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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 MÁX.: 35 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. ANO XXVI – N.º 8.201 – DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ TUBBY X LULU A GUERRA DOS SEXOS NA REDE A revista Elenco traz edi- ção especial “Volta às Aulas”, com dicas e temas que in- teressam a pais e alunos. Elenco Volta às Aulas De volta às aulas DENÚNCIAS • FLAGRANTES 8177-2096 FIFA REABRE VENDA DE INGRESSOS PARA COPA O chá de hibisco impede o acúmulo de gordura no orga- nismo, diminui o colesterol ruim e controla a pressão arterial. Saúde F2 O chá que faz milagre Luiz Carlos Miele relembra a apresentação do espetá- culo “Elis com Miele & Bôs- coli”, na São Paulo de 1969. Ilustríssima G8 Uma época de talentos HOJE É DOMINGO Lulu e Tubby viraram febre na internet, mas são questionados por invadir a privacidade alheia “Também não gostaria de jo- gar em Manaus. Calor é muito grande, temperatura, umidade, deslocamento, viagem”. A frase é do auxiliar técnico Carlos Alberto Parreira (caricatura), que embar- cou na onda do técnico britânico Roy Hodgson. Contexto A3 O palpite infeliz de Parreira MANAUS DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO Rombo na Câmara é de R$ 8 MILHÕES O aumento de 127% nas despesas da Câmara Municipal de Manaus (CMM) neste ano, já resulta no acúmulo de um déficit de R$ 8,109 milhões nas contas da casa, forçando um acordo com a prefeitura para o pagamento do salário dos servidores neste mês. Política A5 Família de Nelson Man- dela briga pelo controle das empresas fundadas pelo ex- presidente. Mundo B8 Briga pela herança de Mandela ÁFRICA Situações antes enfrenta- das na saúde pública agora predominam no sistema pri- vado. Dia a dia C6 e C7 Saúde jogada na privada PLANOS Livros de arte em destaque Plateia D1 Prato saudável é mais caro Economia B3 IBGE oferece 7,8 mil vagas Concursos & Empregos Os dois times cariocas buscam uma combinação de resultados para evitar a queda para a segunda divisão. Do outro lado, o Botafogo precisa ir com tudo para garantir vaga na Libertadores. Pódio E6 e E7 VASCO E FLUMINENSE À BEIRA DO ABISMO O craque Cristiano Ronaldo defenderá Portugal contra os EUA, na Arena da Amazônia 1 Inglaterra, Itália, Camarões, Croácia, Estados Unidos, Por- tugal, Honduras e Suíça farão pelo menos uma partida na Arena da Amazônia, pela Copa do Mundo de 2014. 2 Com o sorteio das chaves de- finido, os manauenses terão a chance de assistir aos prin- cipais jogos da primeira fase da competição, e ver de perto ídolos como Cristiano Ronaldo e Pirlo. 3 As vendas dos ingressos para os jogos da Copa terão início às 7h deste domingo, no site da Fifa, até 30 de janeiro. Torcedores de outras nacio- nalidades terão direito à compra. Pódio E2 e E3 Dia a dia C2 e C3 FOTOCOM

EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

MÁX.: 35 MÍN.: 23TEMPO EM MANAUSFALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700

ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

ANO XXVI – N.º 8.201 – DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

TUBBY X LULUA GUERRA DOS SEXOS NA REDE

A revista Elenco traz edi-ção especial “Volta às Aulas”, com dicas e temas que in-teressam a pais e alunos. Elenco Volta às Aulas

De volta às aulas

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

8177-2096

FIFA REABRE VENDA DE INGRESSOS PARA COPA

O chá de hibisco impede o acúmulo de gordura no orga-nismo, diminui o colesterol ruim e controla a pressão arterial. Saúde F2

O chá que faz milagre

Luiz Carlos Miele relembra a apresentação do espetá-culo “Elis com Miele & Bôs-coli”, na São Paulo de 1969. Ilustríssima G8

Uma época de talentos

HOJE É DOMINGO

Lulu e Tubby viraram febre na internet, mas são questionados por invadir a privacidade alheia

“Também não gostaria de jo-gar em Manaus. Calor é muito grande, temperatura, umidade, deslocamento, viagem”. A frase é do auxiliar técnico Carlos Alberto Parreira (caricatura), que embar-cou na onda do técnico britânico Roy Hodgson. Contexto A3

O palpite infeliz de Parreira

MANAUS

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AÇÃO

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ULG

AÇÃO Rombo na Câmara

é de R$ 8 MILHÕESO aumento de 127% nas despesas da Câmara Municipal de Manaus

(CMM) neste ano, já resulta no acúmulo de um défi cit de R$ 8,109 milhões nas contas da casa, forçando um acordo com a prefeitura para o pagamento do salário dos servidores neste mês. Política A5

Família de Nelson Man-dela briga pelo controle das empresas fundadas pelo ex-presidente. Mundo B8

Briga pela herança de Mandela

ÁFRICA

Situações antes enfrenta-das na saúde pública agora predominam no sistema pri-vado. Dia a dia C6 e C7

Saúde jogada na privada

PLANOS

Livros de arte em destaquePlateia D1

Prato saudável é mais caroEconomia B3

IBGE oferece 7,8 mil vagasConcursos & Empregos

Os dois times cariocas buscam uma combinação de resultados para evitar a queda para a segunda divisão. Do outro lado, o Botafogo precisa ir com tudo para garantir vaga na Libertadores. Pódio E6 e E7

VASCO E FLUMINENSE

À BEIRA DO ABISMO

O craque Cristiano Ronaldo defenderá Portugal contra os EUA, na Arena da Amazônia

1 Inglaterra, Itália, Camarões, Croácia, Estados Unidos, Por-tugal, Honduras e Suíça farão pelo menos uma partida na

Arena da Amazônia, pela Copa do Mundo de 2014.

2 Com o sorteio das chaves de-fi nido, os manauenses terão a chance de assistir aos prin-cipais jogos da primeira fase

da competição, e ver de perto ídolos como Cristiano Ronaldo e Pirlo.

3 As vendas dos ingressos para os jogos da Copa terão início às 7h deste domingo, no site da Fifa, até 30 de

janeiro. Torcedores de outras nacio-nalidades terão direito à compra. Pódio E2 e E3

Dia a dia C2 e C3

ANO XXVI – N.º 8.201 – DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 201

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Page 2: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Traficantes de Roraima são capturados no AMAntônio Melo, Célio Isnar dos Santos e Vagner dos Santos são foragidos da Justiça e foram presos, ontem, em Manaus

O trio formado por An-tônio Cláudio da Silva Melo, Célio Isnar dos Santos e Vagner Silva

dos Santos “Galo Cego” foi pre-so, na noite da última sexta-fei-ra, após denúncia informando que eles eram responsáveis por transportar drogas de Boa Vista, em Roraima, para Manaus.

Segundo o delegado planto-nista do 14º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Robson Almeida de Siqueira, o trio estava em frente à delegacia no momento em que um homem passou e informou que os três, que esta-vam do outro lado da rua em um veículo Saveiro de cor branca, transportavam em média 200 quilos de cocaína e mais uma quantia de R$ 100 mil.

Os policiais resolveram fazer a abordagem do veículo em que só encontraram três docu-mentos de identidade. Quando levados para o 14º DIP, desco-briram que os documentos eram falsificados. Preocupado, Antô-nio informou que era foragido da Justiça roraimense.

Célio contou que mora-va no conjunto Cidade de Deus. A polícia foi até a

residência do suspeito onde encontrou uma pistola. Com a identificação verdadei-ra dos suspeitos, a polícia descobriu que o trio era fo-ragido da justiça pelo crime de tráfico de entorpecentes, e que são mais conhecidos em realizar o translado da droga para a capital.

CadeiaO presidiário Joel Nunes Mar-

tins, 26, que estava foragido do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), onde cumpre pena por roubo em regime semi-aberto foi recapturado por volta das 23h da última sexta-feira, no beco Girau, no Bairro Coroado 2, Zona Leste de Manaus.

Policiais da 11ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) localizaram o presidiário em

atitude suspeita na entrada do beco, durante ronda na área. Segundo a assessoria da polícia Civil, Joel não portava nenhum tipo de entorpecente ou objetos roubados.

Porém, como ele não esta-va com nenhum documento de identificação, os policiais teriam solicitado o registro dele no sistema da polícia e identificado que ele era procurado. O presi-diário foi encaminhado para o 9º Distrito Integrado de Polícia e deve ser recolhido ainda hoje ao complexo penitenciário.

DrogasTambém no 9º DIP, outro caso,

desta vez envolvendo tráfico de drogas, foi registrado na noi-te de sexta-feira. A cozinheira Graça Ramos da Silva, 47, foi presa por volta das 19h, no beco São Lucas, no bairro Ouro Verde, Zona Leste.

A suspeita foi localizada após policiais da 11ª Companhia Inte-rativa Comunitária (Cicom) te-rem recebido denúncia anônima de que Graça vendia drogas em sua residência. Após abordarem a suspeita na porta de casa, os policiais encontraram 147 trouxinhas de cocaína e R$ 355 no local. A cozinheira será enca-minhada para a cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa. Enquanto um dos bandidos esconde o rosto o outro faz pose, mesmo algemado pela polícia

ISAB

ELLE

VAL

OIS

ASSASSINATOEstudante Alessandro dos Santos, 18, foi morto, ontem, com tiro na cabeça. O crime ocorreu na rua Igarapé Araçá, Armando Men-des, Zona Leste. Ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos

Movimento aquece para o Natal

CENTRO

Lojas abertas até mais tarde, ruas movimentadas com o grande número de carros, calçadas lotadas de consumidores. Após um pe-queno atraso, ontem, o co-mércio do centro da cidade demonstrou aquecimento com a procura do público pelos presentes natalinos. Com as lojas abertas, inclu-sive aos domingos em horá-rio estendido, o manauense aproveitou o sábado para ir às compras.

A dona de casa Maria Apa-recida Silva, 45, se espantou com o número de pessoas na avenida Eduardo Ribeiro. “Pensei em vir ao Centro adiantar as compras porque ainda estamos no início de

dezembro, mas me assus-tei ao ver a quantidade de pessoas. Vou comprar o

máximo possível agora para não ter que voltar muitas vezes depois”, contou.

O gerente de Vendas da loja Aleny Calçados, Manoel Fonseca, disse que o mo-vimento está satisfatório para o período. “Começou a melhorar mesmo ontem (sexta-feira). Antes, as ven-das não estavam dentro do esperado”, ressaltou.

Agora, com o público nas ruas, Manoel acredita que a expectativa e vendas da loja para as festas de fim de ano pode se tornar realida-de. “Nossa estimativa é de crescer de 12% a 13% nas vendas do mês de dezembro, principalmente na semana do Natal”, projetou.

Já a gerente de vendas de uma das unidades da loja de confecções Tropy, na avenida Eduardo Ribei-ro, Katherine Costa, o mo-vimento ainda pode ficar melhor. “Agora, por exemplo são 11horas e temos bas-tantes compradores na loja, mas ela não está lotada para um sábado de mês de Na-tal. Esperamos que após o dia 15, o público compareça muito mais”, apostou.

PrevisãoSegundo a Câmara dos

Dirigentes Lojistas (CDL) de Manaus, a expectativa de vendas do comércio da capital no período natali-no deste ano é de 8% na semana que antecede o Natal e de 7% na semana do Réveillon.

Ruas da área central da cidade começam a ficar agitadas com as compras do fim de ano

OMC conclui o primeiro acordo mundial da história

A Organização Mundial de Comércio (OMC) con-cluiu, ontem, em Bali, na Indonésia, o primeiro acordo comercial global em qua-se 20 anos. É um pacote modesto, que inclui apenas alguns temas da ambiciosa Rodada Doha. Ainda assim, representa um fôlego para a credibilidade da OMC.

Cuba e os países “boliva-rianos” -Venezuela, Bolívia, Nicarágua- bloquearam o acordo até o último minuto, reclamando que não fazia sentido aprovar um acor-do para facilitar o comér-cio, enquanto os Estados Unidos têm um embargo contra os cubanos. Mas acabaram cedendo.

O pacote de dez textos é dividido em três temas: des-burocratização do comércio, agricultura e promoção do desenvolvimento dos países pobres. As estimativas oti-mistas calculam que o acor-do pode gerar um incremento de US$ 1 trilhão do comér-cio global -se as medidas para tornar portos e adu-anas mais eficientes foram totalmente implementadas.

“É um acordo ambicioso. Se não fosse, não teria sido tão difícil de fechar”, disse o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo.

EmbateO grande duelo do acordo

foi entre Índia e Estados Unidos sobre os programas de segurança alimentar dos países pobres. O governo in-diano enfrenta eleições em quatro meses e não poderia “abandonar” 600 milhões de pequenos produtores rurais que dependem da compra de arroz e grãos pelo Estado. Já os EUA queriam garantias que os programas não se tornariam um “cheque em branco” para subsidiar.

Os indianos, que resistiram às pressões internacionais, conseguiram o que queriam. A cláusula de paz - espécie de “trégua” para que subsídios dos programas de seguran-ça alimentar dos países em desenvolvimento não sejam questionados na OMC-, vai durar até que os países che-guem a uma solução perma-nente para os programas de segurança alimentar.

COMÉRCIO

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JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

ISABELLE VALOIS E JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Embaixador Roberto Azevêdo comandou debates na Indonésia

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AÇÃO

Cortejo será de três dias

Os restos mortais do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela passarão em cortejo fúnebre nos três dias em que ele será velado em Pre-tória, informou o Ser-viço de Informação do governo. No período, o corpo também ficará exposto na sede do governo do país.

Mandela morreu, no último dia 5, aos 95 anos, após complica-ções provocadas por histórico de infecções pulmonares. Após o anúncio da morte, milhares de sul-afri-canos lembraram sua memória com flores e gritos de guerra con-tra o regime do apar-theid em diversas cidades do país.

ComitivaA presidente Dilma

Rousseff vai ao funeral do líder africano Nel-son Mandela acom-panhada de todos os ex-presidentes do Brasil vivos. José Sar-ney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Sil-va foram convidados e aceitaram viajar à África do Sul.

As informações são do Blog do Planalto. Esta será a primei-ra vez que os cinco se reúnem para um evento internacional.

MANDELA

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Page 3: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 A3Opinião

O ano eleitoral de 2014 promete ser um razoável Mundial de Futebol: enquanto técnicos de seleção medem a temperatura e a sensação térmica das cidades, onde seus jogadores se arris-carão a ser campeões, no campo da política a bola escorre pelas laterais, e a torcida agradece a liberação da cerveja para “matar” o calor.

A minirreforma eleitoral é um desses recursos que o Congresso Nacional traz nas mangas, sempre que pretende driblar a opinião pública, que a essa altura do campeo-nato se manifesta por convulsões, logo controladas pelo spray de pimenta e as balas de borracha, que não matam (?), mas maltratam – um fotógrafo ficou cego, depois que uma dessas “perdidas” encontrou o seu rosto.

Neste fi m de semana, as duas forças mais emblemáticas desses tempos de mesquinharia, o PT e o PSDB, parecem disputar, diante de uma “opinião pública” entediada, a honra ao mérito de quem fraudou menos, quem desviou menos os recursos públicos, quem tem mais direito a uma prisão domiciliar ou não. E só. Só essas fi gurinhas carimbadas existem. Para eles o Brasil é um país de fi cção, menos pelos recursos que não se exaurem por mais explorados que sejam.

O PSDB já se resignou a não defender quem teria (ou não) patrocinado um mensalão tucano. Aécio Neves: “A nossa posição é a seguinte: averigue-se e puna-se. Qualquer pessoa. Seja do PSDB, seja sem partido, seja de outros partidos”. Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, classifi ca as investigações sobre o cartel nas licitações dos governos tucanos em São Paulo como mais graves do que o mensalão, assim, nos termos em que registraram as agências de notícias: “São muito, muito maiores, do que os recursos públicos em jogo no caso do mensalão”. Então, 2014 pode, sim, ser pior do que 2013.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para a árvore de Natal armada na praça do Congresso, de responsabili-dade da Secretaria de Cultura, confec-cionada sob o signo do bom gosto e da competência.

Árvore de Natal

APLAUSOS VAIAS

Rio 40º

Do técnico inglês dá até para tentar entender, afinal, ele mora em um pais de clima frio, desco-nhece a nossa cultura e nunca colocou o pé na Amazônia.

Mas, como brasileiro, Parreira deveria respei-tar a Amazônia, o maior patrimônio da humanida-de. Até porque ele mora no Rio de Janeiro, Esta-do que no verão também beira os 40º C.

O gringo também

O treinador da seleção dos Estados Unidos, Jurgen Klinsmann, que enfrentará Portugal, dia 22 de junho, em Manaus, também cri-ticou a escolha de Manaus como sede.

Desafortunada

Segundo o gringo, o mun-do inteiro quer evitar Ma-naus, não há dúvida disso.

— Acredito que não deve-ria ter sido sede. Foi uma decisão desafortunada, tanto pela demora do voo, como pelas circunstâncias que existem na cidade –, afirmou Klinsmann.

Mandiba

Logo após a divulgação da notícia da morte, nesta quinta-feira (5), do ex-pre-sidente da África do Sul Nelson Mandela, senadores começaram a manifestar seu pesar por meio das re-

des sociais.Todos fizeram questão

de declarar sua admiração pelo homem que combateu o apartheid.

Mandiba 2

O líder do governo no Senado, Eduardo Bra-ga (PMDB-AM), tam-bém manifestou-se por meio do Twitter:

— O mundo lamenta a morte de Nelson Mande-la, um dos maiores de-fensores da democracia e da igualdade da nossa história –, disse.

Armas de fogo

Falando em Eduardo Bra-ga, ele é um dos integran-tes da Comissão Especial de Segurança Pública, que promove nesta quarta-fei-ra, 11, um amplo debate sobre a regulamentação de atividades potencial-mente nocivas à seguran-ça dos cidadãos, como o controle de armas de fogo e a segurança de estabe-lecimentos comerciais.

Tijolaço

Prefeitura de Manaus fe-chou a entrada da boate Remulos Club, na rua Lobo D’Almada, com um muro de alvenaria.

O “tijolaço” aconteceu na sexta-feira.

Motel não

A ação é um prossegui-mento da operação Centro

Seguro 4.E teve como objeti-

vo impedir que a boate – que também funcio-nava como motel –, seja aberta sem autorização.

Saúde humana

A Divisão de Vigilância em Saúde (DVisa) também fechou a Remulus porque constatou risco iminente à saúde humana.

Parlamento Amazônico

O deputado estadual Adjuto Afonso (PP) par-ticipou, na sexta-feira, do 4º Encontro Anual do Parlamento Amazônico,

O debate aconte-ceu na Assembleia Le-gislativa do Acre, em Rio Branco.

Quem foi

Idealizado pelo presiden-te do Parlamento Amazôni-co, deputado acriano Luiz Tchê (PDT), o encontro reu-niu autoridades da Suframa e parlamentares da Amazô-nia Legal.

Livre comércio

Entre os temas debati-dos no encontro, segundo Adjuto, as áreas de livre comércio nos Estados Ama-zônicos localizados na re-gião de fronteira.

Ele disse que a única ci-dade a ser beneficiada no Amazonas será Tabanti-ga, que faz fronteira com Letícia (Colômbia).

Para o auxiliar técnico Carlos Alberto Parreira, que embarcou na onda que tenta diminuir Manaus como sede da Copa 2014, esquecendo-se que vive em um país tropical.

Parreira

Os amazonenses não estão querendo só o fígado do técnico inglês Roy Hodgson.

Agora estão querendo, também, o do auxiliar técnico do Brasil, Carlos Alberto Parreira, que se solidarizou ao técnico britânico, que manifestou o desejo de evitar uma partida em Manaus, onde terá de enfrentar a Itália.

O que chamou a atenção, segundo Parreira, foi o grupo com três campeões do mundo.

— É o mais difícil, sem dúvida alguma. Eu também não gostaria de jogar em Ma-naus. O calor é muito grande, temperatura, umidade, deslocamento, viagem. Mas é uma sede da Copa e não tem como evitar —, observou.

Parreira e o palpite infeliz

REPRODUÇÃO DIVULGAÇÃO

[email protected]

Ensaio geral da mediocridade

Conversando “miolo de pote” com a prima querida, nascida e criada no Rio de Janeiro, fora da minha vista havia muitos anos, regozijava-me com seu riso solto e ruidoso, a cada “causo” contado, todos eles ligados ao “folclore baré”, geralmente impregnado da leseira, também baré.

Quebrou o ritmo do papo a sua insistente sugestão de que eram fatos que precisavam ser registrados em livro. Na verdade, acho eu, não mereceriam um livro e nem um livro os mereceria. Quem sabe, quando muito, po-deriam passar de miolo de pote a miolo de um folheto de cor-del, daqueles que os nordestinos produzem em abundância.

De qualquer forma, como a uma prima fraterna que esteve in-delevelmente presente na minha história de vida não é possível simplesmente recusar algo, cedo aqui ao seu capricho e registro alguns desses episódios hilários, a priori pedindo perdão a algum familiar dos personagens que ve-nha a se ofender. Fique a certeza de que não houve outra intenção, senão a de agradar à prima.

EPISÓDIO I – O barbeiro Cola-res, lá da Rua Henrique Martins, que tinha entre os seus clientes o interventor Álvaro Maia, soube que o governante viajaria à Itália e seria recebido, no Vaticano, por Sua Santidade, o papa Pio 12. Como o barbeiro tinha um filho ordenado padre, esperou a costumeira visita de Álvaro para pedir-lhe que intercedesse jun-to ao papa a fim de conseguir para o filho uma promoção a bispo. O “Cabeleira”, como bom político, prometeu fazer o pe-dido, mas naturalmente, logo esqueceu o prometido.

Quando retornou, Álvaro Maia foi cobrado na primeira visita à

barbearia e não hesitou: – “Ocor-reu, Colares, que quando me ajoe-lhei para beijar o anel do papa, S.S. passou a mão na minha cabeça e falou: – Álvaro, que cabelo mal cortado! Com isso, não tive mais condição para fazer o pedido...”.

EPISÓDIO II – Gilberto Mestri-nho, governador, dava uma entre-vista numa televisão em São Paulo a uma jornalista e defendia a caça aos jacarés, a fim de incrementar a exportação das valiosas peles. Arguido sobre o risco de extinção da espécie, afirmou com seguran-ça que só no lago de Nhamundá havia 38 mil jacarés. Prosseguiu a entrevista e a moça pergun-tou sobre os yanomamis, que já tinham sido cerca de 50 mil e hoje seriam menos de 3 mil. Foi quando o governador perguntou sobre quem tinha contado esses índios e a jornalista prontamente respondeu: – “A mesma pessoa que contou os seus jacarés”.

EPISÓDIO III – Cônego Alcides Peixoto, como de praxe, escolheu um caboclo encorpado para ser o Jesus na Paixão de Cristo, que encenava anualmente na praça da Igreja, em Itacoatiara. Dadas as instruções, quando, sob o sol insu-portável, antes da morte, o Cristo pediu água, o lanceiro embebeu a esponja em cachaça para dar forças ao ator, espetou-a na lança e gritou: – “Queres água, toma fel”. Jesus sugou a esponja e gemeu do alto da cruz: – “Mais fel!”.

EPISÓDIO IV – Ah, prima, es-queci daquele governador que pe-diu sal ao Rio Grande do Norte e, ao receber em seu lugar uma carga de cal, lamentou publicamente: - “P... esqueci a cedilha”.

Aí vai, querida prima, al-guma coisa do que pediste. O que foi possível, depois de muito espremer, botar neste exíguo espaço.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Histórias não registradas

[email protected]

Charge

Quebrou o rit-mo do papo a sua insistente sugestão de que eram fatos que precisavam ser registra-dos em livro. Na verdade, acho eu, não mereceriam um livro e nem um livro os mereceria. Quem sabe, quando mui-to, poderiam passar de miolo de pote a miolo de um folheto de cordel”

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Page 4: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O Palácio do Planalto calcula que a Petrobras enfrentará difi culdades para retomar seu ciclo de investimentos em 2014 e, por isso, teme que a credibilidade da empresa continue abalada no ano eleitoral. O governo aponta que o grande volume de recursos necessários para o início das operações no campo de Libra será um obstáculo para a retomada da produção de petróleo nas plataformas da estatal que precisaram passar por serviços de manutenção ao longo de 2013.

Escalação O presidente na-cional do PT, Rui Falcão, será o coordenador-geral da campanha de Dilma Rousseff à reeleição. O deputado estadual de São Paulo Edinho Silva, sondado para a tesouraria, disse que aceitará a incumbência, se for uma “missão”, mas que prefere participar da articulação política.

Majestade Pelé chegou atrasado à cerimônia do sorteio da Copa de 2014, na sexta-feira, e foi até seu lugar no auditório sob uma chuva de aplausos. O ex-jogador acenou para a pla-teia, em agradecimento, mas não percebeu que boa parte dos espectadores aplaudia Nelson Mandela, que era homenagea-do no telão atrás dele.

Virada Michel Temer re-comendou aos dirigentes do PMDB do Paraná que abram conversas com a pré-candidata petista ao governo do Estado, Gleisi Hoff mann (Casa Civil). O vice-presidente tenta desarti-cular a tentativa de construção de uma aliança dos paranaen-ses com o governador Beto Richa (PSDB).

W.O. Reservadamente, a cú-pula do PMDB já admite a pos-

sibilidade de apoiar Lindbergh Farias (PT) ao governo do Rio, caso Luiz Fernando Pezão não decole até junho.

Vamos ver A sigla acredi-ta que o vice-governador será pressionado a desistir se não subir nas pesquisas após assu-mir o comando do Estado, em março, quando Sérgio Cabral deve deixar o cargo para torná-lo mais conhecido.

Gás Os comerciais da Prefei-tura de São Paulo até o fi m do ano devem destacar o Bilhete Único Mensal, bandeira de cam-panha implementada nas últimas semanas e cuja divulgação foi considerada tímida por aliados do prefeito Fernando Haddad.

Ponte O novo presidente estadual do PT, Emídio Sou-za, conversou longamente com Haddad na quinta-fei-ra. O partido incumbiu o ex-prefeito de Osasco de ser o interlocutor com o prefeito.

Agulha Depois de muito he-sitar, o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), foi convencido por Aécio Neves a se candidatar ao Senado. Além de ser favorito na disputa, a

decisão abrirá espaço para que o vice Alberto Coelho, do PP, as-suma o governo na reta fi nal.

Linha O PP ainda deve indicar o presidente da Assembleia mi-neira, Dinis Pinheiro, para vice na chapa do PSDB ao governo, que deverá ser encabeçada pelo ex-ministro Pimenta da Veiga.

Arremate Com tantas con-cessões, os aecistas esperam que o partido fi que “solteiro” nacionalmente, sem dar o tem-po de TV a Dilma. Diretórios importantes, como Rio e Rio Grande do Sul, também prefe-rem repetir a neutralidade na disputa presidencial das últi-mas eleições.

Nem aí Cid Gomes (Pros) ignora a pressão de PMDB e PT para que anuncie logo o candidato que apoiará à sua sucessão no Ceará. “Não vou pensar nesse assunto agora. Quem defi ne candidato com antecedência é oposição”.

Na rua Enquanto “adminis-tra a angústia” dos aliados, o governador promete vistoriar uma a uma as obras da Copa. O monotrilho não deve fi car pronto a tempo.

Gigante engessada

Contraponto

Em ato no Palácio do Planalto para assinatura de decreto que regulamenta a aposentadoria de pessoas com defi ciência, Garibaldi Alves Filho (Previdência) acenou para secretário-exe-cutivo de sua pasta, Carlos Gabas.— Quero agradecer ao Carlos Gabas, que foi colocado no ministério para me vigiar, mas que acabou se tornando um grande amigo – brincou o ministro.A presidente Dilma Rousseff , que passeou de moto por Brasília em agosto na garupa de Gabas, cochichou para o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN):— O Gabas está mais para Vigilante Rodoviário.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Easy rider

Tiroteio

DO SENADOR PEDRO TAQUES (PDT-MT), sobre a trajetória do líder sul-africano, mor-to na quinta-feira, que fi cou 27 anos preso por lutar contra o apartheid.

A história de Nelson Mandela deveria levar os condenados do mensalão a pensar duas vezes antes de se dizerem presos políticos.

Para o cristianismo, desde os seus primórdios, sempre foi evi-dente que a mãe de Jesus é santa e imaculada. Podemos divergir na maneira de compreender como se deu a ação de Deus na sua vida. Para nós católicos, é dogma de fé que desde a sua concepção, a virgem mãe foi preservada do pecado que chamamos de original, realidade que todo ser humano traz ao nascer quando se torna parte da humanidade de quem recebe a natureza. Daí invocarmos Maria como a Imaculada Conceição.

O Amazonas cristão nasce sob o manto da Imaculada. Desde o início do anúncio da Boa Nova nestas terras e a consequente implantação da igreja, Maria acompanhou essa cultura que se formou em meio a tanto sofrimento, exploração e exter-mínio, mas cheia de sonhos, de esperanças, generosidade e partilha. Nossa civilização amazônica, se assim pudermos dizer, não poderia ter outra padroeira. Somos uma terra feminina na sua exuberância, fertilidade e beleza.

Natureza é nascimento, ori-gem, fonte. As imensidões das águas que trazem vida em abun-dância remetem continuamente às origens, à criação, ao renas-cimento. Nossa proteção vem de uma mulher louvada no mo-mento da sua concepção livre do pecado e libertadora, menina que se transforma em profe-tisa, humilhada que se torna bem aventurada, transformando medo em coragem e a levando a proclamar que Deus prefere os humildes, despede os ricos de mãos vazias e derruba os poderosos de seus tronos.

Numa terra de fi guras pode-rosas e de massas humilhadas

surge a fi gura frágil da concebi-da, da imaculada, como certeza e sonho de que a humanidade sonhada por Deus é diferente daquela vivida nos porões da humanidade, e que os abusados, os vilipendiados são olhados pelo criador com o mesmo amor que preservou a sua mãe do pecado. O pecado tem limite, e esse limite é o amor redentor do seu Filho. Ele não destrói a humanidade que continua a ter forças e possibi-lidades de pisar sobre o dragão da maldade e destruí-lo.

