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fevereiro/2011 | edição 101 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br ENTENDA O QUE ACONTECEU COM O CRISTIANISMO A ALMA DORME... SONHA... AGITA-SE... DESPERTA... ONDE? O EGITO DOS FARAÓS E A REENCARNAÇÃO A Revista que se Responsabiliza Doutrinariamente pelos Textos Publicados.

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fevereiro/2011 | edição 101 | ano IX | www.nossolarcampinas.org.br

ENTENDA O QUE ACONTECEU COM

O CRISTIANISMO

A ALMA DORME...

SONhA... AGITA-SE... DESPERTA... ONDE?

O EGITO DOS FARAÓS E A REENCARNAÇÃO

A Revista que se Responsabiliza Doutrinariamente

pelos Textos Publicados.

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FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP

sumárioexpediente

Editor Emanuel Cristiano

Jornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765)

Design Gráfico Julio Giacomelli

Revisão Zilda Nascimento

Administração e Comércio Elizabeth Cristina S. Silva

Apoio Cultural Braga Produtos Adesivos

Impressão Citygráfica

FALE [email protected] (19) 3233-5596

ASSINATURASAssinatura anual: R$50,00(Exterior: US$55,00)

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Dr. Luís Silvério, 120 – Vila Marieta

13042-010 Campinas/SP

CNPJ: 01.990.042/0001-80

Inscr. Estadual: 244.933.991.112

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O Centro de Estudos Espíritas “Nosso

Lar” responsabiliza-se doutrinariamente

pelos artigos publicados nesta revista.

chico xavier

O Outro André Luíz

religião

O Credo, a Religião do Espiritismo

conflitos

Bichinhos

história

Entenda o que Aconteceu com o Cristianismo

diálogo

Educação Espírita

capa

A Alma dorme... sonha... agita-se... desperta... onde?...

psicanálise

A Caixa Preta

estudo

Umbanda não é Espiritismo

reflexão

Engano de Espíritas

comportamento

Melhor é Repelir os Modismos

reencarnação

O Egito dos Faraós e a Reencarnação

com todas as letras

Existem Dúvidas, Faltam Motivos

mensagem

Adiante de Vós

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FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011

Ouves expressivos comunicados do Plano Espiritual quanto ao trabalho que te espera no mundo.

Comumente, depois disso, dei-xas que o próprio pensamento divague ao longe, pesquisando notícias dos males enormes que assolam a Terra.

Sabes que as grandes necessi-dades reclamam as grandes in-tervenções, e refletes, para logo, nas missões gigantescas, como sejam a extinção da guerra, su-pressão dos preconceitos raciais que prejudicam povos inteiros, a cura de doenças que vergastam a Humanidade ou a decifração dos enigmas da ciência.

Em verdade, tudo isso de-manda a presença de missionários especializados; entretanto, urge atendas aos Desígnios Divinos, na execução dos serviços menos importantes que se amontoam, junto de ti.

Talvez não haja, até agora, qualquer chamamento que te

editorial

peça atuar nos conflitos armados, em outras terras, mas o Senhor te solicita apaziguar os corações que te rodeiam para que a serenidade e a paz te presidam o campo do-méstico; é possível que ninguém te aguarde, por enquanto, qual-quer contribuição no banimento definitivo das moléstias conside-radas insanáveis, no entanto, o Senhor te roga socorro, em favor dos irmãos doentes que choram e sofrem na área de tua influência pessoal e direta: Provavelmente, não tens ainda a palavra con-vidada para traçar diretrizes, à frente das multidões; todavia, o Senhor conta com o teu verbo compreensivo e brando, nos cír-culos de tua convivência, garan-tindo tranquilidade e elevação naqueles que te partilham a vida. Não se sabe se trazes alguma in-cumbência do Alto para respon-der aos desafios da Natureza com essa ou aquela descoberta de valor fundamental para a

PERTO DE TI POR EMMANUEL/CHICO XAVIER

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Alma e Coração. Págs.95 – 96.

Editora Pensamento. 1972.

Humanidade, porém é certo que o Senhor te espera a colaboração para que se resolvam pequeninos problemas, no quadro das prova-ções de quantas renteiam contigo na trilha cotidiana.

Todo serviço no bem dos ou-tros tem grande importância pe-rante o Divino Mestre.

Justo, assim, te interesses por todos os assuntos graves do Planêta e forçoso faças quanto possas, a benefício dos com-panheiros do mundo que se vejam a longa distância da estrada em que transitas, mas é imperioso entendas que o Senhor te aguarda a coope-ração decidida, em todas as tarefas de amor, compreensão, tolerância, apoio fraterno e ser-viço incessante, em auxilio de todos aquêles que se encontrem perto de ti. v

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15-12-1949

(...) Sei que te encontras assoberbado por questões mil, cada hora. Isso esmaga a cabeça e fere o coração. Não te preocupes, pois, por mim. (...) Eu também vou indo por aqui, como alguém que estivesse carregando um vulcão no crânio. (...) O livro a que te referes, recebido em Juiz de Fora, não foi prefaciado por meu intermédio. Já vi um exemplar desse trabalho e tendo perguntado a André Luiz sobre o assunto, ele apenas me disse que conhece várias entidades com o mesmo nome usado por ele. Como vês, acredito que há elementos perturbadores no caso, de vez que me atribuem, embora só verbalmente, participação direta no prefácio, quando não conheço nem mesmo a médium que recebeu o trabalho, nem o Grupo em que foi recebido. A propósito do assunto, já me endereçaram várias “pauladas” da Bahia, porque alguns companheiros de lá, vendo o nome de André Luiz, julgaram que eu teria de ser compulsoriamente o médium das páginas referidas. E como não temos tempo de parar a fim de contar histórias e alinhavar palestras, somos obrigados a deixar o problema por

conta do Cristo. (...) Lamento a situação física do nosso confrade Djalma de Farias, de Pernambuco.A ele, minha visita fraterna por intermédio de tua generosidade. Gratíssimo pelas notícias dos livros em reedição. Comecei a revisão do “Parnaso” com a assistência dos nossos amigos espirituais para mandar-te em breve. (...) Considero o trabalho de Zêus sobre o perispírito de grande oportunidade. Vem ao encontro da expectativa de muitos companheiros nossos, que ainda não tiveram ensejo de maior penetração nessa esfera de estudos. (...)”

As lutas incessantes, as persegui-ções sem tréguas, os problemas e as aflições se repetem ou se renovam dia a dia. São os eternos compa-nheiros dos trabalhadores do Bem.

O discípulo fiel ao Cristo é sem-pre visado por aqueles que se sen-tem perturbados com a sua atua-ção. Eles, contudo, passam como que imunes ao sofrimento, desfi-lando as suas vitórias terrenas aos alhos de todos. Por não se preocu-parem, o fardo da vida ainda não lhes pesa. Dormem o sono dos en-ganos do qual um dia também

despertarão. Entretanto, os que tentam viver integralmente as li-ções do Evangelho terão sempre em seu íntimo a luta tenaz contra si mesmos, acrescida das investidas que vêm de fora para dentro.

As responsabilidades, e as preo-cupações de levá-las a bom termo, são sempre pesadas e sacrificiais.

Wantuil e Chico estão assoberba-dos de problemas e dificuldades.

O médium refere-se a um livro que teria sido recebido em Juiz de Fora e do qual não temos notícias. Todavia, é um pretexto a mais para que o persigam.

Interessante é o modo como as pessoas se precipitam em seus julgamentos, tirando conclusões errôneas e investindo contra Chico Xavier.

Mas, este trabalha e prossegue, não tendo tempo para ficar expli-cando tais absurdos.

Deixa que cada um aprenda a discernir por si mesmo.

Outras referências a confrades e à revisão do “Parnaso”. v

Fonte: SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de Chico Xavier.

Págs. 269 - 271. Feb. 1986.

O OUTRO ANdré Luiz

POR SUELy CALDAS SCHUBERT

chico xavier

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O CREDO, A rELigiãO dO EspiritismO

POR ALLAN KARDEC

Crer num Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imor-talidade; na preexistência da alma como única justificação do presente; na pluralidade das existências como meio de expia-ção, de reparação e de adianta-mento moral e intelectual. Na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos, na felicidade cres-cente com a perfeição; na equi- tativa remuneração do bem e do mal, conforme o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expia-ção limitada pela imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; na continuidade que liga o mundo visível ao invisível; na solidariedade que

religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitó-ria e uma das fases da vida do espírito, que é eterna; aceitar corajosamente as provações, em vista do futuro mais inve-jável que o presente; praticar a caridade em pensamentos, palavras e obras na mais larga acepção da palavra; esforçar- se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; sub-meter todas as crenças ao con-trole do livre exame e da razão e nada aceitar pela fé cega; res-peitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pa-reçam, e não violentar a consci-ência de ninguém; ver, enfim, nas descobertas da ciência a re-velação das leis da natureza, que são as leis de Deus:

Eis o “credo”, a religião do Espiritismo, religião que se pode conciliar com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.

