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JOSÉ ROBERTO BATOCHIO ADVOGADOS ASSOCIADOS São Paulo R. Pe. João Manuel 755 19º andar Jd Paulista | 01411-001 Tel.: 55 11 3060-3310 Fax: 55 11 3061-2323 Rio de Janeiro R. Primeiro de Março 23 Conj. 1606 Centro| 20010-904 Tel.: 55 21 3852-8280 Brasília SAS Quadra 1 Bloco M Lote 1 Ed. Libertas Conj. 1009 Asa Sul |70070-935 Tel./Fax: 55 61 3326-9905 www.teixeiramartins.com.br 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO PEDRO GEBRAN NETO, DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO. Ref.: Embargos de Declaração na Apelação Criminal nº 5046512-94.2016.4.04.7000 LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, devidamente qualificado nos autos do apelo em epígrafe, agora em fase de embargos declaratórios, cujos trâmites se dão por essa Colenda Corte Regional de Justiça, vem, por seus advogados que abaixo subscrevem, com o respeito devido, à presença de Vossa Excelência para opor, com espeque nos artigos 93, IX, da CF, 619 e 620 do CPP, 1022 a 1025 do CPC, 287/288 e 289 do Regimento Interno deste Tribunal Regional bem como nos demais normativos de incidência, os presentes EMBARGOS DE DECLARAÇÃO do v. acórdão constante do evento 156, cuja intimação eletrônica foi expedida no dia 27.03.2018 e efetivada no dia 06.04.2018 (evento 178), com data inicial da contagem do prazo em 09.04.2018, como se verifica do evento 160, os quais requer sejam recebidos, processados e, ao final, acolhidos, para os fins adiante enunciados.

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1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL

JOÃO PEDRO GEBRAN NETO, DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL

FEDERAL DA 4ª REGIÃO.

Ref.: Embargos de Declaração na Apelação Criminal nº 5046512-94.2016.4.04.7000

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, devidamente qualificado nos

autos do apelo em epígrafe, agora em fase de embargos declaratórios, cujos trâmites se

dão por essa Colenda Corte Regional de Justiça, vem, por seus advogados que abaixo

subscrevem, com o respeito devido, à presença de Vossa Excelência para opor, com

espeque nos artigos 93, IX, da CF, 619 e 620 do CPP, 1022 a 1025 do CPC, 287/288 e

289 do Regimento Interno deste Tribunal Regional bem como nos demais normativos

de incidência, os presentes

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

do v. acórdão constante do evento 156, cuja intimação eletrônica foi expedida no dia

27.03.2018 e efetivada no dia 06.04.2018 (evento 178), com data inicial da contagem do

prazo em 09.04.2018, como se verifica do evento 160, os quais requer sejam recebidos,

processados e, ao final, acolhidos, para os fins adiante enunciados.

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– I –

PRELIMINAR DE CABIMENTO

O Embargante opõe os presentes declaratórios ao acórdão dos

Embargos de Declaração na Apelação Criminal nº 5046512-94.2016.4.04.7000/PR sem

prejuízo de, no prazo legal e com as devidas cautelas, vir a interpor recursos especial e

extraordinário.

Essa ressalva mostra-se pertinente, pois corre a tese de que

“hipotéticos embargos de declaração de embargos de declaração constituem apenas

uma patologia protelatória e que deveria ser eliminada do mundo jurídico”, como

alegou o Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR na decisão de evento 1.070 da ação

penal epigrafada.

Não se pode presumir um caráter protelatório de recurso ainda

não interposto, como fez o juízo de piso, que sequer integra a 8ª Turma deste Egrégio

Tribunal e, portanto, estava realizando considerações que não são de sua função

enquanto magistrado e, portanto, estranhos ao interesse da Justiça.

AURY LOPES JR. é claro ao afirmar que “todo ato judicial que

tenha um caráter decisório, ainda que mínimo, é passível de embargos declaratórios,

mesmo que seja considerado ‘irrecorrível’ (...). A garantia constitucional da motivação

das decisões judiciais e a própria legitimidade do exercício do poder jurisdicional no

curso do processo penal impõem a clareza e a possibilidade de compreensão dessas

decisões, sejam elas recorríveis ou não”1.

A respeito dos embargos dos embargos, GUILHERME DE SOUZA

NUCCI leciona: “trata-se de situação viável, pois nada impede que o acórdão proferido

1 LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 14ª ed., São Paulo: Saraiva, 2017, p. 1.053.

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no julgamento dos embargos de declaração propostos também padeça de algum vício

autorizador de novo pedido de esclarecimento”2.

Embora óbvio e inquestionável, necessário se faz colacionar

ementa de decisão proferida em julgamento de Embargos de Declaração em Embargos

de Declaração dos Tribunais Federais das cinco Regiões do País, a demonstrar o

indisputável cabimento do recurso em manejo quando materializadas quaisquer das

hipóteses versadas no art. 619 do CPP:

PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. INOCORRÊNCIA. EFEITO MODIFICATIVO. POSSIBILIDADE. 1. Diante da pena remanescente do crime fixada em 01 (um) ano, o lapso temporal a ser considerado para efeito de contagem prescricional é de 04 (quatro) anos, nos termos do art. 109, V, do CP. 2. Atribui-se efeito modificativo aos embargos para afastar a declaração de prescrição retroativa e determinar seja cumprida a pena remanescente de 01 (um) ano de detenção e multa, na forma imposta na sentença condenatória. 3. Embargos de declaração acolhidos. (EMBARGOS, DESEMBARGADOR FEDERAL HILTON QUEIROZ, TRF1 - QUARTA TURMA, DJ DATA:21/09/2007 PAGINA:42.) ----------------------------------------------------------------------------------------------- DIREITO E PROCESSO PENAL – INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO (ART. 313-A, DO CP) – VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 325, § 2º, DO CP) – ATIPICIDADE - SUPRESSÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO (ART. 305, DO CP) – PRELIMINAR – CERCEAMENTO DE DEFESA – PRECLUSÃO - INOCORRÊNCIA – QUESTÃO PREJUDICIAL – SUSPENSÃO DO FEITO – QUESTÃO SUPERADA – SÚMULA 235, DO STJ – DOSIMETRIA DA PENA – EXACERBADA – DESPROVIMENTO DA APELAÇÃO MINISTERIAL E PROVIMENTO PARCIAL DOS RECURSOS DEFENSIVOS. I – “As eventuais nulidades da instrução criminal nos processos de competências do Juízo de 1º grau hão de ser argüidas no prazo das alegações finais (inciso II do art. 571 do CPP). Ocorre a preclusão quando a defesa suscita, tão-somente na apelação, nulidade consistente no indeferimento de diligência requerida pela defesa do co-réu, na fase do art. 499 do CPP. (STF, HC 88868/RS, DJE 29.08.2008). II – Compete ao Juízo a análise da pertinência das provas requeridas pelas partes, sempre em busca da verdade real, podendo perfeitamente indeferi-las se protelatórias ou desnecessárias ao julgamento da lide. III – Não há que se cogitar suspensão do feito até julgamento de testemunha de acusação que responde a processo de perjúrio, se o depoimento de tal testemunha sequer foi considerado na sentença, razão pela qual o

2 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 1.273.

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resultado do processo que apura o crime de falso testemunho não teria qualquer influência no julgamento deste feito. IV - questão de reunião dos feitos pela conexão já se encontra superada, em razão da sentença prolatada, inteligência da Súmula 235, do STJ – “a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”. V – Se não há provas nos autos que o corréu concorreu para a supressão de dezoito documentos do Ciretran de Nova Friburgo, quando tinha a função de vistoriador de automóveis, impõe-se a absolvição. VI – Não havendo a correspondência formal entre a conduta e a descrição do tipo do art. 325, §2º, do CP, impõe-se a absolvição do denunciado. VII – A pena-base fixada acima do mínimo legal deve ser expressamente motivada na sentença, com fundamentos suficientes para justificar o acréscimo. Operada a redução da pena-base ao mínimo legal. EMENTA PROCESSO PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO NA FUNDAMENTAÇÃO DA REDUÇÃO DA PENA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I – Se o acórdão ora impugnado incorreu em omissão apenas no tocante à fundamentação da redução da pena, o que já fora apontado nos primeiros Embargos interpostos pelo MPF, impõe-se conceder parcialmente provimento ao novo Recurso, salientando-se que a supressão do referido vício não acarreta modificação daquele julgado. II – Recurso parcialmente provido para, tão-somente, integrar a fundamentação contida neste acórdão ao inteiro teor do julgado impugnado. PROCESSUAL PENAL – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – PLEITO DE CONDENAÇÃO DE ACUSADO POR SUPRESSÃO DE DOCUMENTOS, ART. 305, DO CP – PARCIAL PROVIMENTO PARA SANAR O V. ACORDÃO MANTENDO-SE A DECISÃO RECORRIDA NA ÍNTEGRA – OBSCURIDADE – MOTIVOS QUE CONDUZIRAM A REDUÇÃO DA PENA-BASE DOS APELANTES – PROVOCAÇÃO DE UM NOVO PRONUNCIAMENTO DO MÉRITO DA CAUSA – NÃO CABIMENTO. I – se o decisum foi omisso quanto à questão sustentada, pelo Ministério Público, sobre a possibilidade de condenação de um Acusado por supressão de documentos, deve-se enfrentar a matéria para suprir a referida omissão, ainda que não altere o julgado. II – Embargos de Declaração ao qual se dá parcial provimento para reconhecer a omissão, mantendo-se, no entanto, a decisão Recorrida na íntegra. III – Os Embargos de Declaração não se prestam a rediscutir a causa. (ACR 00010463820034025105, MARIA HELENA CISNE, TRF2). ------------------------------------------------------------------------------------------------ PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CRIMINAL. ACÓRDÃO CONFIRMÁTÓRIO DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. NÃO INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS. 1. Sentença condenatória. Acórdão confirmatório. 2. Conforme reiterada jurisprudência do C. Superior Tribunal de Justiça (AgRg no REsp 1501538/SP, Rel. Ministro Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), Quinta Turma, julgado em 24/03/2015, DJe 08/04/2015; AREsp 334.178/MG, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em 22/04/2014, DJE 28/04/2014; AgRg no REsp 1430857/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 02/12/2014, DJe 17/12/2014; EDCL no AGRG no RESP 1233343/GO, Rel. Ministro

