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www.sinergiaspcut.org.br Sindicato dos Energéticos Estado de SP ENTREVIST A Estado genocida A socióloga Lajara Janaina Lopes Correa, militante do Movimento Negro Unificado, afirma que o extermínio da juventude negra perpassa a história do Brasil A socióloga Lajara Janaina Lopes Correa, formada em Ciências Sociais, mestre em Edu- cação pela PUC-Campi- nas, afirma que não so- mente os direitos soci- ais são negados à popu- lação negra, mas tam- bém os direitos civis. “A cidadania, em si, é com- prometida.” Nascida em São Paulo, iniciou a sua militância no movimento negro no Festival Comu- nitário Negro Zumbi (Feconezu), depois par- ticipou do movimento hip hop e do movimento de mulheres negras. Atualmente, está no doutorado em Educação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e participa do Movimento Negro Unificado (MNU) de Campinas. Para ela, o Dia da Consciência Negra é fruto da luta do movimento negro brasileiro e é uma data de reflexão sobre as relações raciais. Na sua avaliação, o extermínio da juventude negra, como comprovam pesquisas, vem de um “Estado Genocida”. Sinergia CUT - Quando e onde começa o genocídio da juventude negra no Brasil? Lajara Janaina Lopes Correa - Para mim, quan- do os jovens, de diversas partes do continente africa- no, tiveram suas vidas em suas comunidades inter- rompidas, pois foram sequestrados, seus corpos comercializados e trazidos à força para o Brasil é que começa o genocídio da juventude negra no Brasil. Da Colônia, passando pelo Império e chegando à Repú- blica, se tem algo que perpassa a história do Brasil é a barbárie contra a juventude negra. O que mudou do fim da escravidão para cá? Aliás, Campinas foi a última cidade a abolir a escravidão no País e, sem contar, que muitos consideram a abolição uma falsa liberdade, já que a condição de vida dos antigos escravos con- tinuou precária. Essa postergação da liberdade tem hoje algum peso sócio-cultural para a popu- lação negra residente no município? A escravidão foi um crime que lesou a humanida- de, da abolição aos dias atuais tivemos pouquíssimas conquistas. Após a abolição, que pôs fim à proprieda- de de um homem sobre outro homem, não houve qual- quer ação para mitigar os efeitos maléficos dela so- bre a população negra. Apesar do fim da escravidão, continuamos excluídos de qualquer direito social, sem acesso à educação, emprego e moradia. As primei- ras iniciativas do Estado brasileiro para reduzir a de- sigualdade social começaram a ser tomadas somen- te há poucos anos, e de uma forma tímida e insufici- ente. Vivemos em um país “democrático”, mas sem acesso aos principais direitos sociais. Recentemente, Campinas voltou a ser desta- que nacional com uma ordem do capitão PM Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci determi- Stieec- filiado em 1988 Gasistas- filiado em 1989 Sindprudente - filiado em 2005 Sindlitoral - filiado em 2006 Sindbauru - filiado em 2009 Sindluz Araraquara SindMococa Sinergia CUT - filiado em 12/12/99 Especial Dia da Consciência Negra 20/11/2013 nando a abordagem focada em "indivíduos da cor parda e negra com idade aparentemente de 18 a 25 anos" no bairro Taquaral. Como analisa esse fato em pleno século 21? Eu analiso este fato como racismo institucional (mecanismo estrutural que garante a exclusão de ne- gros, indígenas e ciganos) que contribui para a falên- cia do sistema de segurança e justiça, no que se refe- re à população negra. É muito importante refletirmos sobre isso, pois essa ação colocou todos os jovens negros como suspeitos. O único critério para ser en- quadrado pela ótica policial como criminoso é a cor da pele. Existe uma grande quantidade de pressupos- tos nessa ação, que podemos explorar, mas vou ex- plorar apenas uma. Na cidade de Campinas, ser ne- gro e andar em um bairro de classe média é ser sus- peito de cometer algum crime. E bem sabemos o quão violenta são as abordagens policiais, tomar o famoso “esculacho” é de praxe. Se um jovem negro quer cir- cular pela cidade e é barrado nos bairros de classe média, o que é isso senão um Apartheid urbano! Vão querer os policiais que nos identifiquemos para circu- lar pela cidade? O Mapa da Violência 2013, do Centro Brasilei- ro de Estudos Latino Americano (Cebela), apon- tou que o número de homicídios de pessoas bran- cas diminuiu e o de pessoas negras aumentou entre 2002 e 2010 no Brasil. E o Instituto de Pes- quisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou, em ou- tubro, um estudo que revela que a expectativa do negro é bem inferior ao do branco. Para você, isso se deve a quê? A questão anterior permite comprovar por meio de documentos “oficiais” a violência exercida de forma prioritária contra a juventude negra. Isto nos ajuda a entender qual a razão para que a expectativa de vida do jovem negro seja bem menor em relação ao bran- co, porque o alvo preferencial do genocídio são os jo- vens negros. Os jovens pobres e negros ficam mais expostos por conta do racismo. Como tentar resolver essa “carnificina” cres- cente? Levar políticas públicas para os territóri- os de vulnerabilidade ajudaria? Ajudaria e muito. Mas a equação é bem mais com- plexa! Primeiro, acredito que precisamos incentivar a educação para o respeito à questão racial com objeti- vo de criar uma cultura de não violência. Defendemos a extinção e desmilitarização das PMs no Brasil e a sua transformação em uma Polícia Civil. Também de- fendemos controle público das polícias e indenização pelo Estado das vítimas da brutalidade e arbitrarieda- des de policiais. Aponta o estudo do Mapa da Violência 2013: a partir “do esquecimento e da omissão passa- se, de forma fácil, à condenação, o que repre- senta só um pequeno passo para a repressão e punição”. Você concorda e por que? Concordo com estudo realizado, há omissão da sociedade e do Estado brasileiro. Não são somente os direitos sociais que são negados à população ne- gra, mas também os direitos civis. A cidadania, em si, é comprometida. Quando discutimos a questão da violência, constatamos que o Estado brasileiro atua de forma inversa, ou seja, ao invés de garantir segu- rança, é agente da opressão. São muitas contradi- ções e ambiguidades, ao tentar corrigir a violência, muitas vezes o que ocorre é agravar a violência, por exemplo, aplicação das penas que ultrapassem os atos cometidos, onde os que estão em julgamento são os já excluídos socialmente. Precisamos denun- ciar esta guerra não declarada. Esse genocídio, ao pé da letra, é extermínio ou a desintegração da população negra, mas, ao não dar oportunidades de saúde, de educa- ção e de emprego, o Estado e a sociedade co- metem genocídio? Quero dizer que a matança pode não partir de uma arma, mas da falta de oportunidades, muitas vezes velada. Sim. Quando o Estado não garante os direitos sociais básicos, como educação, saúde, habitação, emprego, ele comete genocídio. A palavra correta é Genocídio, não tem outra palavra que contemple essa situação deplorável. Um Estado que não garante a vida, a dignidade de um povo viola os direitos huma- nos. A matança vem de um Estado Genocida. Qual é o resultado da sua tese sobre a inclu- são do negro na educação? E como melhorar? Na minha dissertação de mestrado, abordei a tra- jetória de jovens pertencentes aos grupos populares que ingressaram em universidades prestigiadas. Cons- tatei que não temos obtido êxito quanto à democrati- zação do acesso de estudantes de escolas públicas aos bancos de universidades estaduais paulistas. Apesar dos mecanismos postos em funcionamento para alterar este problema (sistema de cotas ou pro- grama de ação afirmativa sem cotas, como da Unicamp) deparamo-nos, ao longo dos anos, com uma estagnação, e em alguns casos, como na Unesp, uma redução no número de estudantes de escola pública que ingressam nas universidades públicas paulistas. Sendo assim, o ingresso de nossos jovens em univer- sidades prestigiadas pode ser qualificado como exem- plo de trajetórias improváveis. Por fim, gostaria de saber como avalia o Dia da Consciência Negra? O dia da Consciência Negra é fruto da luta do movimento negro brasileiro. Eu avalio como uma data de reflexão sobre as relações raciais. Para nós do movimento negro, ela não é apenas um feriado em que não trabalhamos, é um momento para lembrar- mos o sofrimento dos nossos antepassados, suas lutas e conquistas. É também um momento para re- fletirmos sobre os desafios, e muitos, que temos ain- da hoje. Vou dar um exemplo de uma conquista do movimento negro, mas que precisamos de muita luta para que seja efetivada. A Lei 10.639/03 e 11.645/08, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, propõe a inclusão de conteúdos sobre a história e cultura afro-brasileira dos negros e dos povos indígenas no currículo escolar nos ensinos fun- damental e médio. Só que a escola privilegia apenas datas comemorativas: um currículo turístico. Nossa luta é pela inclusão e valorização dos povos negros e indígenas no cotidiano da escola. “O único “O único “O único “O único “O único critério para ser critério para ser critério para ser critério para ser critério para ser enquadrado pela enquadrado pela enquadrado pela enquadrado pela enquadrado pela ótica policial ótica policial ótica policial ótica policial ótica policial como criminoso como criminoso como criminoso como criminoso como criminoso é a cor da pele.” é a cor da pele.” é a cor da pele.” é a cor da pele.” é a cor da pele.” Roberto Claro

