14
ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL DORIGO, Silvana¹; HUSAK, Wanda S.¹; TAVARES, Rubens¹; MACEDO, Orlando de¹; ACCO, Tania¹; BARNABɹ, Valtemir; PREGOLINI, Oswaldo¹; GIANOTTO, Rosa do C. L.¹; SKROBOT, Rosangela A.¹; SMANIOTTO, Adriano da Rosa¹, PSZYBYLSKI, Rafael F.¹; WOJTECKI, Thiago J.¹; FANK, Elisane²; RODRIGO, Carolina M. P.²; SILVA, Sergio L. A. da¹; ANDRADE, ROSA, Érika G. da³. 1 Professores da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, Membros do Grupo de Estudos Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná/ Turma 2. 2 Professoras Pedagogas da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, Membros do Grupo de Estudos Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná/ Turma 2. 3 Professora Pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, Orientadora de Estudos do Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná/ Turma 2. Fomento para a Formação de Professores da Escola Pública Fundo Nacional de Educação (FNDE) - Programa do Ministério da Educação, Governo Federal, Universidade Federal do Paraná, Secretaria de Educação do Estado do Paraná. 1 INTRODUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO Os desafios que ainda permanecem na realidade brasileira no Ensino Médio público são: universalização; infraestrutura, formação e currículo. A preocupação com a universalização do Ensino Médio se deu no transcorrer da história brasileira, porém com barreiras existentes nos aspectos sociais, políticos e culturais. É necessário, no entanto, tornar ainda mais significativo o conhecimento para os estudantes inseridos no Ensino Médio, como também as escolas proporcionarem aos professores um planejamento de trabalho integrado entre as áreas do conhecimento para um direcionamento comum. A história da educação indica uma dualidade estrutural do ensino. Desde a Reforma Francisco Campos, passando pela Reforma Gustavo Capanema (5692/71). A reforma do Ensino Médio se consolida na dualização do ensino propedêutico e técnico, conforme configuração histórica separada entre “ricos e pobres”. Um dos desafios a enfrentar é a universalização deste nível e da própria configuração social, política, econômica e cultural do modo de produção as insuficiências do Ensino Médio, contidos nas relações macro estruturais. Na esteira destas relações presencia-se histórica e pedagogicamente a precarização do currículo, bem como, dos próprios conteúdos básicos das disciplinas curriculares. Atualmente os estudantes chegam às universidades

ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL

DORIGO, Silvana¹; HUSAK, Wanda S.¹; TAVARES, Rubens¹; MACEDO, Orlando de¹; ACCO, Tania¹; BARNABɹ, Valtemir;

PREGOLINI, Oswaldo¹; GIANOTTO, Rosa do C. L.¹; SKROBOT, Rosangela A.¹; SMANIOTTO, Adriano da Rosa¹,

PSZYBYLSKI, Rafael F.¹; WOJTECKI, Thiago J.¹; FANK, Elisane²; RODRIGO, Carolina M. P.²; SILVA, Sergio L. A. da¹;

ANDRADE, ROSA, Érika G. da³.

1 Professores da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, Membros do Grupo de Estudos Pacto Nacional para o

Fortalecimento do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná/ Turma 2.

2 Professoras Pedagogas da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, Membros do Grupo de Estudos Pacto Nacional para o

Fortalecimento do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná/ Turma 2.

3 Professora Pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná, Orientadora de Estudos do Pacto Nacional para o

Fortalecimento do Ensino Médio do Colégio Estadual do Paraná/ Turma 2.

Fomento para a Formação de Professores da Escola Pública – Fundo Nacional de Educação (FNDE) - Programa do Ministério da

Educação, Governo Federal, Universidade Federal do Paraná, Secretaria de Educação do Estado do Paraná.

1 INTRODUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO

Os desafios que ainda permanecem na realidade brasileira no Ensino

Médio público são: universalização; infraestrutura, formação e currículo.

