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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL EMERSON MARTINS DE ARAÚJO ANÁLISE DO COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DO CONCRETO SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS POR MEIO DE SIMULAÇÕES NUMÉRICAS ANGICOS - RN 2019

EMERSON MARTINS DE ARAÚJO - repositorio.ufersa.edu.br

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS

CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

EMERSON MARTINS DE ARAÚJO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DO CONCRETO

SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS POR MEIO DE SIMULAÇÕES

NUMÉRICAS

ANGICOS - RN 2019

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EMERSON MARTINS DE ARAÚJO

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DO CONCRETO

SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS POR MEIO DE SIMULAÇÕES

NUMÉRICAS

Trabalho Final de Graduação apresentado

a Universidade Federal Rural do Semi-

árido como requisito para obtenção do

título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Wendell Rossine

Medeiros de Souza

ANGICOS - RN 2019

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© Todos os direitos estão reservados a Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo desta obra é de inteiraresponsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leisque regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos Autorais: Lei n°9.610/1998. O conteúdo desta obra tomar-se-á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectivaata. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a)sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Institutode Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecasda Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informaçãoe Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos deGraduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.

A658a Araújo, Emerson Martins de. Análise do comportamento termomecânico doconcreto submetido a altas temperaturas por meiode simulações numéricas / Emerson Martins deAraújo. - 2019. 85 f. : il.

Orientador: Wendell Rossine Medeiros de Souza. Monografia (graduação) - Universidade FederalRural do Semi-árido, Curso de Engenharia Civil,2019.

1. Concreto em altas temperaturas. 2.Comportamento termomecânico. 3. Método doselementos finitos. 4. Argamassa de vermiculita.I. Souza, Wendell Rossine Medeiros de, orient.II. Título.

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Aos meus pais, Silvaneide Pereira de

Araújo e Edson Martins de Oliveira

Júnior, por todo o amor e completo apoio

nessa caminhada.

A Maria Fátima de Azevedo, a quem

considero minha segunda mãe, por todo o

amor e o apoio necessários durante esses

anos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela dádiva que é a vida, pela saúde e sabedoria

que me foram dadas, e pela força necessária durante essa longa caminhada de

estudos.

A minha mãe Silvaneide Pereira de Araújo, que nunca parou de lutar para que eu

chegasse onde cheguei, que apoiou e incentivou os meus estudos, e me deu todo o

carinho e amor necessários tanto nos tempos fáceis quanto nos tempos difíceis. Mãe,

eu te amo e te admiro mais do que tudo.

A Maria Fátima de Azevedo, que mesmo não tendo nenhum parentesco comigo,

considero como a minha segunda mãe. Serei eternamente grato por todo o carinho e

amor que você me deu ao longo da minha vida. O amor que tenho por ti é imenso.

Ao meu pai Edson Martins de Oliveira Júnior, por todo o apoio e incentivo, sempre

trabalhando duro para que eu pudesse realizar meus sonhos, sinto muito orgulho e

admiração por você, te amo meu pai.

Agradeço a família que consegui formar em Angicos durante esse curso, meus amigos

e irmãos, Matheus Carlyelton, Lucas Araújo, Gustavo Fernandes, Luís Eduardo,

Niarkus Xavier, Ayrton Fonseca. Serei eternamente grato a vocês e a casa Glamour,

por tantas histórias boas que construímos.

Um agradecimento especial a Sulamita Bezerra, por toda a ajuda e companheirismo

durante esse trabalho, seu apoio foi fundamental para que as coisas tenham dado

certo. Te desejo todo o sucesso do mundo, porque você merece.

As grandes amizades que pude formar durante 5 anos de curso, Cecília Alves,

Italinara Rayne, Anyele Lopes, Letícia Costa, Eduarda Duane, Willamy Carlos.

Agradeço por todos os momentos compartilhados e espero que continuemos juntos

no futuro, sou muito grato por ter conhecido vocês e tenho certeza que todos serão

grandes profissionais.

Ao meu orientador Wendell Rossine pela paciência, atenção, incentivo, dedicação e

disponibilidade durante a realização deste trabalho, desde a escolha do tema até a

reunião em que conseguimos nossos resultados. Foi uma honra trabalhar contigo.

Page 7: EMERSON MARTINS DE ARAÚJO - repositorio.ufersa.edu.br

Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Kleber Cavalcanti Cabral e Eng.

Deize Daiane Pinto Guilherme pela disponibilidade em avaliar o meu trabalho.

A esta universidade e a todos os professores, pela oportunidade e conhecimento

repassado para mim, muitos contribuíram bastante para a minha vida acadêmica e

formação, entre eles Klaus André, Kleber Cabral, Luis Henrique, Wendell Rossine,

Janaina Salustio, entre tantos outros.

Por fim, agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente, de longe ou de perto,

estiveram apoiando durante toda a caminhada e fazendo todo o esforço valer a pena.

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“Não confunda derrotas com fracasso nem

vitórias com sucesso. Na vida de um

campeão sempre haverá algumas

derrotas, assim como na vida de um

perdedor sempre haverá vitórias. A

diferença é que, enquanto os campeões

crescem nas derrotas, os perdedores se

acomodam nas vitórias”

(ROBERTO SHINYASHIKI)

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RESUMO

O concreto apresenta bom desempenho quando submetido a elevadas temperaturas, pois apresenta baixa condutividade térmica, incombustibilidade e não expele gases tóxicos. No entanto, existem incêndios que provocam redução nas propriedades mecânicas dos elementos estruturais, podendo inclusive levar a edificação ao colapso total. Diante disso, surgiram inúmeras pesquisas sobre as medidas de proteção ativa e principalmente passiva contra incêndios, entre elas o revestimento do concreto com uma camada de argamassa com vermiculita, que possui boas propriedades térmicas e pode auxiliar na redução da perda de resistência e aumentar o tempo de evacuação da edificação. Este trabalho consiste na construção de modelos computacionais através do método dos elementos finitos, que são capazes de simular numericamente corpos de prova de concreto submetidos a altas temperaturas. No total foram elaborados 4 modelos, cujo carregamento consiste em uma curva com taxa de aquecimento constante de 27,4ºC/min até a temperatura máxima de 800ºC, e que se diferenciam entre si pela espessura da argamassa aplicada como revestimento, cujos valores são de 0,0 cm, 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm. Com isso, foi possível analisar o comportamento termomecânico do concreto nas temperaturas de 300ºC, 500ºC e 800ºC, no que diz respeito a distribuição de temperatura e de tensões para o interior dos corpos de prova, bem como a influência da argamassa com vermiculita na proteção do concreto e da sua armadura contra a ação das altas temperaturas. Os resultados das simulações mostraram que a camada de argamassa é favorável à proteção do concreto nessas situações, visto que claramente há uma redução nas temperaturas atingidas em todas as regiões do concreto. Percentualmente, a redução foi de respectivamente 4,64%; 7,78% e 10,29% para os cobrimentos de 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm, na parede externa do concreto, chegando a 11,19% na armadura. Entretanto, a argamassa não atrasou consideravelmente o avanço da temperatura, reduzindo no máximo 3 minutos para que a armadura alcançasse os 500ºC. Devido ao confinamento, as tensões de tração no interior do concreto são maiores à medida que a espessura de cobrimento aumenta, porém elas são resistidas pela armadura, que possui alta resistência a tração. Entretanto, na região de cobrimento de concreto para a armadura, onde não há aço, para espessuras maiores, pode ocorrer uma inversão de tensão de compressão para tração, e isso pode prejudicar o comportamento termomecânico naquela região. Palavras-Chave: Concreto em altas temperaturas; comportamento termomecânico; método dos elementos finitos; argamassa de vermiculita.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Incêndio na Boate Kiss em Santa Maria - RS ........................................... 20

Figura 2: Incêndio no Museu Nacional do Brasil ...................................................... 20

Figura 3: Incêndio em Natal-RN ............................................................................... 21

Figura 4: Mecanismos de transferência de calor ...................................................... 22

Figura 5: Fases de um incêndio real ........................................................................ 24

Figura 6: Curva-padrão ISO 834 (1975) ................................................................... 26

Figura 7: Curva-padrão ASTM E119 (1918) ............................................................. 26

Figura 8: Curva-padrão H (hydrocarbon curve) ........................................................ 27

Figura 9: Curva de Incêndio Natural ......................................................................... 28

Figura 10: Equipamentos de proteção ativa contra incêndios .................................. 30

Figura 11: Detalhe da zona de transição .................................................................. 31

Figura 12: Projeto de combate a incêndio ................................................................ 32

Figura 13: Redução da resistência em função da temperatura e do agregado ........ 36

Figura 14: Laje após uma situação de incêndio ....................................................... 37

Figura 15: Alterações na cor e resistência do concreto em aquecimento ................ 39

Figura 16: Redução do módulo de elasticidade com o aumento de temperatura ..... 40

Figura 17: Cubo de Tensões .................................................................................... 41

Figura 18: Média de resistência a compressão por tipo de resfriamento ................. 43

Figura 19: Vermiculita em seu estado normal/ Vermiculita Expandida ..................... 45

Figura 20: Elemento ou radiano axissimétrico.......................................................... 51

Figura 21: Coordenadas dos pontos do modelo base .............................................. 51

Figura 22: Definição das linhas do modelo base ...................................................... 52

Figura 23: Definição da superfície do modelo base ................................................. 52

Figura 24: Curva de aquecimento ............................................................................ 53

Figura 25: Função tempo que define o carregamento .............................................. 54

Figura 26: Definição da linha modelo ....................................................................... 55

Figura 27: Matriz de resultados ................................................................................ 56

Figura 28: Elemento com acréscimo da camada de revestimento, em vermelho .... 57

Figura 29: Perfil térmico do modelo sem revestimento ao longo do tempo .............. 60

Figura 30: Distribuição de temperatura nos modelos sem revestimento aos 10

minutos, 17 minutos e 28 minutos ............................................................................. 60

Figura 31: Tensão tangencial no modelo sem revestimento ao longo do tempo...... 61

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Figura 32: Tensão radial no modelo sem revestimento ao longo do tempo ............. 62

Figura 33: Cisalhamento no modelo sem revestimento ao longo do tempo ............. 63

Figura 34: Perfil térmico do modelo com 1,5 cm de revestimento ............................ 64

Figura 35: Perfil térmico do modelo com 3,0 cm de revestimento ............................ 64

Figura 36: Perfil térmico do modelo com 4,5 cm de revestimento ............................ 65

Figura 37: Comparação dos perfis térmicos para as diferentes espessuras de

argamassa aos 10 minutos de aquecimento ............................................................. 66

Figura 38: Comparação dos perfis térmicos para as diferentes espessuras de

argamassa aos 17 minutos de aquecimento ............................................................. 66

Figura 39: Comparação dos perfis térmicos para as diferentes espessuras de

argamassa aos 28 minutos de aquecimento ............................................................. 67

Figura 40: Redução na temperatura em função da espessura do cobrimento ......... 68

Figura 41: Tensão tangencial para os diferentes cobrimentos aos 300ºC ............... 69

Figura 42: Tensão tangencial para os diferentes cobrimentos aos 500ºC ............... 69

Figura 43: Tensão tangencial para os diferentes cobrimentos aos 800ºC ............... 70

Figura 44: Tensão radial para os diferentes cobrimentos aos 300ºC ....................... 71

Figura 45: Tensão radial para os diferentes cobrimentos aos 500ºC ....................... 71

Figura 46: Tensão radial para os diferentes cobrimentos aos 800ºC ....................... 72

Figura 47: Cisalhamento nos modelos revestidos com 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm

submetidos à temperatura de 800ºC ......................................................................... 73

Figura 48: Cisalhamento para os diferentes cobrimentos aos 300ºC ....................... 73

Figura 49: Cisalhamento para os diferentes cobrimentos aos 500ºC ....................... 74

Figura 50: Cisalhamento para os diferentes cobrimentos aos 800ºC ....................... 74

Figura 51: Influência do tempo de exposição e da espessura da argamassa de

revestimento na temperatura atingida na armadura .................................................. 76

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: TRRF segundo a NBR 14432 (2001) ........................................................ 29

Tabela 2: Transformações sofridas pela pasta de cimento durante o aquecimento . 35

Tabela 3: Relação da temperatura com a coloração do concreto............................. 38

Tabela 4: Reduções da resistência, limite de elasticidade e módulo de elasticidade

do aço de armadura passiva, com relação a temperatura ........................................ 42

Tabela 5: Lista de Modelos Criados ......................................................................... 50

Tabela 6: Tempo necessário para a armadura chegar aos 500ºC ........................... 76

Tabela 7: Temperatura média na armadura aos 28 minutos para cada espessura de

revestimento .............................................................................................................. 77

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES

ºC Graus Celsius

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

Al Alumínio

ASTM American Society for Testing and Materials

CaCO3 Carbonato de Cálcio

CaO Óxido de Cálcio

C-A-S-H Silicoaluminato de Cálcio Hidratado

CH Hidróxido de Cálcio, Portlandita

cm Centímetros

CO2 Dióxido de Carbono

C-S-H Silicato de Cálcio Hidratado

𝐸𝑐,20 ֯𝐶 Módulo de elasticidade do concreto em temperatura ambiente

𝐸𝑐,𝜃 Módulo de elasticidade do concreto em temperatura elevada

EN Euronormme (European Standard)

Eq. Equação

Fe Ferro

Curva “H” hydrocarbon curve

GPa Gigapascal

H Hidrogênio

ISO International Organization for Standardization

J Joule

K Kelvin

𝑘 Condutividade térmica do material

𝑘𝑐𝐸,𝜃 Redução do módulo de elasticidade em função da temperatura

Kg Quilograma

Ks,θ Redução da resistência do aço em função da temperatura

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KsE,θ Redução do módulo de elasticidade do aço

Ksp,θ Redução do limite de elasticidade do aço

m Metro

m² Metro quadrado

m³ Metro cúbico

MEF Método dos elementos finitos

Mg Magnésio

min Minutos

mm Milímetros

MPa Megapascal

MPCI Medidas de proteção contra incêndio

N Newton

NB Norma Brasileira

NBR Norma Brasileira Regulamentadora

O Oxigênio

Pa Pascal

RN Rio Grande do Norte

RS Rio Grande do Sul

Si Silício

SI Sistema Internacional de Unidades

TMC Thermo-mechanical coupling

TRF Tempo de Resistência ao Fogo

TRRF Tempo Requerido de Resistência ao Fogo

UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido

W Watts

𝜃𝑔 Temperatura dos gases no ambiente em chamas

σ Tensão normal

τ Tensão de cisalhamento

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 16

1.1. OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 17

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 17

1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................... 18

2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 19

2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE INCÊNDIOS ........................................ 19

