Ensaio Materiais ensa15

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  • 8/14/2019 Ensaio Materiais ensa15

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    Introduo Em condies normais de uso, os produtosdevem sofrer esforos abaixo do limite de proporcionalidade, ou limite elstico,que corresponde tenso mxima que o material pode suportar.

    Em geral, os fabricantes especificam o produto para suportar esforos acimadesse limite, ensaiam os materiais, controlam o processo de produo e tomamtodos os cuidados para que o produto no apresente qualquer problema.

    Apesar de todas essas precaues, possvel que, aps algum tempo de usonormal, de repente, sem aviso prvio e sem motivo aparente, o produto simples-mente venha a falhar, deixando o usurio na mo.

    Essa falha tpica de um fenmeno chamado fadiga, que o assunto destaaula. Voc ficar sabendo o que fadiga, como se determina a resistncia fadiga, como so apresentados os resultados deste ensaio, que fatores influen-ciam a resistncia dos metais fadiga e o que pode ser feito para melhorar essa

    resistncia.No se deixe vencer pela fadiga! Estude com ateno, e ao final da aula voc

    ter adquirido uma viso geral de um tipo de ensaio de importncia fundamen-tal nas indstrias.

    Quando comea a fadiga

    Voc j sabe que toda mquina constituda por um conjunto de componen-tes. No uso normal, nunca ocorre de todos os componentes falharem ao mesmotempo. Isso porque cada um tem caractersticas prprias, uma das quais

    o tempo de vida til esperado.O ensaio de resistncia fadiga um meio de especificar limites de tenso

    e de tempo de uso de uma pea ou elemento de mquina. utilizado tambmpara definir aplicaes de materiais.

    sempre prefervel ensaiar a prpria pea, feita em condies normais deproduo. Molas, barras de toro, rodas de automveis, pontas de eixo etc. soexemplos de produtos normalmente submetidos a ensaio de fadiga.

    Quando no possvel o ensaio no prprio produto, ou se deseja compararmateriais, o ensaio feito em corpos de prova padronizados.

    Ensaio de fadiga

    Nossa aula

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    A U L ALeia com ateno:

    Fadiga a ruptura de componentes, sob uma carga bem inferior cargamxima suportada pelo material, devido a solicitaes cclicas repetidas.

    A ruptura por fadiga comea a partir de uma trinca (nucleao) ou pequenafalha superficial, que se propaga ampliando seu tamanho, devido s solicitaescclicas. Quando a trinca aumenta de tamanho, o suficiente para que o restantedo material no suporte mais o esforo que est sendo aplicado, a pea se romperepentinamente.

    A fratura por fadiga tpica: geralmente apresenta-se fibrosa na regioda propagao da trinca e cristalina na regio da ruptura repentina.

    Voc pode observar aproximadamente o que acontece na fadiga, dobrandorepetidamente um pedao de arame de ao. Aps dobrar algumas vezes, se vocobservar atentamente, notar algumas pequenas trincas. Se continuar dobrando,observar que a trinca aumenta de tamanho at ocorrer a ruptura do arame.

    O estudo da fadiga importante porque a grande maioria das falhas decomponentes de mquinas, em servio, se deve fadiga. E a ruptura por fadigaocorre sem nenhum aviso prvio, ou seja, num dado momento a mquina estfuncionando perfeitamente e, no instante seguinte, ela falha.

    Tenses cclicas

    Na definio de fadiga, destacou-se que ela se deve a esforos cclicosrepetidos. De maneira geral, peas sujeitas a fadiga esto submetidas a esforosque se repetem com regularidade. Trata-se das tenses cclicas.

    A tenso cclica mais comum caracterizada por uma funo senoidal,onde os valores de tenso so representados no eixo das ordenadas e o nmerode ciclos no eixo das abscissas. As tenses de trao so representadascomo positivas e as tenses de compresso como negativas. A figura a seguirapresenta trs tipos de ciclos de tenso.

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    A figura a mostra um grfico de tenso reversa, assim chamado porqueas tenses de trao tm valor igual s tenses de compresso.

