de Recuperação Pós Anestésica em 2001 ..................................................118

FIGURA 39-Coordenadoras na gestão da Dra. Jocélia Paiva ..........................................118

FIGURA 40-Dra. Maria Dayse Pereira ..................................................................................120

FIGURA 41-Capas de documentos das ações implementadas no período de 2003 a 2007 ...126

FIGURA 42-Álbum de fotografias da Gestão por Competência na enfermagem ................ 127

FIGURA 43-Álbum de fotografias do Projeto de Residência em enfermagem e

Dimensionamento de Pessoal ............................................................................127

FIGURA 44-Dra. Dayse com a Dra. Fátima ........................................................................ 128

FIGURA 45-Dra. Lucia Regina da Silva ...............................................................................129

FIGURA 46-Coordenadoras de Enfermagem dos Hospitais Universitários

(HUWC e MEAC) em 2010 .............................................................................131

FIGURA 47-Dra. Rita Paiva ..................................................................................................132

FIGURA 48-Organograma oficializado pela UFC desde 2004 ............................................133

FIGURA 49-Organograma proposto pela Fundação Getulio Vargas ............................ .......134

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEN Associação Brasileira de Enfermagem

ABTA Associação Brasileira de Técnicos de Administração

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CME Central de Material e Esterilização

CFE Conselho Federal de Educação

CNS/MS Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde

CONSUNI Conselho Universitário

COREN Conselho Regional de Enfermagem

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

DASP Departamento Administrativo do Serviço Público

d.C depois de Cristo

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

DCENF Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em

Enfermagem

DNSP Departamento Nacional de Saúde Público

DOU Diário Oficial da União

EASP Escola de Administração de São Paulo

FFOE Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem

FUNEDUCE Fundação Educacional do Estado do Ceará

HUWC Hospital Universitário Walter Cantídio

IAPs Instituto de Aposentadoria e Pensões

IDA Integração Docente Assistencial

IDORT Instituto de Organização Racional do Trabalho

IES Instituto do Ensino Superior

INPS Instituto Nacional de Previdência Social

MEAC Maternidade Escola Assis Chateaubriand

MEC Ministério da Educação e Cultura

NHB Necessidade Humana Básica

ONA Organização Nacional de Acreditação

PCOCC Planejar, Comandar, Organizar, Controlar e Coordenar

PNADHU Plano Nacional de Apoio ao Desenvolvimento dos Hospitais Universitários

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POP Procedimento Operacional Padrão

QT Qualidade Total

REBEN Revista Brasileira de Enfermagem

RPH Revista Paulista de Hospitais

SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem

SAMEAC Sociedade de Assistência á Maternidade Escola Assis Chateaubriand

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SR Sala de Recuperação ( Pós Anestésica)

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UECE Universidade Estadual do Ceará

UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro

UFC Universidade Federal do Ceará

UTI Unidade de Terapia Intensiva

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19

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Durante toda a existência da Enfermagem, a prática profissional está ligada às mais diversas

áreas do conhecimento como as ciências biológicas, a educação, as ciências sociais, dentre outras. A

ciência da administração contribui com uma importante parcela que se concretiza, principalmente,

na condução da equipe de enfermagem.

No bojo do renovado prestígio dos estudos históricos em geral, há um crescente interesse da

enfermagem pelos aspectos históricos da profissão. Este interesse é internacional e, mormente na

América do Norte já se encontra formalizado e reconhecido como campo de saber, como demonstra

a existência de uma Associação Americana de História da Enfermagem e a realização, em junho de

1997, em Vancouver, no Canadá de um Congresso Internacional de História da Enfermagem. Ao

contrário, no Brasil, o 1º Encontro Nacional de História da Enfermagem, ocorrido em Belo

Horizonte em 1985 com promoção do Centro de Estudos e Pesquisas da Associação Brasileira de

Enfermagem, não teve continuidade.

Em decorrência da minha atuação como gestora setorial no Hospital Universitário Walter

Cantídio (HUWC) da Universidade Federal do Ceará, tomei por objeto de estudo desta dissertação,

os aspectos administrativos da profissão e, em particular, a história desse segmento profissional no

referido hospital. Parti em busca de fontes documentárias que pudessem subsidiar a minha pesquisa,

com vistas à (re) construir a história da administração da enfermagem no HUWC.

Funcionários responsáveis pelo arquivo da instituição (local pequeno e escuro, que guarda

documentos de contabilidade e absenteísmo, alguns datam do ano de 1976 e outros mais recentes)

me informaram ser rotina no hospital o descarte de documentos em lixo comum a cada cinco anos.

Fui informada, também, que cada setor é orientado a guardar seus documentos de maneira própria,

descartando-os quando achar conveniente.

Tomei conhecimento, ainda, que em fevereiro de 2008, devido à falta de espaço no hospital,

foi locada uma casa na Rua Francisca Clotilde para servir de ambiente de “arquivo morto” de

documentos como Prontuários, Atas, Livros de Ocorrências das Unidades de Internação, Registros

das Cirurgias, etc. Porém após cerca de um mês de funcionamento, o local foi invadido e todos os

documentos desapareceram. A causa e o autor ou autores do ocorrido não foi descoberto e nem

instaurado qualquer processo de investigação até os dias atuais. (Estas informações foram

fornecidas pelos responsáveis pelo arquivo).

Em face destas informações e da consequente escassez de fontes documentárias escritas

encontrei no método da história oral a possibilidade de realização deste estudo.

História oral é um método de pesquisa que utiliza técnica de entrevista e outros procedimentos

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articulados entre si como: documentos escritos; documentos fotográficos; recortes de notícias; etc.,

no registro de narrativas das experiências humanas. Apresenta abrangência multidisciplinar e tem

sido sistematicamente utilizado por diversas áreas das ciências. (FREITAS, 2002).

De acordo com Burke (2000), o movimento da história oral vem sendo amplamente difundido,

quer ligado às elites, quer ligado aos grupos de pouca visibilidade social, como a enfermagem, ele

oferece a possibilidade da criação de acervos para o uso no ensino e na pesquisa, (re) construindo a

história com um novo paradigma diferente do tradicional que considera a História uma ciência

objetiva, o paradigma novo não crê na possibilidade de uma objetividade total. Tudo que está

escrito relata o que foi dito oralmente por alguém e sofre interferências socioculturais e

interpretativas de quem a escreveu. A produção do conhecimento é uma prática social e, portanto

carregada de valores e também sujeita às injunções que condicionam o trabalho dos historiadores,

homens e mulheres de seu tempo e que falam de um determinado lugar social, com determinada

visão de mundo.

Nos séculos XII e XVI a enfermagem sofreu exploração deliberada sendo considerada como

um serviço doméstico pela queda dos padrões morais que a sustentava. Assim a prática de

enfermagem tornou-se indigna e sem atrativos para as mulheres de casta social elevada. Esta fase

tempestuosa, que significou uma grave crise para a Enfermagem, permaneceu por muito tempo, e

apenas no limiar da revolução capitalista, é que alguns movimentos reformadores, que partiram

principalmente de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço

dos hospitais. (COREN-RJ, 2005).

Estes paradigmas históricos parecem interferir marcadamente no íntimo da profissão de forma

que, no mundo moderno, as práticas de saúde analisam as ações de saúde em especial as ações de

Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico da sociedade capitalista, ressaltando o

surgimento da Enfermagem como atividade profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se

com a Revolução Industrial no século XVIII e culmina com o surgimento da Enfermagem moderna

na Inglaterra, no século XIX. (COREN-RJ, 2005).

Toda profissão é sujeito e consumidor da sua própria história e a história assume caráter

particular em cada organização que a desenvolve, como parte da chamada Cultura Organizacional.

O que se vê hoje é que cada momento da gestão pública é retrato da política vigente, visto

que a escolha dos gestores institucionais recai sobre a confiança de gestores maiores. Este

mecanismo de escolha é reproduzido pelos gestores institucionais que, ao montarem suas equipes,

também o fazem sob a mesma ótica. Nesse sentido, grande parte do que é realizado em uma gestão

não sofre solução de continuidade.

Verifica-se que grande parte do que se faz ou se produz fica perdido através do tempo, o que

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foi uma experiência bem sucedida no passado não apresenta possibilidades de reprodução, bem

como há repetição de erros que poderiam ter sido evitados a partir da verificação de uma

experiência anterior. Desconhece-se a afirmativa de que a memória das vivências do passado

influencia o fazer no presente e faz projetar realizações futuras.

A importância e os desafios de estudos de natureza histórica são mencionados por Lynaugh e

Reverby (1987, p.4) para as quais “fazer um trabalho histórico é estar disposto a viver em

permanente luta com ambiguidades conceituais, evidências perdidas e opiniões conflitantes”,

cabendo ao pesquisador a tarefa de encontrar e avaliar as evidências e os dados encontrados, e então

analisá-los e interpretá-los.

A atuação como gestora em uma das unidades de internação do referido hospital, bem como

fato de ter, algumas vezes, respondido pela administração maior da enfermagem, foi determinante

para a escolha do enfoque a ser dado ao estudo. Estava então definido que a (re) construção da

história da enfermagem no HUWC se voltaria para as memórias da administração e teria como

protagonistas as enfermeiras que desempenharam a função de administradoras da enfermagem junto

à diretoria desta instituição.

Algumas questões interligadas surgem quanto à problemática do resgate da história da

administração da enfermagem no hospital Walter Cantídio. Como compreender o contexto das

ações profissionais da enfermagem sem conhecer sua trajetória? Como (re) construir a história

diante da escassez de dados? Como analisar a evolução histórica da natureza do trabalho

desenvolvido pelas enfermeiras?

O desejo e a necessidade de responder a estes questionamentos me orientou a formulação dos

objetivos desta dissertação.

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1.1 OBJETIVOS:

1.1.1 Geral:

Compreender a trajetória histórica da administração em enfermagem no Hospital

Universitário Walter Cantídio no período de 1959 a 2011.

1.1.2 Específicos:

Conhecer o método de escolha para a função de Administradora da Enfermagem no HUWC.

Identificar os processos de trabalho e o modo de administrar de cada gestora.

Relacionar os processos de trabalho e o modo de administrar da enfermagem com a

realidade social e política da profissão e da instituição em cada época.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO

2.1 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO

O Hospital Universitário Walter Cantídio é o hospital da Universidade Federal do Ceará,

localizado na cidade de Fortaleza e inaugurado em 1959, pelo então presidente da República

Juscelino Kubitschek de Oliveira. Naquela época ficou conhecido como Hospital das Clínicas.

Segundo Girão (1994), a história começou quando em meados de 1939, o professor Antônio

Austragésilo, destacado nome da medicina nacional, em visita ao seu antigo aluno e colega doutor

Jurandir Morais Picanço, falou-lhe da necessidade e conveniência da implantação de uma faculdade

de medicina em Fortaleza. Porém, somente em 1947, com incentivos legados do I Congresso de

Médicos Católicos realizado em Fortaleza, foi fundada a Sociedade Promotora da Faculdade de

medicina do Ceará tendo como presidente o doutor Jurandir Morais Picanço e como presidente de

honra o doutor César Cals de Oliveira. A então Sociedade Promotora da Faculdade de Medicina do

Ceará foi transformada em Instituto de Ensino Médico, que se tornou o órgão com os encargos

jurídicos de manutenção da Faculdade.

Ainda em 1947, o Instituto de Ensino Médico organizou e montou a Faculdade de

Medicina, que inicialmente funcionou na Praça José de Alencar, em prédio doado pelo Estado,

apoiado pela sociedade cearense, e pela iniciativa do próprio Instituto de Ensino Médico. Mas

somente em 13 de abril de 1948, o então Presidente da Republica, Eurico Gaspar Dutra, autorizou o

funcionamento da faculdade de medicina no Ceará.

Uma das principais metas da Faculdade de Medicina era ter o seu Hospital das Clínicas e,

como desde 1944 o Governo do Estado iniciara a construção do “Hospital Carneiro de Mendonça”

no bairro de Porangabussu, hoje Rodolfo Teófilo, interrompendo suas obras por mais de uma vez

por falta de verbas, o Instituto de Ensino Médico negociou com o governo do Estado (Faustino de

Albuquerque) a construção da obra que teve ajuda da União, defendida pelo deputado Paulo

Sarasate, bem como outros auxílios federais. O Estado doaria o prédio em construção e recursos

financeiros para sua conclusão e, em contrapartida, o Instituto de Ensino Médico instalaria um

serviço de isolamento para doenças infecto-contagiosas. Em 1952, inaugurou parte do edifício, a

qual voltada evidentemente, a este tipo de doentes, sob a manutenção do Estado.

Em 1952, foi iniciada a construção da 1º Unidade do Hospital de Clínicas, destinada a área

de Medicina Interna e Doenças Infecto-contagiosas, em convênio com o Departamento Estadual da

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Saúde. No entanto, foi em 1954 que ocorreu a federalização da Faculdade, com a criação da

Universidade Federal do Ceará. A Faculdade de medicina crescia, e concomitantemente surgiam as

chances do Hospital das Clínicas, desta faculdade. Enquanto as metas do Instituto de Ensino

Médico percorriam caminhos lentos para sua concretização, a Santa Casa de Misericórdia de

Fortaleza sediava algumas cadeiras de clínica médica e cirúrgica da Faculdade de Medicina. As

atitudes planejadas realizadas neste momento seriam luz para os primeiros anos de funcionamento

do Hospital das Clínicas que teve suas obras retomadas no final de 1956 e conduzidas daí por

diante, com vigor e determinação traçado e já em junho de 1957 se tornava possível a transferência

da Faculdade de medicina para o Hospital.

A faculdade apresentava como um dos grandes dificultadores na qualidade de formação, a

deficiência de equipamentos da Santa Casa, desde as caóticas condições do laboratório até a escassa

condição de funcionamento dos serviços complementares, como por exemplo, o de diagnóstico.

Enquanto isso, o Hospital das Clínicas era construído a passos lentos, por pressão do Instituto de

Ensino Médico e da própria faculdade de Medicina, embora alguns professores apresentassem

tendência a lutar pelo melhoramento da Santa Casa, ao invés de influir na conclusão das obras do

Hospital das Clínicas. O motivo? A localização, Porangabussu era considerado um bairro muito

distante e o espaço pouco povoado naquela época.

Em 1950 iniciaram os trabalhos de mudança para o Porangabussu, com a inauguração do

Centro de cardiologia. Porém, além da distância e do isolamento provenientes da localização, as

dificuldades financeiras extremas não davam oportunidades a aquisição de equipamentos nem a

valorização dos trabalhos pioneiros, causando desmotivação e desesperança nos médicos

envolvidos naquele projeto.

Enfim em 1957, ano em que se desligou totalmente do casarão da Praça José de Alencar, o

Hospital das Clínicas recebeu a Faculdade de Medicina. A primeira enfermaria de clinica médica da

instituição foi inaugurada em 1959, com 25 leitos. Paulatinamente, foram criados outros leitos e

serviços, porque cada vez mais professores e médicos recorriam ao Porangabussu para compor a

equipe.

Durante o período de 1958 a 1966, o Hospital foi administrado pelo mesmo diretor da

Faculdade de Medicina, professor Waldemar de Alcântara, e talvez por esta razão a história das duas

Instituições acabam por confundir-se.

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Em 1967, com a transferência da Faculdade de Medicina para um prédio próximo ao local, o

hospital teve a estrutura administrativa mais bem definida, contudo, hierarquicamente subordinado

a Faculdade de Medicina.

Em 1974 a Universidade Federal do Ceará assina um contrato com a Sociedade de

Assistência á Maternidade Escola Assis Chateaubriand – SAMEAC, que passa a assumir a

responsabilidade da administração do Hospital. A SAMEAC é uma sociedade criada por

transformação da anterior sociedade Pró-construção da Maternidade Popular de Fortaleza, como

pessoa jurídica de direito privado, de caráter não lucrativo, com sede em Fortaleza-Ceará. Em 1980

passou a ser chamado Hospital Universitário Walter Cantídio, em homenagem ao professor Walter

de Moura Cantídio, um de seus fundadores.

2.2 HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO

Desde os tempos primórdios, nas mais simples formas de sociedade, encontram-se sinais de

organização, de planejamento, de administração, que foram evoluindo, e sendo embasadas por

teorias que se tornaram conhecidas no mundo, direcionando comunidades, empresas, escolas,

instituições, pessoas e assim o é até os dias atuais. Ptolomeu dimensionou um sistema econômico

planejado, que não poderia ter sido operacionalizado sem uma administração pública sistemática e

organizada. Na China, Confúcio surgiu na tentativa de definir regras, instituições, pessoas. Estes

estão entre outros exemplos que são apresentados na história dos povos.

Na evolução histórica da administração, duas instituições se destacaram: a igreja Católica

Romana e as Organizações Militares. A Igreja Católica Romana pode ser considerada a organização

formal mais eficiente da civilização ocidental. Através dos séculos vem mostrando e provando a

força de atração de seus objetivos, a eficácia de suas técnicas organizacionais e administrativas,

espalhando-se por todo mundo e exercendo influência, inclusive sobre o comportamento das

pessoas, seus fiéis. (SOUSA, 2008).

Ainda segundo Souza, 2008, as organizações militares evoluiram das displicentes ordens dos

cavaleiros medievais e dos exércitos mercenários dos séculos XVII e XVIII até os tempos modernos

com uma hierarquia de poder rígida e adoção de princípios e práticas administrativas comuns a

todas empresas da atualidade. Quanto a atividade produtiva, esta era artesanal e manual.

Geralmente os artesãos trabalhavam em grupos organizados para melhorar e aumentar a

produtividade. Com o passar das décadas, os artesãos perderam o controle do processo produtivo,

pois agora passaram a ter um patrão. Os lucros passam a ser do dono.

O trabalho do homem, do animal e da máquina de roda d’água mudou para o trabalho com

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máquinas. O processo tornou-se conhecido como manufaturado. As novas oportunidades de

trabalho provocam a migração e consequente urbanizaçao ao redor dos centros industriais. Esse

momento marca o ponto culminante do avanço tecnológico economico e social. Havia já uma

revolução no meio dos transportes e comunicação, enfim o inicio do capitalismo. (SOUSA, 2008).

O desenvolvimento da indústria e a crescente separação entre propriedade e administração

levaram ao aparecimento da figura do administrador. Este passou a discutir suas funções, verbalizar

e teorizar sobre suas responsabilidades, começando a elaborar um pensamento administrativo.

Porém, é possível lembrar que décadas anteriores alguns economistas já discutiam alguns conceitos,

como por exemplo, que o bom administrador devia cultivar a “ordem, a economia e a atenção”.

(SOUSA, 2008).

Os séculos XVIII ao XX vieram marcados por um fenômeno que ficou conhecido como

revolução industrial, trazendo um desenvolvimento notável para as organizações, conceitos foram

sendo criados e utilizados em diversas áreas, sendo adaptados às realidades de cada grupo. No final,

o mundo já não era mais o mesmo.

A revolução industrial teve início na Inglaterra, com a invenção da máquina a vapor por

James Watt. A utilização da máquina no setor da produção resultou em uma disseminação da

industrialização em alguns lugares do mundo. Segundo Karl Marx, a revolução Industrial integrou

o conjunto das Revoluções Burguesas do séc. XVIII, responsável pelo Antigo Regime, na passagem

do capitalismo comercial para o industrial.

Conforme Chiavenato (1979), a revolução industrial focava na maior quantidade, qualidade

e menor custo em detrimento da gestão de pessoal. Como consequências apresenta um crescimento

acelerado e desorganizado das empresas que passaram a exigir uma administração científica capaz

de substituir o empirismo e a improvisação além da necessidade de maior eficiência e produtividade

das empresas, para fazer face à intensa concorrência e competição no mercado.

Surge no século XX o precursor da Teoria da Administração Científica, Frederick W.Taylor,

engenheiro americano, que preconizava a prática do trabalho, enfatizando tempos e métodos a fim

de assegurar seus objetivos “de máxima produção a mínimo custo”, seguindo os princípios da

seleção científica do trabalhador, do tempo padrão, do trabalho em conjunto, da supervisão e da

ênfase na eficiência. (GOMES, 2005).

Planejamento, padronização, especialização, controle e remuneração, foram as propostas de

Taylor, que básicamente, trouxeram alienação aos trabalhadores, e consequentemente dos grupos de

produção, porém não se pode negar que provocou um grande avanço no processo de produção em

massa.

Henry Fayol, francês, contemporâneo de Taylor, também aparece neste cenário, com suas

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propostas, onde as etapas principais da administração são o conhecido PCOCC, planejar,comandar,

organizar, controlar e coordenar. A teoria de Fayol enfatiza a manipulação e exploração dos

trabalhadores. (GOMES, 2005).

A teoria das relações humanas, desenvolvida por Elton George Mayo, vem neste momento,

para valorizar as pessoas e se opor á teoria clássica da administração.

A abordagem da estrutura de sistema relaciona a estrutura (organização) com o meio que lhe

dá suporte e afirma que a maneira de manter a organização é fortalecer os seus recursos humanos

que é a fonte motivadora da mesma. A palavra sistema está intimamente ligada com a palavra

ambiente. O sistema necessita de constantes informações vindas do ambiente, para ser analisado o

desempenho de produção a fim de atingir os seus objetivos. (ARAÚJO, 2007).

Em 1950, surge a Teoria Estruturalista, que procura integrar todas as teorias anteriores, que

teve como base a Teoria da Burocracia de Max Weber, criada em 1940, que se baseia na adequação

dos meios aos objetivos, para se obter o máximo de eficiência. (WEBER, 1979).

Encontra-se ainda a Teoria dos Sistemas de 1970, que vê a empresa como um sistema aberto

interagindo com o ambiente que o rodeia. E a Teoria da Contingência, onde a empresa é

dependente do ambiente externo, ou seja , a medida que o ambiente muda a empresa também tem

mudanças na sua organização, corrente mais recente e que parte do principio de que a administração

é relativa e situacional, isto é, depende de circunstâncias ambientais e tecnológicas da organização.

São muitas as contribuições que as teorias da administração desenvolvidas ao longo das décadas

apresentam. Houve a melhoria das condições de trabalho; Incentivo salarial e beneficios;

Autorealização profissional do trabalhador, possibilidades para especializações; Disciplina;

Definição e estabelecimentos de cargos e tarefas, Padronização de métodos e

equipamentos;Supervisão funcional. E atualmente encontram-se alguns administradores voltando

suas atenções para as pessoas que trabalham nas empresas, buscando a eficiência e a eficácia para

todos. (CHIAVENATO, 1979).

No Brasil, Keinert ( 2001), traz um quadro interessante para guiar os períodos da gestão

pública, nos anos entre 1900 a 1929 o Brasil estava sob uma administração com uma forte

característica legalista, ainda com muitos traços do Patrimonialismo. A partir de 1930 a 1979 a

administração se apresenta como ciência administrativa, com características de racionalização,

desenvolvimentismo e racionalidades e competências técnicas, e a partir de 1980 surge a

democratização, conflito de interesses e recursos escassos. Já em 1990 há uma redefinição do papel

do Estado e agora se encontra uma capacidade política aliada a competência técnica.

Abrucio, (2003), escreve que os anos 90 foram os anos da reforma do Estado e,

particularmente, da reforma da administração pública. Á medida que se tornava claro que a proposta

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neoconservadora ou neoliberal de atribuir ao mercado toda a coordenação da economia e reduzir o

Estado ao mínimo não era realista, não correspondendo nem aos anseios da sociedade nem às

necessidades das economias nacionais, a questão da reconstrução do Estado e da reforma de seu

serviço civil tornou-se central.

Muitos trabalhos mostram o final do século passado como um novo marco teórico e uma

nova prática para a administração pública com uma nova abordagem gerencial, que substitui a

perspectiva burocrática anterior. Para BRESSER (1998), a abordagem gerencial, também conhecida

como nova administração pública, parte do reconhecimento de que os Estados democráticos

contemporâneos não são simples instrumentos para garantir a propriedade e os contratos, mas

formulam e implementam políticas estratégicas para suas respectivas sociedades tanto na área social

quanto na científica e tecnológica. E para isso é necessário que o Estado utilize práticas gerenciais

modernas, sem perder de vista sua função eminentemente pública.

A história do serviço administrativo teve inicio em 1931 com o IDORT (Instituto de

Organização do Trabalho) em seguida nasceu o DASP (Departamento Administrativo do Serviço

Público), este departamento enviava técnicos para os Estados Unidos para cursos de

aperfeiçoamento e defesa de teses. Estes voltavam com conhecimento para investir na

administração pública do país. Em 1944 foi criada a Fundação Getulio Vargas, mantenedora da

EASP (Escola de Administração de São Paulo). (GOMES, 2010).

O profissional preparado na área administrativa era conhecido como técnico

naadministração. Só em 1985, o profissional é reconhecido como Administrador. Sentia-se a

necessidade de institucionalizar com urgência a profissão do Administrador, como forma de

preservar o mercado de trabalho para os que já atuavam na Administração pública e para os

egressos daquelas escolas, bem como defender a sociedade de pessoas inabilitadas e na maioria das

vezes despreparadas. (GOMES, 2010).

O autor citado acima enfatiza que a institucionalização de uma profissão não era tarefa fácil

e a estratégia adotada deveria consistir na fundação da ABTA (Associação Brasileira de Técnicos de

Administração). Para a implantação dessa Lei, o Ministério do Trabalho nomeou uma Junta Federal,

aliada à ABTA, que forneceu sua estrutura e seus recursos materiais e humanos, implantando alguns

Conselhos Regionais. Após dois anos ela foi regulamentada através do Decreto 61.934/22.09.1967.