2.2. O INCÊNDIO ................................................................................................... 22

2.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR ....................................................................... 22

2.3.1. Condução de Calor .................................................................................... 23

2.3.2. Convecção de Calor ................................................................................... 23

2.3.3. Radiação de Calor ...................................................................................... 23

2.4. MODELOS MATEMÁTICOS DE INCÊNDIOS................................................. 24

2.4.1. Incêndio Real .............................................................................................. 24

2.4.2. Incêndio Padrão ......................................................................................... 25

2.4.3. Incêndio Natural ......................................................................................... 27

2.5. TEMPO REQUERIDO DE RESISTÊNCIA AO FOGO (TRRF) ........................ 28

2.5.1. Tempo de Resistência ao Fogo (TRF) ...................................................... 29

2.6. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO (MPCI) .............................. 29

2.7. COMPORTAMENTO DO CONCRETO SOB ALTAS TEMPERATURAS ........ 30

2.7.1. Efeito da temperatura nas propriedades térmicas do concreto............. 32

2.7.2. Efeito da temperatura na pasta de cimento hidratada ............................ 34

2.7.3. Efeito da temperatura nos agregados ...................................................... 35

2.7.4. Efeito da temperatura nas propriedades físicas do concreto ................ 36

2.7.5. Efeito da temperatura nas propriedades mecânicas do concreto ......... 39

2.7.6. Tensões mecânicas no concreto aquecido ............................................. 40

2.7.7. Efeitos da temperatura na armadura do concreto................................... 42

2.8. INFLUÊNCIA DO MODO DE RESFRIAMENTO ............................................. 42

2.9. CONSIDERAÇÕES SOBRE A VERMICULITA ............................................... 43

2.9.1. Propriedades e Aplicações ....................................................................... 45

2.9.2. Vermiculita como agregado leve .............................................................. 46

2.9.3. Argamassa com adição de vermiculita .................................................... 46

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2.10. SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DO

CONCRETO SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS ......................................... 47

3. METODOLOGIA DA SIMULAÇÃO ................................................................. 49

3.1. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS .......................................................... 49

3.2. DESCRIÇÃO DOS MODELOS ........................................................................ 49

3.3. MODELO BÁSICO SEM REVESTIMENTO..................................................... 50

3.3.1. Geometria do modelo ................................................................................ 51

3.3.2. Carregamento ............................................................................................. 52

3.3.3. Materiais ...................................................................................................... 54

3.3.4. Definição das malhas ................................................................................. 54

3.3.5. Simulação ................................................................................................... 55

3.4. MODELOS COM ADIÇÃO DA CAMADA DE REVESTIMENTO ..................... 56

3.4.1. Geometria, Carregamento e Materiais do modelo ................................... 57

3.4.2. Definição das malhas e simulação ........................................................... 58

3.5. ANÁLISE TÉRMICA NA ARMADURA DO CONCRETO ................................. 58

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 59

4.1. ANÁLISE DO MODELO BÁSICO SEM REVESTIMENTO .............................. 59

4.2. INFLUÊNCIA DA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO NO

COMPORTAMENTO DO CONCRETO ..................................................................... 63

4.3. INFLUÊNCIA DA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO NO

COMPORTAMENTO DA ARMADURA DO CONCRETO ......................................... 75

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 78

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 81

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16

1. INTRODUÇÃO

Milhares de incêndios acontecem anualmente no Brasil e no mundo, afetando

construções industriais, residenciais e comerciais. Os danos causados vão desde

simples manchas causadas pela fumaça, até consideráveis perdas humanas ou

materiais, como a perda da resistência dos elementos estruturais e até o colapso total

da edificação (LORENZON, 2014).

O concreto é um dos materiais mais utilizados na construção civil, empregado

em diversos tipos de estruturas. Esse material apresenta boa resistência e bom

desempenho quando submetido a condições de elevadas temperaturas, em

comparação a outros materiais, como o aço, por exemplo. Esse comportamento é

explicado principalmente pelas suas características de baixa condutividade térmica,

incombustibilidade e por não expelir gases tóxicos. Porém, existem casos de

incêndios onde o cenário se torna insustentável e as propriedades mecânicas do

concreto são tão reduzidas que podem levar ao colapso estrutural (SILVA, 2013).

Diante desse cenário, surgiram vários estudos e pesquisas nos últimos anos

com o intuito de diminuir e/ou retardar a perda de resistência do concreto,

principalmente no que diz respeitos aos meios de proteção passiva contra incêndio,

pois estes, diferentemente dos meios de proteção ativa, como extintores e hidrantes,

não necessitam ser acionados para ajudar no combate à essas situações. A proteção

passiva atua principalmente de forma a diminuir o tempo para evacuação, e consiste

em escadas, portas corta-chamas, pintura anti-fogo, entre outros materiais (SEITO et

al., 2008).

Recentemente surgiram pesquisas sobre argamassas leves para revestimento,

com substituição ou adição de agregados leves em relação aos tradicionais. O

trabalho de Barros (2018), por exemplo, estuda o desempenho termomecânico de

uma argamassa para revestimento com substituição parcial do agregado miúdo por

vermiculita expandida. Os resultados do trabalho mostraram que essa argamassa

apresenta boas propriedades térmicas e bom desempenho nas situações de alta

temperatura, atendendo aos padrões de desempenho exigidos na NBR 15575.

Apesar da existência de inúmeros estudos sobre as propriedades

termomecânicas do concreto, poucos relatam a respeito da influência do revestimento

com argamassas nestas propriedades. Assim, surge o questionamento sobre até que

ponto o revestimento do concreto com uma argamassa que apresenta boas

Page 18: EMERSON MARTINS DE ARAÚJO - repositorio.ufersa.edu.br

17

propriedades termomecânicas pode contribuir para melhorar o seu comportamento

termomecânico quando submetido a altas temperaturas.

O objetivo deste trabalho é, então, analisar o comportamento termomecânico

de concretos revestidos e não revestidos com a argamassa de vermiculita, submetidos

à elevadas temperaturas, sendo possível ao final do trabalho avaliar a distribuição de

temperatura e de tensões mecânicas para o interior do concreto nas diversas

situações. Como também, a influência do revestimento argamassado na proteção do

concreto nessas situações, bem como averiguar a temperatura alcançada na posição

da armadura do concreto.

O trabalho tem grande importância, pois pretende estudar a contribuição que o

revestimento do concreto com a argamassa de vermiculita em substituição ao

agregado influencia na proteção passiva do concreto sob altas temperaturas. Estudos

dessa amplitude podem apresentar soluções para minimizar a redução de

propriedades mecânicas do concreto nessas situações, além de aumentar o tempo de

evacuação da edificação.

1.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do trabalho é analisar o comportamento termomecânico do

concreto quando submetido à elevadas temperaturas, utilizando de simulações

numéricas pelo método dos elementos finitos.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar o comportamento termomecânico de corpos de prova de concreto não

revestidos, submetidos a temperaturas de 300ºC, 500ºC e 800ºC com uma taxa

de aquecimento de 27,4ºC/min; no que diz respeito a distribuição de

temperatura e a atuação das tensões tangenciais, radiais e de cisalhamento;

Verificar a influência do revestimento argamassado na proteção do concreto,

quando a espessura de cobrimento é de 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm; comparando

o avanço da temperatura e a atuação das tensões entre os modelos;

Examinar a influência do revestimento argamassado na redução da

temperatura média máxima alcançada na posição teórica da armadura do

concreto, definida em 2,5 cm a partir da parede externa do concreto.

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18

1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

De forma a atingir os objetivos propostos, o presente trabalho está estruturado

da seguinte maneira: o capítulo 1 contém a introdução e os objetivos do trabalho, a

organização metodológica e as justificativas da pesquisa. O capítulo 2 apresenta a

fundamentação teórica na qual se baseia o estudo. No capítulo 3, são mostrados os

procedimentos metodológicos que foram utilizados para a realização das simulações

e obtenção dos resultados. No capítulo 4 mostramos os resultados obtidos com as

simulações, e as principais discussões acerca dos aspectos que os envolvem. Por fim,

o capítulo 5 apresenta as conclusões e considerações finais referentes ao estudo

realizado bem como as sugestões para trabalhos futuros.

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19

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo tem como objetivo principal apresentar os aspectos teóricos sobre

os incêndios e as alterações nas propriedades do concreto promovidas pelas altas

temperaturas.

2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE INCÊNDIOS

Os incêndios acontecem anualmente em edificações industriais, comerciais e

habitacionais. Os danos por eles provocados podem variar desde uma simples

mancha devido à fumaça, até consideráveis perdas materiais e/ou humanas, como a

destruição total da edificação provocada pela combustão, ou mais comumente pela

perda de resistência dos elementos estruturais de concreto. Essa perda estrutural

depende do grau de criticidade do incêndio, e pode comprometer a edificação com

fissuras, trincas e deformações indesejadas (LORENZON, 2014).

No âmbito global, estudos acerca dos efeitos do fogo em estruturas de concreto

são realizados desde o século XIX, sendo que de início eram voltados para concretos

de resistência normal sob altas temperaturas. Contudo, com a chegada da

modernidade e o surgimento de diversas inovações, o número de pesquisas sobre o

tema cresceu consideravelmente nos últimos tempos, abordando concretos de alta

resistência em conformidade com normas técnicas sobre o desempenho de estruturas

de concreto em situações de incêndio (KLEIN JÚNIOR, 2011).

Já no que diz respeito ao Brasil, as pesquisas relacionadas ao assunto são

mais recentes, sendo desenvolvidas a partir da publicação na norma NB 503 (1977) –

“Exigências particulares das obras de concreto armado e protendido em relação à

resistência ao fogo”. Sendo assim, as publicações e normas brasileiras sobre o tema

são principiantes se comparadas à países como Japão, Reino Unido, Estados Unidos

e Suécia (COSTA, 2008).

A importância da segurança em estruturas de concreto contra situações de

incêndio passou a ser mais discutida na mídia brasileira recentemente, principalmente

devido à ocorrência da tragédia na Boate Kiss (Figura 1) em Santa Maria – RS, cujo

incêndio foi provocado por imprudência aliada à más condições de segurança. Apesar

de não causar danos estruturais consideráveis, o incêndio levou a morte de 242

pessoas, fato que provocou uma certa conscientização da população brasileira sobre

a segurança nas edificações do país contra os incêndios (COSTA et al., 2016).

Page 21: EMERSON MARTINS DE ARAÚJO - repositorio.ufersa.edu.br

20

Figura 1: Incêndio na Boate Kiss em Santa Maria - RS

Fonte: AP/Agência RBS (2013).1

Além de proteger a vida humana, a segurança contra incêndios em edificações

também tem objetivo de proteção ao patrimônio, visto que os custos de reparo são

elevados. Existem também preocupações quanto aos danos indiretos, como a

paralisação das atividades de prédios comerciais, e também quanto à proteção de

patrimônios históricos. Dois casos recentes que podem explicar essas preocupações

são os incêndios que aconteceram no Mercado Público de Porto Alegre em 2013 e no

Museu Nacional do Brasil (Figura 2), no Rio de Janeiro em 2018.

Figura 2: Incêndio no Museu Nacional do Brasil

Fonte: Reuters/Ricardo Marques (2013).2

1 Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/fotos/2013/01/veja-fotos-da-tragedia-em-boate-do-rs.html/>. Acesso em: 04 mar. 2019. 2 Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/cedae-nega-falta-dagua-no-combate-a-incendio-no-museu-nacional/>. Acesso em: 04 mar. 2019.

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No âmbito regional, um caso que ganhou bastante notoriedade foi o incêndio

que ocorreu em setembro de 2011 no 11º andar do Condomínio Residencial Alto do

Tirol (Figura 3), que está localizado na cidade de Natal-RN. Logo após o início das

chamas o prédio foi evacuado e o sistema de combate a incêndio, que era composto

por portas corta-fogo, sprinklers, hidrantes e extintores, começou a funcionar. Porém,

foi relatado pelos bombeiros que a reserva hídrica do prédio era insuficiente e o

sistema apresentou problemas após certo tempo. O laudo técnico não identificou

nenhuma irregularidade no projeto de combate a incêndio, mas recomendou uma

atualização. Com relação aos danos, o laudo apurou que estes foram praticamente

restritos ao apartamento em que o sinistro aconteceu, não havendo danos a estrutura,

com exceção de parte da laje de forro desse apartamento (CONISA, 2011; TRIBUNA

DO NORTE, 2011).

Figura 3: Incêndio em Natal-RN

Fonte: Tribuna do Norte (2011).3

Portanto, a proteção da edificação quanto ao incêndio deve ser prevista para

os projetos arquitetônicos, complementares e também para o projeto estrutural, pois

os elementos perdem bastante resistência e elasticidade quanto submetidos à

elevadas temperaturas, propiciando condições favoráveis para um colapso parcial ou

total da edificação (COSTA; STUCCHI; SILVA, 2005).

3 Disponível em: <http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/incendio-atinge-10o-andar-no-edificio-torre-do-tirol/196247>. Acesso em: 05 mar. 2019.

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2.2. O INCÊNDIO

Um incêndio pode ser caracterizado como a situação que ocorre quando o fogo

foge do controle humano, podendo ocasionar prejuízos materiais e humanos. O fogo

é um processo químico exotérmico de oxidação caracterizado pela emissão de luz e

calor, sendo explicado, segundo Britez e Costa (2011), pela teoria do tetraedro do

fogo. De acordo com essa teoria o fogo é formado por 4 componentes: o calor, que

dá início ao incêndio; o comburente (oxigênio); o combustível que serve de

propagação do fogo, e a reação em cadeia, que torna o processo autossustentável.

A carga de incêndio é representada pela quantidade e tipo do material

combustível existente no compartimento em chamas, como materiais a base de

celulose ou de hidrocarbonetos, por exemplo (ZABEU, 2011).

Ainda de acordo com Zabeu (2011) existem dois tipos de combustão: a

combustão com chamas, que é caracterizada pela propagação do fogo pelo material

combustível através da difusão de chamas; e a combustão sem chamas, que é

caracterizada pela propagação do fogo por meio da radiação de calor em sólidos

compostos de carbono.