A preocupação com a universalização do Ensino Médio se deu no

transcorrer da história brasileira, porém com barreiras existentes nos aspectos

sociais, políticos e culturais.

É necessário, no entanto, tornar ainda mais significativo o

conhecimento para os estudantes inseridos no Ensino Médio, como também as

escolas proporcionarem aos professores um planejamento de trabalho

integrado entre as áreas do conhecimento para um direcionamento comum.

A história da educação indica uma dualidade estrutural do ensino.

Desde a Reforma Francisco Campos, passando pela Reforma Gustavo

Capanema (5692/71). A reforma do Ensino Médio se consolida na dualização

do ensino propedêutico e técnico, conforme configuração histórica separada

entre “ricos e pobres”.

Um dos desafios a enfrentar é a universalização deste nível e da

própria configuração social, política, econômica e cultural do modo de produção

as insuficiências do Ensino Médio, contidos nas relações macro estruturais.

Na esteira destas relações presencia-se histórica e pedagogicamente a

precarização do currículo, bem como, dos próprios conteúdos básicos das

disciplinas curriculares. Atualmente os estudantes chegam às universidades

Page 2: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

sem compreensão dos fundamentos dos conteúdos básicos. Tal análise se

funda na necessidade de discutir e compreender a identidade do Ensino Médio

no Brasil.

O desafio das escolas públicas também está em conceber os sujeitos

(adolescentes) nelas inseridos. Lida-se com jovens, cuja adolescência tardia é

concebida pela sociedade do pragmatismo, do mundo virtual e descartável,

cujo os valores são mutáveis tanto quanto a lógica pós-moderna.

O pragmatismo tornou para os adolescentes tudo tão fácil e

descartável que a falta de expectativa parece estar inserida no aprender.

Neste contexto um dos grandes desafios é reconstruir a identidade

docente, compreender os sujeitos do Ensino Médio, analisar este nível de

ensino em suas relações macro estrutural para então discutir o currículo.

Os professores assim vivem a angústia de buscar possibilidades e

explicações para oferecer melhoras diante do desamparo e desespero da

educação escolar e números cada vez maiores de estudantes fora da escola.

Contudo, traçam-se sempre possibilidades de melhoras tais como:

melhor estrutura nas escolas, formação de equipe administrativa nas escolas

não dependentes a mandatos de governos, reformulação curricular com

participação de toda comunidade escolar, por meio de amplas discussões e

valorização dos profissionais da educação com cotas para professores de

escolas públicas em pós-graduação a nível mestrado e doutorado.

2 DIAGNÓSTICO ATUAL DO ENSINO MÉDIO

Os desafios do Ensino Médio no contexto atual são inúmeros e o intuito

é obter uma sociedade igualitária e universalizar o Ensino Médio.

Universalizar é torná-lo comum a todos, para que tenham oportunidade

ao ensino independente da idade. Estatísticas do IBGE (2013) apontam que

aproximadamente um milhão de jovens de 15 a 17 anos encontrar-se

totalmente fora da escola.

Assim o desafio atual é aumentar o número de matrículas na rede

estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos

Page 3: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades e mostrar a

importância dos estudos para sucesso no mundo do trabalho.

Para estas questões no período de julho a agosto de 2014, os

professores do Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio - Turma

2 do Colégio Estadual do Paraná, realizaram um questionário diagnóstico para

conhecer seus alunos, no que se refere a aspectos sociais, culturais e

econômicos.

Em uma análise de 15 turmas do Ensino Médio do Colégio Estadual do

Paraná, foram contempladas 09 turmas de 1º ano, sendo uma de ensino

técnico integrado, 04 turmas de 2º ano e 02 turmas de 3º ano, em um total de

284 participantes da pesquisa.

Deste total percebe-se que o gênero e a idade (GRÁFICO 1) estão

distribuídos em:

GRÁFICO 1: Gênero e idade.

