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Clínica Universitária de Pediatria Eritropoietina: potencial neuroprotetor em contexto neonatal Sofia Carola Julho’2018

Eritropoietina: potencial neuroprotetor em contexto neonatal

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Clínica Universitária de Pediatria

Eritropoietina: potencial neuroprotetor em contexto neonatal

Sofia Carola

Julho’2018

Clínica Universitária de Pediatria

Eritropoietina: potencial neuroprotetor em contexto neonatal

Sofia Carola

Orientado por:

Dr.ª Joana Saldanha

Julho’2018

1

Resumo

O período neonatal representa uma altura de grande stress fisiológico pela

adaptação à vida fora do útero. Alguns grupos desta população estão mais vulneráveis

nesta fase, quer pela imaturidade dos seus sistemas e órgãos, como os prematuros, em

particular com menos de 32 semanas de idade gestacional, quer os recém-nascidos de

baixo peso, nomeadamente os que sofreram restrição de crescimento fetal, e ainda

outros por fatores agressores perinatais, como na encefalopatia hipoxico-isquémica

neonatal. Estes grupos apresentam alto risco de défices no neurodesenvolvimento, a

curto e longo prazo, com défices motores e cognitivos de gravidade variável. Apesar de

não serem conhecidos na totalidade os mecanismos de lesão cerebral neonatal, estes

passam pela morte celular potenciada pela hipóxia e isquémia, inflamação aguda e

crónica, stress oxidativo, e perpetuação de outros fatores que impedem a correta

maturação cerebral neonatal, com défices documentados por técnicas

neuroimagiológicas. Devido ao impacto epidemiológico, social e económico destas

patologias, com importante repercussão na qualidade de vida destas crianças e suas

famílias, tem surgido nos últimos anos interesse em estratégias neuroprotectoras. O

único tratamento neuroprotector pós-natal recomendado é a terapêutica com hipotermia

induzida na encefalopatia hipoxico-isquémica que tem obtido bons resultados. No

entanto, este é frequentemente insuficiente e limitado aos recém-nascidos acima das 35

semanas de idade gestacional e beneficiaria de terapêuticas adjuvantes. De alguns

fármacos em estudo destaca-se, pela sua disponibilidade e boa tolerância, a

eritropoietina. O objetivo deste trabalho é, com base numa revisão da literatura,

perceber de que modo efeitos pleiotrópicos da eritropoietina no sistema nervoso central

podem estimular os mecanismos neuroprotetores endógenos em resposta à lesão

cerebral em prematuros com idade gestacional inferior a 32 semanas e recém-nascidos

com encefalopatia hipoxico-isquémica, e se essa ação tem repercussão na avaliação do

neurodesenvolvimento a curto e longo prazo.

Palavras-chave: Eritropoietina; Neuroproteção neonatal; Neurodesenvolvimento;

Prematuros; Encefalopatia hipoxico-isquémica.

O Trabalho Final exprime a opinião do autor e não da FML.

2

Abstract

The neonatal period is a phase of adaptation that results in great physiologic

stress. Some neonatal groups are more vulnerable in this phase, due to the immaturity of

their organs and systems, like preterm born before the 32 weeks of gestation, especially

those with intrauterine growth restriction, and due to the overload of perinatal

aggressive factors, like in the neonatal hypoxic-ischemic encephalopathy. These groups

have a high risk of short and long-term neurodevelopment deficits, such as motor and

cognitive deficits of different grades of severity. Even though the mechanisms of

neonatal cerebral injury are not fully understood, these are related to the cellular death,

hypoxia and ischemia, acute and chronic inflammation, oxidative stress and other

ongoing factors that impair the normal development of the neonatal brain, with

imagological documented deficits. Due to the epidemiologic, social and economic

weight of these pathologies, with an impact on the quality of life of these children and

their families, there is an increasing interest in neuroprotective strategies. Therapeutic

hypothermia treatment is the only postnatal neuroprotective treatment in neonatal

hypoxic-ischemic encephalopathy. However this is usually insufficient and limited

newborns above the 35 weeks of gestational age and would benefit from adjuvant

treatments. Of some of the pharmacological strategies erythropoietin seems to be the

most promising due to its availability and well known tolerance in this population. The

goal of this thesis is, based on a literature review, to understand in which way the

pleiotropic effects of erythropoietin on the central nervous system can stimulate the

endogenous neuroprotective mechanisms in response to cerebral damage in preterm

born before the 32 weeks of gestation and on neonatal hypoxic-ischemic

encephalopathy, and to see if that action as an effect on short and long term

neurodevelopment evaluation.

Key-words: Erythropoietin; Neonatal neuroprotection; Neurodevelopment; Preterm

infants; Hypoxic-ischemic encephalopathy

3

Índice

Lista de abreviaturas ...................................................................................................... 4

Introdução ....................................................................................................................... 5

A. Lesão cerebral neonatal ............................................................................................ 7

1. Encefalopatia da prematuridade ....................................................................................... 7

2. Encefalopatia hipoxico-isquémica neonatal ...................................................................... 8

3. Inflamação ......................................................................................................................... 10

B. Eritropoietina ........................................................................................................... 11

1. Bioquímica e Recetor ........................................................................................................ 11

2. Agentes estimuladores da eritropoiese ............................................................................ 12

3. Mecanismo de ação e potencial neuroprotetor ............................................................... 12

3.1 Interação Epo-EpoR no desenvolvimento fetal do SNC ............................................... 13

3.2. Resposta a eventos hipoxico-isquémicos ..................................................................... 13

3.3. Ação anti-inflamatória, anti-excitotóxica, antioxidante e anti-apoptótica ................... 13

3.4. Promoção da neurogénese, angiogénese e regeneração após lesão cerebral. ............... 14

C. Aplicação clínica ...................................................................................................... 16

1. Perfil de segurança farmacológico ................................................................................... 16

2. Ensaios clínicos .................................................................................................................. 17

2.1. Prematuros .................................................................................................................... 17

2.2. Encefalopatia hipoxico-isquémica neonatal ................................................................. 20

2.3. Neuroimagiologia ......................................................................................................... 21

Conclusão e perspetiva de futuro ................................................................................ 23

Agradecimentos ............................................................................................................ 24

Bibliografia .................................................................................................................... 25

4

Lista de abreviaturas

AEEs - Agentes estimuladores da

eritropoiese

AF - Anisotropia Fracional

BHE - Barreira hemato-encefálica

BSID - Bayley Scales of Infant and

Toddler Development

Darbe – Darbepoetina

DN – Défice de neurodesenvolvimento

EHI – Encefalopatia hipoxico-

isquémica

EHIN – Encefalopatia hipoxico-

isquémica neonatal

ECAC – Ensaio clínico aleatoriamente

controlado

Epo- Eritropoietina

EpoR – Recetor de eritropoietina

EROs – Espécies reativas de oxigénio

HI - Hipoxico-isquémica

HIPV – Hemorragia intra e peri

ventricular

iv – Intravenosa

MDI – Mental development index

LPV – Leucomalácia periventricular

OMS - Organização Mundial de Saúde

PC- Paralisia cerebral

PDI – Psychomotor development index

QD - Quociente de desenvolvimento

QI – Quociente de inteligência

rEpo – Eritropoietina humana

recombinante

RN – Recém-nascido

RM – Ressonância magnética

ROP – Retinopatia da prematuridade

SB – Substância branca

SC – Substância cinzenta

sc – Subcutânea

SNC – Sistema nervoso central

TH – Terapêutica com hipotermia

induzida

5

Introdução

O défice de neurodesenvolvimento (DN) é uma preocupação crescente em

neonatologia em alguns grupos de risco, como recém-nascidos (RN) com encefalopatia

hipoxico-isquémica (EHI) e prematuros, pois apesar do aumento da sobrevivência com

menor disfunção neurológica, os défices cognitivos e motores, de diferentes gravidades,

continuam a ser uma realidade a curto e longo prazo.[1]

