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O concelho de Abrantes remonta aos primórdios da monarquia portuguesa. O seu foral, datado de 1179, segue o modelo dos chamados “concelhos perfeitos”, cuja organização se inicia no preciso momento em que são chamados os colonos a povoá-la. A colonização do monte abrantino foi facilitada pela situação geográfica do mesmo monte, situado a norte do Tejo, que lhe servia de fronteira natural e o protegia de previsíveis incursões. O Tejo, que era, ainda, importante fonte de riqueza (água, pesca, ouro, navegação, etc.).
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e n t r e v i s t aASSOCIAÇÃO
DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS
MUNICIPAIS
Revista mensal da ATAM - Nºs 370/371 - novembro-dezembro/2012
Aliado a esta questão, e em matéria de turismo cultural,
estamos a criar rotas para a construção de percursos
para dar a conhecer património material e imaterial do
território: arqueologia, falando das igrejas, da etnografia
e do folclore, nomeadamente com a construção dos
núcleos museológicos nas freguesias. Por outro lado,
estamos também a trabalhar nas grandes rotas. A Rota
do Zêzere, a partir da Serra da Estrela até Constância,
um projeto supramunicipal onde a Câmara de Abrantes
também está incluída. Como por outro lado, no Rio Tejo,
começando no norte do nosso concelho e acabando no
limite, na freguesia de Rio de Moinhos, na localidade
da Amoreira, o que faz com que hoje estejamos numa
rota mais alargada tanto a nascente como a poente
(montante como a jusante), em articulação com outros
municípios e com outras entidades.
O Municipal” - O que é o “Mar de Abrantes” e qual a finalidade da
sua criação?
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Com a construção do açude insuflável
foi possível a criação de um espelho de água no rio Tejo com cerca de 7
km, para usufruto da população enquanto espaço de desporto e turismo
ativo. A expressão “Mar de Abrantes” está associada a esse espelho de
água e advém das ações de marketing realizadas pelo município para a
sua promoção exterior.
O açude é o coração de uma grande intervenção que temos vindo a fazer
“O Municipal” - Abrantes usufrui de dois dos maiores
recursos hídricos do País: o Rio Tejo e a albufeira de
Castelo do Bode. A que nível são explorados?
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque – Neste momento são
explorados ao nível do turismo de natureza, turismo
desportivo e do turismo ativo. A Albufeira de Castelo
de Bode com a criação da Praia Fluvial de Aldeia do
mato e o AQUAPOLIS com o espelho de água depois da
construção do açude insuflável, apresentam dois planos
de água para tudo aquilo que tenha a ver com turismo
ativo e turismo desportivo. São imensas as provas que
aqui são realizadas tanto ao nível local como regional
nacional e até internacional. Provas de canoagem, aguas
abertas, motonáutica ou pesca desportiva, para além de
apresentarem condições para a realização, regular, de
provas de competição.
Para além disto o turismo de natureza e a biodiversidade tanto do
Rio Tejo como da albufeira de Castelo de Bode, apresentam também
potencialidades que se podem começar a consubstanciar como um
destino turístico. Promovendo os recursos naturais e construídos no
sentido da sua otimização através do turismo de natureza, desportivo
e ativo. Mas também fazer com que estes recursos sejam geradores
de mais-valias: formar atletas, formar públicos, formar cidadãos mais
ativos, mais participativos, mais tolerantes, igualdade de oportunidades
e inclusão social
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque
Presidente da Câmara Munic ipal de Abrantes
ABRANTES
O concelho de Abrantes remonta aos primórdios da monarquia portuguesa.
O seu foral, datado de 1179, segue o modelo dos chamados “concelhos perfeitos”, cuja organização se inicia no preciso momento em que são chamados os colonos a povoá-la.
A colonização do monte abrantino foi facilitada pela situação geográfica do mesmo monte, situado a norte do Tejo, que lhe servia de fronteira natural e o protegia de previsíveis incursões. O Tejo, que era, ainda, importante fonte de riqueza (água, pesca, ouro, navegação, etc.).
Abrantes, situada em zona de confluência e transição de regiões, encruzilhada nos percursos entre o sul e o norte, a salvo de cheias, de nevoeiros persistentes, lavado de bons ares, conferiu as condições necessárias à atração de colonos.
Elevada à categoria de cidade em 1916, é hoje sede de um município com 714,73 km² de área e quase 40 000 habitantes, subdividido em 19 freguesias.
