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ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA DA INFÂNCIA
1 DEFINIÇÃO
Paralisia cerebral ou encefalopatia crônica não progressiva é uma lesão
de uma ou mais partes do cérebro, provocada muitas vezes pela falta de
oxigenação das células cerebrais.
Acontece durante a gestação, no momento do parto ou após o
nascimento, ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança. É
importante saber que o portador possui inteligência normal (a não ser que a
lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela
memória).
Mas se a visão ou a audição forem prejudicadas, a pessoa poderá ter
dificuldades para entender as informações como são transmitidas; se os
músculos da fala forem atingidos, haverá dificuldade para comunicar seus
pensamentos ou necessidades. Quando tais fatos são observados, o portador
de paralisia cerebral pode ser erroneamente classificado como deficiente
mental ou não-inteligente.
A avaliação e o tratamento da paralisia cerebral são feitas por
neurologistas infantis. O Professor Antônio Branco Lefèvre é considerado o pai
da neurologia infantil no Brasil. Lefévre foi professor titular da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
A ECNI é uma doença que ocorre durante o período pré, peri ou pós
parto afetando uma ou mais partes do cérebro, com comprometimento, mental,
motor, auditivo, visual, de linguagem e/ou comportamento.
É importante saber que o portador possui inteligência normal (a não ser
que a lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e
pela memória).
O termo paralisia cerebral não é correto para descrever esta doença
embora seja bem difundido entre profissionais e não profissionais.
As causas podem estar relacionadas a várias hipóteses, e como
diagnosticadas após alguns meses acaba sendo especulativa mesmo havendo
exames como Tomografia Computadorizada e Eletroencefalograma que
auxiliam em muito no diagnóstico.
A classificação da "PC" é dada conforme a topografia da lesão e/ou
disfunção motora. Podendo apresentar deficiência mental, epilepsia, distúrbio
visual, comportamento, de linguagem e/ou ortopédicos.
O tratamento consiste no controle das crises convulsivas e da
espaticidade, das complicações que possam surgir sejam elas ortopédicas
prevenindo contraturas e deformidades. Para que isso possa acontecer é
necessário um trabalho médico, psicológico e fisioterapeutico numa conduta
interdisciplinar.
Também conhecida como Paralisia cerebral ("PC") esta doença define
um conjunto de lesões permanentes no cérebro que ocorrem no período pré-
natal, peri-natal ou pós natal, ou seja, antes, durante ou após o nascimento.
Pode ocorrer também alterações mentais, visuais, auditivas, de linguagem e/ou
comportamento com movimentos ativos intermitentes. As lesões cerebrais
variam conforme a área afetada, o tempo de lesão e intensidade da mesma,
porém neste tipo de encefalopatia a lesão não é progressiva.
Na literatura especializada, existe uma gama enorme de definições que
conceituam a encefalopatia crônica não progressiva da infância (ECNPI).
Segundo Little Club (1959) "paralisia cerebral é uma desordem do movimento e
da postura, persistente, porém variável, surgida nos primeiros anos de vida
pela interferência no desenvolvimento do sistema nervoso central, causada por
uma desordem cerebral não progressiva." Outra definição é aquela formulada
por Barraquer Bordas (1966), segundo a qual a "PC" é a seqüela de uma
agressão cerebral, que se caracteriza primordialmente por um transtorno
persistente, porém não invariável, do tônus, da postura e do movimento, que
surge na primeira infância e que não é somente secundária a esta lesão não
evolutiva do encéfalo, mas se deve também à influência que a referida lesão
exerce sobre a maturação neurológica."
O termo paralisia cerebral não é o mais correto, embora seja usualmente
falado, pois caracterizaria desta forma uma perda total das funções cerebrais, o
que não defini as lesões focais ocorridas com conseqüências no
desenvolvimento neurológico do paciente.
1.1 CAUSAS
Como foi citado anteriormente suas causas encontram-se nos três
períodos da gestação (Antes, durante ou após).
- Pré-natais
Infecções: Rubéola, Sífilis, Listeriose, Citomegaloviruss, Toxoplasmose e
AIDS; Uso de Drogas, Tabagismo, Álcool; Desnutrição materna; Alterações
cardiocirculatórias maternas.
- Peri-natais
Anóxia; Hemorragias intracranianas; (trauma obstétrico);
- Pós-natais
Traumas cerebrais; Meningites; Convulsões; Desnutrição; Falta de
estímulo; Hidrocefalia.
