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ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA GABRIELLY DE CARVALHO FLEXA TÁSSIA MARA MATOS DA SILVA A REINSERÇÃO SOCIAL NO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO DO ESTADO DO PARÁ Belém/ PA 2014

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ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

GABRIELLY DE CARVALHO FLEXA TÁSSIA MARA MATOS DA SILVA

A REINSERÇÃO SOCIAL NO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO DO ESTADO DO PARÁ

Belém/ PA 2014

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GABRIELLY DE CARVALHO FLEXA TÁSSIA MARA MATOS DA SILVA

A REINSERÇÃO SOCIAL NO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO DO ESTADO DO PARÁ

Trabalho de conclusão de curso apresentado à coordenação do curso de Psicologia da Escola Superior da Amazônia, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia. Orientadora: Profª. MsC. Roseane Torres de Madeiros.

Belém/PA 2014

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GABRIELLY DE CARVALHO FLEXA TÁSSIA MARA MATOS DA SILVA

A REINSERÇÃO SOCIAL NO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO DO ESTADO DO PARÁ

Trabalho de conclusão de curso apresentado à coordenação do curso de Psicologia da Escola Superior da Amazônia, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Data de aprovação: ____/____/____ Conceito: _____________________. Banca Examinadora: ______________________________________- Orientadora Roseane Torres de Madeiro Mestra em Psicologia Escola Superior da Amazônia. ______________________________________- Membro Marcelo Moraes Moreira Mestre em Psicologia Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos. ______________________________________- Membro Arlene Mara de Sousa Dias Mestra em Psicologia Universidade da Amazônia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me sustentar, dar-me forças quando precisei, por

ouvir minhas orações e por ser meu amigo fiel.

Agradeço ao meu Pai, Dilton Flexa, que acreditou primeiramente que tudo isso seria

possível, fazendo-me a cada dia acreditar também e que, principalmente, esteve sempre

orando por mim.

Agradeço a minha mãe, Lucylya Flexa, meu irmão, Frédyson Flexa e minha avó,

Maria da Consolação, que em todo momento estiveram me apoiando e me ajudando nos

momentos mais difíceis de minha caminhada acadêmica.

Agradeço aos meus amigos de faculdade que durante esses anos me ajudaram a

crescer e amadurecer com nossas inúmeras experiências, assim como a todos aqueles que

direta ou indiretamente contribuíram para a realização dessa monografia.

Agradeço a minha querida e amada amiga, Tássia Matos, que esteve presente ao meu

lado em todos os momentos, que deixou sua tristeza de lado para enxugar as minhas lágrimas,

que puxou minha orelha quando preciso e que, principalmente, me apresentou da maneira

mais “Tassisista” à Psicologia Jurídica e a Saúde Mental dentro do HCTP. Sem você nada

disso seria possível!

Agradeço a nossa orientadora Roseane Torres por acreditar em nós e nos ajudar

mesmo quando não era ainda seu papel e, principalmente, nos incentivando a continuar

quando pensávamos em fraquejar.

Gabrielly de Carvalho Flexa.

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Agradeço a Deus, primeiramente, pelo dom da vida, pelas bênçãos e por ter me dado

força para buscar e continuar a luta pela realização de um sonho, tornar-me Psicóloga.

Obrigada meu Senhor por sempre estar ao meu lado!

Agradeço à minha linda família, em especial a meus Pais, Luiz Fernando e Fátima

Matos, que sempre estiveram ao meu lado, me apoiando, compreendendo e incentivando

acima de tudo. Obrigada por todos os momentos de preocupação, pelas ligações e também

pelas broncas, pois sei que tudo isso contribuiu para eu estar onde estou e ser quem sou.

Agradeço por tantos momentos de felicidade e principalmente por existirem, pois vocês são e

sempre serão o meu alicerce e fortaleza, obrigada por tanto amor.

Agradeço às minhas pérolas, minhas almas-gêmeas, minhas irmãs... Tamíris Matos e

Taíssa Matos, por sempre estarem ao meu lado, ajudando-me e aconselhando-me. Obrigada

por serem tão presentes e serem meus exemplos de pessoa. A Tami por, mesmo longe, estar

próxima e por compartilhar desse momento comigo e a Tai por ter sido essencial na produção

desde trabalho, por tirar minhas dúvidas e ouvir meus parágrafos escritos. Apenas obrigada!

Agradeço aos meus avós paternos e maternos por todo o carinho e oração. Ao meu

vô, Abdon, que lá do céu está torcendo por mim. Agradeço a todos os meus familiares, tios,

tias, primos e primas por toda a força, carinho e oração.

Agradeço a minha amiga do peito e parceira de TCC, Gabrielly Flexa, por estar ao

meu lado nesses cinco anos, por todos os conselhos, orações, brincadeiras e abraços (ela sabe

que amo abraços). Obrigada por ter confiado na minha insistente vontade de fazer um trabalho

no HCTP-PA e por ter estado comigo nessa elaboração, você foi essencial.

Agradeço aos meus amigos e companheiros de sala, pelas experiências, vivências e

por terem me permitido entrar em suas vidas. Obrigada pela oportunidade de entrar em

contato com vocês, por desfrutar e experienciar cada fenômeno da melhor forma possível.

Agradeço aos mestres que foram essenciais na minha trajetória acadêmica, em

especial, Nicole Lobato, por ser o meu exemplo de profissional e pessoa e por ter acreditado

tanto em mim, mais do que eu mesma, sabes o quanto você foi importante na minha trajetória

acadêmica, obrigada! E por fim, agradeço à minha linda orientadora, Roseane Torres, que

apostou no nosso trabalho desde o início e não nos deixou desistir, obrigada por ter-me

ensinado tantas coisas e, principalmente, o que vale pra vida! Obrigada por ser quem és, um

exemplo de profissional, a senhora é fera!

Tássia Mara Matos da Silva.

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Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana.

Carl G. Jung.

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RESUMO

A doença mental é um tema que vem sendo discutido desde as civilizações antigas, onde tudo

o que não estava de acordo com o padrão de referência de homem era visto como sobrenatural

ou mágico. No entanto, o primeiro hospital psiquiátrico exclusivo para doentes mentais ainda

utilizava os mesmos tratamentos, como a utilização de purgativos, sangrias e outros. A Lei

10.216 surgiu, então, diante da necessidade de mudança dessas instituições. Sendo assim, foi

investigado se a reinserção social do agente delituoso portador de transtorno mental, proposta

pela lei, tem sido cumprida no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado do

Pará e qual o papel da psicologia neste contexto. Para tal, foram utilizados dois questionários

avaliativos e a partir dos dados coletados sugeriu-se propostas para a melhoria dessa

reinserção e/ou ampliação da mesma.

Palavras-chave: Reinserção social. HCTP-PA. Psicologia.

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ABSTRACT

Mental illness is a topic that has been discussed since the ancient civilizations, where

everything that was not according to the standard reference man was seen as supernatural or

magical. However, the first psychiatric hospital exclusively for the mentally ill still used the

same treatments as the use purgatives, bloodletting and others. Law 10.216 came then given

the need to change these institutions. Therefore, we investigated whether the social

rehabilitation of the criminal agent mental patients, proposed the law has been enforced in

Custody and Psychiatric Hospital Treatment of Pará and the role of psychology in this

context. To this end, two evaluative and from the data collected it was suggested that

proposals for improving rehabilitation and / or expansion of the same questionnaires were

used.

Keywords: Social Welfare. HCTP-PA. Psychology.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 - Levantamento da clientela atual do HCTP-PA................................................... 19 Tabela 2 - Participantes da pesquisa (Agente delituoso)...................................................... 20 Tabela 3 - Classificação da condição de estadia segundo o agente delituoso...................... 22

Tabela 4 - Principais relatos de atividades gerais................................................................. 23 Tabela 5 - Principais relatos quanto aos atendimentos de saúde e a frequência semanal.... 24 Tabela 6 - Frequência do acompanhamento psicológico...................................................... 35 Tabela 7 - Principais relatos sobre as atividades com psicólogos........................................ 24 Tabela 8 - Principais relatos sobre capacitação profissional................................................ 26 Tabela 9 - Frequência da visita familiar ou de conhecidos.................................................. 36 Tabela 10 - Principais relatos de atividades com o familiar................................................... 26 Tabela 11 - Classificação da condição da relação com internos segundo os Agentes

Delituosos............................................................................................................ 28

Tabela 12 - Principais relatos ao significado da reinserção social.......................................... 29 Tabela 13 - Principais respostas sobre o conhecimento dos direitos da Reinserção

Social................................................................................................................... 30

Tabela 14 - Principais relatos sobre o término da penalidade................................................ 31 Tabela 15 - Principais relatos sobre os planos após a saída do HCTP-PA............................ 32 Tabela 16 - Principais relatos quanto as possíveis saídas em datas comemorativas do

HCTP-PA............................................................................................................ 33

Gráfico 1 - Acompanhamento psicológico............................................................................ 34 Gráfico 2 - Visita familiar ou de conhecidos......................................................................... 36 Tabela 17 - Principais relatos sobre o entendimento da reinserção social............................. 37 Tabela 18 - Principais relatos quanto ao funcionamento de programas de reinserção social

no HCTP-PA....................................................................................................... 38

Tabela 19 - Principais relatos quanto às atividades realizadas com os internos.................... 38 Tabela 20 - Principais relatos Programa de capacitação profissional.................................... 39 Tabela 21 - Principais Relatos sobre a frequência do atendimento psicológico.................... 40 Tabela 22 - Principais relatos quanto à realização de atendimento a acompanhante ou

familiar dos agentes delituosos............................................................................ 41

Tabela 23 - Principais relatos quanto à existência de uma equipe multiprofissional que atue em conjunto com a psicologia na reinserção social.....................................

41

Tabela 24 - Principais relatos sobre as atividades realizadas pela equipe multiprofissional..................................................................................................

42

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LISTA DE SIGLAS

ATP Ala de Tratamento Psiquiátrico

CID Classificação Internacional de Doenças

CPB Código Penal Brasileiro

DMS Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e

Estatístico de Transtornos Mentais)

EAP Escola de Administração Penitenciária

ECTPs Estabelecimentos de Custódia e Tratamento Psiquiátrico

HCTP-PA Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado do Pará

JOTE Junta de Orientações Técnicas

SUSIP-PA Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 13

2.1 O surgimento da doença mental ....................................................................... 13 2.2 A reforma psiquiátrica ..................................................................................... 15 2.3 A lei................................................................................................................... 16 2.4 Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ................................................ 17 2.5 A reinserção social ........................................................................................... 17

3 OBJETIVBOS………...................................................................................... 19

3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 19 3.2 Objetivo específico ........................................................................................... 19 4 METODOLOGIA…………………………………………………………… 20 4.1 Tipo de pesquisa………………………………………………………........… 20 4.2 Local da pesquisa…………………………………………………………….. 20 4.3 Descrição dos participantes da pesquisa……………………………………… 20 4.4 Critérios de inclusão………………………………………………………….. 21 4.5 Critérios de exclusão…………………………………………………………. 21 4.6 Procedimento da pesquisa……………………………………………………. 21 5 HIPÓTESES………………………………………………………………… 23 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES………………………………………….. 24 6.1 Sessão de tabelas qualitativas………………………………………………… 27 6.2 Sessão de tabelas quantitativas……………………………………………….. 40 6.3 Tabelas dos psicólogos participantes da pesquisa……………………………. 42 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 49

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 52

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DA REINSERÇÃO SOCIAL ..............................................................................

54

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA AVALIAR O TRABALHO DA PSICOLOGIA NA REINSERÇÃO SOCIAL NO HCTP-PA .............

56

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................................................................................

57

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11

1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa foi realizada a partir da inquietação das pesquisadoras por conta do

modo como a sociedade enxerga os agentes delituosos portadores de transtornos mentais, pela

forma como os mesmos são tratados, pela escassez de políticas públicas que possam intervir

de modo a proporcionar uma mudança na realidade de vida desses indivíduos e,

principalmente, pela deficiência em programas de reinserção social que é um direito de todo

condenado, seja ele portador de transtorno mental ou não.

