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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES” Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Segurança do Trabalho Prevenção e Segurança no Trabalho MÓDULO I Tatuí-SP 2017

Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes” · MÓDULO I Tatuí-SP 2017 . 1 1. SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO . ... de Normas Técnicas - ABNT (NR17) e da American Conference of Governmental

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL “MANOEL GUEDES”

Escola Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Curso de Habilitação Profissional de Técnico em Segurança do Trabalho

Prevenção e Segurança no Trabalho

MÓDULO I

Tatuí-SP

2017

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1. SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO 1.1 - INTRODUÇÃO Desde seu aparecimento na Terra, o homem convive com o risco. E, por não ter controle

sobre os riscos, esteve sempre sujeito a todo tipo de acidente. Com o passar do tempo e o desenvolvimento da tecnologia, ele conheceu a roda-d'água, os teares mecânicos, as máquinas a vapor, a eletricidade, até chegar à era dos computadores. Foi um longo aprendizado.

Se, por um lado, os progressos científicos e tecnológicos facilitaram o processo de trabalho em vários aspectos, por outro geraram novos riscos.

A proteção legal ao trabalhador contra acidentes e doenças inerentes ao trabalho, no plano internacional, começou somente no século IXX. No Brasil, as primeiras leis surgiram no início do século, XX como veremos a seguir.

1.2 - PRINCÍPIOS GERAIS DE SEGURANÇA NO TRABALHO Leis de proteção ao trabalhador No mundo Em 1802, surge na Inglaterra a primeira lei de proteção ao trabalhador acidentado no

exercício de sua função. Em 1862, ocorre a regulamentação da Segurança e Higiene do Trabalho na França; em 1865, na Alemanha; e, em 1921, nos Estados Unidos.

No Brasil A proteção legal ao trabalhador contra acidentes e doenças do trabalho no Brasil é mais

recente e vem se desenvolvendo ao longo dos últimos cinquenta anos: • Somente em 1919 surge a primeira Lei de Acidentes do Trabalho no Brasil, com o

Decreto Legislativo n° 3.724, de 15 de janeiro. Não é considerado acidente de trabalho a doença profissional atípica (mesopatia). A lei exige reparação apenas em caso de "moléstia contraída exclusivamente pelo exercício do trabalho, quando este for de natureza a só por si causá-la".

• Em 1934, surge a segunda Lei de Acidentes do Trabalho no Brasil, com o Decreto-Lei nº 24.637, de 10 de julho. É reconhecida como acidente do trabalho a doença profissional atípica (mesopatia).

• Em 1943, o governo brasileiro apresenta á nação a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho.

• Em 1944, surge a terceira Lei de Acidentes do Trabalho no Brasil, com o Decreto-Lei n° 7.036, de 10 de novembro. Determina que as empresas com mais de 100 funcionários devem constituir uma comissão interna para representa-los, a fim de estimular o interesse pelas questões de prevenção de acidentes.

• Em 1967, surge a quarta Lei de Acidentes do Trabalho no Brasil, com o Decreto-Lei n° 293, de 28 de fevereiro. Teve curta duração, porque foi totalmente revogada pela Lei n° 5.316, de 14 de setembro do mesmo ano. Transferia o seguro de acidentes do trabalho do setor privado para a esfera específica da Previdência Social.

• A Lei n. 5.316, de 14 de setembro de 1967, foi a quinta Lei de Acidentes do Trabalho no Brasil. Restringe o conceito de doença do trabalho, excluindo as doenças degenerativas e as inerentes a grupos etários.

Legislação sobre Segurança e Saúde do Trabalho A legislação básica sobre Segurança e Saúde do Trabalho no Brasil está regulamentada

na Constituição e na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Existe também a legislação previdenciária.

a) As determinações da Constituição. Nossa constituição estabelece as linhas gerais da organização da legislação sobre

Segurança e Saúde do Trabalho. A última alteração nela introduzida entrou em vigor em 5 de outubro de 1988.

b) Consolidação das Leis do Trabalho - CLT

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O Capítulo V da CLT contém toda a legislação trabalhista relativa à Segurança e à Medicina do Trabalho para os empregados em empresas públicas e privadas, regidas por esse estatuto. Excluem-se os funcionários públicos estatutários.

As normas regulamentadoras (NRs) da CLT são muito abrangentes e remetem muitas vezes a outras normas nacionais e internacionais, como, por exemplo, às da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (NR-17) e da American Conference of Governmental Industrial Higienysts – ACGIH (NR-9).

Contrato coletivo de trabalho No processo de negociação entre trabalhadores e empresários de várias categorias, há

sempre questões relativas a saúde e segurança do trabalhador. Nesse aspecto, os trabalhadores vêm aumentando suas conquistas, principalmente no que se refere a acordos e contratos coletivos de trabalho. Isso representa um ganho real, pois eles têm obtido mais do que a própria legislação estabelece.

É importante que os trabalhadores estejam atentos aos dissídios e às campanhas salariais, negociados entre sindicatos e empresas, que envolvam cláusulas voltadas à saúde a segurança do trabalhador.

2. PREVENÇÃO DE ACIDENTES A prevenção de acidentes só pode ser bem realizada a partir de um programa consistente,

que contenha objecausastivos muito claros e leve em conta desde um pequeno incidente até um acidente com graves repercussões.

2.1 - DEFINIÇÃO DE ACIDENTE/INCIDENTE: Incidente: Evento que causou ou que teve o potencial de causar acidentes. Um incidente

que não origina danos à saúde, prejuízos ou outras perdas também é descrito como uma “quase perda”.

Acidente: Evento não desejado que origina morte, danos à saúde, lesão, danos materiais

ou outras perdas. O Acidente de Trabalho pode causar muitos prejuízos ao trabalhador, à empresa e à

comunidade. • Ao trabalhador — o acidente causa sofrimento físico

e incapacidade temporária ou permanente para o trabalho, levando, muitas vezes, sua família ao desamparo financeiro, social e psicológico.

• A empresa — o acidente gera problemas com o desempenho dos empregados, ocasiona comprometimento na produção, por perda temporária ou permanente de mão-de-obra, atraso na entrega dos produtos e gastos com o acidentado e com a danificação de máquinas, ferramentas e matérias primas, como mostra a figura abaixo:

O acidente do trabalho gera: danos materiais, doença • A comunidade — ocasiona aumento do custo de vida e dos impostos, insatisfação com

falta de condições de trabalho e diminuição de pessoas produtivas. É indispensável entendermos o que é e porque ocorre o acidente do trabalho para podermos evitar os mais diversos tipos de prejuízos. Para se combater suas causas e cuidar da prevenção de acidentes, é preciso, antes de tudo, saber o que é um acidente, através do estudo do conceito de acidente do trabalho.

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2.2 - CONCEITOS DE ACIDENTES DO TRABALHO Legal

A definição está na Lei n. 8.213, de 1991, no artigo 19 que diz: "Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho". Para efeitos da lei, são consideradas como acidentes do trabalho as doenças do trabalho que constem ou não de relações oficiais, os acidentes que ocorram no local e no horário do trabalho, os acidentes que ocorram fora dos limites da

empresa e fora do horário de trabalho, dentro de certas condições. Portanto, são várias as possibilidades de acidente do trabalho previstas na lei, todas incluindo um prejuízo físico, orgânico para o trabalhador.

Prevencionista No conceito prevencionista serão classificados, como acidentes aqueles fatos que podem

prejudicar, interromper uma atividade produtiva, um trabalho, trazendo ou não prejuízos humanos e/ou materiais. Portanto, mesmo ocorrências que não resultem em lesões ou danos materiais devem ser encaradas como acidentes que exigem uma investigação do pessoal técnico, para evitar a repetição do fato.

Numa empresa, os acidentes acontecem tendo como causas mais comuns ato inseguros e/ou condições inseguras. Os atos inseguros são praticados por trabalhadores que desrespeitam regras de segurança, que não as conhecem devidamente ou, ainda, que têm um comportamento contrário à prevenção.

As condições inseguras são deficiências como: defeitos de instalações ou de equipamentos, falta de proteção em máquinas, má iluminação, excesso de calor ou frio, umidade, gases, vapores e poeiras nocivos e muitas outras condições insatisfatórias do próprio ambiente de trabalho.

Na sua grande maioria, os acidentes são provocados por atos inseguros, por condições inseguras ou pelos dois fatores em conjunto. E são causas que podem ser previstas e, portanto, evitadas. Para tanto, é preciso estar alerta, é preciso saber descobrir, localizar e identificar as causas possíveis de acidentes. Esc. Técnica “Dr. Gualter Nunes”

Outros casos considerados como acidentes do trabalho Outros casos que caracterizam o acidente do trabalho são, também, os infortúnios que

ocorrem em horário de trabalho e que resultam de atos de sabotagem ou terrorismo praticados por estranhos ou mesmo por companheiros. O mesmo se dá com lesões físicas intencionais, provocadas por terceiros, se decorrentes de disputa relacionada ao trabalho. Atos de prudência ou negligência de terceiros e de companheiros, atos de pessoas privadas do uso da razão, desabamento, inundação ou incêndio, casos decorrentes de causa imprevista ou força maior, tudo isso se enquadra no conceito de acidente do trabalho.

Esse conceito, todavia, é mais amplo, incluindo infortúnios fora do local e fora do horário de atividade do empregado. São exemplos os acidentes ocorridos: na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa; em viagem a serviço, seja qual for o meio de locomoção utilizado, e mesmo sendo veículo do próprio empregado; no percurso da residência para o trabalho ou vice-versa; nos períodos de refeição ou descanso dos empregados, que permanecem, ou não, no local de trabalho.

2.3 - CAUSAS DOS ACIDENTES DO TRABALHO No Brasil, durante muito tempo se divulgou o conceito do ato inseguro e da condição

insegura como causas de acidentes. Além desses dois fatores, incluiu o fator pessoal de insegurança ou fator pessoal - causa

relativa ao comportamento humano, que leva a prática do ato inseguro entre as causas de acidentes. Com isso podemos dizer que existem três causas de acidente: fator pessoal de insegurança (causa relativa ao comportamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente

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ou à prática do ato inseguro), ato inseguro (ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência do acidente) e condição ambiente de insegurança (condição ambiente do meio que causou o acidente ou contribuiu para sua ocorrência). Constatar o ato inseguro no Brasil foi sempre um meio de se achar um culpado.

