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Ao cineasta Fernando Meirelles
Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelos excelentes trabalhos feitos no
cinema, pois nota-se uma preocupação em associar nas obras cinematográficas
uma função social, o que é de extrema importância para a compreensão dos
fenômenos contemporâneos, tais como: a globalização; o crescimento urbano
acelerado e acompanhado da falta de infra-estrutura; o fenômeno de conurbação
nas grandes cidades; principalmente, a discrepância na distribuição de renda como
fator preponderante para uma sociedade injusta; ainda a geopolítica, que acaba por
influenciar as políticas públicas. Entretanto o que se observa em determinado
segmento do cinema Hollywoodiano, é o oposto ao visto no cinema nacional.
Decerto os norte americanos vislumbram a velha estrutura banal do entretenimento,
atrelado a produções milionárias, uma cinematografia que reflete as aspirações de
uma política econômica neoliberalista.
Contudo creio ser possível a criação de filmes onde exista um engajamento
social ligado à feitura. Porém, nos documentários, a característica principal, é a de
uma produção de caráter revelador, além duma preocupação que excede o simples
entreter. Está categoria de película atinge o feitio informativo. No entanto a
repercussão de um documentário, não é nem em sombra de longe como a mesma
de um filme. Ainda mais, uma obra cinematográfica pode vir a tornar-se objeto de
cultura na sociedade, como o ordenamento das relações culturais. Portanto tendo
em vista o fautorizado aqui, e levando-se em consideração o ideal para um filme,
baseado na associação de um entretenimento de significância, a uma função social,
resolvi descrever uma proposta de roteiro (pré-roteiro), nos moldes de um cinema
engajado socialmente.
O enredo se passará entorno de um personagem secular, o “Hitman”, que teve a
origem nas HQs, ali visto como um herói, mas com um caráter dúbio. Entretanto em
meados de 2001 a produtora de jogos para videogame, a Eidos Interactive, assumiu
o personagem dando-lhe uma nova “roupagem”. A empresa cria uma franquia e
fatura milhões. O personagem nos jogos passa a ser uma lenda urbana, com
características bem peculiares e atraentes para o cinema, não só pelo seu olhar
introspectivo, ou pela sequidão e glutonaria demonstrada nos jogos, mas como pela
capacidade que Hitman tem de trazer a tona, cenários por onde passa, desde
subúrbios onde a pobreza e a insanidade se confundem, como também, casas
suntuosas, recheadas de hipocrisia e individualismo, donde as classes dominantes
residem. Personagens como Hitman, suscitam nas pessoas uma sensação de
inversão de valores. Ele é visto como alguém com modos que não nos serve de
arquétipo para conduta social. Destarte, em determinadas circunstâncias, passamos
a assentir a favor da vida desta personalidade. Neste momento o vilão torna-se um
herói. Exemplo como este, podemos citar “Sandro Barbosa” do documentário
“Ônibus 174”. Quem acompanhou o filme que registra aspectos históricos da
realidade, e não sabia do seu desfecho, torceu por cada instante pela vida de
Sandro. Outro personagem que se assemelha com o caráter de Hitman seria
“Macunaíma” de “Mário de Andrade”, ambos são considerados como anti-heróis,
indígetes sem nenhum caráter, como então fora considerado Macunaíma. Sendo
assim Hitman seria uma contemporização do anterior.
Segundo a Eidos, Hitman seria Idealizado pelo professor e cientista Ort-Meyer,
“um homem criado cientificamente para matar foi construído com todas as
habilidades de um assassino impiedoso”. Frio, calculista e, acima de tudo, discreto,
o elegante personagem aprendeu a viver “à surdina” e carrega consigo uma
voracidade assustadora. Tudo isso armazenado em seu código de barras impresso
na nuca. Hitman, ou agente 47, é um assassino treinado para executar missões
extremamente complexas, com o máximo de eficiência e o mínimo de estardalhaço.
Seu apelido vem dos dois últimos dígitos do código de barras tatuados em sua
nuca (640509-040147) e do fato dele ter um cromossomo a mais. Ele não tem
nome, mas usa vários aliases, como Tobias RieperMetzger ("açougueiro" em
alemão), Sr. Julio, Sr. Byrd, Sr. Johnson, Jacob Leiter, e Dr. Cropes (um anagrama
de "corpse", inglês para "cadáver") (possivelmente inspirado em "Grim Reaper", um
nome em inglês para o Anjo Da Morte).
