40
VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 ANO XXVI – N.º 8.316 – DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ MÁX.: 32 MÍN.: 24 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. Segunda mulher eleita pre- sidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, Graça Figueiredo (foto) fala sobre os desafios que a esperam a partir de 4 de julho. Elenco 4 e 5 Os arquirrivais Flamen- go e Vasco fazem um dos duelos finais deste domin- go pelos estaduais. Santos e Ituano e Atlético-MG e Cruzeiro também disputam títulos na primeira de duas partidas. Pódio E4 a E6 DOMINGO DE DECISÕES A estudante Stephanie Vilela agiu com truculência ao obrigar a fotógrafa do EM TEMPO, Ione Moreno, a apagar as imagens registradas no 16º Congresso da União Municipal dos Estudantes Secundaristas. Contexto A3 Estudante agride jornalista TRUCULÊNCIA Filho de seringueiro, nascido em Eirunepé, o governador José Melo, empossado na sexta-feira, 4, fala sobre o sonho que esperou mais de 30 anos para realizar e quais as prioridades de sua gestão. Com a palavra A7 “Vou lutar com todas as forças” Nem sempre o esqueci- mento está, necessaria- mente, associado à doença cerebral, mas é preciso fi- car atento quando as quei- xas se tornam frequentes. Saúde F4 e F5 Às vésperas da comemora- ção dos 450 anos de Shakes- peare, pesquisadores publicam livro com peças em que autor de “Romeu e Julieta” teria colabo- rado. Ilustríssima G4 e G5 JOSÉ MELO ARMA MORTAL SER HUMANO ESTÁ PERDENDO A GUERRA DO TRÂNSITO COM 620 MIL AUTOMÓVEIS E 150 MIL MOTOS CIRCULANDO SOMENTE EM MANAUS, VEÍCULOS SE TORNARAM UMA ARMA PERIGOSA QUE MATOU, HÁ 10 DIAS, 16 PESSOAS NO ACIDENTE DO ÔNIBUS 825. DIA A DIA C1 A C7 De janeiro a dezembro do ano passado, pelo menos 256 pessoas morreram vítimas de acidente de trânsito. 256 mortes somente em 2013 Também em 2013, foram registrados 117 acidentes com vítimas fatais e 2.687 com pes- soas lesionadas por motos. Motos são um perigo constante Do total de mortes, 48,11% eram pedestres; 36,32% mo- toqueiros; 9,43% passageiros, e 1,42% ciclistas. Maioria dos óbitos é de pedestres ALBERTO CÉSAR ARAÚJO IONE MORENO O BRASIL PERDE JOSÉ WILKER UM INFARTO FULMINANTE MATOU O ATOR E DIRETOR JOSÉ WILKER (FOTO), DE 66 ANOS, EM SUA CASA, NO RIO DE JANEIRO. ÚLTIMA HORA A2 Stephanie tentou impedir o registro de imagens do EM TEMPO x x x AMAZONENSE Princesa do Solimões en- frenta hoje o Penarol em Itacoatiara. Pódio E2 28 de março de 2014: 16 mortos na colisão entre um micro-ônibus e uma caçamba, na avenida Djalma Batista, considerado o acidente mais trágico da história do trânsito de Manaus DIVULGAÇÃO DIEGO JANATÃ MARIO OLIVEIRA

EM TEMPO - 6 de abril de 2014

Embed Size (px)

DESCRIPTION

EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

Citation preview

Page 1: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

ANO XXVI – N.º 8.316 – DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

MÁX.: 32 MÍN.: 24TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

Segunda mulher eleita pre-sidente do Tribunal de Justiça do Amazonas, Graça Figueiredo (foto) fala sobre os desafi os que a esperam a partir de 4 de julho. Elenco 4 e 5

Os arquirrivais Flamen-go e Vasco fazem um dos duelos fi nais deste domin-go pelos estaduais. Santos e Ituano e Atlético-MG e Cruzeiro também disputam títulos na primeira de duas partidas. Pódio E4 a E6

DOMINGO DE DECISÕES

A estudante Stephanie Vilela agiu com truculência ao obrigar a fotógrafa do EM TEMPO, Ione Moreno, a apagar as imagens registradas no 16º Congresso da União Municipal dos Estudantes Secundaristas. Contexto A3

Estudante agride jornalista

TRUCULÊNCIA

Filho de seringueiro, nascido em Eirunepé, o governador José Melo, empossado na sexta-feira, 4, fala sobre o sonho que esperou mais de 30 anos para realizar e quais as prioridades de sua gestão. Com a palavra A7

“Vou lutar com todas as forças”

Nem sempre o esqueci-mento está, necessaria-mente, associado à doença cerebral, mas é preciso fi-car atento quando as quei-xas se tornam frequentes. Saúde F4 e F5

Às vésperas da comemora-ção dos 450 anos de Shakes-peare, pesquisadores publicam livro com peças em que autor de “Romeu e Julieta” teria colabo-rado. Ilustríssima G4 e G5

JOSÉ MELO

ARMA MORTALSER HUMANO ESTÁ PERDENDO A GUERRA DO TRÂNSITO

COM 620 MIL AUTOMÓVEIS E 150 MIL MOTOS CIRCULANDO SOMENTE EM MANAUS, VEÍCULOS SE TORNARAM UMA ARMA PERIGOSA QUE MATOU, HÁ 10 DIAS, 16 PESSOAS NO ACIDENTE DO ÔNIBUS 825. DIA A DIA C1 A C7

De janeiro a dezembro do ano passado, pelo menos 256 pessoas morreram vítimas de acidente de trânsito.

256 mortes somente em 2013

Também em 2013, foram registrados 117 acidentes com vítimas fatais e 2.687 com pes-soas lesionadas por motos.

Motos são um perigo constante

Do total de mortes, 48,11% eram pedestres; 36,32% mo-toqueiros; 9,43% passageiros, e 1,42% ciclistas.

Maioria dos óbitos é de pedestres

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO

ION

E M

ORE

NO

O BRASIL PERDE JOSÉ WILKERUM INFARTO FULMINANTE MATOU O ATOR E DIRETOR JOSÉ WILKER (FOTO), DE 66 ANOS, EM SUA CASA, NO RIO DE JANEIRO. ÚLTIMA HORA A2

Stephanie tentou impedir o registro de imagens do EM TEMPO

ÚLTIMA HORA A2

xx

xAMAZONENSEPrincesa do Solimões en-

frenta hoje o Penarol em Itacoatiara. Pódio E2

28 de março de 2014: 16 mortos na colisão entre um micro-ônibus e uma caçamba, na avenida Djalma Batista, considerado o acidente mais trágico da história do trânsito de Manaus

DIV

ULG

AÇÃO

DIE

GO

JAN

ATÃ

MAR

IO O

LIVE

IRA

DOMINGO 06-04.indd 3 5/4/2014 13:38:39

Page 2: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Malandro que só quer saber de farras, Vadinho deixa Dona Flor viúva, mas volta para atrapalhar o segundo casamento da professora culinarista.

Personagens marcantes do atorVadinho

Ator esteve em várias coberturas do Oscar como comentarista Ator esteve em várias coberturas do Oscar como co

É uma das três perso-nagens principais do fi lme Bye, bye Brasil, que integra a Companhia Rolidei que cruza o país da Amazônia até Brasília.

Lorde Cigano

Na novela de Dias Gomes e Aguinaldo Silva, o perso-nagem principal da fi ctícia Asa Branca se torna santo, e volta para a cidade, para acabar com o mito.

Roque Santeiro

Da novela para as te-las, o contraventor sonha com a ascenção social. Mas, se envolve em vá-rias situações embaraço-sas e cômicas.

Giovanni Improta

REPRODUÇÃO

O ator José Wi-

lker, 66, mor-reu em sua

casa na ma-nhã de ontem,

no Rio de Janei-ro, vítima de um

infarto fulminante enquanto dormia.

Wilker deixa as fi -lhas Isabel, Mariana e

Madá. Ele foi casado quatro vezes: com as

atrizes Renée de Viel-

mond, Mônica Torres e Guilher-mina Guinle e com a jornalista Claudia Montenegro.

O último trabalho do ator foi na novela “Amor à Vida”, em que ele interpretou o médico Herbert. Antes, havia atuado em outra novela de Walcyr Carras-co, “Gabriela”. Ao todo, atuou em 29 novelas, incluindo sucessos como “Roque Santeiro”, “O Sal-vador da Pátria”, “Anos Rebel-des” e “A Próxima Vítima”.

VidaNascido em Juazeiro do Norte

(CE), em 20 de agosto de 1947, José Wilker de Almeida se mudou

ainda criança para o Recife (PE), com a família. Aos 19 anos, se mudou para o Rio de Janeiro, para cursar Sociologia na PUC, mas abandonou o curso para se dedicar ao teatro.

Sua carreira no teatro co-meçou no Movimento Popular de Cultura (MPC) do Partido Comunista, onde ele dirigiu espetáculos pelo sertão e re-alizou documentários sobre cultura popular.

Com uma extensa carreira também no cinema, Wilker atuou em 49 fi lmes, como “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, “Bye Bye Brasil”, “Jango” e “Giovanni

Improtta” - baseado em seu famoso personagem da novela “Senhora do Destino”.

O artista dirigiu o humorís-tico “Sai de Baixo” (1996) e as novelas “Louco Amor” (1983), de Gilberto Braga, e “Transas e Caretas” (1984), de Lauro César Muniz. Durante uma rá-pida passagem pela extinta TV Manchete, acumulou direção e atuação em duas novelas: “Car-mem” (1987), de Gloria Perez, e “Corpo Santo” (1987), de José Louzeiro. O artista ainda es-creveu textos para revistas e jornais e comentou a cerimônia do Oscar durante vários anos.

Em Bye, bye Brasil (1980), o ator interpretou o artista ambulante Lorde Cigano, que cruza o país em uma caravana

Ator moreu em casa no Rio de Janeiro, na manhã de ontem, vítima de um infarto fulminante. Sua última participação em novela foi em Ämor à Vida”

PERDEMOSZÉ WILKER

Artista participaria de uma produção britânica

Wilker traba-lhou até seus últimos dias, e deixou dois lon-gas-metragens prontos, um de-

les o premiado A Hora e a Vez de Augusto Matraga (2012), adapta-ção da obra de Guimarães Rosa. Também fora anunciado no elen-co de Timeless Eye,

coprodução Brasil-Grã-Bretanha que

será filmada em 2014.Seus principais papéis

na televisão incluem perso-nagens célebres em produ-

ções marcantes como Roque Santeiro (1985), O Salvador da Pátria (1989) e A Próxima Vítima (1995), entre outras. Seu Giovanni Improtta de Se-nhora do Destino (2004) ins-pirou um longa-metragem homônimo, que ele próprio dirigiu e que estreou nos cinemas em 2013.

Entre as minisséries das quais participou está JK (2006), na qual interpretou o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Na nova versão de Gabrie-la (2012), ele interpretou o coronel Jesuíno Mendonça personagem que ficou mar-cado pelo bordão “Vou lhe usar”, que se tornou febre nas redes sociais.

FOTO

S: D

IVU

LGAÇ

ÃO

A02 - ÚLTIMA HORA.indd 2 5/4/2014 13:04:22

Page 3: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 A3Opinião

Os homens nunca foram tão cobrados e odiados, ao menos desde a semana passada até ontem. Quando já se esperava uma “greve de sexo” de norte a sul do país ou a promulgação de uma lei que permitisse a castração de estupradores ou sua esterilização química, veio o anúncio de que aconteceu uma falha no processo que “delatava os homens” e que as sentenças de penas máximas estavam suspensas.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão do governo federal, divulgou sexta-feira 4 uma nota reconhecendo que houve erro – e que erro! – na divulgação que chocou o país ao apontar que a maioria dos brasileiros (65,1%) apoia ataques a mulheres que usam roupa que deixem generosas partes do corpo à mostra. A divulgação desse índice causou comoção. Uma campanha com mulheres nuas percorreu as redes sociais.

O instituto pediu desculpas e informou que o erro foi motivado por uma troca de gráfi cos que inverteu resultados de duas das questões: “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar” e “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Mesmo sem a correção dos dados, a pesquisa do Ipea não retira a relevância das contestações feitas por psicólogos e militantes da defesa da mulher. Foi observado, com a estatística levantada nos boletins de ocorrência das delegacias especializadas que as mulheres são atacadas quando saem da escola ou do trabalho, quando não estão usando “roupas que mostram o corpo” e pela lógica da pesquisa não mereciam ser atacadas.

Em qualquer circunstância, o número das ocorrências de ataques à mulher levam em direção a uma profunda dissonância na educação de homens e mulheres, que são mantidos, ambos, ignorantes uns dos outros. Uma equação que não será resolvida com leis punitivas, que não são cumpridas.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o grande ator José Wilker, pelo talen-to, caráter e dedicação à dramaturgia, que o colocou para sempre no coração do povo brasileiro. A televisão, o teatro e o cinema, com certeza, fi caram mais pobres.

Zé Wilker

APLAUSOS VAIAS

Descontraído Na cerimônia de saída de

Omar e posse de José Melo, Egberto Batista estava no tea tro.

Descontraidamente, em mangas de camisa. Sim-pático, como sempre.

Vale tudo

Para quem não lembra, Egberto Batista é conside-rado “o cara” para decidir eleições.

Nem que para isso tenha que usar artifícios não mui-to éticos.

Implodiu Lula

Foi ele quem levou Míriam Cordeiro para a TV, estopim que implodiu a vitória de Lula na eleição de 1989.

Nitroglicerina

Mãe de Lurian, filha de Lula, Míriam Cordeiro foi o trunfo usado por Fernando Collor de Melo às vésperas do segundo turno da eleição de 1989 para tentar derro-tar o candidato do PT.

Ela acusou o ex–meta-lúrgico de ter sugerido o aborto da filha.

Destino político

O governador José Melo reservou um cantinho do seu discurso para o prefeito Arthur Virgílio Neto.

— Em determinado mo-mento, a política nos levou um dia para lá, um dia pará cá. Mas agora estamos do mesmo lado – disse o go-vernador.

Vão em frente

Melo garantiu que a parceria que foi feita entre Omar e Arthur vai continuar

— Fique tranquilo, Arthur. Vamos estar juntos nos alaga-dos, na periferia, nas frentes de obras. As administrações municipal e estadual vão con-tinuar unidas em busca de um futuro grandioso para a cidade.

Coração de mãe

O ex-governador Omar Aziz disse na cerimônia do Teatro Amazonas que, entre as tantas obras que seu governo deixou, uma das mais importantes é o Centro de Reabilitação em Dependência Química Isma-el Abdel Aziz, que acabou de inaugurar.

— Isso vai fazer sorrir o co-ração de uma mãe que vai ver o fi lho dependente ser tratado com dignidade.

A vida é bela

Omar disse que só quem tem esse problema em casa sabe a importância dessa obra.

— Eu vejo muitas pessoas saudáveis, reclamando da vida. Não façam isso. A vida é boa, a vida é bela!

Truculenta

A presidente da União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe), Ste-phanie Vilela, agiu com tru-culência ao obrigar a repórter fotográfi ca do EM TEMPO, Ione Moreno, a apagar as imagens registradas durante

o 16º Congresso da União Municipal dos Estudantes Se-cundaristas de Manaus.

Desinformada

Ela chegou a ferir o braço da repórter e a insufl ar seus companheiros para tomar a máquina da repórter.

A “líder” estudantil não deve saber o que é democracia, liberdade de expressão e mui-to menos que a imprensa foi uma grande parceira para o reestabelecimento o estado de direito neste país.

Perguntar não ofende

Os paulistas estão precisado de ajuda para concluir a Arena Corinthians, ou isso não é da nossa conta e a gente deixa com eles?

Estacionamento

De nada adiantou a Prefei-tura de Manaus reconstruir o calçadão da avenida Djalma Batista que, por sinal, fi cou belíssimo.

Ontem, no fi nal da manhã, o espaço estava completamen-te tomado por carros.

Furões

Outra coisa que agride na Djalma Batista é assistir as pessoas rasgando a rede de aço que divide a pista, para passar pelos buracos.

Principalmente sabendo que as cercas foram coloca-das para obrigá-las a atra-vessar na faixa. Ou a usar as passarelas.

Para a presidente da União dos Estudan-tes Secundaristas de Pernambuco (Uespe), Stephanie Vilela, que agrediu a fotógrafa Ione Moreno, em total desrespeito à de-mocracia e liberdade de expressão.

Presidente da Uespe

Quem está de volta à cena política é o lendário Egberto Batista, considerado o “bruxo” do marketing político.

Egberto está morando em Manaus há pelo menos três anos, mas fi cou reco-lhido em sua casa do condomínio Ephigênio Salles. Nos últimos dias, entretanto, botou a cabeça de fora e passou a fazer aparições públicas nas inaugurações do ex-governador Omar Aziz.

O ‘bruxo’ de volta à cena política

REPRODUÇÃO IONE MORENO

[email protected]

Dá para acreditar?

“Butin” é a palavra com que os fran-ceses designam o saque, o produto do roubo ou do assalto de corsários, onde teve origem. Para nós, chegou como “butim”.

É a essa palavra que nos remete o recente ato que o presidente da Rús-sia, Vladmir Putin, praticou na maior “cara de pau” contra a República da Ucrânia, ao anexar ao seu país, literalmente pela força das armas, a península da Crimeia.

Não pode justifi car o ato pelo fato de que um plebiscito tenha sido realizado, na verdade incen-tivado e fomentado pela mesma Rússia, embasada no fato de que grande parte da população daquela sub-região tenha origem e ances-tralidade no país usurpador. Raízes étnicas falam alto e mais alto ainda fala a ascensão econômica e social que está contida na transmutação da nacionalidade ucraniana para a russa e assim o tornar-se cidadão de uma das maiores potências mun-diais, detentora da maior extensão territorial do planeta.

A prevalecer a razão das raízes étnicas e culturais, a França que ponha as barbas de molho, uma vez que a maior parcela da população da Alsácia, sub-região do nordeste do país, fronteiriça à Alemanha e à Suíça, tem seus ancestrais ger-mânicos, pratica costumes germâ-nicos e até fala o idioma alemão. Foi com este mesmo pretexto que Hitler invadiu e anexou a Alsácia ao Terceiro Reich. Aliás, sucessivamente a Alsácia-Lorena esteve a oscilar entre os domínios francês e alemão, sossegando apenas após a segunda guerra mundial.

Também, ao se servir de argumen-tos ligados à cultura e à tradição, o mesmo Adolf Hitler anexou a Áustria ao Terceiro Reich, já que não via razões para reconhecer a autonomia de um país nitidamente germânico. Entretanto, nem todos os austríacos

concordavam com isso e até faziam piada ao dizer que a diferença funda-mental estava no fato de que cinco alemães juntos faziam uma guerra, enquanto cinco austríacos faziam uma festa.

Imagine-se o que seria a Es-panha, que colonizou e deu iden-tidade a quase toda a América, resolver reivindicar todos esses países, em nome da ancestrali-dade, das raízes e da cultura que lhes foram legadas por ela.

Portugal também poderia querer assumir a brasilidade que se formou como sua colônia.

Na verdade, não apenas a Crimeia, mas toda a Ucrânia sempre fez parte da cobiça e da ambição do governo russo, em função dos seus potenciais econômicos e da sua vocação de produtora de alimentos. No tempo da União Soviética, a Ucrânia foi logo absorvida e se constituiu num valioso butim. Foi lá, aliás, que Stalin perpe-trou um dos maiores genocídios de que se tem conhecimento.

Enfi m, é muito importante que haja uma reação massiva do maior núme-ro de países contra esse verdadeiro ato de agressão à soberania ucra-niana, que Vladmir Putin, autêntico “senhor da guerra”, por decisão do seu autoritarismo vem a praticar.

A coisa tem o cheiro e faz lembrar os tempos em que Adolf Hitler saiu a saltar pela Europa, da Áustria à Checoslováquia, à Polônia, à Holanda, até chegar à França, porque era seu “direito” implementar o Supremo Reich.

Joseph Stalin repetiu a manobra, quando constituiu a União das Repú-blicas Socialistas Soviéticas e adian-te foi submetendo as outras nações do leste europeu.

Tomara que seja apenas uma eventual, esporádica e acidental coincidência e que prevaleça como verdadeira a crença de que a história não se repete.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

O butim do Putin

[email protected]

É muito importante que haja uma reação mas-siva do maior número de países contra esse verda-deiro ato de agressão à soberania ucraniana, que Vladmir Putin, autênti-co ‘senhor da guerra’, por decisão do seu autorita-rismo vem a praticar.A coisa tem o cheiro e faz lembrar os tempos de Adolf Hitler”

A03 - OPINIÃO.indd 3 5/4/2014 13:15:54

Page 4: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

FrasePainelVERA MAGALHÃES

A pedido do Ministério Público Federal, o governo vai contratar um advogado para acompanhar, na Itália, o caso de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil que fugiu para o país após ser condenado no mensalão. Três escritórios de advocacia estão sendo cotados pelo Planalto, e o acerto deve ser formalizado na semana que vem. O cenário mais provável, para o governo, é que a extradição seja negada, e o petista, obrigado a cumprir pena no exterior.

Mercado futuro A permanên-cia de Cid Gomes (Pros) no go-verno do Ceará e o consequente impedimento de seu irmão Ciro disputar o Senado valorizou os passes da dupla no Planalto.

Para depois Ao decidir concluir o mandato, Cid adia o plano da vice-presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e Ciro, de voltar ao Congresso. Assim, articuladores do governo co-locam a dupla nos planos para o ministério de Dilma Rousseff , caso ela seja reeleita.

Para já Além disso, Ciro fi ca livre agora para atuar como es-pécie de coordenador regional da campanha presidencial de Dilma, dedicado aos Estados do Nordeste.

Mamulengo Em Pernambuco é popular uma expressão para designar os candidatos-poste, indicados por um líder político sem nunca terem disputado elei-ção. “Eduardo é bom de botar boneco”, diz um aliado, numa referência aos bonecos gigantes do Carnaval de Olinda.

Com... Peemedebistas alertam que o Planalto fica-

rá refém da base aliada caso o início dos trabalhos da CPI da Petrobras seja empurrado para o fim do semestre.

... barriga Às vésperas das convenções partidárias, o go-verno precisaria da ajuda da legenda para enterrar reque-rimentos espinhosos, e os pe-emedebistas cobrarão a fatura na formação das chapas nas eleições estaduais.

Cada um... Petistas contam com os ataques de Paulo Skaf (PMDB) ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) como parte da estratégia para levar Alexandre Padilha (PT) ao segundo turno na eleição para o governo de São Paulo

... na sua Embora os coor-denadores da campanha digam não ter feito contatos diretos com o peemedebista, um pac-to de não agressão não está descartado.

Carta... Ainda assim, parte da equipe de Skaf já reúne material que permita acionar a Justiça Eleitoral contra Alck-min e Padilha por propaganda antecipada e abuso de poder político, caso o peemedebista

seja alvo de ações semelhantes por parte de adversários.

... na manga Um exemplo citado em relação ao tucano é o panfl eto que foi distribuído pelo governo no feriado de Car-naval tratando da duplicação da Tamoios.

Mãozinha O DEM quer re-gionalizar a exibição de suas inserções nacionais, em maio, para alavancar Alckmin em São Paulo. A sigla pretende colocar deputados federais exaltando programas da pasta que o par-tido controla no Estado.

Mãozinha 2 A Secretaria de Desenvolvimento Econômico é responsável pelas Fatecs, vi-trine de Alckmin. As inserções estaduais da sigla, que vão para o ar em abril, seguirão a mesma linha.

Que hora Em meio à crise de abastecimento de água, a Sa-besp perdeu dois quadros para a corrida eleitoral: João Paulo Papa (PSDB), diretor de Tecnologia, e Edson Giriboni (PV), ex-secretá-rio de Saneamento e presidente do conselho de administração, deixaram a estatal para tentar mandatos legislativos.

Marcação cerrada

Contraponto

Em reunião com aliados na véspera do anúncio de sua decisão sobre o impasse das CPIs apresentadas no Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comparou sua posição com a anedota de um juiz que começou a trabalhar em uma comarca do interior.

Em seu primeiro dia, prosseguiu Renan, o magistrado recebeu uma petição de um advogado famoso na região e fi cou impressionado. No dia seguinte, um advogado ainda mais famoso apresentou uma defesa sobre o mesmo caso. O juiz então ponderou:

– Nesse caso, não vai ter jeito. Vai ter que dar empate...

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Bola dividida

Tiroteio

DO DEPUTADO DANILO FORTE (PMDB-CE), sobre a proposta de investigação que engloba temas como a Petrobras, o porto de Suape e o cartel do metrô paulista.

A ‘CPI do fi m do mundo’ que o PT quer fazer não tem cabimento. Não se pode fazer investigação movida por revanchismo.

Tragédias acontecem e nos sur-preendem. Nas últimas semanas duas nos tocaram profundamen-te, uma distante, mas tornada próxima pela cobertura da mídia: o desaparecimento de um grande avião, aparelho dotado da mais moderna tecnologia. A outra mui-to próxima de nós, numa das ruas de nossa cidade. Um acidente estúpido e difícil de aceitar. Essas tragédias se juntam a todas as outras que vão se acumulando na nossa história marcada pela dor e pelo desespero. Várias podem ser as nossas reações. Uma delas é a sensação de que poderíamos ter estado lá.

Por que essas pessoas e não outras, porque eu não estava lá, ou não passei por aquela rua no momento exato. Um poeta disse que somos todos sobreviventes, que todos já poderíamos ter mor-rido. Atribuir a Deus a escolha de quem estará ou não no momento da tragédia é tornar pequena e limitada à graça divina e usar critérios muito humanos para interpretar a vontade de Deus. De fato toda tragédia atinge a humanidade inteira. É nestas oca-siões que nos percebemos todos navegantes do mesmo barco, par-ticipantes da mesma natureza necessitada de redenção e de misericórdia, porque quando dei-xada sozinha caminha sempre para a destruição.

Ao mesmo tempo o que sempre impressiona é a solidariedade que as tragédias suscitam e fazem fl orescer fazendo com que senti-mentos que parecem adormecidos venham à tona. Impressionou em Manaus o número de doadores de sangue que se apresentaram a presteza dos serviços médicos e paramédicos, a delicadeza com que foram tratadas as famílias no IML e até a volta do prefeito

de uma viagem internacional que diante da dor passou para segundo plano. Nestes momentos parece que o melhor de nós aparece.

Infelizmente outras tragédias virão. Algumas serão frutos de fatalidades, outras previsíveis e evitáveis. Nestes dias fomos alertados para os efeitos das mudanças climáticas. A humani-dade vai sobreviver, mas como e a que custo. Continuamos a viver de forma insana consumindo cada vez mais energia, edifi can-do cidades que são depósitos humanos, colocando interesses econômicos acima da vida das pessoas. Temos a impressão de estarmos entrando num beco sem saída, mas ninguém tem coragem de mudar de rota.

De maneira cíclica a igreja está terminando mais uma Quaresma. Mais uma vez fomos alertados pelos profetas, e a Palavra mais uma vez foi anunciada com todas as suas exigências. Mas, como sempre, as profecias parecem cair no vazio ou esbarram num sentimento de impotência dian-te de um mal que não tem fi m. No entanto, a solidariedade, o sentimento de pertença, a recu-sa em aceitar passivamente a destruição são sinais de que não perdemos a esperança, e a Páscoa que se aproxima, proclamando que Cristo ressuscitou, nos dá a garantia de que a história não é uma sucessão de tragédias, mas um crescimento da consciência de sermos humanos e que como tal somos amados por um Amor eterno que nos redime de todas as tragédias e nos faz viver ple-namente. Não permitamos que o chocolate, os ovos, as propostas de lazer irresponsável nos impe-çam de viver o mistério da Páscoa sob o risco de deixarmos de ser simplesmente humanos.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

De maneira cíclica a igre-ja está termi-nando mais uma Qua-resma. Mais uma vez fomos aler-tados pelos profetas, e a Palavra mais uma vez foi anunciada com todas as suas exigên-cias. Mas, como sem-pre, as profe-cias parecem cair no vazio ou esbarram num senti-mento de impotência”

Tragédias

Olho da [email protected]

Esse vascaíno até parece que estava adivinhando, e já saiu de casa de luto. Pudera: pagar ingresso para ver time reserva? Numa dessas era para se ter os portões aber-tos, com distribuição de brindes. Ainda mais um jogo de zero a zero, na Arena Vival-dão, a mais linda do Brasil? Vale a pena sair de casa? Pede o dinheiro de volta!

Aos poucos, a igreja foi percebendo que a fi nali-dade desse movimento, desse golpe, que foi para

preservar o país do comunismo, foi tomando outra direção. Tortura, arbitrariedade, repressão a todas as formas de expressão. Com o passar do tempo,

a igreja foi percebendo seus excessos, seus desvios, então a igreja se opôs

Raymundo Damasceno, presidente da CNBB, na esteira dos 50 anos do golpe civil-militar de 1964, avalia que o

apoio de lideranças eclesiásticas ao movimento que depôs João Goulart foi um “erro histórico” e que nem todos os danos daquele regime foram devidamente reparados.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

Os artigos assinados nesta página são de responsabilidade de seus autores e não refl etem necessariamente a opinião do jornal.

CENTRAL DE RELACIONAMENTOAtendimento ao leitor e assinante

ASSINATURA e

[email protected]

CLASSIFICADOS

3211-3700classifi [email protected]

www.emtempo.com.br

[email protected]

REDAÇÃO

[email protected]

CIRCULAÇÃO

3090-1001

3090-1010

@emtempo_online /amazonasemtempo /tvemtempo

Presidente: Otávio Raman NevesDiretor-Executivo: João Bosco Araújo

Diretor de RedaçãoMário [email protected]

Editora-ExecutivaTricia Cabral — MTB [email protected]

Chefe de ReportagemMichele Gouvêa — MTB [email protected]

Diretor AdministrativoLeandro [email protected]

Gerente ComercialGibson Araú[email protected]

EM Tempo OnlineYndira Assayag — MTB [email protected] GRUPO FOLHA DE SÃO PAULO

DIEGO JANATÃ

A04 - OPINIÃO.indd 4 5/4/2014 13:19:11

Page 5: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 A5Política

Nova gestão é a extensão do governo de Omar AzizLeitura é de especialistas ouvidos pelo EM TEMPO. José Melo já teria afirmado esta continuidade em declarações anteriores

Os próximos oito me-ses herdados por José Melo (PROS) frente ao governo

do Estado devem aconte-cer como uma extensão do implantado por Omar Aziz (PSD), que deixou o cargo na última sexta-feira para disputar uma vaga no Se-nado federal. A opinião de especialistas ouvidos pelo Amazonas EM TEMPO tem como base os cenários vivi-dos nas gestões passadas. No mais recente, acorrido em 2010, o então governa-dor Eduardo Braga (PMDB),

passou o “bastão” para Aziz (seu vice na época), que usou os primeiros meses de man-dato para dar segmento ao trabalho do então aliado.

Para o cientista políti-co Ademir Ramos, mesmo que o governador Melo - que é pré-candidato à re-eleição - tenha sinalizado mudanças no comando de algumas secretarias, ele não poderá abrir mão de ações iniciadas durante a gestão de Omar Aziz, sob o risco de perder apoio po-pular. Segundo Ademir, se-ria arriscado não continuar com as fórmulas usadas em projetos como o Ronda no Bairro, Programa Social e

Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim) e Cida-de Universitária. “Ele precisa observar o que está dan-do certo e estabelecer uma política objetiva. Não será fácil governar sob a pers-pectiva eleitoral. Ele terá que contar com uma equipe que lhe renda além de fi-delidade pessoal, fidelidade programática”, analisou.

Articulador de várias can-didaturas, Melo agora terá que trabalhar a seu próprio favor, tendo que usar seu portfólio de secretário de Estado por quatro vezes, deputado federal em dois mandatos e mais recente de vice-governador, para

convencer as lideranças e os eleitores de que chegou sua vez de comandar de ma-neira legítima. A colocação do cientista político, Car-los Santiago, ainda inclui a conquista do apoio de ad-versários. “Se ele quer sair na frente, deverá mostrar humildade, mu-dar o tabuleiro, agregar pessoas de diferentes segmentos”, comentou.

O deputado estadual Si-nésio Campos (PT), líder do governo Omar na Assem-bleia Legislativa do Estado (Aleam), também ressaltou a experiência de Melo como uma “carta na manga”, fren-te aos demais adversários.

