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ANO 16 N o 187 MAIO 2010 R$ 9,90 www.empreendedor.com.br EMPREENDEDOR – A CARA DA FRANQUIA – ANO 16 N o 187 MAIO 2010 ISSN 1414-0152 A cara da franquia Definição correta do perfil, seleção e treinamento rigorosos de franqueados garantem a padronização de uma rede MEIO AMBIENTE: PRODUTOS E PROCESSOS INOVADORES CONTRA O DESPERDÍCIO DE ÁGUA BIOTECNOLOGIA: A CORRIDA PELO ÁLCOOL 2G PERFIL: SAMUEL SEIBEL, DA LIVRARIA DA VILA Fernando Basso e Elídio Biazini, da Dídio Pizza

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Edição n. 187 da revista Empreendedor, de maio de 2010

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ANO 16 No 187mAiO 2010R$ 9,90

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empReeNdedOR – A CARA dA FRANQUiA – ANO 16 N o 187 m

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A cara da franquiadefinição correta do perfil, seleção e treinamento rigorosos de franqueados garantem a padronização de uma rede

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EMPREENDEDORESNÃO DURMA NO PONTOPRODUTOS E SERVIÇOS

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N E S T A E D I Ç Ã O

PARCEIR O IDEAL2020

Anúncios de expansão de franquia em geral solicitam pessoas empreendedoras. Mas este deve ser o perfil do franqueador, e não do franqueado, que está mais para gestor. Para não desperdiçar tempo e dinheiro de um e de outro, é preciso ser muito criterioso antes de pôr alguém na frente da marca: ser o mais exato possível na definição do perfil do franqueado, promover uma seleção rigorosa e oferecer treinamento intenso. Antes de escolher seus parceiros, confira as dicas dos consultores e exemplos de franquias de áreas diversas.

16 | ENTREVISTA

Ari MeneghiniO diretor-executivo do Interactive Advertising Bu-

reau, órgão responsável pelo desenvolvimento da mí-dia interativa no País, analisa os rumos do marketing digital no Brasil.

34 | MEIO AMBIENTE

O planeta pede águaDe toda a água do mundo, só 2,4% é fresca, sendo

que apenas 0,3% não está congelada nos polos. O grande problema, no entanto, é a contaminação dessa quantida-de. Conheça soluções inovadoras de abastecimento e tra-tamento, produção de alimentos e geração de energia.

40 | BIOTECNOLOGIA

Álcool de bagaçoUma nova corrida do ouro acontece no mundo. E o

Brasil está no páreo, tentando defender a liderança na produção de etanol. Para isso precisa desenvolver uma enzima para a produção de álcool de segunda geração efi ciente em escala comercial.

44 | PANORAMA

Um pra todosCartões de débito e crédito. Uma facilidade para

os usuários, mas nem tanto para os comerciantes, que pagam diversas taxas. Um dos problemas, no entan-to, está com os dias contados: os terminais terão uso compartilhado de bandeiras.

48 | MERCADO

Fortalezas modernasNem é preciso dizer que o aumento da violência e

de assaltos aquece o mercado de segurança patrimo-nial. E o setor desenvolve tecnologias apuradas para aumentar a efi ciência e enfrentar criminosos cada vez mais ousados e espertos.

52 | PERFIL

Samuel SeibelSamuel Seibel descobriu tarde sua verdadeira

vocação: livreiro. Mas em apenas sete anos na nova atuação transformou a Livraria da Vila em uma rede de cinco lojas e referência no setor.

DINÂMICA ANÁLISE ECONÔMICAAGENDA

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A Revista Empreendedor é uma publicaçãoda Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [[email protected]]

Diretor de Comercialização e Marketing:Geraldo Nilson de Azevedo[[email protected]]

Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [[email protected]] – Repórteres: Beatrice Gonçal-ves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Arquivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas e PhotosToGo – Foto da capa: Divulgação – Revisão: Lu Coelho

Sedes

São Paulo Diretor: Fernando Sant’Anna Borba – Executi-vos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [[email protected]]

Florianópolis Executiva de Atendimento: Tharin Merizio [[email protected]] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666

Escritórios Regionais

Rio de Janeiro Triunvirato Empresarial – Milla de Souza [[email protected]] – Rua São José, 40 – 4º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/9607-7910

Brasília Ulysses Comunicação Ltda. [[email protected]] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal

Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [[email protected]] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666

Rio Grande do Sul Flávio Duarte [[email protected]] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767

Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [[email protected]] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384

Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [[email protected]] – Av. Getúlio Var-gas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [[email protected]] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 10%, pagando somente R$ 106,92 à vista. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfi ca Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Ex-press de Publicações Ltda – São Paulo

Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.brEditora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende

E vitar o desperdício é a linha co-mum entre as duas matérias que disputaram a capa desta edição. Às vezes não custa nada, é só fe-char uma torneira, apagar uma

lâmpada que não está sendo utilizada, etc. Em outros casos, é preciso um inves-timento inicial, mas que se paga em curto prazo com a própria economia: lâmpadas fl uorescentes, descarga com duas capaci-dades de fl uxo, máquinas e equipamentos que consomem menos energia, etc. Basta um pouco de conscientização, por parte dos usuários, e um pouco de inovação, no lado dos fabricantes de produtos e presta-dores de serviço.

A reportagem “Essência da vida” não levou a capa, mas trata de um tema de extrema importância e que merece muito destaque: economia e redução do desper-dício de água. De toda a água do mundo, só 2,4% é fresca, sendo que apenas 0,3% não está congelada nos polos. O grande problema, no entanto, é a contaminação dessa quantidade. Além disso, é preciso levar em conta que a população mundial continua a crescer e, segundo cálculos da ONU, passar dos atuais 6,8 bilhões de pessoas para 9,1 bilhões – sendo 260 milhões de brasileiros, contra 193 milhões atualmente, conforme o IBGE. Ainda de acordo com previsões da ONU, estima-se que de 2 bilhões a 7 bilhões de pessoas não terão acesso a água de qualidade em 2050. Hoje, um sexto da população não tem acesso a fornecimento de água e 40% a saneamento básico.

A previsão da ONU tenderá ao extremo otimista ou pessimista conforme as medidas que os governos adotarem, explica a entidade. Mas o setor produtivo tem sua parcela de responsabilidade neste desafi o. Primeiro, evitando o desperdício. O maior impacto, no entanto, virá do desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores com maior efi ciência hídrica e energética. Não há proble-ma nenhum, muito pelo contrário, que os interesses mercadológicos estejam em sintonia com as preocupações socioambientais, conclui a jornalista Cléia Schmitz, que apurou casos dos três setores de maior relevância quando o assunto é o uso de recursos hídricos no País, segundo o Atlas Sociágua, da FGV e Ivig: produção de alimentos, geração de energia e saneamento, com ênfase para este último, que responde por aproximadamente 21% da demanda de água no Brasil, e cuja falta implica inúmeros e graves problemas de saúde.

Já a matéria “Parceiro ideal” fala do desperdício de tempo e dinheiro de franque-adores e franqueados, quando estes últimos são mal escolhidos. O problema todo pode começar na defi nição errônea do perfi l da pessoa procurada. Neste caso, não adianta nem seleção rigorosa nem treinamento intenso, que são igualmente cruciais. A repórter Beatrice Gonçalves traz conselhos de especialistas para não errar na for-mação da tríade e exemplos de quem já está no mercado. Se você quer expandir sua empresa pelo sistema de franchising, ou mesmo se já é um franqueador, ou ainda se planeja abrir um negócio aderindo a uma franquia, não pode deixar de ler.

Alexsandro Vanin

E D I T O R I A L

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Elio Boccia

NOVO DESAFIO

Com mais de 40 anos de expe-riência nos mercados financeiros e de tecnologia, o executivo Elio Boc-cia assumiu em abril a presidência da Kalendae, consultoria brasileira especializada em gerenciamento de serviços de TI. Boccia foi diretor de Tecnologia do Unibanco e diretor de Desenvolvimento de Negócios da IBM. O executivo trabalhou tam-bém no banco Comind, na Banca Nacional Del Lavoro e na Medial Saúde. Uma de suas metas como presidente da Kalendae é reforçar

as parcerias e alianças da empresa com grandes players do mercado, além de ampliar as operações em todo o Brasil. “Pretendemos atuar de forma ainda mais intensa nas regiões Sul e Nordeste”, afirma o executivo. A Kalendae é a repre-sentante exclusiva, no Brasil, da Fox IT, uma das maiores empresas europeias na área de Best Practices de TI, com sede na Inglaterra. Em 2009, a brasileira teve crescimen-to de 60% e conquistou 20 novos clientes. www.kalendae.com.br

Luciana Cardoso e Gabriela Hunnicutt

DA AMIZADE À SOCIEDADE Elas têm trajetórias profi ssionais semelhantes, apesar de terem tri-

lhado caminhos distintos no mercado publicitário. Mas um dia se cru-zaram em Lisboa, onde se tornaram amigas. No ano passado, decidiram encarar juntas o desafi o do empreendedorismo. Luciana Cardoso e Ga-briela Hunnicutt são as proprietárias da Bold, empresa especializada na criação de conteúdo multiplataforma de marcas, lançada ofi cialmente em abril deste ano. Experiência de mercado não lhes falta. Gabriela tra-balhou durante 18 anos como redatora publicitária, incluindo empresas como Ogilvy, FCB, Y&R, JWT Lisboa, Leo Burnet Miami, MTV e Agên-ciaClick. Luciana começou na W/Brasil e depois passou por DM9, TBWA Lisboa, JWT Lisboa, Young & Rubicam Madrid e Fischer+Fala. Com este currículo não é de se espantar que a Bold Conteúdo tenha chegado ao mercado com trabalhos relevantes para Skol, Oi, Embratur, Electrolux, Sadia e Red Bull.

“Nosso diferencial é que somos criativas em nossa essência e sabe-mos falar ‘a língua do cliente’, idealizando projetos de acordo com as estratégias de comunicação dele”, afi rma Gabriela. A publicitária explica que a ideia de abrir a Bold surgiu da percepção de que estava em curso uma profunda mudança na utilização das plataformas digitais por parte das marcas. Os banners perdiam força nas estratégias on-line das cor-porações, e sites e hotsites, por sua vez, deixaram de ser apenas fonte de informação sobre um produto ou serviço para se transformarem em entretenimento, relacionamento e serviço. Várias plataformas podem ser utilizadas de forma individual ou integrada nos projetos criativos da Bold, como sites, hotsites, conteúdo mobile, TV, blogs, redes sociais e painéis eletrônicos. Para isso, a empresa conta com uma equipe fixa de dez profissionais. www.boldconteudo.com.br

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Walmir Scaravelli

PIONEIRISMO RECOMPENSADO

Em 1985, a microinformática ainda era novidade para a maioria das empresas. Mas para o empresário Walmir Scaravelli, que na épo-ca ajudou a fundar a Mega Sistemas, não havia dúvida do potencial de mercado em desenvolvimento. Vinte e cinco anos depois, a empresa é referência nacional em tecnologia de gestão empresarial com cerca de 3 mil clientes e 50 mil usuários. No ano passado faturou R$ 42 milhões, um crescimento de 27% em relação a 2008. “Temos muito orgulho da nossa história. Iniciamos nossas atividades como uma fábrica de softwa-res, em Itu, interior de São Paulo, para atender empresas de pequeno e médio portes. Hoje temos uma rentabilidade que aumentou mais de 100% no último ano”, destaca Scaravelli. A Mega trabalha com clientes de diversos segmentos, com destaque para agrobusiness, construção civil, logística e, mais recentemente, transportador, revendedor e reta-lhista de combustíveis. www.mega.com.br

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Natanael Santos de Souza

PERSONALIDADE DE VENDASCom mais de 20 anos de experiência

empresarial, o executivo Natanael Santos de Souza acaba de conquistar o reconheci-mento dos colegas da área. No último dia 29 de abril ele recebeu o prêmio Persona-lidade de Vendas 2010 da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina (ADVB-SC). A escolha é feita pelos próprios associados da entidade. Natanael de Souza fez por merecer. Ele é fundador do Grupo First Premium, conjunto de sete empresas da área de comércio exterior, com sede em Santa Catarina. Entre elas, destaque para a Midea Brasil, representante da marca chinesa de condicionadores de ar desde 2007. No ano passado, o Grupo First

Romain Mallard

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Natural da França, o executivo Romain Mallard chegou ao Brasil em 2001 para ocupar um cargo de liderança em uma grande empresa da área de telecomunicações. Mas dois anos depois decidiu fundar seu próprio negócio, a Digital SK, especializada em projetos de educação a distância. Para isso, teve o apoio de centros de ensino como a Universidade de Tecnologia de Compiègne (UTC), onde havia se especia-lizado em Tecnologia. O retorno do investimento não tar-dou em aparecer. Em 2004, Mallard conquistou o primeiro grande cliente da SK, a Electrolux. Hoje, somente para este cliente a empresa desenvolve treinamentos que atendem 12 mil representantes de vendas em todo o Brasil.

No ano passado, a Digital SK registrou um aumento de 56% no número de clientes corporativos, dado ligado direta-mente ao crescimento do e-learning no mercado brasileiro nos últimos meses. Pesquisas recentes revelam que 41% das empresas estão estudando algum projeto de implementa-ção de educação a distância, enquanto outras 35% já têm o projeto em operação. Só no ano passado o empreendimen-to criado por Mallard conquistou clientes como a Citroën, L’Oréal, Renault, IOB, HSBC, Baú Crediário, Biolab, Compa-nhia Latino Americana de Medicamentos e Hospital Israelita Albert Einstein. www.digitalsk.com.br

apresentou crescimento de 35%, apesar da crise fi nanceira mundial.

Paranaense de nascimento, Natanael de Souza se mudou para Florianópolis em 1987, depois de uma temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Graduado em Ciências Con-tábeis, chegou decidido a ter seu próprio escritório de contabilidade, meta alcançada

em pouco tempo. Um dos seus clientes nes-te escritório era natural de Taiwan. Ao voltar para o país de origem, propôs a Natanael um negócio de importação de produtos para o Brasil. Visionário, o empresário aceitou a proposta e, em 1993, deu início ao grupo que hoje está nas listas das 1 mil maiores em-presas do Brasil. www.firstgroup.com.br

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Tarcisio Casaes

SÓ PARECE HOBBY Quem diria que um álbum de scrapbooking –

técnica de confeccionar e decorar livros de fotos – poderia influenciar toda uma carreira? Ex-execu-tivo da área de energia elétrica, Tarcisio Casaes de-cidiu investir no ramo de papéis para scrapbook depois que seu irmão enviou, dos Estados Unidos, em 2001, um álbum decorado para seu filho. A Repeteco, que além de papéis produz inúmeros outros itens para a prática do scrap, foi só o iní-cio dessa história. Hoje, Cascaes também é sócio da Craft & Scrap Brasil, a maior distribuidora de produtos do ramo no País, e da Scrap Sampa, tra-dicional loja com cerca de 1,5 mil itens das princi-pais marcas mundiais e nacionais. Em março deste ano, a Scrap Sampa inaugurou um novo espaço no Bairro Campo Belo, em São Paulo. Além de uma área maior destinada ao scrapbooking, a loja tem um estúdio fotográfico e um setor específico de produtos para decoração de bolos. “Com essa ini-ciativa, esperamos proporcionar a nossos clientes e ao mercado um ambiente único que reúne mar-cas consagradas em nossa área de atuação”, afirma Cascaes. www.scrapbrasil.com.br

Gerson Schmitt

O CARA DO SETOR O empresário Gerson Schmitt é o

novo presidente da Associação Brasi-leira das Empresas de Software (Abes). Mestre em Administração de Empresa pela Escola de Administração de Em-presas de São Paulo (Eaesp), Gerson tem 25 anos de experiência como exe-cutivo de grandes empresas brasileiras. Atualmente é sócio e presidente do Conselho de Administração da Paradig-ma Business Solutions, empresa cata-rinense com atuação nacional fundada em 1998. Mas até março passado atuou também como presidente do grupo de capital aberto Battistella, do Paraná. O empresário também foi diretor do Gru-po Dass (RS/SC) e de empresas como

Busscar Ônibus, Buettner e Hoepcke Bordados. Em Santa Catarina, também é um dos diretores da Associação Catari-nense de Empresas de Tecnologia (Aca-te). “Desliguei-me do Grupo Battistella para poder coordenar o lançamento e o início da operação de um novo serviço inédito que a Paradigma estará apresen-tando ao mercado em junho deste ano. Assim, também posso me dedicar aos assuntos de interesse setorial”, afi rma o empresário. Entre as prioridades à frente da Abes, Gerson destaca o fortalecimen-to das pequenas empresas e o fomento das exportações de software.www.abes.org.brwww.paradigmasbs.com.br

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Renata Boudon

UNHAS EM DOMICÍLIOUnhas bem-feitas sempre foram uma

prioridade para Renata de Barbosa Ingold Boudon. A empresária só largou o hábito no tempo que morou na França, país onde as mulheres não têm o costume de ir à manicu-re com a mesma frequência das brasileiras. De volta ao Brasil, passou a morar em For-taleza e percebeu que esse gosto das com-patriotas por unhas pintadas poderia ser um bom negócio se lhe fosse acrescentado um diferencial. Assim, em março de 2008, criou o Disk Manicure, um serviço de manicure e pedicure em domicílio. “O serviço propria-mente dito não é nada revolucionário e, con-venhamos, não inventamos a água quente! Porém, nosso grande diferencial é a maneira como o prestamos”, afi rma Renata.

A empresa dispõe de uma central de atendimento telefônico para agendamento dos horários. No dia e local indicados, uma profi ssional qualifi cada é levada ao local com um kit de atendimento lacrado e que res-ponde às normas de higiene e de segurança sanitária. Em dois anos, a carteira de clientes de Renata já soma mais de 250 pessoas. O público é variado, mulheres e homens entre cinco e 95 anos, especialmente das classes A e B. “São pessoas à procura de conforto, segurança e praticidade. Há ainda clien-tes que têm na nossa proposta a única opção para serem atendidas, como idosos, gestantes, lactantes, pessoas recém-operadas e homens que pre-ferem ser atendidos em local que não seja público.”

Neste ano, a empresária come-ça a estender o Disk Manicure para outros estados por meio do sistema de franquias. A meta é abrir oito a 10 franquias em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte. Desde dezembro passado, a empresa faz parte da Associação Brasileira de Fran-chising (ABF). Segundo Renata, a procura é por franqueadoras arrojadas. “Nós damos uma dimensão empresarial a uma ativida-de totalmente artesanal”, diz a empresária. www.diskmanicure.com

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Negócios também produzem sons. Duvi-da? Então experimente com a sua em-presa. Apure os ouvidos e escute. Avalie o som que está sendo produzido. Serão acordes harmônicos, criando uma suave melodia, ou estridentes, como os de uma sirene? O ritmo está mais para batidão ou balada? Não se limite, porém, a seus próprios ouvidos.

