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ANO XXVI – N.º 8.351 – DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ ELES QUEREM O GOVERNO A 148 DIAS DAS ELEIÇÕES, SEIS CANDIDATOS JÁ DERAM A LARGADA À CORRIDA PARA A SUCESSÃO DO GOVERNO DO ESTA- DO. NESTA EDIÇÃO, O EM TEMPO SAI NA FRENTE E TRAÇA O PERFIL DOS PRÉ-CANDIDATOS JOSÉ MELO, EDUARDO BRAGA, REBECCA GARCIA, MARCELO RAMOS, HISSA ABRAHÃO E CHICO PRETO, SUAS TRAJETÓRIAS POLÍTICAS, ESTRATÉGIAS PARA CHEGAR AO PODER E AS IDEIAS QUE PODERÃO SE TRANSFORMAR EM PLATAFORMA ELEITORAL. POLÍTICA A5 A A12 FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 27 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS VISTA ASSIM DO ALTO Uma torre de observação de 42 metros de altura está sendo montada dentro do Museu da Amazônia (Musa), no interior do jardim botânico e da reserva, para inaugurar antes da Copa do Mundo. Dia a dia C1 MARKETING NÃO FAZ MILAGRE VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 Pesquisa aponta que 94% das mães postam fotos dos filhos na internet, mas es- pecialistas alertam que é preciso cuidado. Livros contam a história da correspondência em papel e debatem suas peculiaridades, como a de traçar retratos ví- vidos de seus autores. Oſtalmologista Renato Ne- ves afirma que os olhos dizem muito sobre o estado geral de uma pessoa e aponta sete doenças mais comuns. Quem tem casa ou quer com- prar imóvel, muitas vezes não se preocupa com a regularização junto ao Cartório de Registro de Imóveis e à prefeitura. Hamilton vai largar na pole Última Hora A2 Taís Bandeira, do Amazonas Plateia D1 Novo golpe pela internet Economia B2 CAMPEÃO SAI HOJE Se vencer hoje, o Princesa do So- limões sagra-se campeão do Ama- zonense. Por outro lado, o Nacional espera conquistar o returno e forçar mais dois jogos. Pódio E5 QUANTO CUSTARÁ A ELEIÇÃO DIVULGAÇÃO RICARDO OLIVEIRA Diretor do Musa, Ennio Candotte contempla, da torre de observação na reserva Ducke, a Floresta Amazônica José Melo (Pros) Eduardo Braga (PMDB) Rebecca Garcia (PP) Marcelo Ramos (PSB) Hissa Abrahão (PPS) Chico Preto (PMN) DIEGO JANATÃ DIVULGAÇÃO ILUSTRAÇÃO ELVIS

EM TEMPO - 11 de maio de 2014

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

ANO XXVI – N.º 8.351 – DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

ELES QUEREM OGOVERNO

A 148 DIAS DAS ELEIÇÕES, SEIS CANDIDATOS JÁ DERAM A LARGADA À CORRIDA PARA A SUCESSÃO DO GOVERNO DO ESTA-DO. NESTA EDIÇÃO, O EM TEMPO SAI NA FRENTE E TRAÇA O PERFIL DOS PRÉ-CANDIDATOS JOSÉ MELO, EDUARDO BRAGA, REBECCA GARCIA, MARCELO RAMOS, HISSA ABRAHÃO E CHICO PRETO, SUAS TRAJETÓRIAS POLÍTICAS, ESTRATÉGIAS PARA CHEGAR AO PODER E AS IDEIAS QUE PODERÃO SE TRANSFORMAR EM PLATAFORMA ELEITORAL. POLÍTICA A5 A A12

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. MÁX.: 27 MÍN.: 23

TEMPO EM MANAUS

VISTA ASSIM DO

ALTOUma torre de observação de 42

metros de altura está sendo montada dentro do Museu da Amazônia (Musa), no interior do jardim botânico e da reserva, para inaugurar antes da Copa do Mundo. Dia a dia C1

MARKETING NÃO FAZ MILAGRE

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

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ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

Pesquisa aponta que 94% das mães postam fotos dos fi lhos na internet, mas es-pecialistas alertam que é preciso cuidado.

Livros contam a história da correspondência em papel e debatem suas peculiaridades, como a de traçar retratos ví-vidos de seus autores.

Ost almologista Renato Ne-ves afi rma que os olhos dizem muito sobre o estado geral de uma pessoa e aponta sete doenças mais comuns.

Quem tem casa ou quer com-prar imóvel, muitas vezes não se preocupa com a regularização junto ao Cartório de Registro de Imóveis e à prefeitura.

Hamilton vai largar na pole

Última Hora A2

Taís Bandeira, do Amazonas

Plateia D1

Novo golpe pela internet

Economia B2

CAMPEÃO SAI HOJE

Se vencer hoje, o Princesa do So-limões sagra-se campeão do Ama-zonense. Por outro lado, o Nacional espera conquistar o returno e forçar mais dois jogos. Pódio E5

QUANTO CUSTARÁ A ELEIÇÃO

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Diretor do Musa, Ennio Candotte contempla, da torre de observação na reserva Ducke, a Floresta Amazônica

ASSIM DO Uma torre de observação de 42

metros de altura está sendo montada dentro do Museu da Amazônia (Musa), no interior do jardim botânico e da reserva, para inaugurar antes da Copa

José Melo (Pros) Eduardo Braga (PMDB) Rebecca Garcia (PP) Marcelo Ramos (PSB) Hissa Abrahão (PPS) Chico Preto (PMN)

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Piloto inglês foi o mais rápido em treino da Espanha

DIVULGAÇÃO

Temer contempla Braga por prorrogação da ZFMVice-presidente afirma que senador Eduardo Braga foi principal articulador para resultado de votação

Na corrida para carim-bar as articulações em prol da aprovação da PEC da Zona Fran-

ca de Manaus (ZFM) e levar o ato às vitrines da sua campa-nha, o senador e pré-candidato ao Governo, Eduardo Braga (PMDB), levou ontem ao seu programa de rádio “Bate Papo na Cidade” o vice-presiden-te da república Michel Temer (PMDB), que afirmou que os acordos para o segundo turno da votação estão firmados e que o primeiro turno só foi possível graças à “insistência” do seu colega de partido.

A convocação de Temer para o pronunciamento teve objeti-vo de esvaziar as recentes de-clarações da bancada federal do Estado na Câmara de que ainda não haveria acordo pelo segundo turno. Braga iniciou seu programa, veiculado aos sábados das 9h às 10h, falan-do que daria um “presente” às mulheres no Dia das Mães e, então, Michel Temer inicia um pronunciamento de três minu-tos garantindo à votação.

- Quero cumprimentar o se-nador (Braga) pelo trabalho em prol da ZFM, ele insistiu comigo e a insistência que ele fez conosco no primeiro turno

foi decisiva. No dia seguinte já estava comigo, com Guido, para insistir novamente. Tive-mos um trabalho extraordiná-rio para a aprovação do projeto e para um acordo para que se aprovasse a lei de informáti-ca. Foi um trabalho de fôlego, quero desejar ao povo todo sucesso - disse Temer.

Para tentar destravar os em-pecilhos estabelecidos para o segundo turno, a bancada federal se reuniu com o minis-tro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, na última quarta-feira (6) e alegou que Berzoini desconhecia qual-quer negociação em torno da Lei da Informática e das Áreas de Livre Comércio (ALC) na Região Norte, que foram colocadas como condicionan-tes para a votação da lei que prorroga por mais 50 anos os incentivos fiscais da ZFM.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo Henrique de Oliveira, também se pronunciou no programa de Braga e reiterou a nota oficial divulgada pela Secretaria de Relações Institucionais na úl-tima quarta-feira, que garante que os acordos serão firmados com base na proposta entregue pelo líder do governo no Senado ao presidente da Câmara, Hen-rique Eduardo Alves (PMDB/RN), no dia 30 de abril.

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AÇÃO

Militares lançam Ágata 8

Cerca de 12 mil militares das três forças atuarão nos 12 mil quilômetros de fronteira da Ama-zônia, durante a 8º edição da “Operação Ágata”, que iniciou ontem e se estende por tempo indeter-minado. O lançamen-to foi feito na sede do Comando Militar da Amazônia (CMA), Zona Oeste, na ma-nhã de ontem.

Além da faixa de fronteira, os milita-res irão atuar nas ca-lhas dos rios Negro, Solimões, Amazonas e nas proximidades da cidade de Ma-naus, reforçando a segurança para a Copa do Mundo. A ação busca com-bater o tráfico de armas e munições, contrabando, garim-po ilegal, crime con-tra o meio ambiente e narcotráfico.

Em todo país, 30 mil militares mais policias militares e federais e agencias governamentais par-ticiparão da opera-ção orçada em apro-ximadamente de R$ 5 milhões.

OPERAÇÃO

Adolescente assassinado no São José

Um estudante de 17 anos foi morto a tiros, no fim da noite de sexta-fei-ra (9), no bairro São José 4, Zona Leste de Manaus. O Instituto Médico-Legal (IML) afirmou que o jovem foi atingido por tiros de arma de fogo no tórax e na cabeça.

O caso foi registrado na Delegacia Especia-lizada em Homicídios e Sequestros (DEHS) e até a manhã de ontem ainda não havia registro de pri-são dos suspeitos.

O crime ocorreu por volta das às 22h na Rua das Palmeiras. Morado-res da região afirmaram que o estudante foi morto após sair da escola onde estudava no Novo Rei-no, bairro vizinho, e teria sido perseguido antes de ser morto.

O jovem foi atingido com vários tiros. A PM informou que quatro ti-ros atingiram o abdô-men, dois o pescoço e três o braço esquerdo da vítima.

O jovem não identifi-cado foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado ao Hospi-tal João Lúcio, mas che-gou sem vida à unidade de saúde. As duas jovens que estavam com o rapaz não ficaram feridas. Pró-ximo ao corpo da vítima, foram encontradas três cápsulas deflagradas de pistola de uso exclusivo da polícia.

Desabamento prejudica trânsito

O tráfego de carros, ôni-bus e tratores causou con-gestionamento nas ruas de acesso às quadras dos cemitérios Parque Tarumã e Nossa Senhora Apareci-da, localizados na avenida do Turismo, bairro Tarumã, zona Oeste, ontem.

Tudo porque, desde a última sexta-feira (9), os cemitérios tornaram-se o único acesso de veículos ao conjunto Augusto Mon-tenegro, que ficou isolado após a abertura da enorme cratera na ponte e principal entrada do local.

Nas estreitas ruas, os ve-ículos tiveram que disputar espaço com as máquinas e caminhões da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) que auxiliavam na abertura e alargamento de vias para facilitar o acesso dos moradores.

Pistas foram abertas

pelo barranco e carradas de areia foram jogada para disponibilizar condições mí-nimas de tráfego.

Em meio ao lamaçal, um ôni-bus chegou a atolar o que cau-sou mais congestionamento,

na manhã de ontem.“Hoje está melhor que na

sexta-feira, mas trafegar aqui continua muito com-plicado. Imagina se chover, não vamos ter como passar porque vai atolar de certeza. A gente sai de casa e já pen-sa em voltar logo, antes da

chuva”, disse a comerciante Cristina Andrade, 38.

O Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito de Manaus (Ma-naustrans) designou 4 agen-tes de trânsito, que foram deslocados para auxiliar os motoristas e os pedestres que não tinham outra alter-nativa a não ser caminhavar entre os tratores na tenta-tiva de chegar ao conjunto Augusto Montenegro.

Aproximadamente 15 funcionários da Seminf já haviam sido encaminhados pelo órgão para trabalhar na ponte que rompeu du-rante a chuva.

Enquanto isso, uma outra ponte de madeira foi cons-truída ao lado da cratera para acesso exclusivo dos pedestres ao conjunto.

A secretaria ainda estuda se irá construir uma nova ponte ou uma galeria.

A estimativa da Seminf é que a obra de emergência seja finalizada em 45 dias.

Moradores aguardam criação de acesso alternativo mais seguro até recuperação da ponte

DIEGO JANATÃ

Hamilton sai na frente em busca quarta vitória

O piloto inglês Lewis Ha-milton, da Mercedes, foi o mais rápido do treino oficial e vai largar na pole position do GP da Espanha, hoje, às 8h.

A segunda colocação ficou com o alemão Nico Rosberg, também da Mercedes, e a terceira pelo australiano Da-niel Ricciardo, da Red Bull.

O espanhol Fernando Alonso, da Ferrari, ocupará a sétima posição.

O brasileiro Felipe Mas-sa, da Williams, sairá da nona posição.

Até agora neste Mundial, só pilotos da Mercedes ven-ceram as corridas. Hamilton ganhou as três últimas: Chi-na, Bahrein e Malásia. Ros-berg triunfou na Austrália.

Eles também dominaram os treinos oficiais, com três

poles de Hamilton e uma de Rosberg.

Largar na frente no cir-cuito de Montmeló tem sido muito importante para ven-cer essa corrida devido às características do circuito catalão,

Das 23 provas já disputa-das em Montmeló, 17 foram vencidas pelo pole position.

CRATERAPOLE-POSITIONCRIME

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

TRÁFEGOVeículos tiveram que disputar espaço com máquinas e cami-nhões da Seminf, que auxiliavam na aber-tura e alargamento de vias para facilitar o acesso dos mora-dores ao conjunto

MERCEDESAté agora neste Mundial, somente pilotos da Merce-des venceram as corridas. Hamilton ganhou as três últi-mas: China, Bahrein e Malásia. Rosberg triunfou na Austrália

Nas palavras de Dyogo, “o entendimento que tivemos no Ministério para votarmos muito em breve da prorroga-ção da ZFM, tivemos a con-cordância para fazer a pror-rogação dos incentivos da Lei de Informática até 2029, que serão debatidas, isso já está

acertado”. Dyogo Henrique é o braço direito do ministro Guido Mantega.

O apadrinhamento da ZFM gerou divergências entre os grupos políticos que partici-param das movimentações durante o primeiro turno na Câmara. Na época, o pre-

feito Arthur Neto (PSDB) e o pré-candidato ao Senado, Omar Aziz (PSD), disseram que “não há heróis da ZFM”, reagindo à utilização do ato nas vitrines eleitorais, em inserções partidárias na TV e rádio e até em outdoors espalhados pela cidade.

Divergência entre grupos políticos

Para Temer, primeiro turno de votação da PEC da Zona Franca se deve à insistência de Braga

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

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Page 3: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 A3Opinião

Os governos federal, estaduais e municipais deram-se as mãos para ressarcir as empresas de trans-porte coletivo da enorme perda dos R$ 0,20, valor simbólico que alcançou alta cotação na bolsa de valores da política, na segunda metade do ano passado. Em particular, na capital do Amazonas, para ratifi car o esforço ofi cial, as empresas postaram-se de joelhos e declararam o que se sabia, mas era calado: o capitalismo nestas plagas não sobrevive sem o Estado, isto é, sem o dinheiro do contribuinte, ou seja, todo e qualquer cidadão envolvido em relações de consumo de bens ou serviços (Estado como é notório não tem dinheiro, é, ou deveria ser, um administrador da riqueza de um povo).

Há mais de três décadas, essas empresas, que mudam de nome, mas jamais de donos, operam no vermelho, como afi rmou recentemente o presidente do sindicato patronal. Por isso, não pagam o FGTS dos trabalhadores e descontam, mas não recolhem à previdência valores signifi cativos para o trabalhador, tolhido em seu direito de aposentadoria, entre outros benefícios. Mais de uma vez, o funcionamento dessas empresas foi comparado ao jogo do bicho: só o dono da banca sabe quanto dinheiro rola nesse negócio, proibido, mas tolerado até dentro de repartições públicas.

Incomodada em sua área de conforto, até a presidente Dilma Rousseff se declarou pressionada pelas vozes de junho, interessada em discutir a planilha de cálculo das tarifas do transporte público. Nesse nível, o “malfeito”, como gosta de suavizar a presidente, não é feito por um só malfeitor, claro. Nesses 30 anos, quanto dinheiro circulou no transporte coletivo? Quantas vezes Estado e município intervieram para “salvar” as empresas, não cobrando o cumprimento dos acordos assinados? E fi ca tudo por isso mesmo por mais 30 anos?

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para atriz global Christiane Torloni, que veio a Manaus com a equipe da Globo Filmes para gravar um fi lme sobre a Amazônia, e interrompeu o trabalho para prestigiar o poeta amazonense Thiago de Mello, na homenagem da Assembleia Legislativa.

Christiane Torloni

APLAUSOS VAIAS

Marcelo–Marcelo

Agora a chapa do PSB para outubro 2014 vai fi car assim.

Marcelo Ramos para o governo, Marcelo Serafi m para o senado e Serafi m Corrêa para deputado estadual.

Som na caixa!

Radialistas da CBN fi zeram crí-ticas ao sistema de som da Arena da Amazônia, no início do jogo Santos X Princesa.

Na hora do hino Nacional, o narrador falou:

— Vamos ver se o sistema de som da Arena está bom, porque também está em teste.

Nos primeiros acordes:— Ih, parece que não está

não.

Hino fanho

Não é a primeira vez que o som da Arena é questionado.

No jogo Nacional X Corinthians, a voz de cantora Márcia Siqueira saiu meio fanha por culpa do som.

Arruma aí!

Não se concebe, em plena Zona Fraca de Manaus, paraíso eletrô-nico do país, nossa arena não ter um som digno e competente.

Braga e o UFC

O líder do governo no Sena-do, Eduardo Braga (PMDB/AM), recebeu a visita de cortesia do vice-presidente e chefe mundial de Operações do Ultimate Fighting Championship (UFC), Ike Laurence Epstein.

Estavam lá

A entidade organiza as lutas de MMA em todo mundo.

Epstein foi acompanhado da vice-presidente da marca UFC no Brasil, Grace Tourinho, e do con-sultor Guilherme Fahrat.

Lembrando Aldo

Durante o encontro, que ocor-reu no gabinete da liderança do governo no Senado, Braga e os convidados falaram sobre o cresci-mento das lutas do MMA no Brasil e no Amazonas, Estado de uma das estrelas do esporte, o lutador José Aldo, com vários títulos na carreira.

Abacaxi

Corregedor da Câmara Federal, o deputado Átila Lins (PSD-AM) está com um abacaxi no colo que terá que descascar.

Átila vai analisar a represen-tação popular contra o colega, deputado federal Leonardo Quin-tão (PMDB-MG), que admitiu ser fi nanciado por empresas de mine-ração e por isso defende o setor.

Sem vergonha

Quintão admite que defende o setor mineral, sem vergonha de ser fi nanciado “dentro da lei” pelas empresas do ramo.

Babita

A ArcelorMittal, Usiminas e Gerdau estão entre as que con-tribuíram com pelo menos 20% do total de R$ 2 milhões arrecadados pelo deputado Leonardo Quintão na campanha de 2010

Huck presidente

Apertem os cintos.O apresentador Luciano Huck

quer mesmo ser presidente da República.

— Como cidadão, tento trans-formar o poder que a televisão me dá em coisas positivas. É assim que eu faço política – disse, em entrevista ao Globo.

Populismo eletrônico

Questionado sobre fazer assis-tencialismo na TV, ele responde:

— Não sou político. Então não

sou populista.

Sonho meu

O comunicador, no entanto, não descarta, um dia, se lançar como candidato à Presidência do Brasil no futuro. Mas desconversa:

—Não faço plano para além do sábado que vem –, desconversa.

Difi culdade até pra pagar

Muitos brasileiros que contra-tam crédito enfrentam difi cul-dades para obter do banco in-formações sobre a situação do empréstimo.

Principalmente em relação à quantidade de parcelas vencidas e a vencer, encargos, multas por inadimplemento e tributos, entre outras.

Obrigatório

Para resolver o problema, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) apresentou projeto que obriga as instituições fi nanceiras a pres-tar, sempre que solicitado por seus clientes, informações detalhadas sobre contratos de crédito.

Na comissão

A matéria está na pauta da Comissão de Meio Ambiente, De-fesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), que se reúne na terça-feira (13).

Empurra–empurra

Nascimento cita como exemplo situação em que o consumidor quer pagar antecipadamente o emprés-timo ou algumas das parcelas.

— Mas, ao procurar os serviços de atendimento ao cliente, é em-purrado de atendente em atenden-te de telemarketing, isso quando não é simplesmente desconectado da ligação sem qualquer explica-ção – diz Alfredo.

Para motoristas que invadem, sem nenhum escrúpulo, a faixa azul, criada para o transporte exclusivo de ônibus. Depois reclamam que o trânsito de Manaus é tumultuado, mas se recusam a dar sua parcela de colaboração para organizar a cidade.

Invasão da faixa azul

O ex–prefeito Serafim Corrêa (PSB) não é mais candidato a deputado federal, como havia anunciado.

Agora Sarafa vai brigar por uma cadeira na Assembleia Legislativa. A mudança de estratégia tem a ver com a legenda que não teria peso sufi ciente e, para se eleger, Serafi m teria que abocanhar mais de 220 mil votos. Seriam votos demais!

— O projeto é nacional. Para elevar Eduardo Campos, os interesses pes-soais serão colocados de lado.

Sarafa agora é estadual

HUDSON FONSECA/ALEAM DIEGO JANATÃ

[email protected]

Operando no vermelho

Não vá alguém pensar que preten-do escrever sobre Lorenzo De Medi-ci, Senhor de Florença, chamado “O Magnífi co”. Não! O meu Magnífi co é mesmo o Lula da Silva, tal como ele considera a si mesmo.

Faz muito tempo que as pessoas dizem que, de pretensão e água benta, cada um pega quanto quiser, pois não se conhece vigário que faça restrição à quantidade que cada fi el tomar para si, assim como não há quem tenha o poder de dosar o volume de pedantismo que alguém ache que mereça por justiça.

A mais eloquente demonstração da arrogância do nosso ex-presi-dente se deu quando, sozinho e sem ouvir mais ninguém, tirou do bolso do colete, ou melhor, da cacho-la, o nome daquela que pretendeu e logrou ter como sucessora na Presidência, como se esta fosse propriedade sua. Nem considerou que naquele momento tal escolha também atingiria a vida de mais duzentos milhões de brasileiros, sem contar alguns outros milhões de estrangeiros que por aqui ten-tam viver.

Àquela altura, já plenamente ar-rependido do voto que lhe tinha dado, eu, numa atitude estritamente pessoal, sem negar respeito a quem dela discorde, não recorreria a Lula nem mesmo para que me indicasse um motoboy para me trazer uma pizza com a mínima competência de fazê-la chegar ainda quente. Desse ato de arrogância, aí está o resultado: um governo incompeten-te que até a já superada infl ação fez renascer, extremamente tolerante e propiciador da endêmica corrupção que ora nos fustiga.

Como a arrogância é irmã do autoritarismo, o ex-presidente de-liberou até imiscuir-se em questões do vernáculo e impor à nação o feminino “presidenta” que, mesmo sem constituir erro ortográfi co, não

é o usual na nossa linguagem e nem o seu patrocinador apresentou as credenciais acadêmicas com-patíveis.

É tamanha a atual arrogância lulesca, que o homem já pensa estar isento da básica obrigação de res-peitar e se submeter às elementares regras da coerência lógica. Assim, logo depois de bradar a todos os ventos que jamais existiu esse acon-tecimento que designamos como “mensalão”, pura invenção da direi-ta política e da imprensa elitista e reacionária, vem a público afi rmar que o julgamento do mesmo não foi isento e sequer respeitou os requisitos jurídicos, que ele certa-mente conhece melhor do que os juízes do fato. Aliás, para julgar o inexistente, não há necessidade de grande saber jurídico.

Agora, Sua Sumidade foi à Espa-nha, onde humildemente aquiesceu receber título de Doutor Honoris Causa da tradicionalíssima Univer-sidade de Salamanca, e lá não teve pejo em fazer críticas à Suprema Corte do Brasil, à qual acusou de julgamento 80% político e apenas 20% jurídico, precisamente do “ine-xistente” mensalão.

E, naturalmente, a fi gura mais visada por toda a arrogância de Lula, outra não seria senão a do próprio presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, a quem a nação hoje deve o inusitado fato de um processo contra políticos e outros poderosos ter chegado ao fi m e condenado fi guras que sempre se colocaram acima da lei.

Por sinal, nada mais estapafúrdio do que a declaração do ex-presiden-te quando afi rmou que nomeara Joa-quim Barbosa ministro do Supremo por ser negro, categoria que ainda faltava na corte. Belo critério para escolher-se um juiz em sua mais elevada posição. Atirou no que viu, acertou no que não viu...

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

O Magnífi co

[email protected]

A fi gura mais visada por toda a arrogância de Lula não seria senão a do próprio presidente do Supremo, ministro Joa-quim Barbo-sa, a quem a nação hoje deve o inusi-tado fato de um processo contra políti-cos e outros poderosos ter chegado ao fi m e conde-nado fi guras que sempre se colocaram acima da lei”

Partido Pirata

Curitiba será palco, entre os dias 23 e 25 de maio, da 1ª Assembleia Pirata.

Será um evento de âmbito nacional que reunirá ativistas e representantes do Partido Pirata de todo o Brasil.

Marcha da maconha

Outros pontos de refl exão dos piratas tratam das manifestações populares previstas durante a Copa do Mundo e do projeto para a coleta das assinaturas necessárias à forma-lização enquanto partido político.

No domingo, 25, os Piratas plane-jam participar da Marcha da Maconha Curitiba.

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Dados econômicos de 2013 compilados por Marcelo Neri (Assuntos Estratégicos) foram apresenta-dos aos principais ministros para convencê-los de que o cenário parou de se deteriorar e pode voltar a benefi ciar a reeleição de Dilma Rousseff . Segundo o economista, a renda média do brasileiro cresceu 8% no segundo semestre depois de uma estagnação na primeira metade do ano passado - apontada como estopim para os protestos de junho e a insatisfação geral com a economia.

Curva A Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE mostra que o rendimento médio real do trabalhador patinou no início de 2013. Em julho, era de R$ 1.937, abaixo do valor de junho de 2012. A partir de agosto, voltou a crescer e chegou a R$ 2.026 em março.

Cilada 1 Coordenadores da campanha de Dilma notaram que Aécio Neves (PSDB) e Edu-ardo Campos (PSB) engataram discurso “reativo” às ações do governo e vêm sendo cobra-dos sobre a continuidade ou encerramento de programas lançados pelo PT.

Cilada 2 Para os dilmistas, a continuidade desse cenário garante à presidente o poder de pautar o debate eleitoral nos próximos meses.

Na Copa Depois de discus-sões internas sobre a data da convenção que ofi cializará a candidatura de Dilma, o PT marcou o evento para o dia 21 de junho, um sábado, provavel-mente em Brasília.

Cipoal O modelo de discus-são do programa de governo de Campos e Marina Silva afu-

gentou parte dos especialistas convidados. Um colaborador disse não ter ido à ofi cina sobre energia porque “centenas” de propostas seriam levantadas.

Brainstorm Mas ao menos um mote surgido no debate deve ir para a campanha: “ra-cionalizar agora para não racio-nar depois”, que alfi neta tanto Dilma quanto Aécio, devido ao racionamento do governo FHC, em 2001.

Mudou Antes avessos a uma aliança, deputados do PSD ago-ra defendem abertamente que Gilberto Kassab (PSD) seja vice de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. “Se a candidatura Kassab não prosperar, defendo caminharmos com o governa-dor”, diz Guilherme Campos (PSD-SP).

Canetada 1 O PSDB acio-nou a presidência do Tribunal de Contas paulista colocando sob suspeição a conduta do conselheiro Roque Citadini, que mandou paralisar o processo licitatório da linha 18-Bronze do metrô após pedido de uma empresa alheia ao assunto.

Canetada 2 “Qual seria o

incômodo ou interesse do con-selheiro no modelo [de licita-ção] que está sendo realizado?”, questiona o deputado estadual tucano, Orlando Morando, que assina a representação contra Citadini.

Vacina David Uip, secretário de Saúde de Alckmin, se reúne amanhã com militantes tucanos para orientá-los no debate que será travado com Alexandre Pa-dilha (PT) sobre o tema. Um dos objetivos é fornecer dados para um discurso de tentar descons-truir o Mais Médicos.

Importação O delegado federal Márcio Anselmo, que coordenou a Operação Lava Jato, relatou a colegas que, às vésperas de defl agrar as pri-sões no Paraná, teve de recru-tar agentes em outros Estados, porque detectou tentativa de boicote à ação.

Na mira A corregedoria da PF no Paraná também abriu procedimento para investigar a tentativa de representantes do sindicato local dos policiais fe-derais de entrar na carceragem onde estão presos acusados de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro.

Antidepressivo

Contraponto

No início da campanha de Antonio Anastasia (PSDB) ao governo de Minas, em 2010, sua equipe sofreu com a descrença de alguns em sua vitória. Com 4% nas pesquisas, chegou a levar um chá de cadeira de horas quando visitou Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial.Assim que disparou nas pesquisas, Anastasia foi recebido como rei pelo pastor, e convidado a acompanhar uma sessão de cura. A vontade de agradar era tão grande que tucanos estranharam quando Valdemiro tentou curar uma mulher muda. Sua primeira palavra depois de curada foi:“”A-A-A-Anastasia!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Fé demais não cheira bem

Tiroteio

DA SENADORA GLEISI HOFFMANN (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil, ironizando as críticas feita pelo tucano aos créditos subsidiados do BNDES.

Empresários aplaudiram promessa de ações impopulares. Aécio revela a primeira: acabar com créditos a juros baixos para a indústria.

Minha mãe uma vez disse que não gostava de Dia das Mães. Sua afi rmativa me impressionou tanto que já chegando à terceira idade ainda me lembro da sua expressão séria e sofrida ao fazer tal afi rmação. Ao ser indagada sobre o porquê, explicou que era um dia de saudade pois se lembrava muito da sua mãe. Compreendi então que mães também têm mãe, e que estas são nossas avós, mães em dose dupla. Sempre gostei da avó que conheci, a paterna, porque pai também tem mãe. Sua casa era o lugar da acolhida, do colo acon-chegante, da benção, da comida farta, das histórias vividas num país distante, das peripécias da viagem de navio da Itália para Argentina, e depois de lá para o Brasil, a chegada ao porto de Santos, a vida de agricultores, a derrubada da mata, as doenças, enfi m, era o reencontro com as minhas raízes.

Mães também têm irmãs, que são nossas tias. Recordo os pre-sentes, mas também as pergun-tas curiosas, as observações e comentários nem sempre tão bondosos assim, o genuíno in-teresse pelos meus progressos. Como é bom ter mãe, tias e avós. E a elas se juntavam às amigas da minha mãe, todas chamadas carinhosamente de tias. Uma delas perdeu um fi lho jovem para a ditadura militar, fi lho que até hoje continua no número dos desaparecidos. Acompanhan-do respeitosamente o seu luto sem fi m e a sua dor, aprendi na adolescência a admirar a dor das mães que perdem fi lhos prematu-ramente e de forma injusta.

