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AGRONEGÓCIO BRASILEIRO Ensaios sobre o Santa Maria Centro Universitário Franciscano 2014 Mateus Sangoi Frozza Taize de Andrade Machado Lopes

Ensaios sobre o AGRONEGÓCIO BRASILEIRO · AGRONEGÓCIO BRASILEIRO No artigo “Inovação, cooperação e aprendizagem nas empresas produtoras de biodiesel no Rio Grande do Sul”,

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  • AGRONEGCIO BRASILEIRO

    Ensaios sobre o

    Santa MariaCentro Universitrio Franciscano

    2014

    Mateus Sangoi FrozzaTaize de Andrade Machado Lopes

  • Comisso EditorialProf. Dra. Anglica Massuquetti (Unisinos)

    Prof. Dra. Elsbeth Spode Becker (Centro Universitrio Franciscano)Prof. Dr. Jos Maria Dias Pereira (Centro Universitrio Franciscano)

    Prof. Me. Valduno Estefanel (Centro Universitrio Franciscano)

    Colaboradora Camila Ehle Joras - Acadmica do Curso de Jornalismo

    (Centro Universitrio Franciscano)

    Coordenao EditorialSalette Marchi

    Projeto GrficoJaimeson Machado Garcia

    Superviso GrficaLucas Rodrigues dos Santos

    Reviso Gramatical e LingusticaCristine Costa Rodrigues

    Maria de Lourdes Pereira Godinho

    E96 Frozza, Mateus Sangoi Ensaios sobre o agronegcio brasileiro / Mateus Sangoi Frozza, Taize de Andrade Machado Lopes Santa Maria : Centro Universitrio Franciscano, 2014. 366 p.

    ISBN: 978-85-7909-045-5

    1. Agronegcio - Brasil I. Lopes, Taize de Andrade Machado II. Ttulo

    CDU 338.43(81)

  • SUMRIO

    CONSIDERAES _________________________________________ 5APRESENTAO __________________________________________ 9COMPETITIVIDADE E MARKET SHARE DA CARNE DE FRANGO BRASILEIRA E DOS ESTADOS UNIDOS ______________________ 13

    QUALIDADE NA PRODUO DE LEITE E AS IMPLICAES DA NORMATIVA 51 NA BACIA LEITEIRA DO MUNICPIO DE SO MIGUEL DAS MISSES/RS ____________ 37

    O SISTEMA GACHO DE BIODIESEL: INOVAO, COOPERAO E APRENDIZAGEM NAS EMPRESAS INSTALADAS NO RIO GRANDE DO SUL ____________ 65

    O MERCADO DE ALGODO EM PLUMA: UM MODELO DE CORREO DE ERROS PARA OS PREOS DE ALGODO NO BRASIL (2000 - 2012) ______________ 89

    DETERMINANTES DA DEMANDA BRASILEIRA POR IMPORTAO DE TRIGO DO MERCOSUL _______________117

    AVALIAO DO CUSTO DE PRODUO DE ARROZ EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DO RIO GRANDE DO SUL: UM ESTUDO DE CASO _______________145

    PREOS MUNDIAIS DO MILHO E DA SOJA: TENDNCIAS E SAZONALIDADES _________________________163

    A UTILIZAO E A MENSURAO DE INDICADORES DE DESEMPENHO: UM ESTUDO DE CASO EM AGROINDSTRIAS ARROZEIRAS DA REGIO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL __179

  • IMPACTOS DA ABERTURA COMERCIAL BRASILEIRA NA TRANSMISSO DE PREOS DE SOJA EM GROS NO MERCADO INTERNACIONAL __________________________195

    GOVERNANA COOPERATIVA: O PROBLEMA DO HORIZONTE EM COOPERATIVAS AGROPECURIAS DO RIO GRANDE DO SUL ________________________________225

    ALTERNATIVAS ECONMICOAMBIENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DE SUINOCULTORES _____247

    EMPREENDEDORISMO NA APICULTURA: O PERFIL DOS MEMBROS DE UMA ASSOCIAO DE APICULTORES __________________________275

    IMPACTOS FINANCEIROS DO NOVO CDIGO FLORESTAL BRASILEIRO EM PEQUENAS PROPRIEDADES _____________________________305

    TURISMO E MULTIFUNCIONALIDADE DO RURAL - PERFIL DA ESTRUTURA DE HOSPEDAGEM RURAL NA REGIO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL ______343

    SOBRE OS AUTORES ___________________________________361SOBRE A COMISSO EDITORIAL __________________________363SOBRE OS ORGANIZADORES ____________________________365

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    OQuestes relativas ao agronegcio brasileiro o foco principal desta obra. Sabe-se que o Brasil possui vantagens comparativas na produo de muitos produtos agrcolas, como soja, carne bovina, carne de frango, entre outros. E que esta competitividade pode ser afetada por distores do co-mrcio internacional, provocadas pelos subsdios de pases desenvolvidos, como Estados Unidos ou naes pertencentes Unio Europeia.

    No entanto, no s as barreiras ao livre comrcio preocupam. Ques-tes como o desempenho das agroindstrias, inovao, cooperao, for-mao de preos, qualidade, custos de produo, governana cooperativa, desenvolvimento sustentvel ou mesmo o novo cdigo florestal brasileiro afetam a competitividade da agricultura e agropecuria brasileira. De acor-do com dados da Secretria de Comrcio Exterior (SECEX), do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), as exportaes brasileiras, em 2012, alcanaram o valor de US$ 242,58 bilhes, entretanto cerca de 40% da pauta de exportaes composta por produtos do agro-negcio e, se tambm for considerada a agropecuria, juntos estes setores contribuem com um pouco mais de 70% para a formao do valor total das exportaes brasileiras1. Somente esses fatores j revelam a importncia do foco deste livro para os acadmicos, gestores de polticas pblicas e socie-dade de uma forma geral.

    Sob organizao desta Coordenao e do Coordenador do ndice do Custo de Vida de Santa Maria, professor Mateus Sangoi Frozza, os textos includos nesta obra contribuem para o importante debate das questes de economia agrcola e contam tambm com a contribuio de professores e pesquisadores de importantes instituies de ensino,

    1 Dados compilados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA), em Estatsticas e dados bsicos da economia agrcola - junho/2013.

    CONSIDERAES

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    como Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Regional do Cariri (URCA), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses (URI).

    O livro Ensaios sobre o agronegcio brasileiro reflexo, principal-mente, do trabalho em conjunto dos professores dos Cursos de Cincias Econmicas, Cincias Contbeis e Administrao, cursos que pertencem rea de Cincias Sociais Aplicadas e que, consequentemente, tm muitos as-suntos e disciplinas em comum, dado que as questes econmicas exigem uma viso multidisciplinar. Portanto, a partir de textos que focam a agricul-tura e a agropecuria sob diversos pontos de vista, pretende-se oferecer aos leitores uma rica anlise sobre o cenrio agrcola atual.

    Profa. Taize de Andrade Machado LopesCoordenadora do Curso de Cincias Econmicas -

    Centro Universitrio Franciscano

    A abertura de um novo canal de divulgao para as pesquisas realiza-das por professores e acadmicos da rea de Cincias Sociais da maior importncia, pois o trabalho do pesquisador torna-se irrelevante sem a pu-blicao dos resultados.

    Portanto, a edio deste livro ser de grande valia para a comunidade acadmica.

    Prof. Odone Santos da Luz

    Coordenador do Curso Cincias Contbeis - Centro Universitrio Franciscano

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    Investigar cientificamente e poder contribuir com a sociedade, disse-minando o conhecimento gerado, funo primordial de um curso de gra-duao, premissa indiscutvel para a busca pela excelncia na formao de profissionais comprometidos com a tica e com a coletividade.

    Os componentes do Curso de Administrao sentem-se honrados em fazer parte desta publicao, por poder apresentar ao pblico uma parte do trabalho de seus pesquisadores e por compartilhar este espao cientfico com os demais cursos participantes deste livro.

    Para os professores do Curso de Administrao do Centro Universit-rio Franciscano, contribuir com a obra Ensaios sobre o Agronegcio Brasi-leiro concretizar a premissa de que a pesquisa constitui-se em uma bus-ca contnua por descobrir, compreender e explicar aquilo que, at ento, mistrio. Esta busca gera o conhecimento, o qual no se cria do nada, mas decorre da vontade de conhecer o desconhecido, da nsia por respostas e da persistncia diante do tempo e das dificuldades impostas a todos aqueles que se propem a desvendar o novo.

    Desejamos que esta obra represente o incio de uma jornada que no se encerra aqui, mas que abre oportunidade para que outros pesquisadores possam tambm tomar parte neste maravilhoso e surpreendente universo, o qual chamamos de pesquisa.

    Profa. Ana Cristina Carzola MartinsCoordenadora do Curso de Administrao -

    Centro Universitrio Franciscano

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    APRESENTAO

    A primeira coisa a ser dita sobre o livro Ensaios sobre o Agronegcio Brasileiro, organizado pelos professores Mateus Frozza e Taize Lopes, que ele um painel multifacetado sobre vrios aspectos dos principais pro-dutos que compem o agronegcio. A segunda coisa a dizer que o livro plural, com textos escritos a vrias mos e com perspectivas diversas. Por ltimo, o formato e-book elimina os custos de impresso, permitindo o acesso, a preo simblico, a usurios de equipamentos microeletrnicos (tablets, notebooks, etc.), hoje utilizados nas residncias quase como eletro-domsticos comuns.

    Considerado em todos os seus segmentos, o agronegcio representa pouco menos de um quarto do PIB nacional. Segundo o Ministrio da Agri-cultura, na safra de 2010/2011, o Brasil produziu 74 milhes de toneladas de soja, 624,9 toneladas de cana-de-acar, 43,4 milhes de sacas de caf, 57,5 toneladas de milho e realizou 21,7 milhes de abates de carne bovina. Proje-es feitas pela mesma fonte apontam um crescimento de 22% na produo de gros at 2022, destacando-se a produo de soja com um crescimento de 2,3% ao ano. A carne de frango dever apresentar o melhor desempenho, com crescimento anual de 4,2%.