Nesta terra em que as mulheres indígenas no seu silêncio digno e impressionante conservaram a dignidade ultrajada pelo in-vasor, nesta terra de meninas abusadas e de inocência perdida, mas também de mulheres fortes, matriarcas, educadoras, magis-tradas, médicas, mães no sentido pleno, reina a Imaculada, ideal de vida, ligação com raízes que mergulham nas águas profundas e onde permanece o encanto, o sonho, a dignidade perdida.

Dirigindo o olhar para sua ima-gem deixemo-nos embalar pela música e pela arte que ela sus-cita e peçamos que esta terra e estas águas sejam lugar de humanidade renovada, redimida, impregnada da beleza de nossas fl orestas e da vida de nossos rios, lagos, paranás e igarapés. Que a Imaculada Conceição não permita que nos conformemos com nada que seja menor que o sonho de uma humanidade verdadeiramente humana.

O Amazonas pode ser berço de uma nova civilização como o é a fl or da vitória-régia, que brota radiante e imaculada das raízes mergulhadas na lama e de folhas imensas que no reverso são espinhentas como que para vencer o mal original.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropo-litano de Manaus

Natureza é nascimento, origem, fonte. As imen-sidões das águas que trazem vida em abundân-cia remetem continuamen-te à criação, ao renasci-mento. Nossa proteção vem de uma mu-lher louvada no momento da sua con-cepção livre do pecado , menina que se trans-forma em profetisa”

Imaculada

Olho da [email protected]

Quando não havia praça nem feira na “Panair”, dava para assistir ao pouso dos “asas duras” no rio Negro, sem pagar ingresso e com a mesma emoção de quem vê a sele-ção da Inglaterra jogando e perdendo no “ninho de pássaro” ou “bordado de índio” ou Arena da Amazônia, num futuro próximo. Mas a praça foi criada e... nada.

FOTO LEITOR

Todos os preparativos, formação tática, logística, a preparação mesmo do torneio começa efetivamente

quando você defi ne os adversários. (...) Se eu tivesse que escolher, tecnicamente Manaus não seria sede. Turisti-camente é muito bonita, mas, tudo bem, foi incluída.

Carlos Alberto Parreira, ex-treinador e atual coor-denador técnico da seleção brasileira, após sorteio dos

grupos para o Mundial do Brasil, disse que não escolheria a Manaus como uma das sedes para a Copa. Ele acha

que é muito difícil jogar sob altas temperaturas e que “a distância também atrapalha”.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

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Page 5: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 A5Política

CMM acumula dívida de R$ 8 mi e busca soluçõesEsse valor é remanescente de um déficit herdado da gestão anterior, de R$ 23 milhões, sendo que 65% já foi liquidado

O aumento em 127% nas despesas da Câmara Municipal de Manaus (CMM)

em 2013, sem que houvesse fundos para a inflação no planejamento orçamentário anual, já resulta no acúmulo de um déficit de R$ 8,109 milhões nas contas da casa. O sinal vermelho ameaçou o pagamento do último sa-lário dos servidores, a ser creditado no próximo dia 23 de dezembro, que deverá ser viabilizado por meio de uma articulação financeira com a Prefeitura de Manaus. O acordo irá ajudar as contas do Legislativo municipal, mas não garantirá a liquidação da dívida até o fechamento deste ano, nem evitará expressivos cortes de gastos em 2014.

Para a gestão deste ano, a CMM contava com um orça-mento de R$ 101,198 milhões (4,5% da receita líquida do Município). O valor foi base para o planejamento finan-ceiro anual da casa, mas não integrou os novos gastos que seriam anexados à folha de pagamento ao longo deste

ano. No fim de dezembro de 2012, ainda na gestão do ex-presidente da instituição, vereador Isaac Tayah (PSD), foram aprovados projetos que aumentaram em 60% as despesas referentes a verbas de auxílio, benefício e salários.

No grupo de projetos-bom-ba aprovados nessa última sessão estavam os aumentos da verba de gabinete, que pas-sou de R$ 40 mil para R$ 60 mil; do salário parlamentar, que subiu de R$ 7 mil para R$ 15 mil; o aumento da Cota para Exercício da Ati-vidade Parlamentar (Ceap), de R$ 8mil para R$ 14 mil; além do aumento da banca-da de vereadores, que neste ano passou de 38 para 41 parlamentares. Os reajustes tiveram efeito cascata no or-çamento da casa, visto que resultou na contratação de novos colaboradores comis-sionados para os gabinetes e na suplementação das folhas de pagamento.

No balanço anual, os gastos com essas finalidades salta-ram de R$ 38,119 milhões em 2012 para R$ 61,192 milhões neste ano, abrindo as portas para que as finan-

ças da Câmara já entrassem no ano legislativo com uma dívida de R$ 23 milhões. Em outra perspectiva, para que a CMM fechasse o ano no azul, dentro do atual quadro de gastos, seria necessário um orçamento 22,7% maior, ou seja, de R$ 124 milhões. Entretanto, o valor é acima

do limite previsto pela Lei Orçamentária Anual (LOA).

Segundo o presidente do Parlamento municipal, vere-ador Bosco Saraiva (PSDB), iniciar o mandato legislativo na presidência com a dívida milionária foi uma tarefa “as-sombrosa”. Ao longo do ano, a casa liquidou 65,2% da dívida, restando R$ 8,109 milhões. O

presidente atribuiu à quitação a um “incansável” trabalho em conjunto com as diretorias de finanças e administração, que, segundo ele, articularam cortes de gastos e o máximo de economia.

Bosco afirmou que, apesar da ordem de cortar gastos ter prevalecido neste ano, alguns investimentos foram possíveis. Ele citou que hou-ve compra de materiais de informática e admissão de concursados. “Ficamos priva-dos de fazer investimentos, mas cumprimos com nossas responsabilidades e ainda pudemos realizar algumas melhorias e, o que parecia improvável, diminuímos o dé-ficit”, afirmou.

O diretor de Finanças da CMM, Antônio Santino, afir-mou que mesmo o aumento de R$ 10 milhões no orçamen-to da instituição para 2014, previsto para R$ 112,5mi-lhões, não será o bastante para aliviar as contas. Ele estima que o orçamento ideal dentro do atual quadro finan-ceiro seria de R$ 120 milhões. Diante do cenário, Santino informou que cortes de pes-soal e de investimento estão previstos para 2014.

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

O aumento em mais três vagas de vereadores nesta legislatura, reajustes salariais, de verbas de gabinetes e da Ceap contribuiu com um impacto de 127% nas despesas da casa este ano

Para garantir o fechamen-to do ano em dia com a folha de pagamento, liquidar parte da dívida e aliviar o saldo negativo de 2014, a diretoria financeira da CMM articulou com a Secretaria Municipal de Finanças (Se-mef) a inclusão de receitas no duodécimo repassado pela prefeitura à casa legislativa. O suplemento foi autorizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) no último dia 27 de novembro.

A partir da medida, será incluso no percentual de re-passe do duodécimo da pre-feitura à Câmara, realizado no dia 20 de todo mês, as arrecadações com multas e juros decorrentes das recei-tas tributárias do IPTU, ITBI e ISS. O primeiro repasse já deverá ser do acumulado dos últimos 5 anos.

De acordo com Santino, até a próxima quarta-feira o levantamento será finali-zado e o primeiro repasse da verba deverá ser efetivado

ainda neste ano, garantindo o pagamento da folha de pessoal e outras contas.

Bosco acrescentou que a articulação financeira deve-rá ainda liquidar cerca de R$ 2 milhões da dívida, restando R$ 6 milhões em décifit, que, segundo ele, serão somados com novas previsões de gas-tos, aumentando a dívida em até R$ 8 milhões.

“Não adianta chorar ago-ra, fui informado sobre a situação quando já não podia fazer nada, veio de outra gestão. Portanto, nós sabía-mos desse desafio e vamos até o final. Em 2014, se tivermos que fazer cortes, o faremos, para garantir a nos-sa responsabilidade fiscal. A garantia é de que entregarei o mandato livre de dívidas”, afirmou Bosco.

A reportagem procurou o ex-presidente da instituição, Isaac Tayah, para repercutir sobre a dívida deixada a seu sucessor, mas ele não aten-deu às ligações telefônicas.

Incremento na receita da casa

ORÇAMENTO

112É a previsão orçamentária da Câmara Municipal de Manaus para o exercício financeiro de 2014

MILHÕES

TIAGO CORRÊA/DIRCOM/CMM

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Dilma não cogita convidar Joaquim ao funeral

A presidente Dilma já con-fi rmou que vai às cerimônias fúnebres do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, símbolo da luta contra a in-tolerância racial, mas não se cogita um convite ao ministro Joaquim Barbosa, o primeiro negro a presidir o Supremo Tribunal Federal, para inte-grar sua comitiva. O Palácio do Planalto limitou-se a in-formar a esta coluna que a comitiva à África do Sul “ainda não foi defi nida”.

GrandezaExperiente senador governis-

ta observou, sem muita convic-ção: “Se Dilma tiver grandeza, convida Joaquim Barbosa para a comitiva”.

IncompatibilidadeComo Lula já avisou que

acompanhará Dilma, difi cil-mente Joaquim Barbosa faria parte da comitiva. Ele detesta o presidente do STF.

SurpresaLula considera Joaquim Bar-

bosa um “ingrato” por tê-lo surpreendido com sua indepen-dência, na relatoria do processo do mensalão.

SugestãoEntão presidente, Lula que-

ria nomear um negro para o STF. Joaquim Barbosa foi su-gerido por frei Betto, que o conhecera casualmente.

Licitação do Metrô de For-taleza sob suspeita

O Ministério Público e o Tribunal de Contas da União emitiram pareceres contrá-rios ao vencedor da licitação de R$ 2,49 bilhões para a linha leste do Metrô de Fortaleza. O edital bilionário exige da empresa concorrente e do pro-fi ssional encarregado experi-ência na construção de túneis

e capital de 10% do valor da obra. As empresas do con-sórcio Cetenco-Acciona, que venceu, não se encaixariam nos pré-requisitos.

PressaO governador Cid Gomes

(PROS) se apressou para as-sinar o contato mesmo sem o consórcio vencedor demonstrar habilitação para a obra.

BilhõesA Comissão Central de Con-

corrências do Ceará ignorou as exigências do edital e aprovou a proposta do consórcio e Ce-tenco-Acciona.

Sem controleO processo recebeu parecer

desfavorável da Secretaria de Controle Externo do TCU, que atestou a irregularidade na li-citação.

Água e óleo Na Rede, cresce a pressão

para o PSB inverter chapa e lan-çar Marina Silva à Presidência. Aliados dela acusam Eduardo Campos de querer capitalizar votos “por osmose”, sem adotar o discurso da nova política.

Pronto para brigaUm poço de mágoas com

PMDB por “forçar a renún-cia” do mensaleiro José Genoino, a bancada do PT já levanta quatro possí-veis nomes para disputar a presidência da Câmara, em 2015: André Vargas (PR), Arlindo Chinaglia (SP), Cândido Vaccarezza (SP) e Marco Maia (RS).

Agiu sozinhoFamiliares do ex-ministro

José Dirceu disseram a petis-tas que também foram pe-gos de surpresa com as no-tícias de que o mensaleiro ganharia R$ 20 mil para tra-balhar no hotel St. Peter, cujo dono é um “laranja”.

De plantãoO deputado mensaleiro Pedro

Henry (PP) obrigou seu advoga-do, José Antônio Alvarez, a dar plantão neste fi m de semana em Brasília após parecer da Procuradoria-Geral da União pedindo sua prisão imediata.

SubmersoPressionado até por aliados

no PSDB, o ex-governador José Serra (SP) diminuiu as agendas e viagens país afora para não azedar ainda mais as relações com a bancada e o desafeto Aécio Neves (MG).

RebordosaAlém de Paulo André, zaguei-

ro rebelde que anda mal das pernas no Corinthians, outro com problemas é Martinez, do Náutico, que tentou liderar gre-ve por salários. O presidente do Náutico, Paulo Wanderley, avisou: “O único clube onde ele vai jogar em 2014 é o Bom Senso FC”.

Economiza combustívelA Polícia Federal estava na

torcida que o ministro Joaquim Barbosa (STF) expedisse trans-ferência de Kátia Rabello e Si-mone Vasconcelos ao presídio de Belo Horizonte junto à prisão de Vinícius Samarane. Queria aproveitar a viagem de avião para já trazer o mensaleiro.

Sem noçãoO plenário do Senado é o

refúgio dos senadores, que fi cam protegidos do assédio de lobistas, pedintes e de cha-tos como Valmir Amaral (DF). Mas, o amigo de Renan Ca-lheiros foi senador e aproveita o direito de acesso ao plenário para fazer lobby por CPI contra o governo do DF.

Pergunta no hotelSe o gerente do ho-

tel St. Peter ganharia R$ 20 mil, quanto recebe o laranja dono do prédio?

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

O Estado é mais cego do que eu”

SÉRGIO SILVA, fotógrafo que perdeu um olho após um tiro de borracha durante protesto

PODER SEM PUDOR

Ameaça de carregador

Eleitores fi liados são 15 milhões Já está disponível no por-

tal do Tribunal Superior Elei-toral (TSE), no sistema Fi-liaweb, a lista com os dados atualizados dos 15.264.775 eleitores fi liados a partidos políticos até outubro deste ano. A fi liação é uma das exigências para se concor-rer às Eleições 2014.

Além dos nomes dos elei-tores fi liados, as relações contêm a data de fi liação e o número dos títulos e das seções eleitorais em que cada um está inscrito.

A legenda com o maior número de fi liados é o Par-tido do Movimento Demo-crático Brasileiro (PMDB): 2.355.183 (15,42%) inscri-tos. O Partido dos Trabalha-dores (PT) ocupa a segun-da posição, com 1.589.574 (10,41%) fi liados. As agre-miações que têm o menor número de inscritos são as duas que conseguiram o registro no TSE em 24 de setembro deste ano: O Solidariedade conta com 4.808 (0,031%) fi liados e

o Partido Republicano da Ordem Social (PROS) fi liou 4.461 (0,029%) eleitores.

Os partidos encaminha-ram a lista de fi liados ao TSE em outubro, como de-termina a lei nº 9.096/1995 (Lei dos Partidos Políticos). Após receber a relação dos fi liados, a Justiça Eleitoral pesquisou as duplicidades, ou seja, identifi cou as pes-soas que estavam ligadas a mais de uma legenda, o que não é permitido pela legislação eleitoral.

NO BRASIL

Dados são referentes ao mês de novembro deste ano, cujo levantamento é feito pela secretaria-geral da mesa diretora

Comissões do Senado realizaram 86 reuniões

Senadores se dividiram, este ano, entre as sessões plenárias e os debates nas comissões da casa

Uma proposta que facilita a formação profi ssional e a con-tratação de adoles-

centes carentes está entre as 132 matérias aprovadas em uma das 86 reuniões re-alizadas pelas comissões per-manentes e subcomissõesdo Senado em novembro.

De acordo com a resenha mensal elaborada pela secre-taria-geral da mesa, por meio da Secretaria de Comissões (SCOM), entre as 86 reuniões, 41 foram audiências públicas para discussão de temas diver-sos. Nesse mesmo período, 69 requerimentos foram aprova-dos. Das 132 matérias aprecia-das nesse período, 50 foram em decisão terminativa e seguem direto para análise da Câmara ou sanção da Presidência da República, sem a necessidade, portanto, de serem apreciadas em plenário, a não ser que haja recurso nesse sentido de pelo menos nove senadores.

No total acumulado do ano legislativo, ou seja, de 4 de fevereiro a 30 de novembro, as comissões e subcomissões

permanentes realizaram 646 reuniões, entre elas 298 au-diências públicas; e analisa-ram 1.076 matérias (459 de-las em decisão terminativa) e 706 requerimentos.

O projeto que facilita a formação profi ssional e o emprego para adolescentes carentes (PLS 352/2008) dá prioridade na concessão de vagas na aprendizagem de adolescentes em situação de risco social e pessoal, em cumprimento de medidas so-cioeducativas e para aqueles cujas famílias sejam atendidas pela assistência social devido à condição econômica.

Ainda na área do trabalho, várias outras propostas foram aprovadas em novembro, en-tre as quais a que concede aposentadoria especial aos 25 anos de serviço ao trabalhador da construção civil, desde que tenha atuado em condições que prejudiquem sua saúde ou integridade física (PLS 228-complementar); e a reserva de vagas para mulheres vítimas de violência doméstica nos cur-sos técnicos oferecidos pelos

serviços nacionais de apren-dizagem do Sistema S (PLS 233/2013). Foi aprovada ainda matéria que autoriza emprega-dores pessoas físicas a formar consórcio para contratação de trabalhadores no meio urbano (PLS 478/2012).

No setor de Educação, as comissões aprovaram o Plano Nacional de Educação (PNE), para melhorar o ensino no país e erradicar o analfabetismo (PLC 103/2012). Entre as várias pro-postas aprovadas nesta área, destacam-se ainda a dedução, do custo total do curso superior, da parcela referente à disciplina não cursada ou cursada com aprovação, cujos créditos foram aproveitados (PLS 314/2012); o incentivo às cidades que celebrarem convênios para a qualifi cação profi ssional de benefi ciários do Programa de Financiamento Estudantil (Fies) que não estejam no mercado de trabalho (PLS 9/2010); e o aces-so universal da comunidade às bibliotecas públicas, e não só aos alunos da instituição geral-mente responsável pelo acervo (PLS 156/2013).

Carroceiro e aspirante a vereador, Braz Batista da Silva chegou revoltado no comitê do saudoso Marcos Freire, à procura de Bayron Sarinho, que o contratara para carregar “espontaneamente” o senador nos comícios.

- Dr. Byron, se não me pagar hoje, não carrego mais. E se não pagar certo daqui pra frente, eu jogo o senador no canal, em Casa Amarela...

Marcos Freire perdeu a eleição, mas Braz recebeu o dele.

DIVULGAÇÃO

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Page 7: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 A7Com a palavra

Estou muito seguro quan-to à questão do gabarito dos prédios. Tenho dúvi-da nenhuma que tem que ser de 25 pavimentos. Dizem que queremos transformar Manaus em um paredão de concreto”

O arquiteto e urba-nista Pedro Paulo Cordeiro está por dentro do polêmico

projeto do Plano Diretor, cuja discussão aflora os sentidos dos parlamentares da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Há dez anos como funcionário do Instituto Municipal de Pla-nejamento Urbano (Implurb), o arquiteto de 44 anos, que já passou por vários setores do órgão, como a própria vice-presidência, foi colocado à disposição da Câmara para coordenar a revisão da pro-positura. De acordo com ele, embora o Plano seja definido, os resultados devem ser con-quistados apenas em 10 ou 20 anos e a partir do plane-jamento e implementação por parte dos poderes públicos e também da contribuição da população. “Somente assim será possível daqui a 10 anos termos uma cidade diferente e melhor”. Em entrevista ao Amazonas Em Tempo, Pedro contou um pouco sobre a pro-fissão, tão importante para a resolução de problemas de questão urbana. Por sinal, é justamente a experiência que o permite acreditar que tanta a questão de mobilidade urba-na, como déficit habitacional, devem ter seu esclarecimento. “Eu não posso como profis-sional, arquiteto e urbanista, dizer o contrário”.

EM TEMPO - Como foi esse trâmite para o senhor ser cedido à Câmara?

Pedro Paulo - Na reali-dade, o processo do Plano Diretor iniciou em 2009, na gestão do Bosco Saraiva, que era o presidente do Implurb à época. E eu acompanhei todo o processo. Não só participei com a equipe como um todo, organizamos as audiências, questão da metodologia, que foi em conjunto com a Fucapi. E aí deram todas essas au-diências e por fim, agora na gestão do atual prefeito, o próprio presidente da Câmara (Bosco Saraiva) me convidou para fazer parte desta coor-denação. E como eu acompa-nhei todo o processo e sei das histórias, da questão da docu-mentação, do que existe. En-tão, logicamente, aceitei até mesmo por ser um trabalho um pouco diferente do que eu estava acostumado.

EM TEMPO - E quais eram essas diferenças?

PP - A diferença é que de-pois que o anteprojeto chega a Câmara, você tem que fazer uma análise diferente. É pre-ciso montar toda uma meto-dologia, inclusive das próprias

audiências, só que já baseado em um anteprojeto de lei. Até então, no Executivo, você não tem este anteprojeto. Nós te-mos uma lei vigente e através das audiências você vê o que realmente consegue filtrar ou encaixar. No Legislativo não. Você já tem esse anteprojeto e trabalha em cima dele. E está sendo uma experiência inte-ressante porque você começa a ver as outras nuances, que é exatamente esta questão do Legislativo, a discussão dos vereadores com a comu-nidade e com os grupos que têm. Cada grupo defende o seu interesse.

EM TEMPO - Mas como isso influencia no seu traba-lho, especialmente quando o senhor veio do Executivo e as bancadas se dividem em oposição e governistas?

PP - Aí é que está o desafio. É exatamente você equilibrar e conseguir pesar e analisar o que vai ser melhor para a cidade. Que cada grupo tem seu interesse, isso é fato, mas você tem que analisar e, lógi-co, ver o que vai impactar de positivo ou negativo na cida-de, na questão da legislação. Porque não adianta criar uma legislação que não vai ser cum-prida, como diversas leis que já existem por aí. E a segunda questão se refere ao fato de que nós sempre queremos o melhor plano para a cidade. Mas se você não aplicá-lo real-mente e segui-lo, tanto gesto-res quanto cidadãos comuns, não vai adiantar de nada. As pessoas exigem demais, mas assim como se exige tem que dar uma contrapartida. Por exemplo, você não deve ocu-par calçadas com nada, tem que deixá-la livre. Você tem que cuidar da calçada pela lei, no Código de Posturas. Mas as pessoas não cuidam, ocupam a calçada, fazem de estacionamento, colocam qualquer tipo de mobiliário, de empecilho. Então o que eu quero dizer é que, para termos uma cidade melhor, nós pre-cisamos ter uma legislação muito bem amarrada. Mas, nós temos que ter pessoas que vão dar prosseguimento, realmente obedecer, aplicar e implementar. Porque o nosso Plano é muito bem estrutu-rado. Muitas pessoas falam diversas coisas, mas ele é muito bem estruturado, foi o primeiro Plano após a criação dos Estatutos das Cidades (Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras previdências). Em 2001 o estatuto foi sancionado e logo em 2002 nós tivemos o nosso Plano. Agora é uma revi-

são, nós não estamos criando um novo Plano. É isso que as pessoas têm que entender. Já se passaram pouco mais de 10 anos. A cidade mu-dou. Nós temos um problema gravíssimo de mobilidade, o déficit habitacional é muito grande. Mas acredito que to-dos esses problemas podem ser resolvidos. Eu não posso como profissional, arquiteto e urbanista, dizer o contrário.

EM TEMPO - Que ti-pos de projetos pode-riam vir a Manaus para solucionar a questão de mobilidade urbana?

PP - Uma coisa que eu acredito é que primeiramen-te tem que se fazer um plano de mobilidade. Aprovado o Plano Diretor, um dos pri-meiros planos que devem ser feitos é exatamente este de mobilidade e o do Centro Histórico. Na verdade não é que sejam os mais im-portantes, mas devem ser feitos por primeiro porque a problemática é muito gran-de. Partindo do princípio do plano de mobilidade, então você tem que começar a planejar e implementar. E o que acontece e as pessoas não entendem, que plane-jamento urbano você não consegue fazer em um ano, em dois anos. Você consegue ter resultados em dez anos, vinte anos. Isto é fato. O Plano de mobilidade tem que ser seguido à risca e existem diversas experiências, não sé no Brasil como no mundo. Você me perguntou de qual tipo, mas eu só posso garan-tir que tem que ser um tipo de transporte massivo, no qual você tem que transportar um número X de pessoas. No caso de implantar o BRT [Bus Rapid Transit], que significa um transporte coletivo com sistema de metrô, ou seja, com horários bem definidos, precisa ter primeiro uma via segregada, porque os ônibus biarticulados precisam man-ter uma velocidade regular. Por que no metrô você con-segue marcar exatamente a hora? Porque ele não tem obstáculo, ele vai de estação a estação livre. Aí é que está a sacada do BRT. Por exem-plo, por que não funcionou na época do Alfredo, porque não fizeram a via segregada e não implantaram o sis-tema. O que é implantar o sistema? O mesmo sistema que tem no metrô, lógico com as devidas proporções, você vai ter que implantar no BRT, para saber a questão de horários, onde estão as ultra-passagens, qual o biarticula-do ou triarticulado que pode ultrapassar o outro, com um sistema georreferenciado.

EM TEMPO – O novo Plano Diretor ainda não foi apro-vado, mas existem obras da prefeitura que estão em andamento, como as cal-çadas da Djalma Batista. Isto não pode comprome-ter a proposta que ainda vai ser definida?

PP - Isto não compromete porque o Implurb, como ins-tituto de planejamento, tem esta prerrogativa de plane-jar. Então o que está sendo executado segue as normas, onde você deixa uma faixa acessível, encaixa as rampas, deixa a área verde. Tudo isso porque não adiantaria nada a prefeitura pregar uma coisa na lei e fazer outra. Posso garantir que estes projetos estão exatamente adequados conforme o que está se pregando.

EM TEMPO - O prefeito, Arthur Neto, defendeu a ver-ticalização da cidade e decla-rou que era “contra a provin-cianização de Manaus”. Qual a sua avaliação sobre este assunto, que se transformou em uma polêmica?

PP - Eu vou ser bem sin-cero. Eu estou muito seguro quanto à questão do gabarito dos prédios. Tenho dúvida nenhuma que tem que ser de 25 pavimentos. As pessoas dizem que queremos trans-formar Manaus em um pa-redão de concreto, mas isso não é verdade, porque temos uma coisa chamada afasta-mento: onde, se eu construo um prédio aqui, vou ter que deixar uma distância para o outro de tantos metros. Isso para mim é mito. Outro mito é que vamos começar a construir tanto que iremos transformar Manaus em ilhas de calor. Isso também é mito porque Manaus já está uma ilha de calor, nós não vamos transformá-la, ela já está. Vou dar um exemplo mui-to claro: ande meio-dia na Getúlio Vargas e no mesmo horário na André Araújo. Para se ter uma ideia, em toda a extensão da André Araújo temos seis prédios, somente seis, e é uma ilha de calor. E o que se explica isso: simples, é arborização e não o gabarito. E outra coisa, para implantar um prédio não pode ser em qualquer terreno, tem que ser um adequado o suficiente para implantar uma torre, porque você implanta uma torre e deixa um afastamen-to de um lado e de outro. Então não é qualquer lote. Para construir um prédio, o lote tem que ter no mínimo 40 metros de largura. Então jamais teremos um prédio um do lado do outro. É só observar a Ponta Negra, que tem vários prédios.

Pedro PAULO

‘Em 10 ANOS A CIDADE será melhor”

Depois que o antepro-jeto chega à Câmara, você tem que fazer uma análise diferente. É pre-ciso montar toda uma metodologia, inclusive das próprias audiências, só que já baseado em um anteprojeto de lei. No Executivo, você não tem esse anteprojeto”

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

FOTOS: DIEGO JANATÃ

Tem que se fazer um plano de mobilidade. Aprovado o Plano Dire-tor, um dos primeiros planos que devem ser feitos é exatamen-te este de mobilidade e o do Centro Histórico”

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

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[email protected], DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Proposta quer movimentar o lazer no Centro

RICARDO OLIVEIRA

Duplicação de rodovia prejudica empresários Eles reclamam que obras de revitalização da AM-070, em Iranduba, comprometem negócios instalados ao longo da estrada

Antes da “chegada do progresso” com a du-plicação da rodovia es-tadual Manoel Urbano

(AM-070, que liga Manaus aos municípios de Iranduba e Mana-capuru), os empreendimentos instalados nos limites da es-trada sofrem os primeiros im-pactos da mudança. Ao “ceder” uma parte de seus terrenos ao governo estadual, alguns em-presários passaram a conhecer a face perversa do desenvolvi-mento, amargando os prejuízos de início das obras.

A indústria LAM Látex da Amazônia Ltda., primeira fá-brica de preservativos do Ama-zonas, foi uma das “vítimas”. A obra comprometeu uma parte pequena do terreno, justamente onde estava localizado o galpão da empresa, o que resultou na paralisação da produção, com capacidade de 4,5 milhões de camisinhas por mês. “A fábri-ca foi desapropriada. Não tem mais utilidade industrial”, infor-ma o gerente-geral do lugar, Marcos Sales.

Ele comenta que a empresa ainda conta com uma fatia do terreno de aproximadamente 6,5 hectares, que deve ser uti-lizada para a construção de um novo depósito. Entretanto, os dirigentes esperam o cum-primento da promessa da pre-sidente Dilma Roussef sobre a ampliação dos benefícios da Zona Franca de Manaus (ZFM) à Região Metropolitana de Ma-naus (RMM). “Se isso acontecer,

como ainda temos a área rema-nescente, vamos nos instalar no nosso terreno. Caso contrário, vamos para Manaus”.

O terreno da Cerâmica João de Barros que teve que ser desa-propriado para o andamento do projeto, compreendia 50% dos fornos da fábrica, explica um dos quatro sócios-proprietários da

empresa, Henrique de Oliveira Silva. Segundo ele, a olaria tinha uma capacidade de produção de 800 milheiros por mês.

Henrique, também salien-ta que existe o problema de acesso que difi culta até mesmo a entrada de material como lenha, necessária para o fun-cionamento dos fornos. Ele res-salta que o Estado indeniza os terrenos desapropriados, mas, ainda assim, o valor pago não representa as despesas reais resultantes da redução do lu-gar. Diante dos percalços da obra a produção está paralisada desde outubro e deve man-ter o cenário até janeiro, em virtude do período antecipado de chuvas. Por sinal, todo este transtorno resultou na redução

da mão de obra da fábrica, que perdeu aproximadamente 50% dos seus funcionários, de 49 fi caram 23. “A empresa faz sacrifícios, continua pagando esses restantes que sobraram em virtude de todo dinheiro que já foi investido. São tra-balhadores com 4 a 5 anos de empresa, que foram treinados por nós”, pontua.