Só em 1985, pela lei federal de n°. 735/ foi mudada a denominação de Técnico de

administração para Administrador. Iniciou-se um tempo de desenvolvimento e aperfeiçoamento que

vem crescendo e mostrando que administrar é necessário e fundamental em qualquer área, contexto

ou situação nas empresas, entidades ou vida das pessoas. (GOMES, 2010).

Para Chiavenato (2000), administração trata da condução racional das atividades de uma

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organização, seja ela lucrativa ou não lucrativa e a responsabiliza quanto ao planejamento, a

organização, a direção e o controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que

ocorram dentro de uma organização a fim de alcançar objetivos. Assim, a administração é

imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das organizações e revela-se como uma

das áreas do conhecimento humano, mais impregnada de complexidade e de desafios. O

profissional que utiliza a administração como meio de vida pode trabalhar, nos mais variados níveis

de uma organização.

2.3 CULTURA ORGANIZACIONAL

Dentro de toda organização formal de cargos prescritos e relações estruturais, encontra-se

uma organização informal de regras, procedimentos e interligações não oficiais. Essa organização

informal surge quando os funcionários realizam mudanças espontâneas, não autorizadas, no modo

de fazer as coisas. Ao discutir as características emergentes do papel e o desenvolvimento dos

grupos, já se começa a discutir ajustes cotidianos que ocorrem nas organizações. À medida que

esses ajustes moldam e alternam a maneira formal de proceder, surge uma cultura de atitudes

enoções que passa a ser compartilhada entre colegas de trabalho. Essa cultura é um padrão de

suposições básicas que funcionaram com eficácia suficiente para serem consideradas válidas e, em

seguida, ensinadas aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir

problemas. (WAGNER, HOLLENBECK, 2000).

As empresas são organismos vivos, compostos de pessoas, que nelas misturam emoções,

sentimentos, ansiedades e alegrias. Também como as pessoas, cada empresa desenvolve sua

personalidade própria, fruto de sua história, das crises pelas quais passou em sua vida, do estilo

gerencial de cada líder que teve. Parece que do conjunto de características e episódios forma-se a

cultura organizacional, código não escrito que estabelece o certo e o errado, os valores, a ética e

assim por diante. A cultura organizacional das pequenas e médias empresas se estabelece, muito

fortemente, a partir da personalidade do seu dono ou dos sócios, que a marcam indelevelmente. Nas

grandes empresas, a cultura se molda mais a partir de eventos e episódios históricos do que a partir

de pessoas e suas características. (LUZ,1995).

2.4 A ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM

Estudos têm sido desenvolvidos a respeito da administração de enfermagem em instituições

hospitalares, revelando a importância da organização do serviço com o objetivo de uma assistência

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ao paciente com uma qualidade cada vez mais elevada, redução de custos e satisfação da equipe de

enfermagem.

A história administrativa de enfermagem teve inicio com a enfermeira Florence Nigthingale,

que é reconhecida como protagonista de um projeto social da saúde, que se fez necessário no

âmbito das transformações sociais na segunda metade do século XIX, na Inglaterra. A

administração de hospitais, a formação de enfermeiros e a educação em serviço foram, para

Florence, a preocupação primordial de todo o seu empreendimento na Enfermagem, de acordo com

a sua mais difundida obra, o livro “Notas Sobre Enfermagem: o que é e o que não é”, escrita em

1859 e só traduzida para o português em 1989. (FORMIGA, 2005).

Em outubro de 1854, período da guerra na Criméia, os soldados feridos eram atendidos com

o mínimo de cuidados necessários. Foi então que Florence organizou a infraestrutura dos hospitais e

introduziu uma enfermagem não só para cuidados diretos ao doente, mas de organização do

ambiente, e de serviços diversos como: limpeza, lavanderia, cozinha entre outros, controlando-os

através da supervisão rigorosa, e mais, organizou a hierarquia do serviço, com atenção à postura da

enfermagem. Demonstrou a necessidade de aplicação das funções administrativas, como o

planejamento, direção e supervisão nos hospitais, e isto a levou ser reconhecida como a primeira

administradora hospitalar. (TREVISAN, 1993).

Quando retornou da Guerra da Criméia (1856), península da Ucrania, Florence publicou, em

1858, um livro, “Notas sobre questões que afetam a saúde, eficiência e administração hospitalar do

exército britânico”. Nele, é possível identificar todo o seu conhecimento acerca da administração na

enfermagem. (TREVISAN, 1993).

Ainda, conforme Trevisan (1993) entre os anos de 1873 e 1875, o sistema Nightingale

chegou aos Estados Unidos, por iniciativa de um grupo de senhoras que atuavam como voluntárias

durante a Guerra Civil americana.

A partir da década de 20, a estrutura sanitária americana passa a influenciar a estrutura

sanitária brasileira, através da Fundação Rockfeller, que prestava assistência técnica e financeira ao

Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), órgão responsável pela criação da primeira

escola de Enfermagem no Brasil, em 1923. Na realidade no Brasil, até o início do século XX, a

Enfermagem brasileira era praticada por religiosas, vindas geralmente da Europa para se ocupar dos

doentes e preparar pessoal para exercer essa arte no país. O paradigma da Enfermagem cristã

enfatizava no desempenho profissional valores relacionados a amor, abnegação e desprendimento,

não valorizando a luta por remuneração digna, condições ambientais de trabalho adequadas e

inserção na vida social e política. (LIMA, 1993).

Em todas as mudanças curriculares no ensino de enfermagem no Brasil, denuncia-se a

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predominância do modelo médico/hospitalar no ensino de graduação. A legislação sobre o ensino de

enfermagem desde a criação da Escola Anna Nery, compreendendo os currículos de 1923, 1949,

1962 e 1972, revelam que a formação do enfermeiro era centrada no pólo indivíduo/doença/cura e

na assistência hospitalar, seguindo o mercado de trabalho específico de cada época. (ITO, 2006).

As Diretrizes Curriculares definem ainda que a formação do enfermeiro tem por objetivo

dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e

habilidades gerais: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e

gerenciamento e educação permanente. (ITO, 2006).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Enfermagem

(DCENF) tiveram uma materialidade concretizada a partir de propostas que emergiram da

mobilização das(os) enfermeiras(os), através da sua associação de classe, de entidades educacionais

e de setores da sociedade civil interessados em defender as mudanças da formação na área da saúde.

Elas expressam os conceitos originários dos movimentos por mudanças na educação em

enfermagem, explicitando a necessidade do compromisso com princípios da Reforma Sanitária

Brasileira e do Sistema Único de Saúde (SUS). (FERNANDES, 2005).

O grande desafio na formação do enfermeiro é transpor o que é determinado pela nova Lei

de Diretrizes e Bases e pelas Novas Diretrizes Curriculares ao formar profissionais que superem o

domínio teórico-prático exigido pelo mercado de trabalho, enquanto agentes inovadores e

transformadores da realidade, inseridos e valorizados no mundo do trabalho. (ITO, 2006).

A escola brasileira sob influência da precursora Florence seguiu com o ensino sobre

técnicas, administração e disciplina. O saber de administração, presente na formação do enfermeiro,

sempre procurava conciliar o princípio de Administração Científica (Taylor) e da Teoria Clássica da

Administração (Fayol), haja vista que esta última apresentava-se como necessária à organização

hospitalar no Brasil. (TREVISAN, 1993).

A Enfermagem incorpora esse conhecimento através de dois fatores essenciais: a ampliação

do quantitativo dos agentes da Enfermagem (enfermeiro, auxiliar e atendente), que levou os

enfermeiros a assumirem o gerenciamento do trabalho nos moldes do processo de divisão social e

técnica do trabalho, e a complexidade das organizações hospitalares.

Estudo sobre a influência de Taylor e Fayol na produção científica da Enfermagem

brasileira, realizado com base nos artigos da Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn) e Revista

Paulista de Hospitais (RPH), mostra a grande influência dessas teorias na prática da Enfermagem.

No período histórico, que compreende as décadas de 30 e 40, prevaleceu a influência das teorias em

70% dos artigos publicados; e nas décadas posteriores, até 80, esse cai para 50%. (CARRASCO,

1987).

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A partir do movimento de renovação dos hospitais, o campo da Enfermagem hospitalar

passou a constituir novo mercado de trabalho para as diplomadas, estimulando a criação de

inúmeras escolas de Enfermagem, como uma das formas de solucionar o problema da deficiência

numérica de profissionais, em face das crescentes exigências das instituições hospitalares. Dada à

inexistência de enfermeiras experientes disponíveis, as recém-diplomadas tiveram de desempenhar

funções administrativas, de ensino e supervisão dos atendentes, constituídas por pessoas admitidas

nos estabelecimentos hospitalares sem o preparo técnico necessários para a execução das tarefas

que lhes eram atribuídas.

A legislação que regulamenta a prática de enfermagem no Brasil (Lei no. 7498/86, art. 11 e

Decreto no. 94406/87) do Conselho Federal de Enfermagem, prescreve:

O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:

I- Privativamente:

a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde

pública ou privada, e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem. (COREN-Ce, 2007.

p.22).

Segundo Trevisan (2005), a palavra liderar vem do verbo inglês to lead e significa conduzir,

dirigir, guiar, comandar, persuadir, encaminhar. O primeiro registro dessa palavra foi no ano 825

d.C. Os diversos conceitos relacionados a ele estão ligados ao latim, ducere, que no português

significa conduzir. Entre as décadas de 30 e 40 a palavra lead foi adaptada ao português

significando líder, liderança, liderar.

A liderança é fator capaz de harmonizar a exigência das organizações com a necessidade das

equipes. É um processo que abrange todos os departamentos da vida, sejam eles familiares,

acadêmicos, trabalhistas, sociais e muitos outros mais. A liderança é manifestada todas as vezes que

é aplicada a influência sobre outras pessoas a fim de se realizar algum objetivo. (KOTTER, 2000).

Trevisan, 1998, enfatiza:

Acreditamos que o enfermeiro deverá desempenhar uma gerência voltada para as

transformações, ou seja, inovadora, tendo como eixo norteador a melhoria da qualidade da

assistência de enfermagem e ainda buscar estratégias que possibilitem maior satisfação para

a equipe de enfermagem no seu dia a dia de trabalho. No nosso entender, a liderança

consiste em um recurso fundamental para implementar as mudanças requeridas na forma

atual de gerenciar do enfermeiro. (TREVISAN 1998, p.302).

Segundo Kotter (2000), enquanto à visão do administrador é focada para o resultado final, a

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do líder é voltada para o objetivo inicial, inspirando as pessoas a traçar seus objetivos.

Lodi (1998) cita o economista clássico Samuel P. Newman, escrevendo sobre um

empreendedor.

Ele deve possuir uma incomum quantidade de previsão e cálculo, para que seus planos

sejam bem fundados. Ele deve mostrar perseverança e constância de propósitos ao levar

seus planos para a execução. Frequentemente ele será chamado para superintender e dirigir

os esforços dos outros, e, para bem exercer este oficio necessitará de discrição e decisão de

caráter. Para conduzir alguns ramos da produção com sucesso ele ainda deverá ter muito

conhecimento[...] (LODI, 1998 p.13).

A enfermagem busca na administração uma ciência capaz de tornar a profissão

operacionalmente racional, tendo em vista que a administração é defendida como um instrumento

de qualquer organização e que pode ser aplicada em qualquer área. (SOUZA; SOARES, 2006).

Durante o processo de construção das Diretrizes Curriculares Nacionais, foram envolvidas

diversas entidades nacionais, tanto no âmbito do ensino quanto dos serviços, na busca de um perfil

profissional com competências, habilidades e conhecimentos para atuar no SUS (Sistema Único de

Saúde). (BRASIL, 2001),

Segundo Almeida, (2003), as competências gerais citadas nas DCNs, para a formação do

enfermeiro em se tratando de funções gerenciais são: Atenção á Saúde, Tomada de Decisão,

Liderança, Educação Permanente e Comunicação.

Em um mundo globalizado, administrar um serviço responsável pela assistência ao

individuo enfermo, implica em aspectos éticos, de conhecimento tecnológico e tratamentos

disponíveis. É implementar projetos das políticas públicas, contando com a participação de recursos

não apenas materiais, mas humanos, dentro do contexto e condições possíveis. É necessário

competência e, portanto avaliação e atualização de quem gerencia bem como de quem é gerenciado.

Cada profissional deve ser capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da

sociedade e de procurar soluções para eles. Deve buscar o mais alto padrão de qualidade em todos

os sentidos, buscando a resolução do problema de saúde. Aqui o trabalho administrativo do

enfermeiro envolverá o planejamento, a organização, a coordenação e o controle.

A qualidade da assistência requer recursos humanos qualificados e materiais e

equipamentos adequados na demanda de cada setor quanto a prestação dos cuidados para a saúde. É

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necessário que o enfermeiro tenha conhecimento e competência para gerenciar recursos humanos e

materiais para excelência no atendimento ao público. Devem ter ainda, conhecimentos sobre as

teorias da administração, processos de trabalho, ética, conhecimentos sobre cultura e poder

organizacional, noções de leis trabalhistas, dimensionamento de pessoal, entre outros.

É importante ressaltar que o modo como o administrador do serviço de enfermagem

organiza o trabalho da equipe, tem implicações diretas para os clientes, no que se refere ao

sofrimento que pode e necessita ser tratado pela equipe de enfermagem, além das implicações éticas

do serviço de enfermagem. Se existe claro entendimento por parte da equipe de trabalho da

enfermagem, como o seu trabalho é conduzido, a prática do dia-a-dia para si e para o cliente é

otimizada e a qualidade dos resultados é visível.

Ainda existe a questão do poder nas relações do dia-a-dia, entre os profissionais da

enfermagem e de outras profissões. Chambliss (1996) assinala que, a frustração e o desapontamento

vivenciados por muitas enfermeiras independem de sua fonte, na maioria das vezes são percebidos

em sua dimensão moral, pois não há como ser uma enfermeira ética em ambientes nos quais outros

poderosos bloqueiam o que as enfermeiras reconhecem como suas obrigações morais. É possível

compreender que os problemas de enfermagem, no que tange as questões éticas, podem estar

vinculados às relações de poder existentes na instituição.

Impressiona a contradição existente quanto ao desgaste do trabalho que é inerente ao

profissional, o enfrentamento com o sofrimento, a morte e o quanto é prazeroso quando é possível

dentro das condições favoráveis, cuidar, atender e muitas vezes ver o cliente voltar ao convívio

social com sua saúde melhorada, senão curada.

Conhecer a missão da instituição, saber sobre as necessidades do usuário, e trazer a equipe

para um trabalho é competência de liderança. Segundo Gardner (1990): liderança é um processo

pelo qual um grupo é induzido a dedicar-se aos objetivos defendidos pelo líder ou partilhado pelo

líder e seus seguidores.

Propostas de gestão têm surgido nas várias áreas empresariais tanto nas organizações

privadas quanto nas públicas. Para obter excelência na qualidade, organizações mundiais têm

buscado os programas de qualidade a fim de obter avaliação e reconhecimento de sua gestão.

(FOWLER apud MIGUEL, 2008).

As Instituições de Ensino Superior (IES) se encontram na mesma situação das empresas

manufatureiras e de serviços. Evidencia-se que somente com qualidade e operação de maneira

competitiva é que as universidades estarão hábeis para sobreviver no mercado educacional

(KARAPETROVIC E WILLBORN, 1999). Além disso, há uma necessidade de otimização da

gestão em torno da qualidade e produtividade dos gastos públicos, para que as instituições se

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fortaleçam e melhores seu desempenho em beneficio do cidadão.

Estudos mostram que a prática profissional da enfermagem pode ser explicada segundo

diversos enfoques. Por ser considerada ciência e arte, está sempre ligada aos mais diversos ramos

do conhecimento, dentre eles, a ciência da administração, que contribui com uma parcela que se

concretiza, principalmente, na administração do pessoal de enfermagem. Isto também envolve ética,

que é ponto fundamental na gestão de pessoas dentro de uma instituição. O enfermeiro, no

gerenciamento, deve se preocupar com a promoção da justiça entre a equipe, a empresa e consigo

mesmo, e assim deverá existir uma reflexão constante entre a prática das ações cotidianas e a teoria

imposta. Refletir sobre o comportamento de pessoas e planejar ações para orientá-las no sentido da

postura profissional em relacionamentos com outros componentes da equipe, além do paciente, são

tarefa árdua.

Roehrs (2009) escreve que o trabalho deve, evidentemente, ser ético. O ser humano se

exprime mediante o seu trabalho; o que tem de ser feito, deve ser bem feito. Esta virtude se traduz

no conceito de trabalho de qualidade, sendo uma das razões para que a instituição busque a gestão

ética. O resultado desta política para o enfermeiro gestor é a garantia para se obter a qualidade no

processo de trabalho.

2.5 A ENFERMAGEM NO CEARÁ

A História da enfermagem no Ceará começa com a escola São Vicente de Paula, fundada em

1943, a primeira para o ensino de Enfermagem no Estado com um curso de enfermeiras de

emergência, reconhecida pelo Decreto – Lei no. 21.885 de 26 de setembro de 1946. Neste ano, após

visita do Ministério da Educação e Saúde, a escola foi reconhecida como estando dentro dos

padrões da Escola Anna Nery, referência para a enfermagem profissional. (FRAZÃO, 1973).

A escola São Vicente de Paula era dirigida por Irmãs de Caridade, que ministravam cursos

de socorros devido ao momento da segunda guerra mundial. A guerra era o cenário maior e o

motivo patriótico de inserção da mulher na sociedade e de sua contribuição oficial, no esforço para

amenizar seus horrores. Mulheres dos oficiais do Exército vão à escola para se preparar e servirem

(termo militar), como enfermeiras de emergência.

Consta, segundo Frazão (1973) que, em 1953, a Escola tomou parte ativa no processo de

criação da Universidade Federal do Ceará (UFC), promovendo várias reuniões com seu corpo

docente, em adesão espontânea ao movimento pró-Universidade. Mais tarde com a criação da UFC

passou a Escola a integrar as unidades didáticas dessa universidade, entretanto na condição de

Escola agregada, através do Parecer de nº 464/55 do Conselho Nacional de Educação,

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posteriormente homologado pelo Exmo. Ministro da Educação e Saúde, em 21 de janeiro de 1956.

Com a agregação a UFC, a Escola se dinamizou, ampliou suas atividades, melhorou seu

acervo bibliográfico, e seguiu sua missão formando enfermeiras e enfermeiros. Mais tarde a Escola

atravessou grandes dificuldades financeiras culminando com a crise em 1968. Em 14 de março de

1975, a Escola São Vicente de Paula foi absorvida pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), na

época Fundação Educacional do Estado do Ceará (FUNEDUCE), por meio do parecer nº. 764/77 do

Conselho Federal de Educação (CFE).

A criação do Curso de Enfermagem da UFC data de 1970, na administração do Reitor

Fernando Leite, por iniciativa do então diretor da Faculdade de Medicina – Professor Walter de

Moura Cantídio. O Curso na realidade iniciou o seu funcionamento apenas em 1976. A enfermeira

Profa. Maria Graziela Teixeira Barroso, recebeu o convite do Reitor para organizar o Curso de

Enfermagem, sob as orientações iniciais da enfermeira consultora Teresa de Jesus Sena, professora

da Escola Ana Neri da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (BARROSO et al 1992).

Com o passar dos anos várias escolas para auxiliares e técnicos de enfermagem surgiram no

Ceará, além das Faculdades particulares com Cursos de Enfermagem.

2.6 O PROCESSO HISTÓRICO

Conforme Le Goff (1994), foram os gregos antigos quem fizeram da Memória uma deusa,

de nome Mnemosine. Ela era a mãe das nove musas procriadas no curso de nove noites passadas

com Zeus. Mnemosine lembrava aos homens a recordação dos heróis e dos seus grandes feitos,

preside a poesia lírica. Deste modo, o poeta era um homem possuído pela memória, um adivinho do

passado, a testemunha inspirada nos “tempos antigos”, da idade heroica e, por isso, da idade das

origens. Portanto, na mitologia grega, as musas dominavam a ciência universal e inspiravam as

chamadas artes liberais. As nove filhas de Mnemosine eram: Clio (história), Euterpe (música), Talia

(comédia), Melpômene (tragédia), Terpsícore (dança), Erato (elegia), Polínia (poesia lírica), Urânia

(astronomia) e Calíope (eloquência). Assim, de acordo com essa construção mítica, a história é filha

da memória. Entretanto, os cerca de vinte e cinco séculos de existência da historiografia

demonstram uma relação ambígua e tensa entre Mnemosine e Clio.

Como as demais áreas do conhecimento, a enfermagem evoluiu significativamente como

ciência no decurso de sua existência. Sabe-se também que no meio cultural, a História é diluída

através do tempo, sendo absorvida e transformada sem que seja devidamente registrada,

dificultando o conhecimento do processo histórico que se dá a partir da identificação das datas que

servem para situar os fatos tendo como consequência a má compreensão das transformações.

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(BURKE, 2000).

O processo histórico é representado por acontecimentos, cada fato é a sequencia ou

sucessão, do que já ocorreu. O processo histórico se transforma, deixa de ser equilibrado, com as

mudanças qualitativas. É um período de transição onde as transformações acontecem rapidamente,

mudando o caráter. (BURKE, 2000).

A Memória, no sentido primeiro da expressão, é a presença do passado. A memória é uma

construção psíquica e intelectual que acarreta de fato uma representação seletiva do passado, que

nunca é somente aquela do indivíduo, mas de um indivíduo inserido num contexto familiar, social,

nacional. Na perspectiva de Halbwachs (1990) toda memória é “coletiva”. Ou ainda, conforme

Henry Rousso (1998).

Seu atributo mais imediato é garantir a continuidade do tempo e permitir resistir à

alteridade, ao ‘tempo que muda’, as rupturas que são o destino de toda vida humana; em

suma, ela constitui – se uma banalidade – um elemento essencial da identidade, da

percepção de si e dos outros. (ROUSSO, 1998, pp.94-95).

É importante ressaltar a importância da relação entre história e historiador. Segundo Berge

(1999), a nossa palavra portuguesa, história, é proveniente do grego, que significa originalmente

busca, averiguação, informação, inquirição, investigação, narração, pesquisa, O verbo store,

significa: narrar, aprender por inquirição, interrogar, buscar, descrever. História é derivada de sábio

e conhecedor.

Segundo Le Golf (1994) o historiador é testemunha no sentido daquele que vê e também

daquele que sabe. História significa, pois, procurar. O autor ressalta ainda que, desde a antiguidade,

a ciência histórica, reunindo documentos escritos e fazendo deles testemunhos, superou o limite do

meio século ou do século abrangido pelos historiadores que deles foram testemunhas oculares ou

auriculares. Com a evolução do conhecimento e das técnicas a constituição das bibliotecas e

arquivos forneceu assim os materiais da história.

História é uma ciência que busca conhecer os diversos aspectos do passado da humanidade e

examina as realizações do homem através dos tempos, para que através da reflexão histórica,

aumente a capacidade do homem de entender o presente e criar bases para ampliara visão sobre o

futuro. (HOUAISS, 2007).

O historiador seleciona acontecimentos que são importantes dentro do seu objetivo, decide

quais devem aparecer e os encaixa dentro da história, explicando-os e interpretando-os, muitas

vezes. Hobsbawn (1997), citando Ibn Khaldun, define o conceito de história como, o registro da

sociedade humana, ou civilização mundial; das mudanças que acontecem na natureza dessa

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sociedade; de revoluções e insurreições de um conjunto de pessoas contra outro, com consequentes

reinos e Estados dotados de seus vários níveis; das diferentes atividades e ocupações dos homens,

seja para ganharem seu sustento ou nas várias ciências e artes; e, em geral, de todas as

transformações sofridas pela sociedade em razão de sua própria natureza. Há entre os historiadores

certo censo comum de que a história consiste num corpo de fatos verificados. Entretanto, deve-se

salientar que os fatos não falam por si.

Stencel (2006) evidencia que a tarefa precípua do historiador deve orbitar em torno do

estudo do ser humano e seu meio ambiente, dos efeitos dele sobre o seu ambiente e vice- versa. Tal

análise ampliará a compreensão que o ser humano tem de seu meio, visando seu melhor

domínio.Tal exercício se transforma numa desafiadora tarefa, quando se volve o olhar para o ser

humano.

2.7 O MÉTODO DA HISTÓRIA ORAL

A história oral é uma metodologia de pesquisa que consiste em realizar entrevistas gravadas

com pessoas que podem testemunhar sobre acontecimentos, conjunturas, instituições, modos de

vida ou outros aspectos da história contemporânea. Começou a ser utilizada em meados do século

XX nos anos 1950, após a invenção do gravador e fita, nos Estados Unidos, na Europa e no México,

e desde então se difundiu bastante. (ALBERT, 2005).

Apesar de existirem divergências entre os autores, há um ponto em comum sobre a história

oral, que pressupõe um projeto e que o uso da entrevista vai além do registro documental. A história

oral é um conhecimento que vai além da técnica de captação de entrevistas. A pesquisa é um

encontro com o novo e a história oral prepara o pesquisador para este encontro. (CORRÊA, 2003).