    Dentre os artigos que fazem parte deste livro, o primeiro deles trata jus-tamente sobre a carne de frango. No artigo Competividade e Market Share da carne de frango brasileira e dos Estados Unidos, os autores Medeiros, Lopes e Weise concluem que tanto o Brasil quanto os EUA so competitivos, porm foi somente a partir de 2004 que o Brasil conseguiu consolidar a sua participao no mercado externo, tornando-se o maior exportador mundial. Frozza, Lopes e Moraes constataram que a qualidade o fator mais importante para a aquisio de leite no artigo Qualidade na produo de leite e as implicaes da normati-va 51 na bacia leiteira do municpio de So Miguel das Misses-RS.

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    No artigo Inovao, cooperao e aprendizagem nas empresas produtoras de biodiesel no Rio Grande do Sul, Frozza e Tatsch procuraram compreender, atravs de uma pesquisa de campo, a dinmica inovadora do setor de energia renovvel com base em uma amostragem de empresas produtoras de biodiesel no estado do Rio Grande do Sul. Na sequncia, Poerschke e Bushe, no artigo O mercado de algodo em pluma: um modelo de correo de erros para os preos do algodo no Brasil (2000-2012), chegaram concluso, atravs da aplicao de um modelo economtrico, de que existe uma relao de equilbrio de longo prazo entre os preos domsticos e os preos internacionais do algodo, visto que, no perodo 2000-2012, 93% dos choques de custos foram repassados para os preos.

    No ensaio Determinantes da demanda brasileira por importao de tri-go do Mercosul, os autores Souza, Amorin, Coronel e Bender Filho aplicaram um modelo vetorial autorregressivo, com correo de erros, para identificar os determinantes da demanda brasileira por trigo em gro. Os resultados encontrados sugerem que a quantidade importada de trigo sofre influncia negativa do aumento do preo externo e das desvalorizaes da taxa de cm-bio. Velasques, Meneguetti Lopes e Mainardi, no artigo Avaliao do custo de produo de arroz em pequenas propriedades rurais do Rio Grande do Sul: um estudo de caso, realizaram um levantamento dos custos de produo de uma pequena propriedade rural, na regio central do estado, que planta 15 hectares de arroz irrigado. Concluram que o custo total representou mais de 80% da receita bruta, restando ao produtor menos de 20% de margem lquida.

    Em Preos mundiais do milho e da soja: tendncias e sazonalidades, artigo de autoria de Abbade, props-se analisar as tendncias lineares e a sazonalidade dos preos mundiais do milho, da soja, leo e farinha de soja. Os produtos investigados apresentaram taxas de crescimento e variao bastante semelhantes, embora mais acentuados para o milho do que para a soja. No outro artigo que trata sobre o arroz, A utilizao e a mensurao de indicadores de desempenho: um estudo de caso em agroindstrias arro-zeiras da regio central do Rio Grande do Sul, escrito por Barchet, Siluk e Dalla Nora, relatam-se os resultados de uma pesquisa de campo feita junto a cinco agroindstrias arrozeiras. A concluso foi que no existe diferencia-

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    o de produto, todas abastecem a regio sudeste, no utilizam sistemas de medio de desempenho e mais da metade delas baseiam-se apenas em indicadores financeiros.

    A soja novamente volta a ser objeto de anlise no artigo Impactos da abertura comercial brasileira na transmisso de preos de soja em gros no mercado internacional, redigido por Bender Filho, Amorim, Coronel e Sou-za. O trabalho examinou, com base em um modelo economtrico, a relao existente na formao dos preos de soja em gros entre os principais ex-portadores mundiais (Estados Unidos, Brasil e Argentina), no perodo 1980-2009. A principal concluso foi que, aps a abertura comercial (1990), o Bra-sil passou a ter uma participao mais expressiva na formao de preos do que os outros dois pases.

    Pivoto, Waquil, Souza e Spanhol, pesquisadores da UFRGS e da UFMS, assinam o texto Governana corporativa: o problema do horizonte em co-operativas agropecurias do Rio Grande do Sul. O trabalho aponta para a necessidade da adoo de novos modelos organizacionais, que passam pela atualizao da legislao vigente, para minimizar o problema do hori-zonte de mdio e longo prazo. Moraes Brum et al. subscrevem o texto Al-ternativas econmico-ambientais para o desenvolvimento sustentvel de suinocultores. No artigo trata-se, de maneira introdutria, de alternativas econmico-ambientais de crescimento sustentvel da agricultura familiar, concluindo ser a suinocultura uma das mais promissoras.

    No artigo Empreendedorismo na apicultura: um estudo sobre o per-fil dos membros de uma associao de apicultores, Lengler e Nunes Silva traam o perfil dos membros da Associao de Apicultores de Santa Maria, identificando o comprometimento como a principal caracterstica de seus integrantes. Bell e Marquezan, no artigo Impactos financeiros do novo cdigo florestal brasileiro em pequenas propriedades, construram estima-tivas de alteraes na realidade dos produtores de arroz e soja, das safras de 2010/2011 e 2011/2012. A concluso que, com a mudana na lei, os refe-ridos produtores tiveram uma perda de 25,5% no resultado de suas ativida-des produtivas por causa da necessidade de adequao da rea de plantio e reposio das reas de preservao. Finalmente Silva e Froehlich, autores

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    do artigo Turismo e Multifuncionalidade do Rural - Perfil da estrutura de hospedagem rural na regio Central do Rio Grande do Sul, Brasil, relatam o notvel crescimento de servios e estabelecimentos voltados ao turismo e ao lazer.

    Debate recente discute se est havendo uma perda de importncia da indstria no Brasil, o que poderia sinalizar at um processo de desindus-trializao, em contrapartida ao crescente papel do agronegcio, dando origem ao que est sendo chamado de reprimarizao. No cabe, nos li-mites desta apresentao, entrar nessa polmica. O fato que a importncia na indstria, no Brasil, vem declinando continuamente, tendo cado de 25% do PIB em 1985, para 15% do PIB em 2011. De um lado, h os que acham que, com a desindustrializao, pouco a pouco, o pas est perdendo um setor importante para ampliao do investimento e futura expanso da capacida-de produtiva. De outro lado, h os que acreditam que a reprimarizao das exportaes no significa necessariamente atraso, porque o complexo do agronegcio, beneficiado pelo aumento de preo das matrias-primas, investe e inova tanto ou mais que a indstria de transformao1. Acredito que este livro traz subsdios importantes para esse debate, sobretudo pela sua abordagem multidisciplinar.

    Jos Maria Dias Pereira

    1 Ver BACHA, Edmar e DE BOLLE, Mnica Baumgarten (Org.). O futuro da indstria no Brasil - desindustrializao em debate. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2013.

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    Resumo

    Neste trabalho, objetiva-se analisar a competitividade e a participao de mercado (market share) do Brasil e dos Estados Unidos para a carne de frango, no perodo de 2000 a 2010. Para isso, a fim de mensurar a competitividade da carne de frango, optou-se pelo modelo da Competitividade Revelada (CR), proposto por Carvalho (2001) e, para se obter a participao de mercado do pas, no total de exportaes mundiais, foi escolhido o ndice de Market Share utilizado por Silva, Lima e Batista (2011). Os resultados encontrados apontaram que tanto o Brasil como os Estados Unidos possuem competitividade para a carne de frango, inclusive, juntos esses dois pases so responsveis por boa parte do abastecimento mundial do produto. Mas somente no ano de 2004, o Brasil conseguiu consolidar sua participao de mercado nas exportaes mundiais de carne de frango, passando a ser o primeiro exportador mundial, superando os Estados Unidos, pois at ento este ocupava essa posio de destaque.

    Palavras-chave: Carne de frango. Competitividade. Market Share.

    COMPETITIVIDADE E MARKET SHARE DA CARNE DE FRANGO BRASILEIRA

    E DOS ESTADOS UNIDOS

    Flaviani Souto Bolzan MedeirosTaize de Andrade Machado Lopes

    Andreas Dittmar Weise

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    INTRoDuo

    A globalizao da economia aconteceu de maneira to rpida de modo que todos os segmentos sentiram o impacto desse novo processo. O Brasil, que se situava como uma das mais fechadas economias mundiais at a dcada de 1980, com a abertura de suas fronteiras para a competio internacional, reduzindo alquotas com a implantao do Plano Real e assim combatendo a inflao, bem como as reformas estruturais realizadas abri-ram caminho para um novo ciclo de desenvolvimento, que alterou comple-tamente o quadro econmico brasileiro.

    Para Segre (2010), um dos efeitos mais sensveis do processo de globa-lizao, o qual vem afetando a maioria dos pases, o aumento do comrcio internacional, que vem crescendo inclusive a uma taxa superior ao Produ-to Interno Bruto (PIB) mundial. E este contexto forjou mercados altamente competitivos, obrigando as empresas a alinharem suas estratgias de manu-fatura s estratgias competitivas globais, redefinindo a estrutura organiza-cional a parmetros internacionais de competitividade.

    Sob essa perspectiva, Maia (2010) explica que o ser humano para so-breviver necessita satisfazer algumas necessidades bsicas, precisa ainda de alimentos e um lugar para se abrigar. Com a evoluo do relacionamento humano, o campo de ao das trocas ampliou-se, sucessivamente, para as cidades, naes, nas quais esse processo de troca, nos dias de hoje, ultra-passou as fronteiras e virou um comrcio internacional.

