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RRRResumo: esumo: esumo: Este esumo: esumo: estudo parte do pressuposto de que o empreendedorismo social procura perceber os problemas que vêm afetando negativamente a sociedade e, assim, colabora para resolvê-los. Objetiva-se demonstrar como o empreendedorismo social, à luz da inclusão digital, vem se constituindo em uma perspectiva promissora no desencadear de ações sociais locais. Como estratégia metodológica, realizou-se um estudo de caso na Cooperativa Pirambu Digital, situada em um bairro periférico de Fortaleza (CE). Aplicando-se entrevistas com roteiros pré-definidos, junto a alguns pares ligados à direção da organização, pôde-se coletar e tratar qualitativamente os dados. A pesquisa permitiu constatar que iniciativas empreendedoras desse tipo funcionam como espécies de agente de transformação comunitária, desempenhando um papel importante na democratização da informação, permitindo o uso da tecnologia da informação como instrumento de inclusão social. Por fim, sugere-se que seja feito um amplo movimento no sentido de multiplicação de empreendimentos dessa natureza. Palavras-chave: Empreendedorismo social. Inclusão digital. Risco social. Juventude.
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20
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
*Administrador de Empresas. Mestre em Administrao pela UECE. E-mail: [email protected].**Administrador. Mestre em Administrao pela UECE. Especializao em Marketing pela Fundao Getlio Vargas RJ. E-mail:
[email protected].***Doutor em Gesto de Empresas pela Universidade de Coimbra. Doutor em Administrao pela Universidade Federal da Paraba. Mestre em
Administrao pela Universidade Federal da Paraba. Professor Adjunto da UECE. E-mail: [email protected].
2
EMPREENDEDORISMO SOCIALCOM INCLUSO DIGITAL:
O CASO PIRAMBU DIGITALDavi Montefusco de Oliveira*
Marcelo Correia Lima da Rocha**Francisco Roberto Pinto***
RRRRResumo: esumo: esumo: esumo: esumo: Este estudo parte do pressuposto de que o empreendedorismo social procura perceber os problemas que
vm afetando negativamente a sociedade e, assim, colabora para resolv-los. Objetiva-se demonstrar como o
empreendedorismo social, luz da incluso digital, vem se constituindo em uma perspectiva promissora no desencadear
de aes sociais locais. Como estratgia metodolgica, realizou-se um estudo de caso na Cooperativa Pirambu
Digital, situada em um bairro perifrico de Fortaleza (CE). Aplicando-se entrevistas com roteiros pr-definidos,
junto a alguns pares ligados direo da organizao, pde-se coletar e tratar qualitativamente os dados. A pesquisa
permitiu constatar que iniciativas empreendedoras desse tipo funcionam como espcies de agente de transformao
comunitria, desempenhando um papel importante na democratizao da informao, permitindo o uso da tecnologia
da informao como instrumento de incluso social. Por fim, sugere-se que seja feito um amplo movimento no
sentido de multiplicao de empreendimentos dessa natureza.
PPPPPalaalaalaalaalavrvrvrvrvras-chaas-chaas-chaas-chaas-chavvvvveeeee: Empreendedorismo social. Incluso digital. Risco social. Juventude.
AbstrAbstrAbstrAbstrAbstracacacacacttttt: : : : : This essay is about the social entrepreneurship and manages to notice the problems that have been
affecting negatively the society and so to cooperate to solve them. Its objective is to demonstrate how social
entrepreneurship, based on digital inclusion has been developing into a successful perspective to develop local
social actions. As a methodological strategy, a case study in Cooperative Pirambu Digital has been made. Its
located in a suburban area of Fortaleza- CE. Interviews have been applied with pre-determined scripts. Some head
offices were interviewed and afterwards we could collect and handle with qualitative data. The research information
allowed us to verify that attempts like these work as community transforming agents playing an important role in
the information democratization, accepting the use of information technology as a tool of social inclusion. Finally,
we suggest that a great movement towards the increasing of measures similar to those should be performed.
KKKKKeeeeey-wy-wy-wy-wy-wororororords:ds:ds:ds:ds: Social entrepreneurship, Digital inclusion, Social risk, Youth.
JEL ClassifJEL ClassifJEL ClassifJEL ClassifJEL Classificationicationicationicationication: L3 - Nonprofit Organizations and Public Enterprise; (L31 - Nonprofit Institutions; NGOs)
21Empreendedorismo social com incluso digital: o caso Pirambu Digital
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
1 Introduo
A complexidade dos fatos e problemas trazi-
dos com o crescimento global faz com que aumen-
tem as buscas por solues para os problemas que
assolam a humanidade, com o propsito de se che-
gar a um modelo de desenvolvimento sustentvel.
Neste contexto, entende-se que desenvolvi-
mento significa melhorar a vida das pessoas, sob o
aspecto econmico e social, tanto das que esto
vivas hoje como daquelas que vivero no futuro (sus-
tentvel) (Franco, 2000). Para alcanar esse resulta-
do preciso buscar alternativas para se crescer num
cenrio que envolva reduo de desigualdades e
incluso social.
Desta forma, Melo Neto e Froes (2002) apre-
sentam o empreendedorismo social como um para-
digma emergente de um novo modelo de desenvol-
vimento: humano, social e sustentvel. Segundo os
autores, muda-se o foco que se observa nas empre-
sas sobretudo nas grandes transnacionais e nas
grandes instituies financeiras para o negcio
social, que tem na sociedade civil a sua principal
base, atravs da parceria envolvendo comunidade,
governo e setor privado.
Nesse sentido, nos dias de hoje, processos
que envolvem a questo da incluso digital, ganham
espao nessa vitrine social. J que, neste contexto,
a busca pela reduo da lacuna existente entre os
que tm acesso informao e os que no a possu-
em. Na sociedade contempornea essa lacuna tor-
na-se um obstculo, aumentando ainda mais o pro-
blema da misria e dificultando o desenvolvimento
humano local e nacional (Freire, 2006).
Partindo do pressuposto de que o empreen-
dedorismo social busca perceber o que vem afetan-
do a sociedade negativamente, e como se poderi-
am resolver tais problemas, este trabalho objetiva
demonstrar que o empreendedorismo social, dentro
do cenrio da incluso digital, promissor como
agente de mudanas sociais locais em comunida-
des carentes, como o que ocorre no caso da Coope-
rativa Pirambu Digital, situada em um bairro perif-
rico da cidade Fortaleza (CE), objeto de nossa in-
vestigao.