“Ele conhece profundamente as necessidades do Ama-zonas e de forma especial as do interior. Recebeu um governo extremamente es-truturado, não vejo moti-vos para que algo dê errado durante o período em que estará a frente do Estado”, disse. Questionado se vai permanecer na função de líder do governo na Aleam, Sinésio desconversou e afir-mou que não era hora de falar do assunto.

Já seus colegas Chico Preto (PMN) – que é pré-candidato ao governo - e José Ricardo (PT) são mais cautelosos quanto à admi-nistração que se inicia. E

lembram que será preciso verificar com prudência a situação dos projetos e do sistema financeiro deixados por Aziz. “Não podemos pro-jetar o governo de Melo sem detalharmos como ele o está pegando. O que é discurso e realidade? Ele terá dinheiro e tempo para trabalhar?”, questionou Chico Preto.

José Ricardo, por sua vez lamentou que o Partido dos Trabalhadores não tenha lançado um nome para a disputa, a quem chama de repetição de cartas. “São 32 anos do mesmo grupo. Por isso, não vejo o que José Melo possa fazer de diferente”, avaliou.

Ex-governador Omar Aziz (PSD), em seu último ato como chefe do Executivo, na sexta-feira

ALEX

PAZ

UEL

LO/A

GEC

OM

Semana marcada por inauguraçõesAs últimas semanas como

vice-governador foram de muita correria para José Melo, que ao lado de Omar Aziz deixou claro o apoio mútuo. Na companhia do ex-governador, ele partici-pou da entrega de apar-tamentos do Prosamim, lanchas para atendimento de urgência em municípios do interior e a assinatura da ordem de serviço para a construção dos primeiros prédios da Cidade Univer-sitária, esta última agenda ocorrida na véspera de to-mar posse do cargo. Tudo em meio a uma intensa ar-ticulação política que passa

por uma possível aliança entre ambos e o ex-prefeito Amazonino Mendes (PDT), além do prefeito Arthur Vir-gílio Neto (PSDB).

Melo passou a semana

evitando dar declarações sobre o processo de tran-sição e as eleições. Mas, no dia 27 de março, quando recebeu a notícia de que receberia de Aziz o posto de governador, conforme matéria publicada pelo EM TEMPO, disse estar despre-ocupado, uma vez que vinha desempenhando a função ao lado de Omar.

Na ocasião, reforçou a ideia de continuidade às políticas públicas que o atu-al governador vinha traba-lhando. “O momento não é o ideal para se pensar em candidatura, mas sim de trabalhar”, afirmou.

MARATONAOmar Aziz e José Melo cumpriram uma mara-tona apertada e corrida de inaugurações, atos, assinaturas, entregas, solenidades e viagens ao interior nesta últi-ma semana de transi-ção de governo

ROB

ERTO

CAR

LOS

/AG

ECO

M

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

José Melo (PROS) tomou posse do cargo de governador na noite da última sexta-feira, em solenidade no Teatro Amazonas. Ele tem oito meses de mandato e vai tentar a reeleição no governo

A05 - POLÍTICA.indd 5 5/4/2014 13:06:16

Page 6: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Vargas fez lobby até para agências de propaganda

Os negócios do deputado André Vargas (PT-PR) não se limitam a venda de remédios para o Ministério da Saúde, a serviço do doleiro Alberto Youssef. O vice-presidente da Câmara também é apontado como padrinho da agência de publicidade Borghi/Lowe, que divide com outras três a conta de R$ 220 milhões da propaganda do Ministério da Saúde, além de partilhar a conta anual de R$ 400 mi-lhões da Caixa Econômica.

A ‘explicação’A agência Borghi/Lowe, em

Brasília, é dirigida pelo pa-ranaense Ricardo Hoff mann, muito ligado ao deputado André Vargas.

Esquema paranaenseNa Caixa, André Vargas in-

fl uenciou também na escolha da agência Heads, paranaen-se como ele. E Clauir Santos, o chefe de marketing da CEF.

Amigos e sóciosA Polícia Federal acredita

que os amigos paranaenses André Vargas e Youssef são também sócios, comparti-lhando jatinho e outras be-nesses.

Venda milionáriaVargas interferiu para o Mi-

nistério da Saúde adquirir R$ 150 milhões em remédios do laboratório Labogen Química Fina e Biotecnologia.

Doleiro deve depor na Justiça do Paraná este mês

Considerado um dos maio-res atores do mercado ilegal de compra e venda de dóla-res do país, Alberto Youssef – preso novamente há dias na operação Lava a Jato – deve depor nas próximas semanas na Justiça Federal do Paraná

sobre o escândalo de 2003 envolvendo a Copel - Compa-nhia Paranaense de Energia e a Olvepar Indústria e Co-mércio S.A. As oitivas estão marcadas para 14, 17 e 21 de abril, em Curitiba.

Lavagem de dinheiroA Justiça Federal apura des-

vio de R$ 10 bilhões envolven-do a cessão de créditos tribu-tários e transferência ilegal de dinheiro ao exterior.

InvestigaçãoJoão Arruda (PMDB-PR)

pediu para a Comissão de Fiscalização e Controle que um representante da Câmara acompanhe o depoimento de Youssef.

Homem-bombaYoussef foi preso pela PF

sob suspeita de comandar esquema ilícito no Ministério da Saúde e de pagar propina a dirigentes da Petrobras.

Como DemóstenesDemóstenes Torres foi

cassado sob a acusação de haver mentido, no plenário do Senado, sobre sua ligação ao bicheiro Carlos Cachoeira. A oposição acha que merece destino idêntico o deputado André Vargas (PT-PR), que mentiu três vezes sobre suas relações com um criminoso.

Apagando a históriaNo rescaldo dos 50 anos

do golpe militar, o PCdoB apresentou projeto que anu-la mandato dos presidentes eleitos indiretamente pela ditadura. São eles: Castello Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo.

Papo fi adoResponsáveis pela articula-

ção política do governo, Aloi-zio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (SRI) ainda não chamaram o PTB para

conversar sobre indicação do partido para cargo na Caixa Econômica.

PT com PSDBApesar do veto do PSDB,

o deputado tucano Reinaldo Azambuja ainda discute sobre desistir de disputar o gover-no de Mato Grosso do Sul e sair candidato ao Senado na chapa do senador Delcídio Amaral (PT).

Mal na fi taO DEM decidiu apostar no

deputado Davi Alcolumbre (AP) para enfrentar o cacique peemedebista José Sarney na disputa ao Senado. O ex-pre-sidente teria alta rejeição nas pesquisas.

MarajáCargo comissionado na Câ-

mara Municipal de Fortaleza desde 2008, Carlos Régis Borba Benevides – fi lho do deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) – exibe em perfi l atribuído a ele no Facebook a vida de rei que leva, com viagens de jatinho ao exterior, mulheres, carrões etc.

Justiça falhaO deputado Francisco Es-

córcio (PMDB) critica que o Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão ainda não julgou prestação de contas de Waldir Maranhão (PP), das eleições de 2010: “O jeito vai ser apelar ao CNJ”.

Sorte ao inimigoA primeira pessoa que a de-

putada distrital Liliane Roriz encontrou, após anúncio de que seria vice na chapa de José Roberto Arruda no DF, foi a atriz Mariane Vicentini, ex-mulher dele, que nem de-sejou sorte.

Pensando bem......conselho e comissão, os

males da Petrobras são.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Uma coisa é a relação do PMDB com PT, outra é com o governo”

MICHEL TEMER, vice-presidente da República, colocando panos quentes na crise

PODER SEM PUDOR

Memória de eleitor bebumNa campanha de 1998, o delega-

do Onofre de Moraes era candidato a deputado distrital, em Brasília, quando um colega policial disse que havia arranjado um eleitor para ele, no bar da esquina. Diante do homem, que estava bêbado, Onofre tentou um exercício para que ele se lembrasse em quem ia votar:

- Você vai votar no... o... o...O homem gritou:- ...O... O... Oriz!Referia-se, claro, ao governador Joaquim Roriz, que venceria a eleição.

Esforço concentrado na CâmaraA Câmara dos Deputados

começa sua semana de es-forço concentrado de vota-ções com sessão extraordi-nária marcada para as 18h de amanhã.

Na pauta, temas como o enquadramento da cor-rupção na lista de crimes hediondos (PL 5900/13); o fi m do auto de resistência (PL 4471/12); quatro pro-postas da CPMI da Violên-cia contra a Mulher (PLs 6293/13, 6294/13, 6295/13 e 6296/13); e a regulamen-

tação dos direitos dos em-pregados domésticos (PLP 302/13).

Antes, porém, os deputa-dos precisam liberar a pauta, trancada por três medidas provisórias e um projeto de lei do Executivo com urgên-cia constitucional.

A primeira MP que precisa ser votada é a 628/13, que autoriza a União a conceder crédito de R$ 24 bilhões ao Banco Nacional de De-senvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fi nan-

ciamentos de longo prazo ligados principalmente a programas de investimen-tos governamentais.

O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), decidiu, com base na lei com-plementar 95/98, sobre for-matação de leis, retirar do relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) todas as mudanças aprovadas pela comissão mista por conside-rar que são temas estranhos ao assunto original.

VOTAÇÕES

Ouvidoria do Senado recebeu muitos telefonemas e manifestações de populares defendendo a investigação

CPI da Petrobras mobiliza a atenção de cidadãos

A Comissão Parlamen-tar de Inquérito (CPI) da Petrobras foi o assunto que gerou o

maior número de manifesta-ções por meio do Alô Senado nesta semana. Alguns cida-dãos têm exigido um posicio-namento dos congressistas em relação à possibilidade de instauração de uma CPI que investigue as suspeitas de su-perfaturamento e evasão de divisas na compra da refi naria de Pasadena pela estatal.

Houve quem registrasse na central de atendimento con-gratulações aos senadores que assinaram o requerimento para a abertura das investiga-ções. De acordo com Marcos Carvalho, de Guarapari (ES), “o caso deve ser apurado se-veramente, a fi m de que a sociedade tome conhecimen-to pleno dos fatos”. Alberto Waldecir Teixeira Silva, de Mãe do Rio (PA), ressaltou a importância dessa CPI. A seu ver, um processo de investiga-ção “evidenciaria a boa-fé do Congresso Nacional para com

os interesses públicos”.Os desdobramentos do con-

fl ito entre governo e oposição em torno da CPI receberam atenção de cidadãos que acompanham as atividades do Senado. Com a decisão do presidente do Senado, Re-nan Calheiros (PMDB-AL), de rejeitar questões de ordem do governo e da oposição, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) terá de avaliar a possibilidade de abrangência da CPI, isto é, se, além da Petrobras, também serão investigados contratos dos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal.

Segundo José Alves de Araújo, de Bocaiúva/MG, é necessário “que se crie outra CPI que inves-tigue o cartel do metrô”. Josias Dias Bastos, do Rio de Janeiro, acredita que a CPI da Petrobras deveria ser mais ampla ainda do que pretende o governo e inquirir, também, o investi-mento público na construção de estádios, principalmente na construção do estádio do Distrito Federal, que teve seu

valor fi nal “em R$ 2 bilhões”. Bastos defende a investigação de “empréstimos sigilosos” do BNDES a Venezuela e a Cuba e outros países. Outra sugestão dele é que “as investigações sobre contratos metroviários se expanda para todos os Estados, principalmente o Rio de Janeiro e sua atual gestão”.

ManifestaçõesO projeto que previne e re-

prime a violência nas mani-festações públicas coletivas, dobrando a pena nos casos de associação criminosa formada para praticar atos de vanda-lismo, foi igualmente assunto de muitas mensagens no Alô Senado. Trata-se do projeto PLS 451/2013.

Flavio Stoff els, de Caxias do Sul (RS), acha incoerente que as penas para manifestantes de rua, “que protestam, em grande parte, contra políticos corruptos”, sejam dobradas, ao passo que “os condenados por corrupção têm suas penas abrandadas por conta das bre-chas da legislação brasileira”.

Senadores da oposição e situação discutindo sobre a instalação da CPI da Petrobras na casa

Com quatro pedidos de instalação de CPIs para in-vestigar a Petrobras, o pre-sidente do Senado, Renan Calheiros, enviou o reque-rimento da oposição, que conseguiu assinaturas su-fi cientes para a criação da comissão, para análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da casa.

O presidente da CCJ, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), escolheu na úl-tima sexta-feira, o senador

Francisco Dornelles (PP-RJ) para relatar os recursos que questionam a abrangência da CPI da Petrobras.

A comissão vai se reu-nir extraordinariamente na terça-feira para apreciar as questões de ordem apre-sentadas pela base e pela oposição sobre a comissão. A expectativa é que o plená-rio da casa decida o destino das CPIs no dia seguinte ao encontro da CCJ.

A oposição no Senado, li-

derada pelo presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), conseguiu 29 assinaturas das 27 necessárias. O gru-po quer ainda transformar a CPI em mista, com a presen-ça de membros da Câmara dos Deputados.

Naquele Legislativo também já estão sendo colhidas assinaturas para que seja instalada mais uma comissão para inves-tigar denúncias envolven-do a Petrobras.

Pedidos estão na CCJ do SenadoPresidente da CCJ, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) vai analisar pedidos na terça-feira

JON

AS P

EREI

RA/A

GÊN

CIA

SEN

ADO

WAL

DEM

IR B

ARRE

TO/A

GÊN

CIA

SEN

ADO

A06 - POLÍTICA.indd 6 5/4/2014 13:07:51

Page 7: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 A7Com a palavra

Nos próximos 90 dias eu irei ficar só no trabalho. Portanto, avi-so, inclusive àqueles que me procu-rarem, que irei falar e tratar apenas de questões voltadas ao desenvolvi-mento dos municípios”

O economista José Melo de Oliveira recebeu na última sexta-feira a faixa

de governador do Estado do Amazonas. Vice-governador por um mandato, deputado federal por duas legislaturas e deputado estadual, além de atuar em várias secretarias, Melo declarou que, ao assu-mir o maior posto na esfera política do Amazonas, realiza um sonho.

Conhecido no meio político como professor, José Melo, 67 anos, foi alfabetizado ape-nas aos 11 anos de idade, quando a sua família saiu do município de Eirunepé para morar em Manaus. Iniciou sua vida pública em 1967, lecio-nando em escolas estaduais, foi delegado do Ministério da Educação e Cultura, secre-tário de Cultura e Despor-to do Amazonas e também esteve à frente do Instituto de Desenvolvimento Agrope-cuário do Amazonas (Idam) e da Secretária de Estado de Coordenação do Interior. Foi também presidente da Socie-dade de Navegação Portos e Hidrovias (SNPH) e Secretário de Governo (Segov).

No ano passado, pediu desligamento do Partido do Movimento Democrático Bra-sileiro (PMDB), para fundar e presidir o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) no Amazonas e, no início deste ano, se lançou como pré-can-didato ao governo do Amazo-nas. “Esse é o grande projeto de qualquer político e estou emocionado em assumir essa cadeira. Esperei 32 anos por este momento”.

Após sua posse, Melo con-cedeu sua primeira entrevista coletiva. Falou sobre o futuro do secretariado estadual, dos principais desafios políticos, da sua candidatura para as eleições, da dedicação que irá depositar no setor da Educa-ção, sua “menina dos olhos”, e também no difícil desafio de substituir Omar Aziz (PSD).

EM TEMPO – Qual será sua primeira ação como governador?

José Melo – Vou fazer aquilo que faço todos os dias, que é

ajudar o governo. Como to-dos sabem, o Omar Aziz me permitiu governar junto dele e ajudá-lo a criar todos esses avanços que o Estado obteve nestes 3 anos e três meses de gestão conjunta. Será uma missão difícil, pois a adminis-tração do Omar foi eleita a melhor do país, mas irei lutar com todas as forças para dar continuidade a tudo isso.

EM TEMPO – Qual será o seu maior desafio?

JM – Teremos muitos, mas o frio na espinha de substituir o Omar Aziz é o maior deles. Quero fazer um governo pelo menos do mesmo patamar que o dele.

EM TEMPO – Nos últi-mos meses observamos uma parceria muito grande entre o governo e Prefeitu-ra de Manaus. Será dada continuidade a essa ação conjunta?

JM – Vou continuar com essa parceria com certeza. Também irei dar segmento às parcerias com as prefeituras do interior, que são muito importantes. Farei o que for possível para transformar o Amazonas em uma cidade de muito orgulho. Com a Copa do Mundo seremos vitrine ao restante do mundo e com uma cidade mais preparada poderemos ter muito mais recursos e investimentos no setor turístico.

EM TEMPO – E sua prio-ridade nestes primeiros meses?

JM - Tudo é prioridade, mas o que mais me engrandece é a Educação, porque só ela é capaz de mudar a vida de um povo e tirar os grilhões das pessoas e dar o sagrado poder de liberdade. Com todo respeito ao resto, a Educação é a minha paixão.

EM TEMPO – Quais serão os principais projetos para a Educação?

JM – O Estado tem algo em torno de R$ 4 bilhões de obras em andamento, são investimentos que vão desde estradas vicinais a escolas de Tempo Integral. A minha gran-de modificação é que quero me reunir com o sindicato dos professores para tratarmos

da data-base para categoria, como também outros avan-ços. Os professores têm uma pauta de reivindicação, a qual eu tenho um enorme carinho e vamos verificar os caminhos e os recursos necessários para que possamos avançar neste segmento. Eu estou governa-dor, mas na minha consciência eu sou professor.

EM TEMPO – E como o senhor pretende atuar na batalha da votação da Zona Franca de Manaus?

JM – Essa é uma luta cons-tante de todos. E vamos con-tinuar contando com o apoio da bancada federal, com a Federação das Indústrias, com o prefeito de Manaus, Arthur Neto, que foi fundamental nesta primeira vitória, pois é um parlamentar respeitado em todo o Brasil. Ele adminis-trou com grande sabedoria o seu partido, o PSDB, que pela primeira vez votou unido. É e assim que vou fazer, estarei pedindo inclusive à presidente Dilma Rousseff na próxima semana, em uma conversa já agendada, que ela nos ajude. Tenho certeza que juntos ire-mos sair vitoriosos da votação deste segundo turno. Nesta votação do primeiro turno con-seguimos deixar claro para todos os parlamentares que a Zona Franca de Manaus não é apenas um modelo econômico importante para o Amazonas, e sim para todo o Brasil.

EM TEMPO – E sobre os secretários estaduais, te-remos mudanças?

JM – Os secretários per-manecem. Não existem novos secretários. Vou continuar com a mesma equipe, formada por parceiros, amigos e compa-nheiros, que nos ajudaram mui-to durante todo esse tempo.

EM TEMPO – Mas, al-guns do primeiro escalão pediram afastamento para se candidatarem nas próxi-mas eleições. Como ficarão essas substituições?

JM – Na verdade eles se apresentaram para o Omar Aziz. Mas pelo que sei, o Eron Bezerra, da Secretaria de Produção Rural, a Alessandra Campelo, da Secretaria de Es-portes e Juventude, e o Rai-mundo Valdelino Cavalcante,

da Agência de Desenvolvi-mento Sustentável, pediram para sair dos cargos, pois serão candidatos nas próxi-mas eleições.

EM TEMPO – Especulou-se sobre a saída de Robério Braga e outros secretários do PMDB...

JM – Robério Braga é extre-mamente talentoso, não tem porque tirá-lo. Se o Amazonas hoje ocupa destaque mundo afora pelo ressurgimento das cinzas da cultura, isso se deve muito às políticas públicas implantadas pelo Robério. A outra pessoa, que é secretá-rio estadual do PMDB, Miguel Capobiango, que é meu amigo e também muito competente, com trabalho incomum, só sai-rá do meu governo se quiser.

EM TEMPO – O senhor é

apontado como uma gran-de força entre os prefei-tos do Amazonas. Pretende conversar com eles para formar futuras alianças?

JM – Não. Nos próximos 90 dias eu irei ficar só no traba-lho. Portanto, aviso, inclusive àqueles que me procurarem, que irei falar e tratar apenas de questões voltadas ao desen-volvimento dos municípios.

EM TEMPO – Como o se-nhor vai fazer para cumprir a legislação eleitoral sendo candidato à reeleição do mandato?

JM – A legislação eleitoral não engessa, ela impõe aos governantes regras éticas, caso contrário, os gestores pegariam os recursos públicos e investiriam nos seus sonhos. Precisamos investir o dinheiro do povo em benefícios para o povo e não em prol de uma campanha eleitoral. Acho isso absolutamente correto.

EM TEMPO – Qual a men-sagem que o senhor deixa para a população de Manaus, agora como governador?

JM – A mensagem que eu deixo é de esperança e de muita fé. Juntos, consegui-mos construir este Amazonas que o Omar nos entrega e, certamente, se continuarmos nesta parceria, vamos seguir em frente. Que nunca falte fé, esperança e alegria no coração de ninguém.

JOSÉ MELO

‘Esperei 32 ANOS por ESTE MOMENTO’

Vou fazer aquilo que faço todos os dias, que é ajudar o governo. Como todos sabem, o Omar Aziz me permitiu governar junto dele e ajudá-lo a criar todos esses avanços que o Estado obteve nestes 3 anos e três meses de gestão conjunta”

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

FOTOS: DIEGO JANATÃ

Os secre-tários per-manecem. Não existem novos secre-tários. Vou continuar com a mes-ma equipe, que é for-mada por parceiros e amigos, que nos ajuda-ram muito durante todo esse tempo”

A07 - POLITICA.indd 5 5/4/2014 13:17:38

Page 8: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

A8 Política MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Egberto Batista já está dando expediente no AMMarqueteiro conhecido nos bastidores da política como “bruxo” tem sido visto na companhia de Omar Aziz e José Melo

Responsável pela coordenação de campanhas para o ex-senador Gilberto

Mestrinho (já morto), o ex-prefeito Amazonino Mendes (PDT) e o senador Alfredo Nascimento (PR), o famoso marqueteiro Egberto Batis-ta já está em cena para as disputas eleitorais des-te ano. Com bloquinhos em mãos, o consultor interna-cional para assuntos polí-ticos e empresariais esteve ao lado do pré-candidato ao Senado, Omar Aziz (PSD), du-rante as entregas de obras e eventos que antecederam a sua desincompatibilização do governo.

Conhecido no meio político como “bruxo”, o irmão do ex-senador pelo Amazonas Gilberto Miranda, afastado

do Congresso Nacional em 2005 sob fortes escândalos, Egberto Batista teve a pri-meira aparição registrada pela reportagem na noite da última quarta-feira, quan-do chegou junto com Omar Aziz à cerimônia de posse de Cleinaldo de Almeida Costa, eleito reitor da Universida-de do Estado do Amazonas (UEA), redemocratizada pelo ex-governador.

No evento, Amazonino Men-des (PDT), figura íntima a Egberto, compôs o palanque de Omar ao lado de José Melo (PROS) e de Cleinal-do Costa. Batista coordenou campanhas vitoriosas para o ex-prefeito nas eleições de 1994 e 1998 e também nas eleições de 2004 e 2006, tendo sido derrotado nestas últimas duas. Antes de iniciar o esperado discurso após um longo período distante dos palanques, Amazonino cum-

primentou, de longe, seu velho amigo e consultor.

Na manhã do dia seguinte, quinta-feira, Batista chegava novamente junto com Omar no evento em que o então go-vernador fez entregas para a área da saúde na Zona Oeste. O marqueteiro, que foi Se-cretário de Desenvolvimento Regional no governo do ex-pre-sidente da República Fernando Collor de Mello, poderosa pasta que à época comandava a Su-perintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), passeou pelo ambiente, conversou com secretários e anotou o telefone de uma popular que acompa-nhava o evento.

Abordada pela reportagem, a moradora das proximidades do local informou que Egberto a havia convidado para tra-balhar como cabo eleitoral na campanha de Omar pela única vaga do Amazonas no Senado. Ela não quis se identificar, mas

disse que aceitou com muita “animação” o convite de Egber-to. “Eu sempre trabalhei para o Omar. Quero repetir neste ano. Ele é nosso candidato”, disse.

Questionado sobre a presen-ça de Egberto junto à comi-tiva oficial do ex-governador Omar Aziz nos eventos, o se-cretário de Governo e titular da Casa Civil, Raul Zaidan, afirmou que os convites não

partiram da Segov e que não sabia os motivos da presença do marqueteiro. O mesmo posicionamento foi registra-do pela equipe de cerimonial do governo, responsável pelo envio de convites.

Egberto marcou presença também no último ato de Omar Aziz à frente do Execu-tivo estadual, na sexta-feira, quando assinou a ordem de serviço para o início das obras da primeira etapa da Cidade Universitária da UEA, no KM 7 da AM 070, no município de Iranduba, uma das “meninas dos olhos” do pré-candidato. No canteiro de obras, a maio-ria presente era de secretá-rios e assessores, que apro-veitaram a ocasião para fazer fotos junto ao ex-governador, num clima de despedida.

OrientaçõesO comportamento de Batis-

ta no local era de total integra-

ção à alta cúpula do governo. Ele sugeria fotos, coordenava a imprensa e conversava cons-tantemente com José Melo, que, horas mais tarde, rece-beu a faixa de governador em cerimônia solene realizada no Teatro Amazonas.

Egberto Batista, que tem registros de participação nas articulações nacionais que resultaram na fundação do partido de Omar, o PSD, disse que não concede mais en-trevistas e que “só trabalha entre amigos”. Ele não con-firmou qualquer contratação para coordenar campanhas para Omar ou José Melo, mas fez constatações sobre o atual cenário político do Estado. Para ele, a desin-compatibilização de Omar representa um passo à frente nas conversas, mas, segundo o marqueteiro, ainda falta outra peça: a configuração do palanque tucano.

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

MARKETINGIrmão do ex-sena-dor Gilberto Miranda, Egberto Batista coor-denou a campanha de Fernando Collor, em 1989, à Presidência da República. No Estado, ele diz ser fiel amigo de Amazonino Mendes

RICARDO OLIVEIRA

Ele se referia ao prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), que permane-ce distante da decisão pelo nome que apoiará à sucessão estadual e que receberá o presidenciável, senador Aé-cio Neves (PSDB-MG), nos palanques amazonenses. A relação entre Virgílio e Ba-tista, no entanto, não tem re-gistros amigáveis. Em 2009, quando era senador, o tucano

subiu à tribuna do Senado para se defender de uma reportagem publicada pela revista “Isto é” em que era acusado de irregularidades no pagamento de viagens in-ternacionais. Virgílio, na oca-sião, atribuiu os ataques aos irmãos Egberto e Gilberto.

A aproximação de Egber-to a Omar e, por tabela, a José Melo, pode trazer novos sinais da composição que

terá o grupo nas eleições deste ano. Fiel seguidor de Amazonino, Egberto nunca escondeu que suas decisões passam pelo aval do ex-prefeito. Em uma rara en-trevista concedida a um jor-nal amazonense, em 2010, Egberto finalizou o discurso afirmando: “Sempre estive e estarei ao lado do Amazoni-no. Quem for seu candidato será o meu também”.

Apoio dá sinais de ampla aliançaSeu nome sempre é ligado

ao chamado “caso Lurian”, quando uma ex-namorada de Luiz Inácio Lula da Silva, Mirian Cordeiro, foi à TV, em 1989, em rede nacional para denunciar que o então ad-versário de Collor na disputa pelo Planalto queria que ela abortasse sua filha, episódio no qual nega participação. Mais tarde, eleito, Collor em-placava Egberto na bancada

de ministros. Em 2004, quando co-

ordenava a campanha de Amazonino à Prefeitura de Manaus, Egberto foi tido como o responsável pelo “caso Soraya”, uma médica que afirmava ter tido um filho com o então candidato a prefeito, Serafim Corrêa (PSB), uma réplica da estra-tégia adotada 15 anos antes na campanha presidencial.

O marqueteiro é habitu-ado a frequentar altos es-calões do poder. Seu irmão, filho de família pobre de São José dos Campos, em São Paulo, ex-professor de natação, Gilberto Miranda, tem o pré-candidato ao go-verno do Estado paulista, Gilberto Kassab, o ex-pre-sidente José Sarney e sua filha Roseana Sarney, como padrinhos de casamento.

Casos memoráveis no currículo

Marqueteiro político e empresarial e com um currículo de grandes campanhas nacionais, Egberto Batista (à dir.) parece já estar inserido na pré-campanha no Amazonas ao cargo majoritário

A08 - POLÍTICA.indd 6 5/4/2014 13:04:07

Page 9: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

EconomiaCa

dern

o B

[email protected], DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Iranduba: falta política para o ecoturismo

Site com foco turístico da Praquerumo em fase de conclusãoSite com foco turístico da Praquerumo em fase de conclusão

Nos últimos mapas brasileiros sobre o incentivo a empre-sas nascentes de

base tecnológica - os start-ups - construído pelo Minis-tério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Estado do Amazonas não aparece com nenhuma iniciativa de acele-radoras de start-ups selecio-nada pelo programa Start-up Brasil. Mas, segundo empre-sários do seguimento, esse cenário está prestes a mudar, uma vez que, projetos inicia-dos no ano passado estão próximos de ser apresentados ao mercado, de forma escalo-nada, o que permitirá a eles um alcance mundial.

A afi rmação é possível, uma vez que, produtos tecnológicos, que estão sendo materializados pela aceleradora Fabriq Centro de Soluções terão pré-lança-mento realizado na Feira do Empreendedor. O evento que é promovido pelo Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-AM) será realizado entre os dias 24 e 27 de abril deste ano, no Clube do Trabalhador Sesi, com objetivo de fomentar o empre-endedorismo no Estado.

Segundo o diretor-executi-vo da Fabriq, Fredson Encar-nação, a empresa apresen-tará no seu stand produtos de nichos de mercado pouco explorados, oriundas de três start-ups selecionadas pela aceleradora. Batizadas pelos nomes Agiis, Efi sis e Praque-rumo, as empresas nascentes, que são formadas por jovens empreendedores, após a feira, terão um prazo de seis meses para apresentarem os seus produtos fi nais ao mercado.

Encarnação informa que a Agiis trabalha hoje sobre um aplicativo de votação eletrôni-ca, baseada num conjunto de automação que integrará TVs e tablets, cujo mercado envolve clientes que precisam tomar decisões baseadas em votos.

A Efi sis, por sua vez, de acordo com o empresário, está desenvolvendo um kit integrado de hardware e sost ware de monitoramen-to do consumo de energia (elétrica, água, GLP, ar

comprimido, óleo e vapores), que permitirá às organizações tomarem medidas voltadas para efi ciência energética, com ganhos de economia e preser-vação ambiental.

Já o start-up Praquerumo avança com a construção de uma plataforma multilateral on-line, a qual incentivará a comercialização de serviços de turismo de experiência e de aventura, que começará pela Amazônia. Conforme o em-presário, este novo canal será

lançado nas línguas portugue-sa, inglesa e espanhola.

De olho, no mapa da MCTI, que oferece recursos de até R$ 200 mil à aceleradoras, a Fabriq que iniciou a sua fase de posicio-namento no terceiro trimestre de 2013, e no segundo chegou a entrevistar até 37 start-ups, tem como plano de expansão a meta de acelerar dez empresas, até o fi nal deste ano.

Para o empresário, o primei-ro retorno da aceleradora não é fi nanceiro, o que deve ocorrer a partir de 2015. “Estamos trabalhando muito mais para o fortalecimento do ecossis-tema de inovação e para criar uma plataforma de trabalho sólida, que nos permita fazer dele uma referência em ter-mos de inovação”, sustenta.

Start-ups de Manaus rumo ao cenário internacionalProdutos tecnológicos de empresas nascentes, apoiadas por aceleradora, serão pré-lançados na Feira do Empreendedor

Jovens empreendedores motivados por empresa aceleradora trabalham na construção de produtos tecnológicos de alcance mundial

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

INOVAÇÃOUm start-up é na sua essência, segundo o Sebrae, um empreen-dimento em fase de constituição, com baixo custo inicial, e com expectativas altamente escaláveis sobre produ-tos de base tecnológica

Para chegar ao forma-to de aceleradora, a Fa-briq antes atuou 12 anos como negócio de desen-volvimento de inovações para clientes públicos e privados. A adaptação se-gundo Encarnação veio após cursar MBA interna-cional em inovação. “Daí decidimos desenvolver inovações em parceria com jovens empreende-dores”, conta.

Segundo ele, ao avaliar a capacidade instalada, a experiência empresa-rial e a rede de relacio-namentos disponível, os sócios constataram que havia condições para lançarem a primeira aceleradora do Norte do país. “Inquietava-nos o fato de que apenas nos-sa região não constava neste mapa da inovação do programa Startup Brasil”, observa.