2.3. TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Antes de entender como um incêndio afeta os elementos estruturais de uma

edificação, é necessário saber como este calor gerado é transferido para esses

elementos. Essa transferência de calor ocorre quando dois ou mais corpos possuem

diferentes temperaturas e estão sob certa proximidade, existindo três mecanismos

principais de transmissão: a condução, a convecção e a radiação, que estão

detalhados na Figura 4.

Figura 4: Mecanismos de transferência de calor

Fonte: Lorenzon (2014).

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2.3.1. Condução de Calor

A condução é um mecanismo de transferência de calor que ocorre entre corpos

(geralmente sólidos) que estão em contato direto. Nesse mecanismo, a energia

térmica é transferida do material de maior temperatura para o de menor temperatura,

agitando as moléculas e consequentemente elevando a energia cinética do material

de menor temperatura. Para materiais de boa condução, essa transferência acontece

através da interação dos elétrons livres existente nos corpos. Por isso, materiais que

possuem boa condutividade elétrica geralmente também possuem boa condutividade

térmica (LIMA, 2005).

2.3.2. Convecção de Calor

A convecção é o mecanismo que envolve a transferência de calor entre um

sólido e um fluido, através da movimentação desse fluido, que pode estar no estado

líquido ou gasoso. As partículas aquecidas tendem a se movimentar para os locais de

menor temperatura, dando oportunidade para as partículas que ainda não foram

aquecidas se aqueçam, mantendo o ciclo. Durante um incêndio, o calor transferido

por convecção contribui para o alastramento da chama e para o transporte da fumaça

e de gases quentes para outros ambientes e para fora do incêndio através das

aberturas, como portas e janelas (LIMA, 2005).

2.3.3. Radiação de Calor

A radiação é o mecanismo de transferência de calor que ocorre através de

ondas eletromagnéticas, que se propagam no vácuo existente entre corpos separados

no espaço. Assim, não há necessidade de os corpos estarem em contato direto para

que ocorra transmissão de calor, sendo este mecanismo bem exemplificado pela

radiação solar na Terra (LIMA, 2005).

De acordo com Costa (2008) a radiação incidente sobre um corpo não é

totalmente absorvida por ele, pois parte é transmitida ou refletida. Essa característica

de transmissão do calor radiante é chamada de emissividade, que é um valor variante

entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior a capacidade de emissão.

Para o concreto, por exemplo, o valor da emissividade é de 0,7.

Ainda segundo Lima (2005), a radiação é o principal mecanismo de

transferência de calor durante um incêndio, atuando através da difusão das chamas

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para as superfícies combustíveis, entre os gases quentes e os objetos da edificação

ou entre a própria edificação em que o incêndio está ocorrendo e as edificações

vizinhas.

2.4. MODELOS MATEMÁTICOS DE INCÊNDIOS

De acordo com Costa (2008), existem vários fatores que fazem com que as

situações de incêndio sejam bastante variáveis, desde o material combustível

existente no local do incêndio, a carga do incêndio, a geometria do compartimento

(tamanho, forma, piso, teto, etc), a existência de aberturas (portas e janelas), que

servem como saída e ventilação, e as propriedades termomecânicas dos materiais

constituintes dos elementos estruturais.

Diante das particularidades existentes em cada incêndio, Britez e Costa (2011)

afirmam que se torna difícil simular um incêndio real, surgindo assim os diversos

modelos matemáticos que relacionam a variação da temperatura em função do tempo

de exposição do incêndio, sendo estes modelos conhecidos como curvas-padrão de

incêndio.

2.4.1. Incêndio Real

No modelo de incêndio real ocorrem principalmente três etapas, a ignição do

fogo, o aquecimento e o resfriamento, sendo que o aquecimento ocorre de maneira

rápida a partir da ignição. As fases desse modelo de incêndio podem ser observadas

na Figura 5 (LORENZON, 2014).

Figura 5: Fases de um incêndio real

Fonte: Britez e Costa (2011).

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Na fase de ignição ocorre o início do incêndio, na qual a temperatura aumenta

gradualmente. Esta etapa oferece poucos riscos à segurança estrutural da edificação,

porém, a combustão de material pode provocar a geração de gases tóxicos que são

nocivos à vida humana. O combate ao incêndio na fase de ignição passa pela

presença de meios de proteção ativa, como chuveiros automáticos e hidrantes para

apagar as chamas primárias e iluminação de emergência para a saída segura das

pessoas da edificação (SOUSA; SILVA, 2015).

Caso o fogo não tenha sido totalmente extinto na fase de ignição, ocorre um

fenômeno de inflamação generalizada conhecido como “flashover” que dá início a fase

de aquecimento quando toda a carga combustível presente no ambiente entra em

combustão. A temperatura é elevada rapidamente até o seu máximo nessa fase,

podendo provocar danos estruturais nos elementos da edificação. Assim, se torna

imprescindível a presença de meios de proteção passiva contra incêndio, para facilitar

a evacuação e reduzir a perda de resistência estrutural (KLEIN JÚNIOR, 2011).

Depois que todo o combustível presente no ambiente de incêndio é consumido,

a temperatura dos gases sofre uma gradativa redução de temperatura, levando ao

ramo descendente da curva de incêndio real. Essa fase é conhecida como

resfriamento (COSTA; SILVA, 2002).

2.4.2. Incêndio Padrão

Conforme já citado anteriormente, o incêndio real é muito difícil de ser simulado

devido às particularidades de cada caso. Neste contexto surgiram várias curvas de

incêndio padrão do tipo temperatura-tempo dos gases, que podem indicar o

comportamento desses gases em um incêndio (KLEIN JÚNIOR, 2011).

Ao contrário do modelo anterior que possui um ramo ascendente e um

descendente, as curvas de incêndio padrão possuem apenas o ramo ascendente, ou

seja, consideram que a temperatura dos gases é sempre crescente durante o tempo

(SOUSA; SILVA, 2015).

Ainda que bastante utilizadas, essas curvas são bastante simplificadas e

devem ser analisadas com cuidado, significando apenas uma aproximação e não uma

representação completamente fiel da situação de incêndio. (VELARDE, 2008)

A curva-padrão mais utilizada em ensaios e normas é a ISO 834 (1975),

inclusive sendo recomendada pelas normas brasileiras NBR 5628 (2001) e NBR

14432 (2001). Essa curva está detalhada na Figura 6 e representa um incêndio típico

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em edificações com carga de incêndio exclusivamente representada por materiais

celulósicos, como papel, madeira, tecidos, etc (KLEIN JÚNIOR, 2011).

Figura 6: Curva-padrão ISO 834 (1975)

Fonte: ISO (1975).

Outra curva-padrão muito utilizada é a ASTM E119 (1918), que está

representada na Figura 7 e também considera a carga de incêndio da edificação

apenas para materiais celulósicos. Os países da América do Norte seguem

oficialmente essa curva na realização de seus ensaios (VELARDE, 2008).

Figura 7: Curva-padrão ASTM E119 (1918)

Fonte: Velarde (2008).

Nos casos de incêndios cuja carga é composta por materiais a base de

derivados de petróleo (hidrocarbonetos), a curva-padrão mais recomendada é a

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hydrocarbon curve (curva H) desenvolvida pela Eurocode 1 em 2002 e que pode ser

vista na Figura 8 (KLEIN JÚNIOR, 2011).

Figura 8: Curva-padrão H (hydrocarbon curve)

Fonte: Klein Júnior (2011).

Moreno Júnior e Molina (2012) questionam a ausência do ramo descendente

da curva, que representa a fase de resfriamento do incêndio real, pois seria nessa

fase que alguns elementos estruturais podem recuperar parte da sua rigidez e

resistência que foram perdidas durante a fase de aquecimento, corroborando com a

ideia anterior de que os modelos de incêndio padrão devem ser aplicados com devidos

cuidados.

2.4.3. Incêndio Natural

O modelo de incêndio natural consiste nas curvas de incêndio que simulam

com maior fidelidade o que realmente acontece durante um incêndio em uma

edificação, pois diferente dos modelos anteriores, as curvas de incêndio natural

consideram alguns fatores importantes, como a carga de incêndio, grau de ventilação,

geometria e característica térmica dos materiais (KLEIN JÚNIOR, 2011).

As curvas naturais também são conhecidas como compartimentadas, pois

através da sua formulação é possível determinar a temperatura de gases em

ambientes compartimentados, pois estes modelos consideram as características de

isolamento térmico, estanqueidade e estabilidade da vedação, impossibilitando o

incêndio de se propagar para fora dos compartimentos (SILVA, 1997).

As curvas de incêndio natural, como a da Figura 9, possuem o ramo

descendente que simula a fase de resfriamento do incêndio real (em tracejado), o que

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torna o modelo adequado para estudos avançados. Porém, por se tratar de um modelo

bem específico, ele acaba se tornando inviável para fazer uma curva para cada projeto

de edificação, pois cada uma tem suas particularidades, que aliadas ao alto custo de

ensaios, faz com que a recomendação seja para utilizar os modelos de curva-padrão

(KLEIN JUNIOR, 2011).

Figura 9: Curva de Incêndio Natural

Fonte: Silva (1997).

2.5. TEMPO REQUERIDO DE RESISTÊNCIA AO FOGO (TRRF)

O colapso de um elemento estrutural ocorre quando a temperatura a qual ele

está submetido é crítica ou máxima. Embora as curvas-padrão não apresentem o

ponto onde a temperatura é máxima, é possível atribuir um tempo para esta situação.

Com o intuito de garantir a segurança estrutural em situações de incêndio, o Tempo

Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) é o tempo mínimo em minutos que os

elementos estruturais precisam resistir quando submetidos à uma ação térmica em

ensaio de laboratório, sendo encontrado em códigos ou normas (COSTA, 2008).

De acordo com Seito et al. (2008), o TRRF leva em consideração a integridade,

estanqueidade e isolamento do elemento, e não pode ser confundido com o tempo de

desocupação, tempo de duração do incêndio ou o tempo-resposta do Corpo de

Bombeiros. A padronização do TRRF se dá pelo tipo de ocupação, carga do incêndio,

altura da edificação, além do risco de incêndio e suas consequências.

A NBR 14432 (2001) - “Exigências de resistência ao fogo de elementos

construtivos das edificações” estabelece os TRRF de acordo com a altura e a

ocupação da edificação para 30 minutos, 60 minutos, 90 minutos e 120 minutos,

conforme a Tabela 1 (COSTA, 2008).

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Tabela 1: TRRF segundo a NBR 14432 (2001)

Fonte: Adaptado de Seito et al. (2008).

Esse tempo é importante, segundo Martins (2000), para que haja possibilidade

de fuga dos ocupantes da edificação em segurança; segurança dos bombeiros que

estão combatendo o incêndio; e a minimização de danos às construções vizinhas e à

infraestrutura pública.

Existem ainda outros métodos de cálculo para o TRRF, como o método tabular

encontrado na NBR 15200 (2012) – “Projeto de estruturas de concreto em situações

de incêndio” e também o método do tempo equivalente do Corpo de Bombeiros de

São Paulo, demonstrado na Instrução Técnica nº 08/2011 – “Segurança estrutural nas

edificações – resistência ao fogo dos elementos de construção”.

2.5.1. Tempo de Resistência ao Fogo (TRF)

Corresponde ao tempo máximo que um elemento estrutural consegue manter

a sua função, antes de atingir um estado limite, que pode ser um colapso estrutural,

uma falha de integridade ou as deformações máximas admissíveis. A segurança do

elemento contra incêndios será satisfatória quando o seu TRF for maior ou igual ao

TRRF (KLEIN JÚNIOR, 2011).

2.6. MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO (MPCI)

De acordo com Seito et al. (2008), a segurança contra incêndio é dividida nos

seguintes grupos: Prevenção de incêndio, Proteção contra incêndio, Combate a

incêndio, Meios de escape e Gerenciamento. As medidas de prevenção dizem

respeito ao controle dos materiais, fontes de calor e treinamento das pessoas; as

medidas de proteção objetivam dificultar a propagação do fogo; e as medidas de

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combate compreendem tudo que é usado para combater o fogo, como extintores,

hidrantes, etc. Os meios de escape são geralmente medidas de proteção passiva,

como escadas, portas corta-fogo, entre outras, e as medidas de gerenciamento são

aqueles de administração, como treinamento de equipes.

Dentro das medidas de proteção contra incêndio existem as ativas e as

passivas. As medidas ativas (Figura 10) são compostas de equipamentos e

instalações prediais que podem ser acionados em casos emergenciais, seja de forma

automática ou manual, como extintores, hidrantes, chuveiros automáticos (sprinklers),

alarmes, etc. Já as medidas passivas não necessitam de um acionamento para

funcionarem, ou seja, elas atuam de forma livre para combater o incêndio, ajudando

para diminuir ou retardar a propagação das chamas. São exemplos de medidas

passivas a provisão de rotas de fuga seguras, sinalização adequada, portas corta-

fogo, pintura anti-chamas, argamassas leves com boas propriedades térmicas, etc

(SEITO et al., 2008).

Figura 10: Equipamentos de proteção ativa contra incêndios

Fonte: Tecno Fire – Segurança e combate a incêndio (2019).4

2.7. COMPORTAMENTO DO CONCRETO SOB ALTAS TEMPERATURAS

Apesar de possuírem boas propriedades térmicas, como incombustibilidade,

baixa condutividade térmica, e não emitirem gases tóxicos ao serem aquecidas, as

estruturas de concreto sofrem alterações físicas, químicas e mecânicas quando

4 Disponível em: <http://www.tecnofire.com.br/servicos/bombeiros/contrato-de-manutencao-preventiva-

e-corretiva/>. Acesso em: 04 mar. 2019.

Page 32: EMERSON MARTINS DE ARAÚJO - repositorio.ufersa.edu.br

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expostas a elevadas temperaturas, tanto do ponto de vista macroestrutural quanto do

microestrutural (SILVA, 2013).

No que diz respeito à macroestrutura, as principais alterações que o concreto

sofre são mudanças na coloração, principalmente aqueles constituídos de agregados

silicosos e calcários, devido à presença de ferro. Além disso, o aumento de

temperatura provoca perda na resistência mecânica e redução do módulo de

elasticidade. A perda da rigidez da estrutura e a grande heterogeneidade dos

materiais provoca uma degradação polifásica das estruturas de concreto (CÁNOVAZ,

1988; SILVA, 2013).

