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ENCONTRO LATINOAMERICANO DE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS CURITIBA - PR | 21 A 24 DE OUTUBRO ELECS 2013 - CURITIBA - PR | 21 A 24 DE OUTUBRO 1 TÉCNICAS HIDRÁULICAS INCAS: estudo de soluções para amenizar as consequências das mudanças climácas no Peru. Melissa Aragon Escobedo 1 , Liza Maria Souza de Andrade 2 Resumo Este argo tem como objevo aprofundar estudos sobre as técnicas hidráulicas das culturas pré-hispânicas do Peru, principalmente na cultura Inca. Devido à visão holísca dos povos ancestrais, procurou-se também considerar os aspectos sociais, culturais e do meio natural, tão peculiares, os quais contribuem para a compreensão da inter- relação de sistemas, entre sociedade e natureza. O caminho das águas da Cordilheira do Andes contribui para sua geomorfologia e é aproveitado na construção de centrais hidroelétricas e de represa bem como na distribuição da práca agrícola Atualmente o Peru passa por um período críco no que se refere à agricultura e à probabilidade de escassez de água. Os culvos na região dos Andes são regados em 70% pelas águas das chuvas, considerando os efeitos das mudanças climácas que intensificam os períodos de seca, os agricultores enfrentam dificuldades para sobreviver frente ao futuro incerto. Além disso, houve uma perda da biodiversidade nos Andes e grande parte das hidroelétricas está sendo afetada. Neste sendo, o entendimento das técnicas hidráulicas ancestrais pode proporcionar um repertório de soluções para as atuais mudanças climácas. A pesquisa está fundamentada em três temas, o primeiro aborda a geografia e a hidrografia do Peru; o segundo trata da sociedade pré-hispânica e o sistema holísco dos incas; e por fim, foram levantadas as principais técnicas hidráulicas ancestrais. Foram encontradas técnicas hidráulicas como zonas florestadas, canais de infiltração huachaques, áreas inundadas, chácaras afundadas na Costa, terraças em Pisac e Machupicchu que poderiam ser aplicadas nos dias de hoje. Palavras-chave: culturas pré-hispânica, hidráulica, visão holísca, técnicas ancestrais. TECHNICAL HYDRAULIC PREHISPANIC: study soluons to migate the consequences of climate change in Peru. Abstract This paper’s goal is to take a closer look into the pre-Hispanic cultures of Peru, especially the Inca culture. Due to the holisc view of ancient peoples, the peculiar social, cultural and natural environment were also considered, as they contribute to the understanding of the inter-relaonship of systems between society and nature. The Water Path of the Andes Mountain Range contributes to its geomorphology and is exploited by hydroelectric dams as well as by agricultural irrigaon pracces. Currently Peru is going through a crical period in the agricultural sector due to water shortages. An amount of 70% of crops in the Andean region are irrigated by rain water and, considering the effects of climate change in the intensificaon of droughts, farmers face struggles to survive in an uncertain future. In addion, there has been a loss of biodiversity in the Andes and many of the hydroelectric dams are being affected. In such a context, an understanding of the ancient hydraulic techniques may provide a repertoire of soluons to climate change. This research is based on three themes, the first being the geography and hydrography of Peru, the second being the pre-Hispanic society and holisc system of the Incas, and, finally, the idenficaon of the main ancient hydraulic techniques such as wooded areas, huachaques infiltraon channels, flooded areas, farms built on excavated areas on the coast, and terraces in Pisac and Machu Picchu, all of which could be applied today. Key-words: pre-Hispanic cultures, hidraulic, holisc vision, ancient techniques. 1 2

ENCONTRO LATINOAMERICANO DE … e é aproveitado na construção de centrais hidroelétricas e de represa bem como na distribuição da prática agrícola Atualmente o Peru passa por

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ENCONTRO LATINOAMERICANO DE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS

CURITIBA - PR | 21 A 24 DE OUTUBRO

ELECS 2013 - CURITIBA - PR | 21 A 24 DE OUTUBRO 1

TÉCNICAS HIDRÁULICAS INCAS: estudo de soluções para amenizar as consequências das mudanças climáticas no Peru.