A prematuridade é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o

nascimento antes das 37 semanas de gestação dividindo-se em extremos prematuros

(˂28 semanas), muito prematuros (28-32 semanas) e prematuros moderados/tardios (32-

<37 semanas). Também de acordo com dados da OMS estima-se que todos os anos

nasçam cerca de 15 milhões de prematuros, numa taxa de incidência que varia entre 5-

18% em cada país, sendo as suas complicações a principal causa de mortalidade infantil

antes dos 5 anos. Como o segundo e terceiro trimestre de gestação são fundamentais no

desenvolvimento cerebral e o período pós-natal caracteriza-se por grande stress

fisiológico para o qual o RN pode não estar preparado, esta população de prematuros

tem elevado risco neurológico. As suas complicações não dependem apenas da idade

gestacional, mas também do peso ao nascer, sendo mais grave naqueles de muito baixo

peso (˂ 1500g). [2] A hemorragia intra e periventricular (HIPV) e a leucomalácia

periventricular (LPV) são patologias cerebrais que podem surgir em RN prematuros,

com impacto negativo provado no neurodesenvolvimento. Outros fatores de risco são

também cumulativos no DN, como sexo masculino, perímetro cefálico reduzido e

ausência de fatores protetores.[3] Na primeira infância os prematuros apresentam

tendencialmente mais défices motores, incluindo paralisia cerebral, défice visual e

auditivo, défices cognitivos, como quociente de inteligência (QI) menor, problemas

comportamentais e de socialização, com consequente dificuldade académica e menor

índice de qualidade de vida.[4] Durante a adolescência alguns destes problemas parecem

persistir, no entanto com melhor capacidade de adaptação. [5]

Eventos perinatais, como a lesão hipoxico-isquémica (HI), que leva ao

desenvolvimento de EHI também condicionam alterações significativas do

neurodesenvolvimento. A EHI neonatal (EHIN) caracteriza-se por uma dificuldade em

iniciar e manter respiração espontânea, diminuição do tónus muscular e reflexos

neurológicos e depressão do estado de consciência, após um quadro ou evento de lesão

HI documentado ou definido por critérios internacionais.[6] Apesar da diminuição da

incidência em países desenvolvidos, ocorre em cerca de 1.5 por cada 1000 RN de termo,

sendo uma causa de mortalidade e morbilidade infantis com grande peso

epidemiológico.[7][8] Dos sobreviventes cerca de um quarto apresentará défices

neurológicos permanentes e a longo prazo. [9] As sequelas mais comuns são paralisia

cerebral, epilepsia, défice cognitivo e atraso no neurodesenvolvimento, incluindo

défices motores.[10]. A terapêutica com hipotermia induzida (TH), a única aprovada e

recomendada como terapêutica neuroprotectora pós-natal, consiste na redução da

temperatura corporal a 33-34ºC durante 72 horas e resultou nos últimos anos em

6

redução das taxas de mortalidade, do défice neurológico nas primeiras 24h, da lesão

cerebral e na redução da incidência de paralisia cerebral e DN. [11,12] No entanto, é

ineficaz em cerca de 45% dos casos de EHIN moderada a grave, mantendo índices de

mortalidade e morbilidade elevados.[13]

Pelo impacto das sequelas para o futuro das crianças e as implicações sociais,

económicas e psicológicas que estes défices têm nas famílias e na sociedade, é oportuno

tentar intervir precocemente com terapêuticas neuroprotectoras. A utilização de

eritropoietina (Epo), melatonina, gases nobres, alopurinol, glucocorticóides, sulfato de

magnésio, agonistas de canabinóides, células estaminais, entre outros, são alguns dos

fármacos em estudo.[14] Além da utilização do sulfato de magnésio em contexto pré-

natal, a Epo é um dos fármacos que poderá vir a ser recomendada em contexto pós-

natal. Apresenta efeitos nos mecanismos de lesão cerebral aguda e crónica, como a

redução da inflamação, da formação de radicais livres, da apoptose celular, da

excitotoxicidade por neurotransmissores e pela estimulação da reparação e regeneração

celular após lesão. Além disso, a sua utilização desde há longos anos, na forma de

eritropoietina recombinante humana (rEpo) na população neonatal com anemia da

prematuridade, garante segurança na sua boa tolerância.[15]

Este trabalho consistirá numa revisão de literatura sobre o efeito no

neurodesenvolvimento da Epo em RN prematuros com idade gestacional inferior a 32

semanas e em RN com EHIN, procurando perceber de que forma a Epo pode estimular

os mecanismos neuroprotetores endógenos em resposta a lesão cerebral comum nesta

população.

7

A. Lesão cerebral neonatal

1. Encefalopatia da prematuridade

É durante o segundo e terceiro trimestre de gestação que o cérebro aumenta

rapidamente de tamanho e complexidade. O compromisso neurológico resulta tanto de

uma lesão dos tecidos como de uma interrupção do normal desenvolvimento. [16][17]

A utilização da ressonância magnética permitiu identificar a lesão da substância

branca (SB) como a principal patologia cerebral da prematuridade, e não a HIPV como

anteriormente se admitia. Entre 50-80% dos muito prematuros apresentam lesão difusa

da SB. Os diferentes graus de gravidade associam-se aos défices de função cognitiva e

motora, sendo que a lesão mais comum é a LPV.[18] O conjunto de lesões na SB e as

alterações em algumas estruturas da substância cinzenta (SC) têm vindo a ser

denominado na literatura como “encefalopatia da prematuridade”. Esta resulta de uma

lesão ou evento primário, com impacto secundário negativo no neurodesenvolvimento,

e parece ser um determinante fundamental da maioria das sequelas neurológicas em

prematuros.[17]

Figura 1 – Relação entre a infeção, inflamação, hipóxia, isquémia, outros traumas e a imaturidade

cerebral, com redução do crescimento cerebral a longo prazo, e desenvolvimento incompleto que leva a

défice da função neuronal, cognitivo e motor

Adaptado de: Galinsky, R., Lear, C.A., Dean, J.M., Wassink, G., Dhillon, S.K., Fraser, M., et al. (2018) Complex

interactions between hypoxia-ischemia and inflammation in preterm brain injury. Developmental Medicine and Child

Neurology, 60, 126–133.