Do ponto de vista microscópico, há uma grande heterogeneidade entre as duas

fases (agregado e pasta de cimento) do concreto, principalmente na região conhecida

como zona de transição (Figura 11), que se localiza na interface entre a pasta e o

agregado, pois nesta região há acúmulo de água e consequentemente menor

resistência se comparada às outras fases do concreto (LIMA et al., 2004).

Figura 11: Detalhe da zona de transição

Fonte: Mehta e Monteiro (2008).

Conhecer a macro e microestrutura do concreto é muito importante para

entender como a exposição a elevadas temperaturas afeta suas propriedades, pois

tanto a pasta de cimento hidratada quanto o agregado se decompõem com o calor.

Além disso, outras variáveis devem ser levadas em consideração no estudo, como o

tempo de exposição e a temperatura máxima, as dimensões das peças estruturais, a

armadura de aço, o modo de aquecimento e de resfriamento, entre outros (MEHTA;

MONTEIRO, 2008; ZABEU, 2011).

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De posse desse conhecimento, os engenheiros se tornam capacitados para

desenvolverem projetos de combate a incêndio (Figura 12), garantindo os requisitos

mínimos de segurança para a estrutura.

Figura 12: Projeto de combate a incêndio

Fonte: Ferraz Simão – Projetos e Instalações (2019).5

Os próximos itens irão explicar com mais detalhes como as altas temperaturas

afetam as propriedades térmicas, físicas e mecânicas do concreto, e também os seus

efeitos nos dois componentes do concreto (pasta de cimento e agregados).

2.7.1. Efeito da temperatura nas propriedades térmicas do concreto

É de extrema importância estudar as propriedades térmicas do concreto sob

ação de altas temperaturas, visto que elas proporcionam uma estimativa de como

ocorre a distribuição dos gradientes de temperaturas dentro da estrutura de concreto,

auxiliando assim, no dimensionamento de estruturas que consideram ações térmicas

(LOREZON, 2014).

Todos os corpos reagem a variações de temperatura sofrendo alterações na

sua geometria, ou seja, na sua forma, área e volume. Geralmente, quando ocorre

aumento de temperatura os corpos sofrem dilatação, devido ao aumento na agitação

das moléculas que os constituem. Da mesma forma, os corpos geralmente sofrem

contração quando submetidos a um decréscimo de temperatura (SILVA, 2009).

O coeficiente de dilatação térmica representa a sensibilidade do material em

mudar de forma quando ocorre variação de temperatura. Essa propriedade do

5 Disponível em: < http://www.ferrazsimao.com.br/elaboracao-projeto-combate-incendio/>. Acesso em:

04 mar. 2019.

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concreto é influenciada pelos diferentes coeficientes de dilatação da pasta de cimento

e do agregado (SILVA, 2009).

Outra propriedade importante no estudo é a difusividade térmica, que

segundo Britez e Costa (2011) representa a taxa de fluxo de calor sob condições

térmicas transientes, ou seja, a facilidade que o concreto suporta mudanças de

temperatura. Essa propriedade se relaciona diretamente com o agregado utilizado no

concreto. O basalto, muito empregado no Brasil, possui menor difusividade térmica

em relação a outros agregados, contribuindo para uma maior estabilidade térmica.

A condutividade térmica diz respeito a capacidade de um material conduzir

calor e no concreto é diretamente relacionada ao tipo de agregado e ao grau de

saturação, sendo que concretos menos saturados possuem menor condutividade. Os

concretos leves apresentam baixa condutividade térmica, logo possuem melhor

desempenho ao fogo, uma vez que resistem mais do que concretos convencionais

(SILVA, 2009; NEVILLE, 1997).

De acordo com a NBR 15200: Projeto de estruturas de concreto em situação

de incêndio (ABNT, 2012), a relação entre condutividade térmica e temperatura pode

ser considerada constante, e possui um valor mínimo de 1,3 W/m.ºC.

O calor específico é uma propriedade bastante afetada pelas variações de

temperatura, pois é a capacidade que o material tem de absorver calor do meio

externo. Essa propriedade não é tão influenciada pelo tipo de agregado do concreto,

pois este possui valor semelhante ao calor específico da pasta, porém o seu valor

pode variar em função da umidade (SILVA, 2009; LORENZON, 2014). Segundo a

NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento (ABNT, 2004), o

concreto armado tem calor específico na ordem de 10-5/ºC.

De acordo com Ripper e Souza (1998), a massa específica do concreto sofre

uma redução devido ao aumento de temperatura, pois ocorre a evaporação da água

livre e o aumento de volume devido à expansão térmica. Silva (2009) acrescenta que

o aquecimento provoca um acréscimo de porosidade, que também é uma causa da

redução da massa específica.

A capacidade térmica volumétrica é a quantidade de calor necessária para

elevar uma unidade de temperatura em uma unidade de volume do material, e tem

unidade definida no Sistema Internacional como J/m³.K. Já a capacidade térmica de

massa é a quantidade de calor necessária para elevar uma unidade de temperatura

em uma unidade de massa do material, e no SI a sua unidade é J/kg.K. Para um

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material submetido a um fluxo de calor, quanto menor for o valor da capacidade

térmica, maior será a sua variação de temperatura.

2.7.2. Efeito da temperatura na pasta de cimento hidratada

O comportamento da pasta de cimento quando submetida à elevadas

temperaturas depende do grau de hidratação e do teor de umidade. Existem casos

em que a pasta é densa e outros em que ela é porosa. A presença do agregado graúdo

provoca descontinuidades na pasta, principalmente na região próxima ao mesmo,

conhecida como zona de transição, que apresenta menor resistência que o restante

do concreto (LORENZON, 2014).

A pasta contém elevada quantidade de água capilar e adsorvida, que ao

sofrerem evaporação, levam a um aumento de pressão de vapor no interior dos poros.

Nos concretos porosos, a pressão de vapor pode ser aliviada pela abertura desses

poros; no entanto, nos concretos mais compactos, o alívio de tensão é impedido,

provocando tensões localizadas que podem provocar o fenômeno de lascamento

(desplacamento) superficial ou spalling (SILVA, 2009).

A temperatura do concreto não aumenta até que toda a água evaporável tenha

sido removida, visto que para que a água se transforme em vapor é necessária uma

grande quantidade de calor de vaporização. Se a taxa de aquecimento for alta e a

permeabilidade da pasta for baixa, o lascamento acontece mais rapidamente (SILVA,

2013).

O lascamento provoca uma perda considerável de material na estrutura,

expondo as camadas mais internas e a armadura do concreto à ação do fogo,

enfraquecendo gradativamente a estrutura. A combinação desses fatores pode

desencadear em um colapso estrutural mais grave, o que obriga o efeito do spalling a

ser considerado nos projetos estruturais (COSTA; SILVA, 2004; RIOS, 2005).

Até a temperatura de 80ºC, não ocorrem alterações significativas na pasta de

cimento hidratada. Entre 100ºC e 400ºC, a decomposição dos componentes C-S-H

provocam redução da resistência à compressão e aparecimento de fissuras

superficiais. Entre 400ºC e 600ºC, a pressão de água provoca a desidratação da

portlandita, transformando-a em CaO, e causando a retração da pasta com

aparecimento de microfissuras. Acima de 600ºC o óxido pode se reidratar e formar

novamente a portlandita, causando expansão e fissuração do concreto. Quando a

temperatura ultrapassa os 800ºC, a pasta de cimento começa a sofrer reações

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cerâmicas, ao passo que, em 1100ºC ocorre o derretimento completo dos cristais.

Após o resfriamento, as fases cimentícia podem se reidratar e formar diferentes géis

ou componentes cristalinos. As partículas anidras permanecem inalteradas no

decorrer de todo processo (LIMA, 2005). As transformações sofridas pela pasta de

cimento a medida que a temperatura é elevada podem ser resumidas através da

Tabela 2 a seguir.

Tabela 2: Transformações sofridas pela pasta de cimento durante o aquecimento

Fonte: Adaptado de Lima (2005) apud Silva (2013).

2.7.3. Efeito da temperatura nos agregados

Os agregados ocupam entre 60% a 80% do volume do concreto e influenciam

diretamente no seu comportamento em situações de elevadas temperaturas. Pode-se

dizer que o desempenho do concreto nessas situações dependente também das

propriedades dos agregados constituintes, como a mineralogia, porosidade, forma,

distribuição granulométrica, além das propriedades térmicas (dilatação térmica e

condutividade térmica) (SILVA, 2009; ZABEU, 2011; SILVA, 2013).

A variação das propriedades dos diferentes agregados presentes no concreto

influencia diretamente em suas propriedades, como o coeficiente de dilatação e a

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condutividade térmica. Além disso, essa diferença pode levar ao aparecimento de

expansões internas de diferentes intensidades (LIMA, 2005).

O tipo de agregado empregado na confecção do concreto influencia na sua

perda de resistência devido à ação do fogo, conforme mostra a Figura 13, porém a

influência do tipo de agregado pode ser considerada desprezível para temperaturas

até 500ºC (XIAO e KONIG, 2004).

Figura 13: Redução da resistência em função da temperatura e do agregado

Fonte: Neville (1997).

A dilatação térmica e a porosidade são propriedades importantes no estudo do

comportamento dos agregados, pois as expansões térmicas variam de um agregado

para outro. Agregados calcários, por exemplo, possuem menos variação nos

coeficientes de dilatação térmica entre a matriz e o agregado, o que pode reduzir a

possibilidade da manifestação de fissuras e consequente redução da resistência.

Concretos com agregados leves apresentam um decréscimo do módulo de

elasticidade mais baixo do que o decréscimo observado nos concretos com agregados

silicosos (LIMA, 2005; RIOS; 2005; OLIVEIRA, 2006).

2.7.4. Efeito da temperatura nas propriedades físicas do concreto

As principais mudanças físicas do concreto em situação de incêndio são

alterações em sua coloração e o já mencionado efeito spalling. A difusividade térmica

do concreto é considerada baixa e por isso, quando elementos são expostos a altas

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temperaturas ocorre uma lenta transferência de calor para o interior do concreto. Isso

dá origem aos gradientes de temperatura, que são diferenças de temperatura entre a

superfície aquecida e o interior concreto. Quando o aquecimento do concreto é feito

de forma lenta, não há o desenvolvimento de grandes gradientes térmicos, resultando

em menor degradação imediata do material (MORALES; CAMPOS; FAGANELLO,

2011).

Um efeito parecido ao spalling é o pipocamento (pop outs), que é basicamente

o spalling em pequenas proporções em concretos compostos por agregados silicosos

(COSTA; SILVA, 2004). Destaca-se ainda, que se a concentração de umidade no

concreto for alta, o material também poderá sofrer descamações profundas chamadas

de “sloughing” (COSTA; FIGUEIREDO; SILVA, 2002).

De acordo com Cánovaz (1988) as temperaturas que põem em risco a

integridade das peças de concreto só atingem uma profundidade entre 50 mm e 100

mm, exceto em incêndios de grandes durações. A ausência de fissuras pode impedir

a liberação da água contida no interior do concreto e provocar lascamentos

explosivos. Na Figura 14 pode-se atentar para a aparência de uma laje após um

incêndio.

Figura 14: Laje após uma situação de incêndio

Fonte: Lima (2005).

Quanto as alterações na cor do concreto em elevadas temperaturas, tem-se

que as mesmas podem ajudar na descoberta da temperatura máxima, a duração do

incêndio, e as perdas de resistência. Porém, de acordo com Lima (2005), estas

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38

mudanças variam de acordo com o agregado utilizado, sendo mais acentuadas nos

concretos produzidos com agregados ricos em sílica do que naqueles com agregados

ricos em calcário. Assim, não se deve considerar intacto o concreto só porque ele não

apresenta coloração rosácea, e sim que ele apresenta menor teor de ferro.

Até 200ºC a coloração do concreto é acinzentada e ele não apresenta perda

significativa de resistência a compressão, e desse ponto até os 300ºC há uma perda

de cerca de 10% na resistência. No intervalo entre 300ºC e 600ºC a sua coloração

pode variar entre rosa e vermelho, e a resistência a compressão já é de

aproximadamente 50%. Entre 600ºC e 950ºC a sua cor passa a ter um aspecto

acinzentado com pontos avermelhados, sendo a resistência à compressão muito

pequena. De 950ºC a 1000ºC a cor muda para amarelo alaranjado e o concreto

começa a sintetizar-se, fenômeno que avança entre 1000ºC e 1200ºC, quando o

concreto adquire uma tonalidade amarelo claro e suas resistências são praticamente

nulas. A Tabela 3 relaciona o aumento de temperatura com a coloração do concreto

e o fenômeno relacionado (LIMA, 2005; SILVA, 2013; LORENZON, 2014).

Tabela 3: Relação da temperatura com a coloração do concreto

Fonte: Neville (1923) apud Morales et al. (2011).

Uma das alternativas para melhorar o comportamento do concreto em

situações como essa é escolher agregados com baixo coeficiente de dilatação térmica

e boa granulometria. Outras propriedades que são adequadas para combater as altas

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39

temperaturas são a baixa condutividade térmica, baixa umidade, alta resistência à

tração e boa compactação (LIMA, 2005).

2.7.5. Efeito da temperatura nas propriedades mecânicas do concreto

Conhecer as propriedades mecânicas do concreto é de fundamental

importância para o dimensionamento de elementos que suportem as tensões

provocadas pelos carregamentos de altas temperaturas a que estão sujeitos durante

um incêndio, sem que ocorra dano estrutural ou deformações excessivas.

Vários fatores influenciam nas propriedades mecânicas dos concretos

ensaiados nas condições de elevadas temperaturas, como o método de ensaio, a

temperatura, o tempo de exposição, tipo de cura, tipo de resfriamento, tamanho dos

corpos de prova, entre outros (SILVA, 2009).

De acordo com Cánovaz (1988), até 200ºC não há perda significativa de

resistência; entre 300ºC e 600ºC, o valor da resistência a compressão do concreto

pode ser reduzido para 50% do original; entre 600ºC e 950ºC a resistência a

compressão já é muito baixa. A sinterização do concreto acontece entre 950ºC até

1200ºC, quando a resistência já é nula e restando somente um material mole e

calcinado. A Figura 15 mostra a relação entre a perda de resistência a compressão

do concreto, a sua coloração e a temperatura.

Figura 15: Alterações na cor e resistência do concreto em aquecimento

Fonte: Cánovaz (1988).

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40

De acordo com Lima (2005), em menores temperaturas o concreto sofre maior

perda na sua resistência a tração quando relacionada à resistência ao cisalhamento,

porém as perdas são semelhantes nas temperaturas mais elevadas.

