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ENTREVISTA ASSOCIAÇÃO DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS MUNICIPAIS Revista mensal da ATAM - Nº s 370/371 - novembro-dezembro/2012 Aliado a esta questão, e em matéria de turismo cultural, estamos a criar rotas para a construção de percursos para dar a conhecer património material e imaterial do território: arqueologia, falando das igrejas, da etnografia e do folclore, nomeadamente com a construção dos núcleos museológicos nas freguesias. Por outro lado, estamos também a trabalhar nas grandes rotas. A Rota do Zêzere, a parr da Serra da Estrela até Constância, um projeto supramunicipal onde a Câmara de Abrantes também está incluída. Como por outro lado, no Rio Tejo, começando no norte do nosso concelho e acabando no limite, na freguesia de Rio de Moinhos, na localidade da Amoreira, o que faz com que hoje estejamos numa rota mais alargada tanto a nascente como a poente (montante como a jusante), em arculação com outros municípios e com outras endades. O Municipal” - O que é o “Mar de Abrantes” e qual a finalidade da sua criação? Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Com a construção do açude insuflável foi possível a criação de um espelho de água no rio Tejo com cerca de 7 km, para usufruto da população enquanto espaço de desporto e turismo avo. A expressão “Mar de Abrantes” está associada a esse espelho de água e advém das ações de markeng realizadas pelo município para a sua promoção exterior. O açude é o coração de uma grande intervenção que temos vindo a fazer “O Municipal” - Abrantes usufrui de dois dos maiores recursos hídricos do País: o Rio Tejo e a albufeira de Castelo do Bode. A que nível são explorados? Dr.ª Maria do Céu Albuquerque – Neste momento são explorados ao nível do turismo de natureza, turismo desporvo e do turismo avo. A Albufeira de Castelo de Bode com a criação da Praia Fluvial de Aldeia do mato e o AQUAPOLIS com o espelho de água depois da construção do açude insuflável, apresentam dois planos de água para tudo aquilo que tenha a ver com turismo avo e turismo desporvo. São imensas as provas que aqui são realizadas tanto ao nível local como regional nacional e até internacional. Provas de canoagem, aguas abertas, motonáuca ou pesca desporva, para além de apresentarem condições para a realização, regular, de provas de compeção. Para além disto o turismo de natureza e a biodiversidade tanto do Rio Tejo como da albufeira de Castelo de Bode, apresentam também potencialidades que se podem começar a consubstanciar como um desno turísco. Promovendo os recursos naturais e construídos no sendo da sua omização através do turismo de natureza, desporvo e avo. Mas também fazer com que estes recursos sejam geradores de mais-valias: formar atletas, formar públicos, formar cidadãos mais avos, mais parcipavos, mais tolerantes, igualdade de oportunidades e inclusão social Dr.ª Maria do Céu Albuquerque Presidente da Câmara Municipal de Abrantes ABRANTES O concelho de Abrantes remonta aos primórdios da monarquia portuguesa. O seu foral, datado de 1179, segue o modelo dos chamados “concelhos perfeitos”, cuja organização se inicia no preciso momento em que são chamados os colonos a povoá-la. A colonização do monte abranno foi facilitada pela situação geográfica do mesmo monte, situado a norte do Tejo, que lhe servia de fronteira natural e o protegia de previsíveis incursões. O Tejo, que era, ainda, importante fonte de riqueza (água, pesca, ouro, navegação, etc.). Abrantes, situada em zona de confluência e transição de regiões, encruzilhada nos percursos entre o sul e o norte, a salvo de cheias, de nevoeiros persistentes, lavado de bons ares, conferiu as condições necessárias à atração de colonos. Elevada à categoria de cidade em 1916, é hoje sede de um município com 714,73 km² de área e quase 40 000 habitantes, subdividido em 19 freguesias. É uma cidade de serviços, mas também com forte vocação e tradição industrial que, cada vez mais, afirma a sua posição estratégica na região.

Entrevista ao Presidente da Câmara Municipal de Abrantes

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O concelho de Abrantes remonta aos primórdios da monarquia portuguesa. O seu foral, datado de 1179, segue o modelo dos chamados “concelhos perfeitos”, cuja organização se inicia no preciso momento em que são chamados os colonos a povoá-la. A colonização do monte abrantino foi facilitada pela situação geográfica do mesmo monte, situado a norte do Tejo, que lhe servia de fronteira natural e o protegia de previsíveis incursões. O Tejo, que era, ainda, importante fonte de riqueza (água, pesca, ouro, navegação, etc.).