Todo acidente tem causas imediatas, causas básicas e principalmente causas gerenciais. Afinal segurança não é prioridade (porque ela não acaba), ela faz parte do negócio da empresa. As condições imediatas são o ato inseguro e as condições inseguras. O ato está relacionado com a violação de um procedimento seguro (ex.: não usar protetor auricular em ambiente ruidoso, ou ficar sob cargas suspensas, ou dirigir perigosamente, ou inutilizar dispositivos de segurança, etc.).

Atos inseguros São comportamentos tidos pelo trabalhador que podem levá-lo a sofrer um acidente. Os

fatores que levam os indivíduos a praticá-los são múltiplos, sendo que os principais podem ser assim resumidos:

a) equipamentos de segurança - Recusa de usar equipamentos de proteção individual; - Inutilização de equipamentos de segurança. b) uso de ferramentas - Emprego impróprio de ferramentas; - Emprego de ferramentas com defeito. c) maquinária - Ajuste, lubrificação e limpeza de máquinas em movimento; - Permanência junto a pontos perigosos das máquinas; - Operação de máquinas em velocidade excessiva; - Operação de máquinas sem que o trabalhador esteja habilitado ou sem que tenha permissão para tal. d) roupas - Uso de roupas que exponham a riscos. e) outros comportamentos no trabalho - Permanecer embaixo de cargas de guindastes; - Permanecer em pontos perigosos justo à passagem de veículos; - Fumar onde há perigo de fogo; - Correr em escadas e em outros lugares perigosos; - Utilizar escadas de mão sem a estabilidade necessária. Muitos outros exemplos podem ser dados. Porém, o que convém salientar é que são

causas evitáveis, dependendo, das atividades que a CIPA pode desenvolver na área educativa e da conscientização, tanto do empregado quanto do empregador.

Condições inseguras

A condição insegura é uma "armadilha'' que existe no ambiente de trabalho que pode comprometer a integridade física dos trabalhadores. Por exemplo: passagem de ambientes muito claros para ambientes escuros; ambiente com muito material espalhado pelo chão, provocando risco de queda; escadas com defeito e sem corrimão; pisos irregulares ou escorregadios etc.

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Por trás do ato inseguro existem muitas variáveis, como: deficiências, defeitos, irregularidades técnicas na empresa que constituem riscos para a integridade física do trabalhador, para a sua saúde e para os bens materiais da empresa. Assim, as condições inseguras podem estar relacionadas com:

a) construção e instalações da empresa - Prédio com área insuficiente, pisos fracos e irregulares; - Iluminação deficiente ou mal distribuída; - Ventilação deficiente ou excessiva, instalações sanitárias impróprias e insuficientes; - Excesso de ruídos e trepidações; - Falta de ordem e de limpeza; - Instalações elétricas impróprias ou com defeitos. b) maquinaria - Localização imprópria das máquinas; - Máquinas com defeitos. c) matéria-prima - Com defeito ou de má qualidade; - Fora de especificação. d) proteção do trabalhador - Proteção insuficiente ou totalmente ausente; - Roupas não apropriadas; - Calçado impróprio ou falta de calçado; - Equipamento de proteção com defeito. e) produção - Velocidade excessiva; - Má distribuição. f) horários de trabalho - Esforços repetidos e prolongados (LER ou DORT); - Má distribuição de horários e tarefas.

Encontram-se presentes muitos fatores que podem tornar-se causas dos mais diversos acidentes. Ferramentas de todos os tipos; fontes de calor intenso; substâncias químicas sólidas, líquidas, em pó, na forma de vapores e gases; equipamentosmóveis; equipamentos de alta ou baixa pressão; inflamáveis; explosivos; energia elétrica; equipamentos rodantes; veículos de várias espécies. Tudo isso e muito mais pode ser causa de acidentes ou de doenças do

trabalho. Mas as causas podem ser identificadas e eliminadas e não acontecerão acidentes ou eles terão seu número e efeitos muito reduzidos. Isso corresponde a evitar que se percam vidas e permite garantir a saúde dos trabalhadores, impedindo, também, a destruição de máquinas, equipamentos e instalações de grande importância para a vida e progresso de uma cidade, de um país.

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As causas básicas têm em geral origem administrativa. Nessa abordagem consideramos como causas básicas aquelas que, uma vez corrigidas, previnem por um longo período um acidente similar.

Para uma melhor compreensão, apresentamos nove causas básicas: 1. Falta de conhecimento ou treinamento - Esta é a causa mais comum. Ocorre quando o

funcionário vai executar um serviço pela primeira vez, ou quando ele não sabe como executar o serviço.

2. Posto de trabalho inadequado - Trabalhar em local que exige a manutenção de posturas incorretas, a execução de atividades que podem causar fadiga visual.

3. Falta de reforço em práticas seguras - É fundamental reforçar constantemente a necessidade do emprego de práticas seguras, através de exemplos concretos.

4. Falhas de engenharia (projeto e construção) – Ambientes com teto baixo, pouco ventilado.

5. Uso de equipamento de proteção individual inadequado - Relacionado com falhas no processo de seleção do EPI, ou porque se subestimou o risco, ou porque a análise do risco foi incompleta.

6. Verificações e programas de manutenção inadequados - Esta é uma falha administrativa muito comum.

7. Compra de equipamentos de qualidade inferior - Trata-se de outra causa muito comum, afinal o preço sempre fala mais alto, sem que se analise o custo X benefício ou a proteção requerida.

8. Sistema de recompensa inadequado - Manter um clima negativo com advertências, punições, ameaças, dispensas arbitrárias, ao invés de elogiar, apoiar, dar atenção ao funcionário. A recompensa inadequada cria um clima propício para a ocorrência de acidentes.

9. Métodos ou procedimentos inadequados - Decidir por procedimentos que, ao invés de facilitar o trabalho, acabam complicando. Um exemplo é a realização de trabalhos sem a supervisão ou o acompanhamento específico (sem coordenação), onde cada um decide por conta própria o que deve ser feito.

2.4 - AÇÕES PRÓ-ATIVAS NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES As ações de prevenção de acidentes são: • Identificar os riscos do processo de trabalho elaborar o mapa de riscos, com a

participação do maior número de trabalhadores; • Elaborar plano de trabalho que possibilite estabelecer as medidas e ações preventivas

necessárias; • Realizar periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho; • Colaborar no desenvolvimento e implementação do Programa de Controle Médico de

Saúde Ocupacional – PCMSO, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;

• Propor treinamento adequado a cada trabalhador para que ele conheça os riscos e perigos existentes nas suas atividades/tarefas, propondo, ainda, reciclagens periódicas;

• Participar de campanhas de prevenção sobre temas como: AIDS, vacinação, trabalho, seguro, segurança química, controles de energias perigosas, etc.;

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• Informar aos trabalhadores dos riscos ambientais a que estão expostos e que podem afetar a segurança e saúde.

2.5 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO Os incidentes/acidentes e as situações de risco ou perigo são pontos vulneráveis de uma

empresa, que podem gerar grandes perdas e danos. Para equacionar os problemas e minimizar suas conseqüências, a empresa deve manter um programa de prevenção, baseado em três pontos fundamentais: treinamento motivação e controle.

Treinamento O treinamento deve desenvolver questões como: • Conhecimento por meio de práticas seguras, ou seja, quando alguém estiver

aprendendo uma tarefa, deve saber reconhecer os riscos e perigos existentes; • Habilidade para evitar acidentes. Para que o treinamento seja eficaz, e fundamental estabelecer normas de procedimento

por escrito, permitir que o trabalhador tenha acesso a todas as informações (por exemplo, danos à saúde que um determinado produto pode causar) e, principalmente, manter reciclagens periódicas. Esc. Técnica “Dr. Gualter Nunes”.

Motivação Para que o trabalho seja bem realizado, é preciso conjugar motivação e habilidade.

Enquanto a habilidade depende muito da capacitação do profissional, a motivação e a base da sua decisão de realizar um trabalho. Quando uma pessoa está motivada, quer e pode realizar uma tarefa, seu desempenho é eficiente e sua atenção/concentração é redobrada. Pouca ou nenhuma motivação toma o desempenho suscetível a erros, potencializando a ocorrência de acidentes. Por isso, é importante que o trabalhador seja elogiado pelo seu desempenho e receba recompensas que o ajudem a manter sua auto-estima. Uma estrutura organizacional que valorize repreensões, advertências, ameaças e suspensões é um terreno fértil para a, ocorrência de acidentes.

Entre as ferramentas da motivação, podemos citar: prêmios, promoções, bolsas de estudo, incentivo a sugestões (idéias), convocação do maior número possível de trabalhadores para eventos relacionados com segurança e saúde, concursos para trabalhadores e seus familiares, visita à empresa, de familiares dos empregados, etc.

TRABALHO Modificações no meio ambiente

Equilíbrio físico, mental e social

Mecânicas Físicas

Químicas Biológicas

Psicológicas Sociais Morais

Efeitos

PREVENÇÃO Minimizar - Negativos

Favorecer - Positivos

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A motivação, portanto, está relacionada com a atitude e a habilidade do funcionário. Existem variáveis independentes do processo de motivação. Veja alguns exemplos no

quadro abaixo:

Variáveis de referência do meio ambiente

Variáveis de referência pessoal

Condições de trabalho: Salário, limpeza dos setores de trabalho, relações humanas, interesse e ritmo de trabalho, iniciativa e promoção.

Do indivíduo: Idade, sexo, nível profissional, atitudes, formação, tolerância ao estresse, etc.

Características da empresa: Dimensão, prestigio, nível tecnológico, estilo empresarial, etc.

Do meio: Mercado de trabalho; normas e valores - concepção do trabalho, importância atribuída ao salário e ao lazer; nível sociocultural a que pertence, etc.