Este estudo est dividido em trs partes. Pri-
meiramente, exps-se o empreendedorismo social
como uma espcie de agente de transformao co-
munitria, desdobrando suas idias e objetivos den-
tro do meio social. Em seguida, relacionou-se tal
posio empreendedora com a incluso digital, seus
conceitos, perspectivas, aplicaes e resultados pr-
ticos, analisando de que forma influenciam e en-
grandecem a comunidade do Pirambu em seu de-
senvolvimento scio-econmico. Em seguida, apre-
sentam-se os resultados finais da pesquisa.
2 Empreendedorismo Social
O incio do sculo XXI, caracterizado por uma
reviso de valores ticos nas corporaes e na soci-
edade em geral, traz tona discusses acadmicas
a respeito das estratgias empresariais e da preocu-
pao com a soluo de problemas sociais funda-
mentais (FISCHER, 2000). De acordo com o discur-
so vigente, novas combinaes de recursos, sob a
forma de inovaes em suas diversas configuraes,
so necessrias e urgentes para o alcance de metas
mundiais de desenvolvimento sustentvel.
Orchis et al (2002) mencionam que, ainda na
primeira metade do sculo XX, abrem-se novas pos-
sibilidades para a realizao de parcerias entre or-
ganizaes da sociedade civil e empresas privadas
para o enfrentamento dos problemas sociais que se
tornaram mais evidentes medida que o prprio
ambiente mundial se expandiu. Desde ento, h uma
crescente preocupao mundial em ampliar e con-
cretizar o envolvimento dos diversos agentes eco-
nmicos na construo do desenvolvimento susten-
tvel das naes e da sociedade globalizada em
geral.
Segundo Franco (2000), a nova ordem scio-
econmica requer uma viso de desenvolvimento
22 OLIVEIRA, D. M. de; ROCHA, M. C. L. da; PINTO, F. R.
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
local que posicione espaos scio-territoriais deli-
mitados em face do mercado global. Tal desenvol-
vimento possibilita o surgimento de comunidades
mais sustentveis, capazes de suprir suas necessi-
dades de curto prazo, descobrir vocaes locais e
despertar suas potencialidades.
Sendo assim, o autor tambm ressalta que o
surgimento de diversas experincias de desenvolvi-
mento social a partir do empoderamento comuni-
trio, balizadas por redes sociais locais e baseadas
na cooperao e na concepo de mercado justo,
acabou por criar uma verdadeira scio-economia
solidria. Desse modo, a formao de redes associ-
ativas de desenvolvimento local sustentvel e inte-
grado sinaliza uma terceira via como contraponto
ao sistema econmico dominante.
O conceito de desenvolvimento local pode ser
entendido como o processo endgeno de mobiliza-
o das energias sociais em espaos de pequena
escala, que implementam mudanas capazes de ele-
var as oportunidades sociais, a viabilidade econ-
mica e as condies de vida da populao (Franco,
2000). exatamente na concepo desse contexto
que o empreendedorismo social tem papel funda-
mental e preponderante na dinmica do desenvol-
vimento local.
O argumento de Albagli e Maciel (2002) con-
tribui para apoiar ainda mais a relao entre redes
de desenvolvimento local e empreendedorismo cada
vez mais se reconhecendo a importncia dos pro-
cessos interativos e cooperativos de aprendizado
como geradores de inovao, inclusive na rea soci-
al. Assim, o complexo de instituies, costumes e
relaes de confiana locais assumem papel crtico
para o empreendedorismo e que constituem os prin-
cipais canais para o aprendizado e a inovao, tor-
nando o empreendedorismo social uma alternativa
de desenvolvimento humano local e de emancipa-
o social.
Assim, surgem novas formas de entender e
enfrentar os problemas sociais existentes. Segundo
Kliksberg (1997), isto passa pela superao das fal-
cias econmicas e da nfase na cultura e da rees-
truturao da famlia, que pode servir como base
essencial para dar respostas satisfatrias a proble-
mas sociais existentes. Assim, a tecnologia doms-
tica, os saberes, os costumes, as capacidades ina-
tas de auto-organizao existentes nessas culturas
podem contribuir para que se encontrem solues
inovadoras e adequadas em educao, sade, agri-
cultura, construo, dentre outros pontos.
Dentro dessa perspectiva, o empreendedoris-
mo social funciona como um agente da criatividade
comunitria. compreendido aqui como aquele que,
mediante sua criatividade, toma para si a tarefa de
solucionar problemas e buscar benefcios para a sua
comunidade. Drayton (2003) complementa ressaltan-
do que o trabalho do empreendedor social ver aon-
de a sociedade est estagnada e encontrar uma nova
maneira de resolver tal problema, ante uma pers-
pectiva de desenvolvimento integrado e sustent-
vel.
Pensando nessas proposies, o prprio
Drayton, em 1981, na ndia, fundou a Ashoka Em-
preendedores Sociais, alm da Mackisey & Cia, com
o objetivo de desenvolver a profisso de empreen-
dedor social. Ornamentado por iniciativas como
essa, cresce cada vez mais o incentivo participa-
o da sociedade civil nas questes nacionais, sob
o argumento de que as complexidades regionais das
questes sociais demandam diversas aes integra-
das. Assim, a formao de parcerias entre governo,
iniciativa privada e sociedade civil tem chamado a
ateno de pesquisadores da rea da Administra-
o para o surgimento de um novo modelo de ges-
to social, voltado para a formao de redes e para
o desenvolvimento de projetos inovadores com fins
sociais (Fleury, Migueletto e Bloch, 2002).
Dentre todos os aspectos que envolvem a
gesto social, um dos assuntos mais pertinentes a
incluso digital. O acesso cotidiano s redes, aos
equipamentos e ao domnio das habilidades relaci-
onadas s tecnologias de informao e comunica-
o so, cada vez mais, requisitos indispensveis
23Empreendedorismo social com incluso digital: o caso Pirambu Digital
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
participao social, atividade econmica e fortale-
cimento da cidadania. Princpios fundamentais como
justia social, igualdade de oportunidades e a pr-
pria democracia passam a ser influenciados pelo
acesso s tecnologias de informao e comunica-
o. Afinal, estas se posicionam como um impor-
tante meio para se adquirir, interpretar, expressar,
produzir e organizar o conhecimento, colocando-o
a servio de interesses e necessidades. Sobre este
foco especfico, atravs de um estudo de caso, esta
pesquisa est pautada.