Allan Kardec Em discurso na Sociedade

Parisiense de Estudos Espíritas, a 1º de novembro de 1868. v

Fonte: “Revista Espírita”, dezembro/1868.

religião

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conflitos

quando, furtavam-lhe pedaços vivos e peregrinos ingratos roubavam-lhe ramos preciosos para utilidades di-versas. Tempestades terríveis caíam sobre ela, anualmente, oprimindo-a e dilacerando-a, mas parecia refazer- se, sempre mais bela. Coriscos alcançaram-na em muitas ocasiões, mas a árvore robusta ressurgia, su-blime. Ventanias furiosas, periodi-camente, inclinavam-lhe a copa, decepando-lhe galhos vigorosos; a canícula demorada impunha-lhe pavorosa sede e a enxurrada cos-tumava rodeá-la de pesados detri-tos… O tronco, porém, sempre adornado de milhares e milhares de folhas seivosas, parecia inabalá-vel e invencível.

Um dia, contudo, alguns bichi-nhos começaram a penetrá-la de modo imperceptível.

Ninguém lhes conferiria qual-quer significação.

Microscópicos, incolores, quase intangíveis, que mal poderiam tra-zer ao gigante do solo?

Viajores e servos do campo não lhes identificaram a presença.

Mas os bichinhos multiplica-ram-se, indefinidamente, invadi-ram as raízes e ganharam o coração da árvore vigorosa, devorando-o, pouco a pouco…

E o vegetal que superara as ameaças do céu e as tentações da Terra, em reduzido tempo, triste e emurchecido, transformava-se em lenho seco, destinado ao fogo.

Assim também, meu caro, são muitas das associações respeitáveis, quando não se acautelam contra os perigos, aparentemente sem impor-tância. São admiráveis na caridade e na resistência aos golpes do ex-terior. Suportam, com heroísmo e serenidade, estranhas provações e contundentes pedradas. Afrontam a calúnia e a maldade, a persegui-ção e o menosprezo público, dentro de inalterável paciência e indefinível força moral…

POR HUMBERTO DE CAMPOS/CHICO XAVIER

BIChINhOS

Declara-se você esgotado pelos con-flitos internos da instituição espírita de que se fez devotado servidor, e re-vela-se faminto de uma solução para os problemas que lhe atormentam a antiga casa de fé.

Lutas entre companheiros e hos-tilidades constantes minaram o altar do templo, onde, muitas vezes, você observou a manifestação da Providência Divina, através de ab-negados mensageiros da luz, e hoje, ao invés da fraternidade e da con-fiança, do entusiasmo e da alegria, imperam no santuário a discórdia e a dúvida, o desânimo e a tristeza.

Pede-nos você um esclarecimento, entretanto, a propósito do assunto, lembro-me de velha e valorosa árvore que conheci em minha primeira in-fância. Verde e forte, assemelhava-se a uma catedral na obra prodigiosa da Natureza. Cheia de ninhos, era o palácio predileto das aves canoras que, em suas frondes, trinavam feli-zes. Tropeiros exaustos encontravam à sua sombra, que protegia cristalina fonte, o reconforto e a paz, o repouso e o abrigo. Lenhadores, de quando em

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FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011 conflitos

- Se alguém quiser alcançar comigo a luz divina da ressurreição – disse o Senhor -, negue a si mesmo, tome a cruz dos próprios deveres, cada dia, e siga os meus passos.

Quando pudermos realizar essa caminhada, com esquecimento de nossas carunchosas suscetibilidades, estaremos fora do alcance dos sinistros micróbios da treva, imunizados e tran-qüilos em nosso próprio coração. v

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Cartas e Crônicas. Cap. 29. FEB.

Visitadas, entretanto, pelos vermes invisíveis da inveja ou do ciúme, da incompreensão ou da suspeita, depressa se perturbam e se desmantelam, incapazes de re-conhecer que os melindres pessoais são parasitos destruidores das me-lhores organizações do espírito.

Quando o “disse-me-disse” in-vade uma instituição, o demônio da intriga se incumbe de toldar a água viva do entendimento e da harmonia, aniquilando todas as sementes divinas do trabalho digno

e do aperfeiçoamento espiritual.Que fazer? – pergunta você, as-

sombrado.Dentro de minha nova condição,

apenas conheço um remédio: nossa adaptação individual e coletiva à prática real do Evangelho do Cristo.

Contra os corrosivos bichinhos do egoísmo degradante, usemos os antissépticos da Boa Nova.

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ENtENdA O QUE ACONTECEU COm O CristiANismO

POR RICARDO DI BERNARDI

história

Desde os primeiros relatos dos evangelistas

até os dias de hoje, a História do Cristianismo

apresenta uma série de fatos alta mente signifi cativos, cuja

compreensão permite o desenvolvi mento de análises doutrinárias

com base na realidade:

1) Até o ano 70 d.C., Jerusalém centralizava a liderança, passando posteriormente para Roma até o fi m do século I.

2) Do ano 270 até 370, foram criados os altares nas igrejas (antes não existiam), altares cada vez mais suntuosos e com recursos “extraídos” dos fi éis.

3) No ano de 400 d.C., foi instituído o sinal da cruz ao invés do peixe, alternado um símbolo por outro que expressava mais a arte física e o sofrimento material do que a essência espiritual dos ensinamentos.

4) Em 500 d.C., “criou-se” o purgatório.

5) Em 553 d.C., o Segundo Concílio de Constantinopla condenou as opiniões de Orígenes, reencarnacionista e grande teólogo cristão, bem como as idéias palingenéticas dos gnósticos. Esta atitude da Igreja levou a reações tais como a do cardeal Nicolau de Cusa que sustentou em pleno Vaticano, a pluralidade das vidas e dos mundos habitados, com a concordância do Papa Eugênio IV (1431-1447). Havia e houve sempre o interesse em sepultar esse conhecimento, então, ao invés de uma concepção simples e clara do destino passou a ser necessário a criação de dogmas que lançam obscuridade sobre os problemas da vida, revoltam a razão e afastam o homem lúcido de Deus.

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FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011 história

6) Valorização crescente do símbolo da Cruz. Símbolo do Sofrimento físico do Cristo. Substituindo-se o estudo da fi losofi a cristã.

7) Em 609 d.C., foi criado o culto à virgem Maria e a invocação dos “Santos”.

8) Em 610, o papado foi ofi cialmente estabelecido pelo imperador Focas, que outorgou a Bonifácio o título de Bispo Universal...

9) Em 782, estabeleceu-se o culto ou devoção às imagens, à cruz e às relíquias.

10) Em 998, criou-se a Festa de “Todos os Santos” e a de “Finados”.

11) Em 1054, os gregos insatisfeitos com algumas pos-turas criam a igreja Ortodoxa Grega.

12) Em 1074, estabelece-se o celibato cleriacal, um verdadeiro atentado à natureza humana gerando inúmeros sacrifícios, sofrimentos e desvios de religiosos sinceros.

13) Em 1200 inventa-se o rosário!

14) Em 1215 cria-se a confi ssão auricular, ao contrário dos tempos apostólicos que era pública (o que evitava a reincidência do “pecado”). Sem dúvida a maior vítima passou a ser a mulher piedosa e sensível. Submeteu-se a longos interrogatórios íntimos, diante de um homem solteiro, muitas vezes traumatizado por um celibato mal resolvido pelo seu psiquismo. Lançam-se de joelhos as mulheres, crentes de estarem na frente do representante de Deus, aos pés de um homem cheio das mesmas (ou maiores) fraquezas, na enganosa suposição de que o sacerdote é a representação da divindade... E daí...

15) Em 1264, institui-se a festa do “Sagrado Coração de Jesus” e também a do “Santíssimo Sacramento”.

16)  Aparece a oração da Ave-Maria (Santa Maria, mãe de Deus).

Fonte: Jornal Espírita da Federação Espírita de São Paulo. Pág. 10. Dezembro/2000.

17)  Em 1414, inicia-se a institucionalização da Hóstia, ou Eucaristia. Sob as aparências de pão e vinho há o “milagre”, sob alegação de estes ingredientes con-terem o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Jesus Cristo, fenômeno que se renova em todas as missas.

18) Em 1517, Martinho Lutero reage contra os desvios do Cristianismo original e cria o cisma protestante.

