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Serviço Público Federal Universidade Federal do Pará Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento ENSINO CONCEITUAL EM ABA E TREINO DE ENSINO POR TENTATIVAS DISCRETAS PARA CUIDADORES DE CRIANÇAS COM AUTISMO LUCIENE AFONSO FERREIRA Belém, Pará Agosto, 2015

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Serviço Público Federal

Universidade Federal do Pará

Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento

Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

ENSINO CONCEITUAL EM ABA E TREINO DE ENSINO POR TENTATIVAS

DISCRETAS PARA CUIDADORES DE CRIANÇAS COM AUTISMO

LUCIENE AFONSO FERREIRA

Belém, Pará

Agosto, 2015

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Serviço Público Federal

Universidade Federal do Pará

Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento

Programa de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento

ENSINO CONCEITUAL EM ABA E TREINO DE ENSINO POR TENTATIVAS

DISCRETAS PARA CUIDADORES DE CRIANÇAS COM AUTISMO

LUCIENE AFONSO FERREIRA

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Teoria e

Pesquisa do Comportamento, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Psicologia Experimental

Orientador: Prof. Dr. Romariz da Silva Barros.

Belém, Pará

Agosto, 2015

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome: Luciene Afonso Ferreira

Título: Ensino conceitual em ABA e treino de ensino por tentativas discretas para

cuidadores de crianças com autismo.

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Teoria e

Pesquisa do Comportamento, como requisito

parcial para a obtenção do título de Mestre.

Apoio financeiro: CNPq, FAPESP, INCT-ECCE

Área de concentração: Psicologia Experimental.

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. Romariz da Silva Barros.

Instituição: Universidade Federal do Pará.

Profa. Dra. Ana Emília Vita Carvalho.

Instituição: Centro Universitário do Estado do Pará.

Profa. Dra. Marilu Michelly Cruz de Borba.

Instituição: Integra - Clínica de Desenvolvimento Infantil.

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AGRADECIMENTOS

Meu agradecimento primeiro é um testemunho de fé, pois eu creio na existência de

Deus e agradeço a Ele pela vida, pelas oportunidades, família, amigos e todas as pessoas

que Ele tem posto em meu caminho.

Agradeço a meu esposo Inaldo Leão Ferreira, por acreditar em meu potencial e por me

expor a algumas contingências que me fazem ir um pouco mais além. Sempre

lembrando o poeta que dizia que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

Agradeço à minha filha, minha grande alegria, que me faz enxergar a vida diferente.

Pela credibilidade e incentivos muitas vezes presentes. Amiga e companheira,

conhecedora profunda daquilo que sou.

Meus agradecimentos ao meu orientador Prof. Dr. Romariz Barros, pessoa a quem

admiro por suas conquistas, por sua educação, simpatia, inteligência e competência. E,

também, pela maneira animadora e descontraída com que conduzia nossas discussões

durante as reuniões no APRENDE.

Aos meus professores Carlos Souza, François Tonneau e Grauben Assis pela grande

competência com que ministraram as aulas, pela paciência demonstrada com os alunos e

pela simplicidade.

Ao amigo, meu irmão de curso e pai deste trabalho, Álvaro Júnior, pelos ouvidos

doados e atentos, pelos ensinos e orientações, pelo respeito sempre presente, pela

confiança depositada, por ter entendido e aceitado minhas brincadeiras e as de cada

cuidador. Enfim, por todo o seu empenho para que este trabalho se concretizasse.

Aos amigos do APRENDE Adriano Barboza, André Abraçado, Andréa Farias, Eugênia

Leão, Glaucy Costa, Lidiane Queiroz, Patricia Madeira, Izabel Brasiliense, Shirley

Carmona, Marilu Borba, Cláudia Nogueira, Karen Portilho, Ana Carolina, Jennifer

Muniz, Renata Pinheiro e Vera Novaes por cada palavra dada, pelas ajudas fornecidas e

pela cooperação demonstrada uns com os outros.

A Professora Rosana Éleres Figueiredo, que me ajudou na escrita deste trabalho e que

exerceu papel fundamental apontando-me o caminho que foi percorrido. Agradeço pelo

ouvido atento, pela leitura minuciosa de cada etapa da escrita, pela simplicidade e

leveza com que conduziu sua orientação, pela paciência sempre presente, pela

confiança, pelos estímulos reforçadores produzidos a cada conquista minha, pelos

sorrisos e histórias compartilhadas.

Aos cuidadores que participaram deste projeto, pelo tempo dedicado, pela superação de

seus limites, pela confiança demonstrada em nosso trabalho, pela alegria de cada

conquista.

Enfim, os meus sinceros agradecimentos a toda a equipe do APRENDE, aos

funcionários do NTPC e a todos que de alguma forma contribuíram para o

desenvolvimento desta pesquisa.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Etapas do procedimento de ensino conceitual.

Figura 2. Resultado do desempenho dos participantes no teste teórico escrito, (A) pré-

teste em relação ao pós-teste, e (B) evolução dos comportamentos individuais e médias

dos comportamentos dos participantes.

Figura 3. Categoria. Tipos de interação: (A) amistosa, (B) cooperativa.

Figura 4. Categorias. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Henrique.

Figura 5. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Jade.

Figura 6. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Marlene.

Figura 7. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Rita.

Figura 8. Categorias. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Josenilda.

Figura 9. Etapas do procedimento de treino prático.

Figura 10. Esquema do role playing.

Figura 11. Evolução de desempenho do participante Antônio após o procedimento de

treino.

Figura 12. Evolução de desempenho do participante André após o procedimento de

treino.

Figura 13. Evolução de desempenho do participante Henrique após o procedimento de

treino.

Figura 14. Evolução de desempenho da participante Marlene após o procedimento de

treino.

Figura 15. Evolução de desempenho da participante Jade após o procedimento de treino.

Figura 16. Desempenho dos participantes Antônio, André e Jade antes e após o treino

do procedimento de correção de erros de respostas.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Informações pessoais sobre os participantes.

Tabela 2. Descrição de episódio de interação adaptado de França-Freitas & Gil (2012).

Tabela 3. Passos da implementação de tentativa discreta com os comportamentos

correspondentes para cada passo.

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Ferreira, L. A. (2015). Ensino conceitual em ABA e treino de ensino por tentativas

discretas para cuidadores de crianças com autismo. Dissertação de mestrado. Programa

de Pós-Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do

Pará. 77 páginas.

RESUMO

O treino de cuidadores tem sido uma alternativa plausível no contexto brasileiro para a

disseminação da intervenção analítico-comportamental ao Transtorno do Espectro

Autista (TEA), considerando a escassez ainda vigente de profissionais formados nessa

área e a baixa disponibilidade de serviços públicos voltados a esse fim. O presente

estudo se subdividiu em dois experimentos. O primeiro verificou a) o efeito do ensino

das bases conceituais em Análise Aplicada do Comportamento (ABA) sobre o

repertório de conhecimento de sete cuidadores de crianças diagnosticadas com autismo

e b) o efeito do ensino sobre o desempenho em interação lúdica dos cuidadores com

suas crianças. O procedimento desse estudo ocorreu em três etapas. Na 1ª realizou-se

um pré-teste teórico, com quinze questões objetivas de múltipla escolha e uma

sondagem do tipo de interação que ocorria entre cuidador e a criança com TEA. Na 2ª

etapa ocorreu o ensino conceitual, por meio do Sistema Personalizado de Instrução

(SPI) e na 3ª etapa o teste teórico foi repetido e uma nova situação de interação da díade

foi promovida. A média de conhecimento de todos os participantes durante a fase do

pré-teste do ensino das bases conceituais foi de 32%, passando para 71% na fase de pós-

teste. Para a análise da interação lúdica, as respostas dos cuidadores foram

categorizadas em tipos de interação e tipos de estímulos, e contadas suas frequências

durante 3 minutos de vídeo. Quanto aos tipos de interação (cooperativa e amistosa),

para 4 participantes houve aumento nas respostas de cooperação, apresentando os

seguintes resultados, respectivamente: 47, 40, 42 e 31 no pré-teste e 83, 96, 64 e 36 no

pós-teste. Para uma das participantes, houve aumento na emissão de respostas amistosas

de 73 para 133. No segundo experimento verificou-se o efeito do treino de ensino por

tentativas discretas sobre o desempenho dos participantes junto a um confederado.

Igualmente ao Experimento 1, o procedimento ocorreu em três etapas, pré-teste, treino e

pós-teste. Os resultados mostraram que todos os participantes alcançaram precisão de

desempenho apresentando 100% de acertos de acordo com o protocolo de avaliação

preestabelecido. Avaliou-se como eficiente o procedimento de treino adotado para o

ensino por tentativas discretas a cuidadores de crianças autistas.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Análise Aplicada do Comportamento;

Treino de cuidadores.

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Ferreira, L. A. (2015). Conceptual teaching in ABA and teaching training for discrete

trial for caregivers of children with autism. Master Thesis. Programa de Pós-Graduação

em Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará. 77 pages.

ABSTRACT

The caregivers training has been a plausible alternative in the Brazilian context for the

spread of behavior analytic intervention in Autism Spectrum Disorder (ASD),

considering the still prevailing shortage of trained professionals in this area and the low

availability of public services aimed at this end. This study subdivided into two

experiments. The first one verified a) the effect of teaching the conceptual bases in

Applied Behavior Analysis (ABA) on the repertoire of knowledge of seven caregivers

of children diagnosed with autism and b) the effect teaching on performance in playful

interaction of caregivers with their children. The procedure of this study took place in

three stages. The 1st held a theoretical pre-test, with fifteen objective multiple-choice

questions and a survey of the type of interaction that occurred between caregiver and the

child with ASD. In the 2nd stage was the conceptual teaching, through Personalized

System of Instruction (PSI) and in the 3rd stage the theoretical test was repeated and a

new dyad interaction situation was promoted. The average knowledge of all participants

during the phase of pre-test teaching of conceptual basis was 32% rising to 71% in the

post-test phase. For the analysis of playful interaction, the responses of caregivers were

categorized into types of interaction and types of stimuli and their frequencies reckoned

for 3 minutes of video. Concerning the types of interaction (cooperative and friendly),

for four participants there was an increase in cooperative answers, with the following

results, respectively: 47, 40, 42 and 31 in the pre-test and 83, 96, 64 and 36 in the post-

test. For one of the participants there was an increase in the issuance of friendly answers

from 73 to 133. In the second experiment evaluated the effect of teaching training for

discrete trial on the performance of participants with a confederate. Also to Experiment

1, the procedure occurred in three stages: pre-test, training and post-test. The results

showed that all the participants achieved performance accuracy where 100% correct

according to predetermined evaluation protocol. It was verified as efficient training

procedure adopted for the teaching of discrete attempts to caregivers of autistic children.

Keywords: Autism Spectrum Disorder; Applied Behavior Analysis; Training

caregivers.

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Sumário

INTRODUÇÃO ............................................................................ Erro! Indicador não definido.

EXPERIMENTO 1 ........................................................................................................................ 8

MÉTODO ...................................................................................................................................... 9

Participantes.............................................................................................................................. 9

Ambiente ................................................................................................................................. 10

Instrumentos e materiais ........................................................................................................ 10

Delineamento Experimental ................................................................................................... 10

Procedimento .......................................................................................................................... 11

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 15

EXPERIMENTO 2 ...................................................................................................................... 27

MÉTODO .................................................................................................................................... 28

Participantes............................................................................................................................ 28

Ambiente ................................................................................................................................. 28

Instrumentos e materiais ........................................................................................................ 28

Delineamento Experimental ................................................................................................... 28

Procedimento .......................................................................................................................... 29

Acordo entre observadores .................................................................................................... 36

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................ 37

DISCUSSÃO GERAL ................................................................................................................ 43

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 46

ANEXOS..................................................................................................................................... 50

ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO COMO DISPOSTO NA

RESOLUÇÃO CNS 196/96 E NA RESOLUÇÃO CFP N°016/2000 ................................................ 51

ANEXO 2 - TESTE TEÓRICO ESCRITO ........................................................................................ 53

ANEXO 3 - PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS DO CUIDADOR ........................ 57

ANEXO 4 - PROTOCOLO GERAL DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO ...................................... 59

ANEXO 5 - FOLHA DE REGISTRO DO PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO ..................................... 63

ANEXO 6 - PROGRAMAS TREINADOS ...................................................................................... 64

ANEXO 7 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DE DESEMPENHO .............................. 75

ANEXO 8 - DESCRIÇÃO PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO......................................................... 76

ANEXO 9 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DO PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO . 77

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Autismo foi descrito pela primeira vez nos Estados Unidos pelo médico

austríaco Leo Kanner no ano de 1943. No ano posterior, o médico Hans Aspeger,

também, identificou o transtorno descrevendo-o de modo bastante semelhante à Kanner,

mesmo sem ter tido contato com este (Melo, Ho, Dias & Andrade, 2013).

Desde sua primeira identificação em 1943 até os dias atuais, vários critérios

foram adotados pelos profissionais na tentativa de descrever e identificar melhor o

autismo. Atualmente, existe consenso de que o Transtorno do Espectro do Autismo

(TEA) é um transtorno neurobiológico com forte componente genético (Lord & Bishop,

2010), mas que se associa, também, a aspectos ambientais (Johnson & Myers, 2007;

Silver & Rapin, 2012).

O TEA é um transtorno definido por padrões comportamentais que apresentam

uma variedade de sintomas que são específicos para cada indivíduo e se manifestam de

forma única na trajetória do desenvolvimento (Camargo & Rispoli, 2013). O

diagnóstico, geralmente feito por uma equipe multidisciplinar, é clínico e dimensional,

pois se baseia nos sintomas do indivíduo afetado e em dados comportamentais (Silver &

Rapin, 2012).

Conforme o DSM V (2013), pessoas com TEA apresentam déficits persistentes

na comunicação e interação social, podendo incluir dificuldades em estabelecer e

manter contato visual, atenção compartilhada e interesse por outras pessoas. Algumas

crianças apresentam comportamentos não vocais para estabelecerem comunicação e,

também, padrões repetitivos e restritivos de comportamentos. Os sintomas devem ser

apresentados desde a primeira infância, mesmo que não sejam reconhecidos mais tarde

(American Psychiatric Association, 2013).

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Em relação a sua incidência, Fombonne (2003) afirma que a frequência de

diagnósticos de TEA tem aumentado, provavelmente, devido ao aperfeiçoamento do

diagnóstico e disseminação dos meios para obtê-lo, assim como, ao maior acesso da

população aos tipos de intervenção.

No ano de 2000, a prevalência média global era de uma criança com autismo a

cada 160 indivíduos pesquisados (Elsabbagh et al., 2012). Estatísticas recentes estimam

que 1 em cada 50 crianças em idade escolar (6-12 anos) são diagnosticadas com autismo

nos Estados Unidos (Blumberg et al., 2013; Camargo & Rispoli, 2013). No Brasil, os

levantamentos epidemiológicos são escassos (BRASIL, 2013; Camargo & Rispoli,

2013). Dentre eles, há um estudo piloto realizado na cidade de Atibaia - São Paulo que

apontou uma prevalência de aproximadamente 0,3% de pessoas com Transtornos

Globais do Desenvolvimento (Paula, Ribeiro, Fombonne, & Mercadante, 2011).

Quanto às formas de intervenção, a Análise Aplicada do Comportamento,

também conhecida como ABA (Applied Behavior Analysis), tem sido apontada como

uma das mais eficazes; (Howard, Sparkman, Cohen, Green, & Stanislaw, 2005; Landa,

2007; Smith, Mozingo, Mruzek, & Zarcone, 2007) permitindo o desenvolvimento de

habilidades e a redução de excessos comportamentais (Naoni, 2009). Intervenções em

ABA envolvem identificação de comportamentos e habilidades que precisam ser

melhorados, análise funcional entre eventos antecedentes e consequentes à resposta do

indivíduo e delineamento das estratégias de intervenção (Camargo & Rispoli, 2013).