De tudo isso, pde-se verificar que a temti-
ca do empreendedorismo social no trata de um sim-
ples passe de mgica, mas de uma ao que re-
quer, acima de tudo, a capacidade coordenada de
vrias pessoas. Tal processo exige, principalmente,
o redesenho de relaes entre comunidade, gover-
no e setor privado, dentro de um modelo de parceri-
as, tendo como principal objetivo retirar indivduos
da situao de risco social, buscando solues a
curto, mdio e longo prazo para os problemas que
surgem, com o intuito de se atingir a plenitude da
incluso social.
3 Incluso Digital
A excluso scio-econmica desencadeia a
excluso digital, ao mesmo tempo em que a exclu-
so digital aprofunda a excluso scio-econmica.
(Assumpo e Mori, 2006). Entende-se que a im-
portncia da incluso digital se inicia pelo reconhe-
cimento desse contexto e de que a situao deve
ser combatida com um processo de oferta universal
de acesso aos equipamentos, s redes, s lingua-
gens, sem restringir-se a aplicativos e sistemas, mas
estendendo-se prpria cultura da rede mundial.
Apropriar-se das tecnologias significa desenvolver
e aperfeioar habilidades que vo de tarefas bsi-
cas, como escrever uma mensagem ou reconhecer
um spam, a atividades complexas, como pesquisar
de maneira eficaz, acessar servios ou produzir um
vdeo digital e transmiti-lo via Web. Isso quer dizer
que muitos aspectos da incluso digital no esto
nas mquinas nem na relao com as mquinas, e
sim no processo global de incluso social.
Ao nos depararmos com a realidade brasilei-
ra de milhares de analfabetos e com mais da meta-
de da populao recebendo at dois salrios mni-
mos, fica ainda mais ntida a contextualizao de
que a excluso digital parece ser uma mera conse-
qncia da excluso social (Cruz, 2004). A expres-
so incluso digital ganhou um significado mais
complexo na conjuntura atual, sendo considerado
digitalmente includo um indivduo que tem acesso
no s da parte fsica do computador com acesso
Internet, mas tambm a educao, para assim ter
condies de interpretar e discernir as informaes
disponveis na rede mundial de computadores (Frei-
re, 2006; Dutt-Ross, Pires e Fernandes, 2006).
A luta pela incluso digital , por conseguin-
te, diminuir a enorme lacuna existente entre os que
tm acesso informao e os que no a possuem,
pois na sociedade contempornea esse obstculo
aumenta ainda mais o problema da misria e difi-
culta o desenvolvimento humano local e nacional
(Freire, 2006). Neste cenrio, a incluso digital de-
veria ser fruto de uma poltica pblica com destina-
o oramentria a fim de que aes promovam a
incluso e equiparao de oportunidades a todos os
cidados. De acordo com o relatrio do IBGE 2005,
apenas 17% da populao brasileira, tem acesso
informao por meio digital, sem contar as dispari-
dades e desproporcionalidades entre as regies
metropolitanas e os municpios localizados no inte-
rior, como tambm entre as diferentes regies do
pas (Corts, 2003).
Todavia, segundo Mattos (2006), a base de
dados sobre incluso/excluso digital ainda bas-
tante precria, no permitindo tirar concluses muito
importantes sobre o tema. Deve-se levar em consi-
derao que a excluso digital interpretada ape-
nas em termos quantitativos, tanto na literatura na-
cional, quanto, mesmo, na internacional, sendo ain-
da incipientes as tentativas de avali-la de forma
24
qualitativa. Falta um melhor entendimento de que,
quando uma sociedade se utiliza da informao di-
gital de forma proveitosa, ocorrem progressos na vida
destas pessoas. At porque os impactos da utiliza-
o da informao digital so mensurados pela
abrangncia dessas mudanas e no pela quantida-
de de indivduos que esto conectados Internet
(Arajo, 2001).
Assim, embora existam, em vrias socieda-
des, incluindo o Brasil, inmeros outros problemas
emergenciais a serem resolvidos, esses fatos no
diminuem a importncia do combate excluso di-
gital, pois esta agrava, cada vez mais, a distncia
entre as sociedades menos desenvolvidas e aquelas
que j atingiram um patamar mais alto de desen-
volvimento.
Nesta seara, muito comentada a formula-
o de polticas pblicas para a soluo deste pro-
blema, como tambm a maneira com que elas de-
vem ser implementadas e, por fim, qual seria o pa-
pel do mercado na formulao dessas polticas (Ron-
delli, 2003). O que se procurar contemplar que as
empresas devem participar da implantao dessas
polticas, mas com o papel de sujeito orientador e
no como reguladoras com poder de deciso. At
mesmo porque, caso elas venham a ser tambm for-
necedoras dos programas de implantao, os inte-
resses mercadolgicos no devem desvirtuar tais
polticas.
Outra questo a ser observada no problema
da falta de incluso digital diz respeito ao marco
regulatrio. indiscutvel a necessidade de oferta
de acessibilidade da informao digital de forma
democrtica ao povo brasileiro como garantia de
cidadania. Esta oferta precisa ser feita de forma
abrangente, envolvendo aes conjuntas entre o
poder pblico e a iniciativa privada. Porm, para
que isso ocorra eficazmente, premente uma revi-
so imediata na Lei Geral de Telecomunicaes,
assunto abordado na 7 edio da Rio Wireless, em
abril de 2007, visto que o setor evoluiu e evolui cons-
tantemente, necessitando de uma legislao que d
sustentculo aos possveis investimentos do mer-
cado no setor, com a garantia de que as regras se-
ro claras e os acordos realizados sero cumpridos.
Diante dessa anlise, um ponto que necessi-
ta de providncias imediatas em relao ao per-
centual de 1% retido pelas empresas de telecomu-
nicaes para compor o FUST Fundo de Universa-
lizao dos Servios de Telecomunicaes. Implan-
tado pela Lei N 9.998 de agosto de 2000, o FUST
arrecada cerca de R$ 800 milhes por ano, tendo
como objetivo maior garantir a universalizao do
acesso telefonia e Internet, principalmente em
escolas e hospitais de regies menos favorecidas.
Ocorre que o fundo referido j havia arrecadado cerca
de R$ 4,2 bilhes at setembro de 2006, sem que
jamais tenha sido aplicado, de fato, algum valor
desse montante, dando mais uma demonstrao da
urgente necessidade em se alterar a legislao vi-
gente (Shinoda, 2006).
