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Escola sem condições para alunos deficientes Escola EB23 Torrinha sem condições para alunos deficientes 1(2) 00h37m CARLA SOARES foto Pedro Correia/Global Imagens Falta de elevador, rampas e casa de banho adaptada é obstáculo Pedro tem 10 anos e está numa cadeira de rodas por causa de uma paralisia cerebral. Em Setembro, gostava de começar o 5.º ano com os seus amigos na EB2,3 Francisco Torrinha, no Porto. Mas a falta de condições para deficientes poderá obrigá-lo a mudar de escola. Desde Outubro que os pais de Pedro tentam preparar a sua inscrição na EB 2,3 Francisco Torrinha que, além de ficar a 300 metros de casa, faz parte do agrupamento escolar onde estuda desde os seis anos. Está referenciado como aluno com necessidades especiais desde o infantário. Mas, na hora de Pedro mudar de ciclo, a família esbarrou na falta de condições da escola que não tem elevador, rampas ou casas de banho adaptadas, apesar do acesso ao ensino por parte do cidadão com deficiência estar, desde logo, previsto na Constituição. Alexandra Moreira, mãe do aluno, começou por reunir-se, há quase seis meses, com a direcção da escola, reclamando obras para adaptar o espaço. Em Novembro, contactou directamente a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), solicitando uma resposta. E, em particular, o Gabinete de Apoio ao Ensino Especial (GAEE). A 27 do mesmo mês, foi informada pela escola de que uma equipa de engenheiros da DREN tinha estado no local para avaliar a situação.

Escola da Torrinha sem condições para deficientes

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Manifesto de dificuldade numa Escola Portugues do Porto

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Page 1: Escola da Torrinha sem condições para deficientes

Escola sem condições para alunos deficientes

Escola EB23 Torrinha sem condições para alunos deficientes 1(2)

00h37m

CARLA SOARES

foto Pedro Correia/Global Imagens

Falta de elevador, rampas e casa de banho adaptada é obstáculo

Pedro tem 10 anos e está numa cadeira de rodas por causa de uma paralisia cerebral. Em Setembro, gostava de começar o 5.º ano com os seus amigos na EB2,3 Francisco Torrinha, no Porto. Mas a falta de condições para deficientes poderá obrigá-lo a mudar de escola.

Desde Outubro que os pais de Pedro tentam preparar a sua inscrição na EB 2,3 Francisco Torrinha que, além de ficar a 300 metros de casa, faz parte do agrupamento escolar onde estuda desde os seis anos. Está referenciado como aluno com necessidades especiais desde o infantário.

Mas, na hora de Pedro mudar de ciclo, a família esbarrou na falta de condições da escola que não tem elevador, rampas ou casas de banho adaptadas, apesar do acesso ao ensino por parte do cidadão com deficiência estar, desde logo, previsto na Constituição.

Alexandra Moreira, mãe do aluno, começou por reunir-se, há quase seis meses, com a direcção da escola, reclamando obras para adaptar o espaço.

Em Novembro, contactou directamente a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), solicitando uma resposta. E, em particular, o Gabinete de Apoio ao Ensino Especial (GAEE). A 27 do mesmo mês, foi informada pela escola de que uma equipa de engenheiros da DREN tinha estado no local para avaliar a situação.

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Escola sem condições para alunos deficientes

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Após várias tentativas, Alexandra Moreira conta que, finalmente, conseguiu uma reunião, a 19 deste mês, com o director-adjunto da DREN, a responsável pelas obras e a coordenadora do GAEE. Ali, foi informada de que "as obras não iriam ser feitas porque não tinham dinheiro", contou a mãe de Pedro ao JN, explicando que uma das soluções propostas pela escola era a colocação de um elevador exterior, uma vez que os degraus dentro e fora do edifício são obstáculos para a cadeira de rodas. Na mesma reunião, diz que lhe foram propostas outras escolas, entre as quais uma "junto ao Estádio do Bessa e mesmo em Aldoar".

DREN diz que há solução

Por sua vez, fonte da DREN garantiu, ao JN, que está ainda "a analisar uma situação alternativa" para que Pedro estude na EB 2,3 Francisco Torrinha e que, ontem, dois técnicos estiveram no local. "Somos parte interessada na resolução do problema", assegurou.

Ontem, ao início da tarde, Alexandra Moreira disse ao JN que se mantinha a recusa em realizar as obras. Só ao final da tarde foi contactada pela DREN, que lhe perguntou se concordava com a colocação de um elevador para escadas, ou tractorino, no interior do edifício, relatou a mãe de Pedro. Mas garante que a família já tinha feito essa mesma proposta.

À espera de uma avaliação final, conta que, "quando não chove", Pedro pode deslocar-se de cadeira de rodas até à escola e que, uma vez que os pais trabalham, são "os avós ou a empregada" que o vão buscar. Mais um motivo, diz, para não ser possível mudar de escola. Além disso, grande parte dos colegas passou para a EB 2,3 Francisco Torrinha. "Tenho aqui os meus amigos", disse Pedro ao JN, acrescentando que esta também "fica à porta", tal como a primária onde está, a EB 1 S. João da Foz. Nesta escola, conta a mãe, o espaço não está totalmente adaptado, mas é mais facilitado o acesso e tem apoio do professor de ensino especial e do tarefeiro.

Anteontem, os pais de Pedro enviaram uma reclamação à DREN. Antes disso, o Bloco de Esquerda apresentou um requerimento questionando o Ministério da Educação sobre o assunto.