O cérebro é o órgão que controla todas as funções do organismo e para
isso necessita do oxigênio. A falta deste nutriente é uma das maiores causas
de lesão cerebral, trazendo prejuízo para o desenvolvimento.
O Sistema Nervoso Central (SNC) é formado pelo cérebro e medula
espinhal, seu desenvolvimento inicia dentro do útero e continua até os 18 anos
de idade. Conforme as etapas de desenvolvimento do cérebro, as suas áreas
vão criando novas conexões, desta forma as lesões cerebrais tem efeitos
diferentes. Após ser lesado, o sistema nervoso passa a contar com as áreas
não afetadas para continuar a exercer suas funções, porém é possível que ele
consiga estabelecer algumas novas redes nervosas. Esta capacidade é
conhecida como neuro-plasticidade.
Entretanto, como a ECNPI é raramente diagnosticada até pelo menos
vários meses após o nascimento, a causa precisa da lesão cerebral numa
criança é freqüentemente especulativa.
1.2 INCIDÊNCIA
A incidência da ECNPI ocorre de forma moderada a severa entre 1,5 e
2,5 por 1000 nascidos vivos em países desenvolvidos; porém também há
registros de 7:1000. Na Inglaterra estuda-se que a incidência ocorre em cerca
de 1,5/1000, já no Brasil os estudos não foram capazes de especificar a
proporção de incidência, suspeitando apenas de que seja alta.
1.3 CLASSIFICAÇÃO
Os pacientes com "PC" possuem principalmente comprometimento
motor, influenciando no seu desempenho funcional. Segundo Schwartzman
(1993) e Souza & Ferraretto (1998), a PC pode ser classificada por: Tipo de
disfunção motora extrapiramidal ou discinético (Atetóide, coréico e distônico),
atáxico, misto e espástico; ou pela topografia das lesões (Localização no
corpo), que inclui tetraplegia, monoplegia, diplegia e hemiplegia. Na "PC", a
forma espástica é a mais encontrada e freqüente em 88% dos casos.
1.3.1 Quanto A Disfunção Motora:
Atetóide: Caracterizada por movimentos involuntários, Neste tipo, os
movimentos são involuntários devido a um estímulo ineficaz e exagerados que
o cérebro envia ao músculo não sendo capaz de manter um padrão.
Coréico: Acomete crianças e jovens do sexo feminino com movimentos
involuntários e descoordenados dos membros e dos músculos da face (Dança
de S. Guido).
Distônico: Incoordenação do tônus muscular
Atáxico: Dificuldade de coordenação motora (Tremores ao realizar um
movimento).
Mistos: Quando apresentam pelo menos dois tipos associados de
alteração do movimento (Exemplo: espástico e atetóide)
Espástico: Ocorre uma lesão do córtex cerebral, diminuindo a força
muscular e aumentando o tônus muscular. A tensão muscular encontra-se
aumentada, notada ao realizar algum alongamento da musculatura ou mesmo
um estiramento.
1.3.2 Quanto a topografia da lesão
Tetraplegia (Hemiplegia bilateral ou quadriplegia): Ocorrendo em 9 a
43% dos casos com lesões difusas bilateral no sistema piramidal apresentando
tetraparesia espástica com retrações em semiflexão severas, síndrome
pseudobulbar (hipomimia, disfagia e disartria), e até microcefalia, deficiência
mental e epilepsia.
Diplegia: Surge em 10 a 30 % dos pacientes, sendo mais comum em
prematuros, comprometendo os membros inferiores, podendo apresentar
hipertonia dos músculos Adutores, denominado síndrome de Little (Cruzamento
dos membros inferiores e marcha "em tesoura"). Existem vários graus para
classificar a intensidade do distúrbio, podendo ser pouco afetado (com um
prognóstico bom, sendo capaz de se adaptar à vida diária) ou grave com
limitações funcionais. Ao 1º ano de vida, a criança pode se apresentar
hipotônica, passando para distonia intermitente, com tendência ao opistótono
quando estimulada. Nos casos mais graves a criança pode permanecer num
destes estágios por toda a sua vida, porém geralmente passa a exibir
hipertonia espástica, inicialmente extensora e, finalmente, com graves
retrações semiflexoras.