Na tentativa de solucionar este e outros pro-
blemas ligados falta de incluso digital, o governo
tem buscado inserir socialmente os excludos digi-
tais, atravs de alguns projetos, tais como os cha-
mados Infocentros, localizados em regies menos
favorecidas com precrias infoestruturas de aces-
so. De acordo com a pesquisa realizada por Rabia
et al (2006) o perfil dos freqentadores dos Infocen-
tros praticamente o mesmo da populao brasilei-
ra menos favorecida, onde a conquista pelo empre-
go depende, em grande parte, de uma situao fa-
vorvel do ambiente econmico, assim como de
condies para interpret-lo, utilizando-se adequa-
damente das ferramentas e relacionamentos dispo-
nveis. Sem essas habilidades as perspectivas de
incluso no mercado de trabalho no so nem um
pouco animadoras.
Dentro desse contexto, notrio que, um dos
parceiros mais importantes junto questo da in-
cluso digital , sem dvida, o processo educativo.
A incluso digital deve ser parte do processo de
ensino, de forma a promover a educao continua-
da. Desta feita, a educao aparece como um pro-
OLIVEIRA, D. M. de; ROCHA, M. C. L. da; PINTO, F. R.
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
25
cesso e a incluso digital como um elemento essen-
cial deste processo. A difuso do acesso atravs das
escolas permitiria aos jovens, que ainda iro ou que
j necessitam da informao digital, ter em suas mos
uma ferramenta essencial para incluso no mercado
de trabalho. Porm, o cerne da questo que se colo-
ca aqui sobre at que ponto esses projetos de in-
cluso digital provocam mudanas perceptveis e re-
levantes na vida das pessoas amparadas.
Alm disso, deve-se medir se os intentos go-
vernamentais que esto sendo implantados realmen-
te esto causando melhorias na educao desses
indivduos. preciso saber se aqueles que conse-
guem usufruir deste servio ofertado conseguem,
de fato, se inserir no mercado de trabalho com mais
rapidez e com empregos mais qualificados do que
outras pessoas (Rabia et al, 2006). Assim, parece
ficar perceptvel que, embora a ao governamental
seja de suma importncia, ela deve ter a participa-
o de toda sociedade face necessidade premen-
te que se tem de acesso educao e redistribui-
o de renda (Da Silva Filho, 2003).
Ademais, colaborando com o movimento de
expanso da oferta dos conhecimentos disponveis
na rede mundial de computadores, existem as ONGs
(Organizaes No-Governamentais), desempe-
nhando um papel importante na democratizao da
informao por meio digital. Algumas ONGs tm
demonstrado preocupao no s na disposio do
acesso s tecnologias da informao, como tambm
com a forma que as novas tecnologias de informa-
o digital so ofertadas s populaes mais caren-
tes. Mesmo com a enorme propagao do assunto
relacionado necessidade de combate falta de
acesso de informao, so ainda incipientes as ini-
ciativas de criao de ONGs especficas para o com-
bate excluso digital, embora esses poucos em-
preendimentos tenham demonstrado que essas or-
ganizaes executam um trabalho eficiente (Simo,
2004).
Como anteriormente mencionado, as experi-
ncias de criao dos Infocentros ou Telecentros so
aes louvveis como ferramentas de combate
excluso digital. Porm, esses tipos de empreendi-
mentos, que geralmente ocorrem atravs de parce-
rias entre o Estado e o Terceiro Setor, enfrentam
alguns problemas de ordem consensual, principal-
mente no ponto da utilizao de softwares livres,
visto que muitas organizaes contam com apoio
de grandes corporaes como a Microsoft, para a
criao destes Telecentros (Lacerda, 2005). Como
decorrncias deste fato, podem ocorrer prejuzos na
formao de parcerias, comprometendo as j exis-
tentes e, por conseguinte, prejudicando o objetivo
maior que a participao do usurio-cidado no
projeto (Lacerda, 2005).
Diante de tudo isso, entende-se tambm que
a atuao da iniciativa privada, principalmente na
formao de parcerias, bastante relevante. Na atual
conjuntura social, o mercado exerce enorme influ-
ncia sobre como as informaes so veiculadas para
a sociedade e qual o meio que ser utilizado. Exem-
plo dessa realidade a formao de cooperativas
digitais auto-sustentveis, que prestam servios e,
ao mesmo tempo, desempenham um papel assis-
tencial para a comunidade em que esto inseridas.
Este tipo de exemplo bastante salutar, pois procu-
ra atuar onde a escola no consegue suprir lacunas,
reduzindo as deficincias a serem atendidas (Neri,
Carvalhaes e Pieroni, 2005).
Nesse sentido, no se trata de contar com
iniciativas de incluso digital somente como recur-
so para ampliar a base de usurios para fins comer-
ciais ou de arrecadao de impostos, nem reduz-la
a elemento de aumento da empregabilidade de in-
divduos ou de formao de consumidores para no-
vos tipos ou canais de distribuio de bens e servi-
os. Espera-se que o acesso s tecnologias e sua
apropriao leve ao desenvolvimento local, reso-
luo de problemas das comunidades de modo par-
ticipativo e com autonomia crtica e a mudanas
nas prticas polticas. Uma alternativa que est sen-
do implementada pelo nosso objeto de pesquisa, no
caso a Cooperativa Pirambu Digital, est justamen-
Empreendedorismo social com incluso digital: o caso Pirambu Digital
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
26
te na subveno de computadores a preos simb-
licos e acesso Internet via-rdio, como tambm a
oferta de cursos de informtica, entre outros. Tal
iniciativa um exemplo palpvel de combate ex-
cluso digital, atravs de conceitos e prticas liga-
dos sustentabilidade e melhoria da gesto social
local, conforme veremos mais adiante.
4 Metodologia da Pesquisa
4.1 Definies geraisNo presente trabalho, objetiva-se demonstrar
de que forma o empreendedorismo social vem se
constituindo como uma perspectiva promissora ao
promover aes sociais locais. No caso, analisando
a temtica da incluso digital e as contribuies
desta para questes relativas ao desenvolvimento e
sustentabilidade no contexto de uma determinada
comunidade. Nesse sentido, no processo de defini-
o quanto a um campo emprico que pudesse ofe-
recer melhores condies de acessibilidade tanto
em termos de localizao quanto em termos de in-
formao, escolheu-se a Cooperativa Pirambu Digi-
tal, do bairro do Pirambu, em Fortaleza-CE, como
caso especfico a ser estudado.