Primeira aceleradora do Norte

O gerente de projetos do start-up Dona Now, Daniel Goeteneur, avalia que o ecossistema de inovação tecnológica local está em fase de amadurecimento. Para fortalecê-lo, empreen-dedores vão atrás de expe-riências avançadas como o porto digital de Recife (PE), e o Vale do Silício, no Estado da California (EUA).

Para Goeteneur, sinal de que o ecossistema começa a ganhar força é a realização de grandes eventos como o Start-up Weekend. De cará-

ter global, o encontro que começou na sexta-feira, en-cerra hoje, na Escola Superior de Tecnologia, da Universi-dade do Estado do Amazonas (UEA), avenida Darcy Vargas, Zona Centro-Sul.

Goeteneur lembra que não há um marco de quando os start-ups começaram a sur-gir em Manaus. “Fato é que, em 2011, pequenos eventos começaram a ser organiza-dos e pessoas passaram a se reunir. Com isso criou-se o ecossistema local de inova-ção tecnológica”, explica.

Ecossistema local de inovação

RICA

RDO

CAS

TRO

/FAB

RIQ

B01 - ECONOMIA.indd 1 4/4/2014 23:57:51

Page 10: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Vitrine [email protected]

Os fãs brasileiros dos produtos da Samsung se pre-parem. O Galaxy S5 será lançado, ofi cialmente, no próximo dia 12, no Brasil.

Porém, a pré-venda do smartphone top de linha da empre-sa sul-coreana iniciou no último dia 4, quando passou a ser reservado em lojas virtuais de operadoras como a TIM, Oi e Claro a preços promocionais. No entanto, o celular no plano pré-pago será comercializado a R$ 2,6 mil no país.

Parecido fi sicamente com o S4, o Galaxy S5 possui tela e bateria (com rendimento 20% maior) consideradas como as melhores que já foram usadas em smartphones. Além das características avançadas em relação aos modelos anteriores, o novo aparelho possui detector de choro de criança, leitor de batimentos cardíacos, leitor biométrico e é resistente a água e a poeira.

Galaxy S5 chega ao mercado brasileiro

* Entre 2 a 6 de junho acontecerá o WWDC, sigla em inglês para Conferência Mundial com Desenvolve-dores, evento anual da Ap-ple que conta com anúncio de novidades da empresa e informações importantes para os desenvolvedores.

* Estão abertas as ins-crições do 5º Curso Exame PME, que acontece nos dias 8 e 9 de abril, em São Paulo. O evento é voltado para pequenos e médios empre-endedores, incluindo os da

área de tecnologia.

*O mercado brasileiro de telefones celulares fechou 2013 com recorde de ven-das com 67,8 milhões de unidades comercializadas, segundo estudo da consul-toria IDC.

* O Bosque da Ciência, do Instituto Nacional de Pes-quisas da Amazônia (Inpa/MCTI), completou 19 anos de contribuição à ciência na região no último dia 1º de abril.

Clicks

A Uplink Conteúdo Digital, que é de Manaus, desen-volverá um aplicativo que usará o serviço de nuvens para facilitar a vida dos gestores de assessorias de comunicação sobre o clipping diário de jornais.

O aplicativo será desenvolvido depois que a empresa conquistou a aprovação no Programa de Subvenção Econômica à Inovação Tecnológica em Micro e Pe-quenas Empresas no Estado do Amazonas (Tecnova Amazonas), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Aplicativo facilitará a vida dos assessores

Aplicativo para smartphones e tablets com dicas de alimentação saudável, o App Cozinha Brasil colocou o Sesi Amazonas entre as seis instituições selecionadas no Estado para participar do edital Inova Talentos 2014. A aplicativo terá também dicas de qualidade de vida, ergo-nomia, orientações para práticas desportivas e de lazer e a geração de indicadores de desempenho.

App de culinária

Os fãs brasileiros dos produtos da Samsung se pre-parem. O Galaxy S5 será lançado, ofi cialmente, no

Porém, a pré-venda do smartphone top de linha da empre-sa sul-coreana iniciou no último dia 4, quando passou a ser reservado em lojas virtuais de operadoras como a TIM, Oi e Claro a preços promocionais. No entanto, o celular no plano

Parecido fi sicamente com o S4, o Galaxy S5 possui tela e

Brasil tem o pior retorno de impostos em benefícios Apesar de possuir uma das maiores cargas tributárias do mundo, país está longe de prestar serviços adequados à população

O Brasil está entre os 30 países de maior carga tributária do mundo, mas con-

tinua oferecendo os piores serviços para a população em termos de saúde, educação, transporte, segurança, sane-amento, pavimentação das estradas e outros. A consta-tação é do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), que lançou na semana passada, a quinta edição do estudo “Carga Tributária/PIB X IDH” , disponível no site www.ibpt.org.br.

Referência na análise e es-tudos sobre a carga tributária brasileira, o IBPT considerou o Índice de Desenvolvimen-to Humano (IDH) de 2012 e a carga tributária brasileira, do mesmo ano, para criar o Índice de Retorno de Bem Estar à Sociedade (Irbes), que mede a contrapartida dada ao contribuinte pelos impostos que paga ao governo federal, estaduais e municipais.

Os Estados Unidos ocu-pam a primeira colocação no ranking, oferecendo melhor retorno aos cidadãos, seguido da Austrália, Coreia do Sul e Irlanda. O Brasil aparece na 30ª colocação, atrás de na-ções vizinhas, como Uruguai

e Argentina, classifi cados na 13ª e 24ª posição, respectiva-mente, em termos de retorno aos contribuintes.

”A Bélgica, que tinha uma carga tributária de 44% em 2011 e ocupava a 25ª colo-cação no ranking do estudo anterior, passou a ser o 8ª país com melhor retorno à sua população e reduziu sua carga para 30,70%. O Brasil, no entanto, permanece como o último colocado e, apesar de registrar sucessivos recordes de arrecadação de tributos, ainda não oferece condições adequadas para o desenvolvi-mento da sociedade”, obser-vou o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

De acordo com Olenike, os brasileiros se lembram que pagam tributos apenas nesta época de entrega da Declara-ção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). “No en-tanto, mesmo aqueles que são isentos da declaração pagam o Imposto sobre a Proprieda-de de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), ta-xas de serviços públicos, além dos tributos embutidos em produtos e serviços que con-somem durante todo o ano”, alertou o executivo.

Entre 30 países avaliados, Brasil está em último lugar do ranking, que é liderado pelos Estados Unidos, conforme estudo do IBPT

DIE

GO

JAN

ATÃ

Depois do trabalho, três amigas voltam juntas para casa e, durante todo o tra-jeto, elas têm uma outra companhia: os impostos. Os encargos estão no lan-che rápido (de 32,31%) e

na passagem do ônibus (de 33,75%), que são pagos sem perceber. “Tudo está em-butido, na verdade, porque nós temos pouco conheci-mento e não sabemos que em tudo há o imposto e

nós pagamos”, disse Adriana Carvalho, que é funcionária de uma creche.

Nem mesmo dentro de casa as pessoas deixam de pagar imposto. Quando acende a luz ou fala ao tele-

fone ou, ainda, quando abre a torneira. Em todas essas contas, a carga de tributos é altíssima. E o mais grave: se-gundo uma pesquisa, o Brasil é o pais que oferece o pior retorno para a sociedade.

Tributos embutidos em tudo praticamente

Controles ‘inteligentes’Embora seja uma tendência

nova, a moda que deve crescer na área de brinquedos é o conceito de controlar objetos pelos sinais do smartphone. Empresas como HappyCow e BeeWi lideram essa transição para celulares e tablets.

Rindo à toa Meio de relacionamento

para alguns, diversão para ou-tros, o Facebook é uma máqui-na de fazer dinheiro para Mark Zuckerberg. O criador da rede social foi o que mais lucrou em 2014 entre os executivos da área de tecnologia, segundo ranking da Bloomberg.

Nadando em dinheiro Zuck, como é chamado, ar-

recadou US$ 3,4 bilhões des-de o dia 1º de janeiro até 1º de abril, mais que Bill Gates, o homem mais rico do mundo. O dono da Microsost ganhou US$ 1,5 bilhão no mesmo período e fi cou em terceiro lugar, junto com Steve Ball-mer, seu parceiro de empre-sa. Em segundo lugar foi o CEO da Oracle, Larry Ellison, que arrecadou, neste ano, US$ 2,6 bilhões.

Incentivo aos ‘hackers’Falando em Microsoft e

Facebook, as duas empre-sas vão pagar US$ 5 mil para o usuário que encon-trar vulnerabilidades na in-ternet e bugs nos programas das companhias. O valor pode ser maior.

A Asssociação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Brasileira de Radio-difusores (Abra) e a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) pediram à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para adiar o processo de licitação da faixa de 700 mega-hertz, que será desti-nada à tecnologia 4G.

A previsão é que o edital do leilão seja aprovado neste mês, e a disputa deve ocorrer em agosto. As entidades alegam que é preciso fazer estudos adicionais sobre as possíveis interferências no uso da faixa.

Licitação contestada

Um garoto de 5 anos dos Estados Unidos descobriu uma falha de segurança no console Xbox One que per-mitiu o acesso a conta da Microsoft de seu pai sem a senha correta. A vulnerabilidade foi encontrada na tela de verificação de senhas do Xbox One. Após errar a pa-lavra-chave, bastou ele apertar algumas vezes a barra de espaço para obter acesso à conta do pai. Kristoffer foi recompensado ainda com US$ 50, quatro jogos gratuitos e uma assinatura de um ano da Xbox Live.

Falhas no Xbox One

B02 - ECONOMIA.indd 2 4/4/2014 23:23:36

Page 11: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Jogos da Copa com 92% de reservas

Trabalhadores de hotéis com esperança na CopaA expectativa sobre o número de visitantes possibilitará, além do lucro de empresários, um ganho a mais em gorjetas

Durante o período da Copa do Mundo, Ma-naus receberá apro-ximadamente 88 mil

estrangeiros, de acordo com dados da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Ama-zonastur). De olho nesses nú-meros, funcionários da “linha de frente” da rede hoteleira manauense como garçons, camareiras, recepcionistas e mensageiros aguardam pela generosidade dos turistas e esperam lucrar uns trocados a mais na época do mundial.

O garçom Francisco Nasci-mento ainda não decidiu se continuará no hotel em que trabalha no bairro Adrianó-polis, Zona Centro-Sul, ou se mudará para um bufê que prestará serviços especiais durante a Copa, o que ele sabe é que em qualquer uma das duas opções ele poderá lucrar com o mundial. “Estou animado. Apesar de não ter a certeza de onde estarei traba-lhando no mundial”, revela.

Segundo o garçom, o hotel onde trabalha está com 60% dos leitos reservados para o período da Copa. Para estar apto a recepcionar os turistas de forma satisfatória durante o evento, Francisco, que pela primeira vez trabalha em ho-tel, aguarda a realização de uma reciclagem prometi-da pela empresa. “Além da especialização, teremos também um curso básico de inglês. Es-tou animado porque re-ceberemos

certifi cados direto de Brasí-lia”, comemora.

Orgulhoso do trabalho rea-lizado em outros lugares, por onde deixou a sua marca e conquistou clientes, além de garçom, Francisco é soldador, mas está decidido que seguirá “puxando bandeja” durante o mundial. Para chegar ao hotel onde presta serviço hoje, ele relembra como foi a trajetó-ria. “Fui indicado para fazer um coff ee break em 2012. A dona do hotel gostou do

meu trabalho e me chamou para continuar pelos próximos meses. Depois sai e resolvi me dedicar à solda. Mas, hoje estou de volta e vou aguardar até a Copa”, afi rma.

Otimista, ele não sabe ao certo quanto pode ganhar de gorjeta durante a Copa do Mundo, uma vez que, durante

estes dois meses de trabalho no hotel, já percebeu que o lugar abriga mais viajantes que vêm a Manaus por motivo de trabalho do que turismo. Apesar disso, ele relata que já experimentou da “generosi-dade estrangeira”. “Já ganhei um dólar de gorjeta de um mexicano”, lembra.

ExperiênciaO recepcionista Ricardo Luiz

trabalha há 10 anos no Líder Hotel, localizado na avenida 7 de Setembro, Centro, Zona Sul de Manaus. Ele exerce a atual função há 6 anos, e antes atuou como mensageiro durante quatro meses e por isso conhece bem os costumes dos estrangeiros. “Pouca coisa a gente recebe de gorjeta, pois eles (estrangeiros) mes-mos gostam de carregar a bagagem”, comenta.

Para Ricardo, não é fácil pre-vê o quanto de lucro deverá ter durante o período do Mundial, já que é primeira vez que Ma-naus recebe um evento dessa dimensão. “Estamos com uma boa expectativa, nossa cidade vai receber bons jogos”, avalia. Sobre as gorjetas, ele diz que os turistas estrangeiros chegam com o dinheiro cambiado ao hotel e já pagam em reais.

Ele ainda sonha em receber gorjeta de uma moeda de outro país e lembra do “maior agrado” já recebido durante o seu tra-balho. “Fiquei espantado. Foi R$ 50 de um turista americano”, recorda. “Acredito que venha muitos gringos e por isso po-deremos ganhar um trocado a mais e com certeza vai rolar um dólar”, acrescentou.

ANDRÉ TOBIASEspecial EM TEMPO

Mais brasileiros que estrangeiros

Camareiras são as res-ponsáveis por todos os cui-dados sobre os quartos

Segundo as informações da Amazonastur, além dos 88.483 estrangeiros que Manaus receberá durante a Copa do Mundo, cerca de 190.240 brasileiros vi-sitarão a cidade. No mes-mo levantamento, o órgão aponta que por jogo 22.118 estrangeiros estarão na ca-pital e 47.560 brasileiros terão a oportunidade de conhecer os encantos da capital amazonense.

De acordo com o presi-dente da Associação Brasi-

leira da Indústria de Hotéis do Amazonas (Abih-AM), Roberto Bulbol, a estada das pessoas que virão de fora do Estado não será muito longa. “Nossa expectativa é que o período de perma-nência desses turistas seja de 26 a 34 dias. Cada um passará no máximo de três dias e meio aqui e seguirão para outras cidades da Copa. Em poucos casos vão alongar esse perí-odo”, esclarece.

Recepcionistas de hotéis estão se preparando para atender turistas estrangeiros no idioma inglês

Garçons esperam boas gorjetas da Copa nos hotéis e nos bufêsFO

TOS:

ARQ

UIV

O E

M T

EMPO

/REI

NAL

DO

OKI

TA

Segundo Bulbol, a procura para o primei-ro jogo entre Inglaterra e Itália, e para o ter-ceiro, entre Portugal e Estados Unidos alcan-çaram 92% de reser-vas na rede hoteleira de Manaus. Entretanto, as partidas entre Cro-ácia e Camarões e a de Honduras e Suíça estão apenas com 60% de leitos reservados.

Para o presidente da Abih-AM, a dificuldade logística para chegar a Manaus desfavorece e prejudica na hora da escolha dos turistas sobre os seus desti-nos. “O problema de

acesso a Manaus é um complica-

dor. Os voos são longos e as conexões desgastan-tes. A pró-pria Fifa de-volveu cerca de 6% das r e s e r v a s que tinham conosco ” , avalia.

VISITANTES

278é o número de brasileiros e estrangeiros que virão a Manaus durante a Copa, conforme Amazonastur

MIL

B03 - ECONOMIA.indd 3 4/4/2014 23:27:20

Page 12: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 B5

Ecoturismo de Iranduba sem infraestrutura Empresários e moradores reclamam da falta de uma política de incentivo a negócios voltados ao turista estrangeiro

Com potenciais econô-micos na produção ce-râmica, no ecoturismo e nos sítios arqueoló-

gicos, o município de Iranduba, localizado na Região Metropoli-tana de Manaus (RMM), prome-te ser um dos primeiros lugares a serem visitados pelos turistas, durante a Copa do Mundo. No entanto, a 67 dias do mundial, a reportagem do EM TEMPO percorreu os principais pontos turísticos da cidade e constatou um cenário desfavorável.

Moradores e empresários re-clamam que o município enfren-ta dificuldades para consolidar uma política que incentive a implantação de negócios que atendam de forma satisfató-ria os visitantes, em especial estrangeiros que não dominam a língua portuguesa. A baixa oferta de cursos, para qualificar os microempresários e seus fun-cionários, é uma das principais reclamações de quem aposta suas economias na construção de pousadas, restaurantes e balneários instalados ao longo da rodovia AM-070, que liga Iranduba a Manaus.

O empresário Rogério Bran-dão, 35, e sua esposa Marizete Brandão, 34, concordam que o atendimento ao turista, princi-palmente pela dificuldade em lidar com os estrangeiros, vai ser complicado, já que a maioria

dos donos e funcionários de pousadas e hotéis não pos-suem conhecimento em outras línguas. “Se tivéssemos acesso a cursos específicos dentro da comunidade, estaríamos bem mais preparados”, comentou Rogério. Ele é dono da pousada e restaurante Brandão, localiza-da na avenida Rio Madeira, no centro de Iranduba.

A deterioração da estrutu-ra viária como os ramais de acesso às comunidades e das vias da sede do município é outro fator que desfavorece o

município para esse momento histórico. O cenário é de ruas esburacadas com trechos lon-gos sem asfalto, ausência de meio-fio, calçadas e sistema de esgoto precário que não aju-da aqueles que procuram algo para comer no lugar.

Na feira localizada no distri-to do Cacau Pirêra, o entra e sai de compradores é acom-panhado ao de cães, gatos

e roedores que dividem o espaço com as mercadorias. “É triste, mas é nisso que se transformou a nossa feira. Os que trabalham aqui têm boa vontade para atender, procuram ofertar os melho-res produtos, mas não con-tam com a ajuda de ninguém para mudar essa triste reali-dade”, lamentou a vendedora Maria Fernandes.

AbandonoEntregue à população em

abril de 2012, o mirante de Iranduba, idealizado para ser o carro-chefe do turismo local, encontra-se atualmente em ruí-nas. São mais de dez quiosques que deveriam servir ao lazer de turistas e moradores. Sem as janelas, com as pedras de mármore quebradas e o forro descomposto, o mirante, que reserva uma vista deslumbrante para o rio Solimões e para o porto (que está em fase de finalização), é visivelmente um ponto de encontro para usuários de entorpecentes.

O prefeito de Iranduba, Xinaik Medeiros (PTB), disse que existe um projeto que visa à revitali-zação do mirante e que espera o fim do período de chuva para iniciar os trabalhos. Sobre as outras problemáticas, o prefeito pediu para falar com os secre-tários de Infraestrutura, André Lima, e o de Turismo, Eutranei Lopes, contudo, os dois não foram encontrados.

SERVIÇODos poucos trabalhos voltados ao turismo, o Centro de Atendimento ao Turista de Iranduba (CAT-Iranduba) expõe, por enquanto, artesa-nato, além de informa-ções detalhadas dos pontos turísticos

Longe do quadrilátero da Copa do Mundo, o distrito do Cacau-Pirêra, localizado na orla do rio Negro, em Iranduba, vive em estado de abandono

Com aproximadamente 100 sítios arqueológicos, conforme dados do Projeto Amazônia Central (PAC), o município de Iranduba é considerado por arqueólo-gos a mesopotâmia brasi-leira. Um desses locais é o sítio arqueológico Hataha-ra, descoberto em meados de 1997. Ele possui 16 hec-tares, fica na área urbana e acrescenta valor histórico para a cidade.

O sítio arqueológico mais famoso é localizado no ter-reno da indústria de Pisos da Amazônia, no ramal da Areia Preta. No lugar, os arqueólogos encontraram

vestígios que datam de pelo menos quatro fases arqueológicas. Entre os utensílios encontrados no Hatahara estão urnas fu-nerárias, vasos e utensílios de cerâmica.

Segundo a arqueóloga do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-nal (Iphan), Elen Caroline, o local é usado principalmen-te como campo de explo-ração de pesquisadores e estudantes, mas, caso haja interesse da população em conhecer as instalações, é possível submeter a in-tenção aos responsáveis pela indústria.

A mesopotâmia brasileira

Sítios arqueológicos, como o Hatahara, abertos a visitas

REPRODUÇÃO

Mesmo sem a devida aten-ção do homem, a natureza em Iranduba é generosa e teima em mostrar belas paisagens. Único município localizado entre os rios Ne-gros e Solimões, ele detém dois ecossistemas; o do rio Negro com praias, cachoei-ras e florestas abundantes e do rio Solimões com extensa área de várzea.

O arquipélago de Anavilha-nas é outra marca registrada, tendo 25% das suas ilhas pertencentes ao município. Praias como a de Açutuba, Paricatuba e Grande são os destinos preferidos dos vi-sitantes, principalmente do manauense.

Consolidados como polos de confecção artesanal, os lagos de Janauari e Acaja-

tuba também são bem fre-quentados. Nessas comuni-dades é possível encontrar restaurantes, que traba-lham especialmente com a gastronomia amazonense.

O último levantamento realizado pela prefeitura indica a existência de 19 hotéis no município, como o Ariaú Amazon Towers e de 19 restaurantes.

Natureza de belas paisagens

REPRODUÇÃO

Praias de Iranduba, na orla do rio Negro, como a de Açutuba, revelam o potencial do município

DIEGO JANATÃ

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

B04 e 05 - ECONOMIA.indd 4-5 4/4/2014 23:48:32

Page 13: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 B5

Ecoturismo de Iranduba sem infraestrutura Empresários e moradores reclamam da falta de uma política de incentivo a negócios voltados ao turista estrangeiro

Com potenciais econô-micos na produção ce-râmica, no ecoturismo e nos sítios arqueoló-

gicos, o município de Iranduba, localizado na Região Metropoli-tana de Manaus (RMM), prome-te ser um dos primeiros lugares a serem visitados pelos turistas, durante a Copa do Mundo. No entanto, a 67 dias do mundial, a reportagem do EM TEMPO percorreu os principais pontos turísticos da cidade e constatou um cenário desfavorável.

Moradores e empresários re-clamam que o município enfren-ta dificuldades para consolidar uma política que incentive a implantação de negócios que atendam de forma satisfató-ria os visitantes, em especial estrangeiros que não dominam a língua portuguesa. A baixa oferta de cursos, para qualificar os microempresários e seus fun-cionários, é uma das principais reclamações de quem aposta suas economias na construção de pousadas, restaurantes e balneários instalados ao longo da rodovia AM-070, que liga Iranduba a Manaus.

O empresário Rogério Bran-dão, 35, e sua esposa Marizete Brandão, 34, concordam que o atendimento ao turista, princi-palmente pela dificuldade em lidar com os estrangeiros, vai ser complicado, já que a maioria

dos donos e funcionários de pousadas e hotéis não pos-suem conhecimento em outras línguas. “Se tivéssemos acesso a cursos específicos dentro da comunidade, estaríamos bem mais preparados”, comentou Rogério. Ele é dono da pousada e restaurante Brandão, localiza-da na avenida Rio Madeira, no centro de Iranduba.

A deterioração da estrutu-ra viária como os ramais de acesso às comunidades e das vias da sede do município é outro fator que desfavorece o

município para esse momento histórico. O cenário é de ruas esburacadas com trechos lon-gos sem asfalto, ausência de meio-fio, calçadas e sistema de esgoto precário que não aju-da aqueles que procuram algo para comer no lugar.

Na feira localizada no distri-to do Cacau Pirêra, o entra e sai de compradores é acom-panhado ao de cães, gatos

e roedores que dividem o espaço com as mercadorias. “É triste, mas é nisso que se transformou a nossa feira. Os que trabalham aqui têm boa vontade para atender, procuram ofertar os melho-res produtos, mas não con-tam com a ajuda de ninguém para mudar essa triste reali-dade”, lamentou a vendedora Maria Fernandes.

AbandonoEntregue à população em

abril de 2012, o mirante de Iranduba, idealizado para ser o carro-chefe do turismo local, encontra-se atualmente em ruí-nas. São mais de dez quiosques que deveriam servir ao lazer de turistas e moradores. Sem as janelas, com as pedras de mármore quebradas e o forro descomposto, o mirante, que reserva uma vista deslumbrante para o rio Solimões e para o porto (que está em fase de finalização), é visivelmente um ponto de encontro para usuários de entorpecentes.

O prefeito de Iranduba, Xinaik Medeiros (PTB), disse que existe um projeto que visa à revitali-zação do mirante e que espera o fim do período de chuva para iniciar os trabalhos. Sobre as outras problemáticas, o prefeito pediu para falar com os secre-tários de Infraestrutura, André Lima, e o de Turismo, Eutranei Lopes, contudo, os dois não foram encontrados.

SERVIÇODos poucos trabalhos voltados ao turismo, o Centro de Atendimento ao Turista de Iranduba (CAT-Iranduba) expõe, por enquanto, artesa-nato, além de informa-ções detalhadas dos pontos turísticos

Longe do quadrilátero da Copa do Mundo, o distrito do Cacau-Pirêra, localizado na orla do rio Negro, em Iranduba, vive em estado de abandono

Com aproximadamente 100 sítios arqueológicos, conforme dados do Projeto Amazônia Central (PAC), o município de Iranduba é considerado por arqueólo-gos a mesopotâmia brasi-leira. Um desses locais é o sítio arqueológico Hataha-ra, descoberto em meados de 1997. Ele possui 16 hec-tares, fica na área urbana e acrescenta valor histórico para a cidade.

O sítio arqueológico mais famoso é localizado no ter-reno da indústria de Pisos da Amazônia, no ramal da Areia Preta. No lugar, os arqueólogos encontraram

vestígios que datam de pelo menos quatro fases arqueológicas. Entre os utensílios encontrados no Hatahara estão urnas fu-nerárias, vasos e utensílios de cerâmica.

Segundo a arqueóloga do Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-nal (Iphan), Elen Caroline, o local é usado principalmen-te como campo de explo-ração de pesquisadores e estudantes, mas, caso haja interesse da população em conhecer as instalações, é possível submeter a in-tenção aos responsáveis pela indústria.

A mesopotâmia brasileira

Sítios arqueológicos, como o Hatahara, abertos a visitas

REPRODUÇÃO

Mesmo sem a devida aten-ção do homem, a natureza em Iranduba é generosa e teima em mostrar belas paisagens. Único município localizado entre os rios Ne-gros e Solimões, ele detém dois ecossistemas; o do rio Negro com praias, cachoei-ras e florestas abundantes e do rio Solimões com extensa área de várzea.

O arquipélago de Anavilha-nas é outra marca registrada, tendo 25% das suas ilhas pertencentes ao município. Praias como a de Açutuba, Paricatuba e Grande são os destinos preferidos dos vi-sitantes, principalmente do manauense.

Consolidados como polos de confecção artesanal, os lagos de Janauari e Acaja-

tuba também são bem fre-quentados. Nessas comuni-dades é possível encontrar restaurantes, que traba-lham especialmente com a gastronomia amazonense.

O último levantamento realizado pela prefeitura indica a existência de 19 hotéis no município, como o Ariaú Amazon Towers e de 19 restaurantes.

Natureza de belas paisagens

REPRODUÇÃO

Praias de Iranduba, na orla do rio Negro, como a de Açutuba, revelam o potencial do município

DIEGO JANATÃ

JOELMA MUNIZEspecial EM TEMPO

B04 e 05 - ECONOMIA.indd 4-5 4/4/2014 23:48:32

Page 14: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

B6 País MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Medicamentos à base de maconhaA Agência Nacional de Vi-

gilância Sanitária (Anvisa) divulgou nota sobre a im-portação de medicamentos sem registro no Brasil. O comunicado veio um dia de-pois que a 3ª Vara Federal do Distrito Federal autori-zou uma mãe a importar um remédio com princípio ativo do canabidiol, substân-cia derivada da maconha. O medicamento não tem venda permitida no país.

Segundo a Anvisa, medi-camentos sem registro no Brasil podem ser importados por pessoa física. O procedi-

mento é possível por meio de pedido excepcional de impor-tação para uso pessoal. Os pedidos devem ser protoco-lados na agência, onde se-rão analisados pelos técnicos que levam em conta aspectos como a eficácia e a segurança do produto e se eles estão devidamente registrados em seus países de origem ou em outros países.

A importação, conforme a Anvisa, também é pos-sível em relação a medica-mentos classificados como substância de uso proscrito, como é o caso da maconha.

“A sua importação pode ser solicitada para uso pessoal. Também é possível que uma empresa interessada soli-cite o registro do produto no Brasil. Nas duas situa-ções, os pedidos são anali-sados pela área técnica da Anvisa”, informou.

PedidosA agência destacou ainda

que, até o momento, não registrou nenhum pedido de registro de medicamento com substância proscrita, nem pedido de importação para uso pessoal.

AMPARO

Efetivo vai quintuplicar na MaréMoradores do Complexo

da Maré, no Rio, terão 400 militares do Exército e da Marinha policiando suas vias 24 horas por dia. A ocupação pelas Forças Armadas come-çou ontem, com a chegada de 2,5 mil militares da brigada paraquedista e fuzileiros na-vais ao complexo de favelas na Zona Norte.

Mas esse é o efetivo para o início da ocupação, quando é preciso percorrer toda o complexo e fazer um mapea-mento. No dia seguinte, para a manutenção do trabalho, o efetivo é reduzido.

A partir de domingo, a cada dia, 1,6 mil homens se reveza-rão em turnos de seis horas, um aumento significativo se comparado com os 300 po-liciais militares que se reve-zaram durante a semana nas 15 favelas do complexo.

Como a escala de trabalho dos policiais militares prevê turnos de 24 horas de tra-balho e 72 horas de folga, na prática, havia na favela 75 PMs na favela diariamente.

Foi o que aconteceu na semana passada. No do-mingo, 1.180 homens das polícias civil, militar e fe-

deral, ocuparam as fave-las, mas no dia seguinte o efetivo foi reduzido.

Além do general Rober-to Escoto, que irá coman-dar a Força de Pacifica-ção, todos os coronéis e militares irão amanhã ao complexo para conhecer as área e buscar bases para a Força na comunidade.

Desde ontem, militares do Exército já faziam um levan-tamento na favela. Nesse pri-meiro momento da ocupação, as buscas vão se concentrar em casas que eram utilizadas por traficantes de drogas.

FAVELA

Militares tomaram o Complexo da Maré após onda de ataque às unidades de polícia

#vaitrabalhardeputado vira tema de campanha nacionalBaixa produtividade do Congresso deve se agravar em ano de Copa e eleições. Povo nas ruas cobra serviço dos parlamentares

Nos últimos três anos, a produtividade do Congresso apresen-tou queda significati-

va na quantidade de propostas aprovadas. Em 2011, foram 220 projetos, contra 204 e 186 nos dois anos seguintes, respec-tivamente. E a tendência é de que, em 2014, o volume de trabalho despenque ainda mais, devido ao recesso par-lamentar, à Copa do Mundo e às eleições de outubro.

Para piorar a situação, as Vossas Excelências não têm priorizado assuntos que domi-naram a pauta de reivindicações dos milhares de manifestantes que ocuparam as ruas do país nos protestos de junho passa-do: foram concluídas as vota-ções de apenas 12 matérias relacionadas à educação e de somente três que tratam de maior transparência e controle de gastos públicos.

Outro dado alarmante diz res-peito à velocidade de tramita-ção das propostas, geralmente inversamente proporcional à ur-gência das mudanças cobradas pela sociedade. O tempo médio até a conclusão de uma matéria, atualmente, é de cinco anos.

Os projetos que mais demo-ram para ir à votação são justa-mente os de iniciativa dos pró-prios parlamentares: enquanto uma proposta do Executivo leva, em média, dois anos, as do Le-gislativo levam seis. Os dados constam na pesquisa Balan-ço da Produção do Congresso Nacional em 2013”, elaborada pela Queiroz Assessoria Parla-mentar e Sindical.

Segundo o analista político Antônio Augusto de Queiroz, o principal problema não é a quantidade, mas a qualidade do

que se aprova no parlamento.

Produz bastante?“No Brasil, há uma cultura

de que tudo tem que ser re-gulamentado por lei, então há essa expectativa em relação ao Congresso. Na verdade, o Congresso brasileiro produz bastante, com uma média de 200 proposições votadas por ano. O problema é a falta de foco nas questões que são primordiais para o país”, diz. “Temos um Congresso incapaz de fazer as reformas política e tributária. São temas urgentes para o país e que simplesmente não têm espaço. A maioria das propostas é de pouca relevân-

cia, de caráter ornamental, e os temas realmente importan-tes acabam ficando a cargo do Executivo”, completa.

