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229 PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 29, n. 1, 229-242, jan./jun. 2011 http:// www.perspectiva.ufsc. doi: 10.5007/2175- 795X.2011v29n1p229 A nova pedagogia da hegemonia no Brasil Entrevista com Lúcia Neves 1 concedida a Eneida Oto Shiroma e Olinda Evangelista em 23 de junho de 2010 em Florianópolis, SC. Palavras-chave: Neves,LúciaMariaWanderley– entrevistas.Políticaeducacional.Hegemonia. Revista Perspectiva Professora Lúcia Neves, no seu livro Educação e política no Brasil de hoje, 2 asenhoradiscutiaapolíticaeducacionalnosanosde19 80eoencerravafazendoreferênciaaoquadrodofinalda queladécada.Apósobalanço,asenhoraanalisavaasper spectivasparaadécadade1990.De seu ponto de vista, o cenário assim se desenhava: a Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional estava em discussão, a revisão constitucionalemandamentoeasprimeiraseleiçõesdi retasparapresidentedaRepúblicaiamacontecer.Asen horaindicavaalgumaspendências,chamandoaatençãop ara o fato de que tudo dependeria do processo histórico que se seguissenos anos de 1990. Poderíamos ter uma saída mais democrática ou menosdemocrática, uma saída que atendesse mais aos interesses do trabalho oumais do capital. Na sequência, foi publicado o livro A nova pedagogia da hegemonia,em2005. 3 Nesselivro,ficaesclarecidoquesetratava,aofinald osanosde1980,deumapendênciapolíticaquediziaresp eitoaosprocessosdeconquistaemanutençãodehegemon ia.Pendênciaessaquederivadeumadécada de muitas conquistas no Brasil, mas que, nos anos 1990 e 2000,enfrentaramumrecuo.Contudo,desuaperspectiv

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AnovapedagogiadahegemonianoBrasil 229

PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 29, n. 1, 229-242, jan./jun. 2011

http://www.perspectiva.ufsc.br

doi: 10.5007/2175-795X.2011v29n1p229

A nova pedagogia da hegemonia no Brasil

Entrevista com Lúcia Neves1 concedida a Eneida Oto Shiroma e Olinda Evangelista em 23 de junho de 2010 em Florianópolis, SC.Palavras-chave: Neves,LúciaMariaWanderley–entrevistas.Políticaeducacional.Hegemonia.Revista Perspectiva – Professora Lúcia Neves, no seu livro Educação e política no Brasil de hoje,2

asenhoradiscutiaapolíticaeducacionalnosanosde1980eoencerravafazendoreferênciaaoquadrodofinaldaqueladécada.Apósobalanço,asenhoraanalisavaasperspectivasparaadécadade1990.De seu ponto de vista, o cenário assim se desenhava: a Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional estava em discussão, a revisão constitucionalemandamentoeasprimeiraseleiçõesdiretasparapresidentedaRepúblicaiamacontecer.Asenhoraindicavaalgumaspendências,chamandoaatençãopara o fato de que tudo dependeria do processo histórico que se seguissenos anos de 1990. Poderíamos ter uma saída mais democrática ou menosdemocrática, uma saída que atendesse mais aos interesses do trabalho oumais do capital. Na sequência, foi publicado o livro A nova pedagogia da hegemonia,em2005.3

Nesselivro,ficaesclarecidoquesetratava,aofinaldosanosde1980,deumapendênciapolíticaquediziarespeitoaosprocessosdeconquistaemanutençãodehegemonia.Pendênciaessaquederivadeumadécada de muitas conquistas no Brasil, mas que, nos anos 1990 e 2000,enfrentaramumrecuo.Contudo,desuaperspectiva,começaramaaparecersinaisdepensamentocrítico,aemergênciadeumaperspectivacríticaedeintelectuais com ela comprometidos. Essa é só uma primeira

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localizaçãopara podermos iniciar a discussão sobre a nova pedagogia da hegemoniaesuasrelaçõestantocomosanosde1980quantocomadécadade1990.Lúcia Neves –OlivroEducação e política no Brasil de hoje éumasíntesedaminha tese de doutorado que se chamou A hora e a vez da escola pública? Um estudo sobre os determinantes da política educacional no Brasil de hoje.4AtesequestionaosdeterminantesdapolíticaeducacionalnoBrasil contemporâneo.CarlosNelsonCoutinho,meuorientador,enviouomaterialparaaeditoraCortezeeutivedereescrevê-loparaencaixá-lononúmerodepáginasqueaeditorapermitia.Eufizumaadaptação.Utilizeioutraspartes