Quando é integrante da banda, difi -cilmente você consegue escutar o som que sai das caixas viradas para a plateia. É preciso contar com o recurso do re-torno – é essa mesmo a expressão usada pelos músicos. Então, peça emprestados os ouvidos de seus clientes, fornecedores, parceiros. Que música eles escutam? Que tipo de sentimentos ela inspira?

Bate-estacaA música traduz bem como as pesso-

as agem no ambiente de trabalho. Muitas empresas vivem um inconsequente frene-si, na certeza dos benefícios da tão propa-gada era da velocidade. Entregam-se a um corre-corre sem fi m, repetido à exaustão dia após dia. Só de pensar na cena é pos-sível imaginar o som. Um atordoante e

desagradável bate-estaca.Mas existem outras pistas para des-

cobrir qual é a trilha sonora. Examine o comportamento das pessoas nas reu-

niões. Todos falam ao mesmo tempo, ninguém escuta ninguém, celulares in-terrompem as conversas. Também aqui é fácil imaginar o tipo de melodia que a turma está perpetrando.

A música de uma empresa é ouvida pelo mercado. Assim, mesmo olhando de fora, os clientes são capazes de identifi car do que se trata. Se o que é tocado mantém a afi nação ou resvala para uma agressiva dissonância. Se é audível ou inaudível. Se merece vaias ou aplausos.

Quando os Beatles encerraram a car-reira, em 29 de agosto de 1966, Paul justi-fi cou a retirada, num programa de TV, di-zendo que eles estavam fi cando cada vez piores como banda. Já não tinham mais tempo para ouvir o som que faziam. O excesso de viagens e shows impedia que eles se aprimorassem. Paul desconfi ava que já não ofereciam algo de boa qualida-de. Diante desse tremendo risco, a essên-cia do conjunto se perdia. Foi uma decisão corajosa e sábia. Garantiu que a essência dos Beatles se perpetuasse.

Toada malemolente No sentido oposto, existem empresas

que produzem réquiens, aquele tipo de

música indicada para cerimônias fúne-bres. Baseadas em um monte de normas e procedimentos, as decisões são lentas e essa vagareza se estende para as ações.

QUAL É A MÚSICA DA SUA EMPRESA?

Lembre-se do valor de seu papel como regente. Dar apoio para que as pessoas desenvolvam suas

potencialidades, dirimir suas curiosidades e saibam transformar o trabalho em situações de aprendizado

N Ã O D U R M A N O P O N T O

Inovação é uma palavra que não cabe em nenhuma estrofe.

É só andar pela empresa para ouvir a toada melancólica das cabeças baixas, dos olhares vazios, das testas enrugadas, dos semblantes entristecidos. A apatia reina no ambiente de trabalho e as pessoas se arrastam como se carregassem cruzes às costas. Vivacidade, energia e disposição são artigos raríssimos nesse ambiente. Ali-ás, se aparecem aqui e ali como uma boia de salvação, prontamente se apagam, pelo peso do entorno. A música sonolenta é embalada pela surda burocracia.

Todo líder quer que as pessoas tomem iniciativas, assumam responsabilidades e produzam resultados. Mas como alcançar essas metas se a música reinante conduz a contexto comportamental oposto?

Entre acordes e arpejosA música pode ser geradora de adre-

nalina ou de endorfina. A trilha sonora de um filme de suspense contribui de-cisivamente para aumentar o efeito de uma cena aterrorizante. O coral de uma igreja ajuda a criar sentimentos de en-levo e religiosidade. Assim é, também, o trabalho. Pode ser considerado brutal e aborrecido ou gratificante e excitante. Depende da melodia que ressoa no am-biente. Afinal, qual é a música que você deseja para a sua empresa? Como é que se compõe e se rege uma canção agra-dável aos ouvidos de todos? Qual é essa música que leva as pessoas a dançar no ritmo certo, com passos firmes, brilho nos olhos, conversa assertiva e compro-metimento total?

Primeiramente, pense em acordes, ou seja, nos acordos que precisam ser firmados internamente. Esses acordos devem tomar como base os valores que configuram uma identidade. Pense me-nos em valores organizacionais, como competitividade, produtividade, quali-dade, etc. Pense mais em valores virtuo-sos, como verdade, excelência, genero-sidade. Compare as músicas que podem

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derivar de cada um desses dois con-juntos. Imagine qual seria a diferença de ritmo e harmonia. Os valores dão o tom. As atitudes e comportamentos definem a dança.

Em seguida, elabore o perfi l dos ins-trumentistas para tocar na sua orquestra. Preste atenção nos atuais. Alguns podem não ter consciência de que fazem parte dessa orquestra nem da importância que têm ou da infl uência que exercem. É im-prescindível que todos compreendam como é fundamental produzir uma boa música. Que todos saibam reconhecer as afi nações e as desafi nações.

E lembre-se do valor de seu papel como regente. Tudo o que você tem de fazer é dar apoio para que as pessoas consigam desenvolver suas potencia-lidades, dirimir suas curiosidades e saibam transformar o trabalho em si-tuações de aprendizado. Você será um bom regente quando seus colaborado-res acreditarem que está ali não para controlar e impedir que eles façam as coisas erradas, mas para ajudá-los a se desenvolver. E, assim, vai oferecer a eles orientação, propósito, condições de desenvolver liderança e facilidade de acesso aos recursos necessários. São esses os componentes de uma música de ótima qualidade.

Depois abra espaço para os clientes,

fornecedores, investidores, parceiros e outros agentes importantes do seu negócio. A partitura já está esboçada, é hora de defi nir o ritmo.

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre

Conhecimento & Educação Empresarial(11) 3873-1953/www.cempre.net

[email protected]

Deleite-seA boa música é agradável aos ouvi-

dos porque tem pausas. Sem interva-los, qualquer música soa como uma si-rene, dessas que levam a gente a tapar os ouvidos, de tão agressivas. As pausas são fundamentais para o planejamento, o aprendizado e a refl exão. No fundo, é a bela mistura de som e silêncio que produz a melodia mais bela e podero-sa. A que encanta quem ouve e eleva quem toca. Seja o regente desse ex-

traordinário desafi o! Na certa, o que aguarda tamanho conjunto de talentos em harmonia é o aplauso da plateia. E, claro, os pedidos de bis!

Todo líder quer que as pessoas tomem iniciativas, assumam responsabilidades e produzam resultados.

Mas como alcançar essas metas se a música reinante conduz a contexto comportamental oposto?

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por Mônica [email protected]

Impossível de ser ignorado, o cresci-mento do mercado digital colocou anun-ciantes, agências de publicidade e, princi-palmente, os veículos de comunicação em alerta. Pesquisas mundiais indicam que a receita publicitária da internet já ultrapas-sou a das revistas impressas, reunindo 12% de toda a verba de publicidade investida em 2009 – aproximadamente US$ 55 bilhões –, enquanto as revistas fecharam com pouco mais de 10%. O Brasil segue a tendência: apesar da crise, em 2009 a internet foi a

mídia que mais cresceu no País, registrando 25% de aumento, segundo dados do IAB Bra-sil (Interactive Advertising Bureau), órgão responsável pelo desenvolvimento da mídia interativa no País. Na opinião de Ari Mene-ghini, diretor-executivo da entidade, o futuro dos meios de comunicação seguirá a lógica darwinista, onde apenas os mais adaptados sobreviverão. “As empresas de comunica-ção terão que encontrar novos modelos de negócio, mas com certeza muitas delas vão morrer na praia”, afirma Meneghini.

Do outro lado estão os anunciantes, cada vez mais ávidos por conquistar espaço no mundo virtual. Marcar território na web, aliás,

tornou-se questão de sobrevivência para em-presas de todos os portes e segmentos, como sentencia Meneghini: “Você pode até não ga-nhar dinheiro diretamente com a internet, só que pode perder muito por não estar presente”. Mas, com tantas ferramentas e possibilidades em mãos, como tirar o melhor proveito da rede? E quais as melhores formas de criar e gerir a presença digital de uma empresa?

Na entrevista a seguir, Meneghini responde a estas questões e ainda analisa o mercado da comunicação digital no Brasil e os rumos do marketing digital, apontando as novas tendên-cias e possíveis saídas tanto para as empresas como para os veículos de comunicação.

Mercado publicitário na internet cresceu 25% em 2009 e já supera

o de revistas impressas

Ari Meneghini

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Garantir a presença digital é fundamental

para qualquer negócio. Pode até ser que você nem vá ganhar dinheiro diretamente, mas o fato

de não estar lá pode acarretar prejuízos

periência no seu site, oferecer alguma coisa que vá agregar para essa pessoa, um serviço, uma informação, um brin-de, um desconto. Se o cara entrou no seu site, comprou alguma coisa ali, é porque gosta da sua marca ou produto. Então mantenha um relacionamento que futuramente ele pode comprar ou-tros produtos e pode falar bem da sua empresa. O que é melhor ainda.

Quais são os erros mais comuns observados na comunicação digital corporativa?

Meneghini – Justamente o fato de muita gente ainda achar que para entrar na internet basta montar um site e dis-parar e-mail marketing. A presença digi-tal jamais pode ser estática ou conser-vadora, mas sim pró-ativa. É preciso ter uma estratégia para ingressar no mundo digital, elaborada de acordo com as ca-racterísticas de cada negócio. Também é preciso manter a coerência entre o mundo real e o virtual, garantindo que os produtos e serviços oferecidos na rede correspondam às expectativas do cliente na vida real.

O avanço da internet muitas vezes é encara-do como uma ameaça pelos demais veículos de comunicação, sobretudo os impressos. Na sua opinião, qual o futuro das mídias “tradicionais”?

Meneghini – Por diversos fatores, a tendência é que os demais veículos mi-grem para o mundo digital. O que não quer dizer que os impressos deixarão de existir, mas sim que sua importância no mercado será alterada. O jornal impres-so está em franca decadência e vai con-tinuar assim, justamente porque muitos anúncios estão migrando para a internet. Já o mercado de revistas, por incrível que pareça, continua próspero. Estou sempre na Editora Abril, por exemplo, e vejo que determinado título atingiu recorde de vendas, outro aumentou a tiragem, o que evidencia o interesse dos anunciantes. Mas há ainda toda uma questão ambiental que diz respeito a reduzir o consumo de papel, então falta achar uma ferramenta que garanta a sobrevivência dessas em-presas. O Kindle e o recém-lançado Ipad são algumas das tentativas neste sentido. Com o tempo, acredito que haverá uma espécie de “seleção natural” entre as

tem uma empresa, tenha certeza de que em algum momento ela já foi citada na web, mesmo que não esteja lá. E é sem-pre melhor estar por perto. Sobretudo para pequenos e médios negócios, a in-ternet representa o caminho mais fácil e barato para crescer. Você pode exportar para outros mercados e prospectar con-sumidores de outras regiões, por exem-plo. Na rede, o regional torna-se global.

Qual a melhor forma de trabalhar a comuni-cação digital de uma empresa?

Meneghini – O ideal é investir em um mix de marketing digital, que envol-va ações conjuntas com banners, links patrocinados, e-mail marketing e redes sociais, que também devem estar inte-gradas às campanhas off-line. De nada adianta, por exemplo, só fazer publici-dade on-line ou off-line. Ou só investir em banners e deixar de lado as outras ferramentas. A dica é investir em várias frentes, incluindo a comunicação no ponto de venda, no caso do varejo. Em primeiro lugar, as empresas precisam ter seus sites bastante eficientes, claros, e devem interagir com seus usuários. Interagir significa oferecer alguma ex-

Como o senhor avalia o atual desempenho do mercado digital no País?

Ari Meneghini – Ano após ano, o crescimento do mercado digital é nítido. Em 2009, por exemplo, 67,5 milhões de brasileiros acima de 16 anos acessaram a internet, o que confirma a posição da web como um meio eletrônico de massa e de alta abrangência. Outro dado que chama atenção é o aumento da presen-ça das classes C, D e E, que hoje já são maioria na rede em número de usuários. A quantidade de e-consumidores cresceu 33%, totalizando quase 18 milhões de pessoas que compraram pela internet. A telefonia móvel representa outro im-portante incremento ao mercado digital. Com aproximadamente 176 milhões de celulares habilitados no País – quase um por habitante –, vemos crescer o acesso à banda larga móvel, à tecnologia 3G e a venda de smartphones.

Apesar da crise, a internet foi a mídia que mais cresceu em 2009, registrando alta de 25,2% nas verbas publicitárias. Quais as principais vantagens de anunciar na web?

Meneghini – Para o grande anun-ciante é estar próximo do seu público durante as 24 horas do dia, afinal in-ternet não tem “horário nobre”. Além disso, você pode trocar a campanha quando quiser e acompanhar como as pessoas estão se relacionando com a sua marca. Outra vantagem são as diversas ferramentas de métricas para mensurar a efi ciência do meio. Já para a pequena e média empresa, a web é a forma mais econômica de se fazer publi-cidade. Pode-se usar links patrocinados, comparadores de preços, links no meio do texto (in text), redes sociais e e-mail marketing a baixo custo. Resumindo, você pode dominar toda a comunicação através da rede e, assim, gerar negócios.

Para as empresas, qual a importância de estar presente na rede?

Meneghini – Garantir a presença digital hoje é fundamental para qual-quer negócio de qualquer área de atua-ção, seja de pequeno, médio ou grande porte. Pode até ser que você nem vá ganhar dinheiro diretamente com a in-ternet, mas o fato de não estar lá pode acarretar prejuízos. Até porque, se você

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mídias e quem não estiver preparado fi cará de fora do negócio.

Pesquisa do IAB aponta que o brasileiro é recordista mundial em tempo de per-manência na internet. Qual é o serviço mais acessado no País?

Meneghini – Sem dúvida as re-des sociais – como Orkut, Twitter e Facebook – e o vídeo. Um dado que chama atenção é que desde março de 2007 o vídeo superou o e-mail e atualmente é o serviço mais utilizado na internet brasileira. No ano passado, 25 milhões de pessoas navegaram em sites como YouTube. Creio que a in-ternet será cada vez mais visual, como é a televisão. Já as redes sociais e os comunicadores instantâneos (Messen-ger, Gtalk) também estão no topo da lista. E com 25 milhões de usuários, o Orkut é a rede mais acessada, seguida do Twitter, Facebook, Ning e Sonico.

Qual o perfil das classes C, D e E na internet?

Meneghini – A internet está se tornando cada vez mais popular: 51,6% da população que acessa a web pertence às classes C, D e E, enquanto as classes A e B, juntas, representam 48%. Antes de mais nada, as classes C, D e E querem ser inseridas no mundo digital, por isso a importância dos programas de inclusão digital, fundamentais para o crescimento do País. Principalmente as classes D e E, a primeira coisa que procuram quando acessam a internet é fazer o que eu chamo de “RG digital”, que significa criar um perfil no MSN e Orkut. A partir daí, passam a explorar as demais facilidades da web: ferramen-tas de pesquisa, jogos, músicas, vídeos, etc. A principal dificuldade que temos com esse pessoal é justamente a falta de conhecimento. Da mesma forma que existem analfabetos que pagam para al-guém escrever suas cartas, vemos surgir em muitas favelas a figura da pessoa que cobra para fazer o Orkut, o MSN, subir uma foto, etc.

Como as empresas podem se aproximar das classes C, D e E na internet?

Meneghini – Assim como todo

É preciso manter a coerência entre o mundo

real e o virtual, garantindo que os produtos e

serviços oferecidos na rede correspondam às expectativas do cliente

na vida real

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mundo, o que estas pessoas querem é ser bem atendidas. As empresas – principalmente as de e-commerce – devem ter em mente que a maioria dessas pessoas acessa a internet em locais públicos, então há uma forte restrição em utilizar cartão de crédi-to a partir de uma lan house. Sendo assim, ofereça outros meios de paga-mento, como boleto bancário. Além disso, o site tem que ter uma interfa-ce leve, direta e objetiva, oferecendo informações claras e precisas. E tam-bém não meça esforços para se apro-ximar e conhecer seu público, seja ele de que classe for.

Qual a representatividade do mercado de internet móvel no Brasil?

Meneghini – Em 2009, a venda de smartphones cresceu 15% no País. Também já temos mais de 8 milhões de consumidores da tecnologia 3G, o que refl ete uma tendência mundial: a inter-net será cada vez mais móvel. No Japão, por exemplo, o Google fatura mais na internet móvel do que na fi xa. Mas, no Brasil, estamos demorando para evoluir

devido ao modelo de negócio de telefo-nia. Ainda é muito caro para as operadoras ampliarem o sistema de banda larga.

Quais as expectativas do IAB Brasil para o mercado digital brasileiro em 2010?

Meneghini – O ano será excelen-te para a internet, de acordo com a pesquisa que fizemos recentemente. Espera-se crescimento mínimo de 30%, totalizando em média R$ 1,7 bilhão em investimentos de mídia. O interesse dos anunciantes é grande: 85% têm interesse em aumentar as verbas em publicidade on-line em 2010. Além disso, os eventos do ramo que eu participo estão lotados, todo mundo buscando informações sobre o mercado digital, pois a web é um apren-dizado constante, é um mercado em cons-tante transformação, que exige atenção de publicitários e anunciantes.

LINHA DIRETA

Ari Meneghini: iabbrasil.ning.com

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Fernando Basso em treinamento com o franqueador Elídio Biazini

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Parceiro

Quando um empresário adota o sis-tema de franchise para expandir sua em-presa é necessário traçar o perfi l do inves-tidor que ele espera conquistar para ser franqueado da rede. Entre os pré-requisi-tos mais procurados estão espírito de lide-rança para conduzir pessoas e negócios, saber trabalhar em grupo e ter um perfi l pró-ativo. Atitudes difíceis de identifi car, e para que tanto o franqueador quanto o interessado em investir não errem ao assi-nar um contrato de franquia, especialistas orientam dedicar um tempo a mais para a seleção. Quanto mais criteriosas forem as redes neste processo, menor a possibi-lidade de problemas futuros tanto para o franqueador quanto para o franqueado.

O Grupo Ornatus, que reúne as fran-quias Jin Jin Wok, Morana e Balonè, con-seguiu traçar um perfi l ideal para os fran-queados das suas marcas ao longo de 20 anos. Segundo Eduardo Morita, diretor de expansão, para se chegar a isso o gru-po aplicou os mesmos testes que utiliza para selecionar os interessados em abrir unidades nas pessoas que já são franque-adas e que registram os maiores fatura-mentos das redes. “Da prática tentou se criar uma metodologia para o teste. Uma espécie de gabarito. Nós procuramos esses mesmos posicionamentos registra-dos nos testes aplicados aos franqueados nas pessoas que fazem os testes para se tornar novos franqueados.”