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Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 19/11/2013, DJE 05/12/2013) o acórdão confirmatório de sentença condenatória não é causa interruptiva da prescrição. 3. Prescrição da pretensão punitiva Estatal. Ocorrência. Entre a publicação da sentença condenatória (23/05/2011), último marco interruptivo da prescrição, até a presente data, transcorreu lapso temporal superior a quatro anos. 4. Embargos conhecidos e providos. Extinta a punibilidade dos réus nos termos do artigo 107, IV, do Código Penal. (ACR 00059822920074036111, DESEMBARGADOR FEDERAL MAURICIO KATO, TRF3 - QUINTA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:01/09/2015 ..FONTE_REPUBLICACAO:.) ----------------------------------------------------------------------------------------------- EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DOSIMETRIA DA PENA. PREQUESTIONAMENTO. 1. A fixação da pena, sob o aspecto quantitativo, é ato discricionário do julgador e, como tal, não necessita de justificação expressa. Inexiste, pois, omissão no acórdão que não explicita o critério utilizado para o grau de aumento da pena-base pelo reconhecimento das circunstância judicias desfavoráveis. 2. A individualização da pena segue o método trifásico, de sorte que não há inter-relação possível entre o aumento decorrente das circunstâncias judicias e a diminuição decorrente do reconhecimento da atenuante legal, eis que a primeira operação se dá na fase inicial da fixação da pena e a segunda, na fase seguinte. 3. Admite-se o prequestionamento em sede de embargos de declaração quando a matéria questionada foi suscitada, pela primeira vez, por ocasião da prolação do acórdão por esta Corte. (TRF4, EDEACR 2002.04.01.038718-0, OITAVA TURMA, Relator PAULO AFONSO BRUM VAZ, DJ 16/06/2004). ------------------------------------------------------------------------------------------------ EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENAL. PROCESSUAL PENAL. APELAÇÕES CRIMINAIS. CRIMES DE QUADRILHA OU BANDO, ART. 288, DESCAMINHO, ART. 334, CORRUPÇÃO ATIVA, ART. 333, CORRUPÇÃO PASSIVA, TODOS DO CÓDIGO PENAL. CIRCUNSTÂNCIAS DO ART. 59 DO CÓDIGO PENAL. BIS IN IDEM. NÃO OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. OMISSÃO. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE, EM CASO DE DESCUMPRIMENTO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITO. 1 - Pela sua própria natureza jurídica, os embargos declaratórios prestam-se a corrigir eventuais omissões, obscuridades ou contradições da decisão recorrida, não podendo dirigir-se contra fatos e argumentos já decididos com clareza. 2 - A despeito de a questão ter sido devidamente enfrentada pelo acórdão recorrido, importa reiterar que ao mencionar, na fase do art. 59, por duas vezes, que o réu era policial civil, não se deu a esse fato dupla valoração. Num primeiro momento, a decisão alude ao fato de o réu exercer o cargo de policial civil a guisa de premissa para concluir que tinha plena consciência da ilicitude da própria conduta, sendo exigível, em face dessa "consciência", e não do fato de ser policial civil, que agisse de forma diversa. Num segundo momento, menciona-se que agiu em desprestígio frontal à função pública que exercia, de policial, "única e exclusivamente com o objetivo de obter lucro", para ressaltar que sua motivação era mesquinha, não havendo qualquer tipo de altruísmo em seu móvel. Não se considerou

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negativamente, por duas vezes, portanto, a condição exibida pelo réu de ocupante do cargo de agente da polícia civil. 3 - Merece parcial provimento os embargos de declaração interpostos por Luiz Cláudio Almeida Daniel, para, suprindo a omissão, estabelecer que o regime de cumprimento de pena privativa de liberdade, em caso de descumprimento das penas restritivas de direito, será, inicialmente, o aberto. 4 - Conquanto o voto faça expressa referência ao reconhecimento da prescrição em relação aos crimes de descaminho e formação de quadrilha pelos quais Eraldo Júnior de Faria e Josefa Valdomira de Souza foram condenados, a ementa e o dispositivo do acórdão não os mencionam expressamente. É de se prover os embargos declaratórios por eles interpostos para afastar a omissão apontada, esclarecendo que restou reconhecida a prescrição da pretensão punitiva do Estado em relação aos crimes de descaminho e formação de quadrilha, pelos quais foram condenados Eraldo Júnior de Faria e Josefa Valdomira de Souza, conforme estabelecido no bojo do Voto da decisão embargada, e, outrossim, para fixar, desde logo, como regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, em caso de descumprimento das penas restritivas de direito impostas a ambos, o regime aberto. Embargos de declaração de Ramiro Teles dos Santos desprovidos. Embargos de declaração de Luiz Cláudio Almeida Daniel parcialmente providos. Embargos de declaração de Eraldo Júnior de Faria e Josefa Valdomira de Souza providos. (EDACR 20078501000133409, Desembargador Federal José Maria Lucena, TRF5 - Primeira Turma, DJE - Data::11/09/2014 - Página::114.)

Como se vê, julgados dos cinco TRFs do País admitem a oposição

de embargos de declaração em embargos de declaração, como se dá no caso concreto.

Preceitua o artigo 619 do Código de Processo Penal:

Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou

turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias

contados da sua publicação, quando houver na sentença ambiguidade,

obscuridade, contradição ou omissão. Aplicáveis, à luz do art. 3º do CPP3, os artigos 1.022 e 1.025 do

Código de Processo Civil:

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

3 Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

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II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. ---------------------------------------------------------------------------------------- Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

A doutrina especializada destaca a necessidade da decisão

judicial se pronunciar sobre todos os argumentos relevantes apresentados, sob

pena de nulidade do decisum por violação do art. 1.022 do CPC.

Nesse sentido é o entendimento de TERESA ARRUDA ALVIM

WAMBIER, MARIA LÚCIA LINS CONCEIÇÃO, LEONARDO FERRES DA SILVA RIBEIRO E

ROGERIO LICASTRO TORRES DE MELLO4:

“A fundamentação da sentença tem de abranger todas as alegações feitas pelas partes no curso do feito, para que sejam expressamente acolhidas ou repelidas. (...) O magistrado, na sentença, deve manifestar-se sobre todas as alegações feitas pelas partes, principalmente, mas não exclusivamente, aquelas cujo exame influi, ou mesmo determina, o teor da parte decisória.” (destacou-se)

Em igual sentido, confira-se o entendimento de HUMBERTO

THEODORO JÚNIOR5:

“Configura-se a omissão quando o ato decisório deixa de apreciar matéria sobre o qual teria de manifestar-se. É induvidoso, portanto, o direito processual de nosso tempo, que ‘é direito da parte obter [da Justiça] comentário sobre todos os pontos levantados nos embargos declaratórios’, de modo que ‘é nulo, por ofensa ao art. 535, do CPC [NCPC, art. 1.022], o acórdão que silencia sobre questão formulada nos embargos declaratórios’. No processo justo, instituído e garantido pelo Estado Democrático, o contraditório deve ser completo, desde o diálogo da propositura da demanda até a resposta jurisdicional. Como o acesso à justiça há de ser pleno (CF, art. 5º, XXXV), pois não é dado ao litigante praticar a autotutela mediante suas

4 Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo / coordenação Teresa Arruda Alvim Wambier, 1ª ed, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 1469/1470 5 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. V.3. 48 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.

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próprias forças, nenhuma questão relevante para a justa composição do litígio pode deixar de ser apreciada e ponderada pelo juiz. A resposta do órgão judicial não é arbitrária, nem mesmo discricionária. Tem de ser ‘suficiente e adequada’ diante das pretensões contrapostas, devendo a motivação do decisório abarcar as questões de fato e de direito integrantes do litígio. As garantias do processo e da tutela jurisdicional constituem direitos fundamentais assegurados pela Constituição, com destaque ao dever de proferir decisões adequadamente fundamentadas, sob pena de nulidade do julgamento (CF/1988, art. 93, IX). Grave não é apenas a falta de resposta a um pedido do autor ou a uma defesa do réu; é também igualmente grave a análise incompleta dos fundamentos das pretensões deduzidas em juízo. Nesta última situação, há uma resposta judicial àquelas pretensões, mas uma resposta imperfeita e insuficiente para cumprir o dever constitucional de fundamentação imposto ao Judiciário em todas as suas decisões. Se decidir aquém da demanda, reduzindo indevidamente o pedido ou os fundamentos postos pelas partes, ou por alguma delas, o juiz infringirá a garantia constitucional da ação e de acesso à justiça (CR/1988, art. 5º, XXXV), como adverte Cândido Dinamarco. Decorre diretamente da garantia do devido processo legal (CR/1988, art. 5º, LIV) a obrigação de que a motivação da decisão judicial (CR/1988, art. 93, IX) tenha extensão e profundidade para ‘justificar suficiente e racionalmente o deslinde dado à causa’. E isto só acontecerá quando, no dizer de Taruffo, a sentença ostentar a completeza da motivação. Qualquer falha ou omissão no campo da apreciação das pretensões e respectivos fundamentos deduzidos em juízo vicia a sentença em elemento essencial à sua validade e eficácia. Ainda que alguns argumentos tenham sido trabalhados pelo juiz, a análise incompleta diante das questões propostas pelas partes significa que a fundamentação não terá sido adequada, o que ‘implica insuficiência de motivação e autoriza a oposição de embargos de declaração’. Se tal se passa no primeiro grau de jurisdição, muito mais grave se torne a locunosidade dos julgamentos dos tribunais, visto que, as instâncias especiais e extraordinárias não apreciam recursos sobre matérias não enfrentadas pelo segundo grau de jurisdição. Não merece acolhida a tese, às vezes invocada pela jurisprudência à época do Código anterior, de que o tribunal não está obrigado a responder a todos os argumentos da parte, bastando justificar as razões adotadas para chegar à conclusão adotada pelo decisório. O NCPC foi bem claro, no art. 489, § 1º, IV, não de considerar fundamentada a decisão que ‘não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de , em tese, informar a conclusão adotada pelo julgador’. Se remanesce alguma questão arguida pelo litigante cuja solução se apresente potencialmente capaz de influir na eventual composição do litígio, o tribunal não pode deixar de enfrentá-la. Se se ignorar essa imposição do sistema do contraditório e da completude obrigatória da apreensão e resolução do conflito deduzido em juízo e se der ao privilégio de escolher as questões a compor, dentre as diversas formuladas pelo litigante, o juiz ou tribunal estará proferindo decisão incompleta, deficiente e passível de nulidade. Os embargos de declaração são, in casu, o remédio recursal, específico para sanar esse tipo

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de vício de julgamento, e completar o ato judicial, tornando-o congruente com as questões validamente deduzidas no processo. Com isso se alcança não só um decisório completo, como se cumpre o dever constitucional de que as decisões judiciais sejam sempre adequadamente fundamentadas, sob pena de nulidade (CF, art. 93, IX).” (destacou-se)

Não se deve admitir que o art. 1.022 do CPC seja mais extenso do

que o art. 619 do CPP, pois isso implicaria a atribuição de maiores garantias

processuais na esfera civil, relacionada às questões patrimoniais e de bens e direitos

disponíveis, do que na esfera criminal, onde se apura a possibilidade de

responsabilização penal e, via de regra, a aplicabilidade da sanção de privação de

liberdade a um indivíduo.