A estas lembranças dos pri-meiros anos se junta à minha já longa vida pastoral acompa-nhando, ouvindo, sofrendo e me

alegrando com tantas mães que fazem parte das nossas comuni-dades. Fazer parte é dizer pouco, pois elas são de fato colunas sobre as quais se edifi ca a nossa Igreja e a sociedade. Conheci e conheço mulheres que criam seus fi lhos, cuidam de seus maridos, tem vida profi ssional, e dão tudo de si para a comunidade, como catequistas, lideres de pasto-rais, fazendo parte e liderando equipes de administração, litur-gia, limpeza. Visitam doentes, organizam o dízimo, rezam nos velórios, celebram exéquias.

A história da humanidade tem mudado com a presença mais visível das mulheres e das mães nos centros do poder, e nós até temos uma mãe presidente e uma mãe senadora. Por isso é incompreensível e inadmissí-vel qualquer forma de violência contra as mulheres que já são mães ou que trazem no seu ser feminino a vocação para a mater-nidade. Que o dia das mães, dia de muita saudade, seja também o do compromisso de cada um de fazer todo o possível para eliminar a violência, toda vio-lência, mas em especial a que atinge as mães, mesmo se o possível se resumir a um gesto de carinho.

Vivemos num mundo extrema-mente violento, uma violência que mostra suas garras no trân-sito, no tráfi co humano, no crime organizado, nas relações de po-der, na impunidade, na corrup-ção. O amor de mãe, os amores das mães, o amor pelas mães, talvez sejam os últimos redutos de possibilidade de construção de uma civilização do amor. Por isso, ao contrário da minha mãe, gosto tanto do dia das mães, apesar da saudade e da dor que ele traz consigo.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

A história da humanidade tem mudado com a pre-sença mais visível das mulheres e das mães nos centros do poder, e nós até temos uma mãe presidente e uma mãe senadora. Por isso é incom-preensível e inadmissível qualquer for-ma de violên-cia contra as mulheres”

Mães

Olho da [email protected]

Pois muito bem: não é lá muito educada nem cidadã a ocupação da calçada da Secreta-ria Municipal de Educação, com um protótipo meio que defasado de uma lanchonete ou minirrestaurante ou o que quer que seja. Tomemos a ocupação como uma proposta de solidariedade aos mestres, pelo ponto de vista da alimentação, que deve ser muito boa

RICARDO OLIVEIRA

Não creio que o Brasil vá trazer mais riscos, nem Manaus para os ingleses, do que o risco que eles enfrentaram nas Províncias iraquianas, nas guer-ras que praticaram recentemente. [...] Creio que o

Brasil tenha uma exposição de risco muito baixo a esse tipo de violência [ataque terrorista]

Aldo Rebelo, ministro do Esporte, chama a atenção da imprensa inglesa ao assegurar aos torcedores do país que o

Brasil é mais seguro do que o Iraque, mas pisa em terreno mi-nado: segundo a ONU, o Iraque registrou uma taxa de homicí-dios de 8 por 100 mil habitantes em 2012, enquanto, no Brasil,

a proporção é de 25/100 mil.

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Page 5: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 A5Política

Tensão pré-eleitoral domina o AmazonasAspirantes ao governo do Estado lutam para formalizar suas candidaturas

A exatos 30 dias para o início das conven-ções partidárias, onde tudo será defi -

nido e todo o nervosismo pré-eleitoral amenizado, o caderno de Política do Amazonas Em Tempo traz nesta edição es-pecial um panorama sobre os pré-candidatos que se apresen-tam e que desejam conquistar a confi ança do eleitor.

Os deputados estaduais e federal Chico Preto (PMN), Marcelo Ramos (PSB) e Re-becca Garcia (PP), além do vice-prefeito de Manaus, His-sa Abrahão (PPS), do senador Eduardo Braga (PMDB) e do governador José Melo (Pros), travam uma batalha hercúlea nos bastidores para conseguir fi rmar o maior número de alian-ças e de apoios.

Entretanto, contrário ao cenário político de décadas passadas, onde uma cam-panha eleitoral era apenas para ratifi car o candidato do “sistema”, a eleição de 2014 promete ser o divisor na his-tória recente da política brasi-leira, em que o principal alvo, o eleitor, já não suporta mais ser massa de manobra.

E para atingir este eleitor mais esclarecido e questiona-dor, as redes sociais se dese-nham como uma nova aliada na corrida pelo poder. Quem sentencia é o marqueteiro Je-ff erson Coronel. Ele alerta para o cuidado nas abordagens e discussões postas nos diver-sos canais virtuais, mas não recomenda o candidato fi car fora destas novas mídias di-gitais. O publicitário Durango Duarte afi rma ainda que este pleito regional será um dos mais caros da história, inclusive do Brasil, em que para eleger o novo governador poderão ser desembolsados em torno de R$ 120 milhões.

Uma campanha multimilio-nária, portanto se avizinha. O que não é novidade. Entretan-to, face ao poder do dinheiro, o discurso de persuasão será exaustivamente testado seja no corpo a corpo seja no debate televisivo. E, nessa matéria, estes pré-candidatos apostam todas as suas fi chas.

Chico Preto e Marcelo Ramos querem ser a mudança. His-sa Abrahão e Rebecca Garcia

também. Os qua-tro até ensaia-ram fa-zer o di-ferente e apresen-tar um projeto inovador de como administrar o Amazonas e os anseios do povo. Mas, esbar-raram nos projetos pessoais de cada um: encabeçar uma chapa majoritária.

Antes aliado do grupo político vigente no Estado, Chico Preto viu num rompimento uma for-ma de extravasar seu desejo de pleitear uma candidatura majoritária sem ser reprimido. Marcelo Ramos e Hissa, ambos

egressos do movimento estu-dantil universitário, apostam na juventude e ousadia para pavimentar suas trajetórias na política amazonense. Hissa se rebelou e, contra a vontade de seu “líder”, o prefeito de Manaus Arthur Neto (PSDB), decidiu apresentar seu nome como uma alternativa de ges-tão estadual. Ramos, usando de habilidade política, conse-guiu convencer o PSB local e nacional de que seu nome é o melhor quadro da aliança PSB-PPS-Rede para disputar o governo do Estado.

Neste mesmo cená-rio, Rebecca Garcia aposta na costura de alianças entre seu partido e o PSDB, comandado no Es-tado por Arthur Neto e que tem como pré-candida-to a presidente da República, o sena-dor mineiro Aécio Neves. Rebecca, cujo partido inte-gra a base aliada

à presidente Dilma Rousseff (PT), em nível nacional, quer ser palanque regional de Aé-cio. E não tem medido esforço nesta empreitada. Convicta, ela garante que não recuará da candidatura majoritária como aconteceu em 2012, quando, faltando menos de nove horas para as convenções partidárias, em que iria ser ofi cializada pelo então governador Omar Aziz (PSD) sua candidata à prefeita de Manaus, “forças ocultas” a impediram de seguir adiante.

Na outra ponta, o governador José Melo e o senador Eduardo Braga duelam para mostrar ao eleitor quem é mais experiente na vida política. Ambos acredi-tam que a experiência adquirida nos caminhos do poder pode ser o diferencial para conquistar aquele voto, dos confi ns do Ama-zonas à cidade de Manaus.

A diferença é que Braga pos-sui uma vantagem entre todos: já foi governador duas vezes do Estado, conhece o interior e aponta para si a autoria de inúmeros projetos que conside-ra exitosos no governo, iniciados em sua gestão, mas executados na de Omar. Melo, que sempre esteve inserido neste grupo durante mais de três décadas, quer mostrar que também sabe e pode governar. E que o grito preso em sua garganta quer encontrar eco.

Diante de todo este cenário nervoso, especulativo, tenso e oculto, o EM TEMPO se propôs a mostrar ao leitor, neste domin-go, quem são os políticos pré-candidatos que desejam go-vernar o Amazonas por 4 anos e administrar um orçamento bilionário de um Estado em ascensão.

ARTICULAÇÃOAs inserções partidá-rias a que as siglas têm direito todos os anos, veiculadas neste primeiro semestre que antecede o período eleitoral, têm dado o tom e o som de como serão esta campanha

VALÉRIA COSTAEquipe EM TEMPO

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Page 6: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

É só gritar ‘refúgio!’, e haitianos entram no Brasil

A Polícia Federal está proi-bida de conter a entrada dos haitianos no Brasil, como tem acontecido, sem qualquer con-trole, nem documentos. Entre os mais de 4 mil que chegaram este ano, pode haver crimi-nosos comuns, fugitivos da Justiça, terroristas procura-dos etc, mas instruídos pelos “coiotes”, pagos para trazê-los do Haiti, apenas precisam gritar “refúgio!”, e os agentes são obrigados a permitir o ingresso no Brasil.

Casa de mãe JoanaJá no Brasil, os haitianos

recebem “visto humanitário” de permanência, além de carteiras de trabalho com a identidade que declaram.

IrresponsabilidadeO Brasil, irresponsável, nem

sequer faz gestões junto aos governos da Bolívia e do Peru, por onde chegam os haitianos, para exigir vistos.

PF marginalizadaO Ministério Público Federal

e o governo paulista criaram comissão para examinar o problema dos haitianos. E ex-cluíram a Polícia Federal.

É só o começoCom estímulo inconsequen-

te do governo, o problema deve se agravar: estudo re-cente mostra que 91% dos haitianos querem viver no Brasil.

Vandalismo contra ôni-bus gera perda milionária

Têm sido frequentes a de-predação e queima de ônibus durante manifestações, em Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal. Só em 2014, foram 522 casos de vandalismo contra trans-porte público, quase 17 vezes

o número registrado em 2013, que foi de 31 ocorrências, com perdas de mais de R$ 3,9 milhões. Em 14 anos, as empresas contabilizam preju-ízo de R$ 120,5 milhões com vandalismo.

Sem seguroAo contrário do que muitos

pensam, os ônibus urbanos e rodoviários não possuem se-guro, nem tampouco amparo fi nanceiro do Estado.

População prejudicadaQuando incendiados, as em-

presas não conseguem repor os ônibus imediatamente, pois só são produzidos por encomenda.

Na estradaApós ter sido vaiado em ae-

roporto, o enrolado André Var-gas agora só viaja de carro do Paraná até Brasília. São cerca de 1,2 mil quilômetros.

EngavetadoO processo contra Rose

Noronha, a amiga íntima do ex-presidente Lula, não anda. Apesar das 5 mil páginas, nenhum dos 18 acusados da Operação Porto Seguro foi julgado ou condenado.

Salão privadoComo Delúbio Soares, ou-

tro condenado do mensalão, Jacinto Lamas, também se utiliza de barbeiro em seu local de trabalho, de onde somente pode sair para retornar à ca-deia, no começo da noite.

Sem apoio Com os dois pés na campa-

nha de Henrique Alves (PMDB) ao governo, o senador José Agripino (DEM-RN) descarta candidatura à reeleição de Rosalba Ciarlini: “Ela nem recorreu ao TSE, continua inelegível”.

Outro mensalão

Na Câmara, deputados ex-põem nos bastidores o pânico com eventual delação premia-da de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que revelaria um mensalão, com grana para diversos partidos, que faria aquele do governo Lula parecer brincadeira de crianças.

A história de cada umAscendência italiana e pulso

fi rme unem dois juízes na roda da história: Sérgio Moro, o “xerife” da operação Lava a Jato, e Aldo Moro, cinco vezes premiê da Itália, morto pelas Brigadas Vermelhas.

Faltou combinarO governador João Lyra

Filho está incomodado com o “abacaxi” que herdou de Eduardo Campos: a promes-sa de doar terreno ao lado da Arena Pernambuco para a “Cidade da Copa”, megapro-jeto imobiliário da Odebrecht. É que, sem autorização da Assembleia, nada feito.

Pontes partidasO chanceler Luiz Alberto Fi-

gueiredo acalmou os ânimos de movimento, liderado por dois fi lhos de embaixadores, disposto a “resgatar” o “pres-tígio perdido” do Itamaraty, numa carta aberta criticando Dilma.

Briga religiosa Na tentativa de contrapor

bloco comandado por evangé-licos no Distrito Federal – PTN, PP, PROS, PSC e PRB –, can-didatos católicos se reuniram para lançar dez candidatos a deputado distrital e um a federal.

Mamãe, mamãeOs fi lhos da Dilma, “mãe do

PAC”, avisam que, com a dis-parada da infl ação, vão fazer vaquinha para ela ganhar um nariz de Pinóquio.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

“O pior já passou”

RUI FALCÃO, PRESIDENTE DO PT, minimizandopesquisas que deixam Dilma mal

PODER SEM PUDOR

Anúncio ofi cialFaltava pouco para as 20h de 16 de

janeiro de 1969 e musiquinha carac-terística já encerrava a Voz do Brasil quando o locutor emendou:

- O conselho aproveitou a oportunida-de para aposentar os ministros Evandro Lins e Silva, Hermes Lima e Víctor Nunes Leal, do Supremo Tribunal Federal.

Hermes Lima jamais perdoaria que três mi-nistros do STF tenham sido informados da própria cassação pelo rádio. E ainda conseguia brincar:

- “Aproveitou a oportunidade”, como disse o locutor ofi cial? Ora, a gente aproveita para desejar Feliz Natal ou Feliz Ano novo. Aproveitar a oportunidade para anunciar cassação, isso não!

Cresce número de votantes no paísO presidente do Tribunal

Superior Eleitoral (TSE), mi-nistro Marco Aurélio, divulgou na última sexta-feira, durante entrevista coletiva, o primeiro balanço parcial do recadas-tramento de eleitores, encer-rado no dia 7 de maio. Foi registrado um aumento de mais de 6 milhões de inscritos que estarão aptos a votar nas eleições de outubro deste ano. O número do eleitorado na-cional saltou de 135.804.433 eleitores em 2010, para 141.824.607 em 2014, um

incremento de 4,43%.Outro número expressivo é o

de solicitações para votar em seções especiais, por eleitores com defi ciência ou mobilidade reduzida. Esse dado saltou de 148.102 eleitores em 2010, para 1.047.263 em 2014, um incremento de 607,12%.

Os procedimentos que de-vem ser adotados para atender da melhor forma esse públi-co especial estão previstos na resolução TSE nº 21.008, aprovada em 2002. O texto determina que os locais de

votação para os defi cientes tenham fácil acesso, com es-tacionamento próximo e insta-lações que atendam às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

O número de pedidos de transferência do título eleito-ral, nos casos em que o eleitor mudou de endereço para outro município, Estado ou país, dimi-nuiu 47,32% em 2014, se com-parado aos números de 2010. Foram solicitadas 1.130.315 transferências este ano, contra 2.138.031 em 2010.

JUSTIÇA ELEITORAL

O momento é de conversa, debates, convencimento. Nada se confi rma, mas tudo se trata nos bastidores pré-convenção

Pré-candidatos buscam fi rmar alianças eleitorais

Chico Preto, Braga, Hissa, Melo, Ramos e Rebecca: todos almejam governar o Estado do Amazonas

Cada vez menos pre-sente em meio às crises envolvendo a presidente Dilma

Rousseff (PT) no Congresso, o senador Eduardo Braga (PMDB) não parou mais desde que anunciou sua pré-candi-datura em janeiro deste ano. Desde lá, tem dedicado cada fi nal de semana a eventos que reúnem milhares de eleitores em municípios do interior, as chamadas “convenções do PMDB”. Nessa maratona de “selfi es” e discursos aquecidos de tom eleitoral, Braga já pas-sou por 13 municípios, alguns por mais de uma vez.

Sempre classifi cando “o povo” como invocador da sua pré-candidatura, o pee-medebista fl erta, sem suces-so, com o PSDB do prefeito Arthur Virgílio Neto e caminha para emplacar o PT do Es-tado exclusivamente no seu reduto, apesar da Executiva nacional encabeçada por Rui Falcão se distanciar do as-sunto. Após colocar o PMDB da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam) à disposição da oposição na casa, anunciou a família Castelo Branco – o deputado federal Sabino, a deputada Vera Lúcia e o ve-reador Reizo, todos do PTB, como novos integrantes da empreitada rumo ao Palácio do Compensa.

Por outro lado, o herdeiro de Omar Aziz (PSD), o novo governador José Melo (Pros), corre para massifi car seu nome e seus projetos junto

ao elei-torado . S e m d i r e i t o às in-serções p a r t i -d á r i a s em ca-deia de rádio e TV, Melo tem apostado em submeter a máquina estadual a uma grande exposição, desde que assumiu a cadeira, sob lágri-mas derramadas no Teatro Amazonas na noite do dia 4 de abril. O ex-governador Omar, na maratona de inaugurações de obras que fez antes de iniciar a sua caminhada rumo

ao Senado, tratou de deixar claro em seus discursos e ironias que, desta vez, o grupo político que se relaciona há 32 anos terá novos rumos e, também, fi ssuras.

Essa “quebra” da hegemo-nia deste grupo pode ser vista na crescente parceria entre o governo do Estado e a Prefei-tura de Manaus, administrada pelo tucano Arthur Neto, cuja

aliança já é vista como irre-versível para estas eleições. Amanhã, por exemplo, Melo deverá assinar um repasse de R$ 100 milhões ao Executivo municipal que serão investi-dos pelo tucano em obras de infraestrutura na cidade.

UnidadeQuem começou a discus-

são eleitoral defendendo uma “unificação” e não a quebra do grupo foi o ex-prefeito Amazonino Mendes (PDT), que agora se divide numa agenda de encontros entre Pros-PSD e PMDB. Se dependesse da cúpula do partido, Amazonino já esta-ria com Braga nas “conven-ções” pelo interior e, também seria o candidato ao Senado pela chapa. Mas o “Negão”, agora “consultor”, prefere esperar mais para ser de-cisivo na indicação de seu candidato ao governo.

DesejoApós a tumultuada desis-

tência à competição pela Pre-feitura de Manaus em 2012, a deputada Rebecca Garcia (PP) tem carta branca dos progressistas para articular com quem quer seja a sua pré-candidatura e vê no PSDB de Arthur a chance surfar pela popularidade do tucano. O prefeito, apesar de distante do assunto “eleições”, não escon-de a proximidade à progres-sista e assiste com empatia a maratona de encontros entre Rebecca e o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), com quem ela articula uma recep-ção nos palanques.

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

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FILTROA cinco meses das elei-ções estaduais, o clima promete esquentar na campanha eleitoral. Mas, até lá, muitas das pré-candidaturas postas serão fi ltradas conforme a conveniên-cia e aliança política

Arthur Neto também tem sido paquerado pelo seu vice-prefeito Hissa Abrahão (PPS) que, num impulso de rebeldia, bateu o pé e tem afi rmado que vai sair candidato ao governo, mesmo causando a ira do tucano.

Distante da máquina mu-nicipal, Abrahão fl ertou com a chapa PSB-Rede, mas não conseguiu o acordo ideal e continua se declarando para Virgílio. Apesar de trabalhar com menos holofotes e “sel-fi es”, Hissa não para de se articular e faz misteriosas viagens ao interior.

Durante a passagem do presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) pela Câ-mara Municipal de Manaus

(CMM), no fi nal de abril, o socialista mostrou um tom ainda desconhecido quando fez ecoar pela casa que irá combater os “faraós” da política amazonense.

Próximo dali estava o de-putado e pré-candidato ao governo, Marcelo Ramos (PSB), que é apadrinhado da pré-candidata a vice-pre-sidente na chapa de Cam-pos, a ex-senadora Marina Silva (PSB). Ramos se diz favorecido nesta disputa por não ter em seu “DNA” nenhum vestígio do grupo político. Da oposição para a pré-candidatura, Marcelo Ramos irá fi gurar ao lado do ex-prefeito Serafi m Corrêa (PSB) e aposta num discurso

do tímido crescimento da economia amazonense.

Classifi cada pelo deputa-do estadual Belarmino Lins (PMDB) como um “voo super-sônico”, a pré-candidatura de Chico Preto (PMN) permane-ce tímida, mas começou a ser pensada há muito tempo, desde quando deixou o PSD de Omar e a liderança da maioria na Assembleia Le-gislativa para dar início a maratona de discursos em críticas ao governo. O depu-tado não irá à TV, nem decidiu se irá manter ou retirar a barba durante a campanha, mas, em meio ao difícil ce-nário deste ano, pode surfar pela onda de dúvidas sobre o que serão estas eleições.

Assédio em torno de Arthur Neto

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Page 7: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 A7Com a palavra

Já está claro que as alian-ças políticas são impres-cindíveis para a visibilidade que esse can-didato preci-sa ter, mes-mo que ela atualmente não esteja se formando em prol de um projeto para a sociedade”

O deputado Marcelo Ra-mos, talvez seja o que mais repre-sente uma tentativa de mudança, só não consigo ver ainda a base so-cial que ele representa. Que forças movem sua candidatura”

Professor e pesquisa-dor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o sociólogo

Marcelo Seráfi co é um dos profi ssionais mais respeita-dos de sua área de atuação. Com opiniões fortes, quanto ao período político vivencia-do pelo Amazonas, Seráfi co, conversou com a reportagem do Amazonas Em Tempo, nas instalações da Associação dos Docentes da Universi-dade do Amazonas (Adua), localizada no Campus da Ufam e avaliou aspectos que poderão infl uenciar o pleito eleitoral de outubro.

Identifi cando problemas crônicos da política pratica-da no Estado, o sociólogo, criticou a postura adotada por velhos conhecidos do proces-so, que usam da companhia do povo apenas nos períodos pré-eleitorais. “Você passa 3 anos deixando de lado o inte-rior e no último ano você co-meça a fazer bondade. Difícil é identifi car o candidato que vem construindo ao longo da sua militância um movimen-to intenso voltado para esse povo, que já está atento ao candidato que só aparece na cidade para pedir votos”.

EM TEMPO - Para o se-nhor, qual é a principal característica da política praticada no Amazonas?

Marcelo Seráfi co – La-mentavelmente, a política no Amazonas, assim como em ou-tras regiões do país, tem sido marcada por uma continui-dade surpreendente. Porque mesmo quando há aparentes rachas de grupos, separação de pessoas que nasceram no mesmo berço, logo elas se aproximam e reconstituem as mesmas linhas de ações. Ago-ra o que eu acho importante, e que é necessário investi-gar mais quais são as bases dessas rearticulações. Porque geralmente as análises são concentradas em momentos eleitorais e todos expressam uma preocupação muito gran-de sobre quem vai ser eleito. As pesquisas de opinião vão sendo realizadas e a gente esquece que o fundamental é entender como essa escola de política se mantém ao logo do tempo; quais são as bases sociais que subsidiam a elei-ção desses sujeitos, e como é que elas são mantidas.

EM TEMPO - O que leva a população a colaborar com a sobrevivência des-ses grupos do qual o se-nhor se refere?

MS - Essa é uma pergunta que só pode ser dada por

meio de uma in-vestiga-ção mi-nuciosa. T e m o s que levar em consi-deração quais são e onde e s t ã o os redutos eleitorais dessas pessoas. O que está visível é a relação de extrema de-pendência formada envolta de certos nomes e partidos políticos. Houve algumas situ-ações, onde eles foram postos à prova, mas, mesmo assim na época terminaram sem gran-des apoios. Isso aconteceu quando o atual prefeito Arthur Neto foi eleito prefeito no fi nal dos anos 80 e o segundo quan-do o então candidato Serafi m Corrêa foi eleito prefeito. Nos dois casos que citei, temos que nos perguntar quais foram as difi culdades daqueles que se propunham a mostrar o novo, de afi rmar esse projeto. Afi nal, quais foram os limites que eles encontraram de romper com um ciclo de reprodução do meio político, que já atua no Estado por mais de 30 anos. Nós estamos talvez devendo uma explicação para isso, afi -nal quem é e como esse grupo se reproduz no poder? Usa de que estratégias? O que faz com que as pessoas sejam levadas a votar neles e não em outros? Isso tem alguma relação com o domínio de várias esferas do governo? Tem relação com articulação no plano do Legislativo, que assegura a eles a manutenção de políticas?

EM TEMPO - O período é de se levantar bandeiras, qual delas o senhor acre-dita que será a preferida dos candidatos?

MS - Me parece até surpre-endente a necessidade de se forjar alternativas econômi-cas para o Amazonas. É um assunto que insistentemente volta à pauta: a articulação em torno da aprovação da Proposta de Emenda à Cons-tituição (PEC) que prorroga os benefícios da Zona Franca de Manaus (ZFM) é um exemplo. Já existe certo atrito dos nos-sos representantes em Brasí-lia porque todos eles querem ser pais da criança. Então isso é curioso, geralmente o sujeito procura ser livre, pede exame de DNA. Mas, no caso da Zona Franca, que tem uma costa larguíssima, todo mundo quer associar a própria imagem no conjunto de incentivos que depende muito menos do interesse local e mais dos interesses das grandes indústrias ins-

taladas aqui. É curioso como de repente os parlamentares, políticos de uma maneira ge-ral, se convertem em embai-xadores da economia.

EM TEMPO - Em sua opinião, qual seria o dis-curso mais coerente a ser praticado pelos candida-tos quanto à economia do Estado?

MS - Quais são as alterna-tivas para o modelo da Zona Franca? Houve duas iniciati-vas de se emplacar esse tema nos últimos anos: a primeira foi o ‘Terceiro Ciclo’, algo que nem se pode intitular como projeto. Outra medida foi o ‘Zona Franca Verde’, que apa-rentemente não tem resultado na projeção das atividades agrícolas, o tal bacalhau da Amazônia não deixa claro qual é a cadeia produtiva, quem está se benefi ciando dela. É preciso essencialmente que eles mudem esse discurso que é quase mágico, de cifras gi-gantescas e se dediquem a pensar no simples, que vai da melhoria na infraestrutura viária até o uso dos rios para alavancar setores de produ-ção, turismo e outros.

EM TEMPO - Quais são os questionamentos que o eleitor deve fazer aos postulantes ao governo, em especial àqueles que já ocuparam cargos de comando?

MS - Uma das coisas que deve ser cobrada dos candi-datos é o que fi zeram para re-verter esse constrangimento, que é a profunda dependên-cia de um único instrumento econômico. O que fi zeram e o que pretendem fazer para superar os péssimos indica-dores sociais que nós temos? Nós temos uma alta concen-tração de renda na capital, concentração de renda es-pacial em alguns bairros da cidade, problemas gravíssi-mos relativos à educação e à saúde, saneamento nem se fala. Transporte, infraestrutu-ra. Isso tudo tendo tido polí-ticos daqui, exercendo papel de ministros da Casa Civil, ministros dos Transportes e agora líder do governo.

EM TEMPO - Se a falta da resolução de problemas bá-sicos vividos por quem está em Manaus e no interior não está em um isolamento político do Estado. Para o senhor está onde?

MS - O problema não parece estar relacionado com o lugar em que esses sujeitos estão, é mais com os compromissos que de fatos eles assumem. Daí surge uma hipótese des-confortável, talvez a manu-tenção dessas condições pre-

cárias sejam pré-requisitos para a reprodução deles nos lugares em que estão e para a própria ascensão dentro do poder, o que é dramático. Porque se for assim, como imaginar o surgimento de outros quadros? É difícil que esses sujeitos tomando con-ta das lideranças partidárias permitam que outras forças que não se ajustam nessa temática ascendam.

EM TEMPO - Dos nomes que já se mostraram dis-postos a disputar o gover-no em outubro, o senhor aponta algum que possa surpreender?

MS - O deputado Marcelo Ramos, talvez seja o que mais represente uma tentativa de mudança, só não consigo ver ainda a base social que ele representa. As forças que mo-vem a candidatura do Marcelo Ramos são quais? Agora esta-mos falando de uma eleição estadual e não municipal, en-tão é preciso saber quem vai levá-lo adiante. Porque são eles, que lá no futuro vão cobrar suas iniciativas.

EM TEMPO - A fase de caravanas ao interior co-meçou com força total, essa é uma boa estratégia para angariar votos?

MS - O que eu vejo é que a prática de buscar a população, apenas em período eleitoral continua. Você passa 3 anos deixando de lado o interior e no último ano você come-ça a fazer bondade. Difícil é identifi car o candidato que vem construindo ao longo da sua militância um movimen-to intenso voltado para esse povo, que já está atento ao candidato que só aparece na cidade para pedir votos.

EM TEMPO - O que um candidato precisa para governar o Amazonas e quais as principais qua-lidades que a sociedade espera dele?

MS - Já está claro que as alianças políticas são impres-cindíveis para o espaço e a visibilidade que esse candi-dato precisa ter, mesmo que ela atualmente não esteja se formando em prol de um pro-jeto para a sociedade. O apoio fi nanceiro também pode ser considerado outro fator im-portante. Um candidato que encarne a transparência, se mostrando preparado para re-velar quem são os interessa-dos em ajudar na manutenção da ordem pública e insira nas pautas as minorias, que com o passar dos anos tem sido deixada às margens, sem dú-vidas seria olhado com outros olhos por aqueles eleitores mais desconfi ados.

Marcelo SERÁFICO

‘A PRÁTICA DE BUSCAR A POPULAÇÃO EM PERÍODO ELEITORAL CONTINUA’

Lamentavelmente, a política no Amazonas, assim como em outras regiões do país, tem sido marcada por uma continuidade surpreen-dente. Porque mesmo quando há aparentes rachas de grupos, logo elas se aproximam e re-constituem as mesmas linhas de ações”

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Braga e Rebecca duelam para governar o EstadoAdversários, a deputada costura apoio do prefeito Arthur Neto. Braga cerca aliados e não aliados para fortalecer seu nome

Adversários desde 2012, quando recuou de sua pré-candida-tura à Prefeitura de

Manaus, a deputada federal Rebecca Garcia (PP) e o se-nador Eduardo Braga (PMDB) disputam a “unhas e dentes” o apoio, nos bastidores, aos seus nomes para estas eleições.

Rebecca conta com sua mo-cidade e habilidade para reunir alianças. Braga, que está no auge da carreira política, tem em seu favor a experiência, além de já ter sido governa-dor por duas vezes. Os dois romperam e uma aliança entre ambos é descartada veemen-te pela deputada.

Após atuar por 6 anos e três meses na Câmara Federal e por pouco menos de um ano na Secretaria do Governo de Omar Aziz (PSD), Rebecca afi r-ma que agora, aos 41 anos, se sente “preparada” para dispu-tar o governo estadual. A pro-gressista, que não emplacou a sua candidatura à Prefeitura de Manaus, em 2012, garante que desta vez vai levar aos eleitores seu projeto de gestão para o Estado. Nos bastidores, articula aliança com o PSDB.