    No grfico b todas as tenses so positivas, ou seja, o corpo de prova estsempre submetido a uma tenso de trao, que oscila entre um valor mximoe um mnimo.

    O grfico c representa tenses positivas e negativas, como no primeiro caso,s que as tenses de compresso tm valores diferentes das tenses de trao.

    Dica

    Um ciclo de tenso corresponde a um conjunto sucessivo de valoresde tenso, que se repete na mesma seqncia e no mesmo perodo de tempo.

    Tipos de ensaio de fadiga

    Os aparelhos de ensaio de fadiga so cons-titudos por um sistema de aplicao de cargas,que permite alterar a intensidade e o sentido doesforo, e por um contador de nmero de ciclos.

    O teste interrompido assim que o corpode prova se rompe.

    O ensaio realizado de diversas maneiras,de acordo com o tipo de solicitao que se desejaaplicar:- toro;- trao-compresso;- flexo;- flexo rotativa.

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    A U L AO ensaio mais usual, realizado em corpos de prova extrados de barrasou perfis metlicos, o de flexo rotativa.

    Este ensaio consiste em submeter um corpo de prova a solicitaes de flexo,enquanto o mesmo girado em torno de um eixo, por um sistema motriz comcontagiros, numa rotao determinada e constante.

    Corpo de prova

    O corpo de prova deve ser usinado e ter bom acabamento superficial,para no prejudicar os resultados do ensaio. A forma e as dimenses do corpode prova variam, e constituem especificaes do fabricante do equipamentoutilizado. O ambiente onde feito o ensaio tambm padronizado.

    As formas mais utilizadas de corpo de prova so apresentadas nas figurasa seguir.

    Para uma mesma tenso, pode-se obter resultados de ensaio dispersos e quedevem ser tratados estatisticamente. Mas, em geral, o ensaio realizado em cercade 10 corpos de prova, para cada um dos diversos nveis de tenso.

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    A U L A Curva S-N

    Os resultados do ensaio de fadiga geralmente so apresentados numa curvatenso-nmero de ciclos, ou simplesmente curva S-N. O S vem da palavrainglesa stress, que quer dizer tenso, e N representa o nmero de ciclos.

    Supondo que, para uma certa solicitao de flexo S1 o corpo de provase rompa em um certo nmero de ciclos N1, e para uma solicitao S2 se rompa

    em N2 ciclos, e assim por diante, pode-se construir o diagrama S-N, com atenso no eixo das ordenadas e o nmero de ciclos no eixo das abscissas.

    Observando a curva obtida, nota-se que, medida que se diminui a tensoaplicada, o corpo de prova resiste a um maior nmero de ciclos. Nota-se,tambm, que diminuindo a tenso a partir de um certo nvel em que a curvase torna horizontal o nmero de ciclos para o rompimento do corpo deprova torna-se praticamente infinito.

    Esta tenso mxima, que praticamente no provoca mais a fratura porfadiga, chama-se limite de fadiga ou resistncia fadiga do metal considerado.

    Mas, para a maioria dos materiais, especialmente os metais no ferrososcomo o alumnio, a curva obtida no diagrama S-N decrescente. Portanto, necessrio definir um nmero de ciclos para obter a correspondente tenso, queser chamada de resistncia fadiga.

    Para o alumnio, cobre, magnsio e suas ligas, deve-se levar o ensaio a at50 milhes de ciclos e, em alguns casos, a at 500 milhes de ciclos, para nestenmero definir a resistncia fadiga.

    Fatores que influenciam a resistencia fadiga

    Uma superfcie mal acabada contm irregularidades que, como se fossemum entalhe, aumentam a concentrao de tenses, resultando em tensesresiduais que tendem a diminuir a resistncia fadiga.

    Defeitos superficiais causados por polimento (queima superficial decarbono nos aos, recozimento superficial, trincas etc.) tambm dimi-nuem a resistncia fadiga.