Melissa Aragon Escobedo1, Liza Maria Souza de Andrade2

Resumo

Este artigo tem como objetivo aprofundar estudos sobre as técnicas hidráulicas das culturas pré-hispânicas do Peru, principalmente na cultura Inca. Devido à visão holística dos povos ancestrais, procurou-se também considerar os aspectos sociais, culturais e do meio natural, tão peculiares, os quais contribuem para a compreensão da inter-relação de sistemas, entre sociedade e natureza. O caminho das águas da Cordilheira do Andes contribui para sua geomorfologia e é aproveitado na construção de centrais hidroelétricas e de represa bem como na distribuição da prática agrícola Atualmente o Peru passa por um período crítico no que se refere à agricultura e à probabilidade de escassez de água. Os cultivos na região dos Andes são regados em 70% pelas águas das chuvas, considerando os efeitos das mudanças climáticas que intensificam os períodos de seca, os agricultores enfrentam dificuldades para sobreviver frente ao futuro incerto. Além disso, houve uma perda da biodiversidade nos Andes e grande parte das hidroelétricas está sendo afetada. Neste sentido, o entendimento das técnicas hidráulicas ancestrais pode proporcionar um repertório de soluções para as atuais mudanças climáticas. A pesquisa está fundamentada em três temas, o primeiro aborda a geografia e a hidrografia do Peru; o segundo trata da sociedade pré-hispânica e o sistema holístico dos incas; e por fim, foram levantadas as principais técnicas hidráulicas ancestrais. Foram encontradas técnicas hidráulicas como zonas florestadas, canais de infiltração huachaques, áreas inundadas, chácaras afundadas na Costa, terraças em Pisac e Machupicchu que poderiam ser aplicadas nos dias de hoje.

Palavras-chave: culturas pré-hispânica, hidráulica, visão holística, técnicas ancestrais.

TECHNICAL HYDRAULIC PREHISPANIC: study solutions to mitigate the consequences of climate change in Peru.

Abstract

This paper’s goal is to take a closer look into the pre-Hispanic cultures of Peru, especially the Inca culture. Due to the holistic view of ancient peoples, the peculiar social, cultural and natural environment were also considered, as they contribute to the understanding of the inter-relationship of systems between society and nature. The Water Path of the Andes Mountain Range contributes to its geomorphology and is exploited by hydroelectric dams as well as by agricultural irrigation practices. Currently Peru is going through a critical period in the agricultural sector due to water shortages. An amount of 70% of crops in the Andean region are irrigated by rain water and, considering the effects of climate change in the intensification of droughts, farmers face struggles to survive in an uncertain future. In addition, there has been a loss of biodiversity in the Andes and many of the hydroelectric dams are being affected. In such a context, an understanding of the ancient hydraulic techniques may provide a repertoire of solutions to climate change. This research is based on three themes, the first being the geography and hydrography of Peru, the second being the pre-Hispanic society and holistic system of the Incas, and, finally, the identification of the main ancient hydraulic techniques such as wooded areas, huachaques infiltration channels, flooded areas, farms built on excavated areas on the coast, and terraces in Pisac and Machu Picchu, all of which could be applied today.

Key-words: pre-Hispanic cultures, hidraulic, holistic vision, ancient techniques.

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Pesquisa
Máquina de escrever
DOI: http://dx.doi.org/10.12702/978-85-89478-40-3-a084
Pesquisa
Máquina de escrever

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1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa pretende contribuir com estudos holísticos de conceitos e técnicas arquitetônicas das culturas ancestrais e apresenta como resultados as técnicas hidráulicas pré-hispânicas encontradas como possibilidades para amenizar o futuro incerto frente às mudanças climáticas no Peru, dada à sua condição geográfica de vulnerabilidade em relação à escassez de água. O Peru está situado no lado oeste da América do Sul, nas margens do Oceano Pacífico, fazendo fronteira com o Equador, a Colômbia, o Brasil, a Bolívia e o Chile. Pela sua localização próxima ao trópico do Equador deveria ser um país de clima eminentemente tropical. Mas pela presença da cordilheira dos Andes e pela existência de correntes marítimas com temperaturas bastante variadas, predominantemente frias, o país apresenta diversos climas, que vão desde o tropical, quente e úmido, até o clima glacial, frio e seco das altas cordilheiras, passando pelo clima árido da costa central.

Especificamente na região dos Andes, foco desta pesquisa, devido à altitude da cordilheira, não é possível a aproximação das chuvas originadas das massas de ar provenientes da região da Amazônia. Dessa maneira, as únicas formas das áreas andinas serem providas por águas são por meio do derretimento da cordilheira dos Andes, e pelas precipitações originadas da evaporação das correntes próximas. Segundo a WWF (apud BARLOW, 2009), países como o Equador, o Peru e a Bolívia, por exemplo, dependem do derretimento das geleiras dos Andes para seus suprimentos de água. Nesse contexto, Barlow (2009) aponta que o ritmo do derretimento está, na verdade, promovendo a desertificação. O rápido derretimento faz com que a água escoe das montanhas e aumente a erosão do solo. Além disso, essa água proveniente do derretimento evapora antes de chegar aos rios, aumentando as áreas de deserto.