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da tese em outro livro, intitulado Brasil 2000: nova divisão de trabalho na Educação.5

Recentemente,trocandoideiascomCarlosNelsonCoutinho,eleobservouqueéramosmuitootimistasnosanosde1980.Defato,quandofizateseindagando“Ahoraeavezdaescolapública?”,algunsmembrosdabanca não entenderam a interrogação. Eles queriam que eu afirmasse queseria a hora e a vez da escola pública. Parto do princípio de que a políticaéumprocesso.Adefiniçãodapolíticaeducacionaldeumpaísdependedodesenvolvimentodasforçasprodutivasedoestágiodacorrelaçãodasforçassociais.Nãopossodizercomoseráapolíticaemumtempofuturo.Sãoasforças sociais e o próprio desenvolvimento das forças produtivas que vãodeterminarparaondevaiapolítica.Nosanosdeaberturapolítica,fuisindicalistaeessaexperiênciacorrespondea50%doqueeupensoefaçohoje.Nãofoisóaexperiênciauniversitáriaquemedeuessaperspectivateóricaepolítica;foitambémapráticapolítico-sindical.Noperíodofinaldaditadura,nosanosdetransiçãopolítica,eutinhaaexpectativaotimistadequenós,brasileiros,pudéssemosconquistarmaisdireitossociais,masarealidademostrouexatamenteocontrário.Oquefoiquenoslevouaestudaroquedenominamosdeanovapedagogiadahegemonia?Nós,doColetivodeEstudosdePolíticaEducacional, atualmentegrupodepesquisadoCNPq/Fiocruz/EPSJV,professoreseestudantes de pós-graduação – hoje doutores, chefes de

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departamento, diretoresdefaculdadedaeducaçãosuperiorpública–éramosmilitantesdomovimento social nos anos de 1980. Indagávamos: o que aconteceu paraaquela efervescência se diluir? Não tínhamos a menor noção e resolvemosestudar. Eu, como coordenadora do grupo, disse aos jovens: a gente podelevarpancadadadireita,docentroedaesquerda,vocêstopam?Vocêsestãocomeçando a carreira, eu não. Estou em uma posição mais confortável(eraprofessoraaposentadadaUFPE).Elestoparam.OColetivo,que completou dez anos em 2010, tem por objetivo produzir conhecimentoparaaaçãopolíticatransformadora.Sempreselecionamostemasparaestudocuja literatura ainda não esteja completamente explorada na perspectivateórico-metodológica do materialismo histórico. Antes da pesquisa sobrea nova pedagogia da hegemonia, realizamos uma outra que contribuiu deformasignificativaparaquechegássemosàquelesresultados.Estudamosoempresariamentodaeducaçãosuperiornosanosde1990.Falava-semuito,àépoca,sobreaprivatizaçãodasinstituiçõesdeeducaçãosuperiorpúblicas,

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maspoucoseescreviasobreaexpansãodoempresariamentodaeducaçãosuperior,ouseja,sobrearobustaprivatizaçãoqueseprocessavanesseníveldeensino.Começamosatrabalharnanovapedagogiadahegemoniapeloesclarecimentodoconceitodesociedadecivil,porquepercebemosqueeraaliqueestavaachavedoproblema.Queríamossaberqualeraoconceitodesociedadecivilquetínhamosnosanosde1980.Indagávamostambémsobreoconceitodesociedadecivilqueosorganismosinternacionaisestavampropondoparaosanos2000.OconceitodesociedadecivildeGramscinoslevousimultaneamenteaoconceitodeEstadoampliado.Osensocomumàépoca,devidoaosanosdeditaduramilitar,apreendiaaaparelhagemestatalcomoumainstânciadaconservação,“oreinodomal”,easociedadecivilcomoumespaçodatransformação,“oreinodobem”.Istoporqueeracomum,naquele período,dividirademocraciaemduas:ademocraciarepresentativa(democraciaburguesa)eademocraciadireta(socialista,proletáriaou transformadora).Asociedadecivil,comoumespaçodelutadeclasses,ouseja, um espaço de conservação e também de transformação, segundo oestágio das correlações das forças sociais, e o Estado capitalista entendido,comPoulantzas,comoumacondensaçãoderelaçõesdeforçasentreclasses e frações de classe,