A pré-candidata afi rma que as negociações em torno de quem será vice na sua chapa ainda não terminaram. Essa será possivelmente uma indi-cação do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), que caminha para suplemen-tar o palanque de Rebecca com seus altos índices de po-pularidade. A tabelinha com o PSDB se mostra ainda com o presidenciável Aécio Neves, senador mineiro que se prepa-ra para enfrentar a presidente Dilma Rousseff (PT) nas urnas, com quem a deputada tem estreitado cada vez mais as relações e mantido regula-res reuniões. “Sonhamos com muitos nomes, mas isso fi cará a cargo de prefeito, que, com certeza, irá debater com todos

antes da e s c o -lha”, an-tecipou a pré-candida-ta.

G r a -d u a d a em Eco-n o m i a em Bos-ton, nos Estados Unidos, Re-becca Garcia tem feito uma maratona de reuniões com economistas aliados aos tuca-nos para preparar um pacote em que defenderá, “em núme-ros”, alternativas econômicas para o Estado. O programa defenderá investimentos em logística nacional e interna-cional e a potencialização do

setor primário.Para garantir o fôlego or-

çamentário necessário para essas empreitadas, a pro-gressista, fi lha do ex-senador Francisco Garcia, diz apos-tará no modelo de gestão administrativa que tem dado bons resultados nos gover-nos de Minas Gerais e de Pernambuco: a redução do peso fi nanceiro da máquina estadual. A famosa “reforma administrativa”, segundo ela, começa na mudança do pen-samento do órgão público, que precisa ser encarado de forma institucional, com resultados estatísticos e “não políticos”.

A manauense que compro-mete uma hora por dia para praticar exercícios físicos diz que acredita na criação

de alternativas sociais para a juventude, revertendo os índices de criminalidade en-tre adolescentes. Rebecca tem articulado em Brasília um projeto para criação de academias ao ar livre que já inaugurou 12 unidades na capital e no interior e espera mais 60 para serem liberadas até o fi m deste ano.

Graduada também em Cine-ma e História da Arte nos EUA, a parlamentar quer inovar no setor cultural do Estado. Ela afi rma que as políticas volta-das para a cultura encontram-se “elitizadas” e distantes de uma democratização.

EM TEMPO - Por que a senhora quer ser gover-nadora?

Rebecca Garcia - É algo que tenho me preparado. Entendo que fazer parte da política tem como objetivo melhorar a cidade, o Estado e a vida dos que moram ao redor. Ao longo dessa trajetória, você acaba percebendo que é no Executivo que as coisas acontecem.

EM TEMPO - Então, na Câmara, a senhora não consegue representar como queria?

Rebecca Garcia - Foi fun-damental a experiência que tive na Câmara. Lá, enten-demos como funciona a tra-mitação dos projetos e como o Legislativo é importante no processo. É bom enten-der como é a movimenta-ção em Brasília, mas sempre mantive contato direto com os amazonenses.

EM TEMPO - Quem é a Re-becca longe da política?

Rebecca Garcia - Sou al-guém que gosta muito de ex-perimentar coisas diferentes, lugares que nunca estive an-tes, comidas diferentes. Aqui no Amazonas, meus lugares favoritos são aqueles que têm mais espaços naturais, com rios, próximo à cultura do nosso Estado.

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

DIVULGAÇÃORebecca Garcia defen-de o aumento “exaus-tivo” da transparência nas contas públicas como forma de coibir a corrupção. Com isso, frisa, o povo brasi-leiro pode voltar a acreditar na política

Há 31 anos na política amazonense, o senador Eduardo Braga já passou por todas as esferas da carreira política e agora, aos 54 anos, e líder da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado, quer voltar a governar o Estado, posi-ção que já ocupou por 7,5 anos. Nessa corrida, tem concentrado esforços no interior, por onde já percor-reu 13 municípios, atrain-do milhares de eleitores às convenções do partido.

Natural do Pará, casado com Sandra Braga e pai de três filhas, Brenda, Bruna e Bianca, Braga vem de uma família de empresá-rios. Formado engenheiro elétrico pela Universida-de Federal do Amazonas (Ufam), ele ingressou na política aos 21 anos, quando foi eleito vereador de Manaus. Em seguida, conquistou uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam), onde já exercia posição de lideran-ça, relatando a Constitui-ção do Estado.

No início da década de 90, se elegeu deputado federal. Dois anos depois, inicia sua trajetória pelo Executivo na condição de vice-prefeito de Amazo-nino Mendes (PDT). Em 1994, Braga assume a Prefeitura de Manaus com a eleição de Amazonino ao governo.

Neste período começa a história de “amor e ódio” entre os dois políticos. Em 1998, o senador se via na oposição, dispu-tando o governo com seu criador e conhecendo o amargor da derrota. Nas eleições de 2000, quan-do buscava se eleger pre-

feito, Braga novamente perde, desta vez para o candidato do “sistema”, Alfredo Nascimento.

Entretanto, essa “briga” entre Braga e Amazoni-no deu uma trégua nas convenções partidárias de 2002. Naquele 30 de ju-nho, o então governador do Estado anunciou como candidato à sua sucessão seu ex-desafeto: Eduardo Braga. Eleito com 52,4% dos votos pelo PPS, o novo governador iniciava sua trajetória no governo do Estado e, não tardou para abandonar a sigla, migrar

para o PMDB e, consequen-temente, tomar para si o controle da legenda que até então era comandada pelo ex-senador Gilberto Mestrinho, já morto.

Reeleito governador e, posteriormente senador em 2010, Braga estava disposto a se destacar no cenário federal. Conse-guiu. Em 2013 foi alçado a líder do governo Dilma no Senado, posto que foi ocupado por muitos anos pelo colega de partido, Ro-mero Jucá (RR).

Aliados políticos ao se-nador afirmam que ele se destaca pelo perfil de estudar exaustivamente

questões antes de tomar decisões. Segundo o se-cretário-geral do PMDB, Miguel Capobianco, que atua na coordenação da Copa em Manaus do go-verno José Melo, exemplos disso são os projetos que devem compor a campa-nha do senador neste ano, como o Proama, o Prosa-mim, a avenida das Torres e a ponte Rio Negro, que liga Manaus ao município de Iranduba e adjacências.

“Tive oportunidade de trabalhar no governo dele e de outros governadores. Ele tem sido um político de grande visão admi-nistrativa, com um olhar específico, nas questões de desenvolvimento social. Foram muitas as ações que perpassaram mais de um governo. Como adminis-trador, é uma pessoa que procura estudar muito, é o que eu posso dizer”, disse Capobianco.

Interlocutores do sena-dor afirmam também que o que deve diferenciar Braga dos demais candidatos é a preferência por temas ligados à comunidade e aos interesses sociais. “Ele (Braga) tem perfil de quem gosta de resolver primeiro as dificuldades do povo, de quem passa por dificulda-des, é uma marca não só verbal, há ações espalha-das pelo Amazonas que exemplificam isso”, disse um aliado.

A reportagem tentou, por dois dias consecuti-vos, contato com Eduardo Braga, sem sucesso. Na última sexta-feira, ele che-gou em Manaus e foi direto cumprir uma agenda no município de Santa Isabel do Rio Negro.

Senador aposta na experiência

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CONFIANÇANo auge da carreira política, Eduardo Bra-ga não teme deixar o Senado e a liderança do governo Dilma. Para ele, a melhor expressão de um mandato é estar no Executivo estadual

Com formação intelectual bem delineada, Rebecca Garcia já formata seu programa de governo Adepto de uma nova forma de se ver: os “selfi es”, Braga quer reconquistar o mandato Executivo

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 A9Política

Modus diferentes colocadosem ‘xeque’ na urna eleitoralMelo afi rma ter o necessário para fazer o Estado avançar mais, sobretudo, na educação. Hissa diz ser a via diferenciada

Atual governador do Amazonas, José Melo de Oliveira (Pros), 67 anos, diz que “chegou a

sua vez”. Economista formado pela Universidade do Amazo-nas (hoje Universidade Federal do Amazonas) foi eleito vice-governador ao lado de Omar Aziz (PSD), em outubro de 2010 e agora se diz mais do que pre-parado para assumir a cadeira por meio do voto popular. Em abril deste ano, José Melo as-sumiu defi nitivamente o posto de governador após a renúncia de Omar Aziz para disputar uma vaga ao Senado Federal e “com a máquina na mão” vem demonstrando sinais de quem irá dar trabalho nesta disputa eleitoral.

Apontado como o principal adversário do senador Eduardo Braga (PMDB), professor José Melo, como é conhecido, disse que ajudou Braga a se eleger e também colaborou com a vitória de Aziz, e, portanto, nada mais justo do que ser o “nome da vez”. Para realizar o sonho de ser governador no ano passado, deixou o PMDB, que é liderado pelo senador Eduardo Braga, para fundar o Partido Republicano da Ordem Social (Pros), onde é presiden-te. No entanto, Melo diz que seu desligamento não ocasionou arranhaduras na relação que mantém com o senador. “Não somos inimigos, apenas adver-sários políticos”, comenta.

Filho de seringueiros, nascido em Juruá, Melo foi alfabetizado apenas aos 11 anos. Torcedor do Flamengo e do Nacional, ele também é torcedor do boi-bum-bá Garantido. Professor, Melo lecionou História no Ginásio Es-tadual Estelita Tapajós e tam-bém na antiga Escola Técnica

Federal do Ama-zonas, e promete ter a edu-c a ç ã o c o m o uma das p r i n c i -pais ban-deiras de campa-nha. Ele iniciou a vida pública em 1967. “Acredito que a mu-dança deste país está toda na educação, e este será sempre o meu xodó”, disse.

Perfi l Entre 1970 e 1984 trabalhou

na Universidade do Amazonas em várias funções, entre elas as de datilógrafo e diretor do Departamento de Educação e Desportos; foi interino na Sub-Reitoria para Assuntos Acadê-micos, membro do Conselho Universitário e assessor para Assuntos Acadêmicos. Ingres-sou na política pelas mãos do ex-governador Amazonino Mendes (PTB), que o convidou para compor uma chapa no cargo de deputado federal, onde fi cou entre os mais votados e conseguiu a reeleição. Em 1995 assumiu a Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Desportos do Amazonas. Es-teve à frente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas e da Secretaria de Estado de Coordenação do Interior (Seint).

Em 2002, foi eleito deputa-do estadual. Em 2005 foi pre-sidente da Sociedade de Na-vegação Portos e Hidrovias do Amazonas (SNPH). Em 2006, assumiu a Secretaria de Go-verno do Amazonas (Segov), onde permaneceu até abril de 2010, quando se desincompa-tibilizou para concorrer à vaga de vice-governador.

EM TEMPO- Qual foi o momento que o senhor de-cidiu colocar o seu nome para disputar o governo?

José Melo – Ao longo des-ses 32 anos de vida pública fui vendo as coisas acontecerem no Amazonas. Vi governa-dores acertarem e também vi muitos governadores er-rarem. Acumulei experiência e criei dentro de mim um sentimento de que tudo que

sou foi fruto do esforço do povo do Amazonas. Foi aí que decidi retribuir. Quero ser go-vernador para aprimorar as políticas públicas para Edu-cação e dar a este segmento a importância que ela merece. Sonho também em criar ou-tra Zona Franca de Manaus, através da biodiversidade que temos na região. Não estou entrando na disputa apenas por vaidade.

EM TEMPO – O que o se-nhor tem de melhor diante dos outros candidatos?

José Melo – O meu conhe-cimento. Experiência, por experiência muitos candi-datos têm, mas acredito que o diferencial será o co-nhecimento. Sou uma pes-soa que tem um profundo amor pela Educação e não vejo nenhum outro pré-can-didato falando sobre isso.

Vejo poucos pré-candida-tos falando sobre o interior e o potencial que essas regiões poderão infl uenciar para os nossos fi lhos. Outra característica minha é que sou uma pessoa do diálogo, não trato mal ninguém e nem levanto a minha voz, mas isso não quer dizer que eu seja um fraco e não tenha pulso fi rme. Faço isso de forma terna.

Educação para melhorar o Amazonas

O mais novo entre os pré-candidatos ao governo, Hissa Nagib Abrahão Filho, 33 anos, promete ser nesta eleição a grande surpresa das urnas. Atual vice-prefeito de Ma-naus, Hissa usa o discurso da “renovação política” como carro-chefe da sua candidatu-ra. Formado em Economia, e pós-graduado em Gestão Em-presarial iniciou na militância política aos 16 anos, quando foi presidente da União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (UESA). Ingressou na política aos 19 anos, quan-do se candidatou ao cargo de vereador, mas não obteve êxito. Em 2008, porém, foi eleito vereador com 2.338 votos. Envolvido em lutas pelo direito da população de baixa renda, foi um dos mais jovens vereadores da Câmara de Manaus.

Em 2010, concorreu pela primeira vez ao cargo de go-vernador do Estado e obteve 158 mil votos, fi cando em terceiro lugar no ranking do pleito. Com votação expressi-va, foi considerado a revela-ção da política amazonense e dois anos depois foi convi-dado, pelo então candidato a prefeito Arthur Neto (PSDB), para se unir a ele em uma

disputa municipal. “Havia lan-çado meu nome para o cargo de prefeito, mas fui procurado de oito a dez vezes pelo então candidato a prefeito Arthur Neto para formar com ele uma chapa, e acabei me con-vencendo”, comentou Hissa.

Vitoriosos nas eleições de 2012 com 65% dos votos, Hissa e Arthur viveram no primeiro ano de gestão um relacionamento de grande parceria, mas em dezembro do ano passado, ocorreu um racha entre os dois gestores. Arthur achou ousada a pro-posta de Hissa em se lançar candidato ao governo.

“Em um ano fi zemos uma renovação grande no setor de pavimentação da cidade, a população percebeu a di-ferença. Eu poderia ter feito mais, só que peguei uma per-nada, mas estou conseguin-do me reerguer. O povo do Amazonas está me ajudando a empurrar essa cadeira de rodas”, disse.

Firme no propósito de ser governador do Amazonas, Hissa tem iniciado as visi-tas ao interior do Amazonas, mas afi rma que são apenas ações para o fortalecimento do partido socialista, onde exerce a função de presi-

dente municipal. Na semana passada esteve em Manaqui-ri, Careiro da Várzea, Careiro Castanho, Nova Olinda do Norte e Autazes.

Ímpeto de mudançaEM TEMPO – Como

iniciou o seu interesse em entrar na disputa ao governo?

Hissa Abrahão - Todo mundo que entra no meio político deseja sempre poder fazer mais pelo seu Estado e comigo não foi diferente. So-nho sim, em ser governador do Amazonas. Esta será a minha segunda tentativa. Sei que me criticam pelo ímpeto de mudança que tenho, mas sei que posso fazer a diferença.

EM TEMPO – O que irá lhe diferencia dos de-mais pré-candidatos?

Hissa Abrahão - O povo vive um clima de mudança e não querem candidatos com megaestruturas de campa-nha, e sim postura. E eu ve-nho com esse propósito, isso sim vai fazer a diferença nas urnas. Estou me preparando com ideias e projetos. Quero implementar ideias de com-promisso com a gestão pú-blica e os servidores.

Ousadia e vontade política

José Melo acredita que agora chegou a sua vez de governar o Amazonas e aposta no passado político para conquistar o posto

Hissa aposta em seu ímpeto de mudança para sair vitorioso pela corrida ao governo do Estado

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AÇÃO

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

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A10 Política MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Audácia e juventude entram na disputa pelo voto popularMarcelo Ramos e Chico Preto colocam à disposição dos eleitores propostas de cunho tecnológico e inovador para o Amazonas

Oposicionis-ta na Aleam, Marcelo Ramos é o único re-presentante do PSB na casa. Nacionalmente, sua cadidatura é apoiada pelo pré-candidado à Presidência da República Eduardo Cam-pos (PSB-PE)

Atuante na Aleam, Chico

Preto trocou de partido a fi m

de concorrer ao pleito eleitoral,

que irá ele-ger o próximo governador do

Amazonas

Dos oito principais pos-tulantes ao governo do Amazonas, dois integram o corpo de

deputados da Assembleia Le-gislativa do Amazonas (Aleam). Chico Preto (PMN) e Marcelo Ramos (PSB) já confi rmaram suas pré-candidaturas e sinali-zam vontade e confi ança para vencer o desafi o. Eles apostam em campanhas voltadas para o diálogo e compromisso com a sociedade. A vida política da dupla tem em comum, a ruptura com seus partidos de origem.

Trazendo na bagagem a militância em movimentos estudantis, Marcelo Ramos (PSB) é dono de discursos que movimentam a Aleam. A pos-tura de oposição lhe rendeu o respeito do seu partido, que o escolheu para representá-lo no pleito de outubro.

Formado em Direito pela Uni-versidade Federal do Amazonas com 22 anos, Marcelo é pós-graduado em Direito Processo Civil pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Advogado na área trabalhista e sindical, professor de Direito do Trabalho e Direito Civil, Ramos ingressou na política por meio do movi-mento estudantil secundarista.

Foi presidente do Grêmio Lassalista do Centro Educa-cional La Salle em 1991 e posteriormente tornou-se pre-sidente do Centro Acadêmico de Direito da Ufam. Em 2004 concorreu a uma cadeira na Câmara Municipal de Manaus (CMM), onde foi suplente e as-sumiu a vaga em 2007. Ramos ocupou ainda cargos no serviço público. Foi subsecretário mu-nicipal de esportes em 2005 e chefe de gabinete do Departa-mento de Relações Internacio-nais do Ministério do Esporte em Brasília em 2006.

Em 2007 retornou a Manaus para assumir o mandato na CMM. Dois meses depois de as-sumir a cadeira, se licenciou do cargo para se tornar presidente do Instituto Municipal de Trans-portes Urbanos (IMTU), onde permaneceu até abril de 2008, quando reassumiu o cargo de vereador, para o qual foi ree-

leito com mais de cinco mil votos.

S u a ida para a Aleam o c o r -reu em 2 0 1 0 , quando 19 mil votos lhe renderam o status de único representante do Par-tido Socialista Brasileiro (PSB) na Casa. Sua participação em comissões internas é intensa. Ramos é presidente da comis-são de Transporte, Trânsito e Mobilidade Urbana e membro das comissões de Esporte, Lazer e Juventude; Comissão de Constituição, Justiça e Re-dação; Comissão de Gestão e Serviços Públicos e Comissão

de Segurança Pública.O plano de governo de Ramos

está sendo formulado em reuni-ões com integrantes do PSB e, segundo ele, é estruturado em três pilares básicos: transpa-rência, efi ciência administrativa e participação popular. “Não abrimos mão desses preceitos, entendemos que é tudo o que tem faltado para as administra-ções anteriores”, comenta.

O pré-candidato ressalta ain-da que outros cinco itens terão lugar cativo no projeto que está sendo pensado. A proposta é da implantação de um pacto pela educação, de mecanismos que otimizem os serviços de saúde pública, de projetos que aju-dem o município a gerenciar os problemas de infraestrutura, além de políticas que valori-zem os profi ssionais ligados à segurança pública e a mobili-dade urbana.

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

MUDANÇAOs dois pré-candida-tos deixaram as siglas às quais pertenciam para lançarem-se em partidos que apoias-sem suas propostas de mudança, por meio de outros cargos dentro da hierarquia política

EM TEMPO: No que seu projeto de campanha di-fere dos demais?

Marcelo Ramos: O gru-po que mantém alternância no poder há mais de 30 anos deixou um legado ex-tremamente negativo para o Estado e nos diferencia-mos dele porque queremos melhorar os índices de de-senvolvimento humano e educacional do Amazonas. Queremos valorizar os pro-fessores e policiais como eles não fi zeram, queremos montar estratégias para a gerência da saúde, que está sem controle. Também pensamos nas hidrovias como alternativa de re-forço para o Polo Industrial

de Manaus, pretendemos dar fi m a crises na energia e na comunicação.

EM TEMPO: Por que o eleitor deve lhe dar um voto de confi ança?

Marcelo Ramos: Por-que sou o único candidato que não tem esse grupo no DNA. Represento a mudan-ça que a população almeja, não tenho dúvidas de que o momento histórico exi-ge de mim uma atitude de desprendimento e coragem. Exige de mim oferecer ao povo do Amazonas uma alternativa de mudança e renovação. Uma alternativa que resgate a esperança das pessoas na boa política.

Desenvolvimento humano

Chico Preto é cria do PMDB, legenda comandada pelo senador Eduardo Braga, com o qual disputará o cargo. Mas, em 2013 surpreendeu ao romper com o grupo e ingressar no Partido da Mobi-lização Nacional (PMN), onde é presidente estadual. Um dos motivos alegados pelo parlamentar foi a falta de espaço dada à sua vontade de disputar o governo do Estado na eleição deste ano.

A defesa de sua candidatura é feita com base em precei-tos de combate às drogas, reinserção da família ao am-biente escolar e a criação de oportunidades de lazer. Chico sustenta que pretende fazer uma campanha de diálogo e convergência com a socie-dade. Conforme a secretária nacional do PMN, Telma Ri-beiro, a escolha do deputado para representar o partido tem como principal objetivo pro-

Figura política ‘consistente e madura’

Área de tecnologia é ponto convergente em ambas as propostas

porcionar aos eleitores uma nova possibilidade. “É uma fi gura consistente e madura”, ressaltou ela.

O pré-candidato também quer unir juventude e expe-riência para dar “um olhar especial” às necessidades do interior. Segundo ele, seu plano de governo dará à sociedade propostas de melhorias nos setores básicos do serviço público, tais como educação, saúde e infraestrutura.

Em 2006 conquistou a su-plência para o cargo de depu-tado estadual, alcançando a nomeação em 2008 e sendo eleito dois anos depois para o segundo mandato. Durante sua atuação como vereador, foi responsável por 13 projetos de lei, aprovados e sancionados. Na Aleam conseguiu emplacar 18 projetos, sendo o que institui 5% das unidades habitacionais a pessoas com defi ciência o mais importante.

EM TEMPO: No que seu projeto de campanha difere dos demais?

Chico Preto: Nossa cam-panha terá foco no desenvol-vimento. Diferente das outras gestões que muito promete-ram para o setor primário, queremos alavancar o poder econômico deste segmento. Sonho em ver o Amazonas para o peixe, como o Mato

Grosso é para a soja. Faremos isso com base na consolidação de uma telecomunicação efi -caz. Ela será a chave de tudo, porque por meio de uma boa conexão de internet, um siste-ma de telefonia que funcione, poderemos agilizar a liberação de recursos, aperfeiçoaremos a educação, saúde e mesmo a transparência que são extre-mamente ligados ao setor.

EM TEMPO: Por que o eleitor deve lhe dar um voto de confi ança?

Chico Preto: Por que te-nho o compromisso de tirar o Estado do abandono e es-tou habilitado, por meio dos meus mandatos de vereador e deputado estadual, a fazer isso. Quero levar as políticas públicas para outro nível, aca-bar com o uso das secretarias

como moeda de trocas po-lítica. Tenho certeza que em quatro anos, com articulações junto ao governo federal e empresários, poderemos mu-dar os rumos econômicos do Estado. Pretendemos ainda diminuir o tamanho da máqui-na pública, atualmente 6 mil cargos comissionados fazem com que ela fi que pesada, mas de forma responsável.

Setor primário como uma das prioridades

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 A11Política

MARKETING POLÍTICOÉ fundamental, mas não faz milagres

1992Chico San-ta Rita (no destaque) foi o marqueteiro do grupo político de Amazonino Mendes, que fez a lição de casa e todos – Eduardo Braga, Alfredo Nascimento e Omar Aziz –, chegaram ao poder

Lembram do Lula candi-dato nas três primeiras eleições em que foi der-rotado nas urnas? Barba

rebelde, cabelo desgrenhado, testa franzida, semblante car-regado, voz raivosa e ternos malcortados. Comandava um partido que exagerava na cor vermelha até então associada ao comunismo, o que espantava os votos dos conservadores. Foi o trabalho do marqueteiro Duda Mendonça, em 2002, que transformou o “Lula não estou muito bem hoje” no “Lulinha paz e amor”. A despeito dos acontecimentos do mensalão, Duda fez um trabalho magnífi co e ninguém deve colocar em jogo sua competência profi ssional. O visual do candidato mudou radi-calmente. Lula passou a apare-cer com a barba bem aparada, cabelo cortado por grandes pro-fi ssionais cabeleireiros, ternos bem cortados e camisas com colarinho inglês. Passou a sorrir mais, falar mais suavemente e o material de campanha do PT manteve a estrela vermelha, mas carregou no fundo branco que deu um toque de suavidade ao visual da campanha.

Comparando o ano de 2002 com os anteriores (1989, 1994, 1998) salta aos olhos uma gran-de mudança na imagem do pre-sidente Lula, principalmente, no peso corporal, nas roupas, na barba e no cabelo. Em 2002 Lula venceu as eleições presi-denciais, concorrendo com José Serra (PSDB/PMDB). No primei-ro turno, Lula teve 46,44% dos

v o t o s c o n t r a 23,19% de Ser-ra. No segundo t u r n o , Lula ga-r a n t i u a vitó-ria com 61,27% dos votos.

Na campanha às eleições municipais de 1992, que foi vencida inteligentemente por Amazonino Mendes, o candi-dato montou uma equipe de peso em Manaus e recebeu a assessoria do pioneiro do marketing político, Chico San-ta Rita. Naquela época, Santa Rita já dizia que, num futuro bem próximo, seria quase im-possível fazer uma campanha sem um marqueteiro.

De 15 em 15 dias, Chico Santa Rita vinha em Manaus e fazia uma reunião em uma das salas da Oana Publicidade. Primeiro conversava com o candidato, depois com a equipe de jorna-listas e publicitários. Avaliava a estratégia dos adversários, e di-zia onde Amazonino tinha avan-çado e onde estava errando. O candidato, por mais incrível que possa parecer, ouvia e fazia a lição de casa direitinho, coisa rara nos políticos que geral-mente “sabem tudo” e “nenhum assessor sabe nada”.

Amazonino soube ouvir e derrotou nas urnas José Dutra, candidato do então governador Gilberto Mestrinho, do prefeito Arthur Virgílio Neto e de 70% dos veículos de comunicação de

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

Durango: Amazonas tem a eleição mais cara do Brasil, proporcionalmente

Conheça a seis dicas do mar-queteiro Durango Duarte para eleger o próximo mandatário do Estado.

EM TEMPO – O que é necessário para que um polí-tico possa ter a pretensão de querer governar seu Estado, amparado pelos votos de seu povo?

Durango Duarte – Ter o controle de um partido político; 2) ter desejo e ambição em chegar ao poder; 3) possuir um histórico político reconhecido; 4) ter uma razoável densidade eleitoral; 5) ser dotado de ca-pacidade de articulação com as forças políticas da sociedade, incluindo os partidos políticos; e 6) ter um discurso sintonizado com os anseios da sociedade, capaz de mobilizar o sentimento da população.

EM TEMPO – Pelo per-fi l do eleitor amazonense, o que conta mais: ideias, aparência física, facilidade de comunicação ou dinheiro para investir pesado em uma campanha?

Durango – Para o cargo de governador, o eleitor ama-

zonense tem de reconhecer no político as realizações que ele conseguiu: ter sido um excelente parlamentar, um bom prefeito etc. Deve haver o reconheci-mento por ter um trabalho bem feito pelo Estado. O amazo-nense gosta muito da ideia do político trabalhador, realizador e empreendedor.

EM TEMPO – Que conselho o senhor daria para um candidato que pretende se eleger governador do Es-tado?

Durango – Que ele não tenha pena de gastar e já comece a correr atrás do dinheiro. A elei-ção mais cara de governador no Brasil, proporcionalmente, é a daqui do Amazonas.

EM TEMPO – Em termos de

comunicação, propaganda e marketing, quanto custaria eleger hoje o governador do Amazonas?

Durango – Historicamente, as campanhas vitoriosas cus-tam de R$ 60 milhões a R$ 120 milhões. As que apenas participam da eleição podem gastar de R$ 500 mil a R$ 3 milhões.

R$ 120 milhões. É quanto custa eleger um governador

via internet como um todo –, já é indispensável e fala mais que as redes sociais isoladas. Há blogs de apoio, sites, portais e um monte de ferramentas de internet ampliando o raio de alcan-ce do conhecimento de uma candidatura e do conteúdos dos candidatos.

— Só que é preciso muito cuidado com o conteúdo falso,

com conteúdo que não tem a cara do candidato. Autentici-dade é coisa séria – adverte.

Para citar um exemplo mais recente, Coronel lembra que as mídias sociais podem não ser apontadas como as cul-padas pela derrota da can-didata Vanessa Grazziotin à Prefeitura de Manaus, mas contribuíram para abalar a imagem dela.

O peso das redes sociais nas eleiçõesNas campanhas políticas

às eleições de outubro, além da imagem, do discurso, das propostas e do fi nanciamento de campanha, o candidato também terá que se preocu-par com uma coisa chamada rede social, hoje uma das mais poderosas ferramentas para se chegar ao eleitorado.

Bem utilizada, poderá ser efi caz na conquista do voto, como foi para o presiden-te Barack Obama. Mas, um erro, uma frase malcolocada ou uma opinião errada pode colocar tudo a perder.

Para o jornalista e marque-teiro Jeff erson Coronel, nas eleições do Amazonas, o peso que a internet poderia ter nas próximas eleições será pre-judicado pela difi culdade da rede chegar aos municípios.

— Mas na capital, esse peso será grande. Creio que ainda não vai dar esse voto todo, mas, como se diz, faz liga, mantém o eleitor em contato,

interagindo com o candidato. Abre uma proximidade candi-dato/eleitor. O perigo é o erro. Quem cometer erros poderá perder muito mais que ganhar. Por outro lado, não recomendo candidato fi car fora das redes sociais – aconselha Coronel.

Marqueteiros vencedores como Duda Mendonca, dizem que a internet “ainda poderá vir a ser a ferramenta mais poderosa” de uma campanha política, mas que no momento a “televisão ainda é a mais forte”. Jeff erson Coronel con-corda. Para ele, a TV ainda é mais impactante, ainda tem muito crédito.

— Depois, o modelo de campanha com TV está se-dimentado. Então, candidato que quiser ganhar a eleição tem de estar consciente de que será necessário fazer um bom investimento em televi-são – observa Jeff erson.

O marqueteiro alerta que o marketing digital – as ações

Jeff erson: é preciso cuidado com o conteúdo das redes sociais

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Manaus, numa das mais duras eleições da história da capital.

De acordo com Santa Rita, toda campanha necessita de um acompanhamento atento, capaz de antever facilidades ou problemas de percurso, para acelerar ou frear nos momentos adequados.