Segundo Meihy (2010), a história oral tem como objetivo relacionar memória e identidade

para possibilitar um estudo que inicia do tempo presente de pessoas vivas que testemunharam fatos

e possam relatar as trajetórias do passado. Para o autor:

É importante registrar que a história oral subverte o conceito tradicional de História. Ao

partir do presente do chamado documento vivo, do aqui e agora para o passado, além de

comprometer a sincronia em favor da diacronia provoca também uma crise no conceito

usual de documento. A produção do documento de história oral diverge daqueles

promovidos por terceiros, escritos, guardados em arquivos, museus ou coleções. É

documento em história oral o texto produzido diretamente, contato pessoal entre partes que

se integram num mesmo projeto. (MEIHY, 2010, p.36)

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A história oral pode ser dividida em três gêneros distintos: tradição oral, história de vida e

história temática (FREITAS, 2003 apud FREITAS, 1992). Especialistas em tradição oral afirmam

que uma sociedade oral reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação, mas, também,

como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais.

Freitas (2002), ao fazer a divisão dos gêneros da história oral explica:

A tradição oral não está presente apenas nas comunidades tidas como “iletradas” ou tribais.

Ela pode também ser identificada e resgatada em sociedades rurais e urbanas pela

metodologia de história oral. Por exemplo: as brincadeiras de roda, brincadeiras e histórias

infantis são transmitidas oralmente de geração para geração. [...] a história de vida pode ser

considerado um relato autobiográfico, mas do qual a escrita – que define autobiografia está

ausente [...] é feita a reconstituição do passado, efetuado pelo próprio indivíduo, sobre o

próprio indivíduo. [...] com a história oral temática, a entrevista tem caráter temático e é

realizada com um grupo de pessoas sobre um assunto específico. Essa entrevista que tem

característica de depoimento não abrange necessariamente a totalidade da existência do

informante. (FREITAS, 2002, p.20-22).

O mesmo autor afirma que a recuperação de múltiplas trajetórias e expectativas condiz com

a necessidade de constituição de uma sociedade cada vez mais plural e democrática. Significa a

incorporação de vozes e experiências que, de outra forma seriam ocultadas e negadas. Nessa

recuperação e incorporação reside a atualidade e a importância da História Oral: produzindo novas

fontes históricas, orientando políticas públicas, valorizando expressões culturais, ou resgatando a

cidadania. Essa metodologia de trabalho revela sua importância acadêmica e social, onde pesquisas

poderão ser suscitadas através do seu conteúdo.

Em 1948, o professor Allan Nevis lançou o primeiro projeto sobre História Oral, na

Columbia University, em Nova Iorque, conhecido como Oral History Research Office. Atualmente

possui uma coleção de milhares de fitas gravadas e milhares de páginas transcritas. Muitos

pesquisadores consultam este acervo pela riqueza dos projetos voltados para diversos temas,

incluindo os mais atuais. (FREITAS, 2002).

Nos Estados Unidos, a História Oral teve seu inicio na década de 60. A proliferação dos

programas de História Oral se deu em várias universidades, centros de pesquisa e instituições

ligadas aos meios de comunicação. E hoje está consolidada em diversos países, além dos EUA. No

Brasil as primeiras experiências da História Oral ocorreram nos Museus que preservam a memória

cultural brasileira, como o Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, Museu do Arquivo

Histórico da Universidade de Londrina e o Centro de Pesquisa e Documentação de História

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Contemporânea do Brasil, ligado a Fundação Getúlio Vargas, que possui um acervo, constituído de

entrevistas com personalidades da história politica contemporânea do país, além da realização de

comunicações, palestras e edições de obras sobre a teoria e metodologia da História Oral.

(FREITAS, 2002).

A penetração da História Oral no Brasil, considerada tardia, só ocorreu na década de 80, está

relacionada com o período do golpe militar de 1964 cujo decurso coibiu projetos que gravassem

experiências, opiniões ou depoimentos. Entretanto, a chamada Nova História, foi um movimento

importante que colaborou para que ocorressem mudanças dos procedimentos na pesquisa de fontes

para se reconstruir a História. (MEIHY, 2010).

A História Oral possibilita novas versões da História ao dar voz à múltiplos e diferentes

narradores. O método da História Oral possibilita o registro das reminiscências das memórias

individuais, a reinterpretação do passado, enfim, uma história alternativa à história oficial. O

testemunho oral tem sido amplamente considerado como fonte de informação sobre eventos

históricos. Pode ser encarado como um evento em si mesmo, onde através dele é possível recuperar

aspectos materiais dos acontecimentos e também a atitude do narrador em relação aos eventos, à

subjetividade, à imaginação e ao desejo, que cada indivíduo investe em sua relação com a história.

(PORTELLI, 1997).

2.8 FOTOGRAFIA COMO MÉTODO HISTÓRICO

Barthes, 1984 afirma que, desde o seu advento, na metade do século XIX, a fotografia tem

se revelado o modo de representação visual de preferência da sociedade contemporânea, numa

multitude de usos e hábitos que rompe barreiras econômicas: do daguerrótipo burguês dos anos

1850 ao lambelambe das praças do interior, das placas de vidro à tela do computador.

A fotografia é definida por Otlet (1934) como a arte de fixar, sobre uma placa coberta de

substância impressionável à luz, as imagens criadas com a ajuda da câmara escura. Esse método

permite obter, pela ação de raios visíveis, a imagem durável de um sujeito/motivo- a reprodução

dessa imagem se chama, por isso, fotografia. Assim a fotografia, objeto do ato fotográfico, consiste

no suporte, papel, slide, álbum, jornal e outros, acrescido da imagem fotográfica, representação

visual, que guarda em si características específicas.

Em seu livro, “A câmara clara”, publicado em 1980, Barthes retifica parcialmente sua

afirmativa de que a fotografia é uma mensagem sem código, afirmando não ser um bom caminho

questionar se esta é analógica (no sentido de semelhança) ou codificada, o importante é a sua força

de constatação: “o poder de autenticidade sobrepõe-se ao poder de representação”. (BARTHES,

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1984, p.132).

Santos e Barreira (1999), criaram um método, onde a utilização das fotografias selecionadas

é orientada de modo a não servirem meramente como ilustração. Enfatizam que a leitura do texto

fotográfico deve comportar a articulação dos elementos visíveis, representados no arranjo

fotográfico, com os elementos invisíveis. Com o propósito de efetivar essa leitura, as autoras

mencionadas sugerem a utilização de elementos da linguagem não verbal, como a utilização da

noção de espaço como forma de comunicação não verbal (proxêmica), a expressão facial e corporal

(cinésica) e os atributos presentes nas fotos (linguagem paraverbal). Desse modo, a utilização de

fotografias, em seus aspectos visíveis, permite complementar os achados dos documentos escritos

ou colocar evidências, as quais não teriam sido possíveis apenas com documentos escritos.

A providência de realizar a entrevista com o auxílio da fotografia encontra apoio em

Carneiro (1996, p. 278), quando esclarece que a fotografia exerce papel importante na estimulação

da lembrança e acrescenta que: “os registros fotográficos emergem como ‘incentivo’, alimentando a

narrativa, aguçando a recuperação das lembranças, reconstituindo detalhes do cotidiano e

completando os não ditos”.

Canabarro (2005), afirma que:

O historiador precisa situar a fotografia em um determinado tempo e espaço e perceber as

suas alterações e do contexto. O ofício do historiador consiste na realização da crítica

interna e externa do documento e, nesse sentido, alguns métodos de análise permitem-lhe a

leitura dos documentos visuais. (Canabarro,2005, p.26).

As fotografias, quaisquer que sejam são preciosos documentos históricos que revelam certas

dimensões da realidade difíceis de serem descritas por meio de palavras (e é por isto que,

independente da língua, as pessoas, em qualquer parte do planeta, tendem a compreender uma

fotografia sem que ela seja "traduzida" ou explicada). A historiografia tradicional ou positivista não

encarava as fotografias como documentos históricos, porque, restritivamente, só considerava

"documento histórico" o papel escrito (especialmente os escritos pelos "grandes homens", nas leis,

nos tratados entre nações, na documentação oficial de governos, na correspondência oficial etc. que

eram considerados fontes primárias únicas a serem pesquisados pelos historiadores). Ora, esta

concepção limitada de documento histórico primário é amplamente superada na historiografia

marxista (porque, para Marx, por exemplo, a história oficial é somente a história da classe

dominante, a dos vencedores nas guerras e nas lutas de classes, por isto era importante a análise de

outras fontes não oficiais), desde o século XIX, ou na historiografia da escola dos Annales.

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(CANABARRO, 2005).

Embora Marx, no século XIX, já tivesse elaborado uma eficiente e ampla metodologia de

investigação histórica à qual se dá o nome de materialismo dialético e materiallismo histórico, foi a

Escola dos Annales, no século XX, que ampliou e explicitou conceitualmente a definição de uma

riquíssima gama de documentos históricos primários que estão à nossa disposição e podem e devem

ser a base de estudo do historiador moderno (desde um caco de cerâmica, até aos objetos de uso

cotidiano, passando pelas tradições orais populares). Por isto mesmo é que a historiografia moderna

encara a fotografia como um documento histórico riquíssimo que revela certas dimensões de um

contexto histórico que um documento escrito sozinho não pode revelar. Nada como ver uma

fotografia para se saber, concretamente, que aparência tinha um ex-escravo, no inicio do século XX,

qual roupa que ele usava, como ele se calçava, qual postura física ele adotava diante de uma câmera

fotográfica e etc. (CANABARRO, 2005)

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3 ABORDAGEM METODOLÓGICA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de uma pesquisa histórico-social, de abordagem qualitativa, cujo método

predominante é a história oral.

Para Padilha et al (1997) os estudos de natureza histórico-social “compreendem o estudo de

grupos humanos no seu espaço temporal”. Esse método de estudo tem como base o depoimento de

pessoas que participaram dos acontecimentos e agora permitem que seus relatos sejam registrados.

Permite construir a história a partir das próprias palavras daqueles que a vivenciaram e que

participaram de um determinado período, mediante suas referências e também seu imaginário.

Segundo Richardson et al (1999), a abordagem qualitativa pode ser considerada como a

tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais, apresentadas

pelos entrevistados, enquanto para Minayo (2003), essa abordagem responde a questões

particulares, e para Ludke Menga (1986) a pesquisa qualitativa se desenvolve numa situação natural

que é rica em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível além de focalizar a realidade de

forma complexa e contextualizada.

Para Meihy (2010), História Oral é um conjunto de procedimentos que se iniciam com a

elaboração de um projeto, desdobra-se em entrevistas e cuidados com o estabelecimento de textos e

documentos que podem ser analisados, arquivados para o uso público, mas que tenham um sentido

social.

A História Oral traz para essa pesquisa a perspectiva de receber revelações, segredos, detalhes,

etc. de forma que algum aspecto que possa parecer subjetivo nos dias atuais venha a ser

esclarecidos, além de ser um recurso moderno que torna possível o resgate da memória e da

história.

Optou-se pela história oral temática, onde a entrevista apresenta um caráter temático e é

realizada com vistas a um assunto específico. Essa entrevista, que tem caráter de depoimento não

abrange necessariamente a totalidade do informante e o pesquisador conduz a entrevista em torno

de um foco (tema). No caso do estudo em tela, o foco é a Gestão da Enfermagem.

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3.2 PROTAGONISTAS DO ESTUDO

Foram protagonistas desse estudo nove enfermeiras que assumiram o cargo de

administração maior na Enfermagem do Hospital Universitário desde 1959, ano de sua fundação até

o ano de 2011. Das nove enfermeiras protagonistas quatro já se encontram aposentadas, três se

encontram em exercício efetivo no HUWC, uma cedida pela Universidade para outra instituição, e

uma falecida.

Convidamos especialmente para participar do grupo das entrevistadas, a enfermeira Izabel

Augusto Batista, enfermeira que foi admitida no Hospital Universitário Walter Cantídio em 1984, e

por várias vezes assumiu informalmente a gestão em substituição de férias, licença médica, cursos,

enfim, participou dos processos de trabalho da enfermagem como coordenadora. As falas da Dra.

Izabel estarão destacadas no texto em itálico e negrito, enquanto as falas das outras estarão sempre

apenas em itálico.

As enfermeiras foram entrevistadas em datas pré-determinadas em locais escolhidos por elas

mesmas como, por exemplo, suas residências ou seus locais de trabalho. Todas concordaram com os

termos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados de duas maneiras distintas: 1) por meio de um levantamento dos

documentos gerenciais da enfermagem do HUWC, que se encontravam no arquivo central e na

secretaria da Coordenação de Enfermagem, tais como: relatórios, fotografias, comunicações

internas, planejamento para os serviços, atas de reuniões entre outros e 2) por meio de entrevistas

realizadas com as enfermeiras identificadas e documentos cedidos gentilmente pelas entrevistadas.

As entrevistas ocorreram de maneira livre, não tendo um tempo determinado para ser

finalizada. Partiu-se da seguinte pergunta norteadora “Como foi sua administração na enfermagem

do Hospital Universitário Walter Cantídio?”, que foi sendo desenvolvida livremente pela depoente.

A pesquisadora teve o cuidado de reconduzir o discurso para o foco temático (gestão da

enfermagem) toda vez que o mesmo tendia a se distanciar da temática proposta sem, contudo,

impedir que as entrevistadas mergulhassem no seu universo de subjetividade vivenciado durante seu

período de gestão.

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As entrevistas foram gravadas, transcritas na integra e retornadas para as entrevistadas

fazerem a verificação da fidedignidade das transcrições. Nesse momento houve alguns ajustes e

acréscimos, frutos de novas memórias das entrevistadas.

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram analisados através do recurso interpretativo da hermenêutica – dialética. A

hermenêutica é definida como a arte da interpretação dos escritos o ramo da filosofia que estuda a

teoria da interpretação e a dialética como a arte do diálogo da contraposição de idéias que leva á

outras idéias, a arte de discutir ou argumentar, sendo a hermenêutica – dialética a junção destas duas

artes. Este método foi proposto por Minayo.

Segundo a autora:

A união da hermenêutica com a dialética leva a que o intérprete busque entender o texto, a

fala, o depoimento, como resultado de um processo social, e processo de conhecimento,

ambos frutos de múltiplas determinações mas, com significado específico. ( MINAYO,

1994, p.222).

Todos os documentos e textos foram analisados de forma interpretativa e dialeticamente

relacionados com o contexto temporal manifestado por cada protagonista e representado por suas

narrativas.

Minayo (1994) aponta que o método hermenêutico-dialético é o mais capaz de dar conta de

uma interpretação aproximada da realidade. O método coloca a fala em seu contexto para entendê-

la a partir do seu interior e no campo da especificidade histórica e totalizante em que é produzida.

3.5 ASPÉCTOS ÉTICOS DO ESTUDO

O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em pesquisa do Hospital Universitário Walter

Cantidio (CEP/HUWC) de acordo com a resolução do CNS/MS/196/96 (BRASIL, 1996), que

regulamenta as pesquisas que envolvem seres humanos, em qualquer área do conhecimento e, após

aprovação sob o no. 102.09.11, foi dado inicio a coleta de dados (Anexo IV).Todas as protagonistas

após lerem o documento convite, concordaram com os termos da pesquisa (inclusive a sua

identificação e divulgação de imagens – fotos sendo a maioria dessas imagens fornecida pelas

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próprias entrevistadas) e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes de

proceder a entrevista (Apêndice-1)

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4 TRAJETÓRIA ADMINISTRATIVA DA ENFERMAGEM NO HOSPITAL

UNIVERSITÁRIO WALTER CANTÍDIO

A produção histórico-social como já mencionado, não denota um processo linear,

sequenciado. Na verdade é um processo não linear que se dá por avanços e recuos em diferentes

épocas históricas com diferentes dinâmicas, dadas as diferentes condições históricas e sociais

inerentes a cada sociedade e em cada época. Portanto, não se trata de etapas sequencialmente

ordenadas. A maneira como está aqui organizada a trajetória, segue a ordem/evoluçào cronológica

do desempenho das funções de cada administradora, o que, não necessariamente, representa a

evolução técnico-administrativa da profissão no HUWC face aos constantes avanços e recuos que

ocorreram em diferentes épocas históricas, o que exigiu de cada administradora, diferentes

dinâmicas para respondê-la.

4.1 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE IVANILDA BRUNO OSÓRIO (1959 – 1975)

O período compreendido entre 1959 e 1975 foi administrado pela Dra. Ivanilda Bruno

Osório, formada em Enfermagem pela Escola São Vicente de Paulo e pós-graduada em

Administração e Pedagogia Aplicada a Enfermagem. Aposentou-se pela Universidade Federal do

Ceará no ano de 1984, sendo readmitida pela SAMEAC nesse mesmo ano, onde permaneceu até

1992.

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FIGURA 1 - Dra. Ivanilda Bruno Osório durante o XXXII Congresso Brasileiro de Enfermagem.

Fonte: (OSÓRIO, 2007, p.110)

Entrevista concedida em 22/10/2011

Era 1959, e o Hospital das Clínicas iniciava as suas atividades de tratamento aos pacientes

que procuravam os serviços ambulatoriais e que muitas vezes resultavam em internação.

Profissionais de enfermagem são convidados a participar deste processo.

Três enfermeiras foram convidadas para trabalhar no Hospital, porém não haviam recursos

para pagarem seus salários, então os diretores retiravam da verba da construção para pagá-las.

Situação como esta, traz a lembrança o tempo do Brasil Império, entre 1822 e 1889 onde o

Imperador tinha o poder para delegar o desempenho de funções públicas. O exercício de cargos

existia apenas sob a modalidade “em confiança”. Sendo assim, caberia apenas ao Imperador admitir

ou exonerar funcionários públicos de acordo com sua conveniência. Em 1934, após a Revolução

Constitucionalista que levou Getúlio Vargas a realizar o Golpe do Estado Novo, a Constituição da

República dos Estados Unidos do Brasil foi novamente promulgada. Seu artigo 170, 2°, estabelecia

o processo imparcial para a nomeação de funcionários públicos. Neste momento surgiu o concurso

público no ordenamento jurídico brasileiro. Em 1967, a sexta Constituição do Brasil, elaborada por

Ivanilda

Osório

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juristas “de confiança” do regime militar, validou a obrigatoriedade do concurso público para o

ingresso em todos os cargos, exceto para os cargos em comissão (cargos de confiança) – norma

mantida pela atual Constituição. (MELLO, 1990).

É constatado entre a década de 30 até a de 60, certa inércia do ponto de vista da gestão

pública. Movimentos importantes ocorreram no campo econômico, por exemplo, o período de

Juscelino Kubitschek, mas para o estudo da gestão pública não houve novidades. (PIMENTA,1998,

p. 184).

Os profissionais precisavam ser pagos, receber os seus sálarios, porém, não havia dinheiro

do governo direcionado para este fim. Foi então necessário distribuir parte da verba destinada a

construção, para remunerar os profissionais, já que o novo hospital para funcionar adequadamente,

dependeria da atuação dos mesmos.

O diretor do Hospital era o Dr. Waldemar de Alcântara. As equipes foram se formando, à

medida que os serviços eram implantados. Os primeiros foram, Histologia e Dermatologia.

Nasceu o Isolamento, que passou a ser unidade de doenças infecto contagiosas, e o bloco do

ambulatório geral. As enfermeiras eram dependentes dos médicos.

Foi construído um centro cirurgico e enfermarias de cirurgia adulta e de pediatria. Cada

médico assumia uma enfermaria, por exemplo, a de clinica cirurgica era do dr. Haroldo e Paulo

Machado. Mais tarde disciplinas que funcionavam na Santa Casa, vieram para o Hospital, novos

professores, novos médicos para operar.

Com o crescimento dos serviços prestados, além do aumento de alunos de medicina

chegando, a equipe de enfermagem também foi aumentando e, consequentemente, a necessidade da

administração dos cuidados aos pacientes.

Fui a primeira pessoa a ser admitida, primeira a implantar o serviço. Havia uma sala de

reuniões e a enfermagem participava semanalmente. Eu me posicionava, aguentava muito (pausa).

Os diretores eram médicos, nunca a enfermagem. E tinha uma administradora que ajudava os

médicos, não era da enfermagem, mas supervisionava o serviço de todos e passava para os

diretores (pausa). Havia certa consideração, mas primeiro a pessoa tinha que ter coragem para

enfrentar. Eles queriam mandar em tudo (pausa), mas a enfermagem mostrava (pausa) e eles não

conseguiam, e quando eu escolhia as chefias, pegava as mais determinadas, mas sabe (levanta as

sombrancelha ) neste meio existem as que dizem amém a todo mundo.

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Os médicos pediam cafezinho, e eu os mandava irem até a copa que era mais adiante, mas

tinha as que os serviam. Os equipamentos quebravam, e no outro dia não estava pronto. Suspendia

a cirurgia. O pessoal da manutenção não assumia e quem pagava era a enfermagem (levanta as

sombrancelhas).

A enfermeira por mais de uma vez fala sobre dependência da enfermagem à profissionais de

outras áreas, e sobre a necessidade de posicionamento, isto nos remete a própria história da

profissão.

Do período colonial até a Proclamação da República, a Igreja católica constituía-se numa

instituição incorporada ao Estado e dentre outras coisas, mantinha o monopólio do cuidado aos

doentes e da administração dos hospitais, principalmente nas Santas Casas de Misericórdia, as quais

enunciavam um discurso de cunho religioso-caritativo. Porém, a classe médica insatisfeita com esta

situação, procurou apoio no movimento positivista, no que foi bem sucedida. Tanto que, a Igreja

perdeu espaço no campo da saúde em virtude do médico assumir, sobretudo, cargos de direção e a

prerrogativa de ser o responsável pela admissão e alta dos pacientes. (MAINWARING, 1989)

Em meados do século XVIII, os religiosos detinham o poder institucional, porém, no

momento em que o hospital é concebido como um instrumento de cura e a distribuição do espaço

torna-se um instrumento terapêutico, o médico passa a ser o principal responsável pela organização

hospitalar e confia aos religiosos um papel determinado, mas subordinado. Em seguida, surge o

profissional enfermeiro e o hospital com uma característica disciplinada, permitindo ao médico

curar os doentes e controlar o cotidiano dos demais profissionais, além de determinar o tipo de

comportamento esperado no espaço hospitalar. (PADILHA, 1997).

A assistência de enfermagem se resumia em dar o remédio na hora certa, cuidar do asseio,

dar alimentação, fazer companhia e auxiliar o paciente na ocasião das necessidades e de um

possível banho, limpar o quarto, dar destino aos dejetos dos pacientes e cuidar dos mortos, além de

ser subsidiada pelo trabalho e pensamento médico. (LUNARD, 2004).

Além disto, pode ser lembrada a questão de ser a enfermagem uma profissão de mulheres

em uma sociedade dominada pelos homens.

A história mostra que por vezes, enfermagem e medicina seguiram paralelas no

desenvolvimento histórico e que a enfermagem esteve caracterizada dentro de um quadro de

dependência/submissão, e que elementos de ordem social, política e institucional levaram esta

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profissão a uma prática submissa. Na década de 60, iniciou-se uma grande busca no sentido de

elaborar modelos conceituais e teorias de enfermagem, com o objetivo de descrever e caracterizar

os componentes dos fenômenos que lhe são pertinentes, e cuja finalidade é explicar, elucidar e

interpretar, ou seja, dizer o significado e o porquê dos fatos e suas relações. (GEOVANI, 2002).

A enfermeira Ivanilda, vivenciando a década de 60, onde a enfermagem buscava uma prática

com bases científicas, no seu dia à dia, e sendo a sua preocupação o cuidar do paciente com

qualidade, obedecia aos seus propósitos profissionais, consciente do seu dever. Não se via na

condição de precisar ser submissa a profissionais de outras áreas e viver uma enfermagem sem

autonomia no pensar e fazer.

Quando cheguei fui chefe só da cirurgia, não estava preocupada com o salário, mas fui

orientada por uma colega para ganhar mais (pausa). Disse que iria me debruçar sobre este

trabalho, número de auxiliares e número de enfermeiras.

Não é difícil perceber, pelas palavras da enfermeira que já acreditava ser obrigação pessoal

contribuir para o crescimento e a renovação dos conhecimentos de sua área. Se fosse para ganhar

mais, então deveria melhorar a qualidade do seu serviço.

A Dra. Ivanilda, teve sua formação profissional na Escola São Vicente de Paulo, a primeira

escola de enfermagem em Fortaleza, sendo esta, uma instituição religiosa, regida por conceitos

éticos e morais, rígidos, e assim pode-se compreender porque a enfermeira apresentava um perfil

sério e comprometido com o trabalho e com o grupo que estava sob sua liderança .

Existia uma descentralização, cada especialidade é como se fosse um hospital. Cada uma

tinha uma lavanderia, uma farmácia. Só a parte burocrática, da administração dos funcionários

era centralizada (pausa) para admitir era do Hospital. Depois veio a Sala de Recuperação (SR)

com dois leitos. As enfermarias foram sendo inauguradas aos poucos. A SR ficou pequena. Depois

vieram os professores da clínica médica, da Santa Casa. Paulo Machado resolveu centralizar

lavanderia, farmácia. Ficou melhor.

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FIGURA 2 – Atendimento de enfermagem, nas clínicas médicas, em 1959.

Fonte: Arquivo do Setor de Recursos Humanos do Hospital Universitário Walter Cantídio.