Nessa esteira, o Col. Superior Tribunal Justiça entende

perfeitamente cabível a oposição de embargos de declaração para esclarecer,

complementar ou aperfeiçoar os atos judiciais, promovendo-se o seu perfeito

entendimento, sempre que houver obscuridade, contradição ou omissão sobre ponto

relevante:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM HABEAS CORPUS. ATOS INFRACIONAIS EQUIPARADOS A TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. INTERNAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENTE. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. NECESSIDADE, CONTUDO, DE ESCLARECIMENTOS. EMBARGOS ACOLHIDOS EM PARTE. 1. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, os embargos de declaração têm por escopo esclarecer, complementar ou aperfeiçoar os atos judiciais, quando tais erros possam comprometer seu perfeito entendimento. Dessa forma, nos termos do art. 619 do Código de Processo Penal, são cabíveis quando houver, na decisão judicial, obscuridade, contradição ou omissão sobre ponto relevante. 2. Na espécie, estabelecida a semiliberdade ou a liberdade assistida para o caso dos autos, nos moldes da decisão monocrática prolatada, exsurge a proibição de substituição de quaisquer dessas medidas pela internação por prazo indeterminado - que somente ocorre se desde o início era possível a imposição da providência extrema nos casos dos incisos I ou II do art. 122 do ECA. Entretanto, vedação alguma existe para a imposição, pelo juízo da execução, da internação sanção, cujo prazo limite é de 3 (três) meses, motivo pelo qual o acórdão impugnado, nem de longe, coibiu fosse estabelecida esta penalidade em

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caso de "descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta" (art. 122, III, do Estatuto da Criança e do Adolescente). 3. Embargos de declaração acolhidos em parte para esclarecer que a medida socioeducativa diversa da internação a ser imposta ao paciente somente tem o condão de impedir eventual substituição dessa medida por internação por prazo indeterminado, ante o não preenchimento do disposto nos incisos I e II do artigo 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente, inexistindo, assim, qualquer empecilho à eventual imposição de internação sanção (art. 122, III, do Estatuto da Criança e do Adolescente).” (EDcl no AgRg no HC 252.331/PE, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 21/03/2013, DJe 02/04/2013)

Indubitável, portanto, a pertinência desta via, tendo-se em conta

as omissões e as obscuridades de pontos relevantes do acórdão embargado, que

necessitam ser supridas para a devida prestação jurisdicional.

No que toca à tempestividade, indispensável sublinhar, uma vez

mais, que o Embargante foi formalmente intimado da decisão que ora se impugna em

data de 06.04.2018, com início de contagem do prazo recursal em 09.04.2018, a findar

aludido prazo, conforme a respectiva previsão legal, em 10.04.2018, data de hoje.

– II –

SÍNTESE DO NECESSÁRIO

Em julgamento ocorrido em 26.03.2017, esta Egrégia 8ª Turma

decidiu, à unanimidade, por:

(i) conhecer em parte dos declaratórios opostos pelo ora

Embargante (Evento 120) e dos opostos por José Adelmário Pinheiro

Filho (Evento 121) e, nesta extensão, dar-lhes parcial provimento, sem,

contudo, produzir alterações na Apelação Criminal anteriormente

julgada;

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(ii) não conhecer da matéria que se reporta apenas ao

prequestionamento de temas e dispositivos arguidos;

(iii) decidir que a possibilidade de apresentação de provas novas pelo

Embargante restou prejudicada em razão de preclusão consumativa,

mesmo porque inexistiria “qualquer peculiaridade que justifique a

pretendida emenda da petição ou a apreciação de documento novo”.

Assim, as petições dos eventos 128 e 144 não foram conhecidas.

Os presentes Embargos de Declaração são agora opostos para

suprir omissões e obscuridades verificadas nesse aresto, relativamente à matéria arguida

em preliminar (de suspeição) que ainda não mereceu cognição de parte desta Egrégia 8ª

Turma, e, também, quanto ao juízo de mérito e à não-apreciação da documentação

oferecida nos eventos 128 e 144, com fundamento no art. 231 do CPP.

É o que se passa a demonstrar.

– III –

DAS OMISSÕES E OBSCURIDADES

III.1 Da omissão quanto à apreciação da arguida suspeição, inclusive demonstrada

por hostilidades que o magistrado direcionou à Defesa, mesmo após o término da

gravação da audiência realizada em 16.12.2016.

No item 2.1.2.5, o v. acórdão não criva os tópicos referentes à

suspeição do magistrado de 1ª instância em razão da animosidade por este manifestada

contra a parte e sua Defesa técnica:

“2.1.2.5. Argumenta que (vii) há omissões relativas à tese de animosidade do magistrado direcionada à defesa do embargante, especificamente com relação: à ausência de isenção da testemunha José Afonso; ao fato de que o magistrado

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pediu desculpas apenas ao depoente, não fazendo o mesmo para o defensor e o embargante; e à abordagem hostil do magistrado após o término da audiência. Sem razão. Pretende a defesa a rediscussão do julgado (item '2.2.13' do voto), o que não é viável em embargos de declaração. O acórdão é claro ao consignar ser irrelevante para o processo eventual ingresso da testemunha na vida política, não tendo sido verificada qualquer atitude do magistrado que caracterizasse sua suspeição.”

Extrai-se do acórdão embargado, pois, que o e. Desembargador-

Relator fez remissão ao item 2.2.13 do julgamento da Apelação Criminal para aduzir

que a Defesa pretendia mera rediscussão do julgado.

Todavia, como anteriormente apontado, a Egrégia 8ª Turma

ignorou por completo os agressivos comentários e palavras de hostilidade proferidas

pelo magistrado aos Defensores do Embargante. Mas, para além de evidenciar a

ocorrência de parcialidade do julgador, é mister consignar que honra e conceito são bens

jurídicos valiosos, mas não apenas os que compõem o nosso patrimônio imaterial, mas

também os alheios...

Pede-se vênia para transcrever a íntegra do item 2.2.13, em que

não consta sequer referência, muito menos a apreciação das ofensas que justificam

a suspeição:

2.2.13. Também infundada a afirmação de que a testemunha José Afonso, zelador do edifício Solaris, proferiu ofensas aos defensores do excipiente, sem ser advertido pelo juiz. Transcrevo, por pertinente, excerto do depoimento em que a defesa questionava o ingresso da testemunha na vida política: (...) Defesa:- O senhor pode descrever como é que se deu esse seu ingresso na política? Depoente:- Olha, vou falar um negócio para você, eu, depois dessa situação toda que teve no Solaris eu fiquei desempregado, numa situação difícil onde você nem imagina... Defesa:- A pergunta é sobre o ingresso do senhor na política. Juiz Federal:- Ele está explicando. Ministério Público Federal:- Ele está explicando.

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Juiz Federal:- Não corte a palavra da testemunha. O senhor pode responder a pergunta como o senhor estava respondendo. Depoente:- Você não sabe o que é uma pessoa estar desempregada, passando por uma dificuldade terrível, o desemprego está altíssimo, porque eu fui envolvido numa situação que eu não tenho culpa nenhuma, eu perdi o meu emprego, perdi a minha moradia, aí você vem querer me acusar, falar alguma coisa contra mim, o que você faria numa situação, como é que você sustentaria a sua família? Defesa:- Não, senhor José Afonso, eu não estou acusando o senhor. Depoente:- Você nunca passou por isso, quem é você para falar alguma coisa contra mim? Vocês são, posso falar o que vocês são, vocês são um bando de lixo, lixo, isso que vocês são, o que vocês estão fazendo com o nosso país, fizeram com o nosso país, isso... Juiz Federal:- Senhor José Afonso, senhor José Afonso. Senhor José Afonso, por gentileza, vamos se acalmar aqui, não é o momento de ofender ninguém aqui, eu peço para o senhor se acalmar, certo? Então, pelo que eu entendi, o senhor estava desempregado e resolveu entrar pra política, foi isso? Depoente:- Foi isso, doutor Moro, eu vejo, ele desmereceu o poder judiciário, chegam e desfazem de vocês, rapaz, isso é coisa que não se faz... Juiz Federal:- Certo, senhor José Afonso. Defesa:- Excelência... Juiz Federal:- Certo, senhor José Afonso, mas eu vou pedir para o senhor, independentemente da sua opinião sobre isso, eu respeito a sua opinião, todo mundo respeita a sua opinião, mas eu vou pedir para o senhor responder as questões, assim, menos emocionalmente, mais objetivamente, certo, perfeito? Depoente:- Está certo, está certo, perfeito. DESTAQUEI Ora, os trechos acima destacados dispensam maiores considerações e sequer haveria relação com o processo o ingresso da testemunha na vida política. Fato é que ela foi efetivamente advertida pelo juízo para que respondesse aos questionamentos de modo objetivo, sem esboçar emoções. Os testemunhos da acusação e defesa são igualmente válidos, independente da carga ideológica pretérita ou mesmo de afinidades partidárias, cabendo ao magistrado aferir a prestabilidade de suas afirmações no exame do mérito.