    Os pases participam do comrcio internacional por dois motivos bsicos: primeiro, eles comercializam entre si, porque diferem uns dos outros. As na-es, como os indivduos, podem se beneficiar de suas diferenas, chegando a um arranjo em que cada uma produz as coisas que faz melhor em relao aos demais. Segundo, os pases fazem comrcio para obter economias de escala na produo, ou seja, se cada um produz somente uma gama limitada de bens pode produzir cada um desses bens em uma escala maior e, portanto, mais efi-cientemente do que se tentasse produzir tudo (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).

    Souza (2009) complementa que, nos dias atuais, a busca de um siste-ma mundial e integrado de comrcio tem sido o principal objetivo a nortear

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    a atuao do Brasil, inclusive por possibilitar a defesa de temas de interesse vital, como o acesso ao mercado agrcola dos pases desenvolvidos, a limita-o de aes de antidumping e a redefinio das regras para crditos ex-portao, os quais, pela resistncia que despertam em parceiros mais pode-rosos, dificilmente poderiam ser encaminhados em negociaes regionais.

    De acordo com Wessels (2003), pela lei das vantagens comparativas proposta por David Ricardo, o pas deve exportar os bens que pode produ-zir a um menor preo relativo, porque dessa forma o pas pode ter mais de todos os bens, bem como os pases que com ele negociam. E isso possvel, porque quando cada bem produzido pelo pas que tem o menor custo re-lativo de produo sero produzidos mais de todos os bens.

    Com base nesse contexto, neste artigo, objetivou-se analisar a com-petitividade e a participao de mercado (market share) do Brasil e dos Es-tados Unidos para a carne de frango, no perodo de 2000 a 2010. O estudo justifica-se pelo fato de que entender melhor sobre a competitividade e a participao de mercado permite desenvolver um planejamento e execuo de polticas e aes que visam tornar o mercado avcola mais competitivo mundialmente. Por isso, o tema de interesse para o governo, empresas do setor, bem como para o meio acadmico no desenvolvimento de pesquisas e estratgias, a fim de promover investimentos para melhorar a infraestru-tura e incentivar a adoo de novas tecnologias. Neste sentido, pode-se au-mentar a participao de mercado dessas empresas e inseri-las no mercado internacional de maneira mais competitiva.

    TeoRIAs Do ComRCIo INTeRNACIoNAL

    O que determina o comrcio internacional? Por que os pases se be-neficiam comercializando? Qual o efeito das relaes de comrcio exterior para a riqueza da nao? Essas perguntas, aparentemente simples, escon-dem um debate terico, pois diferentes escolas econmicas procuraram respond-las com o passar do tempo (BRUM; HECK, 2005).

    a) Mercantilismo: a doutrina mercantilista, conforme explicam Carvalho e Silva (2004), vigorou entre o sculo XV e meados do sculo XVIII, como resultado

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    direto da expanso do comrcio iniciada no final da Idade Mdia e atingiu o seu apogeu aps o descobrimento da Amrica e do caminho martimo para as ndias.

    A questo central para os mercantilistas, segundo Carbaugh (2004), era como uma nao poderia disciplinar suas transaes nacionais e inter-nacionais a fim de promover seus prprios interesses e, para isso, a solu-o estava em um setor de comrcio exterior forte. No caso, se um pas pudesse obter um saldo comercial favorvel (exportaes maiores que as importaes) ele se beneficiaria com os pagamentos recebidos do resto do mundo sob a forma de ouro e prata.

    Tais receitas contribuiriam para gastos maiores e para um au-mento da produo e do emprego internos. Para promover uma balana comercial favorvel, os mercantilistas defendiam a re-gulamentao oficial do comrcio. Tarifas, cotas e outras pol-ticas comerciais foram propostas por eles para minimizar as im-portaes a fim de proteger a posio comercial de uma nao. (CARBAUGH, 2004, p. 30).

    Carvalho e Silva (2004) afirmam que, embora o mercantilismo no pos-sa ser considerado como uma teoria slida e acabada, ele pode ser enten-dido a partir da viso que se tinha na poca do que se constitua a riqueza e o poder de uma nao. Se todos os governantes agissem dessa forma, as economias se fechariam at o ponto em que no importariam nada alm do que fosse essencial e no pudesse ser produzido internamente, logo, em um certo momento, as exportaes seriam reduzidas praticamente a zero e, se todos se fechassem, no haveria comrcio. Por isso, nota-se que as proposi-es mercantilistas no eram consistentes.

    b) Teoria das vantagens absolutas: Adam Smith publicou, em 1776, o livro intitulado Riqueza das Naes, no qual afirmava que, se um pas pudes-se produzir determinada mercadoria com custos menores do que os dos ou-tros, poderia se beneficiar atravs da venda destes bens. Ou seja, esse pas se beneficiaria se exportasse essa mercadoria e importasse as outras e isso proporcionaria aos pases vantagens recprocas, isto , o benefcio desse pas, que comprar produtos mais baratos, e tambm dos demais, que paga-ro com produtos que lhes custaro menos (MAIA, 2010).

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    Carbaugh (2004) complementa, explicando que, em um mundo for-mado por dois pases e dois produtos, o comrcio e a especializao sero benficos quando uma nao possuir uma vantagem de custo absoluta, isso significa usar menos mo de obra para fabricar uma unidade de um produto em um bem e a outra nao possuir uma vantagem de custo absoluta no outro bem. Para que o mundo se beneficie da diviso internacional do traba-lho, cada nao precisa ter um bem totalmente mais eficiente para ser pro-duzido por ela e no por seu parceiro comercial. Uma nao importar esses bens para os quais possui uma desvantagem de custo absoluta e exportar aqueles bens para os quais possui uma vantagem de custo absoluta.

    c) Teoria das vantagens comparativas: de acordo com Carvalho e Silva (2004), em 1817, David Ricardo apresentou essa teoria publicada na sua obra in-titulada Princpios de Economia Poltica e Tributao, que explicava o comrcio mesmo entre naes sem vantagem absoluta na produo de nenhum bem.

    Essa teoria afirma que uma nao exportar sempre aqueles produtos que fabricar com custos relativamente menores que outros e importar os produtos, nos quais tenha custos relativamente maiores, o que trar vanta-gens para ambas. Essa teoria tambm conhecida como teoria clssica do comrcio internacional (GREMAUD, 2011).

    Assim sendo, Krugman e Obstfeld (2010) descrevem que o comrcio internacional produz um aumento da produo, porque permite que cada pas se especialize em produzir o bem, no qual possui uma vantagem com-parativa. Portanto, um pas possui essa vantagem comparativa na produo de um bem se o custo de oportunidade da produo desse bem, em relao aos demais, mais baixo nesse pas do que em outros.

    Resumidamente, Carvalho e Silva (2004) mencionam que a teoria do mercantilismo, corrente de um pensamento protecionista, enxergava os benefcios do comrcio de maneira muito limitada. Essa doutrina durante muitos anos foi duramente criticada por Adam Smith, que formulou a teo-ria das vantagens absolutas. Nesse sentido, Maia (2010) complementa que essa teoria expe as vantagens do comrcio internacional quando um pas produz algum produto a custo mais baixo que os outros. J em relao teoria da vantagem comparativa, proposta por David Ricardo, demonstra

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    a possibilidade de haver comrcio internacional, mesmo que um pas no possa produzir a custo mais baixo que os outros.

    d) Novas abordagens: de acordo com Carvalho e Silva (2004), a teoria das vantagens comparativas teria limitaes que seriam resolvidas somen-te no sculo XX. A teoria de Ricardo sugere que os bens teriam diferentes custos de produo nos mais diversos pases, embora no tenha explicado como isso seria possvel.

    A explicao viria atravs de Eli Filip Heckscher em 1919. O artigo foi escrito em sueco e traduzido para o ingls somente em 1949, embora a di-vulgao de suas ideias comeassem a ocorrer em 1933, aps a traduo para o ingls da tese de doutorado de seu discpulo, Bertil Ohlin. Como Ohlin havia sido significativamente influenciado por Heckscher, seu postulado fi-cou conhecido como teoria de Heckscher-Ohlin (CARVALHO; SILVA, 2004).

    A teoria bsica de Heckscher-Ohlin afirma que as naes tendem a exportar os bens intensivos em fatores de produo em que a oferta abundante (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010). Ou como afirmam Carvalho e Silva (2004, p. 37), o comrcio de bens, portanto, uma forma indireta de comerciar os fatores de produo contidos nas mercadorias. Desta for-ma, poderia ser entendido que as vantagens comparativas dependeriam da abundncia ou no de fatores de produo.

    Machado (2000, p. 48) relata que, em princpios da dcada de 1980, os modelos de comrcio passam a incorporar as hipteses de retornos cres-centes de escala e diferenciao do produto, caracterizando a Nova Teoria do Comrcio Internacional. Como afirmam Krugman e Obstfeld (2010), nem sempre seriam as vantagens comparativas que estimulam o comrcio, sendo este, muitas vezes, impulsionado pelos retornos crescentes de escala.

    A eCoNomIA INTeRNACIoNAL e A ComPeTITIVIDADe DAs NAes

    Conforme Krugman e Obstfeld (2010), a economia internacional utiliza os mesmos mtodos fundamentais de anlise que outras subreas da economia, isso porque as motivaes e o comportamento dos indivduos so iguais, seja

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    no comrcio internacional, seja nas transaes internas. No entanto, a econo-mia internacional envolve preocupaes novas e diferentes, j que o comrcio e os investimentos internacionais ocorrem entre naes independentes.

    Nos ltimos 20 anos, o Brasil ampliou significativamente sua presena no mundo e na Amrica do Sul, deixando para trs aquela ideia de soberania fundada no isolamento e passou a desempenhar um papel de crescente im-portncia em foros internacionais, com destaque na sua atuao em ques-tes multilaterais. Alm disso, por ser um comerciante global, com um comrcio geograficamente diversificado, essas negociaes multilaterais afiguram-se prioritrias para o Brasil, permitindo-lhe ainda atuar em vrios foros internacionais de maneira simultnea ou sequencial. Analisando os ca-minhos possveis para ampliar sua participao no comrcio internacional, o multilateralismo e regionalismo representam opes viveis, ao se alterna-rem, concorrendo entre si e complementando-se (SOUZA, 2009).

