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ENGENHARIA DE TEMPOS E MÉTODOS APLICADOS A UMA EMPRESA DE
CONFECÇÃO DE MODA MASCULINA EM TERESINA - PI
BREHNO NARCISO DE CASTRO OLIVEIRA1
FRANCISCO DE TARSO RIBEIRO CASELLI2
FRANCISCO DE ASSIS DA SILVA MOTA3
FRANCISCO FRANCIELLE PINHEIRO DOS SANTOS4
MILCÍADES PEREIRA DA SILVA JUNIOR5
Resumo
O Estudo de tempos e métodos tem como principal objetivo determinar o intervalo de tempo
que uma pessoa qualificada e devidamente treinada gastaria para executar determinada
operação, trabalhando em um ritmo normal e padronizá-lo para toda a organização. O presente
trabalho consiste no estudo de tempo e métodos em uma empresa de confecção de roubas
masculinas localizada em Teresina – PI onde se buscou calcular o tempo médio do processo,
padronizá-lo para todas as operadoras e auxiliar a gerente responsável na definição de metas
diárias. O resultado do estudo possibilita se elaborar metas diárias concretas e realistas além da
possibilidade da criação de um sistema de bonificações para as metas atingidas ou
ultrapassadas, e/ou descontos por produções abaixo das metas.
Palavras-chave: Engenharia de métodos, controle da produção, confecção.
1.Introdução
As organizações produtivas buscam formas de aumentar seus lucros através do aumento da
produtividade ou da redução de custos. Ambos os caminhos passam pelo correto planejamento
e controle do processo produtivo que só é possível a partir do pleno conhecimento do mesmo.
Um dos setores produtivos com maior destaque na cidade de Teresina é o setor têxtil com
diversas industrias produzem de calças jeans a roupas íntimas. No entanto é preciso que estas
melhorem seu controle e desenho do processo produtivo investindo mais na capacitação e
melhoria técnica de seu sistema de produção. Neste intuito o presente trabalho visa colaborar
no processo de gestão de uma linha de produção de camisaria encontrando os tempos padrão
para o processo de forma a poder avalia-lo e estabelecer metas de melhoria e controle.
2.Fundamentação Teórica
Uma organização fabril, assim como, o corpo humano se compõe de diversas partes que
interagem entre si. Segundo Slack et al. (2007) as principais funções de uma organização
produtiva são marketing, desenvolvimento de produto/serviço e função produção. A função
1 Universidade Federal do Piauí – UFPI Graduando em Engenharia de Produção 2 Universidade Federal do Piauí – UFPI Mestre em Eng. de Produção 3 Universidade Federal do Piauí – UFPI Mestre em Eng. Química 4 Universidade Federal do Piauí – UFPI Doutor em Eng. Química 5 Universidade Federal do Piauí – UFPI Graduando em Eng. de Produção
2
produção pode ser apontada com coração de uma empresa devido está ser a responsável por
fabricar/executar os bens/serviços que irão satisfazer a demanda.
Na busca de satisfazer seus clientes as empresas devem desenvolver sistemas de produção e
mecanismos gerenciais mais eficientes de forma a otimizar o processo de fabricação. Diversos
estudos e métodos científicos foram desenvolvidos para melhorar os processos produtivos tendo
onde se destaca o trabalho de Frederick Taylor onde ele cria o conceito de administração
científica.
Segundo Taylor (1995) uma empresa obtém a maior eficiência quando seu sistema produtivo é
realizado com a minimização da utilização de insumos, esforço humano e menor necessidade
de inversão de capital em recursos produtivos. Para tanto é preciso desenvolver mecanismos de
análise e planejamento, organização, execução, controle e avaliação das atividades fabris.
Existem diversos ramos da ciência que estudam a melhoria do processo produtivo e entre elas
está a Engenharia de Métodos que segundo Tardin et al. (2013) estuda a organização e avalia o
melhor método, equipamentos e competências que devem ser utilizados na execução do
processo produtivo para se obter a maior produtividade, qualidade e economia na produção.
Uma das principais ferramentas da Eng. de Métodos é o estudo de tempos ou cronoanálise que
tem como principal objetivo determinar o intervalo de tempo que uma pessoa qualificada e
devidamente treinada gastaria para executar determinada operação, trabalhando em um ritmo
normal e padronizá-lo para toda a organização que é conhecido como tempo padrão (Barnes,
1977).