8

A etiologia da lesão cerebral nos prematuros não está totalmente esclarecida,

embora a evidência aponte para um evento HI e outros eventos perinatais que

contribuem para a inflamação.[19] A hipóxia, se prolongada e associada a isquémia, leva

à perda de função neuronal. A isquémia associa-se a redução da atividade metabólica e

de remoção de resíduos de atividade celular, com acumulação de produtos citotóxicos

deletérios para os neurónios. No entanto, não se pode considerar a HI como a única

lesão no cérebro prematuro (Figura 1).[20]

O crescimento dendrítico e axonal, a angiogénese e a mielinização, que são

processos metabolicamente muito ativos e rápidos, aumentam a vulnerabilidade do

cérebro imaturo. Os prematuros parecem não conseguir produzir e distribuir

eficazmente alguns fatores de crescimento de acordo com as necessidades. [21]

A encefalopatia da prematuridade apresenta um componente major de LPV,

acompanhada de doença neurónio-axónio. A LPV leva à perda de elementos celulares,

lesão de oligodendrócitos, astrocitose marcada e da SB. Os pré-oligodendrócitos, que se

desenvolvem entre a 24ª e 32ª semana e vão ser responsáveis pela produção de mielina,

são muito vulneráveis à lesão por isquémia, inflamação, excitotoxicidade e espécies

reativas de oxigénio (EROs). Por serem a forma celular predominante na SB durante

esse período, são particularmente sensíveis à LPV e processos agressores que afetam a

sua maturação celular e levam a hipomielinização dos axónios e, por vezes, à

degeneração por falta de suporte trófico. [17] Outra consequência é o volume cerebral

reduzido que se associa a uma arborização dendrítica deficiente e lesão difusa da SB

com morte celular, cuja regeneração por pré-oligodendrócitos não diferenciados é

insuficiente, levando a falência da mielinização de axónios, com consequente défice

cognitivo.[24]

A evidência de lesão na SC por LPV é consideravelmente menor do que na SB,

e consiste na perda de neurónios, gliose, e ativação da microglia. O tálamo, hipocampo

e região parietal são frequentemente lesados, com correlação com défices cognitivos e

motores. A alteração da arquitetura cerebral impede a formação de uma rede neuronal

suficientemente complexa levando a um défice neurocognitivo que persiste pela vida

adulta. [22] [23]

2. Encefalopatia hipoxico-isquémica neonatal

Após um evento agudo de hipóxia, com redução da perfusão sanguínea pode,

dependendo da gravidade e duração, ocorrer morte celular imediata por necrose ou

iniciar-se um processo dividido por fases que leva a morte celular mais tarde. A morte

celular, em contexto HI, caracteriza-se por um contínuo entre a via apoptótica e via

necrótica. A apoptose celular resulta do desequilíbrio das proteínas anti-apoptóticas

(Bcl- 2 e Bcl – xL) e pró-apoptóticas (bax e bak). Estas proteínas permeabilizam a

membrana mitocondrial permitindo que proteínas como as caspases entrem no mitosol e

dêem início ao processo de morte celular. A necrose dos neurónios ocorre em contexto

de excitotoxicidade em que, por esgotamento total das reservas da energia, não é

9

possível ativar a via apoptótica. A morte celular por necrose cria uma resposta

inflamatória aguda com ativação de macrófagos e libertação de citocinas

inflamatórias.[26]

Na fase aguda, pela ausência de oxigenação e glicose nas células nervosas,

inicia-se metabolismo anaeróbio, que é menos eficaz e leva à falência de produção

energia sob a forma de ATP. Com o défice de ATP ocorre acumulação de sódio

intracelular, por falência da bomba de sódio e potássio, o que leva a despolarização dos

neurónios, com aumento no fluxo glutaminérgico e ativação de recetores NMDA. Esta

excessiva ativação sináptica leva à acumulação de cálcio intracelular, por

disfuncionalidade dos canais, que é deletéria para as mitocôndrias. A disfunção

mitocondrial leva à ativação de cascatas de sinalização neurotóxicas, edema e lise

celular, formação de óxido nítrico e EROs. A contínua libertação de EROs, sem fatores

antioxidantes protetores, perpetua a disfunção mitocondrial e despolarização da

membrana. A fase latente, que se inicia cerca de uma hora após o evento agudo com a

reperfusão sanguínea, caracteriza-se por uma resolução parcial do edema citotóxico,

retoma do metabolismo aeróbio, aumento da oxigenação dos tecidos e inibição da

cascata neurotóxica. A duração desta fase é inversamente proporcional à sua gravidade

e será esta a fase com maior benefício de intervenção terapêutica. A fase secundária,

que ocorre 6 a 48 horas apos o evento primário, consiste numa falência de produção de

energia secundária em que, apesar da reoxigenação, há depleção das reservas de fosfato,

com libertação de neurotransmissores excitotóxicos e EROs. Nesta fase ocorrem

convulsões, edema citotóxico secundário, acumulação de citocinas inflamatórias e

disfunção mitocondrial. O grau de falência condiciona o tipo de morte dos neurónios, e

o grau de suporte trófico influencia a angiogénese e neurogénese (Figura 2).[6, 9, 25]

Figura 2 – Esquematização das diferentes fases patológicas, e respetivas características e eventos, da

lesão cerebral após lesão hipoxico-isquémica: fase aguda, latente, secundária e terciária.

Adaptado de: Hassell, K.J., Ezzati, M., Alonso-Alconada, D., Hausenloy, D.J. and Robertson, N.J. (2015) New

horizons for newborn brain protection: Enhancing endogenous neuroprotection. Archives of Disease in Childhood:

Fetal and Neonatal Edition, 100, F541–F551

10

Os processos patológicos podem continuar semanas a anos após o evento HI,

sendo essa a fase terciária que envolve processos de gliose, ativação persistente de

recetores inflamatórios, remodelling do cérebro lesado e alterações epigenéticas.[27]

Do ponto de vista imagiológico os dois padrões mais comuns na EHI neonatal

são a lesão dos núcleos profundo da SC (25-75%), que se associa aos défices

neurológicos mais graves e com maior risco do neurodesenvolvimento a longo prazo e a

lesão em zona watershed (15-45%), que se associa quase exclusivamente aos défices

cognitivos. [28]

3. Inflamação

A inflamação é um processo comum na lesão cerebral em prematuros e EHIN.

Na EHIN a resposta inflamatória e imunitária contribui para a patogénese da isquémia

cerebral. Algumas horas depois da reperfusão, os astrócitos ativados, a microglia e

células endoteliais libertam citocinas e mediadores pro-inflamatórios, como o TNF-α,

IL-1, IL-6, IL-8. Estas citocinas atraem células inflamatórias e mantém-se elevadas

durante alguns dias. Cada uma tem diferentes funções que contribuem para a

perpetuação do estado neuroinflamatório instalado. O sistema imunitário imaturo não

consegue controlar a atividade inflamatória intensa, que se mantém durante muito

tempo e diminui a funcionalidade da barreira hemato-encefálica (BHE). Nos prematuros

parece haver uma via comum de lesão que, independentemente do evento principal, leva

à progressão para inflamação crónica e gliose, com falência da maturação de

oligodendrócitos e neurónios, com uma rede neuronal deficitária e DN a longo

prazo.[29][30]

A inflamação, secundária ou crónica, parece ser um alvo terapêutico viável no

sentido de melhorar o neurodesenvolvimento.