    A competitividade de um pas, na viso de Ludovico (2005), o soma-trio da competitividade da sua produo, seja ela industrial, seja agrcola, pecuria entre outros, pois os pases mais competitivos em suas estratgias de comrcio exterior so justamente aqueles que tm um mercado interno altamente exigente e concorrido.

    De acordo com Coutinho e Ferraz (2002), a competitividade defini-da por muitos especialistas como um elemento relacionado s caractersti-cas da prpria empresa ou produto, pois essas caractersticas esto ligadas ao mercado e eficincia dessas empresas. Enquanto outros entendem a competitividade como o resultado mensurado pela participao de merca-do obtido por uma organizao ou por um grupo delas. E, h ainda aqueles que comparam a competitividade com a eficincia, considerando nesse caso informaes tcnicas, como insumos, produto etc.

    Quanto ao cenrio competitivo da carne de frango no mercado inter-nacional, observa-se que, nas ltimas dcadas, mudou significativamente e isso se deve ao fato das mudanas relacionadas adoo de alta escala de tecnologia no setor. Pode-se dizer que, em relao ao setor primrio, o setor avcola foi o que mais se destacou, tanto na absoro de tecnologia, quanto na entrega de valor ao cliente final. (STADUTO et al., 2008, p. 4).

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    Comrcio da Carne de Frango no Brasil e estados unidos

    Exportar o ato de remeter a outro pas mercadorias produzidas em seu prprio ou em terceiros pases, que sejam de interesse do pas impor-tador, e proporcionem a ambos os envolvidos vantagens na sua comercia-lizao. Assim sendo, a sada de mercadorias para o exterior. Enquanto importar o ato inverso, isto , adquirir em outro pas mercadorias de seu interesse, que sejam teis sua populao e seu desenvolvimento, ou seja, a entrada de bens produzidos no exterior (KEEDI, 2002).

    O desenvolvimento do setor avcola pode ser considerado, de acor-do com Barcellos (2006), como um smbolo do crescimento e da moder-nizao do agronegcio no pas. O desenvolvimento bem sucedido dessa cadeia produtiva elevou a oferta de carne de frango a todas as camadas de renda da populao brasileira. E no foi apenas no mercado interno que a comercializao da carne de frango foi bem-sucedida, mas tambm no mercado externo, sendo, inclusive, importante componente na pauta das exportaes do Brasil.

    Segundo a ABEF - Associao Brasileira dos Produtores e Exportado-res de Frangos (2000), a indstria brasileira de carne de frango tem passado por frequentes transformaes e isso se deve ao fato dos investimentos re-alizados em tecnologia. Como resultado, o pas entrou no sculo XXI como o segundo maior exportador mundial do produto, ocupando o primeiro lugar em meados de 2004.

    Silva et al. (2011, p. 32) explicam que a cadeia produtiva de frangos de corte ocupa, atualmente, posio de destaque no agronegcio brasileiro e apresenta grande dinamismo na produo, industrializao, comercializa-o, progresso tecnolgico e mercado externo. considerada ainda uma fonte geradora de empregos e renda para o povo brasileiro.

    O posicionamento competitivo das empresas avcolas nacio-nais no comrcio internacional tem sido influenciado, de modo crescente, por polticas protecionistas adotadas por alguns pases. As questes relacionadas ao controle da sanidade so-bre produtos de origem animal; e, consequentemente, a qua-

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    lidade dos alimentos, tm influenciado sobremodo a dinmica do comrcio mundial de carne de aves, estabelecendo novos parmetros de competitividade associados aos processos de certificao. (GONALVES; PEREZ, 2006, p. 46).

    Conforme os dados divulgados pela UBA - Unio Brasileira de Avi-cultura (2011), a produo de carne de frango chegou a 12,230 milhes de toneladas em 2010, um crescimento de 11,38% em relao a 2009, quan-do foram produzidas 10,980 milhes de toneladas. Esse crescimento, em 2010, foi impulsionado principalmente pelo aumento de consumo de car-ne de frango e pela expanso de 5,1% nas exportaes, pois do volume total de frangos produzidos pelo pas, 69% foram destinados ao consumo interno, e 31% para exportaes.

    Nesse contexto, Lima et al. (2012) e Alves (2008) complementam que o Brasil e Estados Unidos lideram a exportao de carne de frango e so responsveis pela maior parte do abastecimento mundial. De acordo com dados da Food and Agriculture Organization (FAO), desde 2004, o Brasil lidera as exportaes de carne de frango, quando medidas em toneladas. Apesar de os Estados Unidos terem alcanado o primeiro lugar nas expor-taes de frango, em toneladas, em 2008 e 2009, no ano de 2010, o Brasil voltou a liderar o ranking.

    interessante destacar, no que se refere aos Estados Unidos, que esse aumento da participao no mercado externo no foi gratuito. O instrumento utilizado para abrir caminho para o pas foi o Export Enhancement Program, criado em 1986, que promoveu no apenas as vendas externas da carne de frango, mas tambm de outras cadeias do complexo agroindustrial. Isso fez com que o pas consolidasse, j no in-cio dos anos 90, a hegemonia que mantm at os dias de hoje no merca-do internacional (FRANCHINI, 2001).

    Verificam-se, no grfico 1, as exportaes de carne de frango realizadas pelo Brasil e Estados Unidos do perodo de 2000 a 2010, medidas em US$.

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    Grfico 1 - Exportaes de carne de frango do Brasil e Estados Unidos (2000 a 2010) - US$.

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    EUA Brasil

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados disponveis na FAO.

    Observa-se, no grfico 1, a superioridade norte-americana nas ex-portaes de carne de frango para os primeiros anos da srie. Entretan-to entre 2000 a 2010, as exportaes brasileiras aumentaram cerca de 280%, enquanto as norte-americanas cresceram 26%, de acordo com os dados da FAO.

    Sousa e Osaki (2005) explicam que o Brasil, no ano de 2004, melhorou suas exportaes, isso se justifica pelas vantagens alcanadas com os bani-mentos de seus competidores, pases como Estados Unidos e Tailndia, por imposio de barreiras sanitrias na sia. Os exportadores brasileiros foram capazes de repor os produtos nos principais mercados tradicionais da sia (onde a epidemia causada pela gripe aviria foi mais drstica), alm de ter conquistado novos importadores em outros continentes.

    Percebe-se que, no ano de 2006, tanto o Brasil como os Estados Uni-dos apresentaram uma queda nas exportaes de carne de frango. Isso ocorreu devido ocorrncia de gripe aviria na sia, que gerou uma queda no consumo de carne de frango devido ao receio de uma possvel pandemia (ALVES, 2008). Segundo Fachinello e Ferreira Filho (2007), no incio do ano 2006, com a reduo no consumo europeu de produtos avcolas, o Brasil sentiu os reflexos da menor demanda externa e, como consequncia, isso

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    acarretou em um aumento da disponibilidade interna do produto. J a que-da das exportaes dos Estados Unidos, embora um pouco menor, tambm foi provocada pelos focos de epidemia de Influenza Aviria.

    Conforme Carvalho (2012), em termos de valor, a exportao de carne de frango, no ano de 2007, foi o segundo produto mais importante do Brasil ficando atrs apenas da soja, e isso demonstra tanto sua impor-tncia na economia nacional, quanto em termos de produo e abaste-cimento interno.

    Entretanto, no ano de 2009, o setor viveu um momento de superao, pois devido crise do subprime em 2008, o comrcio internacional passou por um momento de incerteza, mas, mesmo assim, as exportaes, em to-neladas, foram equivalentes ao ano de 2008, quando o pas atingiu o seu recorde (ABEF, 2010), como pode ser observado no grfico 2.

    Grfico 2 - Exportao de frango do Brasil e Estados Unidos (toneladas).

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    Brasil Estados Unidos

    Fonte: Elaborao prpria a partir de dados da FAO.

    De acordo com USDA (2012), a demanda por frango, por parte de pases importadores dos Estados Unidos, flutua devido s mudanas das polticas econmicas e taxas de cmbio nesses pases compradores. Os maiores importadores do frango norte-americano so a Rssia, China (incluindo Hong Kong) e Mxico.

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    No grfico 3, encontra-se exposta a produo de carne de frango, em toneladas, para o Brasil e Estados Unidos.

    Grfico 3 - Produo, em toneladas, de carne de frango (2000-2010).

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    Brasil Estados Unidos

    Fonte: Elaborao prpria a partir de dados da FAO.

    De acordo com o grfico 3, possvel observar que a produo nor-te-americana superior a brasileira. A produo de carne de frango norte--americana cresceu 21,70% entre 2000 a 2010, enquanto, no Brasil, o cresci-mento observado foi de 78%. No ano de 2010, a produo de carne de frango brasileira atingiu 12,230 milhes de toneladas. Com esse desempenho, o pas se aproxima da China (12,550 milhes de toneladas), que o segundo maior produtor de carne de frango, ficando abaixo apenas dos Estados Unidos, que produziu 16,648 milhes de toneladas (UBA, 2011).

    Lima et al. (2012) explicam que o Brasil um importante ator no mer-cado mundial de carnes e isso se justifica pela tecnologia aplicada produ-o que est cada vez mais presente. Aliado a outros fatores, como: o de-senvolvimento de pesquisas, tcnicas especficas aos sistemas produtivos e prticas sanitrias eficientes tambm so determinantes para resultados crescentes tanto na produtividade como na sustentabilidade da produo.