Como demonstrado anteriormente, não há nenhuma alusão ao

referido fato ou fundamentação para afastar a articulada preliminar de nulidade

mercê da suspeição. Causa espécie que questão de tamanha relevância deixe de ser

apreciada em duas oportunidades, a despeito da reiterada postulação da parte.

Confira-se, para não restar dúvida, que o fato foi devidamente

articulado pela Defesa no evento 120:

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“a) Da omissão com relação à abordagem hostil do magistrado após o término da audiência Ademais, incorreu em nova omissão o acórdão ao deixar de analisar os graves fatos expostos no recurso de apelo acerca dos acontecimentos que tiveram lugar após o encerramento da audiência em questão. Conforme narrado, findo o ato processual, quando o sistema de gravação audiovisual já estava desligado, o Magistrado, de modo oblíquo, passou a fazer insultos aos Defensores e ao trabalho jurídico realizado. Somente foi possível registrar a atitude condenável do magistrado por meio de gravação autônoma da audiência (realizada de forma ostensiva e lícita), sem a qual a prática reprovável teria passado incólume. Necessário, mais uma vez, transcrever o ocorrido: Juiz Federal: Vamos ver se não vai sofrer queixa-crime, ação de indenização, a testemunha, né, pela da defesa. Defesa: Depende… Quando as pessoas praticam atos ilícitos, respondem pelos atos. Eu acho que é isso o que diz a lei. Juiz Federal: Vai entrar com ação de indenização, então, contra ela [a testemunha], doutor? Defesa: Não sei, o senhor está advogando alguma coisa para ela? Juiz Federal: Não sei, a defesa entra contra todo mundo, com queixa-crime, indenização... Defesa: O senhor vai advogar? Eu acho que ninguém está acima da lei. Da mesma forma como as pessoas estão sujeitas a determinadas ações, as autoridades também devem estar. Juiz Federal: Tá bom, doutor. Uma linha de advocacia muito boa. Defesa: Faço o registro de Vossa Excelência e recebo como um elogio. Juiz Federal: Tá bom.6 (destacou-se) Não há, no acórdão ora combatido, qualquer menção ao fato acima narrado e devidamente evidenciado no recurso de apelação, verificando-se, assim, mais uma omissão do referido decisum” (destacou-se).

Projeta-se, uma vez mais, omissão com relação à matéria, não

tendo havido apreciação da alegada suspeição do magistrado, revelada também pelo seu

comportamento igualmente hostil após o término da audiência do dia 16.12.2016.

6 Transcrição extraída de vídeo publicado no site Migalhas.com. In: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI250830,11049Video+exclusivo+Moro+ironiza+defesa+de+Lula+em+audiencia.

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III.2 Da obscuridade relativa à fundamentação que sustenta a condenação por

corrupção passiva em razão de “capacidade de influência”

Nos itens 2.4.2 e 2.4.3 do acórdão ora embargado lê-se que o

Embargante teria participado do delito de corrupção nas contratações da Petrobras com

a OAS em razão de “capacidade de influência” no processo de nomeação dos diretores

daquela sociedade de economia mista:

“No caso, a despeito das alegações da defesa, no sentido de que as versões apresentadas por Delcídio do Amaral e Pedro Corrêa teriam sido desmentidas, entendeu-se pela valoração de tais depoimentos, dentro do contexto probatório, como elementos de convicção quanto à capacidade de influência do ex-Presidente no processo de nomeação dos agentes políticos da Petrobras e sua ciência a respeito do esquema criminoso (itens '3.3.4.1.' e '3.3.4.2.' do voto). (...) O julgado, como já referido, deve ser compreendido por seu todo e não por excertos isolados. Consoante afirmado no aresto, há prova acima de dúvida razoável de que o ex-Presidente foi um dos articuladores do amplo esquema de corrupção, possuindo capacidade de influência no processo de nomeação de agentes políticos da Petrobras - frisa-se, não só Paulo Roberto Costa - e manutenção de tais pessoas de confiança nos cargos, para que levassem adiante o projeto de financiamento político.”

A descrição da suposta conduta (que configuraria participação do

Embargante no delito) em verdade não tem identidade teórica com o tipo do crime de

corrupção, e mais se aproximaria – se verdadeira fosse a narrativa -, isto sim, com a

fattispecie do delito de tráfico de influência, que pune o recebimento de vantagem a

pretexto de influenciar em ato de funcionário público (no caso, nomeação de diretores

da sociedade de economia mista por seu Conselho de Administração).

Destarte, não se trata aqui de mero e caprichoso inconformismo

da Defesa, mas do devido e necessário esclarecimento por parte do Poder Judiciário das

razões e dos fundamentos que suportam a condenação de um jurisdicionado pelo

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cometimento de um delito (corrupção) com base em afirmada (e inexiste) conduta que

seria inerente à estrutura conceitual de outro delito (tráfico de influência).

Há obscuridade pendente de resolução.

III.3 Da obscuridade relativa aos fundamentos da condenação por realização do

núcleo do tipo (“receber”) de corrupção passiva

Nos itens 2.4.6, 2.4.7 e 2.4.8, o v. acórdão embargado trata das

questões relativas à alegada configuração do delito de corrupção passiva pelo

“recebimento” de vantagem indevida.

Sustentou-se, inclusive com reprodução de parecer ministerial,

que se trata de condenação lastreada em recebimento de vantagem indevida

consubstanciada em destinação de imóvel da OAS:

“Não há, no entanto, qualquer omissão ou contradição a ser sanada, mas apenas insatisfação do embargante com o conteúdo da decisão. Oportunas as considerações do parecer ministerial sobre a matéria: Novamente o recurso se apega a palavras isoladas de seu contexto para buscar o reconhecimento de uma suposta omissão. O acórdão entende haver provas suficientes 'de que a unidade triplex do Condomínio Solaris estava destinada a LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA como vantagem, apesar de não formalmente transferida porque sobreveio a 'Operação Lava-Jato' e a prisão de empreiteiros envolvidos, dentre eles, JOSÉ ADELMÁRIO PINHEIRO FILHO.' (...) A defesa mais uma vez colaciona excerto do voto, descontextualizado, para justificar sua irresignação. O acórdão é claro ao condenar o embargante pelo delito de corrupção passiva em razão do recebimento da vantagem indevida. A fundamentação é lógica ao referir que a solicitação de João Vaccari a Léo Pinheiro para que a OAS assumisse empreendimento da BANCOOP se deu em momento anterior à

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tratativa da compensação dos valores destinados ao Partido dos Trabalhadores, que só ocorreu em 2014. O recurso se apega a palavras isoladas de seu contexto para buscar o reconhecimento de uma suposta omissão.

Concessa venia, o “recebimento de vantagem na forma de

destinação” é forma inapropriada e tecnicamente inábil para se declarar uma “aceitação

de promessa”.

Ora, evidente que o recebimento é um ato concreto, um facere,

palpável, dotado de materialidade, não se confundindo com a mera destinação (O quê

seria isso? Nova desinência de “promessa”?) a qual, esta sim, estaria a sugerir proposta

de futura vantagem, que poderia vir a ser ou não aceita.

De todo modo, falta – e muita – clareza na formatação da decisão

de condenação em razão de “recebimento de destinação”(?) e no que isso difere ou não

de uma “aceitação de promessa”, para fins da aplicação da lei penal. O quadro é

impenetrável, de total perplexidade.

III.4 Da omissão relativa à alegação de inovação em análise do julgamento da ACR

nº 5083376-05.2014.4.04.7000

O e. Desembargador-Relator alegou que a Defesa inovou ao

apontar contradição entre os valores constantes na ACR nº 5083376-05.2014.4.04.7000

e na ACR nº 5046512-94.2016.4.04.7000, bem como que não caberia apontar

contradição entre dois julgamentos, pelo que os embargos não mereceriam ser

conhecidos no ponto:

“2.4.5. Afirma ainda que (xxiv) o acórdão é contraditório 'com relação à composição de valores supostamente creditados na ilusória 'conta corrente' do Partido dos Trabalhadores e alegadamente lavados pelo Embargante', pois há uma incompatibilidade entre as declarações prestadas por AGENOR MEDEIROS nestes autos, a respeito do total devido pela OAS nos contratos

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com a Petrobras a cada partido, e o que consta no julgamento da ACR nº 5083376-05.2014.4.04.7000. Diz: 'está explícito que o Juiz da 13ª Vara Criminal do Paraná e este Tribunal Regional já concluíram, através das provas levantadas na ACR 5083376-05.2014.404.7000, que a OAS destinou EM DINHEIRO à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás e referente aos contratos relacionados no presente feito, montante total aproximado de R$ 36 milhões (41.517.936,25 - 36.000.000,00 = 5.517.936,25 (13,29%)), não deixando margem alguma para o 'crédito' de mais R$ 16 milhões na suposta 'conta geral de propina do Partido dos Trabalhadores'. E, por conseguinte, também é inexistente a compensação desse 'crédito' com valores atribuídos ao apartamento triplex'. Trata-se de inovação nas alegações, que não foram apresentadas em momento oportuno. Além disso, não cabem embargos de declaração para apontar contradição em dois julgamentos distintos. Por tais fundamentos, os embargos não merecem conhecimento no ponto. Apenas saliento que, ainda que relacionados aos mesmos contratos, as duas ações penais não se confundem, pois as imputações e os fatos são distintos. Não há, nestes autos, qualquer contradição na fundamentação que se limitou a apreciar as provas aqui constantes.”

Entretanto, não é correto que a Defesa tenha introduzido a

discussão a respeito do julgado na ACR nº 5083376-05.2014.4.04.7000 neste feito de

forma inaugural, até então inédita.