ENTREVISTA Estado genocida - sinergiaspcut.com.br · começa o genocídio da juventude negra no Brasil. Da ... cia do sistema de segurança e justiça, no que se refe-re à população

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www.sinergiaspcut.org.brSindicato dos Energéticos Estado de SP

ENTREVISTA

Estado genocidaA socióloga Lajara Janaina Lopes Correa, militante do Movimento Negro Unificado,

afirma que o extermínio da juventude negra perpassa a história do Brasil

A socióloga LajaraJanaina Lopes Correa,formada em CiênciasSociais, mestre em Edu-cação pela PUC-Campi-nas, afirma que não so-mente os direitos soci-ais são negados à popu-lação negra, mas tam-bém os direitos civis. “Acidadania, em si, é com-prometida.” Nascida emSão Paulo, iniciou a suamilitância no movimentonegro no Festival Comu-nitário Negro Zumbi(Feconezu), depois par-ticipou do movimento hiphop e do movimento de

mulheres negras. Atualmente, está no doutorado emEducação na Universidade Federal de São Carlos(UFSCar) e participa do Movimento Negro Unificado(MNU) de Campinas. Para ela, o Dia da ConsciênciaNegra é fruto da luta do movimento negro brasileiro eé uma data de reflexão sobre as relações raciais. Nasua avaliação, o extermínio da juventude negra, comocomprovam pesquisas, vem de um “Estado Genocida”.

Sinergia CUT - Quando e onde começa ogenocídio da juventude negra no Brasil?

Lajara Janaina Lopes Correa - Para mim, quan-do os jovens, de diversas partes do continente africa-no, tiveram suas vidas em suas comunidades inter-rompidas, pois foram sequestrados, seus corposcomercializados e trazidos à força para o Brasil é quecomeça o genocídio da juventude negra no Brasil. DaColônia, passando pelo Império e chegando à Repú-blica, se tem algo que perpassa a história do Brasil éa barbárie contra a juventude negra.

