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CENTRO ALPHA DE ENSINO ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA LUCIANO CARRASCO DOS SANTOS ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SÃO PAULO 2013

ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Page 1: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

CENTRO ALPHA DE ENSINO

ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE HOMEOPATIA

LUCIANO CARRASCO DOS SANTOS

ENXAQUECA E HOMEOPATIA:

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

SÃO PAULO

2013

Page 2: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

LUCIANO CARRASCO DOS SANTOS

ENXAQUECA E HOMEOPATIA:

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Monografia apresentada a ALPHA/APH como Exigência para obtenção do título de especialista em Homeopatia. Orientador: Mário Sérgio Giorgi

SÃO PAULO

2013

Page 3: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Santos, Luciano Carrasco dos

Enxaqueca e Homeopatia: Revisão Bibliográfica

Luciano Carrasco dos Santos, São Paulo, 2013.

xxf., 30cm ; il.

Monografia – ALPHA / APH, Curso de Pós Graduação em

Homeopatia.

Orientador: Mário Sérgio Giorgi

1. Homeopatia 2. Neurologia 3. Enxaqueca I. Título

Page 4: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

DEDICATÓRIA

Dedico este singelo trabalho,

Aos meus pais Mônica e Abdorá (In Memoriam), a minha esposa Sania e ao meu

filho Arthur.

Aos meus pacientes, que todos os dias são meus melhores professores.

Page 5: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

AGRADECIMENTOS

Agradeço, humildemente,

A Deus, por sua criação perfeita: o Universo e tudo nele contido,

À minha família, pela paciência e compreensão.

A meus colegas de curso de especialização, pelas experiências trocas.

Ao meu orientador, Prof. Mário Giorgi, pela dedicação e bom humor.

À Renata, bibliotecária, pela cooperação e boa vontade.

Aos funcionários da APH, pelo apoio e suporte durante o curso.

Page 6: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

"Tem coisa que eu deixo passar. Não vale a pena. Tem gente que não vale a dor de cabeça.

Tem coisa que não vale uma gastrite nervosa. Entende isso? Não vale. Não vale dor alguma,

sacrifício algum."

Cazuza (1958 – 1990)

Page 7: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

RESUMO

Enxaqueca é o segundo tipo de cefaléia primária mais comum As enxaquecas

prejudicam a qualidade de vida, afetando o trabalho, estudo e lazer, muitas vezes

por toda a vida do paciente .Os medicamentos indicados em seu tratamento

apresentam um custo importante e geralmente há a associação de analgésicos anti-

inflamatório e drogas profiláticas de diferentes classes com um controle ,

frequentemente apenas parcial das crises. O presente trabalho faz uma revisão

bibliográfica a respeito de 10 medicamentos homeopáticos mais utilizados no

tratamento homeopático da enxaqueca, que são: Gelsemium sempervirens,

Belladona, Sanguinaria, Iris versicolor, Natrium muriaticum , Ignatia amara, Sepia

succus, Spigelia anthelmica , Chamomilla e Argentum nitricum. Ainda, ressalta a

Homeopatia como alternativa clínica no controle desta enfermidade.

Palavras-chaves: Homeopatia; Cefaléia; Enxaqueca.

Page 8: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ABSTRACT

Migraine is the second most common primary headache Migraines affect the quality

of life, affecting work, study and leisure, often for the life of the patient. Drugs

indicated in their treatment have an important cost and generally there is an

association analgesic anti-inflammatory and prophylactic drugs of different classes

with a control, often only partial seizure.The present work is a literature review about

10 homeopathic remedies most used in the homeopathic treatment of migrine,

especially related to age, which are: Gelsemium sempervirens, Belladona,

Sanguinaria, Iris versicolor, Natrium muriaticum , Ignatia amara, Sepia succus,

Spigelia anthelmica , Chamomilla e Argentum nitricum Still, says homeopathy as an

alternative clinic in controlling this disease.

Keywords: Homeopathy; Headache, Migraine.

Page 9: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OMS......................................................................... Organização Mundial da Saúde

SNC.....................................................................................Sistema Nervoso Central

T.C................................................................................tomografia computadorizada

R.N.M.........................................................................ressonância nuclear magnética

L.C.R....................................................................................líquido cefalorraquidiano

Page 10: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11

2 PROPOSIÇÃO .......................................................................................................12

3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................13

3.1 Cefaléias..........................................................................................................13

3.1.1 Classificação ............................................................................................15

3.1.2 Diagnóstico – Anamnese e Exame Físico................................................16

3.1.3 Sinais de alerta.........................................................................................22

3.2 Enxaqueca – Epidemiologia e Fisiopatologia ..................................................15

3.2.1 Classificação e quadro clínico....................Erro! Indicador não definido.6

3.2.2 Tratamento..............................................................................................228

3.2.3 Prevenção Medicamentosa ...................................................................260

3.3 Homeopatia e seus fundamentos ...................................................................33

4 METODOLOGIA.....................................................................................................37

5 RESULTADOS.......................................................................................................38

5.1 Medicamentos homeopáticos e suas similaridades com os sintomas de

enxaqueca ( por número de citações nos trabalhos compilados)

6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................45

7 CONCLUSÃO.........................................................................................................47

REFERÊNCIAS.........................................................................................................48

Page 11: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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1 INTRODUÇÃO

Enxaqueca é o segundo tipo de cefaléia primária mais comum, tendo uma

prevalência em torno de 12% da população mundial. Metade dos pacientes

apresenta incapacitação gerada pela doença entre moderada e grave, e mais de

50% dos casos o diagnóstico adequado não é estabelecido. As enxaquecas

prejudicam a qualidade de vida, afetando o trabalho, estudo e lazer, muitas vezes

por toda a vida do paciente.

Os medicamentos indicados em seu tratamento apresentam um custo

importante e geralmente há a associação de analgésicos anti-inflamatório e drogas

profiláticas de diferentes classes com um controle , frequentemente apenas parcial

das crises.

O presente estudo apresenta relatos de evidências de que medicamentos

homeopáticos podem apresentar utilidade custo efetiva para redução do número de

crises de enxaqueca, sendo alternativa viável aos medicamentos profiláticos,

principalmente em relação aos efeitos colaterais e custos econômicos apresentados

pelos medicamentos alopáticos.

Page 12: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2 PROPOSIÇÃO

O presente trabalho visa realizar revisão bibliográfica a respeito do

Tratamento Homeopático da Enxaqueca como alternativa terapêutica por meio dos

medicamentos homeopáticos indicados no tratamento desta condição clínica,

ressaltando a terapêutica homeopática especialmente para pacientes em que a

proposta clássica de tratamento da medicina hegemônica não surte o efeito

desejado.

Page 13: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

13

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Cefaléias

Cefaléias ou dores de cabeça são dores que acometem o segmento craniano

desde a nuca (região occipital e cervical) até a região das sobrancelhas, abrangendo

também dores no rosto, classificadas por alguns autores como algias faciais. (1)

Estão entre as queixas mais comuns, sendo encontradas pelos profissionais de

saúde de todas as especialidades clínicas ou cirúrgicas (2), representando mais de

4% das consultas médicas e representam a 3º diagnóstico mais comum

(10,3%),seguidos pelos de infecções de vias aéreas e dispepsias, em ambulatórios

gerais de clínica médica (5 e 6) e apresentam um impacto econômico-social

significativo tanto em saúde publica como por ser causa de absenteísmo ao

trabalho, sendo a enxaqueca considerada pela Organização Mundial da Saúde

(OMS) uma das doenças mais incapacitantes (3). Sua incidência se expressa por

mais de 90% da população experimentar ao menos um episódio de cefaléia de

algum tipo durante a vida (2).