É uma cidade de serviços, mas também com forte vocação e tradição industrial que, cada vez mais, afirma a sua posição estratégica na região.
e n t r e v i s t aASSOCIAÇÃO
DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS
MUNICIPAIS
Revista mensal da ATAM - Nºs 370/371 - novembro-dezembro/2012
que a Câmara não pode prescindir dos colaboradores porque não
existem prestadores de serviços nessas áreas que possam substituir
essas pessoas. Necessariamente, as câmaras terão de contratar mais
colaboradores para fazer face a essas exigências da sua gestão. No
caso concreto de Abrantes, entendemos que sempre cumprimos
aquilo que era o nosso objectivo e que passa por fazer uma gestão
racional e equilibrada no sentido de não criar constrangimentos
financeiros, mas também há um mínimo de qualidade nos serviços e
no atendimento de que não queremos prescindir. Há um investimento
substancial que tem vindo a ser feito ao longo de anos e que não
pode ser ignorado e abandonado. Foram investidos muitos recursos
para proporcionar aos nossos cidadãos o comprometimento de uma
boa prestação dos serviços públicos, tendo em atenção o número de
colaboradores da autarquia. Vai-nos custar se tivermos de renunciar
àquilo que nos custou tanto a conquistar.
“O Municipal” - Ao nível do setor empresarial local, considera
razoável a intenção de proceder à redução das entidades
atualmente existentes, por extinção ou fusão?
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Essa é uma questão que não se
coloca à Câmara Municipal de Abrantes, uma vez que não temos
empresas municipais. Já tivemos uma empresa municipal mas
entretanto foi extinta. Atualmente, não temos essa necessidade,
porque os nossos serviços municipais sempre conseguiram cumprir
com os objetivos traçados em termos da gestão municipal.
“O Municipal”- A respeito do Documento Verde da Reforma
da Administração Local, que apreciação faz do mesmo,
nomeadamente, em face da discussão que tem gerado?
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Entendo que a discussão tem sido
muito centrada à volta da reforma administrativa, nomeadamente
na agregação de freguesias. Parece-me que falta uma discussão mais
acentuada sobre outras questões assinaladas no Documento Verde,
nomeadamente sobre a organização do território, o setor empresarial
local e a gestão municipal, intermunicipal e financiamento.
nas margens do rio Tejo e que é hoje o AQUAPOLIS – Parque Urbano
Ribeirinho. Esta grande intervenção nas margens do rio Tejo, que hoje é
um rio com as margens organizadas e requalificadas, permitiu dispor de
uma série de equipamentos que facilitam aos munícipes e aos visitantes
desfrutar do rio. Com o Aquapolis, quisemos reintegrar o rio, devolvê-lo
ao uso normal e ao convívio da população da cidade e da região. Temos
aqui um dos troços do Tejo, entre Abrantes e Lisboa, que sofreu uma
intervenção no sentido de o converter num Parque Urbano, que associa
a água ao lazer e à prática de atividades náuticas. O Aquapolis é hoje em
verdadeiro espaço de convivência social, cais de recreio, lazer, desporto,
turismo e cultura.
“O Municipal” - De que infraestruturas podem os abrantinos usufruir,
no que diz respeito a recreio e lazer no seio da natureza?
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - O concelho tem muitas ofertas
a esse nível, posicionando-nos como um concelho com uma oferta
diferenciada.
“O Municipal” - O que acha da diminuição dos cargos dirigentes,
em 15%, até ao final de 2012?
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - Não concordo com a fórmula que
está a ser proposta no Documento Verde, uma vez que não tem em
consideração as respetivas especificidades e as condições de gestão
de cada um dos municípios. Esta é uma das situações em que os
municípios deviam ser “avaliados” por aquilo que tem sido a sua
gestão, a sua área de influência territorial e pelo trabalho que têm
vindo a desenvolver em prol das comunidades locais. Cada autarquia
deve ter autonomia para decidir sobre essa matéria, em função dos
seus próprios projetos de desenvolvimento e do enquadramento
social, empresarial e territorial, podendo existir eventuais “balizas”
nesta percentagem, mas dando alguma flexibilidade.
“O Municipal” - Para além da limitação à admissão de novos
trabalhadores, que comentário faz ao objectivo de diminuir o
número dos que existem, de forma a atingir uma redução anual
de 2%, no período de 2012 a 2014?
Dr.ª Maria do Céu Albuquerque - No caso da Câmara de Abrantes,
temos uma redução de 7,8% de colaboradores. Estamos muito
para além daquilo que era a meta estabelecida. A flexibilidade de
gestão democrática, associada ao poder local, deve ser tida em
conta, nomeadamente para permitir fazer uma boa gestão com os
meios financeiros que a autarquia dispõe, rentabilizando e criando
oportunidades para melhor servir os nossos munícipes. Tendo em
conta o que sabemos da matriz expressa na reforma do poder local,
a reforma de colaboradores é um dos fatores que vai contribuir para
a redução desses 2%, mas há casos de determinadas funções em