Sua principal função é descobrir, integrar e disseminar novos conhecimentos e aplicar

estes conhecimentos para atingir metas desejadas em circunstâncias identificáveis

(Moore & Cooper, 2003).

O arranjo de ensino mais utilizado em ABA é o ensino por tentativas discretas,

que tem um formato estruturado e caracteriza-se por dividir unidades pequenas de

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instruções em pequenos passos ensinados um de cada vez durante uma série de

tentativas. Consiste na apresentação de um estímulo antecedente claro pelo instrutor, na

emissão da resposta da criança e o provimento de uma consequência (Fazzio, 2007;

Leaf & McEachin, 1999; Lear, 2004).

O estudo clássico de Lovaas (1987) apresenta dados relevantes sobre a eficácia

da utilização da ABA na intervenção a crianças com autismo. Em sua pesquisa foram

selecionadas 59 crianças que foram distribuídas em grupo experimental e grupo

controle. As crianças do grupo experimental receberam tratamento intensivo (mais do

que 40 horas semanais) e individualizado (um terapeuta para uma criança); as crianças

do grupo controle receberam tratamento de 10 horas ou menos semanais, no mesmo

modelo um para um, além de receberem uma variedade de tratamentos de outras fontes

da comunidade. Os grupos receberam o tratamento por dois ou mais anos. Os dados

demonstraram que 47% das crianças pertencentes ao grupo experimental passaram com

sucesso pela primeira série em escola pública, apresentando funcionamento compatível

com o típico da idade. Apenas 2% dos participantes pertencentes ao grupo controle

foram considerados com funcionamento de acordo com o característico da idade

(Sallows & Graupner, 2005).

Estudos posteriores apontaram para resultados semelhantes aos obtidos pela

pesquisa de Lovaas em 1987, os quais demonstraram que o tratamento comportamental

pode produzir ganhos duradouros e significativos para crianças com autismo

(McEachin, Smith, & Lovaas, 1993; Sallows & Graupner, 2005).

O sucesso do ensino está relacionado a diversos fatores e dentre eles estão,

principalmente, a intensidade de sua aplicação (40 horas semanais); a durabilidade; (no

mínimo 2 anos) (Lovaas,1987; Salows & Graupner, 2005); e a precocidade; (antes dos 4

anos de idade) (Cautili, Hancock, Thomas, & Tillman, 2002; Landa, 2007). Esse

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modelo de intervenção ficou conhecido como Intervenção Comportamental Intensiva e

Precoce (Early Intensive Behavioral Intervention, EIBI) (Diggle, McConachie &

Randle, 2005; Lovaas, 1993).

Um fator importante a ser considerado na intervenção ao autismo são os custos

financeiros acarretados pelo atendimento aos indivíduos que apresentam esse tipo de

transtorno. Camargos Júnior (2010) afirma que, nos Estados Unidos, o gasto chega a

US$ 35 bilhões anuais. Esses dados não podem ser comparados ao Brasil, uma vez que

o sistema sócio assistencial em nosso país ainda é precário, pois o Sistema Único de

Saúde não está aparelhado para as múltiplas necessidades apresentadas pelos indivíduos

diagnosticados com autismo. Conforme este mesmo autor, nosso modelo de Estado se

aproxima ao do México, onde os mais pobres gastam mais com seus parentes afetados.

Pouquíssimas famílias têm condições econômicas de arcar com o custo do tratamento

adequado e, para atender as necessidades geradas pelo autismo, todas elas dependerão,

em determinado momento, de algum tipo de apoio institucional (Melo et al., 2013).

Portanto, mesmo sendo um modelo de intervenção eficiente para indivíduos com

TEA, é relevante considerar que a ABA nos moldes EIBI acarreta alto investimento

financeiro tanto para a família, como para as instituições que a utilizam, uma vez que

seu arranjo é de um aplicador/professor para uma criança (um para um). Sendo assim,

elaborar alternativas que diminuam os custos, ampliem o acesso ao atendimento e

mantenham os benefícios adquiridos pela intervenção em ABA, é de suma importância.

Uma das alternativas é preparar os cuidadores de crianças diagnosticadas com autismo

para que eles promovam o ensino de habilidades em seus tutelados.

O Treinamento de Habilidades Comportamentais (BST, que procede da língua

inglesa Behavioral Skills Training) tem sido um conjunto efetivo de estratégias para

ensinar procedimentos em ABA. O BST foi utilizado com sucesso para ensinar

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procedimentos em ABA a pais e professores, produzindo mudanças desejadas nos

comportamentos dos filhos e alunos (Lafasakis & Sturmey, 2007; Sarokoff & Sturmey,

2004). Os primeiros estudos sobre a eficácia e viabilidade da ABA no atendimento a

crianças autistas via cuidadores no contexto brasileiro, ainda são recentes (Barboza,

2015; Borba, 2014; Faggiani, 2012).

O BST é constituído de um pacote de treinos que consiste em instruções,

feedback, ensaios, modelação produzindo melhorias rápidas e grandes na aplicação de

ensino por tentativas discretas (Sarokoff & Sturmey, 2004).

Sarokoff e Sturmey (2004) utilizaram o BST para ensinar três professores a

implementar corretamente o ensino por tentativas discretas com crianças autistas nas

idades de 1 a 3 anos. Os resultados obtidos deste estudo apontaram para um aumento de

respostas de ensino corretas para os professores 1, 2 e 3, respectivamente, de 43%, 49%

e 43% na linha de base para 97%, 98% e 99% no pós-teste.

Lafazakis e Sturmey (2007) realizaram um estudo semelhante ao de Sarokoff e

Sturmey (2004), utilizaram o BST para ensinar três pais a implementar o ensino por

tentativas discretas a crianças com déficits de desenvolvimento. Foi avaliado se o BST

foi eficaz para o ensino por tentativas discretas; a ocorrência de generalização das

habilidades dos pais e, ainda, se as mudanças no ensino dos pais eram acompanhadas

pelas respostas corretas dos filhos.

O procedimento consistiu em linha de base, treino e pós-treino. Durante a linha

de base, o pai recebia uma lista digitada de definições dos 10 componentes de ensino em

tentativas discretas. No início de cada sessão era dado o comando pelo experimentador

de que o participante deveria aplicá-lo com o melhor de sua capacidade. As sessões

foram gravadas em vídeo e cada sessão consistiu em 10 tentativas que durava cerca de 5

minutos. Durante o treino, o experimentador fornecia a cópia digitada de 10

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componentes de ensino em tentativas discretas e descrevia cada um deles. Em seguida,

o pesquisador permitia ao pai assistir aos vídeos gravados durante a fase de linha de

base. Nesta ocasião, era descrito e discutido o desempenho do pai e o mesmo poderia

retirar suas dúvidas. Posteriormente, o experimentador, sob observação do pai, realizava

o ensino por tentativas discretas diretamente com a criança e, em seguida, o genitor

aplicava o programa em três tentativas com seu filho. O pai recebia feedback

imediatamente após sua performance, sendo elogiados seus acertos, explicados e

corrigidos os erros cometidos. Logo após, o experimentador sentava-se com a criança e

aplicava o programa de ensino em três tentativas discretas adicionais que incluíam os

componentes específicos que anteriormente foram implementados de forma incorreta. O

ensaio e modelação foram repetidos com o pai e experimentador em três tentativas. O

pós-treino transcorreu nos mesmos moldes da linha de base.

Os dados do estudo de Lafazakis & Sturmey (2007) demonstraram uma média

de 50% na linha de base para mais de 80% de acertos após o treino. O pai com menor

quantidade de respostas corretas melhorou seu desempenho em mais de 30%. Os

resultados para generalização foram de mais de 30% de aumento de respostas corretas

nas medidas de tentativas discretas para a imitação vocal. Além disso, o desempenho

das crianças melhorou junto com o desempenho de seus pais. A criança que apresentou

menor número de respostas corretas na linha de base (0%) aumentou a quantidade de

acertos para mais de 50% nas tentativas de imitação vocal. Este estudo, portanto,

demonstrou a eficácia e eficiência do BST no treino de habilidades de ensino por

tentativas discretas, a ocorrência de generalização e, ainda, que as melhoras no

desempenho dos pais foram acompanhadas pelas respostas corretas das crianças.

Sallows e Graupner (2005) apontam para a melhora significativa dos

comportamentos das crianças autistas através do ensino via cuidadores. Em seu estudo

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os resultados demonstraram que o desempenho das crianças atendidas por seus pais foi

tão bom quanto o desempenho daquelas que receberam atendimento diretamente

provido por profissionais na clínica. Este dado é bastante relevante uma vez em que se

torna uma alternativa de tratamento, provavelmente, menos onerosa tanto para a família

quanto ao poder público. Além de possibilitar a realização diária do tratamento e sua

extensão ao longo dos anos, pois estaria presente no contexto domiciliar da criança;

também possibilitaria maior abrangência ao aumentar o número de crianças que

poderiam ser beneficiadas com a ABA.

Pode-se afirmar que o ensino de cuidadores em ABA é uma relevante área de

estudo e aplicabilidade pois, em geral, é no contexto familiar que a criança passa a

maior parte do seu tempo, fazendo com que este ambiente seja fundamental para a

aquisição e manutenção de determinados comportamentos. Mesmo para aquelas

crianças que recebem atendimento intensivo e direto por meio de profissionais, o

engajamento, treinamento e participação dos familiares, em especial dos cuidadores

primários, é essencial no ensino a crianças com TEA, contribuindo para o

desenvolvimento e generalização de repertórios (Borba, 2014).

Outro fator que justifica a importância do ensino em ABA é que seus benefícios

se estendem aos demais membros da família, uma vez que promove a aquisição de

habilidades inexistentes no repertório comportamental da criança, tornando-a mais

independente das ajudas fornecidas por seus cuidadores. Quanto maior for a autonomia

da criança, maior será o tempo que o cuidador poderá disponibilizar para atender as suas

próprias necessidades e minimizar o estresse vivenciado pela família, que em geral,

precisa aprender a se reestruturar sem abrir mão de seu lazer e bem-estar (BRASIL,

2000).

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8

O presente trabalho consistiu em uma pesquisa aplicada que se baseou nos

estudos de Borba (2014) e Lafazakis & Sturmey (2007), e, se subdividiu em dois

experimentos. O primeiro verificou o efeito do ensino de bases conceituais em ABA

sobre o repertório de conhecimento e desempenho de cuidadores em interação lúdica

com a criança; e o segundo experimento verificou o efeito do treino de programas de

ensino por tentativas discretas sobre desempenho dos cuidadores e a ocorrência de

generalização de respostas corretas dos cuidadores para o uso do ensino por tentativas

discretas de programas que não tinham sido previamente ensinados. Em ambos, o

procedimento consistiu em linha de base, treino e pós-treino.

EXPERIMENTO 1

É possível que o ensino de conceitos básicos de Análise do Comportamento

tenha efeito favorável sobre o beneficiário no sentido de ampliar sua compreensão e

engajamento em formas de intervenção baseadas em Análise Comportamental Aplicada

- ABA (Camargo & Rispoli, 2013). A importância do provimento de bases conceituais a

cuidadores de crianças com TEA pode estar no fato de torná-los minimamente

preparados para analisar o comportamento de suas crianças e funcionar como agentes

importantes no processo de intervenção, além de torná-los ouvintes e leitores mais

proficientes a respeito do conhecimento gerado em ABA voltado diretamente para este

público. Sendo assim, este primeiro estudo objetivou verificar a eficácia de um treino

conceitual baseado em Sistema Personalizado de Instrução (Keller, 1999) para ensino de

bases conceituais de Análise do Comportamento a pais de crianças diagnosticadas com

autismo. Visando respeitar o ritmo de aprendizagem de cada cuidador, além de

promover maior autonomia aos mesmos. Adicionalmente, foram avaliados os efeitos

deste ensino sobre a habilidade dos cuidadores em interações com sua criança em

atividade lúdica.

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9

MÉTODO

Participantes

A tabela 1 apresenta as informações sobre os participantes, que, por questões

éticas, receberam nomes fictícios. Fizeram parte do estudo, sete cuidadores de crianças

diagnosticadas com TEA que apresentavam déficits de linguagem, comportamentos

auto lesivos e agressivos leves. Entendendo-se por cuidador, aquela pessoa que lida

diretamente e frequentemente com a criança, procurando atender suas necessidades,

além de ser o indivíduo facilitador no processo de desenvolvimento das habilidades

necessárias à autonomia da criança. Os participantes eram cuidadores de crianças

assistidas por meio do Projeto Caminhar do Hospital Bettina Ferro de Souza e foram

encaminhadas ao Projeto de Atendimento e Pesquisa sobre Aprendizagem e

Desenvolvimento (APRENDE) do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento da

Universidade Federal do Pará. Esses cuidadores conduziam suas crianças, em média,

três vezes por semana ao APRENDE para receberem atendimento direto realizado por

alunos de pós-graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento e permaneciam

numa sala de espera que era separada da sala de atendimento por um espelho

unidirecional. Além disso, embora não tivessem recebido ensino direto sobre ABA,

esses cuidadores por vezes receberam orientações sobre manejo de comportamento de

suas crianças. Cada participante assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Anexo 1). O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

Instituto de Ciências da Saúde da UFPA, conforme o parecer nº 175.303 de 14/12/2012,

em consonância com a Resolução 196/96 do CNS/MS.

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10

Tabela 1. Informações pessoais sobre os participantes

Nome Idade Vínculo Escolaridade Profissão Renda

André 16 Primo Fundamental Estudante ½ salário

Antônio 49 Pai Médio Vidraceiro 3 salários

Josenilda 35 Mãe Médio Do lar 2 salários

Jade 43 Mãe Médio Manicure 2 salários

Rita 37 Babá Fundamental Babá 1 salário

Marlene 38 Mãe Médio Comerciante 4 salários

Henrique 46 Pai Superior Autônomo 3 salários

Ambiente

Para o ensino conceitual, foi utilizada uma sala de aula localizada no prédio do

Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento da Universidade Federal do Pará. Esta

sala possuía 25 m² (5 x 5 m), tinha iluminação artificial e direta, e climatização. O

mobiliário consistiu em carteiras, cadeiras, mesa e um quadro branco. Para as filmagens

da interação cuidador/criança foi usada uma sala que media 12,5 m² (5 x 2,5 m), com

iluminação artificial e direta, climatizada. Continha dois sofás, uma mesinha com duas

cadeiras e armários nos quais eram guardados os brinquedos.

Instrumentos e materiais

Foram utilizados textos impressos sobre princípios básicos de ABA, a partir de

Borba (2014), notebook, data show e caixa de som. Para registro em filmagens da

interação entre cuidador e a criança, antes e depois do ensino conceitual, foi utilizada

uma câmera de vídeo, brinquedos com peças de encaixe e jogos de quebra cabeças.

Delineamento Experimental

O delineamento utilizado foi o intrassujeito de comparação de medidas pré e pós

tratamento. As variáveis dependentes analisadas foram: (a) desempenho em teste de

avaliação conceitual dos cuidadores com relação aos princípios básicos de Análise do

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Comportamento e (b) uso dos princípios de ABA para manter interações amistosas e

cooperativas com sua criança. (Anexos 2 e 3). A variável independente manipulada foi a

implementação do procedimento para ensino conceitual sobre conceitos básicos de

Análise do Comportamento.

Procedimento

1) Ensino Conceitual sobre Análise do Comportamento

Figura 1. Etapas do procedimento de ensino conceitual

1.1) Linha de base: avaliação do repertório de entrada dos cuidadores

A figura 1 demonstra as etapas do procedimento adotado neste experimento.