O fato de ser queixa tão comum leva, às vezes, a ser subestimada em sua

importância potencial, pois apesar de poder ser associada com traumas de pequena

importância e com doenças febris, também pode ter como causa afecções

neurológicas graves do sistema nervoso central (SNC) tais como neoplasias,

meningites ou sangramentos, com risco potencial à vida. (2). No entanto, essas

situações são minoritárias em relação ao número expressivo de casos que

Page 14: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

14

constituem condições benignas, embora geradoras de sofrimento e tendo alto custo

econômico (4).

O custo avaliado, em estudo norte-americano, na população trabalhadora

enxaquecosa dos EUA foi de 1,4 a 17 bilhões de dólares ao ano. Em estudo

brasileiro de 1998, com 993 funcionários de uma empresa, o prejuízo potencial

causado por cefaléias foi de R$ 145,64 por funcionário, ou R$ 144.682,39 por ano.

(5). Sendo esses exemplos uma demonstração de seu impacto social e importância

tanto clínica como econômica.

3.1.1 CLASSIFICAÇÃO

Todas as cefaléias podem ser classificadas como primárias (são as que

ocorrem sem uma etiologia evidente demonstrável pelos exames clínicos ou

laboratoriais usuais) – que incluem a cefaléia tensional, a enxaqueca e a cefaléia em

salvas - (6) ou secundárias – que constituem, por sua vez , cerca de 10% do total

das cefaléias (1), incluindo todas as doenças nas quais a dor ocorre como sintoma

de qualquer afecção orgânica diagnosticável , seja neurológica ou não. Destas

cefaléias secundárias, uma minoria constitui-se de situações médicas progressivas e

com risco de vida, como meningite, hematoma subdural ou outras causas orgânicas

graves. (1)

A International Headache Society reeditou, em 2004, uma extensa

classificação das cefaléias, dividindo-as em quatorze categorias, das quais as quatro

primeiras representam as cefaléias primárias, da quinta a décima-segunda estão

classificadas as secundárias, e as duas últimas representam as neuralgias

cranianas, dor facial primária e central e outras cefaléias, a saber,(7):

1. Enxaqueca (migrânea).

Page 15: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2. Cefaléia tensional.

3. Cefaléia em salvas e outras trigemialgias autonômicas.

4. Outras cefaléias primárias.

5. Cefaléia atribuída a trauma craniencefálico e/ou cervical.

6. Cefaléia atribuída a distúrbio vascular de crânio ou cervical.

7. Cefaléia atribuída a distúrbio craniano não vascular.

8. Cefaléias atribuída à substância ou à sua retirada.

9. Cefaléia atribuída à infecção.

10. Cefaléia atribuída a distúrbio da homeostase.

11. Cefaléia ou dor facial atribuída a distúrbio do crânio , pescoço , olhos ,

ouvidos, nariz , seios da face , dentes , boca ou outra estrutura facial ou do

crânio.

12. Cefaléia atribuída a distúrbio psiquiátrico.

13. Neuralgias cranianas e causas centrais da dor facial.

14. Outras cefaléias. Neuralgias cranianas, dor facial primária ou central.

.

3.1.2 DIAGNÓSTICO – ANAMNESE E EXAME FÍSICO

Na abordagem inicial do paciente com cefaléia, em geral, o exame físico traz

poucas informações, sendo o diagnóstico dependente fundamentalmente da

anamnese (5), na qual se deve priorizar as informações relevantes e saber

interpretá-las de forma adequada, pois nem sempre as informações que o paciente

valoriza são as mais significativas para a obtenção do diagnóstico (1 e 5).

A elaboração de um diário de dor , com as informações fundamentais sobre

as crises dolorosas ( horário de início da crise , duração , frequência das crises,

Page 16: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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localização e irradiação , caráter/tipo da dor , intensidade , sinais e sintomas

concomitantes , fatores desencadeantes e de melhora ou piora) e de fundamental

importância para o diagnóstico e acompanhamento do caso.

Deve-se lembrar de que qualquer mudança de padrão doloroso deve ser

valorizada, pois pode existir a ocorrência de uma ou mais cefaléias de origem

diferentes num mesmo individuo. ( 1,2,4 e 5)

Seguem se os elementos principais para a avaliação de cefaléias:

A – Circunstâncias de aparecimento:

Deve-se indagar se o surgimento foi súbito ou se é um quadro antigo , que

acompanha o paciente a algum tempo. Cefaléia súbitas sugerem hemorragia

subaracnóidea, quadro grave , devido ruptura de aneurisma vascular. Cefaléias

antigas, geralmente não são causadas por tumores, infecções, aneurismas ou

demais causas graves.

B – Padrão de distribuição temporal:

B1 – Frequência:

Algumas cefaléias tem padrões de frequência mais definidos , como , por

exemplo os períodos de crise intercalados por períodos assintomáticos da cefaléia

em salvas ; ou a associação com piora no período menstrual das enxaquecas.

B2 – Duração:

Algumas cefaléias podem ter duração de segundos até dias consecutivos.

Podem varias de frações de segundo como nevralgia trigeminal, minutos a horas

como na cefaléia em salvas, horas a dias como na cefaléia cervicogênica ou na

enxaqueca, ou ter caráter continuo na hemicrania contínua, por exemplo.

C – Localização e irradiação:

Três tipos básicos de localização devem ser considerados:

Page 17: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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- Cefaléias bilaterais (ambos os lados da cabeça). Ex.. Cefaléia Tensional.

- Cefaléias unilaterais alternantes (variação de lado). Ex. Enxaquecas.

- Cefaléias unilaterais fixas. Ex. Cefaléia em salvas.

As irradiações são características da cefaléia cervicogênica , geralmente

iniciando na nuca e irradiando para a fronte.

D – Caráter / Tipo:

O tipo de dor pode ser especifico para algumas cefaléias.

As enxaquecas são pulsáteis, as cefaléias tipo tensão são em compressão ou

peso, as cefaleias em salvas lembram facadas ou pontadas, a nevralgia do trigêmeo

tem um padrão em choque.

E - Intensidade:

Deve-se comparar a dor que o paciente sente com outras já vivenciadas por

ele, como dor de dente, cólicas renais, fraturas ou dor de parto , e procurar graduar /

estimar a intensidade (5):

1. Leve - Não interfere nas atividades de vida diária.

Ex.: cefaléia tipo tensional.

2. Moderada – Interfere ou prejudica as atividades de vida diária, mas não as

impede.

Ex.: cefaléia tipo tensão, enxaqueca leve.

3. Intensa - Impede as atividades de vida e leva o paciente ao repouso.

Ex.: enxaqueca

4. Excruciante – Leva o paciente ao atendimento hospitalar.

Ex.: hemorragia subaracnóidea.

F – Sinais e fatores associados:

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Há vários fatores concomitantes que auxiliam o diagnóstico, como

lacrimejamento, hiperemia de conjuntiva, miose, edema, sialorréia e coriza, comuns

na cefaléia em salvas; febre , vômitos e toxemia presentes na meningite, ou zonas

gatilho na face ou mucosa oral na nevralgia do trigêmeo, entre outros sintomas.