O que mudou do fim da escravidão para cá?Aliás, Campinas foi a última cidade a abolir aescravidão no País e, sem cont ar, que muitosconsideram a abolição uma falsa liberdade, jáque a condição de vida dos antigos escravos con-tinuou precária. Essa postergação da liberdadetem hoje algum peso sócio-cultural para a popu-lação negra residente no município?

A escravidão foi um crime que lesou a humanida-de, da abolição aos dias atuais tivemos pouquíssimasconquistas. Após a abolição, que pôs fim à proprieda-de de um homem sobre outro homem, não houve qual-quer ação para mitigar os efeitos maléficos dela so-bre a população negra. Apesar do fim da escravidão,continuamos excluídos de qualquer direito social, semacesso à educação, emprego e moradia. As primei-ras iniciativas do Estado brasileiro para reduzir a de-sigualdade social começaram a ser tomadas somen-te há poucos anos, e de uma forma tímida e insufici-ente. Vivemos em um país “democrático”, mas semacesso aos principais direitos sociais.

Recentemente, Campinas voltou a ser desta-que nacional com uma ordem do capitão PMUbiratan de Carvalho Góes Beneducci determi-

Stieec- filiado em 1988Gasistas- filiado em 1989

Sindprudente - filiado em 2005Sindlitoral - filiado em 2006Sindbauru - filiado em 2009

Sindluz AraraquaraSindMococa

Sinergia CUT - filiado em 12/12/99

EspecialDia da Consciência Negra

20/11/2013

nando a abordagem focada em "indivíduos dacor parda e negra com idade aparentemente de18 a 25 anos" no bairro T aquaral. Como analisaesse fato em pleno século 21?

Eu analiso este fato como racismo institucional(mecanismo estrutural que garante a exclusão de ne-gros, indígenas e ciganos) que contribui para a falên-cia do sistema de segurança e justiça, no que se refe-re à população negra. É muito importante refletirmossobre isso, pois essa ação colocou todos os jovensnegros como suspeitos. O único critério para ser en-quadrado pela ótica policial como criminoso é a corda pele. Existe uma grande quantidade de pressupos-tos nessa ação, que podemos explorar, mas vou ex-plorar apenas uma. Na cidade de Campinas, ser ne-gro e andar em um bairro de classe média é ser sus-peito de cometer algum crime. E bem sabemos o quãoviolenta são as abordagens policiais, tomar o famoso“esculacho” é de praxe. Se um jovem negro quer cir-cular pela cidade e é barrado nos bairros de classemédia, o que é isso senão um Apartheid urbano! Vãoquerer os policiais que nos identifiquemos para circu-lar pela cidade?

O Mapa da Violência 2013, do Centro Brasilei-ro de Estudos Latino Americano (Cebela), apon-tou que o número de homicídios de pessoas bran-cas diminuiu e o de pessoas negras aumentouentre 2002 e 2010 no Brasil. E o Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou, em ou-tubro, um estudo que revela que a expectativado negro é bem inferior ao do branco. Para você,isso se deve a quê?

A questão anterior permite comprovar por meio dedocumentos “oficiais” a violência exercida de formaprioritária contra a juventude negra. Isto nos ajuda aentender qual a razão para que a expectativa de vidado jovem negro seja bem menor em relação ao bran-co, porque o alvo preferencial do genocídio são os jo-vens negros. Os jovens pobres e negros ficam maisexpostos por conta do racismo.

Como tentar resolver essa “carnificina” cres-cente? Levar políticas públicas para os territóri-os de vulnerabilidade ajudaria?

Ajudaria e muito. Mas a equação é bem mais com-plexa! Primeiro, acredito que precisamos incentivar aeducação para o respeito à questão racial com objeti-vo de criar uma cultura de não violência. Defendemosa extinção e desmilitarização das PMs no Brasil e asua transformação em uma Polícia Civil. Também de-fendemos controle público das polícias e indenizaçãopelo Estado das vítimas da brutalidade e arbitrarieda-des de policiais.

Aponta o estudo do Mapa da Violência 2013:a partir “do esquecimento e da omissão passa-se, de forma fácil, à condenação, o que repre-senta só um pequeno passo para a repressão epunição”. V ocê concorda e por que?

Concordo com estudo realizado, há omissão dasociedade e do Estado brasileiro. Não são somenteos direitos sociais que são negados à população ne-gra, mas também os direitos civis. A cidadania, em si,é comprometida. Quando discutimos a questão da

violência, constatamos que o Estado brasileiro atuade forma inversa, ou seja, ao invés de garantir segu-rança, é agente da opressão. São muitas contradi-ções e ambiguidades, ao tentar corrigir a violência,muitas vezes o que ocorre é agravar a violência, porexemplo, aplicação das penas que ultrapassem osatos cometidos, onde os que estão em julgamentosão os já excluídos socialmente. Precisamos denun-ciar esta guerra não declarada.

Esse genocídio, ao pé da letra, é extermínioou a desintegração da população negra, mas,ao não dar oportunidades de saúde, de educa-ção e de emprego, o Estado e a sociedade co-metem genocídio? Quero dizer que a matançapode não partir de uma arma, mas da falta deoportunidades, muitas vezes velada.

Sim. Quando o Estado não garante os direitossociais básicos, como educação, saúde, habitação,emprego, ele comete genocídio. A palavra correta éGenocídio, não tem outra palavra que contemple essasituação deplorável. Um Estado que não garante avida, a dignidade de um povo viola os direitos huma-nos. A matança vem de um Estado Genocida.

Qual é o resultado da sua tese sobre a inclu-são do negro na educação? E como melhorar?