Primeiramente foi feita linha de base, momento em que foi aferido o repertório de

entrada dos participantes. Os cuidadores individualmente passaram por um teste de

sondagem teórico escrito que continha quinze questões objetivas de múltipla escolha

cada (Anexo 2). Houve orientação prévia de que deveriam responder as perguntas

conforme o que lhes parecia correto e caso não soubessem a resposta, poderiam marcar

a alternativa “Não sei”. Ao finalizar a sondagem, o cuidador era conduzido para outra

sala para interagir em atividade lúdica com a criança. A situação foi arranjada para que

cada díade cuidador/criança brincasse livremente numa sala com brinquedos de peças

Linha de base

Ensino

conceitual (SPI)

Pós- teste

Teste Teórico

Filmagem de interação lúdica

Leitura de

textos sobre

ABA e

Exercício

Aula

expositiva

dialogada

Teste Teórico

Filmagem de interação lúdica

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12

de encaixe e jogos de quebra cabeças que foram sugeridos como estímulos reforçadores

por profissionais que atendiam diretamente a criança no APRENDE. Os desempenhos

dos cuidadores foram vídeo-gravados por 5 minutos.

1.2) Ensino conceitual

A metodologia de ensino utilizada durante esta etapa foi individualizada,

respeitando o processo de aprendizagem de cada participante, baseando-se no Sistema

Personalizado de Instrução de Keller (Keller, 1999). Assim, os conteúdos ministrados

foram divididos partindo dos mais simples e básicos para os mais complexos.

Os textos com cada conteúdo foram entregues para cada participante que

conforme terminavam a leitura e demonstravam compreensão sobre a mesma, recebiam

os textos posteriores. Assim, foram lidos seis textos que abordaram, respectivamente,

sobre:1) Autismo e intervenção comportamental; 2) Análise do Comportamento:

resposta, evento antecedente e evento consequente; 3) Fortalecimento do

comportamento: reforço positivo e reforço negativo; 4) Enfraquecimento do

comportamento: punição positiva e negativa, e extinção; 5) Controle discriminativo; 6)

Comportamento verbal: operantes verbais básicos (cf. Borba, 2014 – Tese de doutorado

disponível em www.ufpa.br/ppgtpc).

Durante a leitura dos textos, o participante podia pedir explicações ao

pesquisador sobre possíveis dúvidas apresentadas. Após a leitura, pedia-se que o

participante respondesse os exercícios contidos ao final de cada texto. As perguntas e

respostas eram corrigidas pelo pesquisador juntamente com o participante e após a

verificação, através das respostas escritas e/ou vocais, que houve compreensão por parte

do cuidador, este passava por uma aula expositiva dialogada sobre o conteúdo do

mesmo material. Neste momento foram utilizados slides e vídeos, objetivando fortalecer

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13

a compreensão sobre o assunto abordado. Somente após este procedimento, o

participante recebia o próximo texto.

1.2) Pós-teste: avaliação do repertório adquirido pelos cuidadores

O procedimento adotado para a aplicação de teste teórico e vídeo gravação da

interação cuidador/criança, bem como, o teste teórico administrado foram os mesmos

utilizados na etapa de Linha de base: avaliação do repertório de entrada dos

cuidadores.

2) Tratamento de dados

O procedimento no tratamento dos dados teve início com a transcrição da

interação, identificando os eventos antecedentes, a resposta do cuidador e eventos

consequentes (Anexo 3). A observação e registro foram dos 3 minutos iniciais de vídeo

gravação durante o pré-teste e 3 minutos iniciais de vídeo gravação do pós-teste,

totalizando 6 minutos de registro. Posteriormente, foram contabilizadas as respostas

emitidas pelo cuidador sendo utilizado um protocolo de identificação das respostas do

cuidador (Anexo 3). Este possuía duas categorias de análise: a) tipos de interação e b)

tipos de estímulos. A primeira, tipos de interação, foi elaborada a partir do trabalho de

França-Freitas & Gil (2012), cujas subcategorias são: a) amistosa e b) cooperativa.

Quanto aos tipos de estímulos, o foco da análise foi a função que a resposta do cuidador

exerceu sobre a reposta emitida pela criança, ou seja, estímulo discriminativo

antecedente e estímulo social condicionado consequente. Assim, foram criadas as

seguintes subcategorias: a) estímulo discriminativo verbal; b) estímulo discriminativo

não verbal; c) estímulo consequente condicionado verbal; d) estímulo consequente

condicionado não verbal. Ambas as categorias e suas respectivas subcategorias estão

demonstradas na figura 2.

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14

Tabela 2. Descrição de episódio de interação adaptado de França-Freitas & Gil

(2012).

Categorias Sub categorias Descrição Exemplos

Tipos de

Interação

(Tipo de afeto)

Amistosa

Ocorre quando o

comportamento socialmente

dirigido de pelo menos um

dos indivíduos envolvidos no

episódio interativo resulta em

acolhimento e/ou

demonstração de afeto de

outro indivíduo envolvido no

episódio e, ainda,

estabelecimento de um

diálogo.

Liberar estímulos sociais, tais

como: bater palmas, sorrir,

olhar para o rosto da criança,

pegar nas mãos da criança,

beijar. Dizer: parabéns,

perfeito, isso, legal. Tentar

estabelecer conversa através

de perguntas.

Cooperativa

Ocorre quando os

comportamentos socialmente

dirigidos se completam entre

si na consecução de um

objetivo comum. Exemplo:

montar o quebra cabeça e

encaixar as peças no

brinquedo de encaixe.

Pegar peças, entregar peças

para a criança, encaixar peças,

fornecer ajuda física total ou

parcial a criança para

execução da atividade,

fornecer dica verbal ou não

verbal para a criança para

desenvolver a atividade.

Tipos de

estímulos

Estímulo

discriminativo

verbal

Ocorre quando o

comportamento verbal do

cuidador exerce a função de

estímulo discriminativo que

controla a resposta da

criança.

Dizer: Vamos montar?; O

que vem aqui?; Olha!; Senta

aqui!; olha para mamãe!

Estímulo

discriminativo não

verbal

Ocorre quando o

comportamento não verbal

do cuidador exerce a função

de estímulo discriminativo

que controla a resposta da

criança.

Apontar com o dedo

indicador para a peça/figura

ou brinquedo; entregar peça

à criança, apontar com o

dedo indicador o local onde a

criança deve sentar ou

encaixar a peça do jogo.

Estímulo

consequente

condicionado

verbal

Ocorre quando o

comportamento do cuidador

exerce a função durante a

interação com a criança de

estímulo social verbal

condicionado que segue a

resposta da criança.

Dizer: Muito bem!;

parabéns!; perfeito!; legal!

Estímulo

consequente

condicionado não

verbal

Ocorre quando o

comportamento do cuidador

exerce a função durante a

interação com a criança de

estímulo social não verbal

condicionado que segue a

resposta da criança.

Bater palmas; sorrir; beijar a

criança, olhar para o rosto da

criança, pegar nas mãos da

criança.

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15

Acordo entre observadores

Os episódios de interações registrados para análise foram identificados por dois

observadores, alunos de pós-graduação e com formação em Análise do Comportamento,

que assistiram juntos às cenas e acordavam se as respostas emitidas pelo cuidador

deveriam ou não ser consideradas dentro da categoria estabelecida. Somente quando

havia concordância entre os observadores as respostas eram registradas e contabilizadas.

Quanto aos testes teóricos as respostas foram contabilizadas de acordo com

acertos e erros na escolha das alternativas. A escolha da alternativa “não sei” foi

computada como erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este estudo teve como objetivo avaliar a eficiência de um programa de ensino de

conceitos básicos de Análise do Comportamento, comparando os efeitos deste ensino

sobre a habilidade dos participantes cuidadores em interagir com sua criança em

atividade lúdica.

A Figura 2 apresenta o desempenho de sete cuidadores participantes no pré-teste e

pós-teste sobre o conhecimento das bases conceituais da Análise do Comportamento.

Durante a etapa de linha de base, observa-se que o desempenho de cada participante foi

abaixo de 50%. Estes resultados, demonstram que todos os cuidadores estavam dentro

do critério de participação no estudo, uma vez que não possuíam conhecimento prévio

sobre ABA. Após a introdução do procedimento de ensino, observa-se que todos os

participantes apresentaram percentual maior de acertos nas respostas do pós-teste

teórico. Mesmo a participante Rita que obteve um percentual de 46% de conhecimento

no pós-teste, apresentou aumento de desempenho da etapa de pré-teste para o pós-teste,

pois na linha de base seu repertório era de 26%. Antônio foi o participante que

demonstrou ter maior aproveitamento apresentando uma evolução de desempenho de

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16

60%. Os participantes André, Jade, Josenilda, Marlene e Henrique apresentaram como

resultados na fase de pré-teste, respectivamente: 26%, 40%, 40%, 46% e 33%. Sendo

que após o procedimento de ensino das bases conceituais o desempenho de cada um

destes participantes foram, respectivamente: 80%, 66%, 80%, 73% e 80%. Ao calcular a

média global de todos os participantes durante a etapa do pré-teste foi obtido o

percentual de 32% passando para 73% na etapa de pós-teste.

Antônio André Jade Josenilda Rita Marlene Henrique

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Perc

enta

gem

de

Acer

to

Participantes

Pré-Teste

Pós-Teste

(A)

Antônio André Jade Josenilda Rita Marlene Henrique

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Evolução dos Comportamentos Individuais

Média do Pré-teste

Média do Pós-teste

Per

cent

agem

Participantes

(B)

Figura 2. Resultado do desempenho dos participantes no teste teórico escrito, (A) pré-

teste em relação ao pós-teste, e (B) evolução dos comportamentos individuais e médias

dos comportamentos dos participantes.

Os dados fornecidos por meio dos testes teóricos escritos indicam que o

procedimento adotado foi eficiente para o ensino de bases conceituais, pois houve

aumento no desempenho de cada um dos participantes, conforme demonstrado na figura

2. A média de evolução de cada participante foi respectivamente: 60%, 53%, 26%,40%,

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17

20%, 26% e 46%. Observa-se que nenhum dos cuidadores apresentaram desempenho

acima de 80% no pós- teste. Isto pode ter ocorrido pelo fato de que os conceitos da

análise do comportamento não faziam parte da história de condicionamento dos

cuidadores que manifestavam em suas verbalizações durante as aulas expositivas

interpretações mentalistas sobre o comportamento humano. Skinner afirma que: “... o

indivíduo adquire do grupo um extenso repertório de usos e costumes” (Skinner, 1953

p. 389). Portanto, pode-se dizer que a história de condicionamento desses cuidadores

sofreu influência da cultura do grupo social ao qual pertencem, pois na cultura ocidental

é, ainda, muito frequente interpretações internalistas sobre a origem do comportamento,

contrariando o princípio básico da ABA, de que o comportamento é função das relações

estabelecidas com o meio.

A Figura 3 apresenta os resultados dos tipos de interação (Amistosa e

Cooperativa) de cinco participantes (Henrique, Jade, Marlene, Rita e Josenilda) nas

fases de pré-teste e pós-teste da interação em atividade lúdica do cuidador com sua

criança. Ressalta-se que dois cuidadores não participaram das filmagens dessa interação,

não havendo, portanto, dados sobre eles para serem mostrados nessa etapa. Os

resultados demonstram a variação no desempenho de cada cuidador.

Foram contabilizadas as frequências simples das respostas emitidas pelos

participantes individualmente de acordo com as categorias (tipos de interação) e

subcategorias preestabelecidas (Amistosa e Cooperativa), tendo como foco de análise as

respostas do cuidador.

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18

Henrique Jade Marlene Rita Josenilda

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

Freq

uênc

ia sim

ples e

m 3 m

in.

Participantes

Pré-teste

Pós-testeInteração Amistosa

(A)

Henrique Jade Marlene Rita Josenilda

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Freq

uênc

ia sim

ples e

m 3 m

in.

Participantes

Pré-teste

Pós-testeInteração Cooperativa

(B)

Figura 3. Categoria. Tipos de interação: (A) amistosa, (B) cooperativa.

Observa-se que o participante Henrique apresentou maior número de respostas

amistosas (66) na fase do pré-teste em comparação às respostas cooperativas (18). No

pós-teste, a frequência de respostas de cooperação passou para 83 e as respostas

amistosas decresceram para 47. As respostas cooperativas foram menores na fase de

pré-teste, provavelmente, porque o cuidador se comportou como observador da

atividade desenvolvida pela criança, ficando por algumas vezes com os braços

debruçados sobre a mesa e o queixo apoiado sobre as palmas de suas mãos. A criança

praticamente desenvolveu a atividade sozinha o que controlou o comportamento do

cuidador a interagir de maneira amistosa estabelecendo conversa com a criança a

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19

respeito das figuras montadas no jogo. Foi observada respostas intraverbais entre o

participante e a criança através de perguntas como: quem é esse aqui?; quem são?

Somando-se as respostas amistosas e cooperativas obteve-se como resultado na

fase de pré-teste o total de 84 respostas e no pós-teste 130. Observa-se que o número de

respostas do cuidador aumentou de forma significativa entre as duas fases, mesmo que o

foco do procedimento de ensino não tenha sido produzir maior frequência de interações

amistosas e cooperativas entre cuidador e sua criança. No entanto, a atividade lúdica

escolhida nas fases de pré-teste e pós-teste estimulou a interação entre a díade.

A participante Jade apresentou aumento de respostas da fase de pré-teste para o

pós-teste nas interações amistosas e cooperativas, passando de 73 para 133

comportamentos amistosos e de 58 para 65 os comportamentos cooperativos.

Durante a observação dos vídeos gravações, verificou-se que na fase de pós-teste

houve maior engajamento da criança na atividade proposta do que no pré-teste. Neste a

criança emitiu diversos comportamentos opositores à tarefa, levantava-se da cadeira

com frequência o que controlava o comportamento da mãe em ter que conduzir a

criança ao assento novamente.

Embora o brinquedo escolhido para a etapa de interação tenha sido indicado como

estímulo reforçador para a criança, não houve controle desta variável durante a

pesquisa, pois o brinquedo utilizado na fase do pré-teste diferenciou-se do que foi usado

no pós-teste. Esta variável pode ter interferido no desempenho da criança e seu

engajamento na atividade lúdica, fator este que também pode ter interferido nos

resultados do desempenho do cuidador durante a interação. Pode ser que o jogo

escolhido durante o pós-teste tenha sido um reforçador de maior magnitude para a

criança, portanto por este motivo ela não emitiu comportamentos opositores à atividade,

permitindo ao cuidador emitir com maior frequência comportamentos amistosos e

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20

cooperativos durante o pós-teste. Sendo assim, propõe-se para estudos posteriores o

controle desta variável interveniente, brinquedo/jogo utilizado.

Quanto a participante Marlene, na fase do pré-teste a frequência de respostas

amistosas foi de 48 e no pós-teste de 15. Quanto aos comportamentos cooperativos os

resultados foram no pré-teste e pós-teste, respectivamente 40 e 96. Através da

observação dos vídeos, verificou-se que durante o pré-teste a criança apresentou

diversos comportamentos opositores a atividade lúdica com a mãe. Demonstrava querer

entrar logo na sala de atendimento para interagir com uma das profissionais que a

atendia no APRENDE. Desta forma, a mãe diversas vezes emitiu o comportamento de

pegar no queixo da criança e levantar a cabeça dela para que assim a mãe pudesse

manter contato visual, enquanto explicava que a criança deveria fazer a atividade com

ela primeiramente e somente depois teria acesso a sala de atendimento. Isto explica a

frequência maior de comportamentos amistosos da mãe em relação à criança na fase do

pré-teste. Verificou-se, também, que a forma adotada pela cuidadora para manejar o

comportamento opositor da criança foi adequada e que embora sem informação prévia,

ela utilizou o princípio de David Premak apud Lundin (1977), estabelecendo a atividade

menos reforçadora (jogar com a mãe) como requisito para acesso àquela mais

reforçadora (ser atendida pela profissional do APRENDE). A cuidadora dizia: se você

quer ir com a tia “fulana”, deve primeiro montar o quebra cabeça. Sendo assim, a mãe

conseguiu controlar o comportamento da criança que desenvolveu a atividade lúdica

conjuntamente com a cuidadora.

Na fase de pós-teste houve maior engajamento por parte da criança na atividade

lúdica, o que provavelmente explica o aumento considerável das respostas cooperativas

da mãe em relação à criança.