    No caso especfico dos produtos de origem animal, como a carne de

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    frango e a bovina, Waquil et al. (2004) mencionam que o pas vem ocupando posio de destaque no cenrio internacional tambm em funo dos aspec-tos sanitrios. Os casos como o surgimento de focos de Encefalopatia Espon-giforme Bovina (EEB, ou em ingls BSE, popularmente conhecida como mal da vaca louca) e a Influenza Aviria acarretaram na abertura de novos mer-cados para os produtos brasileiros. Outro aspecto que tambm favoreceu a expanso das exportaes brasileiras foi, a partir de janeiro de 1999, o proces-so de desvalorizao do real, tornando os produtos brasileiros mais competi-tivos no mercado internacional. (WAQUIL et al., 2004, p. 143).

    meToDoLoGIA

    Neste trabalho, a fim de mensurar a competitividade da carne de fran-go, optou-se pelo modelo da Competitividade Revelada (CR), proposto por Carvalho (2001). Para encontrar a CR, basta aplicar a seguinte frmula:

    //ln / /ki krkr

    mi mr mi mr

    kikiM MX XCR X X M M

    =

    (1)

    A varivel X corresponde exportao, a varivel M representa a im-portao, j o subscrito k refere-se ao produto e i ao pas. Enquanto o subs-crito m refere-se ao agregado dos produtos, excluindo k e r, ao agregado de todos os pases, excluindo i.

    Sua interpretao consiste na relao em que se CRki>0 indica que o pas tem uma vantagem comparativa no comrcio de k e, no caso de CRki

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    Nela, Xij representam as exportaes do produto i pelo pas j, e Xi cor-respondem s exportaes do produto i do mundo.

    Esse ndice, de acordo com Silva, Lima e Batista (2011), indica a par-ticipao de cada pas no total de exportaes mundiais do mercado ana-lisado, ou seja, atravs da anlise da evoluo temporal desse indicador pode-se entender e visualizar o comportamento exportador dos principais players mundiais.

    Os dados referentes s importaes e exportaes da carne de fran-go para a realizao deste estudo foram obtidos atravs do site da FAO e os dados sobre as importaes e exportaes totais foram obtidos na Organizao Mundial do Comrcio (OMC), atravs das planilhas organiza-das e publicadas no site do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC).

    ResuLTADos e DIsCusso

    Na sequncia, apresentam-se os resultados obtidos a partir do estudo a respeito da competitividade da carne de frango do Brasil e Estados Uni-dos, segundo o modelo de CR.

    Competitividade da Carne de Frango do Brasil e estados unidos

    Ferreira, Gomes e Lima (2000) argumentam que os ndices de ava-liao da produo na avicultura no Brasil tm apresentado uma alta efi-cincia, e isso se deve produo atravs do sistema de integrao entre pequenos produtores rurais e a agroindstria, em que estes acabaram in-fluenciando o desenvolvimento do setor, resultando assim no aumento da competitividade.

    Nesse sentido, possvel verificar, no grfico 4, a evoluo dos ndices de competitividade tanto do Brasil como tambm dos Estados Unidos entre os perodos considerados para anlise (2000 a 2010).

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    Grfico 4 - Competitividade do Brasil e Estados Unidos da carne de frango (2000-2010).

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    CR Estados Unidos CR Brasil

    Fonte: Elaborao prpria a partir de dados da FAO e OMC.

    Constata-se, pelo estudo do grfico 4, que tanto o Brasil como os Esta-dos Unidos possuem competitividade na carne de frango, pois o ndice apre-sentado por ambos os pases foi maior do que zero. Deliberali et al. (2010, p. 20) consideram que a competitividade alcanada pelo Brasil atribuda em grande parte s inovaes tecnolgicas e organizacionais da cadeia de produo de carne de frango.

    No ano de 2004, observa-se uma queda no ndice CR para os Estados Unidos, que foram afetados pela epidemia da Influenza Aviria, o que, por sua vez, acarretou na queda das suas exportaes em toneladas, como ana-lisado no grfico 2. Mas, por outro lado, o pas conseguiu alocar a sua pro-duo externa para o mercado interno, principalmente pelo fato dos altos preos praticados pelas outras carnes, e assim ainda conseguiu manter bons resultados (SOUSA; OSAKI, 2005).

    Entre 2005 e 2007, o CR do Brasil manteve-se praticamente cons-tante. Em 2007, houve uma recuperao das exportaes do Brasil, aps enfrentar, no ano de 2006, uma conjuntura de queda no consumo mun-dial, em funo de focos da gripe aviria em pases da sia e da Europa (ABEF, 2007). Entretanto, no ano de 2007, as importaes cresceram sig-

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    nificativamente (cerca de 112% em relao ao ano anterior). Estes fatos justificam o no aumento do CR, apesar de as exportaes terem cresci-do 44% em relao ao ano anterior.

    Uma questo importante, abordada por Amorim (2011), que o Bra-sil tem apresentado um crescimento de participao no comrcio interna-cional de carne de frango. Entretanto, os demais grandes exportadores do produto, como o caso dos Estados Unidos, conseguem sustentar suas po-sies, via de regra, graas concesso de subsdios, imposio de tarifas alfandegrias e de barreiras burocrticas.

    O autor destaca ainda que a Rssia, a qual um dos principais im-portadores de carne de frango dos Estados Unidos, tem imposto cotas de importao e subsidiado a produo local, tendo como propsito o de minimizar a dependncia no setor de carnes em geral. E isso tem causa-do reduo do nmero de exportaes dos Estados Unidos. Alm disso, autoridades russas implantaram medidas fitossanitrias, as quais veta-ram a importao de carne de aves que tenha sido limpa com a aplicao de cloro e seus derivados, o que tambm acabou limitando severamente os embarques oriundos dos Estados Unidos, j que no pas esse processo largamente usado. Isso fez com que as exportaes do Brasil para a Rssia aumentassem de volume.

    market share da Carne de Frango dos estados unidos e Brasil

    De acordo com Lima et al. (2012), o Brasil, nos ltimos anos, conso-lidou-se como um dos grandes fornecedores de protena animal para o mundo, pois a evoluo das exportaes, no perodo de 2000 a 2010, fez com que o pas se tornasse o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, e ainda ocupasse uma posio de destaque no que se refere carne suna e de peru.

    No caso da carne de frango, essa participao pode ser visualizada no grfico 5 que apresenta o market share dos Estados Unidos e do Brasil no que se refere s exportaes mundiais de frango, no perodo de 2000 a 2010.

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    Grfico 5 - Participao dos Estados Unidos e Brasil nas exportaes mundiais de frango.

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    M-S Estados Unidos M-S Brasil

    Fonte: Elaborao prpria a partir de dados FAO.

    No grfico 5, demonstra-se o aumento da participao brasileira no comrcio mundial de carne de frango e a respectiva perda de mercado no que se refere aos Estados Unidos. Percebe-se que o Brasil, a partir do ano de 2003, comea a consolidar sua participao de mercado nas exportaes mundiais de carne de frango, ultrapassando os Estados Unidos que, at en-to, lideravam o mercado. Segundo dados da Abef (2003), a receita com as exportaes brasileiras de frango passaram de US$ 1,4 bilho, em 2002, para US$ 1,8 bilho em 2003, o que representou um crescimento de 29%. E os embarques, por sua vez, no mesmo perodo, aumentaram 20,6%, passando de 1,624 milho para 1,922 milho de toneladas. Com esses nmeros, o Brasil passou a ser o primeiro exportador mundial de carne de frango em divisas. Superou os Estados Unidos e alcanou, em 2010, mais de 30% de participa-o no mercado mundial para o produto analisado.

    Mas o ano de 2004, que, conforme Abef (2004, p. 7), ficar marcado na histria da avicultura brasileira, em especial do setor exportador, pelo fato do Brasil ter conquistado a posio do primeiro lugar absoluto nas ex-portaes, tanto em receita cambial quanto em volume exportado.

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    Entre as causas atribudas a esse desempenho positivo no ano de 2004 es-to as mudanas nos fluxos de comrcio motivadas por ocorrncias sanitrias como a vaca louca, que ocorreram no Canad e Estados Unidos, em maio e dezembro de 2003, respectivamente; e tambm a Influenza Aviria, em pases asiticos: Tailndia, Vietn, China, e ainda em pases de outros continentes, como nos Estados Unidos e Canad, ao longo do ano de 2003 (ABEF, 2004).

    Segundo o MAPA - Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimen-to (2013), atualmente cerca de 40% da carne mundial exportada tem sua ori-gem no Brasil, chegando assim a 142 pases. No caso do seu bem principal, a carne de frango, conquistou os mais exigentes mercados e isso fez com que o pas alm de se tornar lder nas exportaes mundiais, tambm conseguis-se o posto de terceiro maior produtor mundial do produto.

    Zilli (2003) menciona que o ganho de produtividade, associado co-ordenao da cadeia avcola, colocou o Brasil como um dos mais eficientes produtores de frango. Isso foi favorecido pelos avanos tecnolgicos reali-zados pelo setor nas reas de gentica, nutrio, equipamentos, tcnicas de manejo, bem como pelo sistema de produo, ocorridas no pas a partir de 1970 e intensificadas em 1990.

    Outro fator atribudo ao Brasil pelo ganho de participao de mercado no setor avcola a questo de o pas ser um grande produtor de milho e soja que so dois principais componentes da rao alimentar para frangos de corte acompanhado da implantao do sistema de produo em parce-ria avcola, nos principais estados produtores (GARCIA, 2004).

    Sob esse enfoque, Lima, Moretto e Rodrigues (2011) acrescentam que o Brasil possui caractersticas naturais nicas, que o colocam em uma posi-o privilegiada nas produes tanto agrcola como na pecuria. As condi-es para a produo de protena animal so muito favorveis, pois o pas possui um clima favorvel, bem como uma vasta extenso territorial, acom-panhadas das disponibilidades de recursos hdricos, humanos e tecnologia que lhe garantem vantagens comparativas e preos mais competitivos. Os autores consideram que essas caractersticas so capazes de manter uma produo crescente em termos quantitativos e qualitativos para suprir as necessidades dos consumidores tanto internos como tambm externos.