A esperança é que o proje-to seja concluído rapidamente para dar oportunidade a “co-lher os louros”. Embora deta-lhe que essa fase inicial é de bastante angústia, Henrique acredita que será benefi ciado quando a obra for concluída, tanto economicamente qua-nto mercadologicamente.

Ritmo de obrasA rodovia faz parte da estra-

tégia para o escoamento da produção dos municípios de Iranduba (a 27 quilômetros da capital), Manacapuru (a 69 km) e Novo Airão (a 115 km). Do trecho da cabeceira da ponte Rio Negro até Manacapuru, a estrada Ma-noel Urbano terá 78 quilômetros duplicados. As obras iniciaram em abril. O primeiro trecho da fase inicial compreende a sa-ída da ponte Rio Negro até a entrada de Iranduba, com a realização de serviços de topo-grafi a, drenagem, lançamento de tubos e a terraplenagem para nivelamento da pista antes da pavimentação. Os primeiros 15 quilômetros de trecho da intervenção foram liberados para operação pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan),

ORIENTAÇÃOConforme informações da assessoria da Se-cretaria Estadual de Infraestrutura (Sein-fra), devido ao excesso antecipado de chuvas, o ritmo de obras está reduzido, mas há priori-dade na terraplenagem

A proprietária da São Fran-cisco Materiais de Constru-ção, Ivanete Torres Ferreira, declara que a ausência de um acesso difi culta os clientes de entrarem no estabeleci-mento, especialmente nesta época de chuvas. A loja de 11 x 12 metros quadrados foi destruída e teve que ser reerguida em um ambiente menor, na parte de trás do terreno, reduzindo em pelo menos 30% a capacidade de estoque de material. Ela expli-ca que a estrutura provisória foi construída 17 dias antes

da data prevista para derru-bada da loja, devido ao aviso do poder público. Segundo Ivanete, como muitos clientes desconhecem o novo espaço, as vendas tiveram um recuo. “Não tem espaço para colocar todas as mercadorias para vender e, além disso, nossos clientes pensam que estamos com as portas fechadas, já que a loja derrubada fi cava de cara para a pista e esse improviso fi ca na parte tra-seira do lote”, lamenta.

O proprietário do balneário Nascente, no km 14, Rober-

to Duarte, o “Biti”, também reclama dos impactos des-ta fase inicial. Segundo ele, o estacionamento do lugar virou uma lama e parte das águas também foram toma-da pelo barro. Do terreno de 186 metros x 176 metros, ele perdeu 186 metros de frente por 35 de fundo com a desapropriação. Na tentativa de manter os clientes, Biti investe em chuveiros, man-gueiras e rampas para auxiliar os banhistas, o que resultou no gasto da indenização, em torno de R$ 50 mil.

‘Plano B’ para fugir do prejuízo

Material de construção: clientes não param por acreditar que o lugar fechou as portas

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Na Grécia antiga, os sofistas se des-tacaram por recorrer à Sofia - o conhe-cimento, o saber, a sabedoria... - para desenvolver a falácia, um raciocínio capcioso para induzir o interlocutor ao engano. Trata-se de um silogismo apa-rente usado para defender algo falso e confundir o contraditor. Platão reco-mendava manter a vigilância para não confundir sofisma, o silogismo aparente, com os paralogismos que decorrem da ignorância, enquanto a sofística é vetor. Aos sofistas não interessa esclarecer, apenas doutrinar e impor seus dogmas. A reflexão se depreende do Pesadelo Fiscal, de Ricardo Mioto, publicado na Folha de São Paulo, do último dia 6, ao pontuar e parear a Zona Franca de Manaus com o Simples: as duas das principais formas de desoneração do governo federal. O Simples, porém, segundo Mioto, beneficia muito mais trabalhadores do que a ZFM. Ele baseia sua falácia nos estudos do economista José Roberto Afonso, que presta serviço ao Senado Federal nos momentos em que é preciso demonstrar aquilo que o jogo politico daquela Casa prioriza. Na contabilidade do tal sofisma, “cada emprego gerado pela zona franca nas fábricas de Manaus custa impressio-nantes R$ 191 mil em renúncia fiscal ao ano. Em comparação, esse valor é

de R$ 2.800 no caso do Simples.” A partir dessa premissa falaciosa, a con clusão é a mesma que recomenda e insiste no repensar da Zona Franca de Manaus. É um jogo de cartas marcadas, que emerge em clima de turbulências ou de aparente calma, a dos pântanos. Basta conferir o boicote articulado por interesses inominados para protelar a liberação do PPB, na burocracia federal, o ritual que (des) autoriza o manual de instrução do processo produtivo para as empresas usufruírem de benefícios fiscais da ZFM. Um boicote sombrio, de servidores de terceiro escalão, que se consideram mais real que o Rei e mais legal que a Lei e estão a serviço sabe-se lá de quem.

Os dados da Receita Federal sobre a renúncia fiscal do país são eloquentes e contundentes. Por região geográfica, na Amazônia, 2/3 do território nacional, com todos os incentivos regionais, onde há mais necessidade de investimento para aliviar as disparidades econômicas do país, a renúncia fiscal em 2012, foi de 17,9%, equivalente a R$ 26, 02 bilhões. No Sudeste, com 48,4% o ralo da renúncia consome R$ 70,65 bilhões no mesmo ano. A mesma disparidade se constata na distribuição de verbas do BNDES para manter os atuais pa-tamares de desigualdade regional. É

o mesmo BNDES que, há cinco anos, embroma a distribuição dos recursos do Fundo Amazônia, constituído em 2008, com o objetivo de captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento, combate ao desmatamento, promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no Bioma Amazônia. São quase 300 consultores – a maioria distante da realidade local - para desfiar uma lista infinita de restrições de uma burocracia perversa. Na lista dos impedidos com projetos vitais estão INPA, Embrapa, entre outras instituições empenhadas em reduzir o distanciamento federal e a indiferença crônica. Este sim é um pesadelo, o do descaso. Em cinco anos, menos de 20% de desembolso e mais de um ano para responder por que não apoia determinados projetos. É mais fá-cil descolar recursos para o ag ronegócio ou mineração na Amazônia que projetos de economia sustentável.

O raciocínio de combate à Zona Fran-ca alega sustentação nos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus (PIM), para afirmar que a mão-de-obra ocupada efetiva d 110.830 pessoas em agosto, em agosto último, custa R$ 119 mil/por emprego, para a renúncia fiscal envolvida. O sofisma não abate do custo de cada funcionário os

54% de repasse aos cofres federais de toda riqueza produzida na ZFM, segundo estudos da FEA/USP. A falácia do montante da renúncia fiscal divi-dido pelo número de empregos ignora a história, o alcance e a efetividade dos benefícios da ZFM. E omite que não há custeio público na ZF M, há renúncia, onde o governo deixa escapar por um lado sua compulsão arrecada-tória e ganha por outro, fazendo da renúncia medida compensatória aos próprios cofres, numa operação fácil e tecnicamente demonstrável.

Parece não interessar na demonstra-ção do silogismo aparente do pesadelo fiscal que Manaus, sozinha, comparece com quase 60% dos impostos reco-lhidos pela União na Região Norte. E o Amazonas é um dos 8 estados da federação que mais recolhe do que recebe recursos. A exportação de recur-sos para União Federal arrecadou em 2012 R$ 8.958,75 bilhões e recebeu de volta apenas R$ 2.535,89 bilhões, uma informação que escapa aos desafetos da ZFM. As empresas só passam a usufruir dos benefícios fiscais a partir do momento em que seus produtos entram n o mercado. A Zona Franca é de Manaus, mas ela atua em toda a Amazônia Ocidental e inclui Amapá-Santana, área em que são aplicados os

incentivos da sigla ZFM. E que R$ 18 bilhões são arrecadados em forma de PIS (Programa de Integração Social) e Cofins (Contribuição para o Financia-mento da Seguridade Social). A rigor , a renúncia fiscal real seria de apenas R$ 6 bilhões. A ZFM não beneficia só o Amazonas, mas o Brasil, os brasileiros que consomem os produtos fabricados aqui. Portanto, é preciso rever o discurso raivoso da renúncia, e olhar de outro prisma a paranoia da prorrogação. E se as empresas aqui instaladas, compro-vadamente arrecadam menos que em outros arranjos industriais do país, elas patrocinam duas vezes o orçamento da UEA, no fundo criado para sua manu-tenção, pagam os programas regionais de Pesquisa e Desenvolvimento e os fundos estaduais de turismo e fomento municipal, que permitiram, por exem-plo, financiar os projetos de cadeias produti vas no interior. São mais de R$ 2,3 bilhões de investimentos, entre P&D, Universidade, turismo e progra-mas de agroindústria para população ribeirinha. É, pois, nesse contexto, que inclui a guarda do bioma amazônico, irrisório, muito discreto o peso da tal renúncia. Por tudo isso e a partir dessas premissas objetivas, a quem interessa a demonstração falaciosa desse pesa-delo da difamação fiscal?

Alfredo MR Lopes [email protected]

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaista

Este sim é um pesadelo, o do desca-so. Em cinco anos, menos de 20% de desembolso e mais de um ano para responder por que não apoia de-terminados projetos

O pesadelo do sofisma fiscal

Agricultura familiar terá aporte para infraestruturaTreze associações e cooperativas de seis Estados, entre eles, o Amazonas, receberão parcela de em torno R$ 640 mil

Aproximadamente R$ 640 mil serão des-tinados a associa-ções e cooperativas

de agricultores familiares de seis Estados para investir em infraestrutura. O mon-tante é da primeira parcela dos recursos liberados pelo Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social (BNDES) do primeiro edi-tal de chamada pública do acordo entre a instituição e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O valor irá contemplar 13 associações e coopera-tivas de São Paulo, Piauí, Amapá, Goiás, Amazonas e do Paraná. Nos próximos dias, a Conab fará um novo pedido de liberação dos recursos para o BNDES. Serão pelo menos R$ 740 mil para atender outros 15 projetos contemplados.

ParceriaO acordo entre Conab e

BNDES tem por objetivo apoiar projetos que contri-buam para o fortalecimento social e econômico de orga-nizações produtivas rurais de base familiar, fornece-doras de alimentos para o Programa de Aquisição de

Alimentos (PAA) ou para o Programa Nacional de Ali-mentação Escolar (PNAE). Também podem participar organizações que operam a Política de Garantia de Pre-ço Mínimo dos Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio). Neste caso o projeto apresentado deve envolver produtos alimentícios.

O primeiro edital de chamada pública do acor-do recebeu a inscrição de 1.633 projetos de todo o país. Nesta primeira etapa, estão sendo liberados R$ 5 milhões para investimentos em infraestrutura, incluindo a compra de equipamentos, itens de armazenagem, ve-ículos, estruturação, entre

outros. Cada associação ob-terá apoio não reembolsável de até R$ 50 mil.

EditalO segundo edital de cha-

mada pública relativo ao Acordo de Atuação Conjun-ta entre Conab e BNDES foi anunciado semana passada, na Ilha de Marajó, no Pará.

O edital, que será publica-do nos próximos dias, prevê duas faixas de apoio: uma de R$ 70 mil, destinada ape-nas a produtores familiares de base agroecológicas e a associações e cooperativas formadas exclusivamente por mulheres; e outra de R$ 50 mil, voltada para os demais interessados.

Recursos Nesta segunda chamada,

os recursos estão vincula-dos à quantidade de bene-ficiários que o projeto irá atender. Os recursos devem ser aplicados para solucio-nar gargalos operacionais das organizações produti-vas, permitindo expandir suas atividades, aprimorar as condições de trabalho no meio rural e proporcio-nar ampliação da renda dos produtores. Agricultores do Estado estão entre os contemplados com liberação de verbas para plantio local

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ACORDOConab e BNDES irão investir R$ 15 milhões no fortalecimento da produção rural de base familiar, conforme o segundo edital de cha-mada pública relativo ao acordo entre as duas instituições

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Alimento saudável pesa no bolso do manauenseQuem opta por uma alimentação mais balanceada muitas vezes acaba pagando mais caro que os pratos tradicionais

Perder peso, manter a forma e garantir uma vida saudável não é nada fácil. Somado

aos desafi os do exercício fí-sico, quem quer fazer as pazes com a balança tem que mudar radicalmente a alimentação, atitude que além de complica-da pode pesar no bolso, princi-palmente para as pessoas que se alimentam fora de casa. A troca dos “fast food” como sanduíches, pizzas e refrige-rantes para alimentos mais naturais, como pães, massas e cereais integrais, sucos na-turais de frutas e pratos com saladas variadas pode sair até pelo dobro do preço e emagre-cer a renda mensal.

A comerciante Raycilene Al-ves, 49, que há sete, resolveu mudar a alimentação para um cardápio mais saudável, conta que precisou adequar além dos costumes, os gastos do dia a dia. “A primeira mudança foi parar de almoçar na rua e passar a fazer as refeições em casa. Quando não tem jeito e preciso fazer um lanche fora de casa, opto por sanduíches

naturais com pão integral e salada de frutas, opções estas que podem sair até 30% mais caras se comparadas com os lanches de rua tradicionais como coxinha e x-salada”, compara a comerciante.

Na busca por mais quali-dade de vida, ela relata que foi preciso levar as mudanças para dentro de casa. Marido e fi lhos, e até mesmo parentes próximos entraram na “onda” da alimentação natural. “Para eles me acompanharem, mu-dei o cardápio das refeições. O café da manhã que saia em média por R$ 25, com a compra diária de pães, queijo e presunto, por exemplo, fi cou um pouquinho mais caro, em torno de R$ 30 a R$ 35 com a substituição por frutas fres-cas, sucos naturais e shakes”, destaca Raycilene.

A cabeleireira Gláucia Va-lentim, 35, também mudou radicalmente a dieta dela e da família e lembra que no início o orçamento mensal dobrou, passando de R$ 400 para R$ 800. “Precisei incluir na lista de compras, arroz e macarrão in-tegral, proteína de soja, mais frutas como limão e abacaxi e muitas verduras para salada,

que em Manaus, nem sempre são baratas”, observa.

Em contra partida, Gláucia diz que a nova alimentação, eliminou outros gastos. “Nós gostávamos muito de ir à churrascaria, programa que não saia por menos de R$ 150 a cada fi nal de semana. No fi m, acredito que um gas-to compensou o outro, com

a diferença de que agora a saúde da minha família está garantida”, comemora.

Valor dobradoA nutricionista Socorro

Carvalho, que acompanha de perto pacientes em busca de mais saúde, estima que uma alimentação balancea-

da e rica em vitaminas sai pelo menos 50% mais cara e pode chegar a um valor 100% maior, dependendo da marca dos produtos adquiridos.

“Almoçar em um restauran-te do tipo ‘self-service’ é bem mais barato, mas é pobre em opções. Já um prato de salada, em um lugar especializado, com variedade de legumes e verduras não sai por me-nos de R$ 20. A compra do supermercado também pode dobrar com as substituições dos produtos. Ou seja, quem quer ter saúde, desembolsa mais, seja comendo em casa ou na rua”, pontua.

Uma saída, indicada pela especialista é procurar fei-ras de produtos orgânicos espalhadas pela cidade, para suavizar os gastos do mês. Optar por restaurantes que oferecem opções mais lights no cardápio, também é outra solução apontada pela nutri-cionista. “Para quem tem um tempinho a mais disponível, uma boa alternativa é a cha-mada ‘marmita’. Preparar o próprio alimento e levar para o trabalho pode ajudar a ga-rantir a saúde e a economia no mês”, sugere.

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MARMITAUma opção para quem quer economizar no bolso e garantir uma comida ideal - mas desde que disponha de tempo sufi ciente -, é a de preparar a própria marmita para levar para o trabalho

De olho na crescente de-manda de manauenses que buscam um corpo mais sau-dável, mas com uma rotina agitada o proprietário do Suco Saúde, Márcio Villas, inaugurou há três meses, no conjunto Vieiralves, um espaço onde o cardápio é leve também para o bolso. No local que atrai até 90 pessoas por dia, é possível encontrar pratos promocionais como o que leva 100 gramas de fi lé de frango e três opções por R$ 11 ou um prato de salada em camadas por R$ 14 e os sucos que dão nome ao lugar como o “adeus gripe” e o “suco para o colesterol”, por R$ 9 (copo de 400 ml). Ele conta que a ideia surgiu depois de uma pesquisa de mercado em Manaus, na qual verifi cou que este ramo era escasso ou muito caro, na cidade. Entre os diferenciais do negócio, Márcio relaciona o cardápio criado por uma nutricionista e a opção do

cliente de levar o receituário médico para que o restauran-te prepare a dieta.

Para quem não tem tem-po nem mesmo de ir a um restaurante ou preparar a comida em casa, o biólogo Felipe Guimarães, oferece o “Almoço de Amanhã”. O pedi-do pode ser feito no dia an-terior pelo Facebook ou pelo e-mail [email protected], até as 9h do dia da entrega. Os pratos são ve-getarianos e cada dia da semana possui uma opção diferente. As quentinhas são individuais e custam R$ 10. Felipe teve a ideia após ouvir as reclamações de amigos sobre a falta de opções mais saborosas e menos pesadas de almoço em Manaus. O empreendedor possui 250 clientes cadastrados e faz uma média de 10 entregas por dia. Por enquanto, elas se restringem ao bairro Coroa-do, avenida André Araujo e Ephigênio Sales (V8).

Opções saudáveis e viáveis

O empresário Márcio Villas com algumas das opções do Suco Saúde, que alia preço e sabor

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 B5

Proposta quer ‘agitar’ o Centro Emenda ao Plano Diretor pretende atrair turistas e movimentar a economia da área central de Manaus com novos bares, restaurantes, cinemas e casas de shows

O centro de Manaus poderá ganhar uma área especial repleta de bares, restauran-

tes, casas de shows, teatros e até cinemas. A ideia integra duas emendas para compor o Plano Diretor da cidade e pro-mete, além de dar vida à área central da capital amazonense, movimentar a economia local.

De acordo com a proposta, os empresários, em especial do setor de bares e restaurantes de Manaus podem ser bene-fi ciados com a isenção parcial ou total de tributos municipais – como o Imposto sobre a Pro-priedade Territorial e Urbana (IPTU), o Alvará de Funciona-mento e o Imposto Sobre Ser-viços (ISS) – para se instalar nas ruas paralelas e transversais à avenida Epaminondas, e movi-mentar o comércio de entre-tenimento da referida área.

De autoria do vereador Edi-nailson Rozenha, a proposta pretende transformar o Cen-tro de Manaus em um reduto de entretenimento seguindo o exemplo de outras capitais do país, como é o caso de Vila Madalena (SP) e a Lapa (RJ).

“Se der certo, vamos incen-tivar o retorno do empresário a um Centro revitalizado, mo-vimentar o turismo e também levar o manauense para se di-vertir na área central, tudo isso gerando emprego e renda para a população”, defende.

Ele conta ter desenvolvido o texto das emendas após ob-servar o novo “fôlego” dado à rua Japurá, no Centro, após a instalação de dois bares no local. “Os bares, literalmente, muda-ram a cara do lugar e caíram no gosto de turistas e também da população local”, observa. A idéia tomou forma em outubro deste ano, quando foi defi nido o quadrilátero formado pelas Ruas Japurá, 7 de Setembro, Luiz Antony e Getúlio Vargas para a fi xação dos empreendi-mentos interessados e aguarda aprovação para concessão dos benefícios e regulamentação das regras até o próximo dia 18 deste mês.

A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restau-rantes no Amazonas (Abrasel-AM), Janete Fernandes aprova a iniciativa, mas faz algumas considerações. Segundo ela, a área escolhida pelo parlamen-tar é muito extensa e pode difi cultar a concretização do

projeto. “Acho que uma única rua ‘gourmet’, com restauran-tes de diferentes culinárias, seria um ponto de partida ra-zoável, como forma de teste. Mas a intenção de movimen-tar o Centro e sua economia é muito positiva”, opina.

Outro ponto que precisa ser acertado com mais clareza, res-salta Janete, é a questão dos incentivos oferecidos. Ela cal-cula que 32% do faturamento de um estabelecimento do setor de bares e restaurantes é dire-cionado para o pagamento de impostos. Entretanto, ela pon-tua que as isenções oferecidas apresentam vantagem relativa ao empresariado. “Os tributos que mais pesam são os federais e o estaduais como os 11,9% do ICMS e os 20% de INSS na folha de pagamento”, pondera.

Ela destaca ainda o alto preço do aluguel na área, e questões de infraestrutura que precisam ser resolvidas como seguran-ça, iluminação e áreas para estacionamento. “O Centro é problemático em todos esses quesitos e além deles há o custo para a abertura do negócio em si, que custa em média R$ 1 milhão, para um restaurante que empregue 50 funcionários, por exemplo”, detalha.

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

O presidente da Associa-ção Brasileira da Indústria de Hotéis no Amazonas (Abih-AM), Roberto Bulbol, salienta que se der certo, a proposta vai criar os cha-mados corredores turísti-cos, ordenando o Centro e benefi ciando os hóspedes dos hotéis e a classe em-presarial. “Se o poder públi-co incentivar o empresário do setor de alimentação a voltar ao Centro, a inicia-tiva vai ‘puxar’, a abertura de outros negócios, como teatro, casas noturnas e até cinemas”, observa.

Para Bulbol a medida enal-

tece o turismo, tendo em vista que 60% das unidades habitacionais – quartos - dos hotéis de Manaus estão lo-calizadas no Centro. “É um público muito grande dis-posto a consumir produtos e serviços”, complementa.

Mais espaçosA proprietária do restau-

rante Kilomania, localizado na ru Ramos Ferreira, Lilian Guedes, defende que tanto o amazonense quanto o turis-ta gostam de comer na rua e que levar bares e restau-rantes para o Centro e ofe-recer espaços a céu aberto

podem ser uma boa opção. “Espalhar mesas e cadeiras pelas calçadas sempre atrai público e dá um ar leve ao espaço”, comenta.

Já o dono da Pizzaria Sca-rolla, José Martins sugere mais áreas de estaciona-mento para os clientes. “Se fosse possível entrar em um acordo coma Prefeitu-ra para liberar mais pis-tas para estacionamentos, como o lado direito da rua 10 de Julho, por exemplo, os clientes não enfrenta-riam difi culdades para achar vaga e frequentariam mais essa área”, argumenta.

Turismo principal beneficiado

Em algumas áreas do centro de Manaus a arquitetura do lugar também é uma atração

Proposta, além de transformar a área, movimentará a eco-nomia local

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 B5

Proposta quer ‘agitar’ o Centro Emenda ao Plano Diretor pretende atrair turistas e movimentar a economia da área central de Manaus com novos bares, restaurantes, cinemas e casas de shows

O centro de Manaus poderá ganhar uma área especial repleta de bares, restauran-

tes, casas de shows, teatros e até cinemas. A ideia integra duas emendas para compor o Plano Diretor da cidade e pro-mete, além de dar vida à área central da capital amazonense, movimentar a economia local.

De acordo com a proposta, os empresários, em especial do setor de bares e restaurantes de Manaus podem ser bene-fi ciados com a isenção parcial ou total de tributos municipais – como o Imposto sobre a Pro-priedade Territorial e Urbana (IPTU), o Alvará de Funciona-mento e o Imposto Sobre Ser-viços (ISS) – para se instalar nas ruas paralelas e transversais à avenida Epaminondas, e movi-mentar o comércio de entre-tenimento da referida área.

De autoria do vereador Edi-nailson Rozenha, a proposta pretende transformar o Cen-tro de Manaus em um reduto de entretenimento seguindo o exemplo de outras capitais do país, como é o caso de Vila Madalena (SP) e a Lapa (RJ).

“Se der certo, vamos incen-tivar o retorno do empresário a um Centro revitalizado, mo-vimentar o turismo e também levar o manauense para se di-vertir na área central, tudo isso gerando emprego e renda para a população”, defende.

Ele conta ter desenvolvido o texto das emendas após ob-servar o novo “fôlego” dado à rua Japurá, no Centro, após a instalação de dois bares no local. “Os bares, literalmente, muda-ram a cara do lugar e caíram no gosto de turistas e também da população local”, observa. A idéia tomou forma em outubro deste ano, quando foi defi nido o quadrilátero formado pelas Ruas Japurá, 7 de Setembro, Luiz Antony e Getúlio Vargas para a fi xação dos empreendi-mentos interessados e aguarda aprovação para concessão dos benefícios e regulamentação das regras até o próximo dia 18 deste mês.

A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restau-rantes no Amazonas (Abrasel-AM), Janete Fernandes aprova a iniciativa, mas faz algumas considerações. Segundo ela, a área escolhida pelo parlamen-tar é muito extensa e pode difi cultar a concretização do

projeto. “Acho que uma única rua ‘gourmet’, com restauran-tes de diferentes culinárias, seria um ponto de partida ra-zoável, como forma de teste. Mas a intenção de movimen-tar o Centro e sua economia é muito positiva”, opina.

Outro ponto que precisa ser acertado com mais clareza, res-salta Janete, é a questão dos incentivos oferecidos. Ela cal-cula que 32% do faturamento de um estabelecimento do setor de bares e restaurantes é dire-cionado para o pagamento de impostos. Entretanto, ela pon-tua que as isenções oferecidas apresentam vantagem relativa ao empresariado. “Os tributos que mais pesam são os federais e o estaduais como os 11,9% do ICMS e os 20% de INSS na folha de pagamento”, pondera.

Ela destaca ainda o alto preço do aluguel na área, e questões de infraestrutura que precisam ser resolvidas como seguran-ça, iluminação e áreas para estacionamento. “O Centro é problemático em todos esses quesitos e além deles há o custo para a abertura do negócio em si, que custa em média R$ 1 milhão, para um restaurante que empregue 50 funcionários, por exemplo”, detalha.

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

O presidente da Associa-ção Brasileira da Indústria de Hotéis no Amazonas (Abih-AM), Roberto Bulbol, salienta que se der certo, a proposta vai criar os cha-mados corredores turísti-cos, ordenando o Centro e benefi ciando os hóspedes dos hotéis e a classe em-presarial. “Se o poder públi-co incentivar o empresário do setor de alimentação a voltar ao Centro, a inicia-tiva vai ‘puxar’, a abertura de outros negócios, como teatro, casas noturnas e até cinemas”, observa.

Para Bulbol a medida enal-

tece o turismo, tendo em vista que 60% das unidades habitacionais – quartos - dos hotéis de Manaus estão lo-calizadas no Centro. “É um público muito grande dis-posto a consumir produtos e serviços”, complementa.

Mais espaçosA proprietária do restau-

rante Kilomania, localizado na ru Ramos Ferreira, Lilian Guedes, defende que tanto o amazonense quanto o turis-ta gostam de comer na rua e que levar bares e restau-rantes para o Centro e ofe-recer espaços a céu aberto

podem ser uma boa opção. “Espalhar mesas e cadeiras pelas calçadas sempre atrai público e dá um ar leve ao espaço”, comenta.

Já o dono da Pizzaria Sca-rolla, José Martins sugere mais áreas de estaciona-mento para os clientes. “Se fosse possível entrar em um acordo coma Prefeitu-ra para liberar mais pis-tas para estacionamentos, como o lado direito da rua 10 de Julho, por exemplo, os clientes não enfrenta-riam difi culdades para achar vaga e frequentariam mais essa área”, argumenta.

Turismo principal beneficiado

Em algumas áreas do centro de Manaus a arquitetura do lugar também é uma atração

Proposta, além de transformar a área, movimentará a eco-nomia local

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Brasil reduziu pobreza, masviolência continua em altaDe acordo com o sociólogo Emir Sader, o país vive um paradoxo que diminui a pobreza, mas tem intensificado a violência

A redução de desigualda-des no Brasil e na Amé-rica Latina não levou a redução da violência.

“O diagnóstico correto seria: menor desigualdade tende a menos violência”, diz o soció-logo e cientista político Emir Sader. “O maior paradoxo é estarmos em um país que dimi-nuiu a pobreza, mas tem intensi-ficado a violência”, acrescentou. Esse ponto de vista será posto para debate na próxima sexta-feira, 13, no Fórum Mundial de Direitos Humanos.

O evento acontecerá em Brasília de 10 a 13 de de-zembro. Sader fará parte da mesa Por uma Cultura de Di-reitos Humanos, junto com a professora argentina Alicia Cabezudo e a presidenta da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania de Cabo Verde, Zelinda Cohen. O debate será sobre o papel da educação em direitos huma-nos para o desenvolvimento e emancipação do cidadão.

O cientista político, um dos organizadores do Fórum So-cial Mundial, analisa a Amé-rica Latina à luz dos modelos políticos que regem os países. Em uma das últimas colunas publicadas em seu blog, ele diz que “para o bloco do governo

a questão central do Brasil é a da desigualdade, da pobreza, da miséria” e acrescenta que “mesmo quando a economia brasileira sofre um processo de estagnação, como acontece atualmente, o governo não ape-nas manteve, como estendeu e aprofundou as políticas sociais, revelando como se revertia a forma tradicional de encarar

desenvolvimento econômico e distribuição de renda”.

Ele diz que apesar da ênfase na questão social, a violência aumenta. Prova disso é o le-vantamento feito pelo país em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desen-volvimento (Pnud), divulgado na quinta-feira, 5. Os dados mostram que três em cada 10 brasileiros que vivem em

cidades com mais de 15 mil habitantes dizem ter sofrido ao longo da vida algum tipo de crime ou ofensa.

Crimes mais comunsSegundo o levantamento,

agressões e ameaças são os mais comuns, com 14,3% dos entrevistados tendo sofrido situ-ações do tipo nesse período. Em seguida, aparecem relatos de discriminação (10,7%), furtos de objetos (9,8%) e fraudes (9,2%). “Houve um aumento de interesse por direitos humanos, mas nos círculos pequenos. Na sociedade isso não chega”.

Para o cientista político, a fraqueza brasileira é a falta de espaço de socialização, principalmente nos setores mais pobres. “O sistema edu-cacional não desempenha esse papel. A escola não é espaço de socialização. O jo-vem acaba socializando na rua”, onde, segundo ele, tem contato com o consumismo e outros valores que podem levar à prática de violência.