O módulo de elasticidade é outra propriedade mecânica importante, e está

relacionada com a capacidade do concreto se deformar elasticamente. Sob condições

de alta temperatura, módulo de elasticidade do concreto cai mais rapidamente do que

a resistência a compressão, em razão da microfissuração causada pelo aumento da

temperatura. Isso ocorre porque a rigidez do compósito é reduzida em função das

zonas fragilizadas, isto é, vazios e microfissuras na interface, que não permitem

transferência de tensão (SILVA, 2013).

Concretos que utilizam agregados leves, em situações de incêndio reduzem

em menor escala o seu módulo de elasticidade quando se comparados aos concretos

convencionais com agregados silicosos. A comparação entre a redução do módulo de

elasticidade do concreto com agregados silicosos e calcários com o aumento de

temperatura pode ser encontrada na Figura 16 (ZABEU, 2011).

Figura 16: Redução do módulo de elasticidade com o aumento de temperatura

Fonte: Zabeu (2011).

2.7.6. Tensões mecânicas no concreto aquecido

As tensões mecânicas são definidas pela intensidade das forças inter-atômicas

no interior de corpos sólidos ou líquidos. Por se tratar de um material sólido, o seu

estado de tensões inclui componentes normais (σ) e de cisalhamento (τ), que

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representam a relação entre força e área em cada um dos pontos que compõem o

conjunto ao longo da superfície sólida (SOUZA, 2017).

Portanto, as tensões mecânicas possuem dimensão física que comprove essa

relação entre força e área, ou seja:

𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 =𝑓𝑜𝑟ç𝑎

á𝑟𝑒𝑎=

𝑁

𝑚²= 𝑃𝑎 Eq. 1

Em cada ponto existem 9 componentes de tensão que podem ser visualizadas

na Figura 17 e são representadas matematicamente por uma matriz 3x3.

σ𝑥𝑥 τ𝑥𝑦 τ𝑥𝑧

τ𝑦𝑥 σ𝑦𝑦 τ𝑦𝑧

τ𝑧𝑥 τ𝑧𝑦 σ𝑧𝑧

Eq. 2

Figura 17: Cubo de Tensões

Fonte: RESMAT – Anotações da Aula 17 (2019).6

O aquecimento da superfície do concreto provoca a formação de gradientes

térmicos entre a superfície aquecida e o interior do concreto, em que a temperatura é

mais baixa em relação ao exterior. Assim surgem as tensões térmicas, que na

superfície são de compressão devido às restrições de dilatação térmica, enquanto no

interior do concreto elas são tensões de tração (ZABEU, 2011).

Ainda de acordo com Zabeu (2011), além das tensões térmicas provocadas

pelo aquecimento existem ainda tensões provocadas pela pressão do vapor nos poros

do concreto, que contribuem bastante para o lascamento. As tensões térmicas

acrescidas da pressão nos poros e das tensões de compressão e tração provocadas

pelo carregamento original da estrutura definem um estado tridimensional de tensões.

6 Disponível em: <https://biztechbrz.wordpress.com/2011/03/09/resmat-anotacoes-aula-17/>. Acesso

em: 04 mar. 2019.

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2.7.7. Efeitos da temperatura na armadura do concreto

O aço utilizado como armadura tradicional do concreto pode sofrer uma perda

considerável em sua resistência quanto submetido à elevadas temperaturas. De

acordo com Costa e Silva (2002), para temperaturas inferiores a 400ºC o aço pode

recuperar parte da sua resistência após o resfriamento. Após este patamar ocorre uma

perda progressiva de resistência, que se anula aos 1200ºC. A Tabela 4 mostra os

coeficientes de redução para a resistência (Ks,θ), o limite de elasticidade (Ksp,θ) e o

módulo de elasticidade (KsE,θ) do aço de armadura passiva.

Tabela 4: Reduções da resistência, limite de elasticidade e módulo de elasticidade do aço de armadura passiva, com relação a temperatura

Fonte: EN 1992:1-2:2004 apud Costa (2008).

Outra característica importante do aço submetido a altas temperaturas é que

ele sofre maior dilatação se comparado ao concreto que o confina, fato esse que

pode comprometer a zona de aderência entre os materiais. Essa perda de aderência

inicia aos 100ºC e varia com a temperatura imposta, alcançando a totalidade aos

600ºC, levando também em consideração o tempo de exposição (COSTA, 2008).

2.8. INFLUÊNCIA DO MODO DE RESFRIAMENTO

A maneira como o concreto é resfriado também é bastante significativa na

redução da resistência à compressão. Até os 400ºC, o resfriamento brusco, ou seja,

com água, provoca a expansão dos óxidos de Cálcio e consequentemente fissuras no

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concreto. Um resfriamento dentro da câmara de combustão apresentaria perdas

menores de que ao ar livre, uma vez que a taxa de resfriamento seria ainda menor

(LORENZON, 2014).

Geralmente, o resfriamento brusco causa maiores perdas na resistência ao

cisalhamento e à flexão do concreto, com relação ao resfriamento lento. Porém, acima

de 600ºC essa diferença torna-se insignificante, como pode ser visto na Figura 18

(LIMA, 2005; SILVA, 2013).

Figura 18: Média de resistência a compressão por tipo de resfriamento

Fonte: Zabeu (2011).

No que diz respeito ao módulo de elasticidade, o modo de resfriamento provoca

um efeito inverso ao da resistência. De acordo com Zabeu (2011, p. 66), o

resfriamento brusco produz valores maiores de módulo de elasticidade do que o

resfriamento lento, e isso é explicado pela umidade provocada pelo resfriamento, “que

produz o preenchimento dos poros e a consequente distribuição de tensões que não

tem influência no ensaio de resistência à compressão, em função da velocidade de

ensaio em que este é realizado”.

2.9. CONSIDERAÇÕES SOBRE A VERMICULITA

Ao longo dos anos muitas pesquisas são desenvolvidas com o objetivo

melhorar as propriedades de vários materiais utilizados na construção civil, entre

essas propriedades estão as termoacústicas, diretamente ligadas ao conforto do

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usuário. Um dos compostos utilizados para melhoramento destas propriedades é a

vermiculita, um composto mineral leve.

Conforme Lima e Bronzato (2017) o descobrimento da vermiculita em 1824 na

cidade de Millbury, Worcester County, Massachusetts, Estados Unidos, abriu novas

portas para a construção civil, sendo utilizada no ramo da engenharia desde o

isolamento térmico e acústico, tijolos, barreira contrafogo a agregados para concretos

e argamassas leves.

A vermiculita é um silicato hidratado de magnésio, alumínio e ferro com uma

estrutura micáceo-lamelar e clivagem basal, isto é, considerado um mineral hidratado,

a vermiculita é gerada a partir da alteração de micas, geralmente a biotita. Sua fórmula

química apresenta-se como (Mg, Fe)3 [(Si, Al)4 O10] [OH]2 4H2O. Alguns minerais

comumente associados à vermiculita são: biotita, hidrobiotita, apatita, anfibólio,

flogopita, diopsídio clorita, amianto, talco e minerais argilosos. Tem sua gênese por

intemperismo, em baixa temperatura (acima de 350°C a vermiculita é instável) de

piroxenitos, peridotitos, dunitos, carbonatitos e anfibolitos (PAULA, 2014).

A NBR 11355 (ABNT, 2015) define a vermiculita como um agregado mineral

incombustível que possui estrutura lamelar triforme e que, quando exposto a um

choque térmico, apresenta uma expansão ortogonal, passando a ter um aspecto

semelhante ao de uma sanfona aberta. É importante ressaltar que o termo vermiculita

também é utilizado para designar comercialmente alguns minerais micáceos

constituídos por cerca de dezenove variedades de silicatos hidratados de magnésio e

alumínio, com ferro e outros elementos (UGARTE; SAMPAIO; FRANÇA, 2008).

É sabido que a vermiculita (Figura 19) em seu estado lamelar não é muito

utilizada, no entanto, quando expandida possui propriedades significativas para a

aplicação na construção civil, por exemplo. O processo de expansão da vermiculita

ocorre entre 800ºC e 1100ºC e compreende a remoção da água estrutural associada

ao mineral, em um curto intervalo de tempo, por meio de fornos especiais e com o

melhor rendimento (FRANÇA; LUZ, 2002; UGARTE, SAMPAIO; FRANÇA, 2008). O

processo de expansão da vermiculita pode aumentar seu volume de 10 até 30 vezes

(SZNELWAR; SCALABRIN, 2009).

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Figura 19: Vermiculita em seu estado normal/ Vermiculita Expandida

Fonte: Barros (2018).

2.9.1. Propriedades e Aplicações

As propriedades que a vermiculita adquire quando expandida lhe dão um vasto

campo de aplicação que se estendem para a construção civil, agricultura, indústrias

químicas, equipamentos, materiais especiais etc. Com o processo de expansão, o

resultado é um produto de baixa densidade, baixa condutividade acústica, térmica e

elétrica. Além disso, o material expandido é inodoro, não se decompõe ou deteriora,

não é tóxico, lubrificante e com alto absorvência, podendo absorver cerca cinco vezes

seu peso em água (PAULA, 2014).

No que diz respeito a dureza, os valores variam de 2,1 a 2,8 na escala Mohs.

Outras propriedades físicas da vermiculita são citadas e quantificadas por Silva et al.

(2015), tais como: condutividade térmica máxima de 0,070W/m.K, ponto de fusão em

1315°C, temperatura de amolecimento 1300°C, umidade máxima de 7%, massa

específica aparente que varia entre 80 kg/m³ a 100 kg/m³, sem abrasividade.

Um fator que condiciona a aplicação da vermiculita para cada uso especifico é

sua granulometria e pureza. Em tal caso, é conhecido que as de granulometria mais

finas são utilizadas para a produção de manufaturados para a construção civil e como

carreadoras na produção de fertilizantes e de alimentação para animais, enquanto que

aquelas de granulometria mais grossa, são utilizadas para fins de horticultura, cultivo

e germinação de sementes, etc. (UGARTE; SAMPAIO; FRANÇA, 2008).

Devido suas excelentes características, no ramo da construção civil a

vermiculita se destaca na produção de revestimento com argamassas que funcionam

como isolante térmico e acústico. Além disso pode-se citar a produção de tijolos

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refratários, blocos e placas resistentes a altas temperaturas, na proteção de estruturas

de aço a temperaturas elevadas, base de impermeabilização, junta de dilatação, porta

corta fogo, etc. (UGARTE, SAMPAIO E FRANÇA, 2008).

A mineração da vermiculita é a céu aberto, semi ou totalmente mecanizada.

Estimasse que em 2013 o consumo mundial de vermiculita foi de 435 mil toneladas,

fornecidas em grande escala pela África do Sul (130 mil toneladas) seguida dos

Estados Unidos (100 mil toneladas), no mesmo ano o Brasil ocupou o terceiro lugar

na produção mundial com 68 mil toneladas mineradas, sendo os Estados de Goiás

(85,5%), Pernambuco (4,2%), Paraíba (7,8%) e Bahia (2,5%) responsáveis por esta

produção (PAULA, 2014).

2.9.2. Vermiculita como agregado leve

Considera-se agregados leves aqueles que possuem massa especifica inferior

a 2001 kg/m³ e massa unitária menor que 1120 kg/m³, isto devido a sua microestrutura

celular e porosa (SIQUEIRA, 2008). Estes agregados são geralmente expandidos

(fabricados por tratamento térmico) e possuem grande capacidade de isolamento

termo acústica. Alguns exemplos de agregados leves são os agregados expandidos

de argila, escória siderúrgica, ardósia, resíduos de esgoto sinterizado, vermiculita,

escória de alto forno, cinza volante, entre outros.

Portando, a vermiculita é considerado um agregado leve uma vez que, após o

processo de expansão, sofre uma redução em sua massa especifica aparente de 640-

960 kg/m³ para 56-192 kg/m³ (UGARTE; SAMPAIO; FRANÇA, 2008). A vermiculita

expandida é considerada um agregado leve inorgânico, em virtude de ser produzida

a partir de fontes naturais e artificiais (BARROS, 2018).

A classificação granulométrica da vermiculita expandida, conforme o padrão

brasileiro, se divide em média, fina, superfina e micrometro. Quando utilizada para

fabricação de argamassas, por exemplo, a indústria define proporções em volume,

utilizando o agregado nas granulometrias média, fina e superfina (UGARTE;

SAMPAIO; FRANÇA, 2008).

2.9.3. Argamassa com adição de vermiculita

Nos últimos anos surgiram diversas pesquisas voltadas à utilização de

agregados leves na confecção de argamassas e concretos, visto que estes podem

contribuir para elevar o isolamento térmico, garantindo conforto térmico e acústico,

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47

além de reduzir a densidade dos materiais, e consequentemente o peso das cargas

na estrutura (BARROS, 2018).

Um desses agregados é a vermiculita, que foi abordada na pesquisa de Barros

(2018), possuindo boas propriedades, incluindo uma baixa condutividade térmica,

elevada absorção sonora e elevada resistência ao fogo. Essas propriedades, segundo

Koksal, Gencel e Kaya (2015), são explicadas pela expansão que a vermiculita sofre

quando submetida à elevadas temperaturas, formando partículas de placas finas de

alta porosidade e vazios preenchidos por ar. A pesquisa de Barros (2018) se refere à

substituição do agregado miúdo (areia) pela vermiculita expandida, nas proporções

de 25%, 50%, 75% e 100%.

Com relação a caracterização dessa argamassa nos estados fresco e

endurecidos, as principais considerações feitas por Barros (2018) são: o traço com

25% de substituição não influencia muito na consistência da mistura, diferente dos

outros traços; a vermiculita reduz 37% da densidade da argamassa; a redução da

resistência à tração e compressão é mínima para o traço de 25% de substituição.

Já no que diz respeito à análise térmica da argamassa, as principais

considerações de Barros (2018) são: a vermiculita reduziu a condutividade térmica da

argamassa em até 82%; a capacidade calorífica volumétrica foi reduzida até 49,2%

da referência; a velocidade de propagação do calor (difusividade térmica) também foi

reduzida.

Diante de todas essas considerações, Barros (2018) concluiu que a argamassa

com substituição de 25% da areia natural por vermiculita expandida é aquela que

apresenta as melhores propriedades termomecânicas, e por isso, este será o traço

adotado no nosso trabalho.