Ocorre que além das dificuldades naturais enfrentadas pelas regiões andinas em serem abastecidas por água, percebe-se que as mudanças climáticas ocorridas nas ultimas décadas, fruto de diversos fatores, dentre eles a ação humana, causaram grandes impactos ao meio ambiente peruano. Segundo a ONU HABITAT (2012), a America Latina entre 1990 e 2007 aumentou em 18% as suas emissões per capita de CO2 (maior contribuição dos gases de efeito estufa urbano), principalmente pelo desflorestamento, para a expansão de terras agrícolas. Uma das principais consequências deste desequilíbrio na natureza, como já mencionado, reside na possibilidade de haver escassez de água, num futuro que se mostra cada vez mais próximo.

Além dos mencionados impactos, alterações referentes ao sistema de agricultura da região, de acordo com Llosa (2009), o Peru passa por um período crítico no que se refere à agricultura. Os cultivos na região dos Andes são regados em 70% pelas águas das chuvas. Considerando ainda que os efeitos das mudanças climáticas intensificam os períodos de seca, os agricultores enfrentam dificuldades para se manter. Por essa razão, algumas iniciativas estão sendo tomadas, após quase 500 anos da conquista espanhola, período no qual deixou-se de utilizar as plataformas de cultivos criadas pelos incas. Apenas há cerca de duas décadas o Instituto Nacional de Cultura (INC) do Peru começou um projeto de revitalização, restauração, conservação e manutenção dos terraços, para resgatar o seu valor ambiental, social e econômico. Paralelamente cidadãos comuns decidiram colocar em prática antigas técnicas incas.

Considerando esse cenário atual, este trabalho tem como objetivo estudar as técnicas utilizadas nas culturas pré-hispânicas do Peru, por terem sido desenvolvidas em lugares onde o entorno natural também era hostil, mas que, no entanto, devia ser respeitado, valorizado e complementado com as técnicas elaboradas pelo homem. Segundo Ancajima (2011), embora a técnica inca não ostente de argumentos e técnicas científicas, como aquelas com as quais atualmente contamos, considera-se importante ressaltá–la e relembrá-la pelos ideais que possuía, o qual considerava o meio ambiente produtor de vida. Algumas dessas técnicas são similares às técnicas de infraestrutura verde que estão sendo adotadas nos países desenvolvidos para melhorar o ciclo da água no meio urbano. Porém eles ainda não consideram a visão holística na produção de alimentos, na urbanização e no ciclo da água, aspectos utilizados pelos incas, o que tornaria possível o desenvolvimento de cidades mais resilientes com a possibilidade de conexão de vários saberes: climatologia, hidrologia, geografia, psicologia, história e arte.

Embora sejam muitos os exemplos das culturas pré-hispânicas no Peru optou-se por analisar em especifico a cultura Inca por ter sido aquela que conquistou todas as outras culturas da grande região do

Andes (Colômbia, Equador, Peru, Chile, Bolívia, Argentina). Diferentemente de outros modos de colonização, os incas não anularam os desenvolvimentos das culturas precedentes, ao contrário, adotaram até mesmo

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em seus modos de organização, tornando-se a cultura mais desenvolvida da região.

2 FUNDAMENTAÇÃO

Uma característica que se ressalta nos estudos dos sistemas desenvolvidos e aproveitados pelos incas, é o modo holístico em que eles lidavam com as diversas iniciativas. Esse modo compreendia: conhecimentos do entorno natural considerando a geografia e a hidrografia; a organização e o tipo de sociedade com sua cultura e religião e os princípios que orientavam a sua organização; e finalmente as técnicas que eram adaptações ao meio natural. Inicialmente é importante entender a situação geográfica do Peru, com a finalidade de compreender os processos naturais, por ser bem diferente à situação do Brasil. O entendimento do território, de sua geografia é imprescindível, mediante a análise dos aspectos qualitativos e quantitativos o meio diversificado do Peru. Assim, torna-se mais evidente a gravidade das mudanças atuais que o país enfrenta em relação à questão da água.

2.1 A situação geográfica, a hidrologia e os impactos das mudanças climáticas

O Peru se localiza no hemisfério Sul, na parte central e ocidental da América do Sul. Devido à existência da Cordilheira dos Andes, das correntes marítimas de Humboldt e do fenômeno do El Niño, o país apresenta uma diversidade de climas de quase todas as variedades climatológicas do mundo. Os climas definidos e distribuídos no Peru são: tropical permanentemente úmido (38,5%), tropical periodicamente úmido (16.2%), clima árido continental com escassas precipitações no verão (3,6%), clima árido continental com escassas precipitações no inverno (0,9%), desértico com escassas precipitações (9,2%), úmido com precipitações no verão (9,4%), frio com precipitações no verão (9,1%),extremo frio e neves perpétuas de alta montanha (13,2%).