Na minha dissertação de mestrado, abordei a tra-jetória de jovens pertencentes aos grupos popularesque ingressaram em universidades prestigiadas. Cons-tatei que não temos obtido êxito quanto à democrati-zação do acesso de estudantes de escolas públicasaos bancos de universidades estaduais paulistas.Apesar dos mecanismos postos em funcionamentopara alterar este problema (sistema de cotas ou pro-grama de ação afirmativa sem cotas, como daUnicamp) deparamo-nos, ao longo dos anos, com umaestagnação, e em alguns casos, como na Unesp, umaredução no número de estudantes de escola públicaque ingressam nas universidades públicas paulistas.Sendo assim, o ingresso de nossos jovens em univer-sidades prestigiadas pode ser qualificado como exem-plo de trajetórias improváveis.

Por fim, gostaria de saber como avalia o Diada Consciência Negra?

O dia da Consciência Negra é fruto da luta domovimento negro brasileiro. Eu avalio como uma datade reflexão sobre as relações raciais. Para nós domovimento negro, ela não é apenas um feriado emque não trabalhamos, é um momento para lembrar-mos o sofrimento dos nossos antepassados, suaslutas e conquistas. É também um momento para re-fletirmos sobre os desafios, e muitos, que temos ain-da hoje. Vou dar um exemplo de uma conquista domovimento negro, mas que precisamos de muita lutapara que seja efetivada. A Lei 10.639/03 e 11.645/08,que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação(LDB) de 1996, propõe a inclusão de conteúdos sobrea história e cultura afro-brasileira dos negros e dospovos indígenas no currículo escolar nos ensinos fun-damental e médio. Só que a escola privilegia apenasdatas comemorativas: um currículo turístico. Nossaluta é pela inclusão e valorização dos povos negros eindígenas no cotidiano da escola.

“O único“O único“O único“O único“O únicocritério para sercritério para sercritério para sercritério para sercritério para serenquadrado pelaenquadrado pelaenquadrado pelaenquadrado pelaenquadrado pela

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Sinergia CUT - Página 2

Mercado de trabalho

Ainda desigual, mas com avançosNos últimos dez anos, negros experimentaram uma melhora nas taxas de emprego e de

renda, diz estudo de campo com base também em dados do IPEA e do IBGE

Publicação de responsabilidade do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Eétrica de Campinas e do Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo.Sede: Rua Doutor Quirino, 1511 - Centro - Campinas,SP - CEP: 13015-082. Fones: Campinas (19)3739-4600 / 0800-171611; São Paulo (11) 5571-6175; Sind Gasist a (11) 3313-5299;

Bauru (14)3234-8445; Ilha Solteira (18)3742-2828; Presidente Prudente (18) 3903-5035; Ribeirão Preto (16)3626-8676 Rio Claro (19)3524-3712; Baixada Santist a (13)3222-6466; São José do R.Preto (17) 3215-1188 ; Vale do Paraíba (12)3622-4245;

SindLitoral (13)3422-1940; SindPrudente (18)3222-1986; SindLuz Araraquara (16) 3332-2074Diretor de C omunicação : Claudinei Ceccato

Redação e diagramação : Débora Piloni (MTb 25172), Elias Aredes Jr. (MTb 26850), Lílian Parise (MTb 13522) e Nice Bulhões (MTb/MS 74) Fotografia : Roberto Claro Ilustração : Ubiratan Dantas

E-mail: [email protected] Tiragem: 9.300 exemplaresEXPEDIENTE

MPE foi acionado para apurardenúncia contra o site

viciadosonline.net por racismoO site Viciados On Line (.net) foi de-

nunciado ao Ministério Público do Es-tado (MPE) por veiculação de uma mon-tagem fotográfica racista em que apa-rece um espeto de crianças negras emum prato de farofa, denominado“espretinhos”. A representação paraapuração de crime de racismo, assina-da pelo vereador Carlão do PT, pelaSecretaria Municipal de Combate aoRacismo do PT Campinas e pelo Gru-po Força da Raça, foi protocolada noMPE de Campinas, no dia 11 de outu-bro deste ano. A denúncia é uma açãoda campanha É Racismo! Não é UmMal Entendido!, lançada em março des-te ano.

Na última década, negros brasilei-ros experimentaram uma melhora nastaxas de emprego e de renda. Isso é oque revela um estudo sobre empreen-dedores negros que foi divulgado pelamídia impressa e nas redes sociais dainternet no final do primeiro semestredeste ano. O levantamento foi feito peloeconomista Marcelo Paixão, professorda UFRJ (Universidade Federal do Riode Janeiro) e coordenador do Laborató-rio de Análises Econômicas, Históricas,Sociais e Estatísticas das RelaçõesRaciais (Laeser). Além da pesquisa decampo, Paixão levou em conta dadosde importantes órgãos, como IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística) e IPEA (Instituto de PesquisaEconômica Aplicada ).

Segundo o estudo, aumentou a par-ticipação de negros entre os emprega-dores, a categoria mais bem paga domercado de trabalho: em 2003, repre-sentavam 22,84% do total de empre-gadores; em 2013, já são 30,19%.

É bem verdade que, quando estãoem postos de comando, os negros es-tão predominantemente em atividadesde mais baixo rendimento, sobretudo,no comércio e serviços em geral, comocabeleireiros, donos de armarinhos,designers e trabalhadores da constru-ção civil, onde a presença deles é mai-oria. Entre as mulheres negras, grupocom maior dificuldade de inserção nomercado de trabalho, o desempregocaiu de 18,2% para 7,7%.

Segundo dados do IBGE, a melho-ra na economia propiciou a ascensãoprofissional. Com renda maior, o negroque trabalhava por conta própria pôdeincrementar seu negócio e passar acontratar um funcionário, tornando-seum empregador. Com isso, o mercadode trabalho está menos desigual em2013 que há uma década.

As desvantagens de empregadores

Fatosmarcantes

negros passam pela questão financei-ra: com menos capital que os brancos,eles costumam ter negócios no setorde serviços, em que os investimentossão mais baixos. Mas a análise dosúltimos dez anos mostra que a rendade empregadores negros subiu 42,59%,enquanto a dos empregadores brancos,20,46%.

