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Ao cineasta Fernando Meirelles Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelos excelentes trabalhos feitos no cinema, pois nota-se uma preocupação em associar nas obras cinematográficas uma função social, o que é de extrema importância para a compreensão dos fenômenos contemporâneos, tais como: a globalização; o crescimento urbano acelerado e acompanhado da falta de infra-estrutura; o fenômeno de conurbação nas grandes cidades; principalmente, a discrepância na distribuição de renda como fator preponderante para uma sociedade injusta; ainda a geopolítica, que acaba por influenciar as políticas públicas. Entretanto o que se observa em determinado segmento do cinema Hollywoodiano, é o oposto ao visto no cinema nacional. Decerto os norte americanos vislumbram a velha estrutura banal do entretenimento, atrelado a produções milionárias, uma cinematografia que reflete as aspirações de uma política econômica neoliberalista. Contudo creio ser possível a criação de filmes onde exista um engajamento social ligado à feitura. Porém, nos documentários, a característica principal, é a de uma produção de caráter revelador, além duma preocupação que excede o simples entreter. Está categoria de película atinge o feitio informativo. No entanto a repercussão de um documentário, não é nem em sombra de longe como a mesma de um filme. Ainda mais, uma obra cinematográfica pode vir a tornar-se objeto de cultura na sociedade, como o ordenamento das relações culturais. Portanto tendo em vista o fautorizado aqui, e levando-se em consideração o ideal para um filme, baseado na associação de um entretenimento de significância, a uma função social,

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Ao cineasta Fernando Meirelles

Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelos excelentes trabalhos feitos no

cinema, pois nota-se uma preocupação em associar nas obras cinematográficas

uma função social, o que é de extrema importância para a compreensão dos

fenômenos contemporâneos, tais como: a globalização; o crescimento urbano

acelerado e acompanhado da falta de infra-estrutura; o fenômeno de conurbação

nas grandes cidades; principalmente, a discrepância na distribuição de renda como

fator preponderante para uma sociedade injusta; ainda a geopolítica, que acaba por

influenciar as políticas públicas. Entretanto o que se observa em determinado

segmento do cinema Hollywoodiano, é o oposto ao visto no cinema nacional.

Decerto os norte americanos vislumbram a velha estrutura banal do entretenimento,

atrelado a produções milionárias, uma cinematografia que reflete as aspirações de

uma política econômica neoliberalista.

Contudo creio ser possível a criação de filmes onde exista um engajamento

social ligado à feitura. Porém, nos documentários, a característica principal, é a de

uma produção de caráter revelador, além duma preocupação que excede o simples

entreter. Está categoria de película atinge o feitio informativo. No entanto a

repercussão de um documentário, não é nem em sombra de longe como a mesma

de um filme. Ainda mais, uma obra cinematográfica pode vir a tornar-se objeto de

cultura na sociedade, como o ordenamento das relações culturais. Portanto tendo

em vista o fautorizado aqui, e levando-se em consideração o ideal para um filme,

baseado na associação de um entretenimento de significância, a uma função social,

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resolvi descrever uma proposta de roteiro (pré-roteiro), nos moldes de um cinema

engajado socialmente.

O enredo se passará entorno de um personagem secular, o “Hitman”, que teve a

origem nas HQs, ali visto como um herói, mas com um caráter dúbio. Entretanto em

meados de 2001 a produtora de jogos para videogame, a Eidos Interactive, assumiu

o personagem dando-lhe uma nova “roupagem”. A empresa cria uma franquia e

fatura milhões. O personagem nos jogos passa a ser uma lenda urbana, com

características bem peculiares e atraentes para o cinema, não só pelo seu olhar

introspectivo, ou pela sequidão e glutonaria demonstrada nos jogos, mas como pela

capacidade que Hitman tem de trazer a tona, cenários por onde passa, desde

subúrbios onde a pobreza e a insanidade se confundem, como também, casas

suntuosas, recheadas de hipocrisia e individualismo, donde as classes dominantes

residem. Personagens como Hitman, suscitam nas pessoas uma sensação de

inversão de valores. Ele é visto como alguém com modos que não nos serve de

arquétipo para conduta social. Destarte, em determinadas circunstâncias, passamos

a assentir a favor da vida desta personalidade. Neste momento o vilão torna-se um

herói. Exemplo como este, podemos citar “Sandro Barbosa” do documentário

“Ônibus 174”. Quem acompanhou o filme que registra aspectos históricos da

realidade, e não sabia do seu desfecho, torceu por cada instante pela vida de

Sandro. Outro personagem que se assemelha com o caráter de Hitman seria

“Macunaíma” de “Mário de Andrade”, ambos são considerados como anti-heróis,

indígetes sem nenhum caráter, como então fora considerado Macunaíma. Sendo

assim Hitman seria uma contemporização do anterior.