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    CoNsIDeRAes FINAIs

    Com a realizao deste estudo, foi possvel constatar que tanto o Brasil como os Estados Unidos possuem competitividade na carne de frango e que cer-tas variaes ocorridas no perodo analisado como, por exemplo, nas importaes e exportaes, acabam favorecendo ou no a evoluo do CR. Juntos, esses dois pases so responsveis por boa parte do abastecimento mundial do produto.

    Apesar de os Estados Unidos serem favorecidos pelo Export Enhancement Program, criado em 1986, o que justifica a sua hegemonia no mercado internacional, isso no foi suficiente para que o pas no sentisse o impacto na reduo do nmero de exportaes de carne de frango devido aos focos de Influenza Aviria nos anos de 2003 e 2004.

    J entre os anos de 2005 a 2009, os Estados Unidos conseguiram manter sua participao no comrcio internacional de carne de frango, graas conces-so de subsdios, imposio de tarifas alfandegrias e de barreiras burocrticas.

    Outro problema enfrentado pelos Estados Unidos, que acabou acarre-tando na diminuio das suas importaes, que alm das cotas de importa-o e subsdio para a produo local, a Rssia, que um dos seus principais importadores de carne de frango, tambm adotou medidas fitossanitrias que vetaram a importao de carne de aves que tivesse sido limpa com a aplicao de cloro e seus derivados. Em contrapartida, tal medida fez com que as exportaes do Brasil para a Rssia aumentassem de volume.

    Mas, somente no ano de 2004, o Brasil conseguiu consolidar sua par-ticipao de mercado nas exportaes mundiais de carne de frango, supe-rando os Estados Unidos, que at ento lideravam o mercado, atingindo a posio de terceiro maior produtor mundial do produto.

    Essa conquista atribuda a diversos fatores, como: a adeso de novas tecnologias pelo setor, a parceria criada entre os produtores e as agroin-dstrias, o fato de o pas ter recursos disponveis sejam eles hdricos, sejam humanos e principalmente naturais, j que o clima favorvel. Mas tambm pesa o fato de o Brasil ser um grande produtor de soja e milho, insumos, que so os principais para a produo de rao para os frangos de corte, entre outros fatores.

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    QUALIDADE NA PRODUO DE LEITE E AS IMPLICAES DA NORMATIVA 51 NA BACIA LEITEIRA DO MUNICPIO DE

    SO MIGUEL DAS MISSES/RS

    Resumo

    A qualidade um dos fatores mais importantes no momento da aquisio do pro-duto, no somente em relao a produtos materiais, mas tambm em relao indstria alimentcia. O Ministrio de Agricultura, Pecuria e Abastecimento, em 2002, estabeleceu a Instruo Normativa 51 que estipula metas para a qualidade do leite e, quando atingida, gera uma bonificao para os produtores. Com isso, no presente estudo, o objetivo foi verificar se o processo de qualidade na cadeia leiteira influencia no preo recebido pelos produtores, bem como os fatores que influenciam a qualidade do leite. A pesquisa foi realizada em forma de question-rio aplicado nos meses de junho e julho de 2012, com vinte produtores de leite do distrito de So Joo das Misses, interior do municpio de So Miguel das Misses, noroeste do Rio Grande do Sul. Foi concludo que o preo final recebido pelo pro-dutor est atrelado qualidade e que os produtores esto conseguindo se adequar Instruo Normativa 51, sendo que as prticas de higiene so decisivas para que o leite tenha uma maior qualidade.

    Palavras-chave: Processo de qualidade. Qualidade do leite. Normativa 51.

    Mateus Sangoi FrozzaTaize de Andrade Machado Lopes

    Bruna Mrcia Machado Moraes

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    INTRoDuo

    Com o passar dos anos, o processo administrativo de cada organiza-o tem contnua evoluo, respondendo a mudanas polticas, econmicas e sociais de determinado ambiente econmico. Essas mudanas esto as-sociadas s formas com as quais cada organizao planeja, define, obtm, controla, melhora e demonstra a qualidade em bens e servios oferecidos aos seus clientes (LONGO, 1995).

    Como conceito intrnseco, a qualidade est presente nas organizaes e na vida das pessoas h milnios. Porm, na Idade Mdia, houve o primeiro tipo de controle de qualidade descrito. Nessa fase, tambm chamada de fase da ins-peo, o controle era feito pelos artesos que eram responsveis pela fabrica-o de seus prprios produtos. Com o surgimento da industrializao, Taylor, atravs da Administrao Cientfica, enfatizou a produo em srie, sendo ne-cessria a figura de um supervisor da qualidade, que seria responsvel pela ins-peo de todos os produtos (PALADINI, 2008).

    Com a Segunda Guerra Mundial, outras tcnicas foram desenvolvidas para combater a ineficcia apresentada pela inspeo. A rpida evoluo e a expanso das indstrias no perodo, bem como a utilizao de mo de obra pouco qualificada, pela urgncia do incremento da produo, afetaram os n-veis da qualidade de produtos e servios. Estes aspectos foram essenciais para que fosse desenvolvido um novo mtodo de controle de qualidade. Essa fase conhecida como controle estatstico da qualidade, na qual Walter A. Shewhart reconheceu a variabilidade como inerente aos processos industriais, utilizando tcnicas estatsticas para o controle de processos (BARANTE, 1998).

    Aps as fases descritas, houve a necessidade da criao de uma ga-rantia de qualidade para que as empresas pudessem realmente medir o quanto os seus produtos eram confiveis ou no. Atendendo a essa neces-sidade, emergiu a International Organization for Standardization (ISO), uma federao mundial de rgos nacionais de normalizao, que tem como objetivo preparar e emitir normas tcnicas, mas que, somente no ano de 1987, criou as normas da famlia ISO 9000. Essas normas constituem um conjunto de normas internacionais relativas ao sistema de gesto da quali-

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    dade, com objetivo de uniformizar requisitos a serem adotados em contra-tos de fornecimento de materiais e servios, que representem e traduzam o consenso mundial (PALADINI, 2008).

    Com relao aos produtos alimentcios, a qualidade deixou de ser simplesmente uma vantagem competitiva, tornando-se um requisito fun-damental para a comercializao de produtos de primeira linha. O manu-seio correto dos alimentos abrange desde a produo da matria-prima at o produto final e tem o objetivo de garantir a integridade do alimento e a sade do consumidor (EMBRAPA, 2002).

    O Ministrio da Agricultura, Abastecimento e Pecuria (MAPA, 2012), nos ltimos anos, vem introduzindo, no mercado de produtos alimentcios tanto de origem animal quanto vegetal, normas que visam a regulamentar a produo de alimentos in natura ou como matria-prima para empresas. Esses programas surgiram com intuito de proteger o consumidor final de produtos com m qualidade e de procedncia duvidosa. Um dos principais programas criados pelo Ministrio para a rea agrcola o Programa Nacio-nal de Qualidade do Leite (PNQL), que comeou a ser colocado em prtica no ano de 2005, tendo como objetivo auxiliar os produtores na utilizao de melhores prticas produtivas para que resulte em melhor qualidade do produto que ser adquirido pelos consumidores finais.

    Com o intuito de aperfeioar o PNQL, o MAPA, em 2002, no uso de suas atribuies, publicou a Instruo Normativa n 512 que regulamenta a produo de leite mais a fundo, ou seja, estipula nveis mximos e mnimos de todos os componentes do leite para assegurar um produto mais saud-vel. Nessa perspectiva, para auxiliar os produtores a adequarem-se nor-mativa citada, a empresa BRF Brasil Foods lanou o seu prprio programa de controle de qualidade para os produtos lcteos, chamado ProQuali, no

    2 No ms de julho do corrente ano, o MAPA publicou a Instruo Normativa 62, que exige ainda mais qualidade nos produtos lcteos, ou seja, os nveis exigidos pela Normativa 51 foram corrigidos pela Normativa 62, sendo que, nesta ltima, os ndices mximos so ainda menores. Porm, quando o estudo foi realizado, a Instruo Normativa 51 ainda estava em vigor, sendo assim os nveis de qualidade, que so apresentados no item 4 deste trabalho, esto de acordo com a IN 51.

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    ano de 2009. O produtor beneficiado pela qualidade de seu produto, ou seja, a cada nvel de qualidade atingido, o produtor obtm uma rentabilida-de maior em cada litro de leite produzido. Para a realizao do presente es-tudo, foram selecionados os produtores de leite que vendem sua produo como matria-prima para a empresa BRF Brasil Foods.

    Dada a importncia do produto analisado na gerao de riqueza do estado do Rio Grande do Sul, busca-se verificar a relao entre preo do leite recebido pelo produtor e a qualidade do produto entregue na empre-sa que realiza o beneficiamento. Justifica-se a escolha do tema, dado que o leite est entre os seis primeiros produtos mais importantes da agropecu-ria brasileira, ficando frente de produtos tradicionais como caf benefi-ciado e arroz. Nesse grupo, ainda se encontram a soja, a cana-de-acar e a produo de laranja.

    O agronegcio do leite e seus derivados desempenham um papel re-levante no suprimento de alimentos e na gerao de emprego e renda para a populao. Para cada real de aumento na produo no sistema agroin-dustrial do leite, h um crescimento de, aproximadamente, cinco reais no aumento do Produto Interno Bruto (PIB), o que coloca o agronegcio do leite frente de setores importantes como a siderurgia e a indstria txtil (EMBRAPA, 2002).