Enquanto em 2003, um empregadornegro recebia o equivalente a 49,37%do rendimento de um empregador bran-co, atualmente, ele ganha 58,43%. Deacordo com Paixão, a redução dessasassimetrias no mercado de trabalho sãoexplicadas, em parte, pela valorizaçãodo salário mínimo e de programas detransferência de renda.

Segundo o economista, o rendimen-to de pretos e pardos, proporcionalmen-te, elevou-se mais que o dos brancosno mesmo intervalo, e tal cenário podeter contribuído para esse movimento.O mesmo pode-se dizer da escolarida-

de média. Por outro lado, observa Pai-xão, não se deve descartar por inteiroo fenômeno do crescimento relativo depretos e pardos no conjunto da popula-ção, o que também inclui o grupo dosempregadores.

De acordo com informaçõesdivulgadas pelo IPEA, o aumento daescolaridade é o fator fundamental paraque negros obtenham um posto de co-mando. Embora o lucro de empreen-dedores sem instrução tenha sido74,9% menor que o de pessoas com11 anos ou mais de estudo, entre 2003e 2013, o rendimento deles subiu29,7% no período. O Instituto avalia ain-da que, contribuíram para a ascensãode negros no mercado de trabalho omaior orgulho da raça, que se traduziuem mais pessoas se autodeclarandonegras nas novas gerações.

O mercado de trabalho continuamovimentando a redução da desigual-dade, conclui o economista.

De office boy a técnicoadministrativo-financeiro no Sinergia CUT

Respeitem meus cabelos, brancosChegou a hora de falar

Vamos ser francosPois quando um preto fala

O branco cala ou deixa a salaCom veludo nos tamancos

Cabelo veio da ÁfricaJunto com meus santos

Benguelas, zulus, gêgesRebolos, bundos, bantos

Batuques, toques, mandingasDanças, tranças, cantos

Respeitem meus cabelos, brancos

Se eu quero pixaim, deixaSe eu quero enrolar , deixaSe eu quero colorir , deixa

Se eu quero assanhar , deixaDeixa, deixa a madeixa balançar

Para refletir ...

Respeitem meus cabelos, brancos*

Foto: Internet

*Chico César é cantor ,compositor , escritor ejornalista brasileiro

Formado em Administração de Empresas pelo IPEP e com especiali-zação em Economia Financeira pela Unicamp, o técnico administrativo efinanceiro Alex Vasconcelos da Silva, de 28, anos, trabalhador do SinergiaCUT, afirma que as dificuldades que o negro enfrenta para ascender aomercado de trabalho é reflexo da precariedade da Educação Básica onde,historicamente os negros frequentam escolas de pior qualidade. Seu pri-

meiro emprego foi como office boy no SinergiaCUT, quando ainda era da Associação de Edu-cação do Homem de Amanhã (AEDHA -Guardinha). Foi contratado pelo Sindicato comoauxiliar de serviços gerais. Buscou qualificaçãoaté chegar ao cargo atual. “É notória a impor-tância dos estudos para a melhor inserção e re-muneração no mercado de trabalho, mas, mes-mo para igual nível de escolarização, as desi-gualdades por cor e por sexo persistem.”

Com a palavra de ordem “sou ne-gro, sou suspeito”, diversas entidadesdos movimentos negro e popular reali-zaram um ato, em 17 de fevereiro des-te ano, em Campinas, para protestarcontra uma Ordem de Serviço (OS) da2ª Companhia da Polícia Militar, orien-tando que nas ações de patrulhamentona região do Taquaral fosse focada aabordagem “especialmente em indivídu-os de cor parda e negra, com idadeentre 18 e 25 anos em grupos de 3 a 5indivíduos”. A OS foi feita sob a justifi-cativa de combater o roubo de residên-cias naquela área.

População foi às ruas contraordem da PM de abordar negros

em bairro de Campinas

Dilma envia ao Congresso projetoque cria cotas raciais para

concursos públicosA presidenta Dilma Rousseff enca-

minhou ao Congresso, em 5 de novem-bro, durante a abertura da III Conferên-cia Nacional de Promoção da Igualda-de Racial, projeto de lei, em caráter deurgência, que destina 20% das vagasem concursos públicos federais paranegros. Segundo ela, a medida terá umimenso potencial transformador, quedeve servir de exemplo, inclusive, paraoutras unidades da federação e demaispoderes.

Dilma ainda afirmou que a existên-cia de um ministério, a Secretaria dePolíticas de Promoção da IgualdadeRacial (Seppir), que coloca como obje-tivo a questão do racismo e o combateàs desigualdades raciais, é essencial.A presidenta, durante a cerimônia, tam-bém assinou decreto que institucionalizaa política do Estatuto da Igualdade Ra-cial, com o compartilhamento de res-ponsabilidades, e que, segundo ela, vaiestar baseado na participação da soci-edade civil e na gestão democrática.

Ela também anunciou a criação, noMinistério da Saúde, de uma instânciaespecífica para dar atenção à popula-ção negra. E afirmou que as comunida-des quilombolas e os distritos indíge-nas terão prioridade na distribuição deprofissionais da próxima etapa do Pro-grama Mais Médicos. A presidenta ain-da disse que o governo federal dará todorespaldo para o Plano Juventude Viva,combatendo o que vem sendo classifi-cado de genocídio da juventude negra.