Dados coletados demonstram que deste total apenas 1% é de

nacionalidade estrangeira. Dorigo1 (2014) coloca que “os dados demonstraram

que 83% dos alunos utilizam transporte público para irem à escola (...)”, mesmo

que apenas 13% dessas famílias não possuírem veículos automotivos,

conforme Gráfico 2 a seguir:

1 Professora de Biologia Silvana Dorigo - Aluna bolsista PNEM – Turma 2

42%

58%

Gênero

ro

Idade

01%

12 %

%

87%

Page 4: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

GRÁFICO 2: Números de veículos.

Com relação à localização do domicílio percebe-se que 43% dos alunos

moram na periferia da Região Metropolitana, 35% nos bairros da região central,

17% em condomínio fechado e apenas 3% na região rural (chácara/ sítio).

No questionário averiguou-se que 79% dos alunos apenas estudam e

21% trabalham e estudam. Segundo Husak2 (2014) dos alunos de 2ºano, 11

trabalham, sendo que 9 pertencem ao programa menor aprendiz. Deste

contingente de alunos que trabalham 13% ajudam parcialmente no sustento

família, 3% é responsável por suas próprias despesas e 1% é o principal

responsável pelo sustento familiar.

O Gráfico 3, representa a renda familiar mensal, onde observou-se que

1% vive com menos de um salário mínimo, 13% dois salários mínimos, 42% de

dois a cinco salários mínimos, 33% de cinco a dez salários mínimos, 8% de dez

a quinze salários mínimos e 3% com mais de quinze salários mínimos mensais.

GRÁFICO 3: Renda familiar.

2 Professora de Biologia – Wanda Sofia Hysak - Aluna bolsista PNEM – Turma 2

47%

%

29%

%

11%

%

13%

%

Page 5: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

Conforme afirma Pszybylski3 (2014) “referente a condição

socioeconômica de suas famílias os dados revelam que a composição familiar

é composta por quatro pessoas em sua maioria, sendo a renda mensal de dois

a cinco salários”.

Percebe-se que no contexto familiar no que refere à saúde a maioria

contem plano de saúde, conforme Gráfico 4 abaixo:

GRÁFICO 4: Plano de saúde.

Percebe-se, portanto, que a maior parte dos estudantes dessa turma pertence a famílias de classe média, que possuem certas condições de aquisição de bens, de promoção de estudo e informação, demonstrando, inclusive, consciência da importância do convívio com as diferenças na sociedade, e lançando um olhar otimista sobre essa questão. (ACCO

4, 2014).

Com relação a dedicação aos estudos em casa levantou-se que 36%

estudam em casa menos de uma hora por dia, 29% estudam apenas 1 hora

por dia, 11% duas horas, 7% três horas e 16% não estudam em casa.

Já o acesso a livros o Gráfico 5 expressa que 45% faz leitura diária, 26%

quase que diariamente, 22% raramente e 7% nunca.

GRÁFICO 5: Dedicação a leitura de livros.

3 Professor de Física – Rafael Felipe Pszybylski - Aluno bolsista PNEM – Turma 2

4 Professora de Português – Tania Acco.- Aluna bolsista PNEM – Turma 2

71%

%

29%

%

Page 6: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

Acco (2014) realça:

Diante da realidade pesquisada, não posso deixar de perceber que a média de livros lidos anualmente é baixa para a realidade econômica e social de seus integrantes, e que as horas de dedicação ao estudo em casa são ínfimas (...), o que fica incoerente com a necessidade do empenho máximo, em termos de leitura e estudo, para o ingresso e permanência, a nível satisfatório, em curso superior.

O acesso aos meios de comunicação e informação dos alunos são

grandes, acesso diário ao facebook dá um percentual de 73%, já ao whatsApp

acesso diário de 68%. Dorigo (2014) coloca que “no contexto geral segundo o

que declaram são alunos de classe média, com fácil acesso a todo tipo de

informação e tecnologia, porém não se preocupam em ler ou estudar fora da

escola”.

Os acessos à internet tem um número significativo no que se trata a

diversão e contatos com amigos em site de relacionamento (facebook).