Perguntado sobre as mani-festações de junho e julho e a reivindicação de direitos so-ciais, como saúde e educação, ele diz que, em última instância, as melhorias sociais podem le-var à redução da violência. Para sociólogo não basta reduzir os índices de pobreza se o país não diminui a onda de violência

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MAPASegundo o levantamen-to, agressões e ameaças são os mais comuns, com 14,3% dos entre-vistados tendo sofrido situações do tipo nesse período. Em seguida, aparecem relatos de discriminação (10,7%)

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B7MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 Mundo

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Família de Mandela travadisputa por nome e fortuna Brigas judiciais e confusões públicas dos familiares de Mandela são encaradas como uma “novela de horror” pelos sul-africanos

Após morte do líder sul-africano, familiares brigam por nome, fortuna e legado de Mandela

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Nelson Mandela, sím-bolo da reconcilia-ção sul-africana, parece ter falhado

na união de uma só famí-lia: aquela que leva seu so-brenome. Há muitos anos, a família Mandela - composta de seis filhos, 17 netos, 12 bisnetos, duas ex-mulheres e vários sobrinhos - disputa por poder, herança, nome, fortuna e legado por meio de ações judiciais e brigas públicas.

Em sua autobiografia, “Lon-ga caminhada até a liberda-de”, o homem que derrotou o apartheid reconhece que seu compromisso com o povo o levou a descuidar daqueles que estavam mais próximos. “Um homem envolvido na luta era um um homem sem vida familiar”, escreveu.

Mas Madiba, como era cha-mado em seu país, prova-velmente nunca imaginou as cenas de mesquinharia que seus descendentes seriam ca-pazes de provocar. Uma saga de brigas, acusações e inve-ja que levou Desmond Tutu, também ganhador do prêmio Nobel da Paz, a pedir respeito a seu amigo.

“Podemos, por favor, não pensar em nós mesmos? Isso é como estar cuspindo na cara

de Madiba”, disse o arcebispo da Igreja Anglicana ao tentar apaziguar uma disputa.

O último e mais marcante capítulo da novela aconteceu em junho deste ano, quando a Justiça ordenou transferir os corpos de três filhos do ex-pre-sidente a Qunu, cidade natal de Mandela. Mandla, neto e atual representante do clã,

havia retirado os corpos para enterrá-los em Mvezo.

Mandla, membro governan-te do Congresso Nacional Afri-cano (CNA) no parlamento, havia feito essa mudança com o propósito de poder sepultar rapidamente seu avô em sua cidade. Ele tomou a decisão sem consultar os outros fami-liares, nem mesmo a filha mais velha de Mandela, Makaziwe,

que deseja que seu pai seja enterrado em Qunu, a 700 qui-lômetros de Johannesburgo. Ela foi a responsável por reunir outros 16 familiares para re-aver os corpos ao local onde haviam sido sepultados.

Irritação geralO episódio irritou os sul-

africanos, que encheram as redes sociais de mensagens em protestos. A mais replicada no Twitter foi: “Talvez Mandla seja um Mandela, mas está longe de ser Nelson”.

Desde abril, 17 membros da família, liderados por Maka-ziwe, iniciaram uma ação na Justiça para conquistar o direito de controle das empresas fun-dadas por seu pai. Tratam-se da Harmonieux Investement Hol-dings e da Magnifique Invest-ment Holdings, que geram mais de US$ 1 milhão por ano.

Esta é apenas uma das brigas judiciais em torno da herança de Mandela, que arrecadou muito dinheiro graças às ven-das de seus livros e memórias, além de aquarelas e desenhos feitos por ele na prisão de Robben Island, onde ficou 18 dos 27 anos que passou en-carcerado. Grande parte dessa fortuna foi doada por Mandela a instituições de caridade.

DESCUIDADOEm sua autobiografia, “Longa caminhada até a liberdade”, o homem que derrotou o apar-theid reconhece que seu compromisso com o povo o levou a des-cuidar daqueles que estavam mais próximos

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 (92) 3090-1041

Aplicativos da guerra dos sexos

Dia a dia C2 e C3

DIVULGAÇÃO

Em Manaquiri, estudantes aprendem a fazer cultivosCurso que começa amanhã mostrará técnicas de produção, plantio e cuidados de plantas com valor econômico para a região

Com a proposta de dar aos estudantes de ensino médio da rede pública a oportu-

nidade de experimentar áreas do conhecimento profi ssional que poderão ser desenvol-vidas na região, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) inicia amanhã, o primeiro “Curso de Férias: produção de mudas, plantios e cuidados” no mu-nicípio de Manaquiri, interior do Amazonas.

Elaborado por pesquisado-res e técnicos do laborató-rio de Inventário Florístico e Botânica Econômica da Co-ordenação de Biodiversidade do Inpa (CBIO/Inpa), o curso tem o objetivo de aperfei-çoar e capacitar estudantes do ensino médio das redes públicas municipal e estadual e produtores rurais de Mana-quiri, por meio de técnicas de produção, plantio e cuidados, tendo em vista a melhoria na qualidade de vida e o nível de conhecimento científi co na área de pesquisa e no desenvolvimento tecnológico do município. Será a junção do conhecimento técnico/cientí-fi co com a experiência po-pular. O curso será realizado no Centro de Treinamento de Produtores Rurais em Negó-cios Sustentáveis, localizado no quilômetro 8 da rodovia AM-354, em Manaquiri.

“Eu vejo que o município tem muita carência de orientado-res e os moradores não têm muitas opções de convivência com outras áreas. A chegada

do Inpa ao Centro de Treina-mento irá dar a oportunidade de que eles convivam com os pesquisadores e que tenham uma troca de conhecimento. Manaquiri tem muita área verde, então essa é a opor-tunidade dos alunos verem em que se identifi cam, buscar se profi ssionalizar e retornar ao município para desenvol-ver atividades que possam ajudar na economia”, afi rma Juan Revilla, um dos profes-sores responsáveis pelo curso de férias.

Curso de fériasForam selecionados 50 es-

tudantes para o curso tendo como base um formulário preenchido especifi cando a área de conhecimento em que tinham mais afi -nidade (Ciências Naturais, Agronomia, Turismo, Biolo-gia e Ciências Florestais). Serão cinco turmas que passarão 8 horas por dia (durante cinco dias) tendo aulas práticas e teóricas ministradas por professores e servidores do Inpa.

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FORMAÇÃOO curso tem o obje-tivo de aperfeiçoar e capacitar estudantes das redes públicas municipal e estadual e produtores rurais de Manaquiri, por meio de técnicas de produção, plantio e cuidados

Os alunos do curso receberão transporte, alimentação e certifica-do de participação com carga de 40 horas.

Os assuntos abordados

no curso serão: filosofia do uso sustentável da flores-ta amazônica, tendências econômicas da Amazônia, produção de mudas, pre-paro e canteiro, plantio em

sacos de mudas, plantio no campo e tipos de plantio.

“O trabalho é muito di-recionado a aproveitar e valorizar a floresta como variadas formas de uso: ali-

mentos, cosméticos e até o uso medicinal. A intenção é que eles aprendam que a floresta tem mais valor em pé do que derrubada”, explica Revilla.

Alunos receberão apoio total e certifi cados

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C2 Dia a dia

Uma grandeAplicativos que permitem a internautas avaliarem perfis de usuários do sexo oposto dividem opiniões sobre invasão de privacidade e exposição pública

A moda de dar nota para pessoas por meio de aplicativos chegou ao Brasil

como um furacão. O Lulu – ou Onlulu - já é o líder de downloads da App Store e Google Play, mas parece que esse tipo de aplicativo não vai muito longe. E foi o que ocorreu na tarde da última quarta-feira (4), quando a 15ª Vara Criminal de Belo Horizonte (MG), emitiu uma liminar que proíbe o aplica-tivo “Tubby” de ser disponi-bilizado em todo o Brasil.

Um grupo de mulheres, baseadas na Lei Maria da Penha (11.340/06), entrou com uma ação alegando que o aplicativo promove a violência contra a mulher.

Outra questão que já es-tava sendo bastante pole-mizada é a ilegalidade civil desses aplicativos – Onlulu e Tubby – por invadir a privaci-dade e muitas vezes ferir a honra das pessoas.

De acordo com o presi-dente da Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB), Seção Amazonas, Alber-to Simonetti, a própria Constituição Federal, em seu quinto artigo, garan-te liberdade de expressão, porém veda o anonima-to. E os aplicativos ava-liam homens e mulheres no anonimato.

As pessoas que se sen-tirem prejudicadas devem notificar o Facebook para retirada do ar. Depois, se

assim entenderem, podem entrar com as medidas ju-diciais cabíveis, aconselha o presidente da OAB-AM. A decisão fica a critério de cada juiz, que avaliar os danos causados.

Para o advogado Diego Padilha, o aplicativo utiliza a imagem dos homens e mulheres sem autorização, expondo sua honra e sua imagem. “Você não pode interferir na vida privada de uma pessoa, tanto que para realizar uma escuta telefônica é preciso ordem judicial. Esses tipos de apli-cativos são ilegais”, afirma o advogado. Dependendo da avaliação, se um usuá-rio é exposto de forma mais agressiva, mais contun-dente, isso pode gerar um pedido de indenização.

No Brasil há a possibi-lidade da quebra de con-fidencialidade. Em tese, haveria a possibilidade de quebra de sigilo, tanto com o Lulu e Tubby quan-to com o Facebook, que se conecta ao serviço.

Existe ainda outro proble-ma: os homens não podem optar por entrar ou não no Lulu. Eles têm opção apenas por sair do aplicativo.

“A autorização nos ter-mos de uso do Facebook não é o suficiente para que as informações dos usu-ários sejam utilizadas em outros aplicativos quando se trata do direito à priva-cidade e dignidade. Nesses casos, é necessário um con-sentimento específico”, afirma Padilha.

Segundo o Facebook, o Lulu não viola as políticas de priva-cidade da rede social por usar a lista de amigos das usuárias. A rede social usa somente as informações básicas, nome de perfil, foto do perfil e lista de amigos. O usuário, ao se ca-dastrar, concorda em compar-tilhar essas informações com aplicativos de terceiros.

Para a analista de mídias sociais Lucia Gonçalves, 27, esse é um dos assuntos mais comentados nas mesas de bar, é só uma maneira descon-traída de até mesmo ajudar

muitos homens na paquera. “Já avaliei amigos para que eles se dessem bem. E os ‘fi-cantes’ para dizer o que a nunca antes tive coragem de dizer”, explica a analista, que se diverte com o aplicativo.

Agora quando se fala em revanche masculina, muitas mulheres revelam que a exis-tência do Tubby não assusta. A estudante universitária S.P., 24, afirma que ‘já arregou’. “Você arregou!” é a mensa-gem que aparece quando é feito o descadastramento.

A versão masculina do apli-

cativo promete vir com hashta-gs do tipo #elaengoletudo #GostaDeTapaNaCara, #Co-meriaTodinha #JeitoDeSafada #ChupariaInteira, entre outras mais muito ofensivas, com um grande apelo.

“Quando vi as hashtags me descadastrei. Os homens, ou melhor, os brasileiros, têm a mente muito fértil, e quan-do o assunto é mulher eles não perdoam e nem mes-mo as próprias mulheres. Posso até me cadastrar de-pois. A curiosidade é maior”, explica a universitária.

Alguns homens não se inco-modam com o aplicativo, como é o caso do empresário Rafa-el Oliveira, 33, que acredita que esse aplicativo seja uma grande brincadeira. “Nem sei se estou nessa lista, mas não me incomodo. Acho esses apli-cativos uma perda de tempo”, explica o empresário.

Os aplicativos deram origem a uma nova forma de negócio: uma página na internet passou a vender avaliações positivas para que homens insatisfei-tos com suas notas elevassem um pouco sua média.

App é uma faca virtual de dois gumes

Aplicativo permite que mulheres façam avaliações sobre os homens que fazem parte de sua lista de amizades no Facebook

Notas atribuídas podem desagradar muitos dos avaliados

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MANAUS, DOMINGO 8 DE DEZEMBRO DE 2013 C3

O apliativo Onlulu, lançado há duas semanas no Brasil, já virou uma febre entre as mulheres, com mais de 5 milhões de downloads. O Lulu permite que apenas mulheres avaliem os homens usando suas informações de login do Facebook. As usuá-rias podem ver e avaliar ape-nas seus próprios amigos, e os garotos que receberam avaliações podem apenas ser vistos e qualificados por suas amigas.

Os homens não têm acesso às avaliações, que recebem sempre de forma anônima. Elas são feitas a partir de questões de múltipla escolha sobre o senso de humor de um garoto, as boas manei-ras, a ambição, o nível de comprometimento e a apa-rência. Elas também podem

escolher entre uma lista de melhores e piores qualida-des, como #FazRirAtéChorar ou #SafadoNaMedidaCerta. Se um homem não quer rece-ber avaliações das mulheres da sua vida no Lulu, ele pode enviar um e-mail e pedir a remoção do seu perfil do site ou ainda entrar no site oficial do aplicativo.

Na semana que passou foi anunciado o lançamen-to do Tubby, uma espécie de revanche masculina. O aplicativo promete não ser uma cópia do Lulu com fotos de mulheres. Com o slogan “sua vez de descobrir se ela é boa de cama”, o site que anuncia o aplicativo já teve mais de 300 mil acessos em menos de 24 horas e cau-sou polêmica com hashtags muito mais picantes.

Avaliações feitas por usuários

Muitas mulheres veem o aplicativo apenas como uma brincadeira entre as várias oferecidas nas redes sociais, mas a polêmica ainda vai longe com o lançamento da “versão masculina” do app

Publicidade do app Tubby, uma resposta masculina ao Lulu

Hashtags do aplicativo são ousadas, mas as do novo concorrente superam por serem picantes

O uso da internet já não é mais uma novida-de em nosso cotidiano, simultaneamente com o benefício desse serviço surgiram os crimes vir-tuais, porém, o ordena-mento jurídico pátrio não acompanhou a veloci-dade de crescimento do uso da tecnologia.

Somente ano passa-do entrou em vigência a lei 12.737/2012, so-bre crimes na internet, alterando o Código Pe-nal para tipificar como infrações uma série de condutas no ambiente digital, principalmente em relação à invasão de computadores, além de estabelecer puni-ções específicas, algo inédito até então.

O Brasil está entre os dez países que mais utilizam a internet, em um mercado promissor e crescente, com uma legislação para amparar os usuários desse servi-ço. Existe uma infinidade de crimes virtuais, mui-tos ainda nem conheci-dos realmente.

Chances para crimes virtuais

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 C5

Patrimônio do Estado em riscoImóveis históricos ou de importância para a cultura estão esquecidos no interior do Amazonas, sujeitos à degradação provocada pelo tempo, mas iniciativas tentam mudar essa triste situação

O Amazonas possui um dos mais ricos registros históricos do país, porém vá-

rios monumentos da região estão em situação de aban-dono. Parte da história do Es-tado pode desaparecer. E de quem seria a culpa?

O governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, tem responsabili-dade e gestão apenas em al-guns desses locais, sendo que a imensa maioria dos prédios e

demais espaços são de respon-sabilidade das administrações municipais, a quem cabe de-senvolver políticas específicas e de acordo com seus próprios planejamentos culturais, de tu-rismo e de preservação.

Entretanto, de acordo com a arquiteta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-tico Nacional no Amazonas (Iphan-AM), Márcia Hon-da, uma das dificuldades para a manutenção do pa-trimônio do Estado são as distâncias dos municípios.

“A questão não é só restaurar e tombar a logística. Tem que

haver uma fiscalização cons-tante nesses patrimônios. Nós teríamos que ter uma repre-sentação para poder realizar o trabalho”, explica a arquiteta.

Muitas das prefeituras muni-cipais não possuem estrutura nem mesmo para a preserva-ção destes locais. Barcelos é um dos exemplos desse des-caso. A cidade foi fundada em 1728, sendo uma das mais antigas missões dos padres salesianos no rio Negro. Foi a primeira capital da província do Amazonas. Nesse perío-do foi construído ainda um modesto hospital, um colégio

e um seminário. Todas as três edificações

continuam preservadas, po-rém não estão em seu formato original. Em 2011, o antigo hospital salesiano – que hoje abriga uma pousada e a rádio Rio Negro – passou por refor-mas sem auxilio técnico, o que causou verdadeira revolta en-tre a população, com protestos e manifestações em frente à prefeitura. A obra modificou a estrutura original do telhado.

No município de Iranduba, encontram-se também mui-tas construções de forte im-portância histórica e social,

como o antigo leprosário da comunidade de Paricatuba. Atualmente, o local está to-talmente abandonado.

Entretanto, de acordo com o secretário estadual de Cultura, Robério Braga, nos últimos meses foi concluído e apro-vado o projeto de recupera-ção e restauração da área do antigo leprosário de Parica-tuba, que aguarda apenas a sanção do governador Omar Aziz para o tombamento.

Para Braga, é importante ressaltar que o patrimônio histórico é responsabilidade não apenas do poder público,

mas também da sociedade. “A maior dificuldade que encon-tramos para restaurar, pre-servar e manter estes espaços após uma iniciativa destas é a conscientização da própria so-ciedade”, afirma o secretário.

Um exemplo é a ponte da avenida 7 de Setembro, na capital. O governo do Es-tado já reformou o espaço três vezes nos últimos anos, e mesmo assim continuam roubando fios, lâmpadas e até pedaços de ferro da estrutu-ra original da ponte, apesar das constantes vistorias e manutenção do local.

ADRIANA PIMENTELEspecial EM TEMPO

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Em Paricatuba, prédio antigo deve passar por recuperação na estrutura para tombamento

O Iphan-AM realizou ano passado o inventário do pri-meiro município do interior: Itacoatiara. Ali, foram inven-tariados 70 bens edificados com a participação de agen-tes comunitários, entre eles artistas, gestores públicos e outras pessoas interessa-das no tema do patrimônio cultural. Todos participaram de palestras sobre o assunto e instruções para o preenchi-mento das fichas do Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão, e puderam agir de

maneira eficaz como agen-tes, contribuindo atenta-mente para a preservação do patrimônio cultural. O instituto pretende continuar com o projeto.

Na busca pela preserva-ção do patrimônio históri-co, inúmeros bens móveis e imóveis estão sendo recupe-rados por meio de políticas de preservação criadas por entidades públicas e priva-das. Medidas como essas trazem a possibilidade do estabelecimento de novos

usos desses bens, sejam eles comerciais ou residenciais.

Um exemplo é a Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua, no município de Borba, a 151 quilômetros de Manaus, que foi tom-bada pelo Estado. A igreja teve seu interior e exterior totalmente reformados, inclusive com recuperação de pinturas e das imagens religiosas que foram tra-zidas para Manaus e res-tauradas por técnicos da Secretaria de Cultura.

Iphan inicia inventários no interior

Outro município que re-cebeu apoio foi Humai-tá, a 590 quilômetros da capital amazonense, que compõe um dos principais conjuntos arquitetônicos do Estado, remanescente do período áureo da bor-racha. Muitas obras de restauração já foram con-cluídas no município. No próximo mês está prevista a entrega da reforma de dois outros prédios.

Atualmente, uma fonte de água, também instalada e da-tada da Belle Époque naquele município está em Manaus passando por um comple-to processo de restauração junto à Secretaria de Estado da Cultura.

Em Barreirinha, município localizado a 331 quilômetros em linha reta de Manaus, a casa do poeta Thiago de Mello é tombada, fato que permite uma série de ações preservacionistas e culturais no local. Já na cidade de Itaco-atiara, as imagens e a própria igreja do município também

estão sendo restauradas.Mais importante que o

resgate material é o res-gate histórico. O contato com as peças originais nos traz de volta momentos que repercutiram direta-mente no desenvolvimento de nossa cultura

RegistroO patrimônio histórico

está dividido em dois seg-mentos: o material (prédios, por exemplo) e o imaterial (práticas, costumes, cele-brações, formas de expres-são musical, cênica, lúdica

e de expressão em geral, entre tantas outras),

Estes dados e informações – arquivados em imagens, sons, CDs, livros e filmes, entre outras mídias – es-tão à disposição, gratuita-mente, da população em diversos espaços culturais mantidos pela secretaria em todo o Estado.

É importante lembrar ainda que o Festival Folclórico de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), realizado no últi-mo final de semana de junho, e o Gambá, ritmo encontrado em diversos municípios do interior como Tefé e Maués, respectivamente a 523 e 276 quilômetros da capital, fo-ram tombados e hoje fazem parte do patrimônio cultural imaterial do país.

Segundo o secretário Ro-bério Braga, nos patrimô-nios materiais/monumen-tos sob responsabilidade do governo, existem vários projetos de conservação fi-nalizados, em andamento ou a serem iniciados.

Municípios conseguem apoio

CUIDADOSExemplo de cuidado com o patrimônio vem de Barreirinha, onde a casa do poeta Thiago de Mello é tombada, fato que permite uma série de ações preser-vacionistas e culturais no local

Em Barcelos, primeira capital da província do Amazonas, patrimônio tem grande importância

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Parintins (AM) – O prédio abandonado em Parintins e que hoje é motivo de mani-festações nas ruas da velha Tupinambarana é a Casa da Cultura Alzira Saunier.

A obra foi iniciada em abril de 1996, no segundo man-dato do ex-prefeito Raimun-do Reis. O convênio firmado com o Ministério da Cultura era no valor de R$ 400 mil, sendo que a contrapartida da prefeitura foi estipulada em R$ 40 mil.

Em dezembro daquele ano, após a eleição municipal, a obra foi paralisada e os pre-feitos seguintes ignoraram completamente a sua conclu-são. “Isso é um desrespeito com o dinheiro público, com a cultura e com o povo de Parintins’, diz a universitária Lane Oliveira Santos.

Por telefone, o ex-prefeito Raimundo Reis disse ao EM TEMPO que deixou 80% da obra concluída, dinheiro na

conta do município e o ma-terial no almoxarifado. “Não sei por que meu sucessor não concluiu”, disse. O suces-sor de Reis foi o ex-prefeito Carlinho da Carbrás.

Mesmo não tendo sido con-cluída, há um documento no Ministério da Cultura dando

conta de que a obra foi acaba-da e inaugurada. “Isso é uma mentira deslavada”, disse a professora Fátima Guedes.

Movimentos Há cerca de três meses

o movimento “Parintins sem

fantasia” decidiu ocupar a obra inacabada e transformá-la numa espécie de QG dos movimentos populares.

Após a ocupação, os mem-bros solicitaram uma audi-ência pública para cobrar a conclusão da obra e a punição para os responsáveis pelo seu não acabamento.

Durante a audiência, o professor Aleksander Me-deiros, da Universidade Fe-deral do Amazonas (Ufam), pediu, em nome dos mani-festantes, que o local fosse cedido oficialmente para os movimentos sociais.

A controladora-geral do município, Eliane Melo, infor-mou que a obra, segundo in-formações da Justiça, estaria sob júdice, o que não permite a cessão do local, mas con-firmou uma audiência com o prefeito Alexandre da Carbrás para discutir a questão.

O prefeito, por sua vez, disse que já conversou com o governador Omar Aziz sob a possibilidade de conclusão da obra.

Restauração parada desde 1996

RUÍNASA obra da Casa da Cultura Alzira Saunier foi iniciada em abril de 1996, com custo de R$ 400 mil em convê-nio com o Ministério da Cultura, mas nunca foi finalizada e o imó-vel está abandonado

Patrimônio cultural de Parintins está abandonado há anos, gerando protestos da população

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TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

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Patrimônio do Estado em riscoImóveis históricos ou de importância para a cultura estão esquecidos no interior do Amazonas, sujeitos à degradação provocada pelo tempo, mas iniciativas tentam mudar essa triste situação

O Amazonas possui um dos mais ricos registros históricos do país, porém vá-

rios monumentos da região estão em situação de aban-dono. Parte da história do Es-tado pode desaparecer. E de quem seria a culpa?

O governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, tem responsabili-dade e gestão apenas em al-guns desses locais, sendo que a imensa maioria dos prédios e

demais espaços são de respon-sabilidade das administrações municipais, a quem cabe de-senvolver políticas específicas e de acordo com seus próprios planejamentos culturais, de tu-rismo e de preservação.

Entretanto, de acordo com a arquiteta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-tico Nacional no Amazonas (Iphan-AM), Márcia Hon-da, uma das dificuldades para a manutenção do pa-trimônio do Estado são as distâncias dos municípios.

“A questão não é só restaurar e tombar a logística. Tem que

haver uma fiscalização cons-tante nesses patrimônios. Nós teríamos que ter uma repre-sentação para poder realizar o trabalho”, explica a arquiteta.

Muitas das prefeituras muni-cipais não possuem estrutura nem mesmo para a preserva-ção destes locais. Barcelos é um dos exemplos desse des-caso. A cidade foi fundada em 1728, sendo uma das mais antigas missões dos padres salesianos no rio Negro. Foi a primeira capital da província do Amazonas. Nesse perío-do foi construído ainda um modesto hospital, um colégio

e um seminário. Todas as três edificações

continuam preservadas, po-rém não estão em seu formato original. Em 2011, o antigo hospital salesiano – que hoje abriga uma pousada e a rádio Rio Negro – passou por refor-mas sem auxilio técnico, o que causou verdadeira revolta en-tre a população, com protestos e manifestações em frente à prefeitura. A obra modificou a estrutura original do telhado.

No município de Iranduba, encontram-se também mui-tas construções de forte im-portância histórica e social,

como o antigo leprosário da comunidade de Paricatuba. Atualmente, o local está to-talmente abandonado.

Entretanto, de acordo com o secretário estadual de Cultura, Robério Braga, nos últimos meses foi concluído e apro-vado o projeto de recupera-ção e restauração da área do antigo leprosário de Parica-tuba, que aguarda apenas a sanção do governador Omar Aziz para o tombamento.

Para Braga, é importante ressaltar que o patrimônio histórico é responsabilidade não apenas do poder público,

mas também da sociedade. “A maior dificuldade que encon-tramos para restaurar, pre-servar e manter estes espaços após uma iniciativa destas é a conscientização da própria so-ciedade”, afirma o secretário.

Um exemplo é a ponte da avenida 7 de Setembro, na capital. O governo do Es-tado já reformou o espaço três vezes nos últimos anos, e mesmo assim continuam roubando fios, lâmpadas e até pedaços de ferro da estrutu-ra original da ponte, apesar das constantes vistorias e manutenção do local.

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Em Paricatuba, prédio antigo deve passar por recuperação na estrutura para tombamento

O Iphan-AM realizou ano passado o inventário do pri-meiro município do interior: Itacoatiara. Ali, foram inven-tariados 70 bens edificados com a participação de agen-tes comunitários, entre eles artistas, gestores públicos e outras pessoas interessa-das no tema do patrimônio cultural. Todos participaram de palestras sobre o assunto e instruções para o preenchi-mento das fichas do Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão, e puderam agir de

maneira eficaz como agen-tes, contribuindo atenta-mente para a preservação do patrimônio cultural. O instituto pretende continuar com o projeto.

Na busca pela preserva-ção do patrimônio históri-co, inúmeros bens móveis e imóveis estão sendo recupe-rados por meio de políticas de preservação criadas por entidades públicas e priva-das. Medidas como essas trazem a possibilidade do estabelecimento de novos

usos desses bens, sejam eles comerciais ou residenciais.

Um exemplo é a Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua, no município de Borba, a 151 quilômetros de Manaus, que foi tom-bada pelo Estado. A igreja teve seu interior e exterior totalmente reformados, inclusive com recuperação de pinturas e das imagens religiosas que foram tra-zidas para Manaus e res-tauradas por técnicos da Secretaria de Cultura.

Iphan inicia inventários no interior

Outro município que re-cebeu apoio foi Humai-tá, a 590 quilômetros da capital amazonense, que compõe um dos principais conjuntos arquitetônicos do Estado, remanescente do período áureo da bor-racha. Muitas obras de restauração já foram con-cluídas no município. No próximo mês está prevista a entrega da reforma de dois outros prédios.

Atualmente, uma fonte de água, também instalada e da-tada da Belle Époque naquele município está em Manaus passando por um comple-to processo de restauração junto à Secretaria de Estado da Cultura.

Em Barreirinha, município localizado a 331 quilômetros em linha reta de Manaus, a casa do poeta Thiago de Mello é tombada, fato que permite uma série de ações preservacionistas e culturais no local. Já na cidade de Itaco-atiara, as imagens e a própria igreja do município também

estão sendo restauradas.Mais importante que o

resgate material é o res-gate histórico. O contato com as peças originais nos traz de volta momentos que repercutiram direta-mente no desenvolvimento de nossa cultura

RegistroO patrimônio histórico

está dividido em dois seg-mentos: o material (prédios, por exemplo) e o imaterial (práticas, costumes, cele-brações, formas de expres-são musical, cênica, lúdica

e de expressão em geral, entre tantas outras),

Estes dados e informações – arquivados em imagens, sons, CDs, livros e filmes, entre outras mídias – es-tão à disposição, gratuita-mente, da população em diversos espaços culturais mantidos pela secretaria em todo o Estado.

É importante lembrar ainda que o Festival Folclórico de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), realizado no últi-mo final de semana de junho, e o Gambá, ritmo encontrado em diversos municípios do interior como Tefé e Maués, respectivamente a 523 e 276 quilômetros da capital, fo-ram tombados e hoje fazem parte do patrimônio cultural imaterial do país.

Segundo o secretário Ro-bério Braga, nos patrimô-nios materiais/monumen-tos sob responsabilidade do governo, existem vários projetos de conservação fi-nalizados, em andamento ou a serem iniciados.

Municípios conseguem apoio

CUIDADOSExemplo de cuidado com o patrimônio vem de Barreirinha, onde a casa do poeta Thiago de Mello é tombada, fato que permite uma série de ações preser-vacionistas e culturais no local

Em Barcelos, primeira capital da província do Amazonas, patrimônio tem grande importância

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Parintins (AM) – O prédio abandonado em Parintins e que hoje é motivo de mani-festações nas ruas da velha Tupinambarana é a Casa da Cultura Alzira Saunier.

A obra foi iniciada em abril de 1996, no segundo man-dato do ex-prefeito Raimun-do Reis. O convênio firmado com o Ministério da Cultura era no valor de R$ 400 mil, sendo que a contrapartida da prefeitura foi estipulada em R$ 40 mil.

Em dezembro daquele ano, após a eleição municipal, a obra foi paralisada e os pre-feitos seguintes ignoraram completamente a sua conclu-são. “Isso é um desrespeito com o dinheiro público, com a cultura e com o povo de Parintins’, diz a universitária Lane Oliveira Santos.