Só às terçasCom pouco trabalho e muito

dinheiro no bolso, os deputados distritais resolveram trabalhar apenas à terças-feiras. A regalia dos parlamentares custa caro aos contribuintes. Trabalhem ou não, os salários chegam a R$ 20 mil. Em média, cada um dos 34 dias de expediente até o fim do ano custará R$ 1,8 milhão.

A conta dos deputados fede-rais e senadores também me-rece destaque, apesar da alta remuneração, a produtividade só diminui. “A democracia não tem preço, mas o Congresso custa muito caro”, a afirmação é do fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco.

Para Gil, o principal gasto

está concentrado no funcio-nalismo, uma vez que não há fiscalização efetiva nos órgãos legislativo e executivo. “O cida-dão precisa se conscientizar de que esses parlamentares são nossos empregados. Nós mantemos a estrutura da Câ-mara. Temos que cobrar re-sultados e saber o que eles

estão fazendo com o nosso dinheiro. Precisamos que os políticos se sintam pressiona-dos para que entendam que esses privilégios não fazem mais sentido”, completou.

Mais custosEm 2013, a Câmara dos De-

putados e o Senado Federal

gastaram juntos R$ 8,5 bilhões, o equivalente a R$ 23 milhões por dia. O valor é semelhante a todo o orçamento autorizado para a cidade de Belo Horizonte (MG) em 2012 – R$ 8,8 bilhões e aos dispêndios integrais de seis ministérios: Cultura, Pesca, Es-porte, Turismo, Meio Ambiente e Relações Exteriores.

‘A democracia não tem preço, mas o Congresso...’

Congresso vazio é o retrato de 2014: o volume de trabalho despenca ainda mais, devido ao recesso parlamentar, à Copa e às eleições

AG/ABR

AE

PRODUTIVIDADEEm 2011, foram 220 projetos, contra 204 e 186 nos dois anos se-guintes, respectivamen-te. E a tendência é de que, em 2014, o volume de trabalho despenque ainda mais, devido ao recesso parlamentar

B06 - PAÍS.indd 6 4/4/2014 23:52:31

Page 15: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

B7MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 País

Segundo o MPT-BA, a caracterização de escravidão de tripulantes do MSC Magnifica se deu em razão de jornadas exaustivas

Trabalho escravo e assédio moral em cruzeiro de luxo

A Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministé-rio do Trabalho e Em-prego (MTE) resgatou

um grupo de 11 pessoas em condições de trabalho análogas às de escravos no cruzeiro de luxo MSC Magnifica, pertencen-te à MSC Cruzeiros. O flagran-te aconteceu em fiscalização conjunta envolvendo diferentes órgãos realizada no porto de Santos, no litoral de São Paulo, entre os últimos dias 15 e 16 de março, e o resgate foi feito nesta semana em Salvador (BA), cidade para onde o navio seguiu depois da primeira abordagem. Segundo a fiscalização, a em-presa se recusou a pagar as ver-bas rescisórias e a reconhecer o resgate. Procurada, a empresa afirmou em nota que “repudia as alegações feitas pelo Ministério do Trabalho e Emprego” e que “não recebeu nenhuma prova ou qualquer auto de infração”.

As investigações sobre tra-balho escravo em cruzeiros de luxo no litoral brasileiro acon-tecem desde novembro do ano passado, quando denúncias re-cebidas pela Secretaria de Di-reitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) foram encaminhadas à Comissão Na-cional de Combate ao Trabalho

Escravo (Conatrae), da qual a organização faz parte.

Trabalho exaustivoA caracterização de escra-

vidão de tripulantes do MSC Magnifica se deu pela sub-missão do grupo a jornadas exaustivas sistemáticas, maus tratos e assédio moral. Há re-latos de jornadas superiores a

14 horas. “Não temos a menor dúvida de que se trata de tra-balho escravo”, explica Alexan-dre Lyra, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), do MTE. “Além da escravidão, constatamos fraudes no car-tão de ponto e na contratação dos trabalhadores. A situação é grave”, resumiu.

Outras denúnciasAlém do MSC Magnifica, outro

navio da empresa foi fiscalizado, o MSC Preziosa, mas apesar de também terem sido cons-tatadas infrações trabalhistas, não houve flagrante de trabalho escravo. Desde o começo do ano o MTE monitora os cruzeiros que atravessam o litoral. Além de auditores fiscais do MTE e pro-curadores do MPT, a operação que resultou no flagrante envol-veu também representantes da SDH/PR, da Advocacia Geral da União (AGU) e da Capitania dos Portos, bem como agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e procurado-res do Ministério Público Federal (MPF). Em Salvador, a Defenso-ria Pública da União também acompanhou a ação.

“É preciso dar uma resposta a essa situação. Não é possível que embarcações venham para águas brasileiras para praticar esse tipo de abuso com os trabalhadores”, diz o procurador Rafael Garcia, do MPT da Bahia. Entre os trabalhadores resgata-dos há até tripulantes com nível superior e, no entendimento do MPT, a empresa está resistindo ao pagamento das rescisões por temer uma série de ações e reivindicações.

Investigações sobre trabalho escravo em cruzeiros de luxo, no litoral brasileiro, acontecem desde novembro de 2013, após denúncias recebidas pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

DIVULGAÇÃO

Plano contra doenças em RondôniaA Secretaria de Saúde de

Rondônia (Sesau) está elabo-rando um plano de ação para combate às doenças causa-das pela inundação das águas do rio Madeira. O nível do rio estava em 19,59 metros na sexta-feira, 4, mas chegou a alcançar 19,70 metros, a máxima histórica. As informa-ções são da Agência Brasil.

As enchentes potenciali-zam a ocorrência de doen-

ças infecciosas transmitidas pela água, pelos alimentos contaminados e pelos insetos vetores, além dos acidentes provocados pelos animais pe-çonhentos, que neste período abandonam as áreas alaga-das em busca de refúgio.

Em fevereiro, a Agência Es-tadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) emitiu alerta aos sistemas de saúde para que monitorassem os casos de

leptospirose, cólera, febre ti-fóide, hepatite A, dengue, ma-lária, acidentes com animais peçonhentos, afogamentos, intoxicações e doenças diar-reias agudas, causadas por bactérias, vírus e parasitas.

Segundo a diretora-execu-tiva da Agevisa, Tânia Me-deiros de Castro Souza, a Sesau tem um comitê para a enchente que faz reuniões com os médicos e agentes

de saúde, orientando-os sobre os procedimentos adotados pela secretaria e também en-tregando material impresso informativo que é distribuído para a população.

“Hoje o nosso comitê está reunido, também com os médicos de fronteira, com a participação do Laboratório Central de Saúde Pública (La-cen), para traçar esse plano”, disse Tânia.

INUNDAÇÕESDIVULGAÇÃO

Com as inundações, população fica vulnerável às doenças

Ao longe, os navios impressionam por seus números: são pelo menos 60 metros de altura, o mesmo que um prédio de 20 andares, e 300 metros de comprimento. A bordo, estão cerca de 4.070 passageiros, jun-to a uma tripulação de 1.305 pessoas, contando funcionários de limpeza, hotelaria, restaurante e oficiais de navegação.

O valor mínimo de uma passagem para uma se-mana de viagem não sai por menos de R$ 1 mil. Os valores cobrados con-trastam com as condi-ções constatadas que se escondem no interior de empreendimentos de tal proporção. A quantidade de brasileiros emprega-dos nesses navios preo-cupa as autoridades.

Imponência e ostentação impressionam

Fiscais do MPT-BA e Polícia Federal na abordagem a cruzeiro

DIVULGAÇÃO/MPT-BA

FLAGRAFlagrante aconteceu em fiscalização conjunta envolvendo diferentes órgãos realizada no por-to de Santos, no litoral de São Paulo, entre os últimos dias 15 e 16 de março, e o resgate foi feito em Salvador (BA)

B07 - PAÍS.indd 7 4/4/2014 23:54:35

Page 16: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Milhares de chilenos voltam para casa após terremotoSegundo informações dos Comitês Regionais de Operações de emergência pelo menos 900 mil pessoas haviam deixado suas casas após abalo sísmico

Milhares de pesso-as retiradas de zonas baixas do litoral chileno de-

vido a um terremoto foram autorizadas a regressar para casa aos poucos neste final se semana, após a suspensão de um alerta de tsunami. Mais de 900 mil pessoas haviam deixado suas ca-sas, segundo informações dos Comitês Regionais de Operações de emergência.

Os primeiros relatos in-dicam que, apesar das seis mortes registradas e da mag-nitude 8,2 do sismo, a maior do ano no mundo, os danos registrados foram limitados. Uma série de tremores antes do grande terremoto fez com que a população abandonasse

as praias, estocasse manti-mentos e se preparasse para uma eventual desocupação.

O tremor teve seu epicentro no mar, em frente à costa nor-te do Chile. O alerta de tsunami foi retirado às 6h41.

Ondas de mais de dois me-tros, no entanto, atingiram algumas partes do litoral, pro-vocando deslizamentos de ter-ra, que bloquearam estradas próximas à cidade de Arica.

DesesperoImagens da TV chilena mos-

traram a população abando-nando as regiões costeiras, de forma ordenada, forman-do longas filas de automó-veis. Prédios foram destru-ídos e milhares de pessoas ficaram sem luz. Em um su-

permercado, produtos de-sabaram das prateleiras, e os clientes tiveram de sair às pressas. Incêndios foram registrados em Iquique.

“Estamos indo embora com as criança e com o que pode-mos, mas está tudo entupido de gente saindo dos prédios na praia”, disse Liliana Arriaza, 32, que estava partindo de carro com seus três filhos.

Na manhã da quarta-fei-ra, 2, a energia começou a ser restabelecida nas zonas afetadas, segundo informa-ções da Oficina Nacional de Emergência de Chile (Onemi). Segundo o diretor nacional da entidade, Ricardo Toro, 50% da luz já havia voltado em Arica e 30% em Iquique. Os aeropor-tos do norte do país tiveram

suas atividades interrompidas depois do terremoto, mas já estão voltando a operar.

Ameaças“O governo do Chile tem

se empenhado em conscien-tizar as pessoas que moram no litoral sobre a ameaça de tsunamis e o que fazer caso um se aproxime”, dis-se Steven Godby, especialis-ta em gestão de desastres da Universidade Nottingham Trent, na Inglaterra. “Várias simulações de tsunami ocor-reram desde o tsunami que matou mais de 500 chilenos em fevereiro de 2010, e ter-remotos recentes na região ajudaram a manter a amea-ça firmemente na cabeça das pessoas”, acrescentou.

Milhares de pessoas foram retiradas das zonas baixas do litoral chileno após alerta de tsunami provocado pelo terremoto de 8,2 graus

AFP

Por telefone, russos brincam em anexação de ‘Miamiland’

Na gravação de uma con-versa telefônica vazada na internet , dois homens identi-ficados como embaixadores russos discutem que par-tes do mundo a Rússia vai anexar após a Crimeia. A veracidade da conversa não pôde ser confirmada.

Postada no YouTube, a conversa dura cinco minu-tos carregados de palavrões. Os dois homens seriam Igor Chubarov, embaixador na Eritreia, e Sergei Bakharev, embaixador no Zimbábue e em Malaui.

“Temos a Crimeia, mas isso não é tudo, pessoal! No futuro, anexaremos a Catalunha e Veneza, e tam-bém a Escócia e o Alasca”, diz voz atribuída a Chubarov, entre gargalhadas.

Chubarov afirma em segui-da que a Rússia vai atrás de “todos esses países da fron-teira”, como a Estônia, além da Romênia e da Bulgária.

Mas depois ambos con-

cluem que é melhor deixa Bulgária, Romênia e “toda a merda báltica” para a União Europeia, e Bakharev sugere que seria mais interessante ir atrás da Califórnia ou de Miami. “Exatamente, ‘Mia-miland’ tem 95% de cida-dãos russos”, diz Chubarov. “Temos todo direito de fazer um referendo.”

VazamentoNão é a primeira vez que

conversas entre diplomatas sobre a crise na Ucrânia va-zam na internet. Em um te-lefonema com o embaixador dos EUA em Kiev, a secretária assistente de Estado ameri-cana Victoria Nuland afirmou “f... a União Europeia”, a res-peito das diferenças sobre como lidar com o caso. Mais tarde, Nuland confirmou o teor da conversa.

A Rússia anexou a Cri-meia, até então uma região autônoma da Ucrânia, após referendo em março.

EMBAIXADORES

Embaixadores russos foram flagrados em conversas telefônicas

DIVULGAÇÃO

B08 - MUNDO.indd 8 4/4/2014 23:56:46

Page 17: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

Dia a diaCade

rno

C

[email protected], DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 (92) 3090-1041

Imprudência é a principal causa da maioria dos aci-dentes que ocorrem no trânsito. Há anos, os ór-

gãos que trabalham com as leis e organizações do sistema procuram de alguma forma conscientizar os motoristas, e um dos meios utilizados são as campanhas educativas. Mas, as estatísticas ainda demons-tram que esses condutores continuam a descumprir as leis e contribuem para trans-formar o trânsito em uma fonte de morte, até mais que uma guerra.

O acidente registrado em Manaus no último dia 28, ocorrido na avenida Djalma Batista, Zona Centro-Sul im-pactou a população local, que nos últimos dez dias tem pedi-do uma resposta emergencial para o trânsito da capital.

Conforme o Instituto Munici-pal de Engenharia e Fiscaliza-ção do Trânsito (Manaustrans) de janeiro a dezembro do ano passado, 256 pessoas morre-ram em acidentes de trânsito. Desses dados 48,11% eram pedestres; seguidos de moto-queiros (36,32%); motoristas (9,43%); passageiros (4,72%), ciclistas (1,42%) e 44 vítimas não identifi cadas.

Para agilizar a elboração de novas leis e punir as pessoas que continuam a desobede-cer as normas do trânsi-to, o diretor presidente do

Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AM), Leo-nel Feitoza, esteve na última semana na Câmara Munici-pal de Manaus (CMM), onde expôs alguns quesitos con-siderados de urgência e que devem ser implantados.

MedidasO uso obrigatório de ta-

cógrafos nos veículos pe-sados e nas motocicletas empregadas em mototáxi e frete; a cassação de alvarás de funcionamento daqueles estabelecimentos que per-mitem o consumo de bebida alcoólica nas lojas de con-veniência; e uma parceria com o órgão que cuida do trânsito na esfera municipal (Manaustrans) foram algu-mas das sugestões apontada pelo ex-vereador e ex-presi-dente da Casa Legislativa.

“Nas operações que o De-

tran realiza, constatamos que uma boa parte dos veí-culos pesados ou não tinham tacógrafo ou o medidor não funcionava”, explica Feitoza, justifi cando a necessidade do instrumento.

Outra medida por ele é a de que todas as empresas proprietárias de veículos pe-sados a cada dois meses en-caminhe ao órgão um relatório da frota, contendo os dados dos aparelhos, para que haja um controle.

As multas aplicadas, para Feitoza, devem conter um va-lor mais signifi cante, assim como o número de pontos perdidos na carteira.

TRÂNSITOVIOLENTO

Médico deixa folga para ajudar

Dia a dia C5

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Imprudência é apontada pelos órgãos de trânsitoPresidentes do Detran-AM, Manaustrans e SMTU chamam a atenção para a falta de consciência dos motoristas

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

RESTRIÇÃOPor determinação do Manaustrans a partir de amanhã (7), veí-culos que pesam de 8 a 16 toneladas terão o tráfego restrito na avenida Constantino Nery, das 6h às 9h e das 16h às 20h

Ao se pronunciar sobre a questão do trânsito, o titular da Superintendên-cia Municipal de Transpor-te Urbanos (SMTU), Pedro Carvalho, chama a atenção para o fato de que quando ocorre um acidente que tem um forte impacto e abala a sociedade, a primeira coisa que todos fazem é procurar um culpado.

“O trânsito é feito por todos nós. Precisamos que as pessoas tenham a consciência disso e parem de pensar que é apenas o governo. As leis estão aí para serem cumpridas e até melhoradas. A grande arma são as desobediências das leis. É preciso que a socie-dade refl ita”, argumenta.

O acidente do dia 28 de março, para ele teve a im-prudência dos dois veículos. A caçamba por excesso de velocidade e o microônibus

com o número de passagei-ro acima do permitido.

“Os maiores acidentes acontecem nas pistas re-tas e mais largas. O des-respeito com as leis são da forma mais agressiva que possamos imaginar, desde a falta de educa-ção entre os motoristas como também os gestos obscenos”, observa.

Para Carvalho, uma for-ma de tentar melhorar seria a utilização do transporte público. “Se cada membro de uma família tiver um carro, no futuro não tere-mos como se locomover na capital, pois hoje o número de veículos que circula, 71% deles são de automóveis e 2,5 % são de ônibus. É ne-cessário um investimento no sistema de transporte público. Manaus não tem pista exclusiva para ôni-bus”, afi rma.

Transporte público é a solução

O Manaustrans diariamente convive com acidentes, e de acordo com o presidente do órgão, Paulo Henrique Nasci-mento Martins, quase todos ocasionados por imprudência, que ocorre em qualquer rua, e até mesmo em rodovias.

Em visita a Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) na última quinta-feira (3), Paulo Henri-que desabafou ao dizer que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) não pos-sui o número de funcionários sufi cientes para atuar com mais vigor na legislação em geral, assim como o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) não sabe da situação em que

o trânsito se encontra.“Quando os órgãos de base

deveriam ser os primeiros a fazer a mobilização para mu-darmos esses dados, todo o serviço cai nas costas dos Estados e principalmente dos municípios. Os municípios não recebem recursos sufi cientes para realizar todo o processo necessário de fi scalização”, argumenta Paulo Henrique.

Segundo o presidente do Manaustrans, um dos pro-blemas de não haver fi s-calização é o aumento do número de carros que circu-lam em Manaus. No ano de 2005 o instituto constatou 300 mil carros circulando na capital, e em 2012, haviam

620 mil veículos.

RecursosPara ele, é necessário co-

locar um número maior de agentes de trânsito nas prin-cipais vias de Manaus, com a fi nalidade de dar maior fl uidez ao trânsito. Conforme Paulo Henrique, a partir do momen-to em que o órgão coloca os agentes nas operações, a fi scalização diminui, o que re-sulta em infrações, no locais de proibidos.

Outra forma de melhorar a fi scalização, de acorco dom ele, será a implantação de radares móveis na cidade.

“Uma forma de infraestru-tura defensiva, que vamos im-

plantar na cidade de Manaus, pois uma boa parte dos mo-toristas cumpre a velocidade próxima aos radares, e com a estrutura móvel o processo será mais rígido”, explica.

O titular do Manaustrans faz um apelo aos cidadão de Manaus, para que também fi scalizem o trânsito da cidade, e ajudem a torná-lo melhor.

“Temos 2 milhões de pes-soas fi scalizando a toda hora. Caso uma delas veja uma imprudência, tire uma foto, passe uma mensagem para qualquer meio das mídias digitais do Manaustrans que na hora vamos ao local e se possível puniremos a deso-bediência”, ressalta.

Fiscalização atuante orienta o trânsito

Pedro Carvalho destaca a falta de consciência dos motoristas

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO

ION

EMO

REN

O

C01 - DIA A DIA.indd 1 4/4/2014 11:28:03 PM

Page 18: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

O publicitário Marcus dirigindo seu carro em direção ao re-torno da alameda

Cosme Ferreira, para entrar no conjunto Tiradentes, aguarda alguns segundos, o semáforo abre e ele acelera o Lancer Mitsubishi recém-saído da concessionária. Inesperada-mente um motoqueiro surge em alta velocidade, avança o sinal fechado e acerta a frente do carro, sendo atirado, tam-bém, há mais de cinco metros da colisão. Estava sem capa-

cete e, quem viu o acidente – pela violência do choque – jurava que o motociclista tinha morrido. No socorro, des-cobre-se que o rapaz está completamente alcoolizado e não diz coisa com coisa.

O irmão do motorista do Lancer chama uma ambulân-cia do Samu e ele é levado para o hospital João Lúcio. O rapaz segue a ambulância, preocupado com o estado de saúde do motoqueiro. No pronto-socorro, ele é atendido e dado como fora de perigo. Na conversa com o irmão do motorista do Lancer, admite que errou, dá um número de seu celular, o endereço onde mora e promete que vai pagar os donos causados ao veículo. Dias depois descobre-se que o celular não existe, o ende-reço era falso e que o moto-queiro tem cinco passagens pela polícia: duas por roubo e três por crimes no trânsito, inclusive um homicídio.

A narrativa revela apenas um, entre centenas de casos que acontecem todos os dias nas ruas de Manaus. São cri-mes que vão da corriqueira infração ao assassinato por pistolagem e assalto, passan-

do por atos de violência e abu-so no trânsito, que colocam em risco a vida de pessoas inocentes que nada têm a ver com a loucura dos motoboys, mototaxistas ou motoqueiros selvagens. A não ser que esta-vam na hora e no local errado, quando um deles protagoni-zou mais um ato de violência no trânsito de Manaus.

“Infelizmente as estatís-ticas mostram que o maior número de acidentes no trân-sito é liderado pelos moto-taxistas –, revela Leonel Fei-toza, diretor-presidente do Departamento de Trânsito no Amazonas (Detran- AM). Os números dessa estatís-tica são impressionantes, mas não causam nenhum espanto em quem conhece o trânsito de Manaus. Não raro, é possível encontrar um motoqueiro estendido no chão. “Isso é quase dia-riamente”, diz Leonel, reve-lando que em 2013 foram registrados 117 acidentes com vítimas fatais e 2.687 com vítimas lesionadas.

“Hoje, na cidade de Ma-naus existem 150 mil mo-tocicletas transitando, é um número muito alto”, diz o

diretor do Detran.Na hora do rush, motoquei-

ros andam “voando”, costuran-do os outros carros, passando por cima de canteiros, usando rampas para cadeirantes como retorno, carregando crianças na garupa, esquecendo o uso do capacete, furando sinal ver-melho e até trafegando sobre as calçadas, para fugir do en-garrafamento. É uma barbárie o que você vê no dia a dia das ruas de Manaus.

Leonel informa que nos pró-ximos meses o Detran-AM vai lançar um curso de reciclagem no centro de treinamento da Moto Honda da Amazônia, na Colônia Japonesa, próximo ao conjunto Petros. “A empre-sa vende motocicletas, mas está preocupada com o índice alarmante de acidentes. Por isso está fazendo sua parte para tentar conscientizar os mototaxistas”, diz Leonel.

O diretor do Detran também esteve na Câmara Municipal solicitando aos vereadores uma lei, para que as moto-cicletas venham com tacó-grafo e que o Detran possa monitorar a velocidade com que os motoqueiros andam pela cidade.

TRÂNSITOVIOLENTO

A morte viaja em 2 rodasEm 2013, foram registrados 117 acidentes na capital com vítimas fatais e 2.687 com vítimas lesionadas. Hoje existem 150 mil motocicletas transitando. “É um número muito alto”, diz o diretor do Detran, Leonel Feitoza

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

A quantidade de motocicletas que circulam em Manaus já ul-trapassa 140 mil. Em 2013, era de 130,6 mil de acordo com a Associação Brasileira dos Fabri-cantes de Motocicletas, Ciclo-motores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). A tendên-cia é aumentar cada vez mais, se for levado em consideração as facilidades para se obter o veículo. Para vender um número cada vez maior de motos, as empresas abrem grupos de con-sórcio de até R$ 157 a parcela mensal, no caso da 150 Titan — a álcool e gasolina –, vendida ao preço de R$ 8,9 mil. “É uma das mais procuradas”, de acordo

com um dos vendedores da loja Canópolis, no Alvorada.

“Ao entrar no consórcio, o comprador pode dar um lance de R$ 3,5 mil e no prazo de um mês já vai estar recebendo sua moto”, explica o vendedor.

Mas existe ainda a opção de parcelamento em até 10 vezes no cartão ou fi nanciada pelo banco. Há também motocicletas mais baratas, como a CG Pam 125 cilindradas – carburador e gasolina–, que custa R$ 6,6 mil, com a parcela do consócio so-mente de R$ 113. Nesse caso, com um lance de apenas R$ 2,6 mil, o motociclista já sai da loja pilotando sua moto.

É fácil e barato comprar uma moto em Manaus

Não só em Manaus, mas em quase todo o Brasil os mototaxistas ignoram o Código de Trânsito Brasilei-ro (CTB), principalmente no artigo que proíbe o trans-porte de menores de 7 anos de idade em motocicletas. Essa é apenas uma das infrações. No dia a dia, eles fazem malabarismos para levar, ao mesmo tempo, dois e até três passageiros, entre eles crianças e bebês que viajam geralmente en-tre dois adultos.

Trafegar com crianças na garupa é uma infração grave. O artigo 244 do CTB determina que esse tipo de transporte con-figura uma infração de trânsito de natureza gra-víssima, com multa, perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), suspensão do di-

reito de dirigir e recolhi-mento da CNH.

Não é difícil de encon-trar cenas como essas. Ou mesmo a de dois adultos na garupa, ou motociclistas usando rampa de cadei-rante, a exemplo do que acontece diariamente na avenida Efi gênio Salles.

Mas a maior das infra-ções é a falta de uso do capacete, a principal causa das mortes em acidentes envolvendo motocicletas. De acordo com Leonel Feitoza, em 2013 foram registradas 702 infrações somente pela falta do uso do capacete, 531 multas por transportar crianças na garupa e 374 por ex-cesso de passageiros.

“Quase sempre, mais de 200 motocicletas são reco-lhidas nas operações de fi m de semana”, diz Leonel.

Hoje existe muita facilidade para adquirir motos em Manaus

“Essa ninguém me contou, eu mesmo vi”

Na maioria dos casos, o motoqueiro está sem o capacete Uma das mais graves infrações é transportar crianças na garupaCena comum, o corpo atirado ao lado da motocicleta

Na quarta-feira passada, quando seguia para o tra-balho pela avenida Efigênio Sales, o diretor do Detran, Leonel Feitosa, viu, nas proximidades do Clube da OAB/AM, uma motocicleta trafegando com uma se-nhora sem capacete e um bebê na garupa. De imedia-to ele mandou o motorista interceptar a moto, desceu do carro e disse ao piloto que ele estava errado e que seria autuado. Ao ouvir isso, a mulher passou a vociferar uma série de impropérios contra o diretor:

“Isso que o senhor está fazendo é uma palhaçada!”, disse ela com o dedo apontado contra Leonel.

“Minha senhora, nós estamos cui-dando da seguran-ça de seu filho”, ponderou o di-retor.

“Do meu filho cuido eu!”, res-pondeu

a mulher.O diretor do Detran dis-

se que conta essa histó-ria para mostrar o grau de consciência da po-pulação. Segundo ele, de nada vão adian-tar as campanhas de educação no trânsito, enquanto o povo não tiver boa vontade para ajudar e mudar o quadro que preocupa a todos na sociedade.

O malabarismo que coloca em risco a vida das pessoas

DIEGO JANATÃ FOTOS: DIVULGAÇÃO

Leonel Feitoza:campanha para tentar conscientizar os motociclistas

C02 - DIA A DIA.indd 2 4/5/2014 1:28:59 AM

Page 19: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Cordialidade ao aten-der os clientes, des-treza para abastecer os veículos e, claro,

toda atenção ao troco. Sem grandes novidades, era só mais uma sexta-feira de tra-balho para a frentista Tatia-na Faray em um posto situa-do numa das avenidas mais movimentadas de Manaus. Em questão de segundos, a rotina da trabalhadora, as-sim como dos passageiros do micro-ônibus da linha 825 mudou completamente.

A colisão contra uma caçam-ba que avançou na contramão e causou a morte de 16 passa-geiros, comoveu toda a popu-lação e motivou a mobilização não somente de paramédicos, bombeiros ou policiais, mas de

pessoas que solidárias com a situação, buscaram uma forma de ajudar.

Mas, o que leva uma pessoa a abandonar seus planos e doar seu tempo ao socorro de indivíduos completamente desconhecidos? Faray foi uma das dezenas de voluntários que abortaram a programa-ção daquela sexta-feira e mesmo sem experiência em primeiros socorros, se sensi-bilizaram e tentaram ajudar as vítimas da rota 825.

AcidenteEra exatamente 19h40,

quando a avenida Djalma Ba-tista, Zona Centro-Sul, parou. Após o choque entre os veícu-los, nenhum grito de socorro, gemido de dor ou uma buzina desconcertada. “Depois que bateu, saiu uma fumaça preta e um silêncio total, ninguém gritou, nem pediu socorro. A gente pensou que tinha morri-do todo mundo. Até os carros da Djalma pararam. Foi quan-do comecei a passar mal e meu colega me ajudou, me deu água”, lembra a frentista.

Após tentar se acalmar, Tatiana correu até o local em direção ao micro-ônibus e começou, junto a outras testemunhas, a busca por so-breviventes. “Vi um homem vivo, ao lado do motorista da caçamba, e gritei alto que o rapaz estava pedindo socorro, porque ele estava erguendo

o braço. Até então não tinha visto ninguém se mexendo. Daí um senhor do meu lado disse que não poderíamos fa-zer nada, a não ser esperar os bombeiros”, afirmou.

Ela também alertou que a cobradora do coletivo estava viva e acompanhou o resgate da estudante de psicologia que estava grávida de oito meses, Gabriela Teles Mes-sias, 26. Faray não consegue conter as lágrimas ao lembrar o socorro prestado para Ga-briela. “Os únicos que eu vi que estavam vivos foi o passagei-ro da caçamba, a cobradora, e uma senhora sentada ao lado da grávida. Peguei nela, mas fiquei emocionada, quando vi a grávida e o médico passando a mão na barriga dela, tentando salvar o bebê, mas ele também não resistiu”, lamentou.

Do momento do acidente até a 0h, Faray se envolveu no apoio aos socorristas ofe-recendo água e o que poderia ser disponibilizado da estrutu-ra do posto, além de tentar acalmar os sobreviventes. “Não pensei duas vezes, os bombeiros vieram pedir água e ajudamos a liberar. Não tinha ninguém que conhecia, mas eu pensava que ao mesmo tempo eu poderia estar lá ou a minha família. Fiquei até meia-noite e só fui embora porque um colega me levou para casa. Se não, eu ia ficar até de manhã”, disse.

TRÂNSITOVIOLENTO

PREFEITURA

Voluntários do acidenteCarona solidária, palavras de conforto, auxílio às equipes de resgate foram algumas das ações encontradas por populares para, de alguma forma, prestar solidariedade às vítimas do acidente da última sexta-feira, dia 28

Momentos após a coli-são, imagens do estrago dos veículos e das vítimas foram rapidamente com-partilhadas nas mídias so-ciais. E, foi pelo WhatsApp (aplicativo de mensagens) que a jornalista Cristiane Batista soube do ocorrido. “Mandaram-me várias fo-tos, mas não abri nenhuma para não ficar comovida. Não curto essa coisa de sensacionalismo. A única coisa que compartilhei foi

o pedido do Hemoam, para doação de sangue. O post recebeu três curtidas, mas no meu ‘in box’ recebi umas 50 mensagens”, revela.

Ao perceber o interesse, a jornalista se ofereceu para levar os doadores à Fundação de Hemato-logia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), na avenida Constantino Nery, no bairro Chapada, Zona Centro-Sul.

“Não cheguei a ir ao lo-

cal do acidente. Fui só no hospital 28 de Agosto, mas percebi que não ia ter função lá e me ofereci para levar os doadores ao Hemoam. Aí um amigo foi chamando o outro e acabei dando carona para pessoas que nunca tinha vis-to na vida”, disse.

Cidade Nova, Compensa, Alvorada, Centro foram os bairros por onde a jorna-lista rodou até o meio-dia de sábado (29) levando os doadores até a fundação.

Jornalista presta carona solidária

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO

Além de impactar a cidade, o acidente levou populares a pôr em prática a solidariedade

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

C03 - DIA A DIA.indd 3 4/4/2014 11:31:52 PM

Page 20: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 C5

Difícil é admitir, mas é fácil considerar a fra-se “não me acho um herói, tudo que faço

faz parte de um trabalho que pratico de coração” como um exemplo que vai além do altru-ísmo e do amor pela profissão. Dita sem nenhuma vaidade, a menção é do coordenador do Serviço Móvel de Urgência (Samu), Enzio Nobre Monteiro, 37, após o trágico acidente que vitimou, no dia 28 de março, 16 pessoas e deixou outras 17 feridas no choque entre uma caçamba e um micro-ônibus da linha 825 (bairro da Paz/Redenção), na avenida Djalma Batista, Zona Centro-Sul. O ato, considerado heróico do médico se deu na tentativa “quase desesperadora” de sal-var Gabriela Messias, grávida de seis meses. “Nesses casos, em que envolve duas vidas há um apelo maior: imaginem a expectativa e o trauma da família dessas duas vítimas?”, questiona Enzio.