11

B. Eritropoietina

1. Bioquímica e Recetor

A Epo é uma citocina glicoproteica, com um peso molecular de 30.4 kDA na

espécie humana, cuja função mais estudada é a hematopoiética, como reguladora da

eritropoiese em resposta à hipóxia. Durante o desenvolvimento fetal é sintetizada no

fígado, ocorrendo, perto do final da gestação, a passagem do local de produção para o

córtex renal onde é maioritariamente expressa durante a vida adulta. É também, em

menor quantidade, sintetizada no cérebro, baço, pulmão, testículos e placenta. [31, 32]

Nos últimos anos os seus efeitos pleiotrópicos em várias células, que vão muito

além da sua função como fator de crescimento hematopoiético, têm sido alvo de

investigação. A Epo atua como fator trófico no sistema imunitário, células endoteliais,

medula óssea, trato gastrointestinal, coração, rim, músculo esquelético, sistema

reprodutivo, pâncreas e sistema nervoso. [6]

A sua ação ao nível do sistema nervoso central (SNC) tem ganho relevância,

quer pela sua importância no normal desenvolvimento cerebral, como pelo seu potencial

neuroprotector. No SNC a Epo é sintetizada pelos neurónios e astrócitos, tendo sido

identificados recetores em neurónios, células da glia, e células endoteliais. As zonas

cerebrais com maior expressão são o hipocampo, cápsula interna, córtex, mesencéfalo,

células endoteliais cerebrais e astrócitos. A Epo tem nestes tecidos um efeito

neurotrófico, neuroprotector, e promotor da neuroplasticidade. [33]

A sua atividade é dependente de recetor. O recetor da eritropoietina (EpoR) é um

recetor transmembranar, membro da superfamília de recetores de citocina tipo I, com

um peso molecular de cerca de 60kDa. Este é expresso, de forma constitutiva, nas

células percussoras eritrocitárias, constituído por um domínio extracelular, um

segmento transmembranar e um domínio intracelular cuja atividade está dependente da

ativação pelo ligando. Após a ligação de Epo ocorre uma alteração conformacional que

consiste na homodimerização do recetor e leva à fosforilação da cinase Jak2 e à ativação

de diferentes cascatas de sinalização intracelular. Estas vias de sinalização, apesar de

diferirem em cada tecido, têm mecanismos semelhantes, e a sua função principal passa

por impedir a apoptose e permitir a proliferação celular. [34–36]

A utilização de alguns tipos de agentes estimuladores da eritropoiese (AEEs),

com a qual não se verificaram efeitos hematopoiéticos, mas se observaram efeitos

citoprotectores em modelos in vivo e in vitro de lesão neurológica, levantou a questão

da existência de dois recetores de Epo diferentes. [37] Em tecidos não hematopoiéticos a

estrutura do EpoR parece ser heterodimérica, composta por um monómero de EpoR e

por uma subunidade CD131, um recetor de citocina comum β (EpoRβ).[38] Este

apresenta uma afinidade para a Epo menor, provavelmente pela ausência de dimerização

necessária após a ligação de Epo, o que pode justificar a necessidade de administração

12

de doses exógenas superiores para se atingirem efeitos citoprotectores noutros tecidos. [39]

2. Agentes estimuladores da eritropoiese (AEEs)

A rEpo foi desenvolvida nos anos 80 utilizando um sistema que mantém a

glicosilação-N essencial à atividade biológica da molécula. Existem diferentes padrões

de glicosilação que garantem diferentes propriedades biológicas, e dão origem a

epoetina α, β, entre outras. A sua utilização revolucionou o tratamento da anemia da

doença renal crónica e desde então é também utilizado em doentes oncológicos sob

quimioterapia. [31] Um dos objetivos no desenvolvimento de AEEs é melhorar as suas

características farmacológicas de modo a prolongar o tempo de semi-vida plasmático e

vias de administração alternativas. A darbepoetina alfa (Darbe) resulta de um aumento

da massa molecular através da hiperglicosilação e permite um menor número de

administrações pelo maior tempo de semi-vida e eficácia comparável verificada. Estão

em desenvolvimento mais derivados da Epo que mantenham os seus efeitos

citoprotectores, mas tenham um reduzido efeito a nível medular. Estruturalmente

relacionadas com a molécula de Epo existem, por exemplo, a asialoeritropoeitina,

neuro-epo e a Epo carbamilada, que apresentam eficácia comparável à rEpo. A Epo

carbamilada parece ter uma maior afinidade para o EpoR heterodimérico, importante na

neuroprotecção, sem ação eritropoética. Existem ainda variantes estruturais, os

miméticos de Epo, que também não apresentam efeito eritropoéticos.[37, 40]

3. Mecanismo de ação e potencial neuroprotetor (Figura 3)

O potencial neuroprotetor da Epo tem sido evidenciado tanto em ensaios com

animais, em que se verificou a importância da interação Epo-EpoR no desenvolvimento

normal do SNC e os efeitos protetores em diferentes mecanismos de lesão cerebral,

como em estudos retrospetivos onde se administrou rEpo com objetivos eritropoéticos e

se observaram efeitos em outcomes neurológicos secundários.[41] Em modelos animais

estes efeitos protetores resultam em melhorias do outcome neurológico após lesão

cerebral. [42]

Figura 3 – Efeitos pleiotrópicos neuroprotetores da Eritropoietina.

Adaptado de: Subiras, N., Del Barco, D.G. and Coro Antich, R.M. (2012) Erythropoietin: Still on

the neuroprotection road. Therapeutic Advances in Neurological Disorders, 5, 161–173.

13

3.1 Interação Epo-EpoR no desenvolvimento fetal do SNC

Sabe-se que a Epo é um importante mediador no desenvolvimento cerebral

normal e uma das evidências mais marcantes para a importância do EpoR no SNC é a

redução de tamanho cerebral, com proliferação celular e neurogénese deficitária em

ratinhos knock out para o recetor.[43]

O EpoR é expresso ao longo de toda a oligodendrogénese e, apesar de não ter

uma função estrutural fundamental, a sua via de sinalização representa um fator trófico

importante durante o desenvolvimento cerebral fetal. A sua função não está totalmente

esclarecida, mas a sua expressão em células do SNC aumenta em situação de stress,

como lesões perinatais, e a ausência de ligação à Epo resulta em apoptose dessas

células. Um dos mecanismos neuroprotectoras da Epo passa pela estimulação da

maturação dos oligodendrócitos, e desse modo a preservação da SB, de particular

relevância nos prematuros.[44] Sabe-se ainda que a mielinização é estimulada pela

Epo.[45]

3.2. Resposta a eventos HI

A hipóxia prolongada é um dos mais conhecidos estímulos da produção de Epo

através da transcrição de HIF. Embora se conheçam o HIF-2 e HIF-3, o seu papel não

está totalmente esclarecido e no SNC, tal como na maioria dos tecidos, o principal

regulador é o HIF-1, em particular o HIF-1α.[46] Não só a hipoxia leva a produção de

Epo, como a expressão de EpoR é aumentada em resposta à lesão HI.[47] A ligação de

Epo e EpoR no cérebro, após lesão HI, induz efeitos específicos nas células com

benefício nas fases precoces e tardias da evolução e recuperação da lesão, como

limitação da extensão da lesão e recuperação celular. Períodos de hipóxia mais curtos

podem não ser suficientes para a produção de Epo endógena, o que salienta a

importância da sua administração exógena. [26, 36]