Oportuno relembrar que o próprio e nobre Desembargador-

Relator afirmou a existência de corrupção nos contratos da OAS com a Petrobras nas

obras da Refinaria Abreu e Lima, a partir do referido julgado (evento 89):

“3.3.3.2. O rol não é exaustivo, mas estes mais de vinte processos, com destaque para aquele tombado sob o nº 5083376-05.2014.4.04.7000/PR (associado ao relacionamento contratual da OAS com a Petrobras), permitem verificar o ambiente de corrupção sistêmica que se instaurou no seio da maior companhia brasileira, onde a influência política, aliada à ambição e ganância de empresários, agentes do mercado paralelo de câmbio e 'lavadores' profissionais de dinheiro, culminaram com desvios de elevada monta em prejuízo não apenas da estatal e também da sociedade. Naquele feito precedente, relacionado à empresa OAS, afora algumas divergências pontuais no Colegiado, foi reconhecida, acima de dúvida

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razoável, a existência do concerto fraudulento nas obras das refinarias do Nordeste Abreu e Lima - RNEST e Presidente Getúlio Vargas - REPAR. No presente caso, uma parte da acusação coincide com os fatos descritos naqueles autos, com a diferença de que aqui há correlação com as verbas que foram destinadas ao Partido dos Trabalhadores.” (destaques no original).

Ora, é da estrutura dialética do processo que um julgado utilizado

com centralidade para fundamentar a condenação do Embargante em outro possa ser

apurado pela Defesa para o devido e necessário exercício do efetivo contraditório. É a

verdade em ação, outro nome da Justiça!

A análise do argumento do e. Desembargador-relator traz à luz

incompatibilidade dos valores consignados no acórdão daquele julgado com o achado

para a condenação do Embargante (suposta destinação de 16 milhões de reais da OAS

ao Partido dos Trabalhadores). Como não se levar tal circunstância em conta? A

verdade então não importa mais? Cegueira processual?

Por haver se louvado no entendimento não factual de que a

Defesa teria inovado nos primeiros embargos, deixou o Órgão julgador de analisar

insuperável contradição, de extrema importância, e que materialmente demonstra a

inverossimilhança da carga heteroinculpatória dos corréus Léo Pinheiro e Agenor

Medeiros (de destinação de 16 milhões ao Partido dos Trabalhadores e posterior

destinação de imóvel com reformas ao Embargante custeados por esses 16 milhões):

“(...) de acordo com a declaração valorada nos autos, o total devido pela OAS nesses contratos com a Petrobrás era de R$ 36 milhões, assim destinados: R$ 13.500.000,00 ao Partido Progressista (PP), outros R$ 6.500.000,00 ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e, por fim, R$ 16.000.000,00 ao Partido dos Trabalhadores (PT). Entretanto, consta no voto-relator da ACR 5083376-05.2014.404.7000, que a OAS teria pago e teriam sido lavados R$ 29.233.961,00 em benefício de Paulo Roberto Costa, em razão de atos de ofício por ele alegadamente praticados enquanto Diretor de Abastecimento da Petrobras nos mesmos contratos apontados na denúncia contra o Embargante

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(...) Importante ressaltar que no presente feito, conforme declarado por Léo Pinheiro e Agenor Franklin, os valores não foram baseados em percentuais de 1%, mas sim em valor absoluto de R$ 72 milhões, sendo responsabilidade da OAS arcar com R$ 36 milhões. Ainda, salienta-se que conforme relatos do próprio Youssef no âmbito da operação lava jato, o valor das notas fiscais emitidas por suas empresas não era integralmente destinado a Paulo Roberto Costa, ficando percentual variável em torno de 10% para o próprio Youssef. Dessa forma, está explicito que o Juiz da 13º Vara Criminal do Paraná e este Tribunal Regional já concluíram, através das provas levantadas na ACR 5083376-05.2014.404.7000, que a OAS destinou EM DINHEIRO à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás e referente aos contratos relacionados no presente feito, montante total aproximado de R$ 36 milhões (41.517.936,25 – 36.000.000,00 = 5.517.936,25 (13,29%)), não deixando margem alguma para o “crédito” de mais R$ 16 milhões na suposta “conta geral de propina do Partido dos Trabalhadores”. E, por conseguinte, também é inexistente a compensação desse “crédito” com valores atribuídos ao apartamento triplex.”.

Por todo o exposto, é cristalino que não se está trazendo nenhuma

“inovação nas alegações”, mas apenas iluminando, a partir de julgamento realizado por

esta 8ª. Turma em relação a outra ação penal, a insuficiência de saldo no afirmado

“caixa geral de propinas” — amplamente realçado e debatido na instância originária.

De fato, através das reproduções precedentes, fica evidente a

contradição no julgamento do presente feito quando os julgadores consideram existir

“conexão estreita da presente ação penal com os crimes que foram objeto da ação

penal 5083376-05.2014.404.7000”, mas ignoram a inexistência de saldo no suposto

“caixa geral de propinas” — necessário para materializar o objeto da peça acusatória

na presente ação penal.

Os eminentes julgadores destacam que “Segundo a denúncia,

essa mesma contratação e os mesmos acertos de propina teriam gerado créditos que

teriam beneficiado o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo, portanto, a

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conexão ainda mais estreita do que a verificada em relação aos demais casos

abrangidos na denominada Operação Lava-jato' (item 167 da sentença).”

Não poderiam, data venia, os eminentes julgadores considerar

que o numerário daquela ação é o mesmo que foi supostamente “compensado”

nesta. No entanto, matematicamente foi o que fizeram. Vejamos:

(a) Tanto a acusação como o Juízo concluíram no decorrer do processo que nos

contratos citados nas exordiais acusatórias - tanto neste como naquele feito - a OAS teria participação nos ilícitos de R$ 36 milhões;

(b) Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor da área de petróleo e gás da Construtora OAS, afirmou em seu interrogatório que nesses contratos não existiu percentual para atribuição dos ilícitos, tendo sito estipulado um valor absoluto de R$ 72 milhões, cabendo à OAS 50%, ou seja, R$ 36 milhões;

(c) No presente feito a denúncia afirma a existência de um suposto saldo no

suposto caixa geral de propinas da OAS com o Partido dos Trabalhadores, oriundo dos contratos da Petrobrás citados na mesma peça acusatória, suficiente para a compensação de vantagens indevidas destinadas ao Embargante;

(d) A sentença condenatória considerou, sem existir qualquer prova material,

correta a origem e a existência de saldo no caixa geral de propinas para compensação (materialização) das supostas vantagens direcionadas ao Embargante;

(e) Esta Corte de Apelação ratificou a existência de saldo suficiente para a

compensação, mas indicou que na ação penal nº 5083376-05.2014.404.7000, o valor de R$ 36 milhões supostamente devidos pela OAS em referidos contratos teria sido integralmente destinado à diretoria de Abastecimento.

Portanto, esta Colenda Turma Julgadora, a partir do julgamento

da aludida ação penal nº 5083376-05.2014.404.7000, apresenta evidências acima de

qualquer dúvida razoável de que não havia saldo no suposto caixa geral de propinas

para fazer a compensação indicada na denúncia do presente feito.

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Portanto, tendo em vista que a sentença e a respectiva

confirmação estão fundadas no “caixa geral de propinas”, consubstanciando-se em falsa

percepção dos sentidos de tal sorte a supor a existência de um fato inexistente, se faz

necessário esclarecimento da contradição.

Vale dizer, a Turma Julgadora está usando do mesmo dinheiro

para destinações diversas — e isto deve ser aclarado.

Portanto, esclarecer é preciso a razão pela qual se considerou que

a Defesa inovou ao apontar contradição no voto-relator na apreciação dos ACR nº

5083376-05.2014.4.04.7000 e se a desprezou tendo-se em conta que os discrepantes

valores contidos neste julgado revelam franca incongruência com os 16 milhões que

foram considerados para fundamentar condenação do Embargante. Flagrante a omissão

do julgado segundo.

III.5 Da obscuridade relativa às afirmadas tratativas entre Leo Pinheiro e o

Embargante

Ao decidir os embargos de declaração, a Colenda Turma

Julgadora, por meio do r. voto condutor proferido pelo nobre Desembargador Relator

fez alusão a “tratativas levadas a cabo pelo embargante LUIZ INÁCIO LULA DA

SILVA e por LÉO PINHEIRO” em relação ao tríplex e as supostas reformas realizadas

no imóvel.

É o que se verifica no trecho abaixo transcrito (p. 26):

E, neste contexto específico, nada obstante Márcio Faria da Silva ter confirmado o ajuste de propina com relação às empresas do consórcio, é natural que desconhecesse as tratativas levadas a cabo pelo embargante LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e por LÉO PINHEIRO, cuja relação de proximidade é inegável e mostrou-se fundamental para a sistemática de operação da propina, como também abordado no voto embargado (destacou-se).

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No entanto, é preciso ressaltar que o próprio Léo Pinheiro afirmou

em seu interrogatório que jamais tratou com o Embargante sobre esses temas, não

sendo factualmente correta, portanto, a afirmação que “é natural que desconhecesse as

tratativas levadas a cabo pelo embargante LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e por LÉO

PINHEIRO, cuja relação de proximidade é inegável e mostrou-se fundamental para a

sistemática de operação da propina”.

Veja-se, por relevante, os seguintes excertos do interrogatório de

Léo Pinheiro:

(...)

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Diante desse fato, é preciso sanar tal obscuridade presente no

julgamento dos embargos de declaração — que tomou como realidade algo

peremptoriamente negado pelo próprio Léo Pinheiro.

III.6 Das omissões relativas aos documentos novos apresentados nos autos nos

eventos 128 e 144

O acórdão embargado deixou de considerar os documentos

apresentados pelo Embargante nos eventos 128 e 144, sob o fundamento de que

houvera preclusão consumativa, em razão da oposição de embargos declaratórios.

É o que se apreende dos itens 10 e 11 da ementa:

“10. Hipótese em que ocorreu a preclusão consumativa, pois a oportunidade para a oposição dos embargos de declaração se esgotou com o protocolo do recurso, inexistindo qualquer peculiaridade que justifique a pretendida emenda da petição ou a apreciação de documento novo. 11. Não conhecimento das petições dos eventos 128 e 144.”