Outro fato que contribuiu para reverberar a “fama” do coordenador do Samu no so-corro às vítimas do acidente

se deu em razão do médico já está fora do seu horário de expediente e se preparando para jantar com a namorada em um restaurante no Parque 10 de Novembro - a uns 500 metros do local do acidente.

“Ao saber da notícia, via rádio da central por volta das 20h, tinha a exata noção de que se fosse no meu carro não conseguiria chegar com maior rapidez devido ao grande con-gestionamento que se formou em conseqüência da colisão entre os veículos. Atravessei a avenida Mário Ypiranga e me dirigi à Delegacia da Mulher onde encontrei duas guarni-ções da Policia Militar que me auxiliaram a chegar bem mais rápido”, relata.

Na cena do acidente, Enzio Monteiro encontrou corpos e vítimas lesionadas e a notícia de uma grávida com parada cardiorrespiratória. Com a aju-da de outros membros da equi-pe do Samu, o médico tentou reanimar a jovem sem sucesso. “Decidi fazer uma cesariana de emergência dentro de uma am-bulância, mas o bebê também não conseguiu sobreviver”, la-menta. Com um dos dedos quebrados após o socorro à grávida e outra mulher que estava presa às ferragens do micro-ônibus com traumatis-mo craniano, Enzio afirma que o “dedo pendurado” não fez a menor diferença no salvamen-to das pessoas. “Fizemos todo o procedimento padrão, como oxigenação, por exemplo, mas a senhora também faleceu. Foi nesse momento que percebi meu dedo inchado e torto, en-tão providenciei uma imobili-zação no ligamento”, descreve Enzio que só saiu do local do acidente depois de atender as últimas vítimas lesionadas, por volta da meia-noite.

TRÂNSITOVIOLENTO

Na manhã seguinte ao acidente que vitimou 16 pessoas, a Funda-ção de Hematologia

e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), localizada na ave-nida Constantino Nery, bairro Chapada, Zona Centro-Sul, re-cebeu aproximadamente 600 doadores, que se mobilizaram em prol dos feridos que continu-am internados. De acordo com profissionais que trabalham na instituição, o volume de voluntá-rios foi recorde – principalmente para uma manhã de sábado.

A economista, Jordana Viei-ra Pacheco, 29, foi uma das

pessoas que se sensibilizaram e compareceram ao local para doar sangue. “Fiquei bastante compadecida com a situação das famílias. Me coloquei no lugar delas. É o que posso fazer, pois acredito que não basta ape-nas ficar mandando mensagem de solidariedade e luto nas redes sociais e não fazer nada. Cada um faz um pouquinho e acaba virando um “montão”, disse, acrescentando que é doadora registrada há dois anos.

O sangue coletado no final de semana ajudou os sobrevi-ventes do grave acidente que aconteceu na noite da última sexta-feira (28), e que conti-nuam internados no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, no bairro Adrianopólis, Zona Centro-Sul e no HPS Dr. João Lúcio, no bairro São José, na Zona Leste de Manaus.

Os interessados em colaborar com a doação de sangue, deve comparecer de segunda a sexta-feira, entre 7h30 e 18h, à sede da FHemoam. Todos que tiverem entre 18 e 65 anos, peso acima de 50 quilos, saudáveis e que não tenham tido doença infecciosa recente podem doar.

O doador deve estar bem alimentado e levar o docu-mento de identidade para realizar a coleta.

TRÂNSITOVIOLENTO

Acidente mobiliza doação de sangue na FHemoamComovidos com a tragédia, doadores e não doadores foram até o órgão para ajudar a salvar as vítimas

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

Jordana preferiu doar sangue para ajudar às vítimas, ao invés de ficar compartilhando fotos e mensagens sobre o acidente

‘Não sou um heroi, sou um apaixonado pela profissão’Coordenador do Samu lembra de uma série de fatos ocorridos na assistência às vítimas, como a fratura de um dedo

NÁIS CAMPOSEquipe EM TEMPO

Coordenador do Samu não mediu esforços para socorrer vítimas e auxiliar colegas que, ao contrário dele, estavam de plantão

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO

Para o secretário munici-pal de Saúde, Evandro Melo (que deixou a pasta para fazer parte da nova equipe do governador José Melo), o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no dia do acidente demonstrou o dia-a-dia das equipes que atendem emergência 24 horas. “O Samu Manaus está preparado para aten-der acidentes de múltiplas vítimas. Isso é fruto de trei-

namentos, capacitações e investimentos permanentes nas pessoas. O Samu está de parabéns, porque agiu de forma rápida. Mandamos 15 ambulâncias e mais de 45 funcionários do Samu foram atender às vítimas, inclusive voluntários. Tudo para salvar vidas”, declara o secretário.

E, com a Copa do Mundo chegando, Evandro Melo disse que o Samu esta-rá a postos para atender

qualquer tipo de ocorrên-cia, até ataques biológi-cos e grandes catástrofes, por exemplo.

“Nossos médicos, enfer-meiros, condutores, regula-dores, auxiliares e técnicos de enfermagem, ou seja, toda a equipe do Samu está preparada para qualquer tipo de eventualidade que possa acontecer durante a Copa do Mundo. A popula-ção pode ficar tranquila”, assegura ele.

Cotidiano do Samu é revelado

Não foi a primeira vez que Enzio Monteiro teve que “cancelar” uma folga depois de um dia de expediente de trabalho para socorrer vítimas de acidente. O mé-dico lembra que, no início da carreira, quando servia na Marinha do Brasil, teve que suspender o descanso para auxiliar as vítimas da queda do avião Brasília, de prefi-xo PT-WRO, da Rico Linhas

Aéreas, que caiu na noite de 16 de maio de 2004 a 40 quilômetros da cabeceira da pista do Aeroporto Inter-nacional Eduardo Gomes, no Tarumã, Zona Oeste. “Só que naquele episódio as coisas eram bem diferentes, pois não se tratavam de corpos e, sim, de pedaços de 33 pessoas”, recorda.

Mas, o trabalho do Samu, friza Enzio, vai além de ocor-

rências que envolvam pes-soas mutiladas ou mortas por acidentes de veículos ou aeronaves. “Por meio da nossa central de aten-dimento (192) prestamos uma série de orientações, como por exemplo o dia em que uma mãe ligou deses-perada e que, por meio de nossa ajuda, salvou o filho que havia se sufocado com o próprio vômito”.

Médico suspende descanso

Dispensando o rótulo de heroi, médico Enzio Monteiro se diz um apaixonado pela profissão

C04 E 05 - DIA A DIA.indd 4-5 4/4/2014 11:41:12 PM

Page 21: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 C5

Difícil é admitir, mas é fácil considerar a fra-se “não me acho um herói, tudo que faço

faz parte de um trabalho que pratico de coração” como um exemplo que vai além do altru-ísmo e do amor pela profissão. Dita sem nenhuma vaidade, a menção é do coordenador do Serviço Móvel de Urgência (Samu), Enzio Nobre Monteiro, 37, após o trágico acidente que vitimou, no dia 28 de março, 16 pessoas e deixou outras 17 feridas no choque entre uma caçamba e um micro-ônibus da linha 825 (bairro da Paz/Redenção), na avenida Djalma Batista, Zona Centro-Sul. O ato, considerado heróico do médico se deu na tentativa “quase desesperadora” de sal-var Gabriela Messias, grávida de seis meses. “Nesses casos, em que envolve duas vidas há um apelo maior: imaginem a expectativa e o trauma da família dessas duas vítimas?”, questiona Enzio.

Outro fato que contribuiu para reverberar a “fama” do coordenador do Samu no so-corro às vítimas do acidente

se deu em razão do médico já está fora do seu horário de expediente e se preparando para jantar com a namorada em um restaurante no Parque 10 de Novembro - a uns 500 metros do local do acidente.

“Ao saber da notícia, via rádio da central por volta das 20h, tinha a exata noção de que se fosse no meu carro não conseguiria chegar com maior rapidez devido ao grande con-gestionamento que se formou em conseqüência da colisão entre os veículos. Atravessei a avenida Mário Ypiranga e me dirigi à Delegacia da Mulher onde encontrei duas guarni-ções da Policia Militar que me auxiliaram a chegar bem mais rápido”, relata.

Na cena do acidente, Enzio Monteiro encontrou corpos e vítimas lesionadas e a notícia de uma grávida com parada cardiorrespiratória. Com a aju-da de outros membros da equi-pe do Samu, o médico tentou reanimar a jovem sem sucesso. “Decidi fazer uma cesariana de emergência dentro de uma am-bulância, mas o bebê também não conseguiu sobreviver”, la-menta. Com um dos dedos quebrados após o socorro à grávida e outra mulher que estava presa às ferragens do micro-ônibus com traumatis-mo craniano, Enzio afirma que o “dedo pendurado” não fez a menor diferença no salvamen-to das pessoas. “Fizemos todo o procedimento padrão, como oxigenação, por exemplo, mas a senhora também faleceu. Foi nesse momento que percebi meu dedo inchado e torto, en-tão providenciei uma imobili-zação no ligamento”, descreve Enzio que só saiu do local do acidente depois de atender as últimas vítimas lesionadas, por volta da meia-noite.

TRÂNSITOVIOLENTO

Na manhã seguinte ao acidente que vitimou 16 pessoas, a Funda-ção de Hematologia

e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), localizada na ave-nida Constantino Nery, bairro Chapada, Zona Centro-Sul, re-cebeu aproximadamente 600 doadores, que se mobilizaram em prol dos feridos que continu-am internados. De acordo com profissionais que trabalham na instituição, o volume de voluntá-rios foi recorde – principalmente para uma manhã de sábado.

A economista, Jordana Viei-ra Pacheco, 29, foi uma das

pessoas que se sensibilizaram e compareceram ao local para doar sangue. “Fiquei bastante compadecida com a situação das famílias. Me coloquei no lugar delas. É o que posso fazer, pois acredito que não basta ape-nas ficar mandando mensagem de solidariedade e luto nas redes sociais e não fazer nada. Cada um faz um pouquinho e acaba virando um “montão”, disse, acrescentando que é doadora registrada há dois anos.

O sangue coletado no final de semana ajudou os sobrevi-ventes do grave acidente que aconteceu na noite da última sexta-feira (28), e que conti-nuam internados no Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, no bairro Adrianopólis, Zona Centro-Sul e no HPS Dr. João Lúcio, no bairro São José, na Zona Leste de Manaus.

Os interessados em colaborar com a doação de sangue, deve comparecer de segunda a sexta-feira, entre 7h30 e 18h, à sede da FHemoam. Todos que tiverem entre 18 e 65 anos, peso acima de 50 quilos, saudáveis e que não tenham tido doença infecciosa recente podem doar.

O doador deve estar bem alimentado e levar o docu-mento de identidade para realizar a coleta.

TRÂNSITOVIOLENTO

Acidente mobiliza doação de sangue na FHemoamComovidos com a tragédia, doadores e não doadores foram até o órgão para ajudar a salvar as vítimas

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO

MELLANIE HASIMOTOEquipe EM TEMPO

Jordana preferiu doar sangue para ajudar às vítimas, ao invés de ficar compartilhando fotos e mensagens sobre o acidente

‘Não sou um heroi, sou um apaixonado pela profissão’Coordenador do Samu lembra de uma série de fatos ocorridos na assistência às vítimas, como a fratura de um dedo

NÁIS CAMPOSEquipe EM TEMPO

Coordenador do Samu não mediu esforços para socorrer vítimas e auxiliar colegas que, ao contrário dele, estavam de plantão

ALB

ERTO

CÉS

AR A

RAÚ

JO

Para o secretário munici-pal de Saúde, Evandro Melo (que deixou a pasta para fazer parte da nova equipe do governador José Melo), o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no dia do acidente demonstrou o dia-a-dia das equipes que atendem emergência 24 horas. “O Samu Manaus está preparado para aten-der acidentes de múltiplas vítimas. Isso é fruto de trei-

namentos, capacitações e investimentos permanentes nas pessoas. O Samu está de parabéns, porque agiu de forma rápida. Mandamos 15 ambulâncias e mais de 45 funcionários do Samu foram atender às vítimas, inclusive voluntários. Tudo para salvar vidas”, declara o secretário.

E, com a Copa do Mundo chegando, Evandro Melo disse que o Samu esta-rá a postos para atender

qualquer tipo de ocorrên-cia, até ataques biológi-cos e grandes catástrofes, por exemplo.

“Nossos médicos, enfer-meiros, condutores, regula-dores, auxiliares e técnicos de enfermagem, ou seja, toda a equipe do Samu está preparada para qualquer tipo de eventualidade que possa acontecer durante a Copa do Mundo. A popula-ção pode ficar tranquila”, assegura ele.

Cotidiano do Samu é revelado

Não foi a primeira vez que Enzio Monteiro teve que “cancelar” uma folga depois de um dia de expediente de trabalho para socorrer vítimas de acidente. O mé-dico lembra que, no início da carreira, quando servia na Marinha do Brasil, teve que suspender o descanso para auxiliar as vítimas da queda do avião Brasília, de prefi-xo PT-WRO, da Rico Linhas

Aéreas, que caiu na noite de 16 de maio de 2004 a 40 quilômetros da cabeceira da pista do Aeroporto Inter-nacional Eduardo Gomes, no Tarumã, Zona Oeste. “Só que naquele episódio as coisas eram bem diferentes, pois não se tratavam de corpos e, sim, de pedaços de 33 pessoas”, recorda.

Mas, o trabalho do Samu, friza Enzio, vai além de ocor-

rências que envolvam pes-soas mutiladas ou mortas por acidentes de veículos ou aeronaves. “Por meio da nossa central de aten-dimento (192) prestamos uma série de orientações, como por exemplo o dia em que uma mãe ligou deses-perada e que, por meio de nossa ajuda, salvou o filho que havia se sufocado com o próprio vômito”.

Médico suspende descanso

Dispensando o rótulo de heroi, médico Enzio Monteiro se diz um apaixonado pela profissão

C04 E 05 - DIA A DIA.indd 4-5 4/4/2014 11:41:12 PM

Page 22: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

O transporte executi-vo esteve no centro das atenções nos últimos dias devido

à tragédia envolvendo um mi-cro-ônibus que fazia a linha 825 (Redenção-Bairro da Paz) e uma caçamba, quando vitimou 16 pessoas. Apesar do fato, usu-ários do sistema de transporte público e motoristas continuam desrespeitando as orientações quanto ao número máximo de passageiros permitidos e aos pontos de paradas estabeleci-dos. Como a fiscalização não incomoda, a situação se repete todos os dias.

O militar aposentado Sebas-tião Braga, 70, não costuma

pegar os micro-ônibus e diz preferir o ônibus coletivo por questões de segurança. Para ele, o desrespeito dos moto-ristas causa danos ao trânsi-to. “Vivem parando fora dos locais permitidos e isso acaba trazendo perigo para a vida de quem está dentro e de quem dirige outros veículos. Se a fis-calização apertasse a situação melhorava”, acredita.

Moradora do conjunto Cas-tanheira, na Zona Leste, a uni-versitária Gisele Vasconcelos depende do transporte alter-nativo para ir ao shopping, por exemplo. “Como não tem ônibus no meu bairro, só nos resta essa alternativa”, lamenta. Usuária das linhas 821 e 823, ela afirma que os executivos sempre pa-ram fora dos locais permitidos para embarque e desembarque de passageiros.

Para ela, tanto passageiros como motoristas tem culpa sobre a questão de parar fora dos pontos adequados. A uni-versitária destaca que é co-mum os executivos andarem com a capacidade acima do permitido. “Já cansei de andar nesses executivos lotados, dia de semana vive cheio, eles só param de pegar passageiro quando não dá mais ninguém. No fim de semana é mais tranquilo”, aponta.

“Não vale a pena, pagarmos

R$ 4,20 para usarmos um execu-tivo lotado e arriscarmos nossas vidas”, acrescenta.

Para alguns, o transporte executivo acaba se tornando uma alternativa, já que o siste-ma de transporte coletivo não oferece qualidade e conforto ao cidadão. A universitária Jho-se Helly, 27, é uma delas que, por falta de opção, acaba pa-gando mais caro por condições

melhores de locomoção. “Faço uso do alternativo quan-

do o ônibus coletivo demora muito a passar ou quando está próximo ao horário de pico. Nes-se momento o coletivo se encon-tra cheio demais. Geralmente está superlotado com usuários até na escada”, descreve.

Segundo ela, é preciso rigor na fiscalização e punição se-vera, e os riscos ao andar de transporte executivo são os

mesmos quando se pega trans-porte coletivo. Conforme Jho-se, se o sistema de transporte coletivo oferecesse melhores condições não teria porque o cidadão pagar mais caro para andar nos executivos.

EducaçãoA presidente da Federação

das Cooperativas de Transporte do Estado do Amazonas (Fecoo-tram) e motorista de executivo, Waldirizia Melo, reconhece que a lei não é cumprida, mesmo com a entidade orientando aos seus federados uma atuação dentro das regras. Mas faz questão de deixar claro que não foi por superlotação que 16 pessoas morreram na tragédia ocorrida no final do mês passado.

“Nosso treinamento é para fazer o certo, em pé não pode, somente sentados. O que eles sempre comentam é que na hora do pico é impossível não parar quando não há mais ca-deiras, principalmente nas Zo-nas Norte e Leste. Seria uma falta de educação com o pas-sageiro e por estar pagando ele quer entrar. A parte operacional, o dia a dia quem sabe é o mo-torista”, alega Walderizia.

Para ela, métodos para educar os usuários do transporte executivo e até mesmo motoristas devem ser experimentados.

TRÂNSITOVIOLENTO

Passageiros transportados em pé e veículos parando para embarque e desembarque de pessoas em qualquer lugar são práticas comuns dos micro-ônibus, no trânsito

Transporte executivo não obedece às normas

ANDRÉ TOBIAS Especial EM TEMPO

CAMPANHAPara Waldiriza, deve ser feita uma campa-nha de educação, em cima da necessidade de se cumprir a lei. Ela salienta que os moto-ristas são orientados a andar somente com passageiros sentados

Parar em locais inadequados é prática comum dos micro-ônibus

DIE

GO

JAN

ATÃ

C06 - DIA A DIA.indd 6 4/4/2014 11:38:02 PM

Page 23: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

TRÂNSITOVIOLENTO

DICAS DE SEGURANÇA

Manutenção preventivaO motorista deve realizar revi-

sões periódicas do veículo, prin-cipalmente antes viajar, para ve-rifi car as condições dos freios, suspensão, alinhamento, pneus, estepes, injeção eletrônica, carga de bateria, líquido de arrefecimen-to, faróis e lanternas.

Álcool e fadigaAlém de proibido, dirigir sob efeito

de álcool coloca em risco a vida de todos que trafegam na estrada. Se o motorista estiver com sono, também é uma condição perigosa que deve ser evitada. E, se estiver tomando medicação, é preciso verifi car antes se ela apresenta restrições para dirigir. O motorista precisa manter o foco na estrada e não dispersar a atenção com o uso de telefone celular e consumo de alimentos, ou outros fatores.

Alta velocidadeEm uma situação de colisão, o

fator “alta velocidade” aumenta a gravidade do acidente, portanto é imprescindível respeitar os limites de velocidade sinalizados. Com o veículo em alta velocidade, o mo-torista precisa de um espaço maior para frear bruscamente ou desviar do carro da frente. No caso de chuva, esta distância (e cautela de modo geral) deve ser dobrada. À medida que a visibilidade na estrada diminui, é prudente reduzir a velocidade.

Distância seguraManter o mínimo de distância

segura em relação ao veículo da frente é essencial para prevenir acidentes nas estradas. A regra dos três segundos é uma maneira que au-xilia o condutor na contagem dessa distância. Quando o veículo da frente passar por um poste ou árvore, deve-se começar a contar – 1.001, 1.002 e 1.003. Caso o veículo passe pelo mesmo poste/árvore antes do 1.003, quer dizer que o condutor ultrapas-sou o limite mínimo de segurança segura. Essa contagem da distância deve ser aumentada em casos de descida e pista molhada. Algumas rodovias têm marcações na pista indicando a distância segura.

UltrapassagemJamais realizar ultrapassagem

pela direita, pois os riscos de en-volvimento em um acidente grave são maiores. Utilizar a sinalização antes de uma ultrapassagem é extre-

mamente importante. Por exemplo, se um motorista de caminhão não notar que um veículo está passando, pode retirá-lo da estrada.

Cinto de segurançaO uso do cinto de segurança é im-

prescindível para a segurança dos ocupantes do veículo, pois reduz os riscos de fatalidades em acidentes de trânsito. Deve ser usado por todos os ocupantes, inclusive pe-los passageiros do banco traseiro, estabelecido por regulamentação de trânsito. De acordo com uma avaliação realizada pelo NHTSA (NationalHighwayTransportation-SafetyAdministration), dos Esta-dos Unidos, o condutor que usa o cinto de segurança tem o índice de risco de fatalidade reduzido em 45%, em relação ao condutor que não usa. O Cesvi estima que, se houver um aumento de 10% na taxa de adesão ao uso do cinto de segurança, é possível reduzir 1,6 mil mortes por ano no país.

Crianças no carroOs adultos precisam estar aten-

tos aos equipamentos de segurança adequados à idade, peso e altura da criança, as popularmente chamadas cadeirinhas. O Contran (Conselho Nacional de Trânsito), em 2008, regulamentou a obrigatoriedade do uso de dispositivos de retenção no transporte de crianças de até 7 anos e meio em automóveis. O não cum-primento dessa regulamentação re-sulta em infração gravíssima.

BagagemObjetos e bagagens devem ser

transportados no porta-malas. Em uma colisão, o objeto solto pode ser arremessado no interior do veículo e seu peso é multiplicado por 50 vezes, ou mais, dependendo da velocidade. É preciso estar atento quando o ve-ículo estiver com maior carga (pas-sageiros e bagagens) do que o usual. Nessas condições, é necessário um maior espaço para frenagens e ul-trapassagens (aceleração menor), e as curvas precisarão ser realizadas em velocidades menores.

PedestresO índice de sobrevivência a um

atropelamento com velocidade su-perior a 80 km/h é praticamente nulo. É importante evitar trafegar no acostamento e reduzir a ve-locidade em trechos em que há travessia de pedestres.

O Centro de Experimentação e Segurança Viária (Ces-vi) recomenda uma série de cuidados necessários que o motorista deve seguir. Confi ra

FON

TE: C

ESVI

BRA

SIL

E TR

ÂNSI

TO M

ANAU

S

Alternativa que deu certoHá 5 anos, o Trânsito Manaus mantém motoristas – inclusive pedestres – informados sobre as condições de tráfego em Manaus, oferecendo alternativas para quem quer evitar engarrafamentos ou fugir de fi car preso em uma via, por conta de acidentes

Aquela frase “quem dirige em Manaus dirige em qualquer lugar” virou mesmo clichê. Manaus,

às vezes, lembra aquela bagunça que se vê nas ruas da Índia. Onde deveriam se formar duas fi las de veículos, motoristas conseguem “inventar” quatro. Sem falar que muitas vezes o condutor que faz sinal para dobrar para a esquerda – isso quando faz sinal – joga o carro para a direita.

Às vezes se tem a impressão de que a cidade possui mais veículos do que ruas.

Ok. Nem só de mazelas vive o trânsito da capital do Amazonas. Hoje em dia já é possível atra-vessar na faixa de pedestre sem ser atropelado. São mais de 600 mil automóveis circulando em uma Manaus, cuja engenharia de trânsito deixa muito a desejar. Por sorte, a atual administração municipal está tentando ameni-zar o caos no trânsito. A faixa azul, a entrega das plataformas do BRS (Bus Rapid Service), os novos redutores de velocidade (radares) e os recuos construídos para a parada dos coletivos são algumas das soluções imediatas que têm tudo para dar certo.

Paralelamente, um grupo de jovens conseguiu se tornar re-ferência quando o assunto é trânsito. São os profi ssionais do Trânsito Manaus, que começa-ram a operar em 2009 via Twit-

ter, depois partiram para o Fa-cebook– onde têm mais de 118 mil seguidores – e ainda contam com um site, o transitomanaus.com.br. Diariamente, a equipe mantém motoristas e pedestres informados sobre as condições do tráfego na cidade, oferecendo alternativas para quem quer evi-tar engarrafamentos ou fugir de fi car preso no trânsito por conta de algum acidente.

Também são eles que, mui-tas vezes, informam um grave acidente em alguma via, como a tragédia do ônibus 825, que matou 16 pessoas há 9 dias. “No dia do acidente, recebemos mais de 500 mensagens em uma hora. Tentamos informar mais sobre o trânsito do que o acidente. Porém, depois das notí-cias negativas, mudamos nossa logomarca para ‘luto’ e fi zemos um pequeno ato com 600 pes-soas no local“, conta Luiz Leal, CEO do Trânsito Manaus.

TRICIA CABRALEquipe EM TEMPO

Apesar dos contratem-pos do dia a dia, Luiz Leal acredita que existem cida-des piores, como as da Índia. “O que falta em Manaus é educação de base e novas campanhas, mas com dis-curso diferente”, comenta.

Outro recurso também criado pela equipe é o Ônibus Manaus – onibus-manaus.com.br. “É site e aplicativo para informar so-bre os itinerários da cidade. Já chegamos a 1,3 milhão de acessos no site e 35 mil downloads do aplicativo criado para smartphones e tablets”, explica.

No site, o usuário digita qual coletivo deseja saber se vai circular em determi-nada via, o percurso e que linhas utilizar de um bairro para outro. No Facebook, o Ônibus Manaus já tem mais de 3,6 mil curtidas. Mais uma alternativa para quem não tem carro – ou tem e não quer usá-lo – e precisa circular na cidade utilizando o transporte co-letivo. (TC)

Recurso mais recente faz sucesso

Aplicativo Ônibus Manaus informa sobre os itinerários na cidade

A equipe do Trân-sito Manaus no lançamento do guia Ônibus Manaus FO

TOS;

DIV

ULG

AÇÃO

C07 - DIA A DIA.indd 7 4/4/2014 11:44:34 PM

Page 24: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

C08 - PUBLICIDADE.indd 8 4/4/2014 11:45:56 PM

Page 25: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

PlateiaCa

dern

o D

[email protected], DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 (92) 3090-1042 Plateia D4

Banda Suicidal Tendences em Manaus

DIVULGAÇÃO

O texto escolhido pelo grupo teatral Ateliê 23 – Casa de Cria-ção para encerrar a

“Trilogia Arrabal”, com mon-tagens baseadas em obras do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, chama-se “Oração”, e a temporada de estreia será nos dias 31 de maio e 1º de junho, no Les Artistes Café-Teatro. As peças anteriores foram “O Ar-quiteto e o Imperador da Assíria” e “Fando e Lis”. O diretor do grupo, Taciano Soares, adianta que, depois da Copa do Mundo da Fifa, pretende encenar as três produções numa mesma tem-porada. “Queremos apresentar ao público essa diversidade de perspectivas, que demos as nos-sas releituras”, diz.

As peças da “Trilogia Arrabal” foram produzidas com recursos dos prêmios ProArte, do governo do Estado, e Ar Cênico, da Prefeitura de Manaus. Assim como os espe-táculos anteriores, “Oração” é uma releitura do texto original. “A partir da fala, que é o essencial, chegamos na nossa concepção, que quase sempre é completamente diferente do que o autor propôs ou de ou-tras montagens mais tradicionais”, observa Taciano. “Nós mantemos a essência do texto e fazemos a nossa própria leitura”.

O diretor conta que, no texto original, o casal Fídio e Lílbe mata uma criança e, a partir de então, busca ser bom conforme os precei-tos cristãos. “Na nossa montagem, os dois dançam e atuam a geração e a morte desse fi lho e o grande exercício tem sido trabalhar o fa-natismo religioso por meio dos corpos, da dança ritual”, diz Tacia-no. Na perspectiva da companhia, Fídio e Lílbe – interpretados, res-pectivamente, por Jhonatas Alves e Déborah Ohana – são Adão e Eva e, como primeiros seres criados, não possuem identidade própria.

“Isso signifi ca que Jhonatas não interpreta Fídio; ele inter-preta Lílbe, e Déborah interpreta Fídio. Essa troca de gêneros é fundamental para amarrarmos a ideia de que os dois são a mesma coisa. E isso vai se re-fl etir na maquiagem e no fi gu-

rino, porque a identidade deles vai ser construída para que se confunda”, explica o diretor. Ele adianta também que todos os elementos da montagem – ato-res, adereços, os cenários de Laury Gitana e a trilha sonora dirigida por Ediel Castro – pas-sarão por transformações ao longo da encenação.

FisicalidadeTaciano Soares explica que os

textos da “Trilogia Arrabal” não foram selecionados por ordem cronológica. “Foram escolhidos por uma questão de adaptação para o que queríamos pesquisar, que era a fi sicalidade dentro da perspectiva do teatro do absur-do”, afi rma. O diretor conta que, em seus processos de criação, gosta de valorizar o trabalho físico do ator – uma postura herdada do grupo que fundou anteriormente, a Cia. Cacos de Teatro.

“A Cacos é extremamente físi-ca e de performance, e o Ateliê 23 surgiu há um ano de uma necessidade pessoal de me ex-perimentar em novos lugares”, diz.

Foi quando voltou do mestrado que estudava na Bahia que Ta-ciano decidiu trabalhar como di-retor. “Para que eu pudesse fazer isso da melhor maneira possível, procurei textos que chamassem a minha atenção como ator, que é minha arte principal. Sou apai-xonado pelo Arrabal e esses três textos especifi camente são os que eu, como ator, interpretaria com grande prazer”, justifi ca.

Para Taciano, esse trabalho físico presente nas montagens do Ateliê 23 é o que o grupo oferece de novo para a cena teatral da cidade. E em “Oração” essa atividade é evidenciada pelo caráter de ritual da produção. “O espetáculo é um grande ritual de celebração à vida. É muito dançado. Não afi rmamos que é um espetáculo de teatro e dança porque existe um estudo muito mais específi co para isso. É teatro com dança e o Eric Lima (responsável pelos fi gurinos e pe-los movimentos) coreografa as células para os atores dançarem dentro de uma perspectiva de interpretação”, comenta.

Ateliê 23 escolheu o texto “Oração”, para encerrar sua trilogia em homenagem ao dramaturgo espanhol Fernando Arrabal

Ritual decelebraçãoà vidaLUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

SERVIÇOPEÇA “ORAÇÃO”, DO ATELIÊ 23 – CASA DE CRIAÇÃO

Onde

Quando

Quanto

Les Artistes Café-Teatro (avenida 7 de Setembro, 377, Centro)

31 de maio e 1º de junho, às 20h

Entrada gratuita

FAB

IELL

E VI

EIRA

/DIV

ULG

AÇÃO

Atores trocam gêneros para a interpretação do espetáculo

D01 - PLATEIA.indd 1 4/4/2014 22:25:58

Page 26: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. Os turistas que virão ao Amazonas durante a Copa do Mundo de Futebol já tem um item imperdível para o cardápio local.

. Na cartilha que a Fifa lan-çou dando dicas aos turistas, um dos itens é: “experimente o açaí”.

. Boa pedida foi o quios-que do Waku Sessi instalado no aeroporto internacional Eduardo Gomes, onde os vi-sitantes poderão encontrar açaí de ótima qualidade. Boa!

>> O rei açaí

Descobrindo amor e desilusão

Defi nida pelo ator Hely Pin-to como uma farsa circense, a peça “Le Solo Palhaço”, da Companhia Língua de Trapo, será encenada hoje, às 18h, com entrada franca, no Tea-tro Jorge Bonates (rua Recife, sede da Sead, bairro Flores). A montagem marca os 20 anos de carreira do artista e foi produzida com apoio do edital Ar Cênico, da Prefeitura de Manaus.