Nesse contexto, este estudo pode ser consi-
derado, de acordo com as definies de Parra Filho
(2001), como terico e de campo, pois ao mesmo
tempo em que realizou uma pesquisa bibliogrfica
sobre empreendedorismo social e incluso digital,
ocorreu tambm uma explorao descritiva quali-
tativa, atravs do estudo de caso da Cooperativa
Pirambu Digital, que funcionou como um elo com-
parativo entre a teoria e a prtica.
No caso desta pesquisa, em vista de um me-
lhor aprofundamento das questes relativas s con-
tribuies sociais do Pirambu Digital, optou-se pela
realizao de entrevista com roteiro pr-definido de
questes. Nesse processo, foi possvel coletar infor-
maes inerentes aos objetivos desejados pelo es-
tudo, junto a trs importantes sujeitos componen-
tes da direo da Cooperativa: o Presidente, o Vice-
Presidente e o Diretor Financeiro. A escolha desses
atores permitiu a anlise total do funcionamento da
entidade em comento.
A anlise do contedo feita sobre o material
obtido iniciou-se com um trabalho de escuta e de
transcrio das entrevistas. Em seguida, o material
foi submetido a um estudo orientado pelo referenci-
al terico, j envolto no contexto do empreendedo-
rismo social e incluso digital. Por fim, expuseram-
se as aes com os quais o Pirambu Digital vem
trabalhando, a forma como as mesmas influenciam
no cotidiano comunitrio, quais os pontos fortes e
fracos dentro de um contexto analtico, at se che-
gar aos resultados finais e s possveis concluses
sobre essa temtica.
4.2 Variveis e construo do questionrioNa concretizao das entrevistas, utilizou-se
um roteiro pr-definido, com doze questes-base
que serviram como parmetro inicial para se che-
gar ao foco principal do tema da pesquisa. Desta
feita, os questionamentos foram guiados diretamente
para assuntos inerentes s contribuies do modelo
de incluso digital nos posicionamentos relativos ao
desenvolvimento e sustentabilidade no contexto da
comunidade local.
Embora nem todas as questes includas te-
nham sido encontradas em obras dos doutrinadores
consultados, todas elas foram reunidas no questio-
nrio a partir de um posicionamento terico e em-
prico anteriormente definido, como se explicitar
adiante.
A seguir, procura-se justificar a incluso de
cada uma das questes utilizadas ao longo do pro-
cesso de investigao.
Questo 1 - Questo 1 - Questo 1 - Questo 1 - Questo 1 - Que atividades so desenvolvidas aqui?
A questo 1, busca situar o estudo em si com
relao ao seu objeto de estudo principal, procuran-
do identificar de que forma so arquitetadas as ati-
vidades relativas ao desenvolvimento e sustentabi-
lidade no caso da Cooperativa Pirambu Digital.
OLIVEIRA, D. M. de; ROCHA, M. C. L. da; PINTO, F. R.
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
27
Questo 2 - Questo 2 - Questo 2 - Questo 2 - Questo 2 - H quanto tempo o projeto comeou a
operar?
Essa questo busca associar o perodo de
surgimento da organizao em relao quantida-
de de projetos e resultados j concebidos e tratados
at o presente momento.
Questo 3 - Questo 3 - Questo 3 - Questo 3 - Questo 3 - De onde partiu a concepo e a deter-
minao para iniciar o projeto?
Essa questo refora a anterior. Atravs dela,
pretende-se fazer uma justaposio com os argu-
mentos defendidos por Orchis et al (2002), que men-
cionam a realizao de parcerias entre organizaes
da sociedade civil e empresas privadas para o en-
frentamento dos problemas sociais que se tornaram
mais evidentes ao longo dos ltimos anos.
Questo 4 - Questo 4 - Questo 4 - Questo 4 - Questo 4 - Que motivos os levaram a desenvolver
o projeto?
Com essa questo, objetiva-se entender at
que ponto podem ser corroboradas as idias de al-
guns autores pesquisados neste estudo, como no
caso de Franco (2000). Para esse autor, a nova or-
dem scio-econmica requer uma viso de desen-
volvimento local que posicione espaos scio-ter-
ritoriais delimitados em face do mercado global,
possibilita o surgimento de comunidades mais sus-
tentveis, capazes de suprir suas necessidades
imediatas, descobrir vocaes locais e despertar
suas potencialidades especficas, justamente uma
das balizes defendidas pela Cooperativa Pirambu
Digital.
Questo 5 - Questo 5 - Questo 5 - Questo 5 - Questo 5 - Quais os objetivos primordiais dos pro-
jetos ligados ao Pirambu Digital?
Sobre essa questo, pauta-se o argumento de
Albagli e Maciel (2002), no qual o empreendedoris-
mo social se apresenta como uma alternativa emer-
gente de desenvolvimento humano local e de eman-
cipao social frente a diversas aes de combate
pobreza e excluso, algumas das expresses mais
ntidas das mltiplas dimenses da questo social,
fatores esses bastante notrios no Bairro do Piram-
bu, localizado na periferia de Fortaleza.
Questo 6 - Questo 6 - Questo 6 - Questo 6 - Questo 6 - Esto formalmente definidos a misso,
a viso, o negcio e os valores do Pirambu Digital?
Com essa questo, objetiva-se contextuali-
zar at que ponto a Cooperativa est devidamente
organizada e formalizada em termos de mtodos,
usos e tcnicas de trabalho, costumeiramentes uti-
lizados nas organizaes, de uma forma geral.
Questo 7 - Questo 7 - Questo 7 - Questo 7 - Questo 7 - Os projetos existentes so complemen-
tares? Como? E por qu?
Aqui, repete-se a justificativa apresentada
para a questo anterior, levantando-se a possibili-
dade de haver um tratamento diferenciado e mais
formalizado com relao ao tratamento dos mto-
dos, usos e tcnicas de trabalhados adotadas na
instituio.
Questo 8 - Questo 8 - Questo 8 - Questo 8 - Questo 8 - Quais eram as expectativas antes da
implantao do projeto?
A razo de se ter includo essa questo, bus-
ca traar uma espcie de relao entre as projees
inicialmente feitas e os objetivos outrora atingidos,
at o presente momento.
Questo 9 - Questo 9 - Questo 9 - Questo 9 - Questo 9 - Qual a reao e a recepo do pblico
local (circunvizinhana)?
Kliksberg (1997) defende que a tecnologia
domstica, os saberes, os costumes e as capacida-
des inatas de auto-organizao existentes nessas
culturas locais podem contribuir para que se en-
contrem solues inovadoras e adequadas para se
solucionar problemas e buscar benefcios para uma
determinada comunidade. Sendo assim, tal ques-
to pretende referenciar e correlacionar tais pers-
pectivas diante da populao do Bairro do Pirambu.