Gianotto5 (2014) ressalta que “a internet ainda não é usada por parte dos

estudantes de forma a contribuir para a elevação acadêmica, ela é mais usada

como forma de comunicação e entretenimento”.

Com relação a atividades físicas e acesso aos meios culturais, Skrobot6

(2014) aponta que “a maioria pratica esportes semanalmente e visitas ao

shopping também é – para a maioria – de uma vez por semana, já ao cinema,

a frequência é de uma vez por mês, enquanto que para teatros e museus,

acontece raramente ou nunca. Mesmo para parques, onde a entrada é gratuita,

os alunos demonstraram pouco interesse”.

O acesso aos meios culturais são 60%, em cinema (01 vez ao mês) e

desta porcentagem 40% visitam museus via escola.

Com relação a política 60% não se interessam e 40% acham

importante. Realça Pregolini7 (2014) “pouca dedicação aos estudos em casa

(menos que 1 hora por dia) e muito pouco interesse na política!”.

Por fim percebeu-se através da aplicação deste questionário que os

alunos estão interessados em estudar e seguir uma carreira profissional com

5 Professora de História Rosa do Carmo Lourenço Gianotto – Aluna bolsista PNEM – Turma 2.

6 Professora de Português – Rosangela Skrobot - Aluna bolsista PNEM – Turma 2

7 Professor de Física Oswaldo Pregolini - Aluno bolsista PNEM – Turma 2.

Page 7: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

aprimoramento. Interesse exposto, por exemplo, pela procura á cursos de

línguas externos ao ambiente de educação regular. (PSZYBYLSKI, 2014).

3 RUMO AO ENSINO MÉDIO DE QUALIDADE SOCIAL: DCNEM, O DIREITO

À EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL

O Ensino Médio é um direito social de cada pessoa, e dever do Estado

na sua oferta pública e gratuita a todos” (Art. 3º) e que “[...] em todas as suas

formas de oferta e organização, baseia-se [...] (Art. 5º)” na “Formação integral

do estudante” (DCNEM Art. 5º, Inciso I).

A direção para o fortalecimento do Ensino Médio é garantir direito

igualitário a todos de qualidade. Conforme coloca Dourado & Oliveira (2009),

(…) é fundamental estabelecer a definição de dimensões, fatores e condições de qualidade a serem considerados como referência analítica e política no tocante à melhoria do processo educativo, e também, à consolidação de mecanismos de controle social da produção, à implantação e monitoramento de políticas educacionais e de seus resultados, visando produzir uma escola de qualidade socialmente referenciada.

Contudo, a função dos sistemas organizacionais é dar condições de

oferta ao ensino, como realça Dourado & Oliveira (2009),

Garantia de instalações adequadas aos padrões de qualidade, definidos pelo sistema de educação (…) ambiente escolar adequado à realização de atividades de ensino, lazer e recreação, práticas desportivas e culturais, reuniões com a comunidade, equipamentos em quantidade, qualidade e condições de uso adequadas as atividades escolares, biblioteca com espaço físico apropriado, com possibilidades de pesquisa online, laboratórios de ensino e informática apropriados, serviços de apoio e orientação aos estudantes, condições de acessibilidade a portadores com deficiência e segurança para todos dentro da escola.

A qualidade da educação está relacionada a diversos aspectos:

Estrutural; Políticas Educacionais, visando prioridade de recursos para

educação; Plano de Gestão e Organização Escolar; Formação continuada a

professores e valorização (incentivos e benefícios ao trabalho docente); Aluno,

acesso, permanência e desempenho escolar significativo.

A formação integral do ser humano condiz com o desenvolvimento de

suas potencialidades, formação científica, tecnológica e humanística com vistas

Page 8: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

à emancipação, bem como, trabalhar com os princípios da dignidade humana,

como:

Experiência cotidiana da dignidade leva a sabedoria;

Humanismo – afirmação de valores;

Aperfeiçoamento moral;

Emancipação humana;

Responsabilidade solidária;

Amor à vida;

Como realça Nietzsche “aquilo que se faz por amor está sempre além do

bem e do mal”.