19) Em 1529 organiza-se a Igreja Luterana.

20) Em 1533, surge a Igreja Anglicana Episcopal, instituída por Henrique VIII.

21) Em 1536, com Calvino, surge a igreja Presbiteriana da França.

22) Em 1560, temos a Igreja Presbiteriana escocesa com as famosas pregações de John Knox.

23) Em 1606, na Holanda aparece a Igreja Batista de John Smith.

24) Em 1612 com Th omas Helwys surge também a Igreja Batista.

25) Em 1739 com John e Charles Wesley criam a Igreja Metodista na Inglaterra.

26) Em 1830 surge o dogma da Imaculada Conceição.

27) Em 1870, já com a autoridade bastante em descrédito, e tendo sofrido inúmeros cismas, a Igreja, não mais chamada de Cristã, mas de Católica Apostólica Romana, re solve decretar que o Papa era infalível, e assim, num último esforço, deter o poder absoluto e inquestionável de seus fi éis. O papa Pio IX promulgou o decreto da infalibilidade papal. O referido decreto assinala a decadência e a ausência de autoridade do Vaticano, em face da evolução científi ca, fi losófi ca e religiosa da humanidade.

Curiosamente, a Igreja que nunca atribuiu um título real à fi gura do Cristo (desnecessária), assim que viu desmoronar o trono do absolutismo com

vitórias da República e do direito em to dos os países desenvolvidos criou a imagem do Cristo-Rei para o ápice dos seus altares. v

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1.19 - Educação Espírita

pErguNtA: — Pergunta de um companheiro presente: Considerando que uma das metas da Sociedade Espírita é a educação, com vistas ao apri-moramento da criatura, como pode a Sociedade Espírita e o Movimento Espírita em geral desenvolver a tarefa de educação?

quatorze dias fechados, quando poderiam ficar quatorze dias em atividade útil e, no décimo quinto dia, em seu objetivo essencial. Aproveitarmos todo o espaço dis-ponível para crianças carentes, que estão em abundância em toda a parte, é tarefa nossa. Vinte e cinco milhões de crianças carentes no Brasil esperam por nós! Realizar a educação, no seu sentido genérico, porém à luz do Espiritismo, é tarefa urgente.

Pessoas afi rmam: “— Temos que ser muito tolerantes, não devendo fazer tudo à luz do Espiritismo”. Ao que, esclareço: — Mas isto já fazem os que não são espíritas.

Nós possuímos o melhor ali-mento e vamos doá-lo. Por que devemos dar aquele que está de-teriorado e não o que considera-mos melhor? Vamos educar, à luz do Espiritismo, porque é à luz do Espiritismo que nos libertamos da ignorância, que entendemos a vida. Sem a conotação da reencarnação, da comunicabilidade dos Espíritos, as coisas fi cam nebulosas. Temos, portanto, que colocar a questão es-pírita sem rebuços nem falsas posi-ções de tolerância.

diálogo

diVALdO: — Educar, já dizem os bons pedagogos, é criar hábitos sadios, pela instrução e pela vivên-cia. Não é novidade falarmos que a Casa Espírita é uma escola, por-que, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, o Espírito de Verdade é muito claro: “Espíritas! amai-vos, este é o primeiro ensinamento; ins-truí-vos, este o segundo”.

As palestras doutrinárias, os con-vívios evangélicos são aulas e classes de educação; os estudos, não siste-matizados(*) — para não os trans-formarmos em currículos iguais aos da escolaridade comum, a não ser em casos especiais — são igualmente relevantes como educação espírita. O que estamos fazendo aqui? De al-guma forma estamos em aula, ao fa-zermos estas abordagens educativas. O Centro Espírita, que tem as suas reuniões de esclarecimento, está no contexto das aulas educativas. Aproveitando-se as salas vazias durante o dia, podem-se criar pe-quenas escolas, onde estas sejam defi cientes, onde haja carência...

Conhecemos Instituições que têm muitas salas, ou que têm sa-lões para reuniões que ocorrem de quinze em quinze dias, ficando

diÁLOgO COm

POR DIVALDO FRANCO

DIVALDO

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FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011

tar, periodicamente, a Sociedade, aplicando as possibilidades do jovem, na manutenção da Casa que ele freqüenta.

Dessa forma, ele se integra; passa a amar a casa, porque ele não é apenas um freqüentador, mas um membro ativo, conhecendo a Doutrina e tornando-se, desde já, o continuador do trabalho assim que lho passarmos, ou mesmo antes. Ele irá aperfeiçoando o ser-viço que hoje estamos fazendo. Fá-lo-á aprimorado, porque tem nossa experiência e a vivência da atualidade. Será igualmente uma forma de ele promover a Casa Espírita. v

(**) Nota da Ed itora (2 ª ed ição): Atualmente, a USE recomenda que as ati-vidades de evangelização infantil sejam exercidas por professores, pais e por jovens espíritas. Nesta última década foram disse-minados os cursos básicos de Espiritismo, de educação mediúnica, etc. Tais programas constituem excelente oportunidade de inte-gração do jovem, geralmente interessado em estudos e debates.

diálogo

pErguNtA: — A seu ver, como deveria dar-se a per-feita integração do jovem com as atividades gerais do Centro Espírita? Como encarar a responsabilidade dos dirigentes em face deste entrosamento?

diVALdO: — A melhor forma de integração do jovem, na Casa Espírita, é através do trabalho. Uma das formas melhores para tanto é a evangelização infantil (**), porque, invariavelmente, o jovem está estudando, está fa-zendo seus currículos habituais e, como é natural, está dentro das técnicas, tendo uma visão ampla. Com a diretriz da Doutrina Espírita, que ele adquire na juven-tude, pode tornar-se um ótimo preparador da infância para as atividades espíritas.

Através do trabalho, no setor da vivência da caridade, concla-mando-o para visitar os necessi-tados; para levar o atendimento fraternal; para o exercício do passe socorrista; para recepcio-nar as pessoas na Casa Espírita; para cuidar da Entidade. Temos a preocupação de arranjar empre-gados, zeladores, e por que não solicitar a colaboração dos jovens que vivem na Casa? Somos os que a usam, portanto devemos zelar por ela em todos os seto-res. Como faziam os cristãos primitivos, devemos edif icar, conservar a nossa casa, nos dias de sábado e domingo, quando possível, fazendo serão, porque o jovem, que tem muita energia para queimar, gastará essa energia positivamente. Poderemos pin-

Fonte: FRANCO, Divaldo P. Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores

Espíritas. USE. 2001.

(*) Nota da Editora (2ª edição): Com os cui-dados referidos, atualmente há várias op-ções de cursos sistematizados inclusive da “Campanha de Estudo Sistematizado da FEB”.

1.20 - Integração do Jovem no Centro Espírita

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FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011

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POR FRANCISCO ARANDA GABILAN

A ALMA DORME... SONHA... AGITA-SE... DESPERTA... ONDE?...

Eu já tinha dúvidas e me chamava a atenção o fato, mas o culto amigo e di l igente companheiro de Doutrina (ora na presidência da FEESP), escritor de primeira, Durval Ciamponi levantou a lebre, por duas vezes, no mínimo e que eu saiba: “... a citação geralmente atribuída a ele (Denis) de que ‘a alma dorme na pedra, sonha no ve-getal, agita-se no animal e acorda no homem’. Não conseguimos lo-calizar onde Léon Denis escreveu essa frase, para uma análise mais

profunda.” (cap. 8, pg. 74, do seu livro “A Evolução do Princípio Inteligente”); e outra vez, lançando de novo a dúvida de que “em lugar nenhum de sua obra Allan Kardec afirmou que o princípio inteligente estagia no mineral, nem o próprio Léon Denis, conquanto se diga que é dele a frase de que a alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem” (pg. 7 do Jornal Espírita de Agosto de 1999, seu artigo sob o título “O Espírito tem fim?”).

Aqui não vai me interessar a questão de fundo (quando o princípio inteligente se individualizou), que conti-nua amplamente debatida no seio doutrinário pelos mais doutos, cada um cheio de razões as mais respeitá-veis. O que me move, aqui e agora, é a minha dúvida, também esposada pelo Durval: a frase é ou não do Denis? De quem seria, se não for dele?

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Em cima disso, é que vou espe-cular... pesquisando.

