EMPREENDEDORISMO SUSTENTÁVEL EM EMPRESAS DE … · mercado brasileiro é de 4,1% e a taxa de inovação e novos processos no mercado doméstico são de 2,32% (IPEA, 2011) . O Brasil

EMPREENDEDORISMO SUSTENTÁVEL

EM EMPRESAS DE INCUBADORAS E

PARQUES TECNOLÓGICOS DA CIDADE

DO RIO DE JANEIRO

Marc Camille Chevallier (UNIRIO)

[email protected]

Victoria Rocha Sanches (UNIRIO)

[email protected]

Rachel Goulart Berto (UNIRIO)

[email protected]

Mariza Costa Almeida (UNIRIO)

[email protected]

O termo empreendedorismo sustentável está relacionado com dois

conceitos empreendedorismo e sustentabilidade. Compreende a

disponibilização de produtos/serviços de valor, relacionando-se

diretamente com o conceito de inovação sustentável visando à sua

inserção no mercado de massa. Esse tipo de inovação respeita os

valores da natureza e do ser humano, tendo assim um efeito positivo

para a sociedade e para o meio-ambiente (Schaltegger e Wagner,

2011). A criação de oportunidade de negócios relacionados ao meio

ambiente faz com que entendimento do relacionamento entre meio

ambiente e empreendedorismo seja fundamental. Existe também uma

crescente confiança sobre como o empreendedorismo pode contribuir

para melhorar as condições ambientais, e dentro desta perspectiva, as

empresas inovadoras são vistas como muito importantes (Kotchen,

2009). A relação das empresas o conceito de empreendedorismo

sustentável e a sua contribuição para a economia e a sociedade

depende de como o seu core business se relaciona com soluções para

problemas ambientais e sociais, se fornecem produtos ambiental e

socialmente superiores, bem como se as suas inovações sustentáveis

influenciam o mercado de massa e a sociedade substancialmente.

Considera-se que a contribuição é substancial quando preenche pelo

menos uma das três situações: possui forte influencia no mercado

devido ao alto market share, possui alta capacidade de criar soluções

superiores ambientalmente sustentáveis, atinge forte influencia social e

política o que inclui o desenvolvimento de tendências, moda, valores e

opiniões políticas e estruturas. Nas suas formas mais avançadas a

gestão sustentável se transforma em empreendedorismo sustentável se

preenchem ambos os requerimentos. A gestão da sustentabilidade

pelas empresas também pode ser analisada de acordo com a proposta

definida por Schaltegger and Wagner (2008) e se baseia na prioridade

de articulação das metas de sustentabilidade na empresa. Assim sendo,

é considerado 1) baixo - quando os requerimentos ambientais e sociais

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

2

são vistos como tarefas; 2) Médio - se as questões de sustentabilidade

são tratadas como complementares a negócios convencionais e 3) Alta

prioridade - caso a sustentabilidade seja considerada como integrada

ao core business. O objetivo deste artigo é analisar gestão da

sustentabilidades, por meio do core business, de empresas incubadas e

graduadas em duas incubadoras, COPPE/UFRJ, Instituto Gênesis -

PUC-Rio, e de empresas de dois parques tecnológicos Parque

Tecnológico da UFRJ, Parque Tecnológico BIORIO, localizados no

estado do Rio de Janeiro, de forma a identificar como a sustentabilid

Palavras-chave: Empreendedorismo Sutentável, Inovação,

Incubadoras, Parque Technológicos



3

1. Introdução

As empresas são vistas pela sociedade como os principais responsáveis por causar danos ao meio ambiente,

portanto as culpadas pela falta de sustentabilidade. Dessa forma as organizações governamentais foram

pressionadas a criar e regular leis e métodos para controlar as indústrias. No cenário atual as organizações

precisam cumprir uma série de normas ambientais e sociais para poder dar continuidade a seus negócios, e tem o

desafio de fazer isso de maneira eficaz e tendo o menor custo possível. Porém, enquanto essa visão tende a

superestimar o papel das leis e órgãos reguladores, o papel das empresas na sociedade é subestimado

(SCHALTEGGER E WAGNER, 2011).