A presença da Cordilheira do Andes resulta em um relevo extremamente acidentado, que origina a formação de três regiões geográficas chamadas Costa, Serra (Andina) e Selva(Amazônia). A Costa possui solo seco e arenoso, com exceção de alguns vales férteis. Seu relevo é relativamente plano com pequenas elevações denominadas lomas (colinas). A sua altitude é de 0 até 500m acima do nível do mar. A Serra esta Constituída pela cordilheira dos Andes que segue a direção Noroeste- Sudeste, a qual se comporta como uma espécie de coluna vertebral do território. Possui relevo muito acidentado, dotado de vales profundos e estreitos, além de elevadas cimeiras com neves perpétuas. Nas suas cimeiras, se iniciam os rios das vertentes do Pacífico, Titicaca e Atlântico, que representam uma divisória continental de águas.

A queda das águas da cordilheira contribui para a geomorfologia, sendo muito aproveitada na construção de centrais hidroelétricas e de represas, e também influencia na distribuição da prática agrícola. Os melhores solos para a atividade agrícola se localizam no fundo dos vales, enquanto na parte alta andina são abundantes os gramados naturais, que permitem o desenvolvimento e criação de gado. Por tais contribuições, esta região é de grande influência no desenvolvimento socioeconômico do país. Por fim, a Selva é a maior parte da região, que se encontra coberta por bosques tropicais. Seu relevo é constituído por encostas e planícies que fazem parte da bacia do Amazonas.

Pelo fato de o Peru ser um país com acesso ao mar, se vê influenciado diretamente pelas correntes marítimas que podemos definir como deslocamentos aquáticos nos oceanos e mares. No litoral peruano, se manifestam as seguintes correntes marítimas: a contracorrente superficial, a corrente do Oeste e a corrente de Humboldt. A contracorrente superficial do Peru é composta por águas quentes que se deslocam na superfície do Pacífico em sentido norte-sul, desde a área norte do Peru até o sul. Ocorre no meio da corrente de Humboldt, e entre as estações primavera e outono. Ela influencia o litoral gerando umidade no local. A corrente de Humboldt é de água fria e de pouca profundidade, diminuindo a temperatura do litoral. Suas águas são ricas em oxigênio e plâncton, os quais contribuem para a origem de uma numerosa e variada vida submarina.

A presença da água se faz de forma superficial ou subterrânea. Infelizmente, a informação dos recursos subterrâneos é limitada pela ausência de estudos recentes. O Peru apresenta três vertentes hidrográficas de água superficial que se originam nos Andes, denominadas: do Pacífico, do Atlântico e a

vertente do Titicaca. A mais conhecida é a do Pacífico já que o setor privado aproveita muito deste recurso ao contrario das vertentes localizadas na Serra e na Selva.

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Atualmente é evidente a crise climática que se vivencia no mundo todo. Diferentes dados vêm demonstrando, por exemplo, como a crescente produção de carbono CO2 se manifesta como um dos maiores expoentes do aquecimento global. Verifica-se então que a temperatura média da superfície terrestre durante o século XX aumentou 0,6 °C aproximadamente, e 2/3 do aquecimento global tem se produzido desde 1975 (TORRES, 2011).

Os países andinos apresentam cenários climáticos contrastantes, que com as mudanças dos fatores naturais se intensificam, perdendo as periodicidades climáticas que orientavam os seus habitantes no momento da produção de alimentos, organização de trabalho, e até previsão de gastos. Segundo Vacacela (2011), a região concentra 95% das montanhas geladas do mundo, esta região também sofre grandes impactos pelas bruscas alterações de ordem climáticas. Houve Perda e diminuição das geleiras, o que influencia na consequente diminuição de água para o consumo humano, bem como na produção de energia hidroelétrica e a agricultura. No ano 2000, estimou-se que 73% da energia elétrica na região era gerada pelas centrais hidroelétricas, e com a diminuição das geleiras também se diminuiria a capacidade de produção. As geleiras localizadas a menos de 5000m sobre o nível do mar correm o risco de desaparecer, em regiões onde ocorre a diminuição acelerada das geleiras crescem os riscos de inundações. Esses fenômenos colocam em risco a grande biodiversidade dos Andes.

O fenômeno do El Niño, o qual em certa época se apresentava em média a cada oito anos, passou a ocorrer em períodos de três a quatro anos, o que significa maior frequência de inundações e secas. A agricultura de subsistência se vê gravemente afetada.Plantas e animais estão mudando a sua localização geográfica tradicional, afetando os ecossistemas e a agricultura nas zonas.O aumento gradativo do nível do mar afetará gravemente os assentamentos localizados nas proximidades.Considerando o aspecto econômico, o impacto das mudanças climáticas na região andina também significará grandes perdas.