Pede-se vênia para transcrever o trecho do voto-condutor, do qual

se extrai o motivo da não-apreciação dos documentos novos (prova noviter) frente às

demais provas e razões recursais:

“3. DAS PETIÇÕES DOS EVENTOS 128 E 144 (145) 3.1. Em petição acostada no evento 128 dos autos, em 26/02/2018, a defesa de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA apresenta declaração manuscrita de João Vaccari Neto que, segundo alega, desmente categoricamente as declarações de

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Léo Pinheiro. Diz que: 'Nela, João Vaccari aduz que jamais tratou de pagamentos de vantagens indevidas com Léo Pinheiro, muito menos que teria intermediado o afirmado acerto espúrio, em nome do Peticionário, para compensação de valores relativos ao apartamento 164-A (tríplex)'. Argumenta, ainda, que 'à luz do princípio da presunção constitucional de inocência, é o órgão acusador quem deve comprovar, de forma inequívoca, a culpabilidade do réu. Inconstitucional, portanto, exigir que o acusado seja obrigado a provar sua inocência. Nesse sentido, deve ser reconsiderado o entendimento firmado no voto-relator do presente apelatório, eis que recai em inconstitucional inversão do ônus probatório, exigindo-se do Peticionário, ainda, a produção de prova diabólica, vedada no ordenamento jurídico pátrio'. Requer (xlviii) seja considerado o aludido documento para fins de julgamento, pugnando pela absolvição do embargante. A pretensão é de todo descabida. O Código de Processo Penal estabelece um rito a ser seguido nas ações penais, não havendo previsão de 'prazo eterno' para recursos, tampouco possibilita a juntada de provas em qualquer fase. No caso, a oportunidade para a oposição dos embargos de declaração se esgotou com o protocolo do recurso, em 20/02/2018, último dia de prazo, inexistindo qualquer peculiaridade que justifique a pretendida emenda da petição. Há, assim, clara preclusão consumativa. Ademais, a fase instrutória já há muito está encerrada. Prolatada sentença e julgadas as apelações por este Tribunal, é inviável a reabertura da instrução e a apreciação de documento só agora colacionado. De todo modo, restou afirmado no julgado que a defesa de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA em nenhum momento requereu a oitiva de João Vaccari (item '3.3.6.5.' do voto). Isso não significa, ressalta-se, inversão do ônus probatório. Conforme consignado, 'ao oferecer denúncia e instruir a causa na linha de suas alegações, o Ministério Público Federal apresenta as provas que, na sua visão, tem por suficientes para a persecução penal. À defesa cabe apresentar e requerer as que possam se contrapor à tese acusatória'. É dizer, o órgão acusatório juntou as provas que entendeu suficientes para embasar a pretensão punitiva. Se assim entendesse, caberia à defesa, no momento oportuno, produzir a contraprova. No mesmo sentido, as considerações do órgão ministerial em parecer: 'De início, importante enfatizar que o caso já foi julgado e o processo de conhecimento se encerrou há bastante tempo. Quando isso acontece, a prova nova deve ser trazida em ação revisional própria, nos termos do artigo 621 e seguintes do Código de Processo Penal e não em sede de embargos de declaração em que não há a mínima previsão de reabertura de instrução'.

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A declaração apresentada, portanto, não tem qualquer valor probatório ao feito, de forma que não conheço da petição do evento 128. 3.2. Também em razão da preclusão consumativa, não merece ser conhecida a petição juntada ao evento 144 (vídeos no evento 145), na qual a defesa de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA requer seja considerado o depoimento prestado por Márcio Faria da Silva prestado em ação penal correlata e a conversão do julgamento em diligência. Os embargos de declaração têm lugar específico nos casos de ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão, não se destinando para eternizar o curso do processo com a repetição de teses já enfrentadas, sob a ótica de fatos novos que sequer possuem aptidão, de per si, de modificar as conclusões extraídas do julgamento pelo Colegiado. Faço referência ao já contido no voto condutor e nos presentes embargos de declaração, no sentido de que a compreensão do julgado não pode ser feita pela leitura de parágrafos isolados, como pretende a defesa. Tampouco em um ou outro meio de prova descontextualizado sem capacidade de desmerecer o restante do acervo. Todas as questões foram exaustiva e detalhadamente examinadas ao longo do voto condutor, em especial no seu item 3.3.8.1. Como forma de agir, 'O método utilizado para contabilização das despesas relativas à diferença de preço entre a unidade padrão e o triplex, nelas computados igualmente os custos de reforma e fornecimento de mobiliário e equipamentos' (item 3.3.5.4). E, neste contexto específico, nada obstante Márcio Faria da Silva ter confirmado o ajuste de propina com relação às empresas do consórcio, é natural que desconhecesse as tratativas levadas a cabo pelo embargante LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA e por LÉO PINHEIRO, cuja relação de proximidade é inegável e mostrou-se fundamental para a sistemática de operação da propina, como também abordado no voto embargado. Referi, ainda, no voto condutor que '... o recebimento pessoal dessa vantagem, ao meu sentir, decorre de desígnio autônomo em relação à corrupção havida em favor do Partido dos Trabalhadores. Esta se deu mediante o extenso esquema de corrupção havido no seio da Petrobras, com destinação de recursos de contratos obtidos mediante ajuste de vontades dos concorrentes, em benefícios de diversas pessoas e partidos políticos. Já em relação ao apartamento e suas melhorias, a vantagem está deslocada no tempo e no espaço em relação ao recebimento anterior. Há nova linha de nexo causal, no mínimo relativamente à diferença de preço entre a unidade adquirida (141) e aquela que lhe fora destinada (164-A) e os custeios das reformas e mobiliários, ainda que o dinheiro tenha a mesma origem espúria. Trata-se, a toda evidência, de crimes distintos'.

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Por todas essas razões, sobretudo pelo inoportuno momento albergado pela preclusão consumativa, não conheço da petição lançada no evento 144. 3.3. Com relação à eventual colaboração informal entre autoridades brasileiras e americanas, a tese é inusitada, fantasiosa e sem qualquer proveito para o processo. Não há um elemento concreto sequer nos autos - tampouco apontado pela defesa - que indique que o processo tenha sido maculado por provas trocadas entre Brasil e Estados Unidos da América. Novamente, se não for pelo amor à teoria das nulidades (item 2.6), cujos efeitos concretos carecem de demonstração e que, por isso, em nada aproveitaria à defesa, trata-se de tese que nada mais objetiva do que desacreditar toda a investigação e ampliar a discussão para questões estranhas à ação penal que ora se examina. Portanto, igualmente não merece ser conhecida a manifestação.” (destacamos).

O entendimento sintetizado no item 10 da ementa é o de que a

Defesa não poderia oferecer documentos novos após a interposição de recursos. Não é o

que diz o texto da lei. Ademais, o compromisso do juiz criminal com a verdade real e as

liberdades asseguradas na Carta Constitucional têm de superar os preciosismos

procedimentais, que jamais poderão ser havidos como um fim em si mesmo... Afinal,

não se está a julgar sobre ação de despejo, mas de liberdade humana é que se trata...

De acordo com Ferrajoli: “sem uma adequada teoria da verdade,

da verificabilidade e da verificação processual, toda a construção do direito penal do

iluminismo [...] termina apoiada na areia; resulta desqualificada, enquanto puramente

ideológicas as funções políticas e civis a ela associadas”7.

Na lição de Bettiol: “o fim de todo processo é a busca da verdade.

No processo penal isso só se torna mais dramático em função de sua natureza. Em

razão da intensidade com que se anseia pela busca da verdade no processo penal,

podemos dizer que um princípio fundamental do processo penal é o da investigação da

7 FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p.39.

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verdade material ou substancial dos fatos em torno dos quais se discute, para que

sejam provados em sua subsistência histórica, sem obstáculos e deformações”8.

PACELLI e FISCHER esclarecem que em “matéria penal as

restrições à prova são sensivelmente mais reduzidas, sobretudo no que toca à

comprovação da inocência do acusado (...). A regra, portanto, é que as provas

documentais ou os documentos possam ser trazidos a qualquer tempo, desde que em

condições para o exercício do contraditório e da ampla defesa, bem como a

preservação da efetividade do processo, a ser realizado em prazo razoável (...). Por

isso, o art. 616, CPP, autoria o Tribunal, antes do julgamento da apelação, determinar

a produção de quaisquer diligências necessárias ao esclarecimento da matéria a ser

julgada”9.

Não se olvide que o Código de Processo Penal não confunde a

interposição de recursos com a apresentação de documentos novos. Ao contrário,

permite expressamente a apresentação de documentos novos em qualquer fase do

processo, excetuado o caso expressamente vedado em lei, in verbis:

Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo.

Ao declarar a preclusão consumativa da prova nova a Egrégia

8ª Turma deixou de considerar (“omissão”) o dispositivo supracitado.

Em reforço, oportuno consignar que Col. Superior Tribunal de

Justiça entende que o art. 231 do CPP faculta às partes a juntada de documentos em

qualquer fase processual, admitindo-se, todavia, o indeferimento pelo órgão julgador no

caso de os documentos possuírem natureza meramente protelatória ou tumultuária — o

que, evidentemente, não é o caso dos autos: 8 BETTIOL, Giuseppe. Instituciones de derecho penal y procesal. Barcelona: Bosch, 1973. p.250. 9 PACELLI, Eugênio; FISCHER, Douglas. Comentários ao Código de Processo Penal e sua Jurisprudência. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 480.

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"O Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar o preceito contido no art. 231 do CPP, firmou entendimento de que é facultada às partes a juntada de documentos em qualquer fase processual, admitindo-se, entretanto, o indeferimento pelo órgão julgador na hipótese de os documentos apresentados terem caráter meramente protelatório ou tumultuário" (HC 151.267/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 25/05/2010, DJe 14/06/2010).

A jurisprudência deste Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª

Região, na mesma toada, conjuga a mais adequada aplicação do art. 231 do CPP com a

busca da verdade real para reconhecer a importância do direito de juntada de

documentos no processo penal:

PROCESSUAL PENAL. JUNTADA DE DOCUMENTOS. ARTIGO 231 DO CPP. PERTINÊNCIA PARA A SOLUÇÃO DA CAUSA. BUSCA DA VERDADE REAL. 1. Em face do disposto no artigo 231 do CPP, a juntada de documentos pode ser efetivada em qualquer fase do processo. O indeferimento pelo julgador somente se justifica quando resta demonstrado o caráter protelatório ou tumultuário, de forma a dificultar o regular trâmite processual, o que não se verifica na hipótese em tela. 2. Não se pode olvidar que, ao lado da razoável duração do processo - o que, aliás, constitui atualmente dogma constitucional (art. 5º, LXXVIII, CF/88) - o princípio da verdade real é de fundamental importância no processo penal, cuja efetividade depende do conjunto probatório coligido aos autos, sendo a prova requerida, na espécie, pertinente para a solução da causa. 3. Pedido deferido. (TRF4 5003825-24.2014.4.04.0000, SÉTIMA TURMA, Relatora SALISE MONTEIRO SANCHOTENE, juntado aos autos em 08/04/2014)

In casu, há clara pertinência entre a documentação nova e as

razões defensivas, não sendo apropriado, portanto, ignorar o que dispõe o art. 231 do

CPP para declaração de preclusão consumativa. Ao juiz criminal não é dado se fechar

à prova da inocência do Acusado, seja a que pretexto for.