Para Schumpeter as atividades empreendedoras levaram à destruição criativa com o lançamento de novos

produtos, processos ou serviços que se sobrepunham aos antigos (1934). Na visão de Schaltegger e Wagner

(2012) os empreendedores sustentáveis ao destruírem os métodos de produção, os produtos, as estruturas de

mercado e padrões de consumo convencionais, inserem em sua substituição no mercado produtos e serviços com

qualidade superior do ponto de vista ambiental e social, fazendo surgir uma dinâmica de mercado que leva ao

progresso ambiental e social.

Com o objetivo de apoiar a formação de empresas de base tecnológica e com cunho inovador as incubadoras

apoiam empresas com alto nível de inovação. Este aspecto é altamente positivo no contexto brasileiro onde

diferentemente do que ocorre em países desenvolvido o locus da inovação são as universidade e não as

empresas, adiciona-se a este fato, o baixo índice de inovação no país identificados em estudos como o PINTEC.

O estudo mostrou que, das 128.699 empresas estudadas, cerca de 35,7% implementaram um produto e/ou

processo novo ou substancialmente melhorado entre 2008 e 2010. A taxa de inovação de novos produtos no

mercado brasileiro é de 4,1% e a taxa de inovação e novos processos no mercado doméstico são de 2,32%

(IPEA, 2011) .

O Brasil se destaca em revelar as incubadoras como uma fonte importante para a inovação. O resultado de

combinação dos atores dos segmentos empresa, estado e universidade para promover a inovação é chamado de

modelo da hélice tríplice. Através das parcerias dos recursos de mercado, estratégia e ciência, cria-se uma

ambiente propício para catalisar o processo de criação de empresas fundadas no conhecimento. As incubadoras

são o lugar perfeito para o encontro desses agentes para gerar riquezas, levando a inovação ao mercado, e

desenvolver o bem estar da sociedade e as gerações futuras. A organização das incubadoras aproximou as

grandes fontes de tecnologia à inovação e ao desempenho social e econômico da nação; as iniciativas partem de

fontes variadas, e isso é necessário para que a meta-inovação –inovar a maneira como se inova– aconteça

(ETZKOWITZ, MELLO E ALMEIDA, 2005).

Não existem muitos estudos sobre este tema, portanto esse trabalho representa um avanço nessa área de

conhecimento e pode servir de fonte de pesquisa para empresas que desejam implementar o empreendedorismo

sustentável e entender o papel de empresas incubadas, como fonte de inovação, para a sociedade.

O objetivo deste artigo é analisar gestão da sustentabilidade de empresas incubadas e graduadas em duas

incubadoras, COPPE/UFRJ, Instituto Gênesis – PUC-Rio, e de empresas de dois parques tecnológicos Parque



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Tecnológico da UFRJ, Parque Tecnológico BIORIO, localizados no estado do Rio de Janeiro, por meio do core

business e classifica-las em uma tabela de forma a identificar como a sustentabilidade vem sendo incorporada

nas incubadoras/parques tecnológicos, tendo em vista as empresas geradas nestes ambientes.

Este artigo está estruturado em seis seções além da presente introdução. A segunda seção apresenta o referencial

teórico abordando a definição dos diversos tipos de empreendedorismo existente, relação das incubadoras com

inovação e gestão sustentável. A seção três trata da metodologia utilizada pela pesquisa. A seção número cinco

contém uma análise dos resultados obtidos através do questionário usado. A sexta seção inclui as conclusões do

trabalho e as sugestões para pesquisas futuras.

2. Revisão Teórica

O conceito empreendedorismo sustentável emergiu recentemente na literatura acadêmica e aprofunda os saberes

básicos a respeito de uma organização, combinando o foco econômico com ações visando o bem-estar social e

ambiental (BOSZCZOWSKI et al. , 2012).