Hemiplegia: É a mais comum de todas, comprometendo mais o membro
superior; acompanhada de espasticidade, hiper-reflexia e sinal de Babinski. O
padrão hemiplégico caracteriza-se pela postura semiflexora do membro
superior, com o membro inferior hiperestendido e aduzido, e o pé em postura
eqüinovara, podendo ser encontrado hipotrofia dos segmentos acometidos,
hemi-hipoestesia ou hemianopsia.
Associado ao distúrbio motor presente na ECNPI, o quadro clínico pode
incluir:
1.Deficiência mental: Ocorre de 30 a 70% dos pacientes. Está mais
associada às formas tetraplégicas, diplégicas ou mistas;
2. Epilepsia: Varia de 25 a 35% dos casos, ocorrendo mais associado
com a forma hemiplégica ou tetraplégica;
3. Distúrbios da linguagem;
4. Distúrbios visuais: Pode ocorrer perda da acuidade visual ou dos
movimentos oculares (estrabismo);
5. Distúrbios do comportamento: São mais comuns nas crianças com
inteligência normal ou limítrofe, que se sentem frustradas pela sua limitação
motora, quadro agravado em alguns casos pela super proteção ou rejeição
familiar.
Obs: Mais uma vez ocorre uma falha na definição de um termo. Plegia
refere-se a perda total do movimento sendo correto utilizá-lo somente quando o
paciente não apresentar movimentos algum, quando houver algum esboço de
movimento deve-se utilizar o termo: paresia.
NOTA
Hemi-hipoestesia: Diminuição da sensibilidade de uma metade do corpo
Hemianopsia: Défici visual de um lado
Opistótono: Posição assumida pelo corpo, durante os ataques
convulsivos, em que ele fica de tal maneira arqueado que pode ficar levantado
da cama unicamente pelos calcanhares e pela cabeça.
1.4 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de ECNPI está ligado ao atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor com associação ou não de outros sintomas. A criança
apresenta alguns reflexos indevidos para sua idade e dificuldade em adquirir
outros próprios de sua idade atual.
Uma boa avaliação da criança com anamnese e exame físico detalhado
auxiliam na definição precisa do tipo de distúrbios do Sistema Nervoso Central.
Conforme a intensidade e o tipo de anormalidades neurológicas, um
eletroencefalograma (EEG) e tomografia computadorizada (TC) podem ser
úteis para identificar o local e a extensão das lesões ou malformações
congênitas. Outros testes podem ser incluídos para auxiliar o diagnóstico.
Como esta doença está ligada a diversas complicações dos sistemas, é
importante uma abordagem multidisciplinar na avaliação e tratamento.
Os profissionais que atendem este tipo de criança devem dispor de
várias técnicas e recursos com objetivos de melhorar a espasticidade, eliminar
os fatores agravantes, reabilitar através do uso de órteses, farmacoterapia,
cirurgias ortopédicas e neurocirurgia.
1.5 TRATAMENTO
O tratamento da "PC" visa controlar as crises convulsivas, as
complicações decorrentes das lesões e a prevenção de outras doenças,
contraturas ou problemas.
O tratamento medicamentoso baseia-se no uso de anticonvulsivantes e
psiquiátricos, quando necessários para obter controle dos distúrbios afetivos-
emocionais e da agitação psicomotora.
O tratamento cirúrgico envolve cirurgias ortopédicas para corrigir
deformidades e estabilizar a articulação, além de preservar a função e aliviar a
dor.
As técnicas de tratamento sensorial promovem experiências sensoriais
apropriadas e variadas (Tátil, proprioceptiva, cinestésica, visual, auditiva,
gustativa, etc.) para as crianças com espasticidade facilitando assim uma
aferência motora apropriada.
O acompanhamento psicológico familiar, é importante no tratamento da
ECNPI pois ajudará os pais entenderem melhor, auxiliar no atendimento e
prevenir complicações.
Deve-se reconhecer quando as deficiências são muito graves sendo
desnecessário a utilização de recursos caros e demorados que geram
ansiedade e expectativa da família, sem alterar o quadro clínico do paciente.
1.6 PROGNÓSTICO
O prognóstico da Encéfalopatia crônica não progressiva (paralia
cerebral) CNPI depende do grau das lesões dos sistemas e da disponibilidade
e qualidade da reabilitação. Porém, mesmo nos casos de bom prognóstico
existem 3 fatores de grande relevância no desenvolvimento da criança: o grau
de deficiência mental, o número de crises epilépticas e a intensidade do
distúrbio de comportamento. Crianças com deficiência mental moderada ou
grave, associadas a crises epilépticas de difícil controle ou com atitudes
negativistas ou agressivas, não respondem bem a reabilitação.