Racismo institucional estruturasistema de segurança pública

Para Anselma, pesquisadora e professora, o Estado reforça e reproduz a repressão discriminatória

Adilson, o pai “adotivo” de 160 atletasA criançada corre atrás da bola. O

poeirão sobe no pequeno campo da As-sociação de Amigos do Jardim Garcia,em Campinas. Os olhos marejados deAdilson Rodrigues, de 66 anos, ex-pon-ta esquerda da Ponte Preta, observaatentamente meninos e meninas – mui-to mais o primeiro gênero do que o ou-tro – se lembrando do filhoJunior, morto em 4 de agos-to deste ano, que comple-taria 24 anos no último dia14. Reaprendendo a viver denovo sem um pedaço seu,o filho que o ajudava na es-cola de futebol do bairro du-rante o aquecimento damolecada, Adilson agoraquer se dedicar ainda maisa esse serviço voluntário.Quer descobrir talentos, fu-turos jogadores profissio-nais. Mais do que isso, queroferecer a esses meninosao menos a oportunidadede sonhar.

Não é à toa que Adilsoné um dos agraciados como Diploma Zumbi dosPalmares deste ano, con-cedido pela Câmara deCampinas a pessoas quemais se destacaram na de-fesa e na integração social dos mem-bros da comunidade negra da cidade,bem como na difusão da cultura afro-brasileira. Ex-funcionário da CPFL, foiuma indicação do Sinergia CUT à Câ-mara. Nascido em Campinas, é filho deRaul, torneiro mecânico, e de Elza, donade casa, ambos falecidos. Poderia teragora os dois irmãos se um deles nãotivesse morrido aos 2 anos meio de ida-de, vítima de câncer. Hoje, conta com oapoio da irmã Doralice, de 64 anos.

Menino que sempre gostou de bola,Adilson começou a trabalhar com 13anos, na linha de produção de uma in-dústria de calçado. Pela manhã, estu-dava e, à tarde, trabalhava. Fez teste efoi aprovado na Ponte Preta, em final de1963. No ano seguinte, ajudou a equipe

Diploma Zumbi dos Palmares

Sinergia CUT - Página 3

O Diploma deMérito Zumbi dosPalmares foi insti-tuído em 1995 naCâmara de Campi-nas, mas diversasoutras CasasLegislativas ofere-

cem também a honraria. O SinergiaCUT participará, neste 20 de novem-bro, da entrega desse Diploma.

A honraria é concedida às pesso-as que mais se destacaram na defe-sa, na integração social dos membrosda comunidade negra de Campinas,bem como na difusão do cultura afro-brasileira. Neste ano, um dos home-nageados é Adilson Rodrigues, indi-cado pelo Sindicato.

O Dia da Consciência Negra, 20de novembro, lembra o dia em que olíder negro Zumbi dos Palmares foiassassinado em 1695, emPernambuco, por tropas comandadaspelo bandeirante paulista DomingosJorge Velho. A vida de Zumbi tornou-se envolta em mitos e discussões.

O quilombo dos Palmares (locali-zado na atual região de União dosPalmares, Alagoas) era uma comuni-dade autossustentável. Ele ocupavauma área próxima ao tamanho dePortugal e situava-se onde era o inte-rior da Bahia, hoje estado de Alagoas.

A honrariajuvenil pontepretana a ser campeã invic-ta. O esforço de pedir dispensa do tra-balho todas às quartas-feiras, de andarcerca de 5 quilômetros a pé para che-gar ao campo e mais 5 para voltar e, denão ser remunerado no time resultou noprimeiro contrato assinado, em 1965.Seu passe sempre foi da Ponte mesmo

tendo jogado, nos anos 70, noFluminense, Sport, Operário de VárzeaGrande, Inter de Limeira e São Carlos.

Jogou no time responsável pela as-censão da Macaca, como a Ponte Pre-ta é conhecida, à Série A do Campeo-nato Paulista, em 1969, único título doclube desde 1900, ano de sua fundação.Para ele, além do título, outro momentomarcante foi o jogo entre a Ponte e oSantos, no Estádio da Vila Belmiro. Nes-sa partida, o Rei foi substituído no pri-meiro tempo do jogo. “Não sabíamos queera o último jogo dele”, lembra Adilson.“Pelé pediu para que o jogador Douglaslhe passasse a bola. Então, pegou-acom as mãos e a beijou. Ajoelhou-se nocírculo central, cumprimentou o públicodos quatro cantos do campo e deu uma

volta olímpica. Foi algo marcante.”Um problema no joelho o tirou de

campo em 1976. Com o apoio da mu-lher Mary, 62 anos, com quem casouem 1973 e com quem festejará 40 anosde casado em 22 de dezembro, teve doisfilhos: Aline, 38 anos, e AdilsonRodrigues Junior, morto recentemente.

Como havia trabalhado comcalçado quando criança, re-solveu virar empresário, masa empreitada não deu certo.Em 1983, começou a traba-lhar no CPD da CPFL. Comajuda da companhia, que ofe-recia transporte, formou-seem Letras, na Faculdade deFilosofia, Ciências e Letrasde Ouro Fino (Fafiof). Em 31de julho de 1997, aposentou-se na CPFL.

Foi um dos responsá-veis em montar o time da3ª idade do Sinergia CUT.Aposentado, pensou, en-tão, em fazer trabalho soci-al. “Fui dar aulas de futebolpara crianças na Associa-ção de Moradores do Pa-dre Manoel da Nóbrega”,conta Adilson. Em 2010,passou a atuar na escolinhade futebol da Associação de

Amigos do Jardim Garcia, onde é pai“adotivo” de 160 meninos e meninas, en-tre 4 e 15 anos, que recebem aulas gra-tuitas. As lições futebolísticas são àsterças-feiras e aos sábados. As exigên-cias para continuar no programa: estarmatriculado na escola e estar em diacom as notas escolares. Como Adilsonvive repetindo: “Bom de escola, bom debola.” Por isso, faz reunião com os paisa cada três meses.