Surgiu de uma necessidade por parte das empresas em obter respostas e soluções para seus problemas de

negócios envolvendo o meio ambiente, responsabilidade social e da busca para seus produtos e serviços

inovadores alcançarem o mercado de massas. Desta forma, o empreendedorismo e o conceito de sustentabilidade

se uniram e pode ser visto pelas organizações como elemento aglutinador. Os dois conhecimentos, que eram

vistos até então de forma distinta e sem conexão, passam a serem considerados como uma ferramenta poderosa

para desenvolver negócios das empresas e também sanear as questões sócio ambientais.

As Pesquisas com o tema empreendedorismo têm foco no indivíduo empreendedor, em como ocorre o processo

empreendedor ( criação e gestão das empresas), na identificação de oportunidades e seus impactos na economia

do país. Já os estudos sobre desenvolvimento sustentável têm como foco o desenvolvimento das sociedades e

seus ecossistemas (SHANE; VENKATARAMAN, 2000).

Apesar dos campos de pesquisa sobre empreendedorismo, organizações e desenvolvimento sustentável

apresentarem, individualmente, uma extensa publicação, o estudo do empreendedorismo sustentável, ou mais

especificamente direcionado à sustentabilidade, ainda é muito pouco explorado (BOSZCZOWSKI et al. , 2012).

Foi constatado por Cohen e Winn (2007), através de uma revisão de artigos empíricos, que a integração da área

ambiental com a econômica e social é praticamente negligenciada.

O empreendedorismo sustentável se difere do empreendedorismo social, do eco-empreendedorismo e do

empreendedorismo institucional pela a importância e grau de responsabilidade dado a questões sociais e

ambientais. Primeiramente, temos o empreendedorismo social, que trata da prática de ações comerciais e de

negócios de forma socialmente responsável e seu engajamento em parcerias setoriais (DEES 1988), além de

tentar mitigar os problemas sociais e fornecer soluções para sociedade. Em seguida o eco empreendedorismo,

impulsionado por um mercado consumidor cada vez mais atento aos problemas ambientais e disposto a consumir

produtos ecológicos. De maneira geral, o eco empreendedorismo está associado a oportunidades de novos

negócios criadas pelas inovações ecológicas (SCHALTEGGER, 2002). Nos estudos de Parrish (2008) é



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apresentado um conceito que une todos os três focos de atuação para empreendedores: social, ambiental e

econômico, faz surgir um quarto foco, que é denominado empreendedorismo sustentável.

Incorporando a dimensão das inovações sustentáveis, o conceito de empreendedorismo sustentável representa

uma contribuição das atividades empreendedoras visando o desenvolvimento sustentável, melhorando não só as

práticas da própria organização, mas fazendo que esta ao voltar-se nesta direção levando em conta o mercado e a

sociedade como um todo, crie inovações sustentáveis. Desta forma, o core business da empresa está integrado ao

desenvolvimento sustentável (SCHALTEGGER; WAGNER, 2012).

Assim sendo, considera-se que trata-se de um fenômeno econômico, uma oportunidade de negócios, com as

dimensões social e ecológica inseridas. Ele integra outras formas de empreendedorismo para oferecer

produtos/serviços de valor, se relacionando diretamente com o conceito de inovação sustentável e visando à sua

inserção no mercado de massa. Esse tipo de inovação respeita os valores da natureza e do ser humano, tendo

assim um efeito positivo para a sociedade e o meio-ambiente, no curto, médio e longo prazo. (SCHALTEGGER

E WAGNER, 2010).

A figura 1 permite a visualização do surgimento do empreendedorismo sustentável a partir de outras três esferas.