— Quem faz isso é o candi-dato? Não. É isso o que o mar-keting político faz. O candidato vai para a rua, para os encontros, para o corpo a corpo, para as atividades que ninguém pode fazer por ele. É esse entendi-mento que muitas vezes falta nas campanhas eleitorais, com a presença do político ‘faz tudo’ e ‘sabe tudo’. – explica.

Para ele, entre os políticos também há muita desinfor-mação. “Ora se entende que esse trabalho é capaz de realizar milagres; ora se des-denha da sua efi cácia. Nem lá, nem cá” explica.

Para o diretor-presidente da Perspectiva e Marketing, Du-rango Duarte, no mercado de

Manaus já existe, de fato, o profi ssional de marketing po-lítico no Amazonas e não ape-nas agências de publicidade que enriqueceram montando campanha para político, como há 10 anos. Ele garante que al-gumas pessoas já atuam nessa atividade em Manaus, “seja por sua experiência histórica ou por formação acadêmica”.

— Mas, ainda é um univer-so muito pequeno. E sobre as agências, não existe nenhuma em Manaus que tenha um pro-fi ssional especializado em mar-keting político.

Durango avalia que a re-lação entre o marketeiro e o candidato deve ser profi ssio-nal e equilibrada. Isto é, não necessariamente o candidato tem que obedecer cegamente o marqueteiro e nem o político deve adotar o estilo do candida-to que sabe tudo, que faz tudo e que entende de tudo.

— O bom candidato não pode ser uma marionete do marke-ting e muito menos um esponta-

neísta que acha que sabe tudo. Nem uma solução, nem outra. Deve haver o meio termo.

Segundo Durango Duarte, o marketing é importante ‘mas não faz milagres”. Perguntado se é possível mudar a imagem de um “candidato fi cha-suja”, ele é incisivo.

— Esse milagre não existe. O problema é que existem mais fichas-sujas do que lim-pas. O eleitor, então, não tem muitas opções.

Em alguns casos do Ama-zonas, parece que os meios de comunicação e a velocidade com que as notícias chegam ao eleitor não contam mui-to. Alguns candidatos tiveram comportamentos repugnantes e cometeram crimes bárbaros,

mas continuam se elegendo e exercendo o mandato como se nada tivesse acontecido. Cai por terra um conhecido man-damento do marketing político que diz que as pessoas possuem características que infl uenciam na efi cácia do seu discurso, dentre elas estão a credibili-dade, a atratividade física e a simpatia. “A primeira carac-terística refere-se ao grau de crédito que a pessoa possui, com base no conhecimento de sua capacidade e probidade. A capacidade refere-se ao que a pessoa conhece sobre determi-nado assunto, e a probabilidade é o grau de imparcialidade e honestidade da pessoa”. Quan-tos políticos você conhece com essas características?

Lula antes e depois de Duda Mendonça

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A12 Política MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

População estará atenta às propostas que irão às ruas

Às vésperas da eleição que irá decidir quem será o escolhido pelo voto popular para exercer, pelos

próximos 4 anos, o cargo de governador do Amazonas, a população se posiciona sobre o perfi l do candidato que melhor irá representar o Estado. Educação, saúde e economia são os pontos que

‘‘Perfi l voltado para as necessida-des do povo. Quero um governa-

dor que se preocupe com a saúde e educação, o Amazonas precisa melhorar nestas áreas. Tem que

investir nas escolas, em infra-estrutura e no ensino. Os jovens

precisam desejar estudar e buscar bom emprego e o governo pode contribuir com isto. Há lugares

que o ano letivo começa e o local onde eles fi zeram matrícula está

em reforma, e isto é péssimo, desanimador. A base de tudo é o

ensino e com qualidade’’.Taiza Helena, 47,

acadêmica de Nutrição.

‘‘Se o governador que será eleito atender às questões de obras

sociais, investimento na educação e melhorias no serviço de saúde já é ideal para mim. Eu lembro quem votei nas últimas eleições, de cer-

ta forma correspondeu com alguns avanços. Ainda não é o bastante, a saúde está devagar. O interior

está isolado. Cadê as estradas, que além gerar empregos diretos e indiretos irão contribuir com o

desenvolvimento nos municípios?’’. Edson Souza, 33,ajudante de obras.

‘‘Governador presente tanto na capital como no interior. Em

tempos de eleição constantemen-te estão nos municípios. Como prioridade aponto segurança,

infraestrutura e melhor ensino. As creches também não podem ser

esquecidas, ainda tem criança que não frequenta escola, não tem contato com o ensino logo nos

primeiros anos de vida. O ensino acadêmico tem melhorado, isso

porque temos as opções particu-lares e com isso tem crescido o

nível superior na população’’.Anacleto Barbosa, 52, Técnico

administrativo em educação

‘‘Tem que ser sério, isto é, respon-sável com a área da saúde, que está precária. Se quero atendi-mento tenho que acordar às 5h, amanhecer na porta do hospital para receber fi cha de atendimen-to. A educação também precisa de investimento, o governador ideal é o que vai ao encontro dos interes-ses e necessidades da população’’.

Joana D’ arc, 59,autônoma

‘‘Ele precisa ser humano para estar comprometido com o Estado e conhecer as precariedades. Pre-cisamos de mudanças urgentes na segurança e na limpeza pública, no que a atual administração deixou a desejar. Outra questão de vergonha é o trânsito, uma desorganização, transtorno em todos os horários. Penso também na área habitacional. É preciso um progresso, com as cheias e chuvas intensas vem a calamidade’’.Wanderson de Souza,

32, segurança

‘‘Penso no governador jovem e interessado com as políticas públi-cas e com o clamor social. O ideal é que sua atenção seja na saúde, economia e segurança. Este é o trio de melhorias que a população amazonense deseja. Não basta ter médico se os hospitais não têm equipamentos e estrutura adequada. Quero um governador com o poder de melhorar a vida do cidadão’’.

Edson Simões, 49,Técnico em elétrica

Otoni Mesquita, artista plástico.

“Idealizo um político, no sentido literal da palavra, um ser preocupado com o bem co-mum, portador de uma visão ampla nas questões que afetam o nosso Estado. Além de ser crítico e sen-sível com relação à preservação do meio ambiente e das carências da população. Perfi l

do governador que almejo não tem atenção ao seu ganho pessoal, e compõe perfi l seguro dian-te da troca de favores e da corrupção. Espero que elejam um governante fi rme em suas con-vicções voltadas ao bem comum, como já dito”.

Érico Desterro, Conselheiro do Tribunal de Contas do Es-tado do Amazonas (TCE/AM)

“O Amazonas pre-cisa de um homem comprometido com o desenvolvi-mento sustentável e valorizador da administração pública de forma séria. Este perfi l, se adotado pelo próximo e futuros, e demais envolvi-dos nesta esfera pública, transfor-maria o Estado e a administração pública amazo-nense”.

Desembargador Rafael Romano, Vice-presidente do

Tribunal de Justiça do Amazo-nas (TJAM).

“O perfi l do gover-nador que imagino é puramente de-mocrata e voltado às questões das classes menos favorecidas, que ouça as vozes rou-cas das ruas e te-nha olhos voltados para as máquinas humanas no servi-ço público, que são os professores, agentes de saúde, médicos, enfi m,

todas as classes que impulsionam o crescimen-to e desenvolvimento de um Estado. O novo governador deve ser aberto ao diálogo, acom-panhar as obras de interesse social e executar melhorias na educação. Além de tratar bem o orçamento e o sistema de transporte público.

Fábio Monteiro, promotor de Ministério Público.

“Em minha opi-nião, ele precisa ser compromis-sado com as questões sociais e intransigente com a corrupção, e em hipótese alguma, possa compactuar com ações que fujam do interesse da população, não faltando com a ética. Sabendo ter um governo

comprometido com os princípios da cons-tituição, que são a ética e a moralidade. Sendo assim, com o poder irá melhorar e investir nas melhoras para o Amazonas”.

mais preocupam os eleitores, que classifi cam essas áreas como críticas e com investimentos insufi cientes.

Para os entrevistados, o Amazonas precisa de um governante democrata e atento às necessidades apontadas pela população. Os eleitores também mostraram ter mais consciência política e que estão se preparando melhor para o período eleitoral que se apresenta.

Muitos dizem lembrar dos candidatos em que votaram nas últimas eleições e que buscam acompanhar as realizações, ou falta delas, por parte dos candidatos eleitos. Mais criteriosos na hora de depositarem os votos na urnas, os eleitores mostram interesse em conhecer os planos de governo dos candidatos que pleiteiam chegar à chefi a do executivo estadual.

DENY CÄNCIOEspecial EM TEMPO

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EconomiaCa

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o B

[email protected], DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 (92) 3090-1045Economia B2

Sost ware em prol da rede hoteleira local

IONE MORENO

Merenda regionalizada, um bem a alunos e produtoresDe 2005 para 2014, o Preme contratou mais de R$ 200 milhões de uma lista de 53 produtos do setor primário

Desde quando deixa-ram de oferecer bo-lachas, enlatados e sucos industrializa-

dos na merenda escolar, de 2005 a abril de 2014, o Pro-grama de Regionalização da Merenda Escolar (Preme), do governo do Amazonas, con-tratou mais de R$ 200,6 mi-lhões, por aproximadamente 50,6 mil toneladas de produ-tos oriundos do agricultor do setor primário amazonense. Os dados estão na última planilha da Agência de De-senvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS).

Segundo o presidente da ADS, Miberwal Juca, em 9 anos de existência do Preme, o total de 14.535 produtores credenciados à agência aju-daram a aumentar a lista de oito produtos em 2005 para 53 rateados entre a Secre-taria de Estado da Educação (Seduc), que nesse período contratou mais de R$ 162,8 milhões e a Secretaria Muni-cipal de Educação (Semed), de Manaus, cujo valor con-tratado, de 2007 a 2014 chegou a R$ 37,8 milhões.

“O Preme foi uma grande sacada que põe na mesa das crianças das redes de ensino do Estado e do mu-nicípio de Manaus, produtos do setor primário do Amazo-nas”, comenta o presidente da ADS.

Os itens que chegam às 582 escolas da Seduc e às 510 da Semed para os 776 mil alunos dos dois órgãos de educação, de acordo com Miberwal, obedecem à sa-zonalidade de cada produ-to e ao cardápio escolar, elaborado por nutricionista das redes, com todas as

exigências da faixa etária dos alunos, e cumpri normas federais. “O Preme leva aos alunos frutas, carne, peixe, leite, queijo, polpa de frutas como o açaí, cupuaçu e até mesmo buriti, como prova da regionalização”, observa.

Para o presidente, a van-tagem do programa é que o aluno come hoje durante o período escolar produtos re-gionais que passam por aná-lise bacteriana, para atestar a qualidade e sanidade do produto. “Havia um período que só havia enlatado. Hoje tem carne, peixe fresco e frutas frescas”, completa.

Segundo Miberwall, os for-

necedores do Preme atuali-zam seus credenciamentos todos os anos para garantir, junto a ADS, para garantir a legalidade do processo de compra dos produtos. O último processo de regulari-zação iniciou em dezembro do ano passado e encerrou em fevereiro. “Todos que procuraram a ADS para se credenciar foram efetuados. Um ou outro que apresentou problema de certidão, e nós demos 15 dias para se re-gularizar”, afirma.

Miberwal informa que, para se credenciar, o pro-dutor individual precisa apresentar os seus docu-mentos pessoais e a carteira de produtor do Instituto de Desenvolvimento Agropecu-ário do Estado do Amazonas (Idam). Enquanto as coo-perativas e as associações de produtores, por serem personalidades jurídicas, precisam apresentar toda a documentação, desde a criação da entidade à suacapacidade produtiva.

Os produtores que parti-cipam do Preme recebem a assistências técnica do Idam e estão aptos aos financia-mentos ofertados pela Agên-cia de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), do Basa e do Banco do Brasil, a juros baixos, principalmente aqueles que participam do Programa Nacional de For-talecimento da Agricultura Familiar(Pronaf).

Para substituir os enlatados servidos às crianças nas escolas, o Programa de Regionalização da Merenda Escolar incentivou a produção de frutas, verduras, peixes e carne bovina no Amazonas

O produtor rural Aluísio Pollmeier, do município de Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus) está no progra-ma há cinco anos, sendo que nos dois últimos anos realizou entrega individual. Seu contrato com a ADS é da ordem de R$ 130 mil, ao ano, por 40 toneladas.

Ele avalia o Preme como uma segurança para o pro-dutor em termos de o preço bom e pagamento garanti-

do. “Embora não consuma toda a minha produção, vejo que o produtor é realmente valorizado”, salienta.

Produtor de legumes, fru-tas e hortaliças, Pollmeier que é mais conhecido como Gaúcho, embora seja cata-rinense, tem como principal item o pimentão que para o programa negocia o quilo a R$ 4,10. “Continuo com o programa por que sei que vou vender com o preço jus-

to, e as crianças das escolas terão um produto fresquinho e saudável”, comenta.

Além do pimentão o agri-cultor produz tomate, cuja produção sofre por conta do calor e da umidade do ar, cheiro verde, pepino e limão. “Enquanto estiver aula, eu sigo entregando produto. Quando começam as férias, a nossa situação fi ca difícil. Tenho que procurar outros compradores”, conta.

Segurança para o agricultor

PRODUÇÃODe 2003 para 2014, a produção adquirida pelo programa saltou de 43.033 para 50.685 toneladas, produzidas por 61 entes entre coo-perativas, associações e produtores individu-ais e 75 agroindústrias

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

O total de 775 mil alunos, da rede estadual e municipal de ensino, consomem alimento regional

FOTOS ARQUIVO EM TEMPO/SHANA REIS

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Sost ware amplia vendas na hotelaria de Manaus Pelo menos quatro empreendimentos situados na capital amazonense já aderiram à ferramenta de marketing digital

Grupo Rede Manaus Hotéis utiliza o sost ware Buutteq em seu site institucional na internet

Na busca de transfor-mar o próprio site em uma ferramenta de vendas capaz de

gerar mais reservas diretas, on-line do hóspede, sem inter-mediadores, a Rede Manaus Hotéis aderiu ao sistema de marketing digital “Buutteq” e a sua nova ferramenta “Col-lections”, o primeiro no mundo a utilizar o cloud computing (computação na nuvem) para grupos de rede hoteleira.

A Rede Manaus Hotéis pos-sui na capital amazonense quatro empreendimentos (hotéis Adrianópolis, Millen-nium, Saint Paul e Express Vieiralves).

De acordo com o gerente de marketing do grupo, Rafael Degelo, tem características e serviços distintos. “O Buuteeq é oferece um produto único. É uma ferramenta que nos permite destacar cada uma das propriedades, sem perder de vista a força da nossa marca”, avalia.

Degelo lembra que, desde quando aderiram ao sost ware criado em Seattle, nos Esta-dos Unidos, por ex-funcioná-rios da área de marketing e negócios da Microsost , o grupo de hotéis sentiu o resultado efetivo no seu site.

“Recebemos um excelente feedback de nossos clientes desde que começamos a utili-

zar a buuteeq. Os sites aumen-taram o poder das imagens de nossa propriedade, gerando maior interesse dos consu-midores pelo nossos hotéis”, afi rma o gerente.

LançamentoPara o executivo de contas

da rede, Lucas Correa, nos dois anos, a conversão do acesso ao site em reservas dupli-cou a demanda de hóspedes comuns. “Atingimos o cliente individual, mais do que o cor-porativo que tem outra rela-ção de parceria. Conseguimos trazer aquele que procura um hotel da sua casa e compara preço e estrutura”, explica.

Lançada recentemente no mercado latino-americano, a tecnologia foi criada para estimular o tráfego no site, reter as visitas na página e convertê-las em reservas.

Além disso, todo o conteú-do do site aparece de forma otimizada em smartphones, tablets e facebook. Outro be-nefício é que a plataforma é auto administrável, ou seja, o hoteleiro pode fazer as altera-ções desejadas em sua página a qualquer momento.

AdesãoA tendência é que o novo

sost ware ganhe a adesão de novos adeptos na rede hote-leira de Manaus, em função da sua praticidade.

A tecnologia já caiu “na graça” de clientes em vários países ao redor do planeta.

Com mais de 6 mil hotéis clientes no mun-do, o sost ware Buuteeq, segundo a assessoria de comunicação no Bra-sil, arquitetou o novo sistema “Collections” especialmente para grupos, por conta da demanda crescente das redes hoteleiras. Elas buscavam uma forma de padronizar e facilitar o processo de compra on-line por parte do turista.

“O Collections une as informações de todas as unidades da rede em um único site, desen-volvido para ser claro, prático e efi ciente”, explica o fundador e diretor na América La-tina de Buuteeq, Adam Brownstein.

EstratégiaSegundo ele, o sis-

tema fornece também ao setor hoteleiro, es-tatísticas que mostram quais são as estraté-gias on-line que geram mais reservas diretas.

Adesão de 6 mil clientes no mundo

REPRODUÇÃO

Vitrine [email protected]

Mensalidades mais caras do Netfl ix no Brasil A partir de agora, os usuários que quiserem contratar o

serviço de streaming de vídeos Netflix - empresa norte-americana que aluga filmes on-line -, vão desembolsar um pouco mais para usufruir da plataforma no Brasil. O preço dos serviços subiu de R$ 16,90 para R$ 19,90.

A Netfl ix alega que o reajuste é necessário para melhorar a infraestrutura e investir na aquisição de fi lmes e produ-ção de séries próprias. A empresa também disponibilizou um plano de R$ 17,90 mensais por uma assinatura que garante acesso ao conteúdo em defi nição padrão.

Porém, os assinantes antigos no país só terão o valor ajustado em junho de 2015. Já nos Estados Uni-dos, esse congelamento será de 2 anos, segundo a Netflix, que possui quase 45 milhões de assinantes em mais de 40 países.

ClicksQuem acha que é

rápido em digitar no celular vai ter que trei-nar mais. O catarinense Marcel Filho, 18, entrou para o livro dos recordes Guinness Book como a pessoa mais rápida do mundo a digitar em um celular touchscre-en. São nove letras por segundo.

Será realizada nos próximos dias 14 e 15 de maio, em Porto Alegre, a 4ª. Edição do Encontro de Negócios BITS Busi-ness Matchmaking, que debaterá novos rumos do setor de Tecnologia

da Informação e Comuni-cação (TIC) no Brasil.

Os melhores re-gistros feitos de uma explosão solar po-dem ser vistos no link w w w. y o u t u b e . c o m /watch?v=p6puosuDpqI. As fotos foram tiradas pela Nasa, no dia 29 de março, captadas por quatro telescópios espa-ciais e um observatório situado no solo.

A Internet é o setor que mais recebe investi-mentos, segundo a con-sultoria Transactional Track Record.

RF alerta para golpeOs contribuintes amazonenses devem fi car atentos,

pois há um novo golpe que usa o logotipo e nome da Receita Federal, que pede atualização do programa do Imposto de Renda por meio de um link. Segundo o Fisco, o contribuinte deve ignorar essa mensagem eletrônica e não deve acessar o endereço indicado. Quem precisar fazer alterações, regularizações e consultas cadastrais devem utilizar o site www.receita.fazenda.gov.br. Fica o alerta para a população!

Amazonas fi cou “de fora”O Amazonas fi cou sem ne-

nhum representante entre as 32 empresas que concorrem à fi nal do Prêmio Nacio-nal de Inovação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se-brae). Os vencedores serão anunciados no dia 13.

“Deu zica” na Zynga Famosa pelos jogos Mafi a

Wars, FarmVille e City Ville, a Zynga perdeu quase metade dos seus jogadores durante

o último ano. A crise obrigou a empresa a demitir 15% de sua força de trabalho.

Missão brasileiraAté o dia 17 de maio, uma

missão com 12 empresas e entidades brasileiras de TI fi cará nos Estados Unidos para tratar de negócios de tecnologia. A delegação foi levada pela Câmara Ameri-cana de Comércio para se encontrar com líderes, in-vestidores e pesquisadores norte-americanos.

Centro de dados compartilhados

Desde o último dia 8, Manaus abriga o primeiro Centro de Dados Compartilhados (CDC) para computação em nuvem do país, que foi inaugurado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI). Segundo o instituto, o projeto deve contribuir para elevar a ciberinfraestrutura de fortalecimento da pesquisa no Brasil.

Os sistemas foram instalados pela Huawei. No total, serão mais de 1 mil servidores disponíveis à comunidade científi ca, com capacidade de armazenamento de toda a estrutura de 0,5 petabite. Para comparar, se colocar três fotografi as com capacidade de três megabytes uma ao lado da outra daria para armazenar 39 mil quilômetros de fotos no CDC.

Compras on-linePor falar em golpe, uma pesquisa realizada pela

consultoria GS&MD - Gouvêa de Souza mostrou que os internautas estão mais receosos em comprar na internet e não é por causa da exposição dos dados bancários. Segundo o estudo, a desconfi ança agora é sobre a entrega dos produtos (51% dos entrevistados).

O levantamento sugeriu que os e-commerces tra-balhem mais a confi ança do consumidor. A pesquisa foi realizada via internet com 2,2 mil internautas das cinco regiões do país.

EMERSON QUARESMAE ASSESSORIAEquipe EM TEMPO

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Recuperação da BR-319 é esquecida pelo Amazonas Debate sobre obras de revitalização foi relegada a um segundo plano com a discussão sobre a prorrogação da ZFM

Para Sidney Leite, o mo-mento é ideal para pres-sionar o governo federal a investir na recuperação da BR-319. “Durante a cam-panha, a então candidata, e hoje presidente, Dilma Rous-seff, veio visitar a BR-319 e disse que se tratava de uma

questão de honra. Nosso de-safio é entender que não podemos deixar passar esse momento para fazer valer o compromisso assumido, re-novando o pacto do governo federal com a Região Norte”, frisou em discurso, semana passada, na Aleam.

O parlamentar ressaltou que o modal poderá benefi-ciar, ainda, o escoamento da produção agrícola da Região Centro-Oeste, por meio do porto de Itacoatiara (a 177 quilômetros de Manaus), que é mais próximo do que os utilizados atualmente, no

Sudeste do país. TurismoOutra vantagem da via-

bilização da BR-319, levan-tada pelo deputado, seria o fomento do turismo, a partir da integração do Brasil com a Venezuela.

Momento é propício para investimentos

Enquanto as lideranças econômicas do Esta-do concentram forças para pressionar pela

aprovação do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), outro debate importante tem ficado em segundo plano: a recupe-ração da BR-319. Considerada essencial para escoamento dos produtos fabricados no parque fabril local, a estrada reduziria em quase 60% o tempo gasto para transportar um contêiner de Manaus a São Paulo, que hoje é de quase 12 dias, segundo dados da Federação das Em-presas de Logística, Transporte e Agencimento de Cargas da Amazônia (Fetramaz).

Segundo a entidade, hoje, esse percurso entre a capital amazonense e a cidade pau-lista exige investimentos de aproximadamente R$ 12 mil. Porém, com a BR-319, além de diminuir o tempo de es-coamento para 5 dias, ainda haveria uma economia de 20% com o transporte.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), a BR-319 teria um papel importante para reduzir o tempo e os custos com a logística para ecoar a produção das empresas insta-ladas na região. Durante pelo

menos dez anos, a rodovia foi um suporte para o transporte de produtos fabricados no Ama-zonas, como motocicletas, por exemplo, entre outros.

Por sua vez, o deputado estadual Sidney Leite anun-ciou que irá coletar assinatura

dos 23 deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) em um requerimento que será enviado a Brasília, solicitando a retomada das obras da BR-319. O parlamentar defende uma movimentação política para ‘destravar’ o processo de recuperação da rodovia.

Sidney Leite revelou que vai articular ainda o endosso do documento com as Assem-bleias Legislativas de Rorai-ma e Rondônia.

SUSTENTÁVELPara os defensores da BR-319, a utilização da rodovia não vai trazer impacto ambiental, uma vez que a estrada já está aberta, porém, com obras de recupe-ração paralisadas por falta de licenciamento

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ULG

AÇÃO

Uso da BR-319 permitirá redução de tempo e dos custos para escoar produtos fabricados em Manaus para outros Estados

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 B5

Profi ssão de mães para fi lhasNeste dia de homenagens às nossas genitoras, o EM TEMPO conta histórias de mulheres que nos últimos dez anos passaram a ocupar o posto de esteio da família

Professoras, artesãs, agricultoras. O que mães de diferentes profi ssões possuem

em comum? Entre as inúmeras qualidades, elas são dedicadas e competentes e presentes em meio ao novo modelo de famí-lia, que não conta apenas com a fi gura do homem, como o provedor do lar. E no dia delas, o EM TEMPO conta um pouco da vida de mães que trazem a responsabilidade de repassar às fi lhas o valor do trabalho.

A artesã Omaida Pereira Vasque, 32, cresceu observan-do as mãos ágeis e delicadas da mãe Arquelima Ramos Pereira, 48, na confecção de peças ar-tesanais. Índias da etnia tikuna, as duas enfrentam o desafi o de trabalhar para ajudar no sustento da família e principal-mente para não deixar a cultura do seu povo morrer.

Dona Arquelima é compene-trada no que faz e lembra que a característica foi adquirida na observação de seus pais. “Aos 11 anos comecei a observar os meus pais e tomei gosto pelo artesanato. Fiquei feliz quando vi que minhas fi lhas também gostavam”, salienta.

Omaida que é mãe de uma menina, conta que começou a ajudar a mãe aos 12 anos e diz que ainda tenta aprender os segredos do trabalho que a matriarca desempenha. “Não é fácil. Ainda não sei fazer várias coisas. Ela é uma profi s-sional muito boa”, comenta.

Os brincos, colares, pulsei-

ras e redes feitas pela família de Arquelima são famosas na cidade e podem ser encon-tradas em exposição no Cen-tro Cultural Woutchimaücü, bairro Cidade de Deus, Zona Leste. De quinze em quinze dias, a exposição acontece no Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

A professora Claudete Pi-

mentel, 55, não esconde a emoção de ter a fi lha Patrícia Sampaio, 28, como colega de trabalho, na escola muni-cipal Sociólogo Herbert José de Souza, bairro Novo Aleixo, Zona Norte. As duas usam da sintonia natural de mãe e fi -lha, para trocar experiências. As refl exões sobre a melhor maneira de transmitir conhe-cimento nascem na casa das duas, ao fi nal do dia, quando elas procuram se atualizar.

Quando as informações chegam por meio das novas tecnologias, Patrícia ajuda a mãe, que orgulhosa escuta os ensinamentos. Mas, nada como a sensatez e a experi-ência da mãe, para puxar um pouco o freio da nova gera-ção, que no afã de novida-des esquece que o tradicional também é importante.

Patrícia, que quando criança acompanhava a mãe nas aulas, conta que tentou desviar dos caminhos de Claudete. Hoje, contudo, não se diz arrepen-dida de seguir a profi ssão da mãe, a exemplo da sua irmã, que também é professora. “A educação me pegou de jeito. Muito por gostar da área, mas principalmente por admirar o modo com que minha mãe tratava a profi ssão”, refl ete.

É uma lição praze-rosa. Ela está com todo gás para ensi-nar e isso me entu-siasma. Minha fi lha me ensina novida-des todos os dias

Claudete Pimentel, mãe e professora

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

A índia tikuna Omaida Pereira (à esq.) aprende as técnicas de artesã com a mãe Arquelima

A última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Ge-ografi a e Estatística (IBGE), na síntese de indicadores so-ciais em 2012, revelou que o número de famílias no país chefi adas por mulheres cres-ceu mais do que quatro vezes,

nos últimos dez anos.No quesito casal sem fi lhos,

a força do trabalho da mulher saltou substancialmente de 4,5% para 18,3%. Na média dos que possuem crianças a autoridade feminina passou de 3,4% para 18,4%.

Em 1996, 20,81% das casas tinham como chefe uma mulher, segundo pesquisa doinstituto à época. Quatro anos depois, na pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2000, a porcentagem subiu para 26,55%.

A pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada em setembro de 2012, realizada também pelo IBGE, apontou que 37,4% das famílias têm como pessoa de referência uma mulher.

Conforme o estudo, as mu-danças no quadro familiar que

passam a ter as mães como principal esteio, seguem sendo favorecidas e consolidadas en-tre outras coisas, pelo “ingresso maior de mulheres no mercado de trabalho, a postergação da idade ao casar e o contínuo aumento da escolaridade”.

A década das mães como chefes de família

E que tal uma banca de verduras comandada por seis mulheres? Na feira do Produtor, localizada no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste, é possível encontrar a dona Valdonila Rodrigues, 61, cheia de alegria. Ela está cercada por fi lhas e netas, e juntas são responsáveis por sustentar a família que vem de longe.

Naturais do município de

Presidente Figueiredo, lo-calizado na Região Metro-politana de Manaus (RMM), as feirantes também são agricultoras que plantam os produtos que vendem.

O resultado de tanto es-forço está estampado no rosto de cada uma, que emocionadas lembram que dali sai o dinheiro para pagar a faculdade da irmã caçula, que cursa o 6º pe-

ríodo da faculdade de as-sistência social.

“Tenho cinco fi lhas e 25 netos, uma delas trabalha aqui comigo. Nossa vida não é e não foi fácil. Tive que trabalhar de sol a sol para criar minhas fi lhas. Hoje ajudo a criar os netos. Não me arrependo de nada, sou apenas muito grata a Deus e às minhas fi lhas que são o meu maior motivo de não

parar”, salientou Valdolina.Alexandra Rodrigues, 31,

a caçula da família, não mede elogios à mãe que a tem como “guerreira e tra-balhadora”. A futura assis-tente social se diz orgulhosa de participar da família tra-balhadora que a mãe gerou. “Abaixo de Deus só ela. Não tenho palavras para descre-ver o orgulho que tenho da minha agricultora”, afi rma.

Mulheres que plantam, colhem e vendem

MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 B5

Profi ssão de mães para fi lhasProfi ssão de mães para fi lhasparar”, salientou Valdolina.

Alexandra Rodrigues, 31, a caçula da família, não mede elogios à mãe que a

que plantam, colhem e vendem

Valdolina Rodrigues (no centro) rodeada por fi lhas e netas que a seguem na produção e na venda sem deixar de sonhar

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Professoras Claudete e Patrícia, mãe e fi lha unidas pela educação

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 B5

Profi ssão de mães para fi lhasNeste dia de homenagens às nossas genitoras, o EM TEMPO conta histórias de mulheres que nos últimos dez anos passaram a ocupar o posto de esteio da família

Professoras, artesãs, agricultoras. O que mães de diferentes profi ssões possuem

em comum? Entre as inúmeras qualidades, elas são dedicadas e competentes e presentes em meio ao novo modelo de famí-lia, que não conta apenas com a fi gura do homem, como o provedor do lar. E no dia delas, o EM TEMPO conta um pouco da vida de mães que trazem a responsabilidade de repassar às fi lhas o valor do trabalho.