O processo singular e social é a aprendizagem, onde o caminho é a

incorporação ao currículo de conhecimentos que contribuam para a

compreensão do trabalho como princípio educativo; reflexão do mundo do

trabalho – Dos saberes construídos a partir do trabalho e relações sociais;

reflexão do trabalho como princípio educativo – Busca de unidade entre teoria

e prática.

3.1 REFLEXÃO-AÇÃO: Nas DCNEM o Ensino Médio baseia-se na formação

integral do estudante, tendo dentre outros aspectos, o trabalho como princípio

educativo, a pesquisa como fundamento pedagógico e a integração entre

educação e trabalho. Coloque abaixo os principais princípios e fundamentos

que constituem a proposta de formação humana integral, destacando aspectos

potencializadores e as eventuais dificuldades a serem superadas.

Cabe à escola, a partir do repertório de leituras preferido dos estudantes, levá-los a outras

leituras necessárias para sua formação integral, uma vez que é perceptível que os alunos,

hoje, leem bastante, todavia, o material lido, embora tenha sua relevância específica, não

contempla todos os conteúdos essenciais para uma melhor formação.

Acreditamos, também, que, a partir da melhoria das políticas públicas relacionadas à qualidade

de ensino, teremos um melhor aproveitamento do tempo de estudo efetivo.

Professores: Sergio Luiz Alves da Silva e Tania Maria Acco

Pensar em formação integral é buscar um projeto de escola que deve trabalhar conjuntamente

com outros setores da Sociedade Civil organizada, uma vez que a própria escola se encontra

inserida nesses espaços, e não isolada deles. As modificações devem ser de maneira

Page 9: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

conjunta, desde a questão da emancipação humana, que depende de melhoria intelectual, com

a discussão de valores que possibilitem a formação democrática e cidadã.

Além de possibilitar o acesso a conhecimentos de superação de senso comum visando à

compreensão integral do conhecimento, que ele seja emancipatório e não limitador e

condicionante à adequação de uma realidade e não a questionar e propor novas emancipações

de participação coletiva , que a garantia da preservação da vida seja o fundamental em

contraposição ao material.

Professores: Rosa Gianotto, Rubens da Silva Tavares e Orlando de Macedo Junior

Aspectos que podem contribuir para a potencialização de uma formação humana integral :

# Importância do incentivo e participação da família no processo de formação escolar do

estudante;

# Importância de políticas públicas que realmente estejam voltadas para o estabelecimento de

uma educação de qualidade, políticas essas bem planejadas e implementadas, não apenas

políticas de governo e sim, políticas de Estado, que assegurem de fato, a permanência do

estudante na escola;

# Ampliação do tempo de permanência do estudante na escola, com todo o suporte necessário

para que o processo ensino-aprendizagem seja efetivado com qualidade;

# Melhores condições de trabalho aos profissionais da educação;

# Fortalecimento da educação nas séries iniciais.

Professores: Wanda Sofia Husak, Silvana Dorigo e Valtemir Barnabé

A formação humana integral começa com um planejamento sólido que não se perca ao longo

de gestões políticas partidárias. Flexibilizar o currículo de acordo com a realidade de cada

comunidade, ofertando um conhecimento mais próximo as suas diferentes realidades, assim o

aluno passa a ser um agente de transformações social e cultural. para isso devemos

constantemente capacitar os profissionais da educação para a realidade da escola.

Entendemos que a educação integral é fundamental para a formação completa dos alunos,

onde este precisa ter mais contato com a ciência, cultura e esportes. Uma das dificuldades

encontrar é a falta de politicas publicas para manter os alunos que passam por fragilidade

econômica, ofertando “bolsa permanências” que estimulem a participação em atividades,

culturais, cientificas e esportivas.