Figura 1 – Empreendedorismo orientado à sustentabilidade como um conceito de interseção

Fonte: Adaptado de Schlange. L. E (2007)

A forma pela qual uma empresa relaciona-se com o empreendedorismo sustentável depende de como o seu core

business está conectado com soluções para problemas ambientais e sociais, se cria produtos ambientalmente

superiores, e se suas inovações sustentáveis atingem mercados de massa ou nichos de mercado. Para sua

contribuição ser considerada substancial deve atingir pelo menos uma das três seguinte condições: grande

influência no mercado, grande capacidade de criar soluções superiores ambientalmente sustentáveis, ou ter

grande influência na criação de tendências, valores, opiniões políticas e estruturas (Schaltegger and Wagner,

2008). Ainda de acordo com estes autores, a gestão sustentável classifica-se de acordo com a prioridade da

empresa de formular metas sustentáveis, de acordo com os seguintes níveis: 1) Baixa – quando o meio ambiente



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e as questões sociais são vistas como tarefas e a empresa cumpre apenas a legislação requerida; Média – a

sustentabilidade é tratada como um aspecto complementar ao negócio da empresa; Alta – se a sustentabilidade é

considerada integrada ao seu core business

O Brasil se destaca em revelar as incubadoras como uma fonte importante para a inovação. O resultado da

combinação dos atores dos segmentos empresa, estado e universidade para promover a inovação é chamado de

modelo da hélice tríplice. Através das parcerias dos recursos de mercado, estratégia e ciência, cria-se um

ambiente propício para catalisar o processo de criação de empresas fundadas no conhecimento. A incubadores

são o lugar perfeito para o encontro desses agentes para gerar riquezas, levando a inovação ao mercado, e

desenvolver o bem estar da sociedade e as gerações futuras. A organização das incubadoras aproximou as

grandes fontes de tecnologia à inovação e ao desempenho social e econômico da nação; as iniciativas partem de

fontes variadas, e isso é necessário para que a meta-inovação –inovar a maneira como se inova– aconteça

(ETZKOWITZ, MELLO E ALMEIDA, 2005).

3. Metodologia

No presente trabalho o processo de pesquisa iniciou-se pela revisão bibliográfica com o objetivo de identificar a

contribuição dos principais autores sobre o tema Empreendedorismo sustentável. É válido ressaltar que,

conforme Gil (2007), os projetos de pesquisa, quase na sua totalidade, iniciam-se por esse método, dada há

necessidade de construção do referencial teórico que é uma característica dos projetos acadêmicos, como esse

artigo. Podem ser utilizados livros, revistas e artigos científicos para esse fim.

Foram levantadas informações sobre empresas relacionadas ao empreendedorismo sustentável e que sejam

provenientes das incubadoras do Parque Tecnológico BIORIO, do Parque Tecnológico da UFRJ, da

COPPE/UFRJ e do Instituto Gênesis – PUR-Rio. Posteriormente, foi feito um levantamento de dados, através

dos sites das incubadoras e das empresas selecionadas, esses dados foram analisados e organizados em tabelas.

O presente trabalho pode ser caracterizado quando ao objetivo de pesquisa como descritiva, pois descreve o

comportamento de empresas que adotam a gestão sustentável em seus negócios, buscando identificar quais as

vantagens, o impacto no mercado de massa e como as empresas incubadas tem papel fundamental nesse aspecto.

Quanto aos procedimentos pode ser caracterizada como documental e estudo de caso, além da pesquisa

bibliográfica já mencionada.

Foram levantadas informações sobre empresas relacionadas ao empreendedorismo sustentável e que sejam

provenientes das incubadoras do Parque Tecnológico BIORIO, do Parque Tecnológico da UFRJ, da

COPPE/UFRJ e do Instituto Gênesis – PUR-Rio. Posteriormente, foi feito um levantamento de dados, através

dos sites das incubadoras e das empresas selecionadas, esses dados foram analisados e organizados em tabelas.

Um formulário com diversas perguntas foi desenvolvido foi enviado via e-mail as empresas, que o preencheram.

As respostas foram analisadas e colocadas em uma tabela para serem comparadas. A partir da matriz de

classificação das empresas propostas por Shaltegger e Wagner (2012) as empresas que possuíam produtos,

serviços, processos em relação ao meio ambiente foram classificadas.