O salário não era tão baixo, mas não havia segurança. Aí veio uma lei que enquadrou todos

os funcionários e se tornaram federais.

A chefia de enfermagem estava mais estruturada. Pois no começo era dividida entre bloco

cirúrgico e bloco das clínicas médicas, este tinha outra chefe, que era Eneida Rocha. Depois foi

chefe geral, todos gostavam dela, acho que chegou até a divisão de enfermagem. Viajava muito e as

colegas ficavam interinamente, inclusive eu, ficava com tudo.

Aqui fica clara a divisão administrativa da enfermagem. Inicialmente a administração era

por blocos, não havia uma diretora geral. A Dra. Ivanilda ficava com o bloco cirurgico e a Dra.

Eneida no bloco das clínicas médicas. Quando a Dra. Eneida viajava, uma das enfermeiras a

substituía. Em 1975, a Dra. Eneida Rocha assumiu todo a administração de enfermagem do hospital

através de designação por Portaria da UFC.

No começo não havia programa de treinamento para os auxiliares, tinha que organizar a

Unidade, mas fazia informalmente, por exemplo, as tricotomias erradas (pausa) esperava o

plantão e falava sobre isto. Também nos reuníamos em uma sala e conversávamos sobre as

reclamações dos cirurgiões. Já leu o capítulo do meu livro, “Sua majestade – o doutor cirurgião”

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Valeu-me muito. As compressas que o cirurgião gastou muito”.

A Dra. Ivanilda faz menção ao seu livro Memórias de uma Enfermeira, onde conta a

história de sua vida, e o capítulo mencionado narra um evento interessante: A enfermagem da sala

cirúrgica avisou ao cirurgião, durante o procedimento, que estava faltando três compressas

cirúrgicas. O mesmo mandou chamar a enfermeira e disse que ensinasse as suas auxiliares a contar.

Ela que confiava em sua equipe, informou-lhe que iria registrar no prontuário do paciente. O

cirurgião resolveu abrir o peritonio do paciente, e lá estavam as três compressas. (OSÓRIO, 2007).

A enfermeira, com criatividade e dedicação ao hospital e ao serviço de enfermagem,

desenvolveu embalagens para manter esterilizado alguns materiais, dando segurança aos

procedimentos. Desenvolveu ainda alguns produtos para trazer conforto ao paciente.

FIGURA 3 - Envelope de tecido para luvas

Fonte: (OSÓRIO, 2007, p.38)

As luvas naquela época, após o uso, eram lavadas, depois de secas, entalcadas e esterilizadas

em estufas. Eram reprocessadas, enquanto permaneciam intactas. Esta criação tornou-se uma

tecnologia inovadora.

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FIGURA 4 – Colchão Perfurado

Fonte: (OSÓRIO, 2007, p.96).

Este colchão tinha como finalidade proporcionar ao paciente submetido à cirurgia de

abaixamento endonal uma posição confortável no leito. Esta cirurgia exteriorizava uma parte do

intestino grosso através do ânus.

FIGURA 5 - Sacos de papel para coletar os detritos e o pó do colchão, que eram removidos com

auxilio de uma escova.

Fonte: (OSÓRIO, 2007, p.37)

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FIGURA 6 - Saco para descarte de cascos de ampolas, bolas de algodão, serrinhas e outros.

Fonte: (OSÓRIO, 2007, p.37) .

Fiz um curso de administração em São Paulo, fui enviada pelos médicos e havia uma

ligação com a escola de lá. Fiz também um Curso de pedagogia Aplicada á Enfermagem e foi

quando criei o Serviço de Educação Continuada (pausa) Os cursos que fiz me deu base.

Nesta época, o curso de administração no país estava sendo estruturado, e muitos estudantes

e até os profissionais quando se formavam eram enviados para outros centros, como os Estados

Unidos, para se aperfeiçoarem e até para defenderem suas teses. Pode-se pensar que a estratégia de

enviar profissionais enfermeiras para capacitações e aperfeiçoamentos estaria relacionada com este

modêlo.

Fazia as escalas de serviço. Havia rodizio nas clínicas cirúrgicas.

A distribuição do pessoal de enfermagem é tarefa complexa, dispende tempo e

conhecimento sobre os funcionários, suas necessidades, características, dinâmica da Unidade e leis

trabalhistas. Deve ser desenvolvida racionalmente para assegurar a assistência de enfermagem com

qualidade. O tempo passou. Atualmente esta atribuição é da enfermeira chefe de cada unidade. Na

época da Dra. Ivanilda, a gestora maior era a responsável de confeccionar as escalas, atribuição

praticamente impossível nos dias atuais, tendo em vista a enfermagem do Complexo Hospitalar da

Universidade Federal do Ceará ( HUWC e MEAC), ser composta por mais de mil servidores.

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Os funcionários são distribuidos nos turnos da manhã, tarde e noite durante o mês, contanto

que todos trabalhem igualmente dentro de uma carga horária determinada. O modelo deve ser

seguido, registrando nome do funcionário, códigos para identificar folgas, carga horária, e etc. Esta

função deve ser também exercida de forma racional para assegurar que a assistência de enfermagem

seja prestada da melhor maneira possível.

Para garantir um número satisfatório de funcionários durante 24 horas por dia, as folgas

devem ser planejadas. Freqüentemente, a enfermeira-chefe é a responsável pela elaboração da

escala mensal, podendo esta função ser delegada a outra pessoa da equipe. Porém, a enfermeira-

chefe deverá supervisionar a elaboração da escala.

4.2 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE MARIA COSTA LOBO MARREIRO ( 1979 -1983)

Dra. Maria Costa Lobo Marreiro, formada em enfermagem pela Escola de Enfermagem São

Vicente de Paulo, em 1960; Pós-graduada em Enfermagem de Saúde Pública pela Escola Nacional

do Rio de Janeiro, conta que entrou no hospital em 1961.

FIGURA 7 – Dra. Maria Lobo participando da mesa, na I Jornada de Enfermagem do HU

Fonte: Arquivo do setor de Recursos Humanos do HUWC

Entrevista concedida em 22 de dezembro de 2011.

Fui convidada pelo Dr. Arnóbio Pereira Machado. Neste tempo tinha o Instituto de

Medicina Preventiva. Muito bem estruturado. Eram cinco enfermeiras (pausa). A área era dividida,

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eram cinco áreas bem divididas. Nas proximidades do hospital. Era tão bonito... Chamavam de

zona, os médicos brincavam: - Vai pra zona?(risos) Era dividido em primeira zona, segunda zona,

terceira zona.

Nos anos 60, 70, talvez até 80, locais de prostituição eram conhecidos como Zona.

Segundo Houass (2007), uma zona de meretrício ou boca do lixo é uma região, quarteirão,

rua ou bairro de uma cidade conhecido por abrigar a prática da prostituição; zonas de meretrício

costumam concentrar bordéis, prostíbulos, cabarés, bares, boates e casas noturnas e outros

estabelecimentos.

Isto pode trazer uma reflexão sobre a condição da enfermeira que naquela época era

inerentemente feminina e os mitos que foram desenvolvidos sobre o caráter da mulher enfermeira.

Waldow (2001) refere a existência de vários mitos que se desenvolveram nas relações entre a

prática de cuidar e a mulher: característica materna (o cuidado era realizado pelas mães), aspecto

caritativo (as mulheres consagradas e religiosas prestavam assistência aos enfermos), caráter

negativo ( as atividades de enfermagem nos hospitais passaram a ser desenvolvidas por mulheres de

moral duvidosa) e por último, a identificação das práticas de cuidar com a mulher-enfermeira,

considerada como a auxiliar do médico.

Trabalhamos bem 5 ou 6 anos nesta área. Depois veio a repressão de 64 e acabaram com o

Instituto de Medicina Preventiva, que era área de Saúde Pública.

Conforme Nicz (1988), ao unificar o sistema previdenciário, o governo militar se viu na

obrigação de incorporar os benefícios já instituídos fora das aposentadorias e pensões. Um destes

era a da assistencia médica, que já era oferecido pelos vários IAPs (Instituto Aposentadorias e

Pensões ), sendo que alguns destes já possuíam serviços e hospitais próprios. No entanto, ao

aumentar substancialmente o número de contribuintes e consequentemente de beneficiários, era

impossível ao sistema médico previdenciário existente atender toda essa população. Diante deste

fato, o governo militar tinha que decidir onde alocar os recursos públicos para atender a necessidade

de ampliação do sistema, tendo ao final optado por direcioná-los para a iniciativa privada, com o

objetivo de coopitar o apoio de setores importantes e influentes dentro da sociedade e da economia.

Desta forma, foram estabelecidos convênios e contratos com a maioria dos médicos e

hospitais existentes no país, pagando-se pelos serviços produzidos (pro-labore), o que propiciou a

estes grupos se capitalizarem, provocando um efeito cascata com o aumento no consumo de

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medicamentos e de equipamentos médico-hospitalares, formando um complexo sistema médico-

industrial.

Assim, o governo federal destinou poucos recursos ao Ministério da Saúde, que dessa forma

foi incapaz de desenvolver as ações de saúde pública propostas, o que significou na prática uma

clara opção pela medicina curativa, que era mais cara e que no entanto, contava com recursos

garantidos através da contribuição dos trabalhadores para o INPS ( Instituto Nacional de

Previdência Social).

Quando a enfermeira na sua fala, relaciona o término do Instituto de Medicina Preventiva

com o Golpe de 64, se refere a este momento na história do Brasil, onde a Saúde Pública foi

menosprezada pelo sistema político e econômico.

Por ter priorizado a medicina curativa, o modelo proposto foi incapaz de solucionar os

principais problemas de saúde coletiva, como as endemias, as epidemias, e os indicadores de saúde

(mortalidade infantil, por exemplo); aumentos constantes dos custos da medicina curativa, centrada

na atenção médica-hospitalar de complexidade crescente; diminuição do crescimento econômico

com a respectiva repercussão na arrecadação do sistema previdenciário reduzindo as suas receitas;

incapacidade do sistema em atender a uma população cada vez maior de marginalizados que, sem

carteira assinada e contribuição previdenciária, se viam excluídos do sistema; desvios de verba do

sistema previdenciário para cobrir despesas de outros setores e para realização de obras por parte do

governo federal; o não repasse pela união de recursos do tesouro nacional para o sistema

previdenciário, visto ser esse tripartide (empregador, empregado, e união). (NICKZ,1988).

A enfermeira Maria Lobo continua contando a sua história de entrada no Hospital:

Entrei a convite, e depois fui enquadrada na Universidade. Comecei a trabalhar no

ambulatório, paciente externo. Aí foi quando o Dr. Arnóbio me chamou pra assumir a chefia, eu

disse que não tinha experiência. Ele disse: _ Você vai para o Rio, fazer o curso Integração Docente

Assistencial. Este curso visava à integração do docente de enfermagem com o assistencial. A Dra.

Eneida Rocha, que era a nossa chefe geral, na época, viajava muito, então eu sempre assumia a

função, em substituição.

Há várias designações da UFC para substituição e Coordenação do Serviço para a Dra.

Maria Lobo. (Portaria 1187/79; 97/80; 916/80; 566/81; 347/82; 372/1598/83)

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As enfermeiras eram escolhidas pela chefe para as unidades. No meu tempo era

coordenadora e tinha a vice, aí tinha a chefe da Unidade, ou seja, das clínicas médicas era uma só,

das clínicas cirúrgicas, centro cirúrgico e ambulatório, tinha a emergência também. Eu sempre era

a vice da Dra. Eneida.

FIGURA 8 - Regulamento do Hospital Universitário Walter Cantídio

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Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem/1977

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FIGURA 9 – Primeiro Organograma do HUWC/ 1977

Fonte:Arquivo da Coordenação de Enfermagem/1977

Maria Lobo relembra aqueles dias com satisfação e diz:

Era uma época muito boa, tinha uma integração muito boa com o médico. Eu acho que a

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enfermagem era bem reconhecida no hospital. A gente, a enfermagem gostava de estudar, fazia um

trabalho muito bonito.

FIGURA 10 - I Jornada de Enfermagem do HUWC/1982

Fonte: Arquivo do Recursos Humanos do Hospital Universitário Walter Cantídio

Maria Costa

Lobo Marreiro

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FIGURA 11 – Funcionária de enfermagem sendo homenageada pela Dra. Maria Lobo, na I Jornada

de Enfermagem do HUWC/1982

Fonte: Arquivo do setor dos Recursos Humanos do H.U.W.C.

FIGURA 12 - Dra. Ivanilda Osório na I Jornada de Enfermagem do HUWC em1982

Fonte: Arquivo do setor dos Recursos Humanos do H.U.W.C.

Tinha a Anunciada, a (pausa) só enfermeira da elite, montava uma UTI (pausa), a Mazé,

muito capacitada na parte de cirurgias, centro cirurgico, então era uma enfermagem muito boa,

Dra. Ivanilda

Osório

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bem reconhecida. O Dr. Haroldo Juaçaba admirava muito as enfermeiras do hospital. Enfermeiras

assim (pausa) bem seguras, já tinham vivência neste trabalho, é isto.

Os serviços se davam bem com a enfermagem, medicina e outros .

É perceptível na fala de Maria Lobo a valorização da enfermagem e a questão do bom

relacionamento que vivenciou entre a equipe médica e enfermagem, inclusive cita nomes de colegas

enfermeiras e do médico.

Dentre os itens motivadores de um trabalho satisfatório está a autoestima, o reconhecimento

e o bom relacionamento entre a equipe multidisciplinar.

O trabalho em equipe não tem na sua origem apenas o caráter de racionalização da

assistência médica, no sentido de garantir a melhor relação custo-benefício do trabalho médico e

ampliar o acesso e a cobertura da população atendida, mas também responde à necessidade de

integração das disciplinas e das profissões entendida como imprescindível para o desenvolvimento

das práticas de saúde a partir da nova concepção biopsicossocial do processo saúde doença.

(PEDUZZI, 2005).

Fortuna (1999) e Fortuna et al. (2005) conceituam o trabalho em equipe como uma rede de

relações entre pessoas, rede de relações de poderes, saberes, afetos, interesses e desejos, onde é

possível identificar processos grupais. As autoras destacam a dinâmica grupal das equipes e

propõem o reconhecimento e a compreensão desses processos grupais pelos seus integrantes como

forma de construir a própria equipe, concebendo o trabalho em equipe como as relações que o

grupo de trabalhadores constrói no cotidiano do trabalho.

O trabalho mesmo que tive foi que estruturei um Curso de Auxiliar de enfermagem. Era um

convênio com a Secretaria de Saúde. Havia também uma prova de suplência, acho que era da

secretaria de Saúde. A pessoa fazia a prova e era encaminhada para o hospital, mas não sabia

nada. De dez que chegavam, ficavam duas ou três e mesmo assim era para aprender. Curso que era

só á noite, sem estágio, como poderia aprender?

Cursos de enfermagem para nível médio no Brasil, iniciaram suas atividades antes mesmo

da promulgação da Lei 775/49, sendo que, de 1941 a 1947, funcionou apenas uma escola; em 1951,

existiam doze escolas em funcionamento; num período de 10 anos, entre 1951 e 1961, foram

criados 49 cursos e, em 1966, já totalizavam 76 escolas de auxiliares de enfermagem. O parecer no.

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3814/76, do Conselho Federal de Educação, fixou os conteúdos curriculares mínimos, em termos da

formação do auxiliar de enfermagem e revisou os estabelecidos pelo Parecer 45/72, em relação ao

técnico. As Resoluções no.7 e no.8, do Conselho Federal de Educação, em 1977, regulamentaram a

formação de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. A Resolução no. 7 instituiu os dois cursos como

habilitações referentes ao 2º. Grau e a Resolução no. 8 permitiu que o auxiliar de enfermagem fosse

preparado ao nível de 1º.Grau, intensivamente, em caráter emergencial, dada a realidade vivida pela

clientela. (GALVÃO, 1994).

Nas décadas de 70 e 80 ocorreu aumento do número de escolas de enfermagem de nível

superior e médio. Em 1983, existiam no Brasil, 81 cursos de graduação em enfermagem, 115 cursos

de técnico de enfermagem e 145 cursos de auxiliares. Segundo levantamento feito pela

ABEn/COFEN (ABEn, 1985), no Brasil, em 1983, dos técnicos de enfermagem, 74,1% havia

completado o curso regular de técnico de enfermagem e 24,3% tinha sido submetido à exame de

suplência. Posteriormente, o exame de suplência para os profissionais de nível técnico foi suspenso,

pelo Conselho Federal de Educação, a pedido do COFEN, alegando-se o grau de risco do paciente e

o grau de complexidade de suas atribuições. Quanto aos auxiliares, 78% tinham concluído o curso

regular e 15,9% fez o exame de suplência, sendo que existiam 43.000 atendentes, trabalhando na

área da saúde, sem preparo formal para esta atuação. Outro agravante é que 65,5% do total de

atendentes de enfermagem não recebiam ou recebia raramente treinamento em serviço. (ABEn,

1985).

Percebe-se que na época era crescente o número de escolas de enfermagem e

consequentemente de profissionais, porém, a pressa era visível, e segundo a fala da Dra. Maria

Lobo, parece que a qualidade não apresentava a mesma velocidade.

Em 1986 surgiu uma nova Lei, a de no. 7498/86, que dispõe sobre o exercício profissional

da enfermagem, estipulando que a mesma passaria a ser exercida privativamente pelo enfermeiro,

pelo técnico e auxiliar de enfermagem, e pela parteira, respeitando-se os respectivos graus de

habilitação. Determinou, ainda, a exclusão do atendente do quadro da enfermagem. No ano

seguinte, o Decreto Lei nº 94406/87 veio regulamentar a referida lei. (ABEn, 1987).

Participávamos de reuniões regulares do Centro de Ciências, eu e a Eneida Rocha, e foi de

lá que surgiu a idéia do regimento interno da enfermagem, em 1979. (Anexo I). O Centro de

Ciências era um centro de estudos para os profissionais apresentarem e discutirem os casos dos

pacientes.

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Segundo Kurcgant (1991), um Regimento interno é um ato normativo, aprovado pela

administração superior da organização de saúde, de caráter flexivel e que contém diretrizes básicas

para o funcionamento do serviço de enfermagem. O regimento especifíca as disposições do

regulamento para o serviço, devendo, portanto estar nele embasado.

FIGURA 13 – Regimento da Coordenação dos Serviços de Enfermagem/1979

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Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem/1979

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FIGURA 14 - Comissão Redatora do Regimento Interno da Coordenação de enfermagem/1979

Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem/1979

A coordenadora era indicada pelo diretor do hospital por tempo indefinido. Eu fiquei oito

anos, pois a Eneida passou muito tempo viajando. Os primeiros anos eram como a vice dela.

Fui bolsista, quatro anos, e isto contou como tempo de serviço na minha aposentadoria.

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Aposentei-me muito cedo.

4.3 O PERÍODO ADMINISTRATIVO DE RAIMUNDA MAGALHÃES DA SILVA – 1984 A 1986

Raimunda Magalhães da Silva – enfermeira, formada pela Universidade Federal do Ceará.

Professora do Departamento de enfermagem da UFC mestre e doutora em enfermagem. Conhecida

desde quando se formou, como “Professora Raimundinha”.

FIGURA 15 – Dra. Raimunda Magalhães da Silva

Fonte: Arquivo Pessoal da Dra. Raimundinha

Entrevista concedida em 06 de janeiro de 2012.

Cheguei ao Hospital Universitário através do Departamento de Enfermagem da

Universidade Federal do Ceará, sendo o HUWC, campo de estágio para as disciplinas que

ministrava. Na época realizei um trabalho com meus alunos, nas Unidades de clínicas cirúrgicas

sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem, e obtivemos resultados e destaque, pela

organização, e pela adesão dos profissionais de enfermagem e médicos. Paralelamente

desenvolvemos um projeto de integração docência – assistência para todos os profissionais da

saúde da UFC. Este projeto envolvia todas as áreas de saúde da Universidade. Era o professor

Antero e eu que coordenava este projeto e a gente fazia um trabalho com esta coisa de integração

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em todas as unidades no hospital universitário, na maternidade, nos ambulatórios, nas unidades,

onde o aluno fazia estágio extramuro, tentava fazer este trabalho, e conseguimos alguns avanços

com este projeto de integração (pausa).

FIGURA 16 – Projeto de Integração docente/assistencial - 1982

Fonte: arquivo pessoal da Professora Raimundinha

E neste ínterim, o Prof. José Carlos Ribeiro, diretor do hospital e que era também o diretor

da faculdade de medicina, juntamente com a profa. Graziela que era a diretora da faculdade de

enfermagem, neste trabalho de integração docente – assistencial, a partir daí chegaram a um

acordo de colocar uma professora para diretoria de enfermagem do hospital, já que tinha o Curso

de Enfermagem da Universidade e o Curso de medicina, então porque os dois não seriam os

diretores do hospital? Foi quando me convidaram. Ainda resisti um pouco pra ser, pois achava que

tinha pouca experiência, aquela coisa toda, mas eu sempre gostei muito de desafios. Acabei

aceitando ir pra diretoria do hospital (pausa).

A enfermeira foi designada coordenadora de Enfermagem do Hospital Universitário Walter

Cantídio, sob a Portaria da UFC- no. 558/84

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Como este trabalho da SAE estava dando certo na cirurgia, eu quis continuar nas clínicas

médicas e na UTI. Começamos a treinar as enfermeiras e as professoras da clínica médica.

Primeiro tinha um planejamento do que eu iria fazer no hospital. Este planejamento todo junto com

as enfermeiras. Fiz reunião com as enfermeiras. Reunião com as auxiliares de enfermagem, com as

atendentes, nesta época tinha as atendentes. Fiz reunião com o setor administrativo para levantar

as necessidades de melhoria de trabalho, de condições de trabalho no hospital.

Neste momento da entrevista nos deparamos com a palavra planejamento, item

indispensável ao administrador, condição apresentada desde os primeiros teóricos da história da

administração no mundo. Seria o olhar da enfermeira docente, afeito ás teorias em sala de aula.

Não sei como está hoje, mas deixei toda a assistência de enfermagem implantada, cl

médica, UTI, cl. Cirúrgica e isto foi esforço muito grande, uma dedicação muito grande. Eu me

dedicava àquele hospital de manhã, tarde e noite. Era uma coisa assim, muito trabalhada, com

muita gente, tudo muito conversado, muito argumentado, todo mundo concordando. E quando

tinham os que discordavam, a gente tentava conversar pra ver se mudava de opinião. Dava um

tempo, ou substituía, mas a gente via que a coisa era muito boa. A assistência melhorou muito. Os

pacientes eram muito satisfeitos. Os próprios funcionários trabalhavam mais satisfeitos em relação

a organização do serviço.

Percebe-se que a maior preocupação da enfermeira, era a aplicação da Sistematização da

Assistência de Enfermagem.

A Sistematização da Assistência de enfermagem (SAE), é um conjunto de atividades

privativas do enfermeiro. Direciona o serviço da enfermagem para otimizar tempo e trazer

resultados eficientes e eficazes para o paciente. A SAE norteia todo o processo de enfermagem,

trazendo uma visão holística para o cuidado ao paciente, composta por etapas que são o Histórico,

seguida de Diagnóstico, Prescrição, Aprazamento e Evolução do paciente, voltadas para os

problemas de enfermagem ou seja o que se entende como problema que necessita de intervenção de

enfermagem. A SAE está baseada na Lei 7498 de 25/06/86 (Lei do Exercício Profissional). Foi

desenvolvida para a prática de uma abordagem científica. Conhecimento tal, oportuniza os

enfermeiros a tomada de decisões, avaliação e ações.

Desde o período que a professora Raimundinha inicia a sua atuação no hospital com os

alunos, a implementação da SAE era propósito constante e ela narra uma situação engraçada:

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Nós implementamos a metodologia da Assistência de Enfermagem nas 4 unidades da clínica

cirúrgica com os alunos, sabíamos que tínhamos os alunos e enfermeiros para implementar o

plano , enfermeiros também. Isto também combinado com o serviço de enfermagem, permitido pela

Eneida Rocha,que nos dava total apoio e a oportunidade de melhorar o serviço de enfermagem e

aprendizagem dos alunos, tudo combinado com a diretoria do hospital. Nós treinamos

enfermeiras, treinamos auxiliares de enfermagem, eu sei que conseguimos implantar a assistência

de enfermagem nas 4 unidades,.Eu sei que um belo dia nós chegamos no hospital, nossos planos

de cuidados tinham sido tirados dos prontuários, o que estava acontecendo? Porque não deixaram

ficar no prontuário os planos de cuidados? Aí vai prá lá, procura e se mexe, mexe e mexe, quem fez

isto, porque não estava no prontuário, onde estava, ninguém encontrou estes planos e fomos atrás

procurando saber o que tinha acontecido e porque, saber mais o porque. Por que se estava tudo

documentado, tudo planejado, tudo de acordo com a diretoria e com a chefia de enfermagem e com

a chefe de enfermagem de cada unidade. Descobrimos que foi uma auxiliar de enfermagem que

tinha tirado, dizendo ela que já bastava a prescrição do médico para cumprir e não ía cumprir

prescrição de enfermeira. Fomos conversar e fazer novo treinamento para as auxiliares. E

acabamos dando conta disto aí. E lá pras tantas tinha um médico que dizia assim: por que vocês

prescreveram os cuidados de enfermagem? Se os médicos já prescrevem cuidados gerais de

enfermagem? Pois é doutor, mas os seus cuidados gerais de enfermagem não é a mesma coisa que

os cuidados de enfermagem. Os cuidados que a gente prescreve, nós prescrevemos item por item do

que tem que se fazer e dar conta do cuidado do paciente nas 24 horas. Então voce deixa de

escrever isto aí, porque ninguém vai obedecer, a partir de agora são as prescrições de enfermagem.