Hely esclarece que “Le Solo Palhaço” segue a mesma es-trutura de outro espetáculo do grupo, “O Circo da Ilusão” (2009), porém, com menos situações dramáticas e ele-mentos cênicos. O protago-nista é Tolo, um homem hu-milde e simples que, durante a

Grande Depressão de 1929, entra para um circo. “Ele se descobre dentro desse mun-

do circense, onde encontra sentimentos como o amor pela equilibrista e também a desilusão”, adianta Hely, que interpreta o personagem prin-cipal. O enredo é narrado sem diálogos, mas utiliza-se muito o “dramelô”, um jeito de falar meio embolado, que não deixa claro nenhuma palavra, mas que comunica o sufi ciente para despertar a compreen-são da plateia.

“As pessoas entendem mui-to bem e acaba sendo uma linguagem universal. Acho que esse é o grande destaque des-se espetáculo, conseguir al-cançar todas as classes e até estrangeiros”, observa o ator, que ainda é responsável pela cenografi a, direção e roteiro

da montagem. Também estão no elenco os atores Magda Carvalho (Equilibrista), Denis Carvalho (Dono do Circo), Is-rael Castro (Bufão Gripado), Pablo Rodrigues (Bufão Zan-gado) e Mirna Pinto (Doma-dora de Cavalos).

Antes de fundar a Língua de Trapo, o amazonense Hely Pinto trabalhou em grupos de teatro do Serviço Social do Comércio e nas companhias Apareceu a Margarida, Baião de Dois e Amazônia Arte-Mythos. É técnico em Artes Cênicas pela Fundação Rede Amazônica e já participou de cursos com os atores Matheus Nachtergaele, Marcélia Car-taxo, Chico Diaz e Lauro Góes, além de workshop com José Celso Martinez Corrêa e ofi -cina de teledramaturgia com Reinaldo Boury, da Globo.

“Le Solo Palhaço” possui menos cenas dramáticas e elementos cênicos que obra anterior

TEATRODIVULGAÇÃO

LUIZ OTAVIO MARTINSEspecial EM TEMPO

>> . O time femi-nino AAA da cidade já está agendan-do o evento, que irá comemorar o aniversário des-te colunista, no próximo dia 24, no Classic Even-tos. Será um chic-sunset a partir das 17h. Festa cheia de charme!

>> . Hoje a par-tir das 10h, lan-çamento do livro “Poucas e Boas – Crônicas e Re-portagens” da jornalista Mazé Mourão, no Ca-esar Business.

>> . Raissa Leite estreia idade nova neste domingo.

>> . Alexandre Prata está dan-do uma circulada no Rio.

>> . Amanhã os cumprimentos vão para César Catingueira, Mo-nique Lasmar, Derla Rodrigues, Emily Araújo e Deborah Camely, que estarão ani-versariando.

>> . O escritor Paulo Queiróz lançou ontem o livro “Águas Via-jantes”.

>> Vitrine

. Que tal experimentar as delícias das culinárias japonesa e peruana feitas, exclusivamente, por um chef interna-cional? Então, prepare-se. Pela primeira vez em Manaus, o chef Daniel Vassa-lo desembarca, direto de Miami, para comandar a cozinha do bar e restau-rante Bodega da Vila nos dias 14 e 18 deste mês.

. Ele irá lançar o projeto “Masterchef”. O público que for prestigiar o “Master-chef” não vai apenas saborear uma boa comida, mas sobretudo participar de um evento gastronômico que visa apresentar a fusão das culinárias japonesa e perua-na. A ideia dos realizadores é difundir a riqueza dos sabores da cozinha interna-cional. Imperdível o ceviche do evento. Vale conferir.

>> Gastronomia

. A revigoração da célebre marca francesa Yves Saint Laurent – que agora usa apenas Saint Laurent Paris – criou linhas que fazem par-te do objeto de desejo de qualquer antenada (o) do mundo fashion.

. Além das peças slim que têm encantado o mundo, as novas bolsas como esta (foto) faz ba-bar as fashions victims de plantão!

>> Objeto de desejo

D2 Plateia

. Em buscar de promover o destino Amazonas e Ma-naus, como cidade-sede da Copa do Mundo 2014 Fifa, o governo do Estado, por meio da Empresa Estadual de Tu-rismo (Amazonastur), está na Itália realizando ações em Nápoles, Milão e Roma.

. A ação conta com a parceria da TAP Itália e da operadora de turismo Just Brasil.

. Os trabalhos de promoção das potencialidades turísti-cas do Amazonas, em espe-cial de Manaus e do Festival de Parintins, começaram na noite de quinta-feira, quando a Amazonastur realizou um workshop para mais de 60 operadores e jornalistas do setor em Nápoles.

>> Mercado italiano

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

nino AAA da cidade já está agendan-do o evento, que irá comemorar o aniversário des-te colunista, no próximo dia 24, no Classic Even-tos. Será um chic-sunset a partir das 17h. Festa cheia de charme!

tir das 10h, lan-çamento do livro “Poucas e Boas – Crônicas e Re-portagens” da jornalista Mazé Mourão, no Ca-esar Business.

>>

. A revigoração da célebre marca francesa Yves Saint Laurent – que agora usa apenas Saint Laurent Paris – criou linhas que fazem par-te do objeto de desejo de qualquer antenada (o) do mundo fashion.

. Além das peças slim que têm encantado o mundo, as novas bolsas como esta (foto) faz ba-bar as fashions victims de plantão!

Objeto de desejo

A top Gisele Bündchen desfilan-do para a Colcci na São Paulo Fashion Week

Maysa Antony enchendo de charme evento no Le Rêve

A chic Othília Vieitas em tarde que reuniu lulus fino trato

D02 - PLATEIA.indd 2 4/4/2014 23:08:48

Page 27: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Turista de São Paulo, que há 60 anos visitou o Teatro Amazonas, volta a Manaus e se encanta novamente com a obra

Reencontro com a cultura local como na primeira vezNas mãos, uma foto-

grafia desgastada pelo tempo mostra, em preto e branco,

41 pessoas. Na memória, no-mes, histórias e a lembrança viva dos dois meses de via-gem e passeios que desfrutou com o grupo de turismo que veio de São Paulo para co-nhecer Manaus.

Era 1953. “Essa cidade era linda, encantadora. Todos nós nos apaixonamos por esse lu-gar. Voltar aqui, pela segunda vez na vida, é um privilégio”. A declaração apaixonada por Manaus é da paulista Alzira Miranda Paz, com 87 anos de vida muito bem vividos.

E a primeira reverência que fez a cidade que havia visita-do há 60 anos, foi ao Teatro Amazonas (TA). Formada em piano, ela se emociou e ar-rancou lágrimas de guias e coordenadores do TA, ao en-trar no que chama de “templo da cultura”.

Começou pela cochia, atrás do grande palco, de frente para a plateia vazia de pes-soas, mas cheia de história. Olhou, caminhou devagar pelos corredores e frisas, e voltou a se encantar com a beleza do momumento. “Isso é grandioso. E é maravilhoso ver que está tudo igual, muito bem cuidado”, disse.

Na platéia pode ver um trecho do ensaio de artistas para o 18º Festival Amazonas de Ópera, que começa dia 20 deste mês. Depois, lenta-mente subiu as escadas com tapetes bordô.

No Salão Nobre do TA, olhou o largo São Sebastião da sacada. Depois, fez um pausa, se encostou em uma das colunas e contou a aven-tura que foi vir a capital do

Amazonas, no ano de 1953. “Viemos numa excursão do Turim Club, em um navio que também trazia cargas para a cidade. Foram dois meses de viagem. Inesquecíveis.”

Belezas naturaisEm Manaus, além do TA, Al-

zira conheceu o então Bosque do Tarumã e banhou-se nas águas frescas e límpidas do então Balneário do Paque Dez. Com os padrinhos, visitou o Roadway, a Catedral, o prédio da Alfândega e o mercado mu-nicipal Aldolpho Lisboa. “Linda a restauração que fizeram ali. Continua maravilhoso, como na época em que o vi a pri-meira vez”, comentou sobre o mercado.

Com olhar saudosista lembrou de ter ficado com os padrinhos uma noite na suíte presidencial do Hotel Amazonas, cujos quartos ti-nham quadros de Roberto Burle Marx. “Era lindo, com vista para o rio (Negro) e muito luxuoso.”

As lembranças ganharam um acrescimo quando Alzira foi surpreendida pela passa-gem do secretário de Cultura do Amazonas e autor de vá-rios livros sobre a história de Manaus, Robério Braga.

LEMBRANÇASTeatro Amazonas, Hotel Amazonas, porto de Manaus, mercado Adolpho Lisboa e os balneários urbanos de Manaus são algumas das lembranças que vieram à tona na me-mória de dona Alzira

Sabendo que retornaria ao Teatro Amazonas, Alzira carregava consigo a fotografia que registra sua primeira visita ao local

LAYL

A LO

PES/

DIV

ULG

AÇÃO

Por quase meia hora, Bra-ga e a turista conversaram sobre a Manaus dos anos 50, suas belezas naturais e aquelas que a mão do homem construiu. Recorda-ram de nomes de persona-lidades da época.

E de tudo que Alzira visitou, o que segue intacto, tal qual

sua memória, é o Teatro Amazonas.

“Uma visita dessas nos emociona e nos presenteia. É gratificante ver que o tra-balho que fazemos com o patrimônio cultural e histó-rico de Manaus pode fazer parte da vida de pessoas de diferentes parte do Brasil

e do mundo e em dife-rentes tempos”, comentou o secretário.

Alzira, apaixonada pela cultura, marcou tanto em sua segunda visita ao TA que foi convidada a voltar. Dessa vez, para sentar na plateia e assistir ao Festival Amazonas de Ópera. “Não

posso recusar um convite desses. Farei o possível para vir”, disse.

Com lágrimas escondidas atrás dos óculos, Alzira Mi-randa se afastou, virou-se uma última vez, posou para foto e despediu-se do Tea-tro Amazonas, o teatro da sua história.

O valor da preservação do patrimônio

D03 - PLATEIA.indd 3 4/4/2014 22:29:47

Page 28: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Ingressos à venda para ‘Suicidal’A banda norte-americana de

crossover thrash Suicidal Ten-dencies toca em Manaus, pela primeira vez, no dia 11. O show será realizado na quadra da Apa-recida (rua Ramos Ferreira, 102, Aparecida), a partir de 19h, com produção local da Black River. O primeiro lote de ingressos custa R$ 120 e esse valor pode ser parcelado em até três vezes no cartão de crédito.

A Suicidal Tendencies foi for-mada em 1981, na cidade de Los Angeles, Califórnia, e tem 12 álbuns gravados. O mais recente, “13”, foi lançado no ano passado e traz o hit “Smash It!”. Atualmente, o grupo é formado

por Mike Muir (vocais), Dean Pleasants (guitarra), Thomas Pridgen (bateria), Tim “Rawbiz” Williams (baixo) e Nico Santora (guitarra). O único membro ori-ginal que continua na banda é o vocalista.

O som da banda possui influ-ências de estilos como o hea-vy e o thrash metal, além de funk e até hip hop. O crossover thrash é resultado da mistura de hardcore com thrash metal e os integrantes já foram con-siderados até os criadores do gênero skate punk.

Entre os principais hits da banda estão “Institutionalized”, “Possessed to Skate”, “Trip At

The Brain”, “How Will I Laugh Tomorrow”, “Waking The Dead”, “You Can’t Bring Me Down”, “Send Me Your Money”, “Nobody Hears” e “Love Vs. Loneliness”.

Os shows de abertura são das bandas Eisenhower, Protes-tantes HC e ILAI. Os pontos de venda de ingressos são as lo-jas Daray (Amazonas Shopping), Rocket Ride (avenida Djalma Batista, ao lado do China in Box), Soturna (rua Henrique Martins, Shopping Popular), Disco Laser Junior (rua Henrique Martins, 268, Centro), Sagaz Skate Shop (rua Ferreira Pena, 120) e Posto Shell Arena (Pedro Teixeira com Constantino Nery).

METAL

O terror do inexplicável

RESENHA

PERFIL

César Augusto Oliveira é jorna-lista e editor do EM TEMPO

Ainda me lembro de quando assisti ao fil-me “Os pássaros” (The birds, 1963), de Alfred

Hitchcock, pela primeira vez. Foi na década de 1980, quando a Rede Globo exibia o Festival Hi-tchcock, que entre outros incluiu “Psicose”, “Frenesi” e “´Topázio”. Como eu era um moleque ainda, não conseguia ficar acordado até a hora do filme, mas des-cobri que meu irmão mais velho o havia gravado em VHS. Na primeira oportunidade, lá esta-va eu assistindo ao drama de Melanie Daniels (Tipi Hedren), filha do dono de um grande jornal californiano, aprisionada na pequena cidade de Bodega Bay, na Califórnia, por uma série de repentinos e inexplicáveis ataques de todas as espécies de pássaros.

Ao final do filme, fiquei to-talmente mudo e assustado, reação que tenho até hoje. Mui-tos não gostam da obra prin-cipalmente por dois motivos: efeitos especiais ultrapassados e um final sem explicação ne-nhuma. Digo que para assistir ao “Os pássaros”, adaptado de

um conto de Daphne DuMaurier, é preciso se transportar para a época em que o filme foi produzido. Na década de 1960, não havia efeitos espetaculares, mas o que vemos em “Os pás-saros” foi um avanço para aque-les anos: cenários pintados de uma realidade impressionante, pássaros empalhados em meio a pássaros reais e montagens hoje muito óbvias. Para o público de 1963, era assustador. Hoje, é fichinha, mas Hitchcock estava à frente de seu tempo, e é algo a ser levado em consideração. Quanto ao final, a questão é: existe algo mais apavorante que testemunhar ataques de aves até então inofensivas e não conseguir encontrar a razão para isso? Essa foi a finalidade do diretor. Não é preciso ter uma explicação. Cada um que se apavore com suas teorias. O mundo se tornara um caos e nada mais tinha a aparência de inofensivo.

O bom humor de Hitchcock ficou evidente desde o início, no encontro casual entre Melanie e o advogado Mitch Brenner (Rod Taylor) em uma loja de pássa-ros em São Francisco. Ele a reconhece como a socialite que sempre saía em colunas de fofo-

cas por seu compor-tamento, digamos, incomum e escandaloso, e resolve pregar uma peça fazen-do-a passar por uma verdadeira “saia justa” na lojinha. Em meio a discussões ferinas e encanto mútuo, Melanie vai à procura do advogado em seu refúgio dos finais de semana: a pequena Bo-dega Bay, onde Mitch tem uma fazenda na qual moram sua mãe viúva Lydia (a saudosa Jessica Tandy) e a irmã menor, Cathy (Veronica Cartwright, a Lambert de “Alien - o oitavo passageiro”). Na cidadezinha também mora a professora Annie Hayworth (a bela Suzanne Pleshette), ex-namorada de Mitch, que se mudara para o lugar somente para ficar perto do advogado. Começa uma série de sutis con-flitos entre Melanie e Lydia, uma mãe protetora e desconfiada. É quando iniciam gradualmente os ataques dos pássaros: pri-meiro contra Melanie em um barco, depois na festa de aniver-sário de Cathy, posteriormente na escola (uma das sequências mais tensas que já vi) até, fi-nalmente, a família Brenner e Melanie ficarem encurralados na fazenda do advogado por

milha-res de pás-saros. Cada um que explique suas metáforas.

Uma das melhores sequên-cias é a do ataque à Bodega Bay. Ficou clássica entre os cinéfilos e admiradores de Hitchcock a cena em que a explosão de uma bomba de gasolina é vis-ta de cima, do ponto de vista dos pássaros, que aos poucos começam a encher a tela, unin-do-se para arremeterem contra os moradores da cidade. Uma pena que haja quem, hoje em dia, repudie essa obra-prima do cinema por motivos superficiais - para não usar um termo mais agressivo.

Houve uma sequência do fil-me, um pecado terrível que não deu certo, trazendo novamente Tipi Hedren no elenco – sem relação alguma com sua perso-nagem do original. Essa pseu-docontinuação é tão ruim que nem lembro do enredo, fora a presença da atriz, mãe de Mella-nie Grifith. O original, primeiro e único, tem lugar eternamente reservado na minha coleção.

Até hoje ‘Os pássaros’ merece lugar de destaque entre as obras-primas do cinema mundial por trabalhar com maes-tria o medo inspirado pelo irracio-nal, represen-tado pelos ataques as-sassinos de aves contra humanos”

CÉSAR AUGUSTOEquipe EM TEMPO

D04 - PLATEIA.indd 4 4/4/2014 22:38:21

Page 29: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoPilotandoMônica Apor e André Vas-

co gravaram piloto de um novo programa na Bandei-rantes.

Ainda como parte de uma série de testes que a emissora vem realizando para encontrar aquilo que melhor se ajuste à faixa das 8 da noite nos domingos.

Etapa concluída “Geração Brasil”, nova

novela da dupla Filipe Mi-guez e Izabel de Oliveira, substituta de “Além do Horizonte” na Globo, teve concluídas todas as suas externas nos Estados Uni-dos.

Trabalhos realizados no estado da Califórnia, em São Francisco e no Vale do Silício. A ordem agora é acelerar os estúdios e a cidade cenográfi ca.

RemodeladaViviane Araújo está cer-

ta na novela do Aguinaldo Silva. A sua escalação já é uma etapa vencida.

A próxima é a prepara-ção que ela será submetida agora, para se ajustar ao que exige a sua persona-gem. Testes de cabelo, ma-quiagem e fi gurinos serão iniciados já nesses próxi-mos dias. A ideia é apagar a imagem da “Fazenda”.

Nas ondas O canal OFF vai estrear este mês cinco programas,

dentre eles, o “Projeto Scooby”, do surfi sta Pedro Vianna, marido da atriz Luana Piovani.

Fernando de Noronha, Indonésia, Marrocos e Portugal foram os locais escolhidos para as gravações, além de Rio de Janeiro, onde o surfi sta mora.

Bate-rebate• O fi lme “Orgulho de ser

brasileiro”, do Adalberto Piot-to, já está disponível no NOW, serviço de vídeo on demand da NET...

• ... Em breve, estará no no NetFlix.

• Gugu Liberato virou fre-quentador assíduo da sua pa-daria na rua Augusta...

• ... E o que mais gosta é de fazer merchandisings das coxinhas da casa.

• A direção da Band tenta pilotar alguns movimentos na programação, que possam culminar em aumento de au-diência...

• ... Existem duas ou três novidades que ainda serão anunciadas com este propó-sito.

• Está confi rmado: em maio, entre a primeira e segunda semanas, estreia o novo pro-grama do César Filho nas ma-nhãs do SBT.

SBT estreita relações

O SBT enviou Fernando Pe-légio, Murilo Fraga, Reynaldo Boury, Ricardo Mantoanelli e Raimundo Lima, respondendo respectivamente pelo Artístico, Programação, Novelas e Técni-ca, ao México para promover encontro com pessoas dos mes-mos setores na Televisa.

Durante cinco dias, represen-tantes de ambas as partes discu-tiram metodologias de trabalho, com vistas a uma parceria.

DIVULGAÇÃO

Equipe do Fox Sports está com uma expectativa de au-diência bem interessante, com a transmissão de Flamengo e Léon, quarta-feira, às 19h45, no Maracanã.

Por outro lado, a equipe do Esporte Interativo comemora a aquisição dos direitos para a transmissão dos jogos da Série C do campeonato brasileiro.

Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

A visita do papa no Brasil, ano passado, pode ser entendida como um grande evento da igreja católi-ca, uma expressão de fé, a catarse de um povo etc. Mas também pode se tratar de uma estratégia da Igreja Católica no sentido de arrebatar os rebanhos perdidos, não exatamente para as igrejas evangélicas, mas, sobretudo, para uma outra congregação em cres-cente expansão: a dos ateus.

No Censo do IBGE de 2010, 15,3 milhões de brasileiros declararam não ter religião correspondendo a 8% da população daquele ano. Destes, 615,1 mil declararam ser ateus e 124,4 mil são agnósticos. A cidade de Chuí no Rio Grande do Sul foi a que apresentou os maio-res índices de pessoas não religio-sas. O IBGE também destaca que 2,606 milhões de pessoas entre 30 a 39 anos são ateus, cujo cres-cimento tem sido relativamente equânime a dos evangélicos e da queda dos praticantes da Igreja Católica Apostólica Romana.

Em meio aos inúmeros escân-dalos surgidos ano passado en-volvendo um ofi cial suíco e um dos principais assessores do papa Francisco num suposto caso amo-roso (ou só sexual, de repente) e ainda, o de desvios de verba no Banco do Vaticano - bem pa-recido com o famoso caso do Banco Ambrosiano – a escolha de Francisco em vir ao Brasil não foi apenas por sermos o maior país católico do mundo - quer dizer, este fator é determinante mas não determinou a visita. O baixo índice de católicos num país con-tinental como o Brasil preocupa o Vaticano que pretendeu, com a visita, assegurar o rebanho res-tante e angariar novos adeptos através da veiculação da fi gura de um papa carismático, humilde e trabalhador.

A Rede Globo vendeu bem essa imagem. Em boa parte da progra-mação a visita do papa foi ampla-mente destacada e o jornalismo (ou aquilo que a Globo chama de) esqueceu de noticiar os vários protestos reivindicatórios sobre a visita, o que fere a ética jor-nalística em apresentar versões sobre os fatos – o capitalismo não cansa de se repetir.

Não é de se surpreender com a força que a Igreja Católica ainda exerce sobre o ethos nacional. Alguns princípios se mantêm em voga, mesmo para aqueles que a rejeitam. A ressignifi cação de uma instituição como a família, por exemplo, na qual os direitos civis já vem assegurando sua per-manência (casamento entre pes-soas do mesmo sexo, adoção por pais gays etc) não tem sido visto com bons olhos pela igreja que se mantém rígida e infl exível.

Mas a Idade Média nos ensinou muita coisa. E somente há poucos anos o papa João Paulo 2º pediu perdão pelos atos de genocídio praticados pela igreja de Pedro onde vários “adoradores do peca-do” foram à fogueira, excomun-gados e açoitados em público. Os próprios atores de teatro sofre-ram com a mentalidade católica como nos explica Jean Duvignaud em “Sociologia do comediante”. Os atores eram conhecidos por enlevar o prazer, um atributo da carne e não do espírito, e Racine foi muitas vezes criticado por in-citar os homens “contra a moral e os bons costumes”.

Na família ocidental, a fi gura do pai (ou papa) confi gura-se no modelo padrão e são muitas as obras que discriminam sua infl uência para os certames da economia e política, por exemplo. Pois é... “Papa don’t preach, I’m in trouble deep”.

Márcio BrazE-mail: [email protected]

Márcio Brazator, diretor, cien-

tista social, membro do Navi (Núcleo de Antropologia Visual da Ufam e do Con-selho Municipal de

Política Cultural)

Não é de surpreender a força que a Igreja Ca-tólica ainda exerce. (...) A ressigni-fi cação da família não tem sido vista com bons olhos pela igreja que se man-tém rígida e infl exível”

Rebanhos perdidos

Em estudosEste 2014 será o último

ano de “A Grande Família”, algo que já está decidido e conhecido há muito tempo.

A forma de terminar é que ainda está em questão. Não há até agora uma ideia for-mada sobre como encerrar melhor a história.

MARIO ADOLFO

REGI

ELVIS

D05 - PLATEIA.indd 7 4/4/2014 22:54:18

Page 30: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Programação da TV

5H JORNAL DA SEMANA6H IGREJA UNIVERSAL7H BRASIL CAMINHONEIRO7H30 AVENTURA SELVAGEM8H30 VRUM9H SORTEIO AMAZONAS DA SORTE 10H DOMINGO LEGAL 14H ELIANA18H RODA A RODA JEQUITI18H45 SORTEIO DA TELESENA19H PROGRAMA SILVIO SANTOS23H DE FRENTE COM GABI0H TRUE BLOOD1H CHASE A PERSEGUIÇÃO2H ALCATRAZ3H20 BIG BANG4H IGREJA UNIVERSAL

SBT

GLOBO

4H45 BÍBLIA EM FOCO5H SANTO CULTO EM SEU LAR5H30 DESENHOS BÍBLICOS8H30 RECORD KIDS 9H AMAZONAS DA SORTE 10H RECORD KIDS 11H DOMINGO SHOW14H15 O MELHOR DO BRASIL 18H20 DOMINGO ESPETACULAR 22H15 SÉRIE: SPARTACUS 23H15 RIO VERÃO FESTIVAL0H15 PROGRAMAÇÃO IURD

5H SANTA MISSA6H AMAZÔNIA RURAL6H30 PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES NEGÓCIOS7H GLOBO RURAL7H55 AUTO ESPORTE8H30 ESPORTE ESPETACULARA diversão do “Roda a Roda Jequiti” está na programação da tarde de hoje, no SBT

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 É tempo de você apostar em aspectos de sua pessoa que precisam ser renovados em profundidade. Não queira requentar o que já foi em sua vida, pois ela precisa ser outra.

TOURO - 20/4 a 20/5 Tente sair dos mesmos erros de sempre, pro-cure ao menos não ir pelas mesmas velhas trilhas sem saída. Procure solução nova para os problemas, mesmo que envolva risco.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Procure ser mais amigo de seus amigos. Não é hora de se separar deles. Você precisa se inserir nos conjuntos dos quais participa, aceitando em parte se dissolver.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Uma mudança no rumo de sua atividade pro-fi ssional e das responsabilidades sociais está por acontecer. Procure entender a necessidade dessa mudança forte de direção.

LEÃO - 23/7 a 22/8 A vida lhe coloca a oportunidade de uma mudança profunda em seus valores éticos e espirituais. É hora de assumir novos valores e colocá-los em prática em suas atitudes.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Livrar-se de algo, de uma vez por todas, é o que lhe é proposto nesta Sexta-feira Santa, liberando caminho para renascer, para renovar. Primeiro morrer, depois renascer.

LIBRA - 23/9 a 22/10 A maneira de você se relacionar com as pes-soas está na culminância de uma mudança. É preciso dialogar e se colocar, sem impor sua maneira de pensar e de entender.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 É hora de fi rmar outro ritmo no trabalho e nos hábitos pessoais, como quem se ajusta ao caminho, pois tudo está mudando ao seu redor. Não insista na velha maneira de ser.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 É momento de aceitar ingressar em um novo caminho pessoal. Algo precisará mudar nos sentimentos e nas relações afetivas, em de-fi nitivo. Não requente as velhas velharias.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Momento de defi nição profunda para uma nova situação familiar. Isso irá abrir novas possibilidades, e você estava precisando muito disso.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 O modo de se entender com as pessoas está mudando. Apenas impor as ideias, sem escutar ao outro, estava lhe bloqueando. Aprende a ouvir as pessoas, mais e mais.

PEIXES - 19/2 a 20/3 É tempo de você ter nova atitude em sua ma-neira de lidar com dinheiro. As mudanças são inexoráveis. Novas situações vão acontecer, e você não deve tentar impedir.

BAND

CruzadinhasCinema

Rio 2: EUA. Livre. Cinemais Millennium – 14h50, 17h, 19h10, 21h20 (dub/dia-riamente); 14h20, 16h30, 18h40, 20h50 (3D/dub/diariamente); 13h50, 16h, 18h10, 20h20 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h10, 16h20, 18h30, 20h40 (dub/diaria-mente); 13h30, 18h20 (3D/dub/diariamen-te); 14h40, 16h50, 19h, 21h10 (dub/diaria-mente); Cinemark 1 – 12h (dub/somente sábado e domingo), 14h40, 17h15, 19h40 (dub/diariamente), Cinemark 3 – 11h45 (3D/dub/somente sábado e domingo), 14h15, 16h40 (3D/dub/diariamente), Ci-nemark 5 – 13h, 15h30, 18h, 20h30 (3D/dub/diariamente), 23h (3d/dub/somente sábado), Cinemark 7 – 11h20 (3D/dub/so-mente sábado e domingo), 13h50, 16h20, 18h50, 21h20 (3D/dub/diariamente), 23h50 (3D/dub/somente sábado); Ciné-polis 1 – 15h10 (3D/dub/diariamente),

Cinépolis 3 – 14h10, 17h10, 20h10 (dub/diariamente), Cinépolis 4 – 16h45, 19h15, 21h45 (3D/dub/diariamente), Cinépolis 6 – 13h45, 16h15, 18h45. 21h15 (dub/diaria-mente), Cinépolis 7 – 14h15, 17h45, 20h15 (dub/diariamente), Cinépolis 9 – 15h30, 18h, 20h30 (dub/diariamente), Cinépolis 10 – 14h30, 17h, 19h45 (dub/diariamen-te); Playarte 5 – 12h50, 14h55, 17h, 19h10, 21h20 (dub/diariamente), Playarte 5 – 23h25 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 7 – 13h40, 15h50, 18h, 20h10 (dub/diariamente), 22h20 (dub/so-mente sexta-feira e sábado), Playarte 1 – 12h40, 17h40 (dub/diariamente).

S.O.S. Mulheres ao Mar: BRA. 12 anos. Cinemais Millennium – 15h10, 17h30, 19h30, 21h50 (diariamente); Ci-nemais Plaza – 14h50, 17h10, 19h10,

21h30 (diariamente); Cinemark 2 – 14h, 19h (diariamente); Cinépolis 2 – 13h10, 16h10 (diariamente); Playarte 4 – 12h50, 14h50, 16h50, 18h50, 20h50 (diariamen-te), 22h50 (somente sexta-feira e sá-bado).

Namoro ou Liberdade?: EUA. 14 anos. Cinemais Plaza – 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (dub/diariamente); Cinema-rk 8 – 15h45, 18h20, 20h45 (dub/diaria-mente); Playarte 8 – 13h15, 15h15, 17h15, 19h15, 21h15 (dub/diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Alemão: BRA. 16 anos. Cinemark 1 – 22h20 (diariamente); Playarte 8 – 13h55, 16h10, 18h25 (diariamente).

300 – A Ascensão do Império: EUA. 16 anos. Cinemais Millennium – 14h40,

16h50, 19h, 21h10 (dub/diariamente); Ci-nemais Plaza – 15h, 17h30, 19h40, 21h50 (dub/diariamente); Cinemark 2 – 16h15, 21h30 (dub/diariamente), 0h (dub/somen-te sábado), Cinemark 8 – 13h15, 23h10 (dub/diariamente); Playarte 9 – 13h50, 16h, 18h10 (3D/dub/diariamente), 20h20 (3D/leg/diariamente), 22h30 (3e/leg/so-mente sexta-feira e sábado).

Namoro ou Liberdade?: EUA. 14 anos. Cinemais Plaza – 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (dub/diariamente); Cine-mark 8 – 15h45, 18h20, 20h45 (dub/dia-riamente).

Doze Anos de Escravidão: EUA. 14 anos. Playarte 8 – 20h40 (leg/diaria-mente); 23h15 (leg/somente sexta-feira e sábado).

CONTINUAÇÕES

DILVULGAÇÃO

PRÉ-ESTREIA

11H MUNDIAL DE FÓRMULA 1H GRANDE PRÊMIO DO BAHREIN12H50 TEMPERATURA MÁXIMA15H FUTEBOL 2014H CAMPEO-NATO CARIOCA - VASCO X FLAMENGO17H DOMINGÃO DO FAUSTÃO19H45 FANTÁSTICO22H05 SUPERSTAR (ESTRÉIA)23H10 TUFH EM BUSCA DE CAMPE-ÕES0H10 FESTIVAL LOLLAPALOOZA1H30 SESSÃO DE GALA3H CORUJÃO 4H35 FESTIVAL DE DESENHOS

RECORD5H POWER RANGER – RPM6H DESENHO6H30 SANTA MISSA NO SEU LAR7H30 SABADÃO DO BAIANO8H DESENHO9H30 POPEYE9H45 INFOMERCIAL – POLISHOP10H15 POWER RANGERS – SUPER PATRULHA DELTA10H45 VERDADE E VIDA11H MINUTO DA COPA - BOLETIM11H05 PÉ NA ESTRADA 11H30 COPA PETROBRAS DE MARCAS – AO VIVO

12H30 SÓ RISOS12H35 BAND ESPORTE CLUBE14H GOL, O GRANDE MOMENTO DO FUTEBOL14H30 FUTEBOL 2014 – AO VIVO16H50 3º TEMPO 19H SÓ RISOS 20H POLÍCIA 24H21H PÂNICO NA BAND0H CANAL LIVRE1H MINUTO DA COPA – BOLETIM1H05 ALEX DENERIAZ1H40 SHOW BUSINESS - REAPRESEN-TAÇÃO3H IGREJA UNIVERSAL

Noé: EUA. 14 anos. Em um mundo dominado pelo pecado, Noé

(Russell Crowe) recebe uma missão divina: construir uma arca para salvar toda a criação de Deus de um dilúvio. Um grupo de opositores a Noé, porém, tenta se apossar da Arca em nome da defesa da raça humana e, ao mesmo tempo, luta para cooptar para o seu lado Ham (Logan Lerman), o primogênito de Noé. Cinemais Millennium – 14h, 16h40, 19h20, 22h (3D/dub/diariamente); 13h30, 16h10, 18h50, 21h30 (dub/diariamente); 15h, 18h20, 21h (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 15h40, 20h30 (3D/dub/diariamente); 14h, 16h40, 19h20, 22h (dub/diariamente); 15h20, 18h40, 21h20 (dub/diariamente); Cinemark 3 – 19h10, 22h10 (dub/diariamente), 20h10 (3D/dub/diariamente), Cinemark 4 - 23h20 (3D/dub/somente sábado), 11h10 (3D/dub/somente sábado e domingo), 14h10, 17h10 (3D/dub/diariamente), Cinemark 6 – 12h10 (3d/dub/somente sábado e domingo), 15h10, 18h10, 21h10 (3d/dub/diariamente), 0h20 (3D/dub/somente sábado); Cinépolis 1 – 18h10, 21h10 (3D/leg/diariamente), Cinépolis 5 – 13h, 19h (3D/dub/diariamente), 16h, 22h (3D/leg/diariamente), Cinépolis 8 – 13h30, 16h30 (dub/diariamente), 19h30, 22h30 (leg/diariamente); Playarte 6 – 12h50, 15h35, 18h20, 21h05 (dub/diariamente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 10 – 14h20, 17h10, 20h (leg/diariamente), 22h45 (leg/somente sexta-feira e sábado), Playarte 1 – 14h50 (3D/dub/diariamente), 20h30 (3D/leg/diariamente), 23h15 (3D/leg/somente sexta-feira e sábado).