4. A Gestão sustentável nas empresas



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4.1. Perfil dos Parques Tecnológicos

A BIORIO é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, fundada em 1988 e considerada de utilidade

pública. Seu Parque Tecnológico é constituído das seguintes unidades: Unidade Central de Apoio, que oferece

serviços de administração de projetos, importações para pesquisa, desenvolvimento de negócios, núcleo de

inteligência competitiva, consultoria e treinamento; Incubadora de Empresas: Área com espaços individualizados

destinados a abrigar empresas de Biotecnologia e áreas afins por períodos de até cinco anos; Lotes Industriais:

Área urbanizada destinada ao estabelecimento de divisões de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e produção de

empresas atuantes em Biotecnologia e áreas afins. Para esse artigo foi analisada a unidade Incubadora de

Empresas, que possui 15 empresas incubadas e 15 empresas graduadas.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ - criou e instalou em seu campus universitário, o Parque

Tecnológico da UFRJ no ano de 2004, com objetivo de estimular a interação entre a universidade - seus alunos e

corpo acadêmico - e empresas que fazem da inovação o seu cotidiano.

A Tabela 1 apresenta as empresas dos Parques Tecnológicos da BioRio e da UFRJ cujo core business está ligado

ao meio ambiente com sua respectiva classificação quanto à gestão da sustentabilidade.

Tabela 1- Core Business e Gestão da Sustentabilidade

Incubadora

/ Parque

Tecnológico

Empresa Produto/Serviço

Interação com o

Meio Ambiente

Classificaçã

o

BioRio

Ambiente Brasil Soluções Agro

Ambientais

Incubada Prestação de serviços, consultorias, pesquisa e desenvolvimento de

soluções limpas na área agroambiental

Ênfase no desenvolvimento de

soluções limpas e

sustentáveis ao meio ambiente

Alta

Envirorganic

Comércio e Serviços Ltda

Incubada Produtos naturais para uso ambiental e

serviços de recuperação e manutenção ambiental e de aumento de

produtividade na produção industrial

Recuperação

ambiental, descontaminação e

outros serviços de

gestão de resíduos

Média

Extracta

Moléculas

Naturais S.A

Incubada Pesquisa, desenvolvimento e

inovação, venda de conhecimento e

tecnologias

Agrega valor ao

patrimônio genético

brasileiro, através da descoberta e

desenvolvimento de

produtos inovadores

Média

Labtox –

Laboratório de

Análise Ambiental

LTDA.

Incubada Análises ecotoxicológicas que

avaliam a concentração causadora da

mortalidade nos organismos expostos a altas concentrações

Fornece informações

que contribuem para o

desenvolvimento tecnológico e a

preservação ambiental

Média

Parque

Tecnológico

da UFRJ

Aquamet Graduada Presta serviços e fornece produtos na área de meteorologia

Aproveitamento de energia eólica,

qualidade do ar e ajuda

a conter a dispersão de óleo no mar

Média

Pam

Membranas

Seletivas

Graduada

Produção de membranas, módulos e

permeadores para microfiltração e

ultrafiltração

Busca soluções no

tratamento de efluentes, e

sustentabilidade

Média

Ambipetro levantamentos e

inovações

Graduada Produz o SeaSonde®, que é um sistema de medição de correntes e

ondas, e presta serviços como coleta

de dados e gestão ambiental

Visa a segurança do homem, do meio

ambiente e do

processo produtivo

Média

Fonte: Os autores a partir das informações obtidas.



8

A análise das empresas indica que apenas uma delas possui um nível de gestão alta, a Ambiente Brasil Soluções

Agro Ambientais, pois seu core business à criação de soluções limpas e sustentáveis, ou sejam inovações

sustentáveis, conforme o conceito de empreendedorismo sustentável.

A análise das empresas classificadas como gestão ambiental média, embora forneçam soluções voltadas para a

preservação ambiental, verifica-se que no caso das empresas Envirorganic Comércio e Serviços Ltda, Labtox –

Laboratório de Análise Ambiental LTDA, Aquamet, Pam Membranas Seletivas, Ambipetro Levantamentos e

Inovações, estas fornecem soluções mitigadoras de problemas ambientais, e não inovações voltadas ao

desenvolvimento de serviços que na sua origem não comprometam o meio ambiente.