Para Ana Vecchi, especialista em vare-jo e franchise, quando a empresa já tem uma ideia do perfi l de investidor que ela pretende alcançar, fi ca mais fácil procurá-lo. A dica da especialista é que os franque-adores invistam em divulgar suas marcas

em mídias especializadas que atinjam esse perfi l do investidor almejado. “Quando há uma divulgação em massa da expansão de uma franquia, a tendência é que isso atraia muitos investidores e aí será mais difícil dizer ‘não’ para alguém que esteja interessado. Há uma média de 250 pesso-as interessadas em uma franquia para uma pessoa que esteja dentro do perfi l.”

Os franqueadores devem ser criterio-sos em suas escolhas. Segundo Melitha Novoa Prado, especialista em franchising, além de avaliar a disponibilidade dos inte-ressados em investir os recursos fi nancei-ros exigidos, o franqueador precisa saber se a pessoa que ele está selecionando tem o perfi l adequado para o negócio. “É difícil falar em um perfi l ideal, mas o franqueador precisa saber para onde ele quer crescer e com quem quer fazer isso.” A orientação da especialista é que antes de assinar qual-quer contrato, os empresários esgotem ao máximo todos os processos de seleção.

ideal“Os franqueadores precisam ter a noção de que eles estão lidando com sonhos e com o dinheiro de outras pessoas, e isso exige um respeito muito grande.”

A seleção de franqueados costuma ser um processo longo e demanda uso de ferramentas e avaliações específi cas. Ana recomenda que se apliquem testes de análise de perfi l psicológico. Hoje no mercado há uma variedade de exames e entre os mais aplicados estão o Disc, Predictive Index (PI) e a Análise de Per-fi l Comportamental Profi ssional (APCP). “Pela APCP são apresentadas situações de trabalho e o candidato se posiciona dian-te desses problemas. Com isso é possível saber se ele tem um perfi l mais empre-endedor ou desenvolvedor.” Segundo ela, uma das principais características que precisam ser avaliadas durante esse processo é se o candidato está disposto a trabalhar em conformidade com as re-gras e com o formato da franquia. “Con-sidero um erro as franquias exigirem do possível franqueado um perfi l empre-endedor. Uma pessoa que seja altamen-te independente e que tenha um perfi l muito arrojado difi cilmente vai se tornar um franqueado que esteja satisfeito com as normas estabelecidas pelo franquea-dor. Se no princípio ele concordar com as regras, a médio prazo começa a fi car insatisfeito. Acredito que o franqueado precisa ter uma atitude mais de gestor.”

Para orientar os franqueadores no processo de recrutamento, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) oferece cursos de capacitação como o Avançado de Franchising, em que os empresários aprendem desde a avaliar a expansão do

Definição exata do perfil e seleção rigorosa são fundamentais para que nem franqueador nem franqueado desperdicem dinheiro

por Beatrice Gonç[email protected]

Dicas para quem quer ser um franqueado

Pesquise sobre o sistema de franquias, conceitos, leis e os requisitos necessários.Reflita se você tem o perfil para ser um franqueado.Procure a franquia que melhor se encaixa no seu perfil.

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negócio até como selecionar novos fran-queados. Para Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF, esses cursos ajudam o empresário a refl etir melhor sobre seu foco de expansão e não tomar atitudes precipitadas. “O franqueador não pode perder de vista que o ponto fundamental da franquia é sua marca. Não basta sair

vendendo novas unidades sem ter o negó-cio bem estruturado. Se você tiver muitos franqueados com problemas será ruim para a imagem da marca.”

O contabilista Fernando Basso pre-cisou aprender a fazer pizza e trabalhar nos fi ns de semana à noite para se tornar um franqueado da Dídio Pizza, rede de pizzarias delivery. Todo o esforço come-çou antes mesmo dele fechar o negócio. Mostrar aptidão e força de vontade foram pré-requisitos para passar nos testes. E isso não foi uma tarefa fácil. Pelas esti-mativas da rede, de cada 12 interessados na franquia que participam da primeira etapa do processo seletivo apenas um é aprovado. “Eu sou obrigado a dizer não para muitos interessados e falo isso até para preservar o dinheiro deles”, comen-ta Elídio Biazini, franqueador da marca. Além do investimento médio de R$ 140 mil para abrir uma unidade, a rede exige que o interessado tenha disposição para fi car à frente do negócio e que tenha fa-cilidade em lidar com pessoas e vendas. “É um tipo de negócio que é preciso tra-balhar muito, principalmente nos fi ns de semana. Por isso, nosso processo de se-leção de franqueados já começa com um test drive em que o interessado precisa trabalhar no caixa de uma unidade da Dí-

dio no dia de maior movimento da rede, que é no sábado à noite.”

Trabalhar no fi m de semana não foi um problema para Basso. Ele queria mudar de vida e largou o emprego em um banco para abrir o negócio próprio. Como queria in-vestir no varejo, mas não tinha know-how, ele optou pelo sistema de franquia. “Eu tinha o capital e conhecimento na parte fi -nanceira, mas não sabia como montar uma empresa nem selecionar funcionários, e a Dídio Pizza me ensinou isso.” Durante 45 dias, Basso e sua equipe de funcionários passaram por um treinamento para apren-der a operacionalizar a unidade. Fizeram cursos de capacitação em fi nanças, marke-ting e recursos humanos e foram para a cozinha aprender a fazer pizza. “Durante os dias de treinamento nós temos 80% de chance de saber se nossa relação com esse possível franqueado vai dar certo; se durante esse processo o interessado não atender a uma das exigências, ele pode ser reprovado em qualquer uma dessas etapas e não ser aceito”, explica Biazini.

A Dídio tem hoje 10 unidades, todas na capital paulista. Nesses 16 anos de experi-ência no setor, Biazini conta que é possível dizer que a Dídio tem hoje uma “fotografi a” do perfi l de seus franqueados. “Todos eles são muito parecidos. A maior parte está na

Ana Vecchi: franqueadores devem divulgar suas marcas em mídias especializadas

Balonè e Jin Jin Wok, do Grupo Ornatus: longo

processo de treinamento

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faixa etária de 25 a 45 anos e tem ensino su-perior completo. Dos dez franqueados da Dídio, dois eram gerentes de bancos.”

Nas redes Tostare Café de cafeterias e na ClickSushi de culinária japonesa, os franqueados mais bem-sucedidos ajudam o franqueador a selecionar investidores. A primeira parte do processo seletivo de novos franqueados consiste em visitar uma unidade da rede e conversar com um franqueado. “Acreditamos que envolvendo os franqueados que já atuam na rede na entrevista dos candidatos a franqueados é melhor porque amplia o número de pesso-as tomando a decisão e avaliando se aquela pessoa tem o perfi l desejado. Os franquea-dos costumam ser muito mais criteriosos. Somente depois que o franqueado aprovar o interessado é que ele vai para uma entre-vista”, afi rma Luís Bischoff, franqueador da Tostare Café e da ClickSushi.

Scheila Ximenes, franqueada da Cli-ck Sushi, costuma receber em sua unida-de em Osasco (SP) interessados em abrir uma unidade e mostrar toda a operação do negócio. “Quando eles vêm aqui, con-sigo ter uma noção se eles têm o perfi l. Nós acabamos tendo um ‘felling’. O que procuro ver é se eles têm uma atitude pró-ativa que se aproxime de um posicio-namento parecido com o meu ou com o

do meu marido, que é meu sócio.” Quem passa por esse primeiro teste é encami-nhado para uma entrevista com os direto-res do grupo, quando é avaliado o perfi l do investidor e indicado qual é o melhor formato de negócio para ele. No caso da Tostare Café, são oferecidos três forma-tos diferentes de franquia. Para aqueles que pretendem trabalhar no mínimo 12 horas por dia, a rede indica o formato de cafeteria express, que é a abertura de um quiosque em um shopping center. Já para aqueles que não querem traba-lhar nos fins de semana é indicado abrir uma unidade no Centro da cidade. “Se a operação do negócio for familiar, in-dicamos um bistrô, que é uma loja de bairro. Uma unidade que pode oferecer

desde o café da manhã até o happy hour no fim da tarde”, afirma Luís Bischoff, da Tostare Café e ClickSushi.

Na franquia Água Doce Cachaçaria a conversa com os franqueados é também fundamental para a escolha de novos in-vestidores. “Quem quer investir na rede precisa ouvir as difi culdades, as vantagens, os pontos fortes e fracos. É preciso que ele entenda todos os processos do negócio. Isso credibiliza o nosso negócio”, afi rma Júlio Bertolucci, diretor da franquia. Ele conta que por essa primeira conversa já é possível perceber o potencial desse in-vestidor e se ele tem perfi l indicado para trabalhar no negócio. “Nossa operação é noturna e no começo tivemos alguns desgastes justamente por isso, porque o franqueado gostava da noite, mas ele gos-tava de ser servido e não de servir.” Além da disponibilidade de trabalhar à noite, a franquia exige que o franqueado tenha idade acima de 30 anos, ensino superior completo e que não tenha experiência no ramo. “É interessante que esse investidor tenha uma noção do varejo, mas nós pre-ferimos que ele não tenha experiência no ramo porque se não ele traz alguns vícios para o negócio e depois fi ca mais difícil entrar no padrão da franquia.”

A Água Doce Cachaçaria está no mer-

“Considero um erro exigirem do possível franqueado um perfil empreendedor. Acredito que ele precisa ter uma atitude mais de gestor”, diz Melitha Prado

Hipólito, do Grupo Zaiom: franquias de baixo investimento

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cado de franquias há 17 anos e, durante esse tempo, Bertolucci conta que foi pre-ciso mudar o perfi l dos franqueados exi-gidos pela rede. Ele explica que o maior índice de mortalidade de unidades da rede está no início da operação, quando o grupo não fazia uma análise tão rigorosa para a seleção do franqueado. “Hoje com 110 lojas, minha responsabilidade aumen-ta. A marca se torna muito forte. Se eu não cuidar do meu processo de seleção, posso ‘queimar’ uma marca do dia para a noite. No começo era ‘vamos expandir’; hoje é ‘vamos expandir com responsabilidade’.”

Nem todas as franquias exigem que o interessado esteja à frente do negócio. Há aquelas que aceitam o perfi l de um in-vestidor para ser franqueado. Uma pessoa que aplica o dinheiro para montar uma unidade, mas que não tem interesse em operar o negócio. A rede de hotéis Accor Hospitality aceita esse perfi l de franquea-do. O grupo, que é detentor das marcas Sofi tel, Novotel, Ibis, Mercure e Fórmula 1, oferece diferentes formatos de negó-cios. É possível aplicar dinheiro tanto para a construção de hotéis de luxo quanto para os de classe supereconômica. Só as redes Ibis e Mercure têm mais de 1 mil hotéis franqueados, 700 deles na Europa e outros 17 no Brasil.

O grupo não trabalha com um perfi l pré-defi nido de investidor. São feitas exi-gências para o perfi l do gerente que vai ocupar a posição de administrador do ho-tel. “Nosso franqueado precisa ter capital para investir na franquia e ter uma afi ni-dade com o negócio de turismo, mas não mais que isso”, explica Amilcar Mielmiczuk, gerente de desenvolvimento de negócios Accor. Hoje, para abrir um hotel econômi-co em uma cidade pequena, é necessário investimento de no mínimo R$ 5 milhões.

Na outra ponta da tabela, para quem quer aplicar poucos recursos na abertura de um negócio, estão as franquias de bai-xo investimento. O Grupo Zaiom oferece cinco diferentes modelos de negócios para quem quer investir até R$ 20 mil. São

franquias que as pessoas não precisam ter um ponto comercial para iniciar sua operação porque a maioria dos negócios pode ser conduzida de um home offi ce. O grupo é detentor das franquias “Tutores”, de reforço escolar; “Doutor Faz Tudo”, de manutenção elétrica e hidráulica; “Amigo Computador”, de manutenção de compu-tadores; “Home Angels”, de cuidadores de pessoas; e “The System”, que oferece so-luções em tecnologia da informação para pequenas empresas. Do total investido para a abertura de uma unidade, R$ 15 mil são gastos com a taxa de franquia, R$ 3 mil para estrutura do negócio e R$ 2 mil para investimento em marketing.

Como cada franquia do grupo presta serviços especializados, para ser um fran-queado é preciso ter formação específi ca. No caso da Tutores é necessário que o fran-queado tenha formação técnica na área de pedagogia, psicologia ou terapia ocupacio-nal, e no caso da Home Angel é preciso que tenha formação na área de enfermagem. “Não é preciso ter experiência, nós damos o treinamento para que ele possa operar o negócio”, afi rma Artur Hipólito, diretor do Grupo Zaiom. Segundo ele, por mais que se faça uma seleção rigorosa dos candida-tos, é no dia a dia do negócio que se per-cebe se o franqueado tem ou não o perfi l

Cli ckSushi: atuais franqueados, como Scheila Ximenes e o marido, ajudam a selecionar novos interessados na franquia

“Franqueador não deve ter receio em cobrar pelo treinamento, porque a capacitação da rede é um investimento que traz ganhos para a marca”, diz Ana Vecchi

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adequado. “Até hoje eu não vi um processo de seleção que diga esta é a pessoa certa; você pode, na verdade, ver se aquelas pes-soas têm as características desejadas. Só vou saber como ela vai lidar com o negócio depois que abrir a unidade. Às vezes tem pessoas com um potencial altíssimo, mas que falham na operação.”

Para Ana Vecchi, as redes de franquia devem fi car atentas ao processo de treina-mento dos franqueados, principalmente aquelas baseadas em transferência de know-how e que não exigem experiência na área. A orientação é que a franquia crie procedimentos de capacitação que abor-dem desde a operação do negócio até o dia a dia de vendas. A especialista afi rma que o franqueador não deve ter receio em cobrar pelo serviço de treinamento, por-que a capacitação da rede é um investi-mento que pode melhorar e trazer ganhos para a marca. “Os custos do treinamento podem ser colocados na taxa de franquia e o franqueador não precisa fi car com medo de achar que o valor cobrado não será compatível com o de mercado. Uma vez que as pessoas percebam que aquela franquia é estruturada e profi ssional, ela vale o quanto pesa.”

Entre os segmentos de franquias, o da alimentação é um dos mais comple-

xos em termos de operação porque exi-ge que o franqueado aplique no dia a dia os formatos da rede e mantenha o mes-mo padrão de qualidade dos alimentos oferecidos por todas as unidades. E isso exige muita capacitação. Na franquia Gri-letto, rede especializada em grelhados e parmegianas, os franqueados passam por um treinamento de 30 dias e têm acom-panhamento mensal de seu trabalho. Para manter o padrão de qualidade do serviço, a rede optou em utilizar alimentos semi-prontos que são distribuídos para toda a rede por um mesmo operador logístico. Na franquia de culinária chinesa Jin Jin Wok, do Grupo Ornatus, os franqueados da rede passam por um longo processo de treinamento no início do negócio para que tanto o franqueado quanto sua equi-pe aprendam as técnicas de trabalho. “O franqueado precisa entender e aplicar to-dos os conceitos da marca para preparar os pratos e fazer com que eles tenham a mesma qualidade dos outros oferecidos por toda a rede”, afi rma Eduardo Morita, diretor de expansão do Grupo Ornatus.

Diferente do processo de treinamento dos franqueados do setor de alimentação, Morita explica que em setores relaciona-dos à moda é necessário outra dinâmica de capacitação. No caso das franquias de

acessórios Morana e Balonè do Grupo Or-natus, o treinamento dos franqueados fi ca mais forte quando as unidades já estão em operação. “O franqueado da Morana e da Balonè precisa saber lidar com as mudan-ças constantes da moda e, por conta disso, precisa receber frequentemente da rede informações sobre novas tendências.” Independente do ramo, Ana Vecchi alerta os investidores a desconfi ar de redes que oferecem treinamentos rápidos. “O que dá para aprender a tocar na vida como negócio em cinco dias, uma vez que você nunca tenha tido negócio similar?”

Ricardo Camargo, diretor da ABF, afi r-ma que há um movimento no mercado para tornar as relações entre franqueados e franqueadores cada vez mais transparen-tes e considera que isso é um amadureci-mento do setor. “O sistema de franchising cresce a cada ano no Brasil em parte pela confi ança que as pessoas têm no sistema e nas vantagens que ele oferece.” Em 2009, o setor registrou faturamento de R$ 63 bilhões, 14% a mais em comparação com o ano anterior. Hoje, são mais de 1,6 mil redes de franquias e 79 mil pontos de venda no Brasil. Entre os setores mais procurados pelos investidores estão o de acessórios e calçados, vestuário, hotelaria, informática e alimentação.

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Comunicação é fundamental para um bom relacionamento, mas quando não há empatia é preciso oferecer opções de saída para evitar prejuízos à marca

Quando a relação não dá certo

No sistema de franchising o sucesso dos negócios depende do trabalho em conjunto e, por isso, uma boa relação entre franqueador e franqueados é fundamental. Enquanto um trabalha para formatar o ne-gócio, o outro é o responsável pelas vendas de produtos e serviços e pelo contato direto com o consumidor. Segundo Melitha Novoa Prado, especialista em franchising, para que se construa uma boa relação entre franque-ador e franqueados é preciso refl etir muito antes de assinar um contrato de franquia. Ela orienta que o interessado em investir em franchising pesquise sobre o sistema, veja como funciona uma franquia e como se dá a relação entre a empresa que detém a mar-ca da rede e aqueles que a operam. Depois, deve refl etir se é isso mesmo que ele quer e, por último, procurar as redes que estejam mais de acordo com o seu perfi l e com o in-vestimento que ele pretende aplicar. “É pre-ciso que a pessoa que esteja interessada em se tornar um franqueado se identifi que com o negócio que ela escolher, e quando eu falo isso não é só identifi cação com o produto, mas com a operação do negócio.”

O Grupo Bittencourt e o instituto GS&MD realizaram uma pesquisa para analisar a relação entre franqueadores e franqueados. O estudo revelou que quan-do se avalia o auxílio do franqueador para escolha do ponto comercial, 74% dos 120 franqueadores ouvidos disseram que dão apoio total para a abertura de novas uni-dades; entretanto, apenas 36% dos 310 franqueados que participaram da pesqui-sa disseram ter recebido esse auxílio. Para Cláudia Bittencourt, especialista em fran-chising, esse é um problema típico de fal-ta de comunicação entre franqueadores e franqueados, e ela acredita que isso pode ser resolvido com a ampliação de redes de contato entre a rede e os franqueados.

Tanto o franqueador quanto o franque-ado não devem perder de vista que estão lidando com seres humanos e que, por mais que se trace um perfi l ideal de inves-tidor, as pessoas mudam constantemente de comportamento. Cláudia cita o traba-lho do especialista em franchising Greg Nathan, que estudou diferentes compor-tamentos dos franqueados nos negócios.

