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ERSAR vai regularsector da reciclagemde embalagens
Págs. 57 e 58
ERSAR substitui APA na regulaçãoA tutela pretende que seja a Entidade Reguladora dos Serviços de Aguas e Resíduos a avaliara eficiência dos sistemas e a fixar valores de contrapartida pagos, no âmbito do Sistema
Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem. Em análise continua a nova licença daSociedade Ponto Verde e a criação de uma entidade gestora concorrente.
Fonte: Despachos n.os 10287/2009 e 8061/201 1 , Diário da República
Em 2012, o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos
de Embalagem (SIGRE) vai mudar. Para além da
introdução de um novo modelo de cálculo dos valores
de contrapartida - previsto na próxima licença da
Sociedade Ponto Verde (SPV) -, também a decisão
sobre a concessão (ou não) de uma licença à entidade
Novo. Verde - cujo pedido foi realizado há mais de um
ano - deverá estar para breve, segundo apurou o
Agua&Ambiente.O pedido de licença encontra-se em análise em conjun-
to com o da Sociedade Ponto Verde, explicou ao
Água& Ambiente, fonte da Secretaria de Estado do
Ambiente, que revelou que está ainda a ser estudada
uma alteração aos moldes em que tem lugar a atribui-
ção das licenças de forma que passem a integrar uma
intervenção da entidade reguladora.Esta era uma proposta apresentada pela Quercus -Associação Nacional de Conservação da Natureza, que
pretendia que fosse a Entidade Reguladora dos Servi-
ços de Água e Resíduos (ERSAR) a analisar a eficiên-
cia dos sistemas e a ponderação dos valores de contra-
partida, mediando, desta forma, um processo que tem
agitado o sector. «A Agência Portuguesa do Ambiente
não tem tempo nem gente para o fazer, e a ERSARtem acesso a muita informação, como o histórico dos
custos operacionais, e tem vocação para assessorar o
Ministério do Ambiente nestas matérias», entende Rui
Berkmeier, especialista em resíduos da Quercus.
A sustentabilidade do SIGRE é a justificação apontada
pela SPV para a introdução de um novo modelo de cál-
culo dos valores de contrapartida, prevendo também
recuperar o sistema de incentivos e penalizações em
função do desempenho dos SMAUT [sistemas multi-
municipais, intermunicipais e autarquias] - previsto na
licença terminada em 201 1 e que nunca se chegou a
concretizar. «Conjugando a definição de objectivos
com a separação das componentes de investimento e
de operação no cálculo das contrapartidas financeiras,
consideramos que se assegurará a recuperação dos cus-
tos de forma progressiva e adequada», defende Luís
Veiga Martins. O director-geral da SPV sublinha tam-
bém que a maturidade operacional atingida pelos siste-
mas deverá ter reflexo nos valores de contrapartida
previstos na nova licença. Aliás, o despacho n.°
8061/201 1 , de Junho, já fixara uma redução de cerca
de dez por cento nos valores de contrapartida.
Outra das novidades da nova licença passará pela defi-
nição de um modelo de cálculo dos valores de contra-
partida pagos às entidades gestoras com unidades de
tratamento mecânico e biológico (TMB), «dada a
importância que este fluxo, complementar ao da reco-
lha selectiva, pode vir a ter no futuro», afirma o res-
ponsável da SPV. O cálculo deverá ter em conta o cus-
teio das actividades exclusivamente afectas às
componentes do processo de pré-tratamento da com-
postagem, destinadas à separação dos resíduos de
embalagem e a imputação aos diferentes materiais
(resíduos de embalagem) será feita em função das
infra-estruturas e recursos utilizados por cada um deles
e na proporção dessa mesma utilização.Fernando Lamy da Fontoura admite ter dúvidas sobre
a sustentabilidade dos TMB, apesar de serem uma boa
origem de recolha de recicláveis. «Houve uma fúria de
instalação de TMB, na exagerada preocupação de que-rermos ser bons alunos face à Europa. Neste momento,
essa solução não é nada económica, podemos matar o
doente com a cura», diz o responsável.
SPV propõe meta de 70 por centoPortugal -juntamente com a Grécia e Irlanda - taz
parte do lote de países cuja segunda fase das metas de
reciclagem de resíduos de embalagem terminou no
final de 20 1 1 , ano em que a Sociedade Ponto Verde
completou 15 anos de actividade. «Estimamos que, em
20 1 1 , a taxa de reciclagem se fixe acima dos 60 porcento, mas estamos ainda a apurar os números finais»,
revela, ao Água&Ambiente, Luís Veiga Martins, direc-
tor-geral da SPV.
Os números da SPV - ainda provisórios - mostram
que Portugal está dentro do intervalo das metas fixadas
pela União Europeia, no que toca ao total de recicla-
gem (55-80 por cento) e cinco por cento acima dos
objectivos previstos na licença da entidade gestora, o
que já tinha acontecido em 2010. O número de lares
separadores subiu para 69 por cento em 201 1 (era de
41 por cento em 2006).Ainda não é possível aferir o cumprimento das metas
por fluxo estabelecidas para 201 1, mas atendendo à
percentagem de retomas de 20 1 0, a única meta que
pode ficar por cumprir é a do vidro, fluxo ao qual a
SPV tem dedicado especial atenção, com campanhas
de sensibilização nos meios de comunicação. Em
2010, a percentagem de retomas daSPV no vidro foi de 45 por cento (ameta é de 60 por cento), 33 por centono plástico (a meta é de 22,5 por cento),83 por cento no papel/cartão (a meta é
de 60 por cento) e 80 por cento no metal
(meta de 50 por cento). Face à curvaascendente, no caderno de encargosapresentado para a obtenção da nova
licença, a SPV propõe um objectivo de
70 por cento para os materiais prove-nientes do fluxo urbano. «Estamosperante um processo sem retorno de tercada vez mais pessoas a separar, em
casa, os seus resíduos e por isso, natu-
ralmente, acreditamos que a taxa de
reciclagem irá aumentar», defende Luís
Veiga Martins.
Fonte: Agência Europeia do Ambiente
Custos ditam metas futuras«Em termos comparativos com o resto
da Europa, não nos saímos nada mal»,realça Fernando Lamy da Fontoura. A
grande incógnita é o que vai acontecer a
partir de agora. Um estudo europeuliderado por Rui cunha Marques, inves-
tigador do Instituto Superior Técnico,visa justamente o impacte económicoda Directiva Embalagens e das taxas de
reciclagem nos Estados-membros.Estão a ser analisados cinco casos de
estudo - Portugal, Alemanha, França,Roménia e Reino Unido -, modelosdistintos com resultados díspares, que o
responsável considera ser interessante
colocar em cima da mesa. «A incinera-
ção - sobretudo com valorização ener-
gética -, do ponto de vista ambiental e
económico pode ser superion> à recicla-
gem a partir de um determinado momen-to. O responsável cita um estudo desen-
volvido em Itália, que conclui que a
reciclagem deveria ficar-se pelos 50 porcento e o restante deveria ser reenca-minhado para valorização energética.Para Rui Cunha Marques, a política do
futuro passa ainda por uma aposta na
reutilização - para a qual poderão serestabelecidas metas - e por uma políti-ca de minimizaçâo da deposição ematerro.
Diana Catarino