Com relação à Extracta Moléculas Naturais tendo em vista que a sua missão “é agregar valor ao patrimônio

genético brasileiro, através da descoberta e desenvolvimento de produtos inovadores para a Indústria, com ênfase

em saúde humana, agricultura, proteção ambiental e novos produtos nas áreas de energia e mineração”, observa-

se que embora a sustentabilidade ambiental é marginal ao seu core business, pois é necessário que a

biodiversidade seja mantida para que continue a pesquisar as florestas e a recolher novos extratos, ao mesmo

tempo em que conduz pesquisas nos laboratórios para identificar suas possíveis aplicações. A sua decisão de não

pesquisar plantas em extinção demonstra respeito com relação à natureza. No entanto, verifica-se que as questões

de sustentabilidade são tratadas como complementares a negócios convencionais, sendo por este motivo sua

gestão ambiental classificada como média.

4.2. Perfil das Incubadoras

O Instituto Gênesis – PUC-Rio tem como objetivo difundir a cultura empreendedora através das diversas

atividades que promove e da orientação específica voltada para a inovação nos níveis de graduação, extensão e

pós-graduação. O Instituto apoia o empreendedor de quatro maneiras: Inovadora/Semeadora, para quem possui

uma ideia; Germinadora, para quem tem um projeto; Incubadora, para quem tem um negócio; e Aceleradora,

para quem precisa de investimento. Neste artigo, foi analisada a Incubadora, que possui empresas de diversos

ramos, entre eles o meio-ambiente e a produção de energia. A incubadora possui 68 empresas, entre incubadas e

graduadas, além de 35 empresas satélites.

A Tabela 2 apresenta as empresas da incubadora do Instituto Gênesis – PUC-Rio cujo core business está ligado

ao meio ambiente com sua respectiva classificação quanto à gestão da sustentabilidade.

Tabela 2- Core Business e Gestão da Sustentabilidade no Instituto Genesis – PUC Rio

Incubadora/

Parque

Tecnológico

Empresa Situação Produto/Serviço

Interação com

sustentabilidade e

meio-ambiente

Classificação

Instituto

Moleque Mateiro de

Educação

Ambiental

Incubada

Aniversários Mateiros, Projetos

Corporativos, Oficinas de Sustentabilidade,, Curso de

educação ambiental e Projetos

Pedagógicos

Promove a educação

ambiental em diversos segmentos sociais,

cooperação, sustentabilidade

e educação

Alta

Ambio Graduada Inventários de Gases do Efeito

Estufa e Projetos de Créditos de

Avalia o impacto nas

empresas, inventário de

Alta



9


Incubadora de Empresas COPPE/UFRJ – Fundada em 1994, tem como objetivo auxiliar a estruturação de

empresas startups intensivas em tecnologia e inovação e a formação de empresas nas áreas de pesquisa da UFRJ.

Incentiva a transferência de conhecimentos gerados em pesquisas acadêmicas para a criação de novos serviços

produtos e processos, oferecendo de forma compartilhada infraestrutura e orientação empresarial especializada.

Durante três anos, as empresas selecionadas contam com assessoria integral e permanente, serviços de infra-

estrutura completos para seu desenvolvimento inicial. A incubadora conta com 19 empresas residentes e 48

graduadas.

As empresas com característica predominantemente sustentáveis representam 20% aproximadamente do total de

empresas incubadas e graduadas na incubadora da COPPE/UFRJ. Essas “empresas-júnior” estão principalmente

ligadas ao campo das engenharias (ambiental, naval, elétrica, produção e química), geralmente prestando

consultorias ambientais para as empresas do mercado. As empresas incubadas trabalham muito com a questão da

agua, com a valorização da água no espaço urbano, fontes energias renováveis notavelmente com as tecnologias

pra construção de usinas maré motrizes de produção de energia.