Por muitos anos os doentes mentais foram tratados com indiferença e assim eram

isolados da sociedade, sendo vítimas de maus-tratos e técnicas repressoras. Entretanto, mesmo

com o a reforma psiquiátrica, ainda localizam-se vestígios dessas atitudes em relação aos

doentes mentais.

Esses vestígios também podem ser encontrados nos Hospitais de Custódia e

Tratamento Psiquiátrico onde ficam os agentes delituosos portadores de transtorno mental e

que, embora muito se tenha lutado, ainda é uma realidade. Apesar de ter como finalidade o

tratamento psiquiátrico, a ideia de manicômio existe em algumas instituições, passando assim

uma falsa impressão de cuidado ao sujeito.

De acordo com o art. 10 da Lei 7.210 (1984, p. 2), “A assistência ao preso e ao

internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência

em sociedade”, logo, entende-se que mais do que uma simples mudança de ideias que deveria

ocorrer na sociedade, a reinserção social é um dever do Estado e cabe lembrar que seu

benefício não é voltado apenas ao delituoso, mas também a toda sociedade, pois a

probabilidade do mesmo reincidir ao crime se torna menor.

Ainda que exista uma lei que dê suporte e garanta os direitos aos indivíduos que

cometem crimes e tem alguma doença mental para que sejam reinseridos à sociedade,

questiona-se, então, qual a aplicabilidade desta lei no Hospital de Custódia e Tratamento

Psiquiátrico do Estado do Pará (HCTP-PA). Haja vista que, a mesma lei que dá suporte e

inclui o agente delituoso ao meio social é a mesma que o exclui.

Diante disso, questiona-se qual o papel da Psicologia como forma de tratamento

dentro desse contexto e relacionado à reinserção social, ainda que se tenham outros tipos de

tratamentos e métodos, bem como analisar as condições para uma possível reinserção, pois a

mesma visa possibilitar a reintegração do indivíduo ao seu meio, objetivando criar

possibilidades de vida, para que assim possa ser construída uma cidadania plena.

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A reinserção social não é um trabalho de curto prazo e de benefícios imediatos. Para

que o mesmo ocorra é necessário um trabalho mútuo, com a participação de toda a sociedade

e também dos agentes delituosos, incluindo o conhecimento do delituoso à respeito de sua

reinserção.

A pesquisa foi realizada no HCTP-PA a partir da utilização de questionários

aplicados aos agentes delituosos portadores de transtorno mental e psicólogos, onde a análise

dos dados foi feita por meio de tabelas e gráficos.

Para que se compreenda o valor da reinserção social do agente delituoso portador de

transtorno mental, é de suma importância que se compreenda o histórico da doença mental, a

questão da reforma psiquiátrica e como se deu todo esse percurso até o momento em que esse

portador de transtorno mental possuísse direitos.

Em virtude do tema, reinserção social no hospital de custódia, ser relativamente

novo, houveram algumas dificuldades por parte das pesquisadoras em encontrar literaturas

que embasassem o tema e consequentemente contribuísse para a elaboração da pesquisa.

Portanto, a mesma tem por objetivo, também, fazer um alerta para a comunidade acadêmica

sobre a importância de se ter um olhar diferenciado para a questão da reinserção social,

principalmente em se tratando de pessoas com transtorno mental que cometeram crimes, bem

como sobre a urgência do trabalho da psicologia, nos hospitais de custódia, como

possibilidade de reinserção dos indivíduos ao meio social e familiar.

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13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O surgimento da doença mental

A doença mental é um tema que vem sendo discutido, questionado e também

investigado conforme a evolução da ciência e da humanidade. De acordo com Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) (SADOK; SADOK, 2007), os

transtornos mentais são concebidos como síndromes ou padrões comportamentais e/ou

psicológicos considerados clinicamente relevantes, que acometem os indivíduos e estão

relacionados ao sofrimento (sintomas dolorosos), a incapacitação (prejuízos em áreas

importantes para o funcionamento) ou um risco aumentado de sofrimento, de morte, de dor,

de deficiência ou perda importante da liberdade.

Silva Filho (2011) afirma que, nas civilizações antigas, tudo o que não era

considerado comum e não estava de acordo com o padrão de referência de homem, era visto

como sobrenatural ou mágico, de forma que os comportamentos não compreendidos eram

atribuídos aos espíritos ou à possessão pelo demônio, sendo consequência da desobediência

aos ensinamentos dos deuses e sacerdotes.

Os deuses, para Silva Filho (2011), eram os responsáveis pela saúde e também pela

recuperação dos doentes, a doença tanto física como mental nada mais era do que uma

punição ou maldição dos deuses. A cura só era possível através deles, e o tratamento consistia

em gestos mágicos, encantações religiosas contra os maus espíritos, medicamentos vegetais,

animais e minerais.

Hipócrates, em 400 a.C. trouxe uma outra visão ao que seria a doença metal, para

ele, consistia no resultado da ruptura do equilíbrio interno, acreditava que a higiene pessoal,

os banhos, as águas alcalinas, esponjas quentes nos olhos, ginásticas e dietas eram

importantes para alcançar o equilíbrio. Sugeria também, como tratamento, os exercícios

físicos, as conversas, as declamações, passeios, navegações, teatro e a música. (SILVA

FILHO, 2011). “No entanto, técnicas como a cirurgia de trepanação1 e sangria2 não foram

deixadas de lado, bem como procedimentos que poderiam ser chamados de terapia de

choque” (SILVA FILHO, 2011, p. 29-30).

1 Trepanação: Ato ou efeito de trepanar, perfurar (osso) mediante uso de trépano. Para diminuir a pressão sobre o

cérebro é feito aberturas na caixa craniana. (DICIONÁRIO..., 2014a). 2 Sangria: Modalidade de tratamento médico onde há retirada de sangue do paciente para o tratamento de

doenças. Pode ser feita de diversas maneiras, incluindo o corte de extremidades, o uso de sanguessugas ou a flebotomia. (DICIONÁRIO..., 2014b).

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14

No início dos anos 800, com Rhazes (860-930), foi criado em um hospital uma ala

destinada somente aos doentes mentais, com a justificativa que a enfermidade mental requer

uma atenção maior que outras doenças. A partir dessa época, a doença mental começou a ser

vista por outros ângulos, não apenas como castigos e punições, mas também por questões

ambientais ou genéticas e que requeriam maiores cuidados (SILVA FILHO, 2011).

Em 1409 na Espanha, o primeiro hospital psiquiátrico foi inaugurado, e no decorrer

do século XIII outros hospitais na Europa criaram suas unidades psiquiátricas. Somente em

1773 foi criado o primeiro hospital psiquiátrico dedicado exclusivamente ao doente mental,

este se situava em Williamsburg, Virgínia, porém, os tratamentos continuavam os mesmos,

com a utilização de purgativos, sangrias, vômitos, etc. (TALBOTT, 1994 apud SILVA

FILHO, 2011).

De acordo com Acioly (2009) e Silva Filho (2011), no decorrer do século XX os

hospitais psiquiátricos eram vistos como locais de tratamento para os indivíduos reconhecidos

como loucos, não era exatamente um avanço científico e sim um refúgio onde se podia

controlar os ditos doentes mentais. O tratamento que se dava a essas pessoas caracterizava-se

pelo asilamento e violência institucionalizada.

Os hospitais psiquiátricos, na verdade, eram uma forma de aprisionar os indivíduos

que não se enquadravam ao que a sociedade considerava “normal”. Do ponto de vista

histórico, essas instituições buscavam, fundamentalmente, atender e institucionalizar as

demandas da sociedade. Portanto, buscava-se acatar as necessidades sociais com a suspensão

daquilo que era considerado estranho no indivíduo e os hospitais psiquiátricos seriam a

solução para tal demanda.

Sadock e Sadock (2007) afirmam que os comportamentos dos indivíduos que não

estavam de acordo com os padrões políticos, religiosos, culturais ou sexuais, bem como os

conflitos dos mesmos e também com a sociedade, não eram considerados transtornos mentais,

a menos que estivessem relacionados a alguma disfunção.

O verdadeiro significado de uma internação em um hospital psiquiátrico “Tende a se

situar no campo da moral. Portanto, não responde necessariamente a uma demanda clínica do

indivíduo socialmente reconhecido como louco, mas institucionaliza necessidades da

sociedade” (ACIOLY, 2009, p. 3).

Delgado (2011, p. 4703), contrariamente ao conceito de Acioly (2009), afirma que a

psiquiatria não surgiu para punir a subjetividade do indivíduo, transformando-a em sintomas

da loucura, assim como o saber médico e os avanços técnicos não podem ser superiores a

integridade do sujeito, ou seja, “a camisa-de-força literal ou química deve ser abolida”.

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15

O indivíduo dito doente mental, para ser tratado, não necessariamente precisa ser

controlado apenas com medicação ou as várias técnicas de tratamento psiquiátrico. O controle

nessas situações poderia de nada valer e retirariam algo que é essencial para a escuta do

indivíduo, o seu sintoma. Os hospitais psiquiátricos são exemplos de instituições onde há a

utilização desses tipos de controle, embora há muito se tenha lutado para a reforma da

psiquiatria.

2.2 A reforma psiquiátrica

A prática da institucionalização da loucura, para Acioly (2009), ainda prevalece em

alguns países, inclusive no Brasil. No entanto, essa institucionalização vem sendo discutida e

criticada a partir do surgimento do movimento de reforma psiquiátrica. Com o lema Por uma

sociedade sem manicômios, o movimento teve maior repercussão no período de

redemocratização, na década de 70 e durante alguns anos de 80.

Pinto e Ferreira (2010 p. 30), ao falarem da reforma psiquiátrica, afirmam que a

mesma:

Surgiu por volta do ano 1980 como um rebatimento aos movimentos antipsiquiátricos já iniciados nos Estados Unidos e na Europa desde os anos 60, com a democrática psiquiatria de Basaglia. O que levou a mudança de diversas instituições, como “a criação de hospitais abertos sem qualquer mecanismo asilar”.

Segundo Oliva (2009), a reforma psiquiátrica, também conhecida como luta

antimanicomial, teve por objetivo conscientizar a população para acolher, cuidar e tratar as

pessoas acometidas de transtorno mental, como indivíduos que também possuem direito de

estar no convívio social e tratamento especial para a sua reinserção na sociedade.

Por muitos anos, os doentes mentais foram tratados com indiferença e assim eram

isolados da sociedade, sendo vítimas de maus-tratos e técnicas repressoras. Entretanto, mesmo

com a reforma psiquiátrica ainda localizam-se vestígios dessas atitudes em relação aos

doentes mentais.

2.3 A lei

Diante da necessidade de mudança dessas instituições, foi então que tramitou no

Congresso Nacional Brasileiro em 1990, um projeto que visava à reforma do sistema

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16

psiquiátrico com a criação da Lei 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas

portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, sendo

então aprovada em 6 de abril de 2001.

Segundo o art. 1o da Lei 10.216 (BRASIL, 2001), os direitos e a proteção das pessoas

com transtorno mental são garantidos sem qualquer discriminação quanto à raça, cor,

orientação sexual, religião, opção política, idade, família, recursos econômicos e ao grau de

gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou outra.

De acordo com os incisos II e V do parágrafo único da Lei 10.216 (2001), são

direitos da pessoa portadora de transtorno mental: serem tratadas com humanidade e respeito,

objetivando sempre beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação através da

inserção na família, no trabalho e na comunidade; sendo assegurados os direitos à presença

médica, a qualquer hora e tempo, para que possa ser comprovada a necessidade ou não de sua

hospitalização involuntária;

Conforme os § 1º e § 2º, do art.4º da Lei 10.216 (2001), o tratamento visará, como

finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio; e o tratamento em regime

de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de

transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos,

ocupacionais, de lazer, e outros.