Professores: Tiago José Wojtecki, Rafael Felipe e Oswaldo Pregolini

Acreditamos que o tempo escolar apresenta-se como um desafio pois não basta apenas

expandir o tempo, mas sim a qualidade da oferta do Ensino Médio, para uma formação do

aluno na sua totalidade. Percebemos uma fragilidade na leitura de mundo dos alunos que,

mesmo tendo acesso a diversos recursos educativos, não percebem significado nas atividades

escolares e motivação para fazê-las.

Professoras: Carolina Pinto Rodrigo e Rosangela Skrobot

Page 10: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

O ambiente escolar deve ser o espaço onde a partir de práticas coerentes com a realidade dos

seus alunos, seja oportunizado momentos e situações favoráveis ao desenvolvimento do hábito

de leitura, a começar por repertórios que contemplem o que é assunto de interesse dos alunos,

e uma vez que esse público de alunos são conquistados como leitores, num segundo momento

deve-se desenvolver projetos para levá-los a acessar conteúdos mais direcionadas e capazes

de dar a estes subsídios para uma formação integral. E uma vez a escola estando

comprometida com esta formação integral, deverá ampliar seus horizontes, visando a

construção de parcerias com todos os setores da sociedade, onde a escola possa conectada

com o mundo se tornar um universo de possibilidades para o aprendizado e se torne uma porta

para o mundo.

Penso que seja urgente no Brasil, desvincular a Educação como projeto de governo e torná-la

um projeto de Estado, onde as políticas públicas comprometidas com a melhoria da qualidade,

sejam sempre aprimoradas e tenham continuidade, neste sentido a Educação Integral por

exemplo que se apresenta como solução para garantir a permanência e a melhoria na

qualidade de ensino não tem o atendimento que deveria e por vezes tem sido usado como

discurso de campanha e na prática a coisa não acontece como deveria, pois uma vez que as

estruturas já fragilizadas demandam grandes investimentos e é nesse momento que vemos de

fato que a educação como prioridade no Brasil não vai mesmo além de discurso de campanha

e algumas iniciativas tímidas acabam morrendo na praia quando vem a mudança de

governante.

Professor: Valtemir Barnabé

4 DESAFIOS ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO

O grande desafio trata-se de políticas públicas redistributivas e

emancipatórias, desafios estes:

Geradora de igualdade;

Escola unitária de currículo integrado;

Trabalho como princípio educativo;

Dialética entre sociedade/ trabalho, cultura, ciência e tecnologia;

Resgatar o estudante que está fora da escola;

Permanência do estudante nos estudos;

Conclusão do ensino médio com qualidade;

Escola inclusiva de caráter referencial.

Page 11: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

Com base no Projeto de Lei nº 8.035/20108, o atendimento às metas

do Plano Nacional de Educação que se relacionam à população com idade

entre 15 e 17 anos:

Meta 3 – Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a

população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de

matrículas no ensino médio para 85%.

Meta 4 – Universalizar, para a população de 4 a 17 o atendimento

escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de

ensino;

Meta 10 – Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de EJA na forma

integrada à educação profissional.

À instituição escolar cabe definir, a partir do Projeto Político Pedagógico

(PPP), os objetivos e estratégias para alcançar e avaliar a aprendizagem dos

estudantes, por meio de um trabalho coletivo democrático, onde as

perspectivas educacionais necessitam estar expressas no PPP.

4.1 REFLEXÃO AÇÃO – COMO CHEGAR À UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO

MÉDIO ?

A nosso ver, a inclusão desses adolescentes só será possível por meio de uma ação conjunta

entre a escola e órgãos governamentais, nas esferas federal, esdadual e municipal, os quais

devem estar em perfeita sintonia quanto às ações a serem desenvolvidas, visando o alcance

do objetivo de inclusão e permanência desses jovens na escola

Professores: Sergio Luiz Alves da Silva e Tania Maria Acco

Existem muitos entraves no que diz respeito à implementação efetiva dos projetos relativos à

educação como um todo, principalmente burocracia do sistema político/financeiro.