E nós conversamos com este médico e ele acabou aceitando e continuamos com a

Sistematização.

Foi criado pela Dra. Raimundinha, o instrumento para Sistematização, dentro da realidade

do hospital, composto por um Roteiro de entrevista de Enfermagem e um impresso para evolução

do paciente, prescrições, aprazamento e observações gerais de enfermagem.

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FIGURA 17– Histórico de Enfermagem/1984

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Fonte: Arquivo pessoal da Profa. Raimundinha

Toda reunião tinha livro de Ata. Era tudo documentado.

A enfermeira enfatiza que tudo era documentado. Segundo Belotto (2004), as informações

produzidas, recebidas e acumuladas pelos órgãos e entidades da Administração Pública no exercício

de suas funções e atividades são registradas nos documentos públicos, que, por sua vez, são

preservados nos arquivos públicos, instrumentos essenciais para a tomada de decisões, para a

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comprovação de direitos individuais e coletivos e para a o registro da memória coletiva.

Conforme esta autora, em geral, o arquivo é considerado uma unidade administrativa menor,

sem atribuições bem definidas a não ser “guardar papéis”. O conceito corrente de “arquivo” é

sinônimo de “arquivo morto”, ou seja, um amontoado de papéis velhos sem “utilidade” nenhuma.

Sua posição hierárquica na estrutura administrativa dos órgãos públicos e das empresas privadas

induz ao desprestígio, à desvalorização de seus serviços e à falta de recursos materiais e humanos

com qualificação técnica adequada ao seu pleno funcionamento. Por outro lado, para o controle

pleno dos documentos, desde a sua produção até a sua destinação final, torna-se necessário

assegurar a integração dos protocolos com os arquivos visando à padronização dos procedimentos

técnicos. Essa integração permitirá que os documentos sejam rapidamente localizados não apenas

durante sua tramitação, mas também durante o período em que aguardam o cumprimento de seus

prazos no arquivo corrente, intermediário e permanente.

Isto é considerado como correto e o idealizado pelas instituições, porém, no Hospital

Universitário Walter Cantídio pouco se encontra dos 52 anos de existência da enfermagem. Nenhum

livro de Ata, arquivo sobre planejamento, eventos realizados, decisões tomadas, problemas,

soluções, fichas comprobatórias de períodos de chefias, coordenações, direções e etc., referente ao

serviço administrativo de enfermagem anterior há dez anos foi encontrado em arquivo. Podemos

inferir que as experiências anteriores poderiam ser elementos balizadores para evitar alguns

desacertos já ocorridos no passado bem como experiências bem sucedidas poderiam ser repetidas

em condições diferentes, com maior possibilidade de acerto. Seria, também, certamente, uma fonte

de pesquisa.

Fomos trabalhando, trabalhando, arruma aqui, arruma dali, tira daqui, bota alí. Falta criar

o ambulatório do hemoce. Era um bicho de sete cabeças este ambulatório do hemoce. Quem eu

boto de enfermeira pra lá? Pra ser chefe de enfermagem deste ambulatório? Pra enfermeira

indicada, já entrar como chefe, e já estar preparada? Tinha um costume no hospital de colocar as

pessoas mais velhas para os ambulatórios. As pessoas mais velhas porque não tinham mais

resistência, a imunidade mais baixa pelo tempo nas unidades de internação e passavam para o

ambulatório.(pausa) E agora meu Deus do céu, uma pessoa já idosa pra tomar conta do

ambulatório que é muito movimentado, você tem que ter muita estratégia de trabalho, tem que se

envolver com muita gente. Eu não vou botar pessoas assim não. Vou falar com o prof.

José Carlos: _ Prof José Carlos, eu sei que o costume é este. Aí ele disse:_ Qual é a enfermeira

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velha que quer colocar pra lá?_ Prof., deixa eu pensar quem é que eu poderia colocar pra

lá.(risos).

Voltei, pensei, conversei com várias pessoas, articulando isto aí. Qual é a enfermeira nova

que tenha bastante energia, tempo de trabalho, tenha resistência, saiba negociar, não que a velha

não saiba, mas a gente sabe que quanto mais a idade e com problemas de saúde a tendência é

diminuir a capacidade de trabalho. Botamos a Mônica. _ Ah, não dá pra tirar a Mônica (diziam as

colegas da Unidade da Mônica). A Mônica era jovem e aceitou. O diretor ficou abismado (pausa).

Aí a Mônica começou a organizar o ambulatório do Hemoce. Era a hematologia, era clinica

Médica, eram várias clínicas que tinham no Hemoce, e continuou o ambulatório lindíssimo,

funcionando perfeitamente, todo mundo satisfeito, tudo muito bem. Foi nesta época que tudo

começou, deve ter registro.

A cultura organizacional é responsável pelos hábitos e costumes praticados na empresa, e

estão arraigados de forma que, muitas vezes, torna-se difícil de serem modificados, sendo essa

mudança um desafio aos gestores.

Segundo Paiva (2002), o conjunto de características e episódios formam a cultura

organizacional, um código não escrito que estabelece o certo e o errado, os valores, a ética e assim

por diante. Nas grandes empresas a cultura “da casa” se molda mais a partir de eventos e episódios

históricos do que a partir de pessoas e suas características.

Os modelos de gestão eficazes ou ineficazes têm muito a ver com a cultura organizacional

das empresas. Um gestor ao assumir uma empresa ou um serviço dentro de uma empresa deve

buscar conhecer a cultura organizacional para saber que estilo vai adotar para sua administração.

Com muita freqüência se encontram empresas pequenas ou médias em que o modelo de gestão,

aprovado pela cultura da casa, pode ser chamado de gestão por “paixões e reações”, significando

que a organização informal prevalece sobre a organização formal, que as personalidades se

sobrepõem à burocracia e que o padrão é estabelecido sobre termos como lealdade, dedicação e

antiguidade e a liderança é relativamente feudal e paternalista. (PAIVA, 2002).

O autor acima enfatiza que as grandes organizações por seu turno, muitas vezes adotam um

modelo de gestão que se caracteriza por “objetivos e resultados”, com a organização formal

privilegiada sobre a organização informal e onde organogramas, manuais, planos e programas são a

estrutura básica e onde se premiam conceitos como delegação, comunicação, iniciativa e mérito

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medido por resultados. Nesse modelo, a liderança é, em geral, mais democrática e participativa.

Não se pode afirmar sobre a eficácia da gestão por objetivos e resultados sobre a gestão por paixões

e reações. A questão está em como a liderança percebe o momento da necessidade de mudanças dos

modêlos e se mantém inflexível.

E partimos pra outro trabalho, e isto sempre tentando que as enfermeiras se aprimorassem

mais, estudassem mais. Uma coisa que eu deveria ter explorado um pouco mais era a qualificação

das enfermeiras, na questão do mestrado e doutorado. Nesta época era muito difícil as enfermeiras

sairem também. Mas todas fizeram especialização, algumas fizeram mestrado em áreas diferentes,

como farmacologia, como a Fátima Souza, teve outra que fez educação, assim, áreas afins, para

trabalhar mesmo na enfermagem. Eu saí para o doutorado, era recém-casada, fiz o mestrado,

passei dois anos no Rio, eu via a necessidade, tinha que ter gente com disposição pra sair e voltar,

melhorar o ensino aquí em Fortaleza. E a Graziela (enfermeira, criadora do curso de enfermagem

da UFC primeira diretora do departamento de enfermagem da UFC), tinha visão muito ampla

sobre isto. Ela já contratava a gente dizendo: _ olhe vocês vão fazer o concurso e o mestrado em

seguida, todo mundo vai sair cedo pra fazer este mestrado fora. Era no Rio, em São Paulo, Bahia,

Santa Catarina, basta fazer o mestrado em outro País, Estado, voltar e a gente conseguir melhorar

a nossa qualidade. Aí foi feito isto.

Foi implementado na gestão da Dra. Raimunda, um Programa de Treinamento para

Enfermeiras de Ensino e Serviço. O objetivo Geral era desenvolver conhecimentos e habilidades no

planejamento da Assistência de Enfermagem e Implantar a Metodologia de Assistência de

Enfermagem para clientela interna e externa do Hospital Universitário Walter Cantídio da UFC.

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FIGURA 18 - Programa de Treinamento para Enfermeiras de Ensino e Serviço

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Fonte:Arquivo pessoal da Profa. Raimundinha

A busca e o compromisso com o ensino. A responsabilidade com a qualidade da formação

acadêmica do aluno, com o aperfeiçoamento do professor e do enfermeiro assistencial demonstra

um zelo da professora Raimundinha com a enfermagem. Nos dias atuais, existe uma facilidade para

o aperfeiçoamento, para o alcance dos títulos, através da própria Universidade Federal do Ceará, em

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relação ao período vivenciado pelas enfermeiras, no passado.

A globalização, a velocidade da evolução tecnológica, apontam para uma transformação

constante no ambiente de trabalho, diferentemente de cinquenta anos atrás, onde as mudanças eram

mais lentas, o conhecimento adquirido durava mais. A atualização tornou-se uma busca obrigatória,

em especial para o profissional da saúde, devido ao avanço tecnológico, às descobertas de doenças e

tratamentos. Tudo passa por aperfeiçoamento ou troca.

Participávamos de vários eventos. Congressos e Seminários

FIGURA 19 – Equipe organizadora do Encontro Nacional de Enfermagem

Fonte: Arquivo Pessoal da Dra. Raimundinha

Agora, outra reforma que nós fizemos, foi a reforma da pediatria. A pediatria até então não

tinha acompanhantes. Tinha uma enfermeira que naquela época não aceitava acompanhante na

pediatria. Aí negocia aqui, negocia alí, conversa, faz, refaz, aceita, não aceita._ Vamos implantar o

serviço de acompanhante, custe o que custar. Porque é inaceitável a criança ficar internada sem

acompanhantes. Então se você não aceita a gente substitui, vamos por outra enfermeira que aceita

acompanhante na enfermaria.

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Ela concordou em sair, mudamos, a colocamos em outro local, e trouxemos outra

enfermeira pra pediatria. Compramos cadeiras pra acompanhantes, roupas, (pausa) arrumamos a

unidade. Eu ia à pediatria, dava uma dó, ver aquelas crianças chorando, chorando, chorando.

Aquelas meninas iam dar injeção, mal conversavam com as crianças. Aí treinei este pessoal pra

receber as mães, como conversar com as mães pra que fossem pessoas que ajudassem nos cuidados

com as crianças. Queriam dizer que elas atrapalhavam. Não pode acontecer um negócio destes. _

A mãe tá alí pra ajudar junto com vocês. (Dizia para o pessoal de enfermagem)

Treinamos as mães, conversamos com elas pra elas ficarem com os filhos, no hospital. A

gente fez este trabalho com as auxiliares e com as mães. Foi um trabalho ótimo. Tinha a cadeira

pra sentar, antes dormiam no chão. Era um absurdo, era sem condição, fizemos isto aí. Deixamos a

pediatria deste jeito e fomos pra outras unidades.

Segundo DARBYSHIRE (1994), o declínio das doenças infecciosas, a introdução do

antibiótico e tecnologias inovadoras contribuíram para uma revisão do afastamento dos pais e

familiares durante a hospitalização de seus filhos. No entanto, a transformação no conceito de

criança, agora vista como um ser em crescimento e desenvolvimento, não só com necessidades

biológicas, mas também psicológicas, sociais e emocionais, foi o mais efetivo catalizador para esta

mudança. A preocupação com o crescimento e desenvolvimento na assistência à criança

hospitalizada foi impulsionada pelo relatório publicado, em 1951, pela Organização Mundial de

Saúde sobre a privação materna como fator etiológico perturbador da saúde mental.

Segundo o Decr. Lei 21/81 e Decreto Regulamentar nº 189 de 19 de Agosto, toda a criança

de idade não superior a 14 anos internada em hospital ou unidade de saúde tem direito ao

acompanhamento permanente da mãe e do pai (ou familiares ou pessoas que normalmente

substituam os pais). A idade referida no número anterior pode ser ultrapassada no caso de crianças

deficientes.

A Dra. Raimundinha, parece se apropriar da Declaração dos Direitos da Criança e do

Adolescente criada durante a Assembléia Geral das Nações Unidas em 20 de dezembro de 1959,

baseada nos Direitos Humanos, além do Decreto Lei 21/81 e implementa em sua gestão na

Unidade de Pediatria do HUWC, o direito da criança permanecer internada, com acompanhante.

Interessante perceber que em seu período alguns decretos e leis ainda não existiam, mas ela estava a

frente com sua visão humanizada e científica.

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A Constituição do Brasil de 1988 incorpora como prioridade a proteção dos direitos da

criança e do adolescente e o atendimento de suas necessidades básicas. Assim, em 13 de julho de

1990 foi promulgada a lei nº 8069 que regulamenta o Estatuto da Criança e do Adolescente e

dispõe, no seu Artigo 12, que “[...] os estabelecimentos de saúde devem proporcionar condições

para a permanência, em tempo integral, de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de

crianças e adolescentes”. (BRASIL, 1991)

Em 1986, ainda durante a gestão da professora Raimundinha, foi criado e implantado um

Projeto de Atividades de Recreação Infantil para a Unidade de Pediatria, através das enfermeiras

Maria do Socorro Mendonça Sherlock (professora Assistente da disciplina Materno Infantil do

Departamento de enfermagem da UFC), Maria Neiaria Assis Ribeiro ( chefe da Unidade Pediátrica

do HUWC) e Givanilda Aquino de Souza ( professora Adjunta do Departamento de Enfermagem da

UFC).

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FIGURA 20 – Projeto de Integração Docente Assistencial/Implantação de Atividades de Recreação

em uma Unidade Pediátrica/1986

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Raimundinha

A professora Raimundinha, guardou consigo cópia de Relatório de atividades de

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enfermagem, durante a sua gestão, entre 1984 e 1986 (anexo II), que registra os processos

implementados pelas profissionais de enfermagem. Como gestora da Divisão de enfermagem, a

professora acompanhava todos os processos: criação da Comissão de Auditoria em enfermagem,

reestruturação da Educação Continuada, programa para Supervisão de Enfermagem entre outros.

Percebem-se os esforços e conquistas na administradora de enfermagem, porém o serviço

ainda vivenciava dificuldades pela número insuficiente de recursos humanos e condições estruturais

físicas do hospital.

A enfermeira Izabel Augusto, entrevistada especial, que foi admitida no HUWC em 1984 e

participou de várias gestões, conta sobre o direcionamento para o serviço da supervisão de

enfermagem: A coordenadora de enfermagem, lotava você assim: (pausa) a lotação era clínica

médica, então, tinha uma chefia a semana inteira no período da manhã. As Unidades A e B eram

uma clínica só, com uma única chefia. E final de semana era um enfermeiro só, e você não era

assistencial, porque não dava nem tempo, porque tinha que tomar conta da UTI. E tinha que

fazer a supervisão da pediatria até a clínica II, passava a ser a responsável por tudo.

Se fosse plantão noturno, faltava muita luz neste período, você tinha que acender os

lampiões de todo o hospital no escuro, porque nenhuma auxiliar tinha coragem de acender

porque eram aqueles de gás, então era assim: você que tinha que ir. Andava em todo o canto no

escuro, para acender, quando muito, com uma vela na mão.

FIGURA 21- Dra. Izabel Augusto Batista

Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem

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A enfermeira conta como funcionava a supervisão naquele período. Era responsável por

todas as clínicas de internação médica. É evidente que não era possível a assistência direta ao

paciente. O enfermeiro nesta época, mesmo sem tantos serviços de alta complexidade e tecnologia,

se apresenta preso a tarefas diversas.

A vinculação do enfermeiro com tarefas burocráticas, além de o distanciar do cuidado direto

ao paciente, acaba acarretando desgaste pessoal, tornando-o angustiado e insatisfeito ao

desempenhar papéis de "tarefeiro", "quebra-galho" ou "bombeiro", sendo que, na realidade, ele está

gerenciando crises, com o intuito de superar as deficiências de infra-estrutura. Neste sentido, sente-

se mais vinculado ao setor administrativo do hospital. (SAEKI,1994).

Segundo Aguiar (1995), outra justificativa apresentada para essas dificuldades é a de que o

enfermeiro absorvido pela hierarquização do cotidiano tenta encaminhar, dar um retorno às

solicitações que lhes são feitas, com um comportamento de onipotência de ter que dar respostas a

tudo e a todos. Mas, seu falso poder é desmistificado diante da diluição de suas ações em tarefas

que não são prioritárias e, muitas vezes, são da competência de outros. Isso tudo é reforçado pela

tendência e estereótipo do enfermeiro em abarcar coisas, e da instituição ao vê-lo como alguém para

resolver os problemas.

A Professora Raimundinha protagonista do período segue com sua fala.

Implantamos o serviço de acompanhantes em todos os setores e implantamos a visita em

UTI. A UTI era muito fechada, Foi um trabalho muito duro. Era um lugar fechadíssimo, restrito,

independente. A visão era que o paciente entrou alí pra morrer e não pra viver. Uma certa vez tinha

um paciente que pedia pra ver o pastor. A Mazé veio falar comigo sobre o assunto. Fizemos tudo

até que conseguimos, avisamos que tinha quer ser uma visita rápida. Ele ficou uma meia hora. No

outro dia o paciente morreu. Quer dizer fizemos a vontade dele, e não custa nada.

Compreender o que é uma Unidade de Terapia Intensiva com o olhar do paciente e família é

muito importante. Muita coisa muda para o paciente com sua internação em UTI. A insegurança

com a doença e o estado grave, o ambiente fechado, os ruídos dos equipamentos, pessoas que

andam rapidamente de um lado para outro. Por outro lado, a família sem saber o que está

acontecendo, com medo de receber noticias ruins. É quando se faz necessário a consciência da

humanização.

A humanização pode ser traduzida como uma busca do conforto físico, emocional e

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espiritual para o paciente, família e equipe. Respeitar a dignidade do paciente, o anseio pelo

convívio com a família e os amigos e a confiança que ele deposita em alguém especial e quer vê-lo.

Conforme Santos et. al. (19990, as visitas são de fundamental importância no

restabelecimento do paciente, porém elas devem ser realizadas de forma a não comprometer o plano

de tratamento. E segundo Lemos (2002), horário de visita é imprescindível à internação em UTI,

contribuindo para acalmar cliente e família.

O enfermeiro e sua equipe devem observar os sentimentos de insegurança, ansiedade e medo

provindos da família, visando atenuá-los. (SANTIAGO, 1992).

Por fim, foi feito o melhor que pudemos, a Sistematização ficou implantada, as enfermeiras

treinadas.

4.4 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE JOCÉLIA MARIA CAVALCANTE PAIVA (1ª. GESTÃO

1986 – 1990)

Enfermeira formada pela Universidade Estadual do Ceará, em 1979. Pós-graduada em

Administração Hospitalar e de Sistemas Hospitalares.

FIGURA 22 – Dra. Jocélia Cavalcante

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia Cavalcante

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Entrevista concedida em 13 de outubro de 2011.

O início do meu contrato de trabalho no Hospital Universitário Walter Cantídio foi no

segundo semestre de 1979, e além de enfermeira cuidadora, exercia funções de chefia de unidade,

participava de programas de estágio curricular do Curso de Enfermagem UFC Participei do

Projeto Integração docente Assistencial, na época da gestão da Professora Raimundinha, nas

clínicas cirúrgicas. Ministrei aulas para o Curso de Auxiliar de Enfermagem HC e Secretaria de

Educação do Ceará.

A enfermagem tinha bom relacionamento com os professores médicos naquela época e

sempre foi uma enfermagem reconhecida. Dr. Arnóbio valorizava muito a enfermagem.

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FIGURA 23– Recorte de Jornal que traz uma homenagem da enfermagem aos médicos que

contribuíram para o desenvolvimento da enfermagem do HUWC.

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

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A escolha da diretora de enfermagem, foi assim, primeiramente, havia uma consulta entre os

enfermeiros. Somente os enfermeiros participavam do processo de escolha da executiva que

representaria a categoria.

Após ter uma lista tríplice, esta era enviada ao diretor que entrevistava as candidatas,

avaliava o perfil e após escolha a nomeava, mediante portarias da direção da instituição, do

magnífico reitor, publicação no diário oficial e divulgação para a comunidade hospitalar. O

regimento interno do Serviço de enfermagem delineava o perfil do enfermeiro gestor e suas

habilidades gerenciais.

Era coordenação e não diretoria de enfermagem. Antes de ser coordenadora fui assessora da

Divisão de Enfermagem com a Profa. Raimundinha.

A Dra. Jocélia Cavalcante foi designada como Coordenadora de Enfermagem do HUWC,

sob a Portaria 010/86.

O processo administrativo da enfermagem era realizado por meio de planejamento, da

organização, da direção, da execução e do controle, sob a influência dos modelos clássicos da

administração, das politicas públicas de saúde e do Ministério da educação.

Na época foi destaque o processo de modernização e desenvolvimento dos Hospitais

Universitários, através da implantação do 1º. Plano Nacional de Apoio ao Desenvolvimento dos

Hospitais Universitários – 1 PNADHU -, que contribuiu para o programa de qualificação e

capacitação dos profissionais de enfermagem do hospital beneficiando enfermeiros com cursos de

pós graduação ( instituições locais e da grande S. Paulo), além do nivel médio com os cursos de

auxiliar e técnico , tendo a frente a gestora de enfermagem.

De maneira geral, há precariedade de recursos materiais nos hospitais públicos, o que

compromete a qualidade da assistência desenvolvida nessas instituições, aliada ao fato de que os

Hospitais Universitários também enfrentam dificuldades para captação de verbas para seu

funcionamento e manutenção. Este não é um fato novo e diante de tal quadro, em 1986 foi criado

pelo MEC ( Ministério da Educação e Cultura) o Plano Nacional de Apoio ao Desenvolvimento dos

Hospitais Universitários (PNADHU), o qual propunha um levantamento das necessidades de

equipamentos e obras dos HU, bem como a qualificação de pessoal através de capacitação

(educação continuada). Esse plano, todavia, não foi amplamente debatido pela comunidade

acadêmica e hospitalar e, conforme salienta Onofre (1988), acabou por não ser plenamente

executado.

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Ressaltamos o Projeto Integração Docente Assistencial (IDA) e o Projeto Auditoria em

Enfermagem: planejamento, execução e avaliação, em parceria com o Departamento de

Enfermagem da UFC, e outros sob a coordenação da Pró-reitoria de Extensão e Secretaria de

Educação do Estado do Ceará.

Preocupava-me muito com a capacitação da equipe.

Conseguíamos instrutores de outros Estados para vir facilitar cursos de Aperfeiçoamento,

como, por exemplo, o Curso de Aperfeiçoamento para Supervisores de Enfermagem, com a

professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Também realizamos um Curso sobre

Humanização, Assistência Ventilatória, Formação para Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, entre

outros.

FIGURA 24 – Palestra ministrada para a equipe de Enfermagem

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

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FIGURA 25 – Certificado conferido à Dra. Jocélia do Curso de Aperfeiçoamento para Supervisores

de Enfermagem

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

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FIGURA 26 – Aula prática em Assistência Ventilatória. Profa. Catarina Asawa do hospital Alemão

Oswaldo Cruz, de São Paulo.

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

FIGURA 27 – Fotografia da Dra. Jocélia Cavalcante na 51ª. Semana Brasileira de Enfermagem

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

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FIGURA 28– Encerramento do Curso de Formação para Auxiliares e Técnicos de enfermagem,

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

Também fizemos um evento maravilhoso que foi a exposição dos fazeres dos enfermeiros e

homenagem das gerações, onde houve uma confraternização dos antigos enfermeiros do hospital

com as mais recentes.

Como gestora participei de projeto de pesquisa, em parceria com o Curso de Enfermagem

da UFC, no Projeto de Auditoria em Enfermagem: planejamento, execução e avaliação. Em 1988

fui para São Paulo, pela Universidade Federal do Ceará, para fazer o curso de Administração

Hospitalar e de Sistemas de Saúde, pela Fundação Getulio Vargas.

O modelo de assistência era exercido através da medicina curativa, sendo o saber

transmitido pela Universidade, com atividades pedagógicas de estágio, complementando o

aprendizado acadêmico.

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No âmbito da enfermagem, algumas colegas das áreas especializadas utilizavam as teorias

do cuidado preconizadas por Wanda Horta, Ligia Paim e a enfermagem planejada de Liliana

Felcher Daniel e outras autoras de renome nacional.

Wanda Horta foi uma enfermeira brasileira, formada pela Escola de enfermagem da

Universidade de São Paulo, doutora em enfermagem pela Escola Ana Néri da Universidade Federal

do Rio de Janeiro. Buscou desenvolver um conceito para uma enfermagem baseado no tripé arte

humanitária, ciência e profissão. Defendeu um processo de enfermagem para o cuidado do

paciente, baseado nas Necessidades Humanas Básicas (NHB). A teoria hierárquica baseada nas

NHB foi primeiramente criada por Abraham Maslow, um psicólogo americano. Para ele as

necessidades humanas básicas obedecem a uma hierarquia, fisiológica, de segurança, amor, estima e

realização pessoal.