A partir do momento em que um indivíduo com transtorno mental comete um delito

e é provado que no momento da ação não era capaz de entender o caráter ilícito do fato, ele

passa a ser considerado inimputável. Segundo o art. 26 do Código Penal Brasileiro (CPB -

comentado em TÁVORA, 2013), tal indivíduo é isento de pena por não compreender o ato

ilícito ou determinar-se de acordo com esse entendimento.

O agente não é condenado, mas passa a uma medida de segurança, segurança, sendo

considerado inimputável, e de acordo com o art. 97 do CPB (comentado em TÁVORA,

2013), o juiz determinará sua internação. Se, todavia, o fato previsto como crime for punível

com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. Ainda segundo o § 1º, do

art. 97, compreende-se que o agente inimputável que for internado ou passar por tratamento

ambulatorial, ficará por tempo indeterminado até que seja averiguada, mediante perícia

médica, a cessação da periculosidade.

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2.4 Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico

O agente delituoso passa por perícia médica de ano em ano para que seja avaliado o

nível de periculosidade, entretanto, a qualquer momento o juiz poderá solicitar uma nova

avaliação antes do prazo. A periculosidade deve cessar para que o indivíduo possa ter a

liberdade. Enquanto isso, o indivíduo fica em tratamento, internado nos HCTP, mais

conhecidos como os “manicômios judiciais”. (DELMANTO; DELMANTO; DELMANTO

JUNIOR, 1998).

Gonçalves (2008 apud SILVA 2010, p. 654), afirma que “Dada à imprevisibilidade

dos atos e periculosidade do indivíduo portador de transtornos mentais que comentem

infrações”, a sentença de medida de segurança dada pelo juiz não se caracteriza como um

tratamento de nenhuma espécie, mas sim de uma prisão perpetua.

A partir dos dados coletados no Hospital de Custodia e Tratamento Psiquiátrico do

Estado do Pará, Diniz afirma que “Pelo menos 3% (2) dos indivíduos não deveriam estar

internados por estarem em medida de segurança com a periculosidade cessada, com sentença

de desinternação [...]” (DINIZ, 2013, p. 174). Confirmando a fala de Gonçalves (2008 apud

SILVA, 2010) em se tratar de uma prisão perpétua e não de um verdadeiro tratamento

psiquiátrico ou de espécie alguma.

2.5 A reinserção social

Nas literaturas foi possível encontrar algumas nomenclaturas relacionadas à

reinserção social, como a reabilitação psicossocial e a reintegração. Neste trabalho será

utilizado apenas o termo reinserção social.

Segundo Pinto e Ferreira (2010), a reinserção social tem como base as políticas de

saúde mental brasileiras, sendo considerado também um importante aliado teórico-prático da

reforma psiquiátrica, visando reinserir os indivíduos considerados degenerados em virtude dos

longos anos de práticas psiquiátricas.

A reinserção social deveria, também, permitir uma ocupação cidadã para as pessoas

consideradas doentes mentais, sendo assim um operador de produção de cidadania, podendo

possibilitar mudanças na vida das pessoas que estão em sofrimento psíquico. No entanto, o

que se apresenta “É que as práticas reabilitadoras podem ser tão violentas quanto o antigo

hospício” (PINTO; FERREIRA, 2010, p. 32).

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Oliva (2009), bem como Pinto e Ferreira (2010), afirmam que os agentes delituosos

portadores de transtorno mental, denominado pela autora como “recolhidos”, sempre foram

tratados de forma subumana e com maus-tratos, não havendo nenhum comprometimento

efetivo de cuidado por parte das instituições com a saúde e reinserção social desses

indivíduos.

É possível perceber ainda, segundo Oliva (2009), o sofrimento dos custodiados por

uma “segregação do convívio social”. A medida de segurança por não ter um tempo

determinado faz com que a reinserção do indivíduo se torne dependente do laudo psiquiátrico

para que se comprove que a periculosidade cessou.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliou-se o trabalho da reinserção social do agente delituoso portador de transtorno

mental no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado do Pará.

3.2 Objetivos específicos

Analisou-se a possibilidade de o HCTP-PA ser uma instituição que possibilite e

promova a reinserção dos agentes delituosos portadores de transtornos mentais ao

meio social;

Avaliou-se de forma qualitativa e quantitativa a clientela atual na instituição, o tempo

de internação dos agentes, o número de presos e qual a rotina de atividades;

Verificou-se o trabalho feito pelos profissionais visando principalmente os da

Psicologia.

Foi realizado a aplicação de questionários e sugestão de propostas.

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4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa foi realizada de forma qualitativa e quantitativa

4.2 Local da pesquisa

Hospital de Custodia e Tratamento Psiquiátrico do Estado do Pará, localizada no

Distrito de Americano, há aproximadamente 70 km da capital, Belém. O HCTA- PA foi

inaugurado no ano de 2007, antes era parte de um complexo penitenciário, onde as pessoas

internadas viviam em uma Ala de Tratamento Psiquiátrico (ATP). O HCTP-PA, em 2011

vinculou-se a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, sendo a

oitava unidade em população de pessoas internadas dos Estabelecimentos de Custodias e

Tratamento Psiquiátrico (ECTPs), que correspondia a 4% da população total dos 26

estabelecimentos do país e 73% da população de pessoas internadas dos ECTPs da Região

Norte. Atualmente se encontram internados 201 pessoas entre as quais 72 estão em medida de

segurança e 99 em situação de internação temporária.

4.3 Descrição dos participantes da pesquisa

A amostra foi realizada com um número total de 15 participantes sendo

diagnosticados com algum transtorno mental e que estavam cumprindo pena no Hospital de

Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado do Pará, sendo preferencialmente metade do

sexo masculino e a outra metade do sexo feminino, que se encontravam em qualquer classe

social, no nível escolar fundamental, médio e superior completo ou incompleto e com

qualquer faixa etária.

Foram participantes da pesquisa, também, os profissionais de Psicologia que

trabalham, atualmente, no HCTP-PA e atuam diretamente com os agentes em cumprimento de

pena.

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4.4 Critérios de inclusão

Os critérios de inclusão dos participantes para a realização da pesquisa estiveram de

acordo com os seguintes itens:

Ter algum transtorno mental e estar cumprindo pena no Hospital de Custódia e

Tratamento Psiquiátrico do Estado do Pará;

Serem homens e mulheres de qualquer faixa etária;

De qualquer classe social e nos níveis fundamental, médio e superior completos ou

incompletos;

Psicólogos atuantes do HCTP-PA;

Aqueles que estiveram de acordo com todos os procedimentos da pesquisa e que

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

4.5 Critérios de exclusão

Os critérios de exclusão se referem aos participantes que tivessem diagnóstico de

algum transtorno mental e cumprindo sua pena no Hospital de Custódia e eram analfabetos.

Bem como, aqueles que possuíam algum comprometimento neurológico e os que estivessem

fazendo usos de medicamentos fortes a tal ponto que pudesse interferir no momento da

entrevista, direta ou indiretamente, na elaboração das respostas.

Foram participantes excluídos, também, os profissionais que não eram os de

psicologia, assim como todos aqueles que não aceitaram os procedimentos da pesquisa e não

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

4.6 Procedimento da pesquisa

A pesquisa foi realiza a partir de um questionário apresentado aos agentes delituosos

portadores de transtorno mental e aos profissionais da psicologia do HCTP-PA, visando

verificar como a instituição possibilita a reinserção desses agentes delituosos e, para isto, foi

realizada em 5 etapas:

1º Etapa: Pesquisa de referencial teórico envolvendo os assuntos de reinserção social,

psicologia e hospital de custódia e, posteriormente, início da criação do pré-projeto.

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2º Etapa: Submissão do pré-projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa para a possível

aprovação e consequentemente a realização da pesquisa de campo.

3º Etapa: Esclarecimento do projeto e todos os procedimentos frente à Escola de

Administração Penitenciária (EAP) da SUSIP-PA (Superintendência do Sistema Penitenciário

do Estado do Pará).

4º Etapa: Abordagem dos participantes da pesquisa com uma breve apresentação das

pesquisadoras e de como a pesquisa seria realizada. Nesse contato com os participantes foi

esclarecido a não obrigatoriedade dos agentes na participação da pesquisa, bem como, na

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 1) que

formaliza a participação dos voluntários na pesquisa.

O mesmo foi realizado com os psicólogos que trabalham no HCTP-PA, porém em

momentos diferentes.

5º Etapa: Em seguida, foi apresentado o instrumento utilizado na pesquisa que é o

questionário para Avaliação da Reinserção Social (APÊNDICE 1), nos quais foram aplicados

aos participantes pelas pesquisadoras, para avaliar se a instituição HCTP-PA possibilita a

reinserção dos agentes delituosos portadores de transtornos mentais à sociedade.

O mesmo foi feito com os profissionais da psicologia. Primeiramente, o questionário

foi aplicado aos agentes delituosos e, após a coleta de dados deles, realizou-se o questionário

para avaliar o Trabalho da Psicologia na Reinserção Social dos agentes dentro do HCTP-PA

APÊNDICE 2).

6º Etapa: Após a aplicação dos questionários, no total da amostra, foi feita a

tabulação dos dados e relacionados com o referencial teórico e obtidos os resultados para a

finalização da pesquisa.

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5 HIPÓTESES

A detenção especial no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado do

Pará garante a reinserção do agente delituoso portador de transtorno mental ao meio social?

O papel da psicologia dentro do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do

Estado do Pará contribui suficientemente para a reinserção social do agente delituoso portador

de transtorno mental?

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da pesquisa realizada no HCTP-PA, nos dias 25 de setembro, 03 de outubro

e 07 de outubro de 2014, por meio de questionários aplicados aos Psicólogos e Agentes

Delituosos, foi possível fazer o levantamento da clientela atual do HCTP-PA, apresentado na

Tabela 1, especificando homens e mulheres e suas respectivas situações judiciais, onde 72

(setenta e duas) pessoas se encontram em medida de segurança, sendo aquelas que cometeram

um delito e foram diagnosticadas com algum transtorno mental, logo inimputáveis, e

encaminhadas ao HCTP para cumprir sua penalidade e receber tratamento.

Encontram-se em situação de condenação 20 (vinte) pessoas, se referindo as que

estavam presas no sistema penitenciário comum e no decorrer do cumprimento da pena foi

diagnosticado com algum transtorno mental, passando a cumprir sua pena no HCTP.

São considerados provisórios 99 (noventa e nove) pessoas que se encontram em

confronto com a lei, residindo no HCTP e à espera de perícia médica para que posteriormente

seja comprovada a inimputabilidade e decidida sua permanência no Hospital de Custódia.

É importante destacar que, conforme mostra a Tabela 1, o maior índice de internos se

refere à situação judicial provisória. Essas pessoas se encontram internadas no HCTP-PA

apenas à espera de perícia médica para que seus processos sejam decididos, já que a

permanência dos mesmos sem perícia no HCTP vai contra as próprias determinações da

instituição que deve ter como população os agentes delituosos portadores de transtorno

mental.

E por fim, no grupo dos condenados/provisórios se encontram 10 pessoas, que

referem-se aos internos condenados, mas que estão no aguardo de perícia médica.

Tabela 1 – Levantamento da clientela atual do HCTP-PA. Homens Mulheres Total

Medida de segurança 67 5 72

Condenados 19 1 20

Provisórios 88 11 99

Condenados/Provisórios 8 2 10

TOTAL 182 19 201

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

De acordo com a Tabela 2, são apresentadas as informações básicas como sexo,

idade e situação judicial dos agentes delituosos participantes da pesquisa.

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Observou-se que no prontuário do participante A.S.S. não foi encontra a CID no

laudo da perícia médica, apenas constava o diagnóstico exposto na Tabela 2, no entanto, ao

final do laudo médico consta que a periculosidade do mesmo encontra-se cessada o que

questiona-se sua permanência no hospital até hoje. Segundo o § 1º do art. 97 do CPB

(DELMANTO; DELMANTO; DELMANTO JUNIOR, 1998, p. 159), o agente inimputável

passará por tratamento ambulatorial ou internação por tempo indeterminado até a realização

da perícia médica, atestando a cessação de periculosidade, sendo que, o prazo mínimo para a

realização da perícia é de 1 (um) à 3 (três) anos.