2 DOENÇAS QUE CAUSAM ENCEFALOPATIAS
2.1 PRÉ NATAIS
2.1.1 Rubéola
Doença infecciosa causada por vírus (classificado como um togavirus do
gênero Rubivirus), que acomete crianças e adultos, embora esteja entre as que
os médicos comumente denominam como próprias da infância. Trata-se de
doença comumente benigna que cursa com febre, “rash” (manchas tipo
“urticária” na pele) que dura aproximadamente 3 dias e aumento de gânglios
linfáticos (linfonodomegalias para os médicos e ínguas para os leigos) embora
possa apresentar-se de forma “subclínica” (quando o paciente praticamente
não sente nada). Pode tornar-se potencialmente grave quando acomete
mulheres grávidas, pois pode causar mal-formações no feto, sobretudo quando
contamina gestantes no primeiro trimestre. Raramente pode ser causa de
inflamação em articulações (artrite) em adultos. Outra designação que os
médicos comumente usam para doenças virais que causam manchas na pele
como a rubéola é de viroses exantemáticas (que causam exantema que é a
expressão médica para designar as manchas da pele).
O vírus da rubéola só é realmente perigoso quando a infecção ocorre
durante a gravidez, com invasão da placenta e infecção do embrião,
especialmente durante os primeiros três meses de gestação. Nessas
circunstâncias, a rubéola pode causar aborto, morte fetal, parto prematuro e
malformações congênitas (cataratas, glaucoma, surdez, cardiopatia congênita,
microcefalia com retardo mental ou espinha bífida). Uma infecção nos primeiros
três meses da gravidez pelo vírus da rubéola é suficiente para a indicação de
aborto voluntário da gravidez.
2.1.2 Sífilis
Denomina-se sífilis congênita aquela que a infecção se processou por
via transplacentária. Se a mãe não for sifilítica feto também não o será.
O causador da sífilis é um pequeno microorganismo espiralado, o
Treponema pallidum, que cruza rapidamente a membrana placentária já com
nove a dez semanas de gestação. A gravidez exerce efeito supritivo nas
manifestações de sintomas e lesões normalmente visíveis na sífilis, portanto
algumas vezes a doença passa despercebida pela mãe podendo ser
diagnosticada apenas com exames sorológicos, correlacionando os resultados
dos testes de infecção do líquido amniótico com a evidência da ultra-
sonografia, podendo esta ser identificada, pois durante o acometimento ocorre:
espessamento cutâneo, aumento da placenta, efusões nas cavidades serosas,
entre outros sinais.
As infecções maternas primárias (adquiridas durante a gravidez), quase
sempre causam infecções fetais e anomalias congênitas graves, entretanto, o
tratamento adequado da mãe pode matar o organismo impedindo que este
atravesse a membrana placentária e infecte o feto. As infecções maternas
secundárias (adquiridas antes da gravidez) raramente resultam em doenças e
anomalias fetais.
A forma mais comum de contaminação é através da passagem do
microorganismo para placenta, mas excepcionalmente, o contágio pode dar-se
pelo contato direto das lesões infectadas durante o parto vaginal.
Após o quinto mês, a doença transmite-se mais facilmente ao feto,
podendo culminar em óbito intra uterino, abortamento, parto prematuro,
crescimento retardado, decesso neonatal, sífilis congênita. A possibilidade de
transmissão é maior na primeira gestação, diminuindo nas sucessivas.
Nem todo filho de mãe sifilítica terá sífilis congênita, cerca de 20% não
obtém contaminação. A sífilis só é transmitida ao feto pela gestante nos dois
primeiros anos que ela foi contaminada.
A sífilis congênita pode ser classificada em:
Recente: quando os sintomas aparecem nos primeiros dois anos de
vida, sendo mais manifestos do primeiro ao terceiro mês.
Tardia: quando os sintomas aparecem a partir do segundo ano,
ocasionando deformações de dentes, surdez, alterações oculares, dificuldades
de aprendizagem, retardo mental.