O processo de enfermagem foi desenvolvido utilizando instrumentos para orientar a

assistência: o histórico de enfermagem - roteiro sistematizado para o levantamento de dados do ser

humano que torna possível a identificação de seus problemas; o diagnóstico de enfermagem -

identificação das necessidades do ser humano que precisa do atendimento; a construção do Plano

assistencial - determinação global da assistência de enfermagem que o ser humano deve receber

diante do diagnóstico estabelecido; a evolução da enfermagem - avaliação da resposta diária ao

cuidado prestado pela enfermagem. E por último o Prognóstico de enfermagem - estimativa da

capacidade do ser humano em atender suas necessidades básicas. (HORTA,1979)

A construção de processos de cuidados para a enfermagem, propõe introduzir no processo

da assistência, seis categorias de propósitos para o plano de cuidados dos pacientes: Preservação do

Equilíbrio; Prevenção do Desequilíbrio; Detecção de sinais e sintomas do Desequilíbrio; Promoção

do Equilíbrio; Restabelecimento do Equilíbrio e Implementação da prescrição médica. (PAIM,

1976)

Liliane Daniel, enfermeira de renome nacional, que escreve sobre a importância da

enfermagem Planejada, com avaliações em cada tópico do processo e o trabalho em equipe.

(PAULA, 1984).

Segundo a Dra. Jocélia estes nomes com suas propostas direcionaram a sua gestão para uma

melhor assistência de enfermagem aos clientes do Hospital Universitário Walter Cantídio.

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4.5 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE NAIRA MARIA FERREIRA JUCÁ - 1990-1994

Naira Maria Ferreira Jucá - Enfermeira, formada pela Universidade Estadual do Ceará e pós

graduada em Administração Hospitalar e Mestre em Gastronomia.

FIGURA 29 – Dra. Naira Ferreira Jucá, na sala de enfermagem/1991

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Naira Jucá

Entrevista concedida em 08 de dezembro de 2011

Entrei na Universidade em fevereiro de 1983. Na época o pessoal entrava por concurso,

antigo concurso do INAMPS. Não havia o concurso que existe hoje para o Hospital das Clínicas

ou SAMEAC. Eu não entrei nem pelo concurso e nem pela SAMEAC. A dona Alacoque era

enfermeira da Clínica Médica I, se aposentou e como eu tinha sido aluna da dona Eneida Rocha,

que na época era a diretora de enfermagem, e como no meu estágio de administração ela achou

que eu tinha ido muito bem, me indicou pra eu já entrar no lugar da dona Alacoque. Assim eu já

entrei para o quadro da UFC, ocupando a vaga da dona Alacoque, não na clínica I, mas na vaga

da enfermeira, porque também era uma forma que se entrava na Universidade, por indicação.

Fiquei um ano como enfermeira de rodizio, que na época era na IIA e IIB, era uma clínica

só. Quando foi com mais ou menos um ano a dona Eneida me convidou pra assumir a chefia da

clínica I, fiquei por cinco anos. A clínica I era uma unidade pequena, com 21 leitos, era uma

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unidade piloto, tudo o que ia começar no hospital, tinha que ser pela clínica I.

Depois eu fui ser chefe do serviço de emergência. Tinha a enfermeira de Serviço e a de

Unidade. A da Unidade era mais simples e depois a de Serviço. Fiquei uns três anos. Aí o hospital

me mandou pra São Paulo pra fazer Administração Hospitalar Getulio Vargas. Na época fui eu e a

Aurilene, enfermeira do Centro de Material, fazer Centro Cirurgico no Inco. Nós ficamos um ano lá

em São Paulo.

O hospital até então, mantinha a estratégia de enviar profissionais para fora do Estado, afim

de capacitá-los para serviços específicos.

Quando voltei de São Paulo, fui convidada pra ser chefe de enfermagem no IJF. Fiquei um

horário no HC e um horário no IJF.

Surgiu em outubro a eleição para diretoria de enfermagem no HC, que era histórico, era

eleição mesmo, de cartaz, de campanha, de auxiliar fazendo campanha. Coisas que o pessoal

espalhava pelo hospital, as coisas assim (pausa) tinha um auxiliar de enfermagem que trabalhava

com a gente, fazia uns desenhos, sabe? Lembro que na época eu não queria, eu já tava trabalhando

aqui no IJF ( Instituto José Frota).

Depois o pessoal começou a insistir, eu resolvi aceitar. Lembro-me que era eu, a Silvana, a

Lenir e (pausa) eram 4 candidatas, me lembro que na época foi 189 votos, a segunda uns 40 , a

terceira 20 e a quarta uns dois votos. Então ficou claro. Decidi sair daqui (IJF). Pra mim era

melhor lá (HC) do que aqui. Porque a gente tem aquela coisa com o Hospital Universitário. Fui

uma pessoa assim, sempre gostei muito de estudar, me formei, me formei na UECE. Minha vida

acadêmica foi assim, fiz cinco especializações e um mestrado, quase todos pela UFC, só uma que

fiz na UNIFOR. Então o vinculo era muito maior do que aqui. Sempre fui da assistência. Terminei

meu mestrado, na época a minha orientadora era Raimunda Magalhães, que foi diretora lá da

gente.

A enfermeira recebeu designação para o cargo de Coordenação sob a Portaria 1181/95.

Era 1990, e depois de 30 anos, a enfermagem tem vez na democracia institucional. Agora a

categoria pode escolher o seu dirigente. Os funcionários vão ás urnas. Sessenta anos após o inicio

da democracia brasileira, época do então presidente Getúlio Vargas, com a conhecida Revolução de

1930. Foi momento importante na história da enfermagem onde cada profissional do serviço de

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enfermagem pode opinar através dos votos os seus sonhos para a enfermagem do Hospital

Universitário Walter Cantídio.

O diretor, na época, era o Dr. Frota. Foi uma fase boa. A gente não tinha problema de

relacionamento, tipo assim: o diretor manda, como a gente escuta muito falar das coisas, que a

enfermagem só obedece, então, a administração da gente foi muito boa, é claro que a gente deixa

mágoa, queixa com algumas pessoas, porque é impossível não ser assim.. Mas acho que foi mais

positivo do que negativo. A minha gestão foi baseada no diálogo.

A Lília Gondim, a enfermeira da geriatria, dizia que a minha sala como diretora de

enfermagem era consultório sentimental, porque eu escutava todos os problemas, extra hospital,

assim: chegava lá uma auxiliar que a filha tava grávida, lá ia eu comprar enxoval para ajudar isto,

ajudar aquilo. Isto foi muito gratificante. Eu escutava todo mundo.

A enfermeira Naira, ouvia os funcionários em momentos de dificuldade pessoais. Para um

lider isto é sempre positivo, pois o respeito e a humanização com os quais tratava os seus liderados

podem ter trazido muitos deles para perto da liderança e assim pessoas valorizadas na empresa

produzem com mais satisfação.

As organizações são constituídas por pessoas, com sentimentos e motivos racionais

diferentes, sujeitos a força do ambiente que influenciam a motivação, os relacionamentos e a

liderança, entre outras dinâmicas que motivam o comportamento do ser humano e do grupo onde

ele se situa. (BERGAMINI, 1994).

A escola das relações humanas começou a enfatizar a importância da satisfação humana para

a produtividade, questões como sentimentos, atitudes e relações interpessoais passaram a ser

enfocadas, uma vez que teriam uma relação direta com o atingimento dos objetivos pretendidos pela

organização. O homem passou a ser visto como um ser social, orientado pelas regras e valores do

grupo informal. (HERSEY, 1986).

A Dra. Naira continua o seu depoimento: Um problema que a gente teve, que acho, a

maioria das diretoras tiveram, sempre que assume alguém, o pessoal vem logo pedir pra sair do

plantão, pra sair da enfermaria. Querem ir para os ambulatórios. A gente fez critérios, a gente fez

uma lista, que na época não existia. _ Você quer sair, não tenho vaga, pra botar todo mundo no

ambulatório a gente vai fazer uma lista, e vai contemplar o tempo de serviço, algum problema de

saúde e etc. Então a gente conseguiu contemplar as pessoas que a gente seguia a lista. E era justo.

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A minha gestão foi desta forma, com muito diálogo, conversando sempre, ouvindo, ouvindo demais

as pessoas.

A fala da Dra. Naira lembra, historicamente um comportamento já arraigado como cultura

organizacional, onde os funcionários reivindicavam novas locações a partir de um determinado

tempo de serviço, ou idade e condições físicas.

Atualmente em 2012, ainda funciona desta forma, pessoas se aproximam da época da

aposentadoria, apresentam problemas de saúde, imediatamente solicitam remanejamento para o

serviço ambulatorial.

Cultura organizacional é um sistema de valores compartilhados pelos seus membros, em

todos os níveis, que diferencia uma organização das demais. Em última análise, trata-se de um

conjunto de características-chave que a organização valoriza, compartilha e utiliza para atingir seus

objetivos e adquirir a imortalidade. É importante entender a cultura organizacional. Para o líder,

aceitar a sua existência, compreender os seus meandros, entender como ela é criada, sustentada e

aprendida pode melhorar a sua capacidade de sobrevivência na empresa, além de ajudá-lo a explicar

e prever o comportamento dos colegas no trabalho. (KISSIL,1998).

Na época não tinha enfermeira, nas unidades de dermatologia e pediatria. A gente fazia

supervisão. Eu vou indicar você pra ser chefe, e pronto. Aprendi muito na nossa trajetória. Na

minha época a gente não tinha problema em falar com as pessoas. Na época a gente falava direto

com o reitor. Na época da diretoria é que começou as coordenações de blocos de clínica médica,

bloco cirurgico e bloco de ambulatórios. Bem antes de ter as coordenadoras, tinham as

supervisoras. Foi criado, acho, que pela Raimundinha, não sei. Na época da Jocélia tinha a vice-

diretora, não tinham as coordenadoras.

De uma gestão para outra havia mudanças quanto às nomenclaturas das assessoras da

diretoria de enfermagem, e nas falas de cada uma, estas mesmas nomenclaturas parecem se

confundir.

Quando eu assumi não tinha a vice. Foi criada a diretoria e as coordenadoras. Teve uma

época que eles queriam que tivesse uma docente e uma assistencial, intercalando, como diretora,

era um projeto do Dr. Carlos. Na época a gente brigou muito por causa disto. A vida inteira foi

assim, e quando entrou a professora Raimundinha, foi assim. Aí vem a politica “café com leite”,

que tinha naquela época, assim que a gente chamava. Mas graças a Deus que até hoje continua,

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mas do jeito que as coisas vão. (pausa)

A Dra. Naira faz menção a política brasileira conhecida como “café com leite”. A politica do

café com leite foi um acordo firmado entre as oligarquias estaduais e o governo federal durante a

República Velha, para que os presidentes da República fossem esolhidos entre os políticos de

SãoPaulo e Minas Gerais. Assim, ora o presidente seria um paulista, ora mineiro. O nome desse

acordo era uma alusão à economia de São Paulo e Minas, grande produtores, respectivamente de

café e leite. Além disso, eram Estados bastante populosos, fortes politicamente e berços de duas das

principais legendas republicanas: o Partido Republicano Paulista e o Partido Republicano Mineiro.

(MARTINS FILHO, 1981).

É interessante a analogia que faz a enfermeira entre o momento historico politico brasileiro

com o momento histórico da enfermagem, tendo em vista as duas Unidades da Universidade

Federal do Ceará dentro de um plano estratégico dos diretores estarem sob uma perspectiva de

alternar o cargo, ora uma enfermeira da assistência, ora uma enfermeira da docência. Mas, pela

colocação da Dra. Naira, esta politica não era bem vinda entre os funcionários da Unidade

Hospitalar, talvez por este motivo, só houve uma enfermeira docente que dirigiu o serviço de

enfermagem desde que foi inaugurado.

A gente contratava muito pela Sameac, tudo a gente conseguia pela Sameac. A gente tinha

substituição sem problemas. O pessoal que tava na extensão já sabia que poderia ficar.

A SAMEAC é a Sociedade de Assistência á Maternidade Escola Assis Chateaubriand, criada

por transformação da anterior Sociedade Pró-Construção da Maternidade Popular (Escola) de

Fortaleza, é pessoa jurídica de direito privado, de caráter não lucrativo, com sede em Fortaleza,

Capital do Ceará, e uma das suas finalidades é assistir e cooperar na manutenção e funcionamento

da MEAC , assim como de outras Unidades Hospitalares da UFC. (Estatuto SAMEAC,1981).

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FIGURA 30 – Capa do Estatuto da SAMEAC

Fonte: Arquivo da Coordenação de enfermagem do HUWC

Tudo foi muito tranquilo. Foi muito bom. O reitor era irmão do diretor, Dr. Fernando

Antonio Frota Bezerra. Então a gente tinha muito acesso, a gente era feliz e não sabia. Já fiz 30

anos de IJF e vou fazer no próximo ano 30 de HC e vou me aposentar.

4.6 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE SUELY HOLANDA GADELHA ARAÚJO (1995 Á 1998)

Suely Holanda Gadelha, enfermeira, formada pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte

graduação com habilitação em Ginecologia e Obstetrícia. Pós-graduação em Enfermagem

Assistencial Enfoque Preventivo e Administração em Serviços de Saúde e Saúde Pública (Unaerp);

e Gestão Hospitalar.

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FIGURA 31 - Fotografia da Dra. Suely Holanda Gadelha

Fonte: Arquivo Pessoal da Dra. Jocélia Cavalcante

Entrevista concedida em 10 de dezembro de 2011.

Entrei no hospital em 1979, recém-formada, e fui convidada, entrando pela SAMEAC. Na

época era o Dr. Nogueira Diógenes, o diretor geral e a coordenadora de enfermagem a Eneida

Rocha. Iniciei nas clínicas médicas e clínicas cirurgicas. Em 1984 estava em período de férias

quando recebi uma ligação da coordenação de enfermagem, não era mais a Dra. Eneida. Fiquei

assustada, pensei assim: o que fiz de errado? Mas, era um convite para eu chefiar a Sala de

Recuperação. Na época era a Dra. Ivanilda, quem chefiava a SR, muito competente, mas iria se

aposentar. A Dra. Ivanilda permaneceu na SR. orientando-me acerca do serviço durante um mês,

em seguida assumi a chefia do setor.

Na época era tudo mais díficil, não tínhamos a facilidade de hoje. As seringas eram de

vidro, as luvas eram reprocessadas. A Dra. Ivanilda havia criado uns envelopes pras seringas

entrarem na autoclave embaladas individualmente, depois outros hospitais copiaram a idéia dela.

Dra. Suely

Holanda Gadelha

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FIGURA 32 – Fotografia do modelo dos saquinhos para esterilizar as seringas de vidro

individualmente, criados em 1960, pela então gestora do Bloco cirúrgico, Dra, Ivanilda Osório.

Fonte: (OSÓRIO. 2007, p.37).

Não existiam monitores pra cada paciente, só tinha um na SR. Não existia Bomba de

Infusão, quando tinha paciente grave, ficávamos a noite inteira controlando o gotejamento dos

soros.

A SR e a UTI eram os setores que trabalhavam com o Plano de Cuidados para o paciente,

e demos continuidade. Aprendi muita coisa na SR Em 1985, fui convidada pela coordenadora de

enfermagem para ser supervisora de enfermagem das clínicas cirurgicas. Nesta época ainda era a

professora Raimundinha. Em sua gestão a coordenação não foi através de eleição pela equipe de

enfermagem, foi escolhida pela diretoria geral do hospital.

Históricamente todos os diretores médicos eram docentes, é compreensível que quisessem

que a enfermagem tivesse uma diretora da área acadêmica, sendo o hospital, uma Unidade da

Universidade. Teoricamente, é óbvio que uma enfermeira docente estivesse em constante

atualização com as pesquisas, as teorias e processos da enfermagem, entendendo que o

conhecimento para todos os profissionais vêm originalmente da academia.

Depois veio a Dra. Jocélia e fui convidada para ser sua assistente. As escalas das

enfermeiras eram feitas pelas supervisoras de áreas e as escalas dos auxiliares eram feitas pelas

chefes das unidades e passavam por nós para dar o visto.

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FIGURA 33 – Impresso de elaboração da escala utilizado na época

Fonte : Arquivo pessoal da Dra. Suely Gadelha

O Dr. Luis Carlos Fontenelle, que era o diretor implantou os 5 S e então todo lugar do

hospital cuidava disso. Haviam reuniões na reitoria e a direção de enfermagem participava de

tudo.

O 5 S ou House keeping é um conjunto de técnicas desenvolvidas no Japão e utilizadas

inicialmente pelas donas-de-casa japonesas para envolver todos os membros da familia na

administração do lar. Utiliza cinco palavras japonesas, Seiri, Seiton, Seison, Seiketsu e Shitsuke,

que tem os seguintes significados: Separar os desnecessários, situar os necessários, suprimir os

supérfluos, sinalizar anomalias e seguir melhorando. A metodologia possibilita desenvolver um

planejamento sistemático de classificação, ordem, limpeza, permitindo assim de imediato maior

produtividade, segurança, clima organizacional e motivação dos funcionários, com consequente

melhoria da competitividade organizacional.

No final dos anos 60, quando os industriais japoneses começaram a implantar o sistema de

Qualidade total (QT), nas suas empresas, perceberam que o 5 S seria um programa básico para o

sucesso da QT. (NATALI,1995).

A Jocélia passou um ano em São Paulo participando de um curso de administração e neste

período a substituí. Foi uma época difícil com períodos de greve dos profissionais de saúde.

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O hospital enfrentava uma crise financeira, o que dificultava a qualidade da assistência prestada

ao paciente.

Quando na substituição da Coordenadora, a enfermeira Suely era designada para a

substituição, mediante Portarias da UFC , tais como: 623/87; 3822/88; 134/89;

A Dra Izabel Augusto fez parte deste momento e conta: A hemato, na minha época, a

hemato era na II B, quando ia fazer as quimioterapias, tinha uma droga lá que podia fazer uma

PCR, que só se fazia com o médico, o residente na cabeceira e a enfermeira e todo um aparato de

parada, ficava tudo, carro de urgência, ficava residente, ficava interno, enfermeiro, e todo mundo

ao redor do paciente. O gotejamento era de dedinho, 7 gts por minuto, e você de relógio aqui

marcando. Não é a facilidade que chega lá, hoje, bota e pronto, não é?

Não havia ainda no hospital os equipamentos de tecnologia avançada como as Bombas de

Infusão, os monitores cardíacos com alarmes. Era necessário ficar à cabeceira do paciente. O

médico tinha outro relacionamento com o paciente, tendo em vista ficar mais perto e por mais

tempo. A enfermeira não só gerenciava diretamente o cuidado, mas participava dele, com a

responsabilidade de prestar uma assistência eficaz, mesmo em condições precárias.

O SUS responde pelo direito à saúde inscrito na Constituição Federal, no artigo 196. “A

saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações

e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

Para atender a esse direito, o SUS deve ser um sistema único, mas descentralizado, no qual o

poder público municipal é o executor das ações e serviços de atenção à saúde, enquanto os governos

federal e estadual têm um papel de promoção e sustentação do sistema por meio do financiamento,

da capacitação administrativa e técnica, e do fornecimento de materiais. À municipalização da

execução, segue-se a regionalização, com uma hierarquia de ações e serviços e de controle público.

(JUNQUEIRA, 2002).

Está entre as estatísticas de cancelamento de procedimentos médicos, a falta de

equipamentos no serviço público, o que traz a constatação de que após vinte anos, a situação ainda

não foi regularizada. (CAVALCANTI, 2000).

Com o passar do tempo e a evolução do conhecimento, além da chegada da tecnologia, o

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relacionamento médico – paciente apresenta rupturas. A figura do indivíduo doente é abandonado e

o que se procura é a doença em alguma parte do corpo. A parte do corpo doente se torna o foco da

atenção do médico. Nos dias atuais tornou-se raro a anamnese elucidativa. Os resultados dos

exames radiográficos ou laboratoriais que eram complementares agora são essenciais. O

ecocardiograma e a cintilografia mostram todo o funcionamento do coração.

Segundo Siqueira apud Berlinguer (1993) seria tolice questionar os benefícios auferidos pela

humanidade com os avanços tecnológicos alcançados pela medicina moderna. Basta mencionar as

precisas informações obtidas pelos modernos tomógrafos, pela ressonância nuclear, pela medicina

nuclear e, ainda, o amplo uso do ultra-som como método diagnóstico; o extraordinário valor da

mamografia na detecção precoce do câncer de mama; as detalhadas informações obtidas pela

endoscopia digestiva e pelas cineangiografias; as cirurgias realizadas por videolaparoscopia; as

microcirurgias e os procedimentos cirúrgicos com auxílio da robótica, que tornaram quase

inexistente a distância entre a realidade e a ficção.

É, portanto, desnecessário derramar elogios à moderna tecnologia, porém, ideal seria ainda o

profissional estar mais próximo do paciente.

Na gestão seguinte, agora sendo a Dra. Naira, fui convidada para assumir a Unidade de

Serviços Gerais. Neste período, fui indicada pela diretoria do hospital para participar de um curso

de Gestão Hospitalar, em convênio com a Fio Cruz, Universidade Federal e Secretaria de Saúde

do Estado. Era muito trabalho, fui a primeira enfermeira deste serviço. No organograma este

serviço estava ligado diretamente à diretoria administrativa do hospital. Fiquei quatro anos.

A interdependência entre os setores para que a assistência ao paciente acontecesse, levou a

enfermagem a ter uma visão próxima sobre limpeza, organização, transporte e agilização dos

serviços. Portanto, neste tempo a enfermeira já era vista como figura competente para coordenar

serviços gerais dentro do hospital.

Segundo Dias (2006), a hotelaria hospitalar não fazia parte do contexto do hospital brasileiro

até 10 anos atrás. Desde que o médico fosse competente e o hospital aparentemente limpo, nada

mais importava para o paciente. Nesse período, quem buscava o hospital para cuidar da saúde era

também o paciente, significando que ao entrar no ambiente hospitalar ele deixava de ser cidadão, de

ter vontade própria, de ter direitos e passava a ser passivo (daí o nome, paciente), obedecendo às

ordens médicas e da enfermagem. Esse tempo passou. Agora quem busca o hospital não é mais

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paciente: é um cidadão que sabe de seus direitos e suas responsabilidades. Ele vai à procura de

solução para seus problemas e sente-se com direito de ser bem atendido. É um cliente que vai

comprar um produto, que é o tratamento e a assistência que o hospital oferece.

A partir desse momento, o hospital começa a perceber que precisa corresponder não só às

necessidades do cliente, mas também às suas expectativas. Já não basta a competência do médico,

do enfermeiro e nem a aparência limpa do hospital. O cliente quer também conforto e segurança.

Ele quer ainda, continuar em contato com o mundo, agora não só através do telefone, mas ele quer

televisão, jornais, revistas e etc. Quer um ambiente que lembre mais um hotel. Embora o foco

principal seja o tratamento e a assistência, o hospital passa a investir nos serviços que envolvem a

hospedagem.

Há dez anos atrás os hospitais brasileiros ainda não haviam atentado para o serviço de

hotelaria, porém o Hospital Universitário há cerca de 20 anos atrás já estava investindo neste

modelo, capacitando enfermeira para esta finalidade. (DIAS, 2006).

Tratando-se de higiene de ambiente, entende-se que a enfermeira está apta a coordenar um

serviço de hotelaria, pois tem conhecimento sobre o assunto, isto não significa, nem de longe que

profissionais de enfermagem de nível médio venham se submeter ao serviço de limpeza de

ambientes hospitalares.

Quando na entrevista com a Dra. Izabel Augusto, a mesma fala do serviço de enfermagem

há cerca de 20 anos atrás: que auxiliares antigos da clínica II A e B lavavam a clínica, toda a

noite quando terminava de fazer a medicação, a clínica que eu digo é o posto de enfermagem.

Era uma coisa assim que hoje você não vê mais, você vê sujando, mas você não vê nem passar

um pano no chão se tiver um sujo. Então era uma história diferente da de hoje, era mais

precário, mas talvez fosse mais humanizado, não sei se porque não tem tecnologia então (pausa)

é diferente, hoje você fica mais ligado.

A história da enfermagem trazida pela precursora Florence Nighingale, que viveu um

momento grandioso da enfermagem, levou mulheres para cuidar dos feridos de guerra, e podemos

imaginar que naqueles momentos críticos, além dos curativos, da higienização do paciente, da

verificação dos sinais vitais, faziam a limpeza do ambiente. Depois de cerca de cem anos, ainda

ouve-se sobre este momento precário do hospital universitário, onde a enfermagem teve que, por

algumas vezes, limpar o chão do posto de atendimento de enfermagem.

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A enfermagem nunca aprendeu e nem foi recomendado, em seu curso de formação, limpar o

chão do hospital. O risco de contaminação das mãos, que sabe-se ser o maior veiculador de

microorganismos, deve ser preservado tanto quanto possível, entendendo-se que os profissionais da

enfermagem preparam medicamentos, tocam no paciente para procedimentos, alimentam pacientes,

sendo assim completamente contra indicado este mesmo profissional limpar o chão.

A enfermeira acompanhou, no Hospital Universitário esta jornada difícil, porém ainda

consegue trazer à tona a questão da humanização, que é fundamental para o trabalho em equipe.