Lembrei-me de ter visto a cita-ção em Herculano Pires: fui direto no excelente livro “Mediunidade (Vida e Comunicação)” e lá, no cap. XI, pg. 93 da 4ª edição, en-contrei o autor ensinando que “A Ontogênese Espírita, ou seja, a teoria doutrinária da criação dos Seres (do grego: onto é Ser; logia é estudo, ciência) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino homi-nal. Essa teoria da evolução é mais audaciosa que a de Darwin. Léon Denis a definiu numa se-qüência poética e naturalista: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem”. Mas, lastima-velmente não cita a fonte, nem in-dica onde Denis teria dado a lume a definição, apesar dos qualificati-vos atribuídos à seqüência: poética e naturalista.

O mesmo Herculano volta a tratar do assunto no livro “Agonia das Religiões”, cap. XIII, pg. 109 da 2ª edição, aduzindo à seqüên-cia natural de que já falara (“o poder estruturador no reino mine-ral, a sensibilidade no vegetal, mo-tilidade no animal, o pensamento produtivo no homem”), mas se-quer cita Léon Denis.

L embra ndo-me dos ba n-cos das escolas de Aprendizes do Evangelho, lá vão mais de vinte anos, socorri-me da memória e

fui até o Com. Edgard Armond, onde tinha certeza de que ele ci-tava a frase também e, por certo, daria a fonte exata. Lá estava a ci-tação no volume VI da série antiga “Iniciação Espírita”, aula 68, pg. 5: “O Espírito, como já foi inspi-radamente dito, ‘dorme no mine-ral, sonha na planta, desperta no animal e vive no homem’.” Mas... mas, quem inspiradamente o disse? Onde o fez? Nada... frustração!

Escarafuncha aqui e ali, depa-rei com a última frase de Antônio F. Rodrigues, no seu livro “Como Vivem os Espíritos”, esbarrando no assunto, assim: “E esta revelação é aceita por todos os espíritas de escol, inclusive o mestre Léon Denis, quando em magistral sín-tese exclamou: ‘A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem’ ”. Mas... mas, e a fonte? Não cita, mas

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parece que o autor tem absoluta certeza da citação, pois que chama de magistral o poder de síntese do pioneiro loreno do Espiritismo; mas, parece ter certeza mesmo é que os espíritas (incluindo os de escol) literalmente aceitam a reve-lação sem perquirições.

Restava ir para o próprio Denis. Como eu nada conseguisse de concreto na vasta obra dele, falei com todo mundo - colegas, alu-nos, dirigentes, expositores, etc. - mas foi a também diligente expo-sitora Joana T. Uemura (instada pelo proficiente Samuel Angarita, de quem me vali também), quem deu o caminho mais fácil da pes-quisa: Léon Denis fala do tema no livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, de maneira formal pouca coisa diferente das citadas pelos autores: “... talvez que espírito e matéria não sejam mais do que simples palavras, exprimindo de maneira imper-feita as duas formas da vida eterna, a qual dormita na ma-téria bruta, acorda na matéria orgânica, adquire atividade, se expande e se eleva no espírito.” (Primeira Parte, item III, pg. 63 da 21ª edição da FEB). E repete o tema (Primeira Parte, item IX, pg. 123), porém suprimindo o es-tágio no reino mineral, fixando o início da vida no reino orgânico (e Durval se aproveita solerte-mente dessa contradição!), assim se expressando: “Na planta, a in-teligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda,

conhece-se, possui-se e torna-se consciente”.

É, parece mesmo que Léon Denis tratou do assunto, mas não com as exatíssimas palavras literais como vem sendo iteradamente ci-tado; em uma palavra, não “ipsis verbis”. Parece sim que os autores que o repetiram posteriormente, utilizaram da paráfrase, ou seja, mais ou menos uma tradução livre.

Mas, se em algum lugar ele pro-feriu tal expressão (poeticamente, como apropriadamente o disse Herculano, pois que o mestre lo-reno foi mais de uma vez cognomi-nado de o poeta do Espiritismo), com certeza o fez nas suas centenas e centenas de discursos proferidos ao longo de sua incansável jornada, em encontros, congressos e confe-rências pelo mundo afora, inclusive representando a Federação Espírita do Brasil certa feita (Congresso Espírita Universal de Bruxelas, maio de 1910). Da minha parte, consultei a compilação feita por Sylvio Brito Soares, que enfeixou tais discursos no livro “Páginas de Léon Denis”, onde, mais de uma vez o mestre resvalou o assunto, mas não em frase incisiva como a pesquisada.

Mas, como poeta das letras e das frases que reconhe-cidamente era, por certo havia sido inspirado por outros poetas precedentes. Inspirados sim, na exata expressão espírita do termo.

Sabem por que essa minha afir-mação? Tem fundamento: de tanto pesquisar, fui bater de novo no Comandante Armond, nas ano-tações da sua antiga aula 77ª do mesmo citado Curso (VII volume, pg. 1), quando ele me deu o rumo de quem efetivamente foi o criador da imagem (e quiçá da idéia tam-bém) da vida no mineral: “Nos cristais, segundo o conceito do poeta oriental Sufi Rûmi, o espí-rito dorme; mais tarde ele sonhará no vegetal, se movimentará no ani-mal, reencontrando-se a si mesmo no homem”.

Eureka! Mas, quem foi Rûmi? No Brasil jamais ouvira falar

dele. Então fui para o exterior, via internet, sem falar da ajuda das pesquisas inestimáveis de alu-nas do curso de expositores do Semeador, de Alphaville. Surpresa: Maulâna Djalal adDin Rûmi, nascido no século 13 (setembro de 1207), é considerado um dos maiores poetas de todos os tempos, comparado pelos críticos a Dante e Shakespeare; filósofo e místico do Islã, deixou uma obra monumen-tal (3.229 odes e 34.662 dísticos; um conjunto de 26 mil versos de poemas espirituais), estudada e até seguida por Hegel e Goethe, den-tre outros.

Quanto ao estilo e escola, era sufista, ou seja, representa a parte interior e mística do Islã, que acredita que o espírito humano é uma emanação do divino e que toda a aventura do homem é um só esforço incessante desse espí-

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E, mais adiante (pg. 117), em-bevecidos encontramos parte do outro poema, que citamos pela be-leza e por homenagem à ontogê-nese espiritual de Herculano:

“Por algum tempo foste os elementos,Por outro tempo foste animal,Por um tempo serás alma,É agora a tua chance- Torna-te alma suprema,Sê a alma suprema!”

“Desde que chegaste ao mundo do ser,uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.Primeiro foste mineral;Depois, te tornaste planta,E mais tarde, animal.Como pode ser isto segredo para ti?Finalmente, foste feito homem,Com conhecimento, razão e fé.Contempla teu corpo – um punhado de pó –Vê quão perfeito se tornou!Quando tiveres cumprido tua jornada,Decerto hás de regressar como anjo;Depois disso, terás terminado de vez com a terra,E tua estação há de ser o céu.”

rito para se reintegrar a Deus. Esse movimento - sufismo - data do século VIII e se desenvolveu sobretudo na Pérsia; “o sufi man-tém a idéia islâmica da unidade divina, mas percebe que Deus engloba tudo, penetra tudo, e descobre Deus no fundo de si próprio. Alguns sufis chegam a declarar: “Eu sou Deus”, anota

Félicien Challaye, em seu livro “As Grandes Religiões” (cap. XIV, pg. 248), fazendo, pouco adiante, menção expressa a Rûmi e sua im-portância.

Fomos ler os poucos poemas existentes em tradução (em in-glês são dezenas de milhares) e, além de nos deleitarmos com a singeleza dos versos e com a alta

espiritualização das mensagens, nos deparamos com o que, em termos, buscávamos: no livro “Poemas Míst icos-Divan de Shams de Tabriz” (tradução e se-leção de José Jorge de Carvalho), lá está, na página 66, o poema “A Evolução da Forma”. Parte dos esplendorosos (e espíritas) versos, dizem assim:

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“Fui átomo, vibrando entre as forças do Espaço,Devorando amplidões, em longa e ansiosa espera...Partícula, pousei... Encarcerado, eu eraInfusório do mar em montões de sargaço.

Por séculos fui planta em movimento escasso,Sofri no inverno rude e amei na primavera;Depois fui animal, e no instinto da feraAchei a inteligência e avancei passo a passo...

Guardei por muito tempo a expressão dos gorilas,Pondo mais fé nas mãos e mais luz nas pupilas,A lutar e chorar para, então, compreendê-las!...

Agora, homem que sou, pelo Foro Divino,Vivo de corpo em corpo a forjar destinoQue me leve a transpor o clarão das estrelas!...

Valeu? Ah! valeu (e muito!), para mim, porque nessa brinca-deira de buscar uma frase, acabei entrando em contato com tanta gente estudiosa e espiritualizada – e de conhecer o iluminado Rûmi, o que não é pouco - que faço questão de passar o fato para os meus companheiros de jornada.