A Tabela 3 apresenta as empresas da incubadora COPPE/UFRJ cujo core business está ligado ao meio ambiente

com a respectiva classificação.

Tabela 3- Core Business e Gestão da Sustentabilidade incubadora COPPE/UFRJ

Incubadora/

Parque

Tecnológico

Empresa Situação Produto/Serviço Interação com

meio-ambiente

Classificaçã

o

Incubadora

de empresas

Aquafluxus Incubada Controle de inundações por sistemas de drenagem

Valorização da água no espaço urbano

Alta

EDB renováveis Incubada Energia solar fotovoltaica, aquecimento solar da água,

aproveitamento de água da chuva,

Construções sustentáveis

Alta

Instituto

Genesis –

PUC Rio

Carbono emissões, créditos para

neutralização

ALTA Graduada

Projetos e Consultoria para

empresas nas áreas de infraestrutura civil, mineração e

meio ambiente

Prevenção de riscos a

escorregamentos e

inundações, com a redução de impactos

socioeconômicos e

ambientais em áreas urbanas

Alta

AMBIEM Satélite

EM•1® (PRODUTO

NATURAL elaborado com

microrganismos eficazes na decomposição natural de

matérias orgânicas)

Grupo organizado com a

missão de construir uma

sociedade sustentável,

comprometida com futuras

gerações

Alta

Fontes

Renováveis Satélite

Biodiesel a partir de OGRs

(óleos e gorduras residuais),

Risco Zero (lavagem para veículos com Água de Reuso),

veículo elétrico urbano.

Tem como missão “Produzir energia limpa, a custos

acessíveis e promover a

inserção social”.

Alta



10

COPPE/UFRJ mobilidade sustentável e

certificações de projetos solares e

eólicos

Recriar –

tecnologias

Incubada Desenvolvimento de produtos

nacionais e serviços de Engenharia

Elétrica

Fontes Alternativas

de energia

Alta

SEAHORSE –

wave energy

Incubada Energias renováveis do mar e

dessalinização

Fontes de Energias

renováveis, e aproveitamento da

água do mar

Alta

GEOVOXEL – geomantica

aplicada

Incubada Monitoramento por Georeferência/Vistoria Ambiental

Gerenciamento de Risco para dano

ambiental de

Petróleo

Média


5. Análise de resultados

O desenvolvimento sustentável com o aporte de tecnologia pela universidade constitui um quadro institucional

que torna possível o surgimento de novas oportunidades de investimento, por exemplo, em energias renováveis.

A política de inovação deixa de seguir um fluxo de cima pra baixo para se tornar de baixo para cima com as

iniciativa empreendedora universitária que busca a inovação para exercer um empreendedorismo de alto

impacto, gerando assim empresas spin-off que vão atuar no mercado competitivo uma vez que já foram

incubadas na universidade.

A tabela 4 a seguir mostra algum dos pontos que contribuem e prejudicam o desenvolvimento dessas empresas,

que foram obtidos através de um questionário virtual feito com uma amostra de 5 empresas

Tabela 4: Catalizadores e limitantes do empreendedorismo sustentável em empresas tecnológicas

O que contribui para o amadurecimento

das empresas?

O que contribui para o

negócio?

Quais são os limitantes

econômicos

Consultoria, Seminários Contatos e parcerias

comercias Crise econômica

Ambiente favorável, cessão de espaço Planos de negócios

ajustados Busca de financiamentos

Grupos de pesquisa, e núcleos de inovação

Fonte: Autores a partir das informações obtidas

Observa-se ainda um quadro de falta de investimento na empresas tecnológicas, as estratégias de financiamento

como venture capital e investidores anjo ainda são raras para esse tipo de tecnologia no Brasil. Nesse sentido

muitas empresas mantém uma alta correlação com a incubadora, inclusive com a sessão de espaço, devido ao

ambiente tecnológico favorável ao desenvolvimento de inovação de produtos e processos, e os diversos serviços