Por telefone, o ex-prefeito Raimundo Reis disse ao EM TEMPO que deixou 80% da obra concluída, dinheiro na

conta do município e o ma-terial no almoxarifado. “Não sei por que meu sucessor não concluiu”, disse. O suces-sor de Reis foi o ex-prefeito Carlinho da Carbrás.

Mesmo não tendo sido con-cluída, há um documento no Ministério da Cultura dando

conta de que a obra foi acaba-da e inaugurada. “Isso é uma mentira deslavada”, disse a professora Fátima Guedes.

Movimentos Há cerca de três meses

o movimento “Parintins sem

fantasia” decidiu ocupar a obra inacabada e transformá-la numa espécie de QG dos movimentos populares.

Após a ocupação, os mem-bros solicitaram uma audi-ência pública para cobrar a conclusão da obra e a punição para os responsáveis pelo seu não acabamento.

Durante a audiência, o professor Aleksander Me-deiros, da Universidade Fe-deral do Amazonas (Ufam), pediu, em nome dos mani-festantes, que o local fosse cedido oficialmente para os movimentos sociais.

A controladora-geral do município, Eliane Melo, infor-mou que a obra, segundo in-formações da Justiça, estaria sob júdice, o que não permite a cessão do local, mas con-firmou uma audiência com o prefeito Alexandre da Carbrás para discutir a questão.

O prefeito, por sua vez, disse que já conversou com o governador Omar Aziz sob a possibilidade de conclusão da obra.

Restauração parada desde 1996

RUÍNASA obra da Casa da Cultura Alzira Saunier foi iniciada em abril de 1996, com custo de R$ 400 mil em convê-nio com o Ministério da Cultura, mas nunca foi finalizada e o imó-vel está abandonado

Patrimônio cultural de Parintins está abandonado há anos, gerando protestos da população

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TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Saúde privadaProblemas geralmente relacionados à área pública do setor começam a irritar clientes que questionam os valores praticados e o desempenho dos profissionais

Demora em agendar uma consulta médica, atendimento irregu-lar, falta de previsão

para realização de cirurgias e problemas com agendamen-to são alguns itens do sis-tema de saúde pública que colaboram para o cidadão procurar planos privados de saúde para evitar o transtor-no, mas as falhas dos planos particulares são cada vez mais denunciadas pelos clientes.

Há casos de o plano de saúde ter por base mensal um valor cobrado em torno de R$ 1 mil, valor que de-veria garantir boa qualidade de serviços. No entanto, a avaliação é contrária.

A empresária Ana Deizy Nogueira, 38, que há 7 anos tem contrato com a Unimed, mensalmente paga cerca de R$ 1,2 mil por incluir no plano seu esposo e sua filha. Há duas semanas, ela passou por constrangimento por falha do sistema para a marcação de uma ressonância magnética. “Quatro meses foi o prazo que me repassaram para o agendamento do exame, mas

na semana passada fui à cen-tral da Unimed para tentar marcar a ressonância. Quando cheguei, por volta das 14h, o sistema estava fora do ar, então resolvi ficar com a se-nha para voltar depois para a central. Às 18h30 o sistema ainda estava fora do ar e as funcionárias informaram que só iriam conseguir realizar o

agendamento no dia seguinte”, contou a empresária.

Preocupada com o retorno ao médico sem o exame consi-derado de urgência, Ana Deizy resolveu no dia seguinte ir à Prodimagem, que é conveniada da Unimed, para tentar realizar o exame. Por não ter consegui-do a liberação do dia anterior, enquanto aguardava na clínica

a empresária pediu que seu motorista voltasse à central para novamente tentar a libe-ração do exame. O local estava lotado de pessoas à espera do agendamento de consultas e liberação de exames, e o motorista passou quase toda a manhã no aguardo.

“Quando ele chegou na Pro-dimagem, já estava quase encerrando o atendimento, mas consegui colocar meu nome para o exame. Depois de alguns minutos, o próprio médico me chamou em par-ticular e informou que a clíni-ca não estava mais fazendo nenhum exame pelo convênio da Unimed, pois eles estavam inadimplentes havia mais de quatro meses e que a única forma era pagar para fazer o exame”, desabafou.

Sem alternativa, a empre-sária desembolsou cerca de R$ 700 para o pagamento do exame. “O médico mostrou um documento da própria direção onde informava que não realiza mais nenhum exame pelo con-vênio com a Unimed, e ainda me entregou uma cópia, pois vou procurar meus direitos, tendo em vista que pago o plano de saúde para evitar esse tipo de situação”, explicou.

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

PREJUÍZOA empresária Ana Deizy Nogueira sofreu para pegar a autori-zação para um exame, e na hora do atendi-mento descobriu que a operadora estava inadimplente com a clínica

Na Central de Serviços Unimed, ausência de sistema trouxe constrangimento para cliente

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MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 C7Dia a dia

Saúde privada

Reclamações dos usuários indicam insatisfação com valores cobrados nos planos de saúde e de problemas no atendimento

Com a jornalista Lenise Collares Ipiranga, 50, a si-tuação foi diferente, mas do mesmo modo revela outras irregularidades do plano de saúde. Lenise, que des-de 2001 tem o plano de saúde da Unimed, paga em média de R$ 525 mensais, e em setembro passado, ao sentir dormência nos dedos polegar e indicador, marcou uma consulta com uma reumatologista, dos três credenciados. Como chegou 10 minutos após a hora marcada, Lenise não foi atendida e teve que nova-mente remarcar a consulta para o dia 3 de novembro. A jornalista, para evitar outro problema, chegou às 11h para a consulta que estava agendada para as 13h.

“Quando cheguei à clíni-ca havia uma pessoa espe-rando para consulta, mas conforme o horário passava outras senhoras chegavam. Deu o horário da consul-ta e já havia mais de 30 pessoas no consultório, esperando o atendimento, porém a médica ainda não havia chegado”, contou.

Por volta das 13h40 Leni-se procurou a recepcionista

para saber informações. “Ela me disse que a médica já estava chegando, mas te-ria que aguardar mais um pouco”, relembrou.

Por ter agendado uma consulta para o seu pai no ostalmologista, por volta das 14h a jornalista desistiu de esperar e foi à procura no-vamente da recepcionista, que dessa vez informou que a médica se encontra-va na maternidade acom-panhando seus pacientes, e que demoraria mais um pouco. Lenise desistiu da consulta e espera conse-guir um novo atendimento para o próximo ano.

A assessoria da Unimed informou que está investindo em tecnologia e segurança para agilizar o atendimento aos seus usuários e pro-ver segurança aos presta-dores de serviços. “Nessa transição, estão ocorrendo variações no novo sistema, o que ocasiona certa demora em algumas liberações de procedimentos. A Unimed Manaus já está solucionan-do os problemas e espera em 30 dias normalizar com-pletamente o atendimento”, informou a assessoria.

Médica deixa paciente à espera

A falta de cobertura a alguns exames também é criticada

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Zona de Transição causa preocupação para o InpaInstituto diz que é preciso, ao máximo, evitar o isolamento das margens da reserva Ducke, onde proposta prevê mudanças

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazô-nia (Inpa) está preocu-pado com a proposta

contida no Plano Diretor de Manaus em transformar a área do entorno da Reserva Flores-tal Adolpho Ducke em área de transição. Em documento apre-sentado no workshop “Reserva Ducke e o Plano Diretor de Ma-naus”, esta semana, o instituto aponta que se “deve ao máximo evitar o isolamento das mar-gens” (área do Puraquequara e zona rural além da reserva), como aconteceu com os lados circundados pelos bairros Cida-de Nova e Santa Etelvina, ao Norte de Manaus.

Pesquisadores, estudantes, comunitários e vereadores par-ticiparam do debate. “O jogo não está totalmente perdido, pois mesmo visíveis ou per-ceptíveis, os dois lados mais distantes desse quadrado (no mapa se vê a reserva com um grande quadrado de 10 por 10 quilômetros de lado) fazem par-te da zona rural, ainda florestal, do município”, disse o pesqui-sador do Inpa, o ecólogo José Luís Camargo, coordenador científico do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Flo-restais (PDBFF), em documento que também representa o posi-

cionamento do Instituto. De acordo com Camargo,

o crescimento desordenado da malha urbana da cidade de Manaus, em poucas déca-das desmembrou, fragmentou e extirpou florestas que es-tavam pelo caminho. Poucos fragmentos urbanos resistiram, mas de forma isolada, como os do Inpa, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sesi e do aeroporto ou BIS. Apesar disso, os fragmentos florestais são encarados como bons pres-tadores de serviços ambien-tais a uma região e para a sua população associada.

O PDBFF se dedica a es-tudar e monitorar os efeitos da fragmentação florestal nos remanescentes florestais na Amazônia nos últimos 35 anos. De acordo com o documento, nas pesquisas foi descoberto que após o desmatamento e a consequente fragmentação florestal, as bordas florestais criadas expõem a floresta rema-nescente a mudanças bruscas na estrutura e composição. Isso torna a floresta mais vulnerável aos fortes ventos associados a tempestades, e como conse-qüência à queda de árvores, a criação com maior frequência de clareiras e ao surgimento de bosques secundários. Preocupação com isolamento das margens ao redor da reserva Ducke foi debatida esta semana

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“A fragmentação, por-tanto, ao longo do tempo leva o fragmento a um colapso de biomassa”, aponta José Camargo.

Além de muitas espé-cies de árvores ficarem mais vulneráveis em fragmentos florestais, a fauna diretamente as-sociada a essas árvores pode diminuir suas popu-lações ou mesmo correr perigo de extinção local. “Praticamente metade das espécies de pássaros dos fragmentos flores-tais estudados ao norte de Manaus desapareceu em pouco tempo após a fragmentação ter ocorri-do. Espécies de macacos, onças ou outros mamífe-ros que dependem de uma área contínua grande para sobreviver tendem a desaparecer também”, diz o documento.

Fragmentos podem gerar colapso

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Raidi Rebelo concorre a prêmio de DJ

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Uma das diretoras da Ana-darco Editora, Karin Thrall afi rma que o primeiro con-tato com o Amazonas, por assim dizer, veio por meio de João Fernandes. “Tivemos o prazer de conhecê-lo durante o Rumos, evento realizado pelo Itaú Cultural. Eles nos perguntou se tínhamos in-teresse em vender nossas publicações na região Norte e achamos fantástico”.

Ela explica, ainda, que sabe da necessidade desse tipo de obra para o Norte e que, mesmo tendo em mente que o público é restri-to, pretende continuar com a parceria. “Temos plena consciência de que as pes-soas que se interessam pela nossa publicação ainda são poucas, mas queremos ver

isso crescer. E isso só será possível se começarmos in-vestir cada vez mais nesse segmento”, conta.

Sem data marcada para vir a Manaus, Thrall adianta que uma boa oportunidade seria a participação no “Cenas Au-torais”. “Como o João já disse, estamos com esse projeto de realizar um concurso e publicar algo vindo do Ama-zonas. Muitas pessoas estão estudando artes e nada mais justo do que colocar esses estudos para o mundo ver e conhecer. A maioria das obras, atualmente, é estran-geira, queremos aumentar o número de brasileiros que possuem livros publicados nesse segmento. E ir a Ma-naus seria muito importante nesse processo”, fi naliza.

Na busca por um novo público

Livros específi cos de arte, como a coleção “Corpo e Cena”, passam a ser vendidos em Manaus

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A Anadarco, responsável por publicar livros direcionados ao mundo das artes, chega em Manaus por meio do Casarão de Ideias, dirigido pelo artista João Fernandes e poderá lançar, em breve, publicação de um autor local

Não é de hoje que artistas amazonen-ses tem difi culdade em encontrar na

capital do Amazonas livros direcionados para dança, te-atro, artes plásticas e outras vertentes das artes em geral. Na busca de preencher essa lacuna, a Anadarco Edito-ra – oriunda de São Paulo – chega a Manaus, por meio do Casarão de Ideias, com in-teresse no mercado artístico local e com a pretensão de lançar, em breve, uma obra produzida no Estado.

Responsável pela parceria com a editora e também pelo próprio Casarão, João Fernan-des conta que a ideia de tra-zer a Anadarco para Manaus, surgiu a partir de uma visita do próprio artista ao estúdio da empresa. “Estava em São Paulo para participar de um evento e tive a oportunidade de adquirir alguns livros do acervo na Livraria da Ana. Então, houve a sugestão de nos tornarmos representan-tes, tendo em vista a difi culda-de em encontrar publicações voltadas para esse público”.

A primeira remessa de li-vros já se encontra à venda no próprio Casarão. Entre os títulos disponíveis es-tão a “Coleção Pesquisa em Arte”, “Festival Inter-nacional de Dança – FID”, “Coleção Corpo em Cena”, “Arte Cênica Sem Fronteira”, “Transpensamento – Corpo e o Diálogo Com os Novos Espaços”, “O Papel da Mí-dia Impressa no Debate das Artes”, entre outros. “Nossa ideia é atrair cada vez mais o público que gosta de artes para o local, tomar um café e

desfrutar da riqueza dessas obras”, comenta.

Vale ressaltar que, caso o interessado queira um livro que não está disponível no Ca-sarão, é possível ter acesso a um vasto catálogo com diver-sos títulos. “Isso não será um problema. Poderemos pedir o livro e, consequentemente, ele terá certo limite de espera, mas com a certeza de que a obra chegará. Acho que está na hora de acabar com a sistemática das livrarias de Manaus que disponibilizam os livros sempre na última pra-teleira virando a esquerda”, brinca. Os valores das obras

variam de R$ 28 a R$ 40.

PublicaçãoFernandes adianta que,

com o início dessa parceria, existe sim, um interesse por parte da Anadarco Editora em publicar uma obra que seja 100% amazonense. “So-mos responsáveis por realizar o projeto ‘Cenas Autorais’, que vem justamente de en-contro com a discussão de livros amazonenses voltados as artes. Portanto, queremos realizar um concurso – no qual está sendo resolvido o regula-mento – para que o vencedor tenha um livro publicado por meio da editora”, explica.

BRUNO MAZIERIEspecial EM TEMPO

TÍTULOSEntre os títulos dispo-níveis de livros de arte estão a “Coleção Pes-quisa em Arte”, “Fes-tival Internacional de Dança – FID”, “Coleção Corpo em Cena”, “Arte Cênica Sem Fronteira” entre outros

O diretor do Casarão de Ideias e professor João Fernandes é o representante da editora Anadarco no Amazonas

Karin Thrall é uma das diretoras da Anadarco Editora

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Mais livros de arte em Manaus

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

. Com entradas do tipo ‘vieiras ao champagne’, ‘caldinho verde’, ‘ostras gratinadas’ e ‘mini porção de bacalhau ao Zé do Pipo’ e pratos quentes como ‘arroz de polvo’, ‘fi lé-mignon recheado com chouriço ao molho de cebola roxa e vinho’, ‘bacalhau à portuguesa’ e ‘carne de porco à alentejana’, foi assim o jantar da festa de con-fraternização de fi m de ano assinada por esta coluna, na noite de quarta-feira no Diamond, que agitou o society de Manaus, no evento anualmente promovido por este espaço, que reúne boa parte do elenco VIP da cidade, dando um start para a temporada de festas do mês de dezembro.

. E foi um festão lindo! Ambientação assinada pelo decorador de eventos De-nis Martins nas cores de Portugal – o tema especial da festa deste ano – com imensos lustres em formato de bolas gigantes douradas, tecidos nas tonalidades verde, vermelho e branco, espelhos em formato de brasão e muitos outros itens que vestiram o Diamond – sem dúvida o mais bem montado espaço de festas de Manaus - como um palácio lisboeta, um luxo!

. O cantor Felício deu um show à parte ao microfone, as vezes sendo confundido com CD, de tão eximias suas interpretações. A dança ‘Rancho Luso Brasileiro do Amazonas’ apresentou um número português na pista. E a noite teve emoções! O sorteio de dois bilhetes para Lisboa saíram para Hélio Marques e Marcos Barbosa, os sortudos da noite! A coluna agradece a todos os apoiadores e os que se fi zeram presentes em mais essa supernoitada! Ora, pois!

>> Festa de fi m de ano movimentou a society

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>> O top colunista Ale-xandre Prata comanda co-quetel moderno terça-fei-ra na Osklen do Shopping Ponta Negra.

>> Elita e José Grosso es-tão com sorriso de orelha a orelha com o nascimento do neto Arthur.

>> Alberto Lotado convi-da para sua festa, no dia 19 no Taj Mahal, comemoran-do 19 anos de colunismo, com a entrega do prêmio Status Manaus.

>> A sociedade de Ma-naus está de luto pelo fale-cimento da querida Alzira Verdade, conhecida nas al-tas rodas como ‘Madame Verdade’, que foi estilista premiadíssima.

>> No almoço de sexta-feira Chez Charufe Nas-ser, em mesas diferentes: Dorinha Antony, Francis-

quinha Negreiros, Detiva Coelho, Marilena Perales, João Braga Neto, José Al-ves Pacifico, Mariana Nor-mando, Roberto Imbiriba Salgado, Ilça e Félix Valois Coelho, Kazune Abrahim, Luis Maximino de Miranda Corrêa, que estava ani-versariando, Totó Coelho, entre outros.

>> Daniele e Fabiano Almeida festejam o aniver-sário da filha Maria Eduar-da, hoje, no conjunto dos Bancários 1, com temática do fundo do mar.

>> A P&G, maior empre-sa de bens de consumo do mundo, orquestra almoço de confraternização, no dia 11, no Morada Bu-ffet.

>> Cumprimentadíssi-mo na sexta-feira pelo seu aniversário o senador Eduardo Braga.

>> Mantenedoras do Grupo Literatus, Eliana Pi-nheiro e Elaine Saldanha receberam a ‘Medalha de Ouro Garcitylzo do Lago Silva, sexta-feira, no ple-nário Adriano Jorge, da Câ-mara Municipal de Manaus, por meio de propositura do vereador Luiz Mitoso.

>> A bela Thaisa Batista estreia idade nova neste domingo. Cumprimentos da coluna.

>> O presidente da Câ-mara Municipal de Manaus, vereador Bosco Saraiva está convidando para a sessão solene de outorga da Medalha de Ouro Altair Ferreira Thury ao desem-bargador Kid Mendes de Oliveira, em memória, de propositura dos vereado-res Luiz Alberto Carijó e Therezinha Ruiz, no próxi-mo dia 12, na sede do Poder Legislativo municipal.

>> Vitrine

Norma Araújo, Ana Auzier e Tereza Cristina Garcia

Lourdes e Juca Semem e o fi lho

Sandra Lucia Sarai-va, Lucia Viana, Men-ga Junqueira e Eliane Schneider

Ana Leitão e Maria do Carmo Magalhães

Martha e Cló-vis Cruz Jr.

Alaíde e Osmeth Duk

Isabel e Alexandre Prata e Adriane Antony Gonçalves

Marcia e Serginho Martins

Marlene e Alcides Garcia Jr.

Najla e Jorge Akel Ivan e Seonize Tomaz

Marcelo e Marinildes Lima Delza e Elci Simões Eymar e Hebe Pereira e Julio Verne e Helena do Carmo Ribeiro

Denise e Paulo RezendeGraziela e Francisco Nogueira

Leda Follmer e a fi lha Juliana Rosiane Lima e o fi lho

Ana Paula e Ana Montenegro Zélia e Marcelo Peixoto

Charufe Nasser e Dorinha Antony

Liana Mendonça de Souza e a fi lha Adiene Vieiralves

Alessandra e Cristiano Brandão

Renata Braga, Elizeth Lange e Carla Braga

Gizella Bolog-nese e Ednéa Ribeiro

A bela Alessandra Brandão Jéssica Sa-

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FOTOS: MAURO SMITH E CÉSAR CATINGUEIRA

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Page 27: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

PLANETA GOSPEL

O DJ Raidi Rebello foi indicado pela quar-ta vez ao prêmio DJ Sound Awards, na

categoria “DJ Flashback”. Ele já foi eleito o melhor dessa modalidade em duas ocasi-ões, em 2010 – ano em que a categoria foi criada – e em 2012. Este ano, Raidi também está confirmado no line-up do evento, cuja festa onde serão conhecidos os vencedores vai ser realizada na boate I9 Mu-sic, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, no próximo dia 19. O DJ Sound Awards é promovido pela revista “DJ Sound”, publi-cação brasileira voltada para a música eletrônica.

Raidi conta que é especiali-zado em flashback, principal-mente em hits das décadas de 1970, 80 e 90, há cerca de 12 anos. Ele observa que para uma premiação como essa da “DJ Sound” é preciso ter um bom público para ganhar votos e ser classificado. Depois de ficar entre os cinco melhores, o DJ é analisado por uma equipe da revista. O manauense acredita que o que torna suas chances de sair como vencedor é o fato de ter seu nome à frente das

diversas festas de flashback que apresenta, em Manaus e pelo interior do Amazonas.

A rotina de trabalho do DJ tem sido bem puxada. “De maio para cá, acho que este fim de semana vai ser o primeiro que eu vou ficar quieto”, re-vela, acrescentando que fez 32 apresentações no interior onde, segundo ele, o públi-

co que curte as músicas de flashback é bastante cativo. “A festa ‘Studio Disco’ abre muitas portas para o interior. Nos anos 80 e 90, muita gente veio do interior para estudar e morar em Manaus, onde eu tocava nos clubes Cheik e Bancrevea. Isso me ajudou bastante a ter uma aceitação no interior porque mais tarde essa turma voltou para suas

cidades”, conta.Com 35 anos de carreira,

Raidi Rebello observa que a profissão de DJ ganhou um glamour muito grande nos últi-mos anos e acabou aparecendo para a mídia graças às gran-des festas regadas a e-music. “Antigamente, o artista não era reconhecido como quem fazia o público frequentar as discotecas. Acreditava-se que as pessoas iam por causa do ambiente, da decoração”, ana-lisa.

Entre 2001 e 2002, Raidi começou a investir nas festas de flashback e, em 2003, ele afirma que já havia parado de tocar músicas atuais. “Essa minha opção pelo flashback surgiu porque adoro essas can-ções. Muitas foram lançadas por mim nos anos 80 e 90. E eu toco não apenas por uma ques-tão financeira, mas também porque gosto”, justifica. Para o DJ, muitos profissionais hoje em dia investem em músicas eletrônicas mais conceituais que não tocam na progra-mação das rádios, e acabam perdendo público. “Acredito que a música eletrônica ficou cada vez mais voltada para um público elitizado, que só aumenta quando acontece al-gum festival”, opina.

DJ concorre mais uma vez em premiação nacionalPela quarta vez, Raidi Rebello disputa a categoria “DJ Flashback”, no DJ Sound Awards, já conquistada por ele

Nascido em 1959, Rai-di começou a atuar como discotecário em 70. Ao fim dessa década, já era profis-sional e comandava o som na boate Midsom, no Centro . Em 1982, foi convidado para tocar na reabertura da boate Uirapuru, do Hotel Tropical, mais tarde conhecida como Danceteria Studio Tropical.

As discotecas dos clubes Cheik (de 1986 a 1994) e Bancrevea (de 1994 a 1998) também foram marcos na carreira do DJ, que passou também pelas boates Miko-nos, Spectron Disco e Croco-dillos. A partir de 2003, in-vestiu nas festas especiais como “Noite do Flashback”, “Festa da Amizade” e “Studio

Disco”, com apresentações por todo o Amazonas e no Es-tado do Pará, com destaque para a música e exibições de vídeos em telões. Raidi Rebello também já foi eleito o Melhor DJ de Manaus (em 1983, 84, 85, 88, 89 e 90), ganhou o Prêmio ASA de Radialista do Ano (1993) e o de Melhor Locutor Jovem (1995).

Currículo acumula oito prêmios

LUIZ OTAVIO MARTINS Equipe EM TEMPO

PRÊMIOS No currículo, Raidi Rebello também já foi eleito o Melhor DJ de Manaus (em 1983, 84, 85, 88, 89 e 90), ganhou o Prêmio ASA de Radialista do Ano (1993) e o de Melhor Locutor Jovem (1995)

Com 35 anos de carreira, o DJ Raidi Rebello virou referência local no estilo flashback

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Paranormalidadee angústia

RESENHA

PERFIL

César Augustoé jornalista e editor do Dia a dia

As histórias de terror do escritor norte-america-no Stephen King

sempre foram um pra-to cheio para o cinema, mas poucas adaptações conseguiram igualar ou superar o impacto da obra publicada. Desse universo de vampiros, monstros, demônios, serial killers e paranormais surgiram obras primas das telonas como “Carrie, a estranha” (1976) e “O iluminado” (1980), mas também verdadeiros desastres como “Comboio do ter-ror” (1987) e “A hora do lobisomem” (1985). Entre os dois extremos acha-mos adaptações nem tão impactantes, mas satis-fatórias, como “Christine” (1982), “Cujo” (1983) e “Na hora da zona morta” (1983) - título bem tosco para a adaptação cinema-tográfica de “Zona mor-ta”, a qual eu tive o prazer de encontrar nas minhas garimpagens em lojas de DVDs e blu-rays.

“Zona morta” é um dos meus preferidos por tra-

zer o ótimo Christopher Walken como protagonis-ta e, ao lado das adap-tações de “Carrie” e “O iluminado”, ter seu roteiro bem enxuto com relação à obra escrita, eliminando personagens e situações sem comprometer a es-sência da história. No filme dirigido por David Cronenberg, Johnny Smi-th (Walken) é um simples professor, noivo de Sarah Braknell (Brooke Adams), que sofre um acidente au-tomobilístico quando dei-xa a namorada em casa certa noite. Ele entra em coma e desperta somente cinco anos depois, ape-nas para enfrentar a dura realidade de que Sarah casara com outro e de que ele agora adquirira o dom de descobrir o passado e ver o futuro das pessoas apenas com um toque de sua mão.

As premonições de Jo-hnny acabam sendo um peso insuportável, pois é visto como charlatão por alguns e uma esperança para outros. Ao ajudar um xerife (Tom Skerrit) a eluci-

dar o mistério de uma série de assassinatos de mulhe-res na cidade de Castle Rock, Johnny acaba fican-do mais conhecido e busca se isolar. No entanto, ao entrar em contato com um candidato ao senado nor-te-americano, Greg Still-son (Martin Sheen), acaba prevendo uma situação que poderá jogar o pla-neta em uma nova grande guerra mundial, sem saber como poderá detê-lo. Para piorar tudo, Sarah é uma das integrantes do comitê de campanha de Stillson, aumentando a angústia de Johnny, que nunca deixou de amá-la.

“Zona morta” não tem o apuro técnico visual de “Carrie” ou “O iluminado” e nem o absurdo sobre-natural de “Christine”, por isso a considero a adaptação mais “pé no chão” de um livro de King. Ao lado de “Cemitério maldito” (1989), de Mary Lambert, e bem enxuta – a obra original narra o que aconteceu ao redor de Johnny nos seus cinco anos de coma, além da histó-ria da ascensão de Greg Stillson, um psicopata as-sustador capaz de torturar e matar um pobre ca-chorro. Ainda assim, nada deixa a desejar.

‘Na hora da zona morta’, de 1983, é uma das melhores e mais enxutas adaptações de um livro de Stephen King, em que um vidente enfrenta a angústia pelo seu dom adquirido”

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo Projetos e futuro dos Cassetas

O casseta Cláudio Manoel tem trabalhado em projetos para essa nova fase de produção na Glo-bo, que inclui conteúdos inéditos também para internet e canais da Globosat. Já em relação aos demais companheiros do “Casseta & Planeta”, os planos, por enquanto, permanecem inalterados na Globo. Nada de novo programa.

De acordo com o Cláudio, agora, cada um vai desenvolver seus pró-prios projetos.

“Amor à Vida”, novela do Walcyr Carrasco, meio que virou uma história onde nin-guém é de ninguém.

O bom José Wilker, por exem-plo, mal chegou e já colocou três na sua conta - Carolina Kasting, Eliane Giardini e Bárbara Paz.

Sempre lembrando que a novela fi cará no ar até o fi m de janeiro.

Então, essa listinha ainda corre o sério risco de sofrer alterações.

Ficamos assim. Mas ama-nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Bate–Rebate• Hoje acontece o show

de encerramento da cam-panha Direito de Viver, na Rede TV!.

• Nova temporada da série “A Lei e O Crime”, de Marcilio Moraes, só irá ao ar no se-gundo semestre de 2014.

• Depois do Rio, agora, a produção, novamente en-tregue ao diretor Alexandre Avancini, será ambientada em São Paulo.

• “Doctor Pri”, de Aguinal-do Silva, promoverá alguns lançamentos.

• Como é o caso da atriz Aline Jones, que foi muito bem nos testes realizados.

• E quem está na mira do mesmo Aguinaldo, para um dos episódios dessa série, é Tony Ramos, atualmente em “A Mulher do Prefeito”.

Poder da vitrine Na Globo, essa proposta

de movimentar o elenco em diferentes plataformas foi comemorada por atores e apresentadores. Claro, nem tudo são fl ores.

Como a exposição na Internet e na TV paga - Multishow, por exemplo, é infinitamente menor, sem níveis de compara-ção, muitos, na verdade, gostariam mesmo é de ser lembrados para novelas, séries e minisséries da Globo aberta.

Altos e baixos O recente grupo de

discussão solicitado pela Globo para avaliar “Ma-lhação”, revelou, como fator positivo, o lado fa-mília explorado na trama, através dos personagens de Isabela Garcia e Tuca Andrada. Algo muito elo-giado pelos participantes desses grupos.

No entanto, houve críti-cas em relação ao quadro escolar, da pouca identifi-cação com o lado aqui de fora, e isso será corrigido muito em breve.

EmpolgaçãoOtávio Müller está tra-

balhando como diretor na série “A mulher da sua vida”, dividindo a função

Anitta na novela Pre-pa-ra: a partici-

pação especial da can-tora Anitta em “Amor à Vida” vai acontecer no dia 12, quinta-feira.

GLOBO

com José Alvarenga.O trabalho de Müller já

recebe elogios da equipe do programa, e existe a torcida para que ele possa continuar exercendo essa função também no ano que vem, na paralela de gravações da série “Tapas & Beijos”, em que vive o personagem Djalma.

Trajetória do Luciano O livro sobre a traje-

tória de Luciano do Valle não foi colocado de lado. Vai sair, sim.