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e n t r e v i s t aASSOCIAÇÃO

DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS

MUNICIPAIS

Revista mensal da ATAM - Nºs 370/371 - novembro-dezembro/2012

Aliado a esta questão, e em matéria de turismo cultural,

estamos a criar rotas para a construção de percursos

para dar a conhecer património material e imaterial do

território: arqueologia, falando das igrejas, da etnografia

e do folclore, nomeadamente com a construção dos

núcleos museológicos nas freguesias. Por outro lado,

estamos também a trabalhar nas grandes rotas. A Rota

do Zêzere, a partir da Serra da Estrela até Constância,

um projeto supramunicipal onde a Câmara de Abrantes

também está incluída. Como por outro lado, no Rio Tejo,

começando no norte do nosso concelho e acabando no

limite, na freguesia de Rio de Moinhos, na localidade

da Amoreira, o que faz com que hoje estejamos numa

rota mais alargada tanto a nascente como a poente

(montante como a jusante), em articulação com outros

municípios e com outras entidades.

O Municipal” - O que é o “Mar de Abrantes” e qual a finalidade da

sua criação?

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Com a construção do açude insuflável

foi possível a criação de um espelho de água no rio Tejo com cerca de 7

km, para usufruto da população enquanto espaço de desporto e turismo

ativo. A expressão “Mar de Abrantes” está associada a esse espelho de

água e advém das ações de marketing realizadas pelo município para a

sua promoção exterior.

O açude é o coração de uma grande intervenção que temos vindo a fazer

“O Municipal” - Abrantes usufrui de dois dos maiores

recursos hídricos do País: o Rio Tejo e a albufeira de

Castelo do Bode. A que nível são explorados?

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque – Neste momento são

explorados ao nível do turismo de natureza, turismo

desportivo e do turismo ativo. A Albufeira de Castelo

de Bode com a criação da Praia Fluvial de Aldeia do

mato e o AQUAPOLIS com o espelho de água depois da

construção do açude insuflável, apresentam dois planos

de água para tudo aquilo que tenha a ver com turismo

ativo e turismo desportivo. São imensas as provas que

aqui são realizadas tanto ao nível local como regional

nacional e até internacional. Provas de canoagem, aguas

abertas, motonáutica ou pesca desportiva, para além de

apresentarem condições para a realização, regular, de

provas de competição.

Para além disto o turismo de natureza e a biodiversidade tanto do

Rio Tejo como da albufeira de Castelo de Bode, apresentam também

potencialidades que se podem começar a consubstanciar como um

destino turístico. Promovendo os recursos naturais e construídos no

sentido da sua otimização através do turismo de natureza, desportivo

e ativo. Mas também fazer com que estes recursos sejam geradores

de mais-valias: formar atletas, formar públicos, formar cidadãos mais

ativos, mais participativos, mais tolerantes, igualdade de oportunidades

e inclusão social

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque

Presidente da Câmara Munic ipal de Abrantes

ABRANTES

O concelho de Abrantes remonta aos primórdios da monarquia portuguesa.

O seu foral, datado de 1179, segue o modelo dos chamados “concelhos perfeitos”, cuja organização se inicia no preciso momento em que são chamados os colonos a povoá-la.

A colonização do monte abrantino foi facilitada pela situação geográfica do mesmo monte, situado a norte do Tejo, que lhe servia de fronteira natural e o protegia de previsíveis incursões. O Tejo, que era, ainda, importante fonte de riqueza (água, pesca, ouro, navegação, etc.).

Abrantes, situada em zona de confluência e transição de regiões, encruzilhada nos percursos entre o sul e o norte, a salvo de cheias, de nevoeiros persistentes, lavado de bons ares, conferiu as condições necessárias à atração de colonos.

Elevada à categoria de cidade em 1916, é hoje sede de um município com 714,73 km² de área e quase 40 000 habitantes, subdividido em 19 freguesias.