A artesã Omaida Pereira Vasque, 32, cresceu observan-do as mãos ágeis e delicadas da mãe Arquelima Ramos Pereira, 48, na confecção de peças ar-tesanais. Índias da etnia tikuna, as duas enfrentam o desafi o de trabalhar para ajudar no sustento da família e principal-mente para não deixar a cultura do seu povo morrer.

Dona Arquelima é compene-trada no que faz e lembra que a característica foi adquirida na observação de seus pais. “Aos 11 anos comecei a observar os meus pais e tomei gosto pelo artesanato. Fiquei feliz quando vi que minhas fi lhas também gostavam”, salienta.

Omaida que é mãe de uma menina, conta que começou a ajudar a mãe aos 12 anos e diz que ainda tenta aprender os segredos do trabalho que a matriarca desempenha. “Não é fácil. Ainda não sei fazer várias coisas. Ela é uma profi s-sional muito boa”, comenta.

Os brincos, colares, pulsei-

ras e redes feitas pela família de Arquelima são famosas na cidade e podem ser encon-tradas em exposição no Cen-tro Cultural Woutchimaücü, bairro Cidade de Deus, Zona Leste. De quinze em quinze dias, a exposição acontece no Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

A professora Claudete Pi-

mentel, 55, não esconde a emoção de ter a fi lha Patrícia Sampaio, 28, como colega de trabalho, na escola muni-cipal Sociólogo Herbert José de Souza, bairro Novo Aleixo, Zona Norte. As duas usam da sintonia natural de mãe e fi -lha, para trocar experiências. As refl exões sobre a melhor maneira de transmitir conhe-cimento nascem na casa das duas, ao fi nal do dia, quando elas procuram se atualizar.

Quando as informações chegam por meio das novas tecnologias, Patrícia ajuda a mãe, que orgulhosa escuta os ensinamentos. Mas, nada como a sensatez e a experi-ência da mãe, para puxar um pouco o freio da nova gera-ção, que no afã de novida-des esquece que o tradicional também é importante.

Patrícia, que quando criança acompanhava a mãe nas aulas, conta que tentou desviar dos caminhos de Claudete. Hoje, contudo, não se diz arrepen-dida de seguir a profi ssão da mãe, a exemplo da sua irmã, que também é professora. “A educação me pegou de jeito. Muito por gostar da área, mas principalmente por admirar o modo com que minha mãe tratava a profi ssão”, refl ete.

É uma lição praze-rosa. Ela está com todo gás para ensi-nar e isso me entu-siasma. Minha fi lha me ensina novida-des todos os dias

Claudete Pimentel, mãe e professora

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

A índia tikuna Omaida Pereira (à esq.) aprende as técnicas de artesã com a mãe Arquelima

A última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Ge-ografi a e Estatística (IBGE), na síntese de indicadores so-ciais em 2012, revelou que o número de famílias no país chefi adas por mulheres cres-ceu mais do que quatro vezes,

nos últimos dez anos.No quesito casal sem fi lhos,

a força do trabalho da mulher saltou substancialmente de 4,5% para 18,3%. Na média dos que possuem crianças a autoridade feminina passou de 3,4% para 18,4%.

Em 1996, 20,81% das casas tinham como chefe uma mulher, segundo pesquisa doinstituto à época. Quatro anos depois, na pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2000, a porcentagem subiu para 26,55%.

A pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada em setembro de 2012, realizada também pelo IBGE, apontou que 37,4% das famílias têm como pessoa de referência uma mulher.

Conforme o estudo, as mu-danças no quadro familiar que

passam a ter as mães como principal esteio, seguem sendo favorecidas e consolidadas en-tre outras coisas, pelo “ingresso maior de mulheres no mercado de trabalho, a postergação da idade ao casar e o contínuo aumento da escolaridade”.

A década das mães como chefes de família

E que tal uma banca de verduras comandada por seis mulheres? Na feira do Produtor, localizada no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste, é possível encontrar a dona Valdonila Rodrigues, 61, cheia de alegria. Ela está cercada por fi lhas e netas, e juntas são responsáveis por sustentar a família que vem de longe.

Naturais do município de

Presidente Figueiredo, lo-calizado na Região Metro-politana de Manaus (RMM), as feirantes também são agricultoras que plantam os produtos que vendem.

O resultado de tanto es-forço está estampado no rosto de cada uma, que emocionadas lembram que dali sai o dinheiro para pagar a faculdade da irmã caçula, que cursa o 6º pe-

ríodo da faculdade de as-sistência social.

“Tenho cinco fi lhas e 25 netos, uma delas trabalha aqui comigo. Nossa vida não é e não foi fácil. Tive que trabalhar de sol a sol para criar minhas fi lhas. Hoje ajudo a criar os netos. Não me arrependo de nada, sou apenas muito grata a Deus e às minhas fi lhas que são o meu maior motivo de não

parar”, salientou Valdolina.Alexandra Rodrigues, 31,

a caçula da família, não mede elogios à mãe que a tem como “guerreira e tra-balhadora”. A futura assis-tente social se diz orgulhosa de participar da família tra-balhadora que a mãe gerou. “Abaixo de Deus só ela. Não tenho palavras para descre-ver o orgulho que tenho da minha agricultora”, afi rma.

Mulheres que plantam, colhem e vendem

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Profi ssão de mães para fi lhasProfi ssão de mães para fi lhasparar”, salientou Valdolina.

Alexandra Rodrigues, 31, a caçula da família, não mede elogios à mãe que a

que plantam, colhem e vendem

Valdolina Rodrigues (no centro) rodeada por fi lhas e netas que a seguem na produção e na venda sem deixar de sonhar

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Professoras Claudete e Patrícia, mãe e fi lha unidas pela educação

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado de Educação revela que alunos das escolas públicas são acompanhados em casa

Mães participam da vida escolar dos filhos em SP

Três em cada cinco mães de alunos das escolas estaduais paulistas acompanham de perto

a vida escolar dos filhos. O dado faz parte de uma pesquisa re-cém-publicada pela Secretaria de Estado de Educação de São Paulo. O objetivo é alertar os pais ou responsáveis sobre a importância da presença deles no aprendizado das crianças.

Essa informação consta da enquete com 1,1 milhão de alunos em torno do Sistema de Avaliação de Rendimen-to Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) na edição de 2013, feita em novembro do ano passado, e foi publicada na última sexta-feira (9) em lembrança ao Dia das Mães,

comemorado hoje. Por meio do questionário, que é aplicado tanto aos alunos quanto aos pais, professores e gestores de ensino, foi constatado que rotineiramente as mães fre-quentam as reuniões na escola para checar o aprendizado e o comportamento dos filhos em sala de aula.

Segundo o levantamento, elas ficam atentas às lições de casa, acompanhando, principalmente, os menores de 12 anos.

“O acompanhamento duran-te o dever de casa é reconhe-cido pelos filhos como a ativi-dade mais frequente”, destaca a nota da Secretaria.

A maioria dessas mães (45%) tem idade entre 35 anos e 44

anos. As de 25 anos a 34 anos aparecem em seguida, com 29,8% do total analisado.

O secretário de Educação, Herman Voorward, destacou que a participação da mãe, assim como a do pai e dos responsáveis, é de grande im-portância na vida escolar e no desenvolvimento das crian-ças e adolescentes. “Essa parceria não só garante a qualidade do ensino, mas também ajuda a construir um ambiente mais harmônico e de respeito ao outro”.

A secretaria alerta que é preciso manter um canal de comunicação constante com a escola, acompanhando a agenda de eventos e as datas das reuniões.

Acompanhamento rotineiro se dá principalmente com as crianças menores de 12 anos

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Campanha incentiva uso de bike até o trabalho

Para estimular e promo-ver a bicicleta como meio de transporte na cidade, a campanha “De bike para o trabalho” vem movimen-tando dezenas de pesso-as em Brasília. Elas saem em grupos de pontos do Plano Piloto, Guará, Gama, Sudoeste, e Recanto das Emas, entre outras regiões do Distrito Federal, para demonstrar que é possível ir trabalhar de forma agra-dável, rápida, segura e não poluente.

A campanha é uma par-ceria da ONG Rodas da Paz com a rede Bike Anjo, cujos voluntários lideraram os grupos de ciclistas. O evento tem caráter nacio-nal, com a realização dos passeios em outras cida-

des, além de oficinas que ensinam a pedalar e tam-bém conhecer a mecânica de bicicletas. Nos encon-tros, os ciclistas também recebem orientações sobre como se locomover com esse veículo em centros urbanos.

“De Bike para o trabalho” é uma iniciativa inspirada no Bike To Work Day, evento que, desde 1956, realiza, em maio, atividades para promover a bicicleta como uma opção viável de trans-porte para o trabalho em cidades do mundo inteiro.

Jonas Bertucci, que reuniu um grupo de seis pessoas para pedalar uma distân-cia de aproximadamente 5 quilômetros, conta que aprovou a experiência.

MOBILIDADE

Bicicleta é opção viável de transporte até o trabalho

MPF recebe denúncias de médicos

Denúncias sobre proble-mas na oferta de serviços de saúde pelas redes públi-ca e privada foram encami-nhadas ao Ministério Públi-co Federal, pela Associação Médica Brasileira (AMB). A demora no atendimento é a principal reclamação recebi-da pela entidade. Problemas desse tipo foram responsá-veis por 59% das reclama-ções enviadas ao site da associação.

“A demora acontece em pronto-socorro, exames ra-diológicos. Para cirurgias, às vezes, passam seis meses, um ano e, depois disso, os exames necessários para o procedimento perdem a va-lidade”, relatou o diretor da AMB, José Luiz Mestrinho.

A falta de medicamentos foi o segundo maior motivo de queixas, com 32% das denúncias. Em seguida, vie-ram a falta de materiais e a ausência de leitos, com 23% e 21% das reclamações, res-pectivamente. São Paulo teve um terço das quase 2,5 mil denúncias registradas. Minas Gerais e Bahia ficaram em segundo e terceiro lugar no número de reclamações.

As denúncias foram rece-bidas entre os dias 12 de março e 7 de fevereiro, por meio do site colaborativo Caixa Preta da Saúde, que recebe críticas ao atendi-mento ofertado no sistema de saúde brasileiro.

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B7MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 País

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Quatro cidadãos franceses estavam dentro da aeronave desaparecida há 2 meses, o que contribuiu para que o Ministério Público entrasse no caso

França abre inquérito contra Malaysia Airlines

O Ministério Público de Paris decidiu abrir inquérito ju-dicial por homicídio

involuntário pelo desapareci-mento do voo MH370 da Ma-laysia Airlines, há dois meses, com 239 pessoas a bordo. De acordo com fontes oficiais en-trevistadas por agências fran-cesas, o inquérito foi aberto na quarta-feira (7), porque quatro cidadãos franceses estavam na lista de passa-geiros do avião, que continua desaparecido até hoje.

Três estudantes do Liceu Francês Internacional e a mãe de dois dos jovens estavam no voo MH370. A maioria dos passageiros (153) era de na-cionalidade chinesa.

O Ministério Público tinha aberto um inquérito prelimi-nar, no dia 11 de março, três dias depois após o desapa-recimento do avião que ia de Kuala Lumpur a Pequim.

O inquérito judicial é des-tinado a apurar “homicídio involuntário, por violação de-liberada de uma obrigação particular de prudência ou de segurança imposta por lei ou regulamento”.

O aparelho pode ter ca-ído no oceano Índico, mas as buscas não conseguiram encontrar vestígios de even-tuais destroços.

Falta de informações sobre o ocorrido, por parte da empresa, revoltou parentes das vítimas

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Na semana passada, a Malásia publicou relatório preliminar sobre o caso, no qual reconhece a lentidão da resposta das autoridades de Kuala Lumpur no dia do de-saparecimento do aparelho.

Entre outros aspectos, o documento apontou demora de quatro horas, entre o mo-mento em que foi constatado

o desaparecimento do avião, à 1h38, no horário local, e o momento em que o alerta foi acionado oficialmente.

O governo da Malásia foi criticado pela maneira como conduziu as buscas sobre o desaparecimento do avião.

As autoridades austra-lianas que coordenaram as buscas pelo avião malaio

deram por concluídos, no dia 30 de abril, as missões aéreas no oceano Índico para encontrar os destro-ços da aeronave. China, Co-reia do Sul, Estados Unidos, Japão, Malásia, Nova Ze-lândia e Reino Unido tam-bém ajudaram nas buscas em uma grande região do oceano Índico.

Irregularidades são apontadas

Escassez de farinha de trigo fecha várias padarias

Várias padarias na locali-dade venezuelana de Caripe, a leste de Caracas, voltaram a ficar fechadas devido à escassez de farinha de trigo para produzir pão, informou a imprensa local.

Segundo as rádios locais, ao longo da tarde de sexta-feira (9), um pequeno núme-ro de padarias permanecia aberto, mas com longas filas de clientes à espera para comprar pão. A localidade é muito conhecida por ser montanhosa e registrar alto consumo de trigo para a

produção artesanal com fins turísticos.

Além das dificuldades para conseguir farinha de trigo, os padeiros queixam-se de que a escassa matéria-pri-ma que conseguem com-prar tem o preço elevado em 370% ao estipulado pelas autoridades.

Por outro lado, em El Ti-gre, Estado de Anzoátegui, localidade situada também a leste de Caracas, os padeiros declararam um período de “emergência” devido à falta de farinha.

VENEZUELA

Falso intérprete de funeral de Mandela ressurge em anúncio

“Oi, eu sou Thamsanqa Jantjie, do funeral do Nelson Mandela e, acredite em mim, eu sou um verdadeiro intérprete”. É assim que começa o novo comercial da empresa israelense LiveLens, especializada em aplicativos de vídeos para internet.

A propaganda, disponível no YouTube, tem como estrela o fal-so intérprete que ficou conheci-do quando não conseguiu fazer a tradução, para a linguagem de sinais, dos discursos feitos durante cerimônia em home-nagem ao líder sul-africano, em dezembro de 2013.

Na época, ele culpou pro-

blemas mentais e se internou em uma clínica psiquiátrica. No comercial, enquanto Jantjie pede desculpas pelo episódio e garante que consegue traduzir para a linguagem de sinais, uma voz feminina o desmente. A propaganda, de pouco mais de um minuto, mostra ainda o intérprete em cenas surreais. Ele dança, monta a cavalo e tem a cabeça cortada durante uma entrevista.

A LiveLens é uma empresa de aplicativos de internet que transmite vídeos ao vivo. A pro-paganda foi alvo de críticas nas redes sociais.

INTERNET

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 (92) 3090-1041

Policiais mães inspiram suas fi lhas

Dia a dia C6 e C7

DIEGO CAJA/DIVULGAÇÃO

Nova torre de observação liga o homem à naturezaEstrutura está sendo fi nalizada dentro da reserva Ducke e será inaugurada na primeira quinzena de junho para visitação

Do alto de um an-gelim o exótico lagarto de listras pretas da espécie

uracentron azureum parece contemplar a vastidão verde, que ainda resiste às pres-sões da população na reser-va florestal Adolpho Ducke, localizada no bairro Cidade de Deus, Zona Norte.

A vista privilegiada do pequenino, dentro de algu-mas semanas, poderá ser compartilhada com estudan-tes, profi ssionais, curiosos e amantes da natureza. Tudo porque uma torre de observa-ção com 42 metros de altura

está sendo montada den-tro do Museu da Amazônia (Musa), no interior do jardim botânico e da reserva.

Construída em aço galva-nizado, a torre orçada apro-ximadamente R$ 1 milhão é a primeira autoportante para observação e visitação do Amazonas. Para chegar à estrutura, o visitante tem que caminhar por uma tri-lha por cerca de 480 metros pela mata, desde a entrada do Jardim Botânico. Compa-rando com torres estreitas, velhas conhecidas pelos ob-servadores, a estrutura chama atenção pela grandiosidade. Ao longo dos 42 metros, ela possui três plataformas distri-buídas a 14,20 metros, 28 me-

tros e no topo, acima da copa das árvores. Em uma base de 9 metros, foram inseridos oito pilares com 7 metros de profundidade, sendo que cada uma suporta 45 toneladas.

Apesar, de toda a imponên-cia, a estrutura pode não en-tusiasmar o observador leigo à primeira vista. Contudo, 243 degraus depois, a 42 metros do chão, um horizonte verde é revelado. Lá de cima, a rotina do lagartinho que descansa na cavidade da árvore, as fl ores vermelhas do cajuí e a impo-nência do angelim, que serve de berço para a preguiça, pro-porcionam surpreendentes momentos contemplação. Ao sul também é possível fl agrar a expansão descontrolada da

cidade. “Esta é uma cidadela em defesa da fl oresta e tem como objetivo mostrar que a fl oresta não é apenas árvore, madeira e folha seca. É um mundo de segredos dos quais desconhecemos grande parte e que esta nos convidando a conversar, entender”, apon-tou o diretor-geral do Musa, Ennio Candotte.

A previsão é inaugurar a tor-re antes do início da Copa do Mundo, na primeira quinzena de junho. Para isto, a estrutura passa pelos últimos ajustes. “Estamos vendo detalhes, acabamentos que às vezes demoram um pouco. Também por questões de segurança só vamos liberar após a licença dos bombeiros. Nos próximos

dias apresentaremos a docu-mentação”, explicou o diretor adjunto operacional do Musa, Roberto Morais.

O horário para visitação seguirá o horário de funcio-namento do museu, de terça a domingo, das 8h às 17h.

Todo o material para a cons-trução da torre foi importado de outros Estados: o aço veio de Minas Gerais e as telas de Cuia-bá (MT). O engenheiro George Suli e mais três funcionários também vieram do Mato Grosso especialmente para realizar o trabalho. Para os ajustes fi nais, a equipe foi reforçada com pro-fi ssionais do Estado.

Suli foi responsável pela exe-cução e adaptação do projeto ao Musa. Ele já construiu torres de

observação em hotéis de selva e para a Universidade Federal de Mato Grosso, onde foi solicita-da uma estrutura que pudesse ser instalados equipamentos de micrometeorologia.

“Em Manaus é bastante co-mum torres em fl orestas, mas não são adequadas para visi-tação. São torres fi ninhas, que um pesquisador especializado sobe precariamente e não tem estrutura adequada para visita ou observação de pássaros, por-que o observador esta sempre levando equipamento pesados e volumosos. Este projeto para visitação foi especial”, disse.

Na reserva Adolpho Ducke, a estrutura levou 90 dias para ser montada, mas as obras inicia-ram em 2013.

Com 42 metros de altura, a torre de observação na reserva Ducke permitirá uma visão melhor da fl oresta amazônica em Manaus, dando contato mais próximo com diversidade de espécies (no detalhe)FO

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Além das intempéries, transportar o material e os equipamentos no meio da mata, por uma trilha estreita, também não foi tarefa fácil. “Foi uma façanha, por conta do acesso não podemos co-locar guindaste aqui. O único instrumento que tínhamos foi um tratorzinho”, especifi -cou o diretor-geral do Musa, Ennio Candotte.

O local escolhido para a implantação - que mede cerca de 12 por 12 metros - foi uma clareira que surgiu na mata após a queda de uma árvore. “Inicialmente não havia inten-ção de avistarmos a cidade (de cima do observatório), mas

foi até positivo para poder chamar atenção, que ama-nhã a cidade pode estar aqui dentro. Há uma difi culdade em conter a expansão”, salientou Roberto Morais.

Durante o processo de es-colha, o parataxonomo mara-nhense José Ribamar Mesqui-ta, 25, subiu em um angelim gigante e, com uma câmera acoplada a um tubo de 11m, fez as fi lmagens para analisar a vista que o local propor-cionaria. “Como a árvore era muito alta, subi nela de rapel. O meu gosto pelo trabalho na fl oresta começou depois que servi no quartel, passei 6 anos lá e participei de muitas mis-

sões na mata”, disse Ribamar que já trabalhou no Inpa e esta há 4 anos no Musa.

Além dos acabamentos, dois cabos de aço também serão acoplados à torre para diminuir o balanço natural da estrutura. O engenheiro salientou que o cabo não tem função estrutural im-portante, uma vez que a es-trutura independe dele. No segundo semestre está no planejamento a inserção de um elevador para facilitar o acesso de pessoas com difi culdade de locomoção, além de lunetas ou telescó-pios para tornar a observação ainda mais interessante.

Construção não foi tarefa fácil

Construção da estrutura foi considerada como uma façanha em meio às intempéries da região

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

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Page 22: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

C2 Dia a dia

Sociedade acorda para crimes contra animaisDenúncias constantes sobre maus-tratos a animais e abandono mostram que aumentou a conscientização sobre a proteção animal com o trabalho de ONGs e órgãos ambientais, mas ainda falta muito a ser feito para a eficiência

Percorrer as ruas de Manaus e se depa-rar com animais sem donos, desnutridos e

deixados à própria sorte tem sido algo corriqueiro. O fato é que esse fato penetra nas diversas camadas sociais, e a pouca expressão das campa-nhas educativas que alcancem a massa parece contribuir para proliferação de maus tratos em cães e gatos.

Um crime de maus tra-tos que ganhou notoriedade na capital foi o ocorrido em março deste ano, quando um servidor público de 37 anos matou um cachorro após ati-rar o animal da varanda e teria ainda tentado matar outro filhote canino.

O caso foi registrado na De-legacia Especializada em Meio Ambiente (Dema), da delegada titular, Isolda de Castro, e o homem foi indiciado com base no artigo 32 da Lei 9605/98, a Lei de Crimes Ambientais, por conta da consistência do depoimento das testemunhas. Segundo a Isolda, o servidor público negou que o crime de maus tratos, e com base do depoimento de uma úni-ca testemunha foi registrado o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

A delegada titular da Dema

explica que o mesmo artigo que trata de crimes ambientais determina a pena para quem pratica crimes dessa natureza com três meses a um ano de detenção, além de multa. Se houver morte do animal, a pena é aumentada de um terço a um sexto. O crime não tem pena restritiva de liberdade.

“No caso desse servidor pú-blico foi configurado crime de maus tratos. Julgado na Ve-maqa (Vara Especializada do Meio Ambiente e de Questões Agrárias), no último dia 15, a pena aplicada foi prestação de serviços comunitários ao Centro Controle de Zoonoses, ou seja, dentro do que se pode fazer, foi uma pena sensata”, salienta a delegada Isolda.

Envolvida com grupos de proteção animal, Edleni Pe-reira, do grupo Ajuda Animais Manaus (AMA) diz que a boa parte das ações realizadas tem sido o resgate em via pública. “A maioria consiste de pessoas que tem cães ou gatos não castrados em casa, e quan-do eles tem filhotes, essas pessoas querem se ‘desfazer’ desses filhotes”, diz Edleni ao apontar uma das causas do crescente número de animais deixados em feiras livres e ruas da cidade.

A delegada Isolda explica que o cidadão, ao adotar um ani-mal, torna-se responsável pelo bem estar do bicho. “Quando

se pega o bichinho para criar, tem uma questão de amor, você dá o que você tem e vai cuidar daquele animal como se fosse da família, criando laços afetivos”, afirma.

Isolda diz que uma pessoa capaz de causar sofrimento no ser indefeso pode ser perigosa para as pessoas. “Ela é capaz de trazer sofrimento a qual-quer ser vivo, começando pelo animal, e se tiver oportunidade poderá ferir uma pessoa, po-dendo migrar a outro patamar de crueldade. Claro, que não são todas as pessoas e todos os casos em que percebemos esta migração”, adverte.

Soltos na ruaA representante do AMA

conta que os cães e feli-nos condenados ao despejo pela cidade ficam à mercê do pior, tornando-se vítimas frequentes de acidentes no trânsito, e nestas condições os animais tem chegados ao grupo de ajuda. “Ultimamente, observamos que a maioria de nossos resgates é de cães atropelados. Esta semana resgatamos um ‘salsichinha’ que estava rastejando nas ruas devido a um acidente. Estamos com muitos animais ditos ‘especiais’, com casos sempre de cunho ortopédi-co, que foram atropelados e tiverem uma de suas patas amputadas”, conta. A violência contra animais domésticos tem recebido maior atenção por parte da sociedade

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PODENY CÂNCIOEspecial para o EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 C3

Sociedade acorda para crimes contra animais

Victor Santos, da ONG ComPaixão Animal, percebe que a população timidamente tem registrado legalmente as ocorrências, e comovidos com a brutalidade contra animais, recorrem aos grupos e ONGs envolvidas com a causa. “O ideal sempre é o registro do crime na Dema, porém a maior parte das pessoas se diz protetora de animais, mas são omissas, não os protegem de acordo com as leis e co-operam para o aumento de crimes contra animais. Por isso, a ONG tem investido em campanhas nas mídias sociais e em nossos eventos de adoção, onde explicamos todo o processo”, ressalta.

A titular da Dema, contesta que a sociedade tem sido omissa. Para ela, a sociedade precisa conhecer os órgãos

ambientais da cidade e suas competências. “A sociedade é mal informada. Até che-gar à Dema as denúncias, o cidadão já ligou para vá-rios lugares, e confundem as competências dos órgãos ambientais”, frisa a delega-da, que diariamente recebe cerca de cinco denúncias de crimes contra animais.

Segundo Victor, em al-guns países a agressividade com animais domésticos é investigada como um risco à sociedade. “Sabemos que podemos medir o nível de ética e desenvolvimento de uma nação pelo modo com que a mesma trata e defende seus animais. O Brasil possui lei e penas vergonhosas em relação aos animais. Europa e Estados Unidos começaram a se desenvolver como um

todo, quando investiram na base do ser humano, com leis mais duras a quem vitimiza um animal, afinal quando se respeita um animal automa-ticamente se respeita um ser humano”, frisa o representan-te da ComPaixão.

Edleni Pereira, do grupo AMA, alega que a legislação é branda ao punir o agressor, mesmo assim dá importância às denúncias, pois, mesmo o réu sendo primário passará a ter antecedentes criminais. ‘‘Fica explícito o quanto nossa legislação é branda quando pune o agressor, pois o má-ximo que acontecerá com o réu, será restrição de seus direitos, através de prestação de serviços à comunidade ou o pagamento de um salário mínimo para o poder judici-ário”, conclui.

Proteção e leis versus omissão

As feiras de adoção tem sido a forma de auxiliar e proteger animais em situação de risco

O Centro de Controle de Zoonoses de Manaus (CCZ) é o departamento público aliado à saúde pública, explica o diretor Francisco Zardo de Oliveira. Assim, animais nessas condi-ções cabem ao departamento. “O CCZ tem como atribuição receber apenas animais doen-tes em estado considerado ir-reversível, agonizantes, agres-sores ou suspeito de alguma

zoonose de interesse da saúde pública. Também cabe a nós o serviço de castrações. Somos unidade de saúde e vigilância. Quanto aos animais conside-rados saudáveis, encaminha-mos aos serviços informais e voluntários, lá eles promovem a adoção”, explica Zardo.

O CCZ recebe em média de 60 a 70 animais por mês, todos com saúde bastante

comprometida, e muitas pes-soas insistem em deixar seus animais no Centro, muitas vezes ameaçando funcioná-rios e debochando da legis-lação. O diretor revela ainda que a sociedade confunde as atribuições do CCZ, que em média recebe 10 chamadas diárias referentes a crimes de maus tratos. O mesmo ocor-re com as organizações não

governamentais e grupos de apoio aos animais, no entanto cabem as penalidades aos órgãos competentes. “Somos contra todos os tipos de cruel-dade contra animais. A justiça deve punir os agressores. O Centro de Controle não tem a atribuição de prender, in-vestigar ou aplicar as pena-lidades, isto cabe a qualquer delegacia”, orienta.

CCZ recebe até 70 bichos doentes por mêsIniciativas foram tomadas

pelo Centro de Controle de Zoonoses, em março, com o inicio do trabalho de cons-cientização nas escolas para atingir as crianças a fim de que sejam transmissores em seus lares e disseminar na nova geração a responsabi-lidade com os animais, com as palestras “Educação em saúde e guarda responsá-vel” nas escolas de ensino fundamental que integram o programa Saúde na Es-cola. Ele é coordenado pelo professor Benedito Ribeiro Filho, e no primeiro mês foram feitas 16 palestras educativas. “A Secretaria Municipal de Saúde sabe que este é um trabalho de longo prazo e entende que uma consciência ambiental e de saúde deve ser criada desde a infância’’, diz o dire-tor Francisco Oliveira.

Na última terça-feira (6), a Câmara Municipal de Manaus (CMM), aprovou o Projeto de Resolução nº 007/2014, de autoria do vereador Everaldo Farias (PV), que cria a Frente Par-lamentar de Defesa e Di-reito dos Animais na casa, com adesão de mais de 30 vereadores. “Um passo im-portante foi dado nesta di-

reção, a criação do Conselho é uma necessidade e como tal deve ser considerada um grande avanço para a cidade de Manaus, tanto que diz respeito aos animais de companhia (cães e gatos) quanto aos animais silves-tres”, fala Oliveira.

A delegada Isolda diz que a Dema aponta que 70% das queixas registradas pelo Disk Denúncia (3239-3840) são anônimas. Para eficácia das atividades no próximo mês, os registros de maus-tratos de forma anônima serão pontuadas no formulário especifico. “A fragilidade é que se não for dado ponto de referência correto para podermos che-gar ao local, compromete a nossa investigação. Por isso, estamos elaborando formulários mais simples, e específicos com base nes-tas denúncias anônimas”.

O Grupo AMA anuncia a organização do mutirão de castração. “Estamos que-rendo realizá-lo em uma comunidade, a data prevista será final de junho. Conta-mos com dois veterinários voluntários. E todos os sába-dos, promovemos a feirinha de adoção no bairro de Adria-nópolis”, expõe Edleni.

Iniciativas para mudar ideias

Cães de rua em Manaus: geralmente o abandono vitimiza filhotes de animais domésticos cujos donos não tem responsabilidade

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C4 Dia a dia MANAUS, SEXTA-FEIRA, 9 DE MAIO DE 2014

Estado anuncia estratégia para gerenciar resíduosA gestão por calha de rios pode ser o caminho para avanços nos sistemas de coleta e despejo de lixo no interior

A gestão de resíduos só-lidos nos municípios do interior do Amazonas será feita por calhas

de rios. A afirmação foi da secretária estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Kamila Amaral. A medida vai nortear o proces-so de elaboração do Plano de Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos do Estado e da Região Metropolitana de Manaus lançado, ontem, pelo governo do Estado e que vai estabelecer uma nova política para a questão.