Enquanto foram realizados diferentes estudos sobre a região dos Andes tornara-se muito evidentes as problemáticas de diálogo entre o setor afetado e as políticas assumidas. Por isso entende-se que mais que propor um conjunto de soluções técnicas, faz-se necessário a adoção um entendimento antropológico sobre o assunto.

As populações localizadas nos Andes ainda contam com uma cultura fortemente enraizada em costumes ancestrais típicos da sua sociedade, os quais não podem ser desconsiderados. Por isso decidiu-se que as características que orientavam a sociedade inca deveriam ser abordadas, por ser a ultima cultura a se desenvolver antes da chegada dos espanhóis.

As sociedades pré-hispânicas do Peru se desenvolveram essencialmente nas regiões da Costa e da Serra. A água, por ser escassa, foi uma preocupação para a população desde as comunidades mais antigas. Eles focaram suas atividades no aproveitamento da água; para isso deveriam primeiro encontrá-la, distribuí-la e finalmente controlá-la. Na região da Costa, encontra-se em algumas zonas infiltrações naturais, provenientes principalmente dos Andes, que não apresentam água superficial. Na área onde ocorre a infiltração, a maioria da água é absorvida pelas areias e o solo, e se desloca subterraneamente até chegar na superfície novamente.

Com o conhecimento das técnicas ancestrais, observando-se a geografia do Peru, verifica-se que este território sempre esteve exposto a climas radicais. A diferença decorre na frequência em que estas mudanças se apresentam atualmente. No momento de se classificar os cenários atuais, os especialistas que atuam na região, se orientam em informação de tipo qualitativa e quantitativa. Mas tendo em vista a falta de informações quantitativas, já que este tema ainda é uma novidade ainda sem tantos valores numéricos, e tomando em conta o alto conhecimento das populações dos Andes em relação ao seu entorno, a classificação de cenários é principalmente feita considerando as características qualitativas. Isso permite que haja maior aproximação da contemporaneidade às soluções incas, de séculos atrás.

Todavia isso não significa descartar os conhecimentos contemporâneos para lidar com a natureza, já que eles também são importantes para que se tenha uma leitura mais exata do entorno para poder reagir

nele. Como exemplo disto, seriam aproveitados os sistemas de monitoramento e estratégias de gestão de irrigação, para que fossem feitas adequações das tecnologias atualmente utilizadas, como aliadas para o enfrentamento da variabilidade climática. Segundo Torres (2011), os conhecimentos científicos atuais poderiam se complementar com os conhecimentos do entorno natural, e com os saberes ancestrais o qual

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geraria novas estratégias de adaptação frente a variabilidade climática.

Embora se conheça vários estados arcaicos que surgiram em ambientes desérticos, foram poucos os que ocuparam uma zona tão árida como o litoral e o sul do Peru. Nessas zonas, na maioria dos casos, não se consegue medir o nível de precipitação, pois ao que indica desde aquela época sempre foi muito escassa. Por isso para poder cobrir as necessidades básicas, as culturas pré-hispânicas fizeram grandes investimentos na elaboração de técnicas para o aproveitamento da água do lençol freático.

2.2 Sociedade Pré-hispânica

Torna-se fundamental o entendimento da sociedade inca e seus modos de expressão, já que esses aspectos orientam a organização física da cidade, se tornando a base do seu desenvolvimento. O seu modo de entender a vida fazia deles uma sociedade integrada ao entorno natural, mostrando em todas suas atividades a valorização do meio ambiente.

O povo obedecia ao desejo de unidade, tentando manter todas as relações entre os membros da comunidade, como casamentos, medidas de intercâmbio e normas de reciprocidade. Assim também se mantinham unidos de forma consanguínea pela ideia de ter uma mesma origem . Ayllu, também, se refere ao entorno, diferenciado no meio externo ou kaypacha, como por exemplo a casa, a chácara, o rio, o monte, porque é onde se encontram os vivos; e no meio interno, na profundidade do chão ou ukhupacha onde “habitam” os defuntos.Os bens eram igualmente distribuídos entre todos os membros. As famílias se localizavam próximas umas às outras, e se reuniam para comemorações especiais ou para trocar seus produtos nos diversos mercados. Cada filho era uma alegria que significava o crescimento da energia para o trabalho. A família ou ayllu dava garantia de alimento e abrigo para a criança, mas também lhe outorgava novas terras de cultivo e estabelecia suas obrigações.