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Anovapedagogiadahegemoni 2fizeram-nos superar a visão dicotômica entredemocracia representativa e democracia direta e perceber que a sociedadecivilnãoseria,necessariamente,“oreinodobem”,massimumadimensãodo ser social que pode também contribuir decididamente para consolidarahegemoniadosgruposdominantes.Fomosdescobrindo,poucoapouco,que a relação entre o Estado em sentido estrito e a sociedade civil vinhase modificando rapidamente desde a segunda metade dos anos de 1990.Enquantoaburguesiabrasileiraatémeadosdosanosde1990delegava,emboa parte, à aparelhagem estatal as tarefas de organização do consenso, apartirdeentão,passaaassumirdiretamente,demodomaissistemático,asiniciativasdebuscadoconsentimento,instaurando,apartirdaí,umanovapedagogiadahegemonia.Otermo“pedagogiadahegemonia”foiutilizadopornósapartirdaafideGramscidequetodahegemoniaépedagógica.Nessamesmaépoca,começouaaparecernosprogramasdepós-graduaçãoemeducaçãoumanovaliteraturaqueprocuravaexplicarasmudançasnomundocontemporâneo.Merecemdestaque,nosanosiniciaisdoséculo,nomescomoBoaventura

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deSouzaSantos,EdgarMorineAnthonyGiddens.Resolvemoslê-los.OlivroA Terceira Via,6 de Giddens, foi inicialmente rejeitado pela maioriadosintegrantesdogrupo.Acharam-nomuitomalescritoesemsignificadohistórico. Depois de uma observação mais aguda, o grupo constatou queestávamosdiantedeumachado:umprojetopolíticodaburguesiamundialparaoséculoXXI.AleituradeA Terceira Via ajudou-nosaidentificarnesseprojetooconceitodesociedade,aformulaçãodeumEstadodenovotipo,acriaçãodeumespaçosocialnovo–oterceirosetor–ousimplesmenteo social,constituídoporuma“sociedadecivilativa”,espaçodeharmonizaçãodeinteresses,deconcertaçãosocial.Essesfundamentosteóricosepolíticosnosajudaramaverqueestavaemcursoumaestratégiamundialcapitalistaderepolitizaçãodapolíticaqueseguemudandorapidamenteaarquiteturaeadinâmicadasociedadecivilbrasileiranaatualidade.Essamudançaseefetivapormeiodetrêsmovimentosconcomitantes:oprimeirorefere-seàconformaçãodenovoscidadãosmedianteaconsolidaçãodosvaloresdoindividualismo,doempreendedorismoedocolaboracionismo.Sãoresponsáveisprincipaispeladifusãodessesvalores:aescola,aigrejaeamídia.Osegundocorrespondeàassimilaçãodosmovimentossociaisclassistasaoprojetoneoliberal“requentadoerequintado”daTerceiraVia.Deumaperspectivademocráticademassas,poucoapouco,opróprioPartidodosTrabalhadoresfoiredefinindosuasproposiçõeseassimilandopostuladosdaTerceiraVia.OsindicalismoautônomofoicriandovínculoscomesseprojetopolíticoantesmesmodogovernoLuizInácioLuladaSilva.Isto,naáreadaeducação,ficaclaro,porexemplo,quandoaCNTE(ConfederaçãoNacionaldosTrabalhadoresemEducação),emtrocadeumpisosalarialnacional,freouaorganizaçãodosprofessoresdaeducaçãobásicanaprimeirametadedosanosde1990.Emlugardeumpisosalarialnacional,ogovernoFHCacenouco

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moFundef(FundodeManutençãoeDesenvolvimentodoEnsinoFundamentaledeValorizaçãodoMagistério).Aperdadeumpisonacionalàépocaeadesarticulaçãodaorganizaçãodosprofessoressignificaramumrecuoexpressivodalutadosdocentesdaeducaçãobásica.Alémdaformaçãodenovosvalores,dadesarticulaçãodeumprojetopolíticodasclassestrabalhadoras,inicia-seummovimentocaracterizadopelaproliferaçãodenovosaparelhosprivadosdehegemonia,denominadosgenericamentedeONG(organizaçõesnãogovernamentais).ElaschegaramaoBrasilnos