O processo de cálculo do Tempo padrão é subdivido em etapas conforme Martins e Laugeni
(2005) onde se deve realizar a amostra de cronometragem, calcular o tempo médio de operação,
estimar os fatores de tolerância e por fim o tempo padrão.
O Tempo médio(TM) que é a soma dos tempos dividido pelo tamanho da amostra conforme
mostra a equação 01.
𝑇𝑀 = ∑ 𝑡
𝑛 (Eq. 01)
O Fator de eficiência (FE) do operador(a), isto é, se o operador está trabalhando no seu ritmo
normal onde este fator é formado pela soma dos coeficientes relativos a habilidade (H),
condições (C), esforço (E), e Consistência (Con) tomando como base os estudos de Peinado
Grael (2007) e Bartalot (2009) conforme mostra a equação 2.
FE = H+ C + E+ Con (Eq. 02)
3
O Tempo normal (TN) é obtido multiplicando o TM pelo FE conforme equação 03.
TN = TM X FE (Eq. 03)
Dificilmente as pessoas trabalham sem interromper seu trabalho para suprir necessidades
pessoais ou descanso, deve-se calcular esse tempo de interrupções, conhecido como fator de
tolerância (FT) que pode ser obtido pela soma dos valores mostradas para os níveis de esforço
físico (EF) e mental (EM), de recuperação, monotonia (RM) e condições ambientais como
Temperatura (T), Condições atmosférica (A), Ruído (R), Umidade (U) e Vibração (V) tomando
como base nos estudos de Peinado Grael (2007) e Bartalot (2009) dado pela equação 04.
FT = (EF + EM + RM) + (T + A + R + U + V) (Eq. 04)
O tempo padrão (TP) é obtido pelo produto do TN pelo FT conforme equação 05, conforme
proposto por Martins e Laugeni (2005).
TP = TN X FT (Eq. 05)
O estudo de tempos se utiliza de ferramentas como cronômetro e amostragem de tempo para
predeterminado para se estimar o tempo padrão (FRANCISCHINI, 2010). Para Martins e
Laugeni (2005) a obtenção de padrões de tempo se deve a necessidades de eficiência do
planejamento dos recursos, avaliação do desempenho, balanceamento da produção e
determinação de custos padrão do processo. Isso possibilita eliminação de desperdícios e
estabelecer tempos padrão para a realização de uma tarefa além de metas de produtividade e
remuneração do trabalho.
3.Metodologia
O trabalho foi desenvolvido a partir da vivência in loco na linha de produção de roupas
masculina em uma empresa de confecção em Teresina – PI onde se detectou por meio da
observação e entrevista não estruturada com gestores e operadores a necessidade de estimar o
tempo padrão da operação de camisas masculinas tipo Polo, Gola V e Regata. Posteriormente
foi realizada pesquisa bibliográfica para se conhecer os procedimentos técnicos a serem
adotados para medir o tempo padrão onde foi adotado o método proposto por Martins e Laugeni
(2005) e Francischini (2010) seguindo o fluxo do processo. Depois de realizadas as
cronometragens foram calculados os demais componentes para se chegar ao tempo padrão a
4
partir do Sistema Westinghouse como proposto por Samed et al. (2010) e Alencar et. al. (2010).
Uma vez calculados os tempos padrão estes foram apresentados a gerencia para que sirvam e
informação para elaboração de metas de produção e orientação para melhoria do processo.
4.Resultados e Discussões
4.1 Descrição do Processo Produtivo
O Processo de produção da empresa começa com o recebimento da matéria-prima, que no seu
caso, sua principal matéria-prima é o tecido. Os tecidos são desenrolados e colocados para
“descansar” (deixar o tecido estático e voltar ao seu tamanho original, já que foi esticado para
ser enrolado), após o esse processo, é colocado sobre a mesa para o corte, e de acordo com a
ordem de serviço que vem da gerencia é selecionado a quantidade de tecido, as cores, os
tamanhos das camisas e que tipo de camisa é requerido, e então é feito o desenho e por fim, os
tecidos são cortados. Existem duas mesas para o corte, na primeira mesa são produzidas camisas
sobrepostas, ou seja, vários tecidos um encima do outro, e tem uma capacidade produtiva de
até 15 camisas/lâmina de tecido, já na segunda mesa, que tem aproximadamente 11 metros, tem
a capacidade produtiva de 9 camisas e só uma lâmina de tecido, pois é nela que são tratados os
tecidos mais sensíveis. Após o tecido cortado, é enviado para a serigrafia, que é localizada fora
da fábrica, para realizar a pintura e o detalhamento final do designer, então o produto quase
acabado volta para fabrica, para a costura, que conta com até 6 costureiras e é onde receberá os
retoques finais. Após costurado, o produto está pronto, é levado para a limpeza e então inspeção,
o produto devidamente limpo e ausente de defeitos ou avarias é estocado até surgir
disponibilidade ou necessidade desse produto na loja. O fluxo do processo pode ser visualizado
de forma simplificada na figura 01.