    Quanto anlise do leite, destaca-se que existem alguns aspectos principais que sero observados para comprovar a qualidade do produto, como a Contagem Bacteriana Total (CBT), que expressa em Unidade For-madora de Colnia por mililitro (UFC/ML), a qual indica a contaminao no leite e a Contagem de Clulas Somticas (CCS) pela qual se pode avaliar o nvel de infeco em um animal.

    Os principais ndices que compem o controle de qualidade citados, so exigidos pela Instruo Normativa 51 para o estado do Rio Grande do Sul, a partir de 01 de julho de 2011, so: CCS at 400.000 CS/ml e CBT at 100.000 UFC/ml. Tambm pode ser observada a composio mnima que deve estar presente no leite, ou seja, o ndice de gordura deve ser de, no m-nimo, 3,0 gramas a cada 100 gramas e protena que deve ser de, no mnimo, 2,9 gramas (MAPA, 2012).

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    O texto que se segue est estruturado em quatro sees. Alm desta introduo, na segunda seo, foram destacadas a gesto da qualidade e as suas certificaes, o processo de qualidade na bacia leiteira e a caracte-rizao do leite no Rio Grande do Sul. Na terceira seo, ser apresentada a metodologia utilizada no trabalho. Na quarta parte, ser feita uma dis-cusso dos resultados obtidos na pesquisa realizada com os produtores de leite do municpio em anlise. E, por fim, na ltima seo, apresentam-se as consideraes finais do estudo.

    GesTo DA QuALIDADe

    No incio do seu processo evolutivo, a qualidade no mensurada e nem observada, de tal modo, que bens apenas so produzidos e vendidos. Assim, somente se os clientes encontrassem algum tipo de defeito nos produtos a troca era realizada. No havia nenhum tipo de investigao ou preocupao em saber que tipo de defeito ou qual parte do processo produtivo no estava sendo bem desempenhada. Essa situao foi uma caracterstica das empresas japonesas no incio da dcada de 1950, quan-do made in Japan era significado de produtos no confiveis e de baixa qualidade (SHIBA; GRAHAM; WALDEN, 1997).

    Garvin (1992) categrico ao evidenciar que, nos sculos XVIII e XIX, ainda no existia o controle de qualidade tal como se conhece hoje. Quase tudo era fabricado por artesos e artfices habilidosos ou trabalhadores ex-perientes e aprendizes sob a superviso dos mais experientes ou donos do ofcio. A inspeo formal s passou a ser necessria com o surgimento da produo em massa e a necessidade de importar peas de outras empresas.

    Bergamo Filho (1991), por sua vez, assinala fases da evoluo do controle da qualidade. No fim do sculo XIX, o controle da qualidade era realizado pelo trabalhador, que era responsvel pela fabricao comple-ta do produto. Assim, cada trabalhador controlava o seu trabalho. J no incio do sculo XX, o controle da qualidade era feito pelo supervisor, sendo que vrias pessoas que executavam trabalhos semelhantes foram agrupadas para serem dirigidas e coordenadas por um supervisor, que

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    assumia a responsabilidade pela qualidade. Com o advento da Primeira Guerra Mundial, o controle da qualidade passou a ser responsabilidade do inspetor e o sistema de manufatura tornou-se mais complexo, pois havia um grande nmero de trabalhadores para um pequeno nmero de supervisores. Em consequncia disso, apareceram os primeiros inspeto-res de tempo integral.

    Bergamo Filho (1991) afirma que, mais tarde, na Segunda Guerra Mun-dial, surgiu o controle estatstico da qualidade. Esta fase representou uma contribuio a anterior, sendo que o seu maior enfoque foi a utilizao de inspeo por amostragem ao invs de 100% da produo ser analisada. O tra-balho de controle da qualidade estava, no entanto, sob a responsabilidade das reas de produo. Na dcada de 1950, houve o incio do controle total da qualidade, que reconhecia a participao de todos para a conquista de produtos e servios de qualidade. E, por fim, na dcada de 1980, o controle total da qualidade comeou a dar nfase ao ser humano.

    Cierco et al. (2008) asseveram que a qualidade teve a sua evoluo advinda de diversos fatores que compem a estrutura organizacional de sua administrao. Qualidade um conceito intrnseco a qualquer situao de uso de algo tangvel, a relacionamentos envolvidos na prestao de um ser-vio ou a percepo associada a produtos de natureza intelectual, artstica, emocional e vivencial. Para Paladini (2008), na adequao ao uso, a qualida-de tem uma caracterstica bem definida, ou seja, a sua avaliao expressa por uma relao de consumo. O conceito gera uma conexo entre organi-zao que produz e o mercado em potencial. Trata-se, pois, de um conceito geral utilizado em todos os segmentos de mercados e exigido em todo o tipo de comercializao.

    Deming (1990) ressalta que a qualidade s pode ser definida em termos de quem a avalia. Para o operrio, ele produz qualidade se puder orgulhar-se do seu trabalho, por sua vez, qualidade para o administrador da empresa significa produzir a quantidade planejada e atender s especificaes. O mesmo autor aponta, inclusive, que a dificuldade de definir a qualidade est na converso das necessidades futuras do usurio em caractersticas mensurveis, de forma que o produto possa dar satisfao a um preo que o usurio pague.

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    J para Crosby (1999), garantir a qualidade seria Induzir as pessoas a fazer melhor tudo aquilo que devem fazer. O termo as pessoas inclui tanto a alta administrao quanto os operrios responsveis pela produo. O papel do administrador, nesse sentido, fazer com que todos os compo-nentes da empresa, responsveis por qualquer tipo de tarefa, realizem o seu trabalho com a misso de fazer da melhor forma possvel.

    Garvin (1992) ainda registra as mltiplas dimenses da qualidade, como esquema de anlise. Em primeiro lugar, o desempenho que se refe-re s caractersticas operacionais bsicas de um produto. Esta dimenso da qualidade combina elementos de abordagem com base no produto e usu-rio. Como segunda dimenso, o autor aponta as caractersticas que so os adereos, ou aquelas caractersticas secundrias que complementam o funcionamento bsico do produto. Garvin (1992) cita a confiabilidade que reflete a probabilidade de mau funcionamento do produto ou de sua falha em um determinado perodo de tempo.

    Alm disso, em consonncia com o autor, deve-se mencionar a conformidade que significa o grau em que as caractersticas operacio-nais de um produto esto de acordo com padres preestabelecidos. Em seguida h a durabilidade, ou seja, a medida de vida til do produto. Garvin, do mesmo modo, aponta o atendimento como dimenso da qua-lidade: se o produto estragar, os consumidores tambm se preocupam com a rapidez, cortesia e a facilidade do reparo. Por outro lado, a est-tica pode ser decisiva na qualidade de um produto, significa a aparncia de um produto, o que se sente com ele, o seu som, o seu cheiro ou o seu sabor. Finalmente, o autor enfatiza a qualidade percebida, quando os consumidores no conhecem o produto pela marca, porm pegam gosto por ele, por us-lo.

    A partir das dimenses anteriormente descritas, Garvin (1992) co-menta que a competio torna-se muito mais complexa quando essas dimenses so atendidas. Acrescenta, ademais, que at a qualidade de um software, por exemplo, pode ser avaliada atravs das dimenses da qualidade. Necessita-se ento da compreenso de novas formas de qua-lidade, como novas formas de certificaes que estejam de acordo com

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    as exigncias do mercado, para tanto, na seo seguinte, aprofunda-se a discusso sobre as certificaes da qualidade.

    Certificaes da Qualidade

    As demandas competitivas de uma economia globalizada consti-tuem uma fora na corrida para a chamada qualidade total. Para isso, a International Standards Organization - ISO - criou padres de qualidade que esto sendo seguidos em todo o mundo. Dentro desses padres, esto as Normas ISO que, de acordo com Chiavenato (2004), so um pr--requisito para o sucesso.

    Para se entender melhor, a International Organization for Standardization (Organizao Internacional de Normalizao) cumpre esclarecer que seu objetivo promover o desenvolvimento de normas, testes e certificaes, com o intuito de encorajar o comrcio de bens e servios (HUTCHINS, 1994). Conforme a British Standards Institution (BSI, 2012), qualquer organizao gostaria de melhorar a sua atuao no mercado, seja na reduo dos custos, gerenciando o risco, seja melhorando a satisfao dos clientes. Um sistema de gesto d-lhe a estrutura necessria para analisar e melhorar o desempenho em qualquer rea de seu interesse.

    A BSI (2012) ainda explica que a ISO 9000 , de longe, a estrutura de qualidade melhor estabelecida, sendo utilizada, atualmente, por mais de 750 mil organizaes em 161 pases. Ademais, define o padro no s para sistemas de gesto da qualidade, mas tambm para sistemas de gesto em geral. Ela ajuda todos os tipos de organizaes a obterem sucesso atravs de uma melhora na satisfao dos seus clientes, da motivao dos colabora-dores e da melhoria contnua.

    A ISO 9000 uma norma da srie de sistemas de gesto da qua-lidade em nvel mundial. Ela pode ajudar a alavancar o melhor de uma organizao ao permitir compreender os seus processos de entrega de produtos e prestao de servios aos clientes. composta de diversas normas chamadas Srie de Normas ISO 9000, que esto detalhadas no quadro 1 (um).

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    Quadro 1 - Sries e Normas ISO 9000.

    Tipo de Norma Nome da Norma Especificaes

    Modelo de

    Conformidade

    ISO 9001Garantia da qualidade em projetos e desenvolvimento, produo, instalao e assistncia tcnica.

    ISO 9002Garantia da qualidade na produo, instalao e assistncia tcnica.

    ISO 9003 Garantia da qualidade na inspeo e ensaio final.

    Guia

    ISO 9000Diretrizes para seleo e uso das normas de gerenciamento da qualidade, elementos do sistema da qualidade e garantia da qualidade.

    ISO 9004Diretrizes para gerenciamento da qualidade e elementos do sistema de qualidade.