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anosfinaisdadécadade1980,trazidas,emboaparte,porexiladospolíticosqueacreditavamnumanovaformadefazerpolíticaequebuscaram,paraisso,financiamentosconfessionaiselaicosdeorganismosestrangeiros.Sónasegundametadedosanosde1990,asempresasbrasileirascomeçamaexpandirsistematicamentesuasfundaçõesedesenvolvem,nosanos2000,umaredecomplexadeintelectuaisdanovapedagogiadahegemoniacomvistasàdifusãodaideologiadaresponsabilidadesocial.Nosanosde1990eramuitodifícilfazercríticasàsONG,porqueelaseramvistasporpartesignificativadosmilitantesdosmovimentossociaiscomoorganizações“dobem”,porqueseachavamsituadasnasociedadecivil.NóscaracterizamosasONGcomoorganismosquetinhamcomofinalidadeprincipalpropiciararedefiniçãodarelaçãoentreEstadoesociedadecivil,emboraalgumasdelasaindaguardassemaideologiadoprojetodemocráticodemassasdosanosde1980.Alémdoprocessoderepolitizaçãodapolítica,ogrupoinvestigoutambémasmudançasocorridasnaaparelhagemestatal.OEstadocapitalistaneoliberalnoBrasilredefiniutambémasuaarquiteturaeasuadinâmica,realizandoumareformanasuaaparelhagem,comvistasametamorfosearoEstadodeBem-EstarSocial–produtordebenseserviços–emumEstadogerencial,responsávelpelainstauraçãodachamada“sociedadedobem-estar”.UmoutroconceitogramscianoquenosajudouaentenderasestratégiasdanovapedagogiadahegemoniafoiodeEstadoeducador.Pormeiodessedele,pudemoscaptarasnovasestratégiasedominaçãodeclassedaburguesiabrasileiranaatualidade.Aburguesia,diretamenteepormeiodoEstadogerencial,semabandonarousodacoerção,passouautilizarfartamenteestratégiasdeobtençãodoconsenso.EssemovimentosócomeçaaserpercebidocommaiorclarezaquandoosestudosoficiaispassaramadivulgarocrescimentodasFasfil(FundaçõesPrivadaseAssociaçõessemFinsLucrativos)noBrasildosanos2000.Aquelaimpressãoinicialquetínhamosdequeiríamossermuitocriticadosnãoseconfirmou.Otempodapesquisafoiotemponec

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essárioparaqueosacontecimentosrecentesfossemmaisbemcompreendidos.Quandoiniciamosonossoestudo,nãoencontrávamosnenhumaliteraturaque nosdessebaseparaseguircomareflexãoqueiniciamos.Logoemseguida,encontramosumlindotextodoPauloArantes,Esquerda e direita no espelho das ONGS.7

Ficamosmuitofelizesdeencontraralguémpensandopróximo

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anós.Simultaneamente,lemosasentrevistasdocineastaSérgioBianchi,diretordofilmeQuanto vale ou é por quilo?,lançadoem2005.Percebemosquenãoestávamostãosozinhos.Onossoesforçoparecetervalidoapena.Revista Perspectiva –ProfessoraLúciaNeves,quantoaesseúltimoaspecto,queríamos fazer uma relação entre essa política e o papel dos intelectuais.Nocasodaeducação,nogovernoFHCtínhamosofenômenodacooptaçãoeofenômenodaadesão,sesepodefalarassimdosintelectuais,nogovernoFHC. Naquele governo havia grandes figuras, sabíamos quem eram osautoresdapolítica,quemeramosintelectuaisqueaproduziam.Mas parece que no governo Lula não temos essas grandes figuras. A impressãoque temos é que essa intelectualidade está cada vez mais capilarizada. NogovernoFHC,conseguimosfazeracríticaaessesintelectuais.Lemosoqueeles escreveram. Mas no governo Lula esse fenômeno não é tão óbvio, tãoevidente. Como analisa esse processo, essa espécie de trabalho intelectualquenãoseconcentraemumgrandeintelectualdentrodogoverno.Vínhamos pensando na idéia de intelectual colaboracionista, que talveznão seja orgânico, mas é colaborador do Estado, diferente do cooptado edoreconvertido.Ointelectualcolaboracionistatemclarezasobreoquefaz.Enfim,comoéquevêissonaáreadeeducaçãopropriamente.Lúcia Neves –Venhoestudandoaspolíticaseducacionaisdesdeosanosde1980.Emumprimeiromomento,consideravaqueatransiçãopolíticanoBrasilhaviaseprocessadonoperíodode1985a1995.Hoje

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ficamaisclaroqueatransiçãopolíticaqueseiniciouem1985seestendeuatéosegundogovernoFHC.OsgovernosLuladaSilva,porsuavez,implementaramaspolíticasdocapitalismoneoliberaldeTerceiraVia.Revista Perspectiva – Um parêntese: a reforma da educação fica clara nogovernoFHC,masorecrudescimentodareformaacontecenogovernoLula.Lúcia Neves –OsdoisgovernosFHCrealizaramodesmontedasbasesdocapitalismo desenvolvimentista e definiram um novo arcabouço jurídicoparaaexecuçãodaspolíticasneoliberaisdeTerceiraVia.Esseprocessoestá,em parte, registrado no livro O desmonte da nação – Balanço do governo FHC,8

organizadoporIvoLesbaupin.Valeapenalembrarque,noprimeiroano do primeiro governo FHC, foram votadas pelo Congresso NacionalinúmerasemendasconstitucionaisqueredefiniramimportantespreceitosdaConstituiçãoFederalde1988.Aolongodosoitoanosdeseugoverno,foram