Segundo a secretária, a ges-tão por calha de rios é o cami-nho mais adequado para pro-mover avanços nos sistemas de coleta e despejo adequado de lixo no interior, onde distâncias geográficas são um entrave. O sistema de zoneamento de re-síduos é inspirado nos modelos de zoneamentos ecológicos e econômicos, que viabilizam o desenvolvimento sustentável por microrregiões.

“O plano estadual visa enxer-gar essas realidades e trazer ações que atendam cada mi-crorregião, fazendo um verda-deiro zoneamento de resíduos sólidos. Pela imensidão geo-gráfica, a opção mais inteli-gente e estratégica é trabalhar

com as calhas de rios. Já te-mos zoneamentos ecológicos e econômicos trabalhados nas calhas do Purus e Madeira e, na política de resíduos sólidos, a estratégia será a mesma”, frisou a secretária, ressaltando que a nova política que será criada pelo governo amazonen-se deve consolidar o trabalho feito com os planos municipais de resíduos sólidos, aprovados em 58 municípios.

Prefeitos do interior, secretá-rios de meio ambiente, repre-sentantes de entidades ligadas à coleta seletiva e ambientalis-tas participaram do lançamen-to do plano de gestão de resídu-os sólidos. Na solenidade, que ocorreu na sede do governo, na Compensa, Zona Oeste, foram assinados os termos de serviço para a elaboração dos planos e as portarias que nomeiam os membros do Comitê Consultivo Estadual de Gestão e Gerencia-mento de Resíduos Sólidos, o que significa um avanço im-portante na implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no Amazonas.

O grande desafio dos planos de gestão é promover avanços na implantação de aterros sa-nitários em substituição aos lixões. Segundo o Instituto de Proteção Ambiental do Amazo-

nas (Ipaam), nenhum município do interior tem aterro sanitário. Em Manaus, o aterro encon-tra-se em processo de análise documental para a concessão de licenciamento. “Implantar os aterros sanitários é o desafio do momento e que a gente tem de encaminhar. As responsabi-lidades estão no âmbito mu-nicipal, mas deverão estar em um programa em sintonia com o governo”, frisou o presidente do órgão, Antônio Stroski.

InvestimentoO investimento na elabo-

ração dos planos é de R$ 4 milhões, em parceria com o governo federal. A previsão de entrega da nova política é de um ano. Nesse período, além do levantamento de in-formações, audiências e con-sultas públicas ocorrerão nos municípios para identificar problemas crônicos e buscar as alternativas.

Para a coleta de lixo nos municípios, o governo avança em melhorias. Oito municípios foram beneficiados, este ano, com caminhões para reco-lhimento de lixo. Em junho, outros 30 vão receber novos veículos, como parte da pro-gramação do Dia Mundial de Meio Ambiente.

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Elaboração do Plano de Gestão e Gerenciamento de Resíduos vai estabelecer nova política

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C5Dia a diaMANAUS, SEXTA-FEIRA, 9 DE MAIO DE 2014

CRO reforça fiscalização contra falsos dentistasEm 2 anos, o Conselho Regional de Odontologia flagrou mais de 600 ilegalidades na capital e no interior do Amazonas

O Conselho Regional de Odontologia do Amazonas (CRO-AM) está intensifica-

do a fiscalização no interior do Estado como forma de coibir a atuação de falsos dentistas e ainda ouvir as demandas dos profissionais que atuam nessas localidades. Nas últi-mas semanas, o órgão esteve em São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Atalaia do Norte e Benjamim Constant, na região oeste do Estado.

Em alguns municípios, a presidente do CRO-AM, Vera Louzada, explica que as fis-calizações foram solicitadas pelo Ministério Público do Es-tado (MPE). “No ano passado, cerca de 28 municípios foram fiscalizados, onde flagramos irregularidades e também aproveitamos para orientar os cirurgiões-dentistas que trabalham no interior”, disse.

Vera destaca que nos últi-mos 2 anos, o CRO flagrou mais de 600 ilegalidades na capital e no interior, como exercício ilegal da profissão (falsos dentistas), acadêmi-cos fazendo atendimentos como dentistas (o que é proibi-do pela legislação brasileira), além de clínicas e laboratórios sem registros.

“A principal ocorrência que verificamos no interior do Amazonas, de maneira geral, é a atuação de técnicos em prótese dentária como dentis-tas. É algo muito perigoso para a saúde. Temos vários casos de pessoas que ficaram com graves sequelas após serem submetidas a procedimentos por profissionais sem forma-ção”, disse Louzada.

A presidente alerta que so-mente o cirurgião-dentista é capacitado e autorizado a fa-zer procedimentos na boca do paciente, garantindo a saúde e o bem-estar. “A prática ilegal pode resultar em complica-ções graves como a contami-nação por doenças: hepatite, HIV, herpes e infecções bacte-rianas, ocasionadas pela falta de higiene ou esterilização inadequada de equipamentos entre outros”, afirmou.

A população pode ajudar no combate aos falsos dentistas denunciando para o conselho e ainda para os órgãos de polícia, já que o exercício ilegal da profissão é um crime previs-to no Código Penal Brasileiro (CPB). A sede do CRO-AM fica na rua Silva Ramos, 71, Centro. As denúncias podem também ser feitas pelo 0800 284 1380 e pelo telefone 3131-2200.

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Vera Louzada, presidente do CRO-AM, afirmou que o principal problema é a atuação de protéticos como dentistas no interior

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C6 Dia a dia

SEMCOM

Inspirações que surgem do exemplo maternoFilhas de policiais civis mulheres, que seguiram a carreira das mães, falam sobre a influência do trabalho materno na escolha profissional e no envolvimento que tiveram com um mundo difícil, onde tem uma forma especial para atuar

“Relações mater-nais são constru-ídas com amor, dedicação, afeto

e respeito. Sentimentos que ultrapassam as barreiras sanguíneas e os limites da genética”. A afirmação é da delegada Lia Gazineu, 35, que está de licença-maternidade e não esconde o orgulho que sente da mãe adotiva, Cleo-nice Prado, 67, que dedicou boa parte da vida à ativida-de policial, sendo conhecida pelo comprometimento com o trabalho na Polícia Civil do Amazonas.

Cleonice, hoje delegada aposentada, atuou em muitos setores dentro da instituição. Ela foi perita no Departamen-to de Polícia Técnico-Científi-ca (DPTC), que já foi dirigido pela filha, também foi diretora do Instituto de Criminalística (IC), além de ter sido escrivã e delegada em algumas dele-gacias da capital.

Ela também assumiu o car-go de titular na Delegacia Especializada em Roubos, Fur-tos e Defraudações (Derfd) e na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), contribuindo também no atendimento realizado no interior do Estado ao ocupar a titularidade da Delegacia de Parintins, a 369 quilômetros em linha reta da capital.

Criada dentro de um am-

biente policial, Lia conta que grande parte das lembranças infantis, que mantêm, são li-gadas à dedicação que a mãe tinha ao trabalho. “É viva ainda a lembrança dos documen-tos que ajudava a tirar do carro da minha mãe, pois, como policial dedicada que era, sempre que necessário levava trabalho para concluir em casa”, recorda.

O apoio à profissão escolhi-da não foi imediato. Segundo Lia, a mãe sempre pediu para que ela não se tornasse uma policial, deixando a preocupa-ção maternal falar mais alto. No entanto, durante 13 anos de atuação, Lia Gazineu possui no currículo passagem pelas Delegacias Especializadas em Crimes contra a Mulher (DECCM) e em Proteção ao Consumidor (Decon).

FãInspiração é a palavra que

pode definir o que Cleonice significa para Lia, quando as lembranças dos momentos no passado ao lado da mãe, dentro ou fora do ambiente policial, vêm à mente. “Certamente sou uma das maiores fãs dela e costumo dizer que se eu for um quinto da profissional que ela foi já me sentirei extrema-mente realizada. Minha mãe é inspiradora como profissional e como ser humano que ela é e sempre foi”, pontua. A radialista Bruna e sua mãe Francisca Brandão, assistente social na Polícia Civil: primeiros passos dentro da instituição

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 C7

Inspirações que surgem do exemplo maternoAinda menina, a radialista

Bruna Brandão, 31, andava pelos corredores da Delegacia Geral na companhia da mãe, a assistente social Francisca Brandão, 54, e por lá deu seus primeiros passos, brin-cou de boneca e passou horas pintando sob o olhar atento da servidora, que tinha os deveres profissionais para cumprir, mas não tinha com quem deixar a filha e por isso a levava para o trabalho. Hoje, Bruna também faz parte do quadro funcional da Polícia Civil, e, com isso, realizou o sonho que a mãe cultivava de ter a filha atuando na mesma

instituição que ela.Bruna fala orgulhosa da

mãe e diz que ela é seu exem-plo de mulher e profissional, pois sempre buscou fazer tudo com ética e respeito ao pró-ximo. “Minha mãe passou va-lores para mim e para minha irmã que nos fizeram ser quem somos hoje. Nossa educação, nossa índole e o respeito que temos por todos é resultado da nossa criação. Antes de dizer como era certo fazer, ela nos mostrava fazendo”, disse.

Há três décadas fazendo parte da Polícia Civil do Ama-zonas, atualmente Francisca

trabalha no Programa de Pre-venção, Respeito, Orientação, Vida, Independência, Dignida-de e Amor (Pró-Vida), uma iniciativa de funcionários da instituição, que tem por ob-jetivo recuperar dependentes químicos.

Francisca já passou por se-tores como o de Recursos Hu-manos, Financeiro e Instituto de Identificação, mas foi no Instituto Médico Legal (IML) que ela conseguiu implantar o serviço social e dar a assis-tência a quem visita o local e muitas vezes está fragilizado, feito que a deixou muito rea-lizada profissionalmente.

Crescendo dentro da delegacia

Quando criança, a investi-gadora Adriene Belota fala-va que queria ser juíza, mas foi na adolescência, acom-panhando a trajetória da mãe, a delegada de Polícia Júlia Belota, que ele decidiu fazer parte da Polícia Civil do Amazonas, ingressando na instituição em 2011, por meio de concurso público.

“Minha mãe é meu maior exemplo. Eu me inspiro nela, na forma que ela trata as pessoas. Procuro agir como ela, ter uma boa conduta, tratar todos com respeito. Ficava fascinada observando as técnicas

que ela adotava na con-dução das investigações e fui me identificando tanto que não me vejo fazendo outra coisa”, justificou.

Adriene recorda de um episódio ocorrido na época em que a mãe, que trabalha há mais de duas décadas na Polícia Civil do Esta-do e atualmente ocupa o cargo de diretora do Ins-tituto Integrado de Ensino de Segurança Pública do Estado do Amazonas (Iesp-AM) Campus 2, estava à frente da Delegacia Espe-cializada em Crimes contra a Mulher (DECCM).

“Eu era adolescente e fre-quentava o Centro Social Urbano (CSU), no bairro Parque 10 de Novembro. Quando saí de lá fui ao encontro da minha mãe na Delegacia da Mulher, que fica naquela mesma área da cidade, e acompanhei o momento em que os investi-gadores da unidade policial, coordenados pela mamãe, conduziam um infrator que agia naquele bairro. Ela foi incrível. Explicou os direitos dele e em momento algum o tratou mal. É essa postura que busco para o meu dia a dia”, declarou.

Postura e tato nas situaçõesLia Gazineu, filha da delegada aposentada Cleonice Prado: orgulho em seguir carreira

A investigadora Adriene com a mãe Júlia: inspiração na forma de agir corretamente

FOTOS: DIEGO CAJA/DIVULGAÇÃO

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

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MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

2 Epístolas eletrônicasDo que falam, por e-mail, dois autores brasileiros. Págs. 3, 4 e 5

1

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A materialidade de Bruno DunleyE outras 8 indicações culturais. Pág. 2

4 Do arquivo de Andreas e Thomas Valentin

Gabo assombra Vargas Llosa na ColômbiaDiário de Bogotá. Pág. 6

Rio/Nova York, 1974. Pág. 7

Capailustração dePaulo Bruscky

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G2 MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

ORIENTE MÉDIOCrianças refugiadas sírias voltam a estudar em escolas libanesas

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

ARTES PLÁSTICASGaleria de obras de Bruno Dun-ley expostas na Nara Roesler

>>folha.com/ilustrissima

ANDREAS VALENTIN, 61, fotógrafo e professor de pós-graduação em fotografi a no Iuperj, é autor de “A Fotografi a Amazônica de George Huebner” (Nau).

SYLVIA COLOMBO, 42, é repórter especial da Folha e assina o blog “Latinidades” no site do jornal.

BETTY MILAN, 69, psicanalista e escritora, é autora de “Carta ao Filho” (Record).

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES, 31, é jornalista em Nova York.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

ARQUIVO PESSOAL

WORKSHOP | JORNADAS CULTURAISInaugurando evento que seguirá ao

longo do ano, o curso “Preservação de documentos digitais”, com o pesquisador da Unicamp Humberto Innarelli, ocorre nesta semana. A 10ª edição das jornadas promovidas pelo Centro de Memória do Itaú Cultural e pelo Centro de Memória Bunge enfoca o gerenciamento e o acesso a documentos digitais.

Catavento Cultural e Educacional | tel. (11) 3315-0051 | qua. (14), das 9h às 16h | inscrições e programação em jornadas.fundacaobunge.org.br

‘Sem título’ (2013), deBruno Dunley

MARCELO COELHO, 55, é colunista da Folha.

RAFAEL CAMPOS ROCHA, 44, é ilustrador e cartunista, autor de “Deus, Essa Gostosa” (Qua-drinhos na Cia.).

DONALD REILLY (1933-2006) foi cartunista da revista “The New Yorker”.

THOMAS VALENTIN, 66, é engenheiro e fotó-grafo. Como irmão Andreas, exibe Call Me Helium no Centro Cultural Correios (RJ) até 13/7.

LIVRO | LEÃO SERVAO jornalista e colunista da Folha lança

em Salvador “Um Tipógrafo na Colônia” com debate com Luis Guilherme Pontes Tavares, pesquisador da história da imprensa na Bahia, e Pablo Iglesias Magalhães, especialista em obras raras e manuscritos do período colonial. No livro, o autor investiga o trabalho da ti-pografi a de Manoel Antonio Silva Serva, criada em 13 de maio de 1811.

Livraria Cultura Salvador Shop-ping | tel. (71) 3505-9050 | amanhã, às 18h30 | grátis

Publifolha | R$ 19,90 | 200 págs.

LIVRO | CARTAS 1A partir dos arquivos do Instituto

de Estudos Brasileiros da USP e de pesquisas em outros centros, a Coleção Correspondência Mário de Andrade vem reunindo as trocas epistolares do escritor paulistano. O quarto volume traz cartas entre Mário e escritores e artistas argentinos. Já o quinto abarca as missivas trocadas com Luiz Camillo de Oliveira Netto, bibliófi lo mineiro.

Edusp e IEB | Vol. 4; trad. Gênese Andrade; org. Patricia Artundo | R$ 83 | 416 págs.

Vol. 5; org. Maria Luiza Penna | R$ 60 | 288 págs.

CURSO | CHICO BUARQUEO letrista e jornalista Carlos

Rennó ministra “Chico Buar-que: Tema, Forma e Estilo”. Em três encontros, serão abordadas questões como a relação entre poesia e can-ção, as aliterações presentes na obra do compositor e seu sistema rímico.

Centro Universitário Ma-ria Antonia | tel. (11) 3123-5213 | dias 28/5, 3 e 10/6, das 20h às 22h30 | R$ 200 | descontos para terceira idade (40%), estudantes e professores (20%)

EXPOSIÇÃO | BRUNO DUNLEYPrimeira individual do artista fl uminense, “No Lugar em que já

Estamos” reúne 20 de suas pinturas recentes. João Bandeira eviden-cia, no texto de apresentação da mostra, o quanto a obra de Dunley

valoriza a materialidade da tela. “Tudo se dá, literal e implicitamente, em camadas, cuja extensão no tempo percebe-se nos indícios de alterações e de deslocamento por todo o suporte”, escreve.

Galeria Nara Roesler | tel. (11) 3063-2344 | de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h | grátis | até 8/6

1CINEMA APICHATPONG WEERASETHAKULFilmado na província de Nong Khai,

noroeste da Tailândia, na divisa com o Laos, “Hotel Mekong”traz de volta os fantasmas do cineasta e videoartista tailandês. À beira do rio que cruza parte da Ásia, da China ao Vietnã, os persona-gens discutem uma enchente que assola a Tailândia.

Cinesesc | tel. (11) 3087-0500 qua. (14), às 20h30 estreia qui. (15)

TEATRO | SYNGUÉ SABOURA atriz Ester Laccava protagoniza a

adaptação do romance com que o autor afegão Atiq Rahimi venceu o prêmio literário francês Goncourt em 2008. Com direção de Fernanda DUmbra e trilha sonora de André Abujamra, a peça parte da história real da poeta Nadia Anjuman, morta, com o apoio de sua própria mãe, pelo marido.

Sesc Belenzinho | tel. (11) 2076-9700 de qui. a sáb., às 21h30; dom., às 18h30 | R$ 25 | até 8/6

EXPOSIÇÃO | LÁSZLÓ ZINNERCom curadoria da professora de história da USP Maria

Luiza Tucci Carneiro, a mostra “Ateliê Universalista” apresenta trabalhos do escultor e desenhista nascido na Hungria (1908-77). O artista, que se estabeleceu no Brasil logo após a Segunda Guerra e se naturalizou em 1961, foi o criador do Troféu Juca Pato, prêmio literário concedido pela União Brasileira de Escritores.

Casa da Fazenda | tel. (11) 3742-2810 | de ter. a sáb., das 11h às 18h | grátis | até 10/6

LIVRO | CARTAS 2Um livro de Marcel Proust numa lancheira, dentro

de um saco plástico, perdido numa praia, esconde o diário de Nao. A escritora que o encontra em “A Terra Inteira e o Céu Infi nito”, de Ruth Ozeki, descobre ali uma garota japonesa que lê as cartas de seu bisavô, um kamikaze da Segunda Guerra Mundial, e que conta a história de sua avó, uma monja budista.

Casa da Palavra | R$ 39,90 (464 págs.)

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G3MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

2O fi m do mundo epistolar

Correspondência

Alguns anos atrás, a moda era discutir o “fi m” de qualquer coisa: o fi m do Estado-nação (Jean Guéhenno), o fi m do predomínio americano (Fareed Zakaria), o fi m da história (Francis Fukuya-

MARCELO COELHOILUSTRAÇÃO PAULO BRUSCKY

O que perdemos ao abrir mão das cartas?

RESUMOSubstituídas, ainda que de forma incom-pleta, pelo e-mail, as cartas escasseiam. Livros recentes contam a história da correspondência em papel e debatem suas peculiaridades, como a de traçar retratos vívidos de seus au-tores, a exemplo do Van Gogh que surge de “Cartas a Theo”, que terá nova edi-ção brasileira.

ma), o fi m dos livros (Umberto Eco, Jane Yellowlees Douglas) e até mesmo o fi m das colmeias de abelhas (Rowan Jacobsen).

O momento talvez seja mais propício para livros propondo o contrário: a volta do vinil, a volta da rivalidade russo-americana e mesmo a volta da fritura na manteiga – uma vez que, segundo pesquisa recente da revista “Annals of Internal Medicine”, não há prova de que gorduras saturadas façam mesmo mal ao coração.

Ainda assim, parece bastan-te seguro afi rmar que acabou o tempo das cartas pessoais – aquelas manuscritas, com selo e envelope. É possível que, nos últimos dez anos, eu não tenha recebido mais de cinco, e escrito ainda menos do que isso. O e-mail eliminou ina-pelavelmente essa forma de comunicação, sem, no entanto, substituí-la por completo.

Há quem preveja, aliás, o fi m do e-mail também. Enquanto isso não acontece, o sistema ajuda muito a combinar com-promissos, trocar informações rápidas e enviar textos de tra-balho; não funciona tanto, ima-gino, para as ocasiões mais

importantes da vida.Declarações de amor, conse-

lhos paternais, enunciados de intenção artística ou existen-cial sem dúvida exigem outro tipo de preparo psicológico – e receber um envelope selado em casa sempre despertou emoções que nenhuma tela do Outlook pode reproduzir.

Sem se dedicar a exercí-cios de futurologia, três livros recentes celebram a beleza, a variedade e antiguidade da comunicação postal.

O ensaísta inglês Simon Gar-fi eld assina o melhor deles, “To the Letter - A Journey through a Vanishing World” [Canongate, e-book, R$ 35,18]. Do jornalista John O’Connell, colaborador do “Guardian” e do “Times”, vem “For the Love of Letters- The Joy of Slow Communication” [Short Books, e-book, R$ 22,88]. O mais boboca é “Kind Re-gards “”The Lost Art of Let-ter-Writing” [Michael O’Mara Books, e-book, R$ 22,21], de Liz Williams.

O “amor às cartas” do leitor brasileiro se vê recompensado, enquanto isso, com uma nova edição das cartas de Vincent van Gogh (1853-90) pela edi-

tora L&PM, prevista para o segundo semestre.

Além das cartas do pintor holandês a seu irmão Theo, já publicadas muitas vezes, o volume trará também as que ele recebeu de volta, numa das mais famosas demonstrações de dedicação fraterna e sus-tento material de que se tem notícia na história da arte.

Vem junto a importante cor-respondência de Van Gogh com um pintor mais moço, Émile Bernard (1868-1941), além de notas, glossário, cronologia e a biografi a de Vincent escrita pela mulher de Theo, Johanna van Gogh-Bonger.

RudezaÉ comum que, lendo as car-

tas de algum artista admi-rável, nossa admiração por ele diminua um bocado. As do escritor Gustave Flaubert (1821-80), que perfazem cinco volumes em papel-bíblia na coleção da Pléiade, podem ser incomparáveis no que expres-sam de autoexigência artística e de espírito crítico, mas não deixam de incomodar pela fre-quente rudeza de expressões e sentimentos.

No caso de Van Gogh, ainda que o pintor holandês tenha sido vítima de perigosos surtos de violência psicótica no fi nal da vida, a impressão que dei-xam suas cartas é a de alguém próximo da santidade.

“Neste inverno”, escreve ele a Theo em abril de 1882, “encon-trei uma mulher grávida, que tinha sido abandonada pelo pai da criança que ela estava es-perando”. “Uma mulher grávida que, no inverno, vagava pelas ruas, que devia ganhar seu pão você bem sabe como.” Van Gogh conta que a levou para casa e a tomou como modelo pelo resto da estação.

“Eu a fi z tomar banhos, dei-lhe fortifi cantes tanto quanto pude, e ela fi cou bem mais saudável.” Passaram a morar juntos – sendo que, como sem-pre, Van Gogh não tinha um tostão além do que Theo lhe dava. “Esta mulher agora está ligada a mim como uma pomba domesticada”.

Van Gogh imagina a res-posta que receberá do irmão. “Vincent, você vai passar por momentos péssimos e preo-cupações tremendas.” Profecia que, de resto, iria se cumprir.

Mas naquele momento o pintor não se importa.

“Sei disso, você tem razão, mas, meu caro, eu estaria ain-da pior se, bem no fundo de mim mesmo, eu fi casse com a sensação de ter perfi damente abandonado uma mulher que encontrei no inverno, grávi-da e doente, e a lançado de volta às cruéis pedras do cal-çamento mais uma vez.” (Uso neste trecho tradução minha da edição inglesa das cartas para a Penguin Classics, já que nem todas as missivas constam da edição brasilei-ra, que faz outra seleção do material, sempre riquíssimo, deixado pelo pintor.)

GenerosidadeA generosidade de Vincent

van Gogh, que o levara a empre-ender uma carreira como pre-gador leigo entre os mineiros miseráveis da região carvoeira de Borinage, no oeste da Bélgi-ca, mantém-se mesmo depois dessa fase ultrarreligiosa de fi nais dos anos 1870.

É difícil, no seu caso, separar a produção estética do que nasce de uma particular con-formação emocional.

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Correspondência

[Continuação]

Não para dizer, como o fi ló-sofo e psiquiatra Karl Jaspers (1883-1969) em seu estudo so-bre as relações entre loucura e arte na pintura de Van Gogh e na dramaturgia de Strindberg, que a última fase de desequilíbrio psíquico do gênio holandês se refl etia num enfraquecimento da qualidade de seus quadros, mais mecânicos e maneiristas, segundo Jaspers.

A relação entre arte e psico-logia, ou, melhor dizendo, entre pintura e “alma”, se expressa nas palavras do próprio Van Gogh. Apesar de próximo da estética dos impressionistas e pós-impressionistas, o holan-dês tinha afi nidades maiores com a pintura de românticos como Eugène Delacroix (1798-1863) e realistas como Jean-François Millet (1814-75). No primeiro, ele encontrava a pos-sibilidade de usar a cor como meio de transmitir “conteúdos” expressivos; em Millet, a repre-sentação evangélica da vida do trabalhador do campo.

Leitor de Dickens e Tolstói, Van Gogh está sempre bus-cando a proximidade com os mais pobres. “Cristo é o maior artista de todos”, diria – e os atormentados ciprestes que ele pintou no fi m da vida eram para ser, em sua concepção, como as árvores do Gólgota.

Um sofrimento recorrente nas cartas do tão célebre pintor de paisagens e girassóis é a falta de modelos vivos, que o permitissem retratar não só a natureza – que ele vê sempre

em estado de germinação, mo-vimento e desejo – mas também o ser humano.

Seja como for, suas cartas funcionam como uma segun-da obra, além das realizações pictóricas, nas quais ele mostra uma alma por inteiro. Na esma-gadora maioria das missivas, o que vemos é uma pessoa fer-vorosa, “pintando como uma locomotiva”, sempre descon-tente com seu trabalho, mas sem nenhum ingrediente de loucura mais notável. Depois de uma juventude desorienta-da, e de vários desentendimen-tos com a família, Van Gogh sabe o que quer, o que procura e entrega-se a isso com ener-gia e constância. Muita gente menos louca do que ele deveria invejá-lo nesse aspecto.

TratadoAs cartas de Vincent van

Gogh não são citadas por Si-mon Garfi eld no seu divertido e emocionante “tratado” sobre a comunicação pessoal escrita. Mas outro caso de arte, loucura e suicídio – o da poeta americana Sylvia Plath (1932-63) – ganha destaque em “To The Letter”.

Um dos capítulos do livro é dedicado à correspondência do viúvo de Plath, o também poeta Ted Hughes (1930-98). Uma coletânea das cartas do autor britânico foi publicada em 2007, e Simon Garfi eld transcreve um trecho do que Hughes escreveu para a mãe de Plath, um mês após o suicídio: “Cara Aurelia, foi impossível para mim escrever-lhe antes. Nunca vou superar o choque e esse nem é particu-

larmente um desejo meu. Vi as cartas que Sylvia escreveu para os meus pais e imagino que ela tenha escrito outras parecidas, ou piores, a você”.

Hughes continua: “Nós está-vamos totalmente cegos, nós dois estávamos desesperados, fomos estúpidos e orgulhosos – e o orgulho nos fez tortuosos, ela mais ainda. Sei que Sylvia era constituída de forma a impingir terríveis punições às pessoas a quem mais amava, mas todo mundo é um pouco assim, e era necessário apenas um pouco de inteligência da minha parte para lidar com isso”.

Ele conclui: “Não quero ser perdoado nunca. Não quero di-zer com isso que vou me tornar um altar público de lamento e de remorso; o mais cedo pos-sível vou me transformar no oposto disso. Mas se houver uma eternidade, estarei nela em danação”.

Durante o resto da vida, Hu-ghes recusou-se a alimentar a indústria de especulações em torno de sua responsabilidade pelo suicídio de Sylvia Plath. Só em 1998 ele publicaria um livro de poemas – cujo título, “Bir-thday Letters”, evoca a ideia de correspondência – escritos ao longo dos 25 anos transcorridos desde o suicídio dela.

Tendo morrido nesse mesmo 1998, Ted Hughes pode ser considerado um dos últimos es-critores a nunca ter encostado as mãos num computador, e suas cartas servem como um testemunho pessoal que, sem dúvida, e-mail nenhum é capaz de oferecer.

BabilôniaA história começa muitos séculos an-

tes, obviamente. Em “Kind Regards”, Liz Williams informa que o rei Hamurabi, da Babilônia, foi dos primeiros a organizar um “sistema postal”, por volta de 1750 antes de Cristo. Como prevaleceria até a invenção do telégrafo, distribuíam-se “postos”, ou “estações”, ao longo das es-tradas, nos quais mensageiros trocavam de cavalo para prosseguir viagem.

No século 13, Kublai Khan, neto de Gêngis Khan, teria espalhado 1.400 des-ses postos pelo território chinês, sepa-rados por uma distância de no máximo 60 quilômetros. Mecanismos desse tipo estavam reservados, entretanto, para a correspondência ofi cial e militar.

Na Inglaterra, foi só em 1657 que se instituiu, por decreto do republicano Oliver Cromwell, um serviço geral de cor-reios aberto ao público. Daniel Defoe, no começo do século seguinte, orgulhava-se de que em Londres, diferentemente das outras grandes cidades do mundo, era possível mandar e receber cartas no mesmo dia, em “quatro, cinco, seis ou oito horários diferentes”. Cerca de 1 milhão de cartas circulavam pela Inglaterra em 1703, conta Simon Garfi eld.

Quase dois séculos se passariam, en-tretanto, até que Oscar Wilde pudesse se dar ao luxo de simplesmente jogar uma carta pela janela – confi ando que o primeiro passante que a visse na calçada teria a civilidade de colocá-la na caixa de correio mais próxima.

Para isso, os selos tiveram de ser inventados (em 1840, por Rowland Hill). O Brasil foi o segundo país do mundo a adotá-los, em 1843.

Também as caixas de correio tiveram de ser instituídas. Embora desde a Renas-cença existissem recipientes postais nas igrejas para que os cidadãos se denun-ciassem mutuamente, um mecanismo mais confi ável só veio a ser implantado

em Londres em abril de 1855. O respon-sável pela inovação teria sido (a autoria é contestada) um romancista vitoriano de peso, Anthony Trollope (1815-82) – o prolífi co escritor foi também funcionário dos correios por 33 anos.

As curiosidades em torno do assunto são o forte, como se vê, de “Kind Regar-ds”. O problema do livro de Williams é o seu ar de “manual do escoteiro-mirim”. Surgem coisas como uma tabela de como se diz “carta” em diversas línguas do mundo (“dopis”, em tcheco, “barua”, em suaíli), além de considerações do tipo “por que você deveria escrever cartas”: a resposta, segundo a autora, está em que “bem escrita ou não, a carta proporciona uma conexão humana”.