O não tratamento da sífilis em gestantes oferece grandes riscos de
saúde para o bebê. A doença pode causar o parto prematuro, o aborto e a
natimortalidade. Mesmo nascendo aparentemente saudável, a criança tende a
desenvolver problemas de saúde nos primeiros anos de vida. Os agravos
causados pela sífilis incluem o baixo peso, o aumento do fígado e do baço,
lesões de pele, alterações respiratórias, surdez, deformações ósseas e
dificuldade de aprendizado.
2.1.3 Listeriose
A listeriose é uma doença grave que atinge especialmente mulheres
grávidas, com risco 20 vezes maior do que nos demais adultos. Um estudo
feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos
Estados Unidos, encontrou uma explicação para tamanha discrepância.
Transmitida pela bactéria Listeria monocytogenes, a doença tem início
com sintomas parecidos com o da gripe. Mas, quando a infecção atinge o
sistema nervoso, pode provocar parto prematuro ou aborto espontâneo,
especialmente nos primeiros meses de gravidez. Pode também causar
meningite no recém-nascido.
2.1.4 Citomegalovirus
O Citomegalovírus é um vírus cuja infecção só é importante durante a
gravidez. Ela é na maioria das vezes assintomática (sem nenhuma
manifestação), ou quando se manifesta, é um quadro inespecífico, como uma
gripe (febre, mal-estar, íngua no pescoço, dor nas juntas). Porém, se essa
infecção ocorre durante a gravidez, ela pode ter conseqüências graves para o
feto principalmente se ela acontece no primeiro trimestre.
Aproximadamente 10% dos nenéns infectados nascem sintomáticos
(com seqüelas). Desses, em torno de 30% evoluem para óbito, e dos que
sobrevivem, 85% poderão ter problemas como surdez, cegueira, retardo mental
e convulsões.
Das crianças que nascem, a princípio, sem seqüelas, 10 a 15% poderão
desenvolver esses problemas tardiamente, de graus variáveis.
2.1.5 Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma protozoonose de distribuição mundial. É uma
doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada pelo protozoário
Toxoplasma gondii. Ocorre em animais de estimação e produção incluindo
suínos, caprinos, aves, animais silvestres, gatos e a maioria dos vertebrados
terrestres homeotérmicos (bovinos, suínos, cabras, etc.). Acarreta abortos e
nascimento de fetos mal formados.
Se a infecção se der durante a gravidez (o que ocorre em 0,5% das
gestações), os parasitas podem atravessar a placenta e infectar o feto, o que
pode levar a abortos e a malformações em um terço dos casos, malformações
como hidrocefalia podendo também ocorrer neuropatias e oftalmopatias na
criança como déficits neurológicos e cegueira, mas se a infecção tiver sido
antes do início da gravidez não há qualquer perigo, mesmo que existam cistos.
2.1.6 Aids
A síndrome da imunodeficiência adquirida é uma doença do sistema
imunológico humano causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).
Esta condição reduz progressivamente a eficácia do sistema imunológico e
deixa as pessoas suscetíveis a infecções oportunistas e tumores.
A AIDS acarreta a deficiência de sistema imunológico da mãe facilitando
a entrada e obtenção de doenças que podem ser transmitidas pára o feto.
2.2 PERI NATAIS
2.2.1 Anóxia
Anoxia é a "ausência" de oxigênio. Possui uma definição clara em
medicina, assim como em biologia e ecologia.
Em medicina, relaciona-se com a ausência de oxigênio no cérebro,
principalmente. Se for prolongada, pode resultar em lesão cerebral e levar o
paciente a óbito. Este é um dos riscos ao nascimento e a principal causa de
deficiências mentais nas crianças.
Pode derivar de um deficiente fornecimento de sangue, de condições
atmosféricas (por exemplo. altitude elevada, ambientes fechados sem
renovação de ar), de parada cardíaca ou respiratória.
2.2.2 Homerragias
Causadas no momento do parto onde a pressão intracraniana pode
aumentar, devido a um rompimento de um vaso sanguíneo.
Isso pode causar hematomas no cérebro afetando áreas encefálicas.
2.3 PÓS NATAIS
2.3.1 Meningites
Revestindo o sistema nervoso central, existem três estruturas de tecido
fibroso denominado meninges, que são de externo para interno: dura-máter,
aracnóide-máter e pia-máter.
Fornecem proteção ao sistema nervoso central, além da proteção do
crânio e medula espinal.
Entre a aracnóide e pia-máter está um espaço denominado de
subaracnóideo, onde circula o líquido cerebrospinal (LCE). A proteção do SNC
se faz pela dura-máter que é mais espessa e resistente e pelo LCE que
funciona como coxim de amortecimento.