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aprovadostantosdispositivoslegaisqueapopulaçãonãoconseguiuassimilar.Nesseperíodo,foiefetivadaareformadaaparelhagemestatalqueforneceuasbasesparaqueseefetivasseanovarelaçãoentreEstadoesociedadecivil,queviabilizouaimplementaçãodepolíticassociaisneoliberaisprivatistasefocalizadasnoatendimentodoschamados“excluídos”.QuandoteveiníciooprimeirogovernodeLuladaSilva,jáexistiatodaumaestruturaeconômica,jurídicaepolíticamontadaparaviabilizarapropostaneoliberaldeTerceiraViadepôremação“umEstadomaispróximodopovo”,propostadoBancoMundialdesdeoanode1997.EssesfatosfazemparecerosgovernosLuladaSilvamaispopularesdoqueosgovernosFHC.Osfundamentosdosseusprojetospolíticossão,noentanto,idênticos.Vamosfalardarelaçãoentreintelectuaisepolítica.OColetivo,noseulivromaisrecente,Direita para o social e esquerda para o capital. Intelectuais da nova pedagogia da hegemonia no Brasil,9procurou fazer uma relação entreconhecimentoehegemonia.Paraisso,realizouprimeiramenteumareleiturada concepção gramsciana de intelectual. No senso comum, intelectual éaquelequesabemais,quetemmaisconhecimentodascoisas,éumletrado.Para Gramsci, no entanto, intelectual é aquele que organiza a cultura emdiferentesníveis.Algunssãoformuladoresdeconcepçõesdemundo,outrossão divulgadores dessas concepções. Segundo esta concepção gramsciana,osintelectuaisnãoserestringemàvanguardaintelectualoupolítica. O professor da educação superior e também o da educação básica são intelectuais orgânicos de projetos de sociabilidade. Eles podem contribuirparaconsolidarahegemoniadeumprojetopolíticoconservadoroumesmocolaborar na construção de uma outra direção moral e intelectual em

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umdeterminadomomentohistórico.NoBrasil,ostrabalhosdoshistoriadoresSôniaMendonçaeEurelinoCoelho10contribuemdecisivamentepara ampliaroconceitodeintelectualnasuadimensãoético-políticaeforamdegrande valor para o desenvolvimento dos nossos estudos. Estes revelaramque,naatualidade,osintelectuais,aoserestringiremàsuadimensão individual,sãotambémosmaisdiferentesorganismosculturaisepolíticosda sociedade. A Rede Globo de Televisão, por exemplo, exerce a funçãode intelectual orgânico da nova pedagogia da hegemonia. Assim tambémfuncionamcomointelectuaisdanovapedagogiaaFundaçãoGetulioVargaseassempremais“eficientes”empresaseducacionais.Onossoestudodestacouaindaqueaformaçãodointelectualseprocessasimultaneamentenasescolas

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enosmaisdiferentesaparelhosprivadosdehegemoniadasociedadecivil.Nessaperspectiva,osprofessorestêmumpapeldecisivonaconsolidaçãodeprojetossocietários.ÉporissoqueaformaçãodeeducadoresvemseconstituindoempolíticaestratégicadosgovernosneoliberaisdaTerceiraVianoBrasilenomundo.AsclassesdominantesnoBrasildehojesabemqueéprecisoeducaroseducadoressegundoosfundamentostécnicoseético-políticosdeseuprojetodesociedadeedesociabilidade.Houve,defato,nosgovernosFHCeLuladaSilva,umprocessoprogressivodeassimilaçãomolecular(individual)edegrupos,deintelectuaisaospostuladosdoprojetohegemônico.Constatamostambémquehouve,duranteessesperíodosdegoverno,umaumentosignificativonovolumeenamorfologia dos intelectuaisbrasileiros.Acapilaridadenamaneiradeatuarseconstituicomoaprincipalcaracterísticadosintelectuaisdanovapedagogiadahegemonia,hojeamaioriadosintelectuaisnoBrasil.Devidoaosurgimentodenovosmovimentossociaisvoltadosparaaorganização política em torno de questões não trabalhistas e também porcausa do desenvolvimento de políticas sociais privatistas e fragmentárias,expandiram-se consideravelmente os aparelhos privados de hegemonia nasociedadecivil.Em2005,porexemplo,existiamnopaísemtornode330mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos (Fasfil), sem falarnonúmerodevoluntários,cercade18milhõesnoiníciodestadécada,edasempresasprestadorasdeserviçossociais.Acadamomentovãoseampliandoas redes sociais que se tornam simultaneamente mais empresariais.