2.10. SIMULAÇÃO NUMÉRICA DO COMPORTAMENTO TERMOMECÂNICO DO

CONCRETO SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS

A simulação numérica de um elemento de concreto submetido a cargas de

temperatura tem como objetivo analisar os efeitos causados por este carregamento

no concreto, através da distribuição de tensões e de temperatura para o interior do

elemento.

O método dos elementos finitos (MEF) é bastante eficaz na análise, pois

permite simplificar a análise de problemas complexos através da subdivisão da

superfície a ser estudada em partes menores conhecidas como elementos finitos, que

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são conectados entre si por pontos ou nós, dando origem à uma malha. Quanto maior

for o número de subdivisões, maior será também o número de análises pontuais do

problema, e isso contribui para que o método dos elementos finitos seja bastante

preciso.

O método é dividido em três etapas: pré-processamento, processamento e pós-

processamento. Durante a etapa de pré-processamento ocorre a construção do

modelo, sendo possível incluir todas as condições necessárias, como a definição das

propriedades do material, sua geometria, o carregamento aplicado, as condições de

contorno, entre outras. Na etapa de processamento o software soluciona todas as

equações matemáticas envolvidas no problema em cada um dos nós, e entrega os

resultados para que sejam analisados na etapa de pós-processamento.

As análises podem ser divididas para elementos construídos em duas ou três

dimensões e também em lineares e não-lineares. A análise linear respeita o limite de

proporcionalidade dos materiais, e a análise não-linear possibilita a análise da fase

elástica do material, incluindo o escoamento, fissuração e até o colapso total (SOUZA,

2017).

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49

3. METODOLOGIA DA SIMULAÇÃO

Neste capítulo serão descritos os procedimentos e estratégias que foram

adotados durante o presente trabalho, com o intuito de alcançar os objetivos propostos

para o mesmo.

3.1. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

A metodologia consistiu principalmente em uma modelagem computacional

através do método dos elementos finitos com auxílio do software ADINA versão 9.3.2,

capaz de simular numericamente as situações desejadas e tornando assim possível

a análise do comportamento termomecânico do concreto. A escolha deste tipo de

método se deu devido à sua eficiência e capacidade de simplificação do problema,

bem como pela precisão nos seus resultados.

A análise foi realizada através do módulo ADINA Structures com auxílio do

recurso complementar TMC – thermo-mechanical coupling. O modo transiente de

análise térmica permite examinar a distribuição da temperatura e das tensões para o

interior do concreto a cada novo incremento de tempo.

3.2. DESCRIÇÃO DOS MODELOS

Durante o trabalho foram construídos no total 4 modelos que simulam uma

carga de temperatura crescente em corpos-de-prova de concreto. Esse número foi

resultado de uma combinação de dois fatores, a temperatura e a espessura do

revestimento.

A temperatura máxima adotada para as simulações foi de 800ºC, mas as

análises de resultados serão feitas também nas temperaturas de 300ºC e 500ºC. De

acordo com Cánovaz (1988), a perda de resistência à compressão do concreto sob

altas temperaturas só começa a ser significativa a partir dos 300ºC. Entre 300ºC e

600ºC, o seu valor diminui para valores de aproximadamente 50% do inicial, enquanto

que para valores entre 600ºC até 950°C, essa resistência é muito baixa.

Além de analisar o comportamento termomecânico do concreto em situações

de elevadas temperaturas, este trabalho também tem como objetivo verificar a

influência que uma camada de revestimento argamassado tem sobre este

comportamento. A argamassa escolhida para revestir os corpos-de-prova de concreto

possui uma substituição parcial de 25% da massa do agregado por vermiculita, pois

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de acordo com os ensaios realizados no trabalho de Barros (2018), este traço

apresentou melhor comportamento termomecânico.

Por fim, também será analisada a influência da argamassa de revestimento em

atrasar o avanço da temperatura para a armadura do concreto, cuja posição foi

definida através da NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento

(2003) que recomenda a espessura do cobrimento de concreto para a armadura. Para

este trabalho, foi adotado um cobrimento de 2,5 cm para a armadura.

Para analisar a influência do revestimento de argamassa no comportamento do

concreto foram adotadas as espessuras de 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm, além da situação

em que o concreto não é revestido (0,0 cm). A Tabela 5 a seguir mostra os 4 modelos

que foram construídos e suas particularidades.

Tabela 5: Lista de Modelos Criados

Modelo Carga de Temperatura (ºC) Espessura do Revestimento (cm)

M1 800 0,0

M2 800 1,5

M3 800 3,0

M4 800 4,5

Fonte: Autor (2019).

Os tópicos a seguir irão descrever como se desenvolveu a construção desses

modelos, cujos resultados serão discutidos no capítulo seguinte.

3.3. MODELO BÁSICO SEM REVESTIMENTO

O primeiro modelo numérico em elementos finitos construído para esse

trabalho (M1) serviu como base para todos os outros, e simula perfeitamente as

dimensões geométricas de um corpo-de-prova cilíndrico de concreto com diâmetro de

10 cm e altura de 20 cm, sendo que a temperatura ambiente considerada para a

análise foi de 30ºC.

O corpo-de-prova foi simulado utilizando um modelo de sólido em duas

dimensões axissimétrico que representa um elemento ou radiano da estrutura,

conforme a Figura 20. A adoção desse tipo de modelo se tornou conveniente devido

à característica de axissimetria que todos os elementos que compõem a estrutura

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possuem em relação ao centro do corpo-de-prova. Isso quer dizer que propriedades

como a geometria, as condições de contorno e o carregamento aplicado são iguais

para qualquer elemento no interior do corpo-de-prova.

Figura 20: Elemento ou radiano axissimétrico

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

3.3.1. Geometria do modelo

O modelo base apresenta geometria retangular em duas dimensões e possui 5

cm de largura por 20 cm de altura. Os eixos originais (0,0) estão localizados no centro

inferior do corpo-de-prova, conforme ilustrado na Figura anterior. A partir da origem

foram definidos os pontos, que se localizam nas extremidades da superfície e têm as

suas coordenadas representadas na Figura 21.

Figura 21: Coordenadas dos pontos do modelo base

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

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As linhas foram definidas de forma a unir os pontos fazendo o contorno da

superfície, sendo que o carregamento, que será detalhado a seguir, foi aplicado sobre

essas linhas. A Figura 22 mostra um exemplo da tela através da qual as linhas são

definidas e mostra a linha 1 que une os pontos 1 e 2.

Figura 22: Definição das linhas do modelo base

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

Por fim é definida a superfície sólida propriamente dita que, conforme mostra a

tela na Figura 23, engloba os quatro pontos nas extremidades.

Figura 23: Definição da superfície do modelo base

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

3.3.2. Carregamento

A carga de temperatura foi aplicada no modelo através de uma função tempo

capaz de representar a curva de aquecimento adotada (Figura 24). Essa curva possui

característica de uma reta crescente (rampa) cuja inclinação é dada pela taxa de

aquecimento, definida em 27,4ºC/min, referente à taxa média de crescimento na

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temperatura de uma curva de incêndio padrão da ISO 834 e que foi utilizada em vários

trabalhos anteriores, como Anderberg (2003) e Lima (2005).

Figura 24: Curva de aquecimento

Fonte: Autor (2019).

Nota-se que o tempo necessário para a temperatura alcançar

aproximadamente o valor desejado (800ºC) foi de 28 minutos. Como dito

anteriormente, os resultados serão analisados também para as temperaturas de

300ºC e 500ºC, que foram alcançadas nos tempos de 10 minutos e 17 minutos,

respectivamente.

Esse carregamento foi aplicado nas linhas 1, 2 e 3 que representam as duas

bases do corpo-de-prova e a sua superfície extrema, sendo excluída a linha 4, que

representa a região central da estrutura.

A Figura 25 mostra a aplicação do carregamento no software, que foi utilizado

na simulação do modelo M1, com carga de 800ºC. Pode-se observar que no tempo 0

a temperatura é 30ºC que foi adotada para o ambiente; enquanto no tempo 1680

segundos (equivalente a 28 minutos) a temperatura é 800ºC, representando o fim da

rampa de aquecimento ilustrada anteriormente.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Tem

pera

tura

(ºC

)

Tempo (minutos)

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54

Figura 25: Função tempo que define o carregamento

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

No software ainda é possível controlar o número de etapas da simulação, sendo

definido que cada etapa equivale a 1 minuto. Assim, é possível visualizar o

comportamento do corpo-de-prova submetido à carga de temperatura em cada minuto

desde o início da rampa até o seu final.

3.3.3. Materiais

Após a definição do carregamento partiu-se para a definição das propriedades

do material envolvido na simulação, ou seja, do concreto. As propriedades são as

seguintes:

Módulo de Elasticidade (Young): 25 x 109 Pa;

Coeficiente de Poisson: 0,3;

Densidade: 2500 kg/m³;

Coeficiente de dilatação térmica: 10 x 10-5/ºC;

Condutividade térmica: 1,3 W/m.ºC;

Capacidade térmica: 750 J/kg.ºC.

3.3.4. Definição das malhas

Por meio desta etapa é possível definir o número de sub-elementos no interior

da superfície em que é possível extrair as informações após a simulação. No trabalho

foi adotada uma subdivisão da superfície a cada 2,5 mm de cada dimensão,

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55

resultando em uma malha que já foi representada na Figura 20 anteriormente. Assim,

é possível obter os valores da temperatura e das tensões em cada um dos sub-

elementos da superfície, que são retangulares e possuem 2,5 mm de lado.

3.3.5. Simulação

Após a construção do modelo a simulação é executada, sendo possível obter

os gráficos de cores que mostram a distribuição de tensão e temperatura para o

interior do corpo de prova. Como dito anteriormente, o modo transiente permite a

análise individual a cada incremento de tempo ou etapa, isto é, a cada 1 minuto.

Em seguida houve a criação de uma linha modelo na direção horizontal, na

altura média (10 cm) do corpo-de-prova. Como a malha é dividida a cada 2,5 mm foi

possível obter resultados de 20 elementos no espaço dessa linha, o que garantiu uma

aproximação mais exata nos resultados. A tela representada na Figura 26 mostra a

definição da linha modelo.

Figura 26: Definição da linha modelo

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

Após a elaboração da linha modelo foi possível construir uma matriz da ordem

20 x 6 para cada intervalo de tempo de 1 minuto, onde as 6 colunas representam as

variáveis em questão, que são: a posição (profundidade); a temperatura; as três

tensões normais (x-x, y-y e z-z) e a tensão de cisalhamento; enquanto as 20 linhas

representam os 20 sub-elementos da linha modelo.

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56

Com essa matriz se tornou possível obter os valores numéricos da temperatura

e das tensões para cada um dos 20 elementos da linha modelo. A matriz foi importada

em formato de texto pelo Excel, onde foi possível construir os gráficos que relacionam

a posição dos nós com as outras variáveis. O primeiro nó representa o centro do

corpo-de-prova enquanto o último representa a extremidade lateral do mesmo, sendo

finalmente possível analisar a distribuição da temperatura e das tensões para o interior

do corpo de prova. A Figura 27 mostra a adição das variáveis e parte da matriz.

Figura 27: Matriz de resultados

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

3.4. MODELOS COM ADIÇÃO DA CAMADA DE REVESTIMENTO

A construção dos modelos que possuem a camada de revestimento de

argamassa seguiu a mesma metodologia de axissimetria já descrita para o modelo

base anterior, com o acréscimo de uma nova superfície constituída pela argamassa

citada. Para melhor amplitude de resultados, essa região de revestimento foi definida

em três possibilidades, uma com espessura de 1,5 cm, uma com 3,0 cm e a outra com

4,5 cm. O modelo de corpo-de-prova de concreto com espessura de cobrimento de

1,5 cm pode ser visto na Figura 28.

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57

Figura 28: Elemento com acréscimo da camada de revestimento, em vermelho

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

3.4.1. Geometria, Carregamento e Materiais do modelo

A geometria do modelo revestido foi construída pela mesma metodologia

mostrada anteriormente, seguindo a ordem: definição dos pontos, definição das linhas

e definição da superfície. Como o concreto e a argamassa possuem propriedades

térmicas e mecânicas distintas entre si, foram definidas superfícies distintas para cada

um dos materiais. Com relação ao carregamento, a sua aplicação também ocorreu de

forma idêntica ao modelo base.

As propriedades do concreto foram mostradas na seção anterior, enquanto que

a argamassa teve as suas propriedades extraídas do trabalho de Barros (2018), sendo

elas:

Módulo de Elasticidade (Young): 9,24 x 109 Pa;

Coeficiente de Poisson: 0,2;

Densidade: 1757 kg/m³;

Coeficiente de dilatação térmica: 1,4 x 10-5/ºC;

Condutividade térmica: 1,1 W/m.ºC;

Capacidade térmica: 1240 J/kg.ºC.

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58

3.4.2. Definição das malhas e simulação

Como existiam duas superfícies, houve a necessidade de definir duas malhas

independentes, que assim como no modelo anterior, possuíam densidade de 2,5 mm.

As análises da simulação foram feitas apenas para os pontos contidos na região de

concreto, sendo excluídos os elementos de argamassa, visto que o objetivo do

trabalho é analisar o comportamento termomecânico do concreto.

3.5. ANÁLISE TÉRMICA NA ARMADURA DO CONCRETO

O presente trabalho também tem como objetivo analisar as temperaturas as

quais a armadura do concreto está submetida em cada um dos quatro modelos,

possibilitando verificar a influência da camada de revestimento argamassado na

redução da temperatura atingida nesse local.

A metodologia utilizada para alcançar tal objetivo é semelhante às anteriores e

consiste na definição de uma linha modelo, dessa vez na vertical, na posição em que

se localiza a armadura (2,5 cm da extremidade). Obedecendo a densidade dos

elementos como sendo 2,5 mm, foi possível obter informações de temperatura em um

total de 80 elementos para cada minuto de aquecimento, em cada um dos quatro

modelos de revestimento.

Em seguida foi feita a média das 80 temperaturas para cada um dos tempos e

também para cada uma das espessuras de revestimento, possibilitando a construção

de um gráfico em três dimensões que mostra a influência do tempo e do cobrimento

na temperatura alcançada na armadura do concreto. O capítulo seguinte se trata da

análise e discussão dos resultados do trabalho e irá abordar mais profundamente as

informações obtidas através das simulações.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos através

das diversas simulações realizadas ao longo do trabalho. Para o modelo básico

(concreto sem revestimento) serão mostrados os resultados referentes à distribuição

de temperatura e de tensões ao longo do interior do corpo de prova, e em seguida

estes serão comparados com os resultados de outros três modelos contendo as

diferentes espessuras de revestimento. Além disso serão apresentadas as

temperaturas e o tempo necessário para que sejam alcançadas na posição da

armadura do concreto, tanto para o modelo básico quanto para os modelos com

revestimento, possibilitando analisar e discutir a influência da espessura da

argamassa em retardar o avanço da temperatura para a armadura.