O resultado será a satisfação ou a insatisfação. Se ocorrer a segunda hipótese, haverá

alterações: • Na saúde: sinais de irritação, sinais de estresse, alterações psicossomáticas (perda de

apetite, problemas gastrintestinais, etc.). • Na conduta: falta ao trabalho, atrasos, problemas de relacionamento, etc. Uma técnica usada para melhorar o trabalho é o COACH (treinar): C = Communication (comunicação): melhorar o processo de comunicação, incluindo

informação suficiente para a realização de tarefas de forma segura. O = Obscruation (observação): observar a maneira como as tarefas são executadas e

preparar sugestões para facilitar continuamente essas execuções. A = Analysis (análise): analisar as tarefas a fim de propor mudanças na forma de

realização das mesmas. C = Change (mudança): implementar as mudanças necessárias para melhorar a execução

das tarefas, perceber os benefícios das mudanças e continuar mudando. H = Help (socorro): sigla que se refere aos seguintes tópicos:

Tópicos Comentário

H {Humor- Humor) Descontrair o funcionário, contando uma piada ou comentando um assunto engraçado, porém sem exageros. Isso ajuda a quebrar barreiras e a quebrar o gelo.

E (Esreem- Estimar) Reforçar a auto-estima do funcionário, ressaltando sua importância para a equipe, mantendo o otimismo e dizendo que ele faz a diferença.

L {Listen - Escutar) É importante saber ouvir. Por isso, quando necessário, deixe que o funcionário desabafe. Saber que tem alguém com quem pode contar vai ajudá-lo a vencer as dificuldades.

P (Praise - Elogiar) Realçar o que o funcionário está fazendo bem, elogiar as práticas seguras e dizer que ele pertence ao time.

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Controle O controle é o gerenciador do programa, o tratamento do risco. Trata-se, na verdade, de

uma verificação sistemática, objetiva e periódica dos ambientes de trabalho, o que permite fortalecer as diretrizes da atuação em prol da, segurança e da saúde ocupacional.

O controle pode ser exercido por meio de: • Avaliações de expectativas e envolvimento de funcionários; • Implementação de normas e procedimentos, tais como: Programa de Prevenção de

Riscos Ambientais - PPRA; Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO planejamento para otimização de condições seguras;

• Reforço por meio de práticas seguras; • Atribuições de responsabilidade específicas; • Sistemas de observação de comportamento; • Acompanhamento de desempenho. 3. INSPEÇÃO DE SEGURANÇA 3.1 - DEFINIÇÃO E OBJETIVOS Normalmente, os acidentes de trabalho são conseqüência de causas que podem ser

evitadas, portanto, a inspeção de segurança tem por objetivo não só detectar essas causas como também tomar ou propor medidas que neutralizem ou eliminem os riscos de acidentes do trabalho.

3.2 - TIPOS DE INSPEÇÃO DE SEGURANÇA As inspeções de segurança podem ser: a) Inspeções gerais: feitas em todos os setores da empresa e que se preocupam com

todos os problemas relativos à Segurança e à Medicina do trabalho, devem ser repetidas a intervalos regulares.

b) Inspeções parciais: podem limitar-se em relação às áreas, sendo inspecionados

apenas determinados setores e limitar-se em relação às atividades, certos tipos de trabalho, certas máquinas ou certos equipamentos.

c) Inspeções de rotina: é muito importante que os próprios trabalhadores façam

inspeções em suas ferramentas, máquinas, equipamentos que utilizam. Naturalmente, são mais procurados os riscos que se manifestam com mais freqüência e que constituem as causas mais comuns dos acidentes.

d) Inspeções periódicas: como é natural que ocorram desgastes de tempos em tempos

devem ser marcadas, inspeções destinadas a descobrir riscos que o uso de ferramentas, de máquinas, de equipamentos, de instalações energéticas pode provocar. Materiais móveis de maior uso e desgaste devem merecer inspeções periódicas.

e) Inspeções eventuais: não têm datas ou períodos determinados. Destinam a controles

especiais de problemas importantes dos diversos setores, por exemplo, inspeção em ambientes ligados à saúde do trabalhador, como refeitórios, cozinhas, instalações sanitárias, vestiários e outros.

f) Inspeções oficiais: são realizadas por agentes dos órgãos oficiais e das empresas de

seguro.

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g) Inspeções especiais: destinam-se a fazer controles técnicos que exigem profissionais especializados e aparelhos de teste, de medição. Exemplo: medição do ruído ambiental, pesquisa de germes que podem provocar doenças.

3.3 - LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DOS ACIDENTES DE TRABALHO Existem alguns passos que devem ser seguidos para o desenvolvimento dessa atividade: a) Observação: primeiro passo, observar cuidadosamente os atos das pessoas em seu

trabalho, condições dos equipamentos e dos ambientes da empresa. Atos inseguros podem não ocorrer durante uma inspeção de segurança, mas, muitas vezes acontecem em poucos segundos. Por este motivo, é interessante que junto com a observação seja feito um levantamento com os empregados, sobre seus atos no trabalho.

b) Relatório de Inspeção: existem formulários especiais para o registro de dados

observados. Eles servem de roteiro para as inspeções de segurança. c) Encaminhamento: o relatório de inspeção deve ser encaminhado à direção da

empresa e aos técnicos de segurança. d) Acompanhamento: é importante acompanhar as providências que os responsáveis

devem tomar para solucionar os problemas. e) Conclusão: podemos concluir que as inspeções de segurança são de fundamental

importância para a prevenção de acidentes na empresa. Quando repetidas, alcançam resultados que favorecem a formação e o fortalecimento do espírito prevencionista que os empregados precisam ter, servem de exemplo para que os próprios trabalhadores exerçam, em seus serviços, controles de segurança; proporcionam uma cooperação mais aprofundada entre os Serviços Especializados e CIPAs e os diversos setores de empresa; dão aos empregados a certeza de que a direção da empresa e o poder público têm interesse na segurança do trabalho e produzem efeitos psicológicos de todos.

4. INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DOS ACIDENTES 4.1 - OBJETIVO DA INVESTIGAÇÃO DOS ACIDENTES Uma das principais funções é prevenir acidentes. Estudar causas, circunstâncias e

conseqüências do acidente, ou participar do seu estudo. A isso se dá o nome de Investigação dos acidentes.

Tem por objetivo descobrir as causas de um acidente, estudar e propor medidas que as eliminem, evitando sua repetição. Escola Técnica Dr. Gualter Nunes

4.2 - TERMINOLOGIA

Para fazer um estudo dos riscos existentes nos ambientes de trabalho, precisamos, estar familiarizados com os termos utilizados e conhecer o seu significado. Em geral os termos mais usados são:

• Risco – Considera-se risco uma ou mais condições de uma

variável (situação) com pontecial para causar danos. Esses danos podem ser entendidos como lesões a pessoas, em equipamentos ou estruturas, perda de material em processo de produção ou redução da capacidade de desempenho de uma função predeterminada. Havendo risco, haverá possibilidade de ocorrerem efeitos adversos.

Um exemplo de exposição ao risco é que se refere ao manuseio de produtos químicos, sem o conhecimento de sua toxidade.

• Perigo – Expressa a exposição a um risco que tende a causar

danos.

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• Dano – Diz respeito à gravidade da lesão ou à perda física, funcional ou econômica, que podem resultar da perda de controle sobre determinado risco.

O que acabamos de expor pode ser colocado de forma objetiva pelo exemplo: Trabalho em uma indústria metalúrgica, cujo ambiente em geral é muito ruidoso. Se não

houver controle das fontes de ruído, ou se não for providenciado o uso de protetores auriculares, depois de algum tempo os funcionários expostos a essas fontes poderão perder a audição.

Neste caso, temos: - Risco – ambiente ruidoso; - Perigo – estar na área de risco sem equipamento de proteção (exposição ao risco); - Dano – perda de audição. Praticamente não existe atividade que não exponha a uma situação de risco. Veja: Em casa – Quem é que já não caiu da cama, deu uma martelada no dedo, escorregou no

piso molhado do banheiro, levou choque trocando uma lâmpada ou tirou um bife da cutícula? Na rua – Quem é que já não foi arremessado para frente no ônibus, por causa de uma

freada brusca, ou quase foi atropelado? Quem já não presenciou um acidente de transito, caiu da bicicleta ou foi empurrado para dentro do vagão do metrô?

Na empresa – Como em casa ou na rua, o risco também está presente nos ambientes de trabalho. Com uma diferença: hoje já dispomos de meios para diagnosticar e prevenir os riscos nas empresas, o que permite criar condições de trabalho mais seguras.

4.3 - IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS DOS ACIDENTES A investigação de um acidente é feita quando este já aconteceu, por meio do levantamento

dos fatores que contribuíram para que ele ocorresse e da identificação do que poderia ter sido corrigido para que ele fosse evitado.

Deve-se identificar na investigação dos acidentes: • O agente do acidente; • A fonte de lesão; • O fator pessoal de insegurança; • A natureza da lesão; • A localização do acidente a) O agente do acidente: agente do acidente é a máquina, o local, o equipamento que se

relaciona diretamente com o dano físico que o acidentado sofreu. Há três tipos de risco que podem ser agentes dos acidentes:

- riscos locais – piso escorregadio; - riscos de operação – ferramenta defeituosa; - riscos ambientais – provenientes de: Agentes físicos – (temperaturas altas ou baixas, vibrações e ruídos fortes, pressões muito

baixas ou altas); Agentes químicos – (poeiras, vapores e gases de substancias tóxicas); Agentes biológicos – (bactérias, bacilos, vírus causadores de enfermidades); Agentes mecânicos – (são os fatores referentes aos riscos que as máquinas e os

equipamentos podem apresentar). Geralmente, os acidentes ocorridos por riscos locais e riscos de operação provocam

lesões diretas e imediatas, no trabalhador, quebrou a perna pois escorregou em um piso molhado. O agente do acidente foi o piso molhado e o risco foi local. Os riscos de ambiente podem afetar saúde do trabalhador, a médio e a longo prazo, provocando as doenças chamadas ocupacionais ou do trabalho. Mas os riscos ambientais, podem provocar lesões imediatas, como, intoxicação aguda com conseqüências graves à saúde do trabalhador, advinda da emoção de gases tóxicos.

b) Fonte da lesão: também chamada agente da lesão, é o objeto, o material, a matéria-

prima, a substância, a espécie de energia que, entrando em contato com a pessoa, provoca a

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lesão. É a descarga elétrica; é o respingo de um ácido. No “Box” do chuveiro, pode ser o piso que, estando escorregadio, provoca uma queda; é importante identificar a maneira pela qual ocorre o contato que provoca a lesão. Na investigação do acidente, a análise da fonte da lesão terá muito valor porque ficará muito mais fácil a identificação dos atos, inseguros cometidos ou das condições inseguras existentes.

c) O fator pessoal de insegurança: todos têm características pessoais que podem

interferir direta ou indiretamente no trabalho que executamos. Elas podem ser físicas ou mentais, normais ou não. Quando essas características interferem negativamente, no trabalho, provocando atos inseguros, dá-se o nome de fator pessoal de insegurança.