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Umsegundo passo na nossa pesquisa foi identificar os fundamentos históricose filosóficos da formação/atuação dos intelectuais da nova pedagogia dahegemonia. Pensamos inicialmente que poderíamos encontrar um autorque norteasse a nossa investigação, como ocorreu com Anthony Giddensno livro anterior. Cheguei a pensar inclusive em J. Harbermas, devidoasuateoriadoagircomunicativo;depois,concluímosque,emrazão da ampla gama de influências de novas teorias sociológicas, seria mais pertinente rastrear autores que haviam teorizado sobre o surgimento deum novo mundo, utilizando abordagens as mais distintas. Em seguida,procuramos identificar a relação entre suas proposições e os enunciadoscentrais do projeto político da Terceira Via. Verificamos que essas ideiasforamassimiladasporórgãosdefi esdepolíticaeforampoucoapouco, em diferentes linguagens, se estendendo por todo o tecido social,

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consolidandodessaformaumnovosensocomum.Algunsconceitos,como“parceria”,própriosdaideologiadominante,fazempartedessenovosensocomum.Elesvêmsendoassimiladosacriticamenteinclusiveporintelectuaiscontráriosaoprojetohegemônico.OsautoresestudadospornósforamAdamSchaff,AlainTouraine,AntonioNegri,DanielBell,EdgarMorin,ManuelCastels,MichaelHardt,PeterDrucker,RobertPutnameZygmuntBauman.Analisamostambémcomoessasideiasforamsendohistoricamenteengendradas,destacandoopapeldaCIAedosorganismosinternacionaisnaformação/atuaçãodeintelectuaisnomundo,naAméricaLatinaenoBrasil.Porfim,estudamosduasinstituições,intelectuaisdanovapedagogiadahegemonia:aFundaçãoGetulioVargas,expressãodadireitaparaosocial,eoIbase(InstitutoBrasileirodeAnálisesSociaiseEconômicas),expressãodaesquerdaparaocapital,comvistasaverificarcomonocotidianodesuapráticapolítico-ideológicaessesintelectuaiscontribuemparadifundirospreceitosdanovapedagogiadahegemonia.Revista Perspectiva – Vocêsfazemumadistinçãoentredoistiposde neoliberalismo: neoliberalismo e neoliberalismo da Terceira Via. Poderiaexplicarissomelhor?Lúcia Neves – Nos anos iniciais do capitalismo neoliberal, as medidastomadaspelosgovernosnacionais,denominadasdeConsensode Washington, reduziram a intervenção direta do Estado na economia enas áreas sociais. Essas medidas trouxeram como consequência imediatao aumento da pobreza em nível mundial. Mercado com justiça social foia solução encontrada pelos governos capitalistas para a correção de rumosdo projeto político neoliberal para o século XXI. Nem social-democraci

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aclássica,nem“fundamentalismodemercado”,masuma Terceira Via. Neste refinamento teórico e prático, que chamamos de neoliberalismo deTerceira Via, são mantidos os fundamentos do capitalismo neoliberal,acrescidos de medidas paliativas para minorar as condições miseráveis devida de grande parte da população mundial e, ao mesmo tempo, garantira“pazsocial”.SãoemblemáticasentreessasmedidasnoBrasiloProgramaComunidade Solidária, dos governos FHC, e o Programa Fome Zero eBolsa Família, dos governos Lula da Silva. No neoliberalismo daTerceiraViareestruturam-seasrelaçõesdepoder,aconcertaçãosocial(concertación)se estabelece como prática política majoritária em que o bloco históricohegemônicocedeàspressõessociaisfragmentárias,paramanterintactasas

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basesdoprojetohegemôniconoseutodo.Essemovimentoéobservávelnareformadaeducaçãosuperiorqueestáemprocesso.OsgovernantesoferecemaosestudantesoProuni[ProgramaUniversidadeparaTodos],oferecemaosprofessoresumanovacarreiraemelhoriasalarial,cativamospesquisadorespelofinanciandoindividualdeseusprojetos,distribuemummaiorvolumederecursosaosdirigentesdasinstituiçõesdeensinosuperior,masimplementamnaíntegraoprojetodeEducaçãoTerciáriapropostopelosBancoMundial,UnescoeOCDE.Revista Perspectiva – Há um fenômeno de cooptação dos professores na universidade pela política de editais. Essa política é uma forma de seconseguirumsobre-salárioe,aomesmotempo,aderiràspolíticasdoLula,dogoverno.Lúcia Neves –Ofi pessoaldapesquisatemseconfi