3.3. Ação anti-inflamatória, anti-excitotóxica, antioxidante e anti-apoptótica

Estes são efeitos precoces e são, em grande parte, dependentes da ativação da

Jak2 pela ligação Epo-EpoR, que é responsável pela ativação de diferentes vias de

sinalização com ações importantes na prevenção da morte celular (Figura 4). [48, 49] A

ativação das vias STAT, NF-κB, PI3K/Akt e ERK/MAPK/Ras promove a ativação de

genes que regulam processos como apoptose, crescimento, migração, proliferação e

diferenciação celular. A via STAT5 tem particular importância na resposta a citocinas,

fatores de crescimentos e hormonas e está implicada nos mecanismos protetores de

tecidos não hematológicos, nomeadamente no SNC. A ativação Jak2/STAT5 leva ao

aumento da expressão dos genes Bcl-xL e Bcl-2. O NF-κB é um conhecido fator de

diferenciação dos neurónios e regulador negativo do TNF-β, com ação protetora

documentada nos processos neuroinflamatórios. Poderá estar presente, além das células

imunitárias, na superfície da BHE. O NF-κB é essencial na produção de células

nervosas estaminais e prevenção da apoptose mediada pela Epo. A via de sinalização

PI3K/Akt promove o crescimento axonal e arborização no hipocampo. Esta potencia a

14

atividade da Akt, sensível ao stress oxidativo, e deste modo previne a ativação da

microglia, um dos componentes importantes na neuroinflamação. A via

ERK/MAPK/Ras, apesar de ser a menos estudada resulta da ativação de três proteínas

cinase (Ras, Raf, eMAPK/ERK), com ação anti-apoptótica, e que são responsáveis pela

diferenciação e proliferação de neurónios, astrócitos, e também pela estimulação da

produção de Epo endógena. [33, 50, 51]

Além destas vias a Epo atua nos recetores NMDA e canais de cálcio, inibindo a

acumulação de glutamato nas fendas sinápticas e regulando o influxo de cálcio, com

consequente bloqueio de efeitos excitotóxicos. Outra contribuição para a diminuição do

stress oxidativo é a estimulação de enzimas responsáveis pela degradação de EROs e

diminuição das necessidades de ATP, com redução da lesão cerebral aguda por esta

causa. [52, 53]

A Epo contém a resposta inflamatória inicial. A sua ação, além das já citadas,

passa pela redução da circulação de citocinas pró-inflamatórios, das células imunitárias,

da astrocitose reativa e da ativação da microglia e oligodendroglia. [54]

3.4. Promoção da neurogénese, angiogénese e regeneração após lesão cerebral.

Esta ação da Epo corresponde aos seus efeitos a longo prazo em que é

responsável pela migração e ação de neurónios regenerativos.[43] O tratamento com Epo

favorece o desenvolvimento de neurónios e oligodendrócitos em regiões lesadas e

diminui a astrogliose, com diminuição da morte celular de células nervosas percursoras

Figura 4 – Vias de sinalização ativadas pelo EpoR e suas funções na célula, incluindo o EpoRβ

expresso no SNC.

Adaptado de: Hernández, C.C., Burgos, C.F., Gajardo, A.H., Silva-Grecchi, T., Gavilan, J., Toledo, J.R.,

et al. (2017) Neuroprotective effects of erythropoietin on neurodegenerative and ischemic brain diseases:

The role of erythropoietin receptor. Neural Regeneration Research, 12, 1381–1389.

15

e proliferação dessas mesmas células. [55, 56]. Além de funcionar como fator

neurotrófico, estimulando o crescimento axonal, formação e sprouting dendrítico

associa-se ainda a um aumento dos níveis do brain derived neurotrophic factor (BDNF)

e da manutenção da plasticidade neuronal após lesão.[50]

O EpoR é também expresso nas células endoteliais, e é responsável pela

prevenção da apoptose e promoção do crescimento endotelial. Tem uma ação indireta,

através das vias PI3K/AKT e ERK1/2, na ativação da via VEGF, um conhecido fator

angiogénico e regulador do crescimento de células endoteliais. A neovascularização

melhora a disponibilidade de oxigénio e contraria o efeito da hipóxia nos neurónios.

Esta ação permite reduzir a lesão HI focal em fase aguda, do edema cerebral e da

permeabilidade da BHE. [57]

16

C. Aplicação clínica

A evidência a nível celular e molecular aponta no sentido da confirmação do

potencial neuroprotector da Epo, mas falta ainda demonstração clínica em humanos com

impacto neurológico significativo. Existe já algum volume de evidência com base em

alguns ensaios clínicos publicados, com maior relevância na população muito prematura

e com EHIN.

1. Perfil de segurança farmacológico

Uma das razões pelas quais a Epo se tem destacado como fármaco

neuroprotector, em relação a outros em estudo, é o seu perfil de segurança já bem

estudado na população neonatal. É um fármaco acessível e com perfil farmacológico

bem conhecido.[42] A BHE parece ficar mais permeável após um evento HI, permitindo

uma maior penetração de Epo, que vai atuar no sentido de diminuir a permeabilidade a

agentes tóxicos.[52]

Um desafio em relação ao objetivo neuroprotector é na definição da dosagem.

Sabe-se que doses inferiores a 200 UI/kg não conferem neuroprotecção, mas não há

uma indicação de dose ou posologia ótima.[58] Doses de 1000 UI/kg garantem

concentrações plasmáticas consideradas neuroprotectoras, podendo chegar até 3000

UI/kg com boa tolerância, mesmo administradas nas primeiras horas de vida.[59–61] Na

EHIN as doses de 1000UI/kg, em associação com TH, também parecem seguras e

adequadas ao objetivo neuroprotector.[60, 62] A utilização de AEEs que não a rEpo

também pressupõe um maior desafio, com alguns ensaios a demonstrar a segurança da

Darbe com e sem associação a TH. Relativamente à posologia os ensaios apresentam

grande variabilidade no esquema escolhido. A evidência atual aponta no sentido de que

doses cumulativas parecem fornecer maior proteção que dose única.[63, 64]

Uma preocupação em relação aos efeitos adversos a longo prazo da

administração de rEpo é o aparente aumento da incidência de retinopatia da

prematuridade (ROP), em particular de grau superior a 3. Em 2006, após a publicação

de uma meta-análise sobre o uso de rEpo na prevenção de transfusões sanguíneas em

prematuros, foi observado um aumento de casos com ROP (grau ≥ 3). Uma revisão

dessa meta-análise, publicada em 2017 pelos mesmos autores, confirma que a tendência

não se mantém e não há qualquer evidência, suportada por diferentes ensaios, do

aumento de risco de ROP.[41, 65, 66]

Uma limitação destes estudos é serem, na sua maioria, realizados tendo em conta

doses eritropoéticas e não neuroprotectoras. Ainda assim, com doses mais elevadas não

parece haver risco aumentado de hipertensão arterial, policitémia, eventos trombo-

embólicos ou outros efeitos adversos comuns na população adulta sob terapêutica com

rEpo. Também não há evidência de associação a outras patologias neonatais como a

enterocolite necrosante ou broncodisplasia pulmonar. Os efeitos adversos reportados

17

são aumento de hemangiomas, hematócrito e leucócitos, com redução de plaquetas, sem

repercussão hemodinâmica.[41, 67]

2. Ensaios clínicos

2.1. Prematuros

Os primeiros ensaios que reportam os efeitos neuroprotetores da Epo em

prematuros utilizaram populações em que fora administrado rEpo com objetivos

eritropoéticos e, de forma retrospetiva se observaram efeitos noutros órgãos. Uma

primeira meta-análise de 1999 analisou parâmetros de neurodesenvolvimento aos 2, 5 e

8 anos, em 40 prematuros de dois ensaios clínicos aleatorizados controlados (ECAC)

não verificando neuroprotecção.[58] Este estudo apresentava várias limitações, pois foi

originalmente desenhado para analisar efeito da rEpo na redução de transfusões

sanguíneas, tendo sido utilizado um esquema de administração com doses inferiores a