G- Fatores desencadeantes, de piora e de alivio:

Podem ser considerados diversos fatores desencadeantes, de melhora ou

piora entre os diversos tipos de cefaléias:

Sono, repouso, aplicação de gelo ou frio local (comuns na enxaqueca e

cefaléia tensional) , redução de movimentação da região cervical ou não mover a

mandíbula ou não tocar a face (como na cefaléia cervicogênica e nevralgia do

trigêmeo , respectivamente), vômitos ou menopausa (na enxaqueca) são listados

como fatores de melhora em casos diversos de cefaléia.

Entre os fatores de piora e desencadeantes se destacam: álcool (enxaqueca

ou cefaléias em salvas) estresse emocional (cefaléia tensional e ocasionalmente

enxaqueca ) , movimentos de rotação , extensão e flexão do pescoço ( cefaléia

cervicogênica) , alimentos gordurosos , esforço , tosse ou espirro , evacuação ,

caminhar , pular , luz e barulho (comuns a enxaqueca ) , existindo diversas

associações entre fatores externos e o surgimento e/ou piora da dor de diversos

tipos de dor de cabeça.

Quanto ao exame físico é mandatório (4), apesar de apenas de forma

excepcional modificar a hipótese diagnóstica dada pela anamnese (5).Se possível ,

o paciente deve ser observado durante um episódio de cefaléia ou de dor facial.

Inicia-se pela coleta dos sinais vitais:

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Temperatura: A febre pode acompanhar qualquer infecção sistêmica. Pode

sugerir síndrome viral, meningite, encefalite ou abscesso cerebral, embora esses

quadros possam cursar sem febre.

Frequência cardíaca: A taquicardia ocorre em situação de tensão e

ansiedade da cefaléia tensional e também acompanha quadros de qualquer cefaléia

intensa.

Pressão arterial: A hipertensão por si só raramente causa cefaléia, exceto em

casos de elevação aguda da pressão arterial (ex.: feocromocitoma) ou quando

ocorre um pico elevado ( início da encefalopatia hipertensiva). Mas deve ser

considerada como fator de risco de acidente vascular encefálico, que pode estar

associado à cefaléia aguda , sendo a hemorragia subaracnóidea precedida por uma

elevação acentuada da pressão arterial.

Frequência respiratória: A hipercapnia ( elevação da concentração de CO2)

por insuficiência respiratória pode elevar a pressão intracraniana e produzir cefaléia.

Segue-se o exame físico geral, levando-se em consideração:

Perda de peso: A perda de peso e a caquexia em um paciente com cefaléia

levam a pensar na possibilidade de câncer ou doença infecciosa crônica. Deve-se

pensar também em polimialgia reumática e arterite de células gigantes.

Alterações da pele: Deve-se valorizar a presença de celulite de face e/ou crânio,

que pode ser fonte de abscesso intracraniano ou trombose de seio cavernoso.

Anormalidades subcutâneas podem sugerir endocardite, câncer ou vasculite. As

manchas café-com-leite e os neurofibromas da Neurofibromatose podem estar

associados a tumores intracranianos, que podem produzir cefaléias. Angiomas

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cutâneos podem estar associados a malformações arteriovenosas intracranianas.

Também podem ocorrer lesões de herpes zoster, que pode ser causa de dor facial.

Face, cabeça e região escalpeleana: O escalpo dolorido é uma característica

presente na enxaqueca, do hematoma subdural, da arterite de células gigantes e da

nevralgia pós herpética. A nodosidade, eritema e dor sobre a artéria temporal,

sugere arterite de células gigantes , embora a dor nesta região também ocorra na

enxaqueca aguda. Traumas cranianos ou uma lesão sólida podem causar dor local.

Dor craniana e sensação perfurante estão associadas à doença de Paget, mieloma

ou câncer metastático de crânio. A região escalpeana aquecida pode ocorrer na

doença de Paget devido derivação arteriovenosa.

Distúrbios de olhos, dos ouvidos e articulação temporomandibular e dos dentes

podem estar associados a cefaléia , devendo ser avaliados no exame físico.

Pescoço: A enxaqueca, cefaléia tensional, lesões da coluna cervical, artrite

cervical ou meningites cursam com espasmos dos músculos cervicais. Já os sopros

carotídeos podem estar associados a doença cérebro vascular.

Deve-se dar especial atenção aos sinais meníngeos ( sinal de Brudzinski – flexão

passiva do pescoço resulta em flexão do quadril frequentemente assimétrica- ,e

rigidez de nuca na direção anteroposterior ) , embora possam estar ausentes , ou

serem de difícil avaliação nas fases iniciais da meningite subaguda , nas

hemorragias subaracnóideas e em casos de coma.

Coração e Pulmões: Doenças cardíacas congênitas e abscessos pulmonares

também podem estar associados a ocorrência de abscessos cerebrais , causadores

de cefaléias.

Em relação aos achados do exame neurológico propriamente dito:

Page 21: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

21

Exame mental: Cefaléias agudas podem cursar com confusão mental (ex.:

meningites e hemorragias subaracnóideas ) e demências podem ocorrer por

tumores intracranianos.

Exame dos nervos cranianos: São indicativas de presença de lesões

intracranianas a presença de papiledema, hemorragias e isquemias retinianas ao

exame de fundo de olho. A dilatação pupilar por paralisia progressiva do nervo

oculomotor, pode aumento da pressão intracraniana. As diminuições de

sensibilidade na área de dor ou presença de áreas gatilho são indicativas de

acometimento de nervos periféricos.

Exame motor: A alteração assimétrica de função motora ou alterações de marcha

associados à história de cefaléia demandam avaliação completa para excluir lesões

intracranianas.

Exame sensorial: Qualquer comprometimento sensorial, seja de focal ou segmentar

ou diminuição de reflexo corneano são fortes indicação de causa secundária de

cefaléia.

3.1.3 Sinais de alerta.

Sinais de alerta são sinais e sintomas que, nos casos de cefaléia, indicam a

possibilidade da causa do quadro clínico estar associado a alterações orgânicas, ou

seja , ser uma cefaléia secundária e potencialmente grave.

São sinais de alerta (1,5,8 e 9)

- Início súbito e forte intensidade (dita em trovoada), atingindo intensidade

máxima em 5 minutos

- Intensidade e frequência progressivo ( ou seja piora progressiva).

- Paciente é despertado pela cefaléia.

Page 22: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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- Início recente ou quadro de mudança da dor.

- Início após os 50 anos de idade.

- História de câncer e/ou AIDS,

- Sinais de doença sistêmica : febre , mialgia , mal-estar crônico e artralgia.

- Alterações no exame neurológico sejam focais ou não focais ( Alterações

cognitivas de início recente , diminuição do nível de consciência ou

alterações da personalidade).

- Trauma recente.

- Cefaléia desencadeada por tosse , evacuação , relação sexual ou mudança

de posição.

Qualquer sinal de alerta presente é indicativo de solicitação de exames

complementares. Principalmente tomografia computadorizada de crânio ( para

investigação de traumas e sangramentos ) , ressonância nuclear magnética de

crânio e avaliação do líquido cefalorraquidiano ( quando temos tomografia

computadorizada de crânio normal ,e nos casos de suspeita de meningite).