Mas - que o estimado Durval

poema transcrito acima, Evolução da Forma, ou seja, um problema na tradução. Aliás, acrescento eu dois problemas seqüenciais e impor-tantes: uma tradução do árabe e, depois, outra tradução do Francês.

E o pensamento de Rûmi fez escola aqui entre nós: o Espiritismo,

Atrevi-me a escrever para o tra-dutor perguntando se havia nos poemas de Rûmi algo mais incisivo (em termos da frase literal atribu-ída a Denis), ele, gentilmente, res-pondeu por e-mail: com certeza a mesma idéia do poeta foi apresen-tada (por Denis) em paráfrase ao

via a mediunidade psicográfica de Francisco Cândido Xavier e de Waldo Vieira, deu-nos a lume o poema de Adelino da Fontoura Chaves (Antologia dos Imortais, 1ª edição - FEB, 1963, pg. 33), denominado singularmente de “Jornada”.

Ciamponi compreenda bem - não digo que valeu pela discus-são sobre a individualização do princípio inteligente, não, porque não tenho luzes para entrar nessa seara “de gente grande e de cobra criada”, mas, respeitando as teses alentadas dos doutos, fico aqui do meu canto observando e absor-vendo o que me for possível e es-tiver ao meu alcance. Enquanto

isso, vou lendo Rûmi e vendo as teses do próprio Espiritismo trans-parecer em seus versos, criados há cerca de 800 anos. E vou lendo Kardec, é claro ... e vou lendo Denis... e vou lendo Herculano... e vou lendo Durval... e vou lendo Armond... e vou lendo ... v

Fonte: Jornal Espírita, Abril/ 2001.

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Assine 19 3233 5596 17Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011 psicanálise

A CAIXA PRETAPOR RICHARD SIMONETTI

Uma casa de três pavimentos: porão, térreo e andar superior.

Pelo térreo transita gente que vem do primeiro andar ou para lá se di-rige.

No porão permanecem pessoas presas, incomunicáveis, sem contato com os outros pavimentos.

Essa imagem simples sintetiza as teorias de Sigmund Freud (1856 – 1939), célebre médico austríaco, criador da Psicanálise.

No térreo está a consciência.No primeiro andar, o subcons-

ciente, onde estão registradas informações de fácil acesso. Se per-guntam minha idade, o número de meu telefone ou meu endereço, essas informações logo afloram, descendo do primeiro andar.

Incontáveis informações permanecem aprisionadas e incomunicáveis no inconsciente e só podem vir à consciência mediante metodologia especial.

Segundo Freud, nessa “caixa preta” estão gravadas, indelevelmente, nossas experiências pretéritas, desde a mais tenra infância.

Nela está a origem da maior parte dos males que nos af ligem, envol-vendo influências, ambientes, aciden-tes, acontecimentos desagradáveis, maus tratos, que pressionam o nosso psiquismo, ref letindo-se em nossa economia física e psíquica.

Obviamente, a Psicanálise é bem

mais do que essa simplificação, mas, em linhas gerais a “caixa preta” é a base de todo o edifício freudiano.

No propósito de encontrar um acesso para o inconsciente, ele de-senvolveu experiências envolvendo a hipnose, a associação de idéias, os so-nhos...

Em suas tentativas de desvendar os segredos da “caixa preta”, o psicana-lista sustenta intermináveis diálogos com o paciente, em sessões que se pro-longam indefinidamente.

É clássica, bem representativa, a visão do paciente deitado confortavel-mente num divã, a falar longamente de sua vida pregressa, particularmente da infância e da adolescência. O mé-dico, à maneira de perspicaz detetive, procura descobrir, em acontecimentos do passado, as causas dos males do paciente, o que seria a chave mágica da cura.

Descoberta a causa do mal ele ten-deria a desaparecer.

A experiência demonstra que isso sempre acontece. Os resultados da te-rapia dependem muito mais da capa-cidade do médico em produzir reações favoráveis no paciente, convencendo-o de que seus males tiveram origem em traumas da infância e da adolescência, acidentes psicológicos, recalques in-fantis, frustrações da libido, e outras sutilezas acadêmicas, ensaiando con-clusões que raramente correspondem à realidade.

À luz da Doutrina Espírita, pode-mos dizer que o edifício em três pavi-mentos de Freud está correto.

Não obstante, faltou-lhe o funda-mental: o conhecimento da reencar-nação, com dois princípios básicos que devem estar presentes no tratamento do psiquismo humano:

Grande parte dos males de nossos males têm origem em acontecimentos de vidas anteriores.

Nossos problemas resultam de nossa maneira de ser, de nossa per-sonalidade, moldada a partir de experiências do pretérito. Forçoso re-conhecer, todavia, que se Freud ado-tasse a reencarnação, a Psicanálise não teria se firmado, porquanto a comu-nidade médica não estava preparada para encarar o princípio das vidas su-cessivas.

Diríamos que ainda não está, mas há grandes progressos, a partir da TVP, a Terapia de Vivências Passadas, adotada por um número crescente de profissionais de saúde que veem am-pliadas as possibilidades de beneficiar seus pacientes, ajudando-os a abrir a “caixa preta”, para desvendar algo de seus traumas e condicionamentos do passado, a fim de que possam superar os males do presente. v

Fonte: Folha Espírita. Novembro/ 2001.

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estudo

Origem, conteúdo doutrinário e prá-tica ritual estabelecem as diferenças fundamentais entre Espiritismo e Umbanda. Apesar da clareza dessas distinções, isso não deve ser razão impossibilitante para que entre es-píritas e umbandistas haja respeito mútuo, espírito de compreensão e sensatez, embora essa tolerância não deva resultar em conivência ou omissão.

Deolindo Amorim, em seu livro “O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas1”, conclui, afirmando:

“O Espiritismo é uma doutrina que se basta a si mesma, sem empréstimos nem acréscimos artificiais.”

À luz dessa precisa orientação, observamos que nem mesmo nos arraiais espíritas essa diferença é feita, especialmente por aqueles que não se dão ao trabalho de estu-dar a Doutrina, sem falar em parte da imprensa leiga que, de propó-

sito ou não, anuncia tudo o que ocorre nas tendas e terreiros como sendo Espiritismo, disso se benefi-ciando os opositores sistemáticos, que esperam levar vantagem com a confusão estabelecida.

Fala-se em “baixo Espiritismo” e “alto Espiritismo”; em “Espiritismo de mesa” e em “Espiritismo de ter-reiro”, etc., como se houvesse mais de um Espiritismo!

Quanto à origem, sabemos que Espiritismo é a doutrina codificada por Allan Kardec, recebida de vá-rios Espíritos Superiores no século passado, caracterizando-se por um conjunto de princípios de ordem científica, filosófica e religiosa, que objetiva o progresso espiritual do homem, com a implantação da fraternidade entre todas as criatu-ras na Terra.2

A Umbanda deriva-se, funda-mentalmente, do culto religioso da raça negra da velha África. Os seus princípios doutrinários são realmente frutos do “folclore”, dos

provérbios, aforismos, das lendas, crenças populares, canções e tradi-ções do negro africano.

Com referência ao conteúdo doutrinário, sabemos que o Espiritismo se assenta em postula-dos científicos, filosóficos e éticos, o que não se dá na Umbanda, que não tem doutrina codificada, embora seus adeptos aceitem a imortalidade da alma, a reencar-nação e a lei de ação e reação, como fazem os espíritas.2

Quanto à prática ritua l, a Umbanda difere, essencialmente, do Espiritismo porque aquela atua no plano da natureza e este no do pensamento, pois que só o Espírito conta, realmente. Aliás, o Espiritismo não tem ritual de nenhuma espécie, pois não admite corpo sacerdotal hierarquizado ou não, cerimônias (batizados, casa-mentos e quaisquer outras); não se utiliza de fórmulas, invocações, ou promessas de qualquer natureza; repele a adoração de imagens, sím-

UMBANDA NãO é EspiritismO

POR BENEDITO DA GAMA MONTEIRO

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Fonte: Reformador. Abril/1996.

1. AMORIM, Deolindo – O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, edição da Federação Espírita do Paraná – Curitiba/PR.