Trivialidades desse tipo não ocupam o livro de Simon Garfi eld. “To the Letter” sabe alternar com maestria o fatual e o comovente, e talvez nisso esteja o segre-do das cartas realmente memoráveis.

Não faltam exemplos. Uma carta ba-nalíssima – convidando para uma festa de aniversário – ganha força quando sabemos que foi escrita numa tabuinha, milagrosamente preservada nas terras úmidas do norte da Inglaterra, por Clau-dia Severa a Lepidina, por volta do ano 100 d.C. “O dia será muito mais prazeroso com a sua vinda”, diz a aniversariante, no que provavelmente é um dos primeiros exemplares de um texto manuscrito por uma mulher.

Outro manuscrito impressionante, mas provavelmente forjado, é a carta de Ana Bolena a Henrique 8º, protes-tando sua inocência ao marido, pouco antes de ser decapitada na Torre de Londres. Um pouco menos deprimente é a correspondência entre Napoleão e Josefi na de Beauharnais, que vai da paixão mais obsessiva às corteses tra-tativas de separação.

Ilustrações (que, na versão física do livro, se veem um pouco prejudicadas

pela qualidade do papel) aparecem com regularidade em “To The Letter”. Simon Garfi eld é um entusiasta dos leilões de manuscritos, e agrega bastante suspense ao livro contando de que modo alguns tesouros epistolográfi cos vieram a público.

Um desses tesouros é a correspondên-cia da família Paston, que se estende por várias gerações durante o século 15. “Estou comendo como um cavalo”, diz um rapaz da família em 1469; “estou sem cartas de você desde o Natal, e meu coração não fi cará sossegado se não receber notícias”, diz Margaret Paston ao marido.

PresençaAs notícias chegaram até nós. Mais

do que a qualidade literária, certamente notável nos grandes autores de cartas como Madame de Sévigné (1626-96), Voltaire (1694-1778) ou William Cowper (1731-1800), o que chama a atenção nessas correspondências preservadas é algo muito simples, e inimitável: a presença da vida.

Sobre William Cowper, uma boa e rápida introdução é oferecida por John O’Connell, em “The Joy of Letters”. O livro se divide nos diferentes tipos de “alegria”, ou contentamento, que as cartas são capazes de produzir. Falando sobre “a alegria de coisa nenhuma”, O’Connell dá exemplos daquelas cartas em que nada de importante se comunica.

“Você quer ter notícias minhas”, escre-ve Cowper a William Unwin, em 1780. “Essa é uma boa razão para eu escrever a você “”mas não tenho nada a contar – e essa é uma razão igualmente boa para eu não escrever a você. Mas, se você tivesse desmontado do seu cavalo na nossa casa de manhã, e no momento em que escrevo esta carta, às cinco da tarde, tivesse tido a oportunidade de dizer para mim, sr. Cowper, o senhor

nada disse desde que eu entrei, está determinado a nunca mais falar comigo?, seria uma péssima réplica se, ao atender a sua convocação, eu mencionasse a falta de coisa importante como minha melhor e única desculpa...”

E por aí ele vai, bordando o texto em torno de nada. Dos livros aqui comentados, o de John O’Connell é, sem dúvida, o mais “literário”, menos interessado em descobertas históricas do que na graça, na eloquência, no gênio dos grandes missivistas.

Já Simon Garfi eld, num livro mais extenso, dá atenção ao que, mesmo na correspondência entre excelentes escri-tores, faz parte do cotidiano trivial da humanidade, sem grandes diferenças ao longo dos séculos.

As mesmas queixas quanto à demora em responder, as mesmas desculpas por não ter tido tempo, as mesmas preocu-pações com a saúde dos parentes, os mesmos desejos de que tudo corra bem, a mesma perplexidade diante da morte, os mesmos pedidos, ciúmes e promessas atravessam as linhas escritas por Plínio, o Moço (“como é que você não apareceu para jantar ontem?”, pergunta ele a Septício Claro, por volta de 100 d.C) e Henry Miller (1891-1980), lamentando que sua amada Anaïs Nin tenha saído para jantar com a família em vez de fi car com ele.

Lugares-comuns, sem dúvida – mas que ganham calor e pulso a cada novo contexto. Para quem conhece os extra-ordinários quadros em que Van Gogh retratava apenas um par de sapatos velhos, a simplicidade do menor teste-munho de vida sempre há de se cobrir de um grande valor. Ainda mais quando, num dia especialmente animado, Vincent se despede de Theo anunciando que irá em seguida se dedicar a uma tarefa que estava adiando há muito tempo: engraxar as próprias botinas.

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Correspondência

[Continuação]

Não para dizer, como o fi ló-sofo e psiquiatra Karl Jaspers (1883-1969) em seu estudo so-bre as relações entre loucura e arte na pintura de Van Gogh e na dramaturgia de Strindberg, que a última fase de desequilíbrio psíquico do gênio holandês se refl etia num enfraquecimento da qualidade de seus quadros, mais mecânicos e maneiristas, segundo Jaspers.

A relação entre arte e psico-logia, ou, melhor dizendo, entre pintura e “alma”, se expressa nas palavras do próprio Van Gogh. Apesar de próximo da estética dos impressionistas e pós-impressionistas, o holan-dês tinha afi nidades maiores com a pintura de românticos como Eugène Delacroix (1798-1863) e realistas como Jean-François Millet (1814-75). No primeiro, ele encontrava a pos-sibilidade de usar a cor como meio de transmitir “conteúdos” expressivos; em Millet, a repre-sentação evangélica da vida do trabalhador do campo.

Leitor de Dickens e Tolstói, Van Gogh está sempre bus-cando a proximidade com os mais pobres. “Cristo é o maior artista de todos”, diria – e os atormentados ciprestes que ele pintou no fi m da vida eram para ser, em sua concepção, como as árvores do Gólgota.

Um sofrimento recorrente nas cartas do tão célebre pintor de paisagens e girassóis é a falta de modelos vivos, que o permitissem retratar não só a natureza – que ele vê sempre

em estado de germinação, mo-vimento e desejo – mas também o ser humano.

Seja como for, suas cartas funcionam como uma segun-da obra, além das realizações pictóricas, nas quais ele mostra uma alma por inteiro. Na esma-gadora maioria das missivas, o que vemos é uma pessoa fer-vorosa, “pintando como uma locomotiva”, sempre descon-tente com seu trabalho, mas sem nenhum ingrediente de loucura mais notável. Depois de uma juventude desorienta-da, e de vários desentendimen-tos com a família, Van Gogh sabe o que quer, o que procura e entrega-se a isso com ener-gia e constância. Muita gente menos louca do que ele deveria invejá-lo nesse aspecto.

TratadoAs cartas de Vincent van

Gogh não são citadas por Si-mon Garfi eld no seu divertido e emocionante “tratado” sobre a comunicação pessoal escrita. Mas outro caso de arte, loucura e suicídio – o da poeta americana Sylvia Plath (1932-63) – ganha destaque em “To The Letter”.

Um dos capítulos do livro é dedicado à correspondência do viúvo de Plath, o também poeta Ted Hughes (1930-98). Uma coletânea das cartas do autor britânico foi publicada em 2007, e Simon Garfi eld transcreve um trecho do que Hughes escreveu para a mãe de Plath, um mês após o suicídio: “Cara Aurelia, foi impossível para mim escrever-lhe antes. Nunca vou superar o choque e esse nem é particu-

larmente um desejo meu. Vi as cartas que Sylvia escreveu para os meus pais e imagino que ela tenha escrito outras parecidas, ou piores, a você”.

Hughes continua: “Nós está-vamos totalmente cegos, nós dois estávamos desesperados, fomos estúpidos e orgulhosos – e o orgulho nos fez tortuosos, ela mais ainda. Sei que Sylvia era constituída de forma a impingir terríveis punições às pessoas a quem mais amava, mas todo mundo é um pouco assim, e era necessário apenas um pouco de inteligência da minha parte para lidar com isso”.

Ele conclui: “Não quero ser perdoado nunca. Não quero di-zer com isso que vou me tornar um altar público de lamento e de remorso; o mais cedo pos-sível vou me transformar no oposto disso. Mas se houver uma eternidade, estarei nela em danação”.

Durante o resto da vida, Hu-ghes recusou-se a alimentar a indústria de especulações em torno de sua responsabilidade pelo suicídio de Sylvia Plath. Só em 1998 ele publicaria um livro de poemas – cujo título, “Bir-thday Letters”, evoca a ideia de correspondência – escritos ao longo dos 25 anos transcorridos desde o suicídio dela.

Tendo morrido nesse mesmo 1998, Ted Hughes pode ser considerado um dos últimos es-critores a nunca ter encostado as mãos num computador, e suas cartas servem como um testemunho pessoal que, sem dúvida, e-mail nenhum é capaz de oferecer.

BabilôniaA história começa muitos séculos an-

tes, obviamente. Em “Kind Regards”, Liz Williams informa que o rei Hamurabi, da Babilônia, foi dos primeiros a organizar um “sistema postal”, por volta de 1750 antes de Cristo. Como prevaleceria até a invenção do telégrafo, distribuíam-se “postos”, ou “estações”, ao longo das es-tradas, nos quais mensageiros trocavam de cavalo para prosseguir viagem.

No século 13, Kublai Khan, neto de Gêngis Khan, teria espalhado 1.400 des-ses postos pelo território chinês, sepa-rados por uma distância de no máximo 60 quilômetros. Mecanismos desse tipo estavam reservados, entretanto, para a correspondência ofi cial e militar.

Na Inglaterra, foi só em 1657 que se instituiu, por decreto do republicano Oliver Cromwell, um serviço geral de cor-reios aberto ao público. Daniel Defoe, no começo do século seguinte, orgulhava-se de que em Londres, diferentemente das outras grandes cidades do mundo, era possível mandar e receber cartas no mesmo dia, em “quatro, cinco, seis ou oito horários diferentes”. Cerca de 1 milhão de cartas circulavam pela Inglaterra em 1703, conta Simon Garfi eld.

Quase dois séculos se passariam, en-tretanto, até que Oscar Wilde pudesse se dar ao luxo de simplesmente jogar uma carta pela janela – confi ando que o primeiro passante que a visse na calçada teria a civilidade de colocá-la na caixa de correio mais próxima.

Para isso, os selos tiveram de ser inventados (em 1840, por Rowland Hill). O Brasil foi o segundo país do mundo a adotá-los, em 1843.

Também as caixas de correio tiveram de ser instituídas. Embora desde a Renas-cença existissem recipientes postais nas igrejas para que os cidadãos se denun-ciassem mutuamente, um mecanismo mais confi ável só veio a ser implantado

em Londres em abril de 1855. O respon-sável pela inovação teria sido (a autoria é contestada) um romancista vitoriano de peso, Anthony Trollope (1815-82) – o prolífi co escritor foi também funcionário dos correios por 33 anos.

As curiosidades em torno do assunto são o forte, como se vê, de “Kind Regar-ds”. O problema do livro de Williams é o seu ar de “manual do escoteiro-mirim”. Surgem coisas como uma tabela de como se diz “carta” em diversas línguas do mundo (“dopis”, em tcheco, “barua”, em suaíli), além de considerações do tipo “por que você deveria escrever cartas”: a resposta, segundo a autora, está em que “bem escrita ou não, a carta proporciona uma conexão humana”.

Trivialidades desse tipo não ocupam o livro de Simon Garfi eld. “To the Letter” sabe alternar com maestria o fatual e o comovente, e talvez nisso esteja o segre-do das cartas realmente memoráveis.

Não faltam exemplos. Uma carta ba-nalíssima – convidando para uma festa de aniversário – ganha força quando sabemos que foi escrita numa tabuinha, milagrosamente preservada nas terras úmidas do norte da Inglaterra, por Clau-dia Severa a Lepidina, por volta do ano 100 d.C. “O dia será muito mais prazeroso com a sua vinda”, diz a aniversariante, no que provavelmente é um dos primeiros exemplares de um texto manuscrito por uma mulher.

Outro manuscrito impressionante, mas provavelmente forjado, é a carta de Ana Bolena a Henrique 8º, protes-tando sua inocência ao marido, pouco antes de ser decapitada na Torre de Londres. Um pouco menos deprimente é a correspondência entre Napoleão e Josefi na de Beauharnais, que vai da paixão mais obsessiva às corteses tra-tativas de separação.

Ilustrações (que, na versão física do livro, se veem um pouco prejudicadas

pela qualidade do papel) aparecem com regularidade em “To The Letter”. Simon Garfi eld é um entusiasta dos leilões de manuscritos, e agrega bastante suspense ao livro contando de que modo alguns tesouros epistolográfi cos vieram a público.

Um desses tesouros é a correspondên-cia da família Paston, que se estende por várias gerações durante o século 15. “Estou comendo como um cavalo”, diz um rapaz da família em 1469; “estou sem cartas de você desde o Natal, e meu coração não fi cará sossegado se não receber notícias”, diz Margaret Paston ao marido.

PresençaAs notícias chegaram até nós. Mais

do que a qualidade literária, certamente notável nos grandes autores de cartas como Madame de Sévigné (1626-96), Voltaire (1694-1778) ou William Cowper (1731-1800), o que chama a atenção nessas correspondências preservadas é algo muito simples, e inimitável: a presença da vida.

Sobre William Cowper, uma boa e rápida introdução é oferecida por John O’Connell, em “The Joy of Letters”. O livro se divide nos diferentes tipos de “alegria”, ou contentamento, que as cartas são capazes de produzir. Falando sobre “a alegria de coisa nenhuma”, O’Connell dá exemplos daquelas cartas em que nada de importante se comunica.

“Você quer ter notícias minhas”, escre-ve Cowper a William Unwin, em 1780. “Essa é uma boa razão para eu escrever a você “”mas não tenho nada a contar – e essa é uma razão igualmente boa para eu não escrever a você. Mas, se você tivesse desmontado do seu cavalo na nossa casa de manhã, e no momento em que escrevo esta carta, às cinco da tarde, tivesse tido a oportunidade de dizer para mim, sr. Cowper, o senhor

nada disse desde que eu entrei, está determinado a nunca mais falar comigo?, seria uma péssima réplica se, ao atender a sua convocação, eu mencionasse a falta de coisa importante como minha melhor e única desculpa...”

E por aí ele vai, bordando o texto em torno de nada. Dos livros aqui comentados, o de John O’Connell é, sem dúvida, o mais “literário”, menos interessado em descobertas históricas do que na graça, na eloquência, no gênio dos grandes missivistas.

Já Simon Garfi eld, num livro mais extenso, dá atenção ao que, mesmo na correspondência entre excelentes escri-tores, faz parte do cotidiano trivial da humanidade, sem grandes diferenças ao longo dos séculos.

As mesmas queixas quanto à demora em responder, as mesmas desculpas por não ter tido tempo, as mesmas preocu-pações com a saúde dos parentes, os mesmos desejos de que tudo corra bem, a mesma perplexidade diante da morte, os mesmos pedidos, ciúmes e promessas atravessam as linhas escritas por Plínio, o Moço (“como é que você não apareceu para jantar ontem?”, pergunta ele a Septício Claro, por volta de 100 d.C) e Henry Miller (1891-1980), lamentando que sua amada Anaïs Nin tenha saído para jantar com a família em vez de fi car com ele.

Lugares-comuns, sem dúvida – mas que ganham calor e pulso a cada novo contexto. Para quem conhece os extra-ordinários quadros em que Van Gogh retratava apenas um par de sapatos velhos, a simplicidade do menor teste-munho de vida sempre há de se cobrir de um grande valor. Ainda mais quando, num dia especialmente animado, Vincent se despede de Theo anunciando que irá em seguida se dedicar a uma tarefa que estava adiando há muito tempo: engraxar as próprias botinas.

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Diário de BogotáO MAPA DA CULTURA

3

Achincalhes e Santos dominam festa literária

Vargas Llosa de saia justa

D e longe, mais parece um encontro de numismatas ou fi latelistas, reunidos no suntuoso Palácio Chapultepec, de onde se vê a Cidade do México em 360 graus.

Na semana passada, quase uma centena de “jornalistas literários” latino-americanos (em espanhol, “cronistas”) – editores, feras da reportagem internacional e 15 re-pórteres nascidos depois de 1980 – debateram um gênero que, segun-do Elena Poniatowska, 82, decana do jornalismo mexicano, é a “poesia do futuro”.

O encontro “Nuevos Cronistas de Indias” (cronistas.fnpi.org) foi organizado pela Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano (FNPI), que a partir deste mês adota o nome de seu fundador, Gabriel García Márquez. O México é o país mais perigoso para o metiê, segundo o repórter da revista “The New Yorker” Jon Lee Anderson – o úni-co norte-americano presente. Um exemplo: em 2011, a cabeça de

uma repórter da revista “Proceso” foi deixada em cima de seu teclado, numa mensagem sem ambiguida-des nem toques literários.

BanalizaçãoCabeças cortadas e cadáveres se

multiplicam nos tabloides. A tensão entre o cultivo do estilo e a urgência de reportar situações que nada têm de poéticas é um dos eixos das discussões. “Não aguentamos mais ler perfi s de chefes do tráfi co”, disse o colombiano Camilo Jiménez. Já a chilena Mónica González, da CIPER, criticou o preciosismo de editores que cultivam o texto em detrimento da informação relevante.

O dilema entre as reportagens feitas de “algodão-doce” e as que têm real impacto na vida das pessoas é falso, afi rma o chileno Cristian Alarcón, diretor da revista argentina “Anfi bia”: “Toda narrativa jornalística depende da investiga-ção, mas nem toda investigação depende da narrativa”.

Seja como for, o encontro mostra um bom momento para o tal “jorna-lismo literário” na América Latina. E o foco nos meios impressos mostra que a internet, no jornalismo, ainda não passa de uma promessa.

Nos últimos 15 anos, assinala

Lee Anderson, o continente viveu uma explosão de revistas, algumas muito refi nadas, como a mexica-na “Gatopardo”, a colombiana “El Malpensante”, a peruana “Etiqueta Negra”, a chilena “The Clinic” e a brasileira “Piauí”.

Além dessas publicações, es-tavam representados jornais – a Folha, o mexicano “Reforma”, o espanhol “El País”, os argentinos “Página/12” e “Clarín”–, entidades como a Fundação Tomás Eloy Mar-tínez (links para os sites dos partici-pantes em folha.com/ilus trissima) e editores de livros.

ElitismoEsse fl orescimento num conti-

nente marcado pelo analfabetismo traz desafi os. “O perigo do jorna-lismo literário é cair na frivolida-de, na cobertura de celebridades voltada para uma elite”, disse à Folha Jon Lee Anderson. “Não po-demos competir com o ‘hard news’ e todos precisamos dele, mas a reportagem de fôlego pode conter muitos gêneros ao mesmo tempo e, em três meses de apuração, alimentar a história”.

Lee Anderson também pede mais rigor na defi nição do que é uma reportagem de fôlego e defende

o caráter democrático da grande reportagem, que deve atingir todos os meios sociais.

Isso também vale na América Latina, que não tem uma revista de grande alcance como a “New Yorker”? Como driblar a vocação para o elitismo? Anderson reconhe-ce que, no México, ainda se escreve para uma elite: “Afi nal, somos meia dúzia de escritores reunidos no pa-lácio de um imperador”.

Mendigos, Uni-Vos!Enquanto isso, no Zócalo, praça

no centro histórico, desenrolava-se outro encontro internacional: Ho-meless World Cup, a Copa do Mundo de moradores de rua. Em pequenas quadras, com arquibancadas, patro-cinadores, torcidas e uniformes, 56 seleções formadas por mendigos barbeados e arrumadinhos dispu-tavam o título mundial.

Até o fechamento desta edição, a campanha brasileira era perfeita: entre várias goleadas, batemos a Argentina por 8 a 2, e a Coreia do Sul, num formidável 17 a 3. Os resultados e os melhores momentos em homelessworldcup.org.

O jornalista Paulo Werneck viajou a convite da FNPI.

SYLVIA COLOMBO

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G7MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 G

4 Leve como o ar

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Rio/ Nova York, 1974

Conhecemos Hélio Oiticica (1937-80) no início dos anos 1960, quando, uma vez por semana, ele ia à nossa casa nos dar aulas de pintura. “In-venta!”, repetia ele, quando, diante de uma cartolina vazia, perguntávamos o que fazer.

Sempre em permanente invenção e experimentação, Hélio passou grande parte de sua efêmera vida escrevendo: foram milhares de páginas de anotações e, principalmente, cartas que enviava para os amigos mundo afora.

Nosso convívio com ele transformou-se em amizade duradoura e consolidou-se em parcerias criativas. Em março de 1974, após uma temporada em Nova York, es-tabelecemo-nos novamente no Rio de Janeiro onde, ain-da sob o “estado inventivo”, realizamos projetos artísti-cos que se concretizaram em fi lmes, fotografi as e proposi-ções. Mantínhamos contato

constante com nosso querido amigo por meio de telefone-mas internacionais e, claro, muitas cartas.

Esses escritos eram de-talhados relatos de ideias, experiências e refl exões. De um lado, enviávamos informa-ções do Rio, em plena ditadura militar, porém pulsando com shows de rock no Maracanãzi-nho, de Miles Davis no Theatro Municipal, fi lmes no Paissan-du, no Cinema 1, além da praia de Ipanema, com seu hedo-nismo balneário, onde tudo e todos se encontravam.

As cartas recebidas de Nova York presentifi cavam e davam continuidade às experiências por nós ali vividas, mas sem qualquer sentimento de nos-talgia. Ao contrário: eram como um criativo, divertido e performático “travelogue” do cotidiano nova-iorquino re-latado por quem o conhecia tão bem.

Muitas obras que tiveram a participação de Hélio Oiticica foram pensadas e desenvol-vidas por meio de generosas trocas de informações escri-tas. Uma delas é a nossa CALL ME HELIUM que, agora, 40 anos depois de ser concebida, é realizada no Centro Cultural

Correios no Rio de Janeiro. Antes mesmo de conceituar a obra, já tínhamos o nome. A frase foi pinçada por Hélio da última entrevista de Jimi Hendrix antes de sua morte e inserida no início de uma carta sua a Waly Salomão publicada na revista “Polem”, em janeiro de 1974.

Pensada como uma home-nagem nossa a Hélio, a obra foi tomando forma através das cartas. A proposta inicial era, num domingo de sol na praia de Ipanema, içar um balão vermelho a uma altura de 20 metros com a frase pintada em dois lados.

Enviamos as ideias para Hé-lio, que, euforicamente, res-pondeu com sugestões como as de que não usássemos aspas na frase, evitássemos sentimentalismo e moralismo quanto a Hendrix e que Sil-viano Santiago e os irmãos Campos fossem convidados.

Em 7 de abril, poucos dias depois de receber a carta com essas refl exões, respondemos que logo enviaríamos a pro-posição, que deveria ser a mais simples possível, de fácil e imediata execução, como se “fosse algo chamando a atenção numa situação onde

normalmente nada acontece e que, de-pois de acontecer, novamente nada aconteceria”.

Sucederam-se vários longos te-lefonemas, nos quais, claro, o as-sunto nunca era apenas CALL ME HELIUM. Falávamos das coisas e pesso-as daqui, e ele, das de lá, che-gando sempre ao mesmo d e s f e c h o , com Hélio, aos gritos e gargalha-das, dizen-do: “Pois é, eu aqui sei de mais coisas daí que vocês aí!”. Ou, ain-da: “Eu aqui faço coisas aí! Ha! Ha! Ha!”.

No fi nal daquele mês, ele nos enviou cópias de três páginas de seu caderno NTBK 4/73, com contribuições e refl exões minuciosamente detalhadas, que deveriam se somar às nossas. E, assim, a obra foi

se construindo e tomando forma, sempre co-laborativa e, principalmente, leve como o ar.

Nossa troca epistolar foi mantida até a volta de Hé-lio ao Brasil, em 1978. São dezenas de páginas que se confi guram como relatos de

tempos passados, nos quais, em meio também a muitas fofocas, afl oram emoções que legitimam aquilo que de mais precioso pode haver entre indivíduos: amizade e confi ança eternas.

ANDREAS VALENTINTHOMAS VALENTIN

Trecho de carta de Hélio Oiticica

aos irmãos Valentin

(31-03-74)

ACERVO PESSOAL

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G8 MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

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[email protected], DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014 (92) 3090-1042Plateia 4

Ivete Sangalo é alegria pura em novo CD e DVD

DIVULGAÇÃO

Nas aulas e masterclas-ses de canto, tive colegas cantoras que não me cumprimen-tavam. No meu primei-ro teste de canto, uma professora do Rio de Janei-ro me disse que eu não tinha voz”

Há 12 anos longe de Manaus, um nome da arte amazonen-se segue assumindo

novos desafi os e obtendo por consequência novas conquis-tas. Em plena realização do 18º Festival Amazonas de Ópera (FAO), o EM TEMPO conversou com a cantora Taís Bandeira, uma das vozes mais signifi cativas já produzidas pelo Amazonas, radicada em São Paulo. Aos 20 anos de idade, Taís descobriu a ópera cantando “Alma”, de Cláudio Santoro, no Teatro Amazonas. Em seguida, cantou no FAO por 7 anos tendo se desta-cado como Pamina (A Flauta Mágica, Mozart).

Vencedora de concursos de canto como “Maria Callas”, “Aldo Baldin” (ambos de 2007) e ”Carlos Gomes” (2008), por exemplo, Taís foi a primeira cantora brasileira a participar do concurso de canto “Opera-lia”, do tenor Plácido Domingo, tendo cantado sob sua re-gência no “Dorothy Chandler Pavilion Opera House”, em Los Angeles/EUA. É dela, ainda, a honra de ter sido a primeira soprano amazonense a cantar ópera como solista na história do Teatro Amazonas.

Ao EM TEMPO, a cantora, cuja carreira passa por um repertório de concertos e re-citais como Manon Lescaut, Tosca, Madame Butterfl y, La Traviata, Carmen, O Forrobo-dó, Carmina Burana e outros títulos, conta curiosidades so-bre seu trabalho.

EM TEMPO – Foi difícil se adaptar a uma nova reali-dade fora de Manaus?

Taís Bandeira – Um pouco. Sofri nos seis meses iniciais da minha vida em São Paulo. Nunca tinha desejado morar aqui, achava a cidade muito opressora. Nunca tinha alme-jado, por exemplo, cantar no Teatro Municipal de São Paulo.

Mas depois de cortar o cordão umbilical com Manaus, virei quase paulistana.

EM TEMPO – Que princi-pais difi culdades você en-frentou?

TB – Assédios diversos. Se-xual e moral também. Precon-ceito por ser do Amazonas. E pessoas me assediando por ser a cabocla “gostosa” que veio de Manaus. O assédio moral e bullying sofri com colegas na faculdade (UNESP, onde fez mestrado em canto). Nas aulas e masterclasses de canto, por exemplo, tive co-legas cantoras que não me cumprimentavam. Conheci de cara o que era concorrência. No meu primeiro teste de can-to, uma professora do Rio de Janeiro me disse que eu não tinha voz. Na mesma semana fui escolhida por uma profes-sora incrível, Mirtes Landi, e me mudei para Belo Horizonte onde fi quei por 1 ano e meio estudando canto com ela e com o maestro Nivaldo San-tiago. Recebi algum tempo depois uma bolsa de estudos do Estado do Amazonas, ou-torgada pelo secretário Ro-bério Braga.

EM TEMPO – Soube que você gosta de rock e que adoraria ter uma banda. Quão próximo você esteve perto disso?

TB – Antes de cantar ópera eu cantei MPB e iniciei uma banda de rock com amigos. Sempre gostei de rock e he-avy metal. Minha irmã mais velha namorava um baixis-ta que tinha uma banda que ensaiava perto de casa. Eu tinha 10 anos e frequentava os ensaios e shows deles no Rio Negro e no Colégio Militar, pois minha irmã era obrigada a me levar nos shows. Alguns anos depois, quando eu estava formando uma banda, meu baterista foi para Londres e nunca mais voltou, e eu acabei seguindo o caminho da ópera. Mas o rock e o popular sem-

pre estiveram me rondando. O rock entra sempre que é possível em meus recitais e concertos. Nos recitais mais recentes que fi z em São Paulo e Minas Gerais, cantei “Fear of The Dark” (Iron Maiden) e “Enter Sandman” (Metallica). Ainda não consegui colocar nos shows nada do Pearl Jam, Whitesnake e do Led Zeppelin. É como se as músicas fossem “encantadas”. Sou tão imensa-mente fã do Robert Plant, do David Coverdale e, principal-mente, do Eddie Vedder que acho que minha voz estragaria as criações deles.

EM TEMPO – O que está desenvolvendo atualmente na sua carreira artística?

TB – Continuo dando aulas na universidade. O meu foco é a formação de cantores e professores de canto capa-citados verdadeiramente ou para o palco, seja erudito ou popular, ou para sala de aula. Lá desenvolvo também um projeto de pesquisa em ópera e heavy metal. Acabei de fazer dois concertos de canções de Carlos Gomes com a Orques-tra Sinfônica de Campinas, regida pelo Maestro Victor-Hugo Toro. No dia 9 de abril, estreei a personagem Cio Cio San, de Madame Butterfly, de Puccini (ópera que apresen-tará em mais de 50 cidades, ainda). E acabo de formatar o programa de um CD de músicas sacras, que farei para angariar fundos para entidades que reabilitam de-pendentes químicos.

EM TEMPO – Mesmo à distância, você acompa-nha de alguma forma o que acontece em Manaus, em relação ao seu campo de atuação?

TB – Não acompanho como gostaria, pois é sempre um período de muito trabalho para mim aqui no Sudeste. Mas fi co imensamente feliz com os sucessos e as glórias do FAO.

Taís BANDEIRA

‘Em SP, CONHECI O QUE ERA concorrência’

O rock e o popular sempre estiveram me rondando. Nos recitais mais recentes que fi z em São Paulo e Minas Gerais, cantei ‘Fear of The Dark’ (Iron Mai-den) e ‘Enter Sandman’ (Metallica). Sou imen-samente fã do Robert Plant, do David Cover-dale e, principalmente, do Eddie Vedder”

GUSTAV CERVINKAEquipe EM TEMPO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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vil da Univer-sidade de São Paulo- USP. Ela

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>>. Anabel Sou-za estréia idade nova neste domin-go. Cumprimentos da coluna.

>>. Nejmi Aziz ganhou almoço concorr id íss imo comemorando a passagem de seu aniversário, sexta-feira no Bistrô Zefi -nha, reunindo time especial de mulhe-res do society de Manaus. Foi cum-primentadíssima.

>>. No dia 24, no Studio 5, show do cantor Luan Santana e Lucas Lucco.

>>. Marko Belém e Marcos Cruz tam-bém estão na lista de aniversariantes de hoje.