Apresenta artérias denominadas de meníngeas, que suprem o osso. A
maior destas artérias é a meníngea média. Uma hemorragia na região temporal
do crânio pode romper um ramo da artéria meníngea média. O sangue
extravasado acumula-se entre o osso e o periósteo. Assim como qualquer
lesão que ocupe um espaço na cavidade não expansível do crânio, a pressão
intracraniana aumenta e é preciso intervenção cirúrgica.
Meningite é a inflamação das membranas que revestem o encéfalo e a
medula espinhal, conhecida coletivamente como meninges. A inflamação pode
ser causada por infecções por vírus, bactérias ou outros micro-organismos, e,
menos comumente, por certas drogas. A meningite pode pôr em risco a vida
em função da proximidade da inflamação com órgãos nobres do sistema
nervoso central; por isso essa condição é classificada como uma emergência
médica.
Os sintomas mais comuns de meningite são dor de cabeça e rigidez de
nuca associados à febre, confusão mental, alteração do nível de consciência,
vômitos e a intolerância à luz (fotofobia) ou a sons altos (fonofobia). Algumas
vezes, especialmente em crianças pequenas, somente sintomas inespecíficos
podem estar presentes, como irritabilidade e sonolência.
A meningite pode ter complicações sérias a longo prazo como epilepsia,
hidrocefalia e déficit cognitivo, especialmente se não tratada rapidamente.
Na meningite bacteriana, as bactérias atingem as meninges por uma das duas
vias principais: através do corrente sanguínea ou através de contato directo
entre as meninges e a cavidade nasal ou com a pele. Isso é muitas vezes
precedido por infecções virais, que quebram a barreira normal formada pelas
superfícies mucosas. Uma vez que as bactérias entraram na corrente
sangüínea, elas entram no espaço subaracnóideo em lugares onde a barreira
cérebro-sangue é vulnerável, como o plexo coróide. A contaminação direta do
líquido cefalorraquidiano pode surgir a partir de dispositivos de longa
permanência, fraturas de crânio, ou infecções da nasofaringe ou nasal,
ocasionalmente, defeitos congênitos da dura-máter podem ser identificados.
2.3.2 Convulsão
Convulsão é um fenômeno eletro-fisiológico anormal temporário que
ocorre no cérebro (descarga bio-energética) e que resulta numa sincronização
anormal da atividade elétrica neuronal. Estas alterações podem refletir-se em
nível da tonacidade corporal (gerando contrações involuntárias da musculatura,
como movimentos desordenados, ou outras reações anormais como desvio
dos olhos e tremores), alterações do estado mental, ou outros sintomas
psíquicos.
A crise convulsiva é generalizada quando há movimentos de braços e
pernas, desvio dos olhos e liberação dos esfíncteres associada à perda da
consciência.
É denominada focal simples, quando as contrações acontecem em um
membro do corpo (braço, perna) e não fazem com que a pessoa perca a
consciência. Se houver perda da consciência associada à contração de apenas
um membro damos o nome de focal complexa.
As crises podem se apresentar ainda como uma "moleza" generalizada
no corpo da pessoa; estas são as crises atônicas.
A crise de ausência se caracteriza pela perda da consciência, em geral
sem quedas e sem atividade motora. A pessoa fica com o “olhar perdido” por
alguns momentos.
São várias as causas que podem levar à convulsão, sendo as principais:
Acidentes de carro, quedas e outros traumas na cabeça (TCE);
Meningite;
Desidratação grave;
Intoxicações ou reações a medicamentos;
Hipoxemia perinatal (falta de oxigênio aos recém nascidos em partos
complicados);
Hipoglicemia (baixa glicose no sangue);
Epilepsias (crises convulsivas repetitivas não relacionadas à febre nem a
outras causas acima relacionadas; têm forte herança familiar);
Convulsão Febril (causada por febre).
É importante reforçar que a convulsão não é transmissível (não se
“pega”), não havendo motivo para evitar contato com pessoas que sofreram
algum distúrbio convulsivo ou discriminá-las. Também deve ser lembrado que
há outras causas de convulsões além da epilepsia (citadas acima).