Questo 10 - Questo 10 - Questo 10 - Questo 10 - Questo 10 - Existem indicadores de desempenho
dos projetos? Quais? Quem os definiu? Quais os
critrios utilizados?
Empreendedorismo social com incluso digital: o caso Pirambu Digital
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
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Tal questo tem o propsito de entender como
so avaliados os resultados atingidos ante as aes
sociais praticadas pela Cooperativa. Busca-se as-
sim, saber da existncia ou no de algum modelo
formal que explicite o feedback diante dos traba-
lhos realizados e das pessoas beneficiadas por al-
gum projeto do Pirambu Digital.
Questo 11 - Questo 11 - Questo 11 - Questo 11 - Questo 11 - O que determinou a escolha do local
para a implantao do Pirambu Digital?
Essa pergunta foi includa no intuito de se
verificar at que ponto aspectos polticos e com-
portamentais tambm influenciaram nessa escolha.
Questo 12 - Questo 12 - Questo 12 - Questo 12 - Questo 12 - Como administrado o projeto em si?
Quem dirige a organizao e como se d sua esco-
lha e o possvel processo de sucesso para os car-
gos superiores?
Nesse caso, o intuito destrinchar, em mai-
ores detalhes, de que forma a organizao geri-
da, principalmente no que diz respeito questo
dos cargos e das funes de poder e autoridade
exercidas por cada um dos que fazem parte da Co-
operativa.
5 Anlise dos Resultados
5.1 ContextualizaoA cidade de Fortaleza caracteriza-se por ser
um local cosmopolita e com altssima concentra-
o de renda. As desigualdades sociais so imen-
sas e as polticas pblicas atuais de desenvolvimento
social e econmico no tm gerado resultados sa-
tisfatrios. Nesta pesquisa foi analisada a experin-
cia de desenvolvimento local integrado e sustent-
vel, atravs de um empreendimento social pautado
na incluso digital, localizado do Bairro do Piram-
bu, a partir da formao solidria de espcies de
redes institucionais locais e de interao exgena.
Em um primeiro contato, a inteno dos pes-
quisadores foi a de conhecer as instalaes (estru-
tura e equipamentos), processos e mtodos de tra-
balho aplicados na Cooperativa do Pirambu Digital,
buscando entender o seu dia-a-dia de uma forma
completa e profunda. A partir da, o estudo focou-
se no contexto singular da sua atuao empreende-
dora da Cooperativa que, alicerada na tecnologia
da informao, oferece produtos e servios que con-
tribuem para o suprimento de parte das carncias
da comunidade, principalmente na rea de educa-
o profissional.
Pirambu, nome popular da espcie Anisotre-
mus surinamensis, um peixe que compe a fauna
marinha da costa litornea da cidade de Fortaleza.
O Bairro que leva seu nome era, inicialmente, um
povoado de pescadores tpicos do litoral nordestino,
onde se habitavam casas de palha. Hoje, caracte-
rizado por contrastes, notando-se residncias de boa
qualidade e habitaes desprovidas de infra-estru-
tura adequada, onde a sobrevivncia extremamen-
te precria. Ali se observam conflitos fundirios,
nos quais a populao economicamente mais fragi-
lizada sofre com a especulao imobiliria.
Em meio a tantas dificuldades, foi l mesmo
que a Cooperativa Pirambu Digital acabou por ser
concebida, fruto de uma aliana tecida entre o Cen-
tro Federal de Educao Tecnolgica do Cear (CE-
FET-CE) e o Emas, um movimento de Comunida-
des Missionrias para jovens que cedeu o imvel
onde se encontra instalada a Cooperativa,
Assim, em 2003, aps negociao envolven-
do a direo do CEFET-CE e os executivos da em-
presa coreana LG Electronics Inc., iniciou-se a pri-
meira ao: capacitar cento e vinte (120) alunos do
bairro para ingressar no CEFET-CE, como alunos
dos cursos tcnicos de Conectividade e Desenvol-
vimento de Software. Esse foi o primeiro passo para
a concepo da Cooperativa Pirambu Digital.
5.2 O caso do Pirambu DigitalAs atividades da Cooperativa, segundo pala-
vras do Presidente em exerccio, objetivam manter
um empreendimento auto-sustentvel com vistas a
incrementar aspectos tecnolgicos, educacionais e
OLIVEIRA, D. M. de; ROCHA, M. C. L. da; PINTO, F. R.
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
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econmicos, contribuindo para que os egressos de
seus programas desenvolvam planos de negcios
sediados preferencialmente no Bairro. Os objetivos
supracitados remetem s definies de Franco (2000)
quando aborda as questes relativas ao desenvolvi-
mento local e sustentvel.
Ademais, o Pirambu Digital desenvolve solu-
es em Tecnologia da Informao (softwares, co-
nectividade, sites, treinamentos e manuteno co-
orporativa de computadores) a fim de agregar valor
aos negcios dos clientes, objetivando incluir soci-
almente os habitantes do Bairro, por meio da tecno-
logia digital, o que corrobora com as afirmaes de
Rabia et al (2006) quando ressaltam que a informa-
o digital uma ferramenta essencial para a inclu-
so no mercado de trabalho. Corrobora com isso o
fato de que, especificamente, esse um mercado
que movimenta US$ 35 bilhes e cresce 22% ao ano
(Moura, 2007). Alm de trazer consigo altos ndices
de empregabilidade em uma rea de bom potencial,
a Tecnologia da Informao ainda uma das pou-
cas reas na qual o jovem pode trabalhar sem sair
de casa.
A Cooperativa forma e capacita jovens pro-
fissionais para atividades com potencial mercadol-
gico. As atividades alvo so: desenvolvimento de
softwares, conectividade de redes de computado-
res, treinamento e suporte em microinformtica.
Alm disso, os jovens so capacitados em ativida-
des de gesto desses negcios.
Os projetos de comercializao dos servios,
de acordo com o Diretor Financeiro, so comple-
mentares. Tais projetos, juntos, abrangem parte da
cadeia de servios de TI. As atividades de treina-
mento fornecem pessoal capacitado para a rea de
desenvolvimento (programadores) e tambm para a
unidade responsvel pelos servios de conectivida-
de que mantm a infra-estrutura da Cooperativa,
alm de prestar servios ao pblico externo e s
demais unidades, incluindo a de administrao, que
gerencia os seus negcios.