Exemplos que podem provocar atos inseguros e, em conseqüência, acidentes, podem ser : tempo de reação aos estímulos; falta de boa coordenação motora (movimentos dos membros, tronco, cabeça, olhos), instabilidade emocional; agressividade; nível de inteligência; grau de atenção; percepção; deficiência física e força muscular.

É muito importante, verificar se determinados atos inseguros são, conseqüência de um fator pessoal de insegurança. A falta de adaptação à função constitui um alerta para que se faça o devido ajustamento do funcionário ao seu trabalho, prevenindo, a ocorrência de acidentes por fatores pessoais de insegurança.

d) A natureza da lesão: é imprescindível, verificar o tipo da lesão que sofreu o

acidentado, com o objetivo de: - evitar a repetição de acidentes iguais, pelo reconhecimento e eliminação das causas; - aprofundar o estudo dos acidentes, visando às medidas específicas de segurança; - verificar áreas de trabalho, atividades que merecem atenção mais cuidadosa, com o fim

de prevenir acidentes e doenças do trabalho. e) A localização da lesão: merece análise cuidadosa porque se presta a várias

indicações. A identificação do agente da lesão só se dá por meio da localização desta. A localização da lesão tem, importância para os efeitos legais decorrentes das normas previdenciárias.

Investigar um acidente, oferece elementos valiosos para a sua prevenção. Porém, para que possam ser propostas medidas administrativas, técnicas, médicas, psicológicas e educativas que levem à diminuição efetiva do número dos acidentes, é necessário que se analisem cuidadosamente, os dados levantados durante a investigação do acidente.

4.4 - ANÁLISE DOS ACIDENTES A repetição de um acidente comum, apesar de este já ter sido investigado, pode revelar

possíveis falhas nas medidas de prevenção, por alguma razão a ser determinada, não estão impedindo essa repetição. O estudo de um acidente raro pode revelar a existência de causas ainda não conhecidas, que permaneciam ocultas e que não haviam sido notadas pelos encarregados da Segurança.

A análise completa de um acidente deve envolver: a) Identificação da empresa, do funcionário e das condições de trabalho; b) Investigação do acidente: agentes do acidente, fonte, natureza e localização da lesão,

etc.; c) Comunicação do acidente: à empresa e ao INSS d) Registro, estudo dos acidentes e acidentados: através de medidas de segurança,

estudos estatísticos e quadros estatísticos demonstrativos. Esses dados que se referem à empresa, aos dados pessoais do funcionário, à sua

ocupação, à tarefa desenvolvida, ao departamento e à seção em que trabalha, permitem que se faça um estudo da ocorrência e freqüência de acidentes em certos departamentos.

A descrição do acidente, deve ser feita com todos os pormenores possíveis, devendo ser mencionada a parte do corpo atingida e as informações do encarregado. Descrições de como se desenvolveram os fatos relacionados ao acidente e as causas que lhe deu origem. Dados importantes sobre as causas do acidente, as possíveis responsabilidades e propor medidas

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preventivas a quem deva toma-las, para evitar que continuem presentes os riscos ou que eles se renovem.

4.5 - A COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE A comunicação do acidente é obrigação prevista em lei. Assim, o acidentado, ou quem

possa fazer por ele,deve comunicar ao seu superior o acidente, logo que ocorra, tenha ele se dado no local de trabalho ou não.

A empresa, por sua vez deve fazer a comunicação do acidente ao Instituto Nacional de seguridade Social – INSS – dentro de vinte e quatro horas por intermédio da ficha que o próprio INSS fornece.

5. FATORES DE RISCOS 5.1 - RISCOS DE ACIDENTES Os riscos de acidentes são representados por armadilhas (deficiências) nas instalações ou

em máquinas e equipamentos. Quando esses forem deficientes, insuficientes, inadequados ou obstruírem a livre circulação, certamente constituirão riscos potenciais à saúde e à integridade física do trabalhador.

Principais situações de riscos encontradas: a) Arranjo físico inadequado: Este se apresenta quando é dificultada a passagem (fluxo)

de materiais e pessoas, principalmente em corredores estreitos e quando máquinas e equipamentos estão muito próximos um do outro. O risco maior é as contusões por choques com máquinas e equipamentos. As áreas de circulação e os espaços em torno do maquinário devem ser dimensionados de forma que o material, os trabalhadores e os transportadores mecanizados possam movimentar-se com segurança.

b) Máquinas e equipamentos sem proteção: risco presente quando há partes móveis

de máquinas sem proteção. c) Ferramentas inadequadas ou defeituosas d) Iluminação inadequada: ambientes com excesso ou falta de iluminação, não só

dificultam o trabalho, como contribuem para aumentar os riscos de acidentes. Uma iluminação inadequada causa dor de cabeça, fadiga e problemas visuais

e) Eletricidade: dependendo da gravidade do acidente, pode ocorrer choque elétrico,

incêndio, queimaduras e até a morte. f) Probabilidade de incêndio ou explosão: substâncias inflamáveis no ambiente,

extintores em mau estado de conservação ou a falta de extintores, o uso de óleos em reguladores de pressão de oxigênio podem provocar incêndios ou explosões.

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g) Armazenamento inadequado: quando existe material pesado armazenado numa estrutura que não está preparada para receber tanto peso.

h) Animais peçonhentos e outros: a presença de insetos e ratos nos locais de trabalho

é uma ameaça à saúde, pois transmitem muitas doenças. i) EPI inadequado j) Problemas em edificações: ocorre quando há pisos irregulares; pisos, escadas,

rampas, corredores e passagens escorregadias, sem antiderrapante; escadas sem corrimão etc. k) Falta de sinalização: comum encontrarmos locais de armazenamento de materiais

inflamáveis, sem placas “É PROIBIDO FUMAR”. 5.2 - RECONHECIMENTO DOS RISCOS

O reconhecimento dos riscos envolve os seguintes tópicos • Identificação dos riscos; • Localização das fontes de risco, identificação de trajetórias

e dos meios de propagação; • Levantamento do número de trabalhadores expostos e

das funções exercidas; • Caracterização das atividades e do tipo de exposição; • Doenças profissionais já diagnosticadas; • Literatura técnica sobre os agentes; • Medidas de controle já existentes. •

5.3 - AVALIAÇÃO DOS RISCOS Deve ser qualitativa ou quantitativa. Quando feita, deverá comprovar o controle da

exposição ou a inexistência do risco, dimensionar a exposição dos trabalhadores e subsidiar a execução das medidas de controle.

5.4 - CONTROLE DOS RISCOS

As medidas de controle devem ser postas em prática logo após a identificação do risco. A prioridade é o controle na fonte ou na trajetória. Outra forma de controle é o treinamento dos trabalhadores para que conheçam os riscos e as formas de evitar exposições desnecessárias.

Exemplos de medidas de controle de riscos • Medidas administrativas, como: pausas durante a execução da atividade, rodízio de

funcionários, redução da jornada de trabalho, etc. • Uso de equipamento de proteção individual. • Substituição de matéria-prima. • Alteração (ex.: automatização). • Enclausuramento (confinamento) /isolamento da fonte ou do trabalhador. • Sistema de ventilação geral diluidora e/ou exaustora.

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• Sistema de proteção antiqueda. • Os treinamentos são uma medida de controle muito importante para que os

trabalhadores se conscientizem de como os agentes a que estão expostos podem causar danos à sua saúde. Também permitem que eles aprendam como se proteger contra a ação nociva desses agentes. Para que o treinamento possa ser bem aproveitado, ele deve ser teórico e prático.

5.5 - IDENTIFICAR OS RISCOS AMBIENTAIS Para cada elemento dos grupos de agentes de risco ambientais, podem ser levantados

efeitos e danos específicos à saúde do trabalhador. Riscos físicos Quando falamos de riscos físicos, estamos nos referindo a energia. Pode provocar um

quadro específico de problemas de saúde nos trabalhadores, como veremos: • Ruído – Nós estamos acostumados a conviver com níveis de ruído elevados. Porém,

se ficarmos expostos a fontes de ruído em nosso ambiente de trabalho, não só teremos dificuldade para nos concentrarmos em nossa atividade, como poderemos sofrer danos irreversíveis em nossa saúde: aumento do ritmo cardíaco, constrição (fechamento) dos vasos sanguíneos periféricos, aceleração do ritmo respiratório, diminuição da atividade dos órgãos da digestão, cansaço, irritação, insônia, dor de cabeça, redução da audição (surdez temporária, surdez definitiva e trauma acústico), aumento da pressão arterial e redução da atividade cerebral, com a conseqüente diminuição da atenção. Por isso, é muito importante identificar as fontes mais ruidosas de cada setor, como: compressores de ar, motosserras, prensas, motores elétricos, etc. O ruído é um dos problemas mais graves que temos no Brasil em termos de saúde ocupacional.

• Vibrações - Os efeitos de qualquer vibração devem ser entendidos como conseqüência

de uma transferência de energia para o corpo humano, que atua como receptor de energia mecânica. Como efeito de uma fonte de vibração, podemos sentir cansaço, irritação, dor de ouvido, nas mãos, nos braços, na coluna. Podemos também passar a sofrer de artrite, problemas digestivos, problemas nas articulações, lesões ósseas e lesões circulatórias. São exemplos o uso de marteletes, lixadeiras, motosserras, tratores, ônibus, etc.