3.2 ENXAQUECA – EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA

A enxaqueca ou migrânea é a segunda cefaléia primária mais comum, sendo

superada apenas pelos casos de cefaléia tensional, tendo uma prevalência em torno

de 12% da população, sendo seu pico de prevalência entre os 25 a 45 anos de

idade. (2 e 6 ). Metade dos pacientes apresenta incapacitação gerada pela doença

entre moderada e grave, e mais de 50% dos casos o diagnóstico adequado não é

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23

estabelecido. (5). As enxaquecas prejudicam a qualidade de vida, afetando o

trabalho , estudo e lazer , muitas vezes por toda a vida do paciente. A OMS

classifica a enxaqueca na 19ª posição entre as doenças mais incapacitantes (1,13).

Tem uma distribuição desproporcional entre os sexos, acometendo cerca de 16%

das mulheres e 45 dos homens. (2,5,6,10).

A enxaqueca é uma cefaléia primária por definição uma cefaléia primária e tem

uma origem parcialmente genética. O encéfalo do enxaquecoso é hiperexcitável e

essa sensibilidade é herdada por herança poligênica com predominância incompleta.

Essa hipersensibilidade cortical é provavelmente consequência de diminuição de íon

magnésio encefálico , aumento de aminoácidos excitatórios e alterações dos canais

de cálcio voltagem dependentes. Assim fatores precipitantes como estresse ,

menstruações, alguns alimentos, luz forte , odores , etc , encontrariam um terreno

propício para a crise ser deflagrada.

Os sintomas premonitórios seriam provocados por distúrbios límbico-

hipotalâmicos, nos locais de predominância de hipersensibilidade dopaminérgica. A

aura seria decorrente de uma depressão alastrante da atividade cortical , que se

propagaria em onda a partir do pólo occipital , com hipoperfusão sanguínea de

vários graus e duração. Essa fase estaria relacionada à noradrenalina, distúrbios

dos canais de cálcio , deficiência de magnésio ou aumentos dos aminoácidos

excitatórios. Quando o grau e/ou o tempo de hipoperfusão forem exagerados,

poderá prolongar a aura e até acidente vascular encefálico isquêmico com sequelas

graves e definitivas .Além disto apresenta relação com aumento de risco de outras

doenças cardiovasculares graves , como infarto agudo do miocárdio. Sendo os

índices de risco em mulheres com enxaqueca com aura em comparação com

Page 24: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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mulheres sem enxaqueca , em estudo realizado pelo Women´s Health Study em

2008,1,93 para doença cardiovascular grave , 1,80 para acidente vascular cerebral

isquêmico e 1,94 para infarto agudo do miocárdio. (11)

A dor está provavelmente relacionada a ativação do sistema trigêmeo-vascular,

resultando em reação inflamatória estéril no espaço perivascular das meninges.

Essa ativação gera estímulos que se dirigirão para a periferia através do núcleo e

ramos do nervo trigêmeo e liberarão neurotransmissores que provocarão

vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, extravasando plasma e

substancias endovasculares que promoverão inflamação. A estimulação das

aferências trigeminais pela inflamação , através do núcleo do trigêmeo e tálamo ,

chega ao córtex , local da percepção consciente da dor.

Em todo esse processo a serotonina está envolvida, sendo o principal

neurotransmissor da fase da dor da crise de enxaqueca. Há evidencias também de

envolvimento dos sistemas opióides , serotonérgicos e noradrenergicos centrais de

controle de dor. (5,6).

Os mecanismos dos sintomas associados como náuseas , vômitos , fono e

fotofobia ainda estão pouco elucidados , embora haja envolvimento dos mecanismos

vagais e sistemas sensotiriais.

O pósdromo ( pós crise), ainda pouco compreendido, parece envolver

mecanismos de exaustão ou de inibição.

Page 25: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

25

3.2.1 CLASSIFICAÇÂO E QUADRO CLÍNICO:

As enxaquecas são em linhas gerais classificadas em enxaquecas sem aura

ou comum e enxaqueca com aura ou clássica..

Os critérios diagnósticos são:

1. Pelo menos cinco episódios que preencham os itens de 2 a 4.

2. Duração de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz).

3. Ao menos duas das seguintes características.

• Unilateral;

• Pulsátil;

• Dor de moderada a grave;

• Piora com atividade física;

4. Durante a cefaléia , pelo menos um dos seguintes:

• Náuseas e/ou vômitos.

• Foto e/ou fonofobia.

5. Não atribuível a outro distúrbio.

O quadro clínico da enxaqueca caracteriza-se por crises recorrentes,

constituídas de até cinco fases. Nem sempre todas estão presentes em

todas as crises e/ou todos os pacientes. (5,6)

Fase 1: Pródomo

Precedem a cefaléia em horas ou até um dia. Ocorrem em cerca de 60%

das crises. Caracteriza-se por depressão , ansiedade, hiperestimulação,

anorexia, hiperfagia, sono agitado com pesadelos

Page 26: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Fase 2: Aura

Aparecem em cerca por 20% das crises. Geralmente é visual, com

característica presença de espectros visuais (linhas em ziguezague)

migrando através do campo visual, escotomas cintilantes ou fotopsia

(luzes piscando). A aura sensitiva é a segunda mais comum. A aura

desenvolve-se por 4 minutos e raramente persiste por mais de uma hora.

Fase 3: Cefaléia

Cefaléia de forte intensidade, latejante ou pulsátil, piorando com as

atividades do dia-a-dia, atrapalhando ou mesmo impedindo o

prosseguimento dessas atividades. Faz o indivíduo deitar-se em lugar

escuro e silencioso ( sensibilidade a luz e aos sons). Dura de 4 a 72 horas.

A dor é unilateral em dois terços das crises, frequentemente mudando de

lado de uma crise para outra. Sendo predominantemente nas regiões

anteriores da cabeça (órbita ou região frontotemporal).

Fase 4: Fim da cefaléia

A crise melhora com medicação, repouso ou sono.

Fase 5: Pósdromo

A última fase é de exaustão. Os pacientes ficam horas ou até dias com

sensação de cansaço, fraqueza, depressão, dificuldade de concentração,

necessitando de repouso para seu completo restabelecimento.

3.2.2 TRATAMENTO

Page 27: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

27

O tratamento da enxaqueca é composto de duas modalidades : o tratamento

da crise e , se necessário, o tratamento profilático. Sendo o tratamento profilático

recomendado quando as crises são frequentes ( três ou mais ao mês) ,

incapacitantes e/ou muito prolongadas ( dois a três dias de duração), contra

indicação ou falha de tratamento das crises agudas, uso de drogas especificas para

crise aguda mais de duas vezes ao mês, presença de situações raras como

enxaqueca com hemiplegia, migrânea com aura prolongada ou infarto migranoso.

O paciente deve ser orientado a fazer um diário para detectar fatores

desencadeantes que devam ser evitados. Se o paciente tem sintomas prodrômicos

ou aura o tratamento das crises deve ser feito nessas fases , para evitar a dor e os

sintomas acompanhantes. Nestas fases recomenda-se a ingestão de antiemético (

metoclopramida ou domperidona) e um anti-inflamatório não hormonal de ação

prolongada.

Para o tratamento da crise aguda há dois esquemas propostos , que não

devem ser utilizados mais do que seis vezes ao mês. Um baseia-se na

complexidade das medicações , iniciando pelos mais simples, baratos e

inespecíficos e o outro fundamenta-se na terapêutica diferenciada para cada nível

de gravidade das crises.