No momento da aplicação do questionário, o participante A.S.S. relatou às

pesquisadoras que não havia cometido nenhum crime e que estava no HCTP-PA por motivo

de desacato à autoridade. Ao fazer uma visita ao Fórum de sua cidade, interior de Belém, o

participante exclamou que tocaria fogo no local por conta de não ter conseguindo receber um

direito reclamado ao juiz, o direito recorrido não foi divulgado pelo participante e, segundo o

mesmo, sua fala resultou em prisão que foi determinada pelo juiz.

Observou-se igualmente que, no prontuário do participante L.C.S.S. não foi

encontrado o laudo pericial, apenas um trecho do artigo do CPB no despacho do juiz,

referindo-se a um possível diagnóstico.

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Tabela 2 – Participantes da pesquisa (Agente delituoso).

Iniciais Idade Sexo Diagnóstico Situação Judicial

A. S. S. 36 Masculino Humor irritável, afeto diminuído. Não há

delírios ou alucinações3 Medida de segurança

C. E. P

30 Feminino Transtorno esquizotípico, Transtornos delineares e Psicose não orgânica não

especificada (CID 10 - F 29) Provisório

C. G. S

30 Masculino

Transtorno mental e comportamental devido ao uso de múltiplas substâncias

psicoativas/Dependência, Psicose por drogas (CID 10 - F 19.5)

Medida de segurança

J. B. O. 43 Masculino Esquizofrenia residual (CID 10 - F 20.5) Medida de segurança

J. N. C.

24 Masculino

Transtorno mental devido ao uso de drogas múltiplas e outras substâncias psicoativas (CID 10 - F 19.2); Retardo mental (CID 10 - F 70 - F

79); Retardo mental moderado (CID 10 - F 71.1)

Provisório

L. C. S. S. 41 Masculino Desenvolvimento mental incompleto ou

retardado4 Medida de segurança

M. S. B.

23 Masculino

Transtorno de personalidade anti-social/explosiva e uso abusivo de múltiplas

drogas (DSM IV – TR – F 301.7)/ (CID 10 – F60.2)

Medida de segurança

M. L.S. 39 Feminino Esquizofrenia paranoide (CID 10 – F20) Medida de segurança

M. N. S 35 Masculino Esquizofrenia paranóide (CID 10 - F 20) Medida de segurança

O. M. S. 32 Feminino Esquizofrenia paranóide (CID 10 - F 20) Medida de segurança

P. C. M. C 42 Masculino Transtorno de personalidade com instabilidade

emocional, tipo Boderline (CID 10 - F 60.3) Medida de segurança

R. C. P 21 Masculino Retardo mental leve, psicose esquizofreniforme, transtorno mental e comportamental devido ao uso de álcool (CID 10 – F 20.8, F 10.1, F 70)

Medida de Segurança

W. M. C. 46 Masculino Esquizofrenia paranoide (CID 10 – F20) Medida de segurança

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

3 Não foi encontrado no prontuário do participante da pesquisa, em específico na folha da perícia médica, o

código do CID 10 para tal diagnóstico. 4 Não foi encontrado no prontuário do participante da pesquisa a folha da perícia médica, apenas uma citação do

Código Penal no Despacho do juiz.

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Participaram da pesquisa 13 (treze) agentes delituosos portadores de transtorno

mental e 2 (dois) psicólogos atuantes no HCTP-PA, totalizando 15 (quinze) participantes,

onde os treze primeiros responderam ao Questionário Para Avaliação da Reinserção Social

(Apêndice A) e os psicólogos ao Questionário Para Avaliar o Trabalho da Psicologia na

Reinserção Social no HCTP-PA (Apêndice B).

Lembrando que foram encontrados alguns erros de ortografia nos questionários de

alguns participantes da pesquisa e que, quando apresentados no decorrer do trabalho, houve a

necessidade de serem feitas as alterações necessárias para melhor compreensão do texto.

Assim como a incorporação, no texto, de falas dos participantes e funcionários durante o

processo da aplicação dos questionários, pois acredita-se que são informações relevantes para

a discussão do que a pesquisa se propõe, mesmo o item não estando previsto na Metodologia

da pesquisa.

Esclarecendo que as tabelas e gráficos foram divididos em sessões de tabelas

qualitativas e sessão de tabelas quantitativas em que os resultados encontrados serão

apresentados e discutidos a seguir.

6.1 Sessão de tabelas qualitativas

A Tabela 3 refere-se a pergunta de número 1 do Apêndice A, onde as respostas

foram classificadas como adequadas, inadequadas e imprecisas, sendo que uma mesma

resposta poderá se encontrar em uma ou mais classificações.

Foi possível analisar que na classificação adequada, mesmo com um número

pequeno de respostas, houveram relatos afirmando que o HCTP-PA oferece uma condição

mínima de estadia, como exemplo os dois últimos relatos, pois se tratando de um Hospital de

Custódia e Tratamento Psiquiátrico e instituição governamental, entende-se por obrigação o

fornecimento de comida, trabalho, estudo e medicamento.

Em relação a classificação inadequada, podemos perceber o maior número de relatos

e sua contradição com os relatos adequados, como exemplo o participante que diz: “Muito

ruim, local onde não tem tratamento [sic]”, com os que disseram: “muito bem [sic]” e

“trabalho, estudo e tomo medicamento [sic]” , bem como, a utilização da expressão “péssimo

[sic]” que ultrapassa o significado das expressões “não está bem [sic]” e “muito ruim [sic]”.

Existe um relato que resume toda a classificação considerada inadequada, onde o

agente delituoso afirma ser “esquecido pela sociedade [sic]”, considerando que quando se é

esquecido pela sociedade subentende-se que é esquecido também pela família, pela instituição

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em que se encontra e pelo governo, ou seja, por todos. Logo, questiona-se, que condições de

tratamento estão sendo oferecidas no HCTP-PA? Neste caso, cabe ressaltar o que diz a Lei

10.216. Vejamos:

Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais (BRASIL, 2001, p. 1).

Os relatos considerados imprecisos foram aqueles referentes às respostas que não se

enquadravam nas categorias adequada e nem na inadequada.

Tabela 3 – Classificação da condição de estadia segundo o agente delituoso. Relatos classificados como

local adequado Relatos classificados como

local inadequado Relatos classificados como

imprecisos Muito bem; Não está bem; Boa e ruim;

Bem tratado; Muito ruim, local onde não

tem tratamento; Mais ou menos;

Normal; Péssimo; Alojado com mais cinco

pessoas.

Comida na hora certa; Melhorar a comida e voltar

a cantina;

Trabalho, estudo e tomo medicamento.

Aumentar o remédio, ter banho de sol e estar em casa;

Esquecido pela sociedade. Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Foram destacadas, na Tabela 4, as principais respostas referentes às atividades

realizadas com o agente delituoso, de acordo com a pergunta 2 do Apêndice A.

Foi possível perceber que, assim como houveram relatos de atividades realizadas,

também encontrou-se em alguns questionários a resposta “nenhuma [sic]”. Com isso, segundo

o art. 1o da Lei 10.216 (2001, p. 1), que diz: “os direitos e a proteção das pessoas acometidas

de transtorno mental, de que trata esta lei, são assegurados sem qualquer forma de

discriminação […]”, nos levou a perceber que nem todos recebem o mesmo tratamento.

De acordo com o incisso XII do art. 41 da Lei 7. 210 (1984, p. 7), é direito do agente

delituoso “igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena”, o

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que vale ressaltar a possível diferença no tratamento oferecido aos internos do HCTP-PA, de

acordo com os dados coletados.

Tabela 4 – Principais relatos de atividades gerais. Relatos

Nenhuma;

Trabalho;

Futebol;

Aula;

Faxina;

Dança;

Curso de bijuteria;

Culto da Universal;

Tudo o que me mandam fazer;

Atendimento com o Psicólogo e Assistente Social.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Referindo-se a pergunta 3 do Apêndice A, a Tabela 5 mostra os principais relatos aos

atendimentos de saúde recebidos e suas frequências.

Notou-se que o único serviço de saúde mencionado foi o de enfermagem, sendo que

entende-se por atendimento de saúde os serviços de medicina, terapia ocupacional,

enfermagem, fisioterapia, nutrição, farmácia, psicologia, entre outros. Logo, pode-se analisar,

a partir das respostas obtidas, que o serviço de saúde oferecido se encontra deficiente, não

estando de acordo com o § 2º do art. 4° da Lei 10.216 (2001, p. 1), no que diz: “o tratamento

em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa

portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social,

psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros”.

No momento da aplicação do questionário, um dos participantes, assim como

funcionários do HCTP-PA, relataram a ausência de um médico psiquiatra na instituição,

sendo que quando há a necessidade de perícia, consultas e exames médicos, o agente

delituoso é quem vai em direção ao médico, o que descaracteriza mais uma vez o determinado

no inciso V do art. 2° da Lei 10.216 (2001, p. 1), segundo o qual todos tem o “[…] direito à

presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua

hospitalização involuntária”.

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Tabela 5 – Principais relatos quanto aos atendimentos de saúde e a frequência semanal.

Atendimentos de saúde Frequência semanal

Enfermagem; Todo dia/Uma vez por semana;

Nenhum. Nenhum.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

De acordo com a Tabela 7, pode-se analisar os relatos frequentes sobre as atividades

realizadas com os psicólogos do HCTP-PA, conforme a pergunta 5 do Apêndice A.

É notório perceber, na Tabela 7, que o maior número de respostas está relacionado a

não realização de atividades com os psicólogos, sendo que ainda houve um relato afirmando

que diálogo é um tipo de atividade realizada.

Entre a análise dos relatos dos agentes delituosos e os relatos dos Psicólogos, de

acordo com as Tabela 7 e Tabela 19, pode-se perceber a contradição na maioria das respostas,

pois a grande parte dos agentes delituosos afirmaram não ter realização de atividades com os

psicólogos, porém, os psicólogos afirmaram realizar atividades com os mesmos.

Um dos relatos dos participantes afirma que: “não sabe se tem psicólogo [sic]”. Cabe

lembrar que, o psicólogo tem um papel de grande importância dentro do HCTP-PA, e esse

relato levou-nos a questionar, como está sendo realizado o serviço de psicologia nessa

instituição? Será que dentro da instituição em que está trabalhando, esse profissional tem

condições para realizar atividades com esses agentes delituosos, de tal modo que se passe a

iniciar um processo de reinserção social?

Precisa-se lembrar que a segurança oferecida por essa instituição é de suma

importância para que a equipe multiprofissional também possa realizar suas atividades e

contribuir para que haja um relacionamento agradável e principalmente para que ocorra a

reinserção desses internos à sociedade.

Tabela 7 – Principais relatos sobre as atividades com psicólogos. Relatos

Nenhuma;

Sim;

Diálogo;

Não sabe se tem Psicólogo.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

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31

Observou-se na Tabela 8, referente a pergunta 6 do Apêndice A, os principais relatos

sobre o recebimento de capacitação profissional.

Foi possível perceber que o número maior de respostas refere-se a posições negativas

diante da pergunta, alguns com uma justificativa, como a que diz: “Não, porque sou

aposentado [sic]”, mas também aquelas com posicionamentos críticos, como: “não [sic]”,

“nenhuma [sic]” e até mesmo a que diz: “nenhuma, não tem ninguém capacitado aqui para

poder capacitar alguém [sic]”.

Essa última resposta nos leva a questionar a relação existente entre os agentes

delituosos com relação aos profissionais do HCTP-PA. De que forma essa relação se dá e

principalmente como está sendo esse tratamento oferecido? Como é possível ser tratado por

alguém sem mesmo acreditar no tipo de tratamento oferecido por essa pessoa?