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21

Os resultados da cuidadora Rita demonstram que no pré-teste a frequência de

respostas amistosas foi 29 passando para 8 no pós-teste e as respostas cooperativas

foram 42 e 64, respectivamente. No segundo momento, a cuidadora teve maior

participação durante a construção do quebra cabeça, selecionando peças, entregando-as

para a criança e encaixando-as nas demais peças do jogo.

Sobre os tipos de interação, a participante Josenilda apresentou os seguintes

resultados na fase de pré-teste: comportamentos amistosos 46 e comportamentos

cooperativos 31. A frequência de respostas passou para 40 na fase de pós-teste para

respostas amistosas e 36 para respostas cooperativas.

O gráfico da figura 3 demonstra, portanto que houve aumento de respostas

cooperativas na fase do pós-teste para todos os participantes.

As figuras 4 a 8 apresentam os resultados obtidos da interação lúdica cuidador

versus criança em sua categoria de análise tipos de estímulos.

Pré-teste Pós-teste

0

5

10

15

20

25

30

Freq

uênc

ia sim

ples

em 3

min

.

Participante Henrique

Sd Verbal

Sd nao verbal

Consequente condicionado verbal

Consequente condicionado nao verbal

Tipos de Estímulos

Figura 4. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Henrique.

A Figura 4 apresenta os resultados do participante Henrique quanto aos tipos de

estímulos. Observa-se que na fase do pós-teste o cuidador consequenciou, em maior

frequência, com estímulos verbais e não verbais condicionados as respostas emitidas

pela criança, totalizando nas fases de pré-teste e pós-teste respectivamente 24 e 41

respostas. É provável que esse aumento esteja relacionado às respostas emitidas pela

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22

criança, que funcionaram como estímulo reforçador para o participante. Por outro lado,

a consequência social disponibilizada pelo participante pode ter funcionado para a

criança como estímulo reforçador que ocasionou maior engajamento da criança na

atividade lúdica proposta. Sendo assim, o comportamento do cuidador deve ter exercido

controle sobre o comportamento da criança e vice-versa.

O gráfico da Figura 4 indica, ainda, que na fase de pós-teste houve aumento de

respostas verbais do cuidador quer seja como estímulo antecedente quer seja como

consequente, passando de 23 respostas verbais no pré-teste para 38 respostas no pós-

teste, quase o dobro de sua ocorrência. Portanto, é possível observar mudança no

desempenho deste cuidador na interação estabelecida com sua criança da fase do pré-

teste para o pós-teste.

Pré-teste Pós-teste

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Freq

uênc

ia sim

ples e

m 3 m

in.

Participante Jade

Sd verbal

Sd nao verbal

Consequente condicionado verbal

Consequente condicionado nao verbal

Tipos de Estímulos

Figura 5. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Jade.

Quanto aos tipos de estímulos, os resultados do desempenho da participante Jade

indicam que a emissão de estímulos discriminativos verbais e não verbais se

mantiveram estáveis durante as duas fases, que totalizaram 38 respostas quer seja no

pré-teste, quer seja no pós-teste. Quanto aos estímulos consequentes, observa-se

acréscimo nas respostas categorizadas como estímulos condicionados não verbais que

passaram de 7 para 33. Sendo assim, a cuidadora procurou consequenciar as respostas

adequadas da criança disponibilizando estímulos não verbais, tais como: sorrir (18),

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23

bater palmas (13) e beijar a criança (2). Observou-se que estes estímulos funcionaram

como reforçadores para a resposta da criança que emitiu várias respostas de beijar a

mãe, sorrir para ela e bater palmas.

Pré-teste Pós-teste

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Freq

uênc

ia si

mpl

es em

3 m

in.

Participante Marlene

Sd verbal

Sd nao verbal

Consequente condicionado verbal

Consequente condicionado nao verbal

Tipos de Estímulos

Figura 6. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Marlene.

Quanto aos tipos de estímulos para a participante Marlene houve aumento na

emissão de estímulos discriminativos verbais entre as fases de pré-teste e pós-teste de

27 para 35 e estímulos não verbais de 19 para 24. Quanto aos estímulos consequentes

verifica-se que houve estabilidade nos valores dos estímulos consequentes verbais (25)

e redução na emissão de estímulos não verbais que passou de 13 para 4. Mesmo

havendo redução na emissão de estímulos condicionados consequentes, a criança

participou da atividade, provavelmente, porque a própria brincadeira pode ter tido

função reforçadora. Diante disto, é possível que o cuidador não tenha ficado sob

controle da necessidade de consequenciar (com estímulos sociais condicionados) as

respostas de construção do jogo emitidas pela criança.

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24

Pré-teste Pós-teste

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Freq

uênc

ia s

impl

es e

m 3

min

.

Participante Rita

Sd verbal

Sd nao verbal

Consequente condicionado verbal

Consequente condicionado nao verbal

Tipos de Estímulos

Figura 7. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Rita.

O gráfico da Figura 7 apresenta os dados obtidos da participante Rita. No que se

refere a categoria dos tipos de estímulos, a participante apresentou os seguintes

resultados nas fases de pré-teste e pós-teste, respectivamente: Sd verbal 8 e 8; Sd não

verbal 19 e 28; estímulo consequente social condicionado verbal 12 e 2 e estímulo

consequente social condicionado não verbal 5 e 0. Poucas interações verbais com a

criança foram registradas tanto na fase do pré-teste, como na fase do pós-teste. Este

comportamento levanta a hipótese de que provavelmente o operante verbal não deveria

ser frequente na interação com a criança, pois a referida cuidadora, que era a babá da

criança, além de ter que cuidar da mesma se dividia em outras atividades domésticas

tais como: cuidar da casa, fazer comida, lavar e passar as roupas. Portanto, deveria

estabelecer pouca resposta verbal com a criança para poder dar conta de realizar todas

as atividades das quais era responsável. Além disso, esta participante foi a que

apresentou maiores dificuldades na compreensão dos conceitos básicos da ABA,

obtendo baixo rendimento nos testes teóricos em comparação aos demais cuidadores. As

dificuldades de compreensão sobre os princípios da ABA e sua aplicabilidade são

variáveis também a serem consideradas para a explicação dos resultados obtidos do

desempenho desta cuidadora na interação com a criança. Além disso, outra variável a

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25

ser considerada era o grau de escolaridade dessa participante que tinha apenas o ensino

fundamental.

Pré-teste Pós-teste

0

5

10

15

20

Freq

uênc

ia si

mpl

es e

m 3

min

.

Participante Josenilda

Sd verbal

Sd nao verbal

Consequente condicionado verbal

Consequente condicionado nao verbal

Tipos de Estímulos

Figura 8. Categoria. Tipos de estímulos produzidos na interação lúdica. Participante

Josenilda.

No que se refere a categoria dos tipos de estímulos, a participante apresentou os

seguintes resultados nas fases de pré-teste e pós-teste respectivamente: Sd verbal 13 e

10; Sd não verbal 12 e 7; estímulo consequente social condicionado verbal 6 e 4 e

estímulo consequente social condicionado não verbal 4 e 1. Verifica-se que o número

de respostas desta cuidadora decresceu em todas as subcategorias estabelecidas. Uma

variável relevante a ser considerada nos resultados obtidos é que a criança apresentava

padrões de comportamentos bastante distintos das demais crianças. Déficit persistente

em atenção conjunta e interação social, comportamentos estereotipados em alta

frequência. Estes comportamentos estereotipados foram emitidos em quase todo o

tempo de transcrição do vídeo na fase do pós-teste, diante destes comportamentos a

participante fez diversas tentativas em disponibilizar estímulos antecedentes que

exercessem controle sobre a resposta da criança, tentando extinguir as estereotipias da

criança e engajá-la na atividade proposta. No entanto, as tentativas não foram bem-

sucedidas. Este dado indica a necessidade para os próximos estudos em inserir

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26

orientações e exercícios práticos sobre manejos de comportamentos considerados

problemas, aspecto que não foi abordado com muito detalhe durante o treino de bases

conceituais.

Enfim, os resultados demonstram que para os cinco participantes Henrique, Jade,

Rita, Marlene e Josenilda houve aumento na frequência de respostas cooperativas

durante a interação destes participantes na atividade lúdica desenvolvida com a criança.

Ressaltando que os participantes Henrique e Rita eram cuidadores da mesma criança e

apresentaram em comum o aumento do repertório categorizado como cooperação.

No caso da participante Jade, os resultados demonstram que ocorreram em maior

frequência as respostas da subcategoria de repostas amistosas na interação com a

criança. Diante dos resultados não se pode afirmar que o treino conceitual tenha

interferido de maneira efetiva para todos os participantes. O participante Henrique

demonstrou resultados significativos aumentando suas respostas verbais diante do filho

e também consequenciando os comportamentos adequados da criança com estímulos

condicionados verbais e não verbais. A participante Marlene também apresentou maior

frequência de respostas antecedentes que funcionaram como estímulos discriminativos

para o comportamento da criança, desta forma, parece ter aumentado o uso de controle

de estímulos na interação com seu filho. Para os demais participantes, parece que o

efeito do ensino dos princípios do comportamento não influenciou muito em seus

desempenhos, demonstrando não ter ocorrido a generalização do repertório adquirido

sobre os conceitos da ABA para sua aplicação na interação com a criança. Diante desses

resultados, propõe-se para os próximos estudos que os participantes sejam submetidos

ao mesmo modelo de ensino adotado neste estudo, acrescida da técnica de role playing e

treino direto com a própria criança que permita aplicar o conhecimento teórico

adquirido na prática.

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27

Os resultados também corroboram com o conceito da ABA de que o

comportamento deve ser entendido na relação com o meio, pois mesmo sendo uma

análise focal, cujo foco foi o comportamento do cuidador, observa-se que tanto o

comportamento do cuidador pode controlar a resposta da criança e vice-versa. Embora o

registro tenha sido da frequência simples de respostas do cuidador nas categorias

preestabelecidas, elas somente podem ser explicadas a partir da análise funcional, pois o

comportamento apenas pode ser entendido na relação com o meio.

Após a implementação do ensino conceitual que permitiu a ampliação de

repertórios de conhecimento sobre a ABA, tornando os participantes ouvintes mais

proficientes sobre os conceitos analítico-comportamentais, foi iniciado o experimento 2.

EXPERIMENTO 2

Estudos empíricos têm registrado resultados satisfatórios sobre o efeito da

intervenção a crianças autistas por meio de seus cuidadores (Borba, 2014; Lafazakis &

Sturmey, 2007). No Brasil, este tipo de estudo ainda é bastante escasso, tendo como

registros iniciais as pesquisas de alguns autores que implementaram procedimentos de

ensino a cuidadores em formatos diferenciados (Barboza, 2015; Borba, 2014; Faggiani,

2012). Borba (2014) objetivou verificar a eficácia de um programa de intervenção via

cuidadores de crianças com TEA a fim de estabelecer comportamentos adequados tal

como os de colaboração. Inicialmente, a autora instrumentalizou os cuidadores

ensinando-os conceitos básicos sobre ABA. Foi utilizada a técnica de role playing com

feddback, além de ser realizado o acompanhamento e a avaliação contínua sobre o

desempenho desses cuidadores junto às suas crianças, bem como, a avaliação sobre o

desempenho das próprias crianças.

O pacote de treino utilizado neste experimento se assemelha ao adotado por

Sarokoff e Sturmay (2004) e replicado por Lafazakis e Sturmey (2007), que consistiu

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28

em instruções, role playing com feedback imediato. O presente experimento, portanto,

se baseou nesse modelo de ensino e procurou verificar seus efeitos sobre o repertório de

cuidadores ao realizar o ensino por tentativas discretas junto a um confederado, a fim de

evitar a exposição da criança às possíveis respostas erradas emitidas pelos cuidadores na

implementação do programa de ensino.

MÉTODO

Participantes

Participaram cinco participantes do Experimento 1. As participantes Rita e

Josenilda ficaram impossibilitadas de continuarem na pesquisa. Rita porque deixou de

trabalhar com a família da criança e Josenilda por causa da mudança de horário na

escola em que a criança estudava.

Ambiente

O ambiente utilizado foi o mesmo do Experimento 1.

Instrumentos e materiais

Para registro em filmagens do pré-teste e pós-teste, foi utilizada uma câmera de

vídeo. Além disso, utilizou-se notebook, brinquedos e materiais impressos tais como:

protocolo geral dos programas de intervenção (Anexo 4), folhas de registro do protocolo

de intervenção (Anexo 5), programas de ensino (Toque aqui; Imitação; Seguir

Instruções; Intraverbal informações pessoais; Tato com autoclítico; Esperar; Mando

com gestos) (Anexo 6) e protocolo de avaliação de precisão de desempenho (Anexo 7).

Delineamento Experimental

Foi utilizado o delineamento intrassujeito de comparação de medidas pré e pós-

tratamento. A variável dependente percentual de emissão de respostas corretas dos

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29

cuidadores na implementação dos programas de ensino por tentativas discretas e a

variável independente manipulada foi o treino dos programas de ensino.

Procedimento

Figura 9. Etapas do procedimento de treino prático.

1) Treino de Programas de Ensino por Tentativas Discretas.

1.1) Linha de base: avaliação do repertório de entrada.

Este experimento ocorreu com cada participante em separado, pois os programas

de ensino foram diferenciados para cada cuidador em decorrência do currículo de ensino

das crianças no APRENDE. Na fase de pré-teste, o cuidador recebeu primeiramente um

texto contendo o protocolo geral dos programas de intervenção (Anexo 4) e foi

orientado a realizar sua leitura. Após a leitura, o cuidador recebeu feedback por parte

dos experimentadores sobre o conteúdo do texto. Logo após, o participante recebeu por

escrito o programa de ensino que seria treinado, sendo solicitado que realizasse a leitura

individualizada. Neste momento, o cuidador não recebeu qualquer feedback sobre o

conteúdo do material lido.

Pré-teste

Leitura prévia do

programa de ensino e

Filmagem da aplicação

do programa de ensino

Role playing com

feedback

(Modelo descrito na Figura 10)

Filmagem da aplicação

do programa de ensino Pós-teste

Treino

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30

De modo geral, os programas de ensino por tentativas discretas são subdivididos

em passos que se referem ao tipo de ajuda que deve ser fornecida para que a resposta

desejada seja emitida. Dependendo da criança, pode-se iniciar o ensino fornecendo

ajuda física total (AFT), posteriormente ajuda física parcial (AFP) até que respostas

independentes (RI) sejam emitidas pela criança. Ressaltando que as respostas

independentes são aquelas emitidas sem qualquer tipo de ajuda.

No pré-teste, elegeu-se como resposta de ajuda do cuidador em relação ao

confederado a ajuda física parcial (AFP) que caracteriza o passo 2 dos programas de

ensino. Desta forma o cuidador foi instruído a realizar, com o confederado que simulou

ser a criança autista, cinco tentativas consecutivas no Passo 2. Além de implementar o

programa, o cuidador foi orientado a registrar as respostas certas e erradas na folha de

registro (Anexo 5). As respostas registradas se referiam àquelas emitidas pelo

confederado na simulação. A cada novo programa que foi treinado, o participante

passava pelas três fases do procedimento: pré-teste, treino e pós-teste.

1.2) Treino de programas de ensino por tentativas discretas.

Nesta fase da pesquisa foram utilizadas 3 horas semanais durante os mesmos

dias de atendimento direto das crianças por profissionais do APRENDE, totalizando 60

horas.

Durante o treino, o cuidador recebeu feedback por parte dos experimentadores

sobre o conteúdo do texto que continha a descrição do programa de ensino recebido na

fase de linha de base. Na fase de treino, o participante podia fazer perguntas e suas

dúvidas eram esclarecidas. Os programas de ensino foram selecionados para cada

cuidador a partir da informação obtida com o profissional que atendia diretamente a

criança no projeto APRENDE de que a criança apresentava precisão de desempenho

nesses programas. Assim, quando o cuidador começasse a aplicar o programa com a

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31

criança em casa, as respostas corretas emitidas pela criança provavelmente o motivaria a

voltar às sessões experimentais afim de adquirir novas estratégias de condução de

respostas funcionais em sua criança.