200 UI/kg/semana, que não se considera suficiente. Mais tarde Brown et al utilizou

doses cumulativas de rEpo durante 6 semanas e verificou que esta se associava a um

score de mental development index (MDI), de acordo com a escala Bayley Scales of

Infant and Toddler Development (BSID) II, superior, tendo sido importante ao

estabelecer uma relação dose-dependente.[68]

Num estudo retrospetivo que envolveu 60 prematuros com ˂29 semanas de

idade gestacional e ˂1000g, comparou-se a administração de três doses diferentes de

rEpo (500 UI/kg, 1000 UI/kg e 2500 UI/kg, iv) durante os 3 primeiros dias de vida, com

placebo. Aos 4 e 36 meses de idade corrigida foi feito o follow-up e não se observaram

diferenças na mortalidade e valores antropométricos com o tratamento. O grupo

tratamento apresentou uma melhoria cognitiva, com uma diferença de 5 pontos MDI (R

= 0.22, P = 0.044) e motora, com uma diferença de 7,5 pontos psychomotor

development index (PDI) (R = 0.15, P = 0.026), de acordo com avaliação pelo BSID-II e

III, resultando em menor proporção do défice grave do neurodesenvolvimento. Os

autores inferiram que doses elevadas precoces de rEpo se correlacionam, de forma

segura, com melhoria dos resultados cognitivos e motores.[61]

Um estudo observacional avaliou o efeito a longo prazo de administração de

rEpo em ex-prematuros dos 10 aos 13 anos de idade. Este estudo analisou um grupo de

prematuros a quem tinha sido administrada rEpo nos primeiros 14 dias de vida com o

objetivo de estimular a eritropoiese, com diferentes estratégias de administração. O

grupo tratamento atingiu valores de QI significativamente maiores, incluindo QI verbal

e não-verbal, menor défice neurológico (9% vs 23%) e maior índice de desenvolvimento

normal (55% vs 39%). Não se observaram diferenças de défice visual e auditivo entre os

dois grupos. Um aspeto importante neste estudo foi a comparação num subgrupo com

HIPV, em que o grupo tratado com rEpo obteve melhor desempenho no

neurodesenvolvimento, com melhores valores de QI composto e melhor aproveitamento

escolar. Este estudo, apesar de observacional e não aleatorizado, inclui uma grande

amostra (n=200) com resultados estatisticamente significativos a longo prazo.[69]

18

Ohls et al, num ECAC, dividiu um grupo de 80 prematuros com um peso ao

nascer entre 500g a 1250g; 27 receberam Darbe (10 µg/kg, sc, 1 vez por semana), 29

rEpo (400 UI/kg, 3 vezes por semana, sc), e um grupo de controlo fez placebo (n=24).

Ao comparar os grupos aos 18 e 22 meses de idade corrigida, verificou-se que aqueles

que receberam AEEs apresentaram um score cognitivo composto, avaliado por BSID-

III, significativamente superior ao grupo placebo (Darbe 96.2 vs rEpo 97.9 vs placebo

88.7). Estes resultados foram semelhantes na avaliação da prova de permanência de

objeto, que se relaciona com o que será a memória de trabalho, e uma tendência não

significativa de melhores resultados em testes de linguagem. Não se observaram

diferenças significativas em outcomes secundários de paralisia cerebral, défice visual e

auditivo. Este grupo foi reavaliado em idade pré-escolar, utilizando um grupo controlo

de RN de termo, tendo-se verificado uma tendência para a continuidade dos resultados

já apresentados. O grupo tratamento obteve resultados de QI composto, função

executiva e memória de trabalho superiores ao grupo placebo, aos 4 anos. Não se

verificaram diferenças significativas na avaliação da linguagem, por testes padronizados

e valores de QI verbal. Na avaliação geral do desenvolvimento o grupo controlo de

termo obteve resultados de performance cognitiva superiores aos de AEEs. Estes

resultados são particularmente promissores pois refletem a ação neuroprotectora da

rEpo em variáveis que contribuem para o desempenho académico e comportamental em

crianças prematuras, bem como refletem a eficácia semelhante entre Darbe e rEpo. Os

autores alertam que parte da população de cohort deste ensaio recebeu novas

administrações de AEEs, à parte do desenho do estudo, por razões hematológicas, o que

pode ter tido impacto na avaliação neurológica global.[70, 71]

Um ECAC, com uma amostra considerável de 800 prematuros com idade

gestacional ˂32 semanas, comparou a administração de rEPO (n=366) 500U/kg ou

placebo (n = 377), com a primeira dose antes das 72 horas e repetindo em dias

alternados durante 2 semanas. Verificou-se uma redução significativa no défice

neurológico grave (18.8% placebo vs 7.1% grupo tratamento), sem diferença na taxa de

mortalidade entre os dois grupos. Em relação aos outcomes secundários verificou-se um

resultado de MDI e PDI significativamente superior no grupo de tratamento, bem como

um menor défice auditivo e de incidência de HIPV grave e LPV. Não se verificaram, no

entanto, diferenças na incidência de PC e défice visual. Os autores concluem que a Epo

confere proteção a curto e longo prazo, sem efeito adversos. Este estudo, apesar de uma

grande amostra com resultados favoráveis, apresenta fatores de víeis, com discrepâncias

entre o desenho do estudo e resultados publicados, que não permitem garantir um grau

seguro de evidência.[59]

Luciano et al, num estudo retrospetivo, não identificou impacto significativo no

quociente de desenvolvimento (QD), pela escala Griffiths Mental Development Scale

aos 24 meses de idade pós-menstrual, com a administração de rEpo. Este estudo avaliou

104 prematuros com uma idade gestacional ˂30 semanas, que receberam rEpo (n=59)

com propósito eritropoéticos (300 UI/kg três vezes por semana, até às 35 semanas de

19

idade pós-menstrual) comparativamente a um grupo controlo (n=45). A broncodisplasia

pulmonar, a HIPV minor e o número de transfusões sanguíneas foram os principais

fatores a condicionar um QD baixo sem que se observasse um efeito neuroprotector

com doses cumulativas de rEpo na população sem lesão cerebral. Natalucci et al avaliou

um conjunto de prematuros (n=448) com idade gestacional entre as 26 e 32 semanas de

idade gestacional em que foi administrada rEpo (n=228; 3000 UI/kg, IV, num total de 3

doses, às 3 horas, entre as 12 e as 18 horas e entre as 36 e 42 horas). Numa avaliação do

neurodesenvolvimento aos 2 anos de idade de corrigida não se verificaram diferenças

estatisticamente significativos entre o grupo tratamento e grupo controlo,

nomeadamente nos outcomes de MDI, PDI, PC, défice auditivo ou visual. Os autores

apontam para a necessidade um follow up em idade escolar, onde a avaliação da função

cognitiva é mais fidedigna. Sugerem que a Epo poderá não ter um efeito neuroprotector,

mas reportam dúvidas quanto à eficácia do esquema de dosagem administrado. [72, 73]

Uma meta-análise recente incluiu 4 ECACs, analisando um total de 1133

prematuros, com idade gestacional ˂32 semanas de gestação, em que 574 fizeram rEpo

em intervalos e doses variáveis. Esta meta-análise reportou uma redução de risco

absoluto de DN de 15.7% para 8.4%. A administração de rEpo reduziu o número de RN

com MDI<70 aos 18 e 24 meses de idade. (OR (95% CI) de 0.51 (0.31–0.81), P = .005