Segundo seu estudo, há um longo proces-so de amadurecimento na relação entre franqueador e franqueado. Em um pri-meiro momento, é possível perceber um estágio de contentamento do investidor, depois há uma fase em que ele se pergun-ta por que não abriu sozinho o negócio até o momento em que ele refl ete e vê a importância do trabalho em equipe com o franqueador. Por conta de todo esse pro-cesso, é preciso que o franqueador mante-nha contato direto com seus franqueados e que, caso perceba um problema, sente com o investidor para conversar e reava-liar certos procedimentos.

Para Melitha, que trabalha há 20 anos com franchising, quando a relação entre franqueador e franqueado não está dan-do certo há três fatores que podem estar atrapalhando o andamento da franquia: “O negócio pode dar errado quando eu não acertei o perfi l, quando eu errei o ponto co-mercial ou quando o próprio negócio não vai para frente”. Nesses casos, ela orienta que o franqueador converse com o fran-queado e ofereça algumas opções para ele,

Biazini: “Durante o treinamento temos 80% de chance de saber se a relação com um possível franqueado vai dar certo”

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LINHA DIRETA

ABF: www.abf.com.br Accor Hotéis: www.accor.com.br Dídio Pizza: www.didio.com.br Griletto: www.griletto.com.br Grupo Ornatus: www.grupoornatus.com Grupo Bittencourt: www.bittencourtconsultoria.com.brNovoa Prado Consultoria: www.novoaprado.com.br Shopping das Franquias: www.shoppingdasfranquias.com.br Zaiom: www.zaiom.com.br

Bertolucci, da Água Doce:

“No começo era ‘vamos expandir’;

hoje é ‘vamos expandir com

responsabilidade’”

como a recompra da franquia, a transferên-cia da unidade ou mesmo o fechamento do negócio. “O pior é quando é preciso fechar a unidade porque o franqueado pode sair no prejuízo, e se ele não receber o que in-vestiu no negócio pode entrar na Justiça.”

Antes que isso ocorra, Melitha orienta o franqueador a tomar certos cuidados. Ela indica que ele entregue a Circular de Oferta de Franquia no prazo legal, crie fóruns de discussão com os franqueados, tenha uma consultoria de campo, faça reu-niões regionais e que forme um comitê de arbitragem e mediação dentro da própria rede para que, em situações de confl ito, ele consiga resolver os problemas dentro da própria franquia.

Bom relacionamento

Estágios que o franqueado costuma percorrer durante a relação de franquia:

contentamento;estágio dos royalties – quando se pergunta por que precisa pagá-los;o estágio do eu – quando o franqueado se pergunta se conquistaria o mesmo espaço se tivesse aberto o negócio sozinho sem utilizar o sistema de franquia;estágio da liberdade – quer fazer as coisas do jeito dele;estágio da visão – quando ele reconhece o trabalho do franqueador;estágio do nós – precisamos trabalhar juntos.

Fonte: Livro The franchise e-factor de Greg Nathan

Medidas jurídicas para melhorara relação entre franqueados e franqueadores:

Entregar circular de oferta de franquia no prazo certo.A franqueadora deve realizar constantes visitas às unidades franqueadas para constatar a adequação ao formato da franquia.Realizar reuniões com os franqueados e elaborar atas a partir do encontro;Adotar medidas de mediação e arbitragem para a solução de conflitos.

Fonte: Melitha Novoa Prado

Melitha Novoa Prado

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F R A N Q U I A S

Bem lavado Nascida em Brasília, a rede de la-

vanderias BonaSecco pretende expan-dir para todo o País, com foco em ci-dades com mais de 300 mil habitantes. Para dar início ao plano de expansão, a empresa inaugurou no início do ano um centro de capacitação empresarial onde fi cam a lavanderia-escola, salas de treinamento e escritório comer-cial da franqueadora. Com oito lojas na capital federal e uma em Manaus, a rede aposta no “sistema conjugado”, que permite ao investidor adquirir sua franquia montando uma loja com-pleta anexa a um ponto de coleta de roupas, como hotéis e pousadas. Para montar uma loja, os valores giram em torno de R$ 250 mil, enquanto a instalação de um ponto de coleta de roupa sai por R$ 28 mil. Em ambos os casos, a taxa de franquia é R$ 40 mil. www.bonasecco.com.br

Rumo às 100 unidadesUma das maiores redes de pizzarias

de São Paulo, a Patroni Pizza inaugurou no mês passado sua primeira loja em Santa Catarina. A cidade escolhida para instalação da unidade foi Joinville, mais especifi camente no Joinville Garten Shop-ping, novo centro de compras da região, também inaugurado em abril. Segundo o presidente da Patroni Pizza, Rubens Au-gusto Jr., a intenção é expandir para outras cidades catarinenses. “Acreditamos que a receptividade do catarinense seja tão boa quanto a dos demais estados onde a fran-quia tem operações, agregando valor, qua-

lidade e ótimo atendimento aos clientes”, enfatiza o executivo.

Além de São Paulo, a franquia está presente nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e Espírito Santo, que totalizam 74 unidades em operação. Até o fi m do ano, a rede espera inaugurar pelo menos outras 25 lojas. Para os interessados em adquirir uma franquia, o capital para instalação varia entre R$ 190 mil e R$ 270 mil, com retorno estimado em 18 meses. www.patronipizza.com.br

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Práticas orientaisEspecializado em terapias de bem-

estar, beleza e relaxamento através de práticas orientais, o Buddha Spa é a mais nova opção no mercado de franquias. A estimativa da empresa é fechar pelo menos oito contratos na Região Sudeste até dezembro. Em cinco anos, a rede espera totalizar 70 unidades em todo o Brasil. “O nosso negócio foi meticulosamente plane-jado, tem conceito definido e vigor financeiro, com margem de lucro que pode chegar a 30%. Além disso, o setor ainda é pouco explorado no País, tem um grande potencial de crescimento, especialmente os spas urbanos”, ga-rante Gustavo Albanesi, sócio-diretor do Bud dha Spa e presidente da Asso-

ciação Brasileira de Spas.Em 2009 o Buddha Spa faturou

R$ 1,9 milhão. Este ano a expectativa é chegar a R$ 2,7 milhões – um cres-cimento de 42%. Atualmente são três unidades em São Paulo – duas na capi-tal e uma em Ribeirão Preto. O quarto ponto será aberto até o final do pri-meiro semestre dentro dos Resorts do Rio Quente, em Caldas Novas (GO). O valor mínimo para instalação de uma unidade é de R$ 280 mil, com retorno previsto em 36 meses. O interessado não precisa estar ligado ao setor de saúde e beleza, já que a rede oferece treinamento completo de até 90 dias para a equipe. www.buddhaspa.com.br

Costume americanoA mistura de café e donuts – confei-

to tradicional nos Estados Unidos – tem feito sucesso entre os brasileiros. Pelo menos é o que sugere o crescimento da rede de cafeterias Café Donuts, que em apenas três anos atingiu a marca de 60 lojas negociadas em todo o Brasil. Den-tre elas, 50 já estão em funcionamento e outras dez devem ser inauguradas até o fi m do ano. A 60ª franquia vendida foi a do Shopping Paseo Itaigara, em Salva-dor. As unidades, que possuem desde 16 metros quadrados (quiosque) até

160 metros quadrados, permitem que o franqueado abra um Café Donuts em ambientes diversos, desde shoppings centers até terminais rodoviários.

Atualmente, a marca está presente em 12 estados brasileiros, incluindo as capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Ma-naus, Goiânia, Porto Alegre e Belém. Para dar conta do plano de expansão, a franqueadora contou com a assessoria da Franchising Ventures, considerada a principal holding do segmento de fran-quias do País. www.cafedonuts.com.br

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F R A N Q U I A S

Só para mulheres A Contours, rede internacional de academias exclusivas para

mulheres, comemora a abertura de sua 75ª unidade no Brasil. Inau-gurada em março na capital paulista, a nova franquia deu início ao plano de expansão da rede para 2010. Além do tradicional circui-to, a nova unidade vai oferecer aulas de ioga e pilates. As alunas ainda terão à disposição serviços como estética facial, hidratação, massagem de rejuvenescimento e estética corporal com massagens relaxantes, dreno-redutoras e drenagem linfática.

O objetivo da rede é abrir outras 20 franquias até o fi m do ano. “Pelas últimas pesquisas e pelo movimento do mercado posso afi r-mar que o Brasil possui um enorme espaço para crescer nesta área, já que apenas 2% da população pratica uma atividade física assisti-da. Em grandes centros, este número pode chegar a 13%”, afi rma Cassiano Ximenes, master franqueador da rede Contours. O valor para instalação é de R$ 260 mil, com retorno em 24 meses.www.contours.com.br

Pizza pra todo ladoEnquanto mantém o crescimento

no interior paulista, a rede de pizzarias Bella Capri também planeja expandir para as capitais de outros estados. Inaugurada em dezembro de 2009, a unidade de Goiânia teve investimento inicial de R$ 650 mil e conta com área de 2 mil metros quadrados e capacida-

de para 220 pessoas. O Rio de Janeiro será a próxima capital a sediar uma loja da rede, a ser inaugurada na segunda quinzena de junho. Além disso, o inte-rior de São Paulo – berço da empresa, fundada em 1998 na cidade de Miras-sol – continua no foco da expansão. A rede busca franqueados nas cidades de

Americana, Piracicaba, Sumaré, Campi-nas, Valinhos, Vinhedo, Jundiaí e Santa Bárbara. O capital para instalação gira em torno de R$ 115 mil a R$ 300 mil, com retorno previsto entre 24 e 36 me-ses, considerando faturamento médio mensal de R$ 150 mil.www.bellacapri.com.br

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F R A N Q U I A SA vez do iogurte

Empresa pioneira no ramo de iogurte frozen no Sul do País, a Yogu-land está em processo de expansão. A rede pretende crescer em todo o País, sobretudo nas regiões Nordeste e Cen-tro-Oeste. Com a meta de inaugurar 20 unidades em 2010, para o primeiro semestre já estão previstas inaugura-ções em Campo Grande (MS), Recife, Joinville (SC), Balneário Camboriú (SC), Curitiba, Londrina (PR) e Marin-gá (PR). Atualmente são cinco lojas em funcionamento nos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Para os in-teressados em adquirir uma franquia, o investimento inicial é de R$ 220 mil (loja de rua ou shopping) ou R$ 150 mil (quiosque). www.yoguland.com.br

Fitness sob medidaSomando mais de 700 unidades ao re-

dor do mundo, a Fitness Together – rede de academias que oferece treinamento personalizado em ambiente exclusivo para cada aluno – é a mais nova opção do mercado brasileiro. A primeira unida-de no País foi inaugurada em fevereiro nos Jardins – tradicional bairro da cidade de São Paulo – e outras seis devem ser inauguradas nos próximos meses na ca-pital paulista. A expectativa é abrir 60 aca-demias no Brasil dentro de cinco anos. “Concluímos com êxito a primeira etapa, que tinha por objetivo trazer a marca e comercializar cinco unidades nos primei-ros seis meses. Vendemos duas além da meta e, em paralelo, comemoramos a abertura da primeira unidade”, analisa Cassiano Ximenes, master franqueador da Fitness Together no Brasil.

Com sede nos Estados Unidos, a rede destaca-se por oferecer treinamen-to individual (one-to-one) para cada aluno. Após a avaliação das expectativas do cliente, os treinadores da Fitness To-gether propõem um número de sessões conforme o objetivo almejado. Cada sessão é realizada com hora marcada, em estúdios individuais e com supervi-são de um professor exclusivo, garantin-do assim o melhor resultado. www.fitnesstogether.com.br

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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Essênciada vida

Produtos e processos inovadores de uso, reuso e tratamento reduzem o desperdício de água

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por Cléia [email protected]

Água potável é um recurso limitado e falta de saneamento básico mata. Mas como se diz por aí, parece que a fi cha ain-da não caiu. Continuamos desperdiçando água e negligenciando a necessidade de redes de coleta e tratamento de esgoto. Enquanto isso, milhares de pessoas no mundo sofrem as consequências da es-cassez desses recursos. Há mais mortes de crianças por condições impróprias de saneamento e falta de água potável do que por todas as formas de violência, incluin-do guerras. Mas o que o setor produtivo pode fazer para ajudar a resolver esses problemas? Inovação de produtos e pro-cessos pode ser uma das respostas.

“Se fabricamos tubos e conexões que conduzem água, podemos contribuir com tecnologias inovadoras que impactem positivamente no setor de saneamento”, afi rma Yazmín Trejos, gerente de Comuni-cação Corporativa da Amanco. Ela cita o exemplo da linha Biax, lançada pela mar-ca em 2009. Com tecnologia inédita no mercado brasileiro, a linha é composta de tubos plásticos mais resistentes, capazes de atender às redes de tubulações de alta pressão, substituindo materiais como fer-ro fundido e tubos revestidos com fi bra de vidro. “Com custos menores, esses produ-tos tornam mais fácil a troca de tubos da-nifi cados, contribuindo para o saneamen-to”, destaca Yazmín.

Obviamente, vender tubos e cone-xões é o negócio da Amanco. Mas tanto melhor se os interesses mercadológicos estiverem em sintonia com as preocupa-ções socioambientais. É o que Raul Pinho, presidente do Instituto Trata Brasil, chama de interesse legítimo. Para universalizar o atendimento de saneamento básico no Brasil são necessários investimentos de R$ 270 bilhões. Segundo Pinho, esse volume pode representar um crescimento de 15% para o setor de tubos e conexões. Hoje, 49,1% dos brasileiros ainda não têm aces-so a redes de esgoto e, para piorar, apenas um terço do que é coletado passa por tra-tamento. Grande parte acaba contaminan-do solos, rios, mananciais e praias, impac-tando na saúde de todos.

O cenário é assustador, reconhece Pinho, mas ele é otimista com relação

ao futuro. “Perdemos 16 anos, não va-mos cumprir a meta do milênio, que é reduzir o déficit pela metade até 2015. Mas se continuarmos no ritmo de inves-timentos em que estamos hoje – R$ 40 bilhões por ano – a universalização se dará em 25 anos. Pode parecer muito tempo, mas é que há muito por fazer”, afirma. Pinho acredita também que a re-alização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, e das Olimpíadas na cidade do Rio de Janeiro, em 2016, pode ser um fa-tor importante para acelerar a liberação de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para investimen-tos em serviços de água e esgoto.

Cultura comodista

Segundo relatório do Trata Brasil, entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009 foram gastos 19,7% dos recursos PAC destinados a 101 obras de saneamento em municípios com mais de 500 mil habitan-tes. Motivo: entraves nos processos de contratação e execução dos projetos e das obras. Outro entrave, na opinião de Pinho, é a cultura comodista da população. Para ele, as pessoas têm que exigir dos gover-nos municipais que façam redes coletoras e de tratamento de esgoto. Pinho acredita que a velha máxima de que os políticos não querem investir em obra que não

aparece é questionável. “Os governantes fazem o que o povo pede. Já vi muitos prefeitos que investiram em saneamento perderem a eleição.”

No caso do setor produtivo, fazer a li-ção de casa e dar o destino correto para seus efl uentes é o mínimo que se espera. Porém, segundo Cláudio Ritti Itaborahy, especialista em recursos hídricos da Agên-cia Nacional de Águas (ANA), o primeiro passo é reduzir o consumo de água. Isso pode ser feito por meio de processos e equipamentos mais efi cientes, ou seja, inovação. Recentemente, o Senai de Join-ville (SC) desenvolveu um sistema de tratamento e reciclagem do lodo galvâni-co (resíduo gerado em processos como produção de peças cromadas) que trouxe uma redução de cerca de 90% no consu-mo de água. Para completar, a tecnologia ainda permite o reaproveitamento de me-tais pesados como níquel e cromo.

O projeto foi desenvolvido em parceria com três empresas da região – Incal, Acqua-plant e Difermac – e teve o apoio da Finan-ciadora de Estudos e Projetos (Finep). Um protótipo foi instalado num processo in-dustrial da Incal que consumia 12 mil litros de água, volume reduzido a 1,2 mil litros. Em consequência, houve também uma re-dução de 80% na quantidade de lodo gera-da – de 100 para 20 quilos. Ou seja, além de economizar água, a empresa que usar o sistema vai gastar menos para enviar o lodo ao aterro sanitário. “A economia depende dos parâmetros de cada empresa, mas nós garantimos ao cliente que o retorno do in-vestimento se dá em, no máximo, 18 me-ses”, afi rma Carlos César Fusinato, um dos coordenadores do projeto.

Antes de iniciar os trabalhos, a equipe do Senai de Joinville fez um levantamento de todas as empresas galvânicas da Região Sul para dimensionar o tamanho do mer-cado. Foram cadastrados 216 empreendi-mentos que, somados, têm um consumo médio mensal de 88 mil metros cúbicos de água e geram, individualmente, 1 tone-lada de lodo por mês. Questionados sobre o interesse por um sistema de tratamento, 72% acenaram positivamente e 50% garan-tiram que aplicariam a tecnologia. “O im-pacto socioambiental é importante, mas o que todos os empresários querem saber mesmo é se terão retorno fi nanceiro”, constatou Fusinato.

AlertaUma campanha do Instituto Trata Brasil vai direto ao ponto ao mostrar com números a violência por trás da falta de saneamento básico:

No mundo, mais de 1,8 mil crianças são mortas em ataques terroristas todo ano.

No Iraque, mais de 2,3 mil crianças são mortas por ano, vítimas de guerra.

Aqui no Brasil, anualmente, mais de 2,5 mil crianças morrem por falta de coleta e tratamento de esgoto.

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M E I O A M B I E N T E

Em 22 anos de atuação como químico industrial, Sergio Belleza vê muitos avan-ços na área de tratamento de efl uentes. Quando começou, o foco de seu trabalho era tratar a água utilizada no resfriamento de equipamentos industriais para evitar problemas como entupimento. “Depois começamos a falar em efl uentes e, de uns dez anos para cá, o reuso entrou em dis-cussão”, afi rma o executivo, gerente da Divisão de Tratamento de Águas da Argal Química. Mas ele concorda com Fusinato: a relação custo-benefício ainda é funda-mental para vender qualquer produto ou processo de tratamento de água. “Ainda há muitas empresas fazendo concorrência sem visar à compra, mas sim preparando orçamento para o futuro.”

Na opinião do executivo, dois fatores devem ser determinantes para acelerar negócios de empresas como a Argal. O primeiro é o preço da água, que tende a subir cada vez mais. “Já temos clientes que captam água da rede pública e chegam a pagar R$ 20 o metro cúbico. Nesse caso, a economia com o uso de nossos produtos e processos pode chegar a 50%”, calcula Bel-leza. Por outro lado, há um barateamento das tecnologias de tratamento de efl uentes. Associadas, essas duas questões devem im-pulsionar medidas como o reuso da água em atividades cotidianas tais como lavação de pisos e alimentação de caldeiras.