Os cuidadores passaram pelo treino de três programas de ensino, exceto a

participante Jade que foi treinada em dois programas, pois seu filho apresentava

desempenho preciso nesses programas. Ressalta-se, também, que o programa

denominado “Toque aqui” foi comum a todos os participantes (Anexo 6). A escolha

deste programa foi em decorrência de o mesmo ser um procedimento de ensino

considerado fácil de ser implementado, por requerer respostas simples do aluno. Além

disso, as crianças apresentavam alta taxa de precisão de respostas independentes.

Os treinos de ensino foram realizados através de role playing com feddback

seguindo o esquema demonstrado na figura abaixo:

Figura 10. Esquema do role playing.

Nesta fase, o pesquisador, que era uma analista do comportamento, implementou

três tentativas de cada passo do protocolo de ensino com o confederado, também

analista do comportamento. Enquanto isso, o cuidador participante ficava observando e

era orientado sobre o repertório comportamental necessário para a implementação dos

programas. Em seguida, o confederado trocou de papel com o pesquisador, assumindo a

função de aplicador do programa e o pesquisador passou a exercer a função de

- Pesquisador aplicava

o programa com o

confederado.

Cuidador observava e

recebia feedback.

Em seguida o

confederado

assumia o papel de

aplicador e o

pesquisador o papel

de confederado.

- O cuidador aplicava o programa com o pesquisador que assumia o papel de

confederado.

- O cuidador assistia a filmagem realizada durante a linha de base.

Um dos

pesquisadores

aplicava o

programa com o

cuidador.

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32

confederado. Realizou-se o mesmo procedimento em três tentativas de cada passo do

programa enquanto o participante permanecia como observador. Depois, um dos

pesquisadores implementava o programa em três tentativas de cada passo com o

cuidador participante. Por fim, o próprio cuidador realizava três tentativas dentro de

cada passo com o confederado.

Durante o role playing, o participante podia pedir explicações e os

experimentadores forneciam feedback imediato sobre o desempenho do cuidador. A

cada momento do treino o participante recebeu instruções sobre o procedimento que

devia ser adotado em cada passo do programa, partindo da ajuda física total (AFT),

posteriormente ajuda física parcial (AFP), até respostas independentes (RI). Foram

ressaltados os seguintes aspectos durante a execução do programa de ensino em

tentativas discretas: garantia da atenção da “criança” antes de fornecer o estímulo

discriminativo, o estímulo discriminativo disponibilizado pelo aplicador, o tipo de ajuda

que o passo requeria, a apresentação do estímulo reforçador positivo imediatamente

após a emissão da resposta desejada e o registro da resposta.

Ao término do role playing, o cuidador teve acesso à filmagem realizada durante

a etapa de linha de base. Nesta ocasião foi solicitado ao participante que observasse sua

atuação identificando os seguintes aspectos: se garantiu a atenção do confederado antes

de fornecer o estímulo discriminativo, se disponibilizou o estímulo discriminativo

antecedente a resposta, se forneceu ajuda conforme exigência do passo, apresentou o

estímulo reforçador imediatamente após a emissão da resposta desejada e, ainda,

realizou o registro da resposta na folha de registro.

1.3) Pós-teste: repertório do cuidador após o treino

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33

Na fase do pós-teste foi solicitado ao cuidador que realizasse cinco tentativas de

ensino dentro do Passo 2 do programa com o confederado que desempenhou o papel da

criança.

2) Tratamento de dados

Para avaliação da precisão da aplicação dos programas de ensino pelos

cuidadores, foi utilizada um protocolo de avaliação de precisão baseado em Fazzio

(2007). Os comportamentos de interesse que foram analisados estão descritos na Tabela

3.

Tabela 3. Passos da implementação de tentativa discreta com os comportamentos

correspondentes dos participantes para cada passo.

PASSOS DA TENTATIVA

DISCRETA

COMPORTAMENTOS DO

PARTICIPANTE

Garantir a atenção do confederado Conseguir contato visual com o aluno

chamando pelo nome ou virando a face do

aluno em sua direção.

Apresentar a instrução Dar a dica vocal conforme a descrito no

programa.

Fornecer ajuda Dar ajuda física parcial sugerida no passo 2 do

programa

Reforçar a resposta esperada Consequenciar com elogios e acesso ao

brinquedo.

Realizar o registro da resposta Registrar cada resposta.

O desempenho do cuidador, nas fases de pré e pós-teste, foi avaliado com base

no protocolo de avaliação de precisão (Anexo 7) e foi considerado preciso quando o

mesmo alcançou entre 90% a 100% de acertos em cada protocolo de ensino. Os

comportamentos de interesse (Anexo7) foram aferidos pelos pesquisadores

independentemente. O desempenho do participante foi considerado preciso somente

quando preenchia todos os critérios preestabelecidos no protocolo de precisão de

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34

desempenho (Anexo 7). Caso algum comportamento preestabelecido fosse esquecido ou

emitido de forma inadequado pelo participante, os observadores consideraram toda a

tentativa de ensino como incorreta e era avaliada a próxima tentativa. Após a análise

individual dos vídeos, foram somadas a quantidade de acordos entre o que os

observadores avaliaram como respostas corretas emitidas pelo cuidador e dividido pela

somatória de acordos e desacordos e multiplicados por 100. Houve 94% de

concordância entre os observadores.

3) Treino de procedimento de correção de erros de respostas

A correção de erros de respostas, consiste num procedimento específico adotado

diante da emissão de respostas erradas durante o ensino por tentativas discretas, mesmo

que tenha sido fornecida a ajuda requerida dentro do passo. Durante a execução da

pesquisa foi observada a necessidade de inserir este procedimento no ensino aos

cuidadores, uma vez em que os cuidadores deveriam estar instrumentalizados para

lidarem corretamente caso suas crianças cometessem erros de respostas durante a etapa

de implementação dos programas pelos cuidadores junto a suas crianças no contexto

domiciliar. Esta etapa, desde a linha de base até o pós-teste, também foi realizada

envolvendo um confederado e cada participante em separado.

3.1) Linha de base do repertório inicial dos cuidadores

Foi fornecido ao cuidador o procedimento de correção de erros por escrito para

que ele pudesse ler sem que recebesse qualquer feedback por parte dos

experimentadores (Anexo 8). Posteriormente, o participante foi orientado a aplicar o

procedimento de correção em dez tentativas dentro do Passo 2 de um determinado

programa e este momento foi registrado por meio de vídeo gravação. Durante a

filmagem o confederado que desempenhou o papel da criança cometeu erros de

respostas em cinco das dez tentativas.

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35

3.2) Treino do procedimento de correção de erros

O treino do procedimento de correção ocorreu através de role playing seguindo

o mesmo esquema usado durante o treino de ensino de programas por tentativas

discretas conforme ilustrado na Figura 10. Após observar os pesquisadores

implementando o procedimento de correção entre si e de receber orientações durante

este momento, o cuidador foi orientado a implementar a correção com o confederado.

No procedimento, a emissão de resposta errada por parte de quem simulava ser a

criança não era reforçada pelo aplicador do programa e este deveria registrá-la com um

sinal de menos (-) na folha de registro. Após o registro de resposta incorreta (-) e da não

consequenciação a ela, o cuidador devia iniciar o procedimento de correção. Este

consistia em retornar ao passo anterior ao que estava sendo ensinado, consequenciar a

resposta correta, com um estímulo reforçador de menor magnitude e realizar o registro

da resposta. Por exemplo: se o erro de resposta ocorreu dentro do Passo 2 (AFP), o

participante devia retornar ao Passo 1 (AFT). Caso o estímulo reforçador de maior

magnitude fosse um aparelho de celular e o de menor magnitude um brinquedo de

encaixe, no procedimento de correção o estímulo reforçador disponibilizado após a

emissão da resposta correta, devia ser o brinquedo. Após esta tentativa, o cuidador devia

voltar para o passo anterior à emissão da resposta errada que requeria ajuda física

parcial (Passo 2). Devia, ainda, utilizar como consequência um estímulo reforçador de

menor magnitude. Depois, repetia-se a tentativa dentro do passo 2 e ao ser emitida a

resposta correta, esta era consequenciada com o estímulo reforçador de maior

magnitude. Após a execução deste procedimento, o ensino retomava para o passo em

que estava antes do erro cometido pelo confederado durante a simulação, ou seja,

retomava-se às tentativas no passo 2.

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36

O participante também foi instruído acerca de como deveria proceder quando

uma resposta errada do confederado persistisse mesmo após a implementação do

procedimento de correção. Neste caso, o cuidador solicitava ao confederado uma

resposta mais fácil como por exemplo “Toque aqui”. Isto para não expor a erros

consecutivos e sem acesso ao estímulo reforçador por parte do confederado no papel da

criança.

Durante o treino, o cuidador podia fazer perguntas e recebia feedback imediato

sobre seus próprios erros e acertos.

3.3) Pós-teste: avaliação do repertório do cuidador após o treino.

´Foi realizada filmagem do cuidador implementando o protocolo de ensino, o

mesmo utilizado na linha de base, em dez tentativas com um confederado. Em cinco

destas dez tentativas, o confederado que estava desempenhando o papel da criança

emitiu respostas erradas.

4) Tratamento de dados.

Para verificação da precisão da implementação do procedimento de correção

executada pelos cuidadores, no pré e pós-teste, foi utilizado um protocolo de avaliação

de respostas corretas na implementação do procedimento de correção (Anexo 9).

Acordo entre observadores

O protocolo de Avaliação de Precisão (Anexo 9) foi utilizado por dois

avaliadores independentes, através da observação dos vídeos do pré-teste e pós-teste.

Para ser considerado preciso o desempenho dos cuidadores, era necessário o

preenchimento de todos os critérios preestabelecidos no protocolo de precisão de

desempenho (Anexo 9). Após o preenchimento do protocolo durante estas observações,

os dados dos dois experimentadores foram comparados. O total de acordos foram

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37

divididos pelo total de acordos e desacordos, e multiplicados por 100. Houve 100% de

concordância entre os observadores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Experimento 2 teve por objetivo verificar o efeito de um procedimento de

ensino baseado no estudo de Lafazakis e Sturmey (2007), que consistiu em instruções e

role playing com feedback imediato. As Figuras de 11 a 15 representam os resultados

das respostas apresentadas por cada cuidador participante no treino de ensino por

tentativas discretas.

Toque aqui Espera Imitação

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Perc

entu

al d

e ac

erto

s

Participante Antônio

Pré-teste

Pós-teste

Figura 11. Evolução de desempenho do participante Antônio após o procedimento de

treino.

A Figura 11 apresenta os resultados do participante Antônio que recebeu treino

em três programas distintos que foram: “Toque aqui”; “Espera” e “Imitação sem

objeto”. Observa-se que na fase de pré-teste do primeiro programa (toque aqui) o

participante obteve 0% de acerto, apresentando na fase de pós-teste o percentual de 80%

de acertos. No segundo programa treinado, o participante obteve 0% de acertos no pré-

teste, passando para 100%, no pós-teste. No terceiro programa de ensino os resultados

foram, respectivamente, nas fases de pré e pós-teste, 80% e 100%.

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38

Observa-se que este participante apresentou evolução em seu desempenho, pois

apresentou 100% de acertos em todos os programas de ensino após a fase de treino.

Esses resultados permitem concluir que o procedimento de treino de ensino por

tentativas discretas adotado foi efetivo para este participante.

Toque aqui Espera Imitação

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Per

cent

ual d

e ac

erto

s

Participante André

Pré-teste

Pós-teste

Figura 12. Evolução de desempenho do participante André após o procedimento de

treino

A Figura 12 apresenta os resultados do participante cuidador André. Este foi

treinado em três programas que foram iguais aos do participante Antônio, pois os dois

eram cuidadores da mesma criança. Portanto, os programas de ensino treinados foram:

“Toque aqui”; “Espera” e “ Imitação sem objeto”. Observa-se que na fase do pré-teste

do programa “Toque aqui”, o participante obteve 40% de acertos passando para 100 %

na fase de pós-teste. Nos demais programas treinados, o participante obteve o percentual

de 0% de acerto no pré-teste e 100% de acertos na fase do pós-teste.

Os dados demonstram que o procedimento de treino também foi efetivo para

este participante, pois seu desempenho passou para 100% de acertos no pós-teste dos

três programas ensinados. No entanto, parece não ter ocorrido generalidade das

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39

habilidades adquiridas durante o treino de ensino do programa “Toque aqui”, que foi o

primeiro programa treinado, para os demais programas de ensino, pois este participante

não apresentou nenhuma precisão de desempenho na fase de pré-teste dos programas

“Espera” e “ Imitação”, que foram os dois últimos programas treinados.

Toque aqui Intraverbal Seguir instruções

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Perc

entu

al d

e ce

rtos

Participante Henrique

Pré-teste

Pós-teste

Figura 13. Evolução de desempenho do participante Henrique após o procedimento de

treino.

Observa-se no gráfico da Figura 13 os resultados do participante Henrique que

apresentou, respectivamente, na fase de pré-teste dos programas “Toque aqui”,

“Intraverbal” e “Seguir instruções”, 0%, 0% e 100%. Apresentando na fase de pós-teste,

os seguintes resultados: 100%; 100% e 100%.

Verifica-se que para este participante houve evolução de desempenho para os

três programas de ensino treinados, pois o participante apresentou 100% de acerto nas

fases de pós-teste para todos os programas.

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40

Toque aqui Intraverval Tato com autoclitico

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Perc

entu

al d

e ac

erto

s

Participante Marlene

Pré-teste

Pós-teste

Figura 14. Evolução de desempenho da participante Marlene após o procedimento de

treino.

Conforme os resultados demonstrados no gráfico da Figura 14, a participante

Marlene apresentou na fase de pré-teste no primeiro programa de ensino treinado, 0%

de acertos, e no pós-teste 100% de acertos. Nos demais programas de ensino por

tentativas discretas treinados esta participante apresentou 100% de acertos tanto na fase

de pré-teste como na fase de pós-teste. Dessa forma, é possível afirmar que esta

participante apresentou precisão de desempenho após os treinos realizados nos três

programas de ensino, demonstrando que o procedimento de treino adotado foi efetivo

para produzir as respostas alvo no ensino por tentativas discretas nos programas de

ensino implementados junto a esta participante.

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41

Toque aqui Mando com gestos

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Perc

entu

al d

e ac

erto

s

Participante Jade

Pré-teste

Pós-teste

Figura 15. Evolução de desempenho da participante Jade após o procedimento de treino.

O gráfico da Figura 15 apresenta os resultados obtidos pela participante Jade.

Ressaltando que a mesma foi treinada em dois programas de ensino, uma vez que a

criança dessa díade demonstrava precisão de desempenho nesses dois programas.

Ressalta-se que a precisão de desempenho da criança foi pré-requisito estabelecido para

a escolha do programa treinado junto aos cuidadores.

A participante Jade apresentou, portanto, como resultados os seguintes valores:

0% e 100% nas fases de pré-testes dos dois programas de ensino treinados. Na fase de

pós-testes, os resultados foram iguais a 100% de acerto.

Os resultados apresentados demonstram a evolução de desempenho da

participante que no primeiro programa de ensino apresentou 0% de acerto no pré-teste e

aumentando para 100% o seu desempenho no pós-teste. Para o programa de ensino

denominado “Mando com gestos”, que foi o último programa treinado, esta cuidadora

apresentou 100% de respostas corretas tanto no pré-teste, quanto no pós-teste. Portanto,

pode-se afirmar que o procedimento de ensino adotado neste estudo demonstrou ser

efetivo, também, para esta participante. Houve aumento no percentual de acertos

comparando as fases de pré e pós-teste dos dois programas treinados.