Oliveira (2007) detalha cada uma dessas ati-
vidades da Cooperativa, destacando os seguintes
ncleos de produo de servios:
PODES (Plo de Desenvolvimento de Sof-
twares) atuando como desenvolvedora de softwares
personalizados sob demanda e produzindo solues
web.
FCIL (Fbrica de Computadores com In-
teligncia Local) elaborando e implementando pro-
jetos de conectividade via cabo ou sem fio, polti-
cas de segurana; instalao, configurao e suporte
tcnico em servidores; manuteno corretiva e pre-
ventiva para o parque tecnolgico de pessoas jur-
dicas.
TREVO (Treinamentos e Eventos) Oferece
um servio inovador de treinamento na comunida-
de, o Personal Trainner de Informtica, com hor-
rio, local e informao personalizada. Os treinamen-
tos podem ser classificados em bsicos e avana-
dos e compreendem: Linux e Windows e Lgica de
Programao, Linguagem SQL, Interface Web, Java
para Web, Redes, Hardware, Web Designer, Desig-
ner Grfico.
NEGA (Negcios e Administrao) Geren-
cia os negcios da Cooperativa em todos e todos
seus programas, comerciais e sociais.
Ainda de acordo com Oliveira (2007), as ati-
vidades sociais tambm se complementam e abran-
gem crianas, jovens e adultos. A idia de comple-
mentaridade vem desde o nascimento do projeto que
resultou na criao da Cooperativa, objetivando ter
uma cadeia bem abrangente de servios em Tecno-
logia da Informao, servindo sociedade, atual-
mente, atravs de quatro programas que so apre-
sentados a seguir:
CASA DO SABER referencial para a edu-
cao alternativa da comunidade, busca de forma
interativa despertar a cidadania em crianas, jovens
e adultos da comunidade, atravs da construo do
saber, contribuindo com a melhoria da qualidade
de vida das pessoas. Realiza, preventivamente,
Empreendedorismo social com incluso digital: o caso Pirambu Digital
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
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aes que objetivam promover a diminuio da eva-
so escolar, a retirada de crianas e adolescentes
das ruas, a habilitao de adolescentes para ingres-
sar no ensino mdio integrado do CEFET-CE, das
escolas da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros,
a maior socializao de pais e alunos e, conseqen-
temente, a maior integrao entre pais e filhos.
AGENTE DIGITAL busca estimular os
moradores do bairro, estudantes universitrios ou
do CEFET a atuarem como monitores e animadores
das atividades de incluso digital promovidas pela
Cooperativa. O programa tambm oferece treinamen-
tos em: Linux, curso de conectividade, Open Offi-
ce, Mozila Firefox e hardware bsico.
UNIVERSIDADE DO TRABALHO focado
em desenvolver nos jovens caractersticas desejadas
e demandadas pelo mercado de trabalho de TI. Obje-
tiva, tambm, o ingresso nos cursos tcnicos e tec-
nolgicos da rea de Tecnologia da Informao dan-
do-lhes melhores perspectivas de acesso s universi-
dades e postos de trabalho, desenvolvendo a forma-
o em tecnologias digitais para jovens do bairro,
apoiando os que j so alunos de cursos tcnicos,
tecnolgicos e universitrios. Alm disso, promove
atividades que capacitem o jovem a ingressar na
universidade ou no CEFET, como os cursos: PrVes-
tibular, PrTcnico (preparatrio para o CEFET),
Conectividade e de Desenvolvimento de Software
PIRAMBU BUSINESS SCHOOL prope-
se a identificar alunos com evidente potencial em-
preendedor, preparando-os para o mercado de tra-
balho ou para a gesto de suas futuras empresas. A
auto-estima trabalhada, como tambm a consci-
entizao de suas responsabilidades sociais. Em
suma, a Pirambu Business School tem por objetivo
geral capacitar pessoas para o mercado de trabalho
ou incentiv-las a criar seu prprio negcio, atravs
da formao recebida. Essa uma das formas de
contribuir com o desenvolvimento social, econmi-
co e tecnolgico da comunidade.
Alm dos programas sociais, a Cooperativa
mantm atividades que objetivam fomentar a cul-
tura, conectividade e incluso digital. Uma dessas
atividades, denominada BILA, busca incentivar o
uso da biblioteca, integrando-a a uma LAN House,
onde para cada hora de leitura, o usurio ganha o
direito de utilizar os computadores pelo mesmo pe-
rodo de tempo. O slogan da BILA : Para ganhar
uma hora na LAN House passe uma hora na biblio-
teca. Uma hora na Biblioteca d direito a uma hora
na LAN House. De acordo com as consideraes
de Simo (2004), tais empreendimentos demonstram
que essas iniciativas, embora pouco disseminadas,
executam um trabalho relevante no combate ex-
cluso digital.
Buscando incluir scio-economicamente a
comunidade do Pirambu aos recursos tecnolgicos
do mundo digital, o Condomnio Virtual denomi-
nao dada ao programa que atravs do subsidio de
recursos, como acesso Internet, computadores e
treinamentos torna a comunidade melhor infor-
mada e inserida na world wide web. No Condom-
nio Virtual, o ponto de acesso Internet compar-
tilhado e cobrada uma mensalidade de vinte e
cinco reais. Os computadores doados Cooperativa
so reciclados e ofertados aos moradores, os quais
podem pag-los em at doze meses, cuja parcela
varia em torno de dez a vinte reais. Tal iniciativa
citada positivamente em Neri, Carvalhaes e Pieroni
(2005) quando abordam aes de incluso digital,
como a realocao de equipamentos de utilizao
individual em domiclios e estabelecimentos, a fim
de socializar os custos.
Uma caracterstica interessante e bem criati-
va a forma como se d o ressarcimento da Coope-
rativa pelos cursos ofertados. Tais capacitaes e
treinamentos so monetariamente no onerosos para
os que procuram a Cooperativa, o modo de retribui-
o que utilizado l se d na forma de aes ou
idias que ajudem a comunidade de alguma forma.
Os egressos dos cursos devem elaborar idias e
aes que possam contribuir para melhorar a co-
munidade de alguma forma. dentro dessa pers-
pectiva que Kliksberg (1997) aborda o empreende-
OLIVEIRA, D. M. de; ROCHA, M. C. L. da; PINTO, F. R.
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
31
dorismo social como um agente da criatividade co-
munitria, cuja viso focada na realizao de uma
ao inovadora aplicada ao social.