No mínimo essa relação está se dando de forma deficiente, sem possibilidade de

fortalecimento de vínculo entre internos e profissionais, sem tratamento adequado e

principalmente o incentivo de não se ter perspectivas futuras, por parte dos internos.

Sabe-se que muito do que está deficiente não compete à direção e profissionais, e sim

à precariedade de políticas públicas voltadas para a população dos Hospitais de Custódia. No

entanto, as pessoas que lá se encontram, merecem receber aquilo que a lei preconiza,

objetivando sua reinserção à sociedade.

É possível perceber que de acordo com a Tabela 8, não existe um programa, projeto

ou qualquer outra denominação voltada para a capacitação dos agentes delituosos. Como é

possível pensar em reinserir essas pessoas à sociedade, se estas se encontram há anos

alienadas, encarceradas e sem qualquer contato com o mundo lá fora? A capacitação

profissional seria uma possibilidade de renovação, sobrevivência e até mesmo de descoberta

de habilidades, o que poderia diminuir muito a reincidência no crime.

De acordo com Chaves (2010), dependendo da administração da unidade, existe ou

não a possibilidade de implantação de projetos, ações educativas, terapêuticas e

profissionalizantes voltadas aos internos, bem como a necessidade de maior envolvimento da

equipe de profissionais.

Sabe-se que para tal, são necessárias novas políticas e projetos visando não somente

e exclusivamente a capacitação profissional dos internos. No entanto, ainda segundo Chaves

(2010), existem períodos que não há nenhum curso disponível, já que estes dependem de

parcerias feitas pelo governo e muitas vezes pode acontecer de o preso voltar ao meio social

sem profissionalização.

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Tabela 8 – Principais relatos sobre capacitação profissional. Relatos

Nenhuma;

Nenhuma, não tem ninguém capacitado aqui para poder capacitar

alguém;

Não;

Não, porque sou aposentado;

Sim, quem quer trabalhar ganha dinheiro;

Sim, mas perdi muito tempo e agora estou arrependido;

Recebo R$ 6,00 reais todo dia, faço faxina, lavo corredor e passo

pano;

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

A pergunta 8 do Apêndice A, exposta na Tabela 10, refere-se as atividades realizadas

com os familiares. Relacionando a Tabela 10 com a Tabela 9, notou-se que a grande maioria

dos participantes que recebem visita familiar, como mostra a Tabela 9, não realizam nenhum

tipo de atividade com seus familiares, apenas a visita.

Embora ocorra a dificuldade de visita por conta da distância em que tais familiares

residem, ainda sim, existem aqueles que moram próximo, segundo informações dos

funcionários, esses familiares muito raramente vão ao HCTP-PA. Logo, as atividades se

tornam mais difíceis de serem realizadas. Questiona-se, então, qual o dever da equipe

multiprofissional em relação à assistência social prestada à família do agente delituoso? O

inciso VII do art. 23 da Lei 7. 210 (1984, p. 4), afirma que é dever do serviço de assistência

social “orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima”.

Portanto, assim como a lei ampara o agente delituoso e sua família, a Psicologia

também aborda o amparo dos mesmos, através de atividades ou apenas pela escuta, desde que

esse profissional esteja ali para cuidar, escutar e amparar no momento adequado.

Tabela 10 – Principais relatos de atividades com o familiar. Relatos

Não;

Sim/Conversa.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

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Na Tabela 11, foram expostos os principais relatos dos agentes delituosos referente a

relação com os internos e, posteriormente, classificados nas categorias de relação boa e

resposta imprecisa. A tabela refere-se a pergunta 9 do Apêndice A.

As respostas “são doidas [sic]”, “só não tenho com um [sic]”, “alguns interpretam de

outra maneira [sic]”, “mais ou menos, porque não conheço os outros internos [sic]” e “Não

tenho bronca com internos, mas é cadeia [sic]” foram enquadradas na classificação imprecisa,

pois não se equivaliam à relação boa e não poderiam ser classificadas como ruim.

Verificou-se que, os maiores relatos estão localizados na classificação de relação

boa, o que nos leva a refletir em possíveis estratégias, as quais serão sugeridas posteriormente,

que possam ser realizadas com os agentes delituosos em conjunto, pois também seria uma

possibilidade de fortalecimento de vínculo para tornar o espaço do HCTP-PA o melhor

possível, não restringindo o ambiente educacional como o único possível para que esse

encontro aconteça e sim voltando-se para outras alternativas, o que poderia ser uma opção

para as respostas que foram enquadradas como imprecisas.

A situação de cárcere possivelmente retirará das pessoas tudo aquilo que se tem de

mais humano e subjetivo, ou seja, suas essências, crenças, objetivos, projetos e outros. Diante

disso, pergunta-se quais sentimentos surgem nas pessoas que se encontram reclusas no

HCTP-PA?

Pode-se dizer que estamos diante da subjetividade de cada pessoa e o que antes era

individual passa a ser coletivo e tratado como tal. São pessoas diferentes, de lugares

diferentes, com histórias diferentes, convivendo em um único lugar, o que possivelmente

levarão a conflitos, principalmente no local e situação em que se encontram, como o relato de

um dos participantes que diz: “olha eu não tenho bronca com internos, mas é cadeia [sic]”.

No relato “são doidas [sic]”, classificado como impreciso, a participante respondeu

que: “Elas não gostam de mim, eu brigo com elas na porrada, eu que atento elas, elas são

doidas [sic]”, entretanto, a participante rasurou a maior parte da resposta deixando apenas

“elas são doidas [sic]” , nos levando a perceber de que forma a mesma se sente em relação aos

outros internos.

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Tabela 11 – Classificação da condição da relação com internos segundo os Agentes Delituosos.

Relação Boa Resposta Imprecisa

A gente conversa; São doidas;

Boa relação, pois interajo muito bem com os internos;

Só não tenho com um;

Tento levar da melhor forma; Alguns interpretam de outra maneira;

Nunca tive confusão com internos; Mais ou menos, porque não conheço os outros internos;

É boa a convivência; Não tenho bronca com internos, mas é cadeia.

É tudo certo;

Boa;

Otimamente bem;

Todos me tratam com respeito;

Me dou muito bem e convivo em harmonia.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

A Tabela 12 refere-se à pergunta 10 do Apêndice A, está relacionada aos relatos

frequentes dos participantes sobre o conhecimento do significado da reinserção social.

Segundo o Ministério da Justiça do Brasil (BRASIL, 2007), para que se entenda o

significado do termo reinserção social, é preciso compreender o que é exclusão social. A

exclusão social se dá quando há a privação de acesso aos sistemas sociais básicos, como

família, moradia, trabalho formal ou informal, saúde, dentre outros.

Logo, “cabe a reinserção reconstruir todas as perdas que ocorreram, a partir da

capacitação dessa pessoa para assumir com plenitude o seu direito à cidadania” (BRASIL,

2007, p. 1), ou seja, reinserir a pessoa na sociedade de tal modo que o mesmo sinta-se parte

desse núcleo novamente.

Observou-se que houveram relatos coerentes à respeito da reinserção social,

entretanto, foram frequentes os relatos “não sei [sic]”, nos levando a questionar: será que a

reinserção social ocorre dentro do HCTP-PA?

De acordo com Brasil (2007, p. 1):

[...] no primeiro contato, o profissional deverá assumir uma postura de acolhimento do paciente, no qual a atitude solidária e a crença na capacidade de o mesmo construir e/ou restabelecer sua rede social irão determinar o estabelecimento de um vínculo positivo entre ambos. É uma parceria onde a porta para a ajuda estará sempre aberta, desde que, o trânsito seja de mão dupla. Assim, o profissional e o paciente devem entender a reinserção social como um processo longo e gradativo que implica, inicialmente, na superação dos próprios preconceitos, nem sempre explícitos.

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Dessa forma, é possível fazer um paralelo com o relato de um dos psicólogos, onde o

mesmo afirma:

[…] embora inseridos em uma instituição integrante do Sistema

Penitenciário, acredito que todos os profissionais atuantes no HCTP devem passar a se perceberem não como Agentes Promotores de Segurança Penitenciária, como em um Estabelecimento Prisional comum, mas sim como Agentes de Reabilitação Psicossocial, a partir da observação/acompanhamento e intervenção no que se refere à saúde mental e vínculo sociofamiliar dos internos/pacientes [sic.] (grifo nosso).

Tabela 12 – Principais relatos ao significado da Reinserção Social. Relatos

Não sei;

Voltar para o convívio social;

Bom comportamento, respeitar as pessoas, seus espaços e estar

preparado para o convívio social;

Ser ressocializado e viver em paz com a sociedade;

O que estou vivendo agora. Ter emprego para ganhar dinheiro.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Observou-se na Tabela 13, referente à pergunta 11 do Apêndice A, as respostas dos

agentes delituosos sobre o conhecimento de seus direitos em relação à reinserção social.

Pode-se perceber que muitos participantes não sabem os seus direitos quanto à reinserção

social, entretanto, houveram outros relatos que, embora aparentemente não responda a

pergunta e pareça não se encaixar na resposta, resumem de maneira subjetiva o significado

dessa reinserção e seus direitos para tal participante.

Analisando a tabela, fica a pergunta: o que leva um indivíduo acreditar que seu

direito em ser reinserido na sociedade está relacionado com “ter o próprio caráter [sic]”? Ao

ler isso, imagina-se que dentro do HCTP-PA a pessoa encontra-se excluída da sociedade que

passa acreditar que não tem caráter suficiente para fazer parte dessa sociedade, que na maioria

das vezes o trata com desprezo. Fica clara essa relação de preconceito5, desprezo e reinserção

social com o relato que diz: “É a humanidade ter mais respeito pelas pessoas que fazem

tratamento psicológico [sic]”.

5 Relaciona com a ideia de Preconceito o relato do agente delituoso baseado no significado que o Dicionário

Aurélio nos traz: “ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial. Opinião

desfavorável que não é baseada em dados objetivos. Estado de abusão, de cegueira moral. Superstição”

(FERREIRA, 2010, não paginado).

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Conhecer os seus direitos é algo de suma importância e, os que se encontram

hospitalizados em um Hospital de Custódia, muitas vezes por não conhecerem tais direitos

acabam sofrendo e pagando por uma pena maior ainda. E o que a lei fala sobre a reinserção

dessas pessoas? De acordo com o § 1° do art. 4° da Lei 10. 216 (2001, p. 1), “O tratamento

visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio”, e art. 1° da

Lei 7. 210 (1984, p. 1) afirma que: “a execução penal tem por objetivo efetivar as disposições

de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social

do condenado e do internado”.

Tabela 13 – Principais relatos sobre o conhecimento dos direitos da Reinserção Social. Relatos

Não sei;

É a humanidade ter mais respeito pelas pessoas que fazem tratamento psicológico;

Ter o próprio caráter;

Estão em mim mesma. Ficar em casa repousando e tomando o meu remédio.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Na Tabela 14, referente à pergunta 12 do Apêndice A, foram expostos os relatos

sobre o término da penalidade. Podemos perceber que houveram relatos indicando períodos

específicos para o término da penalidade, como: “Final do mês de setembro [sic]”, “Janeiro de

2015 [sic]” e “Questão de meses [sic]”. No entanto, é necessário lembrar que a maioria dos

participantes, se tratando de agente delituoso, estão em situação judicial de medida de

segurança (Tabela 2), o que indica que a saída dos mesmos só é possível mediante perícia

médica para que se comprove a cessação de periculosidade.

Diante disso, percebemos a grande importância depositada neste procedimento, pois

este se torna decisivo diante da possibilidade de reinserção dos agentes delituosos. Silva

(2010, p. 663), afirma isso ao dizer:

A perícia médica assume papel preponderante nessa situação, mais do que os clínicos e os membros do Sistema Judiciário, já que cabe aos peritos tanto determinar em que casos caberia uma medida de segurança e não uma pena, assim como realizar o exame de cessação de periculosidade.