• Calor e frio - Para que o ser humano sinta-se termicamente confortável, ele depende

de três fatores: das condições ambientais, de uma atividade física e de um tipo de vestimenta adequado à temperatura. O calor excessivo provoca uma sensação de exaustão, aumento da pulsação, cansaço, pele seca, desidratação, cãibras, fadiga térmica, prostração térmica e choque térmico. Exemplo: pessoas que operam fornos, caldeiras, etc. O frio excessivo provoca: vasoconstrição periférica, queda da freqüência de pulso, tremor incontrolável, hipotermia evoluindo para a sonolência e coma, diminuição da atenção. São exemplos de exposição ao frio: trabalhos em câmaras frigoríficas ou em depósitos onde a temperatura necessariamente deva ficar controlada em graus muito baixos.

• Radiações não-ionizantes – Estão incluídas as microondas, as radiações ultravioleta

e infravermelha, as radiofreqüências e o laser. Os efeitos das radiações não-ionizantes variam

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segundo o tipo, a intensidade e a duração dessas radiações e segundo as condições de absorção e de reflexão do local e do equipamento de trabalho. Provocam riscos de queimadura, em maior ou menor grau, lesões oculares distintas (conjuntivite, inflamação da córnea e catarata). São exemplos: serviços de soldagem elétrica, trabalhos com radiofreqüência e microondas, trabalhos com laser na medicina e em telecomunicações.

• Radiações ionizantes – Podem ser de procedência natural ou artificial. São radiações

ionizantes: os raios X, alfa, beta, gama e os nêutrons. Os efeitos dessas podem se manifestar a curto ou em longo prazo. Curto prazo provoca vômitos, alterações no sangue, infecções, queimaduras e hemorragias. Em longo prazo, os efeitos são muito mais graves: produzem alterações irreversíveis nos lipídios e nas células, catarata, leucemia e câncer. São exemplos: serviços de raios X, serviços de medicina nuclear, trabalhos em usinas nucleares.

• Pressões anormais – São aquelas que estão abaixo ou acima da pressão atmosférica.

Problemas relacionados com ambientes de alta pressão: pode ocorrer ruptura do tímpano, irritação dos pulmões, dores abdominais, dor de dente, exolftalmia (saliência exagerada do globo ocular), obstrução dos vasos sanguíneos, embolia traumática pelo ar, intoxicação por oxigênio e gás carbônico, e doença descompressiva. Trabalhos de mergulho, de mineração subterrânea e em caixões pneumáticos deixam as pessoas expostas a esse tipo de problema.

• Umidade – A umidade influi na troca térmica entre o corpo humano e o ambiente, pelo

mecanismo da evaporação. Suas maiores conseqüências são as doenças do aparelho respiratório. O trabalho com lavagem de veículos, bem como ambientes com umidade relativa do ar superior a 75%, expõe os trabalhadores à ação da umidade.

Riscos químicos Os contaminantes químicos são substâncias constituídas por matéria que pode estar

presente no ar, na forma de moléculas individuais (gases ou vapores) ou de grupos de moléculas unidas (aerodispersóides ou névoas). As vias de entrada desses contaminantes no organismo humano são: a via respiratória, a via dérmica ou cutânea (pele), a via digestiva e a via parenteral (através de feridas). Esc. “Dr. Gualter Nunes”

Os principais tipos causadores de problemas de saúde são: os gases, os vapores, a névoa e os aerodispersóides (poeiras e fumos metálicos). A exposição a agentes químicos precisa de um acompanhamento continuado.

Os gases, os vapores e a névoa podem ter efeitos irritantes, asfixiantes ou anestésicos.

Alta freqüência

Raios cósmicos

Raios gama

Raios X

Média freqüência

Ultravioleta

Visível Infravermelha Microondas Radar F.M. T.V.

Baixa freqüência Ondas de rádio

Muito baixa freqüência

Campos elétricos (Alta tensão)

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• Efeitos irritantes – O ácido clorídrico, ácido sulfúrico, amônia, soda cáustica e o cloro,

provocam irritação das vias aéreas superiores. Encontrados em laboratórios em fábricas de refrigerante, em fábricas de celulose e estações de tratamento de água.

• Efeitos asfixiantes – Gases como o hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno,

dióxido de carbono ou o monóxido de carbono podem causar efeitos asfixiantes, acompanhados por dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, levando ao coma e até à morte. São encontradas em siderúrgicas (monóxido de carbono), em fábricas de margarina (hidrogênio), em balões (hélio), caldeiras (metano), soldagem e corte(acetileno), fábricas de refrigerante(dióxido de carbono), industria de pescado(congelamento com nitrogênio).

• Efeitos anestésicos – A maioria dos solventes orgânicos, como o butano, o propano,

a acetona, o benzeno, o xileno, o tolueno, o óxido nitroso, tem efeitos anestésicos, com ação depressiva sobre o sistema nervoso central, podendo provocar danos a diversos órgãos. Esses solventes são encontrados em fábricas de acetileno (acetona), em atividades de pintura (tolueno, xileno), em cozinhas industriais (propano e butano), em petroquímicas (benzeno) e em hospitais (óxido nitroso).

Poeiras e fumos metálicos Poeiras minerais, vegetais e alcalinas, além de fumos metálicos, são aerodispersóides.

Ficam em suspensão no ar do ambiente de trabalho, podendo causar diversos tipos de doença nos trabalhadores.

• Poeiras minerais: são constituídas de vários materiais, por exemplo, a sílica, o

asbesto, o carvão mineral. A inalação desses pode causar vários tipos de pneumoconiose, como a silicose – doença provocada pela inalação de pó de sílica.

• Poeiras vegetais: são produzidas pelo tratamento industrial de substâncias vegetais

como o bagaço da cana-de-açúcar e o algodão. A inalação causa doenças como a bagaçose e a bissinose.

• Poeiras alcalinas: provêm em especial do calcário, causam doenças pulmonares

obstrutivas crônicas, como o enfisema pulmonar. • Fumos metálicos: provenientes do uso industrial da soldagem de metais, como o

alumínio, o chumbo, o manganês, o aço inoxidável, o ferro, etc., causam doenças pulmonares obstrutivas crônicas, febre e intoxicações.

Riscos biológicos Constituídos por seres vivos capazes de afetar a saúde do trabalhador, como os

microorganismos (vírus, bactérias, fungos, etc.). Podem causar doenças de natureza distinta, em muitos casos se transmitem de outros animais ao homem, como as zoonoses.

Os maiores riscos biológicos são aqueles ligados à cria e ao cuidado de animais (em estábulos e cavalariças), à manipulação de produtos de origem animal (resíduos deteriorados de animais), serviços de exumação de corpos em cemitérios, trabalhos em laboratórios biológicos e clínicos, em hospitais, em unidades de emergência, em esgotos (galerias e tanques).

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Contaminantes Biológicos Vírus Bactéria Protozoários Fungos

As medidas de prevenção são: vacinação, esterilização,

higiene pessoal, uso de equipamento de proteção individual – EPI, ventilação adequada e controle médico.

Riscos ergonômicos Atualmente, a terminologia LER está sendo substituída, por alguns especialistas e

entidades, por “DORT – Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho”, que incorpora dimensões ergonômicas e psicossociais e nos remete a fazer uma reflexão sobre as novas formas de trabalho.

Os tipos de lesões mais comuns são: • Bursite - inflamação das bursas, pequenas bolsas localizadas entre os ossos e os

tendões das articulações do ombro. • Epicondilite lateral - inflamação da inserção dos músculos responsáveis pela

extensão e supinação do antebraço, desencadeada pelos movimentos da extensão, como ao apertar parafusos. A manifestação da dor é no cotovelo, podendo chegar às mãos e ombros.

• Síndrome cervicobronquial - compressão dos nervos da coluna cervical, devido à

compressão do feixe neurovascular ao atravessar os músculos do pescoço, causando dor. • Síndrome do túnel do carpo - lesões nos punhos, devido à compressão do nervo

mediano ao nível do punho. Decorre da desproporção continente/conteúdo no túnel do carpo. Tarefas manuais repetitivas, quando os tendões hipertrofiados ou edemaciados comprimem o nervo mediano.

• Tendinite - As tendinites podem ser: Tendinite bicepta: inflamação da porção longa do bíceps. Ocupacionalmente ocorre nas

atividades em que o braço é mantido em elevação por longos períodos; Tendinite do supra-espinhoso: conhecida como síndrome do impacto. São incidentes em

adultos e podem não ser ocupacionais. O sedentarismo e a falta de estrutura muscular são fatores predisponentes.

Tendinite distal do bíceps: decorre de atividades que exigem movimentos de flexão do antebraço supinado sobre o braço.

• Tenossinovite – Podem ser: Tenossinovite dos extensores dos dedos e do carpo:

muito comuns em digitadores e operadores de mouse. Tenossinovite dos flexores dos dedos e dos flexores do

carpo: acometem os tendões da face ventral do antebraço e punho em decorrência de movimentos repetitivos de flexão dos dedos e da mão;

Tenossinovite do braqiorradial: atividades que exigem movimentos de flexão do antebraço pronado sobre o braço.

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Os principais sintomas da LER/DORT são: calor localizado, choques, dor, dormência, formigamento, fisgadas, inchações, pele avermelhada e perda de força muscular.

Principais fatores de prevenção da LER/DORT: • Organização do trabalho – O trabalhador deve estar familiarizado com as tarefas e

deve ter a liberdade de movimentos para executá-las. Isso permitirá que respeite seus limites, evitando a repetição de um mesmo movimento, durante um longo tempo. É importante estabelecer pausas durante a jornada, para alongamentos e relaxamentos, permitindo a livre movimentação; estabelecer rodízios nas tarefas mais críticas, manter treinamentos visando reciclar o conteúdo das tarefas e seus riscos potenciais.

• Conteúdo do trabalho - A empresa deve oferecer recursos para a execução das

atividades e um ambiente de trabalho que possibilite desenvolver suas habilidades, com um certo grau de criatividade, para que se realize profissionalmente. Alguns indicadores: percepção do trabalhador quanto às condições ambientais (ruído, iluminação, poeiras, temperatura, etc.), complexidade da tarefa, monotonia, etc.