emimportanteinstrumentode“sedução”dedocentes.Oprofessordaeducaçãosuperior,emboaparte,éumprofissionaldeumaáreaespecíficatravestidoemeducador.Paraele,emgeral,bastaquetenhaosrecursospararealizaroseutrabalho.Oprojetopolíticodesociedadeoumesmoomodelodeeducaçãoutilizadopelosdirigentesdopaísoudasinstituiçõesdeensinosuperiornãose constituem para ele uma questão fundamental. A prática de editais, aomesmo tempo em que satisfaz o pesquisador individualmente, transformasimultaneamenteparceladasinstituiçõespúblicasem“ilhasdeexcelência”,comauditóriosluxuosos,salasdotadasdetodoumarsenaltecnológicodeponta,emáreasprioritáriasdaspolíticasofiEntretanto,osdepartamentosdeensinodeáreasnãoestratégicasparaapolíticaofipermanecememestadolastimáveldeconservaçãoeuso:cadeirasquebradas,goteirasnoteto,banheirosempéssimoestado.Esseseditaisfuncionamdecididamentecomoinstrumentosdanovapedagogiadahegemoniavoltadosparaasinstituiçõesdeeducaçãosuperior.Essasestratégias,noentanto,variamdeacordocomafatiadapopulaçãoquesequeratingir.Oprofess

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ordassériesiniciais,porexemplo,apósapromulgaçãodanovaLeideDiretrizeseBasesdaEducaçãoNacional,em1996,viu-seimpelidoacompletarsuaformaçãoprofiemumprazodedezanos.Alémdepagarporessacomplementação, esse professor teve a formação fortemente influenciada pela ideologia daconcertaçãosocialnasinstituiçõesprivadasdeensino,umaformaçãovoltadamajoritariamente para a conservação social nesses novos tempos de novoimperialismo. Outra estratégia da nova pedagogia da hegemonia, voltada

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paraaseduçãodeeducadoresdaeducaçãobásicaaoprojetohegemônicodesociedadeedeeducaçãonaatualidadebrasileira,vemsendoautilização,emlargaescala,daeducaçãoadistânciaque,aomesmotempoemquealigeiraacapacitaçãodocente,difundeosfundamentosdanovapropostadeeducação,reforçandooselementosconservadoresepragmáticosdaformaçãodocente.Essasestratégiasdeseduçãodocenteaosfundamentosdanovapedagogiadahegemoniacertamentetêmcontribuídoparaimprimiràformaçãodasnovasgeraçõesdebrasileirosumcarátermaispragmáticoeconservador.Revista Perspectiva – Professora Lúcia, fizemos um levantamento sobretodasasaçõesqueoLulaestádesenvolvendohojenoquetangeàformaçãodeprofessores.AgentelistoumaisdequarentainiciativasdentrodoPlanode Desenvolvimento da Educação. Para nós, isso configura claramente oEstadoEducador.Lúcia Neves – Nós, no Coletivo, estamos também atentos à política deformaçãodeintelectuaisorgânicosdanovapedagogiadahegemonia, entre os quais se incluem os professores. Creio que as pesquisas que vocêsdesenvolvem aqui no Programa de Pós-Graduação serão de grande valiaparaonossonovoestudo:aformaçãoparaotrabalhosimplesnoBrasildehoje. Há uma orientanda de um integrante do Coletivo, André Martins,emJuizdeFora,MinasGerais,queestácomeçandoaestudaraEscola que Vale,programadaCompanhiaValedoRioDocedesenvolvidoeminúmerosmunicípiosdecincoestadosbrasileiros,tendoc

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omoprioridadeaformaçãodeprofessores.DenominadasdeCasadeProfessor,alisãoformadosprofessores da educação básica municipal, segundo os objetivos político-pedagógicos da empresa. Eu acho que, como educadores, temos que estaratentosaessasaçõesrecentes,realizandopesquisasquedemonstremparaasociedadecomoesseprocessovemocorrendo.Revista Perspectiva – Como diz o Roberto Leher,11no prefácio do livro,“o campo ideológico dominante procura limitar os trabalhadores a duasopções:apoiaraopçãomenospioroureferendaradiretaclássica”.Lúcia Neves –Gramscidiziaquesomenteumafilosofiaquesetransformaemmovimentoculturaltorna-seorgânica.HojenãoexistenoBrasil nenhuma ideologia orgânica numa perspectiva de transformação. Mas eusinto, pelo menos na área de educação, um desejo de querer entender, osjovensprincipalmente,oporquêdanossarealidadeatual.Eugosteideuma