Para Adilson, dar essas aulas “nãotêm preço porque não há como explicaro brilho de felicidade nos olhos” de cadaum de seus alunos. Sua mulher Mary dizque o marido corre atrás de chuteiras,uniformes e lanches para a molecada.“Ele é uma pessoa simples, que gostade ajudar os outros. A vida dele foi o fute-

Para a pes-quisadora e pro-f e s s o r aAnselma Garciade Sales, de 39anos, pior que oato de racismo énão conseguirfazer um boletim

de ocorrência em uma delegacia,em Campinas. “Existe um racismoinstitucional”, afirma. Para denunci-ar a prática de discriminação quesofreu, em julho de 2009, precisouir até São Paulo na Delegacia deCrimes Raciais e Delitos de Intole-rância (Decradi).

“A delegada que me atendeu emCampinas, após eu contar o que ti-nha acontecido, disse que os judeustambém sofrem preconceito, e sedirigiu a mim como se eu não sou-besse o que é judeu, ao indagar-me‘sabe, os judeus?’” No final, a ocor-rência não foi feita. Anselma era eainda é pesquisadora de um progra-

bol e agora é o futebol para esses meni-nos.” Com a perda do filho, Adilson dizque quer se dedicar ainda mais a causa.“Sinto que posso fazer mais.” Duas pro-messas para o futebol de base da PontePreta podem sair do campinho do seoAdilson. Os meninos farão teste em ja-neiro próximo. Neste dia, o técnico setornará torcedor. E a aprovação dos me-ninos será também a sua vitória, a domenino que sempre sonhou em ser jo-gador de futebol e conseguiu. A prova queos sonhos são possíveis.

ma de pós-graduação na USP, que sechama Estudos Árabes e Judaicos. “Fuibuscar o Estado Democrático de Direi-to, mas ele agiu de maneira ainda maisnociva, colocando-me em situação de fra-gilidade e desqualificando minha ação decidadã. Eu me senti incapaz.”

Na Decradi, Anselma denunciou quefoi vítima de discriminação racial, junta-mente com suas duas irmãs. Era por voltadas 17h de 16 de julho de 2009 quandose dirigiu a uma loja feminina em umshopping campineiro. Ela gostou de umvestido azul, exposto no manequim davitrine. A vendedora lhe disse que era oúnico com a sua numeração e lhe suge-riu que experimentasse o mesmo mode-lo, na sua numeração, mas de cor dife-rente. Caso vestisse bem, a vendedorapoderia tirar o vestido da vitrine.

“Eu aceitei e a peça caiu super bem,e a vendedora foi providenciar a retiradada peça da vitrine”, contou Anselma. En-quanto estava no provador, a gerente per-guntou às duas irmãs de Anselma se ovestido era para uma delas. Elas respon-

deram que era para a irmã que estava noprovador.

Anselma, então, foi ao encontro davendedora que disse que eu não poderiamais levar a peça, e a gerente acrescen-tou que “um cliente japonês” havia com-prado o vestido azul da vitrine, emboranão houvesse qualquer indicação de queeste produto estivesse indisponível paravenda. As três saíram da loja, mas conti-nuaram no shopping. Elas verificaram quea roupa continuava exposta na vitrine. Foiquando tiveram a ideia de chamar duasamigas brancas para tentarem compraro vestido azul.

As duas chegaram ao local às 19h.Foram até a loja e uma delas experimen-tou o vestido, do mesmo modelo e nu-meração ao da vitrine, mas de cor dife-rente, como aconteceu com Anselma. Sóque no final, o vestido azul foi retirado davitrine para que as duas amigas deAnselma pudessem levá-lo. Na hora depagar, as duas pediram para esperar umpouco porque o cartão para o pagamen-to estava com uma amiga. “- Nossa!”,

disse a vendedora ao ver Anselmachegar ao local.

Depois de pago, foi perguntado àvendedora porque ela não havia ven-dido o vestido a Anselma, a gerenteentão respondeu que a vendedora iriase responsabilizar porque o vestidojá estava vendido. Anselma e as ami-gas saíram da loja e conversaramsobre o ocorrido. Anselma, então,resolveu fazer o boletim, mas a de-legacia de Campinas se negou afazê-lo. Após registrar ocorrência noDecradi, Anselma entrou com ação,mas perdeu em primeira instância,porque no entender do juiz “foi ummero aborrecimento”. Ela está recor-rendo da decisão.

Para ela, é preciso melhorar aespecificidade do racismo na Lei nº7.717/89, que define os crimes re-sultantes de preconceito de raça ede cor, incluindo, de alguma manei-ra, a dimensão simbólica inerente àspráticas de discriminação racial à bra-sileira”, afirma Anselma.

♦ Em Bauru, Prêmio Zumboi dos Palmares, às19h, na Câmara Municipal

♦ Em Campinas, Marcha Zumbi dos Palmares,concentração às 10h na Estação Cultura PrefeitoAntonio da Costa Santos e encerramento no Largodo Rosário

♦ Em Campinas, Prêmio Zumbi dos Palmares,

às 20h, na Câmara Municipal

♦ Em Presidente Prudente, das 11h às 15h,atividades culturais no Calçadão

♦ Em Presidente Prudente, apresentação culturalno anfiteatro I, realização Coletivo Mãos Negras/Unesp, às 19h

♦ Em Presidente Prudente, missa afro, ParóquiaRainha dos Apóstolos, às 19h

♦ Em Presidente Prudente, palestra “Racismo ediscriminação , no Núcleo Religioso SagradoCoração do Amor Divino, às 19h

♦ Em Presidente Prudente, mesa “O Negro nasociedade brasileira, avanços e atuais impasses”no anfiateatro I, realização Coletivo Mãos Negras/Unesp, às 19h30