• Posto de trabalho – Tanto o mobiliário como os equipamentos/ferramentas devem

estar adaptados às características físicas do trabalhador e à natureza das atividades executadas, permitindo liberdade de movimentos. Os indicadores para equipamentos são: qualidade dos equipamentos e ferramentas, manutenção, desvios posturais impostos pelo equipamento/ferramenta, necessidade de repetição da tarefa por falha do equipamento. Os indicadores para imobiliário são: qualidade e manutenção, freqüência de reposição, adaptação dos postos de trabalho à introdução de novos processos, desvios posturais, impostos pelo mobiliário.

Os riscos ergonômicos podem ser divididos em dois grupos: Fatores que produzem carga física (esforço físico, levantamento e transporte manual de

peso, exigência de posturas inadequadas e repetitividade) fatores que produzem carga psíquica (ritmo excessivo de trabalho em turnos e trabalho noturno, jornadas de trabalho prolongadas, controle rígido de produtividade e monotonia).

São determinados pela falta de adaptação das condições de trabalho às características psicológicas do trabalhador.

6. PRINCIPIOS DE ERGONOMIA NO TRABALHO

6.1 - FATORES QUE PRODUZEM CARGA FÍSICA O efeito principal de um trabalho físico excessivo é a fadiga. • Esforço físico intenso – evidenciado quando ocorre aumento das freqüências

respiratória e cardíaca, seguido de muita sudorese. Exemplo, serviços executados em borracharia, reposição de mercadorias em supermercados, são atividades que requerem esforço físico.

• Levantamento e transporte manual de peso – atividades realizadas em armazéns,

almoxarifados.

Inadequado Adequado

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• Exigência de posturas inadequadas – fator de risco encontrado em atividades de escritório (pessoas precisam ficar sentadas muito tempo), atividades realizadas em oficinas de automóveis, atividades que requeiram que a mão do trabalhador fique acima da sua cabeça.

Inadequado Adequado

Inadequado Adequado Outro exemplo é o trabalho realizado de pé, com pouca

movimentação, durante longas jornadas. Neste caso é preciso um apoio para os pés com as seguintes condições:

- Ter 6 polegadas de distancia do solo; - Ser colocado bem no centro do lugar onde fica o trabalhador.

O trabalhador deve manter um dos pés no apoio e o outro no solo. Isso melhora postura e reduz o esforço na coluna. A medida for se cansando, trocará o pé

de apoio. Muitos já fazem isso por puro instinto, sem se dar conta de como esse exercício é importante para a sua saúde.

• Repetitividade – atividades desenvolvidas por caixas de bancos e supermercados, por

digitadores, etc. 6.2 - FATORES QUE PRODUZEM CARGA PSÍQUICA • Imposição de ritmo excessivo – Acontece devido a problemas administrativos e

operacionais, tais como: atraso na produção, falhas de manutenção e planejamentos incorretos. O ritmo excessivo, leva à fadiga e pode ocasionar acidentes.

• Trabalho em turnos e trabalho noturno – Os efeitos negativos do horário sobre a

saúde adquirem uma dimensão especial quando a jornada noturna é fixa ou quando se trabalha em turnos rotativos. Ambos os casos, as alterações de equilíbrio biológico e social podem dar lugar a problemas fisiológicos (insônia, fadiga, transtornos digestivos e cardiovasculares) e a problemas psicológicos e sociais, tanto no comportamento pessoal do indivíduo, quanto em suas relações familiares e profissionais (isolamento progressivo, irritabilidade, crises conjugais, transtornos sexuais, etc.). As alterações de saúde estão relacionadas com o sono deficiente. O sonho normal compreende fases de “sono profundo” (descanso físico) e “sono paradoxal” (descanso mental), que se caracteriza por produzir movimentos oculares rápidos, ocorre preferencialmente entre a meia-noite e às 8 da manhã.

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Descanso físico Descanso mental

Para melhorar essa situação, é necessária medida de prevenção, reduzir a duração do

turno da noite; reduzir o número de noites por ciclo de trabalho; manter um horário que respeite o sono paradoxal; reduzir a carga do trabalho noturno; melhorar as condições do posto de trabalho; alterar o sentido de rotação do revezamento dos turnos (primeiro manhã, depois noite e por último, o período vespertino); deixar que o trabalhador escolha os dias de descanso, etc.

• Jornadas de trabalho prolongadas – Um número excessivo de horas extras pode

levar a acidentes. • Controle rígido de produtividade – Tipo de comando firme e decisivo, que faz os

funcionários trabalharem sob pressão, sem levar em conta suas necessidades. Essa forma de controlar a produtividade leva o trabalhador ao estresse.

• Monotonia – Atividades que se repetem dia após dia, sem alterar o ritmo do trabalho.

Quando a atividade entra no automático, o risco de acidentes é maior. Esses fatores estão relacionados com a saúde mental. Além de contribuir para o

aparecimento de doenças inespecificas, influem negativamente nas relações familiares e sociais do trabalhador (principalmente o trabalho noturno).

7. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO 7.1 - INTRODUÇÃO Como já visto, existem riscos, conhecidos como condições inseguras, que podem

ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador. Estes devem ser neutralizados ou eliminados por meio da utilização de equipamentos de proteção.

7.2 - MEDIDAS DE CONTROLE Existem quatro tipos principais de medidas preventivas: de proteção coletiva, de

organização do trabalho, de proteção individual e de higiene e conforto. Proteção coletiva: beneficiam a todos os trabalhadores indistintamente. Proteção individual: protegem apenas a pessoa que utiliza o equipamento. Sempre que

possível, deve ser dada ênfase às medidas de proteção coletiva, pois sua implantação e mais simples, oferece melhor controle de manutenção e assegura a todos os funcionários efetiva proteção, sem causar desconforto, o que pode ocorrer quando se utiliza um equipamento de proteção individual. Todos os equipamentos devem ser mantidos em boas condições e devem ser reparados sempre que apresentarem qualquer deficiência.

7.3 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA São as mais importantes, porque com elas todo um grupo homogêneo de trabalhadores

exposto a um mesmo agente ambiental, fica protegido.

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As proteções em furadeiras, serras, prensas; sistemas de isolamento de operações ruidosas, os exaustores de gases e vapores, as guardas ou barreiras de proteção, os dispositivos de proteção em escadas, corredores, guindastes e esteiras transportadoras são exemplos de proteções coletivas.

7.4 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL De acordo com a NR-6, “considera-se EPI todo dispositivo de uso individual, de fabricação

nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador”. O EPI não evita acidentes, pois o agente continua presente. Seu uso possibilita apenas

reduzir a probabilidade de dano. Os EPIs servem para minimizar as conseqüências. Os Equipamentos de Proteção Individual, identificados pela sigla EPI, são empregados,

rotineiramente ou em casos excepcionais. Esc. “Dr. Gualter Nunes” Deve ser escolhido de acordo com a necessidade de uso no trabalho e a parte do corpo

que precisa ser protegida. Em função dos riscos específicos, são desenvolvidos vários modelos e EPIs com formato e materiais distintos. Segue-se uma relação de alguns EPIs e sua utilidade:

• Proteção para Cabeça e Crânio: capacete de segurança, capuz de segurança e bonés de forneiros.

• Proteção para Olhos: óculos contra impactos, óculos contra poeiras e neblinas, óculos para soldadores e óculos contra gases e vapores.

• Proteção para Vias Respiratórias: respirador. • Proteção para Face: máscara de solda e protetor com visor plástico. • Proteção para os ouvidos: concha, plug ou de inserção. • Proteção para Pernas e Pés: sapatos de segurança. • Proteção para o Tronco: jaqueta e aventais. • Proteção para mãos e braços: luvas, mangas e dedais. • Proteção para pernas e pés: perneiras longas e botas de borracha ou P.V.C. • Proteção em geral: cintos de segurança e pomadas protetoras. 7.5 - MEDIDAS DE HIGIENE E CONFORTO São indispensáveis numa empresa, sobretudo quando há ambientes insalubres. Devem

ser observadas permanentemente e não apenas na ocasião do levantamento de riscos. Higiene pessoal - A boa higiene pessoal é extremamente importante para a prevenção de

doenças do trabalho, alem de evitar a transmissão de doenças contagiosas. Trabalhadores expostos a agentes agressivos devem receber informações sobre medidas

de higiene pessoal. Os cuidados a serem observados: • Uso do uniforme de trabalho fornecido pela empresa; • Substituição regular do uniforme, ( lavagem: o uniforme deve ser lavado diariamente

ou, até mesmo, logo após o trabalhador ter tido contato com substâncias tóxicas); • Lavagem do uniforme a cargo da empresa, quando houver perigo de transmissão de

agentes agressivos (esse procedimento evita que o trabalhador leve a roupa contaminada para casa);

• Reforçar procedimentos habituais de higiene, como: lavar as mãos (ante e depois das refeições), tomar banho (no final da jornada), cuidar do uniforme e de EPIs.

Banheiros e lavatórios - Observar se os mesmos apresentam as seguintes condições: • Banheiros separados para homens e mulheres; • Banheiros higienizados, limpos e desprovidos de odores desagradáveis; • Um chuveiro para cada dez trabalhadores que se ocupam de atividades ou operações

insalubres; • Pisos impermeáveis, laváveis e lisos; • Um lavatório para cada dez trabalhadores que se ocupam de atividades ou operações

insalubres; • Lavatório com material para a limpeza e a secagem das mãos, com aviso de que é

proibido o uso de toalhas coletivas; • Uma torneira para cada grupo de vinte trabalhadores.

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Vestiários e armários - Observar se estão em bom estado de conservação, se existem

armários individuais e se há separação por sexo. Bebedouros - Devem estar instalados em pontos de fácil acesso, principalmente em áreas

onde existem fontes de calor. Deve ser proibido o uso de recipientes coletivos. Refeitório - Deve ser mantido limpo e organizado, assegurando aos trabalhadores

condições de conforto para fazer suas refeições. Os funcionários devem ser proibidos de levar alimento – por exemplo, laranja, maçã, doces

do refeitório para o setor de trabalho. Essa medida impede que o alimento seja contaminado por substâncias químicas.