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entrevistaqueoGaudêncioFrigottodeurecentementenaFiocruz,emquediziaquenós,osmarxistas,somos,nesteiníciodeséculo,osnovíssimos.Naideologiadasociedadedoconhecimento,difundidalargamentenasduasúltimasdécadas,somosconsideradoscomodinossauros.Mas,paraessanovageração,segundoFrigotto,somosapossibilidadedonovíssimo.Seeutivesseouvidoessaspalavrasháquinzediasatrás,euiapensarqueeleestavamuitootimista,queerampalavrasdeumativistapolíticoquerendomanteracesaachama.OColetivoescolheuumtítulobastanteostensivoparaoseunovolivro:Direita para o capital, esquerda para o social.Eusinceramenteachavaque não iríamos ter leitores para a obra, justamente em um ano eleitoral,mas aconteceu o contrário. Eu estou perplexa. A expressão pororoca do novo mundo,paraessemovimentoqueseprocessounasdécadasde1990e2000,noqualduasforçaspolíticasseunemparareproduzir,cadaumaaoseu modo, as relações sociais capitalistas entre nós, parece ter obtido largaaceitação. Creio que a parte ainda pequena da sociedade está querendoumaalternativa,algodiferentedoqueestáposto.PercebotambémquemuitaspessoasvotaramemDilmaparapresidenteacontragosto.Euestouatentaaessemomentohistórico,masminhacaixinhadacontra-hegemonia(arquivoondefaçooregistrodasmanifestaçõesdeinsatisfaçãodosdiferentessegmentosdasociedade)aindaestábastantevazia.ThompsonobservouqueaformaçãodaclasseoperáriadaInglaterraaconteceuexatamentenomomentoemquepareciaqueestavatudomuitoparado,quandodefatoascoisasestavamemmovimento.VamosverseessasidéiasdeThompsonseprestarãoparadescreveraaçãopolíticacontra-hegemônicanoBrasilemumfuturomuitopróximo.

Notas1 LúciaMariaWanderleyNeves.DoutoraemEducaçãopela

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UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro(UFRJ),professoraaposentadadaUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),professoraparticipantedoProgramadePós-graduaçãoemEducaçãodaUniversidadeFederalFluminense(UFF)epesquisadoradaEscolaPolitécnicadeSaúdeJoaquimVenânciodaFundaçãoOswaldoCruz(EPSJV/FIOCRUZ).

2 Cf.Educação e Política no Brasil de Hoje.3.ed.,SãoPaulo:Cortez,1994.

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3 Cf.A nova pedagogia da hegemonia:estratégiasdocapitalparaeducaroconsenso.SãoPaulo:Xamã,2005.

4 NEVES,LúciaMariaWanderley.A hora e a vez da escola pública? UmestudosobreosdeterminantesdapolíticaeducacionaldoBrasildehoje.1991.346f.Tese(DoutoradoemEducação)–FaculdadedeEducação,UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro.

5 NEVES,LúciaMariaWanderley.Educação e política no limiar do séculoXXI. Campinas: Autores Associados, 2000.

6 GIDDENS,Anthony.Terceira Via:reflexõessobreoimpassepolíticoatual e o futuro da social-democracia. 4. ed. Rio de Janeiro: Record,2001.

7 ARANTES,PauloEduardo.EsquerdaedireitanoespelhodasONGs.Cadernos Abong,27,SãoPaulo,2000.

8 Cf.Lesbaupin,Ivo(Org.).O desmonte da nação: balanço do governoFHC. Petrópolis,RJ:Vozes,1999.

9 NEVES, Lúcia Maria Wanderley. Direita para o social e esquerda para o capital. Intelectuais da nova pedagogia da hegemonia no Brasil. SãoPaulo:Xamã,2010.

10 COELHO,Eurelino.Uma esquerda para o capital. CrisedomarxismoemudançasnosprojetospolíticosdosgruposdirigentesdoPT(1979-1998). Tese (Doutorado em História) – Universidade FederalFluminense,2005.

11 LEHER,Roberto.Prefácio.Umapenetranteperspectivat

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eóricaparacompreendercomoosdominantesdominam.NEVES,LúciaM.W.(Org.).A direita para o social e a esquerda para o capital: intelectuaisda nova pedagogia da hegemonia no Brasil. São Paulo: Xamã, 2010.p.11-22.

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Lúcia Maria Wanderley NevesE-mail: [email protected]

Eneida Oto ShiromaE-mail: [email protected]

Olinda EvangelistaE-mail: [email protected]