Toque de Mestre: EUA. 14 anos. Antes da apresentação que marca seu retorno, um pianista que sofre de medo do

palco descobre um bilhete assustador em suas partituras. A ameaça afi rma que ele terá que fazer o melhor concerto de sua vida, sem um único erro, se quiser salvar a si mesmo e também sua esposa. Cinépolis 2 – 19h10, 22h10 (leg/diariamente), Ciné-polis 10 – 22h15 (leg/diariamente); Playarte 3 – 13h20, 15h15, 17h20, 19h10, 21h10 (leg/diariamente), 23h10 (leg/somente sexta-feira e sábado).

ESTREIA

Capitão América 2 – O Soldado Infernal: EUA. 12 anos. A história se passa 2 anos após os eventos mostrados em “Os Vingadores - The

Avengers”. Steve Rogers luta para cumprir seu papel no mundo moderno, em parceria com Natasha Romanoff , também conhecida como Viúva Negra, para derrotar um poderoso e misterioso inimigo na cidade de Washington dos dias atuais. Cinemark 6 – 0h01 (3D/dub/somente quarta-feira).

D06 - PLATEIA.indd 6 4/4/2014 23:22:27

Page 31: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Nem bem Manaus saiu de uma semana fatídica no trânsito – onde mais de 15 vidas

foram ceifadas em um trágico acidente – é possível constatar que o fato não serviu

de lição. Basta dar uma volta pelas ruas e avenidas da cidade para presenciar verdadeiros absurdos

provocados ao volante. Avanços de sinais vermelhos, ultrapassagens pe-

rigosas, carretas, ônibus e caçambas disputando as faixas e o velho jeitinho

brasileiro nas calçadas mostram que o perigo é constante. Pela fé!

::::: Impressionante

DIV

ULG

AÇÃO

GRATUITO

Rock e música regional em espaços públicos

Hoje, a banda Ideolo-gia Rock vai apresentar releituras de “Será” e “Tempo Perdido” da Le-gião Urbana, além de clássicos dos anos 80 e 90. Formada há 8 anos, a banda recebeu o Prêmio Amazonas Rock Brasil em 2008 e no ano seguinte foi eleita a Melhor Banda Pop/Rock no Prêmio Fest Rock Chaminé, evento promovido pela SEC em parceria com a Ordem dos Músicos do Brasil. O show acontece no Centro Cultural Usina Chaminé, a partir das 18h30.

A cantora Lucilene Castro ganha o palco do Teatro da Instalação, hoje, com a temporada “Cantos da Amazônia”.

O show apresenta diver-sos ritmos produzidos na região, como carim-bó, toadas e marabaixo. No repertório, canções de Eliakin Rufi no (Pi-menta com Sal), Chico da Silva (Amazonas) e Nilson Chaves (Sabor Açaí), além de Walde-mar Henrique, Pinduca e Lucinha Cabral.

O espetáculo apre-senta poesia, dança e música juntos. A con-cepção é da própria cantora, com arranjos e direção musical de Cé-lio Vulcão, poemas de Elson Farias, Luiz Ba-cellar e coreografi as do bailarino Branco Souza. “Cantos da Amazônia” tem uma hora e 15 mi-nutos de duração, com entrada gratuita.

Eliakin Rufi no é um dos homenageados por Lucilene

Foram duas horas de show com repertório do

tipo inesquecível-nos-tálgico, que embalou todo o público – que

não era pouco – no Dulcila da Ponta Negra. Do que

estou falando? Do show irretocável do ótimo Fag-

ner, na última quinta-feira. O evento foi alinhavado pelo gente-boa Juca Semen, que vem acertando em cheio nos últimos eventos. Confi ra os confetes-com-fl ashes.

::::: Borbulhas de amor Mesmo sendo um dos cartões-

postais de Manaus e orgulho da engenharia que por aqui aportou

no período áureo da borracha, o porto de Ma-naus continua

abandonado. Na verdade, a estrutura

fi cou pior porque parte dos galpões foram desmontados para

servir de abrigo para o que seria a infeliz ideia do camelódromo de Ma-naus. Com a Copa, é melhor desviar os navios para um ponto alternativo, afi nal, com o Booth Line em ruínas e a estrutura do porto carcomida, o local não vende bem a cidade. Se é que vocês me entendem...

::::: E o porto?

A Boucheron, consagrada pelos seus per-fumes masculinos e femininos, símbolo do luxo e da sofi sticação, aterrissará na cidade. A grife francesa, fundada há mais de 150 anos, chegará às prateleiras das lojas Top Internacional, na próxima terça-feira. Um coquetel para somente 13 sobrenomadas marcará a chegada da marca famosa, na loja do Manauara Shopping.

::::: Noite estrelada

Os queridos Nejmi e Omar Aziz em momento descontra-ção “in family”. Nejmi Jomaa Aziz é mesmo uma mulher altiva. Acompanhou Omar em todas as grandes bata-lhas que o ex-governador travou em sua adminis-tração. Esteve com ele no Ronda no Bairro, Arena da Amazônia, Festival de Parintins, Prosamim, enchentes, seca, entrega de moradias e em outras tantas ações indispen-sáveis do governo de oportunidades. Foi e é exemplo de personalidade. Para fi car na história.

Mário Bernardino e sua Cláudia

Meg Hoaegen, Lúcia Viana, Nathalie Sobral, Menga Junqueira, Maria do Carmo Magalhães e Eliane Schneider

Porfírio Lemos e Eliane Moreira

Mirian Laredo e Jorginho Pereira

O as-tral da noite:

Fagner

PlaNem bem Manaus saiu de uma semana

fatídica no trânsito – onde mais de 15 vidas foram ceifadas em um trágico acidente – é

possível constatar que o fato não serviu

sinais vermelhos, ultrapassagens pe-rigosas, carretas, ônibus e caçambas

disputando as faixas e o velho jeitinho brasileiro nas calçadas mostram que o

perigo é constante. Pela fé!

::::: ImpressionanteOs queridos Nejmi e Omar Aziz em momento descontra-ção “in family”. Nejmi Jomaa Aziz é mesmo uma mulher altiva. Acompanhou Omar em todas as grandes bata-lhas que o ex-governador

tração. Esteve com ele no

de moradias e em outras

exemplo de personalidade.

O em-presário

Juca Semen

Neuza Marques

Mirian Laredo e Jorginho Pereira

Andréa Medeiros e George Tasso

FOTO

S: J

AND

ER V

IEIR

A

D07 - PLATEIA.indd 7 4/4/2014 22:45:06

Page 32: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

D08 - PUBLICIDADE.indd 8 4/4/2014 22:42:45

Page 33: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

3 Shakespeare radiografado Nos 450 anos do bardo, sua obra ganha nova ossinatura. Págs. 4 e 5

2 Torturadores de pijamas Alfredo Sirkis diz por que não mexer na Lei da Anistia. Pág. 3

1 A equação de Gandhi E outras 8 indicações culturais. Pág. 2

Do arquivo de Helena Solberg

4 Arquitetura da caipirinha Diário de Tóquio. Pág. 6

5 Rio de Janeiro, 1960. Pág. 7

Capailustração deGuto Lacaz

G01 - ILUSTRISSIMA.indd 1 4/4/2014 23:59:39

Page 34: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

G2 MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

Ilustríssima Semana O MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

LITERATURAEntrevista feita pela cineasta Helena Solberg em 1960 com o escritor Graham Greene

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

ARTES PLÁSTICASAlgumas das obras expostas na mostra Spectres

>>folha.com/ilustrissima

ALEXANDRE VIDAL PORTO, 49, é colunista da Folha, diplomata e lança neste mês o romance “Sérgio Y. Vai à América” (Companhia das Letras).

ALFREDO SIRKIS, 63, é autor de “Os Carbonários” (Record) e deputado federal pelo PSB-RJ.

GUTO LACAZ, 65, é arquiteto e artista plástico.

HELENA SOLBERG, 75, é cineasta e terá retrospectiva no É Tudo Verdade, até 14/4. O festival lança o livro “Helena Solberg – Do Cinema Novo ao Documentário Contemporâneo”.

JOÃO MONTANARO, 17, é quadrinista e cartunista da Folha.

NELSON DE SÁ, 53, cotradutor da versão de “Hamlet” encenada pelo Ofi cina, escreve sobre teatro na “Ilustrada” e no blog Cacilda.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

EXPOSIÇÃO | ROESLER HOTEL O projeto criado em 2004 monta em

sua 26ª edição a mostra ‘Spectres’, com curadoria do historiador da arte francês Matthieu Poirier,em que a questão cen-tral é a fugacidade da luz. São obras de artistas como James Turrell, Julio Le Parce e Hiroshi Sugimoto.

Galeria Nara Roesler | tel. (11) 3063-2344 | seg. a sex., das 10h às 19h, sáb., das 11h às 15h | grátis | até 5/7

DEBATE | O MUSEU DESAPARECIDO A rede criada pelos nazistas para o roubo sistemático de obras de

arte, desde a ascensão de Adolf Hitler ao poder na Alemanha até o fi m da Segunda Guerra, é o tema do livro do porto-riquenho Héctor Feliciano. Considerada uma das principais obras a esse respeito, ela terá lançamento em São Paulo com debate entre seu autor e o editor da ‘Ilustríssima’, Cassiano Elek Machado. O evento é promovido pela editora WMF Martins Fontes, pela Folha e pela Livraria da Vila.

Livraria da Vila – shopping Pátio Higienópolis | tel. (11) 3660-0230 | ter. (8), às 19h30 | grátis

trad. Silvana Cobucci Leite | WMF Martins Fontes | R$ 47,50 | 432 págs.

‘Nakazora #1419’ (2000), de Masao Yamamoto

1

FOTOGRAFIA | MASAO YAMAMOTO A Galeria Marcelo Guarnieri, de

Ribeirão Preto, inaugura seu ende-reço paulistano com individual da qual constam livros, fotografi as e instalação do artista japonês, que tem trabalhos no Museu Victoria & Albert, de Londres, e na Maison Européenne de la Photographie, em Paris.

Galeria Marcelo Guarnieri | tel. (11) 3083-4873 | seg. a sex., das 10h às 19h, sáb., das 10h às 17h | grátis | até 17/5

LIVRO | HERMANN BROCH Publicado pela primeira vez no Brasil,

‘Espírito e Espírito de Época: Ensaios sobre a Cultura da Modernidade’ reúne seis textos do autor da trilogia ‘Os So-nâmbulos’ sobre, entre outros, James Joyce e o kitsch nas artes.

trad. Marcelo Backes | Benvirá | R$ 49,90 | 264 págs.

MASAO YAMAMOTO/DIVULGAÇÃO

‘#06’, da série Paisagens Distópicas (2014), de Marcelo Gandhi

LANÇAMENTO | LIVRO POESIA O poeta e professor de literatura brasileira da USP Alcides Villaça lança

nesta semana ‘Ondas Curtas’, que traz 71 poemas recentes. Haverá leitura comentada e sessão de autógrafos.

Espaço Revista Cult | tel. (11) 3032-2800 | qua. (9), às 19h grátis | Cosac Naify | R$25 | 112págs.

EXPOSIÇÃO | MARCELO GANDHI O artista nascido no Rio Grande do

Norte e radicado em São Paulo ex-põe ‘Cowboy+Xerife+Deus = Minotauro Desenho+Pintura+Objeto= Sacanagem’, com obras em que mistura desenho, pintura e performance para falar da vida urbana e do universo pop.

Galeria Tato | tel. (11) 98171-2121 | seg. a sex., das 10h às 19h, sáb., das 10h às 16h | grátis | até 3/5

LITERATURA | PRIMAVERADOS LIVROS A 10ª edição do evento, organizado pela Libre

(Liga Brasileira de Editoras), terá saraus com 15 coletivos de cultura e literatura da periferia da cidade, como a Cooperifa, shows, exibições de fi lmes, lançamentos de livros e vendas de títulos com desconto.

Praça Dom José Gaspare | Biblioteca Mário de Andrade | libre.org.br | de qui. (10) a dom. (13), das 9h às 21h

LIVRO MARY SHELLEY A autora de ‘Frankenstein’ morreu em 1851,

mas seu livro ‘Maurício ou a Cabana do Pescador’ só foi descoberto em 1997, em um castelo na Itália. A história para crianças escrita em 1820, dedicada a Laurette Tighe, fi lha de amigos do casal Mary e Percy Bysshe Shelley, trata em tom melancólico da separação de pais e fi lhos.

trad. Luciana Viégas | Graphia | R$ 35 | 52 págs.

LIVRO | TUDO SOBRE A CASA Diante da pletora de informação

disponível a dois cliques de mouse, parece pretensioso que um livro relativamente enxuto possa reivin-dicar o título “tudo sobre”. Mas esta obra, que consumiu dez anos de trabalho de Anatxu Zabalbeascoa, historiadora e crítica de arquitetura do jornal espanhol “El País”, se coloca bastante à altura da tarefa. O caráter enciclopédico do volume --que, como uma casa, se divide em cômodos: banheiro, cozinha, sala de jantar, dormitório, jardim e sala-- nos recorda que, mais importante do que acessar as informações, é associá-las de forma inteligente. As simpáticas ilustrações de Riki Blanco e a diagramação arejada tornam-no sedutor a um público mais amplo que o de estudantes de arquitetura (os quais, aliás, muito poderão se benefi ciar dele), che-gando a qualquer um que procure conhecer, por meio dessa unidade mínima que é o lar, boa parte da história das civilizações. (Frances-ca Angiolillo)

trad. Maria Alzira Brum Le-mos | Gustavo Gili | R$ 99 | 224 págs.

DIVULGAÇÃO

ARQUIVO PESSOAL

G02 - ILUSTRISSIMA.indd 2 5/4/2014 00:05:40

Page 35: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

G3MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

2Tiro no pé

Política

Foi francamente irônico o resultado da recente pesqui-sa do Datafolha sobre a Lei da Anistia. Há uma maioria favorável a revê-la para poder julgar os torturadores e uma

ALFREDO SIRKIS

Por que rever a Lei da Anistia é um erro

RESUMOJulgamento de crimes cometidos pelo Esta-do ocupa centro do debate nos 50 anos do golpe no Brasil. Para deputado e ex-guerrilheiro, é impro-vável e incongruente levar à prisão “mili-tares de pijama” por fatos daquela época quando foco deveria ser fazer cessar a tortura, vigente desde antes do regime mili-tar e ainda existente.

maioria, maior ainda, para rejul-gar a nós, ex-guerrilheiros pelas ações que cometemos. Por um instante me vi, com meus 63 anos, no tribunal, respondendo pelos dois sequestros de em-baixadores dos quais participei, aos 19, e que propiciaram a libertação de 110 presos po-líticos, alguns eventualmente destinados à Casa da Morte. Na época fui condenado duas vezes à prisão perpétua (com mais 30 anos de lambuja para a encarnação subsequente) pelas auditorias militares.

Costumo dizer que, daquilo tudo, não me orgulho nem me envergonho. Mas já tive pesade-los horrendos: a organização me ordena a executar o embaixador suíço, Giovanni Enrico Bucher – um sujeito boa-praça que não gostava da ditadura – porque tinham se recusado a libertar todos nossos presos. Tenho uma pistola na mão, mas não quero me tornar um assassino. Acordo coberto de suor frio.

Graças a Deus, aquilo termi-nou bem, e nossos 70 compa-nheiros foram mandados a San-tiago do Chile porque consegui convencer nosso comandante, Carlos Lamarca, a aceitar a

recusa de alguns dos presos “estratégicos” e negociar a sua substituição por outros que a ditadura Médici aceitava sol-tar. Hoje vejo num sequestro desse tipo, de um diplomata inocente, ameaçado de execu-ção, mesmo sob uma ditadura, um ato no limite do terrorismo, no que pese o nosso desespero de então. Em alguns casos, esse limite foi ultrapassado. Penso no marinheiro inglês metralha-do na praça Mauá, na bomba de Guararapes ou na execução daquele militante que queria deixar uma organização.

BalançaÉ possível equiparar esse

punhado de atos criminosos à tortura generalizada, institucio-nalizada, sancionada desde o nível presidencial que se abateu não apenas sobre nós, resis-tentes armados, como sobre opositores sem violência, como no caso do PCB, e milhares de “simpatizantes” e outros, presos por equívoco?

Claro que não; mas essa anis-tia “recíproca” foi resultado de uma correlação de forças dos idos de 1979, um acordo político que permitiu a libertação dos

presos e nossa volta do exílio. O primeiro problema de rever

essa lei para poder julgá-los, 40 e tantos anos depois dos fatos, é a repercussão sobre outros complicados processos de redemocratização pelo mun-do afora. Frequentemente, para remover um regime de força, é preciso pactuar com os que ain-da ocupam o poder e ainda têm enorme capacidade de fazer dano. As torturas e execuções na África do Sul e na Espanha não foram menores do que no Brasil – é o mínimo que se pode dizer – mas lá a opção foi não colocar os antigos repressores nos bancos de réus.

Na África do Sul, a lógica da Comissão da Verdade foi reconstituir os fatos e obter dos responsáveis pelo odioso apartheid a confi ssão, não com vistas à condenação penal, mas à expiação moral e a supera-ção conjunta de tudo aquilo. Também foram colocados na mesa para uma catarse de superação coletiva certos epi-sódios sangrentos dentro da maioria negra.

Fim de carreiraConfesso que senti satisfação

ao ver o general Jorge Rafael Videla terminar a vida numa prisão argentina. Penso, no entanto, que a razão decisiva para julgar (uma parte) dos comandantes daquele regime assassino foi o prosseguimento das conspirações militares já no período democrático, com quarteladas durante os gover-nos de Raul Alfonsín e Carlos Menem. No Chile, alguns poucos foram julgados, mas o general Augusto Pinochet Ugarte con-tinuou comandando o Exército por um bom tempo na transição e só sofreu embaraço jurídico no Reino Unido, jamais no Chile.

Não há uma formula única, “correta”. No que pese o sen-timento de busca de justiça das vítimas e seus familiares – que respeito profundamen-te, à diferença daqueles que querem apenas surfar politica-mente na causa – trata-se de uma decisão jurídica, por um lado, e de uma questão polí-tica, por outro. Juridicamente, o STF já se pronunciou a esse respeito. Politicamente, vejo a revisão como contraproducen-te e concordo plenamente com a presidente Dilma Rousseff quando se manifesta contrária

à anulação da anistia.

NarrativasDesde os anos 80, vem pre-

valecendo, grosso modo, a nar-rativa da esquerda sobre os “anos de chumbo”. Os verdu-gos dos porões do DOI-Codi viveram vidas existencialmente miseráveis. Uma parte, despro-porcional, já morreu de morte morrida; outros tornaram-se criminosos comuns, bicheiros, contrabandistas. No estamento militar há um sentimento geral de condenação àquela máquina de torturas e execuções – que acabaram inclusive atentando fortemente contra a hierarquia militar e sujando a imagem das Forças Armadas –, embora sem nenhuma propensão a aceitar a narrativa da esquerda. Não iremos convencer os militares a adotar, agora, um maniqueísmo reverso ao deles, na época.

Por todo ordenamento jurídi-co brasileiro, hoje seria total-mente impossível – a não ser que se viesse a adotar toda uma nova legislação de exceção – condenar esses militares de pijama, na maioria septuage-nários ou octogenários, a servir penas na prisão.

Page 36: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

G4 MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 G5

Teatro

RESUMOÀs vésperas da co-memoração dos 450 anos do nascimento de William Shakes-peare, pesquisadores publicam livro com peças em que autor de “Romeu e Julieta” teria colaborado. Os textos, que teriam sido escritos a vá-rias mãos ou sofrido alterações posteriores pelo bardo, reacen-dem debate em torno de seu cânone.

3Batalha nas coxias

“Sai, perseguido por um urso” é uma das rubricas mais conhecidas de William Shakespeare (1564-1616). A indicação de cena, que faz parte da peça “Conto de In-verno”, expõe uma face menos difundida do teatro londrino de então, acentuadamente popular: o vínculo com espe-táculos de animais. Ela reapa-rece noutra peça, aumentada e representada pela compa-nhia teatral de Shakespeare na mesma época (c. 1610), “Mucedorus”.

Esta foi considerada a co-média mais popular na cidade, na virada do século 16 para o 17. Entre as tragédias, a de maior apelo era “The Spanish Tragedy”, a qual também foi ampliada, em 1602. Shakes-peare não é o autor original de nenhuma das duas, mas teria escrito esses acréscimos – inclusive a rubrica do urso.

É o que propõe “William Shakespeare & Others - Colla-borative Plays” [St. Martins Press, 782 págs., R$ 96,30, sob encomenda], que reúne dez peças e ensaios, de vários autores, sobre elas.

O livro, publicado no fi nal do ano passado na Ingla-terra, em associação com a Royal Shakespeare Company (RSC), reúne o trabalho de seis editores, liderados por Jonathan Bate, da Universida-de de Oxford. Desde então, o volume vem motivando ondas de apoio e também controvér-sia na comunidade acadêmica shakespeariana.

Um dos editores, Will Shar-pe, da Universidade de Birmin-gham, assina no livro o ensaio “Authorship and Attribution” (autoria e atribuição), no qual detalha as técnicas usadas para identifi car as peças co-laborativas de Shakespeare. Sharpe diz que os chamados “estudos de atribuição” são o reverso de uma discussão ainda mais controversa, a da “questão autoral” – que não propõe colaboradores para o dramaturgo, e sim alternati-vas a ele.

Essa causa refl uiu nos úl-timos anos, depois de inspi-

NELSON DE SÁ ILUSTRAÇÃO GUTO LACAZ

A academia se ouriça para ampliar número de peças de Shakespeare

rar até uma superprodução hollywoodiana, “Anônimo” (2011), dirigida por Roland Emmerich, que defendia outro autor para as peças, o conde de Oxford – e que foi um fracasso de bilheteria.

Agora, nos 450 anos de Shakespeare – a serem co-memorados no próximo dia 23, data convencionada, em-bora não comprovada, de seu nascimento – a aposta são “estudos de atribuição” como os coligidos em “Collaborati-ve Plays”.

Além do cânone de 38 peças, um quarto delas reconhecida-mente escritas tendo o dra-maturgo como colaborador, buscam-se novos textos que o teriam como coautor.

James Shapiro, professor da Universidade Columbia que publicou um livro infl uente rebatendo as tentativas de revogação de autoria, “Quem Escreveu Shakespeare?” [Nos-sa Cultura, 356 págs., R$ 59], recorda que por muito tempo os acadêmicos se mantiveram afastados do tema das coau-torias shakespearianas.

Por exemplo, quando co-meçou a dar aulas nos anos 1980, abordando peças como “Titus Andronicus” e “Timão de Atenas”, ele não fazia ideia de que tinham sido escritas por Shakespeare com os colegas George Peele e Thomas Midd-leton, respectivamente. Ago-ra, sabe-se que ele trabalhou com colaboradores tanto cedo na carreira (“Titus”) como mais tarde (“Timão”).

Para Shapiro, o novo livro é uma edição marcante e rica das peças, permitindo revisitar de uma maneira nova a pergunta “O que é shakespeariano?”.

CânoneNem todos veem assim.

Gary Taylor, da Universidade Estadual da Flórida, foi um dos editores de “The Oxford Shakespeare” em 2005 (Oxford University Press), no qual se incluíram pela pri-meira vez, entre as obras

completas, textos como “Sir Thomas More”. Num artigo para o “Washington Post”, há dois meses, ele acusou a equi-pe de “Collaborative Plays” de ir longe demais ao tentar acrescentar dez novas peças ao cânone.

Taylor elogia o ensaio “exce-lente” de Will Sharpe, que re-conhece que quatro das peças reproduzidas provavelmente não são de Shakespeare. Mas questiona o editor principal, Bate, que, em seu ensaio no livro, justifi ca a inclusão das quatro peças por terem sido atribuídas ao dramaturgo na época. Para Taylor, a explica-ção é frágil, pois muitas outras peças foram publicadas como sendo de autoria de Shakespe-are e mesmo assim não foram incluídas no volume.

Questionado, Sharpe res-ponde que a equipe chegou a discutir, antes da publica-ção, se a expressão peças colaborativas poderia ser enganadora (“misleading”). “O título guarda-chuva ideal seria ‘Shakespeare Apócrifo’, porque é isso o que as dez peças têm em comum, mas é o nome do livro clássico de C.F. Tucker [‘Shakespeare Aprocrypha’, 1908, que lista e analisa 42 textos] e então seria necessário editar toda peça já atribuída a Shakespe-are, uma tarefa imensa.”

Ele acrescenta que não se deve sobrevalorizar o título, porque, quando se começa a ler, fi ca evidente que o volume não atribui todas as peças a Shakespeare. “Nós não esta-mos fazendo reivindicações sensacionalistas e falsas so-bre autoria”, diz, contrariado, apesar dos elogios de Taylor a seu ensaio de 104 páginas.

Parte das críticas deve ser contextualizada pela corrida – agora escancarada – para comprovar e estabelecer o que mais deve ser incluído no câ-none. Outras edições de obras completas, inclusive “RSC Shakespeare: The Complete Works”, editada pelo mesmo Bate em 2007, vêm acrescen-tando peças à lista. A popular e prestigiosa coleção Arden somou “Double Falsehood”, originalmente “Cardenio”, à sua lista em 2010.

Das dez peças de “Collabo-rative Plays”, cinco são iden-tifi cadas por Sharpe como “quase certamente ou muito provavelmente” escritas por Shakespeare, em colabora-ção com outros autores: “Sir Thomas More”, “Edward III”, “Arden of Faversham”, “The Spanish Tragedy” e “Double Falsehood”. “Mucedorus”, a sexta, “vale a pena ser con-siderada”. As demais seriam “muito improváveis ou qua-se impossíveis”: “A Yorkshire Tragedy”, “The London Pro-digal”, “Locrine” e “Thomas Lord Cromwell”.

Corrida O esforço cente-nário de distinguir entre o Shakespeare canônico, aquele encontrado na primeira edi-ção das peças logo depois sua morte (o “First Folio”, com 36 obras), e o apócrifo, com textos deixados de fora, nunca se repetiu com outros autores

elisabetanos, segundo Peter Kirwan, da Universidade de Nottingham, também coedi-tor do livro.

Teria sido uma forma de afastar o dramaturgo do “mundo bagunçado” daquele início da dramaturgia moder-na, no qual peças atribuídas a nomes como Ben Jonson (1572-1637) têm sua autoria dissolvida em colaborações, revisões etc.

Nas últimas décadas, po-rém, progrediu muito a com-preensão sobre autoria nos séculos 16 e 17, graças aos exames com apoio de com-putador. Cresceu também a aceitação de que, como em fi lmes e séries de televisão na Hollywood de hoje, naquele momento as peças eram es-critas e reescritas por muitas mãos, em ritmo industrial.

E novas trilhas são abertas. Meses antes de “Collaborative Plays” chegar às livrarias, um professor da Universidade do Texas, Douglas Bruster, publi-cou ensaio afi rmando que 325 versos acrescentados a “The Spanish Tragedy” para uma encenação pela companhia de Shakespeare têm caracterís-ticas que derivam de difi cul-dades de leitura, por parte dos tipógrafos, dos manuscritos do dramaturgo (revista qua-drimestral “Notes & Queries”, Oxford, agosto de 2013).

A peça é quase unanime-mente atribuída a Thomas Kyd (1558-94), mas aquelas centenas de linhas seriam colaborações shakespearia-nas. Agora Bruster preten-de editar sua própria versão das obras completas, prevista para 2016 e intitulada “Bank-side Shakespeare”, já com as passagens adicionais.

Ele não está sozinho na corri-da editorial. Maior referência contemporânea no desenvol-vimento de mecanismos de atribuição de autoria, MacDo-nald P. Jackson, da Universi-dade de Auckland, da Nova Zelândia, lança daqui a três meses uma edição de “Arden of Faversham” que vai propor

expressamente acrescentar a peça ao cânone shakesperia-no, a partir de juízo formado com técnicas estilométricas e testes quantitativos.

A equipe de editores de “Collaborative Plays” não esconde ter se baseado, em parte, nos perfi s de drama-turgos elisabetanos desenvol-vidos por Jackson nos anos 1970 e lista as seis “marcas estilísticas” centrais adotadas para indicar colaboração nas peças analisadas: contrações preferidas (como “I’ll” em vez de “I will”), formas verbais (como “hath” em vez de “has”), métrica, palavrões, preposi-ções e pronomes.

Jackson e seus colegas tra-balhavam de início manual-mente, mas dos anos 1990 para cá, sublinha o livro, “esse trabalho hercúleo se tornou relativamente fácil”, com os textos do período elisabe-tano sendo absorvidos por bases de dados computado-rizadas, munidas de funções de busca sofi sticadas, que podem ser feitas em segun-dos, quando antes tomavam anos, “talvez décadas”.

Daí a concorrência cres-cente pela revisão do cânone shakespeariano, agora po-tencializada pela proximida-de das efemérides – além dos 450 anos de natalício, aproximam-se os 400 anos de morte, a serem lembrados em 2016.

Três peçasApanhado no redemoinho

acadêmico e editorial, Will Sharpe diz que o objetivo cen-tral do novo livro é apenas trazer para a boca de cena e para o público, um deba-te sobre as contribuições de Shakespeare que já acontecia em publicações universitárias e em bibliotecas. Não se deve procurar na obra uma grande revelação, embora a imprensa londrina tenha feito exata-mente isso.

O “Observer”, por exem-plo, publicou em outubro uma reportagem intitulada “Shakespeare’s fi ngerprints found on three Elizabethan plays” (digitais de Shakespe-are são encontradas em três peças elisabetanas). O texto referia-se a “The Spanish Tra-gedy”, “Arden of Faversham” e “Mucedorus”.

Com relutância, Sharpe ad-mite que talvez a maior reve-lação potencial seja mesmo “The Spanish Tragedy”, por ser um clássico da Renascen-ça inglesa, a primeira gran-de tragédia popular do palco elisabetano, enfi m, “a melhor peça” dentre as dez editadas agora. Um texto que, fi rma o editor, merece ser mais re-presentado do que é – o que certamente acontecerá se fo-rem estabelecidos os adendos shakespearianos.

Argumento semelhante vale para “Arden”, uma tragédia doméstica muito à frente de seu tempo, sobre uma cidade inglesa comum, sobre pesso-as comuns e um assassinato, “uma grande peça para re-montar”. Não por coincidên-cia, a mesma RSC que coedita o livro prepara uma produção da obra para o fi nal deste mês, em Stratford-upon-Avon, ci-dade natal de Shakespeare (veja destaques da progra-mação de comemoração dos 450 anos ao lado).