No primeiro caso, as drogas de primeira escolha são os anti-inflamatórios não

hormonais e/ou analgésicos comuns, como aspirina, ibuprofeno, naproxeno e

dipirona. Não há evidências da eficiência do paracetamol isoladamente, mas sim de

sua associação com cafeína e aspirina. Os pacientes que não respondem as esse

grupo de drogas devem passar ao uso de medicamentos específicos para

enxaqueca – os triptanos e a diidroergotamina. Lembrar-se de não utilizar esses

últimos medicamentos durante a aura.

Page 28: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

28

No esquema de uso por gravidade da crise segue-se o esquema abaixo:

Na crise moderada: anti-inflamatórios não hormonais, isometepteno,

ergotamina,naratriptano,rizatriptano,sumatriptano,olmitriptano,almotriptano,frovatript

ano, antagonistas dopamienrgicos.

Na crise grave:zaratriptano,zatriptano,sumatriptano,zolmitriptano,almotriptano,

Frovatriptano, diidroergotamina,ergotamina,antagonistas dopaminérgicos.

Na crise muito grave: diidroergotamina,opióides,antagonistas dopaminérgi-

cos.

Os triptanos têm mecanismos de ação semelhantes , inibindo a inflamação ,

neurogênica gerada na crise de dor , mediada pelo nervo trigêmeo. Se um triptano

for ineficaz , deve-se tentar o uso de outro.

Na existência de estado enxaquecoso , condição rara na qual a dor se

estende por mais de três dias , deve-se considerar a internação para hidratação,

controle de vômitos e sedação. Utiliza-se hidratação e administração de

clorpromazina 0,1 mg/kg de peso intravenosa por 5 minutos. Repetindo-se a cada

15 minutos até a melhora da dor. Após mantem-se em uso de infusão de 500 ml de

soro fisiológico com 25 mg de clorpormazina , correndo em 12 horas,

continuamente, e administrado por dois a três dias. Pode-se utilizar corticoides

associados (dexametasona intravenosa de 4 a 16 mg ao dia) a serem retirados em

dois a quatro dias. Embora estudos recentes demonstrem que a dexametasona

parenteral nos casos de enxaqueca grave tenha efeito analgésico semelhante ao

placebo , há efeito eficaz dessa medida na redução de risco de recorrência pós

crise, risco relativo de 0,74 .(12) Devendo-se iniciar profilaxia antes da alta

hospitalar.

Page 29: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

29

3.2.3 PREVENÇÃO MEDICAMENTOSA - PROFILAXIA

Os critérios para início do tratamento profilático têm diretrizes que variam entre

diferentes países e organizações, a European Federation of Neurological Societies e

a American Academy of Neurology listam os seguintes critérios de inclusão:

- Qualidade de vida, atividade profissional ou escolar e acadêmica gravemente

afetada.

- Duas ou mais crises por mês.

- Crises de enxaqueca que não respondem ao tratamento medicamentoso

agudo.

- Auras frequentes , muito longas ou desconfortáveis.

Convém considerar as condições clínicas coexistentes para definir o

tratamento preventivo., pois um único medicamento pode tratar efetivamente a

condição existente e prevenir a enxaqueca em algumas circunstâncias, como

antidepressivos tricíclicos nos casos de depressão e desnutrição ou os

betabloqueadores em caso de estresse , angina ou hipertensão arterial , como

exemplos. Devido ao fato de que o uso de analgésicos em excesso tornam os

fármacos preventivos menos eficientes , o paciente deve ser instruído a limitar o seu

uso. O ideal é que os analgésicos simples sejam usados menos de 15 dias ao mês.

Os objetivos principais do tratamento preventivo são a redução da frequência e

da gravidade das crises , a redução do uso de medicamentos para tratamento agudo

e do número de visitas ao consultório médico ou setores de emergência

hospitalares.

Para utilização em prevenção de enxaqueca estão disponíveis :

Page 30: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

30

- Betabloqueadores ( propranolol , metoprolol e atenolol) , são eficientes e uma boa

escolha em pacientes com hipertensão arterial , não devendo ser utilizados em

pacientes com asma ou depressão.

- Bloqueadores de canais de cálcio (flunariziana, verapamil e amlodipina ) são

eficientes para alguns pacientes, provocando leve redução na frequência das crises,

deve-se ficar atento ao surgimento de hipotensão e edema dos pés.

- Outros hipotensores como inibidores da enzima conversora de angiotensina e

bloqueadores do receptor de angiotensina podem ser alternativas para pacientes

que não toleram betabloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio.

- Antidepressivos tricíclicos, principalmente a amitriptilina – considerada tratamento

de primeira linha , se mostram eficientes no controle das crises de enxaqueca,

sendo mais eficazes do que os inibidores da receptação da serotonina. Efeitos

colaterais anticolinérgicos como boca seca e constipação podem ser observados.(

13,14)

-Anticonvulsivantes mostraram-se eficientes para o controle das crises de

enxaqueca. Sendo o topiramato e o valproato considerados tratamentos de primeira

linha desde 2008 pela Fundação Cochrane, sendo bem tolerados pelos pacientes e

ajudando na redução das frequências das crises. Apresentam efeitos colaterais que

requerem cautela. O valproato está associado a defeitos no tubo neural em fetos,

ganho de peso, queda de cabelo e tremores. Já o topiramato está associado a perda

de peso , nefrolitíase ; mas apresenta indicação de eficiência em situações de

cefaleia complicada pelo uso excessivo de medicamentos para tratamento agudo.

Page 31: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

31

Outros fármacos como fitoterápicos ( Petasites hybridus) , óxido de magnésio ,

ribiflavina (vitamina B12) , metsergida (derivado do ergot) e aplicações de toxina

botulínica tem apresentado evidencias de redução de número de frequências de

quadros de enxaqueca.

Em casos que não respondem aos medicamentos preventivos em uso isolado , a

associação de fármacos pode mostrar-se efetiva , como no caso da combinação de

propranolol e amitriptilina.

As diretrizes quanto a duração do tratamento profilático são arbitrárias e a decisão

clínica varia caso a caso. Em caso de condições coexistentes sendo tratadas é

comum a não interrupção do tratamento. As medicações geralmente são

descontinuadas quando não apresentam benefícios claros ao paciente.

Page 32: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

32

3.6 Homeopatia e seus fundamentos

Hoje em dia, a medicina ocidental possui duas correntes terapêuticas

fundamentais, a Alopatia que se baseia no princípio dos contrários e a Homeopatia

que se baseia no princípio dos semelhantes.

Homeopatia: palavra de origem grega (homeos: semelhante, da mesma

natureza, igual, análogo; e pathos: doença ou sofrimento).

A Homeopatia se alicerça no seguinte conceito enunciado por Hipócrates: “A

doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à a

saúde”. “Similia similibus curentur”: tratam-se doenças por meio de substâncias que,

quando utilizadas numa pessoa sã, produzirão sintomas semelhantes aos da doença

a ser tratada.

Coube a Hahnemann, séculos depois demonstrá-lo clinicamente e firmá-lo

como método terapêutico, bem como dotá-lo de uma farmacotécnica própria.

Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu em 10 de abril de 1755 na

cidade de Meissen, Saxônia, região oriental da Alemanha e faleceu em 2 de julho

de 1843 em Paris, na França. Aos 20 anos concluiu seus estudos em Meissen e no

ano de 1775, vai para Leipzig iniciar seus estudos de medicina. Para se sustentar,

ministrava aulas particulares de línguas estrangeiras e fazia traduções. Após dois

anos de estudos médicos, Hahnemann resolve transferir-se para a Universidade de

Viena (Áustria) com a intenção de praticar a medicina, realizando treinamento clínico

no hospital-escola. Em 1779, já na Universidade de Erlangen, Hahnemann defende

a tese “A causa e o tratamento das cólicas” e recebe graduação de doutor em

medicina aos 24 anos. Passados 8 anos de prática médica e com vasta clientela,

mas desiludido, insatisfeito e inconformado com o empirismo e agressividade da

Page 33: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

33

medicina praticada em sua época , Hahnemann abandona a prática médica (15).

Mas para sobreviver passou realizar traduções de obras científicas.

Em 1790, aos 35 anos, na tradução da obra Matéria Médica do médico

escocês William Cullen (1710-1790) que, Hahnemann, não concordando com as

explicações dadas pelo autor sobre os efeitos terapêuticos da substância China

(Chinchona officinalis), utilizada para tratamento da malária, resolveu experimentar

em si mesmo, tomando certa quantidade da droga por vários dias. Para sua

surpresa observou manifestações bastante semelhantes àquelas apresentadas por

pacientes com malária. Mas o mais surpreendente foi que, ao interromper as

tomadas da substância, sua saúde voltou ao normal. Hahnemann percebeu que

deveria haver uma identidade entre a doença e a droga ingerida e concluiu que a

China era utilizada no tratamento da malária porque ocasionava sintomas

semelhantes em pessoas saudáveis.

Delineava-se aqui o início da terapêutica homeopática e Hahnemann passou

a experimentar diversas substâncias em si mesmo, familiares e amigos. Apoiado em

suas evidências experimentais e na filosofia hipocrática, Hahnemann idealizou uma

nova forma de tratamento, fundamentada na cura pelos semelhantes.

Com base em seus estudos, em 1796, ano considerado como o da “fundação

da Homeopatia”, publicou “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as

virtudes medicinais das drogas”, no qual fazia um apanhado sobre seus

experimentos e relatava alguns fatos observados anteriormente por outros autores.

Nesse mesmo ano, retornou à profissão médica, tratando seus pacientes pela

aplicação de suas novas idéias.

Page 34: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

34

Hahnemann estabeleceu as bases desta terapêutica sobre quatro pilares

fundamentais: Lei da Semelhança, Experimentação no homem são, Doses mínimas

e dinamizadas e Medicamento único.

Em 1810, publicou a primeira edição do Organon da Arte de Curar, que ainda

teve outras cinco edições. A sexta edição só foi publicada em 1921, muitos anos

após sua morte.

Em 1811, publicou o primeiro volume da Matéria Médica Pura, que concluiu

no ano seguinte, sendo constituída por seis volumes.

Conquistou um grande número de seguidores e, em 1828, publicou outra

grande obra, intitulada Doenças Crônicas.

Hahnemann viveu em Paris desde 1835 até sua morte, aos 88 anos, no dia 2

de julho de 1843, após o que foi reconhecido por inúmeros médicos que antes se

opunham a seus ensinamentos.

Os 4 fundamentos da Homeopatia:

a) Lei da Semelhança: Toda substância capaz de produzir determinados

sintomas (físicos ou psíquicos) numa pessoa sadia, e sensível, é também capaz de

curar uma pessoa doente que apresente estes mesmos sintomas, ou seja, a

Homeopatia adapta à totalidade sintomática do doente uma substância capaz de

provocar experimentalmente em indivíduos aparentemente sadios, porém sensíveis,

um conjunto de alterações que permitem confrontar a semelhança entre este estado

de doença artificial e o estado de doença natural desenvolvido pelo doente. O

importante é a semelhança entre os sintomas do doente e os de cada medicamento

experimentado no homem são.

b) Experimentação no homem são e sensível: Hahnemann elaborou a

hipótese de trabalho de que os medicamentos somente curam em virtude de sua

Page 35: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

35

capacidade de tornar o homem doente, e também que somente curam as doenças

cujos sintomas são semelhantes aos que eles mesmos podem produzir no

organismo aparentemente são. Consiste na administração repetida de uma

determinada diluição homeopática de uma única substância e o registro de todos os

sintomas provenientes da sua administração, criteriosa e precisamente observados.

Definia com bastante precisão a origem da substância a ser experimentada (uma só

em cada experimento), o seu modo de preparação e sua posologia (modo de

administração, dose e repetição). Patogenesia: Conjunto de manifestações objetivas

e subjetivas apresentadas pelo indivíduo sadio e sensível, durante a experimentação

de uma droga. A reunião dos quadros experimentais devidamente catalogados, ou

patogenesias, passou a constituir a Matéria Médica Homeopática.

c) Dose mínima: Na tentativa de amenizar e evitar sintomas orgânicos e

lesionais, ele começou a diminuir as doses em quantidade, cada vez usando menor

quantidade da dose requerida para tratar os pacientes e para as experimentações

em indivíduos sãos. Havia freqüente agravamento inicial, atribuído à soma da

doença já existente com aquela artificial induzida pelo simillimum. No intuito de

contornar este inconveniente, Hahnemann procedeu à redução das doses numa

técnica de diluição de água e álcool, em escala centesimal progressiva, tendo o

cuidado de homogeneizar cada diluição através das sucussões, que em vez de

prejudicar o efeito terapêutico, possibilitou maior aquisição de potencial curativo

(diluição + sucussão = dinamização). A Homeopatia, diluindo sucessivamente a

substância de base, chega a diluições ditas infinitesimais, onde teoricamente não

deveria existir uma única molécula da substância original, ou seja, o medicamento

homeopático passaria a não ser mais um agente puramente químico, e sim físico.

Page 36: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

36

d) Medicamento único: Deve-se utilizar apenas um medicamento de cada vez

no tratamento do paciente, esgotando sua ação antes de repetir o mesmo

medicamento na mesma ou em outras potências ou administrar outro medicamento.

O medicamento escolhido, denominado simillimum, deve ser o medicamento que

cobre a totalidade sintomática do paciente, nos seus mais amplos e completos

aspectos. Este seria o medicamento ideal, quando possível de se obter, trazendo os

melhores benefícios no tratamento. Simillimum: substância cujos sintomas

assinalados na experimentação coincidem àqueles do quadro mórbido a ser tratado

de um doente, ou remédio adequado para curá-lo.

Em síntese, a Homeopatia aborda de forma integrada os binômios saúde-

doença e doença-doente e busca dar importância à compreensão global da pessoa

doente dentro do seu mundo e para o aspecto pessoal de suas reações mórbidas

diante das agressões que sofre. Ainda, leva em consideração a atenção ao regime

alimentar, a importância dos fatores climáticos, ecológicos, psicológicos, dentre

outros, no modo particular do adoecer de cada um.

Page 37: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

37

4 METODOLOGIA

Para se realizar o estudo sobre o tratamento homeopático da enxaqueca foi

realizada uma revisão bibliográfica na literatura médica homeopática acerca dos

principais medicamentos utilizados no tratamento da enxaqueca. Foram utilizados

livros e artigos sobre clínica médica / medicina interna e neurologia (revisão de

literatura – item 3) e matérias médicas homeopáticas de diversos autores, nacionais

e internacionais (resultados – item 5), citados nas referências.