Figura 01 – Fluxo do processo produtivo simplificado
Fonte: Elaboração própria
5
4.2 Separação do processo em eventos
Foi notado durante a observação do processo, que o tempo de costura varia de acordo com o
modelo da camisa, então os eventos foram divididos de acordo com os modelos disponíveis
para a costura: Gola V, gola polo e regata.
4.2.1 Número de ciclos de cronometragens
Utilizou-se o número médio sugerido por MARTINS. Este mesmo autor sugeriu um número de
10 a 20 cronometragens, então foi utilizado um ciclo dentro dessa media sugerida.
4.2.2 Fator eficiência
Foi calculado o fator eficiência da medida de acordo com o sistema de Westinghouse, somando
todas as atribuições:
FE = B1 (Habilidade) + C (Condições) + E1 (Esforço) + C (Consistência)
FE = 0,11 + 0,02 – 0,04 + 0,01
FE = 0,10 = 10%
4.2.3 Fator tolerância
Quanto às necessidades pessoais levou-se em consideração 5% do tempo total de trabalho.
Quanto a tolerância a fadiga, foi utilizado o sistema de Westinghouse, de acordo com a tabela
2, para saber os níveis de esforço físico e mental, de recuperação, monotonia e condições
ambientais.
Para calcular o fator de Condições Ambientais (CA), usou-se os fatores presentes na tabela,
para Temperatura (T), Condições atmosférica (A), Ruído (R), Umidade (U) e Vibração (V)
CA = T + A + R + U + V
CA = 3,6 + 2,4 + 0 + 0 + 0
CA = 6%
Este valor, indica que as condições atmosféricas influenciaram negativamente o tempo de
trabalho dos operadores.
A tolerância quanto a fadiga foi calculada pela expressão:
TF = Fator A + Fator B + M + CA
Onde, o fator A esta relacionado com o esforço fisico e mental, e o B com a recuperação.
Fator A = 1,8 + 0,6
Fator A = 2,4 = 0,024
6
O Fator B é considerado 0, já que não há pausa para recuperação após o fim de um ciclo.
TF = 0,024 + 0 + 0 + 6
TF = 6,024%
O Fator de tolerância (FT) foi calculado somando a tolerancia a fadiga (TF) com as
necessidades pessoais
FT = TF + NP
FT = 6,024 + 5
FT = 11,024%
4.3 Tempo normal
4.31 Gola polo
De acordo com os dados obtidos, temos os seguintes tempos para camisas gola polo conforme
tabela 01:
Tabela 1 – Tempos da Camisa Gola polo
Fonte: Elaboração Própria
Calculando o tempo normal pela formula:
TN = TC x FE
Temos,
TN = 3,29 x 1,10
TN = 3,62
Tipo Quantidade
Produzida(pç.)
Tempo Total
(min cent.)
Tempo
Médio(min cent.)
Gola Polo 80 240 3,00
Gola Polo 68 240 3,53
Gola polo 72 240 3,33
Gola polo 79 240 3,04
Gola polo 70 240 3,43
Gola Polo 69 240 3,48
Gola Polo 73 240 3,29
Media 511 1680 3,29
7
4.3.2 Regata
De acordo com os dados obtidos, tabela 02, temos os seguintes tempos para camisas regatas:
Tabela 02 – Tempos de Camisa Regata
Fonte: Elaboração própria.
Aplicando na fórmula:
TN = TC x FE
TN = 2,46 x 1,10
TN = 2,71
4.3.3 Gola V
De acordo com os dados obtidos, tabela 03, temos os seguintes tempos para camisas regata:
Tabela 03 – Tempo de Camisas Gola V
Tipo Quantidade
Produzida(pç.)
Tempo Total
(min cent.)
Tempo
Médio(min cent.)
Gola V 88 240 2,73
Gola V 85 240 2,82
Gola V 81 240 2,96
Gola V 84 240 2,86
Gola V 89 240 2,70
Gola V 85 240 2,82
Gola V 89 240 2,70
Gola V 87 240 2,76
Media 688 1920 2,79
Fonte: Elaboração Própria
TN = TC x FE
TN = 2,79 x 1,10
Tipo Quantidade
Produzida(pç.)