    Fonte: Elaborao prpria a partir de Hutchins (1994).

    Como exposto no quadro, Hutchins (1994) explana que a ISO 9000 uma srie de normas internacionais sobre o gerenciamento e preceitos de qualidade, que compreende a ISO 9000, ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003 e ISO 9004. As normas ISO 9000 e 9004 servem como roteiro para todas as prximas normas de qualidade. Hutchins (1994) ainda salienta que a nor-ma ISO 9001 utilizada pelas companhias para controlar os seus sistemas de qualidade durante o ciclo de desenvolvimento dos produtos, desde o projeto at o servio. J a norma ISO 9002 mais usada em empresas cuja nfase voltada para produo e instalaes, nas quais os produtos j fo-ram testados, melhorados e aprovados. E a norma ISO 9003 dirigida para empresas em que o sistema de qualidade pode no ser to necessrio, como as fornecedoras de mercadorias.

    No estado do Rio Grande do Sul, tambm h um programa especfico para a qualidade chamado Programa Gacho de Qualidade e Produtividade (PGQP). Para o programa, quanto mais o estado avanar na disseminao dos conceitos e na aplicao permanente das tcnicas e 'ferramentas' de qualidade, melhores sero os resultados obtidos pelas organizaes ga-chas (PGQP, 1998). O programa surgiu aps o seguinte questionamento:

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    Como melhorar os produtos e os servios, economizar tempo e otimizar recur-sos no Estado? Assim, foi firmada uma parceria entre o setor pblico e priva-do que permitiu a divulgao dos princpios da qualidade de forma democr-tica e concedeu a oportunidade de serem promovidas iniciativas voltadas ao aprimoramento dos produtos e dos servios das empresas gachas.

    Hoje, as melhorias que o programa provocou podem ser consideradas pela maior competitividade e qualificao nos servios pblicos e privados. Atravs do comprometimento do governo, empresrios, trabalhadores e consumidores, os sistemas de gesto foram aprimorados ainda mais. Na se-o seguinte, em continuidade aos temas tratados pelo presente estudo, ser abordada a qualidade na cadeia leiteira.

    o Processo de Qualidade na Bacia Leiteira

    A procura por produtos de qualidade tem sido cada vez mais frequente por parte do consumidor. Dentre os programas de qualidade que se acham voltados produo de leite no Brasil, existe o Programa Nacional de Me-lhoria da Qualidade do Leite (PNQL), criado pelo Governo Federal em 2002, o qual surgiu com o objetivo de melhorar a qualidade do leite produzido no pas e garantir o consumo de produtos lcteos mais seguros, nutritivos e sa-borosos para a populao, alm de proporcionar a oportunidade de ganhos mais altos para os produtores.

    Para complementar o PNQL, em 2002, o MAPA publicou a Instruo Normativa n 51 IN 51 que regulamenta a produo, a identidade, a quali-dade, a coleta e o transporte do leite A, B, C, pasteurizado e cru refrigerado. Esta norma entrou em vigor no dia primeiro de julho de 2005, nas regies Sul, Sudeste e Centro-oeste e nas regies Norte e Nordeste e vigorou a par-tir de primeiro de julho de 2007.

    A produo de leite de qualidade, baseada na Instruo Normativa 51, abriu as portas de um mercado exigente. No Brasil, existe uma tendncia clara de valorizao da produo de laticnios, pois a maioria dos produtores produz o leite cru refrigerado, que um produto utilizado como matria--prima para grandes indstrias de produtos lcteos. Alm disso, as empre-

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    sas compradoras esto incentivando os produtores a obterem produtos de qualidade atravs de um preo diferenciado pelo leite que esteja dentro das exigncias da IN 51 (SENAR, 2012).

    Para concretizar essa qualidade, so necessrias algumas aes indispen-sveis, como a higiene de animal do ordenhador e das instalaes. De acordo com o SENAR (2006), a lavagem e a desinfeco dos equipamentos de orde-nha e resfriamento devem ser feitos com o uso de esponjas de vrios tipos, e a gua na temperatura de 35-40 graus Celsius. Quanto aos produtos para limpe-za e lavagem, devem ser utilizados os que esto dentro do padro de higiene corretos e com as seguintes caractersticas: eficientes na retirada de resduos do leite; alcalinidade para dividir e solubilizar as gorduras; conter cloro para quebrar e remover as protenas aderidas; conter agentes cidos e sequestran-tes-tensoativos para retirar os depsitos de minerais (SENAR, 2006).

    No quesito qualidade do leite, explica o SENAR (2006), considerado adequado aquele leite que tenha as caractersticas inatas de um produto retirado de animais sadios. Ele necessita deter algumas caractersticas re-levantes: cor: branco opaco a ligeiramente amarelado conforme o tipo de alimentao e quantidade de gordura; sabor: levemente adocicado; odor: com aroma acentuado, caracterstico; consistncia: textura suave, mas en-corpada, homognea e sem grumos. A composio correta do leite varia de acordo com a alimentao, a raa e o estgio de lactao do animal, sendo esses fatores determinantes para a qualidade do leite. Componen-tes maiores: gua: 84% a 90%; gordura: 2% a 6%; protena: 3% a 4%; lactose: 4.5% a 5%; componentes menores (sais minerais, enzimas, vitaminas, fosfo-lipdios e cido ctrico): 0.5% a 1%.

    Sob o aspecto da qualidade do leite, ressalta-se que existem vrios fatores que o afetam, entre eles: a alimentao do animal, quando esta deficiente em fibra bruta ou com excesso de concentrados, diminui a gordura do leite; o teor de protena do leite tende a ser menor quando o animal ingere alimentos com baixo nvel de energina e tambm alimen-tos que requerem um tempo maior para a digesto. Quanto ao estgio de lactao, acaba tambm afetando a qualidade, pois todos os consti-tuintes slidos do leite so altos inicialmente, caem at a metade e re-

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    tornam no final desse perodo. A temperatura ambiente tambm , de forma anloga, uma varivel que contribui para a queda da gordura do leite, quando h perodos muito quentes (SENAR, 2006).

    Alm disso, um dos fatores mais decisivos na qualidade do leite a gentica do animal, a seleo de reprodutores com as caractersticas de pro-duo de leite, protena e gordura favorece a obteno de um produto com maior valor nutricional, como observado na tabela 1.

    Tabela 1 - Composio mdia das principais raas leiteiras do Brasil (%).

    Raa Gordura Protena Lactose Cinzas Slidos totais

    Holands 3.5 3.1 4.9 0.7 12.2

    Jersey 5.5 3.9 4.9 0.7 15.0

    Pardo Sua 4.0 3.6 5.0 0.7 13.3

    Zebunas 4.9 3.9 5.1 0.8 14.7

    Fonte: Manual do Treinamento de Manejo da Ordenha e Qualidade do Leite SENAR (2006).

    Com relao composio do leite, podem ser observadas as raas com melhores ndices de gordura e protenas que so Jersey com 5,5% a 3,9% respectivamente e Holands com 3,5% de gordura e 3,1% de protena. Dentre outros fatores que afetam a qualidade do leite, cabe citar a ordenha irregu-lar incompleta, que significa espaos irregulares e curtos entre as ordenhas. No incio da ordenha, o teor de gordura do leite menor (2%) e, ao final, maior (7%); a ordenha incompleta diminui a produo e o teor de gordura do leite e ainda pode-se acrescentar a contaminao por micro-organismos.

    Aps a realizao da ordenha, necessrio que o leite seja refrigerado at o momento da coleta. Esse resfriamento do leite feito por resfriado-res e dever acontecer no tempo mximo de trs horas aps o trmino da ordenha. O leite deve ser conservado a uma temperatura de quatro graus Celsius por, no mximo, quarenta e oito horas, que o intervalo entre uma coleta e outra. O transporte do leite cru refrigerado deve ser realizado em caminhes com tanques rodovirios isotrmicos da propriedade at a inds-tria, no intervalo previsto (SENAR, 2006).

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    Quanto anlise do leite, destaca-se que existem alguns aspectos principais que sero observados para comprovar a qualidade do produ-to, como a contagem bacteriana total (CBT) que indica a contaminao no leite a qual expressa em Unidade Formadora de Colnia por mililitro (UFC/ML). E a contagem de clulas somticas (CCS) pela qual se pode avaliar o nvel de infeco em um animal. Clulas somticas so clulas de defesa do organismo da vaca que, em resposta a uma infeco, inva-dem o bere para defend-lo.

    Alm dos aspectos citados, CBT e CCS, os laboratrios avaliam a com-posio do leite. Essa anlise contempla o que o leite cru refrigerado deve apresentar para ter qualidade, isto , o valor nutricional, sendo necessrio ter, no mnimo, 3,0% de gordura, 2,9% de protena e 8,4% de slidos no gor-durosos. Alm disso, esses teores tambm determinam o valor industrial do leite, pois quanto mais gordura e protena, maior o rendimento que a inds-tria ter ao fabricar produtos lcteos.

    Os principais ndices que compem o controle de qualidade citados, que so exigidos pela Instruo Normativa 51, podem ser mais bem obser-vados no quadro 02.

    Quadro 2 - Padres da Instruo Normativa 51.

    Instruo Normativa 51

    Por propriedade At 2005 S/SE/CO At 2007 N/NEAt 2008 S/SE/COAt 2010 N / NE

    At 2011 S/SE/CO At 2012 N / NE

    A partir de 2011 S/SE/COA partir de 2012 N/NE

    CCS (CS/ml) 1.000.000 1.000.000 750.000 400.000

    CBT (UFC/ml) 1.000.000 1.000.000 750.000 100.000

    Gordura (g a cada 100g) > 3,0 > 3,0 > 3,0 > 3,0

    Protena (g a cada 100g) > 2,9 > 2,9 > 2,9 > 2,9

    Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados disponveis no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA, 2012).

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