É uma cidade de serviços, mas também com forte vocação e tradição industrial que, cada vez mais, afirma a sua posição estratégica na região.

e n t r e v i s t aASSOCIAÇÃO

DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS

MUNICIPAIS

Revista mensal da ATAM - Nºs 370/371 - novembro-dezembro/2012

que a Câmara não pode prescindir dos colaboradores porque não

existem prestadores de serviços nessas áreas que possam substituir

essas pessoas. Necessariamente, as câmaras terão de contratar mais

colaboradores para fazer face a essas exigências da sua gestão. No

caso concreto de Abrantes, entendemos que sempre cumprimos

aquilo que era o nosso objectivo e que passa por fazer uma gestão

racional e equilibrada no sentido de não criar constrangimentos

financeiros, mas também há um mínimo de qualidade nos serviços e

no atendimento de que não queremos prescindir. Há um investimento

substancial que tem vindo a ser feito ao longo de anos e que não

pode ser ignorado e abandonado. Foram investidos muitos recursos

para proporcionar aos nossos cidadãos o comprometimento de uma

boa prestação dos serviços públicos, tendo em atenção o número de

colaboradores da autarquia. Vai-nos custar se tivermos de renunciar

àquilo que nos custou tanto a conquistar.

“O Municipal” - Ao nível do setor empresarial local, considera

razoável a intenção de proceder à redução das entidades

atualmente existentes, por extinção ou fusão?

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Essa é uma questão que não se

coloca à Câmara Municipal de Abrantes, uma vez que não temos

empresas municipais. Já tivemos uma empresa municipal mas

entretanto foi extinta. Atualmente, não temos essa necessidade,

porque os nossos serviços municipais sempre conseguiram cumprir

com os objetivos traçados em termos da gestão municipal.

“O Municipal”- A respeito do Documento Verde da Reforma

da Administração Local, que apreciação faz do mesmo,

nomeadamente, em face da discussão que tem gerado?

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Entendo que a discussão tem sido

muito centrada à volta da reforma administrativa, nomeadamente

na agregação de freguesias. Parece-me que falta uma discussão mais

acentuada sobre outras questões assinaladas no Documento Verde,

nomeadamente sobre a organização do território, o setor empresarial

local e a gestão municipal, intermunicipal e financiamento.

nas margens do rio Tejo e que é hoje o AQUAPOLIS – Parque Urbano

Ribeirinho. Esta grande intervenção nas margens do rio Tejo, que hoje é

um rio com as margens organizadas e requalificadas, permitiu dispor de

uma série de equipamentos que facilitam aos munícipes e aos visitantes

desfrutar do rio. Com o Aquapolis, quisemos reintegrar o rio, devolvê-lo

ao uso normal e ao convívio da população da cidade e da região. Temos

aqui um dos troços do Tejo, entre Abrantes e Lisboa, que sofreu uma

intervenção no sentido de o converter num Parque Urbano, que associa

a água ao lazer e à prática de atividades náuticas. O Aquapolis é hoje em

verdadeiro espaço de convivência social, cais de recreio, lazer, desporto,

turismo e cultura.

“O Municipal” - De que infraestruturas podem os abrantinos usufruir,

no que diz respeito a recreio e lazer no seio da natureza?

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - O concelho tem muitas ofertas

a esse nível, posicionando-nos como um concelho com uma oferta

diferenciada.

“O Municipal” - O que acha da diminuição dos cargos dirigentes,

em 15%, até ao final de 2012?

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Não concordo com a fórmula que

está a ser proposta no Documento Verde, uma vez que não tem em

consideração as respetivas especificidades e as condições de gestão

de cada um dos municípios. Esta é uma das situações em que os

municípios deviam ser “avaliados” por aquilo que tem sido a sua

gestão, a sua área de influência territorial e pelo trabalho que têm

vindo a desenvolver em prol das comunidades locais. Cada autarquia

deve ter autonomia para decidir sobre essa matéria, em função dos

seus próprios projetos de desenvolvimento e do enquadramento

social, empresarial e territorial, podendo existir eventuais “balizas”

nesta percentagem, mas dando alguma flexibilidade.

“O Municipal” - Para além da limitação à admissão de novos

trabalhadores, que comentário faz ao objectivo de diminuir o

número dos que existem, de forma a atingir uma redução anual

de 2%, no período de 2012 a 2014?

Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - No caso da Câmara de Abrantes,

temos uma redução de 7,8% de colaboradores. Estamos muito

para além daquilo que era a meta estabelecida. A flexibilidade de

gestão democrática, associada ao poder local, deve ser tida em

conta, nomeadamente para permitir fazer uma boa gestão com os

meios financeiros que a autarquia dispõe, rentabilizando e criando

oportunidades para melhor servir os nossos munícipes. Tendo em

conta o que sabemos da matriz expressa na reforma do poder local,

a reforma de colaboradores é um dos fatores que vai contribuir para

a redução desses 2%, mas há casos de determinadas funções em