Só que houve uma mu-dança em relação ao que foi anunciado.

Em vez de Patrícia Mal-donado, quem está tocan-do o projeto, responsável por ele, é a própria mulher do locutor esportivo, Flá-via Comin.

Segundo episódioA Globo vai apresentar

hoje o segundo episódio da nova temporada do humo-rístico “Junto & Misturado”.

O plano inicial, como se sabe, prevê a exibição de 5 programas.

E dificilmente passará disso, devido aos índices de audiência, que não es-tão correspondendo.

Logo mais, será um tes-te importante.

ContrataçãoA comediante Renata Gas-

par Pinto, que participou da série “Descolados” e do programa “Saturday Night Live”, dentre outros traba-lhos, acaba de ser confir-mada no elenco da série “Doctor Pri”, de Aguinaldo Silva, na Globo.

Com direção de Marcos Schechtman, a produção terá início de gravações em janeiro e sua estreia está prevista para março.

Tanto “O homem que marcha” quanto “O homem que ri” que, conforme falamos ao longo des-tes artigos, guardam íntimas re-lações, são peças teatrais escritas no mesmo período e montadas em épocas distintas. Também é possível perceber, neste caso, que poderíamos relacionar a persona-gem Belmiro, o homem outrora triste e infeliz e sua transfor-mação no homem que ri, com a “vitória” de Benjamin Lima nesta batalha moral contra os impug-nadores de sua peça anterior. Embora, como já apresentamos, foi possível fazer uma ligação entre uma coisa e outra, entre o real e o fi ccional, entre a censura de O “homem que marcha” e a farsa irônica anti-moralista de “O homem de ri”, é também no modelo de composição de peças teatrais do período que Benjamin Lima foi se inspirar pra produzir esta peça teatral.

Expressões francesas compõem todo o percurso narrativo, a estru-tura baseada nos três atos tam-bém são identifi cáveis, o tema do adultério e vingança é similar em todas as outras peças estudadas. Seria de todo inútil apontarmos os aspectos semelhantes entre as peças, pois já afi rmamos que a composição entre as peças são idênticas e com características já apresentadas, mas as histó-rias se diferenciam e, de todo modo, alguns pontos devem ser elucidados.

Os artigos aqui apresentados procuraram elucidar, por meio das peças teatrais de Benjamin Lima, aspectos signifi cativos de sua trajetória intelectual, e so-mente neste sentido e diante des-ta limitação estes artigos podem ser entendidos e analisados. De algum modo procuramos contex-tualizar essas peças, afi nal, à me-

dida que são escritas, a história e uma sequência de fatos políticos, econômicos, culturais e sociais vão se desenvolvendo.

Qual a formação do público bra-sileiro? Quais as peças de maior sucesso? A relação das obras de Benjamin Lima com as de Nelson Rodrigues, cujos temas ligados à traição obedecem a lógicas diver-sas, certamente por razões espa-ciais e de mudanças no cenáculo teatral brasileiro e mundial.

Os caminhos engendrados pelo movimento modernista não foram sufi cientes para entusiasmar os palcos brasileiros com suas lições. Benjamin Lima se encaixa exata-mente no estudo de autores co-optados pelo poder, e o exercício constante de cargos públicos nos comprova esta assertiva, confor-ma análise. O curioso é que Ben-jamin Lima conseguiu se lançar de um bloco político ligado à fração aristocrata a outro pertencente ao Estado Novo, governado pelo ditador Getúlio Vargas.

O “anatoliano” Benjamin Lima, título sem dúvida condizente com sua trajetória, assim foi descrito por Péricles de Moraes em sua úl-tima visita ao dramaturgo, quase ao fi m da vida:“[...] contemplei-o de soslaio [...] era uma ruinaria. [...] o busto escanifrado, o pijama de fl anela, debruado em seda, deixando transparecer as tíbias descarnadas que mal lhe sus-tentavam o corpo”. Apesar desta aparência, o olhar e a lembrança eram vívidas, bem como nunca deixou de mandar suas crônicas ao Jornal do Brasil. A doença, res-ponsável pela reconversão de Ben-jamin Lima à carreira de escritor, agora agia de forma intempestiva e mais agressiva.

Benjamin Lima falece em 9 de janeiro de 1948 na cidade do Rio de Janeiro.

Márcio Braz*E-mail: [email protected]

Márcio Braz**ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural

Os artigos aqui apre-sentados procuraram elucidar, por meio das peças teatrais de Benja-min Lima, aspectos signifi cati-vos de sua trajetória intelectual, e somente neste senti-do os arti-gos podem ser analisa-dos”

A dramaturgia de Benjamin Lima – Final

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Programação de TV

03:15h Jornal da semana Sbt

04:00h Igreja Universal

05:00h Pesca Alternativa

06:00h Brasil Caminhoneiro

06:30h Aventura Selvagem

07:30h Vrum

08:00h Sorteio Amazonas da Sorte

(Local)

09:00h Domingo Legal

13:00h Eliana

17:00h Roda a Roda Jequiti

17:45h Sorteio da Telesena

18:00h Programa Silvio Santos

22:00h De Frente Com Gabi

23:00h Série: True Blood

00:00h Série: Divisão Criminal/ The

Closer

01:00h Série: Cidade do Crime//

Southland

02:20h Big Bang

03:00h Igreja Universal

SBT GLOBO

3h55 Santa Missa em Seu Lar

4h55 Amazônia Rural

5h25 Pequenas Empresas, Grandes

Negócios

6h Globo Rural

6h55 Auto Esporte

7h30 Esporte Espetacular – Espe-

cial 40 anos

10h40 Temperatura Máxima

12h Sintonize - Especial sertanejo.

13h10 Divertics

15h Futebol 2013: Campeonato

Brasileiro - Atlético PR x Vasco da

Gama

17h Domingão do Faustão

18h55 Fantástico

21h25 Junto e Misturado

22h Domingo Maior

23h50 Sessão de Gala

1h35 Corujão

3h15 Festival de Desenhos

3h45 Bíblia Em Foco

4h Santo Culto Em Seu Lar

4h30 Desenhos Bíblicos

7h Desenhos Bíblicos

8h Amazonas Da Sorte

9h Record Kids

10h Domingo Da Gente

13h15 O Melhor Do Brasil

17h30 Domingo Espetacular

21h Especial Final De Ano

22:15 Tela Máxima

23h10 Programação Iurd

RECORD BAND04:00 – Popeye05:30 – Santa Missa No Seu Lar06:30 – Sabadão Do Baiano07:00 – Conexão Cargas08:30 – Oscar - Desenho08:30 – Mackenzie Em Movimento08:45 – Infomercial – Polishop09:45 – Verdade E Vida10:00 – Pé Na Estrada10:30 – Minuto Do Futebol - Boletim10:35 – Copa Petrobras De Marcas11:00 – De Olho No Futebol - Boletim11:35 – Band Esporte Clube 14:00 – Gol, O Grande Momento14:30 – Futebol 2013 Campeonato Brasileiro16:50 – Terceiro Tempo19:00 – Oscar - Desenho19:10 – As Caçadoras De Relíquias 20:00 – Só Risos 21:00 – Pânico Na Band00:00 – Canal Livre01:00 – Minuto Do Futebol – Boletim01:05 – Alex Deneriaz01:40 – Show Business-reapresentação02:30 – Igreja Universal

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 É tempo de colocar sua marca naquilo que faz. Não poupe esforços, mas concentre-se no que é vital. Os empreendimentos pessoais e as ações criativas estão favorecidos.

TOURO - 20/4 a 20/5 Bom momento para construir uma casa ou um lar mais sólido, no sentido literal ou fi gurado. Pode construir relações familiares mais sólidas, limpando o que for preciso.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 É favorável pensar em trabalhar em conjunto com as pessoas. O momento favorece tam-bém consolidar as relações de amizade. Os bons esforços resultarão em algo bom.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 O trabalho e os negócios ganham forma mais defi nida. As responsabilidades no trabalho estão a seu favor. Ao dar conta delas, você irá prosperar e consolidar sua posição.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Mantenha fi rme a direção e as grandes mudan-ças são facilitadas. Sua mente está imaginativa e inspirada, e você poderá dar encaminhamen-to criativo às questões.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 As relações e a boa comunicação se conso-lidam, mesmo que em meio a um caminho árduo. Não queira chegar logo à solução sem ter percorrido toda a estrada.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Procure perceber como você gosta de ajudar os amigos, seus companheiros e as pessoas do ambiente social. É um dia para dar e receber a ajuda de um jeito especial.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Você precisa dar conta das responsabilida-des básicas, se quiser que seu trabalho se desenvolva. As questões materiais são as principais a serem cuidadas por você.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Momento para você absorver em seu comportamento, os ensinamentos e os valores que você julgue corretos e coe-rentes. Supere as velhas dificuldades e se renove por completo.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Você está mais confi ante para superar as difi culdades e para fazer frente a compro-missos assumidos. Resolver o passado está facilitado, e isso lhe permitirá dar um passo adiante.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Momento favorável para fortalecer os projetos e intenções comuns com seu parceiro de vida e com possíveis sócios. Mesmo que dê trabalho, este é um trabalho que vale a pena.

PEIXES - 19/2 a 20/3 O bom aspecto do dia favorece os resultados práticos no trabalho e a execução de tarefas de responsabilidade e rigor. Sua construção profi ssional se solidifi ca e ganha força.

CruzadinhasCinemaESTREIAÚltima Viagem à Vegas: EUA. 12 anos. Billy (Michael Douglas), Paddy (Robert De Niro), Archie (Morgan Freeman) e Sam (Kevin Kline) são amigos desde a infância e hoje são senhores de idade. Quando Billy, o solteirão do grupo, decide enfi m pedir em casamento sua namorada de trinta e poucos anos, ele e os amigos resolvem viajar até Las Vegas para reviver a juventude e curtir uma tremenda despedida de solteiro. O que eles não imaginavam é que a Las Vegas atual seria bem diferente da cidade que eles conheceram décadas atrás. Cinemark 1 – 13h30, 16h, 18h30, 21h (dub/diariamente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 2 – 13h30, 19h10 (leg/diariamente); Cinépo-lis9 – 16h30, 21h15 (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 15h30, 17h40, 19h50, 22h (dub/diariamente).

Como Não Perder Essa Mulher: EUA. 16 anos. Jon mora sozinho e tem orgulho da vida que leva, sem se prender a alguém. Por mais que goste bas-tante de sexo, ele segue a fi losofi a de que nenhuma relação sexual é tão boa quanto pornografi a, já que lá ele encontra exatamente o que quer. Entretanto, sua vida muda após conhecer numa boate aquela que seria a mulher nota 10: Barbara. Ele tenta levá-la para casa, mas ela faz jogo duro e nada acontece. É quando Jon percebe que terá mudar sua tática habitual, aceitando namorá-la e se submeter aos seus caprichos, caso queira ter algo com ela. Cinemark 5 – 12h, 14h20, 16h40, 19h, 21h10 (dub/diariamente), 23h40 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 2 – 16h10, 21h55 (leg/diariamente); Cinépo-lis 9 – 14h15, 19h (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 14h50, 17h10, 19h15, 21h20 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h30, 16h50, 19h, 21h (dub/diariamente).

Carrie, a Estranha: EUA. 16 anos. Carrie retrata um grande desastre ocorrido na cidade americana de Chamberlain, Maine, destruída pela jovem Carietta White. Nos anos anteriores à tragédia, a adolescente foi oprimida pela sua mãe, Margaret, uma fanática religiosa. Além dos maus tratos em casa, Carrie também sofria com o abuso dos colegas de escola, que nunca compreenderam sua aparência, nem seu comportamento. Um dia, quando a jovem menstrua pela primeira, ela se desespera e acredita esta morrendo, por nunca ter conversado sobre o tema em casa. Mais uma vez, ela é ridicularizada pelas garotas do colégio. Aos poucos, ela descobre que possui estranhos poderes telecinéticos, que se manifestam durante sua festa de formatura, quando os jovens mais populares da escola humilham Carrie diante de todos. Cinemark 8 – 12h10, 14h30, 16h50, 19h10, 21h30 (dub/diariamente), 0h (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 10 – 13h15, 18h (dub/diariamente), 15h40, 20h30 (leg/diaria-mente); Cinemais Millennium – 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h50, 17h10, 19h15, 21h30 (dub/diariamente).

Linha de Frente: EUA. 16 anos. Jason Statham é um ex-agente do departa-mento de narcotráfi cos, Phil Broker, um homem de família que sai de cena com sua fi lha para tentar fugir de seu passado conturbado. No entanto, o entorno de Broker se revela nada tranquilo quando ele descobre que o submundo das drogas e a violência assombram a pequena cidade. Logo, um chefão sociopa-ta do tráfi co de metanfetamina, Gator Bodine (James Franco), coloca Broker e sua fi lha em perigo, forçando o ex-agente a voltar à ativa para salvar sua família e a cidade. Cinépolis 6 – 15h15, 17h35, 20h, 22h20 (leg/diariamente); Cinemais Millennium – 15h30, 17h40, 19h50, 22h (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 15h10, 17h20, 19h30, 21h40 (dub/diariamente).

A Floresta de Jonathas: BRA. 12 anos. Playarte 4 – 12h50, 14h50, 16h50, 18h50, 20h50 (diariamente), 22h50 (somente sexta-feira e sábado).

Infectados: EUA. 12 anos. Cinépolis 13h (dub/diariamente).

Crô: BRA. 12 anos. Cinemark 6 – 12h40, 14h50, 17h10, 19h30, 21h50 (diariamen-te); Cinépolis 1 – 18h10 (dub/diariamen-te); Cinépolis 4 – 14h (exceto dia 12/12/), 16h35, 18h45, 21h (diariamente), 14h (Cine Materna – somente dia 12/12); Playarte 6 – 13h30, 15h25, 17h20, 19h15, 21h10 (diariamente), 23h05 (somente sexta-feira e sábado); Playarte 7 – 19h16, 21h11 (diariamente); Cinemais Millennium – 15h, 17h15, 19h10, 21h10 (diariamente); Cine-mais Plaza – 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (diariamente).

Um Time Show de Bola: ARG/ESP. Livre. Cinemark 3 – 12h30, 17h30 (dub/diariamente); Cinépolis 1 – (3D/dub/somente sexta-feira e sábado), 15h15 (3D/dub/dia-riamente); Playarte 10 – 13h30, 15h45, 18h (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h40 (dub/diariamente).

Vovô Sem Vergonha: EUA. 14 anos. Cinemark 2 – 19h50, 22h10 (dub/diaria-mente); Cinépolis 7 – 12h30 (leg/somente sábado e domingo), 14h45, 17h, 19h20, 22h (leg/diariamente); Playarte 5 – 13h20, 15h20, 17h20, 19h20, 21h20 (leg/diariamente), 23h15 (leg/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 14h30, 16h50, 19h, 21h (leg/diariamente).

Jogos Vorazes – Em Chamas: EUA. 14 anos. Cinemark 3 – 20h (dub/diaria-mente), 23h10 (dub/somente sexta-feira e sábado), Cinemark 7 – 12h20, 15h30,

18h50, 22h (dub/diariamente); Cinépolis 5 – 18h15 (dub/diariamente), 15h (leg/diaria-mente), 21h30 (exceto dia 12/12); Playarte 1 – 14h30, 17h30, 20h30 (dub/diariamente), 23h25 (leg/somente sexta-feira e sábado). Playarte 2 – 19h40 (leg/diariamente). 22h35 (leg/somente sexta-feira e sábado); Playarte 8 – 19h (dub/diariamente), 22h (dub/so-mente sexta-feira e sábado); Playarte 10 – 20h15 (dub/diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 14h40, 18h40, 21h30 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 15h, 18h20, 21h10 (dub/diariamente).

Capitão Phillips: EUA. 14 anos. Cinépolis 1 – 20h40 (leg/diariamente).

Bons de Bico: EUA. Livre. Cinemark 2 – 13h, 15h05, 17h20 (dub/diariamente); Playarte 2 – 13h40, 15h40, 17h40 (dub/diariamente); Playarte 8 – 13h, 15h, 17h

(dub/diariamente).

Thor 2 – O Mundo Sombrio: EUA. 10 anos. Cinemark 4 – 18h10, 20h50 (3D/dub/diariamente), 23h30 (3D/dub/somente sexta-feira e sábado), 12h50, 15h20 (dub/diariamente); Playarte 9 – 13h, 15h25, 17h50 (dub/diariamente), 20h15 (leg/diariamente), 23h45 (leg/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Plaza – 17h, 19h20, 21h35 (dub/diariamente).

Meu Passado Me Condena: BRA. 12 anos. Cinemark 3 – 15h (diariamente); Playar-te 7 – 13h, 15h05, 17h10 (diariamente), 23h10 (somente sexta-feira e sábado); Cine-mais Plaza – 16h40, 21h20 (diariamente).

Sobrenatural – Capítulo 2: EUA. 14 anos. Cinemais Millennium – 14h45, 17h, 19h20, 21h35 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h20, 18h50 (dub/diariamente).

CONTINUAÇÕES

DIVULGAÇÃO

O humorístico “Divertcs” vai estrear hoje, na TV Globo

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Page 31: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Hoje, Aline Maria Fernan-des Aquino vai ganhar ses-são parabéns com almoço divertido no Parque Tropi-cal, a partir das 10h.

Bom dia, fl or do dia!

Na próxima terça-feira, no JH Studio – antiga joalheria da que-rida Jéssica Sabbá, no Vieiralves – o colunista estará recebendo um grupo de elegantes sobre-nomadas, amantes das joias indispensáveis, para um dia inteiro de lançamento das pre-ciosidades da empresária Janice Honorato regado a champanhe e chocolates. Um encontro do tipo seleto para somente 20 convidadas. Que tal?

Também hoje, Maria Edu-arda Almeida festeja seu niver com barbecue no Es-petinho & Cia. Quem con-vida são seus pais Daniele e Fabiano Almeida.

Carlos Rosas, Jorge Ayub e Marilua Bampi estão trocan-do de idade hoje. Os cumpri-mentos da coluna.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desen-volvimento Sustentável do Amazonas está comandan-do, até o próximo dia 10, campanha “Natal do Idoso” em prol da Casa São Vi-cente de Paulo. São aceitas doações de roupas, sapatos e produtos de limpeza. Os donativos podem ser entre-gues na sede da SDS, no Parque 10. Vamos ajudar!

Hoje é o último dia do “Outlet de Natal da Manazinha”, assina-do pela apresentadora Norma Araújo, no Manaus Plaza Centro de Convenções. São 70 lojas com descontos de até 70%, a partir das 10h às 22h. Calvin Klein, Capodarte, Richards, Liz, Lilica &Tigor, Contém 1g, para citar algumas.

E viva, Nossa Senhora da Conceição e o Dia do Colu-nista, datas superespeciais comemoradas hoje!

::::: Sala de Espera

::::: Alou!

Como conselho é bom e não se paga por ele, aqui vai uma dica do editor deste espaço: evite andar distraído com seu celular de última geração em ruas de pouco trânsito nesta época. Os larápios estão à solta para “ganhar” presentes e você certamente não irá querer ser o “Papai Noel” dessas criaturas, não é?

::::: Todo cuidado

No próximo dia 16, a coluna estará em festa juntamente com 120 das pessoas mais ce-lebradas. Isso mesmo, apenas 120, podendo chegar às 130. Afi nal, o editor deste espaço pre-sa por qualidade e não por quantidade... E você, que for convidada, mar-que presença! Onde? No Zefi nha Bistrô, a partir das 19h03.

::::: Happy hour de Natal

::::: Alou!

Como conselho é bom e não se paga por ele, aqui vai uma dica do editor deste espaço: evite andar distraído com seu celular de última geração em ruas de pouco trânsito nesta época. Os larápios estão à solta para “ganhar” presentes e você certamente não irá querer ser o “Papai Noel” dessas criaturas, não é?

O samba do “caboco doido” está formado. É defi niti-vamente impossível dirigir pela Djalma Batista em hora de pico com a falta de marronzinhos para colocar ordem nas fi las duplas em frente as faculdades e centros de compras, com os irresponsáveis que se desvencilham

dos carros para atravessar de um lado a outro da avenida. Para que serve aquela

monstruosa passarela?

::::: Verdadeiro absurdo

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Com muito trabalho e amor, a primeira-dama Nejmi Jomaa

Aziz vem cumprindo seus compromissos com o Fundo de

Promoção Social. Em breve, a Inspetoria Salesiana do

Pró-Menor Dom Bosco de Manaus vai rece-

ber um micro-ônibus, que dará suporte às atividades da insti-

tuição, atendendo mais de 800 jovens

na capital

A festejadíssima Lúcia Viana com a nora Rayssa Almeida e o fi lho Maurício Ghidalevich, na sessão pa-rabéns dela que congestionou o Vieiralves

Alguém precisa avisar aos gerentes de inú-meras agências ban-cárias, entre elas o Bradesco do Boule-vard Álvaro Maia, que o fi m de 2013 che-gou e o fl uxo de gente procurando os serviços daqueles caixas eletrôni-cos é enorme. Na citada agência, mais da metade das engenhocas não ofere-ciam serviço de saque ou depósito na última sexta-feira. Um transtorno.

A regra, “fi lha de sereia sereiazinha é” – desejada por muitas – vale para ela, fi lha da linda Marian-na Rebelo Garcia: a bambina Lola em mais uma aparição toda estilosa no Shopping Ponta Negra

HER

ICK

PERE

IRA

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

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Page 33: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013 [email protected] (92) 3090-1010

3 As Farc contra a paredeViagem ao coração da guerrilha colombiana. Págs. 4 e 5

2 As curvas da estrada de KerouacO autor de ‘On the Road’ visto sob muitos ângulos. Pág. 3

1 Os poemas do adolescente ViniciusE outras 8 indicações culturais. Pág. 2

Do arquivo de Miele

4 Diário de Buenos AiresTodos seguemo cãozinho de Cristina ‘paz e amor’. Pág. 6

5 São Paulo, 1969. Pág. 8Capa

ilustração deEduardo Anizelli

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Page 34: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

G2 MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

Ilustríssima SemanaO MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

COLÔMBIAEnsaio fotográfi co de Eduardo Anizelli, no Catatumbo

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

>>folha.com/ilustrissima

BRUNO DUNLEY, 29, é artista plástico; participa da exposição “Alémdo Ponto e da Linha”, em cartaz no MAC- USP

CLAUDIO WILLER, 73, é poeta, ensaísta e tradu-tor. Publicou “Geração Beat” (L&PM Pocket, 2009), “Manifestos 1964-2010” (Azougue, 2013) e a tradução do “Livro de Haicais”, de Jack Kerouac (L&PM, 2013), entre outros.

DIRCE WALTRICK DO AMARANTE, 43, é tradutora, professora de artes cênicas na UFSC e autora de “Para Ler Finnegans Wake de James Joyce” (Iluminuras).

EDUARDO ANIZELLI, 31, é fotógrafo da Folha.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

VICTOR MORIYAMA - 27.JUN.2013/FOLHAPRESS

EXPOSIÇÃO| JOSÉ RUFINOPaulo, reúne objetos,desenhos e gra-

vurasdo artista paraibano . Elementos orgânicos como raízes, galhos e troncos e odiálogo entre memória e esquecimen-to são recorrentes emseus trabalhos.

abertura na ter. (dia 10), às 19h | de ter. a do m., das 10h às 19h | até 5/1 | grátis

FLÁVIA MARREIRO, 33, é repórter da Folha.

LÍGIA MESQUITA, 31, é correspondente da Folha em Buenos Aires.

LUIZ CARLOS MIELE, 75, é cantor e produtor musical.

RAFAEL CAMPOS ROCHA, 43, é ilustrador, autor de “Deus, Essa Gostosa” (Quadrinhos na Cia.).

GERTRUDE STEIN (1874-1946), escritora ame-ricana, autora de “A Autobiografi a de Alice B. Toklas” (Cosac Naify), terá suas peças publicadas no Brasil em janeiro.

1

LIVRO | LUIZ COSTA LIMAEm “Frestas: a Teorização em um País Pe-

riférico”, o crítico literário revisita e sintetiza temas expostos em alguns de seus livros mais recentes, como “O Controle do Imaginário e a Afi rmação do Romance” e “A Ficção e o Poema”. O amplo escopo teórico do título abarca a Grécia Antiga, os fi lósofos Nietzs-che e Heidegger e o panorama intelectual brasileiro nos últimos 50 anos.

Contraponto | R$ 74 | 520 págs.

LIVRO | PENSAR FILOSOFIAEste segundo volume da série organizada

pelo ciclo de palestras Fronteiras do Pensa-mento enfoca o debate fi losófi co contempo-râneo. O livro traz textos das conferências do historiador Robert Darnton e do crítico literário Fredric Jameson, entre outros pen-sadores, e entrevistas com os fi lósofos Peter Singer e José Arthur Giannotti, além de ensaio visual feito pelo artista Felipe Cohen.

org. Eduardo Wolf | Arquipélago Edi-torial | R$ 36 | 240 págs.

COLEÇÃO | VINICIUS DE MORAESPublicado originalmente em 2002, o

“Arquivinho Vinicius de Moraes” (compi-lação de imagens, cartas e manuscri-tos) ganha reedição comemorativa em homenagem ao centenário do poeta e compositor. As novidades são a versão fac-símile de um caderno de 1931, com poemas de adolescência, e um CD no qual Miúcha interpreta sucessos de Vinicius.

Bem-Te-Vi | R$ 225

LIVRO | JOSÉ LINS DO REGO“Flamengo É Puro Amor” resume bem a paixão

desenfreada que o escritor José Lins do Rego (1901-57), de “Menino de Engenho” e “O Moleque Ricardo”, devotava a seu time e ao futebol em geral. “Amo-o como um dos mais ardentes amores de minha vida”, escreveu certa vez sobre o clube. O livro, em nova edição, compila 111 crônicas, de 1945 a 1957, nas quais Lins do Rego, com a habilidade de um craque, retrata as glórias e tristezas de um torcedor.

seleção de Marcos de Castro | José Olympio | R$ 32 | 240 págs.

LIVRO | LUCAS LENCIEntre 2007 e 2012, o fotógrafo Lucas

Lenci percorreu e retratou cidades de vários países. O trabalho ganha agora as páginas do livro “Desaudio”, composto por 27 imagens de lugares como Tóquio, Nova York e Maldivas, e texto do também fotó-grafo Cássio Vasconcellos. Em cada foto perpassa uma certa melancolia, resultado da busca de Lenci por espaços vazios ou de poucas fi guras humanas.

Estúdio Madalena/Terceiro Nome | R$ 85 | 60 págs.

CINEMA | MAURICE PIALATFestival apresenta todos os

longas, e alguns curtas, do ci-neasta francês (1925 - 2003). Pialat fez dos personagens transgressores e deslocados o centro de sua breve (apenas dez longas) e vigorosa obra. “Sob o Sol de Satã” (1987), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, e “Van Gogh” (1991) são alguns dos destaques da mostra.

CCBB - SP | de qua. (dia 11) a 29/12 | de R$ 2 a R$ 4 | www.bb.com.br/cultura

SEMINÁRIO | DIÁLOGO DAS CIVILIZAÇÕESEvento organizado pela artista plástica Denise

Milan e pela professora do departamento de fi losofi a da USP Olgária Matos enfoca o cosmopolitismo do espírito e a relação das tradições das culturas cristã, árabe e judaica da Idade Média com o mundo contemporâneo. Entre os convidados internacionais estão o historiador libanês Youssef Rahme e o diplomata francês Anis Nacrour.

amanhã (dia 9), na Biblioteca Mário de Andrade, e terça (dia 10), na Tenda Cultural Ortega y Gasset, na USP | grátis | www.dia-logodascivilizacoes.wordpress.com

LIVRO | ARISTÓTELES“Sobre a Alma” integra a coleção de obras com-

pletas do fi lósofo grego publicada pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda de Portugal. No Brasil, a série é adaptada pela WMF Martins Fontes. Neste livro, Aristóteles investiga o conceito de psykhé (o “princípio vital”) - defi nido, em termos metafísicos, como forma e ato de um corpo vivo. A portuguesa Ana Maria Lóio, tradutora da obra, escreve que o texto é “extraordinariamente inovador, tanto no que diz respeito ao método de investigação como às doutrinas propostas”.

Luzia Aparecida dos Santos (adaptação) | WMF Martins Fontes | R$ 29,80 | 168 págs.

‘Rua 48, Nova York’ (2012), foto do livro ‘Desaudio’

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Obra de José Rufi no na exposição do MuBE

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G3MANAUS, DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO DE 2013

2Kerouac, o biografável

Crítica

No seu prefácio a “O Livro de Jack”, que escreveu com Lawrence Lee, Barry Giff ord observa que seu intuito era “conduzir o público à leitura dos 11 romances de Kerouac, quase sempre ignorados, e de seus demais trabalhos”.

Em 1978, quando da publi-cação original deste “O Livro de Jack – Uma Biografi a Oral de Jack Kerouac” [trad. Bruno Gambarotto, Biblioteca Azul, R$ 49,90, 496 págs.], beat e contracultura pareciam coisa do passado.

Hoje não mais. “On the Road”, de Kerouac (traduzido como “Pé na Estrada” por Eduardo Bueno, com sucessivas ree-dições, desde 1984), se fi rma cada vez mais como a narra-tiva mais infl uente da segunda metade do século 20.

Outros títulos merecem ser lembrados, como “O Apanha-dor no Campo de Centeio”, de J. D. Salinger, ou “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez. No entanto, estes não ultrapassaram o sistema literário. Com “On the Road”, Kerouac o extrapolou.

Junto com “Uivo e Outros Poemas”, de Allen Ginsberg, promoveu o aparecimento dos beatniks e dos hippies. Seu chamado à aventura inspirou outros a saírem estrada afora. Foi decisivo para fi guras do porte de Bob Dylan, que fugiu de casa após lê-lo; também para Francis Ford Coppola e para Lou Reed, entre tantos que integraram o cordão de autores e personalidades in-fl uenciados por Kerouac e pela geração beat.

Não obstante, desde seu lançamento, em 1957, “On the Road” vem sendo ata-cado por críticos, pelo culto à espontaneidade, desordem formal, apologia da libertina-gem. Recebeu objeções pau-tadas pela correção política, que apontaram hedonismo, sexismo e imediatismo.