O meio ambiente era entendido como equilíbrio ou unidade cósmica, composta por ar, fogo, solo, água, flora, fauna e sociedade. A gestão do ambiente pré-hispânico se caracteriza por não apresentar referências de desastres sociais de insalubridade ou epidemias. É possível que se deva ao entendimento animista da natureza, a qual considera que tudo ao seu redor tem um espírito, e a ruptura de algum desses elementos pode produzir a sua ira, com consequências negativas para o homem. O respeito à natureza era uma norma na sociedade pré-hispânica, que resulta de uma observação empírica, da importância da inter-relação dos elementos. A valorização da convivência com a natureza era uma característica do homem ancestral. Este fator levou a cultura andina a ter uma maior preocupação pela diversidade e pela defesa ao meio ambiente, denominado hoje de “desenvolvimento sustentável”.

Para os pré-hispânicos, os bens eram da família e a quantidade era adquirida segundo a necessidade. Também as terras não tinham limites territoriais; prova disso é que o ayllu não tinha suas terras concentradas, mas possuía também pedaços de terra no meio das terras de outro ayllu em níveis de solo em diferentes altitudes para obter uma variedade de produtos para a alimentação. O trabalho era sustentado pela participação de todos e pela reciprocidade. O trabalho de uma pessoa era o aspecto mais valorizado, sendo isto o que determinava o nível de beleza. Portanto, a beleza não era baseada em protótipos físicos como atualmente. A reputação da família dependia do cuidado das terras; possuir terras bem cuidadas significava uma maior aceitação social e motivo de festa.A comunidade participava de todos os passos do processo das atividades comunais, e eram cientes da sua importância.

A cultura dos Andes manifestou uma religião politeísta. Para eles só o sagrado governava a vida, tudo era concebido sob a ação dos espíritos manifestados em todas as formas, como humanos, fenômenos naturais, animais, etc. Os deuses não eram criadores, mas sim ordenadores e protetores das diferentes comunidades. Apesar de serem politeístas, tinham um deus supremo que planejava a partir dos desígnios, denominado pelo povo inca de ApuKonTitiWiracohca. A arte foi muito influenciada por dois aspectos: o desenvolvimento agrícola e as ideias religiosas. Por ter uma grande reserva agrícola, se tinha bastante

tempo livre para as atividades complementares, contando assim com oficinas pensadas pelos ayllus. A arte, assim como a própria sociedade, não se desenvolveu com um caráter individualista, mas coletivo. Sendo assim, as expressões artísticas que mais se ressaltaram foram a dança e a arquitetura, por incluírem toda a comunidade.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente foram analisadas a Geografia e Hidrografia peruana, reconhecendo as suas principais características e dificuldades e, posteriormente, foram evidenciadas as consequências das mudanças climáticas na questão da água no Peru (TORRES, PORTOCARRERO e GÓMEZ, 2008). Posteriormente foram aprofundados estudos sobre a sociedade inca para se ter o entendimento da região onde se desenvolveram e os métodos construtivos utilizados nas respectivas regiões.

Optou-se por analisar a cultura inca que reuniu conhecimentos e referências de organização social das culturas que a precederam. Identificaram-se exemplos de técnicas com aplicações de soluções hídricas relacionadas com as alterações climáticas na região da Costa e da Serra do Peru. Nas técnicas selecionadas foram aprofundados os aspectos relacionados às características das zonas (RIVASPLATA 2005, SCHREIBER E ROJAS 2006). O sistema holístico dos incas baseava-se na relação da cidade-campo interligada à preocupação em diferentes aspectos, desde segurança, comodidade e harmonia com o meio ambiente.

Figura 01: Sistema hidráulico pré-hispânico. Fonte: Melissa Aragón Escobedo adaptado de www.hidraulciainca.com

Para um melhor entendimento da visão holística das técnicas hidráulicas, foram enumerados alguns princípios que serão detalhadas nos resultados.

Princípios Descrição 1 Zonas altas deveriam ser florestadas 2 Deveriam ser criadas represas situadas nas áreas andi-

nas mais altas, longe dos canais dos rios, para armazenar águas das chuvas, de até quase um milhão de metros cúbicos.

3 Deveriam implantar observatórios solares próximos às represas, em áreas menos vulneráveis e de maior visua-lização do vale. Serviriam para acompanhar as mudanças climáticas com o calendário solar.

4 Moradias deveriam ser localizadas nas partes altas para evitar inundações

5 Deveria ser elaborado um sistema de plataformas que aproveitasse de todos os níveis de altitude para produzir diferentes tipos de alimento;

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Cochas, criadas com a finalidade de receber as águas provenientes dos aquedutos e amunas.

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Em continuidade serão descritos as principais técnicas ancestrais desenvolvidas da região Andina, da Costa até os Andes peruanos, uma vez que estas técnicas amenizam os contrastes climáticos.