Page 38: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

38

5. RESULTADOS

De acordo com a revisão bibliográfica realizada, utilizam-se, na clínica

homeopática, algumas opções de medicamentos para o tratamento profilático e

episódico, ou seja das crises.

Podem ser empregados:

a) de acordo com os fundamentos da Homeopatia, o medicamento simillimum do

paciente na busca de reequilibrar o organismo como um todo e consequentemente

sua doença em questão, a enxaqueca; medicamento este obtido através de uma

consulta homeopática;

b) ou medicamentos episódicos mais específicos e direcionados às crises, isolados

ou em associação com o simillimum do paciente.

O simillimum do paciente pode ser qualquer um dos medicamentos já

devidamente estudados e constantes na Matéria Médica Homeopática.

Segundo estudo comparativo de eficácia e custo do tratamento homeopático

e convencional realizado por I,D, Pezzuol e al, , com acompanhamento de 299

casos de enxaqueca , rinite e asma na UH-HSPM – SP , de 1992 a 1995 , em

relação ao custo , pois na época do estudo não existiam dados de literatura

comparativa de eficácia entre as duas formas de tratamento , o tratamento de

enxaqueca com homeopatia é mais vantajoso : sendo o tratamento de enxaqueca

com medicamentos convencionais 55% mais caro que o tratamento

homeopático.(16).

A época do estudo acima citado (1992-1995) , Bruno Brigo e Giovanni

Serpelloni , (17) em Verona , Itália em 1993 , realizaram um estudo de comparação

entre medicamento homeopático e placebo , no formato duplo cego . Sendo

Page 39: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

39

escolhidos os medicamentos dentro de um grupo de oito selecionados (Belladona ,

Ignatia , Lachesis , Silicea , Gelsemium , Cyclamen , Natrum muriaticum e Sulphur).

Sendo administrados um ou dois desses remédios, em dose única de 30 CH ,

escolhidos pela reatividade pessoal e as diferentes modalidades do quadro clinico. O

estudo envolveu um grupo caso e um grupo comparativo (controle) , ambos com 30

pacientes , Tendo o controle recebido placebo. ,Após a administração, os pacientes

foram acompanhados em 60 a 120 dias. Foram analisados como parâmetros de

desfecho clínico a frequência e intensidade dos ataques de enxaqueca.

A comparação entre os grupos mostrou que , em relação a frequência das

crises , o grupo placebo demonstrou uma pequena diminuição ( de 9,9 crises por

mês em média , para 7,9 crises por mês) e no grupo tratado homeopaticamente uma

redução mais importante ( de 10 crises por mês em média , para 3 a 1,8 crises por

mês). Em relação à redução da intensidade da dor , o resultado foi insignificante em

ambos os grupos. Em relação à busca de analgésicos para controle da dor , o grupo

placebo apresentou 20 pacientes em uso de analgésicos contra 7 com melhora

espontânea da dor, que tiveram que recorrer a analgésicos para alívio da dor.

Dentro do grupo que recebeu homeopatia, 26 em 30 recorriam a analgésicos e após

120 dias, apenas 7 ainda faziam uso de analgésicos para alívio da dor.

Estudo duplo cego com 68 pacientes para avaliação da eficiência do

tratamento homeopático da enxaqueca foi realizado por Straumsheim em Oslo ,

Noruega , sendo publicado originalmente em Dynamis , 1997 , numero 2 pag 18 a 22

, sob título Homeopatisk behandling av migrene. Utilizando-se um grupo recebendo

placebo e outro recebendo homeopatia. Sendo os resultados analisados por

neurologistas para avaliação da eficiência clínica. Em linhas gerais, ambos os

grupos obtiveram reduções não estatisticamente significantes quanto a frequência

Page 40: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

40

dos ataques , intensidade da dor e consumo de analgésicos. Os diários de dor não

tiveram diferenças estatisticamente significantes. Porém na opinião dos

neurologistas que avaliaram o resultado clínico do estudo , o grupo que recebeu

medicamento homeopático apresentou redução da frequência dos ataques

estatisticamente significante , porém não estatisticamente significante em relação à

intensidade da dor e evolução geral. (18).

Assim, há evidências de que medicamentos homeopáticos podem apresentar

utilidade custo efetiva para redução do número de crises de enxaqueca, sendo

alternativa viável aos medicamentos profiláticos, principalmente em relação aos

efeitos colaterais e custos econômicos apresentados pelos medicamentos

alopáticos.

Novos estudos comparativos e validados estatisticamente são necessários

para evidências com mais clareza esses possíveis efeitos profiláticos dos

medicamentos homeopáticos.

Na pesquisa realizada neste trabalho, foram encontrados diversos

medicamentos homeopáticos indicados para o tratamento de pacientes com

enxaqueca. Alguns são considerados policrestos e podem ser utilizados como

medicamento simillimum; outros, são considerados medicamentos episódicos, mais

específicos.

Visto que a proposição deste trabalho é realizar uma revisão bibliográfica a

respeito do tratamento homeopático da enxaqueca por meio dos medicamentos

homeopáticos indicados no tratamento desta condição clínica, iremos descrever os

medicamentos encontrados nesta revisão em ordem de frequência de citação em

trabalhos publicados por homeopatas sobre a enxaqueca .Este trabalho não possui

como proposição discriminar, dentre os medicamentos encontrados, quais são

Page 41: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

41

policrestos, possíveis medicamentos simillimum e/ou medicamentos locais

específicos, uma vez que a literatura homeopática é bastante ampla e divergente

sobre este assunto específico; deixar-se-á, pois, este tema para um próximo

trabalho.

5.1 Medicamentos homeopáticos e suas similaridades com os

sintomas de enxaqueca ( por número de citações nos trabalhos

compilados)

Gelsemium sempervirens: referenciado em 7 fontes pesquisadas (

17,19,20,21,22,23,24).

Cefaléias do tipo congestivo, do tipo pulsátil ou martelante, mais violenta no

occipício e base do crânio. São tão violentas que o indivíduo não consegue ficar de

pé, procurando deitar. Esgotado e paralisado pela dor. Melhora pela emissão

abundante de urina. Piora pelo trabalho mental, pela fumaça de cigarro, deitado com

a cabeça baixa, pelo calor do sol. Melhora temporariamente por pressão e

estimulantes. Enxaqueca acompanhada de alterações visuais, vertigens, sensação

de que os olhos são puxados para trás. A maior parte das enxaquecas não é

acompanhada por náuseas ou vômitos e sim de tremores e intensa fraqueza, Tem a

sensação de círculo ao redor da cabeça

Beladona: referenciado em 6 fontes pesquisadas (17, 19,20,21,23,24).

Cefaléias com hipersensibilidade do couro cabeludo, não suportando nem

escovas nem pentes. Em geral melhora pelo repouso e piora pelo movimento.

Agitação com dores dos quadris até os pés, que mantem o doente em movimento o

tempo todo. São dores congestivas, pulsáteis e calor na cabeça. Sensação de

plenitude na fronte , occipício e região temporal. Dores latejantes, dilacerantes, pela

Page 42: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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congestão cerebral. Batimentos dolorosos como marteladas n o interior do crânio.

Sensação de que a cabeça cresce. Dores agravadas pela luz, ruído, após o meio-

dia, ou deitado e por correntes de ar. Melhoram sentados ou inclinados. São

cefaléias que agravam pela exposição ao frio. Acompanhada por vertigens e

pulsações.