A universalização do Ensino Médio esbarra também em questões de condições

socioeconômicas, culturais, etc., onde o acesso à Educação não é a realidade de muitos,

desde a Educação Básica.

Um currículo mais próximo da realidade e dos interesses dos jovens estudantes.

Professores: Wanda Sofia Husak, Silvana Dorigo e Valtemir Barnabé

8 Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=12768

Page 12: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

A universalização do ensino médio será verdadeiramente pensado e executado a partir da

presença constante e em conjunto do educando, educador, pais, mídias e sociedade política.

Através dessa interação aprimorar a verdadeira função do ensino médio a vida dos estudantes,

fazendo com que esses percebam a importância da instituição escolar para o seu

desenvolvimento intelectual, social e cultural, a fim de integra-lo a sociedade como um cidadão

consciente e participativo . É importante que esse planejamento seja integralmente executado

e não interrompido por mudanças governamentais e sim aprimorado.

Professores: Tiago José Wojtecki, Rafael Felipe e Oswaldo Pregolini

O primeiro fator é implantar políticas claras em relação à juventude, e seus problemas de

ordem econômica, existencial, educacional, e sua relação com aspectos de formação ética, e

de desenvolvimento emocional para se relacionar com o mundo complexo e diversificado.

Devem-se levar em consideração vários fatores, desde a criminalização da juventude, até a

rediscussão da penalização das drogas, até a sua inserção no mundo do trabalho. Nestas

constatações, percebe-se a pouca importância da formação cultural e também de políticas

claras de incentivo e acesso a bens culturais. Outro fator importante é a necessidade de uma

maior oferta de espaços públicos que ofereçam atividades que ajudem a compreender a

importância da educação para a sua vida. Compreender também a precoce gravidez que

atinge uma parcela considerável da juventude e que as estatísticas acabam mostrando que a

jovem grávida a primeira opção é o abandono da escola e consequentemente não concluindo

em tempo escolar a sua formação.

Garantir também que os jovens tenham acesso prioritariamente à escola e que essa seja o

ponto inicial e final de sua formação, onde se valoriza a formação intelectual. Garantir que o

tempo de permanência seja estendido.

A revisão dos métodos educacionais quanto à atualização curricular, com metodologias

adequadas ao momento atual incentivando sempre a modernização e as culturas juvenis que

sejam refletidas nas construções dos PPP. Que a escola seja significante na sua vida diante de

novos espaços escolares que garantam a sua plena formação. Aperfeiçoar a participação

democrática para que os estudantes do ensino médio tenham voz e entendimento de direitos e

deveres. Ainda investir na melhor formação de docentes, inicial e continuada.

Professores: Rosa Gianotto, Rubens da Silva Tavares e Orlando de Macedo Junior

Para que ocorra a universalização do Ensino Médio são necessárias diversas frentes de ação.

Inicialmente, o fortalecimento das séries iniciais para uma maior compreensão do contexto de

mundo. Os alunos chegam ao Ensino Médio sem compreensão do contexto em que estão sem

vivência e experiências da cultura de sua sociedade. Ainda que os docentes abordem questões

cotidianas, o aluno aparenta, muitas vezes, estar desconecto dessa realidade.

Professoras: Carolina Pinto Rodrigo e Rosangela Skrobot

Page 13: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

5 CONSIDERAÇÕES – Considerações/ Percepções dos Encontros do

Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio, Referente ao

Caderno I, bem como, suas Perspectivas Referente à esta Formação.

Os encontros têm sido bastante proveitosos, pois raramente temos

tempo para nos reunirmos para discutir os problemas que afetam o nosso

cotidiano escolar, e as reuniões do Pacto Nacional para o Ensino Médio têm

propiciado discussões importantíssimas que vêm ancoradas em leituras e

vídeos repletos de informações e sugestões. Creio que cresceremos muito

pessoal e profissionalmente ao longo do curso. (SKROBOT, 2014)9.