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    A U L ATratamentos superficiais (cromeao, niquelao etc.) diminuem a resistn-cia fadiga, por introduzirem grandes mudanas nas tenses residuais, alm deconferirem porosidade ao metal. Por outro lado, tratamentos superficiaisendurecedores podem aumentar a resistncia fadiga.

    O limite de fadiga depende da composio, da estrutura granular,das condies de conformao mecnica, do tratamento trmico etc.

    O tratamento trmico adequado aumenta no somente a resistncia esttica,como tambm o limite de fadiga.

    O encruamento dos aos dcteis aumenta o limite de fadiga.

    O meio ambiente tambm influencia consideravelmente o limite de fadiga,pois a ao corrosiva de um meio qumico acelera a velocidade de propagaoda trinca.

    A forma um fator crtico, porque a resistncia fadiga grandementeafetada por descontinuidades nas peas, como cantos vivos, encontros de

    paredes, mudana brusca de sees.

    A resistncia fadiga pode ser melhorada

    Sempre que possvel, deve-se evitar a concentrao de tenses. Por exemplo,um rasgo de chaveta num eixo um elemento que concentra tenso e, conse-qentemente, diminui a resistncia fadiga.

    Os projetos devem prever tenses contrrias favorveis (opostas s tensesprincipais aplicadas), por meio de processos mecnicos, trmicos ou similares.Uma compensao deste tipo encontrada em amortecedores de vibraesde motores a exploso.

    Defeitos metalrgicos como incluses, poros, pontos moles etc. devemser eliminados.

    Deve-se selecionar os materiais metlicos de acordo com o ciclo de tenses:para aplicaes com baixas tenses cclicas, onde a deformao pode ser facil-mente controlada, deve-se dar preferncia a ligas de alta ductilidade. Paraaplicaes com elevadas tenses cclicas, envolvendo deformaes cclicas pre-dominantemente elsticas, deve-se preferir ligas de maior resistncia mecnica.

    Microestruturas estveis, isto , que no sofrem alteraes espontneasao longo do tempo, apresentam maior resistncia fadiga.

    De tudo que foi dito sobre fadiga nesta aula, voc deve ter concludo que,no uso normal dos produtos, ns os submetemos permanentemente a ensaios defadiga, que s terminam quando o produto falha.

    Porm, a indstria tem que se preocupar com a fadiga antes de lanaro produto no mercado, pois este ensaio fornece informaes que afetam direta-mente a segurana do consumidor.

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    A U L A Marque com um X a resposta correta.

    Exerccio 1A ruptura por fadiga ocorre quando o material est sujeito a:a) ( ) tenses superiores ao limite de proporcionalidade;b) ( ) tenses cclicas repetitivas;c) ( ) tenses iguais ao limite de proporcionalidade;d) ( ) tenses estticas.

    Exerccio 2No grfico de tenso reversa:a) ( ) as tenses de trao so positivas e as tenses de compresso so

    negativas;b) ( ) as tenses de trao so negativas e as tenses de compresso so

    positivas;c) ( ) todas as tenses so positivas;d) ( ) todas as tenses so negativas.

    Exerccio 3

    So exemplos de fatores que diminuem a resistncia fadiga:a) ( ) tratamentos superficiais, descontinuidades na superfcie;b) ( ) tratamento trmico, tratamentos superficiais endurecedores;c) ( ) meio ambiente isento de agentes corrosivos, bom acabamento

    superficial;d) ( ) encruamento dos aos dcteis, formas sem cantos vivos.

    Exerccio 4O ensaio de fadiga baseado em esforos de:a) ( ) trao e toro;b) ( ) trao e compresso;c) ( ) flexo e toro;d) ( ) trao, compresso, toro e flexo.

    Exerccio 5Na curva S-N, o limite de fadiga indica que:a) ( ) se for atingida aquela tenso, o corpo se romper;b) ( ) mantendo aquela tenso indefinidamente, o corpo no se romper;c) ( ) foi atingido o nmero mximo de ciclos que o material suporta;d) ( ) a partir deste limite, a curva decrescente.

    Exerccios