A cozinha deve ter um lavatório com água corrente, sabão e toalhas, para uso do pessoal do serviço de alimentação. Os funcionários da cozinha, encarregados de manipular gêneros alimentícios, refeições e utensílios, devem ter sanitário e vestiário para uso próprio e exclusivo, sem comunicação com a cozinha.

O tratamento dado ao lixo da cozinha deve estar de acordo com as normas locais do Serviço de Saúde Pública.

Áreas de lazer - O trabalho, o lazer e o sono são etapas seqüenciais nas atividades

humanas. O período dedicado ao lazer tem um papel relaxante, para aliviar as tensões do trabalho e facilitar o sono. É importante que a empresa tenha uma área de lazer para os funcionários, onde, após cada refeição (almoço e/ou jantar), por exemplo, assistir à televisão jogar dominó ou qualquer outro jogo da sua preferência. Isso permitirá que eles aliviem as tensões do período de trabalho já concluído.

7.6 - QUEIXAS MAIS FREQUENTES Ao questionar o funcionário, procurar colher as principais queixas com relação à saúde,

pois nessa etapa o que interessa é saber se existem sinais clínicos que podem evoluir para enfermidade.

As queixas mais freqüentes são: dor de cabeça constante, perda de peso, gripes constantes, tosse incessante, fisgadas, formigamento, insônia, dificuldade para respirar, dores lombares, ou outras comuns a mais de um trabalhador do mesmo setor.

8. PREVENÇÃO E COMBATE AO FOGO

8.1 - DEFINIÇÃO Fogo é a conseqüência de uma reação química denominada combustão, que libera só o

calor ou calor e luz. Essa reação química produz alterações profundas na substância que se queima. Exemplo: um pedaço de papel ou madeira que se inflama transforma-se numa substância muito diferente. O mesmo pode acontecer com óleo, gasolina ou com um gás que pegue fogo.

Para que haja uma combustão ou incêndio, devem estar presentes três elementos. O combustível (aquilo que vai queimar e transformar-se). O calor, que faz começar o fogo. O oxigênio (um gás que existe no ar que respiramos).

Entretanto, para que haja fogo, é necessário que esses três elementos estejam interligados. Faltando um dos três, não haverá fogo.

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Como os elementos essenciais do fogo são três, podem ser representados como os lados de um triângulo, se forem ligados.

8.2 – FOGO São materiais combustíveis que se transformam e combinam com o oxigênio do ar

produzindo calor e chamas. Eliminando-se um destes três elementos, a combustão terminará. Impedindo-se a ligação

dos pontos deste triângulo, ele não surgirá ou deixará de existir. Todo lugar onde existe material combustível e oxigênio, deveria haver o aviso “Proibido

Fumar”, para evitar que se forme o triângulo do fogo. Deve-se destacar o fato: o combustível, o calor e o oxigênio, quando se unem, provocando

chamas, entram em quantidades proporcionais e equilibradas. 8.3 - COMO O CALOR SE TRANSMITE O calor é uma espécie de energia e por isso se transmite, isto é, passa de um corpo a

outro, de uma substância a outra. Essa passagem do calor pode ocorrer de três maneiras diferentes: condução, convecção e

radiação.

• Condução É o caso de uma barra metálica aquecida por uma chama

numa das extremidades. Passado algum tempo, a outra extremidade também estará quente. Houve transmissão por condução, o calor passou pela barra. Os metais são bons condutores de calor, tem boa condutividade. O ar é péssimo condutor de calor.

• Convecção Acontece com gases e com líquidos. Nessas substâncias, as

partes quentes tendem a subir e as partes frias tendem a descer. É por isso que, em construções altas, às vezes, o fogo (incêndio) se propaga, passa de um andar para o de cima, por convecção.

• Radiação É a transmissão do calor por meio de ondas. Todo corpo quente emite

radiações que vão atingir os corpos frios. O calor do sol é transmitido por esse processo. Exemplo: radiações de calor que são sentidas quando há aproximação de um forno quente.

8.4 - TÉCNICAS DE PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS A melhor medida para prevenir incêndios é evitar que se forme o triângulo do fogo. Existem

algumas maneiras básicas de combater o fogo: • Armazenamento de material Manter sempre, se possível, a substância inflamável longe de fonte de calor e de oxigênio.

Possuir um depósito fechado e ventilado para armazenamento de inflamáveis e, o mais longe possível da área de trabalho. Proibir que se fume nas áreas onde existam combustíveis ou inflamáveis. Uma ponta de cigarro aceso poderá causar incêndio de graves proporções.

Triângulo do fogo

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• Manutenção adequada Além da preocupação com o combustível e o oxigênio, é preciso saber como se pode

evitar a presença do terceiro elemento essencial do fogo: o calor. Várias medidas são fundamentais:

- Instalações elétricas apropriadas: fios expostos ou descascados devem ser evitados, pois podem ocasionar curtos-circuitos.

- Instalações elétricas bem projetadas: a carga excessiva em circuitos elétricos pode e deve ser evitada.

- Manutenção de equipamentos: os equipamentos devem sofrer manutenção e lubrificação constante, para evitar aquecimento por atrito em partes móveis, criando a perigosa fonte de calor.

- Ordem e limpeza: as decorações, os móveis, os equipamentos de escritório devem merecer muita atenção, porque pode estar sendo aumentado o volume de material combustível representado por móveis, carpetes, cortinas e forros falsos.

- Instalação de pára-raios: os incêndios causados pelos raios são muito comuns. 8.5 - COMBATE A INCÊNDIOS Além de saber como prevenir o fogo, é importante saber combatê-lo. Os incêndios, em seu início, são muito mais fáceis de controlar e de extinguir. A principal

preocupação no ataque consiste em romper o triângulo do fogo. Existem quatro classes de incêndio. O quadro a seguir mostra essas classes e a maneira

de combater os tipos de incêndio nelas enquadrados. Obs.: 1 – nos fogos classe A, em seu início, poderão ser usados ainda, pós químicos

secos especiais ou gás carbônico. Obs.: 2 – com a corrente desligada, este incêndio passa a ser combatido como se fosse

de classe A ou B.

CLASSE DE INCÊNDIO MATERIAL COMBUSTÍVEL

MEDIDAS DE CONTROLE

TIPOS DE AGENTE EXTINTOR

A Fogo em materiais de fácil combustão, com a propriedade de queima em sua superfície e profundidade, e que deixam resíduos.

Tecidos, madeiras, papéis, fibras etc.

Retirada do calor, isto é, baixar a temperatura para que fique abaixo da temperatura de ignição.

Água, espuma. Obs.: 1

B Fogo em produtos que queimam somente em sua superfície, não deixando resíduos.

Graxas, vernizes, tintas, gasolina, etc.

Retirada do comburente (oxigênio). Neste tipo de fogo, não há formação de brasa e, portanto, deve-se fazer o abafamento da superfície.

Gás carbônico, pó químico,espuma (geralmente usada em grandes tanques)

C Fogo em equipamentos elétricos energizados

Motores, transformadores, quadros de distribuição, fios sob tensão etc

Utilizar agente extintor que não conduza eletricidade.

Gás carbônico, pó químico seco. Obs.: 2

D Fogo em elementos pirofóricos

Magnésio, zircônio, titânio etc.

Retirada do comburente pelo uso de pós especiais que formam camadas protetoras impedindo a continuação das chamas. A limalha de ferro fundido de presta ao combate deste tipo de fogo.

Pó químico especial.

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Tipos de equipamento para combate a incêndio Mais utilizados são: Extintores, hidrantes e chuveiros automáticos. • Extintores: é preciso conhecer muito bem cada tipo de extintor, pois, para cada classe

de incêndio há um agente extintor mais indicado. a) Extintor de espuma: Seu funcionamento se dá pela reação química entre duas

substâncias: o sulfato de alumínio e o bicarbonato de sódio dissolvidos em água. Ao ser virado o extintor, as duas misturas vão-se encontrar, acontecendo a reação

química. O manejo é bastante simples.

b) Extintor de água pressurizada: o agente extintor é a água. Há dois tipos comerciais: - Com pressão permanente (PRESSURIZADO): é um cilindro com água sob pressão. O

gás que dá a pressão, que impulsiona a água, é o gás carbônico ou nitrogênio. Existem alguns a ar. O manuseio é simples.

- Com pressão injetada (A PRESSURIZAR): há uma ampola de gás, e, uma vez retirado o pino de segurança, o gás é liberado e pressiona a água. Sua manutenção é simples, devem ser tomados os seguintes cuidados: 1. Revisão e teste hidrostático a cada 5 anos; 2. Os cilindros devem ser pesados semestralmente; 3. Anualmente, deve ser descarregado e recarregado.

c) Extintor de gás carbônico (CO2): ao ser acionado o

gatilho, o gás passa por uma válvula num forte jato.

d) Extintor de pó químico seco: utiliza bicarbonato de sódio não-higroscópico (que não absorve umidade) e um agente propulsor que fornece a pressão, que pode ser gás carbônico ou nitrogênio. É fornecido para uso manual ou em carreta e pode ser sob pressão permanente ou injetada. Estes extintores são mais eficientes que os de gás carbônico. Seu controle é feito pelo manômetro e, quando a pressão baixa, deve ser recarregada. São semelhantes no aspecto aos extintores de água.

1. O operador aproxima-se do fogo

com o extintor na posição normal. 2. Vira o extintor. 3. Dirige o jato para a base do fogo

Extintor de Espuma

Pressão Permanente Pressão Injetada com controle de

vazio

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A importância do Fator Humano O elemento humano, para poder combater eficazmente um incêndio, deverá estar

perfeitamente treinado. É um erro pensar que, sem treinamento, por mais hábil que seja, mais coragem que tenha, maior valor que possua, seja capaz de atuar de maneira eficiente quando do aparecimento do fogo.

Não existem regras definitivas que resolvem tudo. Mas existem as regras básicas para o treinamento.

• Brigada contra incêndio: seus integrantes têm como função prioritária eliminar

princípios de incêndios, bem como verificar condições inseguras, riscos de incêndio e explosão. Deve haver um sistema de controle que proporcione rápida comunicação e correspondente tomada de providências.