O executivo Jefferson Teixeira, geren-

governo à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que aponta estresse hídri-co iminente. “Nesse estudo, o custo não foi uma preocupação abordada”, ressalta Teixeira. Segundo o executivo, a deman-da por novas tecnologias em sistemas de tratamento de água está aquecida, estimu-lada pela pressão social favorável à susten-tabilidade e o uso racional de recursos.

Entre as tecnologias comercializadas pela Beraca, destaca-se o tratamento de água consumida pelos animais na agrope-cuária – a produção de alimentos e o sa-neamento representam cerca de 75% da demanda consuntiva, ou seja, aquela em que há perdas entre o que é derivado do curso natural da água e o que retorna a ele, segundo o Atlas Sociágua. “A sanitiza-ção para animais é uma estratégia barata e que traz grandes resultados. Aumenta a produção e reduz o consumo de água, o que é algo econômico e ambientalmente interessante. Um bom exemplo de baixo custo é que na produção do frango o processo de tratamento de água adicio-na apenas 0,0012 centavos ao quilo do produto. Um valor muito menor do que o total investido na recuperação de um animal doente”, comenta João Luis dos Santos, responsável pelo Departamento de Desenvolvimento de Produtos para o Mercado Agropecuário da Beraca.

Para Teixeira, uma das principais áreas em que a tecnologia deverá ser aprimo-

Saneamento básico49,1% dos brasileiros não têm acesso a redes de esgoto.A Região Norte tem o menor índice de acesso (11,13%), seguida do Nordeste (30,34%), Sul (32,65%), Centro-Oeste (36,56%) e Sudeste (79,63%).Apenas um terço do esgoto coletado passa por tratamento.Para universalizar o atendimento ao saneamento básico são necessários investimentos de R$ 270 bilhões.Com investimentos anuais de R$ 40 bilhões, serão necessários 25 anos para levar rede de esgoto a todos os brasileiros.Esses investimentos devem representar crescimento de 15% para o setor de tubos e conexões.

te Regional Norte e Nordeste da divisão de Water Technologies da Beraca, destaca ou-tro elemento que deve acirrar a discussão: a gestão de confl itos pelo uso da água. Esta é a maior preocupação dos comitês de bacias hidrográfi cas, segundo estudo de demanda hídrica encomendado pelo

Ao fundo, obra de saneamento em

Itapema (SC). Ao lado, Fernandez, da Zeppini:

aproveitamento de água pluvial deixará de

ser novidade para se tornar necessidade

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rada e aplicada é a de reuso de água. Ele lembra que os grandes centros industria-lizados já passam por défi cit hídrico. E o reuso, para fi nalidades não nobres, como a descarga do vaso sanitário, por exemplo, é a única solução viável em curto prazo. “Entretanto, essa prática carece de regu-lamentação e neste aspecto os órgãos re-guladores estaduais e federais estão muito aquém do estágio de desenvolvimento deste potencial mercado”, avalia o execu-tivo. Segundo Claudio Itaborahy, da ANA, as regulamentações de reuso já estão em discussão, mas carecem de tempo. “Em países da Europa, essas discussões leva-ram 40 anos”, compara.

Na opinião de Paulo Rogério Fernan-dez, diretor-executivo do Grupo Zeppini, em pouco tempo o aproveitamento de água pluvial deixará de ser uma novidade para se tornar uma necessidade. “Mas, por enquanto, o brasileiro continua lavando o quintal com mangueira e enchendo sua piscina com água potável.” Segundo o executivo, aproveitar a água da chuva é uma demanda crescente na construção civil. O retorno do investimento é rápido, em média 18 meses, o que falta é a cultura e incentivos para motivar o uso de equi-pamentos adequados. A Zeppini lançou recentemente um sistema que armazena, fi ltra, desinfeta e disponibiliza água cole-tada da chuva. O Hydro Z é compacto e aplicável em várias situações.

Sem milagres Em Itapema, cidade litorânea de San-

ta Catarina, a empresa responsável pela concessão dos serviços de água investe em conscientização para evitar desper-dícios. A principal ação é voltada para o público infantil. Recentemente, foram distribuídos nas escolas livros e cartilhas sobre a necessidade de racionalizar o uso da água. Cerca de 350 crianças participa-ram do projeto. Em outra ação, a empresa distribuiu folhetos com dicas para identi-

fi car vazamentos no interior dos imóveis. “O fundamental é termos em mente que mesmo gestos aparentemente pequenos podem ter resultados importantes. Não é preciso esperar por soluções milagrosas”, afi rma Manoel Motta Netto, presidente da Companhia Águas de Itapema.

Ele conta que a empresa conseguiu reduzir o próprio desperdício com ações de combate às perdas, resultando em grande economia de água dos ma-nanciais. Redes de distribuição antigas foram substituídas por novas, menos vulneráveis a vazamentos. Também foi montada uma equipe de manutenção que age rapidamente nos consertos de rede e instalados hidrômetros em imó-veis que antes não tinham o consumo controlado, fato diretamente ligado ao desperdício. O resultado foi a diminuição em mais de 20% do índice de perdas no município. “Além de diminuir o impacto do abastecimento de água sobre o meio ambiente, a medida gera economia para a concessionária”, destaca Netto.

O que se percebe com iniciativas como estas é que racionalizar o uso da água e evitar sua contaminação é um de-safi o muito mais cultural do que econômi-co. E necessário. Sim, como diz a música, “terra, planeta água”. Mas de toda a água do mundo, só 2,4% é fresca, sendo que apenas 0,3% não está congelada nos po-los. A fi cha tem que cair.

Yazmín, da Amanco: “Podemos contribuir com tecnologias inovadoras que impactem positivamente no setor de saneamento”

Pinho: interesses mercadológicos devem estar em sintonia com as

preocupações socioambientais

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M E I O A M B I E N T E

Universalização exige participação conjunta do estado, das empresas e da sociedade

Tripé do saneamento

Quando Yazmín Trejos, gerente de Comunicação Corporativa da Amanco, ligou para um colega do Unicef convi-dando-o para ser conselheiro técnico de um livro de imagens sobre saneamento básico, ouviu a seguinte pergunta: “Vo-cês piraram? Vão fazer um livro de fotos sobre cocô?”, brincou o interlocutor. E fi zeram. Não é à toa que o livro se chama Hydros III – Desafi o. Mas, nesse caso, o desafi o urgente é enfrentar os problemas decorrentes da falta de saneamento.

A obra, lançada durante a 2ª Confe-rência Latino-Americana de Saneamen-to (Latinosan 2010), realizada em março na cidade de Foz do Iguaçu (PR), traz em fotos e números as cinco mensagens das Nações Unidas sobre a importância do saneamento: é vital para a saúde; beneficia o meio ambiente; gera digni-dade e desenvolvimento social; gera be-nefícios econômicos; e, por fim, é uma meta tangível.

Na carta de apresentação de Hydros III, assinada por Yazmín e pela presi-dente da Amanco Brasil, Marise Barro-so, a conclusão é a seguinte: “Faremos do saneamento algo factível a partir do

Trechos de Hydros III

Diariamente, 5 mil crianças morrem por conta de doenças associadas à água e falta de saneamento no mundo.No mundo, a redução de mortes prematuras por problemas hídricos e de saneamento traria uma economia de US$ 1,7 bilhão no setor de saúde.A cada US$ 1 investido em melhorias no saneamento, US$ 9 são economizados na saúde e na educação.A América Latina perde, por ano, US$ 29 bilhões com gastos resultantes da escassez de água e de falta de tecnologia de saneamento.A contaminação dos cursos d’água no mundo com nitrogênio inorgânico sofreu um aumento de até 10 vezes, desde 1960.

Do total de água utilizada, contaminada e jogada novamente nas fontes superficiais no mundo, 86% podem contaminar os lençóis freáticos.Ao todo, 16 cidades do mundo, com mais de meio milhão de habitantes, não contam com tratamento de águas residuais.Um melhor saneamento oferece às famílias 1 mil horas adicionais, por ano, para se trabalhar, estudar e descansar. O valor econômico deste tempo equivale a US$ 100 bilhões anuais.

Fonte: Hydros III – Desafio

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momento em que não tolerarmos mais mortes por falta dele. Mas, para chegar a isso, é essencial a participação conjunta de três atores básicos: estados renova-dos e aptos a assumir responsabilidades de maneira eficaz, empresas com visão empresarial de vanguarda e capazes de aturar como agentes propagadores do progresso, e uma sociedade educada, saudável e participativa”.

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Sistema de geração de energia utiliza o fluxo contínuo das águas sem a necessidade de represar o rio

Força pura

Em tempos de discussão acirrada so-bre a construção, ou não, da usina hidre-létrica de Belo Monte (PA), uma turbina deslizante capaz de gerar energia elétrica sem alterar o curso do rio parece coisa de fi cção científi ca. Mas não é. A tecnologia da Care-Electric, empresa incubada desde 2007 no Centro de Inovação, Empreende-dorismo e Tecnologia (Cietec), ganhou os olhos do mundo depois de ser seleciona-da pelo Programa Pioneiros Tecnológicos do último Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro passado em Davos, na Suíça. “Foi a primeira vez que o Brasil teve um projeto aprovado pelo fórum”, orgulha-se Edson Abuchaim, gerente de gestão da empresa.

A nova tecnologia pode não dispen-sar a construção de uma Belo Monte, mas se apresenta como uma alternativa para as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Sua grande vantagem é que, ao utilizar o fluxo contínuo das águas, ela não necessita de barragem fixa e man-tém as espécies vivas em seu habitat. Além disso, atende a demandas locais, dispensando grandes investimentos em linhas de transmissão. Segundo Abu-

chaim, o objetivo da Care-Electric é apro-veitar qualquer rio que tenha uma vazão de, no mínimo, 12 metros cúbicos de água por segundo, sufi ciente para gerar até 180 kWh. “Existem ‘ene’ rios liberando ener-gia que poderia ser aproveitada para gerar eletricidade”, afi rma Abuchaim.

Foi enfrentando a força do Rio Madei-ra que o austríaco Johann Hoffmann, fun-dador da Care, começou a fazer testes vi-sando o desenvolvimento de uma turbina que aproveitasse a energia liberada pela correnteza. Um dos grandes problemas dos mineradores daquela região era o alto consumo de óleo diesel nos processos de extração, em média 2,5 mil litros por dia. Para reduzir os custos de seu empreen-dimento com energia elétrica, Hoffmann passou a fazer testes de pressão da água do Madeira e um deles chamou sua aten-ção: ao fi xar uma tábua de madeira com espessura considerável às margens do rio, foi surpreendido pelo rompimento da ma-deira em poucos minutos.

Alguns anos depois, em Minas Gerais, apresentou seus rascunhos a Frank de Luca e Wilson Pierazoli Filho, que aposta-ram na ideia e iniciaram o desenvolvimen-

Energia da águaA geração de energia hidrelétrica é o principal usuário não-consuntivo de recursos hídricos no Brasil, já que não afeta a qualidade da água, mas pode alterar o seu regime, como é o caso da pesca e da navegação.

O Brasil ocupa hoje o terceiro lugar do ranking mundial em termos de potência hidrelétrica instalada.

No Brasil, a maior parte dos recursos hídricos disponíveis – cerca de 83% – está distribuída entre as regiões hidrográficas de menor densidade demográfica, como as bacias Amazônica, do Tocantins, do Parnaíba e do Paraguai.

Fonte: Atlas Sociágua (FGV e Ivig)

LINHA DIRETA

Agência Nacional de Águas:(61) 2109-5400Águas de Itapema: (47) 3268-8200Amanco: 0800 701 8770Argal Química: (11) 2171-3333Beraca: (11) 2643-5000Care-Electric: (11) 3039-8418Finep: (21) 2555-0330Senai SC: (48) 3231-4100Trata Brasil: (11) 3021-3143Zeppini: (11) 4393-3600

to de uma turbina piloto. Em 2007, Abu-chaim entrou no projeto, então aprovado pelo Cietec. Hoje, depois da passagem por Davos, a empresa já tem proposta de in-vestidores nacionais e internacionais para implantar o projeto. “É uma fase delicada, que demanda muita negociação”, observa Abuchaim. A empresa também já recebeu muitos contatos de possíveis clientes, en-tre eles um empresário que aguarda há mais de dez anos a licença ambiental para construir uma PCH.

Tecnologia da Care-Electric foi selecionada pelo Fórum

Econômico Mundial

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B I O T E C N O L O G I A

ouroEmpresas e institutos de pesquisa investem pesado no desenvolvimento de enzimas para a produção de etanol a partir de bagaço de cana

por Mônica [email protected]

Dobrar a capacidade de produção de etanol no País sem que para isso seja pre-ciso aumentar a área de plantio de cana-de-açúcar. Esse é o objetivo do etanol de segunda geração – também chamado de etanol celulósico ou bioetanol –, biocom-bustível produzido a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar que promete revolucionar o setor sucroalcooleiro nos próximos cinco anos. Atualmente em fase

Corrida do

de viabilização econômica, a tecnologia para fabricação do álcool 2G é alvo de pes-quisas em todo o mundo, sobretudo nos Estados Unidos. Maior produtor mundial de cana-de-açúcar, o Brasil também está na corrida pelo desenvolvimento do eta-nol celulósico e, segundo especialistas, tem tudo para ser o grande destaque des-te novo mercado.

A principal vantagem brasileira é a abundância de matéria-prima e a infraes-trutura já estabelecida para a produção de etanol, como explica Alfred Szwarc, consul-tor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). “Mui-to se fala em etanol celulósico pelo mundo, mas o Brasil sai na frente porque o bagaço de cana é um produto do processo de pri-meira geração e já está na fábrica a custo zero.” Hoje em dia, as destilarias e usinas de álcool e açúcar reutilizam o bagaço como combustível para gerar vapor em suas pró-

prias unidades. A quantidade de resíduo é tanta que garante a autonomia energética da maioria das empresas do ramo.

Mas não é só a cana-de-açúcar que ser-ve como matéria-prima para o etanol 2G. A princípio, qualquer resíduo orgânico pode ser utilizado como ponto de partida para o bioetanol, incluindo restos de ma-deira e lixo municipal. A cana-de-açúcar, no entanto, é considerada mais efi ciente por conter maiores reservas de glicose e, assim, facilitar os processos de hidrólise e fermen-tação necessários à produção do bioetanol. Para completar, estima-se que pelo menos dois terços do potencial energético da cana estejam no bagaço e na palha, e apenas um terço no caldo, atualmente a única fonte de etanol extraída da planta.

Com as mesmas aplicações do etanol de primeira geração, o etanol 2G ainda tem a vantagem de ser ecologicamente correto. “Um hectare de cana-de-açúcar

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produz, em média, de 6 mil a 7 mil li-tros de etanol de primeira geração. Pro-cessando o bagaço, a produção chega a dobrar, podendo chegar a 12 mil litros de etanol de segunda geração”, explica Jaime Finguerut, gerente de desenvolvi-mento estratégico do Centro de Tecnolo-gia Canavieira (CTC).

Embora tenha tantas vantagens, o etanol de segunda geração ainda não é economicamente viável no Brasil e sua produção é restrita aos laboratórios. O desafi o dos pesquisadores é desenvolver uma tecnologia efi ciente o bastante para competir com os baixos custos de produ-ção do álcool de primeira geração no País. Segundo Szwarc, isso só será possível den-tro de pelo menos cinco anos. “Estamos num estágio avançado das pesquisas, mas ainda num nível pré-comercial. Quem tra-balha com tecnologia sabe muito bem que os números reais só aparecem quando se

entra em escala comercial de verdade, o que ainda não aconteceu no País e nem no mundo”, afi rma.

Escala comercial

A busca por processos mais efi cien-tes tem movimentado as empresas de biotecnologia, como é o caso da Novo-zymes, companhia dinamarquesa que re-cém-lançou duas enzimas para viabilizar a produção de etanol a partir de resíduos agrícolas e em escala comercial. Batiza-das de Cellic Ctec2 (celulase) e Cellic HTec2 (hemicelulase), as enzimas são ca-pazes de liberar açúcares contidos na pa-lha do milho, restos de madeira e bagaço de cana-de-açúcar. Antes do lançamento na edição 2010 do F.O. Licht’s Sugar and Ethanol Brazil – evento voltado para o mercado sucroalcooleiro que aconteceu em São Paulo no fi m de março –, os pro-

dutos foram testados e apresentados nos Estados Unidos, país que mais investe em pesquisa sobre a tecnologia do álcool 2G. Até o ano que vem, os norte-americanos pretendem iniciar a produção comercial de etanol a partir da palha e do sabugo do milho. Por aqui, a expectativa é que as primeiras usinas pré-comerciais sejam abertas entre 2011 e 2012.

A proposta das novas enzimas é justa-mente reduzir o alto custo para a produ-ção de etanol 2G – um dos principais en-traves da nova tecnologia. “Conseguimos um avanço fantástico nos Estados Unidos, que foi a produção do etanol celulósico a um custo similar à produção do etanol de primeira geração”, diz William Yassume, gerente de marketing da Novozymes na América Latina, referindo-se aos investi-mentos que reduziram em 80% o custo de fabricação do combustível, atingindo o valor de US$ 0,13 o litro. Para viabilizar a

Principal fornecedora de bens de capital para a indústria sucroalcooleira, a Dedini mantém uma

usina experimental no interior de São Paulo

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B I O T E C N O L O G I A

produção do biocombustível no Brasil, a companhia conta com a parceria de uni-versidades e institutos de pesquisa, entre eles o CTC. “Todos os projetos em etanol celulósico são de médio a longo prazo, pois trata-se de uma indústria nova, que ainda não existe no mundo”, avalia Yassu-me. “Nosso trabalho começa agora, com a criação e o desenvolvimento de processos que sejam ainda mais competitivos para a produção do etanol 2G, inclusive visando o mercado externo.”

Líder do setor petrolífero brasileiro, a Petrobras também possui laboratórios especializados no estudo do etanol 2G. Segundo informações da gerência de im-prensa da Petrobras, a companhia desti-nará US$ 530 milhões para pesquisas em biocombustíveis até 2013, incluindo o desenvolvimento do etanol celulósico. A empresa também estuda a produção de combustíveis de segunda geração a partir de outras matérias-primas alternativas, caso do biodiesel feito de microalgas.