É importante salientar que os gráficos apresentados neste capítulo mostram as

temperaturas ou tensões atuantes nos pontos pertencentes à linha modelo horizontal

que foi descrita na metodologia. Essa linha se localiza na altura média do corpo de

prova (10 cm) e possui 5 cm de largura representando o raio do modelo. A origem dos

gráficos representa o centro do corpo de prova e a extremidade direita representa a

sua parede externa, que está mais próxima à fonte de calor.

4.1. ANÁLISE DO MODELO BÁSICO SEM REVESTIMENTO

Conforme já foi dito anteriormente, a temperatura ambiente considerada foi de

30ºC e a taxa de aquecimento foi de 27,4ºC/min. Assim, o tempo necessário para se

atingir a temperatura máxima desejada nessa simulação (800ºC) foi de

aproximadamente 28 minutos. As análises de temperatura e de tensões serão feitas

nos tempos de 10 minutos, 17 minutos e 28 minutos, necessários para as

temperaturas alcançarem aproximadamente os 300ºC, 500ºC e 800ºC,

respectivamente. Além disso, serão incluídos os resultados em intervalos de tempo

intermediários a esses valores (1 minuto, 5 minutos, 14 minutos e 23 minutos).

O perfil térmico para o modelo básico sem revestimento pode ser observado na

Figura 29. Nota-se que as curvas térmicas apresentam configurações semelhantes ao

longo do tempo, atingindo suas temperaturas máximas nas regiões próximas a fonte

de calor (paredes externas do corpo de prova) e decrescente conforme se distanciam

dessas regiões para o interior do corpo de prova, alcançando valor mínimo no seu

centro.

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60

Figura 29: Perfil térmico do modelo sem revestimento ao longo do tempo

Fonte: Autor (2019).

A distribuição de temperatura ao longo do corpo de prova pode ser vista através

do gráfico de cores representado na Figura 30, que mostra os instantes de 10 minutos,

17 minutos e 28 minutos, onde a temperatura atinge aproximadamente 300ºC, 500ºC

e 800ºC, respectivamente.

Figura 30: Distribuição de temperatura nos modelos sem revestimento aos 10 minutos, 17 minutos e 28 minutos

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tem

pera

tura

(ºC

)

Raio do modelo (m)

1 minuto 5 minutos 10 minutos 14 minutos

17 minutos 23 minutos 28 minutos

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61

Como a temperatura na extremidade é diferente da temperatura no centro do

corpo de prova, surgem gradientes de temperatura que provocam o aparecimento das

tensões térmicas. A Figura 31 mostra a distribuição da tensão tangencial que atua na

direção x-x do modelo, sendo possível observar que essa tensão apresenta valores

de compressão nas regiões mais próximas à fonte de calor e valores de tração no

interior, onde a temperatura é inferior.

No momento em que a temperatura alcança os 300ºC aos 10 minutos de

aquecimento, a tensão máxima de compressão é de 7,96 MPa na parede externa do

corpo de prova, enquanto a tensão máxima de tração é de 21,3 MPa. Aos 17 minutos

o modelo alcança a temperatura de 500ºC, quando a tensão de compressão chega

aos 13,5 MPa e a tensão de tração aos 36,3 MPa. Por fim, aos 28 minutos a

temperatura é de 800ºC, levando ao aparecimento de tensões na ordem de 22,3 MPa

de compressão e 59,8 MPa de tração.

Figura 31: Tensão tangencial no modelo sem revestimento ao longo do tempo

Fonte: Autor (2019).

As tensões que atuam na direção y-y do raio do modelo são conhecidas como

tensões radiais e são expressas na Figura 32, onde é possível perceber que para

todos os intervalos de tempo a tensão radial é unicamente de tração e apresenta

configuração crescente, partindo da extremidade do corpo de prova para o interior do

corpo de prova, onde apresenta valor máximo no seu centro. Aos 10 minutos de

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão T

angencia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

1 minuto 5 minutos 10 minutos 14 minutos

17 minutos 23 minutos 28 minutos

Page 63: EMERSON MARTINS DE ARAÚJO - repositorio.ufersa.edu.br

62

exposição a temperatura chega aos 300ºC e a tensão radial máxima alcança o valor

de 29,2 MPa de tração no centro do corpo de prova. Já aos 17 minutos a temperatura

é de 500ºC e a tensão radial é de 49,7 MPa, enquanto que no fim da simulação aos

28 minutos (800ºC) a tensão radial máxima é de 81,9 MPa no centro do corpo de

prova.

Figura 32: Tensão radial no modelo sem revestimento ao longo do tempo

Fonte: Autor (2019).

Com relação à tensão de cisalhamento no corpo de prova, pode-se perceber

na Figura 33 que as curvas possuem configurações semelhantes ao longo do tempo,

apresentando um patamar onde a tensão é aproximadamente constante, que varia

desde a parede externa do corpo de prova até uma profundidade próxima aos 3,1

centímetros. A partir deste ponto, as curvas de tensão passam a ser de caráter

crescente, atingindo valores de 15,6 MPa aos 10 minutos de aquecimento,

correspondente a uma temperatura de 300ºC; 26,5 MPa aos 17 minutos quando a

temperatura é de 500ºC; e 43,7 MPa aos 28 minutos, no fim da simulação aos 800ºC.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão R

adia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

1 minuto 5 minutos 10 minutos 14 minutos

17 minutos 23 minutos 28 minutos

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63

Figura 33: Cisalhamento no modelo sem revestimento ao longo do tempo

Fonte: Autor (2019).

4.2. INFLUÊNCIA DA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO NO

COMPORTAMENTO DO CONCRETO

A variação na espessura da argamassa que reveste o concreto influencia

diretamente na redistribuição de temperatura e de tensões para o interior do concreto.

Como já foi citado anteriormente, a argamassa em questão apresenta boas

propriedades térmicas, por isso espera-se que a mesma contribua para que os

modelos em que o concreto é revestido apresentem melhor desempenho

termomecânico do que aquele sem revestimento.

As Figuras 34, 35 e 36 representam os modelos nos quais o concreto foi

revestido com uma espessura de respectivamente 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm de

argamassa. Vale salientar que só foram considerados na análise os elementos

constituídos de concreto, sendo excluídos os elementos da argamassa. Assim, a

largura da linha modelo é a mesma da análise anterior (5 cm) e corresponde ao raio

do corpo de prova. Nota-se que as curvas térmicas apresentam configurações

semelhantes às do modelo sem revestimento, porém as temperaturas máximas que

foram atingidas na superfície do concreto diminuíram em relação ao modelo base, à

medida que a espessura aumentava.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão d

e c

isalh

am

ento

(M

Pa)

Raio do modelo (m)

1 minuto 5 minutos 10 minutos 14 minutos

17 minutos 23 minutos 28 minutos

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Figura 34: Perfil térmico do modelo com 1,5 cm de revestimento

Fonte: Autor (2019).

Figura 35: Perfil térmico do modelo com 3,0 cm de revestimento

Fonte: Autor (2019).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tem

pera

tura

(ºC

)

Raio do modelo (m)

1 minuto 5 minutos 10 minutos 14 minutos

17 minutos 23 minutos 28 minutos

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tem

pera

tura

(ºC

)

Raio do modelo (m)

1 minuto 5 minutos 10 minutos 14 minutos

17 minutos 23 minutos 28 minutos

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65

Figura 36: Perfil térmico do modelo com 4,5 cm de revestimento

Fonte: Autor (2019).

As Figuras 37, 38 e 39 mostram o comparativo entre as curvas térmicas dos

modelos sem cobrimento e com as diferentes espessuras (1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm)

de argamassa para as temperaturas máximas aproximadas de 300ºC, 500ºC e 800ºC,

que ocorrem nos tempos de 10 minutos, 17 minutos e 28 minutos, respectivamente.

Essas curvas comparativas permitem uma melhor visualização de como se deu a

redução da temperatura máxima na extremidade do corpo de prova em função do

aumento na espessura da argamassa de cobrimento. A linha azul na vertical

representa a posição da armadura, sendo adotado para os modelos um cobrimento

de 2,5 cm de concreto para a mesma. Mais adiante serão feitas as análises da

distribuição de temperatura na armadura e como o revestimento argamassado

influenciou no sentido de atrasar o avanço da temperatura para a mesma.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tem

pera

tura

(ºC

)

Raio do modelo (m)

1 minuto 5 minutos 10 minutos 14 minutos

17 minutos 23 minutos 28 minutos

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Figura 37: Comparação dos perfis térmicos para as diferentes espessuras de argamassa aos 10 minutos de aquecimento

Fonte: Autor (2019).

Figura 38: Comparação dos perfis térmicos para as diferentes espessuras de argamassa aos 17 minutos de aquecimento

Fonte: Autor (2019).

304

291282275

110

140

170

200

230

260

290

320

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tem

pera

tura

(ºC

)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm Armadura

496

473458446

170

220

270

320

370

420

470

520

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tem

pera

tura

(ºC

)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm Armadura

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67

Figura 39: Comparação dos perfis térmicos para as diferentes espessuras de argamassa aos 28 minutos de aquecimento

Fonte: Autor (2019).

É possível constatar que aos 10 minutos, tempo necessário para o modelo sem

revestimento atingir uma temperatura de 304ºC, os modelos com 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5

cm de argamassa atingiram respectivamente as temperaturas máximas de 291ºC,

282ºC e 275ºC. Percentualmente, esses valores representam um decréscimo de

temperatura de 4,28% para o cobrimento de 1,5 cm; de 7,24% para o cobrimento de

3,0 cm e de 9,54% para o cobrimento de 4,5 cm.

Aos 17 minutos de aquecimento o modelo sem revestimento atinge uma

temperatura de 496ºC, enquanto os modelos com 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm de

argamassa atingem respectivamente as temperaturas máximas de 473ºC, 458ºC e

446ºC. Isso representa uma queda percentual de temperatura de 4,64% para o

cobrimento de 1,5 cm; de 7,66% para o cobrimento de 3,0 cm e de 10,08% para o

cobrimento de 4,5 cm.

Aos 28 minutos de exposição a temperatura máxima atingida pelo modelo sem

revestimento foi de 797ºC, enquanto os modelos com 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm de

argamassa alcançam respectivamente as temperaturas de 760ºC, 735ºC e 715ºC. A

redução percentual na temperatura foi de 4,64% para o cobrimento de 1,5 cm; de

7,78% para o cobrimento de 3,0 cm e de 10,29% para o cobrimento de 4,5 cm.

797

760735715

270

350

430

510

590

670

750

830

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tem

pera

tura

(ºC

)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm Armadura

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68

Embora a redução percentual na temperatura seja sempre crescente,

chegando inclusive a mais de 10% para o cobrimento de 4,5 cm, nota-se que

numericamente essa redução é cada vez menor conforme a espessura do cobrimento

é elevada. Assim, pode-se dizer que a curva que representa o decréscimo de

temperatura em função da espessura do cobrimento não é linear e está representada

na Figura 40.

Figura 40: Redução na temperatura em função da espessura do cobrimento

Fonte: Autor (2019).

Os modelos revestidos com argamassa também sofrem com o aparecimento

de tensões térmicas oriundas dos gradientes de temperatura. Nas Figuras 41, 42 e 43

estão expressas a distribuição de tensão tangencial ao longo do eixo x-x para as

temperaturas de 300ºC, 500ºC e 800ºC. Como dito anteriormente, as tensões de

compressão surgem nas regiões mais próximas da carga de temperatura. Nos

modelos revestidos a região mais próxima ao calor é a de argamassa, e isso contribui

para o fato de que a medida que a espessura de cobrimento é aumentada, a tensão

de compressão que atua na parede externa do concreto é cada vez menor, chegando

a inverter para tração no modelo com 4,5 cm de cobrimento. Isso pode acarretar em

um problema, visto que o concreto não apresenta boa resistência à tração e a

armadura deve ser recoberta, ou seja, o cobrimento do aço pode apresentar

problemas quanto à tração.

304291 282 275

496473

458 446

797

760735

715

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

850

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50

Tem

pera

tura

(ºC

)

Cobrimento (cm)

10 minutos 17 minutos 28 minutos

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69

Figura 41: Tensão tangencial para os diferentes cobrimentos aos 300ºC

Fonte: Autor (2019).

Figura 42: Tensão tangencial para os diferentes cobrimentos aos 500ºC

Fonte: Autor (2019).

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão T

angencia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão T

angencia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

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70

Figura 43: Tensão tangencial para os diferentes cobrimentos aos 800ºC

Fonte: Autor (2019).

Aos 300ºC a tensão atuante na extremidade do concreto é de 7,96 MPa de

compressão quando o concreto não é revestido e passa a ser de 1,65 MPa de tração

no caso de maior espessura de revestimento (4,5 cm). Aos 500ºC ela passa de 13,5

MPa de compressão para 2,80 MPa de tração, e aos 800ºC vai de 22,3 MPa de

compressão para 4,61 MPa de tração.

No centro do corpo de prova, em todas as situações a tensão é de tração. Aos

300ºC ela varia de 21,3 MPa quando não revestido para 28 MPa quando com 4,5 cm

de revestimento, o que significa um aumento percentual de 31,46%. Aos 500ºC o

acréscimo é de 36,3 MPa para 47,6 MPa (31,13%) e aos 800ºC de 59,8 MPa para

78,4 MPa, ou seja, 31,10%.

O acréscimo que acontece nas tensões de tração no centro do corpo de prova

pode ser explicado pelo fato de o concreto estar confinado no interior do revestimento

da argamassa. Este confinamento restringe a movimentação e as consequentes

deformações do concreto, logo, à medida que a espessura da argamassa é elevada,

maior é a restrição e consequentemente maiores as tensões no centro do corpo de

prova de concreto. Esse aumento nas tensões de tração pode ser observado tanto

nas situações anteriores (direção tangencial) quanto na direção radial, cujas tensões

estão representadas nas Figuras 44, 45 e 46.