NNT de 14). No entanto, não identificaram alterações significativas no desenvolvimento

motor, défice auditivo ou visual. Os estudos incluídos apresentam grande variabilidade

na análise de outcomes secundários: PC, défice visual grave, défice auditivo grave e

qualquer défice neurodesenvolvimento, o que leva os autores a questionar se os efeitos

terão um impacto maior nas células responsáveis pela cognição. Apesar de haver uma

tendência no sentido da melhoria, nenhum destes outcomes sofreu alterações

significativas com a administração de rEPO, reportando-se uma heterogeneidade

significativa entre os estudos. Na análise de um subgrupo com idade gestacional ˂28

semanas não se verificou benefício no MDI com administração de rEpo, embora a

amostra fosse mais pequena e provavelmente insuficiente para detetar esse efeito. Esta

meta-análise mostra ainda uma tendência não significativa na redução de qualquer

défice de neurodesenvolvimento (OR 0.55; 95% CI, 0.28– 1.08; P = .08).[67]

Olhsson et al, em outra meta-análise recente, observou efeitos favoráveis no

tratamento com Epo nos défices de neurodesenvolvimento, bem como um impacto

positivo em outcomes secundários que interferem de forma deletéria no

neurodesenvolvimento. Existe uma redução estatisticamente significativa de taxas de

incidência de HIPV (mais evidente nos graus 3 e 4), LPV e lesão da SB e SC, o que

reflete um efeito a curto prazo da Epo. Este efeito a curto prazo parece ser o mais

consensual, pois a longo prazo os resultados não são lineares. Esta meta-análise aponta

no sentido de uma redução de qualquer défice de neurodesenvolvimento aos 18 e 22

meses de idade corrigida, do défice neurológico geral aos 18 e 24 meses de idade

corrigida e do outcome composto mortalidade ou DN moderado a grave aos 18 e 22

meses de idade corrigida. Este impacto é conseguido principalmente pelos resultados da

avaliação de parâmetros cognitivos e de linguagem, pois os motores não apresentam

20

resultados significativos na maioria dos estudos. Não foi observada uma diferença

estatisticamente significativa na incidência de PC aos 18 e 24 meses de idade corrigida

ou na sobrevivência sem alterações neurológicas graves aos 2 anos de idade. [65]

Os resultados destes estudos mostram resultados promissores, com aparente

capacidade neuroprotectora da Epo na população prematura, mas não existe ainda

evidência suficiente que permita recomendar com segurança a terapêutica com AEEs,

quer de forma profilática quer com intuito curativo.

2.2. Encefalopatia hipoxico-isquémica neonatal

Numa população de 167 recém-nascidos de termo com EHIN moderada a grave,

foi analisado o efeito de duas doses de rEpo 300 UI/kg (n = 52) ou 500 UI/kg (n = 31),

em dias alternados, durante 2 semanas, em comparação com tratamento convencional.

Neste ECAC verificou-se, no grupo tratamento, uma redução estatisticamente

significativa na morte ou défice de neurodesenvolvimento aos 18 meses de idade, com

uma redução de risco relativo de 38%. Não foram registadas diferenças estatisticamente

significativas entre os dois regimes de administração. Estes resultados mantém-se na

reavaliação a longo prazo na EHI moderada, mas não na grave.[74]

Num ECAC, com uma população de 30 RN de termo com EHIN ligeira a

moderada, foi comparado tratamento convencional (n = 15) e tratamento com rEpo (n =

15) numa dose diária de 2500 UI/kg, sc, durante 5 dias. Neste estudo observou-se uma

melhoria estatisticamente significativa no eletroencefalograma às duas semanas e

melhoria no outcome de neurodesenvolvimento aos 6 meses, avaliado pelo Denver

Developmental Screening Test II, no entanto não se observaram diferenças na avaliação

por RM.[75]

Malla et al avaliou a eficácia e segurança de rEpo em monoterapia, numa

população de 100 RN de termo com EHIN moderada a grave. Administraram-se 500

UI/kg IV de rEpo (n=50), num total de cinco doses em dias alternados, com a primeira

dose antes das 6 horas de vida. Verificou-se no grupo do tratamento uma redução

absoluta de 30% no outcome combinado de morte e DN moderado a grave aos 19

meses. O outcome da mortalidade foi significativamente alterado, e foi maior naqueles

com EHIN grave (68% vs 42%). Registou-se ainda um aumento da sobrevida sem

alterações neurológicas (RR 0.65; 95% CI 0.45 to 0.94; p=0.01), e uma redução

estatisticamente significativa de risco de PC e RM ou eletroencefalograma anormal.[76]

Os efeitos da Epo na EHIN parecem ser sinérgicos e superiores quando em

associação com a TH, garantindo a regeneração nervosa persistente além do período de

tratamento. [77]

Num ECAC de fase II, numa população de 50 RN de termo com EHIN

moderada a grave, avaliou-se o efeito de múltiplas doses de rEpo (n=24), num regime

de 1000 UI/kg/ iv nos dias 1, 2, 3, 5 e 7 dias, de vida em associação com TH, e

comparado unicamente com TH (n=26). Não se verificou uma diferença significativa na

21

mortalidade entre os dois grupos, embora tenha sido maior na EHIN grave, o que vai de

encontro a resultados de outros estudos. Observou-se uma resolução mais rápida da

EHIN no grupo rEpo, com diferença significativa apenas até ao 7º dia de tratamento

(61% vs 32%). Na RM ao 5º dia de vida observou-se um menor índice de lesão cerebral

global. O grupo rEpo apresentava menos casos com EHIN moderada a grave (4% vs

44%), menor incidência de lesão na região subcortical e cerebelar. Na avaliação aos 12

meses, com score AIMS (Alberta Infant Motor Scale), o grupo de rEpo apresentava um

score motor mais elevado (53.5 vs 42.8). Utilizando o score WIDEA (Warner Initial

Development Evaluation) aos 6 meses o grupo rEpo apresentou melhores resultados de

mobilidade, comunicação e cognição social (75.3 vs 68.8), no entanto aos 12 meses,

apesar de se manter a tendência esta não era significativa. Não se observaram diferenças

estatisticamente significativas no outcome composto de morte e DN moderado a grave.

Os resultados deste ensaio apontam no sentido de que múltiplas doses de Epo como

adjuvante de TH podem fornecer neuroprotecção em segurança.[78]

Um trabalho de revisão, que incluiu 9 estudos e cuja administração de rEpo foi

feita nas primeiras 24 horas com doses que variam entre 200-2500 U/kg em dose única

ou múltipla, não verificou efeitos adversos em nenhum regime de administração. A

maioria dos outcomes foi avaliado ao 12 e 24 meses de idade, e globalmente reportaram

redução da mortalidade e da sobrevida com défice neurológico, melhoria de outcomes

neurológicos a longo prazo, redução de lesão cerebral na avaliação por RM, redução de

risco de PC e melhoria de scores cognitivos. Os autores alertam que a evidência atual

ainda não permite recomendar a rEpo como terapêutica neuroprotectora.[53]

Apesar da maioria dos estudos realizados apontar para um efeito positivo nos

outcomes neurológicos do EHIN moderada, mesmo naqueles tratados com rEpo em

monoterapia, uma preocupação relevante no seu uso é a ausência de impacto na

mortalidade em comparação com a TH, com resultados comprovados na diminuição de

mortalidade e outros outcomes além da neuroprotecção.[79] O uso da rEpo como

adjuvante de TH nestes casos parece ser a melhor opção, apesar de não haver ainda um

estudo que os compare diretamente em monoterapia. Além disso o tamanho das

amostras e outras limitações dos estudos não permitem que a evidência seja suficiente

para que se recomende o uso de rEpo em qualquer regime.