Com efeito, a apreciação do teor das petições de evento 128 e 144

com os declaratórios de evento 120 seria suficiente para atestar a referida pertinência.

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O próprio acórdão embargado em seu item 3.3.6.5, ao, concessa

venia, estabelecer inversão de ônus probatório, reconhece a importância da

manifestação de João Vaccari sobre fatos inverídicos do depoimento heteroinculpatório

de Léo Pinheiro:

“3.3.6.5. O depoimento de LÉO PINHEIRO a respeito da referida reunião para as tratativas de pendências é esclarecedor. Por outro lado, João Vaccari Neto não prestou depoimento como testemunha, mas isso não desqualifica a narrativa. É fato que, se pretendesse, a defesa poderia ter arrolado Vaccari na qualidade de contraprova ou, até mesmo, requerer a sua acareação com LÉO PINHEIRO. Porém, efetivamente, deixou de fazê-lo. Sucede que no sistema processual vigente não há tarifação com relação aos elementos probatórios oferecidos ao juiz e dos quais ele se serve para firmar a sua convicção. Entre vários depoimentos, por exemplo, não se tem um ou outro como mais valioso. As provas da acusação e da defesa equivalem-se e cabe ao juiz, diante do restante do acervo, concluir ou não pela responsabilidade criminal do réu. Assim, ao oferecer denúncia e instruir a causa na linha de suas alegações, o Ministério Público Federal apresenta as provas que, na sua visão, tem por suficientes para a persecução penal. À defesa cabe apresentar e requerer as que possam se contrapor à tese acusatória. Em complemento, ressalte-se que a questão em nenhum momento foi trazida, exceto sob a ótica do cerceamento de defesa em razão do indeferimento de prova pericial, sob a alegação de que houve alteração a posteriori nos papéis apresentados por LÉO PINHEIRO. A afirmação já foi rechaçada em preliminar. Em sede de apelação, a defesa de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA igualmente limita-se a questionar a veracidade do depoimento de LÉO PINHEIRO. Diz a peça recursal: Indaga-se: qual fundamento concreto corrobora tal acusação? Como pode a Defesa se produzir a diabólica prova negativa? Como com provar que, nos encontros relatados por Léo Pinheiro (não há data precisa sobre estes), João Vaccari não se reuniu com Léo Pinheiro ou, caso o tenha feito, não tratou de um suposto acerto indevido? Pois bem, não cabe ao juízo recursal determinar quais provas teriam aptidão para um juízo condenatório, mas, tão somente, examinar se a sentença bem

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interpretou aquelas que foram acostadas. Não tem eficácia, portanto, a negativa geral e a tentativa de desacreditar tudo o que foi produzido durante a instrução processual, quando a defesa poderia ter buscado produzir contraprova para descaracterizar o depoimento do corréu.”

Por sua vez, o depoimento de Márcio Faria corrobora a tese

defensiva sustentada nos Embargos de Declaração anteriormente opostos, segundo a

qual não haveria liame material ou imaginário (como quer a acusação) entre os

contratos da Petrobras, caixa geral do Partido dos Trabalhadores e a unidade tríplex do

Condomínio Solaris. Confira-se o que consta no teor da petição de evento 144:

“I.2. Da matéria questionada nos Embargos de Declaração Como bem desenvolvido nos Embargos de Declaração opostos pelo Embargante, o acórdão proferido por esta Corte Regional no julgamento da Apelação Criminal nº 5083376.05.2014.4.04.7000/PR (da qual o Embargante não é parte) foi utilizada diversas vezes no acórdão embargado. No entanto, naquele processo consta que a OAS teria pago – e posteriormente lavado – cerca de R$ 41.517.936,25. Esse montante teria sido destinado a Paulo Roberto Costa por meio de Alberto Youssef, em razão dos mesmos contratos do Consórcio RNEST/CONEST. Porém, como a denúncia do processo de autos nº 5083376.05.2014.4.04.7000/PR imputa o recebimento tão somente de R$ 29.233.961,00, apenas este montante menor foi considerado na condenação: “3.3.2. No caso, entendeu o magistrado a quo que os valores de origem e natureza criminosa, decorrentes dos crimes de cartel e de ajuste fraudulento de licitação, foram lavados e utilizados para o pagamento de propinas à Diretoria de Abastecimento, comprovadamente em doze oportunidades: 359. O total de propina pago para as três obras pela OAS à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, comandada por Paulo Roberto Costa, foi, portanto, de R$ 29.223.961,00. 359. O total de propina pago para as três obras pela OAS à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, comandada por Paulo Roberto Costa, foi, portanto, de R$ 29.223.961,00. 360. Desse valor, foi possível rastrear documentalmente repasses por empresas do Grupo OAS de R$ 7.013.527,25 para conta da Empreiteira Rigidez, com produção de contratos e notas fiscais falsas, de R$ 34.293.247,00 para a conta da MO Consultoria, com produção de

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contratos e notas fiscais falsas, e de R$ 211.162,50 para a conta da RCI Software, com produção de contratos e documentos falsos, isso por doze depósitos entre 30/06/2010 a 29/05/2012, no total de R$ 41.517.936,25. (grifos nossos) 361.O fato do montante lavado ser superior ao calculado para a propina indica ou que esta, de fato, foi maior do que cogitado na inicial pelo MPF ou que tem por fonte também outros valores, tendo havido mistura. De todo modo, em vista da necessidade da sentença guardar correlação com a denúncia, considerarei somente, na condenação, o pagamento como propina dos aludidos R$ 29.223.961,00”. (grifo nosso) Há aqui uma contradição evidente entre o que consta na ACR nº 5083376-05.2014.404.7000/PR e o que restou consignado nestes autos. Como poderia persistir uma condenação fundamentada naqueles depoimentos de Agenor Franklin e Léo Pinheiro, se a OAS destinou ao ex-Diretor Paulo Roberto Costa um montante total que não deixaria margem alguma para o “crédito” de mais 16 milhões de reais na conta imaginária de propina do Partido dos Trabalhadores? Assim, também sob essa ótica a alegada compensação deste “crédito” com valores atribuídos ao apartamento tríplex se mostra impossível! Traçado o panorama geral das questões relativas ao tema, passamos à demonstração da pertinência da nova prova trazida aos autos, qual seja o depoimento de Márcio Faria. I. 3. Dos novos fatos trazidos pelo depoimento de Marcio Faria A declaração de João Vaccari desmentindo a versão de Léo Pinheiro sobre o alegado acerto de valores provenientes de contratos do Consórcio RNEST/CONEST foi juntada aos autos no evento 128. Nesta oportunidade o Embargante apresenta nova prova que contraria a versão dos corréus sobre um suposto pagamento de 16 milhões de reais ao Partido dos Trabalhadores a título de corrupção no Consórcio RNEST/CONEST. O Sr. Márcio Faria - executivo da Odebrecht e colaborador premiado com acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (Doc. 01) - prestou depoimento à 13ª. Vara Federal Criminal de Curitiba/PR nos autos da Ação Penal nº 5021365-32.2017.4.04.7000/PR, em audiência realizada no dia 23/02/2018 (Doc. 02). Em 06/03/2018 foi apresentado o Termo de Transcrição desse depoimento (Doc. 03). Naquela oportunidade o depoente foi claro e afirmou com certeza que A OAS NÃO PAGOU VANTAGENS INDEVIDAS AO PARTIDO DOS TRABALHADORES OU A MEMBROS DA DIRETORIA DE SERVIÇOS

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DA PETROBRAS NOS CONTRATOS DO CONSÓRCIO RNEST/CONEST. Confira-se: “Ministério Público Federal:- No evento 186 do processo nós juntamos aqui suas declarações no acordo de colaboração, entre elas o senhor relatou que houve uma divisão de mercado nos contratos da UDA e UHDT da Rnest, que foi depois contratada a Odebrecht pelo consórcio Rnest/Conest com a OAS, o senhor confirma essa divisão de mercado, senhor Márcio? Márcio Faria:- Confirmo sim, senhor. Ministério Público Federal:- Nesses contratos houve pagamento de vantagens indevidas? Márcio Faria:- Sim, houve pagamento de vantagens indevidas. Ministério Público Federal:- O senhor poderia circunstanciar, por gentileza, de acordo com o que o senhor pode falar no momento? Márcio Faria:- Doutor, nesse contrato nós em consórcio com a OAS pagamos vantagens indevidas a agentes públicos, sendo que houve uma divisão, basicamente você tinha nas diretorias da Petrobrás uma indicação política para cada diretoria, ou seja, a diretoria de abastecimento era nomeação do partido progressista, já a diretoria de serviços era uma indicação do partido dos trabalhadores, e nós pagamos vantagens indevidas nesse projeto que o senhor mencionou. Ministério Público Federal:- O senhor relatou que na diretoria de abastecimento o pagamento foi feito junto a José Janene e Alberto Youssef e foi praticamente 30 milhões de reais, sendo que para a PRC foi 15 milhões, é isso? Márcio Faria:- Doutor, é o seguinte, o acordo foi feito com o Janene, na época dos pagamentos das vantagens indevidas ele já tinha falecido e aí foi pago, o agente que o substituiu foi o Alberto Youssef, então foi pago para o Alberto Youssef, a grande maioria através da OAS, nós pagamos ao Paulo Roberto, eles fizeram uma divisão entre eles que era mais ou menos 50/50 e para a diretoria de serviços nós pagamos através do Barusco, senhor Pedro Barusco, que era um gerente lá da área ligado ao Renato Duque, e esse dinheiro que era pago a ele, ele dizia que, é público, que tinha uma divisão do que eles chamavam de casa e o que eles chamavam, a outra diferença ia para o partido dos trabalhadores. (...) Defesa:- Pela defesa de Agenor Medeiros. Na verdade a minha pergunta é mais um esclarecimento, no contrato da RNEST, pelo que eu entendi que o senhor falou, a OAS ficou encarregada de pagar ao Paulo Roberto