>>. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fie-am), Antonio Silva, anunciou ontem, em reunião de diretoria, a lista dos home-nageados da soleni-dade “Industrial do Ano”, a realizar-se no dia 23, às 20h30, no salão de festa do Clube do Trabalha-dor. A empresária Valdenice Garcia, diretora-presidente da Amazongás Dis-tribuidora de Gás Liquefeito de Petró-leo Ltda., Fredson Encarnação, diretor da FabriQ Ltda. e Recofarma Indús-tria do Amazonas serão os grandes homenageados da indústria, respec-tivamente, com os títulos de Industrial do Ano, Microindus-trial e Exportadora de 2013.

>>. Amanhã é a vez de cumprimen-tar Norimar Muller, aniversariando.

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AMANDA BEAUTY

Campeões mundiais apresentam a exposição “Brasil um país um mundo”, que abre para visitação em junho, no Shopping Ponta Negra

Os campeões mun-diais Cafu, Ronaldão e Mengálvio estarão em Manaus no dia 31

de maio, véspera da estreia da exposição “Brasil um país um mundo”, no Shopping Ponta Ne-gra. A partir das 11h, os atletas vão conceder uma entrevista coletiva e guiar os jornalistas pela mostra, que abrirá para a visitação no dia 1º de junho.

A exposição apresenta um acervo exclusivo de peças histó-ricas do futebol brasileiro, entre objetos, fotos, vídeos, instala-ções interativas que também mostram como esse esporte permeia as mais diversas áreas de conhecimento.

Desde sua estreia em Brasília, em dezembro passado, “Brasil um país um mundo” já passou por Curitiba, Salvador, Recife, Porto Alegre, Natal, Fortaleza, Belo Horizonte e Cuiabá e ro-dará até julho pelas demais ci-dades-sede da Copa. Integran-te da Programação Ofi cial do Governo Federal da Copa do Mundo Fifa 2014, a exposição traz um acervo composto de relíquias que levam o visitante numa viagem pelo tempo até os anos 30, e reúne camisas usadas em jogos de Copas,

campeonatos ofi ciais e jogos amistosos, troféus, medalhas, bolas e chuteiras.

“Peças raras e exclusivas vão ilustrar não só a evolução do futebol em termos de moda e equipamentos, mas também o desenvolvimento do esporte do ponto de vista antropoló-gico, social, na publicidade e entretenimento”, diz o jorna-lista Ricardo Corrêa, curador da exposição.

Ana Gonçalves, diretora da Footwise, idealizadora de “Bra-sil um país um mundo”, diz que a exposição foi pensada para contar a história do Brasil por meio do futebol. “O projeto con-templa o universo do futebol da maneira mais ampla possível, delineando a verdadeira dimen-são que o esporte tem para o país”, diz Ana.

“Brasil um país um mundo” será dividida em eixos temáti-cos. No segmento “Paixão, Di-versidade & Sagrado”, vídeos, objetos e fotos mostram as mandingas, as promessas e ou-tras práticas do sincretismo re-ligioso brasileiro invocadas pelo torcedor – o visitante poderá gravar um depoimento de 30 segundos sobre seu amor pelo futebol, que será publicado no

site do projeto.Na seção “Tecnologia”, fo-

tos e painéis multimídia com infográfi cos ilustram a evolu-ção do futebol em termos de estrutura, aparelhagem e de cobertura midiática.

O papel reconciliador de-sempenhado pelo futebol em diversos episódios da história é tema do segmento “Histó-ria”, que documenta as emo-cionantes excursões do San-tos de Pelé e da Canarinho durante a Guerra de Biafra, na Nigéria, e a Guerra do Haiti. Em “Moda”, o recorte e o estilo dos uniformes de futebol nas várias décadas desde o século 19 são analisados.

ArtesanatoA arte, a cultura e as belezas

turísticas das 12 cidades-sede terão um espaço exclusivo em cada cidade que receberá a exposição, que também terá uma loja de artesanato com produtos e objetos de artistas locais. A renda gerada será revertida para a Associação dos Campeões Mundiais e Fundação Cafu.

EducativoO conteúdo das exposi- O público poderá conferir a mostra a partir de 1º de junho

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História por meio História por meio História por meio

SERVIÇOEXPOSIÇÃO “BRASIL UM PAÍS UM MUNDO”

Quando:Onde

Entrada:

De 1º a 25 de junhoShopping Ponta Negra, de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 14h às 20hGratuita

ções alimentará o canal educativo do site www.bra-silumpaisummundo.com.br, que disponibilizará material para professores de institui-ções públicas, com intuito de orientá-los como agentes multiplicadores, replicando um legado de conhecimen-to – e reconhecimento – da cultura do futebol aos jovens estudantes brasileiros.

Outro objetivo do projeto é valorizar a memória dos campeões mundiais do país. Por isso, semanalmente em cada exposição, um campeão mundial estará no local e lem-brará junto com o público das glórias da seleção.

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

RESENHA

PERFIL

Bruno Mazieri, editor do caderno Salão Imobiliário

Segundo o candomblé, a palavra axé signifi ca energia, força, poder. Usada constantemen-

te na Bahia, ela traduz bem o que é a cantora Ivete Sangalo, que acaba de lançar seu mais recente trabalho, um combo que reúne CD e DVD gravados ao vivo na Arena Fonte Nova, em Salvador – claro! – e que comemora seus 20 anos de car-reira. Reunindo seus maiores sucessos, o registro audiovi-sual não leva apenas a artista, mas também o espectador em uma viagem no tempo.

Sem dúvida Ivete é um dos nomes mais famosos quando o assunto é Música Popular Brasileira (MPB) atual. Sim, porque este que vos escreve, acredita que toda e qualquer música produzida neste país e que ganha as rádios, novelas e outros veículos de comunica-ção são populares e isso não desmerece em nada o trabalho da artista, que ganhou noto-riedade em meados dos anos 90, ainda à frente da famosa e, por que não dizer, saudosa banda Eva.

De lá para cá, a cantora passou por diversas mudanças não apenas na questão empre-sarial, mas também na forma de se apresentar. O que no início era essencialmente axé music ultrapassou fronteiras se transformando em um axé pop music, por assim dizer. E isso foi positivo, tendo em vista que ela ganhou os palcos do mundo – Europa, África e América do Norte – merecendo, inclusive, um registro no famoso Madison Square Garden.

Mas voltando ao novo traba-lho. O DVD conta com 23 faixas e diversas participações espe-ciais. Dentre elas Bell Marques, ex-Chiclete com Banana; Alexan-dre Carlo, do Natiruts; Alexandre Pires e Saulo Fernandes. O show inicia com a música “Tempo de Alegria”, hit no Carnaval de Sal-vador deste e ano que não será surpresa se “estourar” ao longo da Copa do Mundo.

Daí para frente sucessos como “Acelera Aê”, “Festa”, “Sorte Grande” e “Dançando” são interpretados com uma emoção visível no rosto da cantora. Porém, o que mais chama atenção é o momento “baianidade nagô”, comumen-te vista nas apresentações de

Daniela Mercury. Confesso que nunca antes na história tinha visto uma Ivete tão baiana, exaltando a cultura de seu Estado de forma tão eviden-te. Composições como “Muito Obrigado Axé”, “Faraó Divin-dade do Egito”, “Ladeira do Pelô”, e “Doce Obsessão” dão o tom certo ao espetáculo. Tudo devidamente acompanhado do Olodum. Só por isso, o trabalho já é digno de um salve!

Mas “Veveta” – como é cha-mada por sua família e fãs – não para por aí. O momento romântico chega e mostra a cantora acompanhada de um violão, provando por A+B que é uma artista completa. “Faz Tempo”, “Deixo”, “Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim” e “Quando A Chuva Passar” são apenas alguns dos inúmeros temas que, certamente, já em-balaram um romance seu ou de algum amigo.

E engajada na carreira in-ternacional, Ivete não poderia deixar de incluir no seu diver-sifi cado setlist “Could You Be Loved”, imortalizada na voz de Bob Marley; “Crusin’” e “Care-less Whisper”. Uma ressalva importante: desde o trabalho no Madison Square, a cantora

aperfeiçoou e muito seu inglês, provando que não existem limi-tes quando se foca em algo.

A apresentação termina do jeito que o povo gosta, com a artista em cima de um “trio elétrico” e fazendo aquilo que sabe fazer de melhor: colocan-do seus fãs para pular, deixando um gostinho de quero mais. Bom seria se em um mundo onde temos Jennifer Lopez e Pitbull cantando a música ofi -cial da Copa no Brasil, houvesse espaço e sensibilidade para “convocar” Ivete Sangalo e sua seleção de músicos. Não sei se há tempo para isso, caso con-trário, bom mesmo é comprar o DVD e se perder em um tempo de pura alegria. Axé, Ivete!

BRUNO MAZIERIEquipe EM TEMPO

MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Daniela Mercury. Confesso que nunca antes na história tinha visto uma Ivete tão baiana, exaltando a cultura de seu Estado de forma tão eviden-te. Composições como “Muito Obrigado Axé”, “Faraó Divin-dade do Egito”, “Ladeira do Pelô”, e “Doce Obsessão” dão o tom certo ao espetáculo. Tudo devidamente acompanhado do Olodum. Só por isso, o trabalho

Mas “Veveta” – como é cha-

O axé de Ivete Sangalo

Bom seria se em um mundo onde temos Jen-nifer Lopez e Pitbull cantando a música ofi -cial da Copa, houvesse espaço e sensibilidade para ‘con-vocar’ Ivete Sangalo”

RAFA MATTEI/D

IVULGAÇÃO

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REGI

MÁRIO ADOLFO

GILMAL

ELVIS

O documentário “Flávio Rangel: o teatro na palma da mão” tem re-velado uma personagem estranha ao pitoresco mundo amazonense. Rangel, diretor teatral dos mais importantes da história brasileira, era também dono de uma rara in-teligência, e digo rara pois em se tratando de Brasil onde todos os tipos de arroubos políticos foram ofertados contra a educação, a saúde, a economia e, sobretudo, ao moral brasileiro, a inteligên-cia acabou se tornado de fato um privilégio.

Acontece que o Brasil ainda se mantém fi rme e infl exível em sua tradição de país agrário, onde já em fi ns do século 19 a estrutura política baseada em prebendas e concessões, fi nanciavam as máfi as aristocráticas como bem podemos notar na brilhante exposição feita pelo dramaturgo França Júnior em “Como se fazer um deputado”. Além disto, a valorização excessiva de profi ssionais das áreas de Direito e Medicina assumiam ( e ainda assumem!) esta situação cujo pe-dantismo de muitos dos nossos “artistas bacharéis” – como bem nos situa Márcio Souza - traves-tidos de poetas, cantavam versos afetados e beletristas.

Mas se tradição é herança é certo que nossa perspicácia ainda não se viu refl etida nos tipos mais progressistas de emancipação po-lítica. As escolas partidárias são receptáculos de estruturas que só mudam o nome e as circunstâncias, mas a pança e a arrogância são as mesmas. Para os que pleiteiam uma vaga em cargos do legislativo ou que queiram participar do agres-sivo mundo político, pensem que a maior virtude é a inteligência, a sofi sticação e o desejo de mu-dança de nossas práticas, afi nal, a sociedade não é mais a mesma, está mais atenta e cansada dos

discursos políticos de apenas dez vocábulos e de sintaxe rarefeita.

As exceções existem, é claro, onde situações políticas muitas vezes surgem como um alento à vida de tão sofrida gente. Mas também é certo que a visão de nossas ações políticas não se prendem somente ao legislativo. Diversas instituições tem se relacionado com os tipos mais vis de poder. Somente há pou-cos anos a Universidade Federal do Amazonas, por exemplo, decidiu atender às solicitações de seus do-centes ao, fi nalmente, desenvolver um sólido projeto de estudos e en-sino em antropologia, afi nal, como um Estado em plena Amazônia não era capaz de produzir pesquisas voltadas a cultura de seus povos e saberes de suas gentes?

Embora a própria universidade esteja presa aos interesses es-cusos, há sempre uma estratégia para burlar a burocracia e efetivar um projeto de ação longe das boas intenções que só acendem mais as chamas do inferno e se travestem de solidariedade. Esta solidarieda-de já rendeu frutos e pagamos caro até hoje este preço.

A transamazônica, a fábrica de celulose, o “grande lago” do Dr. Fantástico e muitos outros exemplos são frutos desta soli-dariedade que agora se veste de Belo Monte para obsoletar ainda mais a velha mania de progresso, emprego e renda para a Amazônia. Não se pode, hoje, ser um político digno sem ser “progressista” no sentido de avançar rumo a real democracia e romper com velhas práticas do passado. Talvez aí esteja o político do século 21, aquele capaz de promover novos debates e novos discursos, onde a palavra não seja um remendo, onde o saber seja quase um culto e a prática uma reverência a sutileza e a bondade humana.

Márcio Braz*E-mail: [email protected]

Márcio Braz**ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural

Embora a própria universidade esteja presa aos interes-ses escusos, há sempre uma estra-tégia para burlar a burocracia e efetivar um projeto de ação longe das boas in-tenções que só acendem mais as chamas do inferno e se transvestem de solidarie-dade”

Notas sobre a política

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo Na TV não existem leis para as igrejas

Como já fi cou atestado, a Igreja Uni-versal não tem limites para o seu plano de expansão nos meios de comunicação, especialmente nas emissoras de rádio e televisão. Se pegar na letra da lei isto não poderia e nem deveria acontecer. Mas a lei, ora a lei. A Universal está agora com a CNT. Nos resta apenas ser solidários aos trabalhadores comuns, que ainda tentam se encaixar neste cada vez mais fechado mercado de trabalho.

Os jurados do “Supers-tar” não estão sabendo usar a liberdade que o diretor Boninho oferece a eles. Todos intervindo no momento que acham oportuno, só que isto vem acontecendo além da me-dida do suportável. O te-lespectador, em algumas vezes, fi ca de idiota.

Então é isso. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Bate–Rebate• Renata Fan e Paloma

Tocci, sem participação nenhuma nisso, estão com os seus fãs se pegando nos meios sociais. Tem cabimento?

• Gilberto Barros tam-bém vai aparecer no “Tudo Pela Audiência”, do Fábio Porchat e Tatá Werneck. Gravou quarta-feira.

• Neste domingo, às 21h15, para comemorar o Dia das Mães, o Mul-tishow exibe o especial inédito com Andre Rieu, acompanhado da Johann Strauss Orchestra.

Não adianta falarDizer que os canais pagos

deveriam respeitar um pouco mais os seus assinantes virou quase uma ladainha. Os horá-rios não são observados, exis-tem enganos nas atrações anunciadas, sobram reprises e por aí afora.

Mas nada...Causa tanta irritação quan-

to às interrupções dos fi lmes, agora comuns em quase todos os canais. De um momento para o outro, para a desa-gradável surpresa de todos, entra uma vinheta anuncian-do a entrada de intervalos comerciais...

Que, às vezes...De comerciais não tem ri-

gorosamente nada. É só um festival de calhau, que leva até o mais paciente dos telespec-tadores a perder a paciência. É sempre aquela historinha do “voltamos em 2 minutos”. Nada mais aborrecido.

E outra...Vamos parar com essa

besteira que a TV fechada continua imprimindo perdas importantes na TV aberta. Isso é uma bobagem. As programações dos canais por assinatura ainda deixam muito a desejar. Em núme-ros e repercussão. As mais assistidas na TV fechada são

Calouros Ana Terra Blanco, a Luene, de “Geração Brasil”, se apre-

senta no show de calouros da novela, em capítulo desta segunda-feira. Como jurados Ney Matogrosso, Luane, do “Esquenta”, e Pamela Parker-Marra (Cláudia Abreu).

GLOBO / JOÃO COTTA

as emissoras convencionais e com larga vantagem.

Na pistaA boa atriz, Isabela Garcia,

como já era aguardado, fará a próxima novela de Gilber-to Braga e Ricardo Linhares, substituta de “Falso Brilhante”. Ela ainda está envolvida nas gravações da atual “Malhação”. ”Babilônia” é o título do novo

trabalho dos dois, Braga e Li-nhares.

Bola nas costasLucas, ex-São Paulo e hoje

PSG, com toda certeza é um que deve lamentar bastante não ter seu nome incluído na lista do Luiz Felipe Scolari. Nos últimos tempos, por causa da seleção, foram muitos os comerciais em cima da seleção.

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

Programação da TV

5h – JORNAL DA SEMANA6h – IGREJA UNIVERSAL7h – BRASIL CAMINHONEIRO

SBT

GLOBO

6h – Santo Culto em Seu Lar6h30 – Desenhos Bíblicos9h – Amazonas dá Sorte – Local10h – Record Kids - Local11h – Domingo Show 15h15 – Hora do Faro19h20 – Domingo Espetacular23h15 – Série: Spartacus0h15 – Série: a Nova Super Má-quina1h15 – Programação IURD

4h34 – Santa Missa5h36 – Amazônia Rural6h04 – Pequenas Empresas, Gran-des Negócios6h38 – Globo Rural8h – Fórmula 1 – GP da Espanha – (Montmeló)9h55 – Auto Esporte10h15 – Esporte Espetacular 11h30 – Esquenta12h51 – Temperatura Máxima – Toy Story 315h – Futebol 2014 – Fluminense x Flamengo17h – Domingão do Faustão19h45 – Fantástico22h11 – SuperStar23h24 – TUF – Em Busca de Campeões0h22 – Domingo Maior – Sou Espião1h58 – Sessão de Gala – Procuran-do Mônica Velour

O desenho “Toy Story 3” está em cartaz na

“Temperatura Máxima”

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES – 21/3 a 19/4Atos impensados e situações incontroláveis podem trazer prejuízo contra seus bens ma-teriais. Aceitar desafi os sem sentido também faz desperdiçar energia e recursos.

TOURO – 20/4 a 20/5Um dia de sentimentos contraditórios, talvez até mesmo contrários a seus princípios morais. O relacionamento afetivo está sendo contur-bado por contradições internas.

GÊMEOS – 21/5 a 21/6Você entra em descompasso com o grupo social e os amigos. O anseio por ser diferente tende a ser mais prejudicial que construtivo. Seja como você é, simplesmente.

CÂNCER – 22/6 a 22/7Desafi os no trabalho podem pressioná-lo, le-vando a reagir do modo errado. Cuidado com a impaciência. Há muita tensão a ser liberada, sem ferir a si mesmo e às pessoas.

LEÃO – 23/7 a 22/8É bom descarregar um tanto da energia vital e da tensão que tem acumulado. Mas tende a rejeitar qualquer ideia ou direção como defi ni-tiva, discutindo com tudo e com todos.

VIRGEM – 23/8 a 22/9A tendência a alimentar rancores e ódios com relação aos parceiros e pessoas com quem partilha sua vida deve ser evitada. Ou poderá vir a prejudicar situações futuras.

LIBRA – 23/9 a 22/10Você tende a afi rmar seu modo de pensar mesmo quando não tenha muita certeza sobre coisa alguma. Disposição rebelde e renovadora, mesmo quando inconveniente.

ESCORPIÃO – 23/10 a 21/11Bom momento para buscar o entendimento com seus parceiros e sócios, em especial nas questões materiais. A falta de ritmo prejudica o trabalho e as atividades em cooperação.

SAGITÁRIO – 22/11 a 21/12A comunicação e atividades intelectuais estão desfavorecidas. Terá que se esforçar para de entender-se melhor com os parceiros Os im-pulsos temperamentais levam a nada.

CAPRICÓRNIO – 22/12 a 19/1Um dia complicado para as questões que envolvam trabalho, conforto e subordinados. A rebeldia diante da família é mais um problema. Antes de tudo, acalme-se.

AQUÁRIO – 20/1 a 18/2Os desejos contrafeitos tendem a colocá-lo de má vontade com os amigos e familiares. Você teima em se manter em certos pontos que irão se colocar contra você.

PEIXES – 19/2 a 20/3Atritos e discussões tomam o lugar das con-versas e do entendimento. Talvez queira se destacar demais ou mostrar-se superior a todos os demais intelectos.

Cruzadinhas

REPRODUÇÃO

RECORD

5h – POWER RANGER – RPM6h – POPEYE6h30 – SANTA MISSA NO SEU LAR7h30 – SABADÃO DO BAIANO8h – POWER RANGER + POPEYE9h30 – POPEYE9h45 – INFOMERCIAL – Polishop10h15 – POWER RANGERS – SU-PER PATRULHA DELTA10h45 – VERDADE E VIDA11h – IRMÃO CAMINHONEIRO – boletim11h05 – MINUTO DA COPA – bo-letim

BAND

Cinema

O Espetacular Homem Aranha 2 – A Ameaça de Electro: EUA. 12 anos. Cinemark 4 – 11h20 (dub/somente sábado e domin-go), 14h30, 17h45, 21h (dub/diariamente), 0h10 (dub/somente sábado), Cinemark 5 – 22h10 (3D/dub/exceto segunda-feira), 15h50 (3D/dub/diariamente), Cinemark 6 – 11h50 (dub/somente sábado e domin-go), 15h, 18h20, 21h40 (dub/diariamente), Cinemark 7 – 11h (dub/somente sábado e domingo), 14h10, 17h20, 20h30 (dub/dia-riamente), 23h40 (dub/somente sábado); Cinépolis Millennium 1 – 15h, 18h (3D/dub/diariamente), 21h (3D/leg/diariamen-te); Cinépolis Millennium 4 – 14h, 17h, 20h (leg/diariamente); Cinépolis Millennium 8 – 13h, 16h, 19h, 21h45 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 1 – 13h, 16h, 19h, 22h (dub/diariamente), Cinépolis Plaza 2 – 12h (dub/somente sexta-feira e sábado), 15h, 18h, 21h (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 3 – 14h, 17h, 20h (dub/diariamente); Ciné-

polis Ponta Negra 1 – 15h10, 18h30, 21h50 (3D/leg/diariamente); Cinépolis Ponta Ne-gra 5 – 13h, 19h15 (3D/dub/diariamente), 16h10, 22h30 (3D/leg/diariamente), Ciné-polis Ponta Negra 6 – 15h, 18h25, 21h30 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 9 – 14h45, 17h45, 20h30 (leg/diariamente); Playarte 1 – 14h10, 17h (3D/dub/diaria-mente), 20h (3D/leg/diariamente), 23h45 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado); Playarte 5 – 12h30, 15h15, 18h, 20h45 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 6 – 12h31, 15h16, 18h01, 20h46 (dub/diariamente), 23h31 (dub/somente sexta-feira e sábado); Playarte 7 – 18h02, 20h47 (dub/diaria-mente).

Getúlio: BRA. 12 anos. Cinemark 5 – 13h30 (diariamente); Cinépolis Millennium 7 – 21h15 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 13h10, 19h25 (diariamente); Playarte 10 – 13h20 (diariamente).

CONTINUAÇÕES

ESTREIA

Mulheres ao Ataque: EUA. 12 anos. No longa, Cameron Diaz descobre que seu namorado é casado. Enquanto tenta se recompor, ela acidentalmente conhece a esposa traída e logo descobre que as duas têm muito em comum. Elas viram melhores amigas e quando percebem que o namorado-marido tem outra amante, criam um trio feminino para planejar sua vingança. Cinemark 1 – 13h10, 15h40, 18h10, 20h45 (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sába-do); Cinépolis Millennium 5 – 13h15, 15h45, 18h15, 20h45 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 5 – 14h15, 16h45, 19h10, 21h40 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 7 – 14h, 19h30 (dub/diariamente), 16h45, 22h10 (leg/diariamente); Playarte 4 – 13h30, 15h45, 18h, 20h15 (dub/diariamente), 22h30 (dub/somente sexta-feira e sábado).

A Grande Vitória: BRA. 12 anos. Max Trombini (Caio Castro) teve uma infância humilde e conturbada. Abandonado pelo pai ainda hoje, ele foi criado pela mãe e pelo avô, que morreu quando tinha 11 anos. Revoltado, passou a se envolver em diversas confusões em sua cidade natal, Ubatuba, e depois em Bastos, onde passou a morar. Foi através do aprendizado das artes marciais, em especial o judô, que ele conseguiu se estabelecer emocionalmente e cons-truir uma carreira que fez com que se tornasse um dos principais técnicos do esporte no Brasil. Cinemark 3 – 13h40, 16h10, 18h45, 21h15 (diariamente), 23h50 (somente sábado); Cinépolis Ponta Negra 8 – 13h30, 16h30, 19h, 21h45 (diariamente).

Jogada de Rei: EUA. 14 anos. Após 18 anos na cadeia, Eugene Brown tenta recomeçar a vida trabalhando como faxineiro em uma escola pública. O local enfrenta diversos problemas causados por um grupo de alunos problemáticos, que conseguiu até mesmo expulsar uma professora. Encarregado de tomar conta deles, Eugene tem uma ideia: criar um clube de xadrez, de forma que possa ensiná-los a pensar antes de agir. Entretanto, a iniciativa não agrada a um mafi oso local, que vê ao tráfi co de drogas cair devido ao sucesso do clube. Cinépolis Ponta Negra 3 – 16h15, 22h35 (leg/diariamente).

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho: BRA. 12 anos. Leonardo, um adolescente cego, busca a independência e descobre mais sobre sua sexualidade ao se apaixonar por um colega de classe. Baseado no curta “Eu Não Quero Voltar Sozinho”. Cinépolis Ponta Negra 10 – 19h45, 22h20 (diariamente).

Inatividade Paranormal: EUA. 12 anos. Cinépolis Millennium 6 – 15h15 (dub/diariamente); Ci-népolis Plaza 7 – 14h45, 19h45 (dub/diariamente); Playarte 3 – 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20 (dub/diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sába-do); Playarte 8 – 20h50 (leg/dia-riamente), 22h40 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Copa de Elite: BRA. 14 anos. Cinépolis Millennium 2 – 14h10, 16h45, 19h30 (diairamente); Ciné-polis Plaza 8 – 17h15, 21h50 (diaria-mente); Cinépolis Ponta Negra 10 – 17h (dub/diariamente); Playarte 10 – 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (diariamente), 23h35 (somente sex-ta-feira e sábado).

Divergente: EUA. 14 anos. Ci-nemark 2 – 16h20, 22h (dub/dia-riamente); Cinépolis Millennium 6 – 17h30, 20h30 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 4 – 15h30, 18h30, 21h30 (dub/diariamente); Playarte 8 – 12h50, 15h30, 18h10 (dub/dia-riamente).

Capitão América 2 – O Soldado Invernal: EUA. 12 anos. Cinemark 8 – 11h05 (dub/somente sábado e domingo), 14h, 17h10, 20h10 (dub/diariamente), 23h10 (dub/so-mente sábado); Cinépolis Millen-nium 3 – 13h25, 19h15, 22h10

(leg/diariamente); Cinépolis Plaza 7 – 13h30, 16h30, 19h20, 22h15 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 17h30 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 4 – 20h45 (3D/leg/diariamente); Playarte 9 – 12h30, 15h10, 17h50 (dub/diaria-mente), 20h30 (leg/diariamente), 23h10 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Noé: EUA. 14 anos. Cinemark 5 – 19h (dub/exceto segunda-feira); Cinépolis Millennium 2 – 22h (dub/diariamente); Ciné-polis Plaza 6 – 17h45, 20h45 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 14h10, 20h50 (leg/diariamente); Playarte 2 – 13h, 15h40, 18h20 (dub/diaria-mente), 21h (leg/diariamente), 23h40 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Rio 2: EUA. Livre. Cinemark 2 – 11h25 (dub/somente sábado e domingo), 13h50, 19h30 (dub/diariamente); Cinépolis Millen-nium 7 – 13h45, 16h25, 18h45 (dub/diariamente); Cinépolis Pla-za 6 – 12h45, 15h15 (dub/dia-riamente); Cinépolis Ponta Ne-gra 4 – 13h15, 15h45, 18h15 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 10 – 14h30 (dub/diariamente); Playarte 7 – 13h40, 15h50 (dub/diariamente).

REPRODUÇÃO

11h10 – PÉ NA ESTRADA11h35 – DE OLHO NA COPA – boletim11h40 – SÓ RISOS12h20 – BAND ESPORTE CLUBE14h – GOL, O GRANDE MOMENTO DO FUTEBOL14h30 – FUTEBOL 201416h50 – 3º TEMPO 19h – SÓ RISOS 20h – POLÍCIA 24H21h – PÂNICO NA BAND0h – CANAL LIVRE1h – MINUTO DA COPA – boletim1h05 – ALEX DENERIAZ1h40 – SHOW BUSINESS – reapre-sentação2h30 – IGREJA UNIVERSAL

7h30 – PLANETA TURISMO8h30 – VRUM9h – SORTEIO AMAZONAS DA SORTE (LOCAL)10h – DOMINGO LEGAL 14h – ELIANA18h – RODA A RODA JEQUITI18h45 – SORTEIO DA TELESENA19h – PROGRAMA SILVIO SANTOS23h – DE FRENTE COM GABI0h – NIKITA1h – ALVO HUMANO2h – CULT3h20 – BIG BANG4h – IGREJA UNIVERSAL

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Page 43: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

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Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Nejmi Jomaa Aziz continua sendo alvo de homenagens e carinho de todas as esferas sociais. Desta vez, foi recepcionada pela ala chique da cidade para uma tarde de descontração e, sobretudo, comemoração. Muita alegria e bufê delicioso do Zefi nha Bistrô, ao som da ótima cantora Ellen Mendonça, deram o tom ao evento em torno da sua troca de idade. Ela é queridíssima.

::::: Viva, a dama!

D7teiaMANAUS, DOMINGO, 11 DE MAIO DE 2014

FOTOS: MANOEL NETTO E HERICK PEREIRA

Danielle Chíxaro e a aniversariante

Núbia Lentz e Aneth Perrone

Mônica Bonfi m só carinhos com Nejmi

Evelise pessoa, Denize Santana e Odenir Machado

Nathy Sobral e San-dra Lúcia Saraiva

Betinha Veleiko e Marcelo Motta

Dorinha AbrantesAbrantes Norma Simões

Silva com Nejmi

Carla Ismail, Andréa, Giovana, Nejmi e Kamila Aziz

Neybe Lentz e Lou Souza

Joyce Loureiro e Márcia Koga

Dacy Barroso, Mazé Mourão e Menga Junqueira

Emmanuelle Lins Gil com a aniversariante

Lúcia Viana

A celebrada Nejmi dividindo os fl a-shes com a juíza federal Jaiza Fraxe e

a desembargadora Liana Mendonça

Márcia Martins

Andréa Maga-lhães, Karina Bessa e Eliane Schnei-der

Nejmi Jo-maa Aziz

e sua elegância indispen-

sável

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Page 44: EM TEMPO - 11 de maio de 2014

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