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Segundo a Eidos, Hitman seria Idealizado pelo professor e cientista Ort-Meyer,

“um homem criado cientificamente para matar foi construído com todas as

habilidades de um assassino impiedoso”. Frio, calculista e, acima de tudo, discreto,

o elegante personagem aprendeu a viver “à surdina” e carrega consigo uma

voracidade assustadora. Tudo isso armazenado em seu código de barras impresso

na nuca. Hitman, ou agente 47, é um assassino treinado para executar missões

extremamente complexas, com o máximo de eficiência e o mínimo de estardalhaço.

Seu apelido vem dos dois últimos dígitos do código de barras tatuados em sua

nuca (640509-040147) e do fato dele ter um cromossomo a mais. Ele não tem

nome, mas usa vários aliases, como Tobias RieperMetzger ("açougueiro" em

alemão), Sr. Julio, Sr. Byrd, Sr. Johnson, Jacob Leiter, e Dr. Cropes (um anagrama

de "corpse", inglês para "cadáver") (possivelmente inspirado em "Grim Reaper", um

nome em inglês para o Anjo Da Morte).

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Cabe destacar nos trabalhos da Eidos, o som e a música de fundo -

perfeitamente adequados em todos os momentos - receberam um tratamento digno

de nota máxima. O clima noir, depressivo, tenso e angustiante em que o Agente 47

se vê durante toda a estória nos jogos, é acompanhado de acordes que seguem

essas características e comandam as situações de perigo e risco das missões, com

efeitos que ganham corpo durante as tramas. Responsável pela produção sonora, o

estúdio nova-iorquino liderado pelo músico “Jesper Kyd”, também se preocupou com

o barulho provocado pelos diferentes estampidos das armas de fogo, e pelas

condições climáticas diversas, como o cair da neve na Sibéria ou a chuva torrencial

misturada aos barulhos provenientes dos jardins da mansão da família Beldingford,

na Inglaterra. As vozes e sotaques dos personagens também foram produzidos de

maneira formidável, com destaque ao personagem principal, que reflete a angústia e

a situação metuenda de um assassino profissional criado para um único propósito,

de certa forma, impulsionado a acometê-lo.

Contudo era de se esperar que uma adaptação surgisse para os cinemas, o

que aconteceu no final de 2007, uma versão fútil do personagem foi apresentada. O

público e a crítica acolheram negativamente o filme, que ao estrear nos cinemas

americanos recebeu várias opiniões contrárias e comentários poucos acalorados.

Como é possível constatar pelo site Rotten Tomatoes - que faz um apanhado geral

de dezenas de resenhas publicadas em várias mídias como jornais, revistas e sites -

onde o filme está sendo apontado com uma nota de 13/100, com 48 reviews até

aqui. As várias opiniões retratam “Hitman” como uma película de enredo pobre, sem

profundidade, e indicado apenas para quem aprecia explosões, sangue e mulheres

russas em trajes pequenos.

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Portanto acredito que uma parceria entre um grande cineasta, a Eidos Interactive

e uma produtora de filmes, seria o suficiente para criação duma adaptação com o

personagem aqui descrito. Uma produção voltada para o cinema engajado

socialmente, que abordasse os temas citados no começo deste manuscrito, pois

Hitman foi capaz de carregar nas costas uma seqüência de jogos, mesmo estes

fundados em enredos pouco elaborados, o que evidencia como peça vital para o

sucesso da franquia de jogos, o arcabouço psicológico que envolve o então

personagem.

Entrementes a melhor maneira de mostrar uma realidade no cinema é maquiá-la

e deixá-la surgir de forma sutil. Neste aspecto Hitman será peça fundamental.

Imagine uma estação, onde milhares de pessoas formão um conglomerado de

raças, etnias, condições sociais distintas, e de repente alguém se depara com um

homem bem trajado, calvo, com uma tatuagem na nuca, uma aparência fria e um

aspecto introspectivo. A reação perante a ele, de início, é de perplexidade, mas

como nas cidades a miscigenação de coisas é presente e o ritmo nas rotinas

quotidianas é norteador, logo ocorre a acomodação com aquela presença. As

pessoas se habituam à indiferença, ao racismo, as desigualdades, aos cânones

inerentes à mudança, a tudo aquilo que individualiza os seres na sociedade

contemporânea. Isso nos mostra um processo de “dessocialização” no mundo

coetâneo, adiante do fenômeno da globalização, que traz a falsa idéia do

rompimento das barreiras que separam as etnias no mundo. Portanto Hitman se

mistura facilmente na orbe atual, pois a nossa inércia perante ao diferente vai muito

além da aparência, atinge implacavelmente na tendência individualista do homem.

Todavia Hitman, se bem adaptado, tem tudo para ser um grande sucesso no

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cinema, em âmbito mundial, pois com este figura é possível retratar “diferentes

realidades” que se “tangenciam” pelo mundo, de forma que as pessoas possam se

identificar com uma realidade solapada. Desse modo Hitman passa para o papel de

coadjuvante, enquanto o cenário em que o personagem está circunscrito, ascende

ao lugar precípuo.

Sem mais rodeios, segue em apenso a descrição da proposta de roteiro

(Argumento) que elaborei para este possível filme, também caminham em anexo

algumas trilhas sonoras que podem servir de base para a ambientação da obra. Se

for de agrado entre em contato.

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