Neste caso, realiza-se uma ao inovadora
aplicada ao social (instituies, bairros, comunida-
des), como processo criativo. Dessa forma, o intuito
perceber onde a sociedade est estagnada e, as-
sim, encontrar uma nova maneira criativa de resol-
ver tal problema, ante uma perspectiva de desen-
volvimento integrado e sustentvel localmente.
Para ilustrar essas iniciativas, o Vice-Presi-
dente relatou a idia de uma dupla de alunos que
decidiram visitar as escolas do bairro e, de posse
do registro de evaso escolar, foram de casa em casa
na busca por reintegrar escola os estudantes que
dela se haviam distanciado. O argumento apresen-
tado pelos estudantes que desenvolveram a idia
foi de que seria mais fcil e eficaz abordar os jovens
evadidos utilizando uma linguagem comum e sen-
do tratados de forma igual por seus prprios cole-
gas de escola, eliminando assim o hiato muitas ve-
zes existente no dilogo entre adolescentes e adul-
tos. Outra iniciativa de aluno aps trmino do curso
foi percorrer a comunidade munido de panfletos in-
formativos sobre o combate Dengue, lendo-os para
os moradores no alfabetizados. Eu percebi que ti-
nha que fazer alguma coisa porque pessoas caren-
tes, que no sabem ler precisavam saber como com-
bater e como se prevenir contra a Dengue, disse ele.
Diante de exemplos de iniciativas como es-
sas, a Cooperativa Pirambu Digital segue atingindo
um de seus objetivos primordiais: manter um em-
preendimento auto-sustentvel, com uma forte re-
tribuio social para o bairro. Com isso, prossegue-
se a meta constante de melhorar o Bairro tecnologi-
camente, digitalmente, educacionalmente, comer-
cialmente e socialmente. Ademais, os jovens for-
mados no Pirambu, cada vez mais se sentem moti-
vados e preparados a permanecerem na prpria co-
munidade em que nasceram. Ali, geram riqueza e a
sua prpria felicidade, no momento em que imple-
mentam aquilo que aprenderam em benfeitorias
sustentveis para seus pares mais prximos. Podem,
inclusive, chegar ao ponto de serem donos de seus
prprios negcios, fazendo emergir um plo de de-
senvolvimento local e sustentvel no lugar em que
vivem, sem precisar buscar horizontes e desperdi-
ar talentos em outros lugares diferentes dali.
Por fim, de tudo isso, pde-se perceber que a
questo do empreendedorismo social requer, acima
de tudo, uma capacidade coordenada de vrias pes-
soas. Conforme se viu, tal processo necessita, prin-
cipalmente, de um bom conjunto de relaes entre
comunidade, governo e setor privado, dentro de um
modelo de parcerias, tendo como principal objetivo
retirar indivduos da situao de risco social, bus-
cando solues a curto, mdio e longo prazo para
os problemas que surgem, com o intuito de se atin-
gir a plenitude da incluso social.
6 Consideraes finais
O presente estudo deixou mais evidente as
singularidades e dinamismo do empreendedorismo
social e da incluso digital. Como meio de ultrapas-
sar as barreiras e problemas encontrados na comu-
nidade, capacitando os seus jovens e proporcionan-
do o desenvolvimento humano, tais iniciativas ge-
radas pela implementao desses tipos de aes
preconizadas pelas teorias do empreendedorismo
social e da incluso digital so, de fato, inmeras e
altamente pr-ativas. Com a tomada de conscin-
cia por parte da sociedade da gama de solues
alternativas que podem ser geradas dentro dessa
rea, comear a ser considerada a iminente neces-
sidade de aderir e ampliar o alcance de atividades
scio-responsveis, como as aqui abordadas.
Com os resultados alcanados nesta pesqui-
sa, sugere-se que seja feito um amplo movimento
no sentido de multiplicao de empreendimentos
dessa natureza. De fato, j existe uma proposta da
Secretaria de Cincia, Tecnologia e Ensino Superior
do Estado do Cear (SECITECE) para a criao de
um plo digital no bairro do Serviluz, na comunida-
Empreendedorismo social com incluso digital: o caso Pirambu Digital
Anlise, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 20-33, jul./dez. 2009
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de do Titanzinho, uma das reas com os piores n-
dices sociais da cidade de Fortaleza. O enfoque do
projeto ser tambm atravs da oferta de cursos de
desenvolvimento de softwares e conectividade para
os jovens da comunidade, com o objetivo de formar
uma mo-de-obra especializada que possa atender
demanda do setor (Moura, 2007).
Acredita-se que o debate e o aprofundamen-
to sobre este tema servir para verificar a eficcia
destas iniciativas como uma forte ferramenta cata-
lisadora de desenvolvimento econmico e educaci-
onal. At porque no caso especfico aqui estudado,
no se verificou, institucionalmente, um planejamen-
to organizacional mais sofisticado e contnuo, uma
viso de futuro clara e compartilhada, nem valores
organizacionais formalmente estabelecidos. A exis-
tncia da misso, por si s, no representa algo re-
levante, visto que ela no de conhecimento da
maioria dos cooperados.
Com o estudo em questo, teve-se a clara
noo de que, embora tenha ocorrido um grande
esforo na realizao de diversos tipos de mecanis-
mos que promovam o desenvolvimento da Coope-
rativa, ainda faltam muitas tcnicas, ferramentas,
conceitos e filosofias administrativas a serem apli-
cadas, os quais poderiam impactar o desempenho
da organizao, suprindo-a de informaes relevan-
tes para sustentar um melhor desempenho.
Dessa maneira, o planejamento e a implemen-
tao de aes estratgicas de cunho scio-empre-
endedor podem ser disseminados em todas as regi-
es do Pas, a fim de se incrementarem os indicado-
res de integrao e desenvolvimento humano.
Finalmente, a natureza da experincia apre-
sentada pde conduzir a um resultado particular ao
contexto estudado, o que motiva a sugerir a repli-
cao de investigaes desta natureza em outras
iniciativas semelhantes. Diferentes contextos, cer-
tamente, introduziro novas caractersticas e outras
oportunidades, com a possibilidade de que outras
formas de aplicabilidade e eficincia dessas aes
possam ser verificadas e multiplicadas. Essas pos-
sveis novas situaes podero ter uma influncia
ainda maior quanto comprovao da importncia
do uso efetivo desse tipo de empreendedorismo para
o crescimento, o desenvolvimento e o equilbrio
social, educacional e econmico das comunidades
em questo.
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