No entanto, é importante destacar que não se deve apenas considerar a perícia

médica como possibilidade única de avaliação, existem outros meios que se pode utilizar,

como a própria observação no dia a dia, e cabe ressaltar que se está lidando com a

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subjetividade de cada indivíduo, com suas possibilidades e singularidades o que diferenciará

sempre um interno do outro.

O HCTP-PA é uma instituição que não possui o serviço de psiquiatria no quadro

funcional, o que acaba por limitar a possibilidade dos agentes delituosos mostrarem quem são

e falarem do que desejam, pois não existe a possibilidade de relações mais aprofundadas entre

interno e médico e nem ao menos interno e as demais áreas, como mostra a Tabela 5.

Como pode-se, então, afirmar total acerto da perícia que só ocorre no período de 1

(um) à 3 (três) anos e que é decisiva para a permanência dos agentes no HCTP-PA? Assim

como afirma Delmanto, Delmanto e Delmanto Júnior (1998, p. 159) no Código Penal

comentado, § 1° art. 97: “A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo

indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação

de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos”.

A perícia se torna indispensável diante da possibilidade de reinserção social, porém,

sabemos que nem todos terão condições para tal, isso dependerá da condição psíquica de cada

um, onde não se pode de maneira alguma retirar a responsabilidade da pessoa diante de seu

crime. Fala-se em possibilidade de reinserção quando aquele indivíduo for responsabilizado

pelo seu ato, cumprir sua medida de segurança, reconhecer sua direta implicação no crime e

posteriormente for detectada a cessação de periculosidade e isso deve ser somado a um

tratamento adequado oferecido pelo Hospital de Custódia.

Tabela 14 – Principais relatos sobre o término da penalidade.

Relatos Sim;

Não sei;

No ano de 2015;

Janeiro de 2015;

Com 40 anos;

Questão de meses;

Final do mês de setembro;

Já acabou e não querem me tirar.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Na Tabela 15, referente à pergunta 13 do Apêndice A, foram expostos os principais

relatos referentes a possíveis planos após a saída do HCTP-PA.

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Notou-se que a maioria dos relatos mencionam planos e desejos que podem ser

simples aos nossos olhos, mas possivelmente não para pessoas que se encontram aprisionadas,

como os que dizem: “estudar [sic], trabalhar, ir na praia [sic]”, “refazer a minha vida fora do

crime [sic]” e “parar de usar drogas [sic]”.

São relatos que nos provocam diante de respostas encobertas por pedidos de ajuda,

de pessoas que buscam algo, buscam a melhora quando respondem querer refazer a vida fora

do crime ou mesmo quando dizem abertamente querer mudar de vida. E então pergunta-se, o

que está sendo feito em prol dessas pessoas?

Pergunta-se, mais uma vez, se o HCTP-PA visa o oferecimento de um tratamento

adequado, bem como a possibilidade de reinserção dos agentes delituosos ao meio social? Há

um comprometimento em proporcionar atendimentos de saúde regulares, acompanhamento

psiquiátrico e psicológico e a promoção de capacitações profissionais a essas pessoas?

Além disso, existe o incentivo e esforços para a implementação do programa de

Volta pra casa, como mostra o relato de um dos psicólogos: “investir esforços para a

implementação do Programa de Volta Pra Casa [...], o qual propõe o ACOMPANHAMENTO

BIOPSICOSSOCIAL EXTERNO [...], com o intuito de estabelecer um processo de

acolhimento social e familiar como transição entre a desinternação progressiva e

desinternação definitiva [sic]”?

A partir dos relatos dos participantes da pesquisa, nenhuma dessas possibilidades

citadas anteriormente acontecem de forma apropriada e principalmente abrangente, já que

todas as tabelas mostram, em algum momento, relatos contrários. No entanto, não pode-se

afirmar que não acontecem e sim buscar recursos para que esses serviços sejam oferecidos a

todos e da melhor forma possível, ou seja, com qualidade.

Tabela 15 – Principais relatos sobre os planos após a saída do HCTP-PA. Relatos

Continuar tomando remédios e ser doméstica; Aposentar e ter meu dinheiro; Estudar, trabalhar, ir na praia; Mudar pra melhor, procurar a igreja; Viver com meus familiares/Construir uma família; Refazer a minha vida fora do crime; Parar de usar drogas; A vida nos ensina que a gente bate em ponta de faca. Mas se você melhorar não

vai pro fundo do buraco. Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

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É possível observar, na Tabela 16 referente à pergunta 14 do Apêndice A, os relatos

frequentes a possíveis saídas dos internos, em datas comemorativas, do HCTP-PA. Foram

encontrados relatos de pessoas que tiveram a oportunidade de sair, mas também daquelas que

nem sabem que isso é possível, como os relatos que dizem: “Nunca na vida ouvi falar nisso

(sic)” e “Não, nem pode, eles que dizem [sic]”, o que nos leva a questionar o motivo de nem

todos terem essa oportunidade.

Sabe-se que existem muitas famílias que residem longe, nos interiores ou mesmo em

outros estados, o que torna inviável a possibilidade de estar deslocando o interno para lugares

mais afastados, porém, isso não retira da pessoa a possibilidade de saída, se assim for

possível, e de reconstrução de vínculo, principalmente daqueles que estão há anos sem entrar

em contato com seus familiares.

É importante destacar que a possibilidade de ir ao encontro de sua família, como por

exemplo em datas comemorativas, é uma forma de resgatar tudo o que está por trás de sua

história de vida, suas vivências, experiências e outras, e isso nada mais é do que prepará-la

para uma possível reinserção ao meio social. Como preconiza o inciso II do art. 2° da Lei

10.216 (2001, p. 1), que diz que a pessoa deve “ser tratada com humanidade e respeito e no

interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na

família, no trabalho e na comunidade”.

Tabela 16 – Principais relatos quanto as possíveis saídas em datas comemorativas do HCTP-PA.

Relatos

Não;

Não, nem pode, eles que dizem;

Não, nunca tive esta oportunidade;

Nunca na vida ouvir falar nisso;

Apenas para perícia ou consulta;

Já, não foi melhor porque eu continuo preso;

Várias vezes;

Estou pela primeira vez e nunca saí.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

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6.2 Sessão de tabelas quantitativas

O Gráfico 1, assim como a Tabela 6, refere-se a pergunta 4 do Apêndice A, sobre o

recebimento do acompanhamento psicológico e sua frequência.

Observou-se, no Gráfico 1, que 62% dos participantes entrevistados responderam

que recebem atendimento psicológico, porém, de acordo com a Tabela 6, os relatos quanto à

frequência de tal atendimento se encontram precários, por conta do intervalo entre eles ou

mesmo quando apontado apenas um acompanhamento.

De acordo com Chaves (2010), o serviço de Psicologia desempenha diversos papeis

inserido no contexto jurídico, como avaliação, tratamento, atividades psicoterapêuticas, bem

como estudando e analisando possíveis intervenções.

É importante destacar que a maioria dos participantes, como mostra a Tabela 2,

possui diagnóstico de transtorno mental, o que demanda maior suporte, não somente do

serviço de Psicologia, mas de toda a equipe de saúde, no entanto, não é o que se percebe na

frequência relatada pelos participantes na Tabela 6, assim como nos atendimentos de saúde na

Tabela 5.

As dificuldades serão algo sempre presente nesse trabalho, assim como os próprios

obstáculos que os funcionários também terão para desempenharem seus trabalhos da forma

que desejam, como afirma Chaves (2010, p. 17) em: “É uma área de trabalho cheia de

dificuldades, limitações, frustrações. Mas também cheia de desafios”.

Gráfico 1 – Acompanhamento psicológico.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

62%

38% Sim

Não

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Tabela 6 – Frequência do acompanhamento psicológico Relatos N° de participantes

Não responderam à pergunta 6

Só quando chamam 2

30 em 30 dias 1

Dificilmente 1

15 em 15 dias ou 30 em 30 dias 1

3 vezes 1

1 vez 1

Total 13

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

O Gráfico 2, assim como a Tabela 9, refere-se a pergunta de número 7 do Apêndice

A, que abordam os relatos e a frequências sobre a visita de familiar ou de conhecidos. Notou-

se, no Gráfico 2, que 85% dos que responderam relataram que recebem visita familiar, sendo

que 4 deles não responderam à pergunta.

Durante a realização da pesquisa, foi informado por funcionários da instituição que

os dias de visita se restringia apenas as quartas-feiras e aos familiares, sendo que crianças

(filhos) apenas uma vez no mês. Muitos dos que se encontram no HCTP-PA não moram em

Belém, logo, a rotina de visita familiar não acontece.

Observou-se, em um relato na Tabela 9, o recebimento de visitas nos domingos e

quartas-feiras, mostrando-se contrário o que foi relatado pelo funcionário sobre os dias de

visita. Mais uma vez isso nos levou a questionar o tratamento oferecido à essas pessoas, com

privilégios pra uns e para outros não. Como exemplo o relato que diz, “no momento não [sic]”

em que o participante respondeu: “no momento não porque eu já pedi ao funcionário fui

cobrar na sala da psicóloga agorinha ela nem olhou pra minha cara [sic]”.

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Gráfico 2 – Visita familiar ou de conhecidos.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Tabela 9 – Frequência da visita familiar ou de conhecidos Relatos N° de participantes

Não responderam à pergunta 4

3 em 3 meses 2

2 em 2 anos 1

2 em 2 meses 1

2 vezes 1

Domingos e quartas-feiras 1

Nem todo dia 1

Só do M. A. 1

No momento não 1

Total 13

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

6.3 Tabelas dos psicólogos participantes da pesquisa

De acordo com a Tabela 17, foi possível analisar os relatos dos psicólogos sobre o

entendimento quanto à reinserção social, referente a pergunta 1 do Apêndice B.

Verificou-se e relacionou-se as respostas dos psicólogos participantes e pôde-se

perceber o conhecimento de ambos em relação a reinserção social, considerando que um deles

respondeu citando as Leis 10. 216/01 e a Lei 7. 210/84 como base de suas respostas.

Percebeu-se o claro entendimento sobre esse assunto por parte de ambos, entretanto,

ao analisar com os relatos dos agentes delituosos, fica evidente a deficiência desta ação na

85%

15%

sim não

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instituição em que estão inseridos, pois sabe-se que reinserir-se socialmente é sentir-se parte

do núcleo novamente, como já falado anteriormente. Logo, como esse indivíduo pode sentir-

se parte desse núcleo novamente se nem ao menos recebe visita familiar ou de conhecidos? Se

não convive bem com os outros internos dentro do próprio HCTP-PA?

Conhecer o significado da reinserção social é bom, porém, seria muito melhor se a

instituição pudesse contribuir para que a equipe multidisciplinar colocasse em prática essa

ação que é direito desse agente delituoso, como escrito nas Leis 10. 216/01 e 7. 210/84.

Tabela 17 – Principais relatos sobre o entendimento da reinserção social Relatos

São ações direcionadas ao atendimento de pessoas "ausentes" do convívio social, as

quais persistem e viabilizem o resgate de seus direitos;

Compreendo a reinserção social associada a investimentos individuais ou coletivos

voltados para o resgate do pleno exercício da cidadania.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Na Tabela 18 analisou-se os relatos dos psicólogos quanto aos programas de

reinserção social oferecido aos internos do HCTP-PA, sendo que os dois psicólogos

afirmaram realizar parceria com outras instituições para que ocorra tal reinserção e que o

próprio HCTP-PA trabalha para que os internos possam, desde o momento em que entram,

sentir-se parte da sociedade, embora afastados dela.

Analisando de uma forma geral os relatos dos agentes delituosos e os relatos dos

psicólogos, fica evidente hora ou outra alguma contrariedade, principalmente em relação ao

programa de reinserção social, lembrando que todo condenado tem o direito a ser reinserido a

sociedade, depois de cumprir sua penalidade e for cessada sua periculosidade, como citado no

parágrafo anterior.