2.3. Neuroimagiologia

A RM avalia de forma quantitativa os efeitos neuroprotetores e

neuroregeneradores da Epo no cérebro a curto e longo prazo. A anisotropia fracional

(AF), uma medida que reflete a densidade axonal, diâmetro axonal e grau de

mielinização na SB, é muitas vezes utilizada para avaliar a integridade da SB na

população em estudo. [80]

Um ECAC, com o objetivo de avaliar o neurodesenvolvimento com RM aos 2

anos após administração precoce de doses elevadas de rEpo (3000 UI/kg), cujo outcome

primário ainda não foi avaliado, publicou resultados parciais que revelam, em RM,

22

redução de risco de lesão da SB e SC, redução de anomalias de sinal na SB e menor

perda de volume de SV periventricular. Estes achados não foram ainda comparados com

nenhum índice de neurodesenvolvimento.[81]

O’gorman et al, num pequeno grupo de prematuros com idade gestacional entre

as 28 e 30 semanas, e que receberam doses elevadas de rEpo (3000 UI/kg), realizou RM

por tensor de difusão em idade de termo, comparando com placebo. Utilizou tract based

spatial statistics, uma medida usada para avaliar a lesão de SB e que já mostrou em

valores de AF inferiores em prematuros comparativamente a RN de termo, e

demonstrou a relação da AF com outcomes cognitivos e motores. Observou-se no grupo

tratamento um aumento significativo de AF na SB, na maioria dos tractos de fibras de

comunicação. Observaram-se nos feixes da SB fibras mais coesas e com maturação

normalizada, o que reflete um efeito protetor da Epo, promovendo proliferação,

maturação e diferenciação de pré-oligodendrócitos. Os resultados deste cohort são

insuficientes para estabelecer uma relação segura entre a AF e os outcomes motores,

cognitivos e de linguagem, nesse sentido a amostra será reavaliada aos 2 e 5 anos e os

autores acreditam que o grupo tratamento irá mostrar resultados mais favoráveis. [82]

Phillips et al realizou RM ao 3,5 anos e 4 anos, em prematuros com ˂1250g ao

nascimento e que receberam tratamento com AEEs (Darbo ou rEpo, n=33).

Compararam-se os resultados com placebo e RN de termo (n=33). Foi avaliada a

espessura cortical média, a área de superfície cerebral e a AF, e correlacionadas com

medidas gerais de QI. Não se observaram diferenças nos dois primeiros e, apesar de no

grupo tratamento se ter observado uma tendência para o aumento de AF e outcome

cognitivo, estas diferenças são estatisticamente independentes entre si e não se

conseguiu concluir se o tratamento afeta a relação AF/QI. Os AEEs parecem atuar em

tratos de fibras preferenciais, o que sugere um maior efeito da Epo no SB do que na SC,

embora se saiba que os mecanismos de ação são iguais nas duas. Este estudo detetou

ainda um efeito de género e idade gestacional, com melhores resultados no sexo

feminino e maior idade gestacional, sem uma explicação aparente. [83]

Num grupo de 44 RN com EHI moderada a grave, em que 20 receberam rEpo,

foi realizada RM por difusão, que permite identificar edema citotóxico de acordo com a

restrição à difusão. Esta técnica permite avaliar lesões agudas de eventos HI e parece ser

um preditor de outcome neurológico no futuro. Verificou-se que com o tratamento

ocorre uma redução do volume da lesão. O estudo sugere que a Epo reduz o volume de

lesão cerebral aguda, mesmo antes de se completar o esquema de dosagem instituído.

Observou-se um pior outcome de neurodesenvolvimento aos 12 meses associado ao

maior volume de lesão cerebral aguda no grupo placebo, com pior score WIDEA, mas

no grupo de rEpo não se verificou essa correlação. Desse modo, a ação neuroprotectora

da Epo parece ser mais importante ao nível da regeneração de tecidos do que no volume

reduzido de lesão. [84]

23

Conclusão e perspetiva de futuro

A utilização de análogos e derivados da eritropoietina como neuroprotetores

neonatais na população prematura e com EHIN parece produzir efeitos benéficos a curto

e longo prazo no neurodesenvolvimento.

É uma terapêutica segura e bem tolerada pela população neonatal, sem evidência

de efeitos adversos, nomeadamente aumento da incidência de ROP e com resultados

promissores nos últimos anos em estudos in vitro e in vivo. A evidência atual demonstra

benefício em outcomes cognitivos, neuroimagiológicos e neurodesenvolvimento geral.

Outros parâmetros importantes, como mortalidade, défices motores, incluindo PC,

visuais, auditivos e comportamentais apresentam tendência para melhoria, no entanto

sem significância estatística.

A evidência atual é insuficiente para se recomendar terapêutica neuroprotectora

com Epo, sendo necessários mais resultados do seu impacto a longo prazo. A questão

mais importante parece ser a definição de esquema de administração, mas procura-se

perceber também como funciona a passagem pela BHE, outcomes cognitivos e escolares

a longo prazo, o impacto real na estrutura cerebral em idade escolar e o efeito na

diminuição da incidência da paralisia cerebral e outros outcomes motores.

Na EHIN os estudos NEUROPO, PEAN e HEAL irão analisar o efeito na

mortalidade a curto prazo e no neurodesenvolvimento aos 2 anos de idade de diferentes

AEEs como adjuvantes de TH em regimes de administração semelhantes. Nos

prematuros espera-se que os estudos EpoRepair e PENUT ajudem a esclarecer os efeitos

a curto prazo em RM e a longo prazo em défices motores e cognitivos, com a utilização

de doses elevadas cumulativas, com administrações precoces e tardias.

24

Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer à Dr.ª Joana Saldanha, pela atenção e

disponibilidade demonstrada ao aceitar ser orientadora deste trabalho. Ainda agradecer

pela forma entusiástica e motivadora como recebe e trata os seus alunos, fazendo toda a

diferença na nossa formação, transmitindo grande interesse e gosto pela pediatria, e em

particular pela neonatologia.

Em segundo lugar, agradecer ao Prof. Doutor André Graça, responsável da

unidade, à Prof.ª Doutora Maria do Céu Machado, e à Clínica Universitária de Pediatria

pela possibilidade de realizar o Trabalho final do Mestrado Integrado em Medicina

neste tema.

Quero ainda agradecer aos meus pais, pelo apoio fundamental e incondicional, a

todos os níveis, durante todo o percurso, e pela confiança acrescida nas fases difíceis.

Ao meu irmão por ser a personificação de tudo o que um bom irmão mais velho deve

ser, e ainda mais. Ao pequeno Miguel, e aos seus grandes feitos que aí vêm. Ao João

Dinis, por me desafiar constantemente a sair da zona de conforto, e pela dedicação de

sempre. Aos meus amigos, desde o interior profundo, ao litoral e ilhas. Aos meus avós.

25

Bibliografia

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