Desenvolvida desde 2007, a pesquisa mais avançada da Petrobras visa à produ-ção de etanol 2G a partir do bagaço da cana por meio do processo de hidrólise enzimática, mas a empresa também inves-tiga a rota tecnológica conhecida como BTL (biomass to liquid), cuja etapa inicial é a gaseifi cação da biomassa com o obje-tivo de obter hidrocarbonetos sintéticos. O próximo passo será a construção de uma planta demonstrativa em escala semi-industrial com a meta de reduzir os custos e tornar a produção do etanol 2G econo-micamente viável até 2012.

Outra companhia brasileira que tam-bém está em fase de viabilização comer-cial do álcool 2G é a Dedini S/A, principal fornecedora de bens de capital para a in-dústria sucroalcooleira. Primeira empresa brasileira a apostar no mercado de bioe-tanol, a Dedini mantém uma usina expe-rimental no interior de São Paulo. A com-panhia investe em pesquisas desde 1982 e desenvolveu uma tecnologia própria chamada DHR (Dedini Hidrólise Rápida). Entre os parceiros na empreitada estão o Banco Mundial e a Fapesp. “É muito difí-cil prever um prazo para lançamento do etanol celulósico em escala comercial, pois, como em toda pesquisa, as soluções são sempre infl uenciadas por fatores ex-ternos de mercado”, avalia José Olivério, vice-presidente de tecnologia e desenvol-vimento da Dedini.

Para estimular o desenvolvimento do bioetanol no País, o governo brasileiro – através do Ministério de Ciência e Tecno-logia – investiu R$ 69 milhões na criação do Laboratório Nacional de Ciência e Tec-nologia do Bioetanol (CTBE), inaugurado

em janeiro deste ano na cidade de Campi-nas (SP). A proposta é não só desenvolver pesquisas próprias, mas também disponi-bilizar a infraestrutura para pesquisadores externos e empresas que tenham projetos em etanol celulósico. A iniciativa foi mo-tivada pelo Projeto Etanol, de 2005, que mostrou que o País tem potencial para substituir 10% da gasolina utilizada no mundo por bioetanol até 2025.

A principal inovação do CTBE é a plan-ta piloto para desenvolvimento de proces-sos (PPDP) em escala semi-industrial, que está em fase fi nal de construção e tem inauguração prevista para o mês de junho. A estrutura será dividida em módulos de acordo com os processos – pré-tratamen-to do resíduo, fermentação, hidrólise enzi-mática, etc. –, permitindo que os cientis-tas façam experiências simultâneas, o que deve resultar em mais agilidade e rapidez nos resultados. Além da viabilidade econô-mica do etanol 2G, o laboratório também se propõe a buscar soluções para outros gargalos, que vão desde o aprimoramento das técnicas agrícolas para otimização do plantio da cana até questões de sustenta-bilidade e avaliação tecnológica.

LINHA DIRETA

CTC: www.ctc.com.brDedini: www.dedini.com.brNovozymes: www.novozymes.com.brPetrobras: www.petrobras.com.brUnica: www.unica.com.br

A principal vantagem brasileira é a abundância de matéria-prima e a infraestrutura já estabelecida para a produção de etanol

Planta piloto do CTBE está em fase final de construção e tem

inauguração prevista para junho

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promissorTerminais de pagamentos eletrônicos terão uso compartilhado a partir do segundo semestre, e entrada de novas credenciadoras no mercado pode reduzir as taxas cobradas dos lojistas

M E R C A D O

por Cléia [email protected]

Há boas novas para os comerciantes brasileiros neste segundo semestre de 2010. A partir de 1º de julho, as má-quinas das duas maiores empresas de meios de pagamentos eletrônicos no Brasil – Redecard e Cielo (ex-Visanet) – po-derão ser compartilhadas. A utilização de um único terminal de venda (POS) nas transações de todos os tipos de cartões já estava em discussão no Senado e Banco Central (BC), mas fi nalmente será colocada em prática com o fi m do contrato de exclusividade mútua entre a Cielo e a Visa. A mudança do nome de Visanet para Cielo é uma decorrência desse novo cenário. A empresa já declarou que está em negociação para operar outras bandeiras em seus terminais. A concorrente Redecard anunciou, em março, que a partir de julho suas máquinas passarão a aceitar também os cartões da Visa, tota-lizando 17 bandeiras, entre elas a MasterCard.

Cielo e Redecard respondem hoje por mais de 90% do mercado de meios de pagamentos eletrônicos, conhecidas pelo termo técnico de adquirentes. As bandeiras Visa (ope-rada até agora pela Cielo) e MasterCard (Redecard) concen-tram cerca de 90% das transações com cartões de crédito e praticamente 100% no débito. Esse duopólio é apontado como o principal fator das altas taxas administrativas cobra-das dos lojistas sobre cada transação. “Essas taxas giram em torno de 4% a 5% do faturamento. Mas esse valor depen-de do poder de barganha. Um grande estabelecimento que fatura muito acaba pagando menos. Quanto menor o esta-belecimento, maior é a taxa. Além disso, o lojista gasta em média R$ 80 por mês com cada POS”, afi rma Fernanda Della Rosa, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).

Uma simulação feita pela entidade estima que o compar-tilhamento das máquinas, a unifi cação dos sistemas e uma

Cenário

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Mercado de cartões ano a ano *

Ano Número Variação Transações Variação Faturamento Variação (milhares) (%) (milhares) (%) (R$ milhões) (%)

2000 118.249 - 1.095.088 - 65.379 -

2001 151.359 28 1.368.860 25 87.608 34

2002 183.144 21 1.628.944 19 103.378 18

2003 221.605 21 1.938.443 19 127.155 23

2004 277.006 25 2.519.976 30 158.943 25

2005 336.179 21 3.158.111 25 199.518 26

2006 387.766 15 3.704.056 17 244.671 23

2007 452.549 17 4.428.765 20 301.617 23

2008 514.068 14 5.322.888 20 375.363 24

2009 565.228 10 6.105.761 15 444.212 18

2010** 628.015 11 7.131.188 17 534.735 20

* inclui cartões de crédito, débito e private label | ** previsão

Fonte: Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito (Abecs)

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OSTO

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M E R C A D O

taxa máxima de 2% sobre o valor da ven-da gerariam uma economia de até 65% nos custos dos lojistas. O cálculo consi-dera os gastos que envolvem aluguel de duas máquinas por estabelecimento e taxa de administração de 6%. No estudo, a Fecomercio faz uma observação: mes-mo cobrando taxa limitada em 2%, o re-torno anual das credenciadoras atingiria algo em torno de 25%, ou seja, superior ao oferecido pelas demais aplicações fi -nanceiras em vigência no País. Para Della Rosa, a entrada de outras credenciadoras no mercado deve aumentar a concorrên-cia e empurrar as taxas para baixo. A eco-nomista também acredita que em breve as adquirentes passarão a ser vistas le-galmente como instituições fi nanceiras, passando a ser reguladas pelo BC.

O ingresso de novos players já come-çou. Em janeiro o Santander anunciou sua entrada no mercado de adquirência em parceria com a GetNet, empresa de captura e processamento de transações eletrônicas. A meta do banco é expan-dir sua base atual de clientes comerciais em 35% até 2012, passando de 500 mil para 650 mil pontos. Para isso, lançou o Santander Conta Integrada, que permite

ao lojista ter uma única conta corrente para receber os créditos das duas maio-res bandeiras do mercado, Visa e Mas-terCard. Pelo acordo, o cliente não paga tarifas de conta corrente se registrar vo-lume mínimo de R$ 3 mil ao mês com o uso da máquina, além de antecipar os recebíveis no próprio terminal. O apare-lho pode ser conectado tanto na linha discada quanto na banda larga.

“Nós não queríamos entrar nesse mercado só pela adquirência. A conta integrada visa atender o lojista não só pelas transações mas também pela parte fi nanceira. O banco entra com a solução fi nanceira e a GetNet viabiliza em termos de operação”, explica José Paiva Ferreira, vice-presidente do Santander. Fundada em 2003, a GetNet conta com uma base de 178 mil estabelecimentos credencia-dos e um portfólio de 21 bandeiras. Após a parceria com o Santander, suas máqui-nas já estão processando MasterCard e, em julho, passam a operar também com Visa. Outras marcas devem ser incorpo-radas com o objetivo de atrair o maior número possível de lojistas. “Nosso di-ferencial é a plataforma multisserviço. Além de processar cartões como Master-

Fernanda: “Ligue para as bandeiras, faça cotações e procure a melhor taxa”

Paiva Ferreira (com o microfone) no lançamento do Santander Conta Integrada

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os volumes vêm aumentando. Todos os clientes que nos prometem aumento de volume têm preço diferenciado.” Para o executivo, a entrada da Visa é mais uma oportunidade de ampliar o relaciona-mento com os clientes.

De qualquer forma, cabe a dica da economista Della Rosa para todos os lojistas: ligue para as bandeiras e peça a relação de credenciadores que oferecem o serviço e tente negociar. “Não feche di-reto com a primeira que você consultar. Faça cotações e procure a melhor taxa.” Para os lojistas que ainda não fecharam negócio com nenhuma administradora, a economista recomenda aguardar, se possível. “Nós estamos muito próximos dessas mudanças estarem organizadas e, se o comerciante deixar para fazer isso depois, provavelmente terá mais opções de credenciamento.”

LINHA DIRETA

Fecomercio: (11) 3254-1700GetNet: (11) 5184-9000Redecard: 0800 784433Santander: 0800 7627777

Card, também disponibilizamos serviços como recarga de telefonia móvel e fi xa e de bilhetes de transporte”, afi rma José Renato Hopf, presidente da GetNet.

Segundo Paiva Ferreira, a meta do Santander é alcançar 10% de market share no volume de transações com car-tões de crédito em três anos. Ele afir-ma que, nessa operação, não pretende concorrer com Cielo e Redecard, mas sim com os grandes bancos. No entan-to, não dá para negar que a instituição já colocou o pé no território dessas empresas, aumentando as expectativas de quem torce para o aumento da con-corrência. O executivo também afirma que as taxas cobradas na operação dos

cartões dependerão do relacionamento com o cliente e, portanto, não podem ser fixadas. O potencial do mercado de cartões de crédito no Brasil desperta muito interesse. Todos os anos, cerca de 15 milhões de cartões novos são emiti-dos no País. De 2003 para cá, o índice de utilização passou de 12% para 21%. No Canadá, esse índice é de 47% e, no Reino Unido, a média é de 43%. Estima-se que até o fi nal de 2010 teremos 402 milhões de plásticos, incluindo crédito e débito.

Para Roberto Medeiros, presidente da Redecard, esse crescimento inde-pende das mudanças de regras nesse mercado. Ele acredita que o que fará a diferença com o compartilhamento dos terminais de POS é a qualidade do servi-ço e a oferta de opções como a transação via telefone celular. “Nós adoramos con-corrência, achamos que ela ajuda as em-presas a serem mais criativas e a colocar o cliente no centro das decisões. E como nunca tivemos relação de exclusividade com as bandeiras que trabalhamos, sem-pre tivemos concorrência”, destaca o executivo. Segundo Medeiros, a redução das taxas de transação já é uma tendên-cia do mercado. “Elas vêm caindo porque

O potencial do mercado desperta muito interesse. Cerca de 15 milhões de cartões novos são emitidos por ano no País

Medeiros, da Redecard: concorrência ajuda a colocar o cliente no centro das decisões

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Nadade pânico

Análise de risco garante a melhor combinação de soluções eletrônicas de segurança do patrimônio

P A N O R A M A

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por Beatrice Gonç[email protected]

Colocar grades nas janelas e erguer um muro alto para proteger a empresa podem ser coisa do passado. Hoje já exis-te no mercado um conjunto de soluções eletrônicas que permitem, mesmo a dis-tância, garantir a segurança do patrimô-nio. Se alguém invadir o empreendimen-to, dispara o alarme, as câmeras fi lmam os suspeitos e em poucos minutos uma empresa de segurança chega para verifi car o ocorrido. Hoje, no Brasil, cerca de 10% dos imóveis utilizam algum sistema ele-trônico de segurança. São mais de 600 mil empreendimentos monitorados e 1 mi-lhão de câmeras de segurança instaladas, segundo levantamento feito pela Associa-ção Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos (Abese). E esse é um mercado em crescimento – a demanda por esses serviços aumenta em média 13% ao ano.

No Brasil, são mais de 10 mil empresas que fabricam e distribuem equipamentos de segurança, e em meio a tantas opções de produtos e serviços, os consumidores precisam fi car atentos. Antes de escolher o equipamento de segurança é necessário fazer uma análise de riscos. A orientação é que o consumidor contrate uma empre-sa especializada para avaliar quais são os produtos e serviços mais indicados. “Hoje é preciso um conjunto de soluções. Só o equipamento de segurança eletrônica não resolve; só mão de obra também não. Mas cada caso deve ser estudado de acordo com a análise de risco”, explica Luciano Caruso, gerente de marketing e seguran-ça da Graber, empresa que oferece solu-ções integradas de segurança patrimonial, pessoal e rastreamento de veículos. Para Caruso, um sistema completo de seguran-ça precisa ter alarmes para detectar uma invasão, câmeras e mão de obra especiali-zada tanto para detecção quanto para rea-ção. “Na Graber nós treinamos os funcio-nários para fazer o serviço de segurança e para trabalhar com os sistemas eletrônicos para que os equipamentos os auxiliem no controle da área monitorada.”

Um dos sistemas mais efi cientes e ba-ratos de segurança eletrônica é o alarme. O equipamento é formado por um con-junto de sensores que emitem sinais so-

para garantir a segurança do patrimônio é o circuito fechado de TV digital (CFTV ), que permite que todos os ambientes do empreendimento sejam monitorados a distância e em tempo real através de câ-meras de segurança. “O circuito fechado de TV digital nos ajuda a detectar de for-ma mais rápida e precisa se o imóvel foi invadido, quem são os suspeitos e saber se eles estão armados. Um equipamen-to que ajuda a proteger melhor tanto a

Mercado nacionalRepresentatividade por regiões

Fonte: Abese

noros e visuais que, ao detectar a invasão de um local protegido, avisam a central de monitoramento. A Instalarme, empresa especializada em segurança, oferece centrais de alarmes e equipamentos para auxiliar o trabalho do vigilante. Há o bo-tão de pânico, em que o funcionário pode acionar por controle remoto o sistema de alarme caso perceba uma invasão; e o aler-ta vigia, um sistema que desperta a cada tempo determinado para que o vigilante não durma enquanto está trabalhando.

Para a segurança interna de lojas e supermercados a empresa desenvolveu o Cash Instalarme, um sistema de senso-res para controlar o fl uxo da mercadoria no ponto de venda. Em cada caixa é ins-talada uma câmera e um microfone que fi cam integrados ao computador, que re-gistra a venda dos produtos. Isso permite identifi car por imagens e sons se todos os produtos que passam pelo caixa estão realmente sendo contabilizados. “Com o Cash é possível reduzir de 15% a 30% os prejuízos com pequenas perdas no ponto de venda”, explica Fernando Moreira, ge-rente corporativo da Instalarme.

Outro equipamento fundamental

Norte 4% Nordeste 9%

Centro-Oeste 12%

Sudeste 53%

Sul 22%

Luciano Caruso: “Só equipamento não resolve, só mão de obra também não”

Ênio Back: “CFTV ajuda a proteger melhor tanto a empresa quanto o vigilante”

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empresa como o vigilante”, afi rma Ênio Back, presidente da Back, empresa espe-cializada em segurança patrimonial, pes-soal e terceirização de mão de obra.

As facilidades proporcionadas pelo circuito fechado de TV digital fi zeram com que o sistema se popularizasse pelo País. Segundo dados da Abese, são vendidos por ano 140 mil novos aparelhos, um mercado que movimenta quase R$ 4 milhões. Entre as soluções há desde as mais simples até as mais sofi sticadas. O sistema de circuito fechado D-Guard, desenvolvido pela Se-venth, permite instalar até 32 câmeras de vigilância em um imóvel e monitorar as imagens via celular e internet. Os equipa-

mentos têm zoom digital em tempo real, detecção de movimento e busca inteligen-te de imagens. A Seventh oferece ainda a linha de produtos Intelligence, que permi-tem a automação inteligente de um imóvel. “É possível controlar a abertura de portas, calcular o nível de bomba de água, acender ou apagar a luz e mudar a temperatura do ar-condicionado a distância, permitindo que o cliente interaja com o ambiente de qualquer lugar do mundo”, explica Carlos Schwoschow, diretor da Seventh.

Além da gravação das imagens, o sis-tema de CFTV precisa de um serviço de mão de obra especializada que monito-re as imagens, mas hoje em dia já não é mais preciso que o vigia fi que 24 horas em frente à TV para garantir a seguran-ça. O sistema Autocap desenvolvido pela CSP emite um alerta para o vigilante quando as câmeras detectam a passagem de alguém pelo sensor de presença ou quando qualquer outro sistema de segu-rança é acionado. “Esse sistema é mais efi ciente do que os tradicionais, porque ao invés de gravar o tempo inteiro, ele só grava quando há perigo. O que ajuda

o vigilante que tem muitas câmeras para monitorar”, explica Dhelyo Rodrigues, diretor de desenvolvimento da CSP.

Baixo custo

Outra vantagem do Autocap é que ele não precisa de um computador para funcionar. É um equipamento pequeno que tem 16 centímetros de comprimento e pode ser instalado em diferentes am-bientes da empresa. “O Autocap custa em média R$ 3 mil e pode fi car em uma caixa de passagem de energia ou mesmo no forro”, afi rma Rodrigues. O sistema pode ainda ser utilizado para o monitoramen-to de frotas de veículos. Com o Autocap Vigia Car é possível verifi car a distância o nível de combustível do carro, a pressão de óleo, a velocidade, saber se a porta do veículo está aberta e se há alguém sentado no banco carona do carro.

Para que centrais de alarme e câmeras de vigilância trabalhem de forma inte-grada, a Segware desenvolveu a solução Sigma, um software que centraliza os sis-temas de segurança em uma única base.

P A N O R A M A

Cerca de 10% dos imóveis no Brasil têm sistema eletrônico de segurança. São mais de 1 milhão de câmeras instaladas

Bonatti: “Não há limites, é preciso estar sempre desenvolvendo novas soluções”

Rodrigues: sistema Autocap só grava quando há perigo

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LINHA DIRETA

Back: www.back.com.br CSP: www.csp.com.brGraber: www.graber.com.br Instalarme: www.instalarme.com.br Segware: www.segware.com.br Seventh: www.seventh.com.br Siese-SC: www.siese-br.com.br

“A maior parte dos softwares que existem hoje trabalha sozinho. O Sigma é diferente. Quando um operador visualiza um arrom-bamento, consegue verifi car as imagens daquele lugar e assim perceber se é um arrombamento falso ou se tem realmente alguém no imóvel”, afi rma Luiz Henrique Bonatti, diretor da Segware. O sistema está entre os mais vendidos no País – pelas es-timativas da Segware o Sigma é utilizado por 70% das empresas brasileiras do setor. Para Bonatti, o reconhecimento da em-presa está associado à constante busca em desenvolver novas soluções para o mer-cado. “O ciclo de renovação de produtos nessa área é muito grande. A exigência se torna cada vez maior, e com o aumento de tecnologia não há limites, é preciso estar sempre desenvolvendo novas soluções.”