♦ X Marcha da Consciência Negra10 anos de luta por um Brasil sem racismo. Concentra-ção a partir das 12h no vão livre do Masp, em SP

21 de novembro♦ Em Presidente Prudente, café filosófico “O “sernegro”, um debate sobre a construção da identida-de enquanto negro na sociedade atual, noanfiateatro I, realização Coletivo Mãos Negras/Unesp

22 de novembro♦ Em Presidente Prudente, gênero e etnia Mulhe-res Negras pedem a fala, no anfiateatro I, realiza-ção Coletivo Mãos Negras/Unesp

Comemorar conquistas e avaliar desafiosMês da Consciência Negra

Rosana Aparecida da Silva, Secretária de Combate ao Racismo da CUT/SP , faz avaliação da luta travada nessa últimadécada. Confira o artigo divulgado na edição especial do Jornal da CUT SP neste mês de novembro

Sinergia CUT - Última página

Confira alguns eventos da CUT/SP e do movimento negro referentes ao 20 de NovembroO Dia da Consciência Negra será lembrado com atividades especiais e culturais durante todo o mês

“ P o rmeio dasações afir-mativas decombate àdiscrimina-ção racial,notadamentenos últimos10 anos, oBrasil tentaresgatar asraízes de

nosso povo e, ao mesmo tempo, indu-zir transformações culturais, implantara diversidade e ampliar arepresentatividade dos gruposminoritários em todos os setores da so-ciedade. A aprovação da Lei 12.711/12,conhecida como Lei das Cotas, é ummarco importante dessa estratégia.

Entre os momentos significativosque completam uma década em 2013,está a criação, pelo governo federal, daSecretaria Especial de Políticas de Pro-moção da Igualdade Racial (Seppir), emmarço de 2003. No mesmo ano, em SãoPaulo, foi realizada a 1ª Marcha daConsciência Negra. O evento se repe-te desde então, e, neste ano, a CentralÚnica dos Trabalhadores terá uma ala

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sob a sua responsabilidade.CUT pela Equidade Racial

Há 18 anos, o movimento negro bra-sileiro, em conjunto com as centrais sin-dicais e organizações do movimento po-pular, realizou, em Brasília, a MarchaZumbi dos Palmares contra o Racismopela Igualdade e a Vida. A manifesta-ção ocorrida em 1995 - que reuniu 30mil pessoas - representou um movimen-to importante da disputa pela supera-ção do racismo no país.

Nesses anos de resistência eenfrentamento, a Central sempre este-ve na luta contra a discriminação raci-al, uma de suas principais bandeiras.A discussão, contudo, continua, poisapesar das muitas conquistas, a po-pulação negra ainda encontra barreiraspara a ascensão social, desigualdadeno mundo do trabalho, deficiências noatendimento à saúde e à educação. Épreciso avançar.

O Mês da Consciência Negra sim-boliza todos esses embates. Mais doque comemoração, este é um momen-to de reflexão sobre os muitos desafi-os a serem enfrentados; de buscar ins-piração; de renovar as energias; e dedar continuidade à luta pela justiça so-cial para todos/as” .

BASTA DE GENOCÍDIO!BASTA DE GENOCÍDIO!A JUVENTUDE NEGRA

QUER VIVER!A JUVENTUDE NEGRA

QUER VIVER!

POR IGUALDADE DEOPORTUNIDADES NO

TRABALHO E NA VIDA

POR IGUALDADE DEOPORTUNIDADES NO

TRABALHO E NA VIDA

13 de novembro♦ Audiência Pública em Bauru

10 anos do Conselho da Comunidade Negra

Local: Câmara Municipal de Bauru

Horário: das 14 às 17h

15 de novembro♦ Encontro da Cultura Afro-Brasileira, Festadas Religiões

Local: Sambódromo da cidade de Bauru

Horário: a partir das 15h

16 de novembro♦ Aula Prática: 10 anos do Conselho daComunidade Negra e da Lei 10639/03 -comemoração reflexiva

Apresentações Musical, Cultural e Religiosa

Local: Praça Rui Barbosa, em Bauru

Horário: Abertura às 10h

17 de novembro♦ Passeio de Maria Fumaça, Exposição eapresentações culturais

Local: Museu Ferroviário de Bauru

Horário: 09h

18 de novembro♦ Em Bauru, tribuna: 10 anos do Conselhoda Comunidade Negra, na Câmara Municipal,às 14h

♦ Em Presidente Prudente, comemoraçãodo dia 20 de novembro (Lei 5.502/200, naCâmara Municipal, às 19h

20 de novembro♦ Em Bauru, panfletagem no Calçadão, apartir das 9h

23 de novembro♦ CUT Cidadã Consciência Negra

Local: Paço Municipal de Mauá (comserviços gratuitos de cidadania: saúde,beleza, lazer, shows)

Horário: das 9h às 18h

♦ Em Presidente Prudente, atividade cultu-ral hip e hop e educação dialogando com alei10.639/08, no Diretório Acadêmico/Unesp,às 18h

♦ Em Presidente Prudente, Kizomba da“Igualdade e pelas Minorias”, no Ginásio daVila Iti

26 de novembro♦ Em Presidente Prudente, lançamento daCartilha Formação Para Debater e enfrentaro racismo no trabalho, às 19h30, no CentroCultural Matarazzo

28 de novembro♦ Encerramento do Mês da ConsciênciaNegra

Às 10h: feira e exposição de livros, mostrade fotografias e pinturas

Às 15h: bate-papo “Samba, identidade eCombate ao Racismo, com Leci Brandão(cantora e deputada estadual), União dasEscolas de Samba Paulistanas; GilsonNegão e Maria Helena Brito, do SetorialSambistas do PT)

Local: sede da CUT/SP: Rua Caetano Pinto,nº 575, Brás, SP.