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42

Por fim, os resultados demonstram que além de o procedimento ter sido eficaz

para estabelecer o repertório diretamente ensinado, a programação de ensino também

permitiu evidenciar a generalidade do repertório aprendido uma vez que para os

participantes Antônio, Henrique, Marlene e Jade a precisão de desempenho no pré-teste

de programas subsequentes ensinados, foi maior e frequentemente de 100% do que para

o primeiro programa treinado (ver Figuras 11,13,14 e 15).

Antônio André Jade

0

20

40

60

80

100

Per

cen

tual

de

acer

tos

Participantes

Pré-teste

Pós-teste

Figura 16. Desempenho dos participantes antes e após o treino do procedimento de

correção de erros de respostas.

Os resultados do treino do procedimento de correção de erros de respostas estão

demonstrados na Figura 15. Nesta etapa, participaram 3 cuidadores, pois os demais

tinham saído da pesquisa por questões pessoais.

Observa-se que os resultados para os 3 participantes são iguais, pois todos

apresentam 0% de acerto na fase de pré-teste e 100% na fase de pós-teste. Portanto,

pode-se afirmar que o procedimento adotado também foi efetivo para o treino de

procedimento de correção de erros.

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43

DISCUSSÃO GERAL

O presente estudo foi subdividido em dois experimentos. O primeiro verificou:

a) o efeito do ensino das bases conceituais em ABA sobre o repertório de conhecimento

dos participantes; e b) o efeito do ensino das bases conceituais sobre o desempenho dos

participantes na interação lúdica com sua criança. O segundo experimento verificou o

efeito do treino de ensino por tentativas discretas sobre o desempenho dos participantes

junto a um confederado.

Os resultados do primeiro experimento mostram que o procedimento de ensino

adotado foi eficiente para ampliação do repertório de conhecimento teórico sobre os

princípios que regem o comportamento humano em ABA. Todos os participantes

apresentaram menos de 50% de acerto nas respostas do teste teórico escrito durante a

linha de base. A evolução média do percentual de acertos foi de 39% (com variação

entre 20% para a participante Marlene e 60% para o participante Antônio). No pós-teste,

apenas uma das participantes apresentou 46% de acertos, sendo que os demais

apresentaram percentual acima de 66% de acertos. Observou-se que o procedimento

adotado produziu alteração no repertório de conhecimento dos participantes até mesmo

para aqueles que tinham o ensino fundamental, portanto, pode-se afirmar que o

procedimento de ensino adotado é válido para promover a aprendizagem dos conceitos

básicos em ABA para pessoas com grau de escolaridade menor. Esse dado é relevante e

complementar aos resultados obtidos por Borba (2014), pois em seu estudo os

participantes tinham apenas o ensino médio e ensino superior.

Quanto aos efeitos do ensino conceitual sobre o desempenho do cuidador na

interação lúdica com sua criança, os resultados variaram para cada um dos 5 cuidadores

que participaram dessa etapa. No entanto, observou-se que houve aumento de respostas

categorizadas como cooperativas para os cinco participantes Henrique, Jade, Marlene,

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44

Rita e Josenilda que apresentaram a frequência de respostas em 3 minutos de análise de

vídeo gravação do pré e pós-teste, respectivamente: 18, 58, 40, 42, 31 e 83, 65, 96, 64,

36. A participante Jade apresentou aumento significativo de respostas categorizadas

como amistosas, sendo seus resultados nas fases de pré e pós-teste, respectivamente: 73

e 133.

A análise dos resultados aponta para algumas limitações desse estudo, no que se

refere a instrumentalização dos cuidadores na intervenção direta com suas crianças, uma

vez que o avanço no domínio conceitual não necessariamente foi acompanhado de

avanço nas respostas adequadas dos cuidadores diante das respostas emitidas por suas

crianças. Observou-se que as participantes Jade e Josenilda tiveram dificuldades em

manejar comportamentos inadequados emitidos por suas crianças durante a etapa de

interação lúdica, tais como não atender ao comando da tarefa e não permanecer sentado.

Neste sentido, propõe-se para os próximos estudos que além do ensino conceitual com

leituras de conteúdos escritos e aulas expositivas dialogadas, seja utilizado Role Playing

do participante com um confederado e, posteriormente, ensaios de interação com

feedback imediato do cuidador com sua criança.

O segundo experimento verificou o efeito do treino de ensino por tentativas

discretas sobre o desempenho do participante junto a um confederado. Este experimento

se baseou no estudo de Borba (2014) e no modelo de treino implementado por

Lafazakis & Sturmey (2007), que utilizou um pacote de ensino com instruções,

modelação, feedback e ensaios.

Os resultados obtidos, conforme as Figuras de 11 a 16, mostram que houve

significativa melhora de desempenho para todos os participantes. Além da ocorrência de

100% de acertos na implementação do protocolo de ensino no último programa

ensinado para cada participante, verificou-se, para a maioria dos participantes, a

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45

ocorrência de generalização das habilidades adquiridas durante o treino de um programa

de ensino para outro que ainda não tinha sido ensinado. Habilidades que foram: garantir

atenção do confederado antes de fornecer o estímulo discriminativo, disponibilizar o

estímulo discriminativo antecedente à resposta, fornecer ajuda conforme exigência do

passo, apresentar o estímulo reforçador imediatamente após a emissão da resposta

desejada e realizar o registro da resposta na folha de registro.

Os resultados, portanto, confirmam que o procedimento de treino aqui descrito,

baseado em instruções, modelação, feedback e ensaios, é eficaz para ensinar cuidadores

a implementarem este tipo de ensino junto a um confederado. Uma limitação desse

segundo estudo é que não avaliou o desempenho do cuidador implementando o ensino

por tentativas discretas diretamente com sua criança, o que foi planejado para ser

investigado posteriormente com a continuidade da pesquisa. Porém, esta continuidade

ficou comprometida, uma vez em que os cuidadores ficaram impossibilitados, por

questões pessoais, a permanecer no estudo. Portanto, sugere-se para pesquisas futuras, a

avaliação do desempenho dos cuidadores na intervenção direta às suas crianças

diagnosticadas com autismo.

Enfim, o presente estudo demonstrou que os procedimentos de ensino adotados

em ambos os experimentos foram eficientes para a melhoria de desempenho de todos os

participantes. O segundo experimento confirmou os resultados obtidos no estudo

realizado por Lafazakis e Sturmey (2007) e Borba (2014) que demonstrou a eficácia de

um procedimento assemelhado ao Behavioral Skills Training (BST), cujo pacote de

ensino consistiu em instruções, modelação, ensaios e feedback.

O Experimento 2, além de melhorar o desempenho de cada participante na

implementação de ensino por tentativas discretas junto ao confederado, promoveu a

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46

generalização, para a maioria dos participantes, das habilidades aprendidas para outros

programas que não tinham sido ensinados.

Estudos subsequentes devem verificar outros procedimentos de ensino que

também sejam eficazes para a disseminação da Análise Aplicada do Comportamento na

intervenção ao autismo em países em desenvolvimento, como o Brasil. Diminuindo

custos e ampliando o acesso das famílias a essa forma de tratamento. Uma alternativa já

proposta é o investimento em vídeo modelação instrucional (Barboza, Silva, Higbee, &

Barros, in press) que permite ao cuidador se expor a contingências de aprendizado de

forma remota (à distância), além de permitir a ocorrência de desempenho mais preciso

desde o início do treino por role playing e, contribuir para a otimização do tempo

dispensado ao treino de cuidadores de crianças com TEA.

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ANEXOSEXOS

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51

ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

COMO DISPOSTO NA RESOLUÇÃO CNS 196/96 E NA RESOLUÇÃO CFP

N°016/2000

PROJETO: Atendimento e Pesquisa sobre Aprendizagem e Desenvolvimento -

APRENDE

O autismo é um transtorno do desenvolvimento, bastante frequente na população,

que afeta a interação social, comunicação e a aprendizagem. Há pouca pesquisa

científica no Brasil sobre eficácia de formas de atendimento a crianças autistas, bem

como há poucos profissionais especializados. O presente estudo tem como objetivos: 1)

Realizar atendimento e Pesquisa sobre o atendimento a crianças com desenvolvimento

atrasado; 2) Realizar pesquisa básica sobre aprendizagem e desenvolvimento e 3)

Formar profissionais capacitados para atendimento e pesquisa com crianças com

desenvolvimento atrasado.

Para isso, as crianças diagnosticadas com autismo, e seus responsáveis, deverão

comparecer três vezes por semana à Sala de Atendimento do projeto, que fica no Prédio

do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento (NTPC) da UFPA, Campus

Universitário do Guamá. Estima-se que a duração da coleta de dados seja de 3 horas por

dia. A extensão do programa está prevista para dois anos e dependerá do desempenho

da criança e do cumprimento integral dos objetivos e etapas previstos.

Os procedimentos que serão utilizados são essencialmente tarefas de ensino ou de

avaliação de habilidades comunicação e interação. A aprendizagem, atenção e

motivação das crianças serão avaliadas e os pesquisadores apresentação tarefas para

serem desenvolvidas no computador ou sobre a mesa, de forma a tentar estimular o

desenvolvimento da criança. A eficácia dessas tarefas será avaliada. Não haverá uso de

medicamentos ou qualquer procedimento invasivo.

As sessões serão gravadas para melhor apreciação dos resultados. Os vídeos gerados

das sessões poderão ser apresentados em congressos ou palestras, porém isto só ocorrerá

com a permissão prévia dos responsáveis pela criança.

O sigilo sobre a identidade do participante no estudo será garantido. Os resultados

finais serão apresentados aos responsáveis e posteriormente poderão ser divulgados por

meio de apresentações em congressos, trabalhos acadêmicos e/ou publicações em

periódicos. Na divulgação dos resultados, os participantes e seus responsáveis não serão

identificados.

Se por qualquer motivo o responsável pela criança desejar interromper a

participação dela no estudo, ele poderá fazer isto a qualquer momento, bastando

comunicar esta intenção aos pesquisadores.

Os riscos envolvidos são mínimos e equivalentes ao nível de risco ao qual a criança

se expõe cotidianamente em casa, na escola, na locomoção urbana. Os responsáveis

poderão permanecer durante todo o atendimento numa sala anexa de onde podem

observar o atendimento da criança.

Como benefícios do engajamento da criança na pesquisa, ela receberá atendimento

de profissionais especializados voltado à estimulação do seu desenvolvimento, em

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52

especial com relação à comunicação e a interação social. Haverá palestras e oficinas

sobre autismo voltadas para os responsáveis.

Haverá ressarcimento de despesas de locomoção decorrentes do engajamento da

criança na pesquisa.

Gostaríamos de contar com sua participação e colocamo-nos à disposição para

maiores esclarecimentos sobre a pesquisa. Caso você concorde em participar desta

primeira etapa preencha o termo de consentimento abaixo.

_____________________________________________________________________

Pesquisador responsável:

Prof. Dr. Romariz da Silva Barros

E-mail: [email protected]

_____________________________________________________________________

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Declaro que li as informações apresentadas acima, que estou esclarecido (a)

sobre a pesquisa que será realizada e de seus riscos e benefícios. Declaro que na

condição de responsável pela criança ________________________________________

_______________________________________________, é por minha livre vontade

que eu o (a) autorizo a participar da presente pesquisa.

Belém, ______de ______________de 2012

___________________________________

Assinatura do Responsável pelo Participante

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53

ANEXO 2 - TESTE TEÓRICO ESCRITO

Atendimento e Pesquisa sobre Aprendizagem e Desenvolvimento

Intervenção via cuidadores – Linha de base conceitual

Prezado cuidador,

Você está agora iniciando uma nova etapa de sua participação no APRENDE.

Agora nosso objetivo é prepará-lo melhor para lidar com sua criança. Antes de

começar, precisamos saber o que você já conhece sobre aquilo que queremos

ensinar, para podermos planejar melhor nosso trabalho. Vamos apresentar a você

15 perguntas. Você deve ler com bastante atenção e marcar a alternativa que você

achar correta. Não se preocupe se você não souber a resposta. Nesse caso você deve

marcar a alternativa “Não sei”.

NOME DO CUIDADOR: _________________________________________

DATA: ____/____/____

01- Sabemos que as características das crianças diagnosticadas com autismo podem

variar de um caso para outro. Mas existem características centrais. Estas características

são observadas por profissionais para que possam dar o diagnóstico. Quais são estas

características centrais do autismo?

A (..) - Dificuldades nas habilidades cognitivas, deformidades físicas, déficits sociais e

de comunicação.

B (..) - Habilidades motoras comprometidas, movimentos estereotipados, dificuldades

sociais.

C (..) - Déficits sociais e de comunicação, comportamentos repetitivos e restritivos.

D (..) - Não sei.

02- Todos os diagnósticos do autismo estão dentro de uma categoria maior. Como é

hoje denominada essa categoria?

A (..) - Transtornos Globais do Desenvolvimento.

B (..) - Transtorno do Espectro do Autismo.

C (..) - Síndrome de Rett e Autismo.

D (..) - Não sei.

03- O diagnóstico do autismo geralmente é feito através de:

A (..) - Teste do pezinho que deve ser feito no primeiro mês de vida.

B (..) - Testes genéticos como o de DNA.

C (..) - Dados clínicos colhidos por profissionais (pediatras, psicólogos, neurologistas,

fonoaudiólogos) através de informações sobre comportamentos e da observação da

criança.

D (..) - Não sei.

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54

04- Existem diversas formas de intervenção a crianças com autismo, uma delas é a

Análise do Comportamento Aplicada, que se propõe a:

A (...)- Modificar o comportamento da criança através do controle dos eventos

antecedentes e consequentes a estes comportamentos, considerando que o

comportamento é produto da interação da criança com o seu ambiente.

B (...)- Criar testes para identificação das dificuldades apresentadas pela criança.

C (...)- Intervir junto à criança através de atividades lúdicas (brincadeiras), sem

direcionar nem determinar o que ela deve fazer, mas fazendo aquilo que ela mostrar

interesse espontaneamente.

D (...)- Não sei.

05- Quando falam em comportamento, os analistas comportamentais se referem a:

A (...)-Toda e qualquer atividade do organismo.

B (...)-A interação do organismo com o ambiente, identificando o (s) estímulo (s) que

está (ão) relacionados à resposta do organismo.

C (...)-A ação de um indivíduo baseando-se nos processos mentais que não podem ser

observados por outra pessoa e conhecidos apenas através da fala.

D (...)- Não sei.

06- Imagine a seguinte situação cotidiana. Você diz para seu filho desligar a TV e ir

para a cama porque está na hora de dormir. Ele chora e diz que não quer dormir. Você

se mantém firme e cuidadosamente o conduz pelo braço até à cama. Tomando como

foco a resposta de chorar do seu filho na situação descrita acima, podemos dizer que:

A (...)- O evento antecedente foi você dizer para seu filho ir dormir. A resposta de seu

filho foi chorar. A consequência foi você conduzi-lo até à cama.

B (...)- O evento antecedente foi o choro de seu filho. A resposta foi você dizer para ele

desligar a TV. A consequência foi você conduzi-lo até a cama.

C (...)- O evento antecedente foi você achar que estava na hora de seu filho dormir. A

resposta foi dizer para que ele desligasse a TV. A consequência foi o choro de seu filho.

D (...)- Não sei.

07- Imagine a seguinte situação cotidiana. Você está no supermercado com seu filho.

Ele pede uma caixa de bombons. Você diz que não pode comprar o bombom. Seu filho

se joga no chão e começa a gritar. Você pega a caixa de bombons e entrega para ele

dizendo que vai comprá-la. Vamos pensar sobre os efeitos que o seu comportamento

terá sobre o comportamento do seu filho. Considerando o seu comportamento de

entregar a caixa de bombons novamente para seu filho nessa situação, podemos dizer

que você:

A (..) - Reforçou positivamente o comportamento de seu filho.

B (..) - Reforçou negativamente o comportamento de seu filho.

C (..) - Você puniu o comportamento de seu filho.

D (..) – Não sei.