“Mucedorus” seria um caso diferente, até porque “precisa de mais investigação”. Muito do estudo sobre atribuição no livro é dedicado a ela, que foi a peça mais publicada no período, anonimamente, com 17 edições entre 1598 e 1668. Há “provas linguísticas ins-

tigantes” que sugerem que Shakespeare se envolveu nos trechos adicionais, acrescen-tados quando sua companhia encenou o texto e ele era o dramaturgo-chefe.

Também os temas são simi-lares àqueles das peças que escreveu então, como “Conto de Inverno” e “Cymbeline”, mas Sharpe prefere esperar, em vez de ser assertivo, jus-tifi cando que há um livro pro-gramado para sair em 2016, escrito por MacDonald Jack-son, sua principal referên-cia. “Aguardamos esse estudo com grande interesse”.

O original de “Mucedorus” é usualmente atribuído aos chamados “university wits”, dramaturgos com formação em Oxford ou Cambridge. Ro-bert Greene e Thomas Lodge – este um escritor que curio-samente viveu alguns meses em Santos, no colégio jesuíta, em 1591/92 – são as apostas mais citadas por acadêmicos, mas não há prova que ampare uma autoria.

Santo graalPor mais convincentes que

sejam os levantamentos de estilometria e outros utiliza-dos em “Collaborative Plays”, como um novo sost ware para localização de autoplágios, o resultado obtido por meio deles é só um aumento na probabilidade de determina-da autoria, não uma prova defi nitiva, física. A exceção é “Sir Thomas More”, peça que sobreviveu apenas como manuscrito, com várias cali-grafi as, sem ter sido editada ou sequer encenada na época em que foi escrita.

Uma cena escrita na letra apelidada de “hand d”, cali-grafi a d, vem sendo exami-nada desde o fi nal do século 19 como possível Santo Graal dos “estudos de atribuição”. Sir Edward Thompson, pri-meiro diretor do Museu Britâ-nico e importante paleógra-fo, especialista em escritas antigas, proclamava já em 1916 que era, sim, da pena de Shakespeare.

Os estudos acumulados des-de então permitem afi rmar hoje, segundo Sharpe, que há quatro características orto-gráfi cas das seis assinaturas conhecidas de Shakespeare que são totalmente únicas, não localizadas em qualquer outro documento, exceto pela passagem da caligrafi a d, em que são encontradas todas as quatro.

São elas: um “a” com espo-ras, uma forma única de “w”, um fl oreio estranho no “k”

e traços superiores também únicos no “m” e no “w” de uma das seis assinaturas.

As formas das letras são “muito, muito idiossincráti-cas”, diz Sharpe. Combinadas com as provas de ortogra-fi a, de contração e colocação de palavras, de repetição de imagens, entre outras, cons-truíram uma causa mais forte para “Sir Thomas More” do que para as outras.

No manuscrito guardado hoje na Biblioteca Britânica, a peça é um volume disfor-me, com vários pedaços de papel colados, conformando uma ordem aparente. Com abundantes revisões, inser-ções e cortes, “é um dos mais fascinantes exemplos de um documento teatral em elabo-ração”, segundo descrição em “Collaborative Plays”.

No enredo, uma passagem creditada a Shakespeare mos-tra como o humanista Thomas More (1478-1535) contém uma revolta de artesãos e aprendizes em Londres, con-tra imigrantes. Ele questiona se, forçados a viver na França ou em Portugal: “Vos agrada-ria nação tão primitiva, que irrompesse com uma violência hedionda [...] ou vos chutasse como cães? [...] Eis vossa de-sumanidade horrenda” (leia a tradução de Alípio Correia de Franca Neto à pág. 8).

No palcoNuma resenha elogiosa a

“Collaborative Plays”, a re-vista “Around the Globe” (Shakespeare’s Globe, prima-vera de 2014) afi rma que a coletânea permite vislumbrar um mundo em que a autoria era comunal e complexa, avan-çando assim na compreensão de que Shakespeare foi de fato “um homem de teatro”.

As últimas 36 páginas do livro são dedicadas a depoi-mentos de encenadores e atores que trabalharam com as peças. Terry Hands, que foi diretor-artístico da pró-pria RSC e montou “Arden of Faversham”, afi rma não ver qualquer sinal do dramaturgo no texto.

Mas acrescenta que uma das cenas, com a destruição de um missal, um livro de orações para missa, “é mais audaciosa até”do que a queima do Corão em “Tamburlaine”, de auto-ria de Christopher Marlowe (1564-93). Ele pergunta por que não se pode “celebrar uma peça marcante de um autor que não tenha escrito mais nada”. Em outras palavras: Por que uma boa peça, como “Arden”, precisa da assinatura de Shakespeare?

O diretor brasileiro Ron Daniels concorda. “Pois é, a indústria shakespeariana não para. Cada um de nós procu-ra ganhar a vida, publicando livros, desenvolvendo teorias e montando peças. Para mim, só o que importa é descobrir uma maneira de encenar es-sas peças para que tragam sentido às nossas vidas. Que importa quem as escreveu? Que diferença faz?”

Questionado, ele responde que talvez seja oportunismo procurar novas peças nos 450 anos do dramaturgo, mas acrescenta que “tudo bem: quanto mais Shakespeare, melhor”. Quanto à autoria colaborativa, insiste que é só curiosidade acadêmica. “Para o ator, para o diretor, o que importa é a vida que as peças têm no palco”.

Daniels foi colega de Hands na RSC e assistiu à sua monta-gem, no início dos anos 1980. “Se bem me lembro, ‘Arden’ é um melodrama doméstico muito gostoso”.

ADICIONALAlém do cânone for-mado por 38 peças, um quarto delas reco-nhecidamente escritas tendo o dramaturgo como colaborador, buscam se novos textos que o teriam como coautor

FEITOSO esforço centenário de distinguir entre o Shakespeare canôni-co e o apócrifo, com textos até então dei-xados de fora, nunca se repetiu com outros autores elisabetanos que se tem registro

CERTEZAPor mais convincentes que sejam os levanta-mentos de estilome-tria e outros usados no livro, o resultado obtido por meio deles não é uma prova defi-nitiva da autoria das produções literárias

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 5/4/2014 00:16:49

Page 37: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

G4 MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 G5

Teatro

RESUMOÀs vésperas da co-memoração dos 450 anos do nascimento de William Shakes-peare, pesquisadores publicam livro com peças em que autor de “Romeu e Julieta” teria colaborado. Os textos, que teriam sido escritos a vá-rias mãos ou sofrido alterações posteriores pelo bardo, reacen-dem debate em torno de seu cânone.

3Batalha nas coxias

“Sai, perseguido por um urso” é uma das rubricas mais conhecidas de William Shakespeare (1564-1616). A indicação de cena, que faz parte da peça “Conto de In-verno”, expõe uma face menos difundida do teatro londrino de então, acentuadamente popular: o vínculo com espe-táculos de animais. Ela reapa-rece noutra peça, aumentada e representada pela compa-nhia teatral de Shakespeare na mesma época (c. 1610), “Mucedorus”.

Esta foi considerada a co-média mais popular na cidade, na virada do século 16 para o 17. Entre as tragédias, a de maior apelo era “The Spanish Tragedy”, a qual também foi ampliada, em 1602. Shakes-peare não é o autor original de nenhuma das duas, mas teria escrito esses acréscimos – inclusive a rubrica do urso.

É o que propõe “William Shakespeare & Others - Colla-borative Plays” [St. Martins Press, 782 págs., R$ 96,30, sob encomenda], que reúne dez peças e ensaios, de vários autores, sobre elas.

O livro, publicado no fi nal do ano passado na Ingla-terra, em associação com a Royal Shakespeare Company (RSC), reúne o trabalho de seis editores, liderados por Jonathan Bate, da Universida-de de Oxford. Desde então, o volume vem motivando ondas de apoio e também controvér-sia na comunidade acadêmica shakespeariana.

Um dos editores, Will Shar-pe, da Universidade de Birmin-gham, assina no livro o ensaio “Authorship and Attribution” (autoria e atribuição), no qual detalha as técnicas usadas para identifi car as peças co-laborativas de Shakespeare. Sharpe diz que os chamados “estudos de atribuição” são o reverso de uma discussão ainda mais controversa, a da “questão autoral” – que não propõe colaboradores para o dramaturgo, e sim alternati-vas a ele.

Essa causa refl uiu nos úl-timos anos, depois de inspi-

NELSON DE SÁ ILUSTRAÇÃO GUTO LACAZ

A academia se ouriça para ampliar número de peças de Shakespeare

rar até uma superprodução hollywoodiana, “Anônimo” (2011), dirigida por Roland Emmerich, que defendia outro autor para as peças, o conde de Oxford – e que foi um fracasso de bilheteria.

Agora, nos 450 anos de Shakespeare – a serem co-memorados no próximo dia 23, data convencionada, em-bora não comprovada, de seu nascimento – a aposta são “estudos de atribuição” como os coligidos em “Collaborati-ve Plays”.

Além do cânone de 38 peças, um quarto delas reconhecida-mente escritas tendo o dra-maturgo como colaborador, buscam-se novos textos que o teriam como coautor.

James Shapiro, professor da Universidade Columbia que publicou um livro infl uente rebatendo as tentativas de revogação de autoria, “Quem Escreveu Shakespeare?” [Nos-sa Cultura, 356 págs., R$ 59], recorda que por muito tempo os acadêmicos se mantiveram afastados do tema das coau-torias shakespearianas.

Por exemplo, quando co-meçou a dar aulas nos anos 1980, abordando peças como “Titus Andronicus” e “Timão de Atenas”, ele não fazia ideia de que tinham sido escritas por Shakespeare com os colegas George Peele e Thomas Midd-leton, respectivamente. Ago-ra, sabe-se que ele trabalhou com colaboradores tanto cedo na carreira (“Titus”) como mais tarde (“Timão”).

Para Shapiro, o novo livro é uma edição marcante e rica das peças, permitindo revisitar de uma maneira nova a pergunta “O que é shakespeariano?”.

CânoneNem todos veem assim.

Gary Taylor, da Universidade Estadual da Flórida, foi um dos editores de “The Oxford Shakespeare” em 2005 (Oxford University Press), no qual se incluíram pela pri-meira vez, entre as obras

completas, textos como “Sir Thomas More”. Num artigo para o “Washington Post”, há dois meses, ele acusou a equi-pe de “Collaborative Plays” de ir longe demais ao tentar acrescentar dez novas peças ao cânone.

Taylor elogia o ensaio “exce-lente” de Will Sharpe, que re-conhece que quatro das peças reproduzidas provavelmente não são de Shakespeare. Mas questiona o editor principal, Bate, que, em seu ensaio no livro, justifi ca a inclusão das quatro peças por terem sido atribuídas ao dramaturgo na época. Para Taylor, a explica-ção é frágil, pois muitas outras peças foram publicadas como sendo de autoria de Shakespe-are e mesmo assim não foram incluídas no volume.

Questionado, Sharpe res-ponde que a equipe chegou a discutir, antes da publica-ção, se a expressão peças colaborativas poderia ser enganadora (“misleading”). “O título guarda-chuva ideal seria ‘Shakespeare Apócrifo’, porque é isso o que as dez peças têm em comum, mas é o nome do livro clássico de C.F. Tucker [‘Shakespeare Aprocrypha’, 1908, que lista e analisa 42 textos] e então seria necessário editar toda peça já atribuída a Shakespe-are, uma tarefa imensa.”

Ele acrescenta que não se deve sobrevalorizar o título, porque, quando se começa a ler, fi ca evidente que o volume não atribui todas as peças a Shakespeare. “Nós não esta-mos fazendo reivindicações sensacionalistas e falsas so-bre autoria”, diz, contrariado, apesar dos elogios de Taylor a seu ensaio de 104 páginas.

Parte das críticas deve ser contextualizada pela corrida – agora escancarada – para comprovar e estabelecer o que mais deve ser incluído no câ-none. Outras edições de obras completas, inclusive “RSC Shakespeare: The Complete Works”, editada pelo mesmo Bate em 2007, vêm acrescen-tando peças à lista. A popular e prestigiosa coleção Arden somou “Double Falsehood”, originalmente “Cardenio”, à sua lista em 2010.

Das dez peças de “Collabo-rative Plays”, cinco são iden-tifi cadas por Sharpe como “quase certamente ou muito provavelmente” escritas por Shakespeare, em colabora-ção com outros autores: “Sir Thomas More”, “Edward III”, “Arden of Faversham”, “The Spanish Tragedy” e “Double Falsehood”. “Mucedorus”, a sexta, “vale a pena ser con-siderada”. As demais seriam “muito improváveis ou qua-se impossíveis”: “A Yorkshire Tragedy”, “The London Pro-digal”, “Locrine” e “Thomas Lord Cromwell”.

Corrida O esforço cente-nário de distinguir entre o Shakespeare canônico, aquele encontrado na primeira edi-ção das peças logo depois sua morte (o “First Folio”, com 36 obras), e o apócrifo, com textos deixados de fora, nunca se repetiu com outros autores

elisabetanos, segundo Peter Kirwan, da Universidade de Nottingham, também coedi-tor do livro.

Teria sido uma forma de afastar o dramaturgo do “mundo bagunçado” daquele início da dramaturgia moder-na, no qual peças atribuídas a nomes como Ben Jonson (1572-1637) têm sua autoria dissolvida em colaborações, revisões etc.

Nas últimas décadas, po-rém, progrediu muito a com-preensão sobre autoria nos séculos 16 e 17, graças aos exames com apoio de com-putador. Cresceu também a aceitação de que, como em fi lmes e séries de televisão na Hollywood de hoje, naquele momento as peças eram es-critas e reescritas por muitas mãos, em ritmo industrial.

E novas trilhas são abertas. Meses antes de “Collaborative Plays” chegar às livrarias, um professor da Universidade do Texas, Douglas Bruster, publi-cou ensaio afi rmando que 325 versos acrescentados a “The Spanish Tragedy” para uma encenação pela companhia de Shakespeare têm caracterís-ticas que derivam de difi cul-dades de leitura, por parte dos tipógrafos, dos manuscritos do dramaturgo (revista qua-drimestral “Notes & Queries”, Oxford, agosto de 2013).

A peça é quase unanime-mente atribuída a Thomas Kyd (1558-94), mas aquelas centenas de linhas seriam colaborações shakespearia-nas. Agora Bruster preten-de editar sua própria versão das obras completas, prevista para 2016 e intitulada “Bank-side Shakespeare”, já com as passagens adicionais.

Ele não está sozinho na corri-da editorial. Maior referência contemporânea no desenvol-vimento de mecanismos de atribuição de autoria, MacDo-nald P. Jackson, da Universi-dade de Auckland, da Nova Zelândia, lança daqui a três meses uma edição de “Arden of Faversham” que vai propor

expressamente acrescentar a peça ao cânone shakesperia-no, a partir de juízo formado com técnicas estilométricas e testes quantitativos.

A equipe de editores de “Collaborative Plays” não esconde ter se baseado, em parte, nos perfi s de drama-turgos elisabetanos desenvol-vidos por Jackson nos anos 1970 e lista as seis “marcas estilísticas” centrais adotadas para indicar colaboração nas peças analisadas: contrações preferidas (como “I’ll” em vez de “I will”), formas verbais (como “hath” em vez de “has”), métrica, palavrões, preposi-ções e pronomes.

Jackson e seus colegas tra-balhavam de início manual-mente, mas dos anos 1990 para cá, sublinha o livro, “esse trabalho hercúleo se tornou relativamente fácil”, com os textos do período elisabe-tano sendo absorvidos por bases de dados computado-rizadas, munidas de funções de busca sofi sticadas, que podem ser feitas em segun-dos, quando antes tomavam anos, “talvez décadas”.

Daí a concorrência cres-cente pela revisão do cânone shakespeariano, agora po-tencializada pela proximida-de das efemérides – além dos 450 anos de natalício, aproximam-se os 400 anos de morte, a serem lembrados em 2016.

Três peçasApanhado no redemoinho

acadêmico e editorial, Will Sharpe diz que o objetivo cen-tral do novo livro é apenas trazer para a boca de cena e para o público, um deba-te sobre as contribuições de Shakespeare que já acontecia em publicações universitárias e em bibliotecas. Não se deve procurar na obra uma grande revelação, embora a imprensa londrina tenha feito exata-mente isso.

O “Observer”, por exem-plo, publicou em outubro uma reportagem intitulada “Shakespeare’s fi ngerprints found on three Elizabethan plays” (digitais de Shakespe-are são encontradas em três peças elisabetanas). O texto referia-se a “The Spanish Tra-gedy”, “Arden of Faversham” e “Mucedorus”.

Com relutância, Sharpe ad-mite que talvez a maior reve-lação potencial seja mesmo “The Spanish Tragedy”, por ser um clássico da Renascen-ça inglesa, a primeira gran-de tragédia popular do palco elisabetano, enfi m, “a melhor peça” dentre as dez editadas agora. Um texto que, fi rma o editor, merece ser mais re-presentado do que é – o que certamente acontecerá se fo-rem estabelecidos os adendos shakespearianos.

Argumento semelhante vale para “Arden”, uma tragédia doméstica muito à frente de seu tempo, sobre uma cidade inglesa comum, sobre pesso-as comuns e um assassinato, “uma grande peça para re-montar”. Não por coincidên-cia, a mesma RSC que coedita o livro prepara uma produção da obra para o fi nal deste mês, em Stratford-upon-Avon, ci-dade natal de Shakespeare (veja destaques da progra-mação de comemoração dos 450 anos ao lado).

“Mucedorus” seria um caso diferente, até porque “precisa de mais investigação”. Muito do estudo sobre atribuição no livro é dedicado a ela, que foi a peça mais publicada no período, anonimamente, com 17 edições entre 1598 e 1668. Há “provas linguísticas ins-

tigantes” que sugerem que Shakespeare se envolveu nos trechos adicionais, acrescen-tados quando sua companhia encenou o texto e ele era o dramaturgo-chefe.

Também os temas são simi-lares àqueles das peças que escreveu então, como “Conto de Inverno” e “Cymbeline”, mas Sharpe prefere esperar, em vez de ser assertivo, jus-tifi cando que há um livro pro-gramado para sair em 2016, escrito por MacDonald Jack-son, sua principal referên-cia. “Aguardamos esse estudo com grande interesse”.

O original de “Mucedorus” é usualmente atribuído aos chamados “university wits”, dramaturgos com formação em Oxford ou Cambridge. Ro-bert Greene e Thomas Lodge – este um escritor que curio-samente viveu alguns meses em Santos, no colégio jesuíta, em 1591/92 – são as apostas mais citadas por acadêmicos, mas não há prova que ampare uma autoria.

Santo graalPor mais convincentes que

sejam os levantamentos de estilometria e outros utiliza-dos em “Collaborative Plays”, como um novo sost ware para localização de autoplágios, o resultado obtido por meio deles é só um aumento na probabilidade de determina-da autoria, não uma prova defi nitiva, física. A exceção é “Sir Thomas More”, peça que sobreviveu apenas como manuscrito, com várias cali-grafi as, sem ter sido editada ou sequer encenada na época em que foi escrita.

Uma cena escrita na letra apelidada de “hand d”, cali-grafi a d, vem sendo exami-nada desde o fi nal do século 19 como possível Santo Graal dos “estudos de atribuição”. Sir Edward Thompson, pri-meiro diretor do Museu Britâ-nico e importante paleógra-fo, especialista em escritas antigas, proclamava já em 1916 que era, sim, da pena de Shakespeare.

Os estudos acumulados des-de então permitem afi rmar hoje, segundo Sharpe, que há quatro características orto-gráfi cas das seis assinaturas conhecidas de Shakespeare que são totalmente únicas, não localizadas em qualquer outro documento, exceto pela passagem da caligrafi a d, em que são encontradas todas as quatro.

São elas: um “a” com espo-ras, uma forma única de “w”, um fl oreio estranho no “k”

e traços superiores também únicos no “m” e no “w” de uma das seis assinaturas.

As formas das letras são “muito, muito idiossincráti-cas”, diz Sharpe. Combinadas com as provas de ortogra-fi a, de contração e colocação de palavras, de repetição de imagens, entre outras, cons-truíram uma causa mais forte para “Sir Thomas More” do que para as outras.

No manuscrito guardado hoje na Biblioteca Britânica, a peça é um volume disfor-me, com vários pedaços de papel colados, conformando uma ordem aparente. Com abundantes revisões, inser-ções e cortes, “é um dos mais fascinantes exemplos de um documento teatral em elabo-ração”, segundo descrição em “Collaborative Plays”.

No enredo, uma passagem creditada a Shakespeare mos-tra como o humanista Thomas More (1478-1535) contém uma revolta de artesãos e aprendizes em Londres, con-tra imigrantes. Ele questiona se, forçados a viver na França ou em Portugal: “Vos agrada-ria nação tão primitiva, que irrompesse com uma violência hedionda [...] ou vos chutasse como cães? [...] Eis vossa de-sumanidade horrenda” (leia a tradução de Alípio Correia de Franca Neto à pág. 8).

No palcoNuma resenha elogiosa a

“Collaborative Plays”, a re-vista “Around the Globe” (Shakespeare’s Globe, prima-vera de 2014) afi rma que a coletânea permite vislumbrar um mundo em que a autoria era comunal e complexa, avan-çando assim na compreensão de que Shakespeare foi de fato “um homem de teatro”.

As últimas 36 páginas do livro são dedicadas a depoi-mentos de encenadores e atores que trabalharam com as peças. Terry Hands, que foi diretor-artístico da pró-pria RSC e montou “Arden of Faversham”, afi rma não ver qualquer sinal do dramaturgo no texto.

Mas acrescenta que uma das cenas, com a destruição de um missal, um livro de orações para missa, “é mais audaciosa até”do que a queima do Corão em “Tamburlaine”, de auto-ria de Christopher Marlowe (1564-93). Ele pergunta por que não se pode “celebrar uma peça marcante de um autor que não tenha escrito mais nada”. Em outras palavras: Por que uma boa peça, como “Arden”, precisa da assinatura de Shakespeare?

O diretor brasileiro Ron Daniels concorda. “Pois é, a indústria shakespeariana não para. Cada um de nós procu-ra ganhar a vida, publicando livros, desenvolvendo teorias e montando peças. Para mim, só o que importa é descobrir uma maneira de encenar es-sas peças para que tragam sentido às nossas vidas. Que importa quem as escreveu? Que diferença faz?”

Questionado, ele responde que talvez seja oportunismo procurar novas peças nos 450 anos do dramaturgo, mas acrescenta que “tudo bem: quanto mais Shakespeare, melhor”. Quanto à autoria colaborativa, insiste que é só curiosidade acadêmica. “Para o ator, para o diretor, o que importa é a vida que as peças têm no palco”.

Daniels foi colega de Hands na RSC e assistiu à sua monta-gem, no início dos anos 1980. “Se bem me lembro, ‘Arden’ é um melodrama doméstico muito gostoso”.

ADICIONALAlém do cânone for-mado por 38 peças, um quarto delas reco-nhecidamente escritas tendo o dramaturgo como colaborador, buscam se novos textos que o teriam como coautor

FEITOSO esforço centenário de distinguir entre o Shakespeare canôni-co e o apócrifo, com textos até então dei-xados de fora, nunca se repetiu com outros autores elisabetanos que se tem registro

CERTEZAPor mais convincentes que sejam os levanta-mentos de estilome-tria e outros usados no livro, o resultado obtido por meio deles não é uma prova defi-nitiva da autoria das produções literárias

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 5/4/2014 00:16:49

Page 38: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

G6 MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

4

Uma caipirinha para o “Nobel” da arquitetura

O puxadinho do Pritzker

Diário de Tóquio O MAPA DA CULTURA

O Prêmio Pritzker é a su-prema consagração no cam-po da arquitetura. Desde 1979, é concedido a um arquiteto vivo, cujo trabalho “represente contribuição signifi cativa para a huma-nidade”. Gente como Luis Barragán, Oscar Niemeyer e Zaha Hadid ganharam o prêmio. Neste ano, foi a vez de o japonês Shigeru Ban receber a distinção.

Na embaixada do Brasil em Tóquio, essa notícia foi recebida com especial alegria. É que, durante um almoço, três meses atrás, Ban aceitara participar de um projeto de intervenção no prédio da representa-ção, desenhado pelo bra-

ALEXANDRE VIDAL PORTO

sileiro de origem nipônica Ruy Ohtake na região de Aoyama.

Ban é conhecido por sua consciência social e pela sustentabilidade dos mate-riais que utiliza. Sua propos-ta consiste em uma estru-tura de tubos de papelão reciclável, que cria um pe-queno pavilhão sobre o pátio e a escadaria em frente ao prédio da embaixada. A ideia é oferecer ao público japonês um espaço de con-vivência e abrigar pequenos shows e atividades cultu-rais durante a realização da Copa do Mundo no Brasil.

A estrutura será montada pela comunidade brasileira e fi nanciada pela iniciativa privada. Trata-se de um dos primeiros projetos de Shi-geru Ban depois de receber o Pritzker. Por essa razão, deverá ser objeto de curio-sidade internacional. Como se trata de uma ação entre

amigos, o arquiteto, que adora caipirinha, havia-se voluntariado para também organizar uma degustação da bebida numa área do pavilhão que ele chamara de “Shigeru Bar”. Resta ver se a agenda do mais recente Prêmio Pritzker permitirá a realização dessa atividade paralela.

Baleia halal Recebo de uma empresa

japonesa convite para par-ticipar de uma degustação de carne de baleia halal. A denominação atesta que a carne foi obtida e manu-seada de acordo com os preceitos islâmicos e que, portanto, é própria para o consumo de muçulmanos.

O convite informa que a carne provém de baleias pescadas pelo navio Nis-shin Maru, que tem um clé-rigo islâmico a bordo para supervisionar a morte dos

cetáceos. Informa também que os ensinamentos do profeta Maomé fazem alu-são à iguaria e que a carne de baleia é um dos alimen-tos oferecidos por Alá aos que chegam ao paraíso. No menu da degustação: bife, sashimi e curry de baleia.

A empresa reconhece que a pesca de baleias é “objeto de debate”, mas pede a compre-ensão dos convidados para o fato de que o evento se realiza “não como ato polí-tico, mas como ato cultural”. Para as baleias que estão sendo degustadas, será que isso faz diferença?

Sakura em tudo Não se fala em outra

coisa. O inverno em Tóquio foi longo, mas acabou. A onda agora é o hanami (ver as flores). É a estação da floração das cerejeiras, das sakuras. Elas estão por toda parte, cobrindo a capi-

tal de branco e cor-de- rosa. Durante as duas semanas da florada, os parques vi-ram área de celebração. As pessoas se reúnem e dispu-tam espaço sob as árvores e suas flores. Parece praia uma lotada.

O comércio lucra com isso. As sakuras estão na decoração das vitrines e em produtos tradicionais. Mas também estão em produtos de marcas ocidentais. O McDonald’s anuncia um re-frigerante e a Häagen Dazs oferece sorvete no sabor sakura. O objeto de desejo dos fashionistas da cidade é uma bolsa com estampa de flores de cerejeira, de edição limitada, feita pelo artista Takashi Murakami anos atrás para a grife Louis Vuitton.

Planejar dá certo Na região de Akihaba-

ra, o “joshi kosei osanpo”

é oferecido abertamente. Trata-se de um serviço que consiste em passear na companhia de uma colegial uniformizada. O preço por 30 minutos de passeio é de cerca de US$ 50. Se quiser tirar uma foto do encontro, paga-se mais cerca de US$ 10. Se quiser andar de mãos dadas, mais US$ 15.

Os encontros não envol-vem sexo necessariamente, mas muitas dessas cole-giais são adolescentes. Por isso, as autoridades resolveram intervir. Desde o começo de abril o “joshi kosei osanpo” não será mais tolerado.

Essa é a primeira ação de um programa para a eliminação da prostituição infantil antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, cujos trabalhos de preparação já estão em cur-so. É assim que as coisas dão certo.

G06 - ILUSTRISSIMA.indd 6 5/4/2014 00:19:21

Page 39: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

G7MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014 G

5 Segundo sexo no BrasilArquivo Aberto MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Rio de Janeiro, 1960

ARQ

UIV

O P

ESSO

AL

Eu estudava na PUC e achava o mundo algo altamente excitante. Con-siderava-me uma existencialista, ou achava que era. Lia avidamente Camus, Sartre e Simone de Beauvoir. Assistia aos fi lmes da nouvelle vague e do neorrealismo italiano, sonhava fazer cinema e estava sempre atenta aos fi lmes dos diretores brasileiros que despontavam e que formariam o ci-nema novo. Éramos jovens e tínhamos a intuição de que o futuro nos traria um papel de importância, para o qual devíamos nos preparar. Mal sabíamos o que viria. Em 1958, com 19 anos, fui trabalhar em um jornal estudantil, “O Metropolitano”, na época um suple-mento do “Diário de Notícias”.

Foi o meu primeiro emprego. Como repórter, eu tinha que correr atrás dos assuntos do momento. Por ser mais ou menos versada em francês e inglês, cabia a mim entrevistar visitantes estrangeiros que aqui chegavam; e foi assim que conheci Simone de Beauvoir, além de fi guras como Graham Greene

e Aldous Huxley. A entrevista com Simone de Beauvoir

foi marcada para depois de sua palestra na Faculdade Nacional de Filosofi a, no Rio. Lembro-me de fi car surpresa com sua aparência bastante conservadora comparada com a da musa do existencia-lismo, a exótica e sensual Juliette Gréco. Na época Simone teria por volta de 60 anos. Usava os cabelos presos em um coque severo. Tinha pele muito clara e um rosto lavado, meio bretão. Eu fui toda vestida de negro, em pleno verão carioca, usando um penteado à Juliette. Quando revejo minha foto com ela, na entrevista, imagino que um leitor desavisado poderia se perguntar quem era quem.

O salão nobre estava lotado de es-tudantes curiosos que, por duas horas, ouviram respeitosamente a exposição sobre seu controvertido livro “O Se-gundo Sexo” (lançado anos antes na França e então saindo no Brasil). Na época, lê-lo até o fi m me exigiu grande esforço e disciplina; só vim a realmente apreciá-lo anos depois.

O ponto mais controvertido de sua tese poderia ser resumido na frase

que abre o segundo volume: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Simone colocava assim a ênfase no processo de socialização do indivíduo, mais do que no destino biológico. A mulher não poderia estar condenada a somente repetir a vida com o seu corpo, “o projeto do homem não é o de se repetir no tempo, mas sim de reinar sobre o momento e de forjar o futuro”. Questionada se seria possível comparar os preconceitos que condi-cionam a situação da mulher com os preconceitos raciais, respondeu que “ambos têm em comum terem sido criados por uma ideologia ‘a posteriori’ para justifi car essa situação”.

Depois fomos tomar um café juntas. Nervosa – e no afã juvenil de que-rer parecer informada –, não parava de expor meus conhecimentos sobre o existencialismo. Simone ouvia em silêncio. Finalmente, com um sorriso discreto, disse: “Fale-me um pouco de você”. E de entrevistadora passei a ser entrevistada (uma técnica que aprendi então e que me tem sido ex-tremamente útil ao longo dos anos).

O foco era minha formação burguesa, que a interessava para entender o país que visitava.

Intimidada, respondia da melhor maneira possível, sentindo-me exa-minada por seu olhar agudo, que lia nas entrelinhas, nas hesitações, nos silêncios. Durante muito tempo, temi que um dia publicassem suas impres-sões do Brasil e que eu fosse denun-ciada como uma prova viva de que o segundo sexo no país ainda tinha uma longa caminhada pela frente.

Anos depois, em um diário, falando sobre a viagem, ela escreveu: “Durante dois meses, amei o Brasil. Amo-o ainda. Naquele momento, porém, quase che-guei ao ponto de gritar contra a seca, a fome, contra toda aquela angústia, aquela miséria”.

Fiquei pensando em uma jovem e uma senhora conversando em um fi m de tarde. A jovem não imaginava o que estava por vir. Para ela o futuro parecia promissor. A senhora viu mais longe e, em seu diário, antecipou uma tem-pestade que se aproximava. E pensar que 1964 mudaria nossas vidas

HELENA SOLBERG

Recorte do jornal “o Me-tropolitano”, com foto de Solberg (esq.) e Beauvoir

G07 - ILUSTRISSIMA.indd 7 5/4/2014 00:28:04

Page 40: EM TEMPO - 6 de abril de 2014

G8 MANAUS, DOMINGO, 6 DE ABRIL DE 2014

G08 - ILUSTRISSIMA.indd 8 5/4/2014 00:29:37