Sanguinaria canadensis: referenciada em 6 fontes pesquisadas (

19,2021.23.24 e 25)

A ação na cabeça é um dos principais locais de ação deste medicamento. É

indicado em cefaléias com náuseas, afluxo de sangue na cabeça que leva a

desmaios e um estado nauseosos importante , com vômitos. Dores agudas ,

pulsáteis, lancinantes, que se iniciam na região occipital e se estendem para se fixar

na região orbitária direita .Não pode suportar nenhum tipo de odor ,ou ruído. Tem

vômitos de alimentos e bile, permanece deitado em quarto escuro e só melhora pelo

sono. As dores podem ser tão violentas que o doente pressiona a cabeça com as

mãos ou afunda a cabeça no travesseiro. A cefaléia geralmente inicia pela manhã,

aumenta durante o dia e diminui à noite. Tem uma característica de periodicidade a

cada sete dias. Tem característica de melhorarem pela emissão de gases.

Iris versicolor: citada em 5 fontes (19,20,23,24 e 25).

São cefaléias periódicas de origem nervosa que aparecem logo que o

paciente termina um trabalho mental. Dores de cabeça que começam com visão

turva , Vômitos de substância biliosa e amarga, que alivia a cefaléia. Podem ter

comprometimentos de fígado e pâncreas.

Natrum muriaticum: citado em 5 fontes (17,18,19,20 e 25).

Natrum muriaticum é um dos melhores remédios para cefaléias crônicas.

Cefaléias violentas e pulsáteis com inicio pela manhã , ao despertar e duram o dia

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43

inteiro. São piores no período em que há luz solar, durante a menstruação. São

causadas pela fadiga ocular, cegantes. Acompanhadas de constipação intestinal por

secura da mucosa intestinal. Sente a cabeça muito grande e fria. Ocasionamente há

erupções pruriginosas na borda do couro cabeludo.

Ignatia amara: referencia presente em 4 fontes pesquisadas (17,18,19 e 24).

Cabeça sensível e pesada. Cefaléia em pacientes histéricos e nervosos.

Geralmente unilateral , bem localizada com prego enfiando no crânio. Melhora

deitado. Sensação de congestão em peso ou plenitude. Agrava por abaixar a

cabeça. Piora pelo trabalho mental , odores fortes , emoções . Agrava pelo café,

tabaco , álcool , esforços , evacuando , girando a cabeça , correndo , pelo ruído ,

pela luz. Melhora pelo calor, pressão leve , deitando sobre o lado doente.. Termina

em geral em vômitos e com emissão de urina clara.

Sepia succus: Citada em 4 fontes ( 18,19,20 e 25).

Cefaléia hemicraniana em pacientes com alterações uterinas, geralmente

localizadas sobre o olho esquerdo e agravam pela luz , ruído e movimento ,

melhoram pelo exercício intenso. São piores pela manhã , com náuseas e vômitos .

Figado inchado e urina com acido úrico. Cefaléia congestiva com menstruação

pouco abundante. Sensação de frio no vértice.

Spigelia anthelmica: Citada em 4 fontes (19,20,e 24).

Age principalmente no sistema nervoso central. As dores de cabeça

geralmente afetam só um lado, geralmente começam na região occipital e se

estende para frente, para o vértice, para se fixarem acima do olho esquerdo,

agravam pelo menor movimento e por ruídos, luz solar. O olho afetado lacrimeja.

Page 44: ENXAQUECA E HOMEOPATIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

44

As dores são como se uma faixa apertasse a cabeça. Pulsações e pontadas

na cabeça que melhoram por deitar-se com a cabeça alta e agravam ao abaixá-la,

pelo movimento e pelo ruído.

Argentum nitricum: Citada em 3 fontes (20,23 e 25).

Cefaléia congestiva com sensação de aumento da cabeça, melhora pelo ar

frio e apertando a cabeça em faixa. Cefaléia com sensação de frio e tremores,

Cefaléia com sensação como os ossos do crânio fossem se separar. Cefaléia com

vômitos biliosos.

Chamomilla: Citada em 3 fontes (19.20,24).

Dores em toda a cabeça, com sensação de pulsação, exploração e pressão.

Tipo explosivo e lancinante apenas de um lado da cabeça, com vermelhidão da

bochecha apenas de um lado.

Obs: foram citados medicamentos como Glonoinum, Nux vômica ,

Phosphorus e Pulsatilla nigricans como possibilidade de tratamento

homeopático em diversas fontes.

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45

6 DISCUSSÃO

Feita a revisão bibliográfica, foram selecionados os 10 medicamentos

homeopáticos mais citados para o tratamento da enxaqueca em diversas

referências.

Na alopatia, até o momento, o uso de analgésicos e anti-inflamatórios

associado a drogas profiláticas ( por exemplo , antidepressivos e anticonvulsivantes

)é o tratamento clínico mais utilizado para conter os sintomas álgicos e a frequência

das crises de enxaqueca.

Já na homeopatia, alguns medicamentos foram utilizados para estes fins, por

alguns autores, com sucesso, principalmente, em busca da redução da frequência

das crises e da intensidade do nível álgico das mesmas.

Como já foi dito, no tratamento homeopático podem ser utilizados então:

a) o medicamento simillimum do paciente, de acordo com os fundamentos da

Homeopatia, na busca de reequilibrar o organismo como um todo e

consequentemente sua doença em questão, a enxaqueca; medicamento este obtido

através de uma consulta homeopática;

c) ou medicamentos episódicos mais específicos e direcionados à moléstia, isolados

ou em associação com o simillimum do paciente. Atentar também para o fato de que

o medicamento simillimum do paciente pode ser, coincidentemente, um dos

medicamentos ditos locais, direcionados para a doença. Estes medicamentos que

passaram pelo processo de experimentação e foram relatados em matérias médicas

como apresentando esta característica (sintomas relacionados à enxqueca ou o

desenvolvimento da própria após a ingestão do medicamento), podem ser utilizados

na tentativa de, se não minimizar os sintomas, ao menos freá-los por um período.

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O ideal é que se busque o medicamento simillimum do paciente, ou seja, o

medicamento que mais se adequar, com características de semelhança, àquele

indivíduo como um todo, levando em consideração além de sua enfermidade local,

sua constituição orgânica e psíquica.

Dessa forma, foi observado que a utilização da homeopatia no tratamento ,

principalmente profilático, da enxaqueca é viável e eficiente, sendo uma opção

terapêutica segura, sem efeitos colaterais (na grande maioria dos casos), com

resultados apreciáveis e ainda, de baixo custo para o paciente.

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7 CONCLUSÃO

Após a análise da revisão bibliográfica, pode-se constatar que a Homeopatia

é uma opção terapêutica eficaz no tratamento da enxaqueca e pode ser

recomendada para os pacientes em que o tratamento, seja da crise álgica ou de

caráter profilático não obtiveram o resultado desejado e ou maximizado.

Apresentamos um apanhado da experiência de diversos homeopatas e um resumo

dos medicamentos mais utilizados por esses autores. Sabe-se que a terapêutica

homeopática ainda carece de mais estudos que ratifiquem sua importância e

eficácia. Com este trabalho esperamos ter auxiliado a legitimar a Homeopatia como

alternativa de tratamento em neurologia em geral e no tratamento da dor em

particular, especificamente no tratamento da enxaqueca.

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