08- Imagine a seguinte situação cotidiana. Você está em uma festa de família. De

repente chega alguém com quem você não gostaria de encontrar. Você então sai da festa

imediatamente. Analisando este seu comportamento de sair da festa, podemos dizer que:

A (..) - foi reforçado negativamente por fuga do estímulo aversivo – encontrar a pessoa

indesejada.

B (..) - foi reforçado negativamente por esquiva do estímulo aversivo – encontrar a

pessoa indesejada.

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C (..) - foi reforçado positivamente por estar numa festa interessante.

D (..) - Não sei.

09- Se seu filho pede dinheiro para comprar picolé e você diz que não vai dar o

dinheiro porque ele está gripado. Ele pede mais uma vez, e outra e outra, mas você

ignora. Lá pela décima vez que ele pede, você resolve dar o dinheiro a ele. Noutro dia,

ele pede novamente dinheiro e insiste umas doze vezes até que você dá. Esse tipo de

interação se repete por alguns dias, de forma que seu filho percebe que a probabilidade

de o comportamento dele ser bem sucedido aumenta quanto mais ele pede. Ao dar o

dinheiro para seu filho nessa situação, você estará:

A (..) - Reforçando o comportamento de pedir de seu filho num esquema de intervalo

fixo.

B (..) - Reforçando negativamente o comportamento de seu filho.

C (..) - Reforçando o comportamento de pedir de seu filho num esquema de razão

variável.

D (..) - Não sei.

10- Seu filho rasga as folhas do caderno do irmão. Você retira dele o caderno e o

coloca de “castigo” sentado numa cadeira durante 5 minutos sem dar atenção a ele.

Nesse caso, você:

A (..) - Puniu positivamente o comportamento de seu filho.

B (..) - Puniu negativamente o comportamento de seu filho.

C (..) - Reforçou negativamente o comportamento de seu filho.

D (..) – Não sei.

11- Imagine que você tenha percebido que seu filho faz muita birra porque ele só

consegue o que quer se ele fizer birra. Você então resolveu não dar o que o seu filho

quer se ele estiver fazendo birra. O comportamento dele ficou ainda pior no início, mas

depois a birra foi aos poucos ficando menor e ocorrendo com menor frequência até que

ele praticamente deixou de fazer birra. Nesse caso, o que você fez com o

comportamento de birra do seu filho foi:

A (..) - Manutenção.

B (..) - Extinção.

C (..) - Reforçamento.

D (..) - Não sei.

12- Imagine que você está dirigindo um carro. Então o semáforo à sua frente fica

vermelho. Você então pára o carro. O semáforo vermelho é considerado:

A (..) - Um estímulo discriminativo.

B (..) - Um estímulo reforçador para sua resposta de “parar o carro”.

C (..) - Uma resposta adequadamente reforçada.

D (..) - Não sei.

13- Imagine que você está passeando na praça e sente aquele cheiro gostoso de

tucupi do tacacá da Tia Maria. Imediatamente você começa a salivar. Sua resposta de

salivar foi:

A (..) - Eliciada pelo cheiro do tucupi (Condicionamento respondente).

B (..) - Emitida sob controle do cheiro do tucupi (Condicionamento operante).

C (..) - Reforçado pelo cheiro do tucupi (Condicionamento respondente)

D (..) - Não sei.

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14- Ao vir ao mundo, a criança é inserida em um ambiente repleto de pessoas que

mantêm entre si interações verbais. Pense nas seguintes situações:

Uma criança está na praça onde tem um pipoqueiro. Ela fala “mãe, compra pipoca pra

mim, por favor”. A mãe atende o pedido da criança, compra a pipoca e dá a ela. O

comportamento verbal da criança nesse caso pode ser considerado um:

A (..) - Tato.

B (..) - Mando.

C (..) - Ecoico.

D (..) - Não sei.

15- Uma criança está na praça onde tem um belíssimo cavalo da polícia montada.

Ela fala “cavalo, cavalo, cavalo”. A mãe olha pra ela e depois para o cavalo e diz “isso

mesmo, filha. É um cavalo”. O comportamento verbal da criança nesse caso pode ser

considerado um:

A (..) - Tato.

B (..) - Mando.

C (..) - Ecoico.

D (..) - Não sei.

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ANEXO 3 - PROTOCOLO DE IDENTIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS DO

CUIDADOR

Descrição da tríplice contingência - identificação das respostas do cuidador

Antecedente Resposta Consequência

TIPOS DE INTERAÇÃO

Amistosa f(s)

Pré-teste Pós-teste

Sorrir

Bater palmas

Olhar para o rosto da criança

Olhar para o comportamento da criança

Falar: muito bem! Isso! Perfeito! Parabéns

Conversar com a criança

Outros

Cooperativa

Pegar peças do jogo

Entregar peças para a criança

Arrumar objetos sobre a mesa

Desmontar o brinquedo

Fornecer ajuda fica total ou parcial para a execução da

atividade

Fornecer dica verbal para a execução da atividade

Encaixar peças

Outros

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Tipos de Estímulos

Sd verbal

Sd não verbal

Estímulo consequente cond. Verbal

Estímulo consequente cond. Não verbal

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ANEXO 4 - PROTOCOLO GERAL DE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO

Atendimento e Pesquisa Sobre Aprendizagem e Desenvolvimento

Ensino de Cuidadores

Programas de Ensino

Como vimos anteriormente, cada criança com autismo é única e apresentará

determinadas necessidades e características. Deste modo, o ensino da criança com

autismo é individualizado. Apresentaremos aqui um modelo padrão de ensino e

realizaremos as mudanças necessárias de acordo com o desempenho de cada criança. A

avaliação inicial do comportamento da criança nos permitirá identificar quais

habilidades já estão bem desenvolvidas, quais habilidades precisam ser aperfeiçoadas e

até mesmo quais ainda precisam ser ensinadas desde o princípio.

Cada habilidade que pretendermos ensinar à criança irá compor um programa.

Estes programas juntos formarão o currículo de ensino. Lembra-se do tempo de

escola? Lá as matérias ensinadas (programas) pelos professores faziam parte de um

currículo que eles deveriam cumprir durante o ano. A ideia é a mesma. Alguns

programas estão voltados para ensinar habilidades muito básicas que chamamos de pré-

requisitos. Eles são considerados básicos porque não há necessidade de habilidades

anteriores para sua aplicação e porque eles servem de base para aprendizagem de outras

coisas. Na escola, por exemplo, aprender os números é um pré-requisito que possibilita

a aprendizagem de programas mais complexos, como somar.

Os programas pré-requisitos que usaremos envolvem as habilidades de sentar,

sentar-direito, esperar, estabelecer contato visual, tocar na mão de outra pessoa (toque

aqui), procurar objetos (visual tracking), atender pelo nome e atender a instruções.

Porém, esse ensino é gradual e realizado em pequenas etapas. Chamamos de

passos essas etapas do ensino que são necessárias para que uma habilidade seja

aprendida. Muitas vezes, ao realizar o ensino, precisaremos fornecer algumas dicas para

OBJETIVO: Ao final deste encontro, esperamos que você seja capaz de entender

como funcionam os programas de ensino.

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criança do que queremos que ela faça antes que suas respostas se tornem independentes

(sem ajuda). Imagine, por exemplo, que você queira ensinar a criança a sentar. Nas

primeiras tentativas, pode ser necessário não apenas dizer à criança o que ela precisa

fazer (“senta”), mas também fornecer uma Ajuda Física Total (AFT), por exemplo,

pegando a criança pela mão levando até a cadeira e auxiliando-a a sentar-se. Quando a

criança começar a demonstrar mais independência na tarefa essa ajuda será uma Ajuda

Física Parcial (AFP). Neste caso, você deve fornecer a instrução “senta” e apenas

indicar, com um toque, por exemplo, o que ela deve fazer. Esse processo vai sendo

continuado até que a criança emita respostas independentes, ou seja, senta sozinha

diante da instrução de sentar-se.

O procedimento de ensino, ou seja, a forma como vamos ensinar, pode ser

através de Tentativa Discreta ou Ensino Incidental. No procedimento de ensino por

tentativa discreta, o ambiente de aplicação do programa é controlado e estruturado. O

que isso quer dizer? Isso significa que nós, que estamos aplicando o procedimento,

pensamos e planejamos situações para aplicação, escolhemos os possíveis reforçadores

(tudo aquilo que pode servir para fortalecer o comportamento da criança e fazer com

que a resposta que desejamos seja emitida novamente, como alimentos, brinquedos e

elogios). Além disso, estabelecemos quantas tentativas vamos realizar, ou seja, quantas

vezes vamos pedir para criança emitir uma determinada resposta, como sentar. Podemos

agrupar essas tentativas em blocos de tentativas. Por exemplo, a cada doze tentativas

consideraremos que concluímos um bloco. Os acertos e erros da criança em cada

tentativa são anotadas na folha de registro, de maneira que, ao final de cada bloco,

podemos calcular a percentagem de acertos e avaliar dessa forma o desempenho da

criança. Veja o modelo:

Data Passo Início Término

Resposta RT RI

RT: Total de Respostas Corretas

RI: Total de Respostas Independentes

O ensino incidental é diferente. Nesse caso, aproveitamos oportunidades do dia-

a-dia para ensinar o programa para a criança. Também podemos criar condições para

que uma atividade não tão corriqueira aconteça, como uma brincadeira ou uma tarefa

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doméstica, para aproveitá-la como oportunidade para ensino incidental. Por exemplo,

podemos aproveitar que a criança vai fazer um lanche ou almoçar para fazer ensino

incidental da resposta de sentar. Estabelecemos que a criança deve sentar antes de

comer. Apresentamos a instrução “senta” indicamos que a criança deve sentar através

de ajuda física total ou parcial, se necessário, até que a criança realize a atividade de

modo independente. Perceba que nesse caso, não há um número determinado de

tentativas ou blocos de tentativas. Muitas vezes é a criança que começa uma atividade

que pode ser considerada uma tentativa e então aproveitamos aquela oportunidade para

aplicar o procedimento de treino.

É muito importante reforçar as respostas corretas, tanto no treino por tentativas

discretas, quanto no ensino incidental. A resposta correta, no nosso exemplo, é sentar

quando for apresentada a instrução. O mesmo tipo de treino incidental pode ser feito

para sentar no carro, no sofá, sentar para brincar, sentar para ver televisão, etc. Deste

modo, você deverá usar as oportunidades diárias, em que a criança deve sentar para

ensinar este repertório para ela.

Agora vamos conhecer melhor um programa de ensino?

Nome do Programa: Pré–requisito – Sentar

Objetivo: Ensinar o aluno a sentar na cadeira.

Como Ensinar

1. Tentativa discreta

O Cuidador deixa o reforçador em cima da mesa ou manipula o reforçador na frente do aluno, em

seguida instrui “senta”. Assim que o aluno senta na cadeira corretamente o reforçador é

disponibilizado à criança.

2. Ensino Incidental

O ensino pode ser feito de acordo com oportunidades do dia-a-dia, como por exemplo, na hora de

sentar à mesa para as refeições, sentar no sofá, em uma cadeira da casa ou no carro. Sempre que

estiver em situações em que a criança deva ou precise sentar, forneça o comando “senta” e reforce as

respostas corretas.

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Tentativa discreta

O que eu devo fazer?

(Estímulo)

O cuidador se posiciona em frente à criança, emite a instrução e

aguarda a resposta do aluno.

Reinicie completamente a tentativa se houver distração durante a

apresentação.

Instrução: “fulano, senta” ou “senta”.

O que considero como

uma resposta correta?

(Resposta)

Andar em direção à cadeira, sentar e permanecer sentado por no

mínimo 1s.

Como faço para reforçar

o sentar?

(Consequência)

Sempre que a criança sentar, essa resposta deve ser reforçada

(com elogio, comidas, brinquedo, carinho, etc). Quanto mais

imediato o reforçamento melhor.

Sugestões de Passos para

o programa. Um modo de

ensinar a criança a sentar

gradualmente.

Passo 1 - Ajuda física total (AFT) imediatamente após a instrução.

O cuidador deve auxiliar fisicamente o aluno, levando-o a fazer o

movimento completo de sentar. Assim que sentar, o cuidador reforça

a resposta.

Passo 2 - Ajuda física parcial (AFP) sem atraso, ou seja,

imediatamente após o comando. O cuidador deve auxiliar o aluno

com AFP (um simples toque, ou direcionar com leveza o

movimento).

Passo 3 – Ajuda física parcial (AFP) com atraso, neste caso espere

3s antes de fornecer a AFP.

Passo 4 – Respostas Independentes, diga „fulano, senta‟ e aguarde

para que a criança sente independentemente.

Como sei se devo trocar

de passo?

Anote sempre as respostas do Treino Incidental na folha de registro

e leve para o monitor analisar durante as reuniões semanais. Ele irá

lhe instruir sobre quando mudar de passo e porque a mudança está

sendo realizada.

Como registro as

respostas?

Use o sinal “+” para registrar um acerto, ou seja, uma resposta

apresentada pela criança de acordo com o esperado naquele passo.

Use o sinal “+” para registrar uma resposta independente, ou seja,

quando a criança apresenta a resposta esperada sem ajuda física total

ou parcial.

Use o sinal “-” para registrar um erro, ou seja, uma situação em que

a resposta apresentada pela criança não foi aquela esperada no passo.

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ANEXO 5 - FOLHA DE REGISTRO DO PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO

PROGRAMA:

PROFESSOR: DATA:

ESTIMULOS:

PASSO:

RESPOSTA: RI +

OBS:

PROGRAMA:

PROFESSOR: DATA:

ESTIMULOS:

PASSO:

RESPOSTA: RI +

OBS/Sonda

PROGRAMA:

PROFESSOR: DATA:

ESTIMULOS:

PASSO:

RESPOSTA: RI +

OBS/Sonda

PROGRAMA:

PROFESSOR: DATA:

ESTIMULOS:

PASSO:

RESPOSTA: RI +

OBS/Sonda

PROGRAMA:

PROFESSOR: DATA:

ESTIMULOS:

PASSO:

RESPOSTA: RI +

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ANEXO 6 - PROGRAMAS TREINADOS

PROGRAMA TOQUE AQUI

Nome do Programa: Toque Aqui – Ensino de Cuidadores

Objetivo: Ensinar a criança a atender uma instrução e aprender uma resposta

alternativa simples que pode ser usada para produzir reforçadores.

Como Ensinar:

O cuidador instrui “toque aqui” deixando a mão aberta na frente da criança que deve

responder batendo na mão do cuidador com a mão aberta, recebendo em seguida o

reforçador. Fazer este programa junto com outro ou durante uma atividade da criança

(jogos ou brincadeiras) e no dia-a-dia.

O que o fazer

(Estímulo)

Diga “toca aqui” e abra a mão para que a criança toque

na mesma.

Reinicie completamente a tentativa se houver distração

durante a apresentação.

A resposta correta

(Resposta)

Tocar a mão do cuidador com a própria mão.

Como reforçar

(Consequência)

Com elogios, carinhos, brinquedos, comestíveis,

conforme avaliação prévia de preferência. Lembre-se

que o reforço deve ser imediato.

Passos de Ensino

Passo 1 - Ajuda Física Total (AFT): O cuidador

deve auxiliar a criança mão sobre mão conduzindo-

o a fazer o movimento completo.

Passo 2 - Ajuda Física Parcial (AFP), sem atraso: O

cuidador deve auxiliar a criança com dica leve (um

simples toque, ou direcionar com leveza o

movimento).

Passo 3 - Ajuda Física Parcial (AFP), com atraso:

O cuidador deve esperar 3s, caso a criança não

emita uma resposta independente, deve auxiliar a

criança com ajuda leve.

Passo 4 - Respostas independentes (RI): O cuidador

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deve aguardar 3s a resposta independente da

criança, isto é, sem dicas.

Como trocar de passo Critérios para avançar de Passo: dois blocos

consecutivos com, no mínimo, 9 acertos.

Critérios para permanecer no Passo: 8 acertos.