Além do trabalho à frente da Segware, Bonatti é um dos organizadores da vertical de segurança eletrônica da Associação Cata-rinense de Empresas de Tecnologia (Acate). A organização foi criada em novembro do ano passado para que empresas que atuam em mercados semelhantes e complementa-res de segurança trabalhem de forma inte-

grada. A ideia é que por meio da vertical de segurança essas empresas possam reduzir custos de produção e ampliar a visibilidade das soluções oferecidas. Em seis meses de trabalho, a vertical de segurança já reúne 10 empresas catarinenses, entre elas a Seventh, CSP e Segware. “A Região Sul concentra 22% das empresas de segurança do País e Santa Catarina é um dos estados referência no se-tor”, conta Bonatti.

O empresário explica que antes da vertical já existia uma parceria entre as em-presas que desenvolvem soluções em segu-rança em Florianópolis, mas ela era feita de uma maneira informal. Agora com a vertical a ideia é que as empresas trabalhem de uma forma mais organizada. “O Brasil precisará ampliar os sistemas de segurança para re-ceber a Copa e as Olimpíadas, e nós quere-mos mostrar para os empresários e para o governo que aqui no Brasil temos produtos muito bons de segurança.” A estimativa da Abese é que a Copa e as Olimpíadas façam aumentar a demanda por soluções em se-gurança em 40% e que o faturamento anual do setor triplique até 2016.

Segundo Denis Locatelli, presidente

do Sindicato das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança de Santa Catarina (Siese-SC), para que as empresas brasileiras ampliem sua atuação no mercado nacional é preciso que o setor trabalhe para criar mecanismos de padronização dos serviços oferecidos. “Ainda faltam leis para regula-mentar o setor de segurança eletrônica ou mesmo para modernizar as leis que já exis-tem.” Ele explica que estão em tramitação no Congresso 50 projetos de lei sobre segu-rança. Entre as propostas estão a criação do Estatuto da Segurança Privada e o projeto de lei 1.759 de 2007 para regulamentar as empresas de segurança eletrônica.

Mão de obra deve ser especializada tanto para detecção quanto para reação

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letrasMundo das

por Cléia [email protected]

O livreiro Samuel Seibel é uma prova de que fazer o que se gosta é meio cami-nho andado para ser bem-sucedido como empreendedor. Em sete anos, ele trans-formou a Livraria da Vila numa rede com cinco unidades na capital paulista. E o que é melhor, em referência para os leitores mais exigentes. Suas lojas têm dois dife-renciais importantes para quem gosta de livrarias: vendedores-leitores, sempre à disposição para compartilhar histórias e ideias, e um espaço que convida a mer-gulhar no mundo dos livros, da música e do cinema. Desde o início, a proposta de Seibel era transformar seu negócio num ponto de encontro, num polo cultural im-portante da cidade.

Até mesmo porque ele sempre viveu esse mundo. Os livros o acompanham desde a infância vivida no fi nal da década de 1950 e início dos anos 1960, no Bom Retiro. Na época, o bairro era um redu-to de imigrantes judeus – como seu pai, Bernard Seibel, polonês que chegou ao Brasil em 1925, com apenas 14 anos de idade. “Frequentávamos a escola Sholem Aleichem, nome de um conhecido escri-tor judeu, e, mesmo sendo tão pequenos, os livros já faziam parte de nossas vidas. Acho que essa foi uma das principais mar-cas que herdei de meu pai: éramos o que hoje se classifi caria como classe C e a lei-

P E R F I L

O jornalista e executivo Samuel Seibel descobriu a vocação de livreiro aos 48 anos e transformou a Livraria da Vila em referência no setor

tura era um hábito absolutamente normal de nossa família.”

Formado em Jornalismo pela Cásper Líbero, Seibel lembra que desde os 16 anos já tinha certeza de que não queria seguir as carreiras mais comuns da época: Engenha-ria, Medicina e Direito. “Optei pelo Jorna-lismo porque achei que poderia contribuir mais para um mundo melhor. Desisti, dez anos depois, quando percebi que a minha contribuição era quase nula e quando recebi convite de meu irmão para desenvolver um trabalho na empresa da família, em 1982”, conta o livreiro. A empresa é a Leo Madei-ras, fundada em 1943 e adquirida pelo pai de Seibel em 1961. Seibel acabou fi cando 20 anos no negócio, atuando nas áreas comercial, marketing e compras. “Aprendi muito e me diverti também”, resume.

A decisão de ser livreiro foi tomada, se-gundo o próprio Seibel, de forma absoluta-mente inesperada e intempestiva. Não ha-via um antigo sonho de abrir uma livraria. Assim que a ideia lhe passou pela cabeça começou a ser colocada em prática. Tudo começou num passeio com a esposa ao Rio de Janeiro. Ao entrar numa livraria e café recém-inaugurada em Ipanema, teve a cer-teza de que seu destino dali para frente era ser livreiro. Comentou com a esposa que era isso que queria fazer da vida. “Foi algo muito forte. No fundo, juntei as minhas duas outras experiências de vida, como jor-nalista e mais voltado ao mundo intelectual e como empresário”, afi rma Seibel.

O destino parece ter se encarregado de tudo. A Livraria da Vila, localizada na Vila Madalena, em São Paulo, e frequentada por Seibel, estava à venda. “Eu pretendia come-çar do zero, mas creio que estava no lugar certo, na hora certa.” Sem medo da concor-rência das grandes redes, o jornalista fechou negócio de compra no fi nal de 2002 e, em janeiro de 2003, já estava à frente da Livraria da Vila. Logo começou a “dar a sua cara” para o negócio, oferecendo o que hoje se chama de “experiência de loja”, algo fundamental

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Idade: 55 anos (11/12/1954) Local de nascimento: São Paulo Formação: Graduação em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero Empresa: Livraria da Vila Número de lojas: 4 Número de funcionários: 120

Samuel Seibel

para concorrer com a venda de livros, CDs e DVDs pela internet. Para Seibel, ir a uma livraria física hoje é muito mais do que en-trar num local, ver um produto e adquiri-lo. É um ponto de encontro que desperta a vontade de comprar cultura.

Samuel Seibel tinha 48 anos quando de-cidiu ser livreiro e teve apoio de toda a famí-lia. Ele conta que os fi lhos vibraram com a decisão. Tanto que, hoje, os dois trabalham na empresa. Flávio tem 28 anos, é formado em cinema e está na Livraria da Vila desde

o início. Rafael, com 26, fez publicidade e trabalha com o pai há quatro anos. “São óti-mos profi ssionais. Para mim é um prazer e motivo de orgulho vê-los no dia a dia da em-presa”, diz Seibel. Com os fi lhos, ele tam-bém edita a revista Vila Cultural, lançada há seis anos pela livraria e consolidada como um importante veículo de comunicação da empresa. “Não é nada fácil produzir conteú-do com qualidade a cada 30 dias. Acho que de alguma forma existe sim uma retomada da minha época de jornalista.”

A expansão da Livraria da Vila come-çou em 2005 com a abertura da segunda loja, no Bairro Itaim Bibi. E depois não pa-rou mais, sempre focando sua atuação em áreas nobres. Em 2007 Seibel inaugurou a unidade da Alameda Lorena, no Jardim Paulista, e no ano seguinte, a loja do Shop-ping Cidade Jardim. Neste mês de maio, o empresário abre a quinta loja da rede, em Moema. No local funcionava desde 2006 a Livraria Sobrado, adquirida no início de 2010 por Seibel. Segundo o empresário, o

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19541977

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2007

2008

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Nasce em São Paulo, capital Forma-se em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero Aceita o convite do irmão para trabalhar na empresa familiar, a Leo Madeiras Compra a Livraria da Vila, na Rua Fradique Coutinho, em Pinheiros Abre a segunda unidade, na Casa do Saber, no Itaim Bibi Inaugura a Livraria da Vila – Alameda Lorena, no Jardim Paulista Abre a primeira unidade em shopping (Cidade Jardim), no Butantã Compra a Livraria Sobrado, em Moema, transformada na quinta unidade da Livraria da Vila

LINHA

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Samuel SeibelLivraria da Vila

P E R F I L

LINHA DIRETA

Livraria da Vila: (11) 3814-5811

plano da empresa é continuar crescendo, de forma bem cautelosa, aproveitando oportunidades. Abrir lojas fora da cidade de São Paulo também faz parte da estraté-gia de expansão da Livraria da Vila.

Leitor ávido, Seibel considera seu gos-to literário bastante eclético. “Leio clássi-cos russos com o mesmo prazer que um romance policial ou mesmo Harry Potter. Já lia Anne Rice muito antes dessa moda de vampiro. Os três últimos livros que li – e adorei – são do Edney Silvestre ( jorna-lista da Globo), do italiano Paolo Giordano (o livro é forte, não é para quem quer um romance leve de fi m de semana) e A saga do marrano, que tenho a impressão que está esgotado”, recomenda o livreiro. Um autor que sempre recomenda é Sandor Marai, húngaro que escreveu As brasas, Divórcio em Buda e De verdade, entre outros. “Fantástico”, defi ne Seibel.

Ele confessa que livros de negócios não estão na sua mesa de cabeceira. Mas os lê, embora com menos frequência que os demais. Para administrar a Livraria da Vila, conta com a experiência de 20 anos na Leo Madeiras e com bons profi ssionais a seu lado. Como empresário, se autode-fi ne da seguinte maneira: “Uma mistura

de ousado e realizador com boas doses de sonhador e idealista”. Características de bons empreendedores.

“Meu pai, Bernard Seibel, quando mo-rou em Ilhéus e depois em Salvador, foi ami-go de Jorge Amado. Pude comprovar isso numa viagem a Paris, há muitos anos, quan-do encontrei Jorge e Zélia numa festa. Ins-pirei fundo e fui me apresentar a eles como fi lho de Bernard Seibel. Não só lembraram, como lembraram também de minha mãe, a quem chamaram carinhosamente de Rosi-nha. Fiquei muito emocionado.”

Uma livraria física hoje é mais do que uma loja, é um ponto de encontro que desperta a vontade de comprar cultura

Livraria da Vila: quinta loja da rede abre em maio, em Moema

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O brasileiro tende a enxer-gar na crise uma oportunidade. A nova edição da Pesquisa Glo-bal Entrepreneurship Monitor, a GEM 2009 confi rma esta afi rma-ção. Segundo o estudo, no ano passado, mesmo com a crise fi -nanceira internacional, o Brasil atingiu a maior taxa de empre-endedorismo por oportunidade – 9,4% contra 5,9% da taxa de

empreendedorismo por necessi-dade. Para cada 1,6 empreende-dor por oportunidade temos um por necessidade.

Nas últimas nove edições da Pesquisa GEM, a taxa de empre-endedorismo por oportunidade vem demonstrando crescimen-to gradativo, passando de 8,5%, em 2001, para 9,4%, em 2009. A

pesquisadora do Instituto Brasi-leiro da Qualidade e Produtivida-de (IBQP), Simara Greco, explica que a elevação em 2009 se deve ao alto crescimento ocorrido iso-ladamente nos empreendimentos nascentes, que passou de 2,93%, em 2008, para 5,78%, em 2009. Deste último dado, 4,3% são empreendimentos nascentes por oportunidade. O IBQP é a insti-

Nas últimas nove edições da Pesquisa GEM, o índice no Brasil mostra crescimento gradativo, passando de 8,5%, em 2001, para 9,4%, em 2009

Empreender Informe do Sebrae Maio

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Brasil atinge maior taxa de empreendedorismo por oportunidade

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Maio Informe do Sebrae Empreender

GEM 2009

Brasil é o sexto país mais empreendedor, com taxa de 15,3%

tuição executora da pesquisa no Brasil, que conta com a parceria do Sebrae.

No ranking dos países com nível comparável de desenvolvimento econômico da GEM 2009, o Brasil é o sexto mais empreendedor, com taxa de 15,3%, o que equivale a 18,8 milhões de pessoas. A taxa geral se refere à soma dos empre-endimentos novos (que surgiram nos últimos três anos e meio), que foi de 9,75%, e dos empreendi-mentos nas cen tes (com até três meses de vida ou ainda em pro-cesso de criação), que fi cou em 5,78%. A atual taxa está acima da média histórica do Brasil, que é de 13%. Em 2008, a taxa fi cou em 12%.

Segundo o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos San-tos, “a pesquisa GEM comprova que o Brasil está mudando para melhor”. “Estamos já vivendo um ciclo virtuoso de crescimento, com inclusão social. Isso se refl ete na disposição das pessoas em em-preender”, afi rma. “A motivação para abrir o próprio negócio e se aperfeiçoar na atividade desem-penhada baseia-se em horizontes promissores, que não se fecharam para o Brasil nem quando grande parte dos países mergulhou na recente crise fi nanceira. No auge da crise, sondagem feita pelo Se-brae mostrava que os pequenos negócios continuavam apostando em um bom 2009. Mais uma vez, o segmento mostrou ser o lastro confi ável do crescimento susten-tado que se espera para o Brasil”, assinala Carlos Alberto.

Outros países

Na China, 18,8% da população adulta (169 milhões de pessoas) é empreendedora. Apesar desse grande número, a proporção é de um empreendedor por oportuni-dade para cada um por necessi-dade. Já na Rússia, o número de empresários é menor, com taxa de 3,9% (1,3 milhão), porém, a pro-porção de empreendedores por oportunidade é maior: 2,35 para cada um por necessidade.

Quando comparada aos paí-ses citados anteriormente, a Suíça apresenta maior disparidade entre as proporções. A Suíça possui taxa de empreendedorismo (TEA) de 7,72%. Além desse alto índice de empreendedores, para cada pessoa que empreende por necessidade, 13 o fazem por oportunidade. Nos Es-tados Unidos, a TEA é de 8%, com proporção equilibrada de três em-preendimentos gerados por oportu-nidade e um por necessidade.

Criado em 1999, o Global En-trepreneurship Monitor (GEM) é o maior estudo independente do

mundo sobre a atividade empre-endedora, cobrindo 54 países con-sorciados, o que representa 95% do Produto Interno Bruto (PIB) e dois terços da população mundial. O GEM é atualmente coordenado pelo Global Entrepreneurship Re-search Association (Gera) – orga-nização composta e dirigida pela London Business School (Inglater-ra), pelo Babson College (Estados Unidos) e por representantes dos países participantes do estudo.

Para compor a pesquisa no Bra-sil, em 2009 foram entrevistados 2 mil indivíduos de idade adulta, entre 18 e 64 anos, de todas as regiões brasileiras, selecionados por meio de amostra probabilís-tica, e mais de 180 mil pessoas no mundo. A pesquisa, que tem nível de confi ança de 95% e erro amostral de 1,47%, conta ainda com opiniões de 36 especialistas brasileiros. Entre os anos de 2000 e 2009 foram entrevistados no Brasil 21,9 mil adultos.

Por Regina Xeyla, enviada da Agência Sebrae de Notícias

(www.agenciasebrae.com.br)WE

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Só falta dirigirO GPS GH-DL faz busca inteligente por endereços,

pontos de interesse e CEP e mostra a rota por meio da tecnologia 2D ou 3D. O navegador informa ainda onde estão localizados radares de velocidade fixos. O sistema traz mapeadas mais de 1 mil cidades e 644 mil pontos de interesse. O modelo GPS GH da DL ainda apresenta as funções multimídia de vídeos, músicas, fotos e texto. www.dleletronicos.com.br

pltimídia de vídeos, músicas, fotos eletronicos.com.br

P R O D U T O S E S E R V I Ç O S

Licenciamento integradoEmpreendedores do Estado de São Paulo não preci-

sam mais esperar meses para abrir uma empresa. Agora é possível conseguir licenças do corpo de bombeiros, vigi-lância sanitária, prefeitura e órgão ambiental via internet, em menos de uma hora, por meio do Sistema Integrado de Licenciamento (SIL). O sistema libera os licenciamen-tos para empresas que tenham funções registradas como de baixo risco. A solução é um dos serviços oferecidos pelo Portal Poupatempo do Empreendedor.www.poupatempodoempreendedor.sp.gov.br

Sincronizaçãode dados

A GS1 Brasil oferece serviço de certifi cação de código de barras, autenticação de prefi xos e de sin-cronização de dados que permitem melhorar o dia a dia do varejista. O serviço de certifi cação verifi ca se os códigos de barras dos produtos estão dentro dos padrões estabelecidos, o que reduz os custos e melhora o atendimento ao consumidor por meio do aumento da velocidade no checkout das mercadorias. Já o servi-ço de rede global de sincronização de dados alinha e sincroniza dados, me-lhorando a eficiência das transações comerciais. www.gs1brasil.com.br

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Atualização em dia

O programa Open License Volume (OLV ) da Microsoft sim-plifi ca o gerenciamento das licen-ças obtidas pelas empresas, o que possibilita ao empresário manter os softwares sempre atualizados. O licenciamento Open Value é oferecido em duas diferentes for-mas: perpétuo, que se adquire a licença dos softwares; ou então subscription, que permite a loca-ção da licença dos softwares. O programa foi desenvolvido para empresas de pequeno e médio portes que tenham até 250 com-putadores. www.snd.com.br

Mínimos detalhesA Neorama produz vídeos e animações

em 3D para campanhas de marketing de empresas. No caso de vídeos para divulgar empreendimentos imobiliários, a anima-

ção em 3D permite que o cliente conheça a infraestrutura do imóvel nos mínimos detalhes antes mesmo que a obra esteja concluída. www.neorama.com.br

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P R O D U T O S E S E R V I Ç O S

Site no celularA W/DOT desenvolve websites cor-

porativos exclusivos para serem acessa-dos por meio de celulares. A empresa utiliza uma série de dispositivos para suportar uma programação mais leve do que a usada em computadores. O

desenvolvimento da página mobile tem arquitetura diferenciada em que a dis-posição de links e textos é adequada ao tamanho da tela de um celular conven-cional ou de um smartphone. www.wdot.com.br