2. BARBOSA, Pedro Franco – Espiritismo Básico, 4ª edição da FEB – Rio de Janeiro (RJ), 1995.

3. XAVIER, Francisco Cândido – Religião dos Espíritos, mensagem Doutrina Espírita, pág. 229, 10ª edição da FEB – Rio de Janeiro (RJ), 1995.

bolos, amuletos; rejeita crendices e superstições e não admite paga-mento pela prestação de assistência espiritual ou de qualquer auxílio, que conceda aos necessitados.2

As tentativas para fundamentar a introdução de rituais, incensos, imagens, e outros objetos de culto material no meio espírita invocam, sempre, um pressuposto espiritua-lista, como generalidade, ou fazem apelo à tolerância. Não há, entre-tanto, razão alguma para tais pre-textos, uma vez que o Espiritismo, pelas suas disposições doutrinárias, dispensa completamente qualquer forma de ritual ou peças litúrgicas.1

Assim sento, onde houver qualquer manifestação de culto exterior, não existirá a verdadeira prática espírita.

Apesar do louvável entusiasmo de alguns espíritas para a comu-nhão de seitas religiosas no seio da Doutrina, a mistura heterogê-nea sempre sacrifica a pureza ín-tima da essência! A qualidade da substância espírita reduzir-se-ia pela quantidade da mistura de outros ingredientes religiosos.

O Espiritismo não é doutrina se-parativista, nem ecletismo religioso em torno do Espírito imortal! É, principalmente, uma ideia de so-lidariedade fraterna entre todos os homens! Pode abrigar, em espírito, todos os credos e religiões que fi r-mam suas doutrinas e postulados na realidade imortal. Mas seria in-sensata a mistura heterogênea de

práticas, dogmas, princípios e com-posturas devocionais diferentes, entre si, para constituir outro movi-mento espiritualista excêntrico.

A missão da Doutrina Espírita, enfi m, é libertar o homem e não prendê-lo ainda mais às fórmulas e superstições do mundo.

Finalizamos, fazendo nossas as observações sensatas do Espírito Em ma nue l , na men sa gem Doutrina Espírita2, concitando os Espíritas a zelarem pela doutrina que professam:

“Porque a Doutrina Espírita é em si a liberalidade e o enten-dimento, há quem julgue seja ela obrigada a misturar-se com todas as aventuras marginais e com todos os exotismos, sob pena de fugir aos impositivos da fra-ternidade que veicula.”

Dignifi ca, assim, a Doutrina que te consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para que não colabores, sem per-ceber, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento.

Espírita deve ser o teu caráter, ainda mesmo que te sintas em re-ajuste, depois da queda.

Espírita deve ser a tua con-duta, ainda mesmo que estejas em duras experiências.

Espírita deve ser o nome de teu nome, ainda mesmo que res-pires em afl itivos combates con-tigo mesmo.

Espírita deve ser o claro ad-jetivo de tua instituição, ainda

mesmo que, por isso, te faltem as passageiras subvenções e honra-rias terrestres.

Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo.

E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos.

Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua responsabili-dade mais alta, porque dia virá em que serás naturalmente con-vidado a prestar-lhe contas.”³ v

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reflexão

ENGANO dE EspíritAsUm número expressivo de espíritas crê firmemente na proteção integral dos benfeitores, colocando-se como protegido especial, inacessível à ação das trevas. Quanto mais pensa assim, mais se expõe aos espíritos perturba-dos, porque abrem as guardas men-tais, por desconhecerem os verdadei-ros riscos.

Todos os seres encarnados sem ex-ceção, estão expostos diariamente à sanha desses malfeitores da erratici-dade, mormente se forem médiuns, pela vulnerabilidade das condições psíquicas.

Não há uma única referência dou-trinária no Espiritismo que fale de proteções totais ou de ausência de meio para que os obsessores nos atin-jam. Muito pelo contrário! Não fal-tam agressões muito menos meios! Daí a quantidade assustadora de pessoas desequilibradas, em especial médiuns.

Existem também, aqueles que julgam ser missionários indenes desse mal, gozando de privilégios e vantagens, estando a salvo das inves-tidas de seres inferiores. Outro patético erro!

Chico Xavier, Ivonne Pereira e Divaldo Franco, porta-vozes do Bem, incansáveis trabalhadores, honrados e dignos, já choraram muito. Todos eles contam tristes casos de assédios cruéis.

Paulo de Tarso foi ví-tima de calúnias atrozes, espancamentos e prisões, provocadas por esses indi-gitados irmãos.

Em “O L iv ro dos Médiuns”, Allan Kardec adverte sempre aos mé-diuns, dando-lhes a s armas que podem neutra-lizar esses riscos.

Neste mesmo livro, ao abordar a bicorporeidade, ele exalta a mediunidade e a grandeza desse médium extraordinário que foi Antônio de Pádua. No entanto, quem conhece um pouco mais da vida desse mis-sionário sabe o quanto ele sofreu nas perseguições movidas contra ele.

Monsenhor Salvini, um de seus biógrafos, conta o desespero desse homem, que os católicos justamente têm por santo, quando “Numa noite, enquanto o santo descansava, o de-mônio o atacou, agarrando-o pelo pescoço tentando sufocá-lo”.

Diz que Antônio recorreu à Maria Santíssima e viu o espírito desencar-nado afastar-se precipitadamente, en-quanto o ambiente se enchia de luz.

O Padre Antônio At, outro bió-grafo, repete o fato e afirma que “frequentemente, os demônios o atacavam, a fim de o perturbar e o demover do santo exercício de ora-ção. Mais do que nunca teve que se haver contra os demônios, invejosos de suas conquistas”.

Os evangelistas afirmam que Jesus foi tentado pelo Diabo no deserto. Se Ele, o mais perfeito espírito que conhece-mos, governador do planeta, amoroso, justo e bom passou por essa provação, quem de nós pode ter a presunção de ter tratamento diferente.

E óbvio que “seremos atribulados, mas não vencidos”, como afirma Paulo, se estivermos atentos as nossas respon-sabilidades, conscientes do bem que precisamos fazer e, o que é muito im-portante, estudando profundamente a Doutrina Espírita para entender como operam os que nos odeiam, amando para evitá-los. v

Fonte: Revista “O Espírita”. Setembro/Dezembro – 2000.

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mELhOr é rEpELir Os MODISMOS

POR JORGE HESSEN

comportamento

Para que nos imunizemos das perma-nentes investidas dos modismos que ameaçam cada vez mais os conceitos basilares da Terceira Revelação, é im-portante colocar em pauta, à guisa de alerta geral, reflexões que venham subsidiar reações audaciosas acopla-das aos princípios cristãos.

O Espiritismo tem conceitos fi-losóficos de estruturas sólidas com proposta de subida racionalidade para a conduta humana. Não en-dossa quaisquer inquietações de idéias apressadas advindas de preten-sos “mestres” que explodem em su-gestões de práticas “modernas” para o Espiritismo.

A propósito das açodadas enxertias estranhas, complexas e esdrúxulas de alguns núcleos que se dizem espíritas, recorremos a Juvanir Borges de Souza, quando, em seu artigo publicado em Reformador de abril de 1996, entre outras reflexões adverte:

“Precatemo-nos, pois contra os afoba-dos, os precipitados, que pretendem in-troduzir “novidades” no Espiritismo (...).

(...) as Casas Espíritas e os espíritas precisam estar atentos contra a inva-são de práticas não espíritas, de mo-dismo prejudiciais de variada origem (...)”

O Espírito Vianna de Carvalho, na psicografia de Divaldo P. Franco, também admoesta (...):

“Mesmo sem um conhecimento real e profundo dos seus postulados científicos, das suas explicações filo-sóficas e da sua ética moral e religiosa, pessoas inadvertidas investem com

frequência apresentando teses ingê-nuas e passadistas, métodos profanos transitórios, recursos culturais apres-sados, desejosos de introduzi-los no Movimento, sempre ávido de novi-dades, porque constituído por indi-víduos quase sempre desequipados do conhecimento doutrinário em trân-sito ligeiro pelas suas fileiras.”

Médiuns que não se orientam nos livros da Codif icação entregam- se inermes aos planos ardilosos dos obsessores que os subjugam, insu-f lando-lhes os mais bizarros con-ceitos e as mais estranhas práticas, mormente nos viciosos relatos das vi-dências “mediúnicas” e nas famosas cirurgias “espirituais”, além de outras miraculosas terapias que vão das pirâ-mides às pedras cristalizadas num fla-grante atentado contra o Espiritismo.

Existe, atualmente, nas hostes dou-trinárias, uma perigosa exaltação do mediunismo, pelo qual os inimigos da luz impõem movimentos massifi-cadores de efeitos retumbantes, obje-tivando claramente o aprisionamento mental e a escravidão psíquica dos in-cautos e ignorantes.

Obcecados, os inovadores de ocasião visam a deses-tabilizar o Movimento Doutrinário, desacelerar a implantação do Consolador na Terra.