6 Sistema de amunas, espécie de canais deveriam acom-panhar as predominantes curvas de nível. As amunas eram conduzidas até um lugar aberto chamado cochas para receber as águas e depois eram filtradas pela mon-tanha para posteriormente surgirem em níveis mais bai-xos nos puquiales

7 Puquiales eram como espécies de grutas de água locali-zados em pontos mais baixos.

8 Canais de irrigação que conduzissem as águas às áreas mais distantes, que às vezes contavam com melhores qualidades de solo.

9 Florestamento nas margens dos rios para maior seguran-ça através do melhor direcionamento das correntes de água, evitando transbordar.

10 WaruWaru situadas em áreas inundáveis ou inundadas, eram tipos de plataformas rodeadas de água para produ-ção de alimentos. Eles criavam um microclima que ame-niza as geadas características daquelas áreas.

11 Aquedutos: conduziam as filtrações dos rios por seções subterrâneas.

12 Cochas, criadas com a finalidade de receber as águas provenientes dos aquedutos e amunas.

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HUACHAQUES

Esta técnica se desenvolveu no litoral peruano, e foi realizada por meio de escavações de poças que foram drenados por canais, mediante a plantação de plantas com raízes grossas e carnosas, que são adequadas para esse tipo de solo. Assim, então, preenche-se a área até a sedimentação artificial se transformar em um local apto para a agricultura. Esse sistema não precisa ser regado porque a umidade já se torna suficiente.

CHÁCARAS AFUNDADAS OU MAHAMAES

Esse sistema também é próprio da Costa peruana, além disso, aproveita-se também a água do subsolo. Primeiramente, se removia a terra ou areia até chegar ao lençol freático, o que representava uma terra fértil de cultivo. Assim, as plantações chegavam a ter até 6m de profundidade e entre 100 a 200 metros quadrados de área.

TERRAÇOS E BANCADAS

Existem vários fatores que prejudicam as terras cultiváveis nas sociedades próximas à Cordilheira dos Andes, como por exemplo, a elevada inclinação das terras, e a perda rápida de nutrientes e de camada agrícola devido a velocidade com que as chuvas são escoadas. Como solução para esses fatores foram construídos terraços acompanhados por canais que em conjunto assumem o nome de Andenes. O sistema de fachadas de pedra que contornam as plataformas tem funções muito importantes como: amenizar as temperaturas; reter as águas que chegam aos terraços; armazenar por um período maior o calor em comparação das terras secas; e aliviar a produção no período de geadas prolongando assim, a temporada de cultivo em maiores

Figura 02: Corte esquemático de huachaque Fonte: Melissa Aragón Escobedo.

Figura 03: Huchaque em desuso Fonte: Disponível em http://www.flickr.com/

search/?q=huachaque. Acesso em 18 fev. 2013

Figura 04: Corte de evolução dos MAHAMAES Fonte: Disponível em http://www.lamolina.edu.

pe. Acesso em 18 fev. 2013.

Figura 05: Exemplo de chácara afundada ainda em uso Fonte: Disponível em http://galathea3.emu.dk. Acesso em 18 fev.

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altitudes. Além disso, os andenes também diminuem os deslizamentos de terra e de erosão. A presença dos terraços nas cidades pré-hispânicas tinha uma ligação direta com o urbano, assumindo-se, assim, uma situação de complementaridade. Machu Picchu expressa muito bem esse diálogo do rural com o urbano, bem como ambos com o meio natural.

CAMELLONES OU WARUWARU

Na Serra ao sul do Peru, os camellones ou waruwaru foram uma solução valiosa às áreas úmidas ou inundadas ao redor do lago Titicaca. Eles são campos elevados sobre a superfície original do terreno, com o qual se aproveita o solo, a umidade, a água e o controle de temperatura, são campos compridos; intercalados com canais com pedras no fundo, dos quais se extraiu o solo para formar os terraplanes. A partir dessa técnica, conseguiu-se ampliar as áreas férteis, manter os níveis adequados de umidade, dissolver os sais com as a água das precipitações trazidas pelos canais de drenagem e criar microclimas que atenuavam as geladas ate em 2,5°C gerando assim condições favoráveis para o desenvolvimento dos cultivos. Os maiores camellones chegaram a atingir 200 metros por 50 de largura.

CANAIS

Os canais exerciam a função de abastecer de água as cidades, por isso tinham uma grande influência na organização e hierarquização dos espaços, esse é o caso de Machupicchu a onde os incas fizeram um sistema

Figura 07: Fotografia panorâmica cidade de Pisac Fonte: Disponível em http://ekayasolutions.blogspot.

com.br/search?q=pisac. Acesso em 18 fev. 2013.