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Costa, que era da diretoria de abastecimento, e a Odebrecht ficou encarregada de pagar o PT, é isso? Serviços. Márcio Faria:- Olha, a parte da RNEST foi dividido também os pagamentos entre nós e a OAS, a OAS pagou basicamente ao senhor Alberto Youssef, que pagava ao Paulo Roberto Costa, porém eu acho que nós pagamos um pouco também dentro da divisão para o Paulo Roberto Costa, porque a OAS pagou o que era devido, vamos chamar, politicamente ao PP através do Alberto Youssef e nós pagamos para o Paulo Roberto Costa diretamente. Defesa:- E a parte do PT foi só a Odebrecht? Márcio Faria:- A parte do PT, pelo que eu entendo, foi só a Odebrecht que pagou. Defesa:- Só a Odebrecht? Márcio Faria:- Se o senhor me der um tempinho eu lhe respondo já, nós pagamos também através...., uma grande parte foi feita pelo Paulo Roberto, foi exatamente isso, e quanto à diretoria de serviços eu já respondo para o senhor, a parte da diretoria de serviços foi paga 100% pela Odebrecht. Defesa:- 100%? Márcio Faria:- Foi. Defesa:- A OAS não pagou? Márcio Faria:- Não pagou.” Vê-se que existem diversos elementos de prova – dois deles que surgiram apenas recentemente (declaração de João Vaccari e depoimento de Márcio Faria sob o compromisso de dizer a verdade) – que desautorizam a versão criada pelos corréus Léo Pinheiro e Agenor Franklin. Da mesma forma que este Tribunal deixou de imputar a prática de crime por atos concernentes ao Consórcio CONPAR, é devido o reconhecimento de que o PT não recebeu qualquer vantagem indevida da OAS em relação ao Consórcio RNEST/CONEST. Por conseguinte, não haveria como a OAS ter empregado valores decorrentes destes contratos no apartamento tríplex. Esse novo elemento de prova corrobora os elementos já existentes nos autos a demonstrar que não há qualquer vinculação dos fatos narrados pelo MPF com crimes praticados contra a Petrobras.

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Na verdade, o depoimento de Márcio Faria não deixa dúvidas de que o Juízo de piso é incompetente — como sempre foi afirmado pelo Embargante — e de que não houve crime de corrupção passiva/ativa referente Consórcio RNEST/CONEST. Rompeu-se, definitivamente, o liame de eventuais valores dispendidos no tríplex com os contratos da Petrobras. De rigor, pois, com base no art. 231, do CPP, que a Col. Turma Julgadora leve em consideração o depoimento prestado pelo Sr. Márcio Faria nos autos da Ação Penal nº 5021365-32.2017.4.04.7000/PR, em audiência realizada no dia 23/02/2018, o qual, pelos fundamentos já expostos, confirma a incompetência do Juízo e, ainda, a não ocorrência dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro imputados ao Embargante nestes autos.” (destaque no original)

Por fim, a discussão a respeito da cooperação informal entre

Brasil e EUA está claramente vinculada às teses anteriormente trazidas pela Defesa a

respeito da ausência de isenção dos colaboradores que prestaram depoimento neste

feito, bem como a respeito do cerceamento de defesa por parte do juízo de piso, como

elucidado na petição de evento 144. Exemplificativamente:

“Embora evidente a sombria linha de atuação da cooperação jurídica internacional entre Brasil e EUA – agora ainda mais evidente frente os fatos acima narrados -, como já trazido aos autos na razão de apelação e nos Embargos de Declaração, em diversas audiências, o Juízo a quo cerceou o exercício da defesa, em contrariedade à norma legal, permitindo que testemunhas não respondessem questões relacionadas à existência de negociações ou acordos de colaboração premiada com órgãos estrangeiros, como o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América. (...) Tenha-se em linha de conta que a Defesa, em audiência, apresentou contradita contra estas testemunhas, o que demonstra a oportuna contestação do conteúdo dos depoimentos, mas restaram todas indeferidas. Ocorre que os depoentes realizaram – ou estão em fase de negociação de – acordo de colaboração premiada, não apresentando a isenção necessária de uma testemunha, na forma da lei. De fato, possuem interesses que visam à manutenção de benefícios negociados com o Ministério Público Federal. Apesar da questão de ordem arguida, o Juízo decidiu pela manutenção do depoimento de tais testemunhas, entendendo que a Lei nº 12.850/2013

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não exime o colaborador de dizer a verdade em depoimentos e que seria tomado o compromisso. No entanto, no decorrer dos questionamentos por parte da Defesa, aquele magistrado isentou as testemunhas-colaboradoras de responderem quesitos defensivos, em flagrante contrariedade à norma processual penal que obriga a testemunha a responder a verdade sobre os fatos que sabe e lhe são perguntados. Naquela oportunidade, buscou-se apurar se tais testemunhas estavam em negociação ou haviam firmado acordo de colaboração premiada no exterior, o que reforçaria a suspeita de que seus depoimentos estavam direcionados, unicamente, à manutenção de seus privilégios contratados.”.

O salto interpretativo do art. 231 do CPP foi resolvido pelo

acórdão embargado por meio da hipótese de preclusão consumativa.

Ocorre que a jurisprudência do Col. Superior Tribunal de Justiça

pacificou entendimento segundo o qual a preclusão consumativa decorre do “princípio

da unirrecorribilidade recursal, que prescreve a impossibilidade da mesma parte

manejar mais de um recurso contra o mesmo ato judicial” (HC nº 250.202/SP).

Ora, Excelência, foi apresentada uma única peça de embargos de

declaração, com a posterior juntada de documentos novos e pertinentes às teses

defensivas, na forma prevista pelo art. 231 do CPP.

Portanto, não há que se falar em violação do princípio da

unirrecorribilidade recursal e, por conseguinte, em preclusão consumativa.

O Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZE e o Desembargador

Convocado CAMPOS MARQUES no julgamento do HC nº 250.202/SP, decidiram que não

caberia saltar o exame do art. 231 do CPP para declaração de preclusão

consumativa na apresentação de documentação nova sobre ponto já deduzido nas

razões recursais:

Excerto do voto do Desembargador Convocado Campos Marques:

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Inicialmente, esclareço que não diviso, na espécie, violação ao princípio da unirrecorribilidade ou da unicidade recursal. Na minha compreensão, fora interposto um único recurso de apelação, com a posterior juntada de documentos pela defesa no intuito de esclarecer e comprovar seus fundamentos. Aliás, apreciando os argumentos assinalados no acórdão combatido, parece-me que, de fato, a documentação apresentada era pertinente à tese defensiva, notadamente diante das afirmações do Tribunal Regional Federal no sentido de que "não fora trazida aos autos documentação comprobatória de que as dificuldades financeiras vivenciadas pela empresa à época sejam diferentes daquelas comuns à atividade de risco, de modo a caracterizar a inexigibilidade de conduta diversa" Ora, a inconveniência dos documentos juntados pela parte não foi decretada na espécie. O Tribunal Regional, na análise dos aclaratórios, elucidou somente que os elementos acostados aos autos, além de não serem contemporâneos ao fato supostamente criminoso, foram apresentados quando já esgotada a possibilidade de se comprovar eventual dificuldade financeira da empresa Excerto do voto do Ministro Marco Aurélio Bellizze: “Na verdade, se se pode afirmar que a apresentação, ainda que intempestiva, das próprias razões do apelo não prejudicam o conhecimento do inconformismo, considerando-se tal fato mera irregularidade, conforme aponta a pacífica jurisprudência desta Corte (5ª Turma, HC n.º 204.099/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 28/10/2011), a protocolização de documentos na fase recursal ordinária, sobre ponto já deduzido nas respectivas razões, não poderiam ficar, como consectário lógico e em homenagem ao princípio da ampla defesa, à margem da análise pelo Tribunal a quo.”

Assim, para que não paire pecha de cerceamento de defesa na espécie, entendo necessário o retorno dos autos para que, anulando-se os julgamentos proferidos, o Tribunal Federal da 3ª Região realize nova análise, como entender de direito, da apelação criminal com os documentos juntados pela defesa.” (destacamos).

Mostra-se necessário que o Egrégio Tribunal supra a omissão

consistente na não apreciação de prova documental apresentada em consonância com o

que dispõe o art. 231 do CPP. É o que se requer.

Page 38: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - abrilveja.files.wordpress.com · autos do apelo em epígrafe, agora em fase de embargos declaratórios, cujos trâmites se dão por essa Colenda Corte Regional

JOSÉ ROBERTO BATOCHIO

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– IV –

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o que se requer é que sejam conhecidos

e acolhidos estes segundos embargos de declaração para o fim de suprir as omissões e

obscuridades acima apontadas, na forma e para os efeitos da lei.

Atribuindo-se a estes aclaratórios efeitos infringentes, seja

reconhecida a nulidade apontada na preliminar que sustenta a suspeição do Magistrado,

ainda pendente de apreciação, ou, esclarecidas a omissão e as obscuridades, seja

reconhecida a atipicidade da conduta com relação ao delito de corrupção passiva. Por

fim, seja aplicado à espécie o art. 231 do CPP, para o efeito de se levar a efeito a

apreciação da documentação exculpatória acostada nos eventos 128 e 144,

comprobatória da inocência do Embargante, a menos que aqui o que menos importe seja

a inocência!

Termos em que,

Pede deferimento.

De São Paulo (SP) para Porto Alegre (RS), 10 de março de 2018.

CRISTIANO ZANIN MARTINS

OAB/SP 172.730

JOSÉ ROBERTO BATOCHIO

OAB/SP 20.685

VALESKA TEIXEIRA Z. MARTINS

OAB/SP 153.720

LUIS HENRIQUE P. SANTOS

OAB/SP 401.945

KAÍQUE RODRIGUES DE ALMEIDA

OAB/SP 396.470

SOFIA LARRIERA SANTURIO

OAB/SP 283.240

ALFREDO E. DE ARAUJO ANDRADE

OAB/SP 390.453

PAMELA TORRES VILLAR

OAB/SP 406.963