Esta formação tem sido de grande relevância para aprofundarmos

nossas reflexões sobre o Ensino Médio. Os cadernos têm trazidos dados

estatísticos que nos coloca diante de uma realidade dura com problemáticas

que extrapolam o âmbito escolar ou pedagógico. Dentre esses grandes

desafios está em universalizar o Ensino Médio, grande parte dos jovens ainda

não concluem o Ensino Médio e isto se torna um grande entrave para uma

nação que deseja superar as desigualdades sociais. Além dessas questões

estruturais e conjunturais temos também problemas de ordem pedagógica,

como: currículos desinteressantes para muitos jovens, metodologias e sistemas

de avaliações engessantes, indisciplina, desmotivação, precariedade nas

condições de trabalho do professor, dentre outros. (GIANOTTO, 2014)10.

Desta forma os cadernos e temáticas estão sendo de grande

importância para pensarmos nossa realidade escolar, bem como as atividades

propostas. (GIANOTTO, 2014).

A proposta do Pacto para o Fortalecimento do Ensino Médio realmente

está “mexendo” com a escola, os encontros são envolventes, uma turma muito

interessada e comprometida, ansiosa em discutir, refletir e repensar sobre a

9 Professora Rosangela Skrobor – Bolsista PNEM – Colégio Estadual do Paraná (Turma 2) – Relato

disponível no blog: www.estudodocente.wordpress.com – link: http://estudodocente.wordpress.com/2014/07/20/1o-encontro-pacto-nacional-de-fortalecimento-do-ensino-medio/ 10

Professora Rosa Gianotto – Bolsista PNEM – Colégio Estadual do Paraná (Turma 2) – Relato disponível no blog: www.estudodocente.wordpress.com – link: http://estudodocente.wordpress.com/2014/07/20/1o-encontro-pacto-nacional-de-fortalecimento-do-ensino-medio/

Page 14: ENSINO MÉDIO E FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL · estadual de ensino, estabilizar as taxas de abandono escolar, manter os alunos na escola, resgatar os alunos, dar atenção a suas dificuldades

realidade, as ações docentes e ao aluno inserido no Ensino Médio. (ROSA,

2014)11.

Orientar estas temáticas realmente trata-se de um grande desafio,

porém sinto-me realizada, pois saio de cada encontro “mais e mais”

entusiasmada. O envolvimento dos professores me motiva, as horas são

poucas para as discussões que acabamos em nos alongar sempre de 15 a 20

minutos. São comprometidos e enriquecem os trabalhos a cada encontro.

(ROSA, 2014).

Na escola são propagadores do sucesso do PNEM e muitos estão

interessados em participar sabendo da importância e encaminhamento das

discussões e encontros. (ROSA, 2014).

6 REFERÊNCIAS

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução n. 2, de 30 de janeiro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: CNE, 2012.

______. Conselho Nacional de Educação. Projeto Lei nº 8.035/2010. Define Metas do Plano Nacional de Educação. Brasília: CNE, 2010.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 5692/71. Fixa Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, 1971.

______. Cadernos de Estudos Programa Pacto Nacional para o Fortalecimento do Ensino Médio. Formação de Professores do Ensino Médio. Brasília: FNDE, 2013. Etapa I Caderno I.

DOURADO, L. F; OLIVEIRA, J. F. A qualidade da educação: Perspectivas e desafios. Cadernos CEDES (Impresso), v. 29, p. 201-215, 2009.

ROSA, Érika Gomes da. Estudo Docente. Disponível em: www.estudodocente.wordpress.com.

11

Érika Gomes da Rosa – Orientadora de Estudos PNEM – Colégio Estadual do Paraná (Turma 2) – Relato disponível no blog: www.estudodocente.wordpress.com – link: http://estudodocente.wordpress.com/2014/07/20/1o-encontro-pacto-nacional-de-fortalecimento-do-ensino-medio/