Tempo
Total
(min cent.)
Tempo
Médio(min cent.)
Regata 101 240 2,38
Regata 97 240 2,47
Regata 100 240 2,40
Regata 95 240 2,53
Regata 97 240 2,47
Regata 99 240 2,42
Regata 96 240 2,50
Regata 94 240 2,55
Regata 100 240 2,40
Média 879 2160 2,46
8
TN = 3,07
4.4 Tempo padrão
4.4.1 Gola polo
Para calcular o tempo padrão, utiliza-se a fórmula:
TP = TN x FT
Então para as camisas gola polo, temos:
TP = 3,62 x 1,11024
TP = 4,019
4.4.2 Regata
Para camisas Regata, obteve-se o seguinte valor:
TP = 2,71 x 1,11024
TP = 3,01
4.4.3 Gola V
Para Gola V, obtivemos:
TP = 3,07 x 1,11024
TP = 3,41
4.5 Capacidade de produção diária
Com a jornada de trabalho de 8 horas por dia, e levando em consideração um descanso de 10
minutos em cada turno, o tempo total diário para costura é:
8 horas/dia x 60 minutos = 480 minutos/dia
Descanso diário = 2 x 10 minutos = 20 minutos/dia
Tempo de trabalho Total = 480 – 20 = 460 minutos/dia
A capacidade de produção é dada pela divisão do tempo de trabalho total pelo tempo-padrão
do produto.
Capacidade de produção Gola polo:
CP = 460/4,019
CP=114,45
9
114 camisas gola polo por dia
Capacidade de produção regata
CP = 460/3,01
CP = 152,82152 camisas Regata por dia
Capacidade de produção gola V
CP = 460/3,41
CP = 134,90134 camisas gola V por dia
Os resultados mostram que a empresa pode processar 114 camisas polo, 152 camisas regatas e
134 camisas gola V diariamente. Deste modo é possível determinar a produção média ideal e
estipular uma lote econômico de fabricação possibilitando estipular metas e identificar
possíveis gargalos.
5. Conclusão
Foram calculados os tempos padrões dos 3 tipos de camisas e suas respectivas capacidades de
produção diária, mas devemos atentar que esses valores são respectivos a apenas uma operadora
trabalhando em estado ótimo, então essa capacidade deve ser multiplicada pelo número de
operadores disponíveis para calcular-se a verdadeira produção diária.
Esses dados foram importantes para ajudar a elaboração de metas diárias mais concretas e
realista, já que havia descontentamento dos operadores em razão das metas adotadas, segundo
eles, serem inalcançáveis. Possivelmente também pode-se gerar bonificações para as metas
atingidas ou ultrapassadas, e/ou descontos por produções abaixo das metas.
O trabalho se limitou a estipular os tempos padrão para a operação de fabricação de camisas o
que é apenas a primeira etapa para o projeto e balanceamento do processo de produção. Deste
modo é sugerido como trabalho futuro a continuação do estudo de tempos para balancear e
maximizar a capacidade produtiva da empresa.
Referências
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de tempos aplicado na industrialização de guaraná em pó: uma abordagem voltada à análise de
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10
BARNES, Ralph Mosser. Estudo de movimentos e de tempos projeto e medida do trabalho.
Editora Edgard Blücher, 1977.
BERTALOT, F. Estudo de tempos e métodos na fabricação de caixas acústicas
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Universidade Anhembi, São Paulo, 2009.
FRANCISCHINI, P. G. Estudos de tempos. In: CONTADOR, J. C. (Coord.). Gestão de
operações: a engenharia de produção a serviço da modernização da empresa. São Paulo: Edgard
Blücher, 2010.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2005.
SLACK, N., CHAMBERS, S. e JOHNSTON, R. Administração da produção. 2ª Ed. São
Paulo, Atlas, 2007.
PEINADO, Jurandir; GRAEML, Alexandre Reis. Administração da produção: operações
industriais e de serviços. Curitiba: UnicenP, 2007.
SAMED, M. M. A.; BIEGAS, S.; MORETTI, I. C. e DE CARVALHO, M. H. S. Elaboração
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XXX Engep. São Carlos, 2010.
TARDIN, M. T. et al. Aplicação de conceitos de engenharia de métodos em uma panificadora:
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Salvador, 2013.
TAYLOR, F. W. Princípios da administração científica. 7. ed. São Paulo, Atlas, 1995.