Os autores da geração beat chegaram a ser acusados de iletrados. Na verdade, eles foram um exemplo de crença extrema na criação literária, atribuindo-lhe valor mágico, como fonte de acontecimen-tos, e não só de textos.

Bibliografi aFelizmente, cresce uma bi-

CLAUDIO WILLER

Diferentes versões da vida do andarilho Jack

RESUMOCom uma vida inten-sa, que se confunde com sua criação literária, Jack Kerouac (1922-69) é o escritor biografável por exce-lência: há mais títulos sobre ele do que livros escritos pelo autor de “On the Road”. Uma das principais obras desse cunho, “O Livro de Jack”, misto de mosaico de depoi-mentos e crítica, sai agora no Brasil.

bliografi a crítica pertinente. Ela é representada, entre ou-tros exemplos, pelos ensaios de Howard Cunnell, Penny Vla-gopoulos, George Mouratidis e Joshua Kupetz que precedem a edição de “On the Road “’ O Manuscrito Original [trad. Eduardo Bueno e Lúcia Brito, L&PM, R$ 24,50, 464 págs.].

Junto com os ensaios, vie-ram as biografi as. Em número de títulos, elas superam aque-les da extensa obra de Jack Kerouac. Personagem de si mesmo, com uma vida intensa que se confundiu com a cria-ção literária, ele é o escritor biografável por excelência.

O estudo biográfi co pioneiro é o de Ann Charters, “Kerouac: a Biography” [St. Martins Press, R$ 62,30, 432 págs.]. Lançada originalmente em 1973, a obra descerrou cortinas ao relatar a intrincada vida sexual do escritor e de Neal Cassady com Carolyn Cassady, Luanne Henderson e outros parceiros – inclusive Allen Ginsberg.

Charters trouxe à luz cenas como esta, ocorrida em Denver, em 1947: decidida a retornar à Califórnia, Carolyn, já compa-nheira de Cassady, com quem se casaria e teria fi lhos, pas-sa por seu apartamento para despedir-se; ao abrir a porta, encontra-o deitado em compa-nhia de Luanne e Ginsberg, um de cada lado da cama.

Em seguida vieram outras. “Memory Babe” [University of California Press, 767 págs., esgotado], de Gerard Nicosia, é de 1983 e continua a ser a mais completa dessas bio-grafi as, como o reconhecem outros estudiosos, a exemplo de Barry Miles – seu “Jack Kerouac “’ King of the Beats” [trad. Roberto Muggiati, Cláu-dio Figueiredo, Beatriz Horta, ed. José Olympio, R$ 50, 420 págs.], de 1998, saiu no Brasil em 2012.

“Visions of Kerouac” [Ithaca Press, 235 págs., esgotado], de Charles E. Jarvis, é de 1974. O livro teve sua faísca inicial em 1968, quando, aproveitando uma estada em Lowell, cidade natal do escritor e dele próprio, Jarvis se pôs a gravar falas do alcoólatra terminal e o acompa-nhou pela noite, assombração percorrendo uma cidade fan-tasma. Já “Subterranean Kerou-ac” [St. Martins Press, R$ 91,70, 448 págs.], de Ellis Amburn, publicado em 1998, faz incidir o foco sobre a complicada vida sexual do escritor.

E há que lembrar os depoi-mentos: Ginsberg escreveu, em 1974, “Visions of the Great Rememberer” [Mulch Press, 71 págs., esgotado]; em “Off the Road” [Overlook, e-book, R$ 22,21], de 1990, Carolyn Cassady polemizou com Ge-rard Nicosia. Joyce Johnson, companheira de Kerouac na época do lançamento de “On the Road”, publicou o premia-do “Minor Characters” [Pen-guin, e-book, R$ 35,58] em 1984. Por fi m, “Memórias de uma Beatnik” [trad. Ludimila Hashimoto, Veneta, R$ 24,90, 216 págs], de Diane di Prima, lançado no Brasil neste ano, relata uma performance de sexo tântrico entre a poeta beat e Jack – biógrafos não sabem precisar se Di Prima fi ccionalizou os fatos ou se eles fi zeram tudo aquilo.

CoralObra polifônica, coral de vozes

díspares, mas não dissonantes, “O Livro de Jack” acompanha a vida toda de Kerouac.

Barry Giff ord e Lawrence Lee partem de um amplo espectro de entrevistados, que inclui desde persona-gens qualifi cados, como Allen Ginsberg, William Burroughs e Gary Snyder, e participantes ativos, como o delinquente Herbert Huncke, até fi guras secundárias, mas que trazem depoimentos reveladores: o parceiro de sinuca de Cassa-dy, Jim Holmes, e o casal Al e Helen Hinkle (Ed e Galatea Dunkel em “On the Road”).

Não há nada de panegírico: por mais que a importância de Jack Kerouac seja admitida, isso não impede críticas. Mais do que isso, há objeções a Neal Cassady, caracterizado como psicopata por Burroughs e John Clellon Holmes e detestado por ex-colegas de Denver.

Lee e Giff ord, este último também autor do romance “Wild at Heart” (fi lmado por David Lynch), não se limita-ram a ir atrás de persona-gens e recolher depoimentos. Comentários e apresentações de cada capítulo compõem não só uma biografi a mas uma avaliação crítica de Kerou-ac, que os autores souberam conduzir, abordando questões relevantes – por exemplo, seu misticismo, ou sua formação literária, com momentos de-cisivos como a visita dele e Ginsberg a Burroughs.

Os biógrafos esclarecem como Kerouac escrevia – es-pontaneamente, mas nem sempre: foi dele a iniciativa de reescrever várias vezes “On the Road”, e uma de suas obras mais complexas, “Doctor Sax”, foi sendo elaborada de 1948 a 1958. Corrigem a injustiça com relação ao crítico Malcolm Cowley, acusado por Kerouac de normalizar seu texto. Mas sancionam um erro: o rolo em que datilografou “On the Road” não era de papel para telex dado por Lucien Carr: esse se-ria usado em outras ocasiões, mais tarde.

É claro que muita coisa re-levante foi deixada de fora. Mas a crise a partir do fi nal de 1957, o modo como Kerouac se desestruturou e seus sombrios anos fi nais de vida estão bem relatados. Além da informa-ção biográfi ca, há discussão literária, destacando a poesia de “Mexico City Blues” e os complexos “Visões de Cody” e “Doctor Sax”. O livro subes-tima, no entanto, “Os Vaga-bundos Iluminados” – basta confrontar com a leitura de Regina Weinreich, no prefácio do recente “Livro de Haicais” (L&PM 2013, tradução minha) – e a prosa poética de “Anjos da Desolação” (trad. Guilherme da Silva Braga, L&PM, 2010). E, principalmente, faz pouco, injustamente, de seu canto de cisne, “Vanity of Duluoz”, já de 1967, quando ele estava às vésperas da morte.

A edição brasileira vem com prefácios de Walter Salles e Giff ord, atualizando-a. Mas faltam as fotografi as que ilus-tram a edição original. Houve difi culdades com a negociação de direitos, informa o editor, e aquelas foram substituídas

por outras, que deveriam ter recebido legendas. Para ver as caras de Luanne Henderson e Herbert Huncke, ou do casal Hinkle, será preciso baixar a edição eletrônica de “Jack’s Book” ou ir à página de in-ternet dedicada a Ginsberg (allenginsberg.org).

Foram mantidos o roteiro de pseudônimos e nomes reais dos personagens das narra-tivas de Jack Kerouac, além do índice remissivo e da bi-bliografi a – mas deveriam ter sido consignados os títulos já publicados no Brasil.

Verdade“O Livro de Jack” remete à

questão da verdade biográfi -ca. No prefácio, Giff ord pro-voca, citando Freud: “Para ser

biógrafo, você precisa ocupar-se de mentiras, acobertamen-tos, hipocrisias, falsidades e mesmo apagar sua falta de compreensão, pois a verdade biográfi ca é impossível e, se a ela chegássemos, não pode-ríamos utilizá-la... A verdade não é possível, a humanidade não a merece”.

Contrapõe a esse julga-mento categórico um comen-tário de Ginsberg: “Meu Deus, é como o ‘Rashomon’ – todo mundo mente, e a verdade vem à tona!”.

Mas a melhor resposta à questão da “verdade” é dada por Gary Snyder: “Jack era, em certo sentido, um mitógrafo norte-americano do século 20”. Seus perso-nagens e episódios se tor-

nariam “parte da mitologia dos Estados Unidos na qual estava trabalhando”. O que importa não é reproduzir a realidade, mas sim criar no-vos mitos, que se projetam no mundo e o transformam.

Essa argumentação ja-mais seria entendida pelos que se pretendem donos de suas imagens. Se fosse no Brasil e a família Sampas, sucessores de Kerouac, ado-tasse o desastrado discurso contra as biografias que do-minou o noticiário nacional recentemente, boa parte da bibliografia aqui mencio-nada não alcançaria seus leitores. O que sobraria de “O Livro de Jack” se o per-sonagem-tema fosse algum Roberto Carlos?

Jack Kerouac e sua então namorada Joyce Johnson em Nova York, em 1958

JEROME YULSMAN/GLOBE PHOTOS/ZUMAPRESS.COM

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G4 MANAUS, DOMINGO 8 DE DEZEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO 8 DE DEZEMBRO DE 2013 G5

Reportagem

RESUMOA Folha visitou a região de Catatumbo, no nordeste da Co-lômbia, um dos prin-cipais focos do con-fl ito armado entre as guerrilhas, entre elas as Farc, e o governo. Dividida pela violência de ambas as partes, a falta de infraestrutura e os altos rendimen-tos do narcotráfi co, a região espelha os entraves ao processo de paz no país.

Em 18 de março de 2011, pouco depois das 5h, Eloína Velázquez passava o “tinto”, como chamam o café preto na Colômbia, quando começaram os disparos dos guerrilheiros das Farc contra o posto policial do povoado de Las Mercedes, a metros da sua cozinha.

“Segui coando. O neto saiu correndo, e o velho também, de roupa de baixo”, conta a mulher de 66 anos, quase sem mover a cadeira de balanço de fi os plásticos coloridos, rádio de pilha no colo sintonizado numa estação católica.

A poucas quadras dali, em frente ao posto policial, uma pilha de sacos de areia serve de trincheira contra os cilindros de ferro carregados de explosivos que os guerrilheiros lançam de tempos em tempos das mon-tanhas próximas.

A barricada no meio do po-voado evidenciava, numa ter-ça-feira de novembro, que o confl ito seguia, enquanto as Forças Armadas Revolucioná-

FLÁVIA MARREIROFOTOS EDUARDO ANIZELLI

3Os clarões de CatatumboUma expedição à zona do fogo cruzado colombiano

rias da Colômbia e o governo do país negociavam em Hava-na. Na capital cubana, as duas partes tentam há um ano pôr fi m a cinco décadas de enfren-tamento, encontro que alguns analistas classifi cam como o mais promissor de paz nas úl-timas décadas.

“Para mim, é uma engana-ção”, avalia a dona de casa Eloína, mãe de cinco fi lhos que passaram pelo Exército. Antes de destruir sua casa, a guer-ra já havia matado um deles, Elmes, 26, em 2007. Quando em serviço, ele foi vítima de uma granada arremessada por um integrante das Farc. “Desde então não escuto as estações de notícias”.

O desdém dela pelas negocia-ções de paz – que se realizam sem um cessar-fogo no terreno, uma novidade na história da Colômbia – era compartilhado por Gladys, dona de uma peque-na loja na praça principal, pelo aposentado Ramiro, 72, ou pelo pedreiro Héctor, 63, moradores com quem a Folha conversou. O trio, que ainda vive perto do posto da polícia, encena todas as noites um ritual insólito: deixa suas casas para dormir no outro lado da cidade, o mais longe possível da mira das Farc.

Ao pôr do sol, a cidade ganhou ares sombrios. Na praça princi-pal e nos quarteirões próximos à polícia, tudo fi cou às escuras (os policiais proíbem iluminação para não se expor). A única luz vinha de dentro da igreja – onde a missa não havia terminado –, vigiada de longe por um policial. Na porta do templo, uma men-sagem do Evangelho de Lucas chocava por soar não profética, mas cotidiana: “Um dia tudo será destruído”.

CatatumboLas Mercedes foi a primeira

parada de uma viagem de cinco dias que a Folha e uma equipe da TV estatal russa fi zeram, a convite do Comitê Interna-cional da Cruz Vermelha, pela zona de Catatumbo, nordeste

da Colômbia.Os povoados de Filo El Gringo

e San Pablo e a cidade de El Tarra, ruidoso centro comercial da região, completariam o qua-dro de populações visitadas, no meio do fogo cruzado, na zona que é estratégica para o confl ito armado e que provavelmente será um desafi o no futuro, caso a paz seja assinada.

Catatumbo quer dizer “luz constante” na língua de um povo indígena da região. Pro-vável referência aos clarões dos relâmpagos frequentes na zona, a palavra parece evocar a força sonora dos trovões que suce-dem os raios – e, há três décadas, também das bombas.

“Nesta zona há a modalidade mais dura do confl ito. Nela se conjugam três coisas: guerrilha, narcotráfi co e a intenção do Estado de se consolidar insti-tucional e militarmente. Não é fácil atuar sob pressão”, disse Jorge Mario Arenas, 42, o enér-gico prefeito de El Tarra, quando recebeu a Folha.

As afl ições do prefeito, uma das poucas vozes otimistas com o processo de paz que a reportagem encontraria em Catatumbo, têm raízes geográ-fi cas, geopolíticas e econômicas na região.

A Cordilheira Oriental, um desdobramento dos Andes, corta a área, que faz divisa ao leste com a Venezuela. O refúgio nas montanhas e a possibilidade de cruzar facilmente a fronteira de controles frouxos ou nulos transformaram a região numa importante retaguarda e centro logístico para as Farc a partir de 2002, quando começou a ofen-siva militar defl agrada na ges-tão Álvaro Uribe (2002-10).

Segundo o governo, é na re-gião – ou em partes contíguas já em território venezuelano – que se esconde Rodrigo Londoño, 54, “Timoleón Jiménez” ou “Ti-mochenko”, atual chefe máximo das Farc.

Não por acaso, Catatumbo é a única zona do país onde atuam as três guerrilhas ativas

na Colômbia. Além das Farc, ocupam os montes e se infi ltram nas cidades o ELN (Exército de Libertação Nacional) e os rema-nescentes do EPL (Exército Po-pular de Libertação), sendo seu chefe, Megateo, hoje o homem mais procurado da Colômbia.

Os três grupos atuam em várias fases da cadeia do nar-cotráfi co, às vezes associados entre si, em outras com apoio de redes criminosas. A cocaína, principal fonte de fi nanciamen-to das guerrilhas, é um motor econômicos da zona, produtora de folha de coca.

Nos cálculos do coronel Jorge Alberto Mendoza Quiroga, 43, cerca de 550 guerrilheiros se espalham pelas montanhas. Nú-mero 2 da força-tarefa conjunta Vulcão, que desde 2011 tem 11 mil soldados na área, Mendoza diz que a desproporção entre os números de soldados e de guerrilheiros não deveria causar pasmo. “Um terrorista pode afe-tar centenas de pessoas.”

Entre os trabalhos da tropa, diz o coronel, está a defesa do oleoduto que cruza a região rumo ao norte e das demais ins-talações da Ecopetrol, a estatal petroleira colombiana – desde os anos 1930 a região se dedica à exploração de petróleo. Quase diariamente, as guerrilhas ten-tam explodir o tubo.

Zona rojaO oleoduto, visível em alguns

trechos da estrada, é um dos sinais mais claros da presença

do Estado colombiano em Cata-tumbo. Como se trata de uma das chamadas “zonas rojas” (vermelhas) do confl ito, o go-verno investe com parcimônia ali, enquanto não se dá a “con-solidação” militar da área. Se o número de pobres na Colômbia é alto até mesmo para a Amé-rica Latina (34,2%), na região alcança média de 40,4%.

As “obras de impacto” e pe-quenas ações sociais fi cam a cargo do Exército e do assisten-cialismo provido pela Ecopetrol e por organizações como a Cruz Vermelha Internacional ou a católica Cáritas.

Nas estradas, mesmo trechos de poucos quilômetros só são vencidos após horas de percurso a bordo de veículos de tração reforçada. A rota cheia de bar-rancos que leva a El Tarra, uma das principais cidades da zona, com 13 mil habitantes, termina numa ponte decrépita sobre o rio do mesmo nome.

Quando a Folha chegou ao local, era quase noite. Enquan-to caminhões com mercadorias descarregavam do outro lado da ponte, uma explosão se fez sentir. “Sim, é uma bomba”, es-clareceu a canadense Stéphanie Ferland, a delegada da Cruz Vermelha Internacional respon-sável por Catatumbo.

Na entrada da cidade, sol-dados pararam a comitiva. A “hostilidade”, eufemismo para a bomba ouvida pouco antes, po-deria causar atrasos. Mas o que os homens do coronel Mendoza queriam era ajuda. Explicaram a Ferland que um homem havia sido picado por uma cobra e que não havia soro antiofídico nem transporte para levá-lo ao hospital mais próximo.

El Tarra poderia estar no Nor-te ou no Nordeste do Brasil. A diferença mais fl agrante entre a localidade e uma similar bra-sileira estava estampada nas paredes. Ao redor da praça prin-cipal, em comércios e casas particulares, inscrições feitas com estêncil serviam para ex-plicitar que ali, como em boa

parte de Catatumbo, vigia o controle tácito das guerrilhas, notadamente das Farc e da ELN, a despeito de quantos soldados houvesse na entrada ou em postos.

“O governo e os generais não estão reportando o total dos subalternos mortos e feridos nas selvas”, sustentava um texto num dos muros, subscrito pelas Farc-EP, sendo a última parte da sigla uma abreviação de “Exército Popular”.

Quem vende qualquer coisa em todo Catatumbo paga ta-xas e uma espécie de pedágio aos grupos guerrilheiros para entrar. As taxas mais pesadas são cobradas dos fornecedores de gasolina, em geral contra-bandeada da Venezuela, e dos de cerveja. Em alguns povoa-dos, as Farc e o ELN repartem os dividendos da cobrança da “vacuna”, vacina em espanhol. “Se não abasteço com eles, queimam meus veículos”, con-tou o dono de uma frota de transporte de passageiros em Las Mercedes, pedindo que seu nome fosse ocultado.

Em El Tarra, o controle abar-ca até mesmo serviços de in-fraestrutura. Uma operadora de celular foi impedida de se instalar na cidade neste se-mestre porque se recusou a pagar a “vacuna”.

Já a prefeitura teve de desistir, ao menos por ora, de trazer internet via fi bra ótica para a cidade. “Quando a fi bra che-gou a 15 km daqui, a guerrilha

disse que não, que a internet ia desviar os jovens do espírito de luta”, contou, contrariado, Yeisson Claro, 27, secretário de governo de El Tarra.

As restrições também se apli-cam aos demais meios de co-municação da cidade. “Aqui não damos notícias sobre um lado nem sobre o outro”, expressa Diana Quintero, 29, locutora de um programa matinal da rádio católica. Mãe de uma adoles-cente de 12 anos, Quintero diz temer pelo futuro da fi lha. Há uma regra não escrita da guer-rilha que proíbe as moças de

se relacionarem com soldados. “Uma menina de 15 anos que morava perto da prefeitura foi morta. Matam uma e com isso mandam o recado”.

CapacetesPouco depois das 21h, não

se via, nas ruas principais de El Tarra, policiais ou soldados. Até que seis homens do Exér-cito surgiram a caminho da praça principal, observados pelos moradores. Apesar das metralhadoras e dos capacetes, andavam mais cautelosos do que imponentes.

“Caminham como os america-nos ao patrulhar Bagdá. É como se fosse um território ocupado, não seu próprio país”, comenta-ria, depois, Aleksander Sladkov, ex-ofi cial e apresentador de um programa militar na TV estatal russa que nos acompanhava na viagem. A madrugada seria de mais “hostilidades”, que derru-bariam por dois dias o sinal de celular em El Tarra.

O britânico Jeremy McDer-mott, da Fundação InSight Crime, “think tank” voltado ao estudo do crime organizado nas Américas, usa outra imagem para descrever os soldados lo-cais: “Para mim, que fui do Exér-cito, a situação lembra a guerra com a Irlanda do Norte”.

O problema para os policiais e soldados, e também para a po-pulação civil, é que em cidades como El Tarra o perigo pode vir de qualquer lado, de dentro de lojas, de uma bola de futebol recheada de explosivos ou de uma lata de lixo.

“Há uma nova fase. A guer-ra não é mais de guerrilheiros de uniforme e emboscadas tradicionais. As Farc recrutam cada vez mais milicianos, que moram nas cidades, não raro têm emprego e são muito mais baratos”, diz McDermott.

Na maioria das vezes, são esses milicianos que, em rou-pas civis, colocam a bomba onde estão os soldados e atuam como franco-atiradores contra homens isolados do Exército. “As emboscadas que víamos aqui nos anos 1990, com até mais de mil guerrilheiros atacando postos policiais, já não aconte-cem”, afi rma o britânico.

As fronteiras pouco claras entre combatentes e não com-batentes e o uso, pelas duas partes armadas, dos civis como “escudo” aumentam muito os riscos humanitários do confl ito – a Colômbia só perde para o Afeganistão em número de minas terrestres.

Roberto Sarno, chefe do escri-tório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha que supervisiona

Catatumbo, lamenta: “Ao colo-car na cidade um posto policial, alvo militar legítimo do ponto de vista do direito internacional humanitário, põe-se em risco a população civil. Já o outro gru-po armado lança ataques sem cumprir o princípio de distinguir civis e combatentes”.

A nova fase da guerra, que já provocou desde os anos 1960 a morte de 300 mil pessoas e o deslocamento de 5 milhões de pessoas (10% da população atual da Colômbia), responde à mais recente mudança es-tratégica das Farc em quase meio século de luta na selva. A guerrilha, de inspiração mar-xista-leninista, foi fundada em 1964. Nos primeiros anos, as Farc dividiram o protagonismo com outros grupos guerrilheiros. Nos anos 1980, ensaiaram um processo de paz que desaguaria, porém, no extermínio e assassi-nato seletivo de cerca de 3.000 militantes e ao menos 8 con-gressistas da União Patriótica, seu braço político de então, por grupos de extrema direita.

O auge de seu poder de fogo foi entre o fi m dos anos 1990 e o começo dos 2000, quando se consolidaram decididamente no negócio do narcotráfi co e aplicaram o dinheiro na guerra. Nas negociações de paz sob o governo Andrés Pastrana, entre 1998 e 2002, obtiveram do go-verno concessão para dominar um território do tamanho do Estado do Rio de Janeiro, livre da presença de militares. A ten-tativa fracassaria, e a opinião pública passaria a desconfi ar profundamente da guerrilha, que nessa época intensifi cou a prática de sequestros de políti-cos e estrangeiros.

Os anos 2000 foram de revés para as Farc. No governo Uribe, com o Exército modernizado e orientado pelos EUA, a guerrilha veria seu contingente cair pela metade, até o mínimo histórico atual, de 7.200 homens. A morte do fundador, Manuel Marulanda, o “Tirofi jo”, em 2008, e de outros cabeças da guerrilha empurraria a insurgência para a situação presente. Hoje, analistas veem uma inclinação para a saída negociada, dizendo que os guer-rilheiros desistiram do plano, obsoleto e impraticável, de con-quistar o poder pelas armas.

“Houve mudanças muito profundas tanto na guerrilha como no Estado e no contexto internacional desde a última tentativa de paz. E todas essas mudanças tornam mais factível um acordo agora”, disse Rodrigo Pardo, ex-chanceler do governo Samper (1994-98), na sede da

TV RCN, em Bogotá, da qual ele é diretor de jornalismo.

O prazo vislumbrado para um acordo, que se acredita que irá incluir o ELN, é depois das eleições presidenciais, em maio. Nelas, o atual mandatário, o pragmático Juan Manuel San-tos, é um favorito sem brilho, liderando com apenas 23% das intenções de voto, apesar do crescimento da economia (a estimativa é de 4% em 2013).

“Creio que na mesa de nego-ciação, o processo de paz é irre-versível. Na rua, não estou tão seguro”, diz Antonio Navarro, 65, ex-chefe guerrilheiro do grupo M19, que se desmobilizou nos anos 1990. “Não há consenso sobre a paz negociada. Há se-tores políticos importantes que se opõem. A opinião pública está muito menos disposta que antes a fazer concessões que são ne-cessárias em uma negociação”, segue ele, que foi governador do Estado de Nariño, no sul.

Navarro se refere ao recha-ço da maioria da população à possibilidade de que as Farc possam participar da política e paguem penas mais brandas por seus crimes em troca de deixar as armas. Um acordo sobre a participação política da guerrilha no futuro, fechado em outubro em Havana, sugere isso, ainda que não entre em detalhes.

Enquanto isso, as Farc, odia-das na maioria do país, agem para voltar a ter militância, in-vestindo em três grupos: o PC3 (Partido Comunista Clandestino Colombiano), seu próprio movi-mento bolivariano e a rede de milicianos. Sinal dos tempos, a União Patriótica acaba de conseguir na Justiça o direito de voltar a ser um partido, depois do massacre dos anos 1980.

“O acordo sobre a partici-pação política remove um dos obstáculos principais. No en-tanto nada está concluído até que o novo cenário político se estabeleça, com as eleições legislativas de março e a pre-sidencial de maio”, diz Javier Ciurlizza, do centro de estudos Crisis Group, lembrando que um triunfo parlamentar do “uribis-mo” pode “afetar seriamente o processo”. A maior parte da “legislação da paz” sairá do novo Congresso.

CocaSe as incertezas políticas so-

bre o processo de paz ecoam em Bogotá, as econômicas e operacionais saltam aos olhos em Catatumbo. Na semana passada, as Farc e o governo começaram a abordar a ques-tão do narcotráfi co, e a guerrilha defendeu uma discussão sobre a legalização. Dias antes, a Folha visitava um plantio cocaleiro próximo de El Tarra – em Ca-tatumbo, são 4.500 hectares de coca, cultivo que cresceu 29% entre 2011 e 2012, segundo a ONU, contrário à média do país (queda de 25%).

Diego, de 12 anos, sentou para contar à reportagem sua experiência como “raspachin”, o nome dado a quem “raspa”, colhe as folhas de coca. Enquan-to arrancava pequenos pedaços de pele da mão, ferida pela “raspagem”, disse ter ganhado o equivalente a R$ 300 em oito dias de trabalho, em meio período. É quase metade de um salário mínimo colombiano. “Quero comprar uma moto.”

Diego não pensa muito antes de responder que um de seus maiores desejos, além de ver a seleção colombiana jogar no Brasil no ano que vem, é mu-dar para um lugar onde não haja Exército, que ora arranca o plantio de coca de seus pais e parentes, ora acusa algum deles de colaborar com a guerrilha. “Bateram em um tio meu”, diz.

Se a atividade guerrilheira atormenta, a dos militares tam-pouco traz tranquilidade a uma região traumatizada pelos mas-sacres efetuados por grupos

paramilitares, com apoio tácito do Exército, entre 1999 e 2004, quando estima-se que tenham morrido 5.000 pessoas.

“É um processo. Nós enten-demos que as pessoas ainda tenham esse pensamento. Mas, pouco a pouco, fomos avançan-do, nos aproximando da popu-lação”, disse à Folha o coronel Mendoza. É nesse caldeirão que o Estado colombiano tem de mexer para livrar a zona do narcotráfi co sem jogar milhares na miséria.

Cada arroba de folha de coca (cerca de 15 quilos) colhi-da na zona vale o equivalente a R$ 8. São necessárias cerca de 9 arrobas para produzir um quilo de pasta base para a cocaína, que salta para cerca de R$ 1.800. É esse o produto que os cocaleiros da zona vendem a narcotrafi cantes autorizados pela guerrilha ou para a própria guerrilha. Se o comprador for dono de laboratório para cristalizar a cocaína, o lucro se multiplica muitas vezes. E, se tiver conta-tos para fazer a droga chegar até os EUA, o quilo terminará valendo R$ 184 mil.

É por causa dessa quantidade de dinheiro que circula nas mãos dos guerrilheiros, especialmente os das Farc, que faturam ao menos US$ 200 milhões anuais, que muitos especialistas temem que em algumas frentes insur-gentes, como a que atua em Ca-tatumbo, haja o risco de fratura. Em vez de entregar as armas, eles se manteriam nas monta-nhas, já desligados da guerrilha, para seguir com o negócio ilegal. Numa empreitada tão lucrativa, se há desmobilização, rapida-mente o crime organizado se molda para ocupá-lo.

Na ponta dos produtores de coca, a situação tampouco é fácil. Os cocaleiros ouvidos pela Folha classifi caram de não rea-listas as propostas de cultivos lícitos para substituir a coca numa região pobre e de infra-estrutura quase nula.

Uma tentativa de erradicação na zona, em junho, defl agrou uma onda de protestos por in-vestimentos do governo. De um lado, a polícia reagia com vio-lência; de outro, havia a coerção das guerrilhas para engrossar as manifestações.

Os protestos se espalhariam pelo país, com pequenos pro-dutores da economia legal co-brando apoio do governo ante a enxurrada de importações indu-zidas pela abertura da economia nos últimos anos. As manifes-tações derrubaram a aprovação de Santos e expuseram o mal-estar geral no campo.

“Sou evangélico, sei que não está correto plantar coca, mas isso de plantios alternativos não dá certo. Eles arrancaram minha mata no ano passado, já plantei de novo”, contou um cocaleiro que não quis se identifi car. “Foi só com a coca que eu consegui juntar algo”.

Após se despedir de El Tar-ra, a última parada da Folha em Catatumbo foi no povoado de San Pablo. Era um sábado ensolarado, mas o lugarejo pa-recia tenso. Circulava um relato de que uma pessoa havia sido assassinada pela guerrilha, dias antes. O padre Gregório Salazar Paz, 44, que ajuda vítimas do confl ito, recebeu a reportagem com o semblante cansado, mas demonstrando convicção. “Não tem sentido servir em um lugar onde tudo vai bem”.