• Treinamento dos elementos da brigada: um treinamento constante deverá ser dado

ensinando-a: - Saber, localizar, de imediato, o equipamento de combate ao fogo; - Usar um extintor; - Engatar mangueiras e acionar o sistema de hidrantes; - Conhecer as instalações e os diferentes tipos de risco da empresa; - Conhecer as saídas de emergência. Este treinamento poderá ser feito na própria área da empresa, e, pode-se utilizar os

próprios extintores com carga vencida para efeito de economia. Uma vez que o pessoal esteja treinado, será conveniente, fazer exercícios, provocando-se e extinguindo-se focos de incêndio, a fim de que, a brigada saiba agir automaticamente. Após esta etapa, alguns alarmes falsos completam o treinamento. É, também, interessante transmitir alguns conhecimentos de primeiros socorros. Deve-se sempre recordar que os primeiros cinco minutos, no combate ao incêndio são os mais importantes e deles pode depender todo o êxito ou fracasso da missão.

• Providências a serem tomadas em caso de incêndio: - Toda a área deve ser evacuada. Os curiosos e as pessoas de boa vontade só

atrapalham. - A brigada deve intervir, isolar a área e dar combate ao fogo. - Em caso de dúvida, deve ser chamado, imediatamente, o Corpo de Bombeiros. - Antes de se dar combate ao incêndio, deve ser desligada a entrada força e ligada a

emergência. - Quando o Corpo de Bombeiros chegar, explicar qual o tipo de fogo (classe A, B, C ou D)

e orientar sobre a área do incêndio. - Manter a calma e atuar com serenidade, ninguém deve tentar ser herói. • Treinamento de todos os funcionários de empresa: é de fundamental importância

que toda empresa possua uma Brigada de Incêndio. Desta forma, um treinamento constante deverá ser dado a todo elemento da empresa, utilizando-se os mesmos procedimentos do treinamento da Brigada de Incêndio.

9. COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES - CIPA 9.1 - DEFINIÇÃO A CIPA é uma comissão composta por representantes do empregador e dos empregados,

e é um instrumento que os trabalhadores dispõem para tratar da prevenção de acidentes do trabalho, das condições do ambiente do trabalho e de todos os aspectos que afetam sua saúde e segurança.

A CIPA é regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) nos artigos 162 a 165 e pela Norma Regulamentadora 5 (NR-5), contida na portaria 3214 de 08/06/78 baixada pelo Ministério do Trabalho.

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9.2 - COMPOSIÇÃO/ORGANIZAÇÃO O empregador indica o presidente e membros suplentes. Os empregados elegem o vice-

presidente e membros suplentes. É feito um acordo entre empregador e empregado e nomeado um secretário.

A CIPA será composta de representantes de empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto.

Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes serão por eles designados. É função da Direção da Empresa indicar os titulares e suplentes de sua representação. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos, do qual

participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados. É função dos empregados da empresa eleger (voto secreto) os titulares e suplentes de sua

representação. O número de membros titulares e suplentes da CIPA, considerando a ordem decrescente

de votos recebidos. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma

reeleição. Esc. “Dr. Gualter Nunes” É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo, desde

o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. 9.3 - ATRIBUIÇÕES As atribuições básicas de uma CIPA: • Investigar e analisar os acidentes ocorridos na empresa. • Sugerir as medidas de prevenção de acidentes julgadas necessárias por iniciativa

própria ou sugestão de outros empregados e encaminhá-las ao presidente e ao departamento de segurança da empresa.

• Promover a divulgação e zelar pela observância das normas de segurança, ou ainda, de regulamentos e instrumentos de serviço emitidos pelo empregador.

• Promover anualmente a Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT). • Sugerir a realização de cursos, palestras ou Treinamentos, quanto à engenharia de

segurança do trabalho, quando julgar necessário ao melhor desempenho dos empregados. • Registrar nos livros próprios as atas de reuniões ordinárias e extraordinárias e enviar

cópia ao departamento de segurança. • Preencher ficha de informações sobre situação da segurança na empresa e atividades

da CIPA e enviar para o Ministério do Trabalho. Preencher ficha de análise de acidentes. Deve ser enviada cópia de ambas as fichas ao departamento de segurança da empresa. O modelo destas fichas pode ser encontrado em qualquer DRT (Delegacia Regional do Trabalho).

• Manter controle sobre as condições de trabalho dos empregados e equipamentos das empreiteiras e comunicar ao presidente as irregularidades encontradas.

• Elaborar anualmente o Mapa de Riscos da empresa. Atribuição por função Presidente O presidente da CIPA deve coordenar todas as atribuições citadas anteriormente. Ele deve

presidir as reuniões e é responsável pela convocação dos cipeiros, pode determinar tarefas aos membros da comissão, isoladamente ou em grupos de trabalho e deve promover o bom relacionamento da CIPA com o departamento de segurança e com os demais setores da empresa.

Vice-Presidente O vice-presidente, por sua vez, deve executar as atribuições que lhe forem delegadas e

substituir o presidente em suas faltas ocasionais. Secretário Ao secretário da CIPA cabe elaborar as atas de eleições, da posse e das reuniões e

manter o arquivo e o fluxo de correspondência atualizada.

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Membros Os demais membros da CIPA devem participar das reuniões, investigar e analisar os

acidentes ocorridos, sugerindo medidas preventivas e realizar inspeções nos locais de trabalho, tem também a obrigação de promover a divulgação de princípios e normas de segurança junto aos demais trabalhadores e atuar como porta-vozes dos problemas de segurança comunicados pelos empregados.

9.4 - LEGISLAÇÃO – NORMAS REGULAMENTADORAS • NR.5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA tem como objetivo a

prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

• NR.6 – Equipamento de Proteção Individual – E.P.I. considera-se Equipamento de

Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

• NR.9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA estabelece a

obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e atribuições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

9.5 - OBJETIVOS A CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho,

de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

A CIPA precisa ter uma atuação responsável para promover as mudanças necessárias nas condições de trabalho, com o objetivo de proteger a vida e a saúde do trabalhador. Dois pontos são importantes para atingir esse objetivo:

• controle dos riscos nos ambientes de trabalho; • controle das condições e da organização do trabalho. 9.6 - CONSTITUIÇÃO Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as

empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados.

9.7 - SEMANA INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO – SIPAT Uma das principais atribuições das CIPAs é promover anualmente a Semana Interna de

Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT. A maioria das empresas opta pela realização das SIPATs no segundo semestre pelo fato

de se possuir um maior número de informações sobre as condições de segurança, com por exemplo as estatísticas de acidentes do ano anterior.

Pelo menos 30 dias antes da realização da Semana, uma comissão deve ser criada para elaborar a programação a ser realizada.

O primeiro objetivo de uma Semana de prevenção de acidentes é fazer com que a maioria, senão todos os elementos que dela participam, receba as mensagens e as coloquem em prática. Para isso, é necessário um levantamento de necessidades e características das pessoas que participarão da SIPAT.

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A motivação e o interesse dos participantes das sipats Algumas atividades poderão colaborar para a motivação e o interesse dos participantes

das campanhas de segurança. Para tanto, é importante que se saiba o que significa motivo e como se pode motivar esses participantes.

Motivo é tudo aquilo que inicia um comportamento. Um tipo de motivo usado para produzir comportamentos motivados são os incentivos. Os incentivos são estímulos externos que levam à ação.

O objetivo das Campanhas de prevenção de Acidentes é obter um comportamento motivado para esse assunto.

Somente assim as mensagens transmitidas serão aproveitadas pelos participantes. Três características são atribuídas ao comportamento motivado: direção, vontade ou

desejo e excitação. Explicando com mais detalhes: se o indivíduo encontra-se motivado para certa tarefa ou certo assunto, ele apresentará um estado de prontidão e abertura para assimilar tudo o que diz respeito àquele assunto (excitação); apresentará vontade de participar em atividades tanto quanto de entender o que se passa naquela área; seu pensamento focalizará, durante um certo tempo, aquele assunto específico (direção).

Conferências Os temas sugeridos para conferências, sem exclusão de quaisquer outros, são: • Comportamento humano e prevenção de acidentes; • Didáticas no treinamento em prevenção de acidentes; • Equipamentos de Proteção Individual: descrição e uso; conscientização, fiscalização e legislação do E.P.I; • Levantamento manual de cargas; • Riscos elétricos; • Prevenção contra incêndios; • Arranjo físico, cor e sinalização; • CIPA; • A iluminação no ambiente de trabalho; • Ventilação; • Métodos de prevenção das doenças ocupacionais – construção civil, química, fiação e tecelagem, e metalurgia: aspectos médicos; • Primeiros socorros. Sorteio de brindes que abordem o tema da Prevenção de Acidentes Algumas sugestões para esses brindes são: chaveiros, camisas, flâmulas, adesivos,

camisetas, etc. Visita dos familiares à indústria Os familiares preencherão, antes da visita, um folheto que eliminará o dia e a hora da

visita. No dia marcado, além de conhecer a fábrica, os familiares poderão assistir a um filme sobre prevenção de acidentes.

Certificados No final da SIPAT, deverá ser conferido aos participantes um certificado, que será

entregue, se possível, após algumas palavras sobre a Prevenção de Acidentes. O ponto fundamental, porém, como já foi mencionado, é motivar os indivíduos para que

assimilem a maior quantidade possível dos conhecimentos transmitidos. Com a certeza de que os atos inseguros têm um papel nas causas do acidente do

trabalho, pode-se concluir que uma campanha de prevenção de acidentes, quando bem elaborada, tenderá a aumentar o conhecimento do trabalhador quanto aos riscos envolvidos na sua vida profissional. Conhecendo mais, terá maiores condições de evitar tais riscos e, ao mesmo tempo, de alertar os colegas que estiverem expostos a riscos de acidentes.

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10. REFERÊNCIAS CAMPOS, A. A. M. Cipa – comissão interna de prevenção de acidentes: uma nova abordagem. 4.ed., São Paulo, SENAC, 2001. FUNDACENTRO/SESI, CIPA – Curso de Treinamento. 13ª ed., São Paulo, 1986. MEDICINA E SEGURANÇA NO TRABALHO. Disponível em http://www.angiovasc.com.br/