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Entrevista com antropóloga Carla Cristina Garcia para TCC sobre transexualidade.
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Carla Cristina Garcia - antropóloga na USCS e na PUCSP
No dia 23 de setembro foi realizada a entrevista com a antropóloga e professora Carla Cristina
Garcia, na sala do INPES da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, no Campus
Barcelona. Devido ao horário da entrevista, que foi agendada para às 17h30, apenas dois
integrantes do grupo puderam comparecer: Camila e Tiago. Os outros dois estavam no
trabalho. A entrevista não pôde ser marcada em um horário diferente devido à disponibilidade
da professora.
A entrevista, que, pode-se dizer, estava mais para uma conversa, foi muito agradável e
descontraída. Do início ao fim, a professora se mostrou muito aberta a ouvir as perguntas, a
respondê-las de forma clara e objetiva e também a dizer quando estávamos pensando algo de
maneira equivocada ou não tínhamos entendido toda a profundidade e complexidade que
envolve o tema transexualidade. Algumas vezes, a professora exemplificava a resposta com
coisas que, para nós, passariam despercebidas, assim, pudemos compreender melhor, fato que
fez com que ficássemos mais à vontade, deixando a conversa mais natural.
Quando fizemos a pergunta se a escola estaria preparada para lidar com alunos transexuais, a
resposta foi bem simples: “Os livros de ciências utilizados nas escolas ainda vestem os homens
com jalecos, sendo eles cientistas ou médicos, e deixam as mulheres em situações que estão
abaixo desses personagens, não o contrário. Se a escola não está preparada nem para mudar
essa simples questão, como estaria para lidar com outras formas da sexualidade humana?”
Outra parte da conversa, também sobre ensino, foi que a prostituição, o aborto e a
homossexualidade estão colocados no mesmo grupo, no mesmo parêntese, como se um
estivesse ligado ao outro e não houvesse outras possibilidades para tais situações.
Já sobre a transexualidade, a antropóloga Carla Cristina nos deixou claro que nem todo
transexual deseja fazer a operação de mudança de sexo. Não querer a cirurgia é opcional e
pessoal sendo que, em alguns casos, o homem transexual, que não deseja a cirurgia, é
considerado travesti, e que uma coisa não tem relação com a outra. Nas palavras dela: “é como
se toda travesti ela fosse transexual e não é verdade, travesti é travesti, nem homem, nem mulher, é
travesti”.
Foi uma conversa muito interessante e, principalmente, esclarecedora sobre algumas partes e
detalhes que ou não sabíamos ou deixamos passar por não termos tantos anos de estudo e
vivência do tema.