Figura 08: Corte decamellones indicando a sua composição de camadas. Fonte: Disponível em http://hernehunter.blogspot.com.

br/2010_09_01_archive.html. Acesso em 18 fev. 2013.

Figura 09: Camellones ainda utilizados Fonte: Disponível em http://www.incas.info.

Acesso em 18 fev. 2013.

Figura 06: Corte esquemático de um terraço. Fonte: Disponível em http://

moleskinearquitectonico.blogspot.com.br. Acesso em 18 fev. 2013.

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de coleta principal que conduzia a água a traves de uma vala de 80cm ate a fonte secundária localizada aproximadamente a 80m ao leste da fonte principal. A fonte secundaria tinha a função de distribuição da água que escorre ao longo de um canal de 749m de comprimento, 10 a 12cm de largura, 10 a 16cm de profundidade, e 3%

de inclinação. A partir do desenho do canal determina-se a localização da residência do imperador e a distribuição geral da cidade. A drenagem das águas das chuvas foi tão importante que representou o 60% de esforços empregados na hora da construção da cidade de Machupicchu. Esta técnica aproveitou-se das inclinações do terreno por meio de canais longitudinais. Porém, no interior do terraço a drenagem era mediante rochas e areia que filtravam a água. Na área urbana existia gramado que era colocado ao redor das moradias permitindo a absorção da água, em outros casos os canais de drenagem acompanhavam escadas e calçadas no interior dos templos. Um sistema inovador aconteceu através de canais no interior das paredes conforme é ilustrado. Essa última técnica mostra a ligação entre função e forma, já que embora tenham sido construídas para potencializar a duração da cidade, ela teve uma influência no aspecto formal da mesma.

AQUEDUTO PUQUIOS

Puquios são aquedutos subterrâneos localizados em Nazca, na costa norte central do Peru; esta zona se caracteriza pelo alto nível de seca. Esse sistema consistia em levar as águas do subsolo para a superfície e assim, proporcionando para a agricultura uma irrigação confiável, mas também um abastecimento de água doméstica para todo o ano. Chegou até 16km de comprimento de terras.Opuquio é um poço horizontal, ou seja, uma vala ou uma galeria subterrânea que conecta um ponto da superfície com a água subterrânea. A água do subsolo é filtrada dentro do puquio, flui através deles e direciona-se a um pequeno reservatório ou nos canais de irrigação.

Figura 12: Gráfico funcional dos puquios Fonte: Disponível em http://pueblosoriginarios.com/sur/andina/nasca/puquio.html. Acesso em 18 fev. 2013.

Figura 10: Corte das paredes de Machu Picchu considerando canal interno de drenagem. Fonte:

Disponível em http://moleskinearquitectonico.blogspot.com.br. Acesso em 18 fev. 2013.

Figura 11: drenagem superficial nas paredes de Machu Picchu Fonte: Disponível em http://

moleskinearquitectonico.blogspot.com.br. Acesso em 18 fev. 2013

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4.1 Conclusão dos resultados

As técnicas ancestrais estudadas têm em comum a utilização de ferramentas naturais para o seu desenvolvimento, sendo todas, uma adaptação dos recursos já existentes no meio natural. A utilização dessas técnicas pode ser acessível às populações que possuem as mesmas necessidades, já que se tem como fonte os recursos naturais, tornando-se assim, técnicas de fácil manejo e construção. Porém, devido á complexidade do processo construtivo é fundamental a participação ativa e contínua de grande mão de obra.

As técnicas analisadas têm em comum a sequencia do processo, primeiramente a coleta do recurso da água através de camadas permeáveis, aquedutos, desnível do terreno, seguidos pelo direcionamento das aguas por meio de canais externos, no subsolo, e, também pelas paredes que compõe a arquitetura, chegando até aos espaços destinados à agricultura.

Tendo em vista as problemáticas apresentadas nesta pesquisa relacionadas à questão das mudanças climáticas e possibilidade de escassez de água do Peru, foram apresentadas como hipóteses para solução do desequilíbrio ambiental, técnicas utilizadas pelos antigos povos pré-hispânicos, os incas, e que, se forem aliadas àquelas existentes na atualidade, podem ser tornar ferramentas úteis para alcançar o equilíbrio dos recursos naturais do país. Para que estas propostas sejam concretizadas é necessário que novas pesquisas sejam realizadas visando à viabilidade socioeconômica, ambiental e construtiva, com detalhamento do modo de execução das técnicas integrada à gestão das políticas governamentais.

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Figura 14: Vista aérea do cultivo e dos dos puquios

Fonte: Disponível em http://pueblosoriginarios.com

Figura 13: Perspectiva funcional dos puquios Fonte: Disponível em http://pueblosoriginarios.com. Acesso em 18 fev. 2013.

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