Cabe destacar nos trabalhos da Eidos, o som e a música de fundo -
perfeitamente adequados em todos os momentos - receberam um tratamento digno
de nota máxima. O clima noir, depressivo, tenso e angustiante em que o Agente 47
se vê durante toda a estória nos jogos, é acompanhado de acordes que seguem
essas características e comandam as situações de perigo e risco das missões, com
efeitos que ganham corpo durante as tramas. Responsável pela produção sonora, o
estúdio nova-iorquino liderado pelo músico “Jesper Kyd”, também se preocupou com
o barulho provocado pelos diferentes estampidos das armas de fogo, e pelas
condições climáticas diversas, como o cair da neve na Sibéria ou a chuva torrencial
misturada aos barulhos provenientes dos jardins da mansão da família Beldingford,
na Inglaterra. As vozes e sotaques dos personagens também foram produzidos de
maneira formidável, com destaque ao personagem principal, que reflete a angústia e
a situação metuenda de um assassino profissional criado para um único propósito,
de certa forma, impulsionado a acometê-lo.
Contudo era de se esperar que uma adaptação surgisse para os cinemas, o
que aconteceu no final de 2007, uma versão fútil do personagem foi apresentada. O
público e a crítica acolheram negativamente o filme, que ao estrear nos cinemas
americanos recebeu várias opiniões contrárias e comentários poucos acalorados.
Como é possível constatar pelo site Rotten Tomatoes - que faz um apanhado geral
de dezenas de resenhas publicadas em várias mídias como jornais, revistas e sites -
onde o filme está sendo apontado com uma nota de 13/100, com 48 reviews até
aqui. As várias opiniões retratam “Hitman” como uma película de enredo pobre, sem
profundidade, e indicado apenas para quem aprecia explosões, sangue e mulheres
russas em trajes pequenos.
Portanto acredito que uma parceria entre um grande cineasta, a Eidos Interactive
e uma produtora de filmes, seria o suficiente para criação duma adaptação com o
personagem aqui descrito. Uma produção voltada para o cinema engajado
socialmente, que abordasse os temas citados no começo deste manuscrito, pois
Hitman foi capaz de carregar nas costas uma seqüência de jogos, mesmo estes
fundados em enredos pouco elaborados, o que evidencia como peça vital para o
sucesso da franquia de jogos, o arcabouço psicológico que envolve o então
personagem.
Entrementes a melhor maneira de mostrar uma realidade no cinema é maquiá-la
e deixá-la surgir de forma sutil. Neste aspecto Hitman será peça fundamental.
Imagine uma estação, onde milhares de pessoas formão um conglomerado de
raças, etnias, condições sociais distintas, e de repente alguém se depara com um
homem bem trajado, calvo, com uma tatuagem na nuca, uma aparência fria e um
aspecto introspectivo. A reação perante a ele, de início, é de perplexidade, mas
como nas cidades a miscigenação de coisas é presente e o ritmo nas rotinas
quotidianas é norteador, logo ocorre a acomodação com aquela presença. As
pessoas se habituam à indiferença, ao racismo, as desigualdades, aos cânones
inerentes à mudança, a tudo aquilo que individualiza os seres na sociedade
contemporânea. Isso nos mostra um processo de “dessocialização” no mundo
coetâneo, adiante do fenômeno da globalização, que traz a falsa idéia do
rompimento das barreiras que separam as etnias no mundo. Portanto Hitman se
mistura facilmente na orbe atual, pois a nossa inércia perante ao diferente vai muito
além da aparência, atinge implacavelmente na tendência individualista do homem.
Todavia Hitman, se bem adaptado, tem tudo para ser um grande sucesso no
cinema, em âmbito mundial, pois com este figura é possível retratar “diferentes
realidades” que se “tangenciam” pelo mundo, de forma que as pessoas possam se
identificar com uma realidade solapada. Desse modo Hitman passa para o papel de
coadjuvante, enquanto o cenário em que o personagem está circunscrito, ascende
ao lugar precípuo.
Sem mais rodeios, segue em apenso a descrição da proposta de roteiro
(Argumento) que elaborei para este possível filme, também caminham em anexo
algumas trilhas sonoras que podem servir de base para a ambientação da obra. Se
for de agrado entre em contato.
ANDRÉ NEVES LIRATELEFONE: (11) 4365-1950 * CELULAR: (11) 9778-2231
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