Critérios para retornar ao passo anterior: menos de 7

acertos.

Como registro as respostas

+ = acerto de acordo com o passo

+ = acerto sem dica (independente)

- = erro

Solução de Problema

Correção de erros: O cuidador deve: registrar o erro,

olhar para o lado e aguardar 5s, fornecer uma tentativa com

AJUDA FÍSICA, que não será reforçada e iniciar uma nova

tentativa.

Ocorrência de comportamentos disruptivos:

Se o aluno tentar sair da mesa, se engajar em outros

comportamentos ou não estiver mantendo contato visual

durante a sessão o professor deve apresentar o

reforçador para chamar atenção da criança

Ocorrência de 3 respostas erradas consecutivas:

Se a criança errar 3 vezes seguidas e começar a

mostrar desinteresse pela tarefa, o cuidador

poderá solicitar uma resposta fácil (um

comportamento que ele já aprendeu) deste ou de

outro programa e reforçar essa resposta com um

reforçador de menor preferência. Se aluno

continuar apresentando uma taxa alta de erros o

passo deve ser avaliado.

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PROGRAMA IMITAÇÃO

Nome do Programa: Imitação motora SEM objeto

Objetivo: Ensinar respostas de imitação motora ampla generalizada sem objeto.

Pré-Requisitos:

Material: Brinquedos favoritos da criança.

Folha de registro.

Como ensinar:

Tentativa Discreta: consistirá no ensino estruturado onde o cuidador deverá estabelecer

contato visual com a criança, fazer o movimento a ser imitado (sem falar) aguardar a resposta da

criança e consequenciar com o reforçador.

O que o fazer

(Estímulo)

Se posicionar em frente a criança

apresente o modelo da ação que ele deve

imitar, aguardar até 3 segundos pela resposta

(quando independente).

A cada 1 bloco de 20 tentativas intercalar

dois grupos de cinco imitações

aleatoriamente.

Grupo 1

Pegar na Cabeça

Pegar no Nariz

Pegar na Barriga

Pegar na Orelha

Pegar na Boca

A resposta correta Repetir o movimento apresentado pelo

cuidador.

Como reforçar

(Consequência)

Reforçador arbitrário: elogios, contato físico

(cócegas e brincadeiras), comestíveis,

conforme avaliação prévia de preferência.

Passos do Ensino

Passo 1 - Ajuda Física (AFT) com atraso

zero: A AFT consiste em auxiliar a criança,

mão sobre mão, conduzindo-a a fazer o

movimento completo.

Passo 2 – Ajuda Leve (AFP) com atraso

zero: Fornecer AFP de forma que o aluno

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complete o movimento com menor

intensidade de auxílio.

Passo 3 – Ajuda Leve (AFP) com atraso

de 3s: Espere 3s caso a criança não responda

independente forneça AFP de forma que o

aluno complete o movimento com menor

intensidade de auxílio.

Passo 4 – Respostas independentes (RI):

fornecer a instrução e esperar até 3 segundos

pela resposta.

Como registro as respostas

+ = acerto de acordo com o passo

+ = acerto com resposta independente

- = erro

Generalização Quanto mais você estimular e criar

oportunidades de imitação em casa e reforçar

as respostas de imitação, melhor será o

desempenho da criança e ela aprenderá a fazer

isso em situações não ensinadas diretamente.

PROGRAMA SEGUIR INSTRUÇÕES

Nome do Programa: Seguir Instruções

Objetivo: Ensinar o aluno a seguir instruções vocais

Pré-Requisitos:

Sentar por no mínimo 1 minuto

Esperar por no mínimo 3 segundos

Olhar para o professor por no mínimo 3

segundos

Programa de condicionamento de

reforçadores

Programa de pareamento de palavras

Material: mesa cadeira timer Preferências registro

Procedimento Geral – tentativa discreta Quatro grupos com cinco instruções cada, sendo uma delas sem sentido em cada grupo (pode ser um som sem sentido ou uma ação impossível). Em alguns casos, é válido iniciar com dois ou três grupos de

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instrução, mas deve-se aumentar para quatro grupos tão cedo quanto possível. Cada grupo de instrução deve conter 20 tentativas (quatro tentativas por instrução do grupo). Os grupos devem ser ensinados ao mesmo tempo, mas como diferentes programas. Após dar a instrução, deve-se esperar 3s pela resposta. Se ela não ocorrer, deve-se fornecer ajuda. Depois de dominados dois grupos, as instruções deles devem ser misturadas. O mesmo com os quatro

grupos, posteriormente.

Resposta do professor O professor se posiciona em frente à criança,

emite a instrução e aguarda a resposta do

aluno.

O professor só deve iniciar a tentativa quando o

aluno sentar direito e estiver mantendo contato

visual

Observar se o prompt do passo é sem ou com

atraso, caso seja sem atraso o professor deve

dar a ajuda imediatamente, se o prompt for

com atraso o professor deve dar a instrução e

esperar 3s pela resposta. Se ela não ocorrer,

deve-se fornecer ajuda.

Cuidado para não fornecer qualquer pista

visual!

Reinicie completamente a tentativa se houver

distração durante a apresentação.

Instrução:

Resposta do aluno Fazer o movimento determinado na instrução

Reforçamento Elogios e contato físico (cócegas e brincadeiras).

O reforço deve ser dado logo após a emissão da

resposta.

Sugestões de Passos para o programa:

Passo 1 - Ajuda Física Total, sem atraso (AFT): O

professor deve auxiliar o aluno mão sobre mão

conduzindo-o a fazer o movimento completo.

Passo 2 – Ajuda Física Parcial (AFP): O professor

deve auxiliar o aluno com dica leve (um simples

toque, ou direcionar com leveza o movimento).

Passo 3 - Respostas independentes (RI): O professor

deve aguardar a resposta independente do aluno,

isto é, sem dicas.

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Registro + = acerto de acordo com o passo

+ = acerto sem dica ( independente)

- = erro

PROGRAMA INTRAVEBAL INFORMAÇÕES PESSOAIS

Nome do Programa: Intraverbal de informações pessoais – Ensino de Cuidadores

Objetivo: Ensinar a criança a responder perguntas que ajudem a localizar sua família.

Procedimento Geral – Tentativa discreta

O professor irá realizar a pergunta e aguardar pela resposta de acordo com o passo. Estimule

que outras pessoas da família realizem a pergunta para criança também.

Antecedente

Faça a pergunta para criança de

acordo com o grupo adequado.

Resposta

Responder à pergunta.

Consequência

Reforço social, brinquedo ou

comestível

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4

Qual o nome do

seu pai?

Como seu pai se

chama?

Qual o nome de sua

mãe?

Como sua mãe

se chama?

Quantos anos você

tem?

Qual a sua idade?

Qual o seu

endereço?

Onde você mora?

Passos Antes de dos passos 1 e 2, o cuidador deverá

realizar uma sonda de 3 tentativas para verificar a

ocorrência de respostas independentes. Se a

resposta ocorrer em pelo menos 2 das 3 tentativas

de sonda, recomenda-se aplicar imediatamente o

Passo 3.

Passo 1

(Grupo 1 e 2)

Dica Modelo (DM) com atraso zero: o cuidador

emite a pergunta e imediatamente dá a resposta

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adequada.

Passo 2

(Grupo 1 e 2)

Dica Modelo (DM) com atraso (3 segundos): o

cuidador espera 3s pela resposta da criança, caso ela

não ocorra emita a DM.

Passo 3

(Grupo 1 e 2)

Resposta independente (RI): espere até 5s pela

resposta independente.

Registro + = acerto de acordo com o passo

+ = acerto sem dica ( independente)

- = erro

PROGRAMA TATO COM AUTOCLÍTICO

Comportamento de falante – Tato com autoclítico.

Objetivo Geral: O aluno deve emitir a resposta de tatear com autoclítico de modo funcional e

variado.

Procedimento Geral:

Tentativa

Discreta

Estímulo Antecedente Resposta Consequência

Apresente o estímulo

Tatear o

estímulo

discriminativo

usando

autoclíticos

Reforce com

elogios e entregue

um item

diferente do

tateado.

Observações sobre reforçamento:

CRF (Ex.: elogios, contato físico como cócegas e brincadeiras) até o Passo 3;

Intermitente a partir do Passo 4.

Orientações ao professor Emita a instrução verbal e aguardar a resposta

do aluno;

Reinicie completamente a tentativa se houver

distração.

Tatos Artigo + Substantivo + Adjetivo

Serão ensinados quatro grupos com cinco estímulos.

A criança só avançará de um grupo para o outro

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após atingir a independência.

Registro + = acerto de acordo com o passo

+ = acerto sem dica (resposta independente)

- = erro

Passo 1 Dica Modelo (DM) com atraso zero:

Apresentem o objeto, imediatamente após a

apresentação (atraso zero), o cuidador apresenta a

DM (ex.: “O carro amarelo”) e espera 3 segundos.

Passo 2 Dica Modelo (DM) com atraso (3 segundos):

O cuidador apresenta o objeto e espera 3 segundos,

se a criança não emitir o tato independente

apresente a DM.

Passo 3 Resposta independente (RI):

O cuidador apresenta o objeto, e espera 5 segundos

pela resposta independente

PROGRAMA - ESPERAR

Nome do programa: Colaboração – esperar

Objetivo: ensinar o aluno a esperar por 10 segundos quando for solicitado.

Pré-requisito: sentar na cadeira por 10 min. Material: mesa, cadeira, timer, folha para

registro e estímulo reforçador.

Resposta do professor O Professor se posiciona em frente a

criança, emite a instrução e aguarda a

resposta do aluno.

O professor só deve iniciar a tentativa

quando o aluno sentar direito e estiver

mantendo contato visual.

Observar se o passo requer prompt com ou

sem atraso. Caso seja sem atraso, o

professor deve dar a ajuda imediatamente.

Se o prompt for com atraso, o professor

deve dar a instrução e esperar 3s pela

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resposta. Se ela não ocorrer, deve fornecer

ajuda.

Reinicie completamente a tentativa se

houver distração durante a apresentação.

Instrução: “espera”.

Resposta do aluno Colocar mão sobre mão em cima da mesa e manter

o comportamento por um determinado momento.

Esquema de reforçamento Reforço arbitrário = iniciar com CRF e aumentar a

razão gradualmente.

Passos Passo 1. Ajuda física total (AFT). O professor deve

auxiliar o aluno conduzindo-o a fazer o movimento

completo.

Passo 2. Ajuda física parcial (AFP) – sem atraso. O

professor deve auxiliar o aluno com dica leve

(simples toque)

Passo 3. Respostas independentes (RI). O professor

deve esperar 3s para a resposta independente

ocorrer sem dica.

Passo 4. Respostas independentes (RI). Deve

esperar a resposta ocorrer e permanecer por 3

segundos.

Registro + = acerto de acordo com o passo

+ = acerto sem dica (resposta independente)

- = erro

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PROGRAMA MANDO COM GESTO

Nome do Programa: Mando usando gestos – Apontar

Objetivo: Ensinar a apontar para os objetos (estímulos reforçadores) usando o dedo indicador,

com função de mando.

Material: estímulos reforçadores e folha de registro

Procedimento Geral: o professor deve sentar-se à frente da criança e requer dela a resposta de

apontar para o item sobre a mesa sem utilizar instrução. Após a emissão da resposta correta da

criança, reforçar e anotar na folha de registro.

Resposta do professor Só deve iniciar a tentativa quando o aluno

demonstrar interesse por um estímulo.

Observar se o prompt do passo é sem ou com

atraso, caso seja sem atraso, o professor deve

dar ajuda imediatamente. Se o prompt for

com atraso, esperar 3 segundos para fornecer

a ajuda necessária para a emissão da

resposta.

Resposta do aluno Apontar para o objeto com o dedo indicador.

Esquema de reforçamento CRF

Elogios e contato físico (cócegas e

brincadeiras)

Sugestões de passo Passo 1. Ajuda física total (AFT): o

professor deve auxiliar o aluno mão sobre

mão, conduzindo-o a fazer o movimento

completo.

Passo 2. Ajuda física parcial (AFP): o

professor deve auxiliar o aluno com ajuda

leve (um simples toque, ou direcionar com

leveza o movimento).

Passo 3. Ajuda física parcial com atraso

(AFP): o professor deve aguardar 3

segundos a resposta independente do aluno

ocorrer. Auxiliar caso a reposta não ocorra

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após 3 segundo com toque leve.

Passo 4. Resposta independente (RI): o

professor deve esperar por 3 segundos a

resposta ocorrer sem ajuda.

Registro + = acerto de acordo com o passo

+ = acerto sem dica (resposta independente)

- = erro

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ANEXO 7 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DE

DESEMPENHO

TAREFA TENTATIVAS

Legenda: + Correta; - Incorreta 1 2 3 4 5

Apresentação de SDs

1. Na tentativa, garante a atenção do confederado?

2. Apresenta a instrução conforme descrito no programa?

3. Fornece ajuda exigida no passo?

Consequências para as respostas corretas

4. Reforça imediatamente a resposta?

5. Registra a resposta imediatamente?

Respostas certas:

Percentual de precisão:

Qualquer erro emitido em qualquer um dos critérios elencados, a tentativa será

considerada como errada.

Experimentador:

Cuidador: Data:

Confederado: Programa:

Fase: LB ( ) PÓS-TESTE ( )

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ANEXO 8 - DESCRIÇÃO PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO

Procedimento de correção

1- Registra o erro da resposta com o sinal de menos (-);

2- Tentativa de correção – depois de 3 segundos após a tentativa de ensino, o aplicador

faz a tentativa de correção fornecendo ajuda referente ao passo anterior ao passo em

que o aluno está dentro do programa, logo após a emissão da resposta por parte do

aluno, o professor deve fornecer um estímulo reforçador de menor magnitude e faz

o registro. Ex: Se o aluno está no passo de resposta independente (RI) e não emitiu

a resposta esperada dentro deste passo, registra-se o erro, e volta ao passo anterior

fornecendo Ajuda Física Parcial (AFP), fornece o estímulo reforçador de menor

magnitude e registra a resposta na folha de registro.

3- Nova tentativa de correção – Após a primeira tentativa de correção, o aplicador

volta à tentativa dentro do passo no qual o aluno estava anteriormente. Caso a

resposta seja emitida dentro do passo, o aplicador fornece o reforço de menor

magnitude.

4- Retorno às tentativas – depois do procedimento de correção, o aplicador retorna

para a aplicação das tentativas dentro do passo em que o aluno estava antes de

emitir a resposta errada. Fornece o reforço de maior magnitude e registra a

resposta.

5- Caso o aluno emita resposta errada novamente, o aplicador deve solicitar uma

resposta que esteja bem estabelecida, ou seja, uma resposta fácil que o aluno já

saiba e liberar um reforçador de menor magnitude. Caso o aluno continue

apresentando uma taxa alta de erros o passo deve ser avaliado.

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ANEXO 9 - PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DE PRECISÃO DO

PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO

Experimentador:

Cuidador: Data:

Confederado: Programa:

Fase: LB ( ) PÓS-TESTE ( )

Respostas esperadas Acerto (+)* Erro (-)*

Garante a atenção da criança antes de fornecer o

SD

Apresenta o SD

Fornece a ajuda de acordo com o Passo

Registra o erro da resposta emitido pelo

confederado

Não reforça a resposta errada do confederado

Reinicia a tentativa no Passo anterior

Apresenta o SD

Fornece a ajuda de acordo com o Passo

Após a resposta correta do confederado utiliza um

estímulo reforçador de menor magnitude

Registra o acerto da resposta emitida pelo

confederado

Volta ao Passo em que o confederado estava

inicialmente

Apresenta o SD

Fornece a ajuda de acordo com o Passo

Após a resposta correta do confederado, utiliza um

estímulo reforçador de menor magnitude

Registra o acerto da resposta emitida pelo

confederado

* (+) símbolo utilizado para registrar a resposta correta emitida pelo cuidador.

* (-) símbolo utilizado para registrar a resposta errada emitida pelo cuidador.