Observou-se que apesar de existir um programa de reinserção no HCTP, como citado

pelos psicólogos, é necessária uma nova medida de ampliação e renovação do programa já

existente, para que se tenha o conhecimento por parte dos internos e consequentemente a

possibilidade de reinserção dos mesmos.

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Tabela 18 – Principais relatos quanto ao funcionamento de programas de reinserção social no HCTP-PA.

Relatos Existe uma parceria com a SESPA, TJE e Rede de Atenção à saúde Mental, voltada para a

(re) integração social dos internos que cumprem medida de segurança no HCTP;

O Plano de Gestão do HCTP/PA propõe o estabelecimento de princípios

normativos/regulamentares que possibilitem a plena efetivação das atribuições do Corpo

funcional do HCTP perante a sua população alvo sobre uma ótica/perspectiva de

reinserção social […], passando pelo seu acolhimento, pelo seu acompanhamento

biopsicossocial e ocupacional interno […].

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

A Tabela 19, referente a pergunta 3 do Apêndice B, refere-se aos relatos quanto às

principais atividades que os psicólogos realizam com os internos. É notório perceber a

contrariedade nos dados obtidos tanto nos relatos dos psicólogos quanto no dos agentes

delituosos, como já citado na Tabela 7.

Apenas um relato pode ser considerado coerente em ambas as tabelas, que é a

“entrevista de atendimento psicológico por demanda espontânea […] [sic]”. As informações

dos psicólogos são diversificadas, levando-nos a questionar: Que atividades são realizadas?

Analisando as respostas dos psicólogos com os relatos dos agentes delituosos, pode-

se perceber o não consenso entre os mesmo em relação aos atendimentos individuais

espontâneos, como no relato de um dos agentes delituosos afirmando que foi cobrar algo

relacionado à visita familiar e o psicólogo (a) “nem olhou na minha cara [sic]”. Questiona-se

então, de que forma se dá esse atendimento individual espontâneo?

Tabela 19 – Principais relatos quanto as atividades realizadas com os internos. Relatos

Atendimento psicológico individual, familiar e grupo. Dinâmica de grupo, oficinas culturais e

artísticas; Orientação voltada para o trabalho e substâncias psicoativas, bem como sobre adesão

satisfatória ao tratamento;

Entrevista de atendimento psicológico por demanda espontânea, acompanhamento por

solicitação específica, acompanhamentos individuais e grupais e visitas domiciliares.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

De acordo com a Tabela 20, notou-se que a responsabilidade de capacitação

profissional é voltada para o serviço de Terapia Ocupacional e que a Psicologia possui uma

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prática multi e interdisciplinar com a mesma, entretanto, percebeu-se que os cursos citados

por um dos psicólogos já foram realizados, e que atualmente não existe nenhum curso em

prática.

No relato de um dos psicólogos, verificou-se o intuito de realização de cursos

profissionalizantes, entretanto, não foi possível que os mesmos acontecessem por limitação do

número de agentes penitenciários que pudessem garantir a segurança dos que estariam

oferecendo o curso.

Diante disso, pode-se relacionar a falta desses cursos, já citados por um dos

psicólogos, com a Tabela 8, onde a grande maioria dos internos afirmam não receber

nenhuma capacitação profissional. Cabe lembrar que, de acordo com o art. 34 da Lei 7. 210

(1984, p. 5), “o trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com

autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado”.

O trabalho e formação profissional é um direito do condenado, o que proporcionará

ao mesmo a sua capacitação para aderir ao meio de trabalho e assim também passar a sentir-se

parte desse núcleo, ou seja, voltar a ser reinserido socialmente.

Tabela 20 – Principais relatos Programa de capacitação profissional. Relatos

A capacitação profissional é desenvolvida pelo serviço de Terapia Ocupacional;

[…] o setor de psicologia realiza uma prática multi e interdisciplinar juntamente com os

setores de Terapia Ocupacional e de Educação do HCTP […] tais como a oficina de

“fotografia Pinhole e Pinlux” […], no período de 18/02 a 01/03/2013 […]. […] Oficina de

Pintura (s) […] curso de Informática básica […].

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Foi possível observar, na Tabela 21, que há uma contradição nas respostas dadas

pelos psicólogos participantes da pesquisa, no momento em que se responde não haver uma

agenda e que os atendimentos ocorrem de acordo com a necessidade de cada interno, com

aquele que diz que os atendimentos individuais são realizados diariamente. Diante disso, o

questionamento que surge é em relação ao que de fato ocorre no HCTP, em termos de

atendimento psicológico. Como esses atendimentos se dão? Eles são previamente definidos

ou ocorrem de maneira aleatória a partir da demanda interna?

A partir disso, foi possível fazer um paralelo com a Tabela 6, em que os relatos

dados pelos psicólogos não estão de acordo com os relatos dos agentes delituosos, no sentido

de que alguns relataram receber atendimento “Dificilmente” (sic), de “30 em 30 dias [sic]” e

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“15 em 15 dias [sic]”, o que não confere com nenhuma das duas respostas dadas pelos

psicólogos.

Se de fato esses atendimentos ocorrerem a partir dos relatos dos agentes delituosos,

mais uma vez, nos encontramos diante de uma situação irregular, por se tratar de uma

instituição que oferece tratamento psiquiátrico, a presença de um psicólogo torna-se

imprescindível para o andamento do tratamento, bem como, na possibilidade de reinserção

dessas pessoas.

Tabela 21 – Principais relatos sobre a frequência do atendimento psicológico. Relatos

Não existe uma agenda, os atendimentos são de acordo com a demanda de cada interno;

As atividades de atendimento e acompanhamento individual […] são realizadas diariamente,

enquanto que aquelas de caráter coletivo/grupal são realizadas com programação prévia […].

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

De acordo com a Tabela 22, foram expostos os relatos dos psicólogos em relação a

realização de atendimento com familiar ou acompanhantes dos agentes delituosos. A tabela

faz referência a pergunta 6 do Apêndice B.

Verificou-se, a partir do relato dos participantes, que existe um atendimento voltado

para os familiares e acompanhantes dos internos e que propõe-se muito mais do que

fortalecimento de vínculo, mas também possibilidades de reinserção, como em uma das

respostas que diz que o atendimento visa também “[…] a facilitação da (futura) desisternação

do interno […]” (sic).

Diante disso, se os atendimentos realmente são oferecidos e efetivados no HCTP,

podemos avaliar como um ganho não apenas para o agente delituoso, mas também para a

própria família que tem a possibilidade de aprender e compreender mais sobre a situação atual

do familiar aprisionado, bem como, no favorecendo dessa relação interno x familiar diante da

possibilidade de desinternação e reinserção.

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Tabela 22 – Principais relatos quanto à realização de atendimento a acompanhante ou familiar dos agentes delituosos.

Relatos Sim, Esse atendimento é voltado para a sensibilização da família, da importância da

participação dos mesmos no tratamento terapêutico; orientação a respeito da dinâmica

comportamental e a patologia a qual são portadores;

Sim, […] com objetivos centrais voltados para o resgate e/ou fortalecimento do vínculo

familiar, visando à facilitação da (futura) desinternação do interno/paciente.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

Nos relatos da Tabela 23, de acordo com a pergunta 7 do Apêndice B, estão expostos

os principais relatos em relação a existência de uma equipe multiprofissional atuando com a

Psicologia.

Foi possível perceber, na Tabela 23, que há uma equipe multiprofissional atuando

juntamente e em parceria com a psicologia no HCTP-PA. De acordo com o último relato, a

Junta de Orientações Técnicas (JOTE) objetiva promover uma interação entre essa equipe,

garantindo um momento para que esses profissionais possam estar juntos e, se espera,

compartilhando saberes.

Pode-se avaliar como um ponto positivo e pensar em futuras possibilidades e

reestruturações, para que de fato haja a promoção desses saberes entre os membros dessa

equipe, como por exemplo, a possibilidade de implantação de encontros semanais para se

fazer estudos de caso, onde se voltariam, a cada semana, para um caso ou situação específica

e, a partir dessa discussão, ocorresse o levantamento de novas possibilidades de intervenção,

tratamento e possível reinserção de cada interno.

Se pensar em um tratamento adequado é pensar em uma equipe disposta, unida,

responsável e composta por pessoas que tem amor pelo que fazem.

Tabela 23 – Principais relatos quanto a existência de uma equipe multiprofissional que atue em conjunto com a psicologia na reinserção social.

Relato

Sim: Assistentes sociais; Terapeuta ocupacional; Pedagogos; Nutricionista; Enfermeira e

Socióloga;

Sim. […] Junta de Orientações Técnicas (JOTE), composta […] do Corpo Diretor e do Corpo

Técnico da instituição, visando garantir um espaço/momento para a promoção de efetiva

interdisciplinaridade entre estas instâncias.

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014. .

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Verificou-se na Tabela 24, relacionada à pergunta 8 do Apêndice B, relatos dos

psicólogos referente às atividades realizadas por essa equipe multiprofissional. Foi possível

fazer uma relação da Tabela 24 com a discussão da Tabela 23, citada anteriormente, em que

uma das propostas foi justamente a implementação de estudos de caso nos encontros da

equipe multiprofissional do HCTP-PA.

No entanto, em uma das respostas dos psicólogos (Tabela 24) apareceu como

atividade da equipe a realização de estudos de caso. Diante disso, o questionamento não está

na realização dos estudos de caso e sim no que essa equipe multiprofissional e de saúde está

realizando em prol das pessoas que se encontram encarceradas, no HCTP. Pois relacionando

com a Tabela 5, é notória a contradição naquilo que os agentes delituosos entrevistados

afirmaram receber com o que os psicólogos entrevistados afirmaram oferecer.

Se realmente fosse oferecido tudo o que foi exposto pelos psicólogos em relação ao

trabalho multidisciplinar dos profissionais, talvez o tratamento oferecido pelo HCTP-PA não

estivesse sendo considerado tão precário, diante de tudo o que foi avaliado a partir dos

resultados encontrados nos relatos dos participantes.

Por tanto, cabe ressaltar que, é necessário rever tudo o que está sendo oferecido, em

termos de tratamento de saúde aos agentes delituosos portadores de transtorno mental. Só

assim será possível pensar em novas possibilidades de tratamento e intervenção, visando

oferecer a melhor terapêutica possível a essas pessoas, já que isto está inteiramente ligado

com a preparação das mesmas para retornarem ao convívio da família e sociedade.

Tabela 24 – Principais relatos sobre as atividades realizadas pela equipe multiprofissional. Relatos

Atividades terapêuticas; Estudo de caso; Elaboração de relatórios biopsicossocial para

fins de internação;

[…] os objetivos gerais/específicos da JOTE estão: contribuir para a (re) educação e (re)

inserção social dos presos/pacientes, […] inclusão participativa junto às atividades

laborativas/laborterápicas […], oficinas terapêuticas (arte, educação, lazer e etc.); […]

fortalecimento do vínculo dos integrantes da população alvo […] com […] a família;

Investir […] para a implementação do Programa de Volta Pra Casa […].

Fonte: As autoras da pesquisa, 2014.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da pesquisa realizada no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do

Estado do Pará conclui-se que, o trabalho da reinserção social dentro desta instituição não está

acontecendo de forma satisfatória, podendo ser avaliado como insuficiente.

Podemos pensar a reinserção como um conjunto de direitos e deveres que cada

indivíduo possui visando a possibilidade de retornar a sociedade e principalmente se sentir

parte dela, ou seja, a reinserção social engloba tanto a família, o mundo do trabalho e a

comunidade.

Relacionando-se ao contexto familiar percebe-se que os agentes delituosos recebem

visitas familiares no HCTP-PA, porém, não existe um trabalho específico voltado para o

interno com seu familiar e cabe lembrar que é importante a escuta, o amparo e a orientação ao

familiar do agente delituoso.