-40

-20

0

20

40

60

80

100

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050Tensão T

angencia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

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Figura 44: Tensão radial para os diferentes cobrimentos aos 300ºC

Fonte: Autor (2019).

Figura 45: Tensão radial para os diferentes cobrimentos aos 500ºC

Fonte: Autor (2019).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão R

adia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

0

10

20

30

40

50

60

70

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão R

adia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

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72

Figura 46: Tensão radial para os diferentes cobrimentos aos 800ºC

Fonte: Autor (2019).

Em todas as situações as tensões radiais máximas são de tração e atuam no

centro do corpo de prova. Para a temperatura de 300ºC a tensão alcança os 29,2 MPa

no modelo não revestido e chega aos 35,1 MPa no modelo revestido com 4,5 cm de

espessura, sendo este acréscimo na ordem percentual de 20,21%. Aos 500ºC a

tensão varia entre 49,7 MPa quando não revestido e 59,6 MPa quando revestido com

4,5 cm, ou seja, há um acréscimo de 19,92%. Por fim, na temperatura de 800ºC a

variação é de 81,9 MPa para 98,2 MPa, consistindo em um acréscimo percentual de

19,90%.

Com relação à tensão de cisalhamento percebe-se que o patamar existente no

modelo sem revestimento, no qual a tensão é aproximadamente constante, para os

modelos revestidos diminui ou passa a inexistir. Também é possível perceber que a

região que representa a interface de ligação entre o concreto e a argamassa é uma

região em que a tensão de cisalhamento atuante é alta. Isso é explicado pelas

diferentes propriedades entre os materiais, que provocam uma fragilidade na região,

como pode ser visto na Figura 47.

0

20

40

60

80

100

120

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão R

adia

l (M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

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Figura 47: Cisalhamento nos modelos revestidos com 1,5 cm, 3,0 cm e 4,5 cm submetidos à temperatura de 800ºC

Fonte: Adaptado de ADINA R & D, INC (2019).

As Figuras 48, 49 e 50 mostram o comparativo entre os modelos revestidos e

o não revestido quanto à tensão de cisalhamento, nas temperaturas de 300ºC, 500ºC

e 800ºC, respectivamente.

Figura 48: Cisalhamento para os diferentes cobrimentos aos 300ºC

Fonte: Autor (2019).

0

5

10

15

20

25

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão d

e c

isalh

am

ento

(M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

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Figura 49: Cisalhamento para os diferentes cobrimentos aos 500ºC

Fonte: Autor (2019).

Figura 50: Cisalhamento para os diferentes cobrimentos aos 800ºC

Fonte: Autor (2019).

Como já dito anteriormente, pode-se perceber que no modelo sem revestimento

existe um patamar de aproximadamente 3,1 cm onde a tensão de cisalhamento é

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão d

e c

isalh

am

ento

(M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

0

10

20

30

40

50

60

0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,050

Tensão d

e c

isalh

am

ento

(M

Pa)

Raio do modelo (m)

0,0 cm 1,5 cm 3,0 cm 4,5 cm

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aproximadamente constante. Para o modelo revestido com 1,5 cm de espessura esse

patamar é bem menor, enquanto que para as outras duas espessuras de cobrimento,

ele não existe.

Na região correspondente ao corpo de prova de concreto, a maior tensão de

cisalhamento atuante ocorre no centro para todas as situações. Para a temperatura

de 300ºC essa tensão varia de 15,6 MPa no modelo não revestido para 19,7 MPa no

modelo de maior espessura de revestimento (4,5 cm), representando um acréscimo

percentual de 26,28%. Aos 500ºC ela varia de 26,5 MPa para 33,6 MPa, aumentando

26,79%. Por fim, aos 800ºC a tensão de cisalhamento no modelo não revestido é de

43,7 MPa e varia até 55,3 Mpa no modelo de 4,5 cm, consistindo em um aumento

percentual de 26,54%.

4.3. INFLUÊNCIA DA ARGAMASSA DE REVESTIMENTO NO

COMPORTAMENTO DA ARMADURA DO CONCRETO

Como já foi dito anteriormente, a armadura de aço é de grande importância

quando utilizada junto ao concreto, pois apresenta grande resistência à tração.

Quando exposta a grandes temperaturas a armadura começa a perder parte dessa

resistência, o que é um grande problema para o sistema, visto que a maior parte das

tensões no interior do concreto é justamente de tração.

De acordo com as normas EN 1992-1-2:2004 e NBR 15200:2004 apud Costa

(2008), até os 400ºC o aço laminado a quente não sofre redução na sua resistência à

tração, pois ela é facilmente recuperada após o apagar das chamas. Entretanto, a

partir dos 500ºC essa perda já é de 22% e chega os 89% aos 800ºC.

Após a simulação dos modelos sem revestimento e com as três espessuras de

argamassa, foram extraídos os dados da temperatura atingida na posição da

armadura (2,5 cm a partir da parede externa do concreto) para cada uma das

situações. O gráfico de três dimensões representado na Figura 51 mostra a influência

de duas variáveis, no caso o tempo de exposição e a espessura do cobrimento de

argamassa, na temperatura alcançada na armadura do concreto.

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Figura 51: Influência do tempo de exposição e da espessura da argamassa de revestimento na temperatura atingida na armadura

Fonte: Autor (2019).

Através do gráfico podemos facilmente perceber que as situações mais críticas

acontecem no tempo máximo de exposição no modelo sem revestimento. A Tabela 6

mostra o tempo necessário para que a temperatura na armadura alcançasse a

temperatura de aproximadamente 500ºC para os quatro tipos de revestimento, visto

que nessa temperatura a sua resistência à tração já é de aproximadamente 78% da

resistência original.

Tabela 6: Tempo necessário para a armadura chegar aos 500ºC

Cobrimento (cm) Tempo (min) Temperatura média na armadura (ºC)

0,00 19,00 501,22

1,50 20,00 500,17

3,00 21,00 504,47

4,50 22,00 511,68

Fonte: Autor (2019).

Logo, é possível afirmar que o aumento na espessura da argamassa de

cobrimento pouco influencia no atraso do avanço da temperatura para a armadura do

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concreto. Cada novo aumento de 1,5 cm de cobrimento acarretou em um atraso de

aproximadamente 1 minuto em relação ao cobrimento anterior, para que a

temperatura na armadura chegasse à aproximadamente 500ºC. Com isso, o retardo

máximo que foi conseguido foi de apenas 3 minutos para o modelo com maior

espessura de revestimento, 4,5 cm.

Como explicado anteriormente, o tempo máximo de exposição dos modelos foi

de 28 minutos, correspondente ao intervalo necessário para que a temperatura

máxima alcançada no modelo sem revestimento fosse de 800ºC, situação que ocorre

na parede externa do concreto. A temperatura média na armadura no instante final do

carregamento está descrita na Tabela 7, para os diversos cobrimentos de argamassa.

Tabela 7: Temperatura média na armadura aos 28 minutos para cada espessura de revestimento

Cobrimento (cm) Tempo (min) Temperatura média na armadura (ºC)

0,00 28,00 724,42

1,50 28,00 688,24

3,00 28,00 662,63

4,50 28,00 643,36

Fonte: Autor (2019).

A redução percentual de temperatura do modelo sem revestimento para o

modelo com 1,5 cm de espessura de argamassa foi de 4,99%. Para o modelo com 3,0

cm esse percentual foi de 8,53%, enquanto que para o modelo com 4,5 cm de

cobrimento foi de 11,19%. Essa redução é um pouco maior se comparada a

temperatura que foi atingida na extremidade do concreto para o mesmo intervalo de

tempo, que chegou no máximo a 10,29%.

Com relação à perda de resistência a tração, pode-se afirmar que o aumento

do cobrimento é relativamente positivo para a proteção da armadura, pois ainda de

acordo com as normas EN 1992-1-2:2004 e NBR 15200:2004 apud Costa (2008), o

intervalo entre 500ºC e 800ºC mostra uma variação brusca de perda na resistência.

Para os 700ºC, que é um valor mais próximo a temperatura máxima na armadura do

modelo sem cobrimento, a resistência a tração é de apenas 23% da original, enquanto

que para os 600ºC, valor mais próximo a temperatura do modelo com 4,5 cm de

cobrimento, ela é de 47%.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, através de simulações numéricas utilizando om o método dos

elementos finitos, foi possível analisar o comportamento termomecânico do concreto

submetido a cargas crescentes de temperaturas, até um valor máximo de 800ºC, no

que diz respeito à distribuição de temperatura e de tensões para o interior do concreto.

Além disso, através das comparações entre os modelos criados, foi possível analisar

a influência da espessura de uma camada de revestimento argamassado na proteção

do concreto nessas situações, bem como a sua influência em retardar o avanço das

temperaturas para o interior do concreto, inclusive na posição teórica em que se

localiza a armadura, definida em 2,5 cm a partir da parede externa do concreto.

Os modelos construídos obedeceram uma taxa de aquecimento de 27,4ºC/min,

levando respectivamente 10 minutos, 17 minutos e 28 minutos para atingirem as

temperaturas máximas de 300ºC, 500ºC e 800ºC. As curvas térmicas mostraram que

as temperaturas máximas acontecem nas regiões mais próximas da fonte de calor, ou

seja, na parede externa do concreto, e são decrescentes conforme se distanciam da

mesma, alcançando o valor mínimo no centro do corpo de prova.

As regiões mais próximas da fonte de calor estão sujeitas a tensões

tangenciais de compressão, enquanto que as regiões mais internas do concreto,

onde a temperatura é menor, são sujeitas a tração. Numericamente, as tensões

máximas chegaram a ordem de 22,3 MPa para compressão e 59,8 MPa para tração,

e ocorreram nos 28 minutos de aquecimento, correspondente ao tempo necessário

para a temperatura chegar aos 800ºC.

A tensão radial é crescente conforme se aproxima do centro do corpo de prova

e é exclusivamente de tração, alcançando valor máximo de 81,9 MPa aos 800ºC. Já

as curvas que representam a tensão de cisalhamento apresentam um patamar onde

o valor é aproximadamente constante e a partir do qual são crescentes, alcançando

os 43,7 MPa para a temperatura de 800ºC.

Ao analisar a influência da espessura da argamassa de revestimento,

percebeu-se que a temperatura máxima atuante sofreu reduções percentuais de

4,64% para a espessura de 1,5 cm; 7,78% para a espessura de 3,0 cm e de 10,29%

para a espessura de 4,5 cm. Embora essa redução percentual seja sempre

crescente, notou-se que numericamente essa redução é cada vez menor,

caracterizando uma curva não linear de decréscimo de temperatura.

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79

Devido ao efeito do confinamento do concreto na argamassa, que restringe as

suas deformações, nota-se que as tensões atuantes no interior do concreto são

maiores à medida que a espessura de argamassa é aumentada, se comparadas ao

modelo sem revestimento. Tangencialmente, a tensão máxima de tração no centro

do corpo de prova sofreu um aumento percentual de 31,10%, enquanto que

radialmente esse aumento foi de 19,90%.

A região de argamassa está mais próxima da fonte de calor, sendo mais sujeita

à compressão. Assim, as tensões de compressão na base do concreto são menores

conforme essa espessura aumenta, chegando a inverter o seu valor para tração no

modelo com 4,5 cm de cobrimento. Isso caracteriza um problema, visto que o

concreto não possui boa resistência a tração, e a sua armadura, que possui boa

resistência, deve ser recoberta. Por isso, conclui-se que a influência da argamassa

na proteção do concreto não é tão satisfatória quando a sua espessura é alta.

A interface de ligação entre concreto e argamassa é uma região em que a

tensão de cisalhamento é alta, devido às diferentes propriedades entre esses

materiais, caracterizando uma fragilidade nessa região. Além disso, percebeu-se que

o patamar do modelo sem revestimento onde a tensão de cisalhamento era constante

é menor ou não existe nos modelos revestidos. Numericamente, a tensão de

cisalhamento máxima sofre um aumento percentual de 26,54% entre o modelo sem

revestimento para o modelo com 4,5 cm de argamassa.

No que diz respeito a influência da argamassa na proteção da armadura do

concreto, percebeu-se que essa região sofreu redução percentual um pouco maior

do que nas regiões extremas do concreto, chegando aos 11,19% nos 800ºC.

Numericamente, essa redução foi de 724,24ºC para 643,36ºC, o que pode ser

considerado positivo quanto à conservação da resistência a tração do aço, que é de

23% aos 700ºC, mas aumenta para 47% aos 600ºC. Entretanto, quanto ao tempo

necessário para a armadura atingir os 500ºC, quando sua resistência é de 78%, a

argamassa foi pouco influente, visto que o retardo máximo foi de apenas 3 minutos,

no modelo com 4,5 centímetros de espessura.

Diante de tudo isso, conclui-se que a camada de argamassa é favorável à

proteção do concreto nessas situações, visto que claramente há uma redução nas

temperaturas atingidas em todas as regiões do concreto. Esse comportamento pode

ser explicado devido as boas propriedades térmicas apresentadas pela vermiculita

utilizada como parte do agregado da argamassa. Devido ao confinamento, as

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tensões de tração no interior do concreto são maiores à medida que a espessura de

cobrimento aumenta, porém elas são resistidas pela armadura do concreto, que

possui alta resistência a tração. Entretanto, na região de cobrimento de concreto para

a armadura, onde não há aço, para espessuras maiores pode ocorrer uma inversão

de tensão de compressão para tração, o que pode prejudicar o comportamento

termomecânico naquela região.

Diante de todos os resultados obtidos neste trabalho, percebe-se a

importância de se estudar o comportamento termomecânico do concreto quando

submetido a altas temperaturas, pois os elementos estruturais devem ser

dimensionados de maneiras a suportar por um determinado tempo essas situações.

Vale salientar a dificuldade na simulação de um incêndio real, visto que muitos fatores

importantes são desconsiderados pelos softwares.

Este trabalho deixa como sugestões para o futuro que as simulações pelo

método dos elementos finitos sejam aprimoradas com o acréscimo de outras

variáveis importantes durante um incêndio, como as cargas de convecção e radiação,

o próprio carregamento original ao qual o elemento estrutural estava submetido, além

da inclusão do patamar de tempo onde a temperatura se estabiliza e se mantém

constante, antes do resfriamento acontecer. Outra sugestão é que a simulação do

aquecimento de corpos de prova revestidos e não revestidos seja feita também em

laboratório, a fim de validar os modelos criados nesse trabalho quanto a influência

da argamassa de vermiculita na proteção do concreto em situações de incêndio.

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81

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