11

jurídicos e de consultoria. Entre as iniciativas das empresas destaca-se a a idéia do próprio empreendedor que

busca na incubadora formas de estruturar seu plano de negócio enquanto as empresas fruto de ideia acadêmica

buscam na incubadora a visibilidade para um futuro financiamento. A crise econômica foi agravante para o spin-

off das empresas, apesar da inovação ser uma solução para crises, quando os negócios funcionam na forma B2B

(business to business) as empresas tendem a ser rigorosas com novos investimentos em tecnologias. O

empreendorismo sustentável de outro lado tem demonstrado um parcela importante de 25% de empregados

destinados a função de P&D o que demonstra a característica em tornar as inovações em oportunidades de

mercado.

6. Conclusão

Nesse trabalho utilizou-se como base teórica o conceito de empreendedorismo sustentável para analisar empresas

que funcionam incubadas ou graduadas do Estado do Rio de Janeiro e que tivessem gestão sustentável, visando

contribuir com o meio ambiente e a sociedade através de ideias inovadoras.

O cenário atual é propício para as incubadoras, que estão se desenvolvendo e se colocando de maneira

competitiva no mercado após seu período de incubação. Elas conseguem levar produtos de alta tecnologia para o

mercado de massa, mudando assim, gradualmente, a estrutura e maneira de consumo da sociedade.

Um fator comum a todas as empresas analisadas e que foram enquadradas como alto nível de sustentabilidade é

que seu core business está diretamente ligado a ações sustentáveis, essa gestão gerou impactos positivos no

ambiente de trabalho, aumentando assim a produtividade e conquistou um segmento de mercado específico, que

tende a crescer no Brasil e no mundo, consumidores que buscam produtos ecologicamente e socialmente

responsáveis.

Essa recente maneira de conduzir os negócios, tornando-os mais sustentáveis, unindo os conceitos de

empreendedorismo sustentável com eco empreendedorismo e empreendedorismo economicamente orientado, foi

se instalando gradualmente no mercado mundial e vem ganhando forças no Brasil; para as incubadoras esse tipo

de gestão foi visto inicialmente como um desafio. Foram adaptados alguns conceitos e maneiras de produção, os

métodos foram repensados e atualmente as empresas incubadas, apresentam em sua maioria relação direta com o

empreendedorismo sustentável.

O objetivo de analisar a gestão de sustentabilidade e classificá-las de forma a identificar como a sustentabilidade

vem sendo incorporada em seus negócios foi cumprido.

7. Referências

ETZKOWITZ, Henry; MELLO, José Manoel Carvalho; ALMEIDA, Mariza. Towards “meta-innovation” in

Brazil: The evolution of the incubator and the emergence of a triple helix. In: Research Policy, vol. 34, nº 2,

2005.

SCHALTEGGER, Stefan; WAGNER, Marcus. Sustainable Entrepreneurship and Sustainability Innovation:

Categories and Interactions. In: Business Strategy and the Environment, vol. 20, nº 2, 2011.

VILLELA, Tais Nasser; MAGACHO, Lygia Alessandra Magalhães. Abordagem histórica do Sistema Nacional

de Inovação e o papel das Incubadoras de Empresas na interação entre agentes deste sistema. Em: Locus

Científico, vol. 3, nº 1, 2009.



12

SHANE, S.; VENKATARAMAN, S. The promise of entrepreneurship as a field of research. Academy of

Management Review, v. 25, n. 1, p. 217-226, 2000.

COHEN, B.; WINN, M. I. Market Imperfections, Opportunity and Sustainable Entrepreneurship. Journal of

Business Venturing, v. 22, n. 1, p. 29-49, 2007.

SAGAWA, S.; SEGAL, E. Common Interest, Common Good: Creating Value Through Business and Social

Sector Partnerships. California Management Review, v. 42, n. 2, p. 105-122, 2000

SCHALTEGGER, S. A Framework for Ecopreneurship. Greener Management International, v. 38, p. 45-58,

2002.

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