Contatos otimizadosO Speech Analitycs da DDCom permi-

te a empresas fazer a análise do discurso e avaliar os diálogos gravados em contact centers entre seus funcionários e os clien-tes. A solução classifi ca os contatos de acordo com o conteúdo do diálogo, ana-lisa as gravações a partir de palavras-chave predefi nidas e identifi ca tendências nos contatos que poderiam passar despercebi-das. Estudos feitos pela DDCom mostram que as empresas que utilizam o sistema podem aumentar as vendas por telefone em 18% e reduzir em 20% a duração das chamadas. www.ddcom.com.br

te e acetesacolisaprcodaqupoemch

Leitura rápidaO scanner vertical Magellan

VS2200 torna o processo de leitura de código de barras até 8% mais rápido. Isso porque a tecnologia utiliza-da no equipamento evita que o funcio-nário precise ajeitar o código de barras para fi nalizar a leitura dos dados. O scanner traz já confi gurados os softwares Informe de Índice de Produtivida-de – PIR (Productivity Index Reporting™) – e o de decodifi cação FirstStrike. O equipamento tem capacida-de de desligamento automático dos terminais, o que elimina a necessidade de uma fonte separada de energia. O aparelho é ideal para supermercados, drogarias e lojas de departamento. www.elgin.com.br

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Monitores certificadosA AOC Brasil lança linha de monitores com a tecnologia LED certificados

com o Electronic Product Environmental Assessment (Epeat Gold). Os no-vos modelos e936Swa e e2236V geram menos calor do que os tradicionais, reduzem de 40% a 50% o consumo de energia e não têm mercúrio entre seus componentes. Os equipamentos são oferecidos nos tamanhos de 18 e 21 polegadas. www.aoc.com.br

Sem paradasOs servidores Stratus da Diebold

são indicados para grandes redes de va-rejo, administradoras de cartões e toda empresa que não pode interromper seu processamento sob pena de contabilizar grande prejuízo. Os servidores Stratus oferecem 99% de disponibilidade e são tolerantes a falhas. Além da comerciali-zação, a companhia é responsável pela instalação e manutenção dos equipa-mentos no País. www.diebold.com.br

Imagens 3DA Sony lança no Brasil uma série de

equipamentos com tecnologia em três dimensões. A TV Bravia XBR-LX905 é o primeiro modelo 3D comercializado pela marca no País. O equipamento vem com dois óculos para visualização em 3D e per-mite que a tela seja inclinada em 6 graus para ampliar o ângulo de visão. Outra no-vidade em aplicações em três dimensões é o projetor VPL-FH300, que tem resolução de 2k em até 600 polegadas com monta-gem tipo baioneta de lentes. O modelo tem 7 mil lumens e baixo consumo de energia. www.sony.com.br

Lista on-lineNo site QNumero é possível

consultar, gratuitamente, o telefone de estabelecimentos comerciais em todo o País. O grande diferencial do site é que não é preciso saber o nome fantasia da empresa, como normalmente exigem as listas tele-fônicas tradicionais, para encontrar

o número. Em toda consulta, mes-mo que o usuário não saiba o nome correto do estabelecimento, o siste-ma sugere pelo menos três opções de telefones. A busca pode ser fei-ta também por celulares e iPhones através do QNumero Mobile. www.qnumero.com.br

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buscar melhores resultados, também é essencial que possamos reconhecer o es-forço dedicado ao processo dessa busca. Quando elogiamos somente o resultado, perdemos a oportunidade de reforçar o processo que, em essência, é o que gera aprendizado dentro da organização.

Até porque se alguém diz que você é ótimo, sua questão básica será: ótimo em quê? Analise sua forma de elogiar. Se costumar dizer “você é ótimo em tra-balhar em equipe”, substitua por aspec-tos que se referem ao comportamento da pessoa, tal como: “sua flexibilidade e capacidade de manter o foco contri-buem muito com sua equipe”.

Ao identifi car aspectos da conduta das pessoas você está possibilitando que elas encontrem uma direção que conduza a comportamentos mais produtivos. Da mesma forma, se o feedback for negati-vo, ser específi co permite a correção para aspectos mais produtivos. Além disso, o julgamento sobre a pessoa coloca o todo sob juízo. E é lógico que sabemos que um indivíduo não pode ser todo mau ou bom. Refl ita como tem utilizado seus elogios e busque ser mais preciso. Afi nal, você é uma pessoa inteligente.

pos: os inteligentes e os esforçados, para ver qual o impacto que teria no seu com-portamento. Para os primeiros elogiavam: “você deve ser muito inteligente”. Para os segundos: “você deve ter se empenhado muito para obter este resultado”.

Na segunda tarefa, eles podiam esco-lher entre um teste fácil ou outro mais complexo que possibilitaria que apren-dessem algo novo. Os esforçados optaram pela prova mais desafi ante, os inteligentes pela fácil. O terceiro teste era bem mais complexo que os dois anteriores. Qual o resultado? Os dois tiveram baixo desempe-nho, mas os esforçados corresponderam à sua classifi cação: empenharam-se mais. Os inteligentes mal conseguiram terminar o teste de tão nervosos que fi caram.

O último teste era tão fácil quanto o primeiro. Entretanto, os que foram refor-çados pelo empenho tiveram um ganho 30% superior à primeira prova. Mas os in-teligentes tiveram uma queda de 20% em seu desempenho.

Conclusão da pesquisa: na impossi-bilidade de garantir que se é inteligente, opta-se pelo caminho mais seguro de pa-recer inteligente. Inclusive optando por manipular no resultado, na esperança de proteger a imagem que foi construída diante das fi guras de autoridade. Para es-tes percebe-se a difi culdade de lidar com o fracasso e, por conseguinte, reforça o medo de arriscar, de se expor.

Se pensarmos em alguns chefes mani-puladores, o que parece um elogio pode ser uma estratégia de controle sobre o funcionário. Um depoimento do tipo “você é um ótimo funcionário” signifi ca o quê? Para muitos, uma mensagem que pode ser traduzida por “você tem total li-berdade de concordar comigo”. Ou, para poucos, “pode se arriscar a errar na busca de melhores resultados”.

Embora seja fundamental que tenha-mos nossos colaboradores orientados a

Quando pensamos em motivação em equipe não damos a devida importância a um reforço positivo que tem alto impac-to no desempenho dos colaboradores e custo zero para a empresa: o elogio. Ele é um mecanismo de compensação indireta que está baseado em demonstrações po-sitivas explícitas para a pessoa, a equipe ou a organização. É uma compensação de ordem psicológica que se dá pelo reconhecimento de que “fulano é um ótimo funcionário” ou “fulano é confiá-vel”; ou de natureza emocional/afetiva: “eu gosto de trabalhar com uma pessoa inteligente como você”.

Até aqui parece que falamos de algo extremamente positivo que pode impul-sionar a pessoa para um desempenho superior. Entretanto, esta moeda tem outra face. Quando reforço pelo elogio um colaborador que fez um trabalho igual a outro e ignoro a este outro, esta não-recompensa é percebida como uma punição. Usualmente a pessoa sente-se injustiçada e desestimulada.

E a situação torna-se mais complexa. O ambiente corporativo brasileiro, em sua esmagadora maioria, funciona como se fosse uma família. Neste caso o chefe representa a fi gura do pai e o elogio po-tencializa a expectativa dos fi lhos – fun-cionários – de corresponder aos anseios do pai-chefe ou patrão. Reporte-se ao am-biente da infância onde o fi lho considera-do inteligente pode se sentir obrigado a ser sempre o mais inteligente. Isto pode gerar uma pressão excessiva que cria an-siedade e insegurança.

Trazendo mais luzes sobre este as-pecto, a psicóloga Carol Dweck, da Uni-versidade Stanford, realizou um estudo signifi cativo com 400 crianças de quinta série. Foi-lhes aplicado um teste simples de QI correspondente à sua faixa etária. Na devolutiva do resultado eles foram di-vididos, por meio de elogios, em dois gru-

Valor do elogioReforço positivo tem alto impacto e custo zero, mas deve ser preciso e se referir ao comportamento

D I N Â M I C A E M P R E E N D E D O R A

por Luiz Fernando GarciaConsultor especialista em manejo

comportamental e empreendedorismoem negócios. Fone: (48) 3334-5585

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L E I T U R A

Raiz empreendedora

História do Brasil com empreendedoresJorge Caldeira Editora Mameluco – R$ 49

Obra apresenta um Brasil Colônia de economia dinâmica graças a homens corajosos o suficiente para enfrentar os riscos e a metrópole antidesenvolvimentista

“Cada homem livre com quem um detentor de bens tratava financiamentos e via adiantamentos era um empreendedor ou empresário, dependendo da quantidade de tarefas, da divisão na entrada de insumos e da espécie de risco que corresse.”

“No trabalho dos homens livres, especialmente da maioria que não era proprietária de escravos, portanto, estava a base do mercado interno do Brasil colonial. Muito longe de ser uma base estamental, base derivada do trabalho escravo, era uma base formada por pessoas muito acostumadas a tomar riscos, empenhar a palavra e cumprir o combinado na divisão dos resultados – pois esses eram os grandes ativos de que dispunham para receber os financiamentos na forma de mercadorias.”

Enquanto muitos livros de história in-sistem no fato de que a economia colonial brasileira era baseada no latifúndio que exportava riqueza para a Europa, o novo livro de Jorge Caldeira traz à tona dados que contestam essa versão. Segundo o autor, pesquisas recentes indicam que a economia do Brasil Colônia era muito dinâmica e crescia a taxas superiores que a da economia metro-politana. Como resul-tado, em 1800 – antes mesmo da chegada da corte ao País – a economia nacional era muito maior que a de Portugal. O que explica esse desem-penho surpreenden-te é a presença de uma personagem fundamental na for-mação do mercado interno, e até então menosprezada por muitos historiadores: o empreendedor.

Figura central numa sociedade em que poucos homens livres tinham escravos (apenas 9% deles eram proprietários, no início do século 19), e na qual formavam a maioria da população (62%, no mesmo período), o empreendedor organizava o trabalho e buscava enriquecer. Migrantes portugueses, índios livres, escravos liber-tos e fi lhos miscigenados compunham o grupo que, em todos os setores da eco-nomia, corria riscos e ganhava na forma de lucros. Tendo esse grupo como base, Caldeira analisa a montagem de uma eco-nomia dinâmica, mesmo numa realidade na qual o governo agia contra o desenvol-vimento e a escravidão era lei.

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Carteira Teórica Ibovespa

All Amér Lat UNT N2 1,384 -5,3 -5,3Ambev PN 0,928 1,9 -3,8B2W Varejo ON 0,552 -4,9 -23,4BMF Bovespa ON 4,153 -7,1 -8,3Bradesco PN 3,522 -4,5 -5,1Bradespar PN 1,080 -9,1 3,7Brasil Telec PN 0,275 -4,4 -34,9Brasil ON 2,230 -1,4 1,4Braskem PNA 0,460 -6 -12,6BRF Foods ON 2,201 -7,6 -2,4CCR Rodovias ON 0,647 -1,1 -2,1Cemig PN 1,565 6,7 -0,3Cesp PNB 0,861 -0,5 1,4Copel PNB 0,634 -2,7 -4,4Cosan ON 0,577 -0,8 -16CPFL Energia ON 0,568 0 3,9Cyrela Realty ON 1,426 -1,9 -15,7Duratex ON 0,511 -1,3 -6,5Eletrobrás ON 0,948 -5,2 -4,6Eletrobrás PNB 0,878 -4,4 -3,5Eletropaulo PNB 0,772 -1,6 11,2Embraer ON 0,956 -3,3 6,9Fibria ON 2,132 -9 -10,5Gafi sa ON 1,147 -3,9 -16,4Gerdau Met PN 0,959 -7 -2,8Gerdau PN 3,849 -1,2 -2Gol PN 0,788 0,1 -11,6Ibovespa 100,000 -5,3 -2,8Itausa PN 2,632 -2,7 2ItaúUnibanco PN 4,623 -4,8 -2,5JBS ON 0,635 1,5 -13,4Klabin S/A PN 0,437 0,9 3,9Light S/A ON 0,451 -2,7 -2,1Llx Log ON 0,620 -1,8 -18,7Lojas Americ PN 0,844 -5,7 -19,2Lojas Renner ON 0,997 1,4 5,3MMX Miner ON 1,355 -4,8 28,5MRV ON 0,572 -8,9 -19,9Natura ON 0,805 -0,2 1,7Net PN 0,770 -14,4 -16,9OGX Petróleo ON 0,911 1,7 -0,9P. Açúcar - CBD PNA 0,554 -3,8 -12,3PDG Realt ON 0,601 -0,1 -14,7Petrobras ON 2,854 -7,7 -12Petrobras PN 11,413 -7,8 -11,1Redecard ON 1,953 -10,1 2Rossi Resid ON 0,769 -0,2 -19,2Sabesp ON 0,394 5,1 -1,9Sid Nacional ON 3,320 -9,7 15Souza Cruz ON 0,650 6,1 17,5Tam S/A PN 0,577 -3,1 -22,6Telemar N L PNA 0,206 -10,4 -27,8Telemar ON 0,193 -11,5 -24,3Telemar PN 0,798 -10,4 -23,9Telesp PN 0,164 -6 -16Tim Part S/A ON 0,119 -17,4 -19,2Tim Part S/A PN 0,777 -11,6 -14,2Tran Paulist PN 0,321 3 -4,7Ultrapar PN 0,541 -4,1 3,8Usiminas ON 0,836 -10,7 11,4Usiminas PNA 3,611 -7,1 14,9Vale ON 3,622 -6,7 7,7Vale PNA 13,390 -5,8 10,6Vivo PN 0,685 -8,9 -15,7

Infl ação (%)

Índice Março Ano

IGP-M 0,94 3,57IGP-DI 0,63 2,75IPCA 0,52 2,06IPC - Fipe 0,34 2,44

Juros/Aplicação (%)

Março Ano

CDI 0,76 2,02Selic 0,76 2,03Poupança 0,58 1,59Ouro BM&F 4,28 9,68

Indicadores Imobiliários (%)

Março Ano

Juros/Crédito (%)

28/Abril 27/Abril

Desconto 1,71 1,70Factoring 3,91 3,88Hot Money 3,24 3,23Giro Pré (taxa mês) 1,91 1,91

Câmbio

Mercados Futuros

Cotação

Dólar Comercial Ptax R$ 1,7558 Euro US$ 1,3201 Iene (US$ 1,00) $ 94,0700

Dólar R$ 1.752,94 R$ 1.764,10 R$ 1.776,38Juros DI 9,11% 9,28% 9,56%

Contratos mais líquidos 28/04Ibovespa Futuro 67.200

ANome Tipo Participação Abril VariaçãoAção Ação Bovespa % Ano

Até 28/04

CUB SP 0,19 0,48TR 0,00 0,02

Maio Junho Julho

Até 28/04

A N Á L I S E E C O N Ô M I C A

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De 18 a 20/05/2010Expo Alumínio – Exposição Internacional do Alumínio Centro de Exposições ImigrantesSão Paulo – SP – www.expoaluminio.com.br

Empresas de toda a cadeia de alumí-nio apresentam novidades em produtos e serviços para o setor. Durante o evento é realizado o Congresso Internacional do Alumínio e o Seminário Internacional de Reciclagem do Alumínio. São esperados mais de 10 mil visitantes. O evento é ex-clusivo para profi ssionais do setor.

De 18 a 21/05/2010Expogestão 2010 – Feira Nacional de Produtos e Serviços da GestãoCentreventos Cau Hansen – Joinville – SCwww.expogestao.com.br

A Expogestão 2010 traz para Joinville importantes nomes da gestão corporativa. O empresário Eike Batista, presidente da EBX, fala sobre a importância da cultura empreendedora e de como ele se transfor-mou em um dos homens mais bem-sucedi-dos do mundo. Entre os palestrantes estão ainda o empresário Luiz Seabra (fundador da Natura), Edward Prescott (Prêmio Nobel de Economia em 2004) e Jonathan Milde-nhall (vice-presidente global de marketing estratégico e comunicação da Coca-Cola).

De 25 a 27/05/2010Exposec – Feira Internacional de Segurança Eletrônica, Empresarial e PatrimonialCentro de Exposições ImigrantesSão Paulo – SPwww.exposec.tmp.br

Empresas brasileiras e internacio-nais apresentam novidades em sistemas eletrônicos de segurança. Durante a fei-ra são realizadas palestras sobre monito-ramento via radiofrequência de centrais de alarmes e rastreamento de frotas. A Exposec é realizada pela Associação Bra-sileira das Empresas de Sistemas Eletrô-nicos de Segurança (Abese).

De 25 a 28/05/2010Hospitalar 2010 – Feira Internacional de Produtos, Equipamentos, Serviços e Tecnologia para HospitaisExpo Center Norte – São Paulo – SPwww.hospitalar.com.br

A Hospitalar é considerada a maior feira dedicada ao setor de saúde da América Latina. O evento reúne empre-sas fornecedoras de produtos e serviços para o setor hospitalar de mais de 30 pa-íses. Nesta edição, são esperados mais de 80 mil visitantes.

De 27 a 30/05/2010Feira do EmpreendedorExpoville – Joinville – SCwww.feiradoempreendedor.com.br

A Feira do Empreendedor apresenta oportunidades de negócios para quem deseja abrir uma empresa ou para quem quer ampliar um empreendimento já existente. O evento reúne mais de 120 empresas especializadas na fabricação e vendas de produtos e serviços para os se-tores de informática, serigrafi a, refrigera-ção, saúde e costura industrial. O evento faz parte do Circuito Feira do Empreen-dedor realizado pelo Sebrae.

De 7 a 10/06/2010Fispal Food Service – FeiraInternacional de Produtos e Serviços para Alimentação Fora do LarExpo Center Norte – São Paulo – SPwww.fispal.com

A Fispal Food Service traz novidades em produtos e serviços para todos os segmentos do mercado de alimentação. Durante o evento é realizada a Copa Bra-sileira de Pizzarias, concurso que elege a melhor pizza do Brasil, e a Tecno Sorve-tes, feira internacional de tecnologia para a indústria de sorveteria profi ssional. São esperados mais de 65 mil visitantes.

De 8 a 9/06/2010Expo Money FlorianópolisCentroSul – Florianópolis – SCwww.expomoney.com.br

A Expo Money é um evento voltado para quem quer aprender a cuidar das fi nanças pessoais ou aperfeiçoar conheci-mentos sobre o mercado fi nanceiro e de investimentos. São realizadas palestras so-bre o mercado fi nanceiro tanto para pes-soas que não tenham conhecimento na área e querem aprender a fazer o planeja-mento das suas fi nanças, até para aqueles que têm intenção de começar a investir ou querem explorar ou diversifi car a sua carteira de investimentos.

A G E N D A

De 18 a 21/05/2010Texfair do Brasil 2010 – Feira Internacional da Indústria TêxtilParque Vila Germânica – Blumenau – SC – www.texfair.com.br

Mais de 400 marcas brasileiras de vestuário, cama, mesa e banho lançam as coleções Primavera-Verão 2010/2011. O evento, que está em sua 11ª edição, é considerado o maior do segmento têxtil da América Latina. A Texfair é promovida pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).

PANOS DA NOVA ESTAÇÃO

LIO S

IMAS

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