3
A Escrita (ideográfica e fonética), Suméria e o Alfabeto A Escrita, como um sistema de signos que serve para exprimir graficamente a linguagem, constitui uma das grandes conquistas da Humanidade. Desde os primeiros signos conhecidos até chegar aos sistemas alfabéticos atualmente em uso, a escrita passou por inúmeras mudanças e transformações. Nesta evolução distinguem-se claramente duas fases essenciais: a escrita ideográfica e a escrita fonética. No primeiro estágio, a escrita compunha-se por signos pictóricos que representavam objetos ou ideias, com um simples valor ideográfico. Por isso, eram necessários tantos signos quantos os objetos e ideias a exprimir. Numa segunda fase, os signos começaram a representar não já objetos ou ideias, mas os sons com que tais objetos ou ideias eram nomeados no respectivo idioma. Os signos além do valor ideográfico passaram a ter também um valor fonético. Os mais antigos vestígios de escrita provêm de Sumer, cuja antiguidade atinge 5 500 anos aproximadamente. Tanto a escrita Suméria como a escrita Egípcia, são ao mesmo tempo escritas ideográficas e fonéticas, que repousam no uso muito elevado de signos. A Suméria é considerada a civilização mais antiga da humanidade, localizava-se na parte sul da Mesopotâmia (o Iraque da atualidade), posicionada em terrenos conhecidos por sua fertilidade, entre os rios Tigre e Eufrates. Evidências arqueológicas datam o início da civilização Suméria em meados do quarto milénio a.C. Entre 3500 e 3000 a.C. houve um florescimento cultural, e a Suméria exerceu influência sobre as áreas circunvizinhas, culminando na dinastia de Ágade, fundada em aproximadamente 2340 a.C. por Sargão I. Depois de 2000 a.C. a Suméria entrou em declínio, sendo absorvida pela Babilônia e pela Assíria. Duas importantes criações atribuídas aos Sumérios são a escrita cuneiforme (caracteres em forma de cunha), que provavelmente antecede todas as outras formas de escrita e as cidades-estado - a mais conhecida delas sendo, provavelmente, a cidade de Ur,

Escrita ideográfica e fonética

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Escrita ideográfica e fonética

A Escrita (ideográfica e fonética), Suméria e o Alfabeto

A Escrita, como um sistema de signos que serve para exprimir graficamente a linguagem, constitui uma das grandes conquistas da Humanidade. Desde os primeiros signos conhecidos até chegar aos sistemas alfabéticos atualmente em uso, a escrita passou por inúmeras mudanças e transformações.

Nesta evolução distinguem-se claramente duas fases essenciais: a escrita ideográfica e a escrita fonética.

No primeiro estágio, a escrita compunha-se por signos pictóricos que representavam objetos ou ideias, com um simples valor ideográfico. Por isso, eram necessários tantos signos quantos os objetos e ideias a exprimir.

Numa segunda fase, os signos começaram a representar não já objetos ou ideias, mas os sons com que tais objetos ou ideias eram nomeados no respectivo idioma. Os signos além do valor ideográfico passaram a ter também um valor fonético.

Os mais antigos vestígios de escrita provêm de Sumer, cuja antiguidade atinge 5 500 anos aproximadamente. Tanto a escrita Suméria como a escrita Egípcia, são ao mesmo tempo escritas ideográficas e fonéticas, que repousam no uso muito elevado de signos.

A Suméria é considerada a civilização mais antiga da humanidade, localizava-se na parte sul da Mesopotâmia (o Iraque da atualidade), posicionada em terrenos conhecidos por sua fertilidade, entre os rios Tigre e Eufrates.

Evidências arqueológicas datam o início da civilização Suméria em meados do quarto milénio a.C. Entre 3500 e 3000 a.C. houve um florescimento cultural, e a Suméria exerceu influência sobre as áreas circunvizinhas, culminando na dinastia de Ágade, fundada em aproximadamente 2340 a.C. por Sargão I. Depois de 2000 a.C. a Suméria entrou em declínio, sendo absorvida pela Babilônia e pela Assíria.

Duas importantes criações atribuídas aos Sumérios são a escrita cuneiforme (caracteres em forma de cunha), que provavelmente antecede todas as outras formas de escrita e as cidades-estado - a mais conhecida delas sendo, provavelmente, a cidade de Ur, construída por Ur-Nammu, o fundador da terceira dinastia Ur, por volta de 2000 a.C.

A escrita suméria, dispunha quase de 20 000 ideogramas simples e compostos.

Mas a grande conquista da escrita foi a criação do Alfabeto.

A palavra alfabeto é de origem latina (alfabetum), sendo constituída pelas duas primeiras letras do alfabeto grego, alfha e beta.

O alfabeto fenício, que parece baseado na escrita do proto-Sinai (anterior ao séc. XV a.C.), foi o mais perfeito e mais difundido alfabeto antigo, com uma antiguidade de 3 000 anos.

Constituído por cerca e vinte e dois signos, que permitiam escrever qualquer palavra, a sua simplicidade foi à chave da sua rápida expansão. Foi adotado, a partir do séc. X a.C., pelos Arameus, que o transmitiram aos Nabateus, Sírios, Persas e Hebreus.

Page 2: Escrita ideográfica e fonética

O alfabeto árabe parece derivar também dele, embora seja difícil determinar como e quando se deu essa transformação.

Para a nossa civilização, o fato de maior transcendência foi à adoção, cerca do séc. VIII a.C., do alfabeto fenício por parte dos Gregos, que o aperfeiçoaram, introduzindo lhe a notação dos sons vocálicos.

As primeiras inscrições alinhavam-se da direita para a esquerda, mas mudou-se depois de orientação, alinhando-se da esquerda para a direita, o que deve ter tido em conta a procura de semelhança com os signos fenícios. O alfabeto grego clássico do séc. VI a.C., compõe-se de vinte e quatro letras, vogais e consoantes.

Deste alfabeto surgiram escritas de populações não helénicas, como o etrusco e o lícico.

Na Idade Média, formar-se-iam ainda a partir do grego o alfabeto gótico e os alfabetos eslavos.

A partir do alfabeto etrusco e outras escritas itálicas formou-se o alfabeto latino, cujos primeiros documentos datam de final do séc. VII a.C. e princípios de VI a.C.

Por volta do séc. I a.C., o alfabeto latino encontra-se perfeitamente constituído, constando de vinte e três letras. Com o Império Romano e o domínio do mundo ocidental, o alfabeto latino haveria de se impor em todas as colônias.

Alguns destes alfabetos foram, ao longo dos séculos, fundidos em chumbo por fundidores famosos como Claude Garamond (séc. XVI), que pretendiam oferecer à Europa edições gregas e latinas.

Os punções utilizados na realização destes alfabetos são hoje considerados "monumentos históricos", pois constituem um testemunho marcante da evolução da escrita e da civilização.

Questões:1- Montar um sistema e escrita (código), em grupo de 3 ou 4 alunos, e desafiar a turma

para decifrar a escrita com frases do cotidiano, ou escrever uma pequena crônica.