Atentemos pois para uma grave ad-vertência do insigne Léon Denis:1

“O Espiritismo será o que o fizerem

os homens.” Realmente, são os homens que concorrem para as confusões dou-trinárias, lançando ideias pessoais como se fossem princípios Kardequianos e sempre aceitando e propagando men-sagens duvidosas, criando seus espi-ritismos particulares em prejuízo do corpo integral da Doutrina.

A Doutrina Espírita é a renovação da mensagem do Cristo para restau-ração dos códigos evangélicos na sua feição primitiva; portanto, ante as in-vestidas das novidades desses modis-mos místicos, lembremos a lição de Kardec:2 “Melhor é repelir dez verda-des do que admitir uma única falsi-dade, uma só teoria errônea.”

Obviamente, o Centro Espírita é o instrumento mais importante para o fortalecimento dos códigos divi-nos, expressos nas mensagens espíri-tas, contudo estejamos atentos com os inovadores descompromissados com a Doutrina. Usando o bom senso de forma estóica não admitamos que a prática espírita saia dos trilhos da simplicidade e dos fundamentos da Codificação Kardequiana.

É necessário combater as invasões indesejáveis de modismos e teses ab-surdas nos Centros Espíritas, para que a luz do Paracleto seja mantida acesa, consoante esperam os coordenadores espirituais nesse transcendente projeto para Terra. v

1- No Invisível, Introdução, pág. 9, 17ª Ed., 1996, FEB.2- O Livro dos Médiuns, Cap. XX nº 230, mensagem de Erasmo, pág. 290, 61ª Ed., 1995, FEB.

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No estudo dos fatos relacionados à Reencarnação costumamos con-siderar como evidência aquelas provas ditas indiretas, de um lado; e as absolutas ou diretas de outro. Alinham-se como indiretas as que nos permitem inferir do cumpri-mento da lei palingenésica, nela se encontrando a explicação mais racional e lógica. Como diretas as que se referem às reminiscências,

Pirâmides em Cairo, Egito.

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quer se considerem espontâneas ou incidentais, quer provocadas intencionalmente, como no caso da regressão de memória por indu-ção hipnomagnética. Muitas fobias e idiossincrasias sem causa atual plausível desencadeante; certas marcas ou sinais de nascença, es-pecialmente quando se associem a reminiscências ou confi rmem rela-tos premonitórios de renascimento;

O EGITO DOS FARAÓS E A rEENCArNAÇãOPOR ALBERTO DE SOUZA ROCHA

reencarnação

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expressivas simpatias repentinas sem motivo aparente; psicoses ob-sessivas; caráter diferenciado de ir-mãos, tendências, gostos e idéias inatas; e a genialidade precoce, de que se relatam tantos casos. Estão todos no primeiro caso. No se-gundo, uma série inesgotável de dados pesquisados por estudiosos do assunto.

É sabido que os iniciados egípcios conheciam a reencarnação, a qual tê-la-ão transmitido aos hebreus. Como de resto o Monoteísmo. Inscrição de 3.000 a.C. dizia: “A criança já viveu e a morte não é o fim.” Mais perto, a 1.320 a.C., o célebre papiro Anana afirma: “O homem volta à vida várias vezes, disso se recorda em sonho ou por algum acontecimento relacionado a outra vida.” Pois bem, fatos ligados àquele povo, como veremos, trazem à luz evidências da Reencarnação, quer indiretas quer mesmo diretas. É o objetivo de nosso estudo nestes apontamentos.

Na verdade, tudo que se refere aos egípcios é envolto num ar de mistério e cheio de curiosidades. Certo, aquele povo viveu uma das civilizações marcantes em termos de cultura e religiosidade. Em “A Caminho da Luz” Emmanuel os inclui entre os exilados do Sistema Capela, daí entendermos como a f lamejavam em suas mentes uma sabedoria e uma vivência cósmica sobremodo grandiosa, que deixa-riam traços inapagáveis na esteira dos milênios. Pensamos que alguns desses Espíritos que por lá milita-

ram, os mais rebeldes e menos ilus-trados, ainda estarão cumprindo ciclos reencarnatórios. A História registra por excelência – e vamos citar de passagem – o segredo da mumificação, com suas implica-ções ético-religiosas; o uso mais primitivo do arado e os primeiros canais de irrigação; o emprego da tinta, da pena, da folha (de papiro); os cálculos matemáticos, incluindo os de área e de volume; a numera-ção, o sistema decimal, o calendá-rio, a moeda, a escrita... Como se sabe, foram importantes os perío-dos do Antigo, do Médio e do Novo Império, antes das invasões sucessi-vas dos persas, dos macedônios, dos romanos, mais tarde pelas forças na-poleônicas. Registram-se como suas capitais as cidades de Tinis, a pri-mitiva; a seguir Mênfis, no tempo do Antigo Império; Tebas e tran-sitoriamente El-Amarna, durante o Médio Império; e Saís no Novo, até à fixação na cidade do Cairo. Quanto à língua – e isso vai nos interessar no momento – conside-ram-se os períodos Antigo (4.000 a.C.). Médio (aproximadamente 3.300 a 2.700 a.C.), o Popular (po-pularização como postulado univer-sal de linguagem, haja visto o latim); e finalmente uma mistura com o grego, tão importante na época – o Cóptico. Sem esquecer que hoje em dia a língua egípcia é a árabe.

Champolion – “o egípicio”Um a prov a i nd i r e t a d a

Reencarnação pelas características marcantes de sua presença, pode-

mos sem receios incluir o que se sabe sobre a vida predestinada de Jean Fançois Champolion (1790 – 1832) não só considerando o gênio como em si mesmo os fatos a seu respeito. Conta-se que o seu nasci-mento ocorreu sob os cuidados de um certo senhor Jacquou, conhe-cido como curandeiro, certamente médium, que conseguiu salvar, de riscos fatais mãe e filho. Teria ele predito então ao pai, o senhor Jacques Champolion, que aquela criança que ele acabara de salvar se destinava a grandes coisas e teria o seu nome imortalizado nas pági-nas da História. Se se disser que isso tudo é lenda, não se irá desco-nhecer que o menino era diferente dos irmãos, todos eles louros e de olhos azuis. Ele, pelo contrário, vem a ser bem moreno. Teria sido por sua tez queimada que ele rece-beu desde cedo o apelido que, em última análise, marcaria seu futuro, se não fosse estar indicando a um tempo o seu passado: “o egípcio”. Pois o menino cresce revelando uma facilidade incrível por aprender o árabe, o sírio, o persa, o caldeu, o copta e revelar ainda conhecimen-tos inatos dos assuntos relaciona-dos aos respectivos povos. Como se conhecesse pessoalmente esses paí-ses. Aos 11 anos promete ao físico Fourier que decifrará os hieroglifos. Afirma, contrariando a crença vi-gente, que os egípcios falavam uma língua própria, não importada. Aos 17 anos publica uma obra, “O Egito dos Faraós”. Com a invasão francesa, ao tempo de Napoleão,

reencarnação

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chega-lhe a oportunidade de ter em mãos a célere pedra de Roseta, cujas inscrições consegue ler, por comparação com versões parale-las. Decifra assim, como prome-tido, o segredo da escrita. Aos 38 anos, já um egiptólogo de renome, ei-lo nas águas do Nilo, onde, se-gundo seus biógrafos, tudo lhe é familiar, corrigindo erros históri-cos, denunciando segredos mile-nares. Deixaria para a posteridade uma Gramática Egípcia. Que for-ças poderosas, que obstinação da-riam a Jean François todas as con-dições de conhecimento e interesse para o mister? Que nos tragam uma explicação que suplante a da Reencarnação. Estava com ele des-coberta a escrita, era de se lerem as inscrições e isso efetivamente foi decisivo.

Contudo, embora decifradas as inscrições, reconheceu-se que elas apenas registravam os elemen-tos consonantais das palavras. O jeito seria convencionarem-se cer-tas regras aleatórias mas necessá-rias na tentativa de expressão oral. Ninguém poderia imaginar que o aparentemente impossível iria acontecer. O passado iria debru-çar-se sobre o presente e trazer, por via mediúnica, através da xenoglos-sia, o que faltava...