Era a última oportunidade de perguntar sobre o processo de paz, e o padre não trouxe ele-mentos novos. “Em vez de nos encher de militares, deveriam nos cercar de investimentos em saúde e em educação. A sagrada escritura diz que a paz é fruto da justiça”. Na fachada da igreja e em vários outros muros, nota-mos o recado da guerrilha, feito a spray: “Feliz Natal e Próspero Ano Novo, é o que lhes desejam as Farc-EP”.

PODERIOCatatumbo é a úni-ca zona de todo o país onde atuam as três guerrilhas ainda ativas: as Farc, o ELN (Exército de Liberta-ção Nacional) e o EPL (Exército Popular de Liberação)

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 7/12/2013 00:32:39

Page 37: EM TEMPO - 8 de dezembro de 2013

G4 MANAUS, DOMINGO 8 DE DEZEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO 8 DE DEZEMBRO DE 2013 G5

Reportagem

RESUMOA Folha visitou a região de Catatumbo, no nordeste da Co-lômbia, um dos prin-cipais focos do con-fl ito armado entre as guerrilhas, entre elas as Farc, e o governo. Dividida pela violência de ambas as partes, a falta de infraestrutura e os altos rendimen-tos do narcotráfi co, a região espelha os entraves ao processo de paz no país.

Em 18 de março de 2011, pouco depois das 5h, Eloína Velázquez passava o “tinto”, como chamam o café preto na Colômbia, quando começaram os disparos dos guerrilheiros das Farc contra o posto policial do povoado de Las Mercedes, a metros da sua cozinha.

“Segui coando. O neto saiu correndo, e o velho também, de roupa de baixo”, conta a mulher de 66 anos, quase sem mover a cadeira de balanço de fi os plásticos coloridos, rádio de pilha no colo sintonizado numa estação católica.

A poucas quadras dali, em frente ao posto policial, uma pilha de sacos de areia serve de trincheira contra os cilindros de ferro carregados de explosivos que os guerrilheiros lançam de tempos em tempos das mon-tanhas próximas.

A barricada no meio do po-voado evidenciava, numa ter-ça-feira de novembro, que o confl ito seguia, enquanto as Forças Armadas Revolucioná-

FLÁVIA MARREIROFOTOS EDUARDO ANIZELLI

3Os clarões de CatatumboUma expedição à zona do fogo cruzado colombiano

rias da Colômbia e o governo do país negociavam em Hava-na. Na capital cubana, as duas partes tentam há um ano pôr fi m a cinco décadas de enfren-tamento, encontro que alguns analistas classifi cam como o mais promissor de paz nas úl-timas décadas.

“Para mim, é uma engana-ção”, avalia a dona de casa Eloína, mãe de cinco fi lhos que passaram pelo Exército. Antes de destruir sua casa, a guer-ra já havia matado um deles, Elmes, 26, em 2007. Quando em serviço, ele foi vítima de uma granada arremessada por um integrante das Farc. “Desde então não escuto as estações de notícias”.

O desdém dela pelas negocia-ções de paz – que se realizam sem um cessar-fogo no terreno, uma novidade na história da Colômbia – era compartilhado por Gladys, dona de uma peque-na loja na praça principal, pelo aposentado Ramiro, 72, ou pelo pedreiro Héctor, 63, moradores com quem a Folha conversou. O trio, que ainda vive perto do posto da polícia, encena todas as noites um ritual insólito: deixa suas casas para dormir no outro lado da cidade, o mais longe possível da mira das Farc.

Ao pôr do sol, a cidade ganhou ares sombrios. Na praça princi-pal e nos quarteirões próximos à polícia, tudo fi cou às escuras (os policiais proíbem iluminação para não se expor). A única luz vinha de dentro da igreja – onde a missa não havia terminado –, vigiada de longe por um policial. Na porta do templo, uma men-sagem do Evangelho de Lucas chocava por soar não profética, mas cotidiana: “Um dia tudo será destruído”.

CatatumboLas Mercedes foi a primeira

parada de uma viagem de cinco dias que a Folha e uma equipe da TV estatal russa fi zeram, a convite do Comitê Interna-cional da Cruz Vermelha, pela zona de Catatumbo, nordeste

da Colômbia.Os povoados de Filo El Gringo

e San Pablo e a cidade de El Tarra, ruidoso centro comercial da região, completariam o qua-dro de populações visitadas, no meio do fogo cruzado, na zona que é estratégica para o confl ito armado e que provavelmente será um desafi o no futuro, caso a paz seja assinada.

Catatumbo quer dizer “luz constante” na língua de um povo indígena da região. Pro-vável referência aos clarões dos relâmpagos frequentes na zona, a palavra parece evocar a força sonora dos trovões que suce-dem os raios – e, há três décadas, também das bombas.

“Nesta zona há a modalidade mais dura do confl ito. Nela se conjugam três coisas: guerrilha, narcotráfi co e a intenção do Estado de se consolidar insti-tucional e militarmente. Não é fácil atuar sob pressão”, disse Jorge Mario Arenas, 42, o enér-gico prefeito de El Tarra, quando recebeu a Folha.

As afl ições do prefeito, uma das poucas vozes otimistas com o processo de paz que a reportagem encontraria em Catatumbo, têm raízes geográ-fi cas, geopolíticas e econômicas na região.

A Cordilheira Oriental, um desdobramento dos Andes, corta a área, que faz divisa ao leste com a Venezuela. O refúgio nas montanhas e a possibilidade de cruzar facilmente a fronteira de controles frouxos ou nulos transformaram a região numa importante retaguarda e centro logístico para as Farc a partir de 2002, quando começou a ofen-siva militar defl agrada na ges-tão Álvaro Uribe (2002-10).

Segundo o governo, é na re-gião – ou em partes contíguas já em território venezuelano – que se esconde Rodrigo Londoño, 54, “Timoleón Jiménez” ou “Ti-mochenko”, atual chefe máximo das Farc.

Não por acaso, Catatumbo é a única zona do país onde atuam as três guerrilhas ativas

na Colômbia. Além das Farc, ocupam os montes e se infi ltram nas cidades o ELN (Exército de Libertação Nacional) e os rema-nescentes do EPL (Exército Po-pular de Libertação), sendo seu chefe, Megateo, hoje o homem mais procurado da Colômbia.

Os três grupos atuam em várias fases da cadeia do nar-cotráfi co, às vezes associados entre si, em outras com apoio de redes criminosas. A cocaína, principal fonte de fi nanciamen-to das guerrilhas, é um motor econômicos da zona, produtora de folha de coca.

Nos cálculos do coronel Jorge Alberto Mendoza Quiroga, 43, cerca de 550 guerrilheiros se espalham pelas montanhas. Nú-mero 2 da força-tarefa conjunta Vulcão, que desde 2011 tem 11 mil soldados na área, Mendoza diz que a desproporção entre os números de soldados e de guerrilheiros não deveria causar pasmo. “Um terrorista pode afe-tar centenas de pessoas.”

Entre os trabalhos da tropa, diz o coronel, está a defesa do oleoduto que cruza a região rumo ao norte e das demais ins-talações da Ecopetrol, a estatal petroleira colombiana – desde os anos 1930 a região se dedica à exploração de petróleo. Quase diariamente, as guerrilhas ten-tam explodir o tubo.

Zona rojaO oleoduto, visível em alguns

trechos da estrada, é um dos sinais mais claros da presença

do Estado colombiano em Cata-tumbo. Como se trata de uma das chamadas “zonas rojas” (vermelhas) do confl ito, o go-verno investe com parcimônia ali, enquanto não se dá a “con-solidação” militar da área. Se o número de pobres na Colômbia é alto até mesmo para a Amé-rica Latina (34,2%), na região alcança média de 40,4%.

As “obras de impacto” e pe-quenas ações sociais fi cam a cargo do Exército e do assisten-cialismo provido pela Ecopetrol e por organizações como a Cruz Vermelha Internacional ou a católica Cáritas.

Nas estradas, mesmo trechos de poucos quilômetros só são vencidos após horas de percurso a bordo de veículos de tração reforçada. A rota cheia de bar-rancos que leva a El Tarra, uma das principais cidades da zona, com 13 mil habitantes, termina numa ponte decrépita sobre o rio do mesmo nome.

Quando a Folha chegou ao local, era quase noite. Enquan-to caminhões com mercadorias descarregavam do outro lado da ponte, uma explosão se fez sentir. “Sim, é uma bomba”, es-clareceu a canadense Stéphanie Ferland, a delegada da Cruz Vermelha Internacional respon-sável por Catatumbo.

Na entrada da cidade, sol-dados pararam a comitiva. A “hostilidade”, eufemismo para a bomba ouvida pouco antes, po-deria causar atrasos. Mas o que os homens do coronel Mendoza queriam era ajuda. Explicaram a Ferland que um homem havia sido picado por uma cobra e que não havia soro antiofídico nem transporte para levá-lo ao hospital mais próximo.

El Tarra poderia estar no Nor-te ou no Nordeste do Brasil. A diferença mais fl agrante entre a localidade e uma similar bra-sileira estava estampada nas paredes. Ao redor da praça prin-cipal, em comércios e casas particulares, inscrições feitas com estêncil serviam para ex-plicitar que ali, como em boa

parte de Catatumbo, vigia o controle tácito das guerrilhas, notadamente das Farc e da ELN, a despeito de quantos soldados houvesse na entrada ou em postos.

“O governo e os generais não estão reportando o total dos subalternos mortos e feridos nas selvas”, sustentava um texto num dos muros, subscrito pelas Farc-EP, sendo a última parte da sigla uma abreviação de “Exército Popular”.

Quem vende qualquer coisa em todo Catatumbo paga ta-xas e uma espécie de pedágio aos grupos guerrilheiros para entrar. As taxas mais pesadas são cobradas dos fornecedores de gasolina, em geral contra-bandeada da Venezuela, e dos de cerveja. Em alguns povoa-dos, as Farc e o ELN repartem os dividendos da cobrança da “vacuna”, vacina em espanhol. “Se não abasteço com eles, queimam meus veículos”, con-tou o dono de uma frota de transporte de passageiros em Las Mercedes, pedindo que seu nome fosse ocultado.

Em El Tarra, o controle abar-ca até mesmo serviços de in-fraestrutura. Uma operadora de celular foi impedida de se instalar na cidade neste se-mestre porque se recusou a pagar a “vacuna”.

Já a prefeitura teve de desistir, ao menos por ora, de trazer internet via fi bra ótica para a cidade. “Quando a fi bra che-gou a 15 km daqui, a guerrilha

disse que não, que a internet ia desviar os jovens do espírito de luta”, contou, contrariado, Yeisson Claro, 27, secretário de governo de El Tarra.

As restrições também se apli-cam aos demais meios de co-municação da cidade. “Aqui não damos notícias sobre um lado nem sobre o outro”, expressa Diana Quintero, 29, locutora de um programa matinal da rádio católica. Mãe de uma adoles-cente de 12 anos, Quintero diz temer pelo futuro da fi lha. Há uma regra não escrita da guer-rilha que proíbe as moças de

se relacionarem com soldados. “Uma menina de 15 anos que morava perto da prefeitura foi morta. Matam uma e com isso mandam o recado”.

CapacetesPouco depois das 21h, não

se via, nas ruas principais de El Tarra, policiais ou soldados. Até que seis homens do Exér-cito surgiram a caminho da praça principal, observados pelos moradores. Apesar das metralhadoras e dos capacetes, andavam mais cautelosos do que imponentes.

“Caminham como os america-nos ao patrulhar Bagdá. É como se fosse um território ocupado, não seu próprio país”, comenta-ria, depois, Aleksander Sladkov, ex-ofi cial e apresentador de um programa militar na TV estatal russa que nos acompanhava na viagem. A madrugada seria de mais “hostilidades”, que derru-bariam por dois dias o sinal de celular em El Tarra.

O britânico Jeremy McDer-mott, da Fundação InSight Crime, “think tank” voltado ao estudo do crime organizado nas Américas, usa outra imagem para descrever os soldados lo-cais: “Para mim, que fui do Exér-cito, a situação lembra a guerra com a Irlanda do Norte”.

O problema para os policiais e soldados, e também para a po-pulação civil, é que em cidades como El Tarra o perigo pode vir de qualquer lado, de dentro de lojas, de uma bola de futebol recheada de explosivos ou de uma lata de lixo.

“Há uma nova fase. A guer-ra não é mais de guerrilheiros de uniforme e emboscadas tradicionais. As Farc recrutam cada vez mais milicianos, que moram nas cidades, não raro têm emprego e são muito mais baratos”, diz McDermott.

Na maioria das vezes, são esses milicianos que, em rou-pas civis, colocam a bomba onde estão os soldados e atuam como franco-atiradores contra homens isolados do Exército. “As emboscadas que víamos aqui nos anos 1990, com até mais de mil guerrilheiros atacando postos policiais, já não aconte-cem”, afi rma o britânico.

As fronteiras pouco claras entre combatentes e não com-batentes e o uso, pelas duas partes armadas, dos civis como “escudo” aumentam muito os riscos humanitários do confl ito – a Colômbia só perde para o Afeganistão em número de minas terrestres.

Roberto Sarno, chefe do escri-tório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha que supervisiona

Catatumbo, lamenta: “Ao colo-car na cidade um posto policial, alvo militar legítimo do ponto de vista do direito internacional humanitário, põe-se em risco a população civil. Já o outro gru-po armado lança ataques sem cumprir o princípio de distinguir civis e combatentes”.

A nova fase da guerra, que já provocou desde os anos 1960 a morte de 300 mil pessoas e o deslocamento de 5 milhões de pessoas (10% da população atual da Colômbia), responde à mais recente mudança es-tratégica das Farc em quase meio século de luta na selva. A guerrilha, de inspiração mar-xista-leninista, foi fundada em 1964. Nos primeiros anos, as Farc dividiram o protagonismo com outros grupos guerrilheiros. Nos anos 1980, ensaiaram um processo de paz que desaguaria, porém, no extermínio e assassi-nato seletivo de cerca de 3.000 militantes e ao menos 8 con-gressistas da União Patriótica, seu braço político de então, por grupos de extrema direita.

O auge de seu poder de fogo foi entre o fi m dos anos 1990 e o começo dos 2000, quando se consolidaram decididamente no negócio do narcotráfi co e aplicaram o dinheiro na guerra. Nas negociações de paz sob o governo Andrés Pastrana, entre 1998 e 2002, obtiveram do go-verno concessão para dominar um território do tamanho do Estado do Rio de Janeiro, livre da presença de militares. A ten-tativa fracassaria, e a opinião pública passaria a desconfi ar profundamente da guerrilha, que nessa época intensifi cou a prática de sequestros de políti-cos e estrangeiros.

Os anos 2000 foram de revés para as Farc. No governo Uribe, com o Exército modernizado e orientado pelos EUA, a guerrilha veria seu contingente cair pela metade, até o mínimo histórico atual, de 7.200 homens. A morte do fundador, Manuel Marulanda, o “Tirofi jo”, em 2008, e de outros cabeças da guerrilha empurraria a insurgência para a situação presente. Hoje, analistas veem uma inclinação para a saída negociada, dizendo que os guer-rilheiros desistiram do plano, obsoleto e impraticável, de con-quistar o poder pelas armas.

“Houve mudanças muito profundas tanto na guerrilha como no Estado e no contexto internacional desde a última tentativa de paz. E todas essas mudanças tornam mais factível um acordo agora”, disse Rodrigo Pardo, ex-chanceler do governo Samper (1994-98), na sede da

TV RCN, em Bogotá, da qual ele é diretor de jornalismo.

O prazo vislumbrado para um acordo, que se acredita que irá incluir o ELN, é depois das eleições presidenciais, em maio. Nelas, o atual mandatário, o pragmático Juan Manuel San-tos, é um favorito sem brilho, liderando com apenas 23% das intenções de voto, apesar do crescimento da economia (a estimativa é de 4% em 2013).

“Creio que na mesa de nego-ciação, o processo de paz é irre-versível. Na rua, não estou tão seguro”, diz Antonio Navarro, 65, ex-chefe guerrilheiro do grupo M19, que se desmobilizou nos anos 1990. “Não há consenso sobre a paz negociada. Há se-tores políticos importantes que se opõem. A opinião pública está muito menos disposta que antes a fazer concessões que são ne-cessárias em uma negociação”, segue ele, que foi governador do Estado de Nariño, no sul.

Navarro se refere ao recha-ço da maioria da população à possibilidade de que as Farc possam participar da política e paguem penas mais brandas por seus crimes em troca de deixar as armas. Um acordo sobre a participação política da guerrilha no futuro, fechado em outubro em Havana, sugere isso, ainda que não entre em detalhes.

Enquanto isso, as Farc, odia-das na maioria do país, agem para voltar a ter militância, in-vestindo em três grupos: o PC3 (Partido Comunista Clandestino Colombiano), seu próprio movi-mento bolivariano e a rede de milicianos. Sinal dos tempos, a União Patriótica acaba de conseguir na Justiça o direito de voltar a ser um partido, depois do massacre dos anos 1980.

“O acordo sobre a partici-pação política remove um dos obstáculos principais. No en-tanto nada está concluído até que o novo cenário político se estabeleça, com as eleições legislativas de março e a pre-sidencial de maio”, diz Javier Ciurlizza, do centro de estudos Crisis Group, lembrando que um triunfo parlamentar do “uribis-mo” pode “afetar seriamente o processo”. A maior parte da “legislação da paz” sairá do novo Congresso.

CocaSe as incertezas políticas so-

bre o processo de paz ecoam em Bogotá, as econômicas e operacionais saltam aos olhos em Catatumbo. Na semana passada, as Farc e o governo começaram a abordar a ques-tão do narcotráfi co, e a guerrilha defendeu uma discussão sobre a legalização. Dias antes, a Folha visitava um plantio cocaleiro próximo de El Tarra – em Ca-tatumbo, são 4.500 hectares de coca, cultivo que cresceu 29% entre 2011 e 2012, segundo a ONU, contrário à média do país (queda de 25%).

Diego, de 12 anos, sentou para contar à reportagem sua experiência como “raspachin”, o nome dado a quem “raspa”, colhe as folhas de coca. Enquan-to arrancava pequenos pedaços de pele da mão, ferida pela “raspagem”, disse ter ganhado o equivalente a R$ 300 em oito dias de trabalho, em meio período. É quase metade de um salário mínimo colombiano. “Quero comprar uma moto.”

Diego não pensa muito antes de responder que um de seus maiores desejos, além de ver a seleção colombiana jogar no Brasil no ano que vem, é mu-dar para um lugar onde não haja Exército, que ora arranca o plantio de coca de seus pais e parentes, ora acusa algum deles de colaborar com a guerrilha. “Bateram em um tio meu”, diz.

Se a atividade guerrilheira atormenta, a dos militares tam-pouco traz tranquilidade a uma região traumatizada pelos mas-sacres efetuados por grupos

paramilitares, com apoio tácito do Exército, entre 1999 e 2004, quando estima-se que tenham morrido 5.000 pessoas.

“É um processo. Nós enten-demos que as pessoas ainda tenham esse pensamento. Mas, pouco a pouco, fomos avançan-do, nos aproximando da popu-lação”, disse à Folha o coronel Mendoza. É nesse caldeirão que o Estado colombiano tem de mexer para livrar a zona do narcotráfi co sem jogar milhares na miséria.

Cada arroba de folha de coca (cerca de 15 quilos) colhi-da na zona vale o equivalente a R$ 8. São necessárias cerca de 9 arrobas para produzir um quilo de pasta base para a cocaína, que salta para cerca de R$ 1.800. É esse o produto que os cocaleiros da zona vendem a narcotrafi cantes autorizados pela guerrilha ou para a própria guerrilha. Se o comprador for dono de laboratório para cristalizar a cocaína, o lucro se multiplica muitas vezes. E, se tiver conta-tos para fazer a droga chegar até os EUA, o quilo terminará valendo R$ 184 mil.

É por causa dessa quantidade de dinheiro que circula nas mãos dos guerrilheiros, especialmente os das Farc, que faturam ao menos US$ 200 milhões anuais, que muitos especialistas temem que em algumas frentes insur-gentes, como a que atua em Ca-tatumbo, haja o risco de fratura. Em vez de entregar as armas, eles se manteriam nas monta-nhas, já desligados da guerrilha, para seguir com o negócio ilegal. Numa empreitada tão lucrativa, se há desmobilização, rapida-mente o crime organizado se molda para ocupá-lo.

Na ponta dos produtores de coca, a situação tampouco é fácil. Os cocaleiros ouvidos pela Folha classifi caram de não rea-listas as propostas de cultivos lícitos para substituir a coca numa região pobre e de infra-estrutura quase nula.

Uma tentativa de erradicação na zona, em junho, defl agrou uma onda de protestos por in-vestimentos do governo. De um lado, a polícia reagia com vio-lência; de outro, havia a coerção das guerrilhas para engrossar as manifestações.

Os protestos se espalhariam pelo país, com pequenos pro-dutores da economia legal co-brando apoio do governo ante a enxurrada de importações indu-zidas pela abertura da economia nos últimos anos. As manifes-tações derrubaram a aprovação de Santos e expuseram o mal-estar geral no campo.

“Sou evangélico, sei que não está correto plantar coca, mas isso de plantios alternativos não dá certo. Eles arrancaram minha mata no ano passado, já plantei de novo”, contou um cocaleiro que não quis se identifi car. “Foi só com a coca que eu consegui juntar algo”.

Após se despedir de El Tar-ra, a última parada da Folha em Catatumbo foi no povoado de San Pablo. Era um sábado ensolarado, mas o lugarejo pa-recia tenso. Circulava um relato de que uma pessoa havia sido assassinada pela guerrilha, dias antes. O padre Gregório Salazar Paz, 44, que ajuda vítimas do confl ito, recebeu a reportagem com o semblante cansado, mas demonstrando convicção. “Não tem sentido servir em um lugar onde tudo vai bem”.

Era a última oportunidade de perguntar sobre o processo de paz, e o padre não trouxe ele-mentos novos. “Em vez de nos encher de militares, deveriam nos cercar de investimentos em saúde e em educação. A sagrada escritura diz que a paz é fruto da justiça”. Na fachada da igreja e em vários outros muros, nota-mos o recado da guerrilha, feito a spray: “Feliz Natal e Próspero Ano Novo, é o que lhes desejam as Farc-EP”.

PODERIOCatatumbo é a úni-ca zona de todo o país onde atuam as três guerrilhas ainda ativas: as Farc, o ELN (Exército de Liberta-ção Nacional) e o EPL (Exército Popular de Liberação)

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Beijos gay e Franciscos à farta na terra do papa

Simón, o cão pop chavista

Diário de Buenos AiresO MAPA DA CULTURA

LÍGIA MESQUITA

O cachorrinho Simón, novo animal de estimação de Cris-tina Kirchner, virou a estrela do noticiário político da Ar-gentina nas últimas semanas. O fi lhote de mucuchíe, o cão nacional da Venezuela, foi apresentado em um vídeo na internet pela presidente. Logo se transformou em sátira na TV e ganhou dezenas de mi-lhares de fãs na internet.

Simón, presente de Adán Chávez, irmão do ex-presiden-te Hugo Chávez, virou o símbolo da “Cristina paz e amor”, que voltou ao trabalho depois de 47 dias de licença para se recupe-rar de uma cirurgia que retirou um coágulo de sua cabeça.

No pitoresco vídeo de sete minutos em que a mandatá-ria ofi cializa seu retorno ao comando da Casa Rosada, o cachorro rouba a cena durante 120 segundos.

Com ele no colo, a sisudez de

Cristina deu espaço a afagos e tiradas cômicas. Quando o fi lhote mordisca sua mão, ela diz: “Não, Simón, senão vão acusar os chavistas de maus”. Uma hora depois de tanta fofu-ra, Cristina anunciaria a troca de alguns ministros.

Simón também vem dando suas mordidas no Twitter. Faz sucesso nos comentários e no perfi l criado com seu nome (@SimonCFK). Na descrição, o cão “se diz” a serviço de Cristina, “chefe do ‘perrojeto’”

(mistura de “perro”, cachorro em espanhol, e projeto) nacio-nal e popular.

Porre peronistaE, no período em que Cristi-

na esteve convalescente, que coincidiu em parte com as eleições legislativas do país, a marcha peronista foi ouvida com mais força no Perón Pe-rón. No bar temático portenho, inaugurado há três anos em Palermo, basta que o hino em homenagem ao ex-presidente

Juan Domingo Perón seja to-cado ou entoado em imagens antigas na TV para o local se transforme num karaokê.

Os comensais erguem seus copos, que podem estar cheios com o vinho Justicialista, nome do partido peronista, ou com a cerveja Evita, e gritam: “Viva Perón!”. O local, que conta com muitas fotos de Perón e um altar para Evita, também tem homenagens ao casal Néstor e Cristina Kirchner – não à toa é frequentado pela militância

jovem kirchnerista.

Não chorem por mimA separação de um casal

na novela “Farsantes” (Canal 13) provocou revolta nas redes sociais. A história de amor de maior sucesso na televisão argentina neste ano, a de Guil-lermo (Júlio Chávez) e Pedro (Benjamín Vicuña), chegou ao fi m por “problemas de agenda” do intérprete deste último.

O romance entre os dois advogados, sócios, que deixam suas mulheres para viver uma paixão arrebatadora conquis-tou a audiência no país. En-quanto no Brasil as novelas ainda discutem se podem ou não exibir um beijo gay, em “Farsantes” teve até cena ve-lada de sexo.

Como a trama inicialmente iria ao ar uma vez por semana e depois virou atração diária, o chileno Vicuña alegou ter outros compromissos e pediu para sair.

Há um mês, seu personagem foi assassinado pela mulher, que não aceitava a separação. Até hoje os fãs reclamam da

solução encontrada, dizendo que os advogados poderiam fi car juntos no fi nal. Vicunã che-gou a tuitar que também não concordava com o desfecho escolhido para a novela.

Nesse contexto saudosista, sobrou para o ator Guillermo Pfening, que interpreta o novo par romântico de Guillermo. Na semana passada ele foi atacado pelos admiradores de Vicuña no Twitter, que o cha-maram de “insípido e insupor-tável”. Ao que ele respondeu: “Puxa-sacos”.

Mil fi lhos de FranciscoDe janeiro até o dia 31 de

outubro, 976 bebês foram cha-mados de Francisco em Buenos Aires. O nome do papa argenti-no, eleito em março, saltou da 21ª posição em 2012 para a 11ª no ranking de registros. Os pais de meninas também quiseram homenagear o sumo pontífi ce, mas preferiram a versão em italiano do nome: Francesca. O nome saltou da 40ª para a 21ª posição no ranking, com 343 registros – contra 78 de Francisca.

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1. Se eu não estivesse na proa deste navio de cruzeiro agora, com o vento ge-lado do Atlântico na cara, provavelmente estaria em casa, coloXAXA

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São Paulo, 1969

Um talento de arrepiar

Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIA

LUIZ CARLOS MIELE

Em novembro de 1969, eu voltei a São Paulo para a apresentação do espetáculo “Elis com Miele & Bôscoli”, no teatro Maria Della Costa. Tínhamos terminado a tempo-rada carioca de quatro meses e iriamos iniciar o mesmo pe-ríodo na capital paulistana.

Levamos a sério o ditado “antes só que mal acompa-nhado”. Estavam conosco Ro-berto Menescal na guitarra e direção musical, Wilson das Neves (hoje uma estrela do samba) na bateria, Zé Ro-berto Bertrami no teclado, Jurandir no baixo e Hermes na percussão.

Elis ensinou a todos nós que palco “a gente só divide com quem gosta muito”. Eu real-mente a adorava. E ela sem-pre me honrou com a maior amizade e consideração.

Tanto que, nas páginas do programa do show, o texto dela sobre mim assim dizia: “Miele, força de leão, coração de beija-fl or. Dorme entre oito pastores alemães. Acorda de smoking. Janelas abertas. Cor-po fechado. O Luiz artista, bom de bola, de papo, de copo. De copas, o rei de copas. O barba. O Barrabás. O mielofone. Mais motivos pro Miele estar no show? Eu adoro o Miele”.

Bem, a história de dormir en-tre os oito pastores alemães é mais ou menos verdade. E ela também inventou outra história saborosa, que contou no palco. Disse que certa noite pediu que eu não bebesse nada depois do show de sexta-feira, pois teríamos duas sessões no sábado.

Fui então pra casa obe-diente, sem beber. Mas che-gando lá, os cachorros não me deixaram entrar. Como era uma das raras vezes em que me viam sóbrio, não me reconheceram.

Nosso show era bem descon-

traído, permitia esse tipo de brincadeira. E Elis se divertia muito, dançava, sapateava (um pouquinho, de mentira, como eu), imitava o Carlitos, vestida e maquiada como ele.

Depois, ia tirando a maquia-gem e o bigodinho, o chapéu-coco, e cantava “Minha”, do Francis Hime e do Ruy Guerra. Era de arrepiar.

A grande maioria da críti-ca elogiou nosso show. Nós tínhamos a segunda maior bilheteria de teatro em São Paulo.

Ficamos quatro meses em cartaz. A produção fi cou a cargo do Zé Nogueira – gran-de especialista em uísque, peladas de futebol e Adoni-ran Barbosa. Acho até que foi por conta dessa amizade que a Elis gravou “Tiro ao Álvaro” depois.

Elis era superprofi ssional. Todos tinham que chegar cedo ao teatro. Durante nossas apresentações, mesmo quan-do não estava em cena, nunca me afastava no palco. Ficava

na coxia, ouvindo Elis e sua musicalidade extraordinária.

De tantos artistas que Ro-naldo Bôscoli e eu produzimos (nossa dupla realizou 86 sho-ws), Elis foi a única cujo talento sempre me surpreendeu.

Também tive o prazer de ser o diretor de seus especiais na TV Globo, mas, infelizmente, quando ela rompeu com o Bôscoli, era natural que eu também me afastasse de seu convívio pessoal.

Não foi mais possível estar no palco ao seu lado, ou na produção de seus espetáculos, e assim passei para a plateia de seus maravilhosos shows.

Mas, repito, não sou fã, sou devoto de Elis Regina. E, ago-ra, estou perto dela novamen-te, como um dos personagens do espetáculo em sua home-nagem, “Elis, a Musical”, em cartaz no Rio.

Elis foi a estrela maior que eu conheci, ao lado de quem fui tão feliz no teatro Maria Della Costa.

Ave Elis. Miele e Elis Regina em programa de TV, em 1971

FOLHAPRESS

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