2.3.3 Hidrocefalia
A hidrocefalia (palavra derivada do grego hidro=água; céfalo=cabeça) é
um acúmulo excessivo de fluído (líquido cefalorraquidiano) dentro dos
ventrículos (espaços no cérebro) ou do espaço subaracnóide.
Este fluído é formado nos ventrículos, circula através do sistema
ventricular e é absorvido para a corrente sanguínea. Possui diversas funções e,
dentre elas, protege o encéfalo e a medula espinhal contra choques, agindo
como uma almofada. A afecção em questão surge quando há um desequilíbrio
entre a quantidade produzida desse líquido e a quantidade que é absorvida.
Esse desequilíbrio pode ocorrer devido a uma obstrução na drenagem
do líquido para o sistema sanguíneo, ou também, ocorrer por outras razões,
como excesso de produção do líquido cefalorraquidiano. Conseqüentemente
ao aumento de líquido cefalorraquidiano, ocorre uma dilatação dos ventrículos,
levando ao aumento da pressão dentro do crânio.
Esta doença pode ter causa congênita, sendo elas relacionadas
principalmente a três causas:
Genética (hereditário);
Recém-nascidos prematuros.
Já nos casos de hidrocefalia adquirida, as causas podem ser:
Infecções (caxumba, citomegalovirus, hepatite, toxoplasmose,
poliomielite, entre outras);
Hemorragia intraventricular;
Meningite;
Traumatismos;
Tumores;
Cistos;
Estenose do Aqueduto Sylvius.
Classifica-se a hidrocefalia de acordo com sua causa:
Obstrutiva ou não-comunicante: é quando há um bloqueio no sistema
ventricular do cérebro, impedindo que o líquido cefalorraquidiano flua
normalmente pelo cérebro e medula espinhal. Esta obstrução pode surgir no
nascimento ou até mesmo após.
Não-obstrutiva ou comunicante: é resultante da baixa produção do fluído
ou de sua absorção. É mais comum de ocorrer quando há sangramento no
espaço subaracnóideo, sendo que pode estar presente ao nascimento ou surgir
depois.
Pressão normal: este tipo é uma hidrocefalia adquirida comunicante,
onde os ventrículos estão dilatados, no entanto, não há aumento de pressão,
aparecendo com maior freqüência em pessoas idosas. Resulta de um trauma
ou doença, porém as causas ainda não estão totalmente elucidadas.
Indivíduos que sofrem de hidrocefalia podem apresentar problemas de
aprendizagem, geralmente associados com problemas de concentração, de
raciocínio lógico, memória curta, problemas de coordenação, de organização,
dificuldades de localização no tempo e nos espaço, problemas de motivação,
puberdade precoce ou dificuldades visuais. Outros sinais que podem surgir
são: rápido crescimento da cabeça, tornando-se excessivamente grande;
irritabilidade; ataques epiléticos; cefaléia; dificuldades de locomoção; perda das
habilidades físicas; alterações de personalidade.
O método diagnóstico mais eficaz e rápido é a ultra-sonografia, podendo
diagnóstica a hidrocefalia no feto durante a gestação. Para delimitar a área
afeta, podem ser feitos outros exames de imagem, como tomografia
computadorizada e ressonância magnética. O diagnóstico precoce é
importante, pois quanto antes iniciado o tratamento, menor são as chances de
seqüelas.
O tratamento geralmente é medicamentoso, mas pode também ser
cirúrgico, através da drenagem do líquido cefalorraquidiano presente em
excesso nos ventrículos, redirecionando-o para outras cavidades do
organismo.
3 REFERÊNCIAS
ANÓXIA. Disponível em:<http://www.dicionarioinformal.com.br/an%C3%B3xia/>.
CAUSAS DA RUBÉOLA. Disponível em:<http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?372>.
CITOMEGALOVÍRUS. Disponível em:<http://mulhersaude.wordpress.com/2009/05/06/citomegalovirus-cmv-e-gestacao/>.
ENCÉFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA DA INFÂNCIA. Disponível em:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Paralisia_cerebral>.
HIDROCEFALIA. Disponível em:<http://www.infoescola.com/doencas/hidrocefalia/>.
LISTERIOSE. Disponível em:<http://guiadobebe.uol.com.br/listeriose/>.
MENINGITE. Disponível em:<http://www.biocenternet.com.br/dicas.asp>.
RUBÉOLA. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Rub%C3%A9ola>.
SÍFILIS CINGÊNITA. Disponível em:<http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADfilis_cong%C3%AAnita>.
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