Fala a voz do passadoPor volta dos anos 20 a 30 deste

século, na Inglaterra, a mesma das pesquisas de Crookes, fria e objetiva, eis que esplende a me-diunidade de Rosemary, é o que nos conta Francisco Valdomiro

Lorenz na obra “A Voz do Antigo Egito” (FEB,1946). Resumamos a obra. O Dr. Frederico Wood é um cientista e doutor em Música, não pode ser acusado de se deixar levar por trapaças. Interessa-se pelo que tem a dizer o espírito comu-nicante, Lady Nona, revelando dados que indicam haver habi-tado o Egito em época bem an-tiga. Avançando na observação conclui que estavam sendo descri-tos fatos relacionados ao Médio Império Egípcio, mais exatamente à XVIII Dinastia, havia 3.300 anos atrás. O centro de proteção era Tebas, no Alto Egito, a capital

do Médio Império. Cauteloso, Dr. Wood procura o Dr. Hulme, co-nhecido egiptólogo, para ajudá-lo na pesquisa e na autenticação me-ticulosa dos fatos narrados. O cen-tro das novas pesquisas é Londres, contando com Brighton. As nar-rativas se encaminham para o tempo do faraó Amenhotep III ou Amenofis III, filho de Tutmés IV e pai de Amenhotep IV (Akenáton). Lady Nona, como se fez conhe-cer, seria naquele tempo Telika. E Rosemary, a médium, uma sua protegida de nome Vóla. O Dr. Wood não está em cena por acaso. Fora outrora o General Rama. Por

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Hieróglifos no templo de Luxor, no Egito.

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Fonte: ROCHA, Alberto de Souza; “Reencarnação em Foco”. 1ª Edição.

Casa Espírita “O Clarim”.

ordem real, saqueara a Síria e trou-xera Vóla como prisioneira. Um re-encontro, portanto, em condições bem diferentes... Nona não pas-sava de uma esposa secundária do faraó. A primeira rainha era Tie, da qual recentemente se descobri-ram estátuas. Princesa babilônia, irmã do rei, fora solicitada em ca-samento por Amenhotep, a quem amou sinceramente e a quem pre-tendeu defender da trama dos sa-cerdotes apoiados por Tie, numa conspiração. Condenada por sen-tença real, pois o faraó se deixara envolver no episódio pelos pró-prios inimigos, ignorando-lhes a

lealdade. Vóla morre junto, por saber demais. Motivo da conspi-ração: a reforma religiosa não de-sejada pelos sacerdotes, a mesma tentada pelo filho Amenofis IV e que não vingaria por muito tempo. Era o Monoteísmo que intentava emergir. Seria tudo isso fantasia da médium, mesmo que bem inten-cionada, uma estória da carochi-nha? Não, por que não ficou ape-nas na história. Hulme era filólogo, dicionarista, tradutor, egiptólogo e portanto tinha interesse científico na pesquisa. Por isso mesmo Wood o convidara. Os dois se policiavam ante a matéria tratada, de que eram

entendidos, ao se renderem à evi-dência aprenderam o quanto pude-ram. Meses e até anos detinham-se numa frase dita em egipciano, es-tudavam o sentido de uma palavra. Nona, nos diálogos xenoglóticos, usava por vezes duplo sentido para deixar claro que não se tratava de transmissão telepática do pensa-mento. Diz o relato que Nona pre-parou por algum tempo os órgãos vocais da médium para os sons cul-turais do velho idioma. Por sua vez, Rosemary, no desenrolar dos trabalhos, desenvolveu ela própria a clarividência, passando a des-crever por si, em transe anímico, cenas, pessoas, trajes, costumes, danças, rituais e tramas palacianas. Vidente e clarividente, Mason foi procurado por Wood e confirmou visões paranormais da médium e de Lady Nona, antes que se lhe re-velassem as pesquisas. As conven-ções de pronúncia foram corrigidas por Nona e gravadas para servir de orientação aos estudiosos.

De tudo isso se infere que, além dos pormenores históricos até então desconhecidos, revelam-se:

De importância filosófica:a) A imortalidade da alma;b) A comunicabilidade dos

Espíritos;c) A palingênese.De importância Cultural:d) A pronúncia correta de uma

língua morta. v

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Hieróglifos no obelisco do templo de Luxor, no Egito.

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FidelidadESPÍRITAcom todas as letras

EXISTEM dÚVidAs,

FALTAM mOtiVOs.POR EDUARDO MARTINS

Fonte: MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 13. Editora Moderna. 1999.

Já que o verbo haver não varia quando signifi ca existir; pode-se deduzir que a recíproca é verdadeira? Bem, como português não é matemática, quem gosta de teoremas e corolários vai ter de contentar-se com a resposta: não.

Ou seja, existir é um verbo regular e por isso a sua conjugação segue as normas gramaticais. Veja dois exemplos: Pensam, logo existem. / As irregularidades existiam havia muito tempo. O erro mais freqüente em relação a existir dá-se quando o sujeito vem depois do verbo, o que confi gura, para muitas pessoas, uma situação idêntica à de haver. Repare: Havia muitas pessoas na sala (já vimos que haver não varia quando signifi ca existir). No entanto: Existiam muitas pessoas na sala. Aí está a razão da confusão.

Por isso, lembre-se de que as pessoas de existir têm singular e plural, venham elas antes ou depois do sujeito. Veja mais dois exemplos: Não existiam motivos que justifi cassem sua irritação. / Preocupe-se com as exceções, que todos sabem que existem. Na locução verbal, é o auxiliar que varia: Devem existir razões para isso. / Exageros sempre haviam existido na empresa.

Há mais quatro verbos aos quais se atribui erradamente a condições invariáveis, pelo fato de normalmente também virem antes do sujeito. São eles: bastar, faltar, restar e sobrar. Conduza a concordância, porém, segundo as regras da gramática: Bastam (e não “basta”) alguns minutos de ginástica por dia. / Estavam todos de bermudas e só faltavam (e não “ faltava”) as sandálias. / Não faltam (e não “falta”) motivos para censurá-lo. / Só lhe restam (e não “resta”) duas opções. / Sobram (e não “sobra”) amigos para ajudá-lo.

Um verbo que tem concordância especial é chover. No sentido real, atmosférico, não se fl exiona: Choveu durante dois dias na região. / Choveu 50 milímetros apenas ontem na capital. No sentido fi gurado, porém, varia normalmente: Choveram pedras e paus sobre os jogadores. / Choviam bênçãos sobre a população. / Choveram palpites e sugestões na reunião.

Uma recomendação fi nal. Flexione sem receio os verbos que indicam horas: Chegou assim que bateram 6 horas. / Devem estar soando as 8 horas. / Já soaram as 9 badaladas. / São 22 horas. / Deram 18 horas no relógio da matriz / Faltam 5 minutos para as 11 horas. / Restam duas horas de prazo.

As exceções são fazer e haver, como já se viu. Há seis horas que o dia raiou. / Faz dez minutos que ele partiu. v

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FidelidadESPÍRITA | Fevereiro/2011 mensagem

“Mas ide dizer a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia.” - (Marcos, 16:7.)

É raro encontrarmos discípulos de-cididos à fidelidade sem mescla, nos momentos que a luta supera o âmbito normal.

Comumente, em se elevando a experiência para maiores demons-trações de coragem, valor e fé, modifica-se-lhes o ânimo, de ime-diato. Converte-se a segurança em indecisão, a alegria em desalento.

Multipliquem-se os obstáculos e surgirá dolorosa incerteza.

Os aprendizes, no entanto, não devem olvidar a sublime promessa do princípio, quando o pastor recompu-nha o rebanho disperso.

Quando os companheiros, depois da Ressurreição, refletiam no futuro, oscilando entre a dúvida e a per-plexidade, eis que o Mensageiro do Mestre lhes endereça aviso salutar, assegurando que o Senhor marcharia adiante dos amigos, para a Galiléia, onde aguardaria os amados colabo-radores, a fim de assentarem as bases profundas do trabalho evangélico no porvir.

Não nos cabe esquecer que, nas primeiras providências do apostolado

divino, Jesus sempre se adiantou aos companheiros nos testemunhos santificantes.

E assim acontece, invariavelmente, no transcurso dos séculos.

O Mestre está sempre fazendo o máximo na obra redentora, contando com o esforço dos cooperadores ape-nas nas particularidades minúsculas do celeste serviço...

Não vos entregueis às sombras da indecisão quando permanecer-des sozinhos ou quando o trabalho se agrave na estrada comum. Ide, confiantes e otimistas, às provações salutares ou às tarefas dilacerantes que esperam por nosso concurso e ação. Decerto, não seremos qui-nhoados por facilidades deliciosas, num mundo onde a ignorância ainda estabelece lamentáveis pri-sões, mas sigamos felizes no encalço das obrigações que nos competem, conscientes de que Jesus, amoroso e previdente, já seguiu adiante de nós... v

Vinha de Luz Emmanuel / Chico Xavier

ADIANTE DE VÓS

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3º Ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 02/02/2011 Restrito

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Mocidade Espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

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Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao público

Assistência Espiritual: Passes Domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao público

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