Segundo Dejours (1994) , o processo de humanização no trabalho da enfermagem é uma

questão a ser refletida, pois a maioria dos profissionais enfrenta situações difíceis em seu ambiente

de trabalho, tais como baixas remunerações, pouca valorização da profissão e descaso frente aos

problemas identificados pela equipe, especialmente quanto ao distanciamento entre o trabalho

prescritivo, o preestabelecido institucionalmente e aquele realmente executado junto ao cliente.

Felizmente o governo atentou para esta necessidade e o Ministério da Saúde implantou, no

ano 2000, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar e, posteriormente, a

Política Nacional de Humanização, visando atender às demandas subjetivas manifestadas pelos

usuários e trabalhadores dos serviços de saúde, baseando-se na integralidade da assistência.

(BRASIL, 2004).

Conforme Casate e Corrêa (2005), a humanização do atendimento em saúde subsidia o

atendimento, a partir do amparo dos princípios predeterminados como: a integralidade da

assistência, a equidade e o envolvimento do usuário, além de favorecer a criação de espaços que

valorizem a dignidade do profissional e do paciente.

Retornamos com a fala da Dra. Suely Gadelha, protagonista gestora, neste período.

Em 1994, fui incentivada por um grupo de enfermeiras e auxiliares para me inscrever a fim

de concorrer a eleição da diretoria de enfermagem Não tinha esta pretensão, porém impressionei-

me ao caminhar pelos corredores do hospital e não apenas a enfermagem, mas outros serviços do

hospital apoiavam a candidatura. Foi a segunda eleição.

A enfermeira foi designada pela UFC para assumir a Coordenação de Enfermagem mediante

a Portaria 1101/95.

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Quando assumi a direção de enfermagem, já existia um Regimento de Enfermagem, mesmo

antigo, havia também rotinas, normas. Tudo era planejado, desde programação de férias,

programação de pedidos de material médico hospitalar, escalas e outros. Porém recebemos com

alguns problemas, como, por exemplo, o número de absenteísmo no serviço.

Realizamos em parceria com os professores do Departamento de Enfermagem da UFC e

Educação Continuada do HUWC trabalho de pesquisa sobre absenteísmo, para verificar causas e

consequencias, a fim de reduzir as taxas de absenteísmo. Mantínhamos uma relação muito boa com

as professoras do Departamento de Enfermagem da UFC.

Algumas pessoas ficaram preocupadas. Enfrentei muita barra. Cheguei a ser agredida

verbalmente por uma colega. Estavam com medo que eu fosse remanejar colegas de seus setores, e

como também desvincular a Educação Continuada do Serviço de Enfermagem. Foram vários

problemas. Tínhamos deficiência de pessoal de enfermagem, além da quantidade, havia os que

eram desviados de função devido a condição da saúde.

Implantamos alguns programas, a fim de humanizar o serviço, também para que

entendessem que as mudanças que houvessem não seriam para prejudicar alguém, e sim para

melhorar a qualidade da assistência de enfermagem. Gostava de ouvir as pessoas. Criei uma

Comissão Social, informal, para promover eventos: comemoração da Semana de Enfermagem,

festa de São João da enfermagem, enfim melhorou muito o relacionamento com a equipe. Fomos

nós quem criou a festa do São João nas Mangueiras. E também enviávamos cartão de aniversário

para todos os funcionários.

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FIGURA 34 – Cartão confeccionado pela gestora, Dra.Suely Gadelha, para entregar na data do

aniversário.

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Suely Gadelha

A enfermeira usou estratégias para mostrar a sua visão de liderança e trazer os seus liderados

para perto e conseguiu atingir seus objetivos. As pessoas gostam de eventos sociais para se

conhecerem, ficarem mais perto umas das outras. A festa do São João nas Mangueiras (Pátio das

Mangueiras, local com espaço livre, com Mangueiras antigas, próximo a faculdade de Medicina),

até hoje, acontece anualmente na época da comemoração da festa cultura e religiosa, um encontro

dos diversos setores do hospital que organizam suas barracas e vendem comidas e bebidas típicas.

Além de apresentações de quadrilhas e escolha da rainha HU, o dinheiro arrecadado é utilizado pela

equipe vencedora como lhe apraz.

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FIGURA 35 – Fotografias das Barracas do São João H.Us

Fonte: Jornal eletrônico do Hospital Universitário Walter Cantídio.

No Regimento de Enfermagem, antigo, a enfermagem era como coordenação, e queríamos

que fosse direção. Tentamos em grupo reconstruí-lo mas, ficou em rascunhos, não foi concluido.

Tudo era documentado, tinha os livros de Atas de reuniões, Ocorrencias em todas as Unidades

(pausa). Livros de ocorrências vinham para a direção dar o visto e quando tinha algum problema

resolvíamos ou passavamos para o responsável. Fazíamos sempre reuniões com as supervisoras de

áreas e planejamentos.

Mais uma vez os registros são citados, mas não encontrados dentro da instituição.

Bem, sei que batalhamos muito para capacitar os enfermeiros e os auxiliares. Os

treinamentos eram constantes. A gente trazia pessoas de fora com tudo pago pelo hospital para

seminários e etc. Não era fácil, mas a gente conseguia.

Também enfrentamos uma grande crise com o Coren, pois o pessoal de enfermagem não

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queria pagar a anuidade, mas fizemos uma campanha e tudo ficou bem.

COREN (Conselho Regional de Enfermagem), é o órgão regional fiscalizador da categoria,

criado em 12 de julho de 1973, por meio da Lei 5.905. Está subordinado ao Conselho Federal.

Filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra, o Coren existe para normatizar e

fiscalizar o exercicio da profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, zelando

pela qualidade dos serviços prestados pelos participantes da classe e pelo cumprimento da Lei do

Exercício Profissional. (BRASIL, 1973).

São atribuições do COREN: deliberar sobre inscrição no Conselho, bem como o seu

cancelamento; disciplinar e fiscalizar o exercício profissional observado as diretrizes gerais do

COFEN; executar as resoluções do COFEN; expedir a carteira de identidade profissional,

indispensável ao exercício da profissão e válida em todo o território nacional; fiscalizar o exercício

profissional e decidir os assuntos atinentes á Ética Profissional, impondo as penalidades cabíveis;

elaborar a sua proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno, submetendo-os à

aprovação do COFEN; zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam; propor ao

COFEN medidas visando a melhoria do exercício profissional; eleger sua Diretoria e seus

Delegados eleitores ao Conselho Federal; exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas

pela Lei 5.905/73 e pelo COFEN. (BRASIL, 1973).

A Dra. Suely, consciente da sua competência como líder da enfermagem, mobilizou o grupo

para a consciência profissional e o dever para com o Conselho de classe.

Fazia também uma visita semanal nas Unidades, gostava de ir pra saber como estava o

funcionamento do serviço, também gostava de ver os pacientes, conversava um pouco com alguns.

A visita ao paciente torna-se para a diretora uma avaliação do serviço da enfermagem, pois é

a oportunidade de saber através daquilo que vê e ouve do paciente, se os objetivos estão sendo

alcançados. Todo líder deve ter um instrumento de avaliação do seu produto, que no caso da

enfermagem é a qualidade da assistência oferecida ao cliente.

Antes de eu completar meu tempo de diretoria, tive que me afastar por motivo de saúde

pessoal, mas amo aquele hospital. Quero registrar minha gratidão pelo apoio enquanto gestora às

enfermeiras Rita Ilka, Lilia Gondim, Izabel Augusto que me auxiliava com os cálculos de

quantitativo de pessoal, e todas as enfermeiras daquela época e pelo carinho que me trataram

quando fiquei doente.

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A enfermeira Izabel Augusto Batista, citada na fala da Dra. Suely depõe:

Começou a aparecer os processos. A partir de 94 começaram a se preocupar com o

dimensionamento, e aí começaram a dividir as patologias. Foi feita a classificação de doente,

que antes acho que nem existia. Na época da Suely e da Jocélia, foi a época que mais se

trabalhou o dimensionamento. Na época da Suely, a gente trabalhou muito o dimensionamento.

A Dra. Suely, foi substituída pela Dra. Dayse até julho de 1999, quando o diretor do hospital

convidou a Dra. Jocélia Maria Cavalcanti Paiva para uma segunda gestão dos serviços de

enfermagem.

4.7 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE JOCÉLIA MARIA CAVALCANTI PAIVA ( 2º. GESTÃO

1999 Á 2003).

Anterior ao período da eleição encontrava-me lotada na Diretoria Administrativa,

exercendo as funções administrativas de apoio a atividade fim da instituição. Foram quase 10 anos

distantes do convívio diário com as problemáticas e as realidades da enfermagem.

Fui designada pelo diretor geral recém-empossado, Prof. Dr. Eugênio Lincoln, após houve

nomeação pelo Magnífico reitor, publicação no DOU, e a divulgação para a comunidade

hospitalar. Portaria 113/91

As transformações da década de 90 tornaram o mercado mais competitivo e exigente por

melhoria contínua dos processos e serviços oferecidos aos clientes. O foco das ações é o cliente. O

papel do gestor deve ser norteado pelo principio da conciliação entre pessoas, estrutura, processos,

tarefas, ambiente externo e interno, informação e tecnologia.

Com a modernização do HU, aconteceram avanços que viabilizaram o acesso às novas

tecnologias, notadamente nas Unidades da Terapia Intensiva, Centro cirúrgico, Central de Material

e Esterilização, hemodinâmica, contribuindo para a valorização profissional e o aprimoramento

contí nuo do cuidado.

Estes setores são estratégicos para a implementação de novas tecnologias

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FIGURA 36 – Equipamentos modernos no Centro de material do HUWC/2001

Fonte:Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

Os serviços citados não são os que acolhem os pacientes mais importantes, mas os que

necessitam de cuidados mais específicos, mais especializados, devido o grau de fragilidade física

que estariam vivenciando. Porquanto, estes setores estiveram e estão em todo o tempo atraindo os

olhares e atenção dos gestores para implementar as novas tecnologias e atingir um cuidado mais

otimizado, mais preciso e mais eficaz.

Aconteceram avanços importantes neste período como a substituição das seringas de vidros

pelas descartáveis. A centralização das centrais de materiais permanentes e reprocessáveis, para

segurança do trabalhador, melhor desempenho da equipe de enfermagem em centro cirúrgico e

centro de material e esterilização, com isto melhor assistência de enfermagem de qualidade.

O enfermeiro habilitou-se em fazer os curativos e outros cuidados complexos, que eram dos

acadêmicos de medicina.

A Dra. Jocélia deixa transparecer através da sua fala, uma preocupação com a questão da

qualidade dos serviços em um novo mercado, tendo em vista os fenômenos econômicos e sociais de

alcance mundial na década de 90, a globalização , a evolução da tecnologia da informação e da

comunicação, como uma realidade.

Segundo Drucher (1995), a evolução das organizações em termos de modelos estruturais e

tecnológicos, tendo as mudanças e o conhecimento como novos paradigmas, tem exigido uma nova

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postura nos estilos pessoais e gerenciais voltados para uma realidade diferenciada e emergente.

Surgem novos modelos de gestão e mudanças significativas no perfil dos clientes e nas suas

relações com as empresas fornecedoras de produtos e serviços. Este enfoque tem gerado reflexos

diretos sobre a gestão das empresas.

Drucher (1995), afirma ainda que o dia-a-dia de um gestor envolve atualmente diferentes

entradas em uma realidade complexa: Interdisciplinaridade - os processos de negócio envolvem

equipes de diferentes áreas, perfis profissionais e linguagens; Complexidade - as situações carregam

cada vez um número maior de variáveis; Exigüidade - o processo decisório está cada vez mais

espremido em janelas curtas de tempo, e os prazos de ação/reação são cada vez mais exíguos;

Multiculturalidade - o gestor está exposto a situações de trabalho com elementos externos ao seu

ambiente nativo, e, por conseguinte com outras culturas: clientes, fornecedores, parceiros, terceiros,

equipes de outras unidades organizacionais, inclusive do estrangeiro; Inovação - tanto as formas de

gestão, quanto a tecnologia da informação e da comunicação, estão a oferecer constantemente novas

oportunidades e ameaças; Competitividade - o ambiente de mercado é cada vez mais competitivo,

não só em relação aos competidores tradicionais, mas principalmente pelos novos entrantes e

produtos substitutos. (DRUCKER, 1995).

A enfermeira continua: Agora, em segunda gestão estava mais madura, com uma visão

macro do hospital e das necessidades técnicas, da infra-estrutura e dos resultados, e mais uma vez

me preocupo com o aumento do conhecimento. Novos investimentos na qualificação para os

enfermeiros e técnicos.

Em nossa gestão, destaco a parceria firmada com o SENAC, oportunizando cursos de

aperfeiçoamento e o desenvolvimento das lideranças em enfermagem, além de vagas para os cursos

de auxiliar/técnico em enfermagem.

SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) é uma empresa que oferece cursos

de capacitação em áreas variadas, inclusive auxiliar e técnico de enfermagem, e em parceria com o

Hospital através do Serviço de Enfermagem, tiveram como campo de estágio para os seus alunos do

curso de auxiliar de enfermagem as unidades assistenciais. Em troca, oferecia vagas para

funcionários do Hospital para cursos diversos e para auxiliares de enfermagem, tendo em vista a Lei

do Exercício Profissional de Enfermagem que exigiu a formação de todos os profissionais de

enfermagem.

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A Dra. Jocélia se preocupa com os projetos para implantação urgente, dos transplantes de

figado e cardíaco e então juntamente com a Educação Continuada a 1º. Comissão de Ética de

Enfermagem do HUWC/UFC, é instituída pela decisão COREN/Ce no.02/2002. A presidenta da

Comissão foi a enfermeira Naira Maria Jucá Ferreira.

FIGURA 37 – Fotografia da enfermeira Naira com a presidente do Coren.Ce

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

Merece atenção especial, a consolidação do Serviço de Educação em Enfermagem no

organograma da Instituição, pelos relevantes trabalhos realizados em prol da educação contínua

da equipe. Destacamos também a implantação da Semana de Enfermagem e do Fórum de debate

da Enfermagem do HUWC, como parte das comemorações da Semana Brasileira de Enfermagem.

Na foto a enfermeira do Hospital Universitário Walter Cantídio, Dra. Naira Jucá veste um

blaiser azul marinho, que compunha o uniforme de enfermeira, na época.

A direção de enfermagem mobilizou as lideranças para promover a efetivação do Projeto

Mudança Organizacional, com ênfase no replanejamento da assistência de enfermagem, visando

estimular a reflexão e o desenvolvimento de novos paradigmas e padrões de comportamento da

equipe e a criação de uma metodologia do cuidar, de acordo com as nossas atividades

administrativas, até demandas então realizadas pelos enfermeiros, técnicos e auxiliares foram

transferidas para outros setores e, progressivamente, integradas às Centrais Administrativas. Para

outras mais específicas, tornou-se imprescindível o uso das ferramentas da tecnologia da

informação, de modo a proporcionar ao profissional de enfermagem, a utilização dos recursos da

informática, otimizando o tempo para a ação cuidativa.

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As obras da infraestrutura continuaram, melhorias no Centro cirurgico e CME, também

tiveram destaque.

FIGURA 38 – Foto da Sala de Recuperação Pós Anestésica do Hospital Universitário Walter

Cantídio/2001

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

FIGURA 39 – Foto das coordenadoras na gestão da Dra. Jocélia

Fonte: Arquivo pessoal da Dra. Jocélia

É importante para a enfermagem, as reformas, as melhorias que acontecem nos setores da

Instituição. Geralmente vem acompanhada de reorganização interna.

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Em 2003 fui convidada pela direção e nomeada pelo Vice reitor da UFC para exercer a

função de chefe, código FG5, da Unidade de Serviços Gerais do HUWC/UFC. Este foi um tempo

de grandes desafios. Implantamos as Centrais administrativas nas clínicas médicas e cirúrgicas e

do centro cirúrgico. Também foi implantada a Gestão de resíduos dos serviços de saúde, de acordo

com a Portaria de designação no. 021/2005, de 08 de abril de 2005 do diretor geral. E por fim o

serviço de Hotelaria Hospitalar, com ênfase na reorganização do enxoval e na governança técnica

hospitalar.

Em outubro de 2005 fui nomeada professora do Primeiro Curso superior de Tecnólogos em

Gestão de Hospitais Universitários. Regulamentado pela Resolução nº 010/CEPE, de 26 de agosto

de 2005, e pela Resolução nº 07/CONSUNI, de 02 de setembro de 2005, destinado a qualificar

servidores técnico administrativo da UEC, que tenham concluído o ensino médio. Ensinei

fundamentos da Gestão hospitalar e Gestão em Hotelaria Hospitalar.

Em 2007 fui nomeada para compor a subcomissão integrante do Sistema de Gestão de

Documentos de Arquivo - SIGA da administração Pública Federal, do Ministério da Educação,

publicada no DOU de 06 de dezembro, seção 02, página 09, Portaria nº 930, de 05 de dezembro de

2006.

Em 2009, retornei para a enfermagem, a pedido, para compor a equipe do transplante

renal. Em 2010 a Instituição me cedeu para a FFOE, por solicitação da diretora da Faculdade.

4.8 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE MARIA DAYSE PEREIRA, (2003 Á 2010 )

Enfermeira formada pela Universidade Estadual do Ceará. Pós – Graduada em

Administração em Serviços de Enfermagem; Educação Profissional para o profissional da Saúde e

Mestre em Políticas Públicas e Gestão do Ensino Superior.

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FIGURA 40 – Fotografia da Dra. Maria Dayse Pereira

Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem

Entrevista concedida em novembro de 2011 (informações enviadas via email, devido a condição da

saúde)

Minha trajetória no H.U. teve inicio em abril de 1984, a convite da Dra. Eneida Rocha, na

época diretora de enfermagem e minha professora na graduação, para participar de um concurso

interno para preencher vagas na SAMEAC, quando obtive o 7º. Lugar, sendo logo recrutada para

exercer a função.

Um mês após fui enquadrada na vaga da UFC, de uma colega que se aposentou, pois

naquela época não havia concurso público. Naquela época, o modelo de gestão era autocrático e

liderança coersitiva.

Segundo Chiavenato (2003), a liderança autocrática é a centralização do poder de decisão

no chefe, quanto mais concentrado o poder de decisão do líder, mais autocrático é seu

comportamento ou estilo. O estilo autocrático pode degenerar ou tornar-se patológico,

transformando-se no autoritarismo. O líder impõe suas idéias e suas decisões sobre o grupo sem

nenhuma participação deste. A ênfase está nele. O líder é dominador e é pessoal nos elogios e nas

críticas ao trabalho de cada membro.

Dra. Maria

Dayse Pereira

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O Poder coercivo está relacionado ao gerente punir o colaborador, podendo ser manifestado

em uma simples advertência, suspensão ou até mesmo o desligamento efetivo. O líder determina a

tarefa que cada um deve executar. (CHIAVENATO, 2000).

Portanto, o modelo autocrático coercitivo está movido por uma liderança onde o liderado

não participa das decisões, onde suas opiniões não são conhecidas e vive a possibilidade da

punição, caso desagrade ao líder maior. A Dra. Dayse, agora como servidora, em uma instituição de

ensino público, faz sua avaliação quanto a liderança vigente na época, embora não relate nenhum

acontecimento específico, porém sendo conhecedora dos diversos modelos de gestão, se percebeu

dentro deste contexto..

O modelo de gestão embasado nas Teorias Administrativas tem permeado a enfermagem do

HU até o ano de 1999, quando assume a primeira Diretora de Enfermagem, a enfa. Suely Gadelha,

Foi a primeira gestão em que conquistamos o direito de escolher nossa gestora – 1994 que

inaugura o modelo de Gestão Participativa, e que demos continuidade, como diretora, desde 2003.

Isto traz a idéia de participação como alternativa organizacional e estratégia política

administrativa, mas a Teoria Clássica da Administração de Henry Fayol (1841-1925), sempre

permeou a enfermagem mundial, e no HU, de uma forma geral.

A enfermeira foi designada pela UFC, para assumir a Direção de Enfermagem, mediante a

Portaria 1406/03.

Segundo Maranaldo (1989):

A Administração Participativa é o conjunto harmônico de sistemas, condições

organizacionais e comportamentos gerenciais que provocam e incentivam a participação

de todos no processo de administrar. Visando através dessa participação, o

comprometimento com os resultados (eficiência, eficácia e qualidade) não deixando a

organização apresentar desqualificação. (MARANALDO, 1989, p. 60)

O processo de trabalho de Enfermagem particulariza-se a uma rede de sub-processos, que

são denominados: cuidar ou assistir, administrar, pesquisar e ensinar. Nestes diferentes processos,

os trabalhadores de enfermagem do HU, ainda se inserem, de forma heterogênea e hierarquizada,

expressando a divisão técnica e social do trabalho. Entretanto, o processo cuidar é a essência do

trabalho e do saber da enfermagem, e o (PE) Processo de Enfermagem é um recurso metodológico

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que possibilita ao enfermeiro aplicar os conhecimentos técnicos-científicos que caracterizam sua

prática profissional. A SAE, desenvolvida pelas enfermeiras, implantada e implementada, é uma

ferramenta de trabalho que unifica a linguagem e as ações de enfermagem e cuidados prestados,

dando maior valorização ao serviço de enfermagem, pois torna visível o trabalho da equipe de

enfermagem, quantifica suas ações e qualifica o atendimento.

A enfermeira preocupa-se com a assistência de enfermagem ao paciente, oferecida de forma

técnica e científica. Uma assistência planejada e implementada pela equipe. Uma enfermagem

moderna, aplicando os recursos disponíveis, transformados para melhor servir.

No Hospital Universitário, os enfermeiros vêm desempenhando, predominantemente, a

função de gerente dos serviços de enfermagem, como exemplo, há os que prestam cuidados diretos

aos clientes, os que chefiam serviços de enfermagem e os que ministram aulas. Percebe-se que

todos estão desenvolvendo continuamente atividades com características gerenciais, tendo o papel

de gestor do cuidado através de suas funções administrativas; Planejamento, Organização,

Direção, Controle, devendo assumir a gestão do cuidado, com competência, ética,

responsabilidade, para o reconhecimento e valorização da nossa função.

Com o tempo, os enfermeiros do Hospital Universitário vão assumindo este papel de

gerente, que é um termo utilizado a partir da gestão da Dra. Dayse, as chefias das unidades agora

são chamadas de gerentes.

A gerente pensa, julga, decide e age para obter resultados. A maioria dos profissionais são

formados para serem técnicos em sua área: enfermagem, direito, medicina, entre outras. Contudo,

para ser gerente há necessidade de desenvolver a capacidade na arte de pensar e julgar, para melhor

decidir e agir. O domínio das técnicas administrativas auxilia o trabalho, porém habilidades mais

complexas permeiam a atuação do gerente.

Segundo, MOTTA (2002), um gerente competente deve ser capaz de mobilizar

conhecimentos, informações e até mesmo atitudes, para aplicá-los, com capacidade de julgamento,

em situações reais e concretas, individualmente e com sua equipe de trabalho, reunindo um

conjunto de habilidades.

A história da escolha da Diretoria de enfermagem no HU se divide em duas fases: até 1995,

a escolha era realizada de forma indicada, após este ano, conquistamos, a duras penas o direito de

eleger nossa representante de forma democrática.

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Após sete meses de exercício do cargo, fui convidada para chefiar a clínica médica IIA.

Depois fui convidada para ser supervisora, chefe do ambulatório cirúrgico, coordenadora das

unidades de pacientes externos, substituta da diretora de enfermagem por um ano e nove meses,

quando a mesma se aposentou por ocasião de problema de saúde.

A seguir fui convidada para participar do processo eleitoral, tendo obtido 98 por cento dos

votos válidos, quando não fui aceita pelo diretor.

Nesta época, a enfermagem ficou amordaçada em sua cidadania, com a nova direção de

enfermagem, que foi escolhida pelo diretor geral, Dr. Eugênio, fato que humilhou a enfermagem.

Fui remanejada para o Ambulatório Geral, onde realizava consulta de enfermagem ao paciente

diabético, realizando, em parceria com a profa. Angela, diversos trabalhos. Ouvia as queixas da

equipe magoada por não ser ouvida em suas reinvidicações. Foi o período negro da enfermagem

do HUWC. Recordo-me que a gestão nesta época era do tipo autoritária, pois nem para gravar

entrevista acerca de um trabalho sobre os diabéticos, fui autorizada a fazer. A diretora, por

telefone, disse-me que eu quem procurei o jornalista para induzir a entrevista. PASME! No pleito

seguinte fui convidada pela equipe para participar novamente, mas as forças autoritárias já

manipulavam para uma segunda indicação.

Segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, amordaçar significa impedir de

falar, por mordaça. Portanto, a enfermeira ao utilizar esta palavra mostra como ela e a equipe de

enfermagem se sentia, mediante o contexto vivenciado naquele período. As pessoas queriam falar

mas, não podiam. Amordaçar pela condição de poder não é novidade e ainda acontece em diversas

categorias. Sindicalistas foram amordaçados. Jogadores de futebol estão sendo impedidos de darem

entrevistas a imprensa, antes dos jogos; A Lei da Mordaça Gay, entre outras.

Em 1968, durante a ditadura militar houve impedimento através de Lei Estadual, que

impedia servidores estaduais (professores, médicos, policiais, advogados e outros) de dar entrevistas

ou criticar autoridades ou seus atos (Lei 10261, art 242/I/1968).