Diante disso, além da construção de um novo trabalho voltado ao interno e seu

familiar, faz-se necessário criar mais possibilidades de intervenção, pois mesmo os dados

encontrados nas tabelas, tanto dos agentes delituosos como dos psicólogos, se mostrando

contrários não se pode afirmar que não há nenhum atendimento destinado aos familiares.

Pensa-se, então, como possível sugestão a criação de grupos de conversa e intervenção para

os familiares e conhecidos como possibilidade de interação, orientação e troca de experiências

entre os mesmos.

Embora o número de visitas seja considerado numeroso, ainda existe uma pequena

quantidade que não recebe ou recebe com frequência reduzida. Com isso, sugere-se a criação

de um programa voltado apenas para as famílias afastadas, visando investigar o motivo de

essas famílias não irem ao HCTP-PA em dias de visita, isso seria uma forma de orientá-los a

respeito da situação de cada interno e esclarecer sobre a importância do vínculo familiar para

o tratamento e possível reinserção, se for uma realidade do agente delituoso.

Referindo-se ao contexto do trabalho, de acordo com os resultados obtidos, nota-se a

atual falta de incentivos voltados para a capacitação dos agentes delituosos e da própria

equipe multiprofissional.

A sugestão da capacitação profissional da equipe é importante no sentido de

possibilitar um melhor entendimento e compreensão por parte dos profissionais em relação a

reinserção social do agente delituosos e a própria doença mental, qual o melhor modo de

intervir com essas pessoas e como possibilitar melhores formas tratamento para os mesmos,

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pois compreender o significado e a importância da reinserção social é fundamental para o

andamento do trabalho do profissional e da própria reinserção.

Da mesma forma que há um tempo destinado para a discussão de casos, pensa-se

também na incorporação de um período voltado para o curso de capacitação ou especialização

para tal equipe, esse conhecimento a mais poderia refletir em melhores relações entre a equipe

e os internos.

A capacitação profissional dos internos se faz necessária quando pensamos em

descoberta de habilidades para que esse indivíduo, diante da possibilidade de saída, possa se

sentir além de útil parte integrante do meio em se encontra, sendo dentro ou fora do HCTP-

PA, a partir de cursos de artesanato, gastronomia, costura, cabeleireiro, manicure e fotografia,

lembrando que isso dependerá do desejo de aprender de cada um e de sua condição psíquica,

assim como em conhecer e compreender a importância dos seus direitos em relação a

reinserção social. Sabe-se que para tal, são necessárias algumas mudanças que dependem de

políticas que estão voltadas para a população carcerária do Hospital e que não cabe a decisão

ao HCTP-PA.

Pensando em comunidade no contexto da reinserção social, percebe-se que a mesma

se refere tanto à sociedade fora da instituição quanto a própria comunidade interna, desde os

profissionais que ali se encontram até os internos. Em relação à comunidade interna, nota-se a

presença de algumas situações que desfavorecem o vínculo entre internos e profissionais, isso

se deve a poucos profissionais atuantes no HCTP-PA, tanto no que se refere a equipe

multiprofissional, como a Psicologia e a Medicina, quanto a equipe de segurança. Se tratando

de um Hospital Psiquiátrico, sugere-se a presença de um médico psiquiatra, não

necessariamente para realização de perícia médica, mas para que seja um médico assistente,

oferecendo o suporte e toda a assistência que os internos necessitam.

A presença de novos profissionais, como psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos,

médicos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, assistentes sociais, pedagogos, agentes

penitenciários, etc. no HCTP-PA, possibilitará a efetivação de atendimentos mais frequentes e

novas formas de intervenção, o que sugere-se atendimentos semanais ou mesmo atividades

grupais, de acordo com a possibilidade de cada agente delituoso.

Sabe-se que para ocorrer a reinserção social não basta apenas que ela aconteça dentro

do HCTP, a sociedade precisa se conscientizar diante da possibilidade de conviver com

pessoas que tem alguma doença mental e que estiveram em conflito com a lei. Não se trata

apenas de tratamento adequado, convivência familiar, relações sociais e capacitações

profissionais, se a postura da sociedade diante dessas pessoas ainda continua a mesma, com

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um olhar preconceituoso. É necessário lembrar que se essas pessoas foram reinseridas é

porque elas têm possibilidades para isso, pois passaram por um processo longo de

cumprimento da medida de segurança e cessação de periculosidade e isso só é possível diante

da condição psíquica de cada um.

Diante disso, é possível pensar na criação de um projeto voltado para a possibilidade

de saída de alguns agentes delituosos, de acordo com a realidade psíquica de cada um,

acompanhados da equipe técnica do HCTP-PA para algum ponto específico, de forma que a

sociedade pudesse conhecer a realidade dessas pessoas e ver a possibilidade de reinserção das

mesmas, com objetivo de aos poucos ambos se acostumarem novamente nessa relação de

reciprocidade e sem preconceitos. Lembrando que ao reinserir um agente delituoso e

conscientizando a sociedade de tal importância, a possibilidade de que o mesmo venha a

reincidir no crime é menor, não amenizando o delito que cometeu, mas procurando criar

novos meios para que esse delituoso sinta-se parte da sociedade.

A partir de todo o exposto, percebe-se a importância de uma possível reestruturação

e renovação de muitas práticas dentro do Hospital de Custódia, e isso não se refere apenas aos

psicólogos, mas de todos, sem exceção, que trabalham na instituição. Logo, muito do que

precisa ser mudado não compete apenas a instituição, mas é necessário repensar até mesmo o

que está dentro das possibilidades.

Uma instituição se faz a partir de um conjunto, englobando todos que ali se

encontram incluindo os agentes delituosos, portanto, assim como os internos são

responsabilizados por seus atos e tem a obrigação de cumprirem suas medidas de segurança, o

HCTP-PA também deve cumprir com sua parte da responsabilidade que é oferecer tratamento

mais adequado às pessoas que ali estão, bem como promover, pensar e trabalhar a reinserção

social com os mesmos, pois somente assim a reinserção social no Hospital de Custódia e

Tratamento Psiquiátrico do Estado do Pará será possível.

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REFERÊNCIAS

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SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. SILVA FILHO, L. A. Doença mental, um tratamento possível: psicoterapia de grupo e psicodrama. São Paulo: Ágora, 2011. SILVA, Martinho Braga Batista e. O desafio colocado pelas pessoas em medida de segurança no âmbito do Sistema Único de Saúde: a experiência do Paili-GO. Physis, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 653-682, fev. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73312010000200017&script=sci_arttext>. Acesso em: 10 set. 2014. TÁVORA, Alexandre et al. Vade Mecum. 3. ed., rev, amp. atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2013. TREPANAÇÃO. In: DICIONÁRIO informal. 2014a. Disponível em: <http://www.Dicionar ioinformal.com.br/trepana%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em: 30 mar. 2014. SANGRIA. In: DICIONÁRIO informal. 2014b. Disponível em: <http://www.Dicionario informal.com.br/trepana%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em: 30 mar. 2014.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DA REINSERÇÃO SOCIAL

ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DA REINSERÇÃO SOCIAL

Nome:__________________________________________________ Idade:__________

Sexo: F ( ) M ( ) Profissão:______________________ Estado Civil:________________

RG:_________________ Data de nascimento:______/______/______

1. Como está sendo hoje sua estadia aqui no Hospital de Custódia e Tratamento

Psiquiátrico do Estado do Pará?

_____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

2. Que atividades são realizadas com vocês durante o dia?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

3. Quais atendimentos de saúde você recebe e quantas vezes por semana?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

4. Você recebe acompanhamento psicológico?

Não ( ) Sim ( ) Com que frequência?

_____________________________________________________________________

5. Você realiza alguma atividade com os psicólogos?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

6. Você recebe algum tipo de capacitação profissional?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

7. Você recebe visita familiar ou de conhecidos?

a. Não ( ) Sim ( ) Com que frequência?

_____________________________________________________________________

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8. É realizado alguma atividade em conjunto com seu familiar?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

9. De que maneira se dá sua relação com os outros internos?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

10. Você sabe o que significa a reinserção social?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

11. Você sabe quais os seus direitos em relação à reinserção social?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

12. Você sabe o tempo previsto para o término da sua penalidade?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

13. Que planos você tem quando sair daqui?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

14. Você já saiu do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico em datas

comemorativas para visitar seu familiar? Como foi?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA AVALIAR O TRABALHO DA PSICOLOGIA NA REINSERÇÃO SOCIAL NO HCTP-PA

ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA QUESTIONÁRIO PARA AVALIAR O TRABALHO DA PSICOLOGIA NA

REINSERÇÃO SOCIAL NO HCTP-PA

Nome: ______________________________________________ Idade: ____________

Sexo: F ( ) M ( ) CRP:_______________________ RG:______________________

1. Qual o seu entendimento sobre a reinserção social?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

2. Há algum programa de reinserção social, em funcionamento, no Hospital de Custódia

e Tratamento Psiquiátrico do Estado do Pará?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

3. Que atividade você realiza com os internos?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

4. Você realiza algum programa de capacitação profissional com os internos?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5. Qual a frequência do atendimento psicológico no HCTP-PA?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

6. É realizado atendimento ao acompanhante ou familiar dos internos? Quais?

_____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

7. Há uma equipe multiprofissional que trabalha juntamente com a psicologia na

realização da reinserção social? Se sim, quais?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

8. O que essa equipe multiprofissional realiza? __________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,________________________________________________________, nascido

em_________________, com____ anos,__________(Estado civil), ____________(profissão),

residente__________________________________________ Bairro:____________ portador

do RG:_____________, estou sendo convidado a participar de um estudo denominado “A

Questão da Reinserção Social no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Estado

do Pará”, cujos objetivos são: Avaliar o trabalho da reinserção social realizado com o agente

delituoso portador de transtorno mental no HCTP-PA, analisando a possibilidade do Hospital

de Custódia ser responsável pela reinserção dos mesmos inseridos nessa instituição; avaliar de

forma qualitativa e quantitativa a clientela, o tempo de internação, a rotina dos profissionais –

principalmente a rotina dos profissionais da psicologia, o número de presos e sua rotina, e

sugerir propostas.

A minha participação no referido estudo será no sentido de responder o questionário

elaborado pela equipe de pesquisadores, a fim de verificar se o objetivo proposto foi

alcançado.

Fui alertado de que, da pesquisa a se realizar, posso esperar alguns benefícios, tais

como: O convívio familiar mais frequente, com atividades de maior participação desse

familiar – quando possível – e da equipe de profissionais que ali trabalham, proporcionando

um convívio também entre os que ali se encontram para a melhora da reinserção à sociedade.

Recebi, por outro lado, os esclarecimentos necessários sobre os possíveis

desconfortos e riscos decorrentes do estudo. Assim, no possível desconforto ao responder

perguntas pessoais, na minha segurança durante toda a pesquisa, bem como o não

cumprimento da veracidade dos fatos e do sigilo.

Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome ou

qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me identificar, será mantido

em sigilo.

Também fui informado de que posso me recusar a participar do estudo, ou retirar

meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e, se desejar sair da pesquisa,

não sofrerei qualquer prejuízo à assistência que venho recebendo.

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As pesquisadoras envolvidas com o referido projeto são: GABRIELLY DE

CARVALHO FLEXA e TÁSSIA MARA MATOS DA SILVA, Ambas estudantes da

instituição de ensino Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ.

É assegurada a assistência durante toda pesquisa, bem como me é garantido o livre

acesso a todas as informações e esclarecimentos adicionais sobre o estudo e suas

consequências, enfim, tudo o que eu queira saber antes, durante e depois da minha

participação.

Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor do aqui mencionado e compreendido a

natureza e objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre consentimento em participar,

estando totalmente ciente de que não há nenhum valor econômico, a receber ou a pagar, por

minha participação.

De igual maneira, caso ocorra algum dano decorrente da minha participação no

estudo, serei devidamente indenizado, conforme determina a lei.

Belém, _____ de _______________ de 20___.

__________________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador(a)

__________________________________________

Assinatura do Orientador(a)