Existe o sigilo profissional, o sigilo de informações em período de investigação policial, mas

isto traz outra conotação, que não amordaçar o cidadão do direito de informar para contribuir com a

sociedade, especialmente no que tange as orientações para saúde.

Entende-se que a liberdade precisa ser exercida em toda a sua plenitude se não ultrapassar a

liberdade do outro individuo. Do contrário corre-se o risco da colisão dos direitos considerados

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fundamentais.

Este momento foi decisivo e via a grande força política da equipe, quando solicitaram

também um debate, pois o novo diretor já estava fortemente tendencioso á indicação novamente,

quando falava que se a diretora eleita não desse conta da função, ele substituiria novamente (sic).

Ao término do debate, a equipe aclamava pela vitória de ter um debate limpo e

participativo. No pleito eleitoral, saímos vitoriosas com 98 por cento dos votos válidos. A

enfermagem recuperava sua cidadania, pois fomos ouvidos pela Direção Geral.

A enfermagem do HU foi liderada por mim, no período de 2003 a 2010 dois mandatos), e

no último pleito, nenhuma colega se dispôs a se candidatar, sendo reeleita. Ao optar pelo modelo de

gestão participativa e estilo de liderança tipo democrática, onde a transparência das ações, sempre

foi uma característica do meu estilo de gerir a nossa enfermagem, acho que conseguimos inspirar a

equipe para a emoção de se conquistar um espaço mais amplo na organização, não na perspectiva

de ufanismo vaidoso, mas na vertente da competência e valor que eu sempre enxerguei e senti

equipe. Tal como uma orquestra, fomos apenas a maestrina que despertou nas pessoas que elas é

quem fazem a diferença, que o trabalho feito com competência, amor, disciplina e perseverança, é o

que mais importa; que elas são as pessoas mais importantes do processo.

A liderança moderna fortalece o grupo de trabalho, ressaltando e valorizando as

competências individuais, fazendo com que cada membro reconheça o propósito e o significado de

seu trabalho, diferentemente da ênfase dos estudos iniciais que centravavam a liderança na pessoa e

no poder detido pelo líder.

Não há mais como negar a importância da função gerencial da enfermeira, entendida numa

lógica que privilegia os interesses coletivos, possibilitando uma assistência segura que considera as

verdadeiras e urgentes necessidades da clientela. Assim a enfermeira é o elemento da equipe de

saúde que gerencia o cuidado prestado ao cliente. (SIMÕES, 2001).

As líderes (chefias) eram escolhidas de acordo com um perfil de competência (todas são),

mas principalmente pela percepção de que aquela líder queria realmente uma transformação

positiva para a enfermagem (disposição de ser a coach de sua equipe, para elevá-la a um patamar

mais elevado e consequente melhoria da qualidade assistencial), pois só melhor cuidamos se nos

sentirmos livres para criar e mudar o cenário. Nesta trajetória, penso que todas as conquistas que

hoje estão sendo fortalecidas nasceram e se consolidaram através do trabalho em equipe e sem

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pressão negativa para atingir as metas.

A visão de valorização do profissional permitindo que a equipe se sentisse importante e

responsável pelo trabalho, na fala da Dra. Dayse, parece ser um traço de sua gestão. Transformar

cada enfermeira em um coach que é o condutor do processo e que devem ajustar seus estilos de

liderança em nível de capacidade e disposição de seus liderandos para executarem uma determinada

tarefa, na intensidade de comportamento de tarefa e no comprometimento do relacionamento

fornecido pelo líder. A essência do Coaching é o desenvolvimento das competências para alcançar

as metas.

Mudamos vários paradigmas e cito os principais: Implantar uma sala de aula do PROFAE

para qualificar os auxiliares para o curso de técnico de enfermagem; Implantação da SAE,

trazendo a profa. do DENF (Departamento de enfermagem) para ministrar as aulas; Implantação

da Residência em Enfermagem (o mais desafiador, pois necessitava de maior poder de

convencimento, desde a FFOE, até o departamento de Enfermagem, porque o natural era a

proposta vir de lá e não do HU, era competência dos professores, por isto muitas vezes fui chamada

de lunática, porque acreditava neste sonho ... e a equipe foi buscar!!!; Projeto Liderança Coach

para as chefias; Projeto de Teleenfermagem; A Padronização dos Procedimentos; O Planejamento

Estratégico Participativo; Formação de várias comissões, sempre vislumbrando a melhor

qualidade assistencial; Processo de negociação constante com as instâncias majoritárias da UFC,

sempre em busca de melhorias que pudesse oportunizar o aparecimento do brilho do trabalho da

equipe através do cuidado integral (a valorização da equipe foi condição fundamental para as

mudanças); A forma de distribuição das equipes eram sempre levadas em consideração: as

opiniões da líder das Unidades, sempre na vertente participativa do cálculo das horas do cuidado

(COFEN), ou pelo método de proporção.

Na gestão da Dra. Dayse foi realizada a revisão e atualização do Regimento Interno da

Enfermagem do HUWC. (Anexo III).

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FIGURA 41 – Capas de documentos das ações implementadas no primeiro período da gestão da

enfermeira Maria Dayse

Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem/2007

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FIGURA 42 - Álbum de fotografias dos que participaram da Gestão por Competência

Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem

Pode-se acompanhar a evolução das ofertas do conhecimento administrativo onde neste

período surge a implantação da Residência de enfermagem, Projeto Coaching para as enfermeiras;

Projeto de Tele – enfermagem; Planejamento estratégico Participativo, entre outros.

FIGURA 43 - Album de fotografias dos que participaram do Projeto de Residência em enfermagem

e Dimensionamento de Pessoal

Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem

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FIGURA 44 – Fotografia da Dra. Dayse com a Dra. Fátima de Souza, enfermeira coordenadora do

Curso de Especialização em Controle de Infecção Hospitalar ( primeiro na Região Norte –Nordeste)

Fonte: Arquivo da Coordenação de Enfermagem.

Assim, tenho a certeza que juntos, construímos um espaço de respeito, valorizando sempre a

grande competência da equipe; espero que por força do momento político, seja necessário um

maior vigor no propósito de reverter a importância da equipe na estrutura organizacional do HU,

evento que está em processo em todo o país, mas só depende de nós recuperarmos esta posição, que

antes nos libertava para inovar o cuidado de enfermagem, mas hoje só faz dividir!!! (até no nome)

4.9 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE LÚCIA REGINA FERREIRA DA SILVA (2010 Á 2011

)

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FIGURA 45 – Fotografia da Dra. Lucia Regina da Silva

Tendo em vista o afastamento, por licença médica, da Dra. Dayse Pereira, o superintendente

dos Hospitais Universitários da UFC Dr. Florentino Cardoso Filho, cargo indicado pelo reitor da

Universidade Federal do Ceará, resolve através da antiga estratégia da lista tríplice com nomes de

enfermeiros, escolher a diretora de enfermagem. Neste momento estava interinamente a Dra.

Waleska Alexandre Santana, enfermeira indicada pela Dra. Dayse Pereira para substituí-la. Ficou

no cargo por poucos meses, conduzindo a enfermagem com um trabalho profícuo e de boas

relações, em momento de mudança, pois a superintendência era um modelo na nova administração

dos hospitais universitários, embora seja um cargo existente em regulamento antigo, (FIGURA 8).

A enfermeira escolhida foi a Dra. Lúcia Regina Ferreira da Silva, vinculada a UFC, que em

sua trajetória no Hospital Universitário Walter Cantídio, assumira função de enfermeira assistencial

em algumas unidades do hospital, foi coordenadora do Bloco de internação das Clínicas Médicas e

UTI (Unidade de Terapia Intensiva), além de Supervisora de Enfermagem.

Além da fusão administração dos dois hospitais: HUWC e MEAC, sendo ambas

organizações da Universidade Federal do Ceará, com ambientes físicos vizinhos, porém separados

Dra. Lúcia

Regina da

Silva

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por administrações individualizadas, ou seja, a administração geral, médica, e de enfermagem

sempre foi realizada por gestores diferentes, nesta proposta estava a retirada da Diretoria de

enfermagem do organograma do Hospital, voltando- a para Divisão de enfermagem como no ano de

1984.

Enfermeira competente na área do relacionamento, conduziu a enfermagem neste momento

de grandes desafios, e de forma racional, equilibrada e pacificadora, levou os dois grupos de

enfermagem dos dois hospitais a se unirem e darem continuidade as suas atividades com a mesma

dignidade anterior.

Nóbrega, 2004, afirma que as gerentes de enfermagem, muitas vezes, assumem o cargo em

situações emergenciais, quando da necessidade de mudança de postura administrativa ou nas

relações de trabalho dentro da unidade, se deparando com conflitos e problemas de difícil resolução,

que exigem do gestor poder de negociação, maturidade, experiência e discernimento para

desenvolver suas ações de modo a satisfazer às necessidades do cliente (paciente), do corpo

funcional (constituído de profissionais de extrema heterogeneidade, principalmente no aspecto

atitudinal, e da administração, diante da falta de recursos financeiros, humanos e materiais).

Segundo a mesma autora, é importante que os novos modelos de gestão assegurem ao

usuário acesso, acolhimento, aumento da capacidade resolutiva, inclusive com ampliação do seu

grau de autonomia. E que os trabalhadores em saúde façam uma gestão colegiada, onde possam

somar seus conhecimentos de forma dialética, com responsabilização e compromisso social.

Após alguns meses de gestão, a mesma veio a falecer.

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FIGURA 46 – Fotografias das Coordenadoras dos serviços de Enfermagem dos Hospitais

Universitários ( HUWC e MEAC ) 2010.

Fonte: Arquivo eletrônico da Diretoria de Enfermagem

Mediante esta situação, o diretor geral Dr. Eugênio Lincoln Campos Maia escolhe a

enfermeira Rita Paiva para assumir a diretoria de enfermagem.

4.10 PERÍODO ADMINISTRATIVO DE RITA PAIVA PEREIRA HONÓRIO. (ATUAL)

Formada em enfermagem pela Universidade Federal do Ceará com Habilitação. Pós-graduada em

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Enfermagem Médico Cirúrgica e Enfermagem Ontológica e Mestre em Enfermagem pela

Universidade Federal do Ceará.

FIGURA 47 – Fotografia da Dra. Rita Paiva ( Gerente de Enfermagem dos Hospitais Universitários

da UFC

Fonte: Arquivo eletronico da Sala da Diretoria de enfermagem

Minha trajetória no HUWC iniciou em 1992 por concurso publico. Fui lotada na clinica

médica II-B por 3 meses, de outubro a dezembro. Em janeiro de 1993 fui lotada na UTI onde fiquei

até agosto de 1995 quando fui chamada para gerenciar a unidade de internação I e ajudar a

montar o serviço de hematologia em uma única unidade. Até então os leitos de hematologia eram

distribuídos por todas as clinicas médicas (I, II-A e II-B).

Em 2004 fui chamada para ser coordenadora do bloco cirúrgico compondo a equipe da

Diretoria de Enfermagem (Jocélia, Jerusa e Felicia). Fiquei durante 2 anos. Em 2007 quando a

gestão da Dayse reiniciou, retornei à clinica médica I.

Em 2007, fui convidada para gerenciar o serviço de educação continuada junto à Diretoria

de Ensino e Pesquisa.

Em 2010 os hospitais universitários passaram por uma reformulação de estrutura do

organograma seguindo o objetivo: a reestruturação dos hospitais universitários para evitar sua

“falência”. Houve a fusão dos 2 hospitais universitários e consequentemente, de várias gestões

atendendo ao principio de unificação dos processos e redução de custos à medida que as despesas

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sejam efetuadas em conjunto para que se consiga melhores preços.

A universidade contou com os serviços de consultoria da fundação Getúlio Vargas para

diagnóstico e proposta de organograma.

FIGURA 48– Organograma utilizado desde 2004 e oficializado na UFC

Fonte: Arquivo da Coordenação de enfermagem

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FIGURA 49 - Organograma proposto pela fundação Getulio Vargas, em vigor prático.

Fonte: Arquivo eletrônico da Diretoria de enfermagem

Nessa nova formação a Diretoria de enfermagem deixaria de existir e passaria a ser

Divisão de Enfermagem ligada à Diretoria Assistencial, que estaria ligada a uma superintendência

com mais 3 Diretorias (2 assistenciais – MEAC e HUWC, administrativa e Diretoria de serviços

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técnicos e compartilhados). Até o momento, este novo organograma não foi validado junto à

reitoria da UFC, apesar da organização dos serviços e as nomenclaturas terem sido implantadas.

Em 2011 por ocasião da gestão da Diretora de enfermagem Lucia Regina fui convidada, pela

mesma, em comum acordo com o grupo gestor dos hospitais universitários, a substitui-la durante

suas férias e licença gestante. Infelizmente, a mesma faleceu e desde então permaneço nesta

função.

Foi designada pela UFC para assumir a direção da enfermagem mediante Portaria 2511/12.

A Dra. Rita Paiva continua com seu depoimento:

Segundo o novo organograma, devem compor a Divisão de Enfermagem: a gerente de

enfermagem dos hospitais universitários, 6 coordenadoras de área no HUWC (oncologia, clinicas

de internação médica e cirúrgica, UTI’s (clinica, materna e cirúrgica), transplante, ambulatórios,

bloco cirúrgico) e 5 na MEAC (clinicas de internação,ambulatórios, bloco cirúrgico, neonatologia

e centro obstétrico+emergência). Quando recebi o serviço de Lucia Regina ela já havia escolhido

as coordenadoras, esboçado os objetivos do serviço de enfermagem junto com as mesmas e as

estratégias e o direcionamento do trabalho.

Tomamos então o manual da acreditação da ONA como base e estamos trabalhando para

atender as especificações do mesmo no nível 1 – segurança. Existe uma comissão da acreditação

que coordena as atividades do grupo, as tarefas são divididas entre todas as coordenadoras e

apresentadas em reuniões semanais através de planos de ação que vão sendo implementados e

solidificadas as rotinas no sentido de padronizar as atividades da equipe de enfermagem.

A ONA (Organização Nacional de Acreditação) é uma Organização não governamental

caracterizada como pessoa jurídica de direito provado sem fins econômicos, de direito coletivo,

com abrangência de atuação nacional. Tem por objetivo geral promover a implantação de um

processo permanente de avaliação e de certificação de qualidade dos serviços de saúde, permitindo

o aprimoramento contínuo da atenção, de forma a melhorar a qualidade da assistência, em todas as

organizações prestadoras de serviços de saúde do País. (ona.org.br/ acessado em 20/07/2012)

Temos ainda a comissão de ética, dos POPs, dos Indicadores e da SAE. Os POP’s estão

sendo validados em serviço ao mesmo tempo em que há o treinamento das equipes. Alguns setores

já trabalham com indicadores que foram definidos em equipe e diferenciados por especificidade do

serviço. Todos os setores implementam a SAE, a maioria em 100% dos pacientes, sendo que alguns

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setores implementam apenas nos pacientes da cirurgia cardíaca e nos graves.

POP é uma ferramenta de gestão da qualidade que busca a excelência na prestação do

serviço, procurando minimizar os erros nas ações rotineiras, ou seja, é um roteiro padronizado para

realizar uma atividade. Tem uma importância capital dentro de qualquer processo funcional, cujo

objetivo básico é o de garantir, mediante uma padronização, os resultados esperados por cada tarefa

executada. (COLENGHI, 1997).

Embora já houvesse os POP’s desde a gestão anterior, ainda sem terem passado pelo

processo de validação, agora a enfermeira anuncia este processo, tendo em vista o empenho do

hospital em alcançar a Acreditação. Já a Sistematização da Assistência de Enfermagem, foi

conceituada e discutida desde o inicio das gestões de enfermagem, como sendo um trabalho

fundamental da enfermagem.

O remanejamento dos profissionais é feitos através de critérios como: necessidade do

serviço, tempo de serviço, idade, avaliação do desempenho e competência para o desempenho da

função com o objetivo da igualdade de oportunidades.

O dimensionamento de pessoal é complementado com adicional de plantão hospitalar e

cooperativas que são alocadas de acordo com a necessidade do serviço por sua complexidade e

nível de atenção aos pacientes. A gestão almeja a transparência dos processos e o

comprometimento pessoal com os processos através da participação dos interessados nas tomadas

de decisões.

O Adicional de Plantão Hospitalar é uma estratégia do governo federal para suprir a carência

de recursos humanos nos Hospitais Universitários. Veio como Medida Provisória e faz parte do

REHUF (Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais).

A enfermeira Rita Paiva, conduz a enfermagem de o complexo hospitalar, que hoje soma

cerca de mil profissionais, em clima de trabalho, dedicação, e união.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao escrever a história da administração de enfermagem durante os 52 anos do Hospital

Universitário Walter Cantídio desde a sua fundação, examinando os períodos das diferentes gestões,

cada uma desenvolvida em seu contexto sócio político e com sua visão profissional adquirida e

evoluida, foi possível perceber que os traços, ainda recentes e dolorosos da ditadura militar, onde

tudo que pudesse contar alguma história indesejada ou, simplesmente pelo medo de que os

documentos pudessem representar alguma ameaça, sobrevivem até hoje na cultura de destruição de

muito do que possa relembrar o passado. Também foi possível reconhecer a ausência da valorização

do que o outro personagem foi e fez. O importante é o “tempo presente”. Esta afirmativa pode ser

confirmada quando busquei fontes para a construção desta dissertação.

A rotina informal da Instituição em desprezar os documentos, contribuiu e contribue para

falta de conhecimento, para a perda da memória da história passada e vivida pelos atores que a

construíram. Sendo então a maior limitação do trabalho, a escassez de registros dentro da

Instituição.

Durante a trajetória da (re) construção desta história, como aluna de um curso de Mestrado,

como profissional da enfermagem e como servidora pública, pude reconhecer a importância dos

registros do que fazemos e da preservação dos mesmos dentro de uma Instituição.

Ao ouvirmos as enfermeiras relatando sobre suas gestões, podemos constatar algumas

repetições de inicio e reinicio de processos de trabalho, como se fosse algo novo a cada gestão.

Seria isto uma prova de que a ausência de registros pode provocar repetições de erros do que não

deu certo e a falta de investimentos naquilo que no passado foi positivo?

Embora esta limitação tenha sido uma realidade, foi possível atingir o objetivo principal em

resgatar um pouco da história, conhecer as estratégias políticas de escolha das administradoras de

um serviço fundamental como o da enfermagem, e ainda compreender os processos de trabalho

desenvolvidos por elas durante todas estas décadas.

Ao utilizarmos a História Oral como metodologia para o resgate da história da

administração de enfermagem, reconhecemos a força e ao mesmo tempo a sutileza deste método ao

favorecer a recuperação daquilo que estava guardado na memória de personagens vivas que

favorecem esta reconstrução ao aceitarem desnudar a sua história diante de um gravador.

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Acompanhar as protagonistas desta história no momento de cada entrevista, onde suas

expressões revelavam uma busca do passado, tentando trazer á memória os seus próprios passos,

atividades e pessoas, que estiveram sob seus cuidados e responsabilidades, ouvir a verbalização

fácil enquanto lembravam, chamou-me a atenção. Parecia que todas estavam à espera deste

momento, para contribuir como já fizeram anteriormente.

Algumas das entrevistadas ofereceram-me documentos escritos e fotográficos que

guardavam em seus arquivos pessoais, para que com a técnica visual as informações fossem ainda

melhor compreendidas. As fotografias quaisquer que sejam, são documentos históricos importantes,

pois revelam dimensões que muitas vezes são difíceis de serem descritos através de palavras,

poderia dizer que é uma linguagem de fácil tradução e compreensão.

As escolhas das administradoras ocorreram de três formas variadas: a convite do diretor do

hospital, através de lista tríplice e através de voto direto nas urnas, pela equipe de enfermagem.

Até o período da terceira gestora, não havia prazo determinado para a gestão da

enfermagem. Como uma das protagonistas verbalizou, o tempo “era enquanto bem servisse”. Após

1986 os períodos aparecem divididos de quatro em quatro anos e com possibilidade de reeleição

como aconteceu com a gestora do período de 2003 à 2010.

É possível relacionar os modos das enfermeiras administrarem com os contextos sócios

políticos em que cada uma vivenciava em sua época. A primeira gestora, provavelmente pela

formação em escola religiosa percebemos uma postura mais rígida, centrada e comprometida com

ideais pessoais, onde o mais importante não era o salário, mas a qualidade da assistência oferecida

ao paciente e a postura de autonomia diante de outras categorias profissionais. Havia uma

necessidade de mostrar que a enfermagem era uma profissão organizada e de confiança no cuidar.

No inicio da fundação do hospital, os funcionários ainda não eram concursados, não havia garantia

e segurança de seus empregos, então o empreendimento profissional dentro da instituição mostrava

uma postura idealista e comprometida.

Em tempos de fundação, construção do hospital, onde faltavam muitos equipamentos e

materiais, a gestora utilizou sua criatividade e construiu vários materiais para melhorar a qualidade

da assistência.

É notável a satisfação pela integração entre as equipes e o relacionamento com os outros

profissionais dentro da instituição. Havia reconhecimento da enfermagem.

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A década de 70 e 80, apresenta um período difícil para a gestão de enfermagem devido ao

aumento de escolas para auxiliares de enfermagem, onde não era exigido o conhecimento e o

preparo necessário para a assistência. Então as própria gestoras implementam o serviço de educação

continuada dentro da instituição para toda a equipe.

Em 1984, a primeira e única docente na história da enfermagem é colocada no cargo de

gestora de enfermagem. Formada pela faculdade de enfermagem da Universidade Federal do Ceará,

investe a sua visão acadêmica em projetos, treinamentos, relatórios e implementações de serviços

inéditos dentro da sua gestão na instituição. Trazendo a teoria atualizada encontra enfermeiras com

a prática e em parceria fundamental dentro de uma instituição de ensino, foram anos de

desenvolvimento do conhecimento para o serviço de enfermagem.

O processo do desenvolvimento não morre, pois em seguida, com o Primeiro Plano

Nacional de Apoio ao Desenvolvimento dos hospitais Universitários, a gestora de enfermagem

utiliza a oportunidade e os recursos, para qualificar e capacitar os funcionários da enfermagem,

implementando curso de auxiliar e técnico de enfermagem e trazendo profissionais de enfermagem

de renome nacional para capacitar os enfermeiros.

Na década de 90 acontece a primeira votação direta dos profissionais de enfermagem indo às

urnas para escolherem a sua representante no Hospital Universitário. Talvez sob o clima recente

das Diretas Já, movimento político iniciado em 1983, após 20 anos da ditadura militar no Brasil,

onde agora o povo alcança a liberdade de expressar democraticamente o seu voto para presidente

da República. Além da nova Constituição Brasileira em 1988 que trazia a possibilidade de maior

participação do povo na vida política do país.

Nestas considerações, ainda podemos citar processos que são implementados como

novidades, porém na realidade já fizeram parte de gestões anteriores, e isto comprova a ausência de

registros do que se realizava em períodos antecedentes, como a Sistematização da Assistência de

enfermagem, Serviço de Educação Continuada, Comissão de Ética, entre outros.

A Gestão Participativa é declarada a partir de 2003, segundo a própria gestora, onde a

enfermagem era convidada para participar no planejamento e execução dos processos.

Ainda podemos acompanhar através das revelações das protagonistas, momentos de grande

resiliência, em períodos de mudanças políticas e organizacionais, para que a enfermagem

permanecesse dentro das propostas de qualidade na assistência ao paciente.

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Temos a esperança que este registro da história da administração de enfermagem no

Hospital Universitário Walter Cantídio, em formato de Dissertação, possa contribuir para a

constituição de um arsenal de informações e vir a ser objeto de pesquisas futuras.

Finalizo esta pesquisa, com um sentimento de dever cumprido no que se refere as exigências

para a formação acadêmica stricto sensu do programa de mestrado do Poleduc/UFC, mas também

entendo que há muito o que investigar e descobrir nesta viagem iniciada. É certo que não foi

possível esgotá-la, mas ficam como herança, nuances para serem exploradas, desabrochadas e

interpretadas.

Considero-me privilegiada por fazer parte da história de enfermagem desta profícua

Instituição pública, o Hospital Universitário Walter Cantídio onde a diretoria de enfermagem tem

como missão “Prestar assistência de Enfermagem integral nos níveis terciário e quaternário,

integrando o ensino, a pesquisa, a assistência, às ações interdisciplinares”.

[Finis origine pendet]

“O fim depende do inicio”.

“Na mesma proporção em que nossa condição vigente é resultado do que

fizemos no passado, as portas do futuro se abrirão como conseqüência

daquilo que fizermos no presente. Olhe ao seu redor. São as atividades que

você realiza hoje e as pessoas com as quais convive neste momento que

determinarão quem você será e onde aportará ao cabo dos anos”. (autor

desconhecido)

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WAGNER III, J. A.; HOLLENBECK, J. R. Comportamento organizacional: criando vantagem

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WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas ciências Sociais. Sociologia. São Paulo,

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ANEXOS

ANEXO A - Regimento da coordenação de enfermagem/1979.

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ANEXO B - Relatórios de enfermagem/1984 á 1986.

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ANEXO C - Regimento interno da diretoria de enfermagem/2007.

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ANEXO D - Parecer